Volume 003, número 01 - PET

Transcrição

Volume 003, número 01 - PET
Vol. 3 n° 1
Jan-Abr de 2014
Expediente
ISSN: 2447-4592
Vol. 3 n° 1
Jan- Abr de 2014
Edição on-line
www.petvet.ufra.edu.br
Realização:
Grupo
PET
Veterinária/Ufra
Uma publicação do Programa de Educação
Tutorial do Curso de Medicina Veterinária da
Ufra
de
Medicina
Alef Moreira
Ana Carla Ferreira
Ana Serra
Atila Guerreiro
Caio Mendes
Danielle Góes
Diego Moura
Elen Julia da Rocha
Gabriel Furtado
Henrique Piram
Joévelyn da Silva
Priscila Del Aguila
Rinaldo Viana
Samantha da Silva
Verena Maciel
Walberson da Slva
Entrevistado:
Raimundo Nonato Moraes
Benigno,
Decano do Curso de Medicina Veterinária da Ufra
Quase 40 anos de atuação profissional
dedicados à Medicina Veterinária da
Amazônia Brasileira!
Mundo equino
Colaboração:
André Mendonça
Raimundo Benigno
Expediente
Editorial
2
Do gado: Fórum da Pecuária
3
Mundo Equino
5
Mundo cão
7
Mundo Selvagem
9
Entrevista
11
Congressos e Eventos
13
Editorial
A edição deste informativo é uma iniciativa do
Grupo PET de Medicina Veterinária da Ufra. Além da
busca constante pela divulgação de notícias e
informações científicas, o PETVet news tem buscado
uma contribuição à boa formação dos acadêmicos
do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da
Ufra por meio de iniciativas como esta.
Nesta primeira edição de 2014 apresentamos
matérias sobre “RUMINANTES: Entendendo o
mecanismo da digestão” no caderno Do gado: fórum da
pecuária; “Síndrome Cólica: Compactação” no caderno
Mundo Equino; “Zoonoses” no Mundo Cão; e
“Atropelamentos: uma tragédia silenciosa” no Mundo
selvagem. Além disso trazemos também informes acerca
de congressos de interesse para os acadêmicos de
Medicina Veterinária.
Finalmente, em uma homenagem mais que merecida
entrevistamos o Prof. Dr. Raimundo Nonato Moraes
Benigno que nesses 36 anos de atuação profissional
muito contribuiu com a consolidação do ensino da
Medicina Veterinária na Amazônia Brasileira. Ele contanos um pouco de sua trajetória, o porque das suas
escolhas profissionais e como se deu o desenvolvimento
de sua carreira. A trajetória profissional do Prof. Benigno
se confundi com a história do Curso de Graduação em
Medicina Veterinária da Ufra, o mais antigo e tradicional
do Norte do Brasil. Essa é uma boa oportunidade de
inspiração para nossos jovens estudantes e futuros
profissionais. O grupo PET de Medicina Veterinária
agradece muitíssimo ao Prof. Benigno pela bela
entrevista concedida.
Uma tragédia silenciosa, 9
Assim finalizamos
Ufra/ISPA – Belém/PA
Avenida
Presidente
Tancredo Neves, Nº 2501
Montese 66.077-901
[email protected]
Zoonoses, 7
1
Agradecemos a todos os professores, pesquisadores e
Médicos Veterinários que colaboram conosco em nessa
edição.
Rinaldo B. Viana
Tutor PETVet-Ufra
2
Do gado:
Do gado:
fórum da pecuária
fórum da pecuária
RUMINANTES: Entendendo o mecanismo da digestão
RUMINANTES: Entendendo o mecanismo da digestão
O que acontece em cada câmara digestiva?
Os ruminantes possuem duas classificações, as quais dividem-se em: pequenos ruminantes
(ovinos, caprinos...) e grandes ruminantes (bovinos, bubalinos...). Apesar desta divisão, ambos
possuem uma característica que é única e exclusiva destas espécies, a ruminação.
Rúmen: É o maior de todos os compartimentos gástricos, localizado do lado esquerdo do
animal. Nele existe uma microbiota que realiza a quebra da celulose.
Retículo: Menor de todos os compartimentos gástricos que auxilia no retorno do bolo
alimentar até a boca para que ocorra a ruminação. Neste processo ocorre uma grande
produção de saliva, que possui um pH alcalino importante para o tamponamento do conteúdo
gástrico, evitando quadros de acidose, pois a saliva age sobre os ácidos graxos voláteis
produzidos na digestão.
Omaso: Auxilia na absorção de água.
Abomaso: Ocorre a digestão química dos alimentos pela ação do suco gástrico.
Goteira Esofágica:
Mas o que é a ruminação?
É a regurgitação repetida e remastigação dos alimentos. Este processo consiste no retorno do
bolo alimentar à boca onde será remastigado na presença de uma grande quantidade de
saliva.
Os ruminantes são animais herbívoros, sendo assim conseguem digerir a celulose devido
possuírem bactérias que ajudam neste processo. Estas bactérias, denominadas celulolíticas,
são responsáveis por digerir os alimentos volumosos (capim, feno, silagem...). Elas liberam a
celulase, enzima que quebra a ligação beta da celulose. Também ajudam na síntese de
vitaminas do complexo B e K. Outra classe de bactérias tão importantes para a digestão são as
amilolíticas, que digerem os alimentos concentrados ricos em amidos (ração, milho, farelos,
entre outros).
Outra característica peculiar a estes animais é a divisão de seu estômago em quatro
compartimentos: rúmen, retículo, omaso e abomaso. As três primeiras câmaras são
chamadas de pré-estômagos, pois nelas não ocorrem digestão química, apenas mecânica, já o
abomaso é conhecido como estômago verdadeiro, pois nele ocorre a digestão química pelo
suco gástrico.
3
Os ruminantes são mamíferos, necessitando no início da vida, do leite materno. O leite para
ser digerido precisa sofrer a ação de enzimas contidas no suco gástrico produzido pelo
abomaso que, ao nascimento, é o compartimento mais desenvolvido. Quando o bezerro
recém-nascido mama no teto da mãe ou no bico da mamadeira, a goteira esofágica funciona
como uma calha que desvia o leite, levando-o diretamente ao abomaso.
Na idade de 2-3 semanas o abomaso é ainda o compartimento mais desenvolvido (500 a 1.000
mL), já que o leite, nesta idade, ainda é o principal alimento, pois o filhote não possui a
microbiota necessária para digerir volumosos.
O Rúmen dos bezerros, já apresenta um desenvolvimento com capacidade em trono de 250 a
500 mL, segundo a quantidade de alimentos sólidos que estejam recebendo. Assim, é
recomendável que, a partir da segunda semana de vida, os filhotes tenham disponíveis
alimentos sólidos (feno, capim amarrado em pequenos feixes, ração concentrada
peletizada...), para estimular o desenvolvimento dos pré-estômagos, bem como o mecanismo
da ruminação.
Fonte: www.caprileite.com.br
André Mendonça, é acadêmico de Medicina Veterinária/Ufra, Treinando GAIA
Danielle Góes, é acadêmica de Medicina Veterinária/Ufra, Bolsista IC/CNPq;
Gabriel Furtado, é acadêmico de Medicina Veterinária/Ufra, Bolsista PET/SESu-MEC
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Mundo Equino
Mundo Equino
Síndrome Cólica: Compactação
Hidratação Enteral
http://www.escoladocavalo.com.br/wp-content/uploads/2012/01/CAVALO-C%C3%93LICA.jpg
O uso de forrageira e
concentrado exagerado ou
inadequado está associado
à síndromes cólicas nos
equinos
As doenças do trato gastrointestinal do cavalo que
produzem cólica são complexas e diversas. Muitas
estão relacionadas ao manejo nutricional e sanitário
do animal.
A Síndrome Cólica nos equinos, caracterizada por
manifestação de dor abdominal, é uma das
principais enfermidades que acometem a espécie
equina. Os equinos passam a ter atitudes que
indicam dor abdominal, como deitar e levantar
constantemente, se jogar no chão e rolar sem
maiores cuidados ou ter dificuldades para caminhar.
Além disso, muitos animais apresentam intensa
sudorese.
Entre todos os tipos de cólica, há aqueles que
ocorrem por compactação, em que há a formação
de uma massa compacta de alimento no lume do
trato gastrointestinal e pode ocorrer em qualquer
segmento do intestino, mas em equinos é
particularmente frequente no intestino grosso.
Para reduzir a incidência de cólica é fundamental
adaptar um manejo nutricional adequado, que inclui
frequência,
quantidade e qualidade dos
ingredientes da dieta, e cuidados regulares com a
saúde animal.
Fontes: LARANJEIRA, P. V. E. H.; ALMEIDA, F. Q. de. Síndrome cólica em equinos: ocorrência e fatores de
risco. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 28, n. 1, p. 64-78,
2008; http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=33115802010; www.racoesbolzani.com.br
5
Foto: www.equisport.pt
A hidratação enteral, administrada por sonda nasogástrica de forma contínua, em equinos
com cólica, no volume de 15mL kg-1 12-1, promove a expansão do volume plasmático,
diminui os valores plasmáticas de proteína total e do volume globular e mantem as
concentrações de sódio, potássio, cloreto e cálcio iônico dentro da faixa de normalidade
para espécie. A solução eletrolítica contendo sulfato de magnésio tem efeito na
manutenção da homeostase do magnésio plasmático. O uso da via enteral, na correção de
cólicas em casos clínicos de rotina ou por obstrução experimental promove a reposição de
eletrólitos, e por conseguinte a melhora do quadro clínico geral do animal.
Em contrapartida, o método mais utilizado, na correção do equilíbrio ácido-base é a via
intravenosa. A complicação na utilização dessa via está relacionada, em condições práticas
na clínica de equídeos, à necessidade de administração de grandes volumes de líquido
eletrolítico estéril, agregando ao tratamento um elevado custo.
Estudos recentes comprovam a eficiência da hidratação enteral, por via nasogástrica, sendo
financeiramente mais viável e de fácil administração. Deve-se ter sempre com premissa no
tratamento das cólicas em equinos que da reposição eletrolítica é de fundamental
importância para a reversão do quadro clínico do animal.
Fonte: Marcel Ferreira Bastos Avanza, José Dantas Ribeiro Filho, Marco Aurélio Ferreira Lopes, Fernanda Saules Ignácio, Thony
Assis Carvalho, José Domingos Guimarães. Hidratação enteral em equinos - solução eletrolítica associada ou não à glicose, à
maltodextrina e ao sulfato de magnésio: resultados de laboratório. Ciência Rural, vol. 39, núm. 4, julio, 2009, pp. 1126-1133,
Ana Carla Ferreira, é acadêmico de Medicina Veterinária/Ufra, Bolsista PET/SESu-MEC
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Mundo cão
Mundo cão
Zoonoses
Zoonoses
“O proprietário responsável evita
que seu animal contraia zoonoses.”
Fontes: www0.rio.rj.gov.br/ijv/zoonoses.shtm
www.zoonoses.org.br/zoonoses
Os cães, líderes disparados, foram os mais
antigos animais domesticados, estabelecendo
desde então um forte elo com os seres
humanos. No entanto, os cães podem
representar perigo às famílias se não forem
bem cuidados. Bem, isso ocorre devido às
zoonoses, ou seja doenças transmissíveis do
animal para o homem. A transmissão é
viabilizada pelo contato com secreções ou
excreções, como por meio da ingestão de
alimentos contaminados de origem animal. A
Raiva, por exemplo, é uma doença contagiosa e
letal. A vacina é a única maneira eficaz de se
prevenir a doença. O proprietário responsável
evita que seu animal contraia essa enfermidade
e a transmita a outras pessoas e animais,
vacinando-o anualmente .
Vários fatores podem desencadear o
aparecimento das zoonoses, tais como, a
grande extensão territorial do país, a pouca
oferta de serviços de saúde e poucos recursos
médicos veterinários em muitas regiões.
7
Foto: www.equisport.pt
Ações antrópicas fizeram com que o homem se incluísse no ciclo de muitas doenças. Muitos
parasitos que não causam doenças em animais, encontraram, no homem, melhores
condições de desenvolvimento, aproveitando-se das defesas imunológicas suprimidas. Ao
desmatar, por exemplo, o homem invadiu o ambiente natural de diversas zoonoses, como a
Leishmaniose. Anteriormente, a esta ação, a doença se mantinha entre os animais que
detinham o parasito e os transmissores.
Outra zoonose que acomete muitos animais é escabiose a qual é uma doença causada por
ácaros que parasitam a pele dos animais e são transmitidas ao homem. Nos cães é conhecida
como Sarna Sarcóptica. Esta enfermidade está uma relação direta com o manejo e cuidados
com animal e com as condições ambientais.
Muitos proprietários desconhecem a existência de tais doenças e, dessa forma, negligenciam
cuidados especiais, principalmente, quando se considera que vivemos em um país onde o
saneamento básico é luxo. Além disso vale salientar que o controle e combate às doenças
zoonóticas são de responsabilidade dos órgãos governamentais. É muito importante verificar
como o centro de controle de zoonoses de cada região age na tentativa de conscientizar a
população e, por conseguinte, controlar e até mesmo erradicar as zoonoses. Por isso ao
aforisma “Melhor prevenir a remediar” é uma grande verdade!
Verena Maciel da Costa, é acadêmica de Medicina Veterinária/Ufra, Bolsista PET/SESu-MEC
Joévelyn Jacqueline Santos, é acadêmica de Medicina Veterinária/Ufra Bolsista PET/Sesu-MEC
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Mundo Selvagem
Mundo Selvagem
Quando o homem atropela a natureza: uma tragédia silenciosa
Quando o homem atropela a natureza: uma tragédia silenciosa
Jeze Agner tirou essa foto quando passeou pela rodovia 163,
próximo a Cuiabá.
http://jezeagner.blogspot.com.br/2012/05/animais-mortos-nasrodovias.html
A cada minuto, 28 animais são
atropelados
nas
estradas
brasileiras. Carros, motos e
caminhões, de acordo com
estimativas
de
especialistas,
retiram a vida de 14,7 milhões de
bichos por ano (40,8 mil a cada
dia). É um massacre que, muitas
vezes, sequer é percebido pela
maioria dos motoristas. Como a
quantidade
de
rodovias
monitoradas no país é reduzida, a
estimativa é que essas estatísticas
estejam subestimadas.
Família de quatis cruzando uma estrada no Rio de Janeiro.
http://mundotransito.com.br/index.php/2013/04/30/quando-o-homem-atropela-a-natureza/
Na realidade estudos recentes conduzidos pelo Centro Brasileiro em Ecologia de Estradas
(CBEE), um órgão criado em 2011 para monitorar e orientar políticas relacionadas com a
mortalidade de fauna selvagem nas rodovias brasileiras, apontam que os números são muito
mais alarmantes, chegando a aproximadamente 450 milhões de atropelamentos anuais. Isso
significa que, a cada segundo, 15 animais são atingidos por um veículo no país. No Brasil as
vítimas são tamanduás, tatus, jacarés, capivaras, cervos e até animais raros ou em vias de
extinção, como a onça-pintada e o lobo-guará.
Nos Estados Unidos — onde o controle é bem mais rigoroso — os números são cerca de 25
vezes maiores: 365 milhões de animais mortos por ano (um milhão por dia).
Os projetos das rodovias são traçados de maneira improvisada, sem nenhuma preocupação
com a fauna silvestre. Não há cercas de proteção nem túneis para facilitar o tráfego de animais
de um lado para outro. A sinalização é precária e ninguém respeita os limites de velocidade. O
Brasil tem milhares de quilômetros de rodovias que atravessam santuários ecológicos. Em todas
elas, o atropelamento da fauna é um problema. Uma solução encontrada para esses problemas
são as chamadas pontes vivas, que são passagens que cruzam grandes rodovias com o objetivo
de oferecer uma travessia segura aos animais que vivem nas florestas e arredores. Com o
intuito de diminuir os acidentes, evitando a morte de pessoas e dos animais, foram criadas
passagens cheias de vegetação. Essas pontes possuem camadas de rocha, solo, vegetação
rasteira e até árvores médias, o tamanho e a composição varia conforme as espécies que vivem
no local e fazem a travessia. As pontes vivas também são conhecidas como ecodutos, pontes
verdes e viadutos da vida selvagem, e já são realidade em diversos países.
Foto: Pérsio Ronaldo dos Santos)
http://www.anda.jor.br/
Fontes: www.brasil.elpais.com;
www.oglobo.globo.com;
www.revelacaoonline.uniube.br
9
Henrique Piram, é acadêmico de Medicina Veterinária/Ufra, Bolsista PET/SESu-MEC
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Entrevista
Prof. Dr. Raimundo Nonato Moraes Benigno
Prof. Dr. Raimundo Nonato Moraes Benigno
Foto:
Rinaldo Viana
Entrevista
Possui graduação em Medicina Veterinária pela
Universidade Federal Rural da Amazônia (1977),
mestrado em Ciências Veterinárias pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (1987) e Doutorado
em Medicina Veterinária pela Universidade Federal
Fluminense (2011). Atualmente é professor Associado
II da Universidade Federal Rural da Amazônia e
docente do Programa de Pós-graduação em Saúde e
Produção Animal na Amazônia. Com experiência na
área de Medicina Veterinária, com ênfase em
Doenças Parasitárias de Animais, atuando em
projetos envolvendo estudos taxonômicos e
epidemiológicos de macro e microparasitos.
PETVet News: Quando o senhor estudou Medicina Veterinária o curso era recém-criado
e pouco conhecido na Amazônia, até por ser o primeiro do Norte do Brasil. Porque fez
essa escolha?
Dr. Raimundo Benigno: De família muito humilde e muito trabalhadora, desde muito
jovem aprendi o valor do trabalho e da dignidade, ajudando meu pai na sustentação
financeira da família. Ao concluir o ginasial, optei por realizar um curso técnico
profissionalizante com término em 1972. No ano seguinte, como bolsista, decidi seguir
meus estudos num curso pré-vestibular. Foi exatamente neste ano que a Faculdade de
Ciências Agrárias do Pará, hoje UFRA, abriu o primeiro concurso para Medicina Veterinária
dispondo de 30 vagas. Na minha concepção teria maiores expectativas de emprego e
assim poderia continuar ajudando minha família.
Ao retornar a UFRA (1985), reassumi a disciplina, ao lado da professora Doutora Merian Alves
Miranda. Após a aposentadoria da Professora Merian e com as ofertas dos Cursos de
graduação em Zootecnia e Engenharia de Pesca, assumi mais duas disciplinas na área de
Parasitologia. Atualmente, ao lado da Professora Dra. Fernanda Hatano.
PETVet News: Porque escolheu dedicar-se a parasitologia?
Dr. Raimundo Benigno: Primeiro considero que foi uma questão de oportunidade, pois assim
que conclui o curso (dezembro de 1977) foram abertas três vagas para docentes temporários
para as disciplinas de Parasitologia Veterinária, Farmacologia e Reprodução Animal. Assim,
com apenas dois meses de graduado, recebi o convite da direção do Curso para assumir a
disciplina de Parasitologia e confesso que de imediato aceitei o convite, pois era uma grande
oportunidade de seguir a carreira acadêmica, cuja excelência dependeria apenas das minhas
habilidades e competências.
PETVet News: Como o Senhor vê a Medicina Veterinária hoje e aquela do início de sua
formação acadêmica?
Dr. Raimundo Benigno: Como era de se esperar, o curso atualmente está mais qualificado,
pois neste espaço de tempo, inúmeras dificuldades de ordem estrutural e pessoal foram
superadas, principalmente aquelas relacionadas com o currículo e com a demanda de áreas
físicas para atender as aulas práticas de laboratório, hospitalares e de campo. É oportuno
ressaltar que com o corpo docente qualificado, a grande maioria doutores, espera-se que o
curso atinja um nível mais próximo do grau de excelência para que nossos graduandos possam
competir com mais segurança no mercado de trabalho.
PETVet News: Quais foram seus maiores acertos e as frustações, se é que elas ocorreram?
PETVet News: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória, da graduação até os dias atuais.
Dr. Raimundo Benigno: Como o curso era recém-criado, encontramos várias dificuldades
durante o processo ensino-aprendizagem. No entanto, a carreira profissional de todos os
egressos da primeira turma de medicina veterinária da Amazônia foi bem sucedida;
alguns de forma imediata, incluindo aqueles (inclusive eu) que foram convidados para
assumir temporariamente disciplinas do curso com apenas dois meses de graduado
(fevereiro de 1978). Após dois anos, todos os professores temporários foram efetivados
por meio de um concurso interno e assim garantiram suas participações no processo de
qualificação do corpo docente do curso. A minha entrada neste processo só ocorreu em
1982, quando iniciei o curso de Mestrado em Ciências Veterinárias, na área de
concentração Parasitologia Veterinária na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
11
Dr. Raimundo Benigno: Os maiores acertos estão relacionados com o meu compromisso de
professor e principalmente de educador, pois ao mesmo tempo em que imponho minhas
ideias, como centro de conhecimento (professor), realizo a mediação da relação ensinoaprendizagem (educador). Nesta transcendência da figura de professor para educador,
procuro utilizar alguns ingredientes como: humildade, discernimento, relacionamento, atitude
e, de forma especial o compromisso de “ir além do livro didático”. Sobre as frustações, eu só
destaco o fato de não poder dar continuidade as nossas atividade práticas de campo, com
visitas a propriedades rurais para que nossos acadêmicos vivenciem atividades relacionadas
com a identificação de parasitos “in loco”, coleta e processamento de amostras biológicas e as
técnicas de controle de ecto e endoparasitos, entre outras.
12
Entrevista
Congressos e eventos
Prof. Dr. Raimundo Nonato Moraes Benigno
PETVet News: O Senhor é o Decano do Curso de Medicina Veterinária da UFRA. Como se
sente em relação a isso?
Dr. Raimundo Benigno: Considerando alguns fatos que estão exarados neste documento, a
minha sensação é de que ainda posso contribuir para desenvolvimento da Medicina
Veterinária no Estado do Pará, em especial na pós-graduação, gerando conhecimentos que
atendam a missão da UFRA, através da qualificação de médicos veterinários ufranianos no
desenvolvimento técnico-científico da Amazônia.
PETVet News: Deixe uma mensagem aos jovens estudantes do Curso de Medicina
Veterinária da UFRA.
Dr. Raimundo Benigno: Pensando na melhoria do curso, gostaria que nossos jovens
estudantes, por meio do Centro Acadêmico, compartilhassem com as diretorias do ISPA e do
HOVET as implementações de ações junto à Reitoria, para que sejam criadas condições
adequadas para o desenvolvimento de atividades práticas hospitalares e de campo com
animais de produção. Paralelamente, entendo que, será necessário que o Centro Acadêmico
solicite estudos junto a Coordenadoria do Curso no sentido de liberar as atividades didáticas
de sala de aula às sextas-feiras para que sejam feitas as viagens, utilizando a logística
existente na Fazenda Escola de Igarapé-Açu.
Congressos e eventos
Caio Mendes, é acadêmico de Medicina Veterinária/Ufra, Bolsista PET/SESu-MEC
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