A “Fadiga PTV”era uma realidade e que muitas

Transcrição

A “Fadiga PTV”era uma realidade e que muitas
2007 Vol. 13
e-mail: [email protected]
4
web: www.safaids.org.zw
Uma onda imparável
de mortalidade infantil
SAfAIDS Library
A “Fadiga PTV”era
uma realidade e que
muitas crianças
estavam a ser
infectadas
desnecessariamente...
by Anso Thom
O HIV é o maior responsável pelas altas
taxas de mortalidade infantil na África do
Sul é a não ser que haja um esforço para
implementar estratégias de sobrevivência
infantil o país vai sofrer “uma onda
imparável de mortalidade infantil”, advertem
os pediatras.
Na conferência nacional do SIDA em
Durban, o Professor Nigel Rollins chefe do
Departamento de Pediatria e de Saúde Infantil
da Universidade de KwaZulu-Natal, disse
que a África do Sul era um dos nove países
onde a mortalidade infantil estava a aumentar.
Nesta edição:
Rollins já tinha advertido no começo
deste ano que a “fadiga da TV” era uma
realidade e que muitas crianças estavam a
ser infectadas desnecessariamente.
Os seus comentários foram em resposta
ao departamento de saúde que anunciou
com grande fanfarra que teria logo “uma
cobertura de 100 %” na Prevenção da
Transmissão Vertical do HIV (PTV).
Rollins revelou que num estudo feito
em 2 470 crianças (de seis semanas de vida)
atendidas em 11 clínicas diferentes em
KwaZulu Natal – acima de 7 porcento de
l Distúrbios sanguíneos comuns nos expostos à terapêutica antiretroviral
l Estudo sobre a alta mortalidade infantil em hospitais de Durban, ilustra
a fraca ligação entre o PTV e os programas de tratamento antiretroviral
pediátrico
l A SADC está a finalizar consultoria sobre protocolos de género
l Pobreza de ambição limita luta contra o HIV/SIDA dos G8
todas as crianças já estavam infectadas com
o HIV e que “este número ia aumentar
porque mais crianças vão ser infectadas
através do aleitamento misto”.
Rollins disse que “isto equivale à uma
taxa de Transmissão Vertical de 20.8% (o
número de crianças nascidas e infectadas
que são filhas de mães seropositivas). Em
outras partes da África do Sul é 7% e em
outras partes do mundo é 2%.”
Ele acrescentou que embora possam
haver centros com uma alta taxa de sucesso
Continuado na página 3
l Direitos da mulher são chave na crise de SIDA em Africa
l A co-infecção do HIV e Malária é um Combustível para a Propagação
de Ambas Doenças na Africa Sub-Sahariana
l Falta de Pessoal de Saúde Limita o Acesso ao Tratamento do HIV/SIDA
na Africa Austral.
l A Luz da Esperança - Elizabeth Mataka Nomeada Enviada Especial
para o SIDA
HIV and AIDS information: the power to make a difference
Southern Africa HIV and AIDS Information Dissemination Service
O Bom,
o Mau
e o Feio
Esta edição contém muita mistura e nos
relatamos uma variedade de questões da
região e de todo o mundo. A epidemia é
complexa e a variedade de questões que
levantamos reflecte isso. A África do Sul
teve a terceira conferência de SIDA em
Junho e finalmente parece haver uma
aproximação amigável entre activistas,
políticos e cientistas. As estatísticas da África
de Sul são assustadoras e um estudo recente
sugere que mesmo com a mais rápida
intervenção de tratamento, pelo menos um
milhão mais de Sul-africanos vão morrer
de SIDA até 2010.
feito um grande trabalho com um novo
estudo que demonstra que crianças com
recursos limitados tem o mesmo
prognóstico que aquelas em países mais
ricos, quando tomam TARV. Isto vai de
certeza incrementar os esforços da
Fundação Clinton para disponibilizar o
TARV a crianças que realmente precisam.
Entretanto é necessária mais investigação
sobre o efeito do TARV nas crianças, após
a notícia que crianças que foram expostas
ao TARV in-útero desenvolvem distúrbios
de sangue e até podem ter uma tendência
para desenvolver cancro.
O Bom
O sucessor de Stephen Lewis foi
finalmente nomeado e assim como ele
desejou, ela é uma mulher Africana,
Elizabeth Mataka. A sua nomeação é
pouco vulgar em muitos aspectos e nos
lhe desejamos sucesso na sua nova
posição que tem muitos desafios.
Gostamos da criação de Michael Kelly
do princípio ‘GICA”, o maior
envolvimento de países que vivem com
o HIV e SIDA. A Sra Mataka vai reunir
as vozes de África e das mulheres no
debate global, e isso só pode ser uma
coisa positiva. Internacionalmente,
cientistas e investigadores estão a descobrir
passo a passo mais e mais sobre o HIV e
como tem um efeito devastador no corpo
e no mundo – uma nota importante é a
evidencia real da ligação entre a transmissão
da malária e HIV – sem duvida um aspecto
importante da epidemia da África Austral
– e um que estimulará esperançosamente
maior atenção à prevenção e ao tratamento
de um assassino velho.
O tratamento de crianças com HIV é
um assunto de interesse crescente em
África. Os Médicos sem Fronteiras tem
O Mau
A circuncisão
é o último tópico
em voga na região
a até agora
hesitamos fazer
qualquer
comentário sobre
o assunto. Após o
descobrimento da
provável
significância de
múltiplos parceiros
na região descrita
na última edição, a
OMS decidiu
recomendar a
circuncisão como
parte do seu
repertório de
defesas contra o
vírus. Entretanto,
Musuka e
Chingombe
destacam as
dificuldades reais de introduzir
procedimentos cirúrgicos nos países onde
o sistema da saúde é precário.
2
O novo relatório da MSF, “Requere-se
Ajuda’ também mencionado nesta edição,
fala extensamente sobre o impacto de
salários baixos e da doença devastadora no
sistema de saúde precário de África. Já é
hora que os governos Africanos tenham
ajuda para garantir que o pessoal de saúde
que precisa de tratamento tenha prioridade
no acesso, se espera-se que eles façam a
supervisão do tratamento dos outros. Mas
idealmente, como foi feito numa decisão
inovadora em Malawi, o aumento do salário
é outro elemento essencial de assegurar
que o tratamento permanece disponível
em África.
O Feio
O nosso artigo News Plus
destaca o problema crescente
da transmissão do HIV através
de drogas na África Austral e
além, enquanto que a realidade
do impacto da nutrição
apropriada na capacidade de
África lidar com a epidemia foi
confirmada num relatório de
Uganda.
Então, algumas são boas
notícias e outras não tão boas.
Estamos a fazer grandes
progressos no que diz respeito
a nossa compreensão da
pandemia - agora precisamos
de encontrar maneiras de
certificar que o dinheiro que
devotamos à epidemia é usado
com a melhor finalidade - não
apenas em medicamentos, mas
em alimentos adequados e
serviços sanitários em
funcionamento - todos são componentes
essenciais em reduzir o impacto do HIV
em África. ¢
...cientistas e
investigadores
estão a descobrir
passo a passo
mais e mais sobre
o HIV e como tem
um efeito
devastador no
corpo e no
mundo...
2007 Vol 13 Número 4
Uma onda imparável de mortalidade infantil
Continuado da página 1
no país, a realidade global era medíocre.
Rollins disse “a Transmissão Vertical é uma
área do HIV que cai genuinamente dentro
da esfera de influência porque mais de 90%
das mulheres grávidas seropositivas vão a
consulta pré-natal e poderiam
consequentemente ser abrangidas nas
intervenções preventivas. Evitar a
Transmissão Vertical seria possível com
acções ajustadas e focalizadas.”
Ele disse, “Mesmo em sítios onde existe
um serviço de Prevenção da Transmissão
Vertical (PTV) a historia é igualmente
catastrófica. Entre 40 e 80 porcento das
mulheres na consulta pré-natal aceitam fazer
o aconselhamento e testagem voluntária,
enquanto que só entre 10 e 60 porcento das
mulheres infectadas recebem a nevirapina
e menos da metade dos seus bebes são
testados após o nascimento.”
Rollins disse que a qualidade do
aconselhamento era também na maioria das
vezes pobre.
O Dr Harry Moultrie, da Clínica Infantil
Harriet Shezi no Hospital de Chris Hani
Baragwanath, disse que era crucial que o
programa de PTV funciona-se optimamente
já que o sistema de saúde não conseguiria
absorver o número crescente de crianças
seropositivas.
Moultrie advertiu, “Se não conseguimos
lidar com cuidados pediátricos básicos, não
vamos conseguir lidar com o TARV
pediátrico (dispendioso).”
Ele disse que um terço das crianças
morre antes dos 12 meses. Acrescentou,
“estamos perante uma onda imparável de
mortalidade infantil.”
Dada a alta taxa de mortalidade,
Moultrie disse que era importante
introduzir a testagem de HIV obrigatória
a todas as crianças na consulta de vacinação.
“é crucial que o
programa de PTV
funcione optimamente
já que o sistema de
saúde não conseguirá
absorver o número
crescente de crianças
seropositivas.” — Dr
Harry Moultrie
A Dra Tanya Doherty, Cientista Sénior
do Conselho de Investigação Médica e
Sistemas de Saúde disse que havia que
melhorar o programa de PTV.
Disse que resultados do Barómetro
Distrital de Saúde sugeriam que havia
necessidade de prestar maior atenção na
qualidade dos serviços prestados.
A taxa global do país de testagem de
HIV na consulta pré-natal em 2005/2006
era de 45.2% e que não havia melhorias
desde 2004/2005.
Doherty disse, “isto revela a necessidade de
integrar a testagem de HIV como rotina na
consulta pré-natal, especificamente com a
introdução duma estratégia de testagem de rotina.”
Esta estratégia é conhecida em outros
países Africanos, mais notavelmente no
Botswana, para aumentar dramaticamente
a testagem de HIV no pré-natal.
O Barómetro também mostrou que só
metade das mulheres que tiveram o teste de
HIV positivo teve acesso a nevirapina.
Doherty disse que isto teria um impacto
significativo na eficiência do programa.
O departamento de saúde afirmou que
mais de 80% dos hospitais estatais tem o
serviço PTV, e que o objectivo era ter estes
serviços disponíveis em todos os hospitais
até Dezembro de 2007. ¢
Cortesia de Health-e (Africa do Sul)
URL: http://www.healthe.org.za/news/article.php?uid=20031678
•
MSF revela, Resultados do Tratamento Antiretroviral Pediátrico Em
Cenários com Recursos Limitados São Prometedores
por Lucy Reynolds
O estudo dos Médicos sem Fronteiras
em 14 países Africanos e Asiáticos, revela
que crianças em países em vias de
desenvolvimento que recebem tratamento
com regimes baseados em nãonucleosídicos similares aos recomendados
para adultos têm boa resposta,
independentemente do grau de imunidade.
Os resultados foram publicados no 1 de
Maio na revista de Doenças Infecciosas Clínicas.
Estes resultados dão mais peso ao
chamamento feito ontem pela Organização
Mundial da Saúde e UNICEF para incrementar
o tratamento antiretroviral em cenários com
recursos limitados.
Para poder examinar a conexão entre a
imunosupressão inicial e a sobrevivência após
o início da terapêutica antiretroviral, Médicos
sem Fronteiras compilou os resultados do
tratamento de 26 dos seus projectos em dez
países Africanos e quatro Asiáticos.
Encontraram taxas de sobrevivência de 82%
após 24 meses, independentemente do grau
inicial de imunosupressão.
Foram admitias no estudo um total de 586
crianças de dezoito meses à cinco anos que
tinham estado em tratamento pelo menos seis
meses. Noventa e sete porcento eram naïve ao
tratamento antiretroviral; os pacientes receberam
a profilaxia com cotrimoxazol como
recomendado pela OMS. Os esquemas
terapêuticos variaram, mas todos eram a primeira
linha standard da OMS que incluem os inibidores
2007 Vol 13 Número 4
não-nucleosídicos da transcriptase reversa (NNRTI).
Diferenças nos esquemas terapêuticos não tiveram
correlação com o grau de imunosupressão inicial,
excepto que as crianças severamente
imunocoprometidas receberam efavirenz.
Os participantes do estudo foram divididos
em três grupos de acordo com o nível de CD4
no início do tratamento.
A mediana da duração do tratamento foi de 14
meses, sem diferenças significativas entre os grupos.
Três quartos das fatalidades ocorreram
durante os primeiros seis meses de tratamento,
com a mediana de 1.4 meses. As crianças
perdidas (8%) foram acrescentadas as mortes
conhecidas para calcular a taxa de
sobrevivência global. Não houve correlação
entre a taxa de sobrevivência e o grau de
imunosupressão base, mesmo depois de
controlar a idade, sexo, malnutrição, exposição
prévia a antiretrovirais, e esquema terapêutico.
A probabilidade de sobrevivência foi 92% aos
seis meses, 89% após um ano, e 82% após
dois anos. Estas taxas de sobrevivência são
comparáveis as encontradas em estudos com
adultos e crianças maiores.
Foi avaliado o impacto do tratamento
antiretroviral sobre a restauração imunológica
nos primeiros doze meses:
É evidente que estes resultados parecem
comparáveis com os alcançados em cenários
com recursos, embora a maioria dos estudos
publicados examinam populações com
características diferentes significativas, com
crianças mais velhas e esquemas terapêuticos
com inibidores das proteases.
A terapêutica antiretroviral é claramente
eficiente em conseguir que muitas crianças
tenham uma saúde razoável, mesmo que
necessite vários meses para normalizar o
nível de CD4, segundo os autores. Durante
este período de recuperação, as crianças
imunocomprometidas permanecem alvos
de doenças oportunistas.
A testagem precoce do HIV e a avaliação
do CD4 para identificar crianças
assintomáticas com inunosupressão severa
precisa de ser acompanhada pela educação
dos pais e trabalhadores de saúde para garantir
que os que estão em risco são testados, e
deve-se providenciar tratamento antiretroviral
acessível e eficaz. Em muitos contextos,
crianças assintomáticas que são diagnosticadas
por este meio iriam precisar de protecção
contra a discriminação.
O estudo conclui que o TARV que incorpora
os NNRTI pode melhorar a saúde de muitas
crianças infectadas pelo HIV em cenários
com recursos limitados, incluindo aqueles
com destruição severa do sistema imunológico.
Referencia
O’Brien DP et al. Treatment outcomes stratified
by baseline immunological status among young children
receiving non-nucleoside reverse-transcriptase inhibitorbased antiretroviral therapy in resource-limited settings.
Clin Infect Dis 44: 1245-1250, 2007.
http://www.aidsmap.com/en/news/E9F
C826C-E06B-4E52-8C570AC7E783EFB5.asp
3
Distúrbios sanguíneos comuns nas
crianças expostas aos antiretrovirais
por Adam Legge
Aproximadamente metade das crianças
expostas aos antiretrovirais no útero e
imediatamente após o nascimento
desenvolvem anemia e perda dos glóbulos
brancos (neutropenia), de acordo com o
estudo publicado por investigadores
Alemães na edição do 1 Maio do Jornal do
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida.
Embora o uso eficaz do TARV reduziu
a taxa de transmissão vertical para menos
de dois porcento, há uma preocupação
crescente sobre a toxicidade dos
medicamentos em crianças expostas aos
antiretrovirais.
Este estudo envolveu 221 bebés filhos de
mães seropositivas em tratamento antiretroviralsó com AZT ou com outro NRTI; ou uma
combinação potente de antiretrovirais.
O esquema de antiretrovirais dado aos
bebés imediatamente após o nascimento era
ligeiramente diferente neste estudo que em
outros. Em vez do regime habitual de seis
semanas de AZT oral, os bebés receberam
dez dias de tratamento com AZT endovenoso
(EV). Os investigadores argumentam que
este regime curto EV foi escolhido pela
preocupação que o medicamento por via
oral possa não ser absorvido pelo tracto
gastrointestinal do bebé.
Exames de sangue foram feitos ao
nascimento e depois as duas, quatro, seis e
doze semanas. A anemia clínica relevante foi
classificada como grau dois ou mais como
definido pela escala de toxicidade pediátrica.
Durante o seguimento 119 (54%) das
crianças tiveram anemia de grau dois ou mais
em pelo menos uma ocasião. Para 16 deles
(7%) a anemia era o suficientemente grave
para garantir uma transfusão de sangue. A
anemia tinha tendência a ser pior nas crianças
que estiveram expostas a terapêutica de HIV
potente em vez de AZT com ou sem NRTI.
Aproximadamente 40% dos recém
nascidos tinham neutropenia de grau dois
à nascença. Mas a neutropenia de grau dois
ou mais ocorreu em 106 (48%) crianças
pelo menos uma vez, e oito bebés tiveram
infecções estafilocócicas sendo duas das
infecções severas
Os investigadores depois tentaram
ajustar para possíveis factores confusos
como prematuridade, peso à nascença e
etnia e encontrou que a exposição à
terapêutica antiretroviral potente no útero
duplicava o risco de anemia (odds ratio 2.22,
p=0.034) e neutropenia (OR 2.15, p = 0.045).
Os investigadores também avaliaram a
contagem de plaquetas, como outros estudos
sugeriram que a contagem de plaquetas
diminui em bebés expostos aos
antiretrovirais.
De facto eles encontraram que uma
proporção inesperada alta dos bebés tinham
um aumento na contagem de plaquetas 60% com mais de 500 plaquetas/ml em pelo
menos uma ocasião. Entretanto não houve
complicações associadas a esta trombocitose.
Os investigadores concluem afirmando
que embora não hajam duvidas que o
benefício dos antiretrovirais durante a
gravidez compensa os riscos, todos os bebés
tem que ser monitorizados em relação a
sinais de toxicidade nas primeiras semanas
após o nascimento. Estas crianças também
devem ser seguidas para estudar os efeitos
secundários a longo prazo.¢
Referencia
Feiterna-Sperling C et al. Hematologic effects of
maternal antiretroviral therapy and transmission
prophylaxis in HIV-1- exposed uninfected newborn
infants. J Acquir Immune Defic Syndr 45: 4351, 2007.
Reprinted courtesy of AIDSMAP
http://www.aidsmap.com/en/news/F2A7008DC837-4ECB-BD15-A43AE2A0D6A9.asp
Horizons
Embora o uso eficaz do
TARV reduziu a taxa de
transmissão vertical para
menos de dois porcento,
há uma preocupação
crescente sobre a
toxicidade dos
medicamentos em
crianças expostas aos
antiretrovirais.
4
2007 Vol 13 Número 4
Todas as crianças têm o direito de
crescer num ambiente que lhes proteja da
violência, exploração, abuso e negligência.
Isto é o que a maioria dos países
concordaram quando se assinou o
Convénio dos Direitos das Crianças. Muitas
pessoas jovens pelo mundo, ainda não estão
livres do perigo. Treze milhões de crianças
ficaram órfãs em consequência do HIV e
o SIDA. Um milhão está na cadeia. Estimase que 180 milhões de crianças são vítimas
das piores formas de exploração laboral,
como nas minas, a fazer fosfóros e fogode-artifício. Um milhão e meio são
traficados anualmente. Pelo menos dois
milhões de crianças são explorados na
indústria de prostituição e pornografia.
Conflitos armados põem em risco as vidas
de milhões de crianças. Desde 1990, dois
milhões de crianças morreram como
resultado directo de conflitos armados. Em
África, estima-se que 100,000 crianças são
usadas como soldados. Desastres naturais
afectam muito mais as crianças, causando
que elas percam as suas famílias, casas, e
direitos básicos como comida, água e
educação, ou até as suas vidas.
Os esforços feitos pelo governo
Moçambicano para melhorar a vida das
crianças são notáveis. Isto levou a uma
redução de 38% nas taxas de mortalidade
infantil nos últimos 15 anos e aumentou
significativamente o número de matrículas
na escola primária, de 32% em 1992 à 83%
em 2005. Organizações de sociedade civil
e comunidades – líderes tradicionais, pais e
voluntários – estão a trabalhar para melhorar
as oportunidades de vida das crianças. As
próprias crianças estão a ser ouvidas e a
fazer uma diferença através dos Parlamentos
da Criança e Comités de Protecção Infantil
em várias províncias.
A escola é geralmente
conhecida como um lugar
onde as crianças estariam
salvas do perigo. Mas, em
Moçambique algumas
crianças especialmente as
meninas, encontram dentro
das escolas sérios abusos.
Entretanto, com a crescente prevalência
de HIV e SIDA, com a pobreza que mantém
Moçambique e que é um dos países com
menor Índice de Desenvolvimento Humano
das Nações Unidas e com desastres naturais
que afectam a população quase anualmente,
muitas crianças em Moçambique ainda se
encontram em condições extremas de vida.
O grande número de famílias pobres e o
enfraquecimento das estruturas da família
e comunidade, muitas meninas
Moçambicanas decidem trabalhar na
indústria da prostituição. As cidades e os
corredores de transporte são áreas de risco
onde a prostituição infantil cresce. Os
grandes projectos de infra-estrutura também
criaram situações de abuso sexual em
crianças e exploração devido ao influxo de
homens que estão longe das suas famílias
por períodos extensos.
Para piorar as coisas, o HIV e SIDA é
responsável por cerca 380,000 crianças
Moçambicanas órfãs, um número que
poderia aumentar para 630,000 antes de
2010. Com muita frequência, as crianças de
famílias extensas perdem os seus direitos,
após a morte de um ou ambos pais. A escola
é geralmente conhecida como um lugar
onde as crianças estariam salvas do perigo.
Mas em Moçambique algumas crianças
especialmente as meninas, encontram dentro
das escolas sérios abusos. Num estudo feito
no país, entre 8 à 16 % das meninas
entrevistadas tinham sofrido alguma forma
de abuso sexual pelos professores. Trinta e
cinco porcento deles já tinham sido vítimas
de assédio sexual.
A maior dificuldade parece estar ao nível
das comunidades. As famílias geralmente
não denunciam os casos de abuso infantil
à polícia porque há definições divergentes
do abuso e há preferência por mecanismos
tradicionais. Mesmo quando se denunciam
os casos, a falta de instituições jurídicas
especialmente em áreas rurais torna
impossível castigar os culpados. Ao nível
nacional, Moçambique está a fortalecer as
suas leis para a protecção infantil, mas em
áreas remotas a possibilidade de implementar
as leis é remota.
Para Save the Children, a protecção de
crianças é uma prioridade. Acreditamos que
isto funciona melhor trabalhando
directamente com as famílias e a
comunidade. Em Morrumbala, um distrito
de Zambézia, ajudamos na criação do
Gabinete de Atendimento a Mulher e
Criança localizado dentro duma esquadra,
Patsime
Crianças Moçambicanas Livres Da
Aliança SC em Moçambique
para conseguir que a protecção das vítimas
seja uma prioridade. Também ajudamos no
treino de pessoal em protecção nas nossas
áreas de trabalho. Ao nível nacional,
ajudamos ONGs que trabalham para
combater o abuso e a violência infantil.
Contribuímos com investigações
importantes e apoio jurídico num número
variado de tópicos sobre a protecção, como
o impacto dos corredores de transporte nas
meninas e as dificuldades que tem as crianças
Moçambicanas quando atravessam as
fronteiras ilegalmente. Também
promovemos a protecção infantil durante
períodos de emergência através da formação
de oficiais do governo, equipes de
organizações humanitárias e membros das
comunidades afectadas.
Respondendo a violação dos direitos
das crianças, este requer a existência dum
sistema de protecção nacional que enfoque
o problema dum nível elevado (o estado, as
suas leis, o currículo de educação, os sistemas
jurídico e médico) ao mais baixo nível (a
comunidade e a família). Os nossos esforços
devem incluir uma melhor compreensão da
cultura local e tradição para que aspectos
positivos possam ser incentivados na
protecção infantil em qualquer parte do país.
Neste dia especial não devemos esquecer
que embora muito já foi feito, ainda existe
um longo caminho por percorrer para
conseguir um mundo livre de perigo para
as crianças. ¢
Estes artigos foram patrocinados por Save the Children (UK).
2007 Vol 13 Número 4
5
Estudo sobre a alta mortalidade infantil em Hospitais
de Durban, ilustra a fraca ligação entre o PTV e os
programas de tratamento antiretroviral pediátrico
por Theo Smart
De acordo com uma auditoria de
mortes pediátricas, o PTV Sul-africano
e os programas de tratamento
antiretroviral pediátrico não alcançam
muitas crianças com risco de HIV. O
Dr Videsh Naidoo do Hospital King
Eduard VIII anunciou na 3 Conferencia
de SIDA em Durban, que ocorreu em
Junho de 2007.
A maioria das mortes nos hospitais de
Durban foram atribuídas ao HIV – este
facto não foi surpresa, dada a alta prevalência
de HIV na região. Mesmo assim, três quartos
dos processos clínicos das crianças não
indicaram se tinham feito o serviço PTV.
Só uma pequena minoria (das crianças ou
mães) recebeu o TARV – mesmo com sinais
clínicos de doença avançada.
O Dr Naidoo disse, “Isto serve para
mostrar a realidade na prestação de serviço
as nossas crianças. É necessária uma
estratégia radical e inovativa para melhorar
o acesso as crianças e aos seus pais, o que
é muito importante para o PTV e os
programas de TARV.”
Enquanto que algumas apresentações
na conferência mostraram a fraca cobertura
do programa PTV, isto poderia ser o
resultado duma colheita inadequada de
dados. Infelizmente, isto poderia ter um
impacto negativo no seguimento fornecido
à crianças expostas ao HIV e aos seus pais.
Finalmente, muitas das mortes poderiam
ser o resultado da pobre integração do PTV,
TARV, e cuidados pré-natais e pós-natais.
A cidade no epicentro do SIDA
Durban é a maior cidade de KwaZulu
Natal (KZN), a província Sul-africana com
a maior prevalência de HIV no pré-natal,
aproximadamente 37.2% de acordo com
um estudo de vigilância. (Rollins, AIDS
2007).
Mais de um quarto da população de
Durban, aproximadamente 900,000 de 3.2
milhões de habitantes, tem menos de 15
anos. Dada a alta prevalência de HIV, é
possível que muitas destas crianças estão
infectadas com o HIV ou sofrem o impacto
do HIV – porque mesmo que não haja
transmissão vertical do HIV, a mortalidade
materna devido ao HIV é muito alta. De
facto, o Professor Nigel Rollins da
6
Universidade de KZN disse na conferência,
“o HIV/SIDA é responsável por 50% das
mortes maternas não obstétricas.”
Como resultado a mortalidade infantil
aumentou na província e no país desde que
começou a epidemia. A Dra Donna JacobsJokhan disse durante uma sessão sobre o
PTV, “temos uma alta prevalência de
morbilidade e mortalidade nos menores de
cinco anos, e está a aumentar”. A Dra JacobsJokhan é a directora clínica da Universidade
de Investigação Co., que dirige a qualidade
do programa de PTV em cinco províncias
Sul-africanas. Ela disse, “Na Africa do Sul
65% de todas as admissões pediátricas
(hospitalares) estão relacionadas com o HIV.
E de acordo com estimativas da UNICEF,
sem o HIV e SIDA a mortalidade em
menores de cinco anos nos anos 2002-2005
seria aproximadamente 40 por 1000
nascimentos, mas pelo HIV, é neste
momento 74 por 1000 nascimentos.
A contribuição do HIV na mortalidade
é maior em KZN. A Dra Jacobs-Jokhan
disse, “em 2005, o HIV foi responsável por
21.5% das mortes infantis no Western Cape
e 50.1% no KZN.”
Para tentar combater esta crise, o
programa de PTV nevirapina-em-dose-única
(sdNVP) foi ensaiado em algumas clínicas
em 2001, e depois progressivamente pelo
país. E nos últimos anos, os programas de
TARV pediátricos também foram
introduzidos – especialmente nos hospitais
que tem cuidados pediátricos e obstétricos
com especialistas. Durban tem quatro: o
Hospital King Edward VIII, Hospital
Mahatma Gandhi Memorial, Hospital RK
Khan Memorial, e o Hospital Prince
Mshyeni Memorial. Cada um estabeleceu o
PTV e programas de TARV pediátrico com
1691 crianças (aproximadamente 17,6%
destes tem critérios para o TARV) em
seguimento desde Março de 2007.
Mas, o sucesso destes hospitais pode
obscurecer a fraca ligação entre o programa
PTV e o programa de TARV que ainda
existe.
A auditoria
O Dr Naidoo e os seus colegas fizeram
uma auditoria de mortalidade infantil em
quarto hospitais de Durban para ver até que
grau as crianças que morreram tiveram
acesso ao serviço PTV incluindo o sdNVP,
se pelo menos tiveram seguimento
direccionado a doença de base – e se os
seus pais tiveram seguimento e acesso ao
TARV.
Uma análise retrospectiva foi feita
recolhendo dados de todas as mortes
pediátricas nos quatro hospitais desde o 1
de Janeiro 2006. O projecto chamado
“Programa de Identificação do Problema
nos Cuidados de Saúde das Crianças”
(CHIP) foi introduzido em cada hospital, o
que incluía um formulário de auditoria de
mortalidade standard.
Os dados foram compilados e analisados
para encontrar correlações entre mortes
infantis e género, idade, peso, estado
nutricional, quem era o seu cuidador, saúde
dos país, resultado de HIV da criança (de
acordo com um exame laboratorial ou
critérios clínicos), se a criança e a mãe tiveram
acesso ao TARV, se recebeu profilaxia com
cotrimoxazol e se participou no programa
de PTV. A análise providenciou documentos
de informação para as crianças.
Resultados
Um total de 875 mortes desde 2006 e o
princípio de 2007 foram analisados,
representando mais de 90% das mortes
infantis de três dos hospitais (dados
completos do quarto hospital ainda não
foram incluídas, e o período usado ainda
não é consistente nos quarto hospitais). 53%
das mortes foi em crianças do sexo
masculino e 47% do sexo feminino.
63% das mortes foi em crianças
pequenas (menores de um ano). Mas estas
mortes ocorreram após o surgimento do
programa PTV, 72% dos processos clínicos
não tinham informação sobre se tinha feito
o PTV. Do quarto cujas mães tiveram acesso
ao PTV, 24% eram seronegativas, 33%
receberam a sdNVP e 43% não receberam
nada.
Os resultados do teste de HIV cobriram
57% das crianças. Destes, 52% eram
positivos, 10% negativos, e os outros 38%
eram expostos ao HIV (tinham anticorpos
maternos de HIV mas não tinham o PCR
HIV positivo no momento da testagem).
52% das crianças que morreram não
2007 Vol 13 Número 4
tinham um estadiamento clínico. O Dr
Naidoo disse, “por favor notem que o
estadiamento clínico e a forma mais fácil e
rápida para estabelecer os critérios do início
do TARV, pode ser feito nos primeiros 10
minutos da consulta). Depois de se analisar
estes processos com outros médicos, ficou
evidente que aproximadamente 30% destes
casos eram clinicamente sintomáticos ao
HIV, e portanto tinham critério para ter um
estadiamento.
Na totalidade 63% de todas as mortes
analisadas eram clinicamente sintomáticas.
Das 419 crianças que tiveram um
estadiamento, 91% tinham HIV avançado
(Estadio 3 e 4 da OMS). 60% de todas as
mortes foram classificadas como malnutridas
(abaixo do 3 percentil). Mais de metade
destas tinha Kwashiorkor ou Marasmo –
malnutrição severa que resulta pouco
frequente em países sem a epidemia do
SIDA.
O Dr Naidoo acrescentou “Mas mesmo
com todos estes dados 60% [de 595 crianças]
que tinham critérios para iniciar o TARV,
não o tinham feito no momento da morte.”
Informação sobre a saúde dos pais era
menos que metade para as mães e só 75%
dos pais.
“Enquanto que as mães são as principais
cuidadoras, o seguimento da sua saúde é
fraco, 60% das mães que tem critérios para
iniciar TARV ainda não estão a receber o
tratamento. Os pais são geralmente
ignorados, ” o Dr Naidoo disse.
Ele concluiu, “mesmo que o problema
do HIV seja catastrófico os primeiros passos
vitais para garantir a estratégia de intervenção
(PTV e TARV) são muito pobres... a
auditoria das mortes nos quatro hospitais
de Durban confirma o que já sabemos, mas
mesmo com a implementação dos
programas PTV e TARV, a maioria das
crianças que morrem nos hospitais de
Durban não usufruem destes serviços...isto
representa a falência do sistema.”
Outros estudos também sugerem a fraca
cobertura dos programas e a fraca
colheita de dados.
Embora possa não ser justo avaliar a
efectividade dos programas de PTV e TARV
usando as mortes infantis, o estudo ilustra
o resultado dos programas quando estes
não atingem as suas metas. E este não é o
primeiro estudo que sugere que há uma
falha na conexão entre o resultado real e o
esperado destes programas. Na Conferência
Mundial de SIDA no ano passado, Rollins
e colaboradores disseram que
independentemente do programa de PTV,
os dados de supervisão de HIV recolhidos
nas consultas de vacinação em KZN
encontrou que 20.8% das crianças expostas
2007 Vol 13 Número 4
ao HIV tinham sido infectadas. De acordo
com os estudos feitos em ensaios clínicos
a taxa de transmissão vertical deveria ser
muito inferior (aproximadamente 11.9%),
se cada mulher com HIV tivesse sido
identificada e cada mulher grávida HIV
positiva e os seu bebé tivessem recebido a
profilaxia antiretroviral.
Outros relatórios sugerem que
nacionalmente, a cobertura do programa
PTV é extremamente baixa – só 15-17% de
acordo com dados fornecidos pelo
Departamento de Saúde. Mas houve
controvérsia se estes dados eram fiéis ou
pelo menos actuais.
A Dra Jacobs-Jokhan disse, “quando
ouvimos estes números, nos que
trabalhamos no programa PTV começamos
a pensar ‘ isto não pode estar certo ’ acho
que há dificuldade na colheita de dados.”
De facto, ela apresentou dados do
projecto de garantia de qualidade (QAP) de
106 centros em cinco províncias (o Eastern
Cape, KZN, Limpopo, Mpumalanga e a
Northwest Province) que mostrou que a
testagem de HIV tinha melhorado de 55%
no primeiro trimestre de 2006 à 71% no
primeiro trimestre de 2007 para as primeiras
consultas de pré-natal. Também a profilaxia
sdNVP nas mulheres grávidas e/ou pelo
seu bebé aumentou drasticamente – 100%
dos nascimentos vivos cujas mães tinham
o teste positivo (mas uma percentagem
menor de mães tiveram acesso a nevirapina
no parto). Mas, dado o facto que nem todas
as mães aceitaram fazer o teste de HIV na
sala de partos, o uso de sdNVP foi de 80%
nos bebés e 74% nas mães.
O Dr Dhayendre Moodley da Faculdade
de Medicina Nelson Mandela disse que as
mães que tiveram o teste positivo em KZN
de acordo com o inquérito da QAP e que
fizeram o PTV, foi de 83% para as mães e
95.4% para os bebés. Ela disse que o
problema estava na fraca notificação dos
casos.
As implicações da implementação do
PTV, com dados do inquérito QAP ou
outros estudos, são importantes para avaliar
a complexidade e qualidade dos regimes de
profilaxia que são oferecidos as mulheres
grávidas. Por exemplo, existem regimes
profiláticos mais eficientes que o sdNVP
(incluindo o AZT durante a gravidez, ou
AZT/3TC para reduzir a possível resistência
a nevirapina). Antigamente, todos os
esforços visavam aumentar a cobertura do
programa, mas com as altas figuras do
inquérito QAP, pode-se pensar em maneiras
para aumentar a qualidade do programa.
De facto, nas áreas onde ocorreu o
inquérito QAP, o PTV já oferece outros
serviços, como o rastreio e manuseio de
ITS, TB e IO.
Melhorando a integração de serviços
Para melhorar a sobrevivência infantil,
o Prof. Rollins enfatizou que há que
melhorar a integração do programa PTV,
TARV e serviços de saúde maternos e
infantis – começando com os serviços de
testagem e prevenção.
O serviço PTV depende claro da
vontade da mãe para participar no programa,
isto inclui primeiro que aceite fazer o teste
de HIV. A recusa para fazer o teste, é um
dos problemas no sucesso do PTV.
Mais tem que ser feito para encorajar
as mulheres a fazerem o teste, o Dr Rollins
explicou, é isso deve ser feito na consulta
pré-natal. De acordo com outro estudo
apresentado na conferência, fazer o teste
de HIV na sala de parto seria a ultima
oportunidade para dar a nevirapina ao bebé
– e 60% das mulheres aceitaram esta
proposta (Theron).
Os serviços de prevenção naquelas
mulheres que tiveram o teste de HIV
negativo durante a gravidez também têm
que melhorar. No estudo do Dr Rollin, a
taxa de transmissão vertical foi
extremamente alta nas mulheres que
disseram que não eram seropositivas (o que
indica que possivelmente tiveram a
seroconversão depois do rastreio na consulta
pré-natal).
Mas, o PTV não se limita à
administração da sdNVP – o uso do TARV
em pacientes com níveis baixos de CD4
podem ter um maior impacto na taxa de
transmissão vertical. A Dra Jacobs-Jokhans
enfatizou que os resultados do QAP
encorajam o estadiamento clínico e
contagem de CD4 nas mulheres que tem o
teste positivo, e o seguimento daquelas
pacientes que tem critérios para iniciar o
TARV. Mas experiência em outros cenários
sugere que pode haver alguma dificuldade
em integrar na pratica os programas PTV
e TARV - o que indica que poucas das
mulheres começam o TARV à tempo.
Notavelmente, só 5 de 535 mulheres
grávidas incluídas no estudo de KZN
estavam em TARV na altura do parto –
quando se sabe que muitas mais tinham
critérios para iniciar o tratamento.
Mulheres que têm o CD4 inferior a 200
“representam 12-15% de todas as mulheres
grávidas infectadas” de acordo com o Prof
Rollins, “mas são responsáveis por 40-50%
da transmissão vertical”. Se a mãe morre
de HIV, todas as suas crianças terão um
aumento de três à quarto vezes na
mortalidade – portanto, tratar as mães é
crucial.
O PTV não pode parar no momento
do parto. Depois do nascimento, é muito
importante providenciar aconselhamento
sobre o aleitamento materno ou artificial e
7
um seguimento adequado para a mãe e o
bebé. O Prof Rollins disse, “Temos que
criar uma ligação forte entre os serviços
pré-natais e pós-natais”. A melhoria na
notificação do PTV (começando com a
integração dos cartões da criança e mãe) é
essencial para que a mãe e o bebé tenham
seguimento posterior.
Mas se não há uma notificação real de
todos os casos que participam no PTV, é
impossível fazer um seguimento das crianças
e das mães - especialmente em grandes
hospitais como os que descreveu o Dr
Naidoo. Documentação inadequada também
pode ser uma das razões pela qual poucas
crianças estavam em tratamento
antiretroviral quando morreram. Não ficou
claro no estudo do Dr Naidoo se a fraca
documentação era falha da consulta prénatal/PTV (que é demonstrado na
apresentação do QAP e nas baixas figuras
de cobertura do PTV no país) ou se a
história clínica da criança foi mal colhida
quando foi admitida no hospital.
“Independentemente, a história clínica
do paciente é o documento de trabalho de
qualquer ensaio, e se não há transferência
correcta da informação do cartão de saúde
ao processo clínico, isso indica uma falência
na capacidade de fazer um exame clínico
correcto e avaliação de cada criança” disse
o Dr Naidoo, e acrescentou que a ausência
de qualquer informação sobre o PTV nos
processos clínicos analisados tinha sido “o
achado mais desolador da auditoria”.
Também a auditoria revelou que algumas
crianças são prejudicadas quando o
programa de PTV, TARV e os serviços de
saúde materna e infantis não são
coordenados adequadamente – e que a
integração pode ser mais fácil na teoria que
na pratica.
De acordo com o Prof Rollins, se as
metas do PTV são para ser alcançadas, os
serviços integrados tem que ser planejados
e conduzidos.
Ele disse, “precisamos pensar na
prioridade e na dedicação dos recursos. A
integração tem sido o novo mantra nos
últimos anos mas não sabemos fazer a
integração. Não precisamos apenas duma
estrutura, precisamos estratégias de
implementação detalhada para chegar ao
nível distrital.”
Ele enfatizou que a saúde materna e
infantil tem que ser o objectivo final do
programa, e não apenas a profilaxia com
sdNVP (ou qualquer que seja o regime
profilático em uso). Concluiu, “a
sobrevivência, e não apenas evitar a
transmissão vertical deve ser o nosso
paradigma para o futuro.”
Referencias
Naidoo V et al. Under 5 mortality in Durban hospitals
reflect failure of access to prevention of mother to child
transmission and paediatric antiretroviral treatment
programmes in 2007. Third South African AIDS
Conference, Durban, abstract 872, 2007.
Moodley, Dhayendre et al. NVP adminstration and
stock management in KwaZulu-funded by CD. Third
South African AIDS Conference, Durban, abstract
722, 2007.
Theron G et al. A randomised trial of intrapartum
versus postpartum rapid HIV testing in the Western
Cape, South Africa (P1031A). Third South African
AIDS Conference, Durban, abstract 340, 2007.
Jacobs-Jokhan D et al. The role of quality improvement
in the South African PMTCT programme. Third
South African AIDS Conference, Durban, abstract
704, 2007.
Rollins N. Eliminating HIV and AIDS in infants
and young children: Can an integrated approach to
maternal and child survival make it a reality? Third
South African AIDS Conference, Durban, 2007.
A co-infecção do HIV e Malária é um
Combustível para a Propagação de Ambas
Doenças na África Sub-Sahariana
Laith J. Abu-Raddad,1,2* Padmaja Patnaik,3 James G. Kublin4,5
Revelaram-se evidências crescentes das
interacções patológicas entre o HIV e a
Malária em pacientes co-infectados, mas as
implicações em saúde pública ainda não são
certas. Existe um aumento transitório de
aproximadamente um log na carga viral
durante os episódios febris da malária; as
pessoas infectadas pelo HIV têm maior
susceptibilidade para adquirir a malária. Um
modelo matemático aplicado no Quénia
com uma população adulta de
aproximadamente 200,000 estimou que,
desde 1980 a interacção da doença pode ter
sido responsável por 8,500 infecções de
HIV em excesso e 980,000 episódios de
malária em excesso. A co-infecção também
pode ter ajudado na propagação da malária
em áreas que tem uma alta prevalência de
HIV. Portanto, aumentos transitórios e
repetidos da carga viral por infecções
recorrentes de malária pode ser um factor
importante para promover a disseminação
do HIV na África Sub-sahariana. ¢
1 Statistical Center for HIV/AIDS Research and
Prevention, Fred Hutchinson Cancer Research Center,
Seattle, WA 98109, USA.
2 Center for Studies in Demography and Ecology,
University of Washington, Seattle, WA98195, USA.
3 Department of Epidemiology, School of Public Health,
University of North Carolina at Chapel Hill, Chapel Hill,
NC 27599, USA.
4 International Health Program, University of
Seattle, WA 98195, USA.
Washington,
5 Clinical Research Division, Fred Hutchinson Cancer
Research Center, Seattle, WA 98109, USA.
* To whom correspondence should be addressed. E-mail:
[email protected] (L.J.A.); jkublin@fhcrc (J.G.K.) Science 8
December 2006: Vol. 314. no. 5805, pp. 1603 – 1606 DOI:
10.1126/science.1132338
http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/314/5805/1603
8
2007 Vol 13 Número 4
A SADC está a finalizar consultoria
sobre protocolos de género
por Barbara Lopi
A África Austral está a finalizar a
consultoria sobre um protocolo de género
que visa promover a igualdade de género e
que será exposta numa cimeira de líderes
regionais em Agosto. O protocolo de
Género e Desenvolvimento da Comunidade
de Desenvolvimento da África Austral
(SADC), está a ser feito e vai ajudar para
acelerar o processo que visa atingir a
igualdade e equidade de género e melhorar
a posição da mulher na região.
Um protocolo é o instrumento legal
mais forte da SADC, e iria acelerar a
implementação de programas sobre a
igualdade de género. A consultoria do
protocolo teve lugar ao nível nacional e
regional após uma cópia inicial foi analisada
pelos ministros da SADC responsáveis pelo
género ou assuntos da mulher em
Novembro de 2006.
Pelo menos 10 dos estados membros
da SADC fizeram consultorias nacionais
desde o final de 2006 e tiveram os seus
comentários incluídos nas cópias iniciais do
protocolo durante uma reunião que teve
lugar em Botswana do 16-18 de Abril de
2007. Duas reuniões mais que estão
marcadas para Maio e Junho, onde estarão
os ministros responsáveis pelo género e
justiça vão completar o processo de
consultoria.
Os ministros de género ou assuntos da
mulher dos 14 países membros da SADC
vão se reunir para considerar os últimos
aspectos do protocolo, os ministros de
justiça serão responsáveis por levar o
protocolo à Cimeira dos Chefes de Estado
e Governo da SADC que está marcada para
Agosto em Zâmbia.
A reunião consultiva em Botswana
finalizou a primeira cópia do protocolo da
SADC sobre Género e Desenvolvimento,
e teve a presença de representantes dos
governos responsáveis pelo género ou
assuntos da mulher na região da SADC,
grupos de sociedade civil e parceiros de
desenvolvimento. O secretário executivo da
SADC. Tomaz Augusto Salomão, disse que
a consultoria vai assegurar um envolvimento
importante, participação e implementação
do protocolo por todos os cidadãos da
região. Salomão pediu que os membros
fizessem uma revisão do Protocolo de
2007 Vol 13 Número 4
Género e Desenvolvimento, para garantir
que sejam criados mecanismos para encarar
os desafios do progresso.
Ele disse, “a SADC valoriza o papel
importante que os membros desempenham
no processo de liberdade e justiça social,
incluindo a igualdade de género na região.”
Desde a Declaração de Beijing e
Plataforma para Acção em 1995, a região
da SADC conseguiu fundações para a
estrutura que tem como objectivo a
igualdade de género, erradicar a pobreza, e
a melhoria no estado da mulher. Mas, a
implementação ainda está longe dos
compromissos feitos.
Os Chefes de Estado e Governo da
SADC assinaram a Declaração de Género
e Desenvolvimento em 1997, seguido pela
assinatura do Documento para a Prevenção
e Erradicação da Violência da Mulher e
Crianças em 1998. A chefe da Unidade de
Género da SADC, Magdeline MathibaMadibela, constatou que embora a politica
para a igualdade de género na Africa Austral
tenha avançado significativamente, o
processo para lograr os objectivos tem sido
lento e inconsistente. Ela disse, “Temos o
desafio de ultrapassar os factores
responsáveis pela lentidão do processo em
conseguir as metas e objectivos da igualdade
de género na região da SADC.
Salomão disse que a lentidão do processo
para atingir as metas e objectivos da
igualdade de género era devida a falta de
recursos humanos, fracas estruturas de
implementação, e a falta de um sistema
robusto para a monitorização e a avaliação.
O tema da conferência era “o Progresso
Acelerado da SADC para Atingir a Igualdade
de Género”. O Protocolo de Género e
Desenvolvimento começou a ser feito em
2005 quando o Conselho de Ministros da
SADC tomou a decisão de transformar a
Declaração de Género e Desenvolvimento
da SADC num Protocolo.
A cópia final do Protocolo será
apresentada na Cimeira dos Chefes de
Estado e Governos da SADC em Agosto
em Lusaka, Zâmbia. Antecipa-se que uma
vez aprovado será avaliado na África Austral
para garantir que se cumprem as suas metas
em igualdade de género, justiça e direitos
da mulher.
O protocolo também vai incorporar os
compromissos de todos os instrumentos
regionais, globais e continentais dos quais
a SADC é membro como a Plataforma de
Acção de Beijing, o Convénio para a
Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Contra a Mulher, as Metas
de Desenvolvimento do Milénio, a União
Africana dos Direitos Humanos a os
Direitos da Mulher em África. Espera-se
incentivar os instrumentos construindo
metas específicas e mensuráveis onde não
existem; e avançar com a igualdade de
género assegurando a aceitabilidade a nível
sub-regional e também providenciar um
fórum para compartir estratégias,
camaradagem e revisões. ¢
Courtesia das Noticias da África Austral
SANF is produced by the Southern African
Research and Documentation Centre (SARDC),
which has monitored regional developments since
1985. Email: [email protected]
Website and Virtual Library for Southern Africa,
www.sardc.net Knowledge for Development
O protocolo é o mais importante instrumento
legal da SADC, e iria acelerar a implementação
dos compromissos sobre género
9
As mulheres não vão esperar
Susana Fried avisa aos G8, que é perigoso separar a luta contra o HIV
e SIDA e a luta para conseguir a saúde e os direitos da mulher
A presidência Alemã dos G8 decidiu
que a luta contra o HIV e SIDA era uma
prioridade para a Cimeira em Heiligendamm,
em princípios de Junho. Os líderes dos
países mais ricos do mundo se
comprometeram a ajudar na prevenção,
tratamento e cuidados, com o objectivo de
disponibilizar o acesso universal ao
tratamento “o mais perto possível” até 2010.
Mas estas promessas ainda não se tornaram
acções para combater a mais prevalente
força da pandemia – a intersecção mortal
do HIV e SIDA com a violência contra as
mulheres e raparigas.
Para constatar o obvio – a violência
contra as mulheres e raparigas é um
contributo importante de morte e doença
nas mulheres, e é um violador dos direitos
humanos. Também, a violência de género
particularmente a violência entre parceiros,
é o factor mais importante na
“feminização”crescente da pandemia global
do SIDA. Simultaneamente, o HIV e SIDA
são ambas causas e consequência da
violência, estigma e discriminação que as
mulheres e as raparigas passam nas suas
famílias e comunidades, em paz e em
conflito, dentro e for a de uma relação
íntima.
As agencias continuam a tratar o HIV
e SIDA e a violência contra as mulheres e
raparigas como assuntos separados –
esforços para lutar contra a violência como
causa e consequência do HIV e SIDA não
são suficientemente financiados, mas
também a estratégia para integrar estes
esforços continua a sofrer duma separação
perigosa e disfuncional. Em vez de assumir
esta intersecção mortal, as respostas globais
do HIV e SIDA continuam a falhar nas
possíveis implicações.
As raízes do problema
As mulheres e raparigas estão em perigo
constante de serem atacadas. De acordo
com o estudo em múltiplos países da
Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre
violência contra a mulher, em 13 dos 15
locais de estudo, um terço à três quartos de
mulheres tinham sido vítimas de violência
ou abuso sexual por um conhecido.
Violência, ou a ameaça, não causa só danos
físicos e psicológicos nas mulheres e
10
raparigas, também limita o seu acesso à
participar na sociedade porque o medo a
violência limita a sua liberdade de movimento
e expressão assim como os seus direitos à
privacidade, segurança e saúde. As mulheres
e crianças encontram a violência nas suas
casas, comunidades, escolas, empregos, ruas,
mercados, policia, e hospitais. E mulheres
que são seropositivas têm outro perigo: o
estigma e a ameaça de violência contra as
pessoas que vivem com o HIV e SIDA.
As mulheres têm duas à quatro vezes
mais probabilidades de contrair o HIV
durante um acto sexual desprotegido que
os homens, porque a sua fisiologia lhes põem
em desvantagem, porque têm menos
controle das condições e circunstâncias do
acto sexual, e porque são elas quem
geralmente são vitimas de um acto sexual
violento. Elementos da testagem de HIV,
tratamento e maquinaria de prevenção
também pode acarretar risco, como a
violência se revelar o seu estado de
seropositividade, ou o tratamento insidioso
das mães como os vectores da doença, como
é o caso dos programas prevenção da
transmissão vertical (PTV) que falham em
tratar as mulheres como clientes com
direitos, e o fazem como se fossem apenas
umas carregadoras de bebés.
Os impactos do HIV e SIDA e violência
contra mulheres são exacerbados por
serviços inadequados e a falência para
proteger a saúde e direitos sexuais e
reprodutivos; as leis que são fracas ou
discriminatórias para as mulheres que vivem
com o HIV e SIDA; standards sociais e da
comunidade que validam a subordinação da
Susana Fried
por Susanna Fried
...estas promessas ainda não se tornaram acções para
combater a mais prevalente força da pandemia – a
intersecção mortal do HIV e SIDA com a violência
contra as mulheres e raparigas...
Continued on page 11
2007 Vol 13 Número 4
N
OTI CI AS
NOTI
A S SI D A
mais
Abuso de drogas e HIV na
África Sub-sahariana:
Introdução a Edição Especial
por Richard H. Needle, Karen Kroeger,
Hrishikesh Belani & Jennifer Hegle
Uma edição especial do Jornal
Africano de Estudos de Drogas
e Álcool (AJDAS) está destinado
a descrever o estado actual da
epidemia do HIV entre os
usuários de drogas na Africa Subsahariana, e presta atenção ao
potencial do uso de drogas em
relação com a transmissão do
HIV na região. Os documentos
englobam os dois problemas
importantes e sobrepostos de
saúde publica: o uso de drogas
e o HIV, e o uso de álcool ligado
à practicas sexuais de alto risco
e a transmissão do HIV, o
“epicentro global” da epidemia
do HIV/SIDA.
A edição divide-se em duas secções; a
primeira focaliza-se no uso de drogas e o
HIV e inclui relatórios de cinco países da
África Austral sobre o número crescente
de usuários de drogas injectáveis e o HIV,
e o uso de outras drogas não-injectáveis
como cocaína e estimulantes do tipo das
anfetaminas (ATS) e as implicações pelo
aumento do risco sexual em Quénia,
Tanzânia, África do Sul, Nigéria e Maurícias.
Os contribuidores são espertos nacionais
e regionais sobre o HIV, drogas e álcool
em África, e os seus relatórios representam
uma contribuição colectiva importante
ero 4
ol. 4 Núm
2007 V
sobre a evidência crescente publicada sobre
a epidemia em expansão do uso de drogas
e o abuso de substâncias emergentes
relacionadas ao HIV na região. Eles alertam
sobre a necessidade urgente de utilizar
mecanismos baseados em evidência para
fornecer aos usuários de drogas
intervenções de prevenção, e adaptar as
intervenções para melhorar a acessibilidade,
aceitabilidade e a forma apropriada no
contexto cultural local e para as
necessidades especificas da população alvo.
Apresentamos uma visão geral dos
achados chave relacionados com a
dinâmica do risco do HIV associado ao
uso de drogas e álcool na África Austral.
Também reconhece os desafios inerentes
para chamar a atenção à prevenção do
HIV, cuidados, e necessidade de
tratamento para esta polulação que está
escondida e que não merece, numa região
que continua a ser afectada com a
epidemia do HIV por transmissão
heterosexual generalisada.
TRAFICO DE DROGAS E DISTRIBUIÇÃO
NA ÁFRICA AUSTRAL.
Em 2004, Aceijas et al., fez a revisão de
dados sobre HIV e IDUs de 1998-2003 e
documentou o uso de drogas injectáveis
em 130 países e o HIV em IDUs em 78
países. Nove destes países eram subsaharianos (Costa de Marfim, Gana, Guine,
Maurícias, Níger, Nigéria, Somália, África
do Sul, e Zâmbia)
Só um país, a África de Sul, tinha
informação sobre a prevalência do HIV em
usuários de drogas injectáveis (IDUs), que
foi de 2% num estudo feito no início da
década de 1990 (Aceijas et al., 2004).
Em 2005, uma revisão de dados publicados
e não publicados encontrou evidência do
uso de drogas injectáveis em 23 países da
África Sub-sahariana, e HIV nos IDUs em
cinco destes países. (Needle et al., 2005).
Estimativas globais indicam que 13 milhões
de pessoas usam drogas injectáveis, e que
pelo menos 10% das novas infecções pelo
HIV ocorrem em usuários de drogas
injectáveis.(Aceijas et al., 2004).
No Este da Europa, Ásia Central e um
número de países no Médio Oriente, Norte
de África, Sul e Sudeste de Ásia e América
Latina, a transmissão por drodas injectéveis
ainda é a forma mais importante de
transmissão do HIV (UNAIDS, 2005). A
África Sub-Sahariana tem se tornado
crescentemente mais vulnerável a produção
ilícita de drogas, trafico e consumo.
Historicamente, um número de países da
África Sub-sahariana era a fonte do tráfico
em grande escala da cultivação indígena
do cannabis (Affinah, 1999). A heroína,
que não é indígena na África Subsahariana é transportada em grandes
quantidades pela África para o comércio
de drogas em países Europeus e da
América do Norte (UNDCP, 1999).
Em adição ao tráfico marítimo de heroína
que origina na Ásia, a distribiução de cocaína
que origina na América do Sul é traficado
através do Sul da Africa, Africa Central e do
Oeste em rota para Europa (UNODC, 2006).
A expansão do trafico de droga na região
porde ser atribuído à vários factores,
incluindo as conecções aéreas e marítimas,
ligações de comércio internacionais, e o
inadequado cumprimento da lei. O pobre
controlo das fronteiras e o fraco sistema de
justiça criminal, assim como os sistemas de
telecomunicação e bancários modernos, e
1
ligações de comércio internacionais com a
América do Sul, Norte de América, Europa
e Ásia, todos contribuem para um aumento
no trafico marítimo de drogas, ambas
heroina e cocaína, dentro da região. Isto
resultou numa expanção do comércio de
drogas local e o consumeo de uma variedade
maior de drogas, incluindo a heriona de
Ásia e cocaína da América do Sul.
O tráfico e transporte de drogas não se
limitam ao mar e aeroportos; as drogas
também são traficadas por terra e através
de corredores de transporte internos, que
introduzem as drogas a novas áreas
geográficas, expande os mercados
domésticos, e pode introduzir O HIV à
novas comunidades e populações em
rotas de transporte (Parry and Pithy). Isto
já foi demonstrado em partes de Bruma,
China, Índia e Vietname, onde a
epidemiologia molecular foi usada para
documentar a propagação de subtipos
particulares de HIV em rotas de tráfico de
drogas. (Beyrer et al., 2000).
A heroína é a droga principal em ambos
IDUs e os não usuários de drogas
injectáveis (NIDUs) no Quénia, assim como
nas Maurícias e Tanzânia (Abdool et al.,
2006; Deveau et al., 2006; Timpson et al.,
2006). A introdução da heroína e o seu
padrão de uso são similares em diferentes
países. Inicialmente, quando a heroina foi
introduzida aos países da África Subsahariana na década de 1980, era mais
frequente na sua forma como “açúcar
castanho”, ou forma menos refinada, era
de alta qualidade, pouco cara, e usado
frequentemente como “a caça do dragão”,
uma pratica na qual a droga é aquecida
e depois o fumo é inalado. Mais tarde,
quando subiu o preço da heroína, houve
uma mudança na forma de uso, do
“açucar castanho” ao “açúcar branco”
que representava uma heroína mais
refinada, e houve uma mudança no seu
uso de não injectável à forma injectável
da droga (Beckerleg and Hundt, 2004).
A forma injectável é uma maneira menos
dispendiosa e eficiente de introduzir a
Pithey, 2006). O uso da cocaína também
foi documentado no Quénia (Deveau et
al.,2006). De todos os países mencionados
nesta edição especial, parece que há um
número maior de tipos de drogas em uso
na Africa do Sul, onde o crack cocaina é
a terceira droga mais usada no país, depois
do Mandrax e cannabis (Parry e Pithey,
2006). Também há um aumento dramático
do uso de amfetaminas na Africa do Sul,
particularmente entre a população jovem,
e em áreas urbanas (Parry e Pithey, 2006;
SACENDU, 2006)
DROGAS E O RISCO DE HIV
A transmissão de HIV através do uso
múltiplo por vários usuarios de material
injectável contaminado foi extensivamente
documentada, (Aceijas, 2004; AED, 2000;
Friedland GH et al., 1985; Marmor M et
al., 1984), e está presente em muitos dos
países que são mencionados nesta edição.
No Quénia 38.7% (278/719) dos usuários
de drogas conhecidos através de ajudas
da comunidade compartilham as seringas,
e a alta prevalência de compartilhar
material, incluíndo os instrumentos para
preparar, filtrar, limpar e soluções de
injecções também foram documentados
na Nigéria, Tanzânia, e Maurícias.
A adopção de praticas de injecção de alto
risco referido como “flashblood” foi
documentada em homens e mulheres que
usam drogas injectáveis em Tanzânia. Isto
é uma prática na qual um IDU que não
pode por motivos economicos comprar a
heroína, injecta-se sangue de um outro
IDU que se injectou recentemente, com a
esperança que o sangue contenha heroina
e que possa prevenir os sintomas de
abstinência. O potencial de transmissão
do HIV, através duma quantidade tão
elevada de sangue – normalmente de 3 à
4 ccs – é substancial. Esta pratica é
particularmente alarmante porque foi
documentada primeiro em mulheres
prostitutas (SWs), que já tem um maior
risco de contrair o HIV por transmissão
sexual e podem transmitir a infecção pelo
HIV aos seus clientes. (McCurdy, 2005). Em
adição ao compartilhar de material
O risco de transmissão do HIV também
está associado ao uso de drogas não
injectáveis. A cocaína e estimulantes como
as anfetaminas podem levar a
comportamentos sexuais de alto risco por
limitar a responsabilidade e diminuir a
pratica do sexo seguro. Por exemplo, a
Metamfetamine, tem sido associada com
comportamentos sexuais de risco em
homens homossexuais (MSM) e
heterossexuais. Comportamentos de risco
incluem sexo anal receptivo desprotegido
e sexo vaginal e múltiplos parceiros sexuais
(Mansergh et al., 2005; Colfax et al., 2001;
Molitor et al., 1998; Frosch et al., 1996).
O uso da cocaína tem sido associado à
uma maior prevalência da infecção pelo
HIV devido a uma maior ferquência de
praticas sexuais de alto risco como, sexo
desprotegido e o uso de múltiplos
parceiros e com a troca de sexo por drogas
(Edlin et al., 1994). Homens e mulheres
SWs que foram entrevistados na Africa
do Sul relataram o uso da cocaína, ou
ecstasy antes ou durante o sexo, e
disseram que o uso de estas drogas
aumenta o risco de ter sexo de alto risco,
incluindo sexo anal, sexo desprotegido e
sexo em grupo. (Pithey and Parry, 2006).
HIV em populações de usuários de drogas
Os dados sobre o HIV em usuários de
drogas são limitados. Entretanto, os
contribuidores desta edição especial
identificaram diferentes tendências de
preocupação para a comunidade de saúde
pública. As Maurícias por exemplo, está
a experimentar “uma mudança dramática
no modo da infecção pelo [HIV] de
heterossexual para a transmissão por
drogas injectáveis”. Em 2001, 64% das
novas infecções foram por transmissão
hererossexual, enquanto que o uso de
drogas injectáveis foi responsável por
apenas 7% dos novos casos.
Em 2005, apenas 6% dos novos casos
foram através de contacto heterossexual
e 90% foram por uso de drogas injectáveis.
As Maurícias têm entre 17,000 e 18,000
IDUs; aproximadamente um terço das novas
Um usuário de drogas endovenosas que não consegue comprar uma nova dose,
injecta-se com sangue de outro usuário que consumiu a droga a menos tempo para
prevenir a síndrome de abstinência, este conceito chama-se vulgarmente de Flashblood.
droga no organismo, porque nenhuma
porção da droga é perdida no ar como
acontece quando é fumada ou inalada.
A heroína branca é agora mais barata que
a forma castanha na maioria dos casos.
O uso de drogas não injectáveis, como
cannabis, cocaina e metamfetamina
também parece estar a crescer.
Documenta-se que o cannabis é usado
nas Maurícias, Quénia (frequentemente
em combinação com a heroína), em
Nigéria, e Africa do Sul (frequentemente
em combinação com o Mandrax) (Abdool
et al., 2006; Deveau et al.,2006; Parry e
injectável contaminado, muitos IDUs tem
parceiros sexuais regulares com os quais
podem não usar o preservativo. Também,
como documentado nesta edição, ambos
os homens e mulheres IDUs, trocam ou
vendem relações sexuais para manter a sua
adicção as drogas. A maioria dos países
não tem estimativas de quantos SWs usam
drogas injectáveis; entretanto, esta
população é significativa porque os clientes
de tanto os homens e mulheres que
comercializam o sexo podem servir como
ponte para a transmissão do HIV à parceiros
de baixo risco e a população em geral.
infecções foi entre prisioneiros (Abdool et
al.,2006). Dados do Quénia, por exemplo,
indicam que em Mombasa, de 1000
usuarios de drogas referidos através de
programas da comunidade para o
aconselhamento e testagem do HIV, 31,2%
(43/138) de IDUs e 6.3% (352/1546) de
NIDUs eram HIV positivos (Deveau et al.,
2006). Em Zanzibar, um estudo recente
sobre usuários de drogas documentou uma
prevalência de 26.2% (50/191) entre os
IDUs, e 4.1% (13/316) entre NIDUs, assim
como a co-infecção com hepatite C (HCV)
e outras ITSs (Dahoma et al.,2006). Timpson
i Mandrax is a blend of methaqualone and antihistamine and was originally used as a sleeping tablet (UNODC, 2002).
2
2007 Vol. 4
Número
4
região é de maior importância para
prevenir o aumento da prevalência do
HIV. Maurícias, Tanzânia, e Quénia estão
entre os países que reconheceram a
necessidade da prevenção do HIV en
usuários de drogas nos seus planos
estratégicos nacionais de SIDA, mas
outros países ainda tem que fazer isto.
Adelekan et al., notam a “falta geral de
reconhecimento por parte dos que
fazem as politicas e profissionais de
saúde do uso emergente de drogas
injectáveis e HIV entre os usarios de
drogas” em Nigéria (2006).
et al, também verificou que o número de
IDUs femininas em Tanzânia parece estar
a aumentar e reportaram que entre 417
IDUs em Dar es Salam, 27% de homens e
58% de mulheres eram HIV positivos
(2006). Os dados também vem da Africa
de Sul, onde uma avaliação rápida entre
homens e mulheres usuários de drogas
em três cidades documentaram uma
prevalência de HIV de 28% (n=92) (Pithey
e Parry, 2006).
África: Desenvolver Programas para o
Plano de Emergência do Presidente para
o Alivio do SIDA (PEPFAR), em Dar es
Salaam, Tanzânia, com o propósito de
providenciar uma consultoria especializada
sobre o álcool e risco de HIV em países
em vias de desenvolvimento, para abordar
este assunto.
Um resultado chave da reunião em
Tanzânia foi o impacto que teve nas
Os contribuidores deste volume especial
recomendam estratégias para abordar
a prevenção do HIV entre os usuários
de drogas, incluindo actividades dentro
da comunidade e intervenções
baseadas-nos-amigos para desencorajar
que se compartilhe material injectável
e encorajar o uso de drogas injectáveis
com segurança assim como praticas
sexuais seguras, e aumentar a
disponibilidade de material como
seringas estéreis e preservativos. O
... Maurícias, Tanzânia, e Quénia são uns dos países que reconheceram a
necessidade da prevenção do HIV em usuários de drogas...
Abuso de Álcool e risco do HIV
Assim como há uma crescente
preocupação sobre o aumento de casos
de HIV em populações de usuários de
drogas, também há uma alerta crescente
na Africa Sub-Sahariana sobre a relação
entre o uso de álcool, particularmente o
uso incorrecto e abuso do álcool, e o risco
de HIV. (Bryant, 2006; Campbell, 2003).
O comportamento sexual de alto risco
associado ao uso de álcool tem uma
prevalência elevada em muitos países
Africanos que estão severamente
afectados pelo HIV/SIDA. (Fritz et al., 2002;
Mnyika et al., 1997; Simbayi et al., 2004).
De acordo com a Organização Mundial
da Saúde (OMS), as regiões Este e Sul de
África tem o maior consumo de álcool
por pessoa no mundo, e a prevalência de
padrões de consumo prejudiciais, como
consumir uma grande quantidade de
álcool por sessão, ou estar frequentemente
intoxicado, é segundo em prevalência
após a Europa do Este. Nos últimos dois
anos, diversos eventos significativos tem
gerado oportunidade para estabelecer a
ligação entre o uso de álcool e o HIV como
problema de saúde pública na região. Em
Maio de 2005 a Resolução WHA58.26
sobre os Problemas de Saúde Pública
Causado pelo Uso Perigoso de Álcool foi
adoptado, e a OMS teve o mandato para
intesificar os esforços para reduzir o peso
dos problemas relacionados com o álcool
regionalmente, nacionalmente e
globalmente. Em Agosto de 2005, as
agéncias do governo dos EU teve uma
reunião, Álcool, Comportamentos de Risco
Associados ao HIV e Transmissão em
ero 4
ol. 4 Núm
2007 V
resoluções técnicas e de programação
feitas na 42 Conferencia Anual de
Ministros de Saúde Regionais, que teve
lugar em Mombasa, Quénia em Fevereiro
de 2006. Os misnistros da saúde de países
da Africa do este, central e austral
resolveram incorporar assuntos
relacionados com o uso de álcool nas suas
estratégias nacionais de HIV/SIDA, para
garantir que politicas, directrizes e
programas apropriados sobre o álcool e
HIV/SIDA estão no devido lugar, e para
estabelecer grupos de trabalho técnicos
regionais para visar a implementação dos
programas sobre o álcool e HIV/SIDA. Os
ministros também pediram uma análise
rápida sobre a situação para ser conduzida,
sobre a relação existente entre o álcool e
o HIV na região. A avaliação que resultou
em três países, Ruanda, Quénia e Zâmbia
intentificou as prioridades sobre
mudanças nos programas e politicas
relacionados com o álcool e o HIV para
abordar o uso do álcool, A Consultoria
Técnica sobre os Problemas de Saúde
Pública Causados pelo Uso Perigoso do
Álcool da Organização Mundial da Saúde
(OMS) en Brazzaville, Congo em 2006
teve lugar para abordar o consumo e
produção de álcool e resultou no
desenvolvimento de um plano de cinco
anos de trabalho na região.
A RESPOSTA DA SAÚDE PÚBLICA SOBRE
O HIV RELACIONADO COM
SUBSTÂNCIAS
Dada a eficácia da injecção como método
de transmissão do HIV (UNODC, 2005),
uma intervenção precoce com os IDUs na
aumento do acesso à serviços
importantes como VCT é crítico e pode
requerer a alteração e mudança de
modelos tradicionais para alcançar as
necessidades de populações difíceis de
atingir e escondidas de usuários de
drogas.
A testagem rápida de HIV, por exemplo,
tem um grande potencial para alcançar
usuários de drogas e trabalhadores de
sexo em cenários que não são clínicos
como bordeis, casas-de-banho, abrigo
para os sem casa, locais abandonados e
outros sítios frequentados por usuários
de drogas. A integração de programas
sobre o HIV e abuso de substâncias e o
aumento de estabelecimentos para o
aconselhamento e testagem de HIV, ITS,
Hepatite B e C, também são necessários.
Enquanto que países como o Quénia e
Africa do Sul oferecem tratamento de
desintoxicação, os locais são inadequados
em número e distribuição geográfica, e
os serviços são caros para a maioria dos
usuários de drogas. Também, a maioria
dos programas de tratamento para
usuários de drogas não abordam a
prevenção do HIV.
Os contribuidores também pedem
intervenções de prevenção que abordam
o comportamento de risco associado ao
álcool e o HIV, incluindo intervenções de
comportamento ao nível individual e da
comunidade. Também, os programas de
tratamento para o álcool fornecem a
oportunidade para incorporar as
intervenções de redução do risco do HIV
e promover a aderência ao tratamento
3
para o HIV as pessoas que já foram
diagnosticadas com o HIIV. Morris et al.,
pedem uma abordagem multisectorial
para assuntos do HIV e álcool, que incluem
o envolvimento da sociedade civil,
organizações baseadas-em-fé, o governo
e o cumprimento da lei (2006). O relatório
de Morojele identifica a necessidade de
advocar num nível nacional para fazer
crescer a alerta sobre os sérios problemas
sociais relacionados com o álcool e
problemas de saúde entre os que fazem
as politicas, a comunidade e outros
parceiros chave, e encorajar um maior
compromisso financeiro para actividades
de prevenção (2006). Recomenda-se que
os países fortaleçam as políticas do álcool
e a legislação, com uma particular êmfase
nas actividades que possam tem maior
sucesso a curto prazo.
CONCLUSÃO
Os relatórios globais, regionais e
específicos de cada país sugerem que a
epidemia do HIV/SIDA em usuários de
drogas continua a expandir, com um
número crescente de países que reportam
a infecção de HIV neste particular grupo
(Ball, 1999). Dados de estudos
mencionados nesta edição especial
indicam que o tráfico de drogas, e abuso
de drogas, incluindo o uso de drogas
injectáveis está a aumentar em alguns
países da Africa Sub-sahariana. As
mudanças nos padrões de distribuição do
tráfico de drogas, incluindo a expansão
de mercados locais, associados à séria e
contínua epidemia do HIV, são uma
grande preocupação na região. Enquanto
que o principal modo de transmissão do
HIV na região continua a ser por via
heterossexual, ainda há necessidade de
ver o potencial do HIV relacionado com
as drogas, como uma maneira de
exacerbar a epidemia heterossexual.
AGRADECIMENTOS
The editors would like to acknowledge and thank Jill Augustine, Team Intern, and Lauren Hoffman,
Policy Team, for their contributions to this special issue.
Corresponding author: Richard H. Needle, PhD, MPH, Preventing HIV in Drug-Using Populations
Team, Global AIDS Program, NCHSTP, Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, GA
Phone: 404 639-6345; Fax: 404 639-8114; Email: [email protected] T
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4
A transmissão de HIV entre os usuários
de drogas não se limita a compartilha de
material injectável contaminado; inclue o
contacto sexual dos IDUs com os seus
parceiros, o uso de outras drogas não
injectáveis como a cocaína ou anfetaminas
está associado com comportamentos
sexuais de alto risco. Vinte e cinco anos
de investigação indicam que uma
abordagem comprensiva é a estratégia
mais eficaz para prevenir o HIV/SIDA em
populações de usuários de drogas e nas
suas comunidades (NIDA, 2002). Também,
há um crescimento na alerta na Africa
Sub-sahariana para abordar a transmissão
do HIV relacionada com o uso de álcool
e o comprotameno sexual de alto risco.
A implementação precoce de programas
de prevenção podem limitar
significativamente a propagação do HIV
e, se age-se agora, a Africa Sub-sahariana
tem a oportunidade the alcançar este
desafio. Os contribuidores desta edição
especial reconhecem as limitações da
literatura e informação disponível sobre
drogas, álcool e o HIV.
Dos cinco países que relataram sobre
drogas, a África do Sul é o único país com
um sistema de supervisão para a
monitorização do uso de drogas ao longo
do tempo. Actualmente, a maioria dos
sistemas de monitorização se focalizam
nas populações das clínicas pré-natais, e
não incluem os usuários de drogas como
populações sentinela. Grandes estudos de
populações, como o Inquérito
Demográfico de Saúde (DHS) ou o
Inquérito de Indicadores de SIDA (AIS)
não vão capturar populações que tem um
acesso difícil, e faltam estimativas de
tamanho de populações de usuários de
drogas. Os dados sobre drogas e HIV no
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e Maurícias foram colhidos primariamente
através de procedimentos de avaliação
rápidos, é necessário usar uma abordagem
metodologica global para entender melhor
a dinâmica do risco do HIV em populações
escondidas, particularmente os usuários
de drogas. (Fitch et al., 2004).
Outros estudos de pequena escala tem se
focalizado no uso de drogas e risco de
HIV. Estes estudos, embora importantes,
empregam uma variedade de
metodologias e abordagens, o que
dificulta a identificação de tendências ou
a capacidade de fazer comparações
sistemáticas dentro da região. Há uma
necessidade crítica para fortalecer os
sistemas de monitorização da epidemia
em populações que usam drogas. Isto
inclue a a planificação e implementação
da recolha sistemática de dados sobre os
usuários de drogas e o HIV, incluindo a
supervisão sentinela de rotina e a
integração da supervisão comportamental
e biológica. Os dados são necessários não
só para monitorizar a prevalência de HIV
e risco comportamental, mas também
para desenhar, gerir e avaliar a prevenção,
cuidados e programas de tratamento para
os usuários de drogas.
Ambos os dados qualitativos e quantitativos
são essenciais para entender como alcançar
e servir melhor as populações escondidas
dos usuários de drogas. Os dados são
necessários para descrever o contexto do
comportamento de risco, identificar
barreiras espaços em serviços, emendar e
adaptar intervenções e informar o desenho
de programas. Finalmente, os dados são
necessários para determinar se os
programas tem sucesso em alcançar os
usuários de drogas, e se as intervenções
são efectivas para reduzir o risco de HIV
relacionado com as drogas e o álcool. ¢
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2007 Vol. 4
Número
4
mulher e todas aquelas cujas identidades de
género e sexualidade não estão de acordo
com os standards de feminilidade e
masculinidade apropriados; e as formas de
discriminação que sofrem as mulheres e
raparigas pela sua raça, língua, sexualidade,
etnia, e outros factores semelhantes.
Está é a razão pela qual existe o
compromisso nacional e internacional para
o acesso universal, e é crucial para reverter a
pandemia do HIV. Mas só em circunstâncias
raras, é que os estados se comprometeram
completamente em relacionar os direitos
básicos da mulher, a violência e o HIV e
SIDA. Raramente os dadores e agências
multilaterais tem criado estruturas para
garantir o serviço de respeitar, proteger e
providenciar os direitos humanos das
mulheres e das raparigas. A Campanha “As
Mulheres Não Vão Esperar” em Março de
2007 estudou as políticas, programação e
padrões de financiamento dos maiores cinco
dadores públicos de HIV e SIDA e
encontrou fortes argumentos da fraca
implementação das políticas. O nível de
financiamento para questões de violência
de género é baixo e é frequentemente
marginalizado, enquanto que a integração
da programação sobre violência contra as
mulheres recebe ainda menos
financiamento.
A violência de género é ainda tratada
como um aditivo e não como uma parte
integral do problema HIV e SIDA.
Entretanto, os níveis de financiamento
para os direitos da mulher são “ínfimos”
de acordo com a Associação dos Direitos
da Mulher para o Desenvolvimento. A
violência contra as mulheres e as raparigas
geralmente não é considerada como o
maior impulso e consequência da doença,
nem é medida estatisticamente para
contribuir para a base de evidência. É
quase impossível dizer quanto
financiamento foi usado para a intersecção
porque nenhum dos dadores tem atribuído
financiamento fixo dentro dos seus
programas para combater o HIV e SIDA.
Embora a Directora Geral da OMS tenha
afirmado “tudo o que se mede, é feito”.
Amostrem-nos o dinheiro
Compromissos reais sobre a violência
de género contra mulheres e crianças e a
feminização da epidemia do SIDA pelas
nações dos G8 estão ultrapassados. As
nações membros da G8 tem que agora tomar
responsabilidade para demonstrar o seu
compromisso para respeitar, proteger, e
implementar os direitos da mulher –
especialmente no contexto do HIV e SIDA
– promovendo politicas e negociando
posições que garantem os cuidados de saúde
adequados, educação, serviços legais e
intervenções contra-violência, género
sensíveis, e baseados nos direitos da mulher.
Movimentos femininos tem lutado para
que haja uma acção concreta para promover
e proteger os direitos humanos de todas as
mulheres – incluindo o direito de estar livre
da violência, coerção, estigma e
discriminação, e o direito para alcançar o
melhor estado de saúde, incluindo a saúde
sexual e reprodutiva. Mas este standard
global raramente se traduz em políticas e
praticas. No caso do HIV e SIDA, isto
resulta numa falência mortal nas políticas e
responsabilidades dos governos. A espera
deve parar. ¢
http://www.opendemocracy.net/democracyfifty/women_wait_4680.jsp
A discriminação e abuso que se sente
por desejar o mesmo sexo e indivíduos
não conformes com o género é
capturado pelo termo
"heteronormatividade". Este termo é
usado para acompanhar práticas
usadas que garantem a
heterosexualidade “normal” (homens
como masculinos – estão em controle,
e as mulheres como femininas – são
passivas e dóceis). Cathy Cohen
definiu a heteronormatividade como
as praticas e instituições “que
legitimam e privilegiam a
heterosexualidade e as relações
heterossexuais como fundamentais e
“naturais”dentro da sociedade”
(2005: 24). O trabalho dela enfatiza
a importância da sexualidade como
implicado nas estruturas do poder,
fazendo a intersecção entre a raça,
género e opressão social.
2007 Vol 13 Número 4
11
Pobreza de ambição limita
a luta contra o SIDA dos G8
Federal Government (Germany)/REGIERUNGonline / Bergmann
Na última cimeira, os G8 anunciaram
os compromissos que estão longe de atingir
as promessas prévias para lograr o acesso
universal ao tratamento antiretroviral,
prevenção e cuidados até 2010. Esta foi a
reacção da Aliança e a Campanha Stop
SIDA (SAC).
O director executivo da Aliança Alvaro
Bermeio disse, “mesmo que o ultimo
encontro dos G8 reiterou os compromissos
prévios para alcançar o acesso universal da
prevenção, tratamento e cuidados de HIV
até 2010, não houve consenso no tempo
ou financiamento, e por isso nada para
responsabilizar as pessoas.”
Os G8 prometeram gastar $60bn em
SIDA, TB, malária e o fortalecimento de
sistemas de saúde, mas não disse quando
isto ia ser feito apenas ‘nos próximos anos’.
As estimativas da UNAIDS são que vão ser
necessários $23bn para o SIDA cada ano
até 2010, e que a soma generosa dos G8
seriam $16bn. Se o financiamento dos G8
fosse dividido em cinco anos como
PEPFAR, iria providenciar apenas $12bn
por ano para as três doenças – muito pouco
para o que se precisa.
Os G8 também se comprometeram
numa meta pouco ambiciosa, providenciar
tratamento para apenas cinco milhões de
pessoas em África ‘nos próximos anos’. A
última estimativa da UNAIDS é que a
necessidade real de tratamento até 2010
seria de 11 milhões de pessoas.
O Coordenador da Campanha da Stop
SIDA, Steve Cockburn, disse: “Se realmente
dão este dinheiro, pode salvar vidas, mas
esta pobre ambição dos G8 vai custar a vida
à muitos mais.”
“A contribuição é escandalosamente
menor do que estima a ONU que é
necessário para combater o HIV e SIDA, e
levando as metas de tratamento tão abaixo
da necessidade real, só num continente eles
puseram ambições num nível que vai ser
fatal para muitos.”
Outras secções do texto dos G8
relacionado com o SIDA tinham novidades
mistas. Há compromissos positivos para
garantir o acesso universal na prevenção da
transmissão vertical e um compromisso para
incrementar o Fundo Global para o SIDA,
TB e Malária. Mais negativamente, nada
concreto foi dito relacionado com a falta
de mais de quatro milhões de trabalhadores
de saúde, só compromissos vagos para
reduzir os preços de medicamentos chave.
Cockbum disse, “os G8 falharam em
cumprir as suas promessas, mesmo se
fizeram alguns passos, e muito trabalho
ainda tem que ser feito, converter declarações
em acções, e conseguir planos específicos
e ambiciosos para atingir os compromissos.”
Alvaro Bermejo acrescentou: “há dois
anos a comunidade internacional prometeu
que nenhum plano nacional de SIDA ficaria
sem financiamento, então devemos nos
focalizar em garantir que países individuais
surjam com planos ambiciosos e realistas
que envolvam a sociedade civil e populações
chave, que serão a chave para assegurar
maior financiamento para garantir o acesso
universal.”
“Os G8 fizeram um compromisso para
o financiamento do Fundo Global, e nos
vamos ficar a espera da conferência em
Setembro dos G8 para ver se mantém-se a
promessa.” ¢
“Se realmente dão este dinheiro, pode
salvar vidas, mas esta pobre ambição dos
G8 vai custar a vida à muitos mais.”
Cortesia da Aliança de SIDA .c2007 .
http://www.aidsalliance.org/sw48440.aspe.
“Se realmente dão este dinheiro, pode salvar vidas, mas esta pobre ambição
dos G8 vai custar a vida a muitos mais.”
12
2007 Vol 13 Número 4
Direitos da mulher são chave
na crise de SIDA em África
por Francis Obinor
Um novo relatório sobre género foi
lançado para promover a igualdade de
género na luta contra a síndrome de
imunodeficiência adquirida. em África.
Médicos para os Direitos Humanos (PHR),
neste estudo de 2,000 mulheres em
Botswana e Suazilândia disseram que a
desigualdade e discriminação de género
eram os maiores factores por trás da doença
que viu para lutar contra a pior crise de
SIDA no mundo.
Os Estados Unidos (E.U) basearam o
PHR, que foi co-recipiente do Prémio Nobel
da Paz de 1997, disseram os governos
Africanos que não conseguiam garantir a
existência legal e protecções constitucionais
para os direitos da mulher.
As mulheres contribuem com 75% de
todos os indivíduos infectados com o HIV
com idade entre os 15 e 25 anos. O PHR disse
que o SIDA estava a crescer nos países da
África Austral e que as mulheres arriscavam a
ter relações sexuais desprotegidas por
desesperação económica. Karen Leiter disse
"se temos que reduzir a alta prevalência de
HIV em Botswana e Suazilândia,
particularmente entre as mulheres, então os
líderes dos países tem que garantir os direitos
legais da mulher. O impacto da falta de poder
que tem as mulheres não pode ser
subestimado.” Os relatórios disseram que quase
25 milhões de Africanos estão infectados com
o vírus, dando a África o pior peso de SIDA
no mundo.
As mulheres são mais pobres, e tem maior
número de dependentes – o estudo da PHR
se concentrou nos dois países Africanos que
tem a maior prevalência de HIV – estima-se
que em Suazilândia, 33% dos adultos estão
infectados, e Botswana 24%. Investigadores
fizeram um inquérito sobre atitudes de
género e comportamentos sexuais e concluiu
que maior desigualdade social e económica
entre os sexos se correlacionava
directamente com o risco de contrair o HIV.
Leiter disse que mesmo que hajam
diferenças nos dois países, as mulheres
tinham demografias semelhantes – ser
pobres, ter maior número de dependentes,
menor nível de educação e menor acesso a
comida.
Homens e mulheres têm diferentes
standards de comportamentos. Ela disse,
“elas (mulheres) são levadas pelas suas
circunstâncias a praticar sexo desprotegido”.
A dependência económica que tem, implica
2007 Vol 13 Número 4
que as mulheres percam o controle das suas
escolhas sexuais, incluindo o uso do
preservativo, enquanto que a desigualdade
de género implica que existem standards
diferentes quando se fala de múltiplos
parceiros. O estudo encontrou em Botswana
que os participantes que acreditavam na
discriminação contra as mulheres tinham
três vezes maior probabilidade de ter
praticado sexo desprotegido no último ano.
Tratamento sobe
de 100,000 em
2003 à 1.3
milhões em 2006
Era importante tanto para Botswana
como para a Suazilândia parar a discriminação
contra a mulher no casamento , na
prosperidade e direitos de emprego, para
incrementar os esforços de eliminar a violência
doméstica e sexual contra a mulher. Um outro
estudo disse que a falta de médicos e
enfermeiros era um dos maiores obstáculos
para providenciar o tratamento antiretroviral
aos doentes, condenando a muitos a uma
morte prematura. O relatório dos Médicos
sem Fronteiras disse que a África aumentou
o número de doentes em tratamento, de
100,000 em 2003 à 1.3 milhões no ultimo
ano, e que a falta de pessoal de saúde está a
impedir a expansão dos programas de saúde.
Mais de 70
porcento de
Africanos que
precisam de
tratamento ainda
estão a espera
A África Austral tem a pior parte da
epidemia do HIV e SIDA, com a grande
maioria dos 40 milhões de infectados e
um número de morte diária de 8,000.
Apesar do grande avanço no tratamento
nos países ricos, mais de 70% de
Africanos que precisam ainda estão a
espera. Aproximadamente 200 pacientes
diariamente aguardam pelo tratamento
na clínica dos Médicos sem Fronteiras
em Khayelitsha. Muitos outros ficam em
casa, não por falta de medicamentos, mas
porque não há pessoal de saúde para os
administrar. Na clínica em Khayelitsha –
onde aproximadamente 30% dos adultos
têm HIV – 6,000 pessoas estão a receber
tratamento antiretroviral actualmente.
Mas o número de pacientes que iniciam
diariamente o tratamento diminuiu de
270 em Maio de 2006, até 100 no último
mês de Dezembro – basicamente pela
falta de pessoal de saúde. África do Sul
tem 393 enfermeiras e 74 médicos por
100,000 habitantes, mas uma alta
percentagem trabalha no sector privado,
e há muita falta nas zonas rurais. Isto
compara-se com as 901 enfermeiras e 247
médicos por 100,000 habitantes dos
Estados Unidos.
O relatório disse que a única maneira
de conseguir ultrapassar a crise seria através
de delegar o trabalho – permitindo que as
enfermeiras façam o trabalho dos médicos,
assistentes médicos que façam o trabalho
dos enfermeiros e usando mais trabalhadores
da comunidade. Também apontou um dedo
aos dadores que pagam pelos medicamentos
e novos hospitais, mas que não pagam
salários do pessoal de saúde. O relatório
disse que o Desafio do Milénio dos E.U.
tinham prometido $140 milhões para
melhorar infrastrutura e serviços de saúde,
mas que não tinham sido feitos planos para
o recrutamento de 600 trabalhadores
adicionais de saúde que eram necessários
nos novos projectos. O relatório afirmou
"as pessoas que vivem com o HIV e SIDA
não precisam apenas de medicamentos e
clínicas; precisam também de pessoal de
saúde treinado e motivado para diagnosticar,
monitorizar e tratar os doentes” ¢
Este artigo foi publicado primeiro no jornal
Nigeriano The Guardian
Reproduzido em
http://www.afrika.no/Detailed/14267.html
13
SAfAIDS Library
Falta de Pessoal de saúde Limita o
Aceso aoTratamento Antiretroviral
na África Austral
Médicos sem Fronteiras avisou no novo
relatório de Junho de 2007 que a falta de
pessoal de saúde na África Austral está a
prejudicar a expansão e acesso ao tratamento
de HIV e SIDA. O relatório cobre quatro
países da África Austral – Lesoto, Malawi,
Moçambique e África do Sul – onde mais
de um milhão de pessoas necessitam de
tratamento antiretroviral mas ainda não tem
acesso ao tratamento. Falta de acção vai
resultar em doença e mortes desnecessárias.
Verónica Chikafa, uma
enfermeira/parteira que trabalha com a
MSF em Malawi disse, "no distrito de
Thyolo estamos a tratar 7,000 pessoas com
HIV e SIDA. Temos que aumentar este
número para 10,000 até o final do ano, mas
o nosso programa está a encontrar uma
importante barreira, o facto de não haver
enfermeiras, médicos, e pessoal de saúde
suficientes.”
A falta extrema de pessoal de saúde está
a comprometer a qualidade e acesso dos
cuidados de HIV e SIDA em toda a África
Austral. No distrito de Thyolo em Malawi, um
assistente médico é capaz de ver 200 pacientes
por dia, demasiados para poder garantir a
qualidade dos serviços prestados. No distrito
de Mavalane em Moçambique, os pacientes
tem que esperar dois meses para iniciar o
14
tratamento pela falta de médicos e enfermeiras,
e muitos podem ter morrido durante a espera.
Em Lesoto há só 89 médicos em todo
o país. O Dr Pheello Lethola, médico da
MSF em Lesoto disse, “providenciar
cuidados para o HIV nas zonais rurais ainda
depende dos enfermeiros, mas eles tem um
número exageradamente elevado de
pacientes. O tempo em cada consulta é
demasiado curto, e os pacientes graves
sofrem desnecessariamente. Quando sofrem
os enfermeiros, sofrem os pacientes.”
Há conhecimento da crise que há em
relação ao pessoal de saúde. A MSF está a
incentivar aos governos para desenvolver e
implementar um plano estratégico de
emergência para recrutar e reter
trabalhadores de saúde, que inclui o plano
de aumentar os salários dos trabalhadores
de saúde e melhorar as condições de trabalho.
Na maioria dos países isto só funcionará se
os dadores mudam as suas politicas e
começam a providenciar apoio financeiro
para custos correntes como os salários. Os
Ministros de Finanças e o Fundo Monetário
Internacional (IMF) terão que encontrar
soluções para aumentar os salários do pessoal
de saúde. Se não, os governos não serão
capazes de responder adequadamente as
necessidade de tratamento.
Mesmo na África do Sul, que tem
trabalhadores de saúde com maior
remuneração que os restantes países da
África Austral, existe uma distribuição
desigual e inadequada o que está a causar
atrasos na expansão do tratamento. O Dr.
Eric Goemaere, chefe do programa da MSF
em Khayelitsha, Western Cape, disse, "os
hospitais estão completamente saturados,
as listas de espera estão a crescer e parece
que estamos a perder a batalha. Para as
pessoas que estão a fazer as politicas longe
dos pacientes, a nossa mensagem é que serão
responsáveis se não conseguem reagir ou
ser flexíveis suficientemente para encontrar
soluções para a falta extrema de
trabalhadores de saúde.” Para expandir o
acesso ao tratamento antiretroviral nas zonas
rurais, a MSF tem usado a “mudança no
plano de trabalho” dos médicos aos
enfermeiros, e dos enfermeiros aos
trabalhadores da comunidade. O que
significa que um enfermeiro começa a
desempenhar funções que antes eram só
destinadas aos médicos. Mas estas são
medidas limitadas, já que não reduz a
necessidade que tem estes países de ter
pessoal de saúde devidamente qualificado.
Sharonann Lynch, coordenador de
tratamento da MSF disse, " Não é
compreensível que os dadores financiam
tratamento e novos hospitais, e recusam-se
a financiar os salários dos trabalhadores de
saúde porque segundo eles, não é sustentável.
As pessoas que vivem com o HIV e SIDA
não precisam só de medicamentos e
hospitais; precisam também de trabalhadores
de saúde motivados e bem formados para
diagnosticar, monitorizar e tratar os doentes.”
Nos quatro países do estudo, a MSF está
neste momento a providenciar tratamento
antiretroviral para aproximadamente 30,000
pessoas. A MSF administra o TARV em
mais de 80 países. ¢
http://www.msf.org/msfinternational/invoke.cf
m?objectid=BD670DA1-15C5-F00A25AA61B44CFEE13F&component=toolkit.
pressrelease&method=full_html
2007 Vol 13 Número 4
Desafios do sistema de Saúde afectam o
papel da Circuncisão Masculina como
estratégia preventiva do HIV na África Austral
por Godfrey Musuka & Innocent Chingombe
África é sem dúvida a região mais
afectada com o HIV. É habitado por 12%
da população mundial, mas estima-se que
tenha 60% das pessoas infectadas com o
HIV e SIDA. A epidemia do HIV e SIDA
afectou da pior maneira a África Austral,
deixando milhões de pessoas infectadas e
afectadas (UNAIDS, 2005 & SADC 2006).
As estratégias actuais de prevenção do
HIV, visam mudar o comportamento sexual
e incentivar o uso do preservativo.
Recentemente tem havido um interesse
adicional na circuncisão masculina como
estratégia adicional de prevenção do HIV,
na África Austral.
Surgiu evidência na ligação da
circuncisão masculina como um potencial
método de prevenção do HIV, que reduz a
transmissão em 50% de acordo com estudos
de investigação. Isto tem criado interesse
nos parceiros de financiamento e como
resultado tem havido fortes incentivos para
a implementação da MC, como uma
estratégia de prevenção universal. Os que
advogam o uso da MC indicam que a
prevalência do HIV é de apenas 3% nos
países da África Ocidental onde o uso da
MC é universal, comparado com outros
países da África Austral onde a prevalência
é de quase 30%, como é o caso da
Suazilândia e Botswana, onde só uma
pequena proporção da população fez a
circuncisão. (Muula 2007).
Mas, os mesmos desafios do acesso ao
TARV vão impedir o acesso a MC. Os
sistemas de saúde da África Austral são
vítima da perda de pessoal de saúde, devido
aos salários pouco competitivos e as pobres
condições de trabalho. É bastante claro que
há que fazer investimentos significativos no
sistema de saúde para que se possa
implementar a MC. No caso de Zimbabué
a alta inflação fez perder o valor real dos
recursos financeiros atribuídos ao Ministério
de Saúde e Saúde da Criança,
impossibilitando a implementação de
programas existentes, e portanto não
permitindo a implementação de novos
programas.
Se a MC é para ser implementada, então
muitos aspectos tem que ser vistos. Ë crítico
que os hospitais estejam equipados com
pessoal de saúde devidamente capacitados.
2007 Vol 13 Número 4
Por exemplo; actualmente no Malawi há
menos de 2,200 enfermeiro a trabalhar no
sistema público de saúde. Eles fazem o que
podem, mas não podem atender 12 milhões
de habitantes(VSO 2007). De acordo com
MoH, o número total de médicos no Malawi
é de 219, o que equivale a um médico para
45, 662 habitantes, muito inferior da
proporção média da OMS que é de 1 para
10,000. O Ministério da Saúde tem 108
clínicos gerais e especialistas, enquanto que
a Associação Cristã de Saúde de Malawi, o
Colégio de Medicina e o sector privado tem
34, 21 e 56 médicos respectivamente. O
Colégio de Medicina produz
aproximadamente 20 médicos por ano.
(Fundo de Desenvolvimento Africano 2005).
No caso de Zimbabué, os médicos do
sistema nacional de saúde recebem tão
pouco, que acreditam não ter nenhum
incentivo para permanecer no país. Um
médico sénior recebe um salário mensal de
aproximadamente $Z500,000 - US$16 –
trabalhando de 70 – 80 horas por semana.
A maioria dos médicos precisa fazer horas
extras em clínicas privadas para sobreviver.
De acordo com Jonathan Matenga da
Universidade de Zimbabué, isto tem
causado um importante decréscimo no
número de médicos nos hospitais;
“idealmente eles trabalhariam num hospital
público das 08:00 até 17:00, mas se fizessem
isso não teriam possibilidade de sobreviver.
Não é difícil entender como manter pessoal
de saúde qualificado é quase impossível.”
(de Castella 2003).
Os dois aspectos da MC – acesso e
infrastruturas dos cuidados de saúde – e
particularmente, standards aceitáveis de
cirurgia, estão fortemente interligados. O
Director Geral da OMS para África, o Dr
Sambo disse no Harvard News “pacientes
com HIV e SIDA estão a invadir os sistemas
de saúde Africanos. A maioria das camas
em hospitais como Zimbabué, Botswana e
Suazilândia estão ocupadas por doentes com
HIV e SIDA. Em alguns casos as camas
não são suficientes. Encontrarão doentes
no chão e por baixo das camas.”
Investigações recentes também
mostraram que a infecção por HIV é três
vezes mais provável de acontecer como
... os mesmos desafios
do acesso ao tratamento
antiretroviral vão
impedir o acesso a
circuncisão masculina...
15
resultado da própria circuncisão em três
países Africanos; nomeadamente, Quénia,
Lesoto e Tanzânia, devido as limitações da
esterilização e pobres infrastruturas
cirúrgicas. (Myers & Myers 2007).
Outro problema é que a maioria dos
programas de intervenção do HIV e SIDA
na África Austral são bastante “verticais”o
que quer dizer que são “específicos para
a doença” (para TB, HIV e SIDA). Mas
o ideal é que fossem “horizontais” – que
houvesse a integração dos serviços de
saúde incluindo mais recursos humanos.
Se pretende-se implementar a MC então
é importante que seja implementado
dentro do sistema de saúde para contribuir
no seu fortalecimento.
Para que se possa utilizar a estratégia
de prevenção da MC, os governos da África
Austral tem que investir em incentivos
financeiros e não-financeiros como, o
garantir um local de trabalho seguro,
vivendas aceitáveis e estímulos para as
pessoas que trabalham em zonas rurais. Os
programas que trouxeram grandes
quantidades de tratamento para o HIV,
expuseram a fragilidade dos sistemas de
saúde e fracas infrastruturas. Seria inaceitável
que os nossos governos contemplassem
um procedimento invasivo como a
circuncisão como um método de prevenção
adequada para a nossa realidade, portanto
não se deve incentivar este procedimento
em hospitais públicos sem antes garantir
todas as formas de segurança. ¢
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Surgiu evidência
que faz a ligação
entre a circuncisão
masculina (MC)
e uma potencial
redução da
transmissão de HIV
de 50%
16
2007 Vol 13 Número 4
Na edição 3-4 do Volume 12 fizemos um artigo que se focalizava na importância da nutrição para as pessoas
que vivem com o HIV/SIDA. Se fossem necessárias mais provas sobre o benefício duma nutrição correcta, a
história em baixo ilustra isso. Já é hora que a nutrição adequada faça parte dos programas existentes para
o combate do HIV/SIDA.
O impacto do apoio Nutricional
em pacientes em TARV - Uganda
por Frances Babirye (Project Officer, TASO-Uganda)
John Ssemakalu (Programme Officer, HIV/AIDS-WFP-Uganda)
Johnson Muwanga (32) é um cliente
registrado da TASO em TARV que
abertamente anunciou o seu estado de
seropositividade em 2003. No princípio de
2005, ele se apresentou na clínica TASO
Mulago com uma dor de cabeça severa
(meningite). Ele foi tratado e depois foi
admitido no programa de ajuda de
alimentação, apoiado pelo Programa
Mundial da Alimentação (WFP). Naquele
tempo, o seu peso era de 58Kg e não podia
desempenhar qualquer função. Como
resultado ele não podia trabalhar para manter
a mulher e os filhos. O programa de apoio
de alimentação deu ao Johnson e a sua
família uma cesta básica de cereais, milho
e óleo vegetal. Depois de seis meses, a
avaliação feita pelo Cuidador Social do
Johnson revelou que tinha aumentado e seu
peso para 69Kg. Nos seguintes seis meses,
o Johnson tinha ganho suficiente peso para
trabalhar e providenciar comida para ele e
para a sua família, e em Março de 2006 já
tinha algum rendimento através da sua
plantação de bananas.
O Johnson relatou, “a alimentação dada
permitiu me deixar de preocupar o que dar a minha
família diariamente. Ensinaram a minha família
a preparar diferentes comidas com os alimentos.
Isto permitiu que melhorasse mais rapidamente do
que só com os medicamentos.”
O facto de que o suprimento de
alimentos é providenciado como uma cesta
básica, é um instrumento que afecta toda a
família. Como Johnson descreve, “meus filhos
e eu somos todos saudáveis, não ficamos doentes
como quando não tínhamos a ajuda.”
O apoio Nutricional aos pacientes em
TARV também tem um importante efeito
psicossocial, alivia aos doentes do peso que
sentem por precisarem de uma alimentação
2007 Vol 13 Número 4
adequada quando tomam o TARV.
O mais importante, é que melhora a
auto estima dos beneficiários, uma vez que
ganham peso e força associado ao TARV
que reduz as infecções oportunistas, assim
os beneficiários participam nas actividades
da comunidade. O Johnson disse que a
comunidade notou as maravilhas do apoio
nutricional através do seu exemplo.
Actualmente, ele está envolvido na sua
comunidade como um paciente exemplo, e
com um mandato do conselho local, está
envolvido na sensibilização dentro da sua
comunidade. A sua ênfase está nos homens,
atraindo-lhes à centros de apoio para que
possam beneficiar a eles e as suas famílias.
Os seus planos futuros incluem fazer um
curso de Planeamento de Projectos,
financiado através da venda de bananas da
sua plantação.
O Johnson sente muita gratidão do
TASO e dos dadores, por todo o apoio que
lhe foi oferecido, especialmente o WFP e o
apoio que recebeu de alimentos, que
melhorou a sua saúde e lhe deu esperanças
para o futuro. ¢
O apoio Nutricional aos pacientes
em TARV também tem um papel
psicossocial, alivia aos doentes do
peso que sentem por precisarem de
uma alimentação adequada
quando tomam o TARV.
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A Luz da Esperança - Elizabeth Mataka
Nomeada Enviada Especial para o SIDA
por Michael J. Kelly
Pic: The Global Fund
A nomeação recente de Elizabeth Mataka
pelo Secretário-Geral da ONU Ban Ki-noon,
como Enviada Especial para o SIDA em
África é a primeira em muitas maneiras.
Elizabeth Mataka é a primeira Africana
a ser nomeada como Enviada Especial. É
a primeira mulher a ser nomeada numa
posição tão elevada para responder aos
desafios do HIV em Africa. Também é a
primeira pessoa de Botswana a ser chamada
para um cargo tão elevado, e a primeira
pessoa a sair directamente da sociedade civil
para uma posição tão responsável.
Esta nomeação é uma honra singular
para África e Botswana. Mas, mais
importante que a honra, a nomeação indica
o compromisso do Secretário-Geral em
transformar o HIV e SIDA numa prioridade
para as Nações Unidas.
Já passaram mais de cinco meses desde
que Stephen Lewis se reformou, após vários
anos de luta para manter o HIV como uma
prioridade nas agendas das ONU. Há alguns
anos, o Stephen expressou a sua
preocupação sobre "o curioso e incómodo
período de acalmia na luta (contra a
epidemia) um sentimento cumulativo de
inércia em vez energia, para fazer tempo".
Meses recentes têm presenciado algo
semelhante, uma luta falsa em vez de uma
confrontação vigorosa da epidemia e os
seus líderes funcionais.
Muitos em África esperam que a
nomeação de Elizabeth Mataka é uma das
indicações que o período de acalmia
finalmente terminou. O Secretário-Geral não
mentiu quando disse no dia 21 de Maio que
“de uma maneira ou outra, todos vivemos
com HIV. Estamos todos afectados por ele.
Todos temos ser responsáveis pela resposta.”
POLITICAS DE HIV
Que a nova embaixadora é Africana é
um grande progresso para a luta contra o
HIV. Por mais de uma década, o princípio
cardinal da luta era o maior envolvimento
das pessoas que vivem com o HIV e SIDA
(GIPA). A nomeação de uma pessoa de
Botswana sugere a introdução dum novo
princípio – o princípio “GICA”, o maior
envolvimento de países que vivem com o
HIV/SIDA.
Esperamos que este seja o inicio
dum movimento para ver politicas
e acções relacionadas com o HIV originadas
não em Genebra, Washington, Paris, Nova
Iorque, Londres ou outra capital do norte, mas
em países que sofrem o impacto da epidemia
e que sabem por experiência própria o que
significa viver com o HIV e SIDA.
O trabalho de Elizabeth Mataka será uma
luz, porque ela fez parte da luta durante
muitos anos, mas desde o ponto de vista da
sociedade civil. Ela sabe, através da sua
experiência, como promover esta luta.
Foi chefe duma organização (a Rede de
SIDA Nacional da Zâmbia, ZNAN), que
canaliza os recursos do Fundo Global para
entidades sociais de Zâmbia, ela sabe o que
estas organizações podem fazer.
Ela também entende a importância do
financiamento nas áreas de prevenção,
tratamento, cuidados e apoio. A integridade,
eficiência e eficácia do ZNAN vão ajudar
a promover a participação da sociedade civil.
Esta é uma grande nomeação de uma
mulher com substância e experiência.
Muitos dos países Africanos vem nela
uma luz que brilha na escuridão do HIV.
Contamos contigo Liz para que nos guies
à uma luz mais brilhante. ¢
O padre Michael J. Kelly é um Jornalista de HDN,
Padre Jesuíta e jornalista, conhecido mundialmente
pelo seu trabalho como educador e como activista
do SIDA. O Padre Kelly vive e trabalha em Zâmbia
há mais de 50 anos.
Cortesia de HDN. www.TheCorrespondent.org
... a nomeação revela o
compromisso do Secretário-Geral
em fazer que o HIV seja uma
prioridade para as Nações Unidas...
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2007 Vol 13 Número 4
Novas publicações no centro de recursos de SAfAIDS
1) WHO Report 2007: Global Tuberculosis
Control, Surveillance, Planning, Financing. 2007.
Geneva, WHO.
Este é o decimo primeiro relatório anual é
tem informação importante sobre a
epidemiologia e controle da tuberculose
(TB). Em essência, este relatório apresenta
uma vista geral do progresso em reduzir o
imenso peso da doença mundialmente.
www.who.int
2) Network: Hormonal Contraception and
HIV.2007. New York, Family Health International.
Um estudo de investigação feito pela Saúde
da Família Internacional. Tenta clarificar o
efeito dos contraceptivos hormonais na
aquisição do HIV e serve como o estudo
mais forte em explorar este assunto.
www.fhi.org
3) Children at the Centre: A guide to community
groups caring for vulnerable children. Sian, Long
(ed). 2007. London, Save the Children.
Está é uma guia de como agencias e
organizações podem ajudar a formar grupos
da comunidade para cuidar crianças
vulneráveis. Fala directamente das
experiências de crianças, membros da
comunidade, ONGs e outros.
www.savethechildren.org.uk
6) HIV and people on the move: Risk and
vulnerabilities of migrants and mobile
populations in Southern Africa. 2007. Pretoria,
International Organisation for Migration.
Este é um documento que procura sublinhar
como as forças armadas da África Austral tem
ajudado na luta da epidemia nos unltimos 25
anos. www.issafrica.org
Este documento resume as principais
contribuições feitas por pessoas com
recursos chave e membros do e-fórum.
Destina-se a aumentar o conhecimento
sobre dinâmicas complexas relacionadas
com morbilidade e migração.
www.hdnet.org
9) UNAIDS at country level: Supporting countries
as they move towards universal access. 2007.
Geneva, UNAIDS.
7) AIDS and Society in South Africa: Building a
Community of Practice. Yazeed, Fakier (ed). 2006
Cape Town, Rockefeller Brothers Fund.
Esta é uma documentação sobre um
seminário em Cape Town que tinha com
objectivo fortalecer a rede de investigação
da Africa do Sul na área do impacto social
do HIV e SIDA.
www.ccrweb.uct.ac.za
8) The Enemy Within: Southern African Militaries'
Quarter-Century Battle with HIV and AIDS.
Martin, Rupiya (ed). 2006 Pretoria, Institute of
Security Studies.
Uma puplicação que examina o nível do
trabalho da UNAIDS em melhorar a
arquitectura da resposta ao SIDA e garantir
o compromisso político para expandir os
serviços de prevenção, tratamento, cuidados
e apoio. http://www.unaids.org
10) The river of hope: Child centered approaches
to HIV and AIDS. Rachel, Carnegie; Paul, Katokabunga. 2006 London, Healthlink Worldwide.
Um manual para pessoas que trabalham
com gente jovem e crianças. O seu obectivo
é providenciar ideas, experiências e
actividades práticas que podem encorajar a
gente jovem e crianças a entender o impacto
do HIV e SIDA.
www.healthlink.org.uk
4) Time to Talk: A Guide to Family Life in the Age
of AIDS. Tengatenga, James, Bayley, Anne. 2006.
Oxford, Strategies for Hope Trust.
Um instrumento sobre assuntos
relacionados com o HIV e SIDA desenhado
para ser usado por líderes religiosos
especialmente na África Sub-sahariana.
www.stratshope.org
5) National Strategy for Behaviour Change
Interventions and Communications for HIV and
AIDS. 2006. Gaborone. National AIDS
Coordinating Agency.
Um livro destinado a guiar o planeamento,
desenho, implementação e monitorização
de intervenções sobre a mudança de
comportamento e actividades de
comunicação em todos os sectores da
economia. www.naca.gov.bw
2007 Vol 13 Número 4
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Avaliação do Livro
O Inimigo
de Dentro
ISBN: 1-920114-03-3
Publicado por: The Institute for Security Studies,
P O Box 1787, Tshwane, África do Sul
Avaliado pela equipe de SAfAIDS
O Inimigo de Dentro é o produto duma
iniciativa de investigação do Instituto de Estudos
de Segurança que visou desenvolver opções de
politicas para a mitigação da epidemia nas forças
armadas da África Austral. Tem como base as
experiências das forças armadas de Botswana,
Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué e
representa os dias em que os militares eram
vistos como vectores da doença, e mantinham
a informação do HIV escondida. Quando a
Aliança Civil-Militar para Combater o
HIV/SIDA da UNAIDS foi criada, muitos
países se recusaram a enviar informação.
Os militares representam uma grande
proporção da população na Africa Subsahariana e consome uma grande proporção
do orçamento nacional. O livro explica a
vulnerabilidade especial e óbvia das forças
armadas ao HIV: os seus membros pertencem
todos ao grupo etário que é sexualmente
activo; correm risco devido a sua profissão,
e pela natureza do seu trabalho, permanecem
longos períodos longe da família; o uniforme
também tende a ser um íman para a mulher,
particularmente porque tem um bom e regular
salário.
O estudo teve três objectivos ambiciosos;
documentar empiricamente as respostas
políticas das instituições militares desde o
início do HIV e SIDA; desenvolver
investigações e instrumentos de análise e
dentro das forças armadas e sociedade civil;
providenciar um modelo prático para guiar
outros militares no continente. Também quis
produzir uma revisão dos últimos 25 anos do
HIV e os militares, e para estabelecer um corpo
civil e militar de investigadores da área, para
propor soluções e providenciar um modelo
regional para o futuro e assim melhorar a relação
entre o HIV a as forças armadas de África.
Dado que o Instituto de Estudos de
Segurança está na África do Sul, não existem
dados sobre os militares Sul-Africanos.
Supostamente a África do Sul ainda pensa que
revelar a informação vai estragar a reputação dos
militares. Mas, diferentes capítulos sobre
Botswana, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e
Zimbabué dão uma visão geral sobre o estado
da epidemia em cada país.
O livro é “politicamente incorrecto” porque
refere as pessoas que vivem com o HIV e SIDA
como “vítimas”, mas suponho que temos que
reconhecer que este livro é sobre os militares,
onde as coisas são vistas como preto ou branco
e com poucas sombras de cinzento. Similarmente
o aspecto dos direitos humanos da testagem
obrigatória dos militares é, não
surpreendentemente, negligenciado por causa
da necessidade para “prontidões de combate”.
Descreve-se o HIV como um “ácido corrosivo”
no livro. (p21).
A incidência, ameaças e desafios impostos
pelo HIV na região são universais e infelizmente,
é a inabilidade dos estados para desenvolver
medidas apropriadas que Rupiva chama “gelo
da política comum”. Os estados africanos também
tem em comum o facto de que as suas estruturas
políticas e de estado são fracas como
consequência do colonialismo e da Guerra-fria,
e que o próprio HIV é um inimigo insidioso e
complexo, que cria desafios multi dimensionais.
Ele explica que o HIV nos países desenvolvidos
é um problema de saúde pública controlado e
portanto não há “exemplos de políticas” para
controlar a epidemia que possam ser copiados.
O que está claro é que todos os países
envolvidos no estudo têm experiências e condutas
similares. Mesmo que os guidelines ILO proíbem
a testagem antes de aceder a um emprego, todas
as forças armadas recusam dar emprego a pessoas
que sejam seropositivas sem ter razões, embora
o Zimbabué tenha aceitado admitir pessoal
seropositivo até 1996. Dado que o treino militar
é rigoroso e que teoricamente possa precipitar
doenças e morte nas pessoas infectadas pelo
HIV, isto pode até ser razoável – o treino militar
é caro. Mas, uma vez que entra um soldado na
tropa como seronegativo, o mais importante e
manter o soldado como seronegativo. Até agora,
não houve muita inovação.
Uma importante área de investigação é os
homens que tem sexo com homens (MSM).
Como a homossexualidade é um grande tabu
em Africa, o MSM como vector de transmissão
tem sido apagado da imagem. Isto é
definitivamente um aspecto crítico que tem que
ser abordado se os soldados que recrutam são
seronegativos e devem permanecer nesse estado,
mas pode ser um aspecto que os militares
Africanos se recusem a aceitar. Enquanto que as
forças armadas tem interesse em fazer o teste
de HIV aos novos recrutas, nenhum encoraja a
testagem de outros soldados, especialmente
aqueles que estão em níveis superiores. O MSM
é um possível método de transmissão, isto é
capaz de ser uma falha fatal.
O risco e desafio que tem os soldados nas
missões de paz no continente são óbvios. A
ONU tem que ser claro nos guidelines para
testagem e as missões de paz. A ONU estão a
propor actualmente cinco brigadas regionais
para as missões em Africa, e uma estratégia
militar comum para lidar com os soldados que
têm HIV, e para manter os militares
seronegativos como tal.
O livro termina com uma recomendação sobre
a necessidade de uma resposta regional comum
em politicas e drogas dentro da região. A testagem
deve ser feita continuamente e em todos os níveis,
e o editor explica que os soldados são de uma
maneira geral agentes de mudança – já está na
hora que a influência dos militares seja usada
para mudar comportamentos. Assim como a
falta de poder que tem as mulheres é um factor
de feminização da doença, então os soldados
como machos podem ser usados para guiar o
caminho da mudança social necessária em África
para combater o inimigo. ¢
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