temporada 2011
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temporada 2011
TEMPORADA OSESP 2011 A Fundação Osesp – organização social que administra a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e seus grupos artísticos, com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Cultura – anuncia a programação da temporada 2011 e o início do período para novas assinaturas de séries de concertos. ABERTURA Texto do diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski, publicado no livro de Assinaturas 2011 Era Gustav Mahler quem falava de compor uma sinfonia como quem “gera um mundo”. A frase tem sentido técnico, tanto quanto poético: a sinfonia, para ele, pode ser comparada aos grandes romances modernistas, formas complexas que abarcam uma experiência contraditória. No extremo oposto dessa ideia, fica o depoimento do compositor contemporâneo Arvo Pärt: “descobri que me basta uma única nota bem tocada. Essa nota, ou essa pausa, um momento de silêncio, me consolam”. As duas noções não chegam a entrar em choque, já que o mundo cabe no silêncio. Ambas revelam, acima de tudo, um investimento pleno na música; tanto o recolhimento espiritual de Pärt como a voracidade intelectual de Mahler são expressões de cuidado com a realidade humana. Uma e outra ganham caráter ainda mais pertinente quando se pensa na nossa realidade humana brasileira; em contraponto, elas podem servir de balizas para a nova temporada da Osesp. Tanto mais no centenário da morte de Mahler, quando a orquestra dá seguimento ao ciclo integral de suas sinfonias, iniciado no ano passado. Em 2011, teremos a Nona, a Quinta, a Oitava e a Segunda. A isso se soma o primeiro projeto de “compositor transversal”: um autor — Arvo Pärt — de quem se vai escutar um número significativo de obras, em formações diversas ao longo do ano. Estes são só dois exemplos da programação, que abarca, como sempre, um quadro extenso de compositores, períodos, estilos e nacionalidades, interpretados por um conjunto igualmente variado de intérpretes. Por trás de tudo, não se pode perder de vista o horizonte definido por aquelas duas posturas. A música, em certos momentos, para todos nós, pode ser uma forma — uma forma maravilhosa — de se perder do mundo. Mas a música também pode ser um modo de entrar no mundo, de se engajar afetiva e criticamente com a realidade, de acordar verdadeiramente para a vida. Cabe a cada ouvinte, a cada concerto, encontrar seu equilíbrio entre uma e outra possibilidade. REGENTES E SOLISTAS O maestro titular da Osesp, Yan Pascal Tortelier, rege sete programas diferentes em 2011, incluindo a primeira (e maior) parte de uma turnê brasileira, em outubro/novembro. Faz também a estreia brasileira de sua própria orquestração do Trio de Ravel em um concerto com obras de Stravinsky e Lili Boulanger (pouco conhecida compositora francesa, que morreu muito jovem, irmã da renomada professora Nadia Boulanger). E ainda um programa só de obras de Beethoven, outro compositor que recebe distinção especial neste ano — a começar pela Nona Sinfonia, que abre a temporada sob regência do consagrado maestro espanhol Rafael Frühbeck de Burgos, pela primeira vez à frente da orquestra. PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version http://www.pdffactory.com Outros regentes que vêm fazer música com a Osesp pela primeira vez incluem Vasily Petrenko, Stéphane Dénève, Juanjo Mena, Ragnar Bohlin e Andrew Grams. A lista dos amigos da casa, que retornam em 2011, é igualmente prestigiosa: desde Gennady Rozhdestvensky, que vem reger a Oitava de Mahler; passando pelo lendário violinista e maestro Pinchas Zukerman, que fará com a Osesp o concerto de abertura do Festival de Campos do Jordão; pela regente Marin Alsop, que fez um dos concertos mais extraordinários da temporada passada, quando estreou com a Osesp; pelo nosso Isaac Karabtchevsky, que rege a Nona de Mahler e também apresenta Villa-Lobos (dando início ao projeto de gravação das 11 sinfonias de Villa); e ainda pelo grande regente finlandês Osmo Vänskä, o rol de maestros inclui, em ordem de chegada, Joana Carneiro, Richard Armstrong, Kees Bakels, Claus Peter Flor, Hannu Lintu, Louis Langrée, Kristjan Järvi e Alondra de la Parra. Sem falar em Roberto Minczuk, num programa de homenagem a seu irmão, o oboísta Arcádio Minczuk, que comemora 30 anos de Osesp. E nos maestros Cláudio Cruz eSimone Menezes, regendo programas da série de câmara. Seria impossível citar aqui todos os instrumentistas e cantores que se apresentarão conosco na Sala São Paulo. Mas basta mencionar alguns, para se ter ideia do que vem por aí: pianistas como Stephen Hough, Steven Osborne, Angela Hewitt e Yuja Wang — que também fazem Recitais (ver p. 86), mais Nicholas Angelich e Maria João Pires; cantores como Carmen Monarcha, Christine Brewer, Kristine Jepson, James Gilchrist e a revelação brasileira Ludmilla Bauerfeldt; violinistas como Ilya Gringolts, Renaud Capuçon e Augustin Hadelich (solista na turnê); o trompista Stefan Dohr e o violoncelista Pieter Wispelwey (que também tocam programas de câmara com músicos da Osesp). COMPOSITORES A Osesp sempre teve não só o compromisso, mas verdadeiro gosto em tocar a música do nosso tempo. Gosto e compromisso são ainda mais fortes quando se trata das encomendas a compositores brasileiros. Para 2011, estão programadas nada menos do que cinco estreias. Dando continuidade ao projeto anual de peças breves, que retrabalham criativamente o Hino Nacional — um modo de abrir a temporada celebrando nossa cultura e enfatizando ideais de renovação musical — vamos ouvir a Fanfarra Concertante — Sobre Motivos do Hino Nacional Brasileiro — de Edino Krieger. Inspirado em textos do premiado livro Ó, de Nuno Ramos, o jovem compositor brasileiro (radicado em Nova York) Felipe Lara criou uma peça para coro, conjunto instrumental e meios eletrônicos. Outro compositor jovem, o mineiro Kristoff Silva, prepara as Quatro Canções para Voz e Quarteto de Cordas. Na fronteira indefinível entre o que é música popular e o que é música de concerto no Brasil — indefinição fecunda, desde os tempos de Ernesto Nazareth, avançando por Villa-Lobos, Radamés Gnatalli e Tom Jobim, entre tantos outros —, teremos o privilégio de escutar o Concertino Para Trompete e Cordas, de Nailor Azevedo (o bem conhecido Proveta) e a Suíte de Edu Lobo, da qual a orquestra já tocou o frevo “Pé de Vento” na turnê europeia, em 2010. PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version http://www.pdffactory.com Compositor em residência Na sequência de nomes como Sofia Gubaidulina e Osvaldo Golijov, o compositor em residência da Osesp será o inglês Thomas Adès, que também rege os três concertos dedicados à sua música. Um dos mais renomados compositores da atualidade, foco de festivais em cidades como Salzburgo, Paris, Londres e São Petersburgo, Adès vem ao Brasil pela primeira vez. O programa inclui duas grandes peças sinfônicas compostas por encomenda de Sir Simon Rattle: Asyla (para a City of Birmingham Symphony Orchestra) e Tevot (para a Filarmônica de Berlim), além do Concerto Para Violino, estreado em 2005 com o solista Anthony Marwood, que vem tocar o Concerto com a Osesp. Compositor transversal Ao longo de 2011, como já foi dito, vamos ouvir diversas obras do estoniano Arvo Pärt, espalhadas pela programação: Da Pacem Domine, Magnificat e a Berliner Messe (coro com instrumentos); Fratres (conjunto de sopros); I Am the True Vine (coro); Summa e Psalom (quarteto de cordas), e Mein Weg (orquestra de cordas). Hoje com 75 anos de idade, Pärt conquistou popularidade rara para um compositor contemporâneo, com mais de um milhão de discos vendidos. Esse minifestival nos dará a oportunidade de escutar um bom número de peças de um dos maiores nomes da música do nosso tempo. Cabe mencionar também várias obras de Franz Liszt que se integram à programação, no ano de bicentenário de seu nascimento: desde o Concerto Para Piano no 2, com o solista Steven Hough, e a Sonata em Si Menor (no recital do mesmo pianista), até o poema sinfônico Orfeu, regido por Sir Richard Armstrong, e a Missa de Réquiem, para quatro solistas, coro masculino, tímpano, trombones e órgão, regida por Naomi Munakata. MÚSICA DE CÂMARA Em 2011, a programação de câmara — Orquestra de Câmara, Quarteto Osesp, Coro de Câmara da Osesp e os grupos da série UM CERTO OLHAR — conversará com os programas semanais da Orquestra. Assim, para dar um exemplo, quem escutar em abril a Osesp, regida pelo maestro Tortelier, tocando Scheherazade de Rimsky-Korsakov, poderá também apreciar, com especial disposição, o quinteto para piano e cordas Rimsky, de Gilberto Mendes, no programa dominical subsequente do Quarteto Osesp. Assim também, para indicar só mais um caso, o já citado programa com obras de Lili Boulanger e Stravinsky será precedido, em concertos da série SÉRIE UM CERTO OLHAR, por um repertório de câmara que inclui o Portrait de Lili Boulanger de Almeida Prado e Pribaoutki, para voz e grupo instrumental, de Stravinsky. A Orquestra de Câmara da Osesp, com formação variada de acordo com o que vai ser tocado, faz quatro concertos ao longo da temporada. Três deles envolvem parcerias com solistas convidados — o violinista norueguês Terje Tonnesen, o trompista alemão Stefan Dohr e o violoncelista holandês Pieter Wispelwey; o quarto está dedicado a obras contemporâneas, mais ou menos recentes (Adès, Pärt e outros autores, incluindo o Concerto para Dupla Orquestra de Cordas de Michael Tippett). Também o Quarteto Osesp faz seus habituais quatro concertos. Com convidados como os pianistas Ricardo Castro e Dana Radu, e o cantor e compositor Kristoff Silva, o Quarteto apresenta um leque amplo de autores, de Borodin a Schnittke, de Haydn e Beethoven a Villa-Lobos e Arvo Pärt. PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version http://www.pdffactory.com Os concertos do Coro de Câmara da Osesp, sob a regência de Naomi Munakata, abarcam quatro universos distintos: música do Leste da Europa nos séculos 20 e 21 (Penderecki, Ligeti, Pärt); música colonial (André da Silva Gomes) e clássica (Mozart); a Missa de Réquiem de Liszt (marcando o bicentenário de nascimento do compositor); e finalmente um programa de música inglesa antiga e moderna, incluindo o extraordinário moteto a 40 vozes do elisabetano Thomas Tallis, Spem in Allius, que inspirou toda uma linhagem de obras — até a celebrada instalação sonoro-visual da artista plástica Janet Cardif, de 2001, agora em exposição permanente no Museu de Inhotim (mg). A série UM CERTO OLHAR compreende seis programas mais curtos. Com cerca de uma hora de duração, cada programa é apresentado duas vezes, no ambiente de câmara da Sala do Coro, antes dos concertos da Osesp. Uma novidade é a inclusão de vozes nesses concertos, seja de solistas, seja em conjunto (como no programa com os Spanische Liebeslieder de Schumann e as Liebeslieder Wälzer de Brahms, para 8 vozes e piano a 4 maõs). O Trio de Ravel, que a Osesp mostra na orquestração do maestro Tortelier, poderá ser escutado antes na forma original (violino, violoncelo e piano). Prelúdios e fugas de O Cravo Bem Temperado de Bach, em arranjo de Mozart para trio de cordas, combinam muito bem com peças de Pärt e Kancheli. Um quinteto de metais celebra as Américas com Bernstein, Gershwin e a Suíte Americana de Enrique Crespo. Antes de ouvir Messiaen e Ravel, regidos por Joana Carneiro, poderemos ouvir Debussy, Ravel e um impressionista menos conhecido, Charles Loeffler. O Portrait de Lili Boulanger de Almeida Prado antecipa a pequena linda peça de Boulanger que será tocada algumas semanas depois, assim como Priaboutki, para soprano e conjunto instrumental, de Stravinsky, antecipa Pretrouchka, também do compositor russo. Um e outro se beneficiam da companhia dos Madrigais para violino e viola de Martinu e da Suíte Sobre Temas Negro-Brasileiros de Luciano Gallet (editada pela Criadores do Brasil, editora de partituras da Osesp). Cabe ressaltar ainda, na série de Recitais, os quatro concertos com grandes pianistas que também se apresentam com a orquestra neste ano. São eles: Stephen Hough, Angela Hewitt, Steven Osborne e Yuja Wang, nomes de primeira linha do cenário internacional, fazendo sua estreia na Sala São Paulo CONVIDADOS Em três semanas da temporada, enquanto a Osesp viaja em turnê pelo País, a Sala São Paulo recebe convidados: os três pianistas portugueses Mario Laginha, Bernardo Sassetti e Pedro Burmester, num repertório que vai de Bach, Bartók e Barber à melhor música instrumental portuguesa da atualidade; Solistas da London Philharmonic Orchestra, um conjunto de sopros e metais que se une ao Coro da Osesp para interpretar a Missa no 2 de Bruckner, sob a regência de Thomas Blunt; e o coro Calíope, do Rio de Janeiro, regido por Júlio Moretzsohn, um dos mais prestigiados conjuntos brasileiros de música antiga, que vem cantar Motetos de José Maurício, vilancicos ibéricos e outras peças do século 18, acompanhado por um pequeno grupo instrumental. CONCERTOS POPULARES, OSESP ITINERANTE E OUTRAS ATIVIDADES O número de Concertos Matinais gratuitos e Concertos Populares a preços reduzidos da Osesp e de seus vários grupos de câmara só tem crescido. Para 2011, estão previstos 11 concertos matinais gratuitos e quatro a preços reduzidos, na Capital, fora os mais de 50 concertos pelo interior do Estado pelo projeto Osesp Itinerante, com atividades didáticas integradas ao Sistema Paulista de Música. A Osesp e seus grupos participam ainda de eventos como a Virada Cultural Municipal e a Virada Cultural Paulista. PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version http://www.pdffactory.com Inaugurada no ano passado, a bem-sucedida série “Música na Cabeça”, que promove palestras e encontros sobre música, continua em 2011 com palestras sobre Beethoven, Villa-Lobos e Mahler; e encontros com Rafael Frühbeck de Burgos, Isaac Karabtchevsky e Thomas Adès, sempre no espírito de pensar sobre a música num contexto cultural mais amplo. Os textos das palestras e os vídeos dos encontros com artistas são publicados no site da Osesp –www.osesp.art.br . SALA SÃO PAULO Praça Julio Prestes, 16 Tel.: 0xx 11 3223 3966 PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version http://www.pdffactory.com