saúde - Jornal da Saúde Angola

Transcrição

saúde - Jornal da Saúde Angola
A MaiorRiqueza
é a Saúde
a saúde nas suas mãos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Ano 4 - Nº 40
Junho 2013
Mensal
Gratuito
jornal
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
Directora-adjunta: Maria Odete Pinheiro
aude
A
da
N
G
O
L
A
Congresso dos
farmacêuticos
lusófonos foi o
maior de sempre
Angola
precisa
de 140 mil
dadores de
sangue
o aumento dos acidentes
rodoviários, as cirurgias
cardiotorácicas e as
hemorragias exigem mais
transfusões sanguíneas.
|4 e 6
Angola acolheu X Congresso
Mundial de Farmacêuticos
de Língua Portuguesa, entre 29 e
31 de Maio. E realizou o maior
evento de sempre na história da
entidade promotora – a Associação de Farmacêuticos dos Países
de Língua Portuguesa (AFPLP),
com um programa de excelência e
mais de 800 participantes. |8 a 14
Benguela
é mais saudável
Benguela é a província mais saudável do país. No fim da tabela
está o Bengo, onde cerca de 35 %
da população se queixou de doença nos últimos 30 dias antes da
realização do inquérito pelo Instituto Nacional de Estatística. |20
Ginástica mental
O hipocampo é uma zona cerebral
responsável pela aprendizagem e
pela memória. O processo de oxigenação e vascularização, derivado do exercício físico, fomenta a
formação de novas células e ajuda
a reduzir os efeitos do cortisol. |39
2º Congresso de
CiênCias da saúde
Com programa
CientífiCo de
exCelênCia
MAIS DE
60 CURSOS
PRÉ-CONGRESSO
JÁ CONFIRMADOS.
4 A 8 DE NOVEMBRO DE 2013
A gestão da doença
Um novo paradigma na abordagem das doenças crónicas
a gestão da doença é uma proposta aliciante, com um elevado potencial para ajudar
a resolver a fragmentação das componentes dos cuidados de saúde. e reduz os custos . |24 a 28
ActuALidAdE
2
Junho 2013 JSA
EMPRESAS SOCIALMENTE
RESPONSÁVEIS
Nova vacina Pneumo pode evitar mais
de 18 mil óbitos em crianças
As autoridades sanitárias angolanas e os parceiros da vacinação infantil lançaram este
mês, em Luanda, a nova
vacina Pneumo para
uma maior protecção
das crianças menores de
um ano de idade. Esta
vacina previne doenças
como a pneumonia,meningite e as inflamações
de ouvido.
A introdução da vacina contra o pneumococo faz parte
da estratégia do governo de
Angola para acelerar a redução da mortalidade infantil
por pneumonia e meningite,
esperando-se que contribua
igualmente para o alcance
dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
O Ministro angolano da Saúde, José Van-Dúnem, disse
que, ao introduzir a nova vacina PNEUMO, o Governo
reitera o compromisso de
reduzir o peso das doenças
infantis sobre o Sistema Nacional de Saúde e de fortalecer, em especial, a vacinação
de rotina em toda a rede sanitária.
A Pneumo é uma intervenção estratégica do Programa Nacional de Desenvolvimento Sanitário (PNDS)
até ao ano 2025, elaborada
para acelerar a redução da
mortalidade infantil», realçou.
O ministro reconheceu ainda que embora a pneumonia
constitua a segunda causa da
mortalidade infantil no país,
o seu Governo espera inverter drasticamente esta
situação nos próximos
anos.«A nova vacina constitui mais um marco na oferta
de cuidados básicos e vai
permitir salvar a vida as
crianças que dela necessitam»,acrescentou.
Segundo estimativas do Ministério da Saúde (MINSA),
a introdução da vacina
Pneumo poderá evitar
anualmente aproximada-
mente 18.900 óbitos em
crianças menores de um
ano se for alcançada uma taxa de cobertura superior a
85% em crianças nessa faixa
etária.
Com a nova vacina, as autoridades sanitárias esperam
igualmente uma redução
anual em termos de custos
de tratamento de casos de
pneumonia, no valor de
cerca de 7,3 milhões de dólares.
Por sua vez,o representante
da Organização Mundial da
Saude em Angola, Hernando Agudelo, assegurou que
«a OMS vai continuar a
prestar apoio técnico ao
Ministério da Saúde e a trabalhar estreitamente com
os parceiros do sector saúde, para reforçar o sistema
de vacinação de rotina a nível nacional de forma que os
importantes investimentos
realizados nesta área permitam melhores resultados
em prol da saúde e bem-estar da população.»
«As vacinas são uma ferramenta vital para proteger a
vida das crianças e dar-lhes
a oportunidade de crescer
e se tornarem adultos saudáveis e produtivos que
contribuem para o desenvolvimento económico do
seu país", observou Seth
Berkley, director executivo
do Fundo da Aliança Global
para Vacinas e Imunização
(GAVI).
O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças
ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente
responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos
e o desenvolvimento sustentável do país.
O QuE PROMEtEMOS
AO LEitOR
A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade. Trata-se de um direito humano fundamental. A conquista de um
elevado nível de saúde é a mais importante meta
social.
A promoção da saúde pressupõe o desenvolvimento pessoal e social, através da melhoria da informação, educação e reforço das competências
que habilitem para uma vida saudável. Deste modo, o leitor fica mais habilitado a controlar a sua
saúde, o ambiente, e fazer opções conducentes à
sua saúde.
Prometemos contribuir para:
– Melhorar e prolongar a vida do leitor, através da
educação, informação e prevenção da saúde;
– Contribuir para se atingirem os objectivos e metas da política nacional de saúde e os Objectivos
do Milénio, através da obtenção de ganhos em
saúde nas diferentes fases do ciclo de vida, reduzindo o peso da doença;
– Constituir um referencial de formação e um repositório de informação essencial para os profissionais de saúde.
Queremos estreitar a relação consigo, incenti-
3.º Módulo > Gestão da Inovação e da Qualidade de Serviços na Saúde - 23 a 27 de Setembro de 2013
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vando a sua participação em várias secções do
Jornal da Saúde. Envie-nos os seus textos, comentários e sugestões.
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415 [email protected] Revisão: Marta Olias;
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ActuALidAdE
Junho 2013 JSA
3
InIcIatIva da clínIca MultIperfIl
2º Congresso de Ciências da Saúde com programa científico de excelência
MAiS dE 60
cuRSOS
PRécOngRESSO já
cOnfiRMAdOS
O 2º Congresso de Ciências da Saúde, organizado pela Clínica Multiperfil, sob o lema “Na
qualificação e reforço das competências dos
profissionais de saúde”, realiza-se, em Luanda,
de 4 a 8 de Novembro de 2013.
O programa é rico e diversificado, com um excelente conteúdo científico, englobando não
apenas assuntos voltados directamente aos
médicos e enfermeiros, mas também a outros
profissionais da área de saúde e não só, que terão oportunidade de interagir com renomados
cientistas, pesquisadores, clínicos e gestores de
saúde. Entre outros temas, destaca-se o politrauma, grandes endemias, diabetes, hipertensão arterial, saúde do homem, da mulher e da
criança.
Em simultâneo, decorre o 2º Simpósio de Enfermagem, o 2º Simpósio de Anemia Falciforme
e a Expo Multiperfil, onde participam empresas
fornecedoras de medicamentos, equipamentos
e dispositivos médicos. De salientar ainda a realização de mais de 60 cursos pré-congresso, em
diversas áreas clínicas.
O médico patologista clínico, doutor em Patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Carlos Ballarati, o médico e
Professor titular de Cirurgia do Trauma, da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, Dario Birolini, o Director da Global Robotics Institute e Director do Programa de Oncologia Urológica, do Hospital da Florida,Vitul
Patel, e o Director do Hospital Pediátrico de
Luanda, Luís Bernardino, são alguns dos oradores confirmados.
De acordo com o seu Presidente, Manuel Filipe
Dias dos Santos,“o Congresso reafirma o compromisso da Clínica Multiperfil em promover e
disseminar o conhecimento técnico e científico
a todos os profissionais da saúde, bem como o
seu desenvolvimento e afirmação profissional”.
As inscrições podem ser efectuadas na Clínica
Multiperfil, nas brigadas móveis nos principais
hospitais, para o e-mail [email protected] ou online no site www.multiperfileventos.com
Na Expo
Multiperfil
os profissionais de saúde poderão
conhecer as
últimas novidades em
medicamentos, tecnologias, equipamentos e
dispositivos
médicos e
interagir
com os seus
fabricantes e
fornecedores.
Saúde já tem gestores habilitados em logística
Vinte responsáveis de unidades de saúde de Angola concluíram, com sucesso, o 2º módulo sobre Operações e
Logística, ministrado pelos professores doutorados
Crespo de Carvalho e Tânia Ramos, do INDEG/ISCTE,
no âmbito do programa de Especialização em Gestão da
Saúde que decorre em Luanda.
Provenientes de Luanda e de outras províncias do país,
são eles os médicos Ana Maria Samuel, Álvaro ZitaViegas,Aarão Lourenço da Silva, Eliseu Chimbanjela, Ester
Mussole Katuiya, Fuankenda Munkama, Isaac Malassa, Isidro João Sobral, João Pedro M. Oliveira, João de Sousa
Fernandes, José Huote Quibulucuto, José Manuel Lima,
Luzaiadio José, Manuel R. Silva Escórcio, Maria João de
Matos, Maria José P. dos Reis, Mariana Fernandes, Miguel
G.A. Sebastião,Tomás Dembe Chianga e Valentino Sukuakueche.
Estes profissionais de saúde ficaram habilitados a proceder, nas suas unidades de saúde, à gestão logística e da
cadeia de abastecimento, gestão dos pacientes (inbound, permanência e outbound dos serviços de urgência), gestão dos materiais, fornecimentos e serviços externos, utilizando o instrumental técnico mais recente
de gestão logística, gestão de stocks, gestão de filas de
espera, entre outros.
O primeiro módulo teve como tema Recursos Humanos e Mudança na Saúde, onde também participaram,
com aprovação, os médicos Alberto Chungo,António
Nobre, Carla Miranda, Filomena Burity Neto, Filomena
Lima Neto, Francisco Paiva, Luiz ConceiçãoVaranda,Virgílio Guilherme Jacinto, Silvandira Lacerda.
O programa de Especialização em Gestão da Saúde,
constituído por sete módulos de uma semana cada, distribuídos ao longo de um ano, ministrado pelo
ISCTE/INDEG – a Universidade portuguesa de topo na
área da gestão –, em colaboração com o Jornal da Saúde
e a sua editora, a empresa angolana Marketing ForYou,
concede o diploma a quem tiver frequentado, com aprovação, cinco dos sete módulos. Um oitavo módulo, opcional, consiste num estágio em hospitais portugueses.
Os próximos módulos, ainda com algumas vagas, são os
seguintes: Gestão da Inovação e da Qualidade de Serviços na Saúde, Gestão de Marketing e Comunicação na
Saúde, Planeamento e Controlo de Gestão na Saúde,
Gestão Estratégica e Governance na Saúde e Gestão Financeira de Unidades de Saúde.
Mais informações: Márcia Costa (923276837) e Elizabeth Domingos (931298484)
diAS dOS SAntOS “O Congresso reafirma o compromisso da Clínica Multiperfil em promover e disseminar o conhecimento técnico e científico a todos
os profissionais da saúde, bem como o seu desenvolvimento e afirmação profissional”
Agenda dos próximos eventos
II Congresso Nacional de Ortopedia eTraumatologia – Luanda, 5 a 10 de Agosto de 2013
Web: www.saot.co.ao
E-mail: [email protected]
Curso Gestão da Inovação e da Qualidade de
Serviços na Saúde – Luanda, 23 a 27 de Setembro de
2013
Web: http://indeg.iscte.pt/Cursos/programas-exterior
E-mail: [email protected]
Curso Gestão de Marketing e Comunicação na
Saúde – Luanda, 21 a 25 de Outubro de 2013 Web:
http://indeg.iscte.pt/Cursos/programas-exterior
E-mail: [email protected]
III Congresso Angolano deVeterinária eV Congresso dosVeterinários Africanos – Lubango, 29 a
31 de Outubro de 2013 Web: www.congressovetangola2013.comunidades.net
2º Congresso de Ciências da Saúde e Expo Multiperfil – Luanda, 4 a 8 de Novembro de 2013
Web: www.multiperfileventos.com E-mail:[email protected]
Curso Planeamento e Controlo de Gestão na
Saúde – Luanda, 25 a 29 de Novembro de 2013
Web: http://indeg.iscte.pt/Cursos/programas-exterior
E-mail: [email protected]
IX Congresso Internacional dos Médicos em Angola e 2ª Feira Médica Hospitalar – Luanda, 24 e 25
de Janeiro de 2014Web: www.ordemdosmedicosdeangola.org www.medicahospitalarangola.com
40º Congresso Conventus Societas ORL Latina
(Otorrino) – Luanda, 1 a 5 de Setembro de 2014
E-mail: [email protected] [email protected]
ORDEM DOS MÉDICOS DE ANGOLA
Luzia Dias preside ao novo Colégio da especialidade
de Hematologia e Imuno-hemoterapia
A médica Luzia Fernandes Dias preside ao novo Colégio da especialidade
de Hematologia e Imuno-hemoterapia constituído, este mês, pela Ordem
dos Médicos de Angola.
Na cerimónia, que contou com a presença do bastonário da Ordem dos
Médicos de Angola, Carlos Alberto Pinto de Sousa, foram ainda nomeadas
Eunice Manico para Vice-presidente, Sabrina Coelho, Maria Alice Mussano
e Teresa Mateus para, respectivamente, tesoureira e assessoras.
Entre outras atribuições, a direcção do Colégio irá promover a especialidade junto às faculdades de medicina no sentido de sensibilizar os estudantes
a seguirem esta área muito necessária ao país.
dia MundiaL do dador de sanGue
4
Junho 2013 JSA
Angola precisa de 140 mil dadores
voluntários de sangue
CarLos aLberto MasseCa “Estendemos o nosso convite às organizações da sociedade civil,
em particular às juvenis, no sentido de abraçarem esta causa nobre e justa”
maria ribeiro
Com as altas taxas de sinistralidade rodoviária que se
registam no país, o início das
cirurgias cardiotorácicas e
outras doenças a exigirem,
cada vez mais, transfusões
sanguíneas, a direcção do
Centro Nacional do Sangue
tem dificuldade em responder à demanda.
Nas celebrações do dia do dador, o apelo das autoridades
presentes no acto central, realizado em Luanda, é no sentido de continuar com o gesto
de quem já o faz e estimular a
prática junto daqueles que,
tendo condições, ainda não o
fazem.
A informação de que várias vítimas de um acidente
de viação ocorrido no município de Viana estavam a perder a vida por falta de sangue
levou Madalena de Oliveira,
49 anos, a interessa-se por
uma questão que, até então,
nada lhe dizia. «Dador voluntário de sangue é o quê?!»,
questionou na altura. A resposta de que o nome era atribuído às pessoas que, de livre
e espontânea vontade, davam parte do seu sangue para salvar a vida a desconhecidos comoveu-a e fez com ela
também repetisse o gesto.
Na altura em que decidiu
ser dadora, a efeméride não
existia. Mas, organizações como a Federação Internacional das Organizações de Dadores de Sangue (FIODS), a
Federação Internacional da
Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho, apoiadas pela Sociedade
Internacional da Transfusão
Sanguínea (ISBT), olhando
para o gesto destes voluntários, decidiram propor à Organização Mundial da Saúde
(OMS) a instituição do dia
mundial do dador de sangue.
A proposta foi aceite pela
OMS e, na Assembleia Geral
realizada em Maio de 2005,
com os ministros da saúde do
mundo, subscreveu-se uma
declaração unânime de
apoio à dádiva de sangue não
remunerada. Escolheu-se o
dia 14 de Junho, data do nascimento do cientista e médico austríaco Karl Landsteiner,
precursor da transfusão sanguínea, para a comemoração.
Desde então, a data tem sido aproveitada para realizar
actividades de sensibilização
e consciencialização sobre a
necessidade de se dispor de
sangue e de produtos do sangue seguros. E, por outro lado,
para agradecer aos dadores
voluntários, não remunerados, que todos anos salvam
milhões de vidas humanas
em todo mundo com o seu
oferecimento.
Dadores voluntários
Na cerimónia realizada no
Cine Atlântico, onde foram
homenageados os dadores
angolanos, a Directora do
Centro Nacional do Sangue
(CNS), Luzia Fernandes Dias,
não deu boas notícias. Dados
avançados referem que, em
Angola, 80 por cento das reservas existentes no banco de
sangue são de familiares, sen-
Luzia Fernandes dias “Procuramos dadores voluntários”
“o Centro
Nacional de
Sangue precisa
de 140 mil
dadores
voluntários”
“em angola, 80
por cento das
reservas
existentes no
banco de sangue
são de familiares,
sendo que,
apenas 10 por
cento, são de
voluntários”
do que, apenas 10 por cento
são de voluntários. Luanda e
Benguela são as províncias
com mais dadores, enquanto
as do Kuando Kubango e
Bengo são as que registam o
menor número.
Para a responsável, os números preocupam. «Procuramos dadores voluntários, pelo que sensibilizamos e mobilizamos pessoas de boa vontade para que possam estender o seu braço e darem sangue para salvar vidas, sem
que seja necessário receber
alguma coisa em troca», explicou a médica.
Para suprir a carência, o
Centro Nacional de Sangue
precisa de 140 mil dadores
voluntários. Ou seja, mais
pessoas que se comovam
com o sofrimento alheio como a Madalena Oliveira e o
cidadão Carlos Alberto, que,
há mais de 42 anos, repete o
gesto da doação de sangue.
«Se não tivesse a idade que tenho continuaria a dar e assim
ajudar os que necessitam», lamentou o ancião.
Apelo às organizações
da sociedade civil
Ciente dos transtornos
que a situação tem acarretado, o Secretário de Estado da
Saúde, Carlos Alberto Masseca, que presidiu o acto, em representação do Ministro da
Saúde, apelou ao envolvimento da sociedade para inversão da situação. «Precisamos de dadores permanentes e não usar apenas sangue
familiar. Por esta razão, estendemos o nosso convite às organizações da sociedade civil,
em particular às juvenis, no
sentido de abraçarem esta
causa nobre e justa».
Por sua vez, o representante da OMS em Angola, Hermano Agudelo, na sua intervenção, lembrou as autoridades da necessidade de melhorar as infra-estruturas ao
nível nacional «para ter bancos de sangue em quantidade
suficiente no país».
A meta de Angola é fazer
com que, em 2020, as doações sejam 100 por cento voluntárias.
eles fazem a diferença
Não há nenhum perigo
Aconselho os jovens a doar sangue
Madalena Pereira de oliveira,
Professora, 49 anos, dadora há 10 anos
Carlos alberto octávio (Calabeto) Funcionário dos
Caminhos de Ferro de Luanda, 77 anos, dador há 42 anos
«Quando comecei a ver que muitas pessoas perdiam a vida por falta de sangue, decidi partilhar. No
princípio, temia. Receava contrair alguma doença no acto da doação. Mas informei-me melhor e constatei
que não havia perigo. Antes pelo contrário, só há vantagens, porque renova as células e deixa-nos mais
felizes por saber que estamos a salvar vidas. Doo três vezes ao ano. Vou de livre vontade porque tenho
uma meta a atingir».
«Um colega de gabinete doava. Um dia convidou-me a acompanhá-lo. Aceitei e comecei a fazer as doações.
Felizmente, ao longo destes 42 anos nunca precisei de uma transfusão sanguínea, nem adoeci. Se não tivesse a
idade que tenho continuaria a dar o meu sangue para ajudar a salvar a vida de outros que necessitam. Olhando
para trás, sinto-me satisfeito e aconselho os jovens a continuarem com o gesto. Tenho feito exames médicos e
garanto: estou bem e a doação não causou nenhum dano na minha saúde».
JSA Junho 2013
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5
DIA MUNDIAL DO DADOR DE SANGUE
6
Junho 2013 JSA
O circuito do sangue
maria ribeiro
«Se um
indivíduo de 70
quilos precisar
de uma
transfusão de
plaquetas, são
necessárias sete
unidades de
plaquetas, o que
corresponde a
sete dadores»
Os cientistas continuam em
busca de uma solução alternativa ao sangue. No entanto, enquanto se aguarda pela
descoberta, o recurso tem sido mesmo a doação, uma solução que tem ajudado a salvar a vida de várias crianças,
mulheres e homens. Reconhecendo a importância do
sangue, Eunice Manico, médica, especialista em imunohemoterapia, responsável do
laboratório de separação
dos componentes sanguíneos do CNS, falou ao Jornal
da Saúde sobre as implicações do acto.
— Quem pode doar sangue?
— Para ser dador de sangue
há determinados requisitos a
serem cumpridos, uma vez
que o nosso objectivo não é
prejudicar, nem o dador, nem
o receptor. Os requisitos são
ter idade compreendida entre os 18 e os 60 anos. No caso
de pessoas que já tenham feito alguma doação na vida, pode estender-se até aos 65. Pesar pelo menos 50 quilos. Não
ter comportamento de risco,
isto é, as pessoas que se relacionam com vários parceiros
têm tendência para contrair
doenças sexualmente transmissíveis, razão pela qual não
são indicadas para a doação
do sangue. Neste grupo inclui-se também as trabalhadoras de sexo e os utilizadores
de drogas. Todos os que têm
uma tatuagem com um tempo superior a 12 meses podem ser dadores. As senhoras
não devem estar grávidas,
nem a amamentar.
— Como é o processo de retirada do sangue?
— O dador faz a inscrição no
nosso serviço, ou outro similar. Segue-se um exame laboratorial para medirmos o nível da hemoglobina e a situação de malária. Passa, de seguida, para a triagem clínica,
efectuada por médicos ou
enfermeiros capacitados para este efeito. Ultrapassadas
estas fases, o dador está em
condições de fazer a doação.
A doação dura, em média, 10
a 12 minutos. Retiramos do
braço 450 mililitros do seu
sangue. Em seguida, oferecemos um lanche reforçado. Ele
alimenta-se na nossa presença, em princípio, para “repor”
aquilo que foi retirado. Mas, o
objectivo principal é que permaneça connosco algum
tempo para verificar se não há
nenhuma reacção adversa à
transfusão. Uma vez confirmado o seu estado, retira-se
do nosso serviço e nós ficamos com a unidade de sangue.
— O que acontece à unidade
de sangue?
— Com a unidade de sangue
em mãos, colocamo-la no
que denominamos saco mãe.
Este, por sua vez, é acoplado a
sacos satélites. De seguida,
separamos o sangue em
componentes. Ou seja, o saco
mãe é centrifugado a uma
temperatura que nos permite obter os outros componentes. Numa primeira fase separamos o concentrado de eritrócitos (glóbulos vermelhos)
(1) e o plasma fresco (2). Deixamos repousar o concentrado de eritrócito e voltamos ao
plasma. Fazemos uma segunda centrifugação e tiramos daquele plasma o concentrado de plaquetas. Uma
vez feito este processamento,
conservamos o concentrado
de eritrócitos num banco de
sangue que, na realidade,
mais não é do que um frigorí-
fico específico para este efeito regulado a uma temperatura de 2 a 6 graus centígrados, ou 8 graus, dependendo
da literatura usada. O concentrado de plaquetas repousa durante uma hora. Seguidamente, colocamo-lo no
agitador de plaquetas que
constitui o seu meio de conservação permanente, para
se evitar a agregação plaquetária, a uma temperatura de
20 a 22 graus centígrados. Este derivado tem a validade de
cinco dias. O concentrado de
eritrócito dura até 40 a 45 dias
dependendo do anticoagulante que tiver. O plasma é
congelado durante uma hora
e conservado numa congeladora a uma temperatura de 70 graus. Depois é colocado
numa arca congeladora com
temperatura de - 30 graus. Este plasma pode durar até 5
anos, dependendo da doença que pretendemos tratar.
Simultaneamente, quando colhemos o sangue para o
saco mãe, depositamos 10
mililitros num saquinho pe-
queno, acoplado. Este serve
para enchermos dois tubos.
Um serve para o laboratório
das doenças transmissíveis,
onde procedemos aos testes
de VIH, Hepatite B e Sífilis. O
outro tubo segue para a imuno-hematologia, onde fazemos a grupagem sanguínea e
a prova de compatibilidade.
Antes de procedermos a uma
transfusão, fazemos uma simulação em tubo denominada prova de compatibilidade.
Uma vez estabelecidos os
procedimentos e em devidas
condições o sangue está conservado aguardando a sua
distribuição. O sangue que tiver alguma alteração é destruído. Nestes casos, o Centro
Nacional do Sangue tem a
obrigação de convocar a pessoa que fez a doação para repetir os exames e, em função
do resultado, proceder ao
aconselhamento.
— Quais os produtos utilizados nas transfusões?
— Depende da patologia do
paciente. Por exemplo, se for
um indivíduo com anemia, é
«Não há
prejuízo nenhum
para o dador de
sangue»
recomendado o concentrado
de eritrócitos. Nos casos de
hemorragia, sobretudo em
maternidades, onde se precisam de factores de coagulação, damos o plasma. As plaquetas são usadas principalmente em pessoas com hemorragia.
— Nos casos de acidente de
viação, que derivados os
doentes precisam?
— Para os acidentes de viação, se o paciente tiver perdido muito sangue, o que se
precisa mesmo é de sangue
fresco. Ou seja, aquele que
obtemos do dador, que não
tenha mais de 8 horas e não
tenha sofrido nenhum processo de refrigeração. Aqui
aproveitamos os factores de
coagulação para sanar a hemorragia. Se não dispusermos de sangue nestas condições, usamos os todos os derivados para estancar a hemorragia.
— Quantos dadores são necessários para cada caso?
— Depende. Há pacientes
que podem levar 30 unidades
de sangue. Não é o nosso caso porque ainda não se fazem
transplantes. Contudo, a nossa preocupação é crescente
porque já temos cirurgias cardiotorácicas, hemodiálise, e a
sinistralidade rodoviária aumenta significativamente.
Trata-se de situações que já
exigem muito sangue. Se tivermos em conta que cada
dador oferece aproximadamente meio litro de sangue,
estamos a ver a quantidade
de dadores precisamos. Um
exemplo: se um indivíduo de
70 quilos precisar de uma
transfusão de plaquetas, são
necessárias sete unidades de
plaquetas, o que corresponde
a sete dadores. Daqui se vê o
quanto precisamos de dados
voluntários para termos sempre sangue suficiente.
— O que acontece ao dador
depois da doação?
— Sabemos que, a cada 120
dias, o glóbulo vermelho desaparece. Morre e é substituído por outro. Mas, para o indivíduo que faz a doação este
processo é ainda mais rápido.
Ao dar os 450 mililitros, a medula óssea repõe a quantidade retirada. Não há prejuízo
nenhum para o dador de sangue. É por esta razão que as
doações acontecem de três
em três meses para os homens e de quatro em quatro
meses para as mulheres.
(1) Eritrócito é um componente celular do sangue,
também designado por hemácia ou glóbulo vermelho.
Os eritrócitos são as células
mais numerosas do sangue.
A cor vermelha que apresentam, quando maduros, é devida à presença, no seu interior, de uma proteína com
estrutura quaternária, à qual
está associada um grupo heme, com átomos de ferro - a
hemoglobina. Os eritrócitos
desempenham funções de
transporte de gases respiratórios, principalmente oxigénio, que se liga de um modo reversível à hemoglobina. No ser humano adulto
existem cerca de 5 milhões
de hemácias por ml de sangue, com um tempo médio
de duração de 120 dias. Findo
este tempo, são eliminadas
no fígado e no baço e substituídas por outras idênticas.
(NOTA DA REDACÇÃO).
(2) Plasma sanguíneo é o
componente líquido do sangue, no qual as células sanguíneas estão suspensas. O
plasma é um líquido de cor
amarelada e é o maior componente do sangue, compondo cerca de 82% de seu
volume total. Ele pode, também, dissecar bactérias. O
plasma contém água (90%),
fibrinogénio, globulinas, albumina e outras substâncias
dissolvidas, como gases, nutrientes, excretas, hormónios e enzimas. Entre as proteínas presentes no sangue,
a mais abundante é a albumina. (NOTA DA REDACÇÃO).
JSA Junho 2013
sangue
7
X COngressO MUndiAl de FArMACêUtiCOs de língUA POrtUgUesA
8
Junho 2013 JSA
Um marco histórico
Angola organizou o maior Congresso de sempre
dos farmacêuticos de língua portuguesa
A sessão solene de abertura foi presidida pelo Secretário de Estado da Saúde, Carlos Alberto
Masseca, em representação do Ministro da Saúde
Angola acolheu X Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa,
entre 29 e 31 de Maio. E realizou o maior evento de sempre na história da entidade
promotora – a Associação de
Farmacêuticos dos Países de
Língua Portuguesa (AFPLP),
com um programa de excelência e mais de 800 participantes. Um marco histórico
para um sector sensível e
fundamental no nosso país,
onde foi também anunciada
a criação da Ordem dos Farmacêuticos de Angola.
Assinalando este vigésimo
aniversário, a AFPLP, em conjunto com as delegações de
São Tomé e Príncipe e de Angola, promoveu a organização de quatro eventos memoráveis, sob o lema “Juntos em
Defesa da Saúde”:
— O Simpósio Satélite, em
São Tomé e Príncipe, no dia
27 de Maio de 2013.
— A 13.ª Assembleia Geral da
AFPLP, em Angola, no dia 29
de Maio.
— A primeira Expo Farma
Angola, em Luanda, nos dias
29, 30 e 31 de Maio.
— O X Congresso Mundial de
Farmacêuticos de Língua
Portuguesa, também em
Luanda, nos dias 30 e 31 de
Maio.
Conclusões
Simpósio satélite
O Simpósio Satélite decorreu em São Tomé e Príncipe,
no dia 29 de Maio.
Concretizou-se, assim,
uma ambição de longa data
da AFPLP e dos colegas de
São Tomé e Príncipe, de realizar um evento neste país.
O presidente cessante da AFPLP, anfitrião do evento, Daniel António, deu as boas-vindas
aos participantes
Farmacêuticos
de Angola
vão ter Ordem
O Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal,
Maurício Barbosa
O debate de ideias gerado
pelas intervenções permitiu
potenciar a atividade farmacêutica e promover o conhecimento em torno da farmácia,
do medicamento e da saúde.
Nesta sessão, que contou
com mais de 120 participantes, estiveram presentes diversas entidades oficiais dos
países lusófonos que integram a AFPLP.
A sessão solene de encerramento do Simpósio foi presidida pelo Ministro da Juventude e Desportos de São
Tomé e Príncipe, Albertino
Boa Morte Francisco.
Os farmacêuticos de São
Tomé e Príncipe anunciaram,
em primeira mão, que está
em análise a possibilidade de
o País adoptar a Resolução da
AFPLP sobre Boas Práticas de
Farmácia, à semelhança do
sucedido em Angola e em Cabo Verde.
Realizou-se, ainda, uma
sentida homenagem ao farmacêutico santomense Emílio Sardinha dos Santos,
exemplo para as gerações futuras de farmacêuticos, ao
qual se deve a estrutura farmacêutica do país.
“A garantia da
qualidade dos
medicamentos
adquiridos pelas
populações é
um ponto
crucial, desde a
fase de
produção até à
toma do
medicamento
pelo doente”
13.ª Assembleia Geral
da AFPLP
A 13.ª Assembleia Geral da
AFPLP realizou-se em Luanda, no dia 29 de Maio.
Foi aprovada por unanimidade uma Resolução sobre “Prestação de Serviços
pelas Farmácias”. Desta resolução será dado conhecimento à Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa
(CPLP), aos Governos e à população.
O coordenador da comissão executiva do Congresso,
Boaventura Moura
Foram eleitos os novos órgãos sociais para o biénio
2013-2014, cuja presidência
do Conselho de Administração foi assumida por Moçambique, na pessoa de Lucilo
Williams.
Finalmente, foi deliberado
que o próximo Congresso será realizado em Moçambique, em 2015.
EXPO FARMA ANGOLA
A primeira Expo Farma
Angola, realizou-se em Luanda, nos dias 29, 30 e 31 de
Maio.
A feira contou com 70 módulos de exposição de 50 empresas nacionais e estrangeiras que apresentaram a sua
oferta de produtos e serviços
destinada aos profissionais
de saúde.
X Congresso Mundial
de Farmacêuticos de
Língua Portuguesa
O X Congresso Mundial de
Farmacêuticos de Língua
Portuguesa, decorreu em
Luanda, nos dias 30 e 31 de
Maio.
A sessão solene de abertura tivemos contou com a pre-
sença do Secretário de Estado
da Saúde de Angola, Carlos
Alberto Masseca, que, em nome do Ministro da Saúde de
Angola, José Vieira Dias VanDúnem, proferiu o discurso
de abertura.
Nesta sessão, os participantes foram também agraciados com dois belos momentos de dança e espectáculo, apresentados pelo grupo de ballet tradicional Kilandukilo.
Qualificação e formação
farmacêutica
O farmacêutico é um profissional de saúde de formação avançada no uso do medicamento e na avaliação dos
seus efeitos.
O objetivo principal do farmacêutico é defender a saúde pública.
Enquanto profissional que
integra o sistema de saúde, o
farmacêutico tem a responsabilidade de promover o direito a um tratamento com
qualidade, eficácia e segurança, e ao mais baixo preço.
O farmacêutico deve assegurar a máxima qualidade
dos serviços que presta e ga-
Um momento marcante
para todos os participantes
foi o anúncio da criação da
Comissão Instaladora da
Ordem dos Farmacêuticos
de Angola (OFA).
A Comissão é liderada por
Boaventura Moura e integra
ainda António Zangulo,
Helena Vilhena e Pombal
Mayembe. Tem 90 dias para
criar condições com vista à
proclamação da Ordem dos
Farmacêuticos de Angola.
Boaventura Moura está
indigitado para ser o
primeiro Bastonário da
Ordem.
rantir que a população usufrui de um benefício terapêutico máximo resultante do
tratamento com medicamentos.
São funções fundamentais
do farmacêutico a dispensa
de medicamentos, de outros
produtos de saúde e de cuidados farmacêuticos, a dispensa de informação e aconselhamento ao doente, e a
monitorização dos efeitos do
uso do medicamento.
O farmacêutico deve ter
conhecimentos, capacidades
e atitudes adequados às funções que desempenha. Deve
manter-se informado aos níveis profissional e científico,
de modo a poder assumir um
nível de competência ajustado à prestação de uma prática farmacêutica eficiente.
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10
X CONgRESSO MUNdiAL dE FARMACêUTiCOS dE LíNgUA PORTUgUESA
BOAVENTURA MOURA A garantia da qualidade dos medicamentos adquiridos pelas populações é um ponto crucial, desde a fase de produção até à toma do medicamento pelo doente
ticos deve encontrar respostas adequadas às exigências
colocadas pelas sociedades,
nomeadamente o comportamento dos cidadãos, as novas
tecnologias de informação e
a evolução técnico-científica
na área da saúde.
A formação do farmacêutico exige conhecimentos, capacidades e competências
que lhe permitam intervir em
todas as fases do circuito do
medicamento: investigação e
desenvolvimento, produção,
controlo de qualidade, regulamentação, distribuição, dispensa e farmacovigilância.
Deve ser dada especial
atenção à proliferação de cursos de ciências farmacêuticas
que nunca deverão descuidar
a qualidade dos conteúdos
programáticos, tendo de investir mais na qualidade da
formação do que na quantidade da mesma.
Igualmente, deve ser prestado o devido cuidado na unificação dos planos curriculares.
Os farmacêuticos de língua portuguesa assumem o
desenvolvimento profissional contínuo na procura incessante da excelência do seu
desempenho.
Regulamentação como
meio para o
desenvolvimento
sustentado da farmácia
e do medicamento
É necessário instituir regras que demarquem o normal funcionamento da farmácia e do medicamento, de
modo a assegurar a saúde individual e coletiva.
Através de uma estratégia
de intervenção adequada, cada país deve adotar políticas
nacionais com vista ao desenvolvimento sustentado da
farmácia e do medicamento.
As condições de funcionamento a que devem obedecer as farmácias devem ter
como prioridade a qualidade
do serviço prestado, indo ao
encontro das necessidades
reais das populações.
Cada país deve desenvolver e implementar sistemas
de registo e aprovação de medicamentos, bem como um
sistema de farmacovigilância.
A garantia da qualidade
dos medicamentos adquiridos pelas populações é um
ponto crucial, desde a fase de
produção até à toma do medicamento pelo doente.
O sector farmacêutico de
cada país deve procurar munir-se das condições necessárias para corresponder às exigências organizativas e de recursos imprescindíveis à
prossecução das políticas nacionais de saúde.
Neste sentido, é desejável
uma maior articulação e cooperação entre as autoridades
reguladoras dos nossos países, que deverão trabalhar em
rede.
A Organização Mundial de
Saúde considera que a contrafação de medicamentos é
um problema significativo e
em crescimento.
A problemática da contrafação de medicamentos é de
caráter global, atingindo todos os países, independentemente do seu estadio de desenvolvimento.
Neste sentido, os farmacêuticos de língua portuguesa estão disponíveis e empenhados para implementar,
em todas as fases em que intervêm no circuito do medicamento, sistemas de boas
práticas, de acordo com os
mais elevados padrões internacionais de qualidade.
Assim, é importante regular, educar e comunicar.
Perspectivas do circuito
do medicamento
e resultados em saúde
A indústria farmacêutica
contribui com a inovação terapêutica que permite contínuos ganhos em saúde e a di-
CARLOS MASSECA A produção local de medicamentos é um vector estratégico para
o desenvolvimento da saúde e da economia
destes profissionais nos serviços hospitalares.
No final do primeiro dia de
trabalhos foi assinado um
protocolo de cooperação entre o Ministério da Saúde de
Cabo Verde e a Ordem dos
Farmacêuticos de Portugal.
mentos / Ministério da Saúde
de Angola e a Faculdade de
Farmácia da Universidade de
Lisboa.
Realizou-se, ainda, uma
homenagem ao farmacêutico pioneiro de Angola, N’Singui António, que, entre outras
actividades de relevo, se dedicou à valorização da fitoterapia, cadastrando mais de 600
plantas medicinais em Angola.
Foi anunciada a criação da
Comissão Instaladora da Ordem dos Farmacêuticos de
Angola. Um momento marcante para todos nós e de que
muito nos orgulhamos de ter
sido anunciado no Congresso da AFPLP.
Esta Comissão será liderada por Boaventura Moura e
integra ainda António Zangulo, Helena Vilhena e Pombal
Mayembe.
Esta comissão tem 90 dias
para criar condições para a
proclamação da Ordem dos
Farmacêuticos de Angola
(OFA).
Produção de
medicamentos como
potenciador de
desenvolvimento local
A produção local de medicamentos é um vector estratégico para o desenvolvimento da saúde e da economia.
Dado o estadio de desenvolvimento dos diferentes
países, considerou-se importante a partilha da experiência e dos conhecimentos adquiridos.
Foi constituído o FARMED, um importante Fórum
das Autoridades Reguladoras
de Medicamentos do espaço
lusófono, cujo objectivo é
cooperar e harmonizar aspetos de carácter regulamentar,
registo de medicamentos, licenciamento e inspeção.
Igualmente, foi assinado
um Protocolo de cooperação
entre a Direção Nacional de
Medicamentos e Equipa-
Agradecimentos
De acordo com a Comissão organizadora, o evento foi
marcante para AFPLP. Tratou-se do maior Congresso de
sempre, contando com cerca
de 800 participantes.
Por ocasião da leitura das
conclusões, o director nacional de Medicamentos e Equipamentos de Angola, Boaventura Moura, agradeceu o
apoio dado pelo Governo de
Angola, a participação e colaboração dos colegas de Angola, na pessoa do Presidente
cessante da AFPLP, Daniel
António, a todas as delegações e participantes dos diferentes países de língua portuguesa, aos expositores e patrocinadores, à Marketing for
You / Jornal da Saúde, CapacitarhEventos, Glintt, a Luísa
Miranda, da TopAtlântico, e a
Filipe Infante, da Associação
Nacional das Farmácias.
Mais de 800 profissionais de farmácia participaram activamente nos trabalhos do X Congresso
“Foi constituído
o FARMED, um
importante
Fórum das
Autoridades
Reguladoras de
Medicamentos
do espaço
lusófono, cujo
objectivo é
cooperar e
harmonizar
aspectos de
carácter
regulamentar,
registo de
medicamentos,
licenciamento e
inspecção”
Junho 2013 JSA
minuição da morbilidade e
mortalidade.
O aumento da esperança
de vida deve-se a outros factores, mas, particularmente,
ao medicamento.
A articulação de empresas
nacionais em iniciativas colectivas, como a PharmaPortugal, permite fomentar sinergias potenciando os resultados em saúde.
O sistema de distribuição
grossista em Angola tem registado uma evolução notável
nos últimos tempos, nomeadamente através da criação
da Central de Compras e
Aprovisionamento de Medicamentos e Meios Médicos
(CECOMA), do Ministério da
Saúde de Angola.
As farmácias no Brasil estão a migrar para um modelo
mais focado na actividade
farmacêutica e no desenvolvimento de serviços de cuidados farmacêuticos.
Na farmácia hospitalar de
Moçambique pretende-se
garantir que todas as prescrições seguem os protocolos terapêuticos já aprovados.
O crescente número de
farmacêuticos neste país permite aumentar a colocação
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12
Junho 2013 JSA
Expositores reconhecem
que o mercado está cada
vez mais competitivo
A Expo Farma recebeu mais
de mil visitantes profissionais
RepoRtagem de maRia RibeiRo
edição de madalena
moReiRa de Sá
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A primeira edição da Expo
Farma, realizada nos dias 30
e 31 de Maio, em Luanda,
permitiu aos farmacêuticos
lusófonos, reunidos no seu X
Congresso, interagir com os
fabricantes de produtos farmacêuticos e conhecerem
as últimas novidades. Os
principais fornecedores reconheceram à reportagem
do Jornal da Saúde que o
mercado angolano está a ficar cada vez mais competitivo.
Kátia Paulo, directora da
Farmácia Central, considera que eventos deste género, não só são bem-vindos,
como também constituem
importantes oportunidades de expansão de negócio, dado o contacto com
muitos potenciais parceiros
e clientes. Dário Martins,
assistente comercial do
Grupo Costa e Baptista,
partilha uma opinião semelhante, reiterando que
“a feira é uma montra por
excelência para empresas
que trabalham nesta área.
Nós não poderíamos deixar
de cá estar. Toda a empresa
que quer ter sucesso na
área da saúde tem que estar
nas zonas de influência e de
visibilidade.” Deolinda
João, directora da Farmácia
Coqueiros do Grupo Moniz
da Silva, pretendeu, ao ex-
por no certame, dar a conhecer o grupo e também
apresentar a linha de produtos de puericultura da Tigex, como biberões e utensílios para bebés. A Expo
Farma é um evento de particular interesse para empresas recentes que se pretendem afirmar no mercado, como a Lisfmar, cujo secretário-geral, Manuel Morais da Silva explica ser uma
empresa há dois anos no
mercado que se dedica à
gestão de resíduos hospitalares, oferecendo ainda
materiais hospitalares.
A presença da Australpharma, patrocinadora platina do evento, teve em vista, segundo o seu director
executivo, Gonçalo Marques, “para além da visibilidade, dar apoio aos farmacêuticos de língua oficial
portuguesa, apresentando
ainda a sua estrutura, equipa, e o grupo empresarial
do qual fazem parte”. De
acordo com este responsável, “as grandes áreas de foco da empresa – que trabalha, basicamente, como
grossista – são três: a dos
medicamentos e cosméticos para a farmácia, a do
diagnóstico – com tudo que
seja reagente e consumíveis de laboratórios de análises químicas –, e a dos
produtos de ortopedia e
consumíveis hospitalares,
gastáveis de uso clínico”. O
director garante que “a Australpharma está em Angola
para ficar, para ser um par-
“na cadeia de
abastecimento todos
precisamos uns dos
outros. o fabricante
quer vender através
de actores que são
capazes de armazenar
e distribuir os seus
produtos para não
perder a qualidade
inicial. o cliente quer
um fornecedor que
seja capaz de
satisfazer as suas
necessidades. esta
cadeia esteve
representada aqui. o
espaço da feira esteve
prático para toda
gente”
John Richard,
Laborex Angola
O Secretário de Estado da Saúde, Carlos Alberto Masseca,
acompanhado por Mário Dias, director da empresa organizadora Marketing For You, saúda o director da farma.log
“a feira é uma montra
por excelência para
empresas que
trabalham nesta área.
não poderíamos
deixar de aqui estar.
toda a empresa que
quer ter sucesso na
área da saúde tem
que estar nas zonas
de influência e de
visibilidade”
Dário Martins,
Grupo Costa e Baptista
ceiro de referência, permanente e sistemático no sector da saúde.”
A iniciativa contribui
também para o bem-estar
dos angolanos, como refere
Zay da Costa, responsável
do armazém da empresa
Afangola que, no certame,
expôs cadeiras de roda, canadianas e máscaras, entre
outros. A Expo Farma incluiu também a oferta de
produtos para a modernização e o desenvolvimento
do sector das farmácias na
área do equipamento. Foram exemplo as farmácias
modulares apresentadas
pela Glintt, cujo responsável dos projectos, João
Abreu, explicou tratar-se de
um produto 100% chave na
mão, já que inclui o espaço,
a infra-estrutura interna e o
mobiliário, assim como o
hardware e software. O modelo é vantajoso pois permite “uma rápida implantação em qualquer lugar.
Estamos a apresentá-lo
também nas províncias”.
Antónia Camilo Bwanga,
responsável do armazém
da Concentra, exprime
igualmente interesse no desenvolvimento da saúde no
país, particularmente na
área dos medicamentos:
“Estamos a apresentar materiais gastáveis e alguns
equipamentos para o banco de urgência. Temos também kits de primeiros socorros para as urgências e
partos.” A Omnifar, representada na Expo Farma pe-
JSA Junho 2013
publicidade
13
expo FarMa
14
Junho 2013 JSA
“Com o filtro de água
familiar para o meio
rural não é necessário
pôr lixívia, nem ferver
água. É só colocar
qualquer água não
tratada no filtro que
fica purificada”
bém kits de primeiros socorros para as urgências e
partos.” A Omnifar, representada na Expo Farma pela directora Marina da Costa, “é uma empresa vocacionada à importação, armazenamento e distribuição de medicamentos que
está no mercado há mais de
10 anos e que pretende,
com a sua presença, expandir o negócio. Representa
três laboratórios, a Novartis, GSK e a Merck Serono”.
A Cicci Angola partilha
desta consciência. Trabalha há 15 anos no combate
à malária, entre outras
doenças. Na feira apresentou produtos como o filtro
de água familiar para o
meio rural, de baixo custo e
com a duração de três anos.
O seu representante, James
Titelman, garante não ser
necessário “pôr lixívia, nem
ferver a água, é só colocar
qualquer água não tratada
no filtro que fica purificada.” Adiantou ainda que são
“distribuidores exclusivos
dos testes rápidos de malária, sífilis, e de uma grande
variedade de doenças infecciosas como hepatite B e
C, e de várias doenças negligenciadas, testes de gravidez e de VIH.” A empresa
“está a desenvolver o estudo de um novo teste combinado de VIH e sífilis para as
mulheres grávidas”, revelou.
A resposta por parte dos
expositores é positiva e a
satisfação geral, como reitera Dusky Diu, gestor de
encomendas do depósito
de medicamentos Padre
Quirino Houdik. A empresa, que está há 14 anos no
mercado angolano a trabalhar com os hospitais públicos e clínicas fazendo importação e comercialização
de medicamentos, pretende aumentar a carteira de
clientes e angariar parceiros nacionais e internacionais. Da mesma forma,
Maurício Caculo, da Trading Comércio Geral e Serviços, CTC, avalia positivamente a feira, tendo tido
oportunidade para dar a
conhecer os serviços de depósito de medicamentos e
fornecimento a clínicas,
farmácias e hospitais. José
da Câmara Falcão, Director
Técnico da Socitec, expõe o
seu contentamento face ao
evento, que deseja que
aconteça mais vezes “para
se poder mostrar as potencialidades dos angolanos
que actuam neste ramo da
saúde.” Micaela Mangunda,
representante e enfermeira
da Crisav - Serviços de Saúde, Lda, empresa vocacionada à comercialização de
materiais para reabilitação
física, medicina do desporto e materiais ergonómicos
para os doentes acamados,
ficou também surpreendida com a feira como plataforma para conhecer o
mercado.
A Farmalab, há um ano
no mercado, está na área de
medicamentos, equipamentos, mobiliário hospi-
talar e equipamento de farmácias, e o seu balanço,
fornecido pelo assistente
administrativo Hélder Soares, é que “foi uma participação positiva pelo número de visitas e contactos colhidos”, ainda que esperassem fazer mais contactos. A
Acail Angola apresentou na
expo aparelhos de anestesia de última geração, um
ecógrafo 4D, mesas de bloco operatório e aparelhos
para TAC. Segundo Paulo
Almeida Cunha, “um dos
lemas da Acail é fornecer
equipamentos aos hospitais e prestar assistência
técnica”, para além de formar colaboradores e clientes. Fernando Sacava, responsável das contas da Astra Zeneca – que actua no
fornecimento de medicamentos para as áreas de
cardiologia, gastrologia e
doenças infecciosas – diz
que esperava mais da feira
e sentiu que ainda existem
muitas pessoas que desconhecem os produtos da
empresa.
Já a Bluepharma, que começou em Coimbra em
2001, logo com projectos de
internacionalização, e chegou ao mercado angolano
em 2012, não esperava “encontrar um conjunto tão
grande de expositores e
uma feira tão bem organizada,” como afirmou o administrador Miguel Silvestre. Com as expectativas excedidas esteve também a
Generis Farmacêutica SA.
Segundo o seu business development and export manager, Nuno Miguel Cabral,
“a empresa é a número um
em vendas em Portugal”,
tendo também “o maior
portfólio disponível no
mercado.” Esperam replicar
este sucesso em Angola,
disponibilizando medicamentos para a área de ambulatório e sector hospitalar. A Neofarma considerou
importante a diversidade
de sectores presentes da
feira, onde apresentaram
um teste da dengue. Para o
seu gerente comercial, Fabiano Ângelo Leal, este teste “chegou recentemente a
Angola e poucos distribuidores o têm”. Também impressionado com a organização, esteve o director geral da Galeno, Rui Vaz, que
admirou a afluência e o número de visitantes. “É uma
prova de que o mercado está activo”, disse.
A Farmalog vendia produtos anteriormente a partir da NBC Medical de Portugal, mas desde há um ano
que está presente em Angola. Trabalha na área de venda de equipamento, medicamentos e dispositivos
médicos, e têm já, segundo
a directora técnica, Iraceuma Pinto da Costa, uma
muito boa carteira de clientes. Ainda assim, pretendem encontrar novos par-
ceiros, e partilhar o exercício farmacêutico com mais
pessoas. A Ecomar, que está no mercado angolano
desde 1952, embora na área
da saúde esteja apenas desde 2002, teve na feira uma
participação institucional,
apresentando a marca como depósito de medicamentos, como contou a directora da saúde, Teresa
Catarina Vicente. Também
firmemente estabelecida
no mercado angolano há
mais de vinte anos e no da
saúde há dois, a Elnorpharma “é uma grande parceira
do Ministério da Saúde e
comercializa mobiliário
hospitalar, consumíveis,
medicamentos e dispositivos médicos”. O directorgeral, Munir Sabjaly garantiu que a Expo Farma foi
uma boa e muito interessante aposta com bons momentos, tal como uma excelente oportunidade de
promoção da empresa.
João Abreu,
director da Glintt
Kátia Paulo, directora
da Farmácia Central
Marina da Costa,
directora da Omnifar
Munir Sabjaly,
director da Elnor Pharma
Paulo Cunha,
director da Acail
Zaida Nascimento,
directora da Afa Angola
James Titelman,
Cicci Angola
“A Australpharma está
em Angola para ficar,
para ser um parceiro
de referência,
permanente e
sistemático no sector
da saúde”
Gonçalo Marques,
Australpharma
“A feira é uma
oportunidade para se
poder mostrar as
potencialidades dos
angolanos que actuam
neste ramo da saúde”
A inauguração da Expo Farma foi presidida pelo Secretário de Estado da Saúde, Carlos Alberto Masseca, que, acompanhado pela
comitiva oficial, percorreu demoradamente os stands de todos os expositores
José da Câmara Falcão,
Socitec
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Junho 2013 JSA
Noções Básicas
Controlo de infecções relacionadas
com a assistência à saúde
O Ministério da Saúde de
Angola realizou, de 10 a 12
de Junho, no Hospital Josina
Machel, a formação “Noções
Básicas de Controlo de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde”, com a
presença de 31 participantes
de hospitais de Luanda, Benguela e Huíla.
Os temas abordados nesta
formação foram: História e
programa do controlo de infecções hospitalares; Principais agentes e cadeia epidemiológica de transmissão das
infecções hospitalares; Precauções e isolamentos; Principais infecções hospitalares
e medidas de prevenção; Vigilância epidemiológica e legislações em Angola.
As infecções relacionadas
à assistência à saúde desa-
fiam constantemente a qualidade da assistência prestada,
pois aumentam a taxa de
morbi-mortalidade, elevam
o sofrimento dos pacientes e
familiares e aumentam excessivamente os custos hospitalares. Torna-se assim um
grande desafio e faz-se necessária a actualização e reforço
dos conceitos e conhecimentos de controlo da infecção
hospitalar para a sua prevenção, tendo em vista um dos
objectivos de desenvolvimento do milénio, designadamente a redução da mortalidade.
Com apoio científico da
assessoria técnica do Ministério da Saúde de Angola, este encontro constituiu o primeiro passo para a mudança
e início da vigilância de infecção de sítio cirúrgico.
A acção de formação contou
com 31 participantes provenientes do Hospital Josina Machel, Hospital do
Prenda, Hospital
Sanatório de
Luanda, Hospital
Geral Especializado Augusto
N`Gangula, Hospital Geral de
Benguela e Hospital Central Dr.
António Agostinho Neto, da
Huíla
terApIA dA fAlA
18
Junho 2013 JSA
TROCAS NA FALA – Até quando é normal?
A terapia da fala envolve o
ensino e treino de coordenação entre a programação cerebral para a articulação de
um determinado fonema
(som), a colocação correta
dos articuladores
(lábios, língua),
o direcionamento do
fluxo de ar e
a necessidade de fonação (voz)
Vanda Sardinha
Terapeuta da Fala
[email protected]
Caros leitores,
Ao longo destes três meses
a residir no Lubango tenho
observado, em escolas, em
conversas com outros profissionais da saúde e da educação e em ambientes mais familiares, que, de facto, o trabalho do Terapeuta da Fala
está apenas associado a
crianças e, mais propriamente, àquelas que são portadoras de qualquer tipo de deficiência física (surdez ou malformações congénitas) e à deficiência mental.
Ao longo de vários artigos
tenho referido outras patologias, nomeadamente em
adultos que são passiveis de
serem tratadas pelos Terapeutas da Fala, sendo entre as
mais comuns as alterações
articulatórias. Este artigo visa
realçar a importância da intervenção nas alterações da
articulação verbal oral que
me parece, na cultura angolana, aceite como uma característica própria da criança sem
que a mesma seja possível ou
necessária tratar.
Muitas crianças cometem
erros quando estão a aprender a falar. Estes erros nem
sempre são significativos e fazem parte de processo natural de desenvolvimento das
crianças. Cada fonema (som)
tem uma cronologia natural
de aquisição, pelo que as dificuldades devem ser valorizadas caso se prolonguem no
tempo.
A aquisição desses fonemas, apesar de sofrer alterações de criança para criança,
tem uma idade própria de
aquisição. No entanto, aos 5
anos de idade todos os fonemas devem estar adquiridos.
As perturbações articulatórias e fonológicas incluem
dificuldades na articulação
(produzir os sons) e no sistema fonológico.
A perturbação articulatória envolve uma dificuldade
em produzir um ou mais sons
na idade em que, supostamente, os mesmos já deveriam ser correctamente articulados.
O som pode ser consistentemente substituído por outro, omitido ou distorcido.
Seguidamente passo a citar alguns exemplos para cada uma das alterações acima
referidas.
Substituição
A criança diz:
• /dato / em vez de /gato/
• /topo/ em vez de /copo/
• /boua/ em vez de /bola/
(alteração muito frequente)
Omissão
- A criança diz :
• /pato/ em vez de /prato/
•/busa/ em vez de /blusa/
Distorção
A criança produz o som de
forma distorcida, ou seja,
substitui um som por outro
que não existe na língua portuguesa. A distorção mais comum e já observada por mim
em crianças e adultos em Angola é a anteriorização da língua aquando da produção
dos fonemas /s/ e /z/, habitualmente diagnosticada pelo povo como “sopinha de
massa”.
As perturbações articulatórias estão frequentemente
relacionadas com alterações
estruturais dos órgãos articulatórios (e.g. fenda do palato,
fraqueza muscular da língua), mas podem ocorrer
também em crianças sem
perturbações associadas.
Perturbações fonológicas
O sistema fonológico rege
a forma como os sons de uma
língua podem ser combinados para formar palavras. As
crianças com perturbações
fonológicas têm dificuldades
Idades em que cada fonema já
deve ser produzido correctamente
Até aos 3 anos
Até aos 4 anos
Até aos 4 anos
e 6 meses
/p/ de pato
/s/ de sapo
/λ/ de palhaço
/b/ de bola
/z/ de zebra
Encontros
/t/ de tudo
/∫/ de chuva, xaile,
consonânticos com
/d/ de dedo
escola
/l/ e /r/ como planta
/k/ de carro e queijo
/ζ/ de janela, gelado
e preto
/g/ de gato
/R/ de rato
/f/ de faca
/r/ de careca
/v/ de vaca
/l/ de lata
/m/ de mãe
/η/ de unha
/n/ de nadar
na aquisição do sistema fonológico e não necessariamente na produção dos sons. Estas crianças não se limitam a
ter um sistema fonológico incompleto, pelo contrário, aos
erros que cometem (processos fonológicos) subjazem os
seus próprios princípios consistentes e lógicos.
Por exemplo, de acordo
com o sistema fonológico da
língua portuguesa, algumas
palavras começam com duas
consoantes juntas, como por
exemplo bruxa e branco. Se a
criança disser apenas um dos
sons (“buxa” e “banco”), é
mais difícil para o ouvinte
compreendê-la.
E não é natural que isto
aconteça durante o desenvolvimento? Sim, durante o desenvolvimento, todas as
crianças cometem erros semelhantes. Por exemplo, dizem “nana” em vez de “banana”, “poco” em vez de “porco”,
“felor” em vez de flor… Estes
erros são cada vez menos esperados à medida que a
criança cresce. Assim, tal como na aquisição dos fonemas, existe uma cronologia
base para a diminuição dos
processos fonológicos. Se esses erros se mantiverem, é
possível que a criança tenha
uma perturbação fonológica.
“aos 5 anos de
idade todos os
fonemas devem
estar adquiridos”
Os pais e educadores devem
estar atentos e valorizar os erros que se prolongarem no
tempo, em comparação com
as crianças da mesma idade.
No caso de dúvida, a opção mais sensata é consultar
um terapeuta da fala que,
após avaliar a criança, verificará se os erros se enquadram
dentro do desenvolvimento
considerado normal.
REEDUCAÇÃO DA
ARTICULAÇÃO VERBAL
EM TERAPIA DA FALA
A terapia da fala envolve o
ensino e treino de coordenação entre a programação cerebral para a articulação de
um determinado fonema
(som), a colocação correta
dos articuladores ( lábios, língua), o direcionamento do
fluxo de ar e a necessidade de
fonação (voz).
Por exemplo, se uma
criança não consegue produzir o som /s/, a criança aprenderia a colocar a língua atrás
dos dentes de cima, deixando
passar uma pequena quantidade de ar através da sua boca. Embora possa parecer
simples, para muitas crianças
não o é. Torna-se, portanto,
necessário que o terapeuta
defina estratégias individualizadas para cada criança. No
momento em que a criança
consegue articular o som isolado, inicia-se o treino articu-
latório de acordo com uma
hierarquia de complexidade:
sílabas, palavras, frases, conversação.
No treino de articulação,
ou seja, de produção dos fonemas (sons), o terapeuta dá
o modelo correcto dos fonemas, sílabas ou palavras à
criança, habitualmente em
situação de jogo. O grau de
exigência e do jogo são seleccionados de acordo com a
idade da criança e as suas necessidades específicas. Os
programas de terapia da fala
são delineados para satisfazer
as necessidades individuais
de cada criança e podem incorporar uma ampla variedade de técnicas.
Quando existe uma alteração no sistema fonológico, a
terapia enfatiza, não só a produção correta do fonema, mas
também o contexto em que é
produzido e a capacidade de
discriminação auditiva.
As alterações na articulação verbal oral devem ser
tratadas assim que possível
a fim de evitar:
• Dificuldades de interacção com outras crianças;
• Distúrbios emocionais
por não ser entendido nos vários meios onde está inserida;
• Dificuldades e confusões
na aquisição da leitura e da
escrita. A maioria das alterações verificadas na fala são
transferidas para a escrita.
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A LINGUAGEM DOS NÚMEROS
A saúde
em números
Luanda à frente no indicador da população que já fez o teste da Sida, com quase 80%
Junho 2013 JSA
“Angola em Números 2012”, publicado recentemente pelo INE, veio revelar a fotografia actual do país. Dados que certamente podem auxiliar no esforço da implementação
das políticas económicas e sociais e na municipalização dos serviços de saúde.
— Benguela é a província mais saudável do país.
— No fim da tabela está o Bengo, onde cerca de 35 % da população se queixou
de doença nos últimos 30 dias.
— Os mais velhos, acima dos 60 anos, e as crianças até aos quatro anos,
são os mais vulneráveis.
— Luanda é a província onde os doentes consultam mais os médicos.
— Uíge e Lunda Sul cuidam menos das suas mamãs grávidas.
— Os jovens não se preocupam muito com a Sida: apenas 16,8 % já fizeram o teste.
— Talvez porque desconhecem onde fazê-lo: 45% não sabe onde se dirigir.
Cerca de 15% dos jovens entre os 20 e 29 anos declararam ter estado doentes nos últimos
30 dias antes da realização do inquérito
JSA Junho 2013
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A LINGUAGEM DOS NÚMEROS
Junho 2013 JSA
JSA Junho 2013
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Gestão dA doençA
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Junho 2013 JSA
A gestão da doença
Um novo paradigma na
abordagem das doenças crónicas
A gestão da doença é uma proposta aliciante, com um elevado potencial para ajudar a resolver
a fragmentação das componentes dos cuidados de saúde. E reduz os custos.
João Guerra |
Medical advisor
(Chevron Clinic – Luanda)
assistente Graduado de Medicina Interna
Mestre em Gestão da Doença
[email protected]
«When acute disease
was the primary cause
of illness, patients were
generally inexperienced
and recipients of
medical care. Now that
chronic disease has
become the principal
medical problem, the
patient must become a
co-partner in the
process»
(Holman & Lorig,
BMJ, 2000).
As pessoas com doenças
crónicas (DC) não são, frequentemente, bem sucedidas no modelo tradicional
da prestação de cuidados de
saúde. Este tem sido um sistema orientado para consultas breves destinadas a abordar as doenças agudas, no
qual a procura dos serviços
é, regra geral, desencadeada
pelo doente, sendo a resposta destes serviços de natureza, essencialmente, reactiva.
Este tipo de ambiente está
estruturado para cuidados
episódicos (volume e fluxo
de doentes elevado) que
conduzem a consultas rápidas e à escassez de tempo
para assegurar a continuidade de cuidados ou uma educação significativa do doente (1).
Historicamente, e enraizados no referido modelo, os
cuidados de saúde têm sido
prestados numa base de
«gestão da componente», isto é, os aspectos parcelares
dos cuidados (consultas, internamento, cuidados domiciliários, cuidados paliativos) funcionam mais ou
menos separados uns dos
outros, incidindo o foco da
atenção sobre a doença num
contexto específico (internamento ou consulta), sem
uma efectiva coordenação
funcional entre serviços e
sectores dos cuidados, aos
quais o doente tem de recorrer pelas necessidades impostas pela evolução da(s)
sua(s) doença(s). Há, muitas
vezes, um défice de comunicação entre os vários prestadores (médicos dos cuidados de saúde primários e especialistas hospitalares, público e/ou privados), não
existindo registos clínicos
comuns. Em cada sector, ou
serviço de saúde, os custos
dos outros serviços, ou sectores, não são, geralmente,
considerados, encarando-se
cada parcela dos cuidados
como uma peça autónoma
do sistema. A ênfase na «gestão da componente», tipicamente, concentra-se mais
no tratamento de doenças
individuais do que na prevenção das mesmas. A «gestão da componente» parece,
pois, criar a ideia de uma
poupança de dinheiro devido a uma deslocação dos
custos, não sendo, contudo,
aparente uma redução nos
custos do sistema global da
saúde. Além disso, o custo
por doente é, sobretudo,
mais elevado quando há duplicação de serviços, ou seja,
nas situações em que a monitorização contínua do estado da doença crónica está
em falta, nos casos em que o
doente crónico saíu do radar
do sistema de saúde, ignorando este qual o estadio de
gravidade da doença, voltando o doente a reentrar no
sistema, apenas quando tem
uma agudização potencialmente catastrófica, como
um evento cardiovascular
major. Sem coordenação e
integração de serviços torna-se fácil deixar passar em
branco um aspecto importante dos cuidados de saúde
que, se não abordado de forma proactiva, pode resultar
em complicações mais difíceis e dispendiosas de tratar,
como, por exemplo, um enfarte do miocárdio, ou um
AVC tratado num serviço de
urgência, que poderia ser
evitado com um adequado e
estruturado acompanhamento.
A gestão da doença (GD),
conceito que é a tradução literal do inglês disease management, é uma proposta
aliciante com um elevado
potencial para ajudar a re-
Objectivos
da gestão
de doença
Resumidamente, são
os seguintes os objectivos da GD, materializados num PGD (11,12):
Aumentar os
cuidados e diminuir os custos
globais da saúde, através da identificação de
doentes portadores de
doença crónica que representem custos elevados, ligando os doentes a prestadores, intervenções e tempo
apropriados.
1
Abordar as
doenças crónicas com intervenções de máxima
efectividade, baseadas
na evidência e com recursos apropriados, em
tempo adequado à trajectória evolutiva da
doença (estratificação
de risco), num contexto de serviços apropriado, donde possa resultar um maior impacte positivo.
2
Educar o doente, os familiares
e os prestadores
de cuidados sobre os
protocolos em vigor e
sobre as linhas de
orientação baseadas
nas melhores práticas
para a gestão de uma
doença particular, envolvendo todos os
membros da equipa de
cuidados de saúde.
3
Promover o planeamento correcto do diagnóstico e do tratamento da doença, lidando
com todo o espectro
da doença (desde os
factores de risco e seu
despiste, até aos estádios terminais de evolução da doença).
4
Eliminar intervenções de efectividade nula ou
desconhecida, ou cuidados desnecessários.
5
solver esta fragmentação das
componentes dos cuidados
de saúde. A sua metodologia
está desenhada para aumentar e complementar os
esforços dos cuidados de
saúde primários, a fim de
melhorar a saúde das populações com doenças crónicas, garantindo o apoio e a
continuidade necessárias
(1).
Origens do conceito
de gestão da doença
A GD é um processo que
consiste em gerir uma
doença específica numa
população de doentes. Implica a identificação dos
doentes e das pessoas em
risco de contrair uma deter-
minada doença crónica,
através de um diagnóstico
exacto e o desenvolvimento
de um trabalho sistemático
para prevenir ou diminuir a
incidência das suas complicações, controlar exacerbações e optimizar o estado de
bem-estar. A GD requer um
esforço coordenado de diferentes elementos da equipa
prestadora de cuidados,
que funcionam interactivamente para melhorar os resultados do doente.
Paradoxalmente, o conceito de GD foi iniciado pela indústria farmacêutica e
não por médicos. Em 1990,
a GD foi definida como
«uma abordagem sistemática baseada na população,
para identificar pessoas em
risco, intervir com programas de cuidados específicos, e medir resultados clínicos e outros». Mas a expressão só adquire estatuto
oficial em 1993, quando a
Boston Consulting Group
publicou o relatório «The
Changing Environment for
US Pharmaceuticals» (2).
Neste relatório ficou demonstrado que cerca de 80
por cento dos custos globais
dos cuidados de saúde de
uma instituição são imputados às doenças crónicas.
Actualmente, começa a
emergir a evidência de que
a GD reduz, efectivamente,
os custos. Num ensaio de
gestão da insuficiência car-
Eliminar a duplicação de esforços e activida-
6
7
des.
Melhoria contínua dos resultados do processo
e do próprio processo
— o registo sistemático dos resultados do
programa é um factor
crítico de sucesso, sendo a sua inexistência
reconhecida e aceite
como a principal causa
de insucesso dos PGD.
Garantir que todas as intervenções recomendadas são, efectivamente, aplicadas aos doentes, em todos os contextos do continuum
de cuidados de saúde.
8
Gestão dA doençA
26
díaca em idosos com alta
hospitalar, dirigido por enfermeiros, as taxas de readmissão e os custos médicos
foram, significativamente,
mais baixos no grupo de intervenção, do que no grupo
de controlo. Bons programas para a gestão da insuficiência cardíaca congestiva
e da asma podem, rapidamente, reduzir as taxas de
admissão nos serviços de
Urgência e nos internamentos hospitalares. Em contraste, os programas para a
hipertensão têm custos elevados para a sua implementação e produzem poupanças apenas numa perspectiva de longo prazo (3).
Em relação à diabetes há,
igualmente, evidência de
que os custos globais (directos e indirectos) se reduzem
significativamente, sobretudo para os doentes mal
controlados (4).
Naquela definição de
trabalho ficam subjacentes
vários princípios, um dos
quais diz respeito ao facto
de que a GD trata da prestação de todos os aspectos
dos cuidados de saúde, no
contexto mais apropriado
do continuum de cuidados,
e tenta prevenir problemas
adicionais ao custo mais
baixo.
A GD é um conceito actual que é frequentemente
utilizado nos cuidados geridos (managed care), não
devendo, contudo, confundir-se, na medida em que
aqueles visam apenas componentes isoladas dos cuidados e não a doença no
seu todo. Este conceito disseminou-se rapidamente
devido à convicção de que
os programas de gestão da
doença (PGD) diminuiriam
as ineficiências dos cuidados e a utilização inapropriada dos serviços. Actualmente, várias doenças crónicas têm disponíveis PGD.
Assim, a GD é um processo de identificação e gestão de uma doença numa
determinada população de
doentes. A GD é «uma abordagem global, integrada de
cuidados e de reembolso,
baseada no curso natural da
doença» (5).
A Associação Americana
“a Gestão da Doença preocupa-se
em garantir que o doente recebe e
beneficia, efectivamente, das
intervenções de que o seu estado
de saúde necessita e que estejam
programadas no seu plano de
cuidados, isto é, obedecendo a um
rigoroso plano de estratificação de
risco. Para que não haja falhas nem
omissões, é vital a integração dos
diferentes sectores de cuidados num
sistema coordenado de cuidados
crónicos”
de Gestão da Doença define
a GD como «uma abordagem multidisciplinar baseada no continuum da
prestação de cuidados de
saúde que, proactivamente,
identifica populações com
ou em risco de contrair condições médicas estabelecidas e que:
1. Apoia a relação médico/doente e o plano de cuidados;
2. Enfatiza a prevenção
de exacerbações e complicações utilizando guidelines práticas custo-efectivas,
baseadas na evidência e estratégias de empowerment,
tais como a educação
para a autogestão;
3. Avalia e mede, continuamente, os resultados
clínicos, económicos e humanísticos, com o objectivo
de melhorar a saúde global», após terem ocorrido as
intervenções do programa
(6).
Assim, ao contrário dos
cuidados tradicionais prestados por médicos, individualmente, a GD é um modelo
organizacional em que os
membros da equipa de cuidados de saúde trabalham
em conjunto, de uma forma
coordenada e colaborante,
para melhorar os resultados
em doentes com uma doença crónica específica, criteriosamente diagnosticada.
As doenças-alvo
As populações de doentes, frequentemente, envolvidas em PGD são aquelas
que padecem de doenças
crónicas, as quais devem
reunir determinadas características para serem alvos
elegíveis para a abordagem
baseada na GD.
Os PGD são, geralmente,
implementados para doenças de elevada prevalência
(p.e., as doenças cardiovasculares, a depressão), ou
doenças complexas associadas a uma significativa
variação nas práticas clínicas (p.e., a diabetes), ou para doenças compreendendo um grande volume (p.e.,
gravidez de alto risco) ou
custos elevados (p.e., insuficiência renal crónica terminal, insuficiência cardíaca congestiva). As doenças
seleccionadas para PGD
devem ter disponíveis intervenções efectivas e possuir
um elevado potencial para
tratamento, autogestão e
modificações comportamentais para melhorar os
resultados (7).
O processo de gestão
da doença
O curso natural destas
doenças pode ser alterado
por uma gestão consistente,
sistemática e de alta qualidade. A assumpção básica
do conceito de GD é que o
sistema de cuidados pode
Junho 2013 JSA
ser instituído de forma a induzir uma melhoria nos resultados. Estes resultados
incluem a prevenção e/ou a
diminuição das agudizações, complicações ou outros problemas relacionados com a doença crónica,
mantendo-se ao mesmo
tempo as preocupações de
elevada qualidade e de um
controlo dos custos, isto é,
se queremos gastar menos
com os nossos doentes crónicos, temos de tratá-los
melhor. A ênfase na GD reside na gestão ambulatória
da doença através de uma
detalhada educação do
doente e de uma monitorização contínua do seu estado de saúde, culminando
numa alteração do padrão
de utilização dos serviços
de saúde, de que resultam
menos internamentos e
atendimentos em serviços
de Urgência. No continuum
dos serviços disponibilizados pelos Sistemas de Saúde, aqueles representam os
serviços de custos mais elevados e são os principais
controladores de custos
(cost drivers) das DC. Por isso, o principal foco de intervenção é colocado na maximização da função, apesar
da doença, e em aumentar a
recuperação através do melhor uso dos recursos e serviços disponíveis. A GD
preocupa-se em garantir
que o doente recebe e bene-
ficia, efectivamente, das intervenções de que o seu estado de saúde necessita e
que estejam programadas
no seu plano de cuidados,
isto é, obedecendo a um rigoroso plano de estratificação de risco. Para que não
haja falhas nem omissões, é
vital a integração dos diferentes sectores de cuidados
num sistema coordenado
de cuidados crónicos.
Segundo Hunter (8), a
teoria subjacente ao conceito de GD estabelece que
a alocação de recursos (incluindo serviços clínicos e
domiciliários, educação,
testes diagnósticos etc.), se
baseia nas necessidades do
cliente (pivot do sistema),
para um estado específico
de doença. Por exemplo, terá que haver verba e recursos necessários para viabilizar a realização das fundoscopias anuais para detecção de retinopatias nos
doentes diabéticos. Genericamente, a GD envolve a
provisão de cuidados de
qualidade, através de todos
os sectores dos cuidados de
saúde. As linhas de orientação são desenvolvidas tendo em conta os cuidados de
saúde primários e os especialistas hospitalares, quer
nas consultas quer no internamento à medida das necessidades do doente. A
continuidade de cuidados
é, absolutamente, vital! Isto
implica uma eficiente comunicação entre os prestadores e uma excelente coordenação entre os diferentes
sectores dos cuidados de
saúde e uma menor ênfase
nos cuidados agudos. Uma
única organização conduz a
prevenção, despiste dos indivíduos em risco, diagnóstico, tratamento e seguimento de uma doença particular (9).
Todo o doente identificado com uma DC e inscrito
num PGD recebe, tipicamente, mailings gerais e
educação relacionada com
a sua doença, e pode, também, receber alertas para
obter cuidados recomendados. Os doentes de alto ris-
JSA Junho 2013
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Gestão dA doençA
28
co recebem intervenções
específicas, tais como educação intensiva, gestão de
caso ou cuidados domiciliários. Os planos de saúde
providenciam aos prestadores relatórios identificando os membros inscritos no
PGD e o estado dos serviços
recebidos por esses membros. Os prestadores
também recebem
educação relacionada com as alternativas actualizadas, mais
custoefectivas,
de tratamento da
doença.
A GD,
em termos
de processo
operacional, é
muitas vezes
confundida com a
gestão de caso (case management),
com a gestão de utilização (utilization management), com a gestão da procura (demand management) e com a educação
para a saúde. Porém, a GD é
uma estratégia abrangente
que incorpora cada uma
destas actividades, com o
propósito de promover a
coordenação e a continuidade de cuidados.
A combinação e coordenação das diferentes peças
do puzzle de cuidados, como a educação do doente,
as guidelines práticas, consultas apropriadas e aprovisionamento de fármacos e
serviços são a essência da
GD.
Na visão de Todd W.(10),
«a GD continua a evoluir. O
rápido crescimento do
campo tem contribuído para a confusão acerca do que
a GD é (e não é). À medida
que o campo se desenvolve,
os programas têm-se tornado mais bem definidos e
mais compreensivos». Segundo o mesmo autor, os
PGD da primeira geração
ofereciam simplesmente
um ou mais serviços que estavam fora dos cuidados
médicos típicos e que podiam ser úteis no controlo
de uma doença; os PGD da
segunda geração tinham
como alvo os doentes mais
graves e os que apresentavam maior risco em termos
de indução de elevados custos; os da terceira geração
integravam, plenamente, os
cuidados e o reembolso,
apresentavam já uma base
populacional e visavam
identificar todos os doentes
com a doença ou em risco
de a desenvolver, aplicando-se estratégias diferentes
em função do risco; os PGD
Junho 2013 JSA
da quarta geração representam o estádio mais desenvolvido da evolução do conceito de gestão da doença e
visam a transformação em
verdadeiros modelos de
gestão de saúde,
focalizandose
mais na
optimização da saúde do
que no tratamento
da doença. Neste último estádio de desenvolvimento da gestão da doença,
os prestadores preocuparse-ão mais com o quadro de
saúde total das populações
(gestão da saúde populacional) do que com a focalização de cada doença em
separado.
Gestão da doença
e os stakeholders
A GD envolve vários stakeholders, que são os doentes, profissionais de saúde,
farmácias, companhias de
seguros e da Indústria Farmacêutica, organizações
prestadoras de cuidados e
de doentes, políticos, companhias vendedoras de
PGD (realidade ainda inexistente no nosso Sistema
Nacional de Saúde). São,
claramente, diferentes as
necessidades e expectativas
de cada uma destas partes,
no contexto da GD (10).
Mas, hoje, a nova conjuntura de políticas de Saúde,
que engloba as parcerias
público-privadas, pode permitir aos diferentes parceiros uma mais correcta avaliação dos custos de oportunidade em relação às actuais abordagens das doen-
propícia aos sistemas de
reembolso por capitação.
Em conclusão, a Gestão
da Doença deve ser encarada como um instrumento
de valor para implementar
mudanças efectivas na reforma dos cuidados relacionados com as doenças crónicas que tenham um elevado potencial de autogestão e que, se adequadamente operacionalizada,
pode traduzir-se por ganhos efectivos para todos os
stakeholders, numa genuína relação win-win, em que
os principais beneficiados
são os doentes.
“a Gestão da Doença deve ser
encarada como um instrumento de
valor para implementar mudanças
efectivas na reforma dos cuidados
relacionados com as doenças
crónicas que tenham um elevado
potencial de autogestão. Se
adequadamente operacionalizada
pode traduzir-se por ganhos
efectivos para todos os stakeholders,
numa genuína relação win-win, em
que os principais beneficiados são os
doentes”
ças crónicas, posicionandose a GD, de facto, como uma
alternativa de valor estratégico e operacional a ser tida
em conta por qualquer organização ou Sistema de
Saúde que se confronte
com o peso crescente das
doenças crónicas. Ela é
mesmo encarada como um
novo paradigma na abordagem deste grupo de doenças.
Recursos
e competências
básicas para a gestão
da doença
Este processo de GD
(13,14) requer a existência
de competências e de instrumentos operacionais como condição para o sucesso. Os elementos básicos do
processo de GD são:
1 — Conhecimento clínico e médico sobre o uso
apropriado
dos meios complementares de diagnóstico e
terapêutica disponíveis, intervenções terapêuticas e
preventivas, de forma a
compreender-se a melhor
via para gerir uma doença
particular e daí definir-se o
que são as melhores práticas clínicas.
2 — Tecnologia de informação — a GD é um processo baseado na informação e o seu sucesso depende da capacidade de colher
dados, analisar e monitorizar correcta e continuamente o resultado das intervenções no doente.
3 — Prestação do serviço
e prática da organização —
a prestação eficiente de serviços é de importância vital,
como, por exemplo: provisão de fármacos, programas
de despiste, educação e
modificação comportamental para a saúde e estratégias preventivas.
4 — Avaliação de resultados de qualidade, clínicos e
económicos. Gerir os aspectos financeiros da prestação de cuidados é um aspecto chave do processo de
GD. Nesta análise, ao contrário da lógica tradicional
da avaliação por componentes (custo dos fármacos,
dos internamentos, etc.), a
doença é, de facto, a unidade central da avaliação dos
custos, o que torna a GD
Referências
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management approach to migraine». American Journal of Managed
Care, 1999; 5, S104-S110.
2 - Meyer PR. The changing environment for US pharmaceuticals.
Pharmacoeconomics. 1994;6 Suppl
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13- Nelson, E., Mohr, J., Batalden, P.
& Plume, S. «Improving health care,
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14 - Nash D.B. «Disease Management Programs: Where Do We Go
From Here?». Drug Benefit Trends,
1999; 11 (5): 68-71.
saúde HuAmbo
JSA Junho 2013 29
Hospital Municipal da caála
Reforço em traumatologia, anestesiologia e
reanimação é aguardado com entusiasmo
A Direcção ProvinciAl DA SAúDe no HuAmbo eStá A inveStir, cADAvez mAiS, nA melHoriA
e exPAnSão DA reDe SAnitáriA emtoDo oterritório DA ProvínciA.
elSA inAkulo |
correspondente no Huambo
Depois da implementação
de blocos operatórios nas
unidades sanitárias municipais, a prioridade é agora o
reforço das equipas cirúrgicas, a iniciar na Caála.A informação foi avançada ao Jornal
da Saúde pelo Director Provincial de Saúde, Frederico
Juliana.
O processo terá início no
município da Caála que, no
final do mês de Junho, mereceu uma visita de auscultação do Governo Provincial liderada pelo Vice-governador para a Área Política e Social, Guilherme Tuluka. Durante o encontro,
em que participaram funcionários das 27 unidades
sanitárias daquele município, além da troca de experiências entre os funcionários do hospital municipal
e das unidades periféricas,
foram apresentadas as
principais preocupações
dos trabalhadores e anunciados os projectos. Nas
edições passadas mereceram visitas as unidades sanitárias de Cambiote, Bailundo e o Hospital Central
do Huambo.
Segundo Frederico Juliana, a localidade beneficiará em breve de mais profissionais, nomeadamente
em ortopedia e traumatologia, “para fazer face ao elevado número de pacientes
que acorrem ao hospital
municipal apresentando
sérios traumatismos por
acidentes rodoviários que o
corredor Huambo-CaálaTchinjenje tem vindo a registar. Está a caminho outro
especialista em anestesiologia e reanimação e um
técnico de anestesiologia e
reanimação, todos de nacionalidade cubana e que,
dentro de sessenta dias, estarão já na referida unidade
de saúde”.
Para o responsável, há
condições para se converter o Hospital da Caála na
segunda unidade sanitária
Depois da implementação de blocos operatórios nas unidades
sanitárias municipais, a prioridade é agora o reforço das equipas
cirúrgicas, a iniciar na Caála
mais importante da província em termos de cirurgia,
pois o equipamento disponível no local é compatível
com a demanda de pacientes. Conta já com um cirurgião geral de nacionalidade
haitiana e dois especializados em ginecologia obstetrícia, um dos quais assistiu
ao último caso bem sucedido de parto quadrigémeo
por cesariana. Com a chegada de mais três, vai ser
fortificada a equipa e aumentado o número de cirurgias a realizar, prestando assim maior assistência
à população.
Inquietações
dos trabalhadores
As inquietações dos trabalhadores, apresentadas
pelo Chefe de Repartição
Municipal da Saúde, Albino Dumbi, prendem-se
com o número insuficiente
de profissionais tendo em
conta os objectivos do milénio. A repartição administra 419 trabalhadores,
Francisco Juliana Há condições para se converter o Hospital da Caála na segunda unidade sanitária mais importante da
província em termos de cirurgia
A Caála beneficiará em breve de mais profissionais, nomeadamente em ortopedia e traumatologia, para fazer face ao elevado número de pacientes que acorrem ao hospital municipal apresentando sérios traumatismos por acidentes rodoviários que o corredor Huambo-Caála-Tchinjenje
regista
dos quais 3 médicos angolanos e 11 estrangeiros, 32
técnicos de diagnóstico e
terapêutica, 24 de apoio
hospitalar, 21 técnicos administrativos e outros 303
de enfermagem. O hospital
tem capacidade de 200 camas e 19 serviços, especificamente: oftalmologia,
dois blocos operatórios, gabinete de saúde mental,
morgue, estomatologia, ortopedia, cirurgia e serviços
de neonatologia. Precisa
contudo de mais recursos
humanos, sobretudo especializados, pois a instituição possui dois blocos operatórios para dois aneste-
sistas, dois especialistas em
gineco-obstetrícia, o que
leva ao baixo rendimento
destes serviços.
Governo empenhado
O Director Provincial da
Saúde admite que ainda
não foi feito “o reajuste salarial de todos os trabalhado-
res da função pública da
saúde do país, dado que o
decreto presidencial 254/10
considerou apenas o enquadramento da carreira de
enfermagem, faltando de
momento o enquadramento dos técnicos de diagnóstico e terapêutica.” Porém,
face às dificuldades apresentadas, entende que o governo está a procurar encontrar alternativas para a
sua melhoria. Além de estarem a ser consideradas residências para técnicos, serão
levadas em conta a falta de
meios de transporte e também a questão dos trabalhadores-estudantes, que poderão ser enquadrados como bolseiros, enquanto outros poderão beneficiar-se
de uma escala mais especial
para continuarem com os
estudos sem abandonar as
áreas em que prestam assistência.
Os funcionários da saúde foram encorajados a trabalharem cada vez mais e
melhor, com humanismo e
patriotismo e garantiu que
o governo não está alheio
às inquietações dos trabalhadores e tudo faz para a
rápida inversão do quadro.
Os técnicos foram ainda incentivados a reforçar a sua
responsabilidade social de
promover o bem-estar dos
pacientes. Já aos utentes
dos serviços hospitalares ficou a promessa de que tudo se fará para continuar a
prestar serviços de qualidade melhorando cada vez
mais os indicadores de saúde que têm a ver com o
combate da malária, redução da morbilidade por
doenças respiratórias e
diarreicas agudas, acidentes de viação, e continuar a
melhorar o índice de mortalidade.
O Huambo já tem a melhor e menor incidência de
malária do país e, assegura
conclusivamente o Director Provincial da Saúde, o
povo pode estar consciente
de que o governo não poupará esforços para oferecer
serviços de qualidade.
EMPRESAS
30
Junho 2013 JSA
QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE EM SAÚDE E SEGURANÇA DO DOENTE
Crievant investe na melhoria
da prestação de cuidados de saúde
a CriEvant iniciou a sua
actividade em 1992, estando
implantada na área médica,
comercializando e prestando assistência técnica em
angola, Caboverde
e Moçambique.
Com mais de 20 anos de experiência,“a CriEvant
conta com uma equipa
de colaboradores, técnicos
e aplicacionistas qualificados
quer na área da saúde,
quer na área da informática”, conforme relata o seu
director Samir Bhanji em
entrevista ao JS.
— O que pode ser alterado/
implementado para melhorar a prestação de cuidados
de saúde no país?
— As intervenções para uma
melhoria na prestação de cuidados de saúde podem incidir em várias áreas. Existem
modelos de optimização logística que permitem melhorar a produtividade dos serviços de apoio bem como diminuir os custos com material
clínico e farmacêutico. Existe
também cada vez mais uma
procupação com a segurança
do doente e, nesse sentido, há
um conjunto de procedimentos que podem ser melhorados com a implementação de
novas tecnologias, nomeadamente a nível da administração de medicação e transfusões de sangue.
Equipa da CriEvant: Miguêns paulino, Maria paula Coelho, José Luis Francisco, Zamir Mussagi, Jorge pereira e Samir Bhanji
— Como conseguem diminuir os custos com material
clínico e farmacêutico?
— Ao implementarmos um
modelo de optimização logística, criamos condições para
a existência de um inventário
online onde os gestores sabem exactamente a quantidade de cada produto em cada Serviço do Hospital. Isto
aliado a um aumento de frequência de reposição permite reduzir substancialmente
os stocks nos Serviços possibilitando ainda uma maior
gestão das rupturas de stocks
até então quase impossível.
Ou seja, obtém-se uma melhor utilização dos recursos
disponíveis. Em todos os pro-
“É POSSÍVEL SABER ONDE ESTÃO
TODOS OS ARTIGOS NO
HOSPITAL, EM QUE
QUANTIDADES E A QUALQUER
MOMENTO”
jectos já implementados
houve sempre numa redução
do valor de consumo superior a 5%. Estes resultados baseiam-se em instalações já
efetuadas em hospitais portugueses de referência, como
o Hospital de Santa Maria, o
Hospital do Espírito Santo de
Évora, o Centro Hospitalar
Barreiro Montijo, o Centro
Hospitalar de Setúbal e o HPP
de Cascais, entre outros.
— Estes projectos são apenas uma mudança nos processos, ou envolvem também novos equipamentos e
software?
— Na maioria dos casos são
necessários novos equipamentos e software. No en-
tanto, o primeiro passo para
uma implementação de um
projecto desta natureza é
sempre a avaliação da situação actual de cada Hospital.
O nível de investimento que
propomos é sempre sustentável e permite um retorno
do investimento no máximo
em 24 meses. Os equipamentos propostos são sempre uma mais-valia para o
Hospital e podem ir desde
terminais portáteis para leitura de códigos de barras até
armários para arrumação
dos produtos.
— Qual o vosso papel na segurança do doente?
— Para a segurança do doente desenvolvemos dois siste-
mas de controlo muito económicos com base na identificação inequívoca do doente, utilizando pulseiras com
códigos de barras e fazendo a
leitura destes mesmos códigos em medicamentos e nos
componentes sanguíneos a
transfundir. Isto aumenta a
segurança nestes procedimentos através da prevenção
de erros muito prejudiciais ao
doente, com custos marginais.
— Como é possível gerir de
forma eficiente os doentes
que chegam às Urgências
Hospitalares?
— O modelo de referência a
nível mundial é o modelo
de Triagem de Manchester.
Este modelo permite atribuir um grau de urgência a
cada doente que chega ao
Hospital definindo assim
qual o tempo máximo admissível para que esse
doente seja tratado. Este
modelo baseia-se na atribuição de uma pulseira
com uma cor que vai do
verde ao vermelho consoante o grau de urgência
do doente permitindo uma
identificação visual do estado de todos os doentes na
urgência. Trata-se de um
sistema bastante económico que permite uma organização fácil, promovendo a
qualidade do serviço e a segurança do paciente.
— Considera que os profissionais de saúde vão receber bem estas alterações?
— Não temos dúvidas que
sim! Além do aumento de
eficiência das suas tarefas,
os novos métodos aliados
aos novos equipamentos e
software são um estímulo
para todos os profissionais.
O feedback é sempre bastante positivo em todos os
projetos que já implementámos.
— Caso os profissionais de
saúde interessados desejem saber mais sobre estas
soluções, o que poderão
fazer?
— Poderão sempre contactar-nos e nós teremos todo
o gosto em fazer uma apresentação, com demonstração do próprio software,
sem qualquer encargo ou
complicação. Esta é uma
maneira muito interessante
de ficarem a conhecer bem
o produto e a perceber todas as suas funcionalidades
e vantagens.
Pólio
JSA Junho 2013
31
pólio
Vacinação contra a
chega a 6,9 milhões de crianças
A 2ª fase das Jornadas Nacionais deVacinação contra a Pólio
decorreu este mês. Em Luanda, o acto provincial teve lugar no
bairro da Camuxiba, município da Samba. Presentes, a Directora Provincial da Saúde de Luanda, Rosa Bessa, a Coordenadora Provincial do Programa de Vacinação de Luanda,
Felizmina Neto, o Chefe da equipa de vacinação da OMS em
Angola, Jean-Marie Kipela, e assessores internacionais do
MINSA, envolvidos no processo de municipalização dos serviços de saúde.
As autoridades sanitárias da Província de Luanda definiram
A Directora Provincial da Saúde de Luanda, Rosa Bessa, vacina uma criança no bairro
da Camuxiba, município da Samba
A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença infecciosa viral aguda transmitida de pessoa a pessoa, principalmente pela via fecal-oral.
O termo deriva do grego poliós que significa "cinza", myelós "medula"), referindose à substância cinzenta da medula espinal, e o sufixo -itis, que denota inflamação, isto é, inflamação da substância cinzenta da medula espinal, embora infecções graves possam estender-se até o
tronco encefálico e ainda para estruturas
superiores, resultando em polioencefalite, que provoca apneia, a qual requer assistência mecânica, como o uso do pulmão de aço.
Embora aproximadamente 90% das infecções por pólio não causem sintomas
(são assintomáticas), os indivíduos afetados podem exibir uma variedade de sintomas se o vírus atingir a corrente sanguínea. Em cerca de 1% dos casos, o vírus alcança o sistema nervoso central, preferencialmente infectando e destruindo
neurónios motores, levando à fraqueza
muscular e à paralisia flácida aguda. Diferentes tipos de paralisia podem ocorrer,
dependendo dos nervos envolvidos. A
pólio espinal é a forma mais comum, caracterizada por paralisia assimétrica que,
com frequência, afeta as pernas. A pólio
bulbar cursa com fraqueza dos músculos
inervados pelos nervos cranianos. A pólio
bulboespinal é uma combinação das paralisias bulbar e espinal.
O chefe da equipa de vacinação da OMS em Angola, Jean-Marie Kipela, acompanhou
a acção de vacinação na comunidade
?
O que é a poliomielite
Poliovírus identificado
A poliomielite foi reconhecida pela primeira vez como uma condição distinta
por Jakob Heine, em 1840. Seu agente
causador, o poliovírus, foi identificado em
1908 por Karl Landsteiner. Embora grandes epidemias de pólio sejam desconhecidas até o final do século XIX, a pólio foi
uma das doenças infantis mais temidas
do século XX. As epidemias de pólio causaram deficiências físicas em milhares de
pessoas, principalmente crianças. A pólio
existiu por milhares de anos silenciosamente, como um patógeno endêmico até
os anos 1880, quando grandes epidemias
começaram a ocorrer na Europa; pouco
depois, as epidemias espalharam-se nos
Estados Unidos.
Vacina contra a pólio
Por volta de 1910, grande parte do mundo
experimentou um aumento dramático
dos casos de poliomielite e as epidemias
tornaram-se eventos comuns, principalmente nas cidades durante os meses de
verão. Essas epidemias — que deixaram
milhares de crianças e adultos paralíticos
— incentivaram a "Grande Corrida" em
busca do desenvolvimento de uma vacina. Desenvolvida na década de 1950, a vacina contra a pólio reduziu o número global de casos da doença por ano de centenas de milhares para menos de mil. Os esforços pela vacinação, apoiados pelo Rotary International, Organização Mundial
da Saúde e UNICEF devem resultar na erradicação global desta doença.
como meta a vacinação de 1,8 milhões de crianças, entre os
dias 14 e 16 de Junho, com o apoio da OMS, UNICEF e outros
parceiros. Esta campanha está a ser realizada em todas as províncias do país, com uma meta total de 6,9 milhões de crianças menores de cinco anos.
resPonsabilidade social
32
Paulo Pizarro O investimento da BP Angola em campanhas de prevenção rodoviária já atingiu cerca de 1,3 milhões de dólares norte-americanos
Junho 2013 JSA
O conselheiro do Comandante Geral da Polícia Nacional, Comissário José Manuel, apresenta o alcoolímetro
Prevenção rodoviária
BP Angola oferece alcoolímetros à DNVT
SiniStralidade rodoviária é um problema Sério de Saúde pública
Cerca de 8 % dos 17 mil acidentes rodoviários que ocorrem anualmente em Angola
resultam de condutores alcoolizados.Agora, com a utilização dos dispositivos que
medem o nível de álcool no
sangue, a acção fiscalizadora
e dissuasora das autoridades
é reforçada.
“Os alcoolímetros que a BP
Angola entregou hoje à Direcção Nacional de Viação e
Trânsito (DNVT) têm um elevado significado e importância, pois permitirão aumentar
a nossa capacidade operacional de fiscalização e, em especial, de prevenção da sinistralidade rodoviária”.
A afirmação é do Director
Nacional Adjunto de Viação e
Trânsito, subcomissário Conceição Gomes, no acto de entrega simbólica de 160 dispositivos para medir o nível de
álcool no sangue, a 27 de Junho, na Unidade Operativa
em Luanda, no âmbito da
campanha Paz na Estrada,
apoiada pela BP Angola.
De acordo com este responsável, “os condutores envolvidos numa parte dos acidentes que ocorrem no nosso
país estão alcoolizados. Há
muitos automobilistas com
um grau alcoólico superior ao
permitido pelo código da estrada, principalmente ao final
de semana, quer nas cidades,
quer nas ligações inter-provinciais, nacionais e internacionais”.
De acordo com o subcomissário Conceição Gomes,
“o condutor alcoolizado não
é um homem consciente. A
sua capacidade intelectual é
deturpada pelo álcool. Os órgãos sensoriais não têm capacidade de reacção imediata. Daí a importância de utili-
zarmos estes instrumentos
que servem, não só como
método de regulação, mas
também como dissuasor para que todo o utente da via tome consciência e mude a sua
atitude pela positiva”.
Sinistralidade rodoviária
cresce em Angola
De acordo com o conselheiro do Comandante Geral
da Polícia Nacional, Comissário José Manuel, em 2012
registaram-se 17.057 acidentes, dos quais 8% sob influência do álcool. Destes acidentes resultaram 4.425 mortos,
cerca de 16.265 feridos e um
número elevado de danos
materiais.
De Janeiro a Junho de
2013, ocorreram mais de sete
mil acidentes que provocaram mais de mil mortos e um
número superior a sete mil feridos.
“Além do estado do veículo e da via, o álcool contribui
para os acidentes de viação. O
código da estrada proíbe
mais de 0,6 gramas de álcool
por mililitro de sangue. Os
acidentes podem ser evitados. A BP Angola vem responder a esta necessidade de
prevenção”, afirmou.
“dos 17.057
acidentes
verificados em
2012, cerca de
8% foram
devidos à
influência do
álcool”
Como funciona um alcoolímetro?
O princípio de detecção do grau alcoólico no
corpo humano baseia-se na avaliação das
mudanças das características eléctricas de
um sensor, sob os efeitos provocados pelos
resíduos do álcool etílico no hálito de um indivíduo.
O condutor sopra, com força, através de uma
boquilha que conduz o ar dos seus pulmões
para um analisador que contém uma solução ácida de dicromato de potássio. A concentração de álcool no hálito das pessoas está relacionada com a quantidade de álcool
presente no seu sangue, dado o processo de
troca que ocorre nos pulmões.
O sensor é um elemento formado por um
material cuja condutividade eléctrica é influenciada pelas substâncias químicas do
ambiente que aderem à sua superfície. A sua
condutividade eléctrica diminui quando a
substância é o oxigénio e aumenta quando
se trata de álcool. Entre as composições existentes num sensor, destacam-se as que utilizam polímeros condutores, ou filmes de óxidos cerâmicos, como óxido de estanho
(SnO2), depositados num substrato isolante.
A correspondência entre a concentração de
álcool no ambiente, medida em partes por
milhão (ppm), e uma determinada condutividade eléctrica é obtida mediante uma calibração prévia onde outros factores, como o
efeito da temperatura ambiente, o efeito da
humidade relativa, regime de escoamento
de ar, entre outros, são rigorosamente avaliados.
O alcoolímetro foi inventado, em 1974, pelo
britânico Tom Parry Jones, que nasceu na
pequena localidade de Menai Bridge, no
País de Gales.
Salvar vidas: uma
questão
de responsabilidade
social
O vice-presidente para a
comunicação e assuntos governamentais da BP Angola,
Paulo Pizarro, presente na cerimónia, lembrou que “muitos de nós temos familiares,
amigos e colegas que foram
vítimas de acidentes de viação. O país, hoje, tem mais estradas e viaturas em circulação, pelo que a prevenção rodoviária é essencial. Os motoristas ao serviço da BP Angola já fazem uso de alcoolímetros”.
De acordo com este responsável, “para além da protecção aos nossos colaboradores que sofrem directa, ou
indirectamente, com os acidentes, é nosso dever, como
empresa socialmente responsável, apoiar campanhas
que ajudem a salvar vidas”.
Paulo Pizarro revelou que
o investimento da BP Angola
em campanhas de prevenção
rodoviária já atingiu cerca de
1,3 milhões de dólares norteamericanos. O valor inclui a
verba de USD 290 mil destinada a este projecto específico dos alcoolímetros, no valor
de USD 290 mil.
Segundo o vice-presidente da BP Angola “a capacitação das pessoas e a educação
é fundamental”. Daí uma parte significativa do apoio destinar-se à educação nas escolas. “As nossas crianças jogam
um papel importante. Quantas vezes ouvimos expressões
como “Papá esqueceste o
cinto de segurança!”, “Papá
estás a conduzir muito depressa!”... A responsabilidade
é de todos nós, sociedade civil, e não só da Polícia Nacional”, concluiu.
rEspOnsabilidadE sOCial
JSA Junho 2013
33
Fórum Empresarial
Empresas reforçam empenho
na luta contra a SIDA
Várias empresas filiadas no CEC apresentaram as suas experiências e práticas dirigidas à prevenção do VIH e a SIDA no local de trabalho, entre elas a Odebrecht, Esso e a Climed
Dulcelina Serrano incentivou o sector privado a colaborar na
luta contra o VIH/SIDA
A Odebrecht realizou este
mês, em Luanda, um Fórum
Empresarial com o objectivo
de sensibilizar o sector privado a aderir ao Comité
Empresarial Contra oVIH e
a SIDA (CEC).
VIH, tendo sublinhado a importância do seu cumprimento integral.
Várias empresas filiadas
no CEC apresentaram as suas
experiências e práticas dirigidas à prevenção do VIH e a SIDA no local de trabalho. A Esso descreveu a sua campanha
“Laço Vermelho”. A Climed
apresentou o seu ‘Programa
Vida’ e a Odebrecht partilhou
com os presentes a sua “ferramenta” empresarial para a
manutenção da saúde do tra-
A iniciativa, acompanhada
pelo Jornal da Saúde, foi do
Instituto Nacional de Luta
Contra a SIDA (INLS), com
apoio da USAID. Sob o lema
“Juntos Podemos Mudar o
Rumo da Epidemia” teve como principal objectivo a mobilização do sector privado
para a adesão ao Comité Empresarial Contra o VIH e a SIDA (CEC).
Na abertura do Fórum, a
diretora do INLS, Dulcelina
Serrano, exortou os representantes das empresas presentes a criar sinergias para que o
sector privado colabore de
maneira coordenada no sentido de mudar o rumo da epidemia.
O coordenador da ONUSIDA, Maurício Cysne, e a directora da Missão da USAID,
Teresa McGhie, expressaram
a necessidade do envolvimento de todos na luta contra
o VIH e a SIDA.
O representante do MAPESS, Mário Pinto, falou da
Lei nº 8, de 2004 que orienta
as empresas a desenvolverem
programas de prevenção ao
No Fórum participaram 26 empresas socialmente responsáveis
O que é o CEC
O Comité Empresarial
Contra o VIH e a SIDA
(CEC), constituído em Junho
de 2006, tem como missão
mobilizar o sector
empresarial para a
promoção das práticas de
responsabilidade social,
fortalecer as parcerias com
instituições governamentais,
ONGs e Nações Unidas e
compartilhar experiências
visando o controle da
epidemia de VIH em Angola,
no seio dos trabalhadores, e
seus familiares, das grandes,
médias e pequenas
empresas.
balhador, redução do absenteísmo e garantia da produtividade – o “Grupo de Ajuda
Mútua (GAM)”.
No encerramento do fórum, o director de Planejamento, Pessoas e Relações
Institucionais da Odebrecht,
Marcus Fernandes, reforçou
o empenho e o comprometimento da construtora com as
metas estabelecidas pelo governo “para que, juntos, possamos garantir o desenvolvimento sustentável de Angola”.
CECANA
34
Junho 2013 JSA
Transtorno do défice de atenção com hiperactividade
Conheça para poder ajudar
o DisTúrbio neurobiológico mAis comum nA infânciA
OTranstorno do Défice de Atenção com Hiperactividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico,
com relevante participação genética,que tem início
na infância e pode persistir na vida adulta, compro-
metendo a actividade da pessoa em vários sectores
da sua vida. Caracteriza-se por três grupos de alterações:hiperactividade,impulsividade e desatenção.
OTDAH é a condição crónica de maior prevalência
em crianças de idade escolar.Estima-se que 3 a 6% da
população em idade escolar possa terTDAH.É o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância.
CRIANÇA E ADOLESCENTE
principAis sinTomAs Do TDAH
Desatenção
A falta de atenção manifesta-se de diversas formas:
- Dificuldade em prestar atenção a detalhes ou
errar por descuido em actividades escolares
e profissionais;
- Dificuldades em manter a atenção em tarefas
ou actividades lúdicas;
- Evitar, ou relutar, envolver-se em tarefas
que exijam esforço mental constante;
- Perder coisas necessárias para tarefas
ou actividades;
- Ser facilmente distraído por estímulos
alheios à tarefa;
- Apresentar esquecimentos em actividades
diárias.
O que é o
CECANA
O Centro de Capacitação e
Atendimento
Neuropsicológico de Angola
(CECANA) é uma
organização de carácter
voluntário, aberta a todas as
pessoas interessadas,
nacionais e estrangeiras, que
tem como objectivos:
a) Promover ações de
formação e capacitação de
técnicos de várias áreas do
saber para realização de
diagnósticos e atendimentos;
b) Desenvolver actividades
de avaliação, diagnóstico e
atendimento de pessoas
com transtornos de
aprendizagem;
c) Realizar seminários,
workshops, conferências e
oferecer serviços de
orientação para pais e
educadores com
profissionais especializados;
d) Criar parcerias com
instituições nacionais e
internacionais visando o
encaminhamento, troca de
informações e serviços
qualificados.
Hiperactividade
A Hiperactividade é um aumento da actividade motora. A pessoa
hiper-activa é inquieta e está quase constantemente em movimento. Quando se trata de crianças, os professores descrevem
que ela se levanta a todo o instante e fala muito. Parece que é
“eléctrica, ou que está com um motor ligado o tempo todo”.
Os principais sintomas são:
- Agitar as mãos, os pés
ou mexer-se na cadeira;
- Abandonar a cadeira em sala de aula ou em outras situações nas
quais se espera que permaneça sentado;
- Correr ou escalar em demasia em situações inapropriadas;
- Dificuldade em brincar
ou envolver-se silenciosamente em actividades de lazer;
- Estar freqüentemente “
a mil”, ou agir frequentemente como se estivesse “a todo vapor”;
- Falar em demasia.
Impulsividade
Impulsividade é a deficiência no controle dos impulsos. É agir antes de pensar. A pessoa impulsiva tem
reacções súbitas, repentinas, responde ou reage sem
pensar, o que só ocorre depois.
Os principais sintomas são:
- Frequentemente dar respostas precipitadas antes
das perguntas terem sido concluídas;
- Apresentar constante dificuldade em esperar
a sua vez;
- Interromper ou meter-se em assuntos alheios com
frequência.
consequênciAs
principAis
Do TDAH
- Baixo desempenho
escolar;
- Dificuldades de relacionamento;
- Baixa auto- estima;
- Interferência no
desenvolvimento
educacional
e social;
- Predisposição a
distúrbios psiquiátricos.
TDAH
e DoençAs
AssociADAs
- TDAH e transtornos destrutivos
(transtornos de
conduta e transtorno opositor
desafiante) - entre
30 e 50%;
- TDAH e depressão
- entre 15 e 20%;
- TDAH e transtornos de ansiedade cerca de 25%;
- TDAH e abuso
e/ou dependência
de droga - entre
9 e 40%.
JSA Junho 2013
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35
CECANA
36
ADULTOS
sinTomAs
clínicos
Do TDAH
em ADulTos
Frequentemente:
- Tem dificuldades
em manter a atenção
em tarefas;
- Parece não ouvir quando
lhe falam directamente;
- Tem dificuldades em
prestar atenção a detalhes,
ou engana-se por discuido
em tarefas e actividades;
- É relutante ou detesta realizar tarefas que necessitam de um esforço mental
mantido por muito tempo,
por exemplo, projectos
profissionais de longo
prazo;
- Distrai-se facilmente
por estímulos externos;
- Demonstra inquietação.
cecAnA
Centro de Capacitação e
Atendimento Neurológico de
Angola
Bairro Operário, Prédio nº 35,
2º andar, Apart. J, Luanda
Tel.: + (244) 912 868 123
E-mail: [email protected]
www.cecana.org
Julho 2013 JSA
Dicas para lidar com portadores de TDAH
Sente-se com a criança ou o adolescente a
sós e peça sua opinião sobre qual o melhor
método para a sua aprendizagem. Frequentemente ele dará sugestões valiosas;
Sinalize ao aluno, sempre que possível, a
sua evolução e sucesso. Ele já convive com
tantos obstáculos que precisa de todo estímulo positivo que puder obter;
Procure resolver os problemas na hora. Não
adie para depois. No mínimo, deixe anotado
numa lista de actividades em aberto para poder consultar. Mas, atenção: restrinja ao máximo tal lista para não fazer tudo o que vem à
cabeça;
Use estratégias e recursos de ensino mais
flexíveis até perceber o estilo de aprendizagem do aluno. Isto irá ajudá-lo a atingir um
nível de desempenho escolar mais satisfatório;
Desenvolva um método para auto-informação e monitorização. Ao final de cada semana, reserve alguns minutos para uma conversa com a criança/adolescente para saber como se sente na sala de aula. Ouça a sua opinião sobre o progresso e dificuldades: é necessário que ele seja agente activo no processo de aprendizagem;
Faça força para que não se envolva com um
monte de coisas e projectos diferentes ao
mesmo tempo. Estabeleça prioridades na
sua vida;
Recomende a prática de actividades físicas
ao longo do dia ou da semana. Ajudam a
manter o equilíbrio nas demais actividades
do dia, especialmente as mais aborrecidas;
Procure afixar, num lugar visível, as regras
de funcionamento em sala de aula. Os alunos sentem-se mais seguros sabendo o que
é esperado deles;
Avalie as tarefas executadas, mais pela qualidade, e menos pela quantidade. O importan-
te é que os conceitos sejam aprendidos;
Para atenuar os sintomas de TDAH proponha estratégias para o trabalho, tais como:
agenda electrónica de bolso (daquelas que
tocam um alarme), ou mesmo uma agenda
de papel, onde deve anotar tudo que for relevante no âmbito de compromissos pessoais e profissionais;
Crie um caderno “casa-escola-casa”. Isto é
fundamental para a melhora da comunicação entre os pais e professores;
Descubra como “funciona melhor” para estudar e trabalhar. Trace um plano de trabalho que melhor se adeque à sua vida.
Escrever a mão é uma tarefa difícil para muitas destas pessoas. Considere possibilidades
alternativas, como, por exemplo, digitação
em computador;
Lembre-se que as regras devem ser breves e
claras. Use uma linguagem adequada para o
nível de desenvolvimento do aluno. Evite frases muito longas;
Sempre que possível, transforme as tarefas
em jogos. A motivação para a aprendizagem certamente aumentará;
Estimule o portador do TDAH a tomar notas
dos pontos mais importantes de cada conteúdo e do que está a pensar a respeito. Isto
ajudará a organizar-se melhor;
Elimine ou reduza a frequência de testes
cronometrados. Dificilmente, na vida real,
a criança terá de tomar decisões tão rápidas. Estes testes apenas estimulam a impulsividade destes alunos;
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JSA Junho 2013
37
ESPECIALIDADES
- MEDICINA INTERNA
- MEDICINA INTENSIVA
DO ADULTO
- GINECOLOGIA
- OBSTETRÍCIA
- NEONATOLOGIA
- PEDIATRIA
- CARDIOLOGIA
- OFTALMOLOGIA
- NEUROLOGIA
- ORTOPEDIA
E TRAUMATOLOGIA
- CIRURGIA
- GASTROENTEROLOGIA
- FISIOTERAPIA
- PSICOLOGIA
- ANESTESIA
- MEDICINA GENERAL
INTEGRAL
- ESTOMATOLOGIA
PRINCIPAIS MEIOS
DE DIAGNÓSTICO
- IMAGIOLOGIA:
RAIOS X,USG, TAC
- LABORATÓRIO
CLÍNICO
- ENDOSCOPIA
OTROS SERVICIOS
ESPECIALIZADOS
- CLÍNICA DOR:
CRANEOPUNTURA
Especialista em
bem-estar
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Tel.: + 244 227 270 167 Site: www.clinicacaridade.com
dengue
38
Junho 2013 JSA
O essencial que
precisa saber sobre o
Dengue
Período de
incubação
Varia de três a quinze dias
após a picada, sendo em
média de cinco a
seis dias.
Como
é o mosquito?
• O Aedes aegypti é um mosquito doméstico,
que vive dentro ou nas proximidades das
habitações;
• Além da dengue, este mosquito também pode
transmitir a febre-amarela;
• É preto com listras brancas no corpo;
• É menor que um pernilongo comum;
• Pica durante o dia;
• Desenvolve-se em água parada e limpa
Como
é transmitida?
• O causador da dengue é um vírus, mas seus transmissores – denominados vetores - são mosquitos do género Aedes;
• A dengue não é transmitida diretamente de uma pessoa para outra, ou seja, não há transmissão por contato direto de um doente ou
de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou
alimento;
• Para ocorrer a transmissão é necessário que ocorra a picada da fêmea
do mosquito que esteja contaminada com o vírus da dengue. Além
disso, cerca de metade das pessoas que são picadas pelo mosquito
que tem o vírus não apresenta qualquer sintoma da doença;
• Uma pessoa pode contaminar o mosquito um dia antes do
início da febre até o sexto dia da doença.
• O mosquito vive cerca de 45 dias e pode contaminar até 300 pessoas, durante sua vida.
Como é o ciclo
de vida do
mosquito?
Sintomas
da doença?
• De ovo a adulto dura 10 dias;
• Os ovos são colocados próximos à água e
a larva desenvolve-se dentro da água;
• A posição da larva do Aedes aegypti é
vertical. A posição da larva do pernilongo comum (Culex sp.) é
inclinada.
• Começa com febre alta, dor de cabeça e nos
olhos, muita dor no corpo;
• É comum a sensação de intenso cansaço, falta
de apetite e, por vezes, náuseas e vómitos;
• Podem aparecer manchas vermelhas na pele,
parecidas com as do sarampo ou da rubéola, e
coceira no corpo;
• Pode ocorrer, às vezes, algum tipo de
sangramento (em geral no nariz
ou nas gengivas).
Como evitar a dengue?
A única maneira de evitar a dengue é eliminar o mosquito.
O inseticida pulverizado em ultra baixo volume é útil para matar os
mosquitos adultos, mas não acaba com os ovos. Por isso, deve ser empregado apenas em períodos de epidemias, com o objetivo de interromper rapidamente a transmissão. O mais importante é procurar acabar com os criadouros dos
mosquitos (lugares de nascimento e desenvolvimento das larvas). Adote as seguintes
medidas:
• Não deixe a água, mesmo limpa, ficar parada em qualquer tipo de recipiente;
• Lave bem os pratos de plantas, passando um pano ou uma bucha para eliminar completamente
os ovos dos mosquitos. Não adianta apenas trocar a água, pois os ovos do mosquito ficam aderentes às paredes dos recipientes. Uma boa solução é trocar a água por areia molhada nos pratinhos;
• Lave bebedouros de aves e animais com uma escova ou bucha e troque a água
pelo menos uma vez por semana;
• Guarde as garrafas vazias de cabeça para baixo;
• Jogue no lixo copos descartáveis, tampinhas de garrafas, latas e tudo o que acumula água;
• Utilize água tratada com água sanitária a 2,5% (40 gotas por litro de água) para regar bromélias;
• Não deixe acumular água nas calhas do telhado e lajes;
• Não deixe expostos à chuva pneus velhos, latas, garrafas, cacos de vidro, embalagens
vazias, baldes e qualquer outro recipiente que possa acumular água;
• Acondicione o lixo em sacos plásticos fechados ou latões com tampa;
• Tampe cuidadosamente caixas de água, filtros, barris, tambores, cisternas,
poços, etc.
• As piscinas devem ser tratadas com cloro e limpas frequentemente.
O que
é dengue?
É uma doença transmitida por um
mosquito (Aedes aegypti) que pica
apenas durante o dia, ao contrário do mosquito comum que
pica de noite.
Tratamento
• Procurar uma unidade de saúde, ou
um médico, logo no começo dos sintomas.
Diversas doenças são muito parecidas com a
dengue, e têm outro tipo de tratamento.
• Os remédios são usados apenas para aliviar a febre e as dores, e devem ser indicados por médicos,
pois todos os medicamentos podem ter efeitos colaterais e alguns podem até piorar a doença.
• Não tomar nenhum remédio para dor ou
para febre que contenha ácido acetil-salicílico, que pode aumentar o risco de sangramento.
Inquérito sobre dengue
inicia em Luanda
As autoridades sanitárias deram início a um inquérito sobre as causas e efeitos da dengue nos
aglomerados familiares dos municípios de Belas, Cacuaco, Cazenga, Cidade de Luanda e Viana, como parte da resposta de saúde pública à
epidemia.
Segundo a Angop, fonte do Ministério da Saúde
disse que a iniciativa veio por se saber que o conhecimento sobre a dengue é baixo, tanto entre
a população, como entre os profissionais de
saúde.
O estudo, que engloba 50 técnicos de
saúde provenientes de todos os
municípios e distritos da província de Luanda, da Organização Mundial da Saúde, do CDC Atlanta e da
Direcção Nacional da
Saúde, teve início
no distrito da Maianga.
O inquérito tem como objectivos monitorar a
evolução da epidemia, determinar a dimensão
com que as infecções de dengue estão a ocorrer,
identificar a densidade larvária do mosquito e
os criadouros mais frequentes e factores de risco para a infecção pela doença.
Acrescentou que esta abordagem foi escolhida porque iniciar a vigilância da dengue em
hospitais e clínicas, no contexto de um surto
em curso, não é fiável, pois o mecanismo mais
eficiente para estimar a tendência da doença
em Luanda é através de vigilância a nível comunitário.
A abordagem terá o benefício adicional de
treinar os profissionais de saúde pública em
como fazer análise de aglomerados familiares
de dengue que incorpora a vigilância do mosquito e dos sintomas, bem como laboratorial.
ExErcício físico
JSA Junho 2013
Ginástica mental
A conhecida frase "Mente sã em corpo são", celebrizada pelo poeta romano Juvenal, que remonta aos
primeiros séculos da época cristã, ganhou outra dimensão à luz dos conhecimentos trazidos a lume pela neurociência. Mas, muito embora a ciência dê passos largos na descoberta de novos dados, não se pode dizer que o "casamento" entre o corpo e a mente seja uma novidade dos tempos que correm. O
conceito de "atleta-académico", surgido na Grécia Antiga, ilustra o grau de importância concedido à actividade física na manutenção de uma boa forma corporal e intelectual.
Mais recentemente, os estudos
de comportamento animal, apesar de não demonstrarem
dados completamente conclusivos - apontam para os benefícios psicológicos do exercício
físico. "Quando sujeitos a paradigmas de stress, os roedores
[animais utilizados na investigação] reproduziram modelos
depressivos - semelhantes aos
dos seres humanos -, que se caracterizam, fundamentalmente, pela apatia e diminuição da
actividade, perda de interesse
e eficácia intelectual e cognitiva", diz Óscar Gonçalves, professor catedrático de Neuropsicofisiologia da Universidade
do Minho. Após um programa
de exercício físico voluntário,
"verificou-se uma melhoria
desses padrões", sublinha.
Na perspectiva deste investigador, nos seres humanos, o
exercício físico - entendido como um "fármaco natural" - pode atenuar os sintomas da depressão. "Embora seja difícil
estabelecer um relação de causalidade, o exercício físico pode ser bom regulador dos processos emocionais e um coadjuvante no tratamento da an-
siedade e da sintomatologia
depressiva", completa. Paralelamente, são conhecidos outros efeitos "acessórios" do
exercício físico: despoleta um
estado de espírito mais positivo e aumenta a eficácia do funcionamento cognitivo e intelectual.
Na tentativa de encontrar
respostas para estes fenómenos, a ciência, através de estudos animais, demonstrou que
os benefícios do exercício físico se relacionam com os processos bioquímicos, responsáveis pelo estabelecimento de
conexões entre os neurónios.
"O exercício físico induz uma
maior plasticidade das células
nervosas, dos neurónios e das
células da glia [células de suporte que ajudam a alimentar
os neurónios]. Assim, do ponto
de vista cognitivo, a actividade
física induz a comunicação entre as células nervosas e facilita
a formação de
novos neurónios
(processo
conhecido
por neurogénese)", afirma Óscar Gonçalves.
A revista Newsweek,
escrevia, numa edição
recente, que o processo
neuroquímico é desencadeado pela contracção muscular. A cada contracção do bíceps, é activado o envio de uma
proteína, designada de IGF-1,
que percorre toda a corrente
sanguínea até alcançar o cérebro. Chegada ao cérebro, esta
substância assume o comando
na produção de neutrotransmissores, nomeadamente do
factor neurotrófico derivado
do cérebro (BDNF, sigla do inglês). Esta molécula é responsável pelo sustento de várias
actividades relacionadas com
o intelecto. Assim, o exercício
físico regular proporciona um
aumento dos níveis de BDNF,
promovendo, simultaneamente, a produção de novos neurónios - embora em
pe-
39
Endorfinas:
o "ópio" do corpo
As endorfinas - substâncias químicas libertadas durante
o exercício físico - funcionam como "opiáceos"
internos do organismo. Devido à falta de consenso
científico, "não se pode confirmar se a sensação de
euforia e bem-estar, que decorre do exercício físico,
advém da libertação das endorfinas", diz Óscar
Gonçalves. A oxigenação cerebral e, por conseguinte,
uma maior nutrição dos tecidos é outra das eventuais
explicações avançadas para justificar a regulação
emocional que ocorre no período pós-exercício físico.
Nesta matéria, existem alguns mitos que aliam a
"dependência" do exercício físico à libertação de
endorfinas. Contudo, o especialista desmistifica esta
teoria: "A dependência do exercício físico pode estar
associada ao estado de conforto e bem-estar que se
obtém no momento posterior ao esforço. Raramente
um indivíduo relata sensações de
euforia ou prazer durante uma actividade intensa."
queno número
na idade adulta - e o desenvolvimento de novas conexões entre as células nervosas.
O exercício da mente
O hipocampo é uma zona cerebral responsável pela
aprendizagem e pela memória. O processo de oxigenação e vascularização, derivado do exercício físico,
fomenta a formação de novas células e ajuda a reduzir
os efeitos do cortisol. Esta substância, produzida pelo
organismo, quando presente em doses moderadas,
exerce uma acção imunitária. Mas, em excesso, perante uma situação de stress exacerbado, acaba por
produzir efeitos tóxicos em diferentes zonas cerebrais. Segundo Óscar Gonçalves, o exercício físico,
"como antagonista do cortisol, permite, também,
contrariar a resposta aos ciclos do stress". Desta forma, assume-se como um antídoto do stress e da ansiedade.
Apesar do contributo do exercício físico na melhoria
dos processos de aprendizagem e memória, o especialista sublinha que a melhor forma de "muscular" o
cérebro e produzir uma maior eficiência mental é
mantendo uma actividade intelectual regular. "A estimulação cognitiva é o elemento central da produção
de novos neurónios e sinapses [conexões] entre os
neurónios", considera o especialista, que avança com
um exemplo: "O cérebro, à semelhança dos músculos
[embora estes tenham uma maior plasticidade], necessita de estimulação para se manter em forma. Os
neurónios, tal como os músculos, estão dependentes
da activação constante."
Na perspectiva de Óscar Gonçalves, "Use it or loose it",
à boa moda anglosaxónica, é o princípio que rege o
funcionamento cerebral. A inactividade provoca, segundo o psicólogo, uma "atrofia das estruturas e, por
conseguinte, uma diminuição da sua funcionalidade".
Melhorar a memória
com 10 minutos de conversa
Um estudo da Universidade de Michigan, publicado
no Boletim de Personalidade e Psicologia Social, no
passado mês de Fevereiro, indica que 10 minutos
de diálogo podem aumentar a capacidade da
memória e o desempenho nos testes.
Na perspectiva de Oscar Ybarra, psicólogo da U-M Institute for Social Research (ISR) e co-autor do estudo em parceria com os psicólogos Eugene Burnstein e Piotr Winkielman
-, "o processo de socialização é um
dos meios tradicionais mais eficazes
no desenvolvimento intelectual". O
estudo, que incluiu uma amostra de
3610 indivíduos, com idades compreendidas entre os 24 e os 96 anos,
analisou a relação entre a função
mental e a interacção social.
"Para o nosso conhecimento, esta experiência evidencia a forma como
uma interacção social podem influenciar, directamente, a memória e a performance mental de uma maneira positiva", diz Óscar Ybarra. Estes dados
sugerem, ainda, que o isolamento social pode ter repercussões negativas nas
capacidades intelectuais, emocionais e
de bem-estar.
* Adaptado do Science Daily
"Embora seja difícil
estabelecer um relação de
causalidade, o exercício
físico pode ser bom
regulador dos processos
emocionais e um
coadjuvante no
tratamento da ansiedade
e da sintomatologia
depressiva",
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Junho 2013 JSA