Fevereiro

Transcrição

Fevereiro
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Fe ve re i ro 2 0 0 8
O
PEoder
sperança
da
11
Reduzindo o Risco
de Contrair Câncer
24
Comprometidos
com a Caridade
27
Deus Criou o
Descanso
Fe ve re iro 2008
A
IGREJA
EM
AÇÃO
M A R J A
M O D I F I C A D O
F L I C K - B U I J S /
D I G I TA L M E N T E
Editorial........................ 3
ARTIGO
DE
Notícias do Mundo
3 Imagens & Notícias
Janela
7 Belarus por Dentro
Visão Mundial
8 Trabalhando Juntos
em Busca de Consenso
C A PA
O Poder da Esperança Por Adrian Bocaneanu ...... 16
Para suprir as necessidades de hoje, a mensagem
precisa ter algo de extraordinário.
DEVOCIONAL
A Incrível Dimensão do Amor
Por Lawrence G. Downing ......................................................... .12
João 3:16 é um texto bem conhecido. Não nos detenhamos,
porém, à simplicidade dessa verdade profunda.
SAÚDE
Reduzindo o Risco de
Contrair Câncer ......... 11
Por Allan R. Handysides
e Peter N. Landless
PERGUNTAS
BÍBLICAS
Libertos! ..................... 26
Por Angel Manuel Rodríguez
VIDA
ADVENTISTA
Dos Lábios de Bebês Por César Antonio González.............. 14
Aprendendo a valorizar as coisas que não têm preço.
CRENÇAS
FUNDAMENTAIS
A Criação Faz Sentido Por Graeme Loftus ......................... 20
Como a crença na criação de Deus afeta nossa
maneira de apreciá-la.
ESTUDO
BÍBLICO
Quando Deus Criou o
Descanso .................... 27
Por Mark A. Finley
INTERCÂMBIO
ESPÍRITO
DE
PROFECIA
Vivendo como o Povo da Esperança
Por Ellen G. White ...................................................................... 22
MUNDIAL
29 Cartas
30 O Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Idéias
Nosso passado, presente e futuro estão em segurança.
HERANÇA
ADVENTISTA
Comprometidos com a Caridade
O Lugar das
Pessoas ........................ 32
Por Adriel D. Chilson .................................................................. 24
Kate Lindsay abriu caminho para gerações de jovens adventistas.
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 4, nº 2, Fevereiro 2008.
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Adventist World | Fevereiro 2008
Tradução: Sonete Magalhães Costa
Church
W em
rks Ação
A Igreja
Editorial
Grandes Cidades, Grande Visão
A
singularidade da minha agenda de viagem levou-me
a três das maiores cidades do mundo nos últimos 18
dias. São Paulo, Seul e Nova Iorque são, agora, instantâneos que vêm e vão. O sentido de urgência de cada metrópole está se apagando da memória.
Além dos sabores, das cores, dos sons vibrantes de cada
uma, enquanto viajo de trem em direção à minha casa, me
lembro do tamanho e da densidade que quase entorpecem os
sentidos: as gigantes e famosas favelas de São Paulo, o amontoado das torres com dez mil apartamentos suburbanos em Seul,
os quintais impessoais de Nova Iorque.
Quem dirá a essas pessoas que o Salvador as amou e viveu
para elas? Quem trará Sua morte à vida, imprimindo em 30
milhões de mentes a necessidade de estarem bem com Deus?
Quem penetrará os condomínios fechados, os altos portões
trancados, as vizinhanças onde há ausência de muros e de
amizade, nos subúrbios onde milhões só aceitam o que vem
através das telas da televisão e do computador?
Mais do que nunca, necessitamos de imaginação
adventista. Nosso testemunho deve chegar onde nossos pés
não têm permissão para ir. Nossa obrigação de contar ao
mundo não diminui porque não podemos dizê-lo pessoalmente. Não podemos nos atrever a sacudir, de nossos pés, o
pó de nenhuma das grandes cidades até que possamos nos
ajoelhar aos pés dAquele que está para voltar.
Jesus chorou sobre Jerusalém, cidade repleta de pessoas
que Ele amava. Agora, como nunca, é tempo de os adventistas
chorarem e implorarem perante o Senhor pelas grandes cidades do nosso mundo. Devemos clamar por maior visão, por
mais imaginação para testemunharmos e para não desistirmos
quando os resultados parecem escassos e pequenos.
“Dê-me a Escócia ou morrerei”, John Knox implorava ao
Senhor, há 450 anos. Hoje, semelhante audácia deve tomar
conta daqueles que levam a presente mensagem de Deus sobre
reforma e restauração.
“Dá-me essas cidades, mesmo que morramos no processo,”
sussurram, de joelhos, os santos de Deus. Essa é uma oração e
uma promessa que Ele não pode deixar de atender.
— Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
BRASIL: Coleta de
Alimentos Bate Novo
Recorde Nacional
Mutirão de Natal recolhe cerca de
um terço de alimentos a mais do que
o esperado; pastor Paulsen agradece
aos voluntários.
■ No Brasil, uma celebração nacional
do Natal provocou lágrimas e gritos de
alegria de voluntários e celebridades
durante a programação final da iniciativa de ajuda aos necessitados, promovida
pela Igreja Adventista do Sétimo Dia.
“Hoje, conseguimos nosso alvo e
quebramos nosso recorde de 2.500 toneladas de alimentos para os necessitados,
recolhidos no ano passado. Neste ano,
coletamos 3.200 toneladas”, anunciou
Sérgio Azevedo, criador do “Mutirão
Esquerda: ELOGIO: Geraldo Alckmim,
ex-governador do estado de São Paulo, e
sua esposa, Lu, elogiou Sérgio Azevedo,
que criou do Mutirão de Natal há 14 anos. O projeto, em 2007, levantou
3.200 toneladas de alimentos para ajudar os necessitados no Brasil.
Acima: COMPAIXÃO: O presidente da Igreja Adventista mundial, pastor
Jan Paulsen, que compareceu à igreja de Botafogo, no Rio de Janeiro,
agradeceu aos voluntários e membros da igreja pela “compaixão” e
comprometimento no serviço pela comunidade. As palavras de Paulsen
foram traduzidas por Williams Costa Jr., à esquerda, diretor associado
do departamento de Comunicação da Associação Geral.
P H O T O S
R A J M U N D
D A B R O W S K I / A N N
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
de Natal,” projeto que há 14 anos reúne
milhares de voluntários em igrejas adventistas locais, em várias cidades importantes da América do Sul.
O evento foi transmitido, ao vivo,
para uma audiência internacional pelo
“Hope Channel” (TV Novo Tempo e
Nuevo Tiempo para a América do Sul)
diretamente da Igreja Adventista de Botafogo, no Rio de Janeiro.
A celebração das atividades sociais
de comunidades espalhadas pelo país
envolveu equipes de voluntários das
congregações locais, competindo em três
áreas: apresentação de uma pequena peça
de Natal, escolha de um projeto social na
comunidade local e coleta de alimentos
para a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra).
Para julgar essas três atividades, um júri
foi formado por líderes da comunidade,
representantes do governo, empresários,
artistas conhecidos, além de líderes da
igreja. Entre os jurados estava o presidente mundial da igreja, pastor Jan Paulsen.
“Estamos celebrando, hoje, um
empreendimento maravilhoso”, disse
Paulsen sobre o Mutirão de Natal. “É
um testemunho do poder do trabalho
conjunto, compartilhando a visão de
tornar melhor nossa comunidade.”
“Para nós, a maior recompensa é ver o
sorriso no rosto de famílias inteiras, especialmente das crianças que recebem esse
alimento”, disse Benivaldo Ramos, líder de
equipe na igreja adventista de Botafogo.
“Para algumas famílias, pode ser o único
alimento de qualidade a que eles têm acesso durante todo o ano. Nosso prêmio é
proporcionar-lhes um natal sem fome.”
O júri reconheceu o projeto de saúde
comunitária realizado nas favelas Babilônia e Chapéu da Mangueira, no Rio de
Janeiro. A iniciativa foi lançada e desenvolvida nos últimos meses, promovendo
nutrição e melhoria na qualidade de vida.
O Coral Jovem do Rio, com a participação de crianças da famosa favela da
Rocinha, no Rio de Janeiro, apresentou
um projeto de responsabilidade social
de crianças alcançando outras crianças.
“Essas crianças mudaram a vida da
nossa equipe”, disse um dos representantes.
As apresentações encontraram eco
nas palavras do pastor Paulsen, quando
recomendou à igreja: “Cristianismo
sem compaixão é vazio. Sem compaixão
profunda, a compaixão motivadora de
nosso Senhor, nossa religião não é nada.
O cristianismo mais efetivo é aquele
que está mais familiarizado com a vizinhança da sua rua do que com seus
amigos da igreja”, disse ele.
De cima para baixo: CORAL:
Um coral, incluindo membros do
Coral Jovem do Rio e crianças da
favela da Rocinha, apresentou-se
na celebração do dia 15 de dezembro, transmitida para todo o
mundo pela rede de TV da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, Hope
Channel. Celebridades nacionais
participaram da iniciativa brasileira da Igreja Adventista para
angariar doações de alimentos.
R A J M U N D
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Adventist World | Fevereiro 2008
D A B R O W S K I / A N N
A celebração, transmitida ao vivo,
recebeu várias declarações de ajuda, promessas de doação e apoio para o projeto.
Sérgio Azevedo, mentor do programa,
apresentou os jurados, convidando-os
a compartilhar suas impressões sobre o
evento. Geraldo Alckmin, ex-governador
do estado de São Paulo e candidato a
presidente em eleições recentes, acompanhado de sua esposa, Lu, disse que a
iniciativa adventista do sétimo dia é um
exemplo de liderança contra a pobreza
no Brasil.
Também participou o empresário
e filantropo Milton Afonso. Um contingente de estrelas do cinema, teatro,
incluindo a atriz e comediante da televisão, Helga Nemeczk, foi efusivamente
recebido pelo público. Helga não conteve as lágrimas ao dar seu testemunho
que incluiu uma canção de Natal à capela. Ela admitiu ter pertencido à Igreja
adventista quando criança e disse estar
orgulhosa de “sua” igreja por se posicionar em favor dos pobres.
O Mutirão de Natal deste ano contou
com a presença de líderes da igreja de
vários países da América do Sul, como
Peru, Argentina e Equador. Líderes da
ex-União Soviética também participaram.
“Queremos ver como podemos implantar
essa visão em nossa igreja”, disse Gullermo
E. Biaggi, tesoureiro da Igreja na região
Euro-Asiática, com sede em Moscou.
O pastor Pausen disse que seu desejo
é que a iniciativa “ganhe força de modo
a alcançar vidas em todas as partes do
mundo.”
—Rajmund Dabrowski, diretor de
comunicação da Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia.
REPÚBLICA DOMINICANA:
Adventistas Reúnem-se com
Presidente da Nação
■ Líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia reuniram-se recentemente com
o presidente da República Dominicana,
Leonel Fernández, para discutir o trabalho da Igreja na ilha e ao redor do mundo. O encontro privado, de uma hora
NOTÍCIAS DO MUNDO
O Projeto Adote uma Clínica cria parceria
entre Igrejas Adventistas e as
D A
U N I Ã O
Parceria cria expectativa de reabilitar as
instalações de tratamento de saúde na região
Elizabeth Lechleitner,
D O M I N I C A N A
de duração, no Palácio Nacional, foi o
primeiro entre líderes nacionais e uma
organização religiosa não católica romana, disseram os líderes adventistas.
Silvestre González, secretário executivo da Igreja na República Dominicana,
disse: “Tivemos a oportunidade de falar
com o presidente Fernández e mostrarlhe o trabalho da Igreja Adventista, que
consiste em educar os jovens, fortalecer
as famílias, servir à comunidade e prestar serviço médico”. Esse país tem mais
de 9 milhões de habitantes e ocupa a
metade da Ilha Espanhola. O Haiti é seu
vizinho próximo na ilha.
O presidente Fernández agradeceu
aos nove líderes da igreja pelo encontro.
“Estamos tão ocupados com nosso trabalho que, às vezes, falhamos em ver que
há grupos de valor, como o de vocês,
que podem fazer tanto pela sociedade e
em benefício de outros”, disse ele.
Cesário Acevedo, presidente da igreja
na República Dominicana, dirigiu palavras de encorajamento a Fernández e ofereceu uma oração pelo líder e seu governo.
A Igreja Adventista, com mais de
239.000 membros naquele país, opera 97
escolas de ensino fundamental e médio,
uma universidade, seis estações de rádio
e um hospital.
—Libna Stevens, Divisão Interamericana,
com Adventist News Network (ANN).
editora assistente, Adventist News Network (ANN)
A
Clínica Kukuku, centro de saúde
adventista do sétimo dia isolado nas
Ilhas Salomão, é o pioneira de uma
nova iniciativa do Departamento do Ministério de Saúde Adventista, no Sul do Pacífico.
Cinco anos atrás, a clínica, mal equipada e
com poucos funcionários, recebeu recursos
dos membros da igreja adventista de Hillview,
em Morisset, New South Wales, Austrália.
Hoje, a clínica é limpa, eficiente e contribui plenamente para o trabalho médico
evangelístico na região.
Ao contrário do que ocorre na Clínica
Kukuku, está comprovado que a maioria
das 54 clínicas de saúde administradas pela
Igreja Adventista do Sétimo Dia no sul do
Pacífico têm mais necessidade de tratamento de emergência que os próprios pacientes.
Os diretores de saúde da igreja local descobriram, durante um período de avaliação
de três meses no início de 2007, que 70%
dessas clínicas não têm equipamento médico para verificar a pressão arterial.
Com o objetivo de revitalizar esses centros médicos, os diretores de saúde adventistas estão lançando o “Adote uma Clínica”,
um programa que faz parceria entre as igrejas adventistas na Austrália e Nova Zelândia
e as clínicas da região, que vão desde cabanas na mata até edifícios modernos.
Cont inua na próx ima pág ina
D I V I S I O N
C O R T E S I A
Sul do Pacífico
PA C I F I C
F O T O :
Clínicas do
S O U T H
ENCONTRO: O presidente da República
Dominicana, Leonel Fernández Reina,
segundo da esquerda para a direita,
reúne-se com líderes da Igreja
Adventista, no Palácio Nacional, no dia
22 de novembro de 2007, para conhecer
o trabalho da Igreja no país e ao redor
do mundo. Da esquerda para a direita:
Moisés Javier, tesoureiro da igreja na
República Dominicana; Cesário Acevedo,
presidente da igreja na região e Silvestre
González, secretário executivo.
LOCAÇÃO ESSENCIAL: Departamentais de Saúde locais
dizem que a Clínica Kukuku, administrada pela igreja nas Ilhas
Salomão, é o principal centro
médico das regiões isoladas,
em parte por causa de 5 anos
de apoio da Igreja Adventista
de Hillview, em Morisset, New
South Wales, Austrália. Os
líderes da Igreja na região planejaram o projeto Adote uma
Clínica, tendo como modelo a
parceria entre a Igreja Hillview
e a Clínica Kukuku.
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
edifícios ou material adequado. Os funcionários lutam contra
os cupins, a ferrugem e, geralmente, vivem em casas em pior
estado que a própria clínica em que trabalham, observa Duffy.
Alguns dizem que os consertos e a manutenção das clínicas ficam sob a responsabilidade dos moradores da vila que
a clínica atende. Landless diz que a maioria dos indígenas da
região trabalha para o próprio sustento, e mesmo fazendo o
que pode, não conseguem manter as clínicas. Devido à pobreza e ao desemprego na região, ele diz que a auto-suficiência
das clínicas não é viável e que o projeto
Adote uma Clínica soa como um “relacionamento duradouro”.
De cima para baixo: CLÍNICA FEITA
Em Tumbolbil, localizada na região
À MÃO: Na Vila de Tumbolbil, na Nova
alta
da Nova Guiné, uma clínica consGuiné, os moradores da vila, equipatruída pelos moradores da vila, equipados apenas com machados e outras
dos apenas com machados, espera por
ferramentas de mão, construíram a
recursos para a aquisição dos móveis e
clínica que, como muitas outras na reequipamentos médicos.
gião, aguarda recursos para reformas
Com o tempo, cada igreja deverá
doar de mil a 40 mil dólares americanos
e suprimentos médicos vindos da parceria com o projeto Adote uma Clínica. para reformar uma clínica, estima Duffy.
“Isso não quer dizer que a igreja precisa
POUCOS SUPRIMENTOS: Seguindo
ser rica, mas que esteja focada na misuma avaliação de três meses, oficiais
são”, diz Landless. “Quando a igreja tira
de saúde no Sul do Pacífico determinaram que
o foco de si mesma, o senso de missão
70% das clínicas da região são tão carentes
desabrocha.”
que o pessoal da equipe não tem equipamento
Duffy também espera que os benemédico para averiguar a pressão arterial.
fícios do Adote uma Clínica se reflitam
nas congregações. “As igrejas, com muita
F O T O S : C O R T E S I A D A S O U T H PA C I F I C D I V I S I O N
facilidade, se tornam mais congregacioáreas remotas da região sul do Pacífico, depende dessas clínicas nalistas, preocupadas apenas com o que acontece dentro da
própria igreja, mas o projeto ‘Adote uma Clínica’ lhes dá uma
locais para cuidar da saúde, fazer imunizações e tratamentos
visão mais abrangente de missão.”
de emergência. Entretanto, a maioria das clínicas não tem eletricidade ou água corrente, sem falar nos suprimentos necessáAté agora, a resposta ao projeto tem sido “excelente”, diz
rios para tratar a malária e doenças aquáticas que se propagam Duffy. Ele espera que o suporte moral resultante dessas parcerias entre clínicas e igrejas acabe sendo tão valioso quanto dide forma desenfreada na região.
As vilas que não possuem um centro médico encaram mais nheiro. Duffy continua dizendo que os moradores das vilas, em
ilhas remotas, sempre se sentem isolados do mundo da igreja.
um desafio: o custo da viagem, de canoa, para chegar a uma
O Adote uma Clínica vai deixar bem claro que “eles não estão
clínica, geralmente excede o orçamento anual das famílias, diz
Trevor Oliver, membro da igreja adventista de Hillview. Ele diz esquecidos, e que fazem parte da grande família da igreja”.
Em Hillview, os membros esperam que a embarcação,
que a maioria das ilhas é muito pequena para comportar uma
de aproximadamente 17 metros de comprimento, que estão
pista de vôo, tornando a viagem por vias fluviais o único meio
transformando em clínica móvel, aumente o senso de conectide chegar a um centro médico, por mais rudimentar que seja.
“Como igreja, sempre tivemos orgulho do trabalho feito na vidade. Até dezembro, o barco vai prover cuidado médico para
as ilhas na Província Oeste das Ilhas Salomão, a leste da Nova
área de saúde, mas nem sempre conseguimos acompanhar o
crescimento da igreja no sentido de manter nossas instalações”, Guiné e ao nordeste da Austrália, onde existem apenas algumas clínicas. Oliver prevê que surgirão outras clínicas móveis,
disse Landless.
similares a essa.
A maioria dessas clínicas recebe um subsídio básico do
Duffy diz que a sede da igreja, na região do Sul do Pacífico,
governo, como remédios e o salário do pessoal, diz Jonathan
está distribuindo DVDs sobre o projeto Adote uma Clínica
Duffy, diretor do ministério da saúde adventista no sul do
Pacífico. A ajuda não é suficiente para a manutenção de
para cada igreja da área.
“O que mais me impressionou foram a perseverança e o
compromisso demonstrados pelos funcionários dessas clínicas
carentes, que não têm condições de possuir sequer um estetoscópio”, disse o Dr. Peter Landless, diretor associado do Ministério da Saúde Adventista mundial, em visita recente ao sul do
Pacífico. “Muitos, na mesma situação, teriam dito: ‘Sabe de uma
coisa? Não agüentamos mais. Vamos embora’. Mas essas pessoas
permanecem firmes, e o projeto os enche de esperança.”
Oitenta a noventa por cento da população que mora nas
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Adventist World | Fevereiro 2008
JANELA
A
V
O
K
H
C
A
Y
K
O
Comprimido entre os mares Báltico
e Negro, Belarus foi estabelecido pelos
eslavos orientais durante o sexto século.
Os eslavos orientais uniram forças com
os eslavos bálticos e escandinavos para
formar Kievan Rus. Essa comunidade
primitiva, politicamente organizada,
reinou sobre a região por cerca de 400
anos. Após a queda de Kevan Rus, Belarus
foi dividido entre vários países vizinhos,
principalmente pela Rússia e Polônia.
Por um ano, de 1918 a 1919, Belarus
foi um país independente, mas finalmente passou a fazer parte da República
Socialista da União Soviética (USSR).
Em 1945, Belarus e Rússia tornaram-se
membros das Nações Unidas. Quando o
comunismo soviético caiu em 1991, Belarus declarou-se um país independente,
tornando-se república presidencialista.
Por muito tempo, os russos viveram em
Belarus, mas foi após o fim da II Guerra
Mundial que os russos se mudaram em
massa para a região. A maioria dos russos se integrou na sociedade bielorrussa,
mas mantiveram sua língua e cultura
nacional. O russo é considerado hoje
uma das línguas oficiais de Belarus.
Essa nação faz fronteira ao leste com a
Rússia, a oeste com a Polônia, ao sul com a
Ucrânia e ao norte com Letônia e Lituânia.
M
L O
Por Hans Olson
A L
E X A N D E R
Belarus
por Dentro
A posição estratégica de Belarus entre
a Europa e a Ásia, bem como suas fronteiras com grandes planícies e difícil defesa fizeram do país um campo de batalha
comum em tempos de guerra. Segundo
algumas fontes, pelo menos um quarto
da população do país morreu na II Guerra Mundial. Hoje, o país é considerado
economicamente estável, mas ainda
depende grandemente da Rússia para
adquirir matéria-prima e óleo para produzir seu maior produto de exportação:
produtos agrícolas e manufaturados.
A catástrofe de Chernobyl, em 1986,
na vizinha Ucrânia, cobriu Belarus com
entulhos radioativos e tóxicos. Mais
de 20 anos depois, cerca de 20% dos
bielorrussos ainda vivem em áreas com
radiação acima dos níveis considerados
seguros. A catástrofe continua a afetar o
país e seu senso de moralidade. Como
resultado, o povo voltou-se para a religião como forma de conforto.
Quando o comunismo caiu, muitos
ex-membros do partido e pessoas sem
religião retornaram à fé de seus antepassados: Ortodoxa Russa ou Católica
Romana. Nessa cultura, as chamadas
religiões minoritárias lutam para ganhar
terreno. Os adventistas enfrentaram
vários tipos de opressão, incluindo in-
O
L
G
A
cêndios e ameaças contra a segurança
pessoal dos pastores.
Segundo os primeiros relatórios policiais abertos ao público, em 1990, nas
bibliotecas de São Petersburgo czarista,
em 1906 havia uma igreja adventista
em Minsk, com 14 membros e outra
em Mogilyev, com 17 membros. Mas
o primeiro grupo adventista oficial de
Belarus foi organizado em 1925, em
Zhoekino, uma vila na região de Brest.
Em cinco anos, Belarus tinha um total
de seis igrejas e 215 adventistas.
Em 1960, cerca de 550 adventistas
viviam em Belarus, mas a igreja estava
longe de ser oficialmente organizada,
o que aconteceu, finalmente, em 1990.
Hoje, a Igreja Adventista cresce vagarosamente em Belarus, com aproximadamente cinco mil membros em 83 igrejas
e grupos. A Associação de Belarus faz
parte da Divisão Euro-Asiática.
Para mais informações sobre a missão
adventista em Belarus e em qualquer
parte do mundo, visite o site www.GlobalMission.org.
BELARUS
Capital
Línguas Oficiais
População
Grupos Étnicos
Religião
Minsk
Bielorusso e Russo
9.7 milhões
Bielorusso, 81%; Russo, 11%; Polonês, 4%; desconhecidos, 4%
Ortodoxa Oriental, 80%; outras religiões majoritárias
(Católica Romana, Protestante, Judaica e Muçulmana), 20%
Membros adventistas
Adventistas por
habitantes
5.000
1 para 1.955
Fevereiro 2008 | Adventist World
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A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
em
untos
J
Trabalhando
Busca de
Consenso
Os desafios da missão ao redor do mundo, a estrutura organizacional da Igreja financiando o evangelismo na Janela 10/40 e
a postura da Igreja em relação à coabitação e convivência entre
pessoas do mesmo sexo – foram algumas das questões consideradas por 300 líderes da Igreja, de todas as partes do mundo,
que se reuniram recentemente na Associação Geral. Em conversa
com o editor da Adventist World, Bill Knott, o presidente da
Igreja Mundial, Jan Paulsen, discutiu algumas das decisões mais
importantes do Concílio de 2007 e reflete sobre o significado
desse evento anual.
Bill Knott: Pastor Paulsen, o que faz desse Concílio Anual
um evento importante para a Igreja?
Jan Paulsen: Essa é uma ocasião única na vida da nossa
Igreja global. É a época do ano em que a liderança da Igreja,
de todas as partes do mundo, de todos os países onde temos
representatividade, se reúne. Esta é uma reunião de aconselhamento, planejamento, de aceitar as declarações e decidir como
compartilhar nossos recursos. É um processo de consulta e
de procura pelo consenso. Mas a missão da Igreja nunca pára.
Por isso, trabalhamos em função de decisões com espírito de
respeito uns para com os outros e com sensibilidade para ver
como nossas ações impactarão o campo da missão.
Os membros da comissão em sua maioria são eleitos,
podendo ser líderes de igreja ou administradores de instituições dela. Existe, porém, um número de pastores de igreja
que não fazem parte desse grupo por não terem sido eleitos.
Como igreja, estamos dizendo: “Precisamos ouvir, diretamente, aqueles que nutrem as nossas congregações.” Por isso,
incluímos um número significativo de membros leigos,
vindos de todas as Divisões do mundo; queremos que sua
voz seja ouvida claramente.
Então, este não é apenas um evento “magistral”?
Não é. Não é um show. Somos muito enfáticos nos quesitos
abertura e honestidade, e com abrangência mais ampla possí-
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Adventist World | Fevereiro 2008
vel, no sentido do envolvimento da igreja na hora de fazer as
decisões.
Fiquei impressionado com o fato de que quando uma
decisão está uniformemente dividida, os membros da Comissão parecem dizer: “Se estamos divididos neste ponto,
ainda não estamos prontos para tomar essa decisão.”
Houve acordo, mesmo quando os dois lados diferiram, no
sentido de parar, repensar, reformular e ver se poderíamos
emergir com alguma coisa melhor?
Exatamente. Achei maravilhoso esse espírito. Fiquei muito
satisfeito quando um indivíduo, que tinha grande preocupação sobre a formulação de uma proposta, foi capaz de se
pronunciar e os ajustes necessários foram feitos. Um tempo
depois ele voltou ao microfone e disse: “É isso que eu amo
na minha Igreja. Podemos ser abertos, apoiamos uns aos outros e trabalhamos juntos para encontrar um meio de seguir
adiante.” Acho que isso diz alguma coisa sobre o espírito do
nosso trabalho.
As questões não são sempre fáceis. Um item discutido
Há alguns anos, decidimos mudar o horário do Concílio
Anual para sempre começarmos celebrando o sábado juntos.
E isso não é meramente uma “introdução” ao Concílio Anual.
Nosso primeiro e mais importante item na “agenda” é a adoração a Deus. Depois, no domingo de manhã, reservamos um
tempo para ver a agenda missionária da Igreja. Desde 2005,
colocamos nosso foco na iniciativa: “Diga ao Mundo”.
Gastamos tempo avaliando nosso trabalho: ouvimos relatórios e estatísticas, levando em conta os desafios. Começando
cada Concílio Anual com o culto de sábado e com o foco na
missão, construímos uma base para tudo o que está por vir. É
nossa intenção que tudo o que o Comitê Executivo faça seja
moldado e impulsionado pelo mandato espiritual da Igreja.
R A J M U N D
D A B R O W S K I
nesse Concílio Anual foi relativo a como nós, igreja, nos relacionamos com aqueles que optam por um estilo de vida
que contraria nossos valores. Para alguns, essas questões são
difíceis até mesmo de serem discutidas: a coabitação; o que
constitui um casamento; aqueles que estabelecem relacionamentos com parceiros do mesmo sexo. [Veja “Salvaguardando
a Missão em Mudança de ambientes sociais” www.adventist.
org/beliefs/other_documents/safeguarding.html
Temos que lembrar que a igreja existe no mundo; não
podemos sair dele. Encontraremos muitos pontos de vista
diferentes, muitas coisas de que talvez não gostemos. Nesse
Concílio Anual, precisávamos encontrar uma linguagem que
levasse os mesmos padrões para todas as culturas e para cada
parte da igreja mundial. Isso tudo deve ser feito de maneira
sensível à vontade de Deus e à fragilidade humana. O processo
de voto dessa declaração se tornou um exemplo típico da nossa igreja mundial, que engloba diferenças culturais enormes,
frente a uma questão delicada e achando um meio de expressar um entendimento mútuo.
E isso, de certo modo, é a igreja em seu melhor momento.
É um exemplo de deixar para trás um processo estritamente democrático e aderir ao processo que reflita a natureza da Igreja como uma entidade liderada pelo Espírito
Santo. Você pode ganhar um voto, mas ao mesmo tempo,
estragar a unidade.
Sim. Nesse Concílio Anual, estamos fazendo uma coisa que
nenhuma outra igreja faz. Quando tomamos decisões sobre
questões essenciais – sejam elas políticas, posições declaradas
ou a partilha de recursos – chegamos a um acordo como uma
família mundial. Nós oramos juntos e lemos os documentos
de autoridade maior – a Bíblia, os escritos de Ellen White –
e ouvimos ao nosso próprio coração. Assim, ficamos firmes
onde estamos como Igreja global.
Talvez, no passado, alguns tenham sentido que o Concílio
Anual tenha sido impulsionado principalmente por questões financeiras. O senhor, porém, está dizendo que essa
nova agenda reflete as nossas preocupações mais básicas, a missão, e que as finanças da Igreja têm o seu lugar
apenas para apoiar essa agenda?
Sim! Durante o Concílio Anual e as reuniões pré-Concílio,
que acontecem com a liderança dividida em grupos, constantemente perguntamos: Como temos certeza de que o
modo como usamos nossos recursos tem a Missão como
prioridade?
Esse ano ocorreu uma situação inusitada. A Igreja recebeu uma grande soma de dinheiro – fundos que foram doados especificamente para o trabalho missionário da Igreja.
Como esses recursos devem ser usados? Estamos agora no
processo de consultar uns aos outros nas diferentes divisões
da Igreja mundial, para desenvolver uma lista de atividades
missionárias essenciais. Uso a palavra “essencial” porque não
estamos pensando em “novidades”, ou seja, em algo para ser
tentado por um tempo, e que, depois, seja descontinuado.
Estamos falando sobre o que é por falta de uma expressão
melhor, o “feijão com arroz” da missão da Igreja; coisas que
fomos chamados para fazer. Temos que ser mais eficientes
para alcançar a Janela 10/40 (região geográfica que se estende
do Oeste da África, passando pelo Oriente Médio, até a Ásia).
Temos que desenvolver os recursos que nos permitirão chegar
a essas regiões onde poucas pessoas ouviram sobre Cristo.
Existem, ainda, outros lugares, fora da Janela 10/40, onde estamos deixando a desejar. Eu incluiria nessa lista as grandes
cidades do mundo, onde reside mais de 50% da população
mundial e onde a Igreja não tem presença muito forte.
Há uma expressão, usada pelo pastor Bob Lemon (tesoureiro da Associação Geral), relacionada a esses fundos:
“Eles irão impulsionar a missão da igreja por meia geração a mais.” Eu pedi para que explicasse melhor, e ele
Fevereiro 2008 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
disse: “Há alguns planos feitos por nossas comissões
que levariam, talvez, entre 7 a 10 anos para se realizarem. Agora, porém, se tornaram possíveis, em muito menos tempo.” Enquanto o senhor ouvia os líderes durante o
Concílio Anual, sentiu que há mais esperança por causa
dessa possibilidade?
Sim, com certeza, em toda parte do campo mundial. Esses
recursos serão utilizados na Missão Global da igreja, e
a missão? Que estruturas servirão melhor à igreja onde estamos?” Essa é uma mudança de paradigma muito significativa, as necessidades da igreja guiarão a estrutura.
É importante lembrar que existem dois pontos estruturais que permanecerão: de um lado, está a congregação com
base na congregação circunscrita, e do outro, a ligação com
a família da igreja global, as divisões e a Associação Geral.
A despeito de como a igreja se defina localmente, nunca se
deve esquecer que pertence a uma estrutura maior, global.
Parece que essas novas orientações permitem maior
flexibilidade às comissões para determinar o uso desses recursos. Imagino que uma das forças a dar esse
impulso é o desejo de reservar mais recursos para a
missão.
espero, nos próximos anos, avançar com o número de atividades essenciais que expandirão e aumentarão o impacto
da missão ao redor do mundo. Esses dízimos chegaram a nós
como uma expressão da fidelidade a Deus de alguém, e ao
usarmos esses recursos, demonstraremos a mesma fidelidade.
O Concílio Anual também votou, por uma maioria esmagadora, algumas recomendações que parecem ter
amplas repercussões na estrutura da Igreja. Qual é o
significado disso?
Essa é uma mudança importante em nossa maneira de
pensar. Historicamente, definimos a estrutura da Igreja de
maneira inflexível. As bases foram fixadas e tudo muito bem
definido: igreja local, associação, união, as divisões e a Associação Geral. Onde estiver, temos que entrar em um desses
“espaços pré-definidos”.
Enquanto não acabarmos com esses espaços pré-definidos, estamos dizendo para a liderança da igreja: Examine as
suas necessidades, seus recursos, sua capacidade, a missão à
sua frente e o que faz sentido dentro dos seus limites, tanto
de nacionalidade, como de língua ou cultura. Então pergunte
a si mesmo: “Qual é a melhor maneira de eu contribuir com
10
Adventist World | Fevereiro 2008
Sim, sem dúvida alguma. Os leigos de muitos países têm
dito: “Temos que aliviar o fardo de tanta estrutura administrativa. Precisamos de mais pastores. Nossos recursos não
são suficientes. O número de membros é pequeno e parece
não estar crescendo. Podemos tentar de outra maneira?”
Reunir as igrejas é uma alternativa que pode servir a igreja
muito bem nessas áreas. No Concílio Anual, confirmamos
essa alternativa e fizemos planejamentos específicos nessa
direção.
O novo princípio de flexibilidade, entretanto, vai além
disso: as divisões, agora, têm a habilidade de fazer arranjos
estruturais que atendam a outras necessidades locais. Em
áreas onde o crescimento do número de membros da igreja
é muito acelerado, como em algumas partes da America
Latina ou da África, os líderes da igreja podem desejar fazer
uma supervisão local, antes que o território esteja pronto
para encaixar-se nos espaços pré-definidos. Uma vez que a
área estiver estabelecida e madura, e exista infra-estrutura,
poderá, então, ser usada uma das categorias regulares da
estrutura.
O que a igreja está dizendo é: Considere as necessidades
da igreja – sem perder de vista a missão e a unidade da igreja –
considere sua capacidade de recursos e deixe que esse seja o
critério para a estrutura administrativa já formada.
Pergunta final: O que aconteceria com a igreja se não
existisse um Concílio Anual?
Não consigo, nem mesmo imaginar, como essa igreja poderia funcionar como uma família global, se não viéssemos
constantemente ao redor da mesa. Se isso não acontecesse,
a igreja, como uma comunidade mundial, rapidamente se
desintegraria. O Concílio Anual representa a partilha de nossos recursos, planejamento e diretrizes. É o momento, a cada
ano, onde nos reconectamos como igreja global, quando nos
comprometemos a compartilhar a visão da missão que Deus
nos confiou.
Reduzindo o
de Contrair
RCsco
âncer
■
■
Existem regras para reduzir o risco de
contrair câncer?
ua pergunta é bem atual – e a resposta
é sim. No fim do mês de outubro
de 2007, o Fundo de Pesquisas sobre o
Câncer (FPC) liberou um relatório muito
importante sobre esse assunto.* Dos que
já foram publicados, esse é o mais simples de ser compreendido, relacionando
o câncer com dieta, atividade física (exercício) e peso do corpo. Sete mil pesquisas
foram analisadas e usadas como base de
dados. O quadro formado pelo relatório
foi composto por 21 cientistas de renome internacional. Entre os observadores
oficiais do processo e avanço do relatório, estavam a UNICEF e a Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Manter o peso corporal em níveis
saudáveis é uma das coisas mais importantes para prevenir o câncer. Há evidências convincentes de que pelo menos seis
diferentes tipos de câncer estão relacionados com a gordura do corpo. Isso inclui
câncer do intestino (câncer do cólon e
reto) e o câncer de mama manifesto após
a menopausa.
A recomendação do FPC é que se
deve manter o menor peso possível dentro de uma escala saudável e evitar ganhar peso através da vida adulta. Quem
estiver acima do peso, deve providenciar
sua redução. Esse é um comprometimento para toda a vida e, muitas vezes, uma
luta! Sabemos isso por nossa própria
experiência.
A seguir, outras descobertas importantes do FPC:
■ Carnes processadas aumentam o risco
de câncer de cólon e reto.
S
■
■
■
Há fortes evidências de que a carne
vermelha causa câncer de cólon e reto.
O FPC recomenda que o consumo
de carne vermelha, por pessoa, não
ultrapasse 500 gramas (peso após
cozimento) por semana.
O aleitamento materno é fortemente
recomendado. Recomenda-se às mães
que amamentem os bebês por seis
meses. Depois desse período, devem
continuar amamentando como
parte do esquema alimentar do bebê
(complementação). O aleitamento
materno ajuda a proteger a mãe contra
o câncer de mama e, provavelmente,
protege a criança contra obesidade
mais tarde na vida.
Suplementos nutricionais não são
recomendados para prevenção
do câncer. Anteriormente, já
compartilhamos estudos que mostram
que certas substâncias, como o beta
caroteno, quando ingeridas como
suplemento, podem aumentar a
incidência de câncer.
A evidência de que o álcool causa
câncer é mais forte agora do que no
passado. Isso enfatiza mais um – entre
os já conhecidos – riscos causados pelo
álcool à saúde. Dá ainda uma diferente
perspectiva à recomendação que alguns
fazem de que se deve tomar uma taça
de vinho, ao dia, para melhorar a saúde
do coração. Ora, uma taça de vinho,
diariamente, é suficiente para causar
um crescimento significativo no câncer
de mama em mulheres, na menopausa!
O exercício e o controle de peso são
capazes de incrementar a saúde cardíaca
e proteger contra o câncer. Por que,
então, correr o risco de consumir álcool,
que vicia, e está provado ser cancerígeno
(agente causador de câncer) e afetar a
capacidade de julgamento e escolha?
Outras recomendações para a preven-
S A Ú D E
N O
M U N D O
Por Allan R. Handysides
e Peter N. Landless
ção do câncer:
■ Seja fisicamente ativo por, pelo menos,
30 minutos ao dia. Qualquer tipo de
atividade conta. Quanto mais fizer,
melhor.
■ Evite bebidas açucaradas e alimentos
processados com alto teor de açúcar e
gordura, e pobres em fibras.
■ Consuma mais vegetais, frutas, grãos
integrais e legumes.
■ Limite o consumo de alimentos salgados
e alimentos processados com sal.
■ Após o tratamento contra o câncer, os
pacientes devem seguir as regras de sua
prevenção.
■ Nunca masque, fume ou aspire tabaco.
Essas recomendações estão de acordo
com os conselhos de Ellen White, recebidos em 1863, durante uma visão sobre
saúde. Esses mesmos princípios foram
confirmados pelos Estudos da Saúde
Adventista da Universidade de Loma
Linda e que, agora, são formuladas como
guia de prevenção ao redor do mundo. É
importante notar que há variadas causas
de câncer. Medidas preventivas retardam
e modificam esses outros fatores, mas não
garantem uma vida livre de câncer enquanto vivermos neste mundo.
*www.wcrf-uk.org/research_science/recommendations.lasso
Allan R. Handysides, M.B.,
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento de
Saúde da Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C.,
diretor executivo do ICPA e
diretor associado do Ministério
da Saúde.
Fevereiro 2008 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
A Incrível
Dimensão
do
mor
A
Por Lawrence G. Downing
João 3:16. Esse é, provavelmente, o texto mais conhecido
em toda a Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê
não pereça, mas tenha a vida eterna.”
O texto a seguir é uma simples reflexão desta conhecidíssima passagem da Bíblia:
“Porque Deus Amou”
O amor que se mantém reservado faz pouco por outras
pessoas. O amor passivo pode oferecer conforto quando
está por perto, mas o verdadeiro amor, o amor que vem de
Deus, é diferente. O amor encontrado em João 3:16 é um
amor profundo, mas que vem à tona e se manifesta. É um
amor consciente e responsável. A dinâmica do amor de Deus
foi evidenciada em uma Pessoa, em horário específico, em
local determinado, para um fim específico.
“Que Deu”
Deus deu Seu Filho. “Isso é incrível!” escreveu o poeta.
É incrível que Deus quisesse dar! Não alcançamos o sentido
de se tomar a decisão de deixar os lugares celestes para compartilhar conosco a vida na Terra. Como isso aconteceu? Não
temos paralelos para comparar e compreender o que foi a
encarnação. Há apenas uma resposta: Deus é amor – ágape
em grego. Que amor poderoso!
O destino do nosso mundo depende desse amor. Quando
ele nos preenche e nos envolve, temos coragem e fé para enfrentar o amanhã e todos os amanhãs seguintes.
O amor define o caráter de Deus. Deus deu. Nós recebemos. Nesse presente há vida, agora e para todo o sempre.
“Seu Filho Unigênito”
A pessoa de Deus é um mistério: Pai, Filho e Espírito Santo! Não há palavras ou metáforas, ou frases elaboradas, ou
exercício mental capazes de tornar compreensíveis os pensamentos de Deus. O Filho unigênito de Deus, Seu único Filho –
como podemos colocar em nossa mente minúscula a noção
de que um Ser eterno tem um Filho eterno? Explique, se você
12
Adventist World | Fevereiro 2008
O texto mais conhecido da
puder. O que vem antes de para sempre? O que vem depois de
eternamente? No princípio era o Verbo (a palavra) e o Verbo
era Deus (Jo 1:1). Deus deu esse Verbo para o nosso mundo.
Nosso conhecimento e compreensão são baseados em
relacionamentos entre coisas já existentes. Uma coisa está
relacionada ou segue a outra. Sabemos que quando um
interruptor envia o circuito elétrico para uma lâmpada, o
resultado é luz. Quando apertamos o botão, já temos idéia do
que vai acontecer. Conhecemos as leis elementares que
governam tal processo. Os elétrons não são estranhos para nós.
Agora, como podemos encontrar palavras ou definições
acerca da declaração que proclama que Deus deu Seu único
Filho? Nossa lógica termina antes de seu princípio.
“Todo Aquele que nEle Crer”
Crer! Apenas crer. A raiz de crer é confiar. Assim, essa é
uma declaração de confiança. E quais são os limites da sua
confiança?
Imagine que uma pessoa na rua venha até você e diga que
ela tem no bolso um cheque de um milhão de reais, o qual
lhe foi dado, diz ele, por um estranho. Esse estranho diz que
está disposto a endossar esse valor em seu favor, não dando
nem uma razão para tal generosidade. Diz apenas que você
mais pecar.” Ou então: “Todo aquele que crer e viver o tipo
de vida que todo cristão deve viver.” Não, Jesus simplesmente
diz: “Todo aquele”. Isso significa qualquer um – qualquer um
e todos os que nEle crerem.
A graça é tão simples assim, tão acessível? Não. Não temos permissão para viver qualquer tipo de vida que nos convenha. A declaração de João 3:16 é uma afirmação de causa,
uma afirmação de processo. Somos salvos pela fé, por nossa
crença, nossa confiança em Jesus Cristo. Ponto final! Não se
pode acrescentar nada a essa afirmação. Qualquer alteração
será repelida. Precisamos aceitá-la como é: Deus amou o
mundo e Suas criaturas de tal maneira que escolheu dar Seu
Filho, de modo que qualquer pessoa que decidir acreditar
receberá a vida eterna.
Pense nessa promessa como um bônus de Deus.
or
“Não Pereça, mas Tenha a Vida Eterna”
Bíblia reúne todo esse amor.
parece uma boa pessoa; então, lhe dá o cheque devidamente
endossado. Qual seria sua reação? Você correria ao banco
para sacar o dinheiro? Um cheque de um milhão de reais
recebido de um estranho provavelmente exceda nossos limites de confiança.
Imagine, porém, que um amigo lhe dê um cheque de dez
reais, qual é o limite de confiança entre você e essa pessoa?
Seria necessário um teste de confiança para depositar esse
cheque?
O sistema de confiança do qual falamos em João 3:16 não
envolve dinheiro, obviamente. O assunto aqui é vida – a sua e
a minha. E a questão é: Qual é o limite da sua confiança? Quão
extensa é a minha confiança? Você confia, você crê que Deus
salvará Simão Pedro ou o apóstolo João? E o que falar de Moisés e Abraão? Você crê que Maria, mãe de Jesus, estará no Céu?
Se você não tem nenhuma dúvida sobre esse assunto, então
por que não? E você será incluído no reino de Deus? O texto
em questão nos convida a aceitar que Deus, em Seu amor, nos
deu Seu Filho, para que você e eu fôssemos cidadãos do Céu.
A integridade de Deus está em jogo. É um contrato, mas
sem complicação legal; pelo contrário, é uma declaração
simples e direta: “Todo aquele que nEle crer”.
Ele não diz: “Todo aquele que crer e prometer nunca
I L U S T R A Ç Ã O : J O H N S T E E L . U S A D O C O M P E R M I S S Ã O
PA C I F I C P R E S S P U B L I S H I N G A S S O C I AT I O N
D A
Temos aqui duas palavras exclusivas: perecer e vida. Não
podemos ter vida e, ao mesmo tempo, perecer.
De tudo que sabemos sobre os planos e propósitos de
Deus para Sua criação, perecer não estava no plano original.
Fomos criados com vida e tudo o que era necessário para
mantê-la. Sabemos, porém, o que deu errado. Temos a noção
de como a corrente de vida foi quebrada, mas saber exatamente como tudo isso aconteceu é algo mais complexo.
Sabemos, entretanto que, no momento em que os planos
de Deus para a raça humana se desviaram do original, no
momento em que nossos primeiros pais escolheram violar a
ordem explícita de seu Criador e seguir seu próprio caminho –
naquele momento, surgiu um novo fator: perecer tornou-se
realidade. Antes, a idéia de perecer era apenas uma opção
remota.
Separar-se da fonte de vida é perecer. Mas Deus estava
preparado, com o Cordeiro que foi morto desde a fundação
do mundo. Agora, é possível ter vida outra vez. O texto não
estende um convite. Antes, é uma coleção de declarações
descrevendo, nominalmente, o que Deus fez. Aprendemos
porque a ação foi tomada e conhecemos os resultados.
A essa ação chamamos de ‘o grande plano de salvação de
Deus!’ “Pois Deus amou [...] de tal maneira, que deu.”
Lawrence G. Downing, quando escreveu
esse artigo, servia como pastor da Igreja
Memorial Ellen White, em Los Angeles,
California. Hoje, é professor no Instituto
Internacional Adventista de Estudos
Avançados (AIIAS), nas Filipinas.
Fevereiro 2008 | Adventist World
13
V I D A
A D V E N T I S T A
I
nclinei-me em direção à janela, empurrando o passageiro
ao meu lado, num esforço para ter um vislumbre da costa
de Honduras, que se aproximava. A vista é maravilhosa
– montanhas verde-esmeralda emergem das águas caribenhas
num tom azul claro; as encostas das montanhas são cobertas
de árvores frutíferas e cortadas por rios que correm preguiçosamente entre moradias cobertas de sapé.
Uma hora mais tarde, estávamos saindo da cidade de San
Pedro Sula em direção à pequena cidade de Santa Bárbara,
na região nordeste do país. Após várias horas balançando nas
estradas através das montanhas, a bordo de um ônibus escolar,
chegamos ao El Hogar de Niños (O Lar das Crianças), mantido pelo REACH International, Inc., uma organização de ajuda
humanitária, com sede em Berrien Springs, Michigan, Estados
Unidos, cujo objetivo é ajudar crianças.
El Hogar é um lugar modesto, próximo à estrada principal
da cidade, localizado na encosta de uma colina rodeada de
montanhas. Construída como uma grande fazenda, a estrutura de blocos de concreto abriga quase 50 crianças entre 7
e 18 anos de idade. Estive lá, com outros membros da igreja
que freqüento – Igreja Adventista Hispana de Washington, em
Silver Springs, Marydand, nos Estados Unidos – para ajudar
a construir quartos adicionais e fazer outros trabalhos de
grande necessidade na manutenção das instalações. Enquanto
caminhava por uma poeirenta estrada ladeada por palmeiras,
a qual liga a estrada principal ao complexo, não tinha idéia de
como esse lugar mudaria minha vida.
El Hogar teve seu início com sete crianças, há 12 anos,
quando o diretor Nelson Rodríguez reconheceu essa tremenda
necessidade, ao retornar ao seu país natal, após seis anos nos
Estados Unidos. Ainda hoje, a cada mês, muitos bebês são
abandonados no hospital local, por mães que não têm condições de criá-los. No início, Rodríguez concentrava-se nas
necessidades imediatas das crianças: alimento, roupa e outras
necessidades básicas. Mas quando elas começaram a crescer,
ele detectou outra necessidade essencial: educação. Sem encontrar uma escola primária que se ajustasse ao orçamento,
decidiu fundar sua própria escola, logo abaixo da colina, perto
de El Hogar. A escola, agora, provê educação acessível para a
região e serve cerca de 200 estudantes.
À medida que as crianças progrediram nos estudos, uma
escola de segundo grau foi aberta em uma propriedade do governo, abandonada, localizada na redondeza. Atualmente, 150
alunos estão matriculados e a escola continua a expandir-se.
César Antonio González é o coordenador de
iniciativas para o Ministério de Voluntariado
da Divisão Norte-Americana.
14
Adventist World | Fevereiro 2008
Dos
ábios
L
eb
B
de
Por César Antonio
González
Há cerca de dois anos, a escola secundária criou um curso
de auxiliar de enfermagem. Rodríguez, enfermeiro alto padrão, especializado em anestesia, coordenou a iniciativa para
oferecer opção de carreira aos estudantes mais velhos, quando
deixarem El Hogar, o que é requerido por lei ao completarem
18 anos de idade. Em abril de 2008, haverá a primeira formatura de enfermeiros.
Rodríguez, porém, não conseguiu parar com El Hogar e
três escolas. “As pessoas nos pediam continuamente para cuidar de suas crianças por apenas dois dias, mas não tínhamos
estrutura para isso”, diz ele. Então, após conseguirem uma
licença para utilizarem outra propriedade sem uso do governo, Rodríguez fundou uma creche na cidade. Por incrível que
pareça, todos os dias, às 10h30 da manhã, as crianças começam a chegar à creche, a maioria das quais, sozinhas. A equipe
cuida delas, alimenta e ensina-lhes o alfabeto e os números. As
crianças também brincam juntas, aprendem canções e ouvem
histórias da Bíblia. No fim da tarde, voltam para casa.
Ver uma criança de 5 anos de idade vagueando sozinha
entre as colinas, é uma experiência de que não me esquecerei
tão cedo. Com uma taxa de desemprego de 40%, têm muita
sorte os pais que estão empregados, os quais estão agradecidos
por ter um lugar onde deixar seus filhos bem cuidados.
El Hogar é, ao mesmo tempo, o lugar mais feliz e mais triste
onde já estive em minha vida. Uma criança pode encontrar
refúgio por um dos três motivos seguintes: precisa ser órfã,
abandonada ou abusada. Por isso, pode-se pensar que El Hogar é um lugar triste, mas a realidade está longe disso. Há uma
energia difícil de ser descrita. A vida ali parece pura e poderosa,
desprovida de distrações e compromissos superficiais. Eu vivi
enquanto estive lá. Enquanto conversava com as crianças, era
comum ouvir sobre os tristes acontecimentos da vida que as levaram ao El Hogar: pais mortos em acidentes ou por assaltan-
Viagem missionária a
Honduras proporciona visão
mais próxima de Deus.
G R A C E
E
C É S A R
P O R
F O T O S
De cima para baixo:
LOUVANDO A DEUS: Ao
louvarem durante o culto,
tem-se a impressão de que
as crianças esquecem as
tragédias de sua vida e
cantam como se compreendessem que Deus é seu
bem mais precioso. RAZÃO PARA SACRIFÍCIO: O lar
abriga quase 50 crianças entre 7 e 18 anos de idade.
G O N Z Á L E Z
bês
tes, mães envolvidas em prostituição, incapazes de cuidar dos
filhos; crianças mais velhas, de casamentos anteriores, abandonadas após novo casamento; ou por motivos piores ainda. Mas
o bem que El Hogar está fazendo é visível em cada rosto.
Em minha primeira noite ali, encontrei Manuel, ou melhor,
ele chamou minha atenção. Eu estava sentado em uma cadeira
de balanço, ocupado com minhas coisas, quando ele chegou
e sentou-se ao meu lado, com se fôssemos velhos amigos ou
como se eu fosse uma mobília. Ele falou um pouco e saiu.
Mais tarde, soube como Manuel chegou ao El Hogar. Foi
abandonado na creche, quando bebê, muito doente, quase
morto. Érica Russell, uma voluntária americana que trabalhava no orfanato, assumiu o desafio de cuidar de Manuel, dia e
noite, até sua recuperação. Hoje, Manuel é mais desenvolvido
e precoce que a maioria das crianças; freqüentemente pode ser
visto subindo na árvore mais próxima.
Cuidar de tantas crianças e alimentá-las é um grande
desafio encarado por um pequeno, mas dedicado grupo,
liderado pelas irmãs Maria José e Maria Jesus Hernandez, da
Espanha. Cuidar de cada criança custa apenas vinte dólares
por semana.
As crianças não ficam ociosas. Há tanto trabalho a ser feito, que gastam grande parte do tempo cumprindo tarefas. Os
meninos, nas tardes quentes, trabalham no campo, onde plantam vegetais para complementar o suprimento de alimentos.
As meninas fazem a maior parte do trabalho de limpeza e de
lavanderia. As crianças ainda limpam a escola, após as aulas,
ajudam na cozinha e lavam uma pilha interminável de louças,
após cada refeição. Freqüentemente me lembro de uma garotinha cujo trabalho era puxar um carrinho de mão, cheio de
roupas molhadas, da lavanderia até a ladeira, para dependurálas no varal para secar. Ela forçava os bracinhos, mas em seu
rosto sempre havia um sorriso.
O espírito dessas crianças parece inabalável. Nas duas semanas que permaneci ali, nunca presenciei uma briga, nem
mesmo uma discussão. Faziam seu trabalho sem reclamar.
Partilhavam tudo o que tinham, e os mais fortes cuidavam dos
mais fracos.
A lembrança mais querida para mim, entretanto, é o culto
vespertino. Ouvir aquelas crianças cantarem foi um ponto alto
na minha vida espiritual. Irradiavam uma alegria raramente
vista e difícil de ser descrita. Tem-se a impressão de que esquecem toda a tragédia da vida enquanto louvam, e cantam como
se entendessem que Deus é sua posse mais preciosa. Céu e
Terra estavam próximos um do outro.
Não foi apenas um privilégio, mas um prazer dedicar-me
a essas crianças. Será que eu também sou precioso aos olhos
de Jesus e que Ele tem o mesmo sentimento em relação ao Seu
sacrifício por mim?
Para entrar em contato com El Hogar de Niños, escreva
para o diretor Nelson Rodríguez, no seguinte endereço:
[email protected]
Fevereiro 2008 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
oder
P sperança
O
E
Jesus Não é um Alarmista
A seguir está o resumo do sermão pregado pelo autor, durante o Concílio Anual
da Associação Geral, Silver Spring,
Maryland, nos Estados Unidos, em outubro de 2007. – Os Editores
Q
uando compartilhou com Seus
discípulos a mensagem profética
registrada em Mateus 24 e 25, Jesus
tinha total consciência dos trágicos
eventos que pouco tempo depois viriam sobre Ele. Também expressou Sua
preocupação pelo futuro de Sua amada
igreja em um mundo em desintegração.
Surpreendentemente, porém, Ele
parecia menosprezar esses movimentos
catastróficos e solicitou a Seus seguidores que não ficassem obcecados por
eles. Contra esse cenário desalentador,
Ele levantou Sua voz duas vezes em
tons triunfantes, quando nos dá a segurança da completa vitória do evangelho: “E será pregado este evangelho do
reino por todo o mundo” (24:14), diz
Ele; e irá produzir grande colheita ao
redor do mundo, reunida pelos anjos
“de uma a outra extremidade dos céus”
(24:30, 31).
16 Adventist World | Fevereiro 2008
Vejo certo padrão no capítulo 24
de Mateus. Jesus começa com uma advertência que expressa Sua inquietação
pela igreja. Ele fala como o Pastor de
Seu amado rebanho: “Vede que ninguém vos engane” (verso 4). Aí, Ele cita
alguns dos perigos que a igreja enfrentaria após Seu retorno para o Pai: falsos
messias, guerras e rumores de guerra,
fome e terremotos. Jesus, porém, parece
minimizar a importância desses eventos como indicadores proféticos de Seu
iminente retorno. Parece estar dizendo:
“Assim serão os eventos da história;
não são sinais do fim,” como o verso
6 é parafraseado na versão bíblica The
Message (A Mensagem).
Jesus, então, chega mais perto de
Sua igreja e fala primeiro de tempos
difíceis que virão sobre ela. O Campeão
do amor tem o coração partido ao concluir que “o amor se esfriará de quase
todos” (verso 12). Já nos versos 13 e 14
Ele faz duas predições surpreendentemente positivas a respeito da firmeza e
do evangelismo. (Retornaremos a esses
versos mais adiante.)
Um pouco mais tarde Jesus parece
recomeçar advertindo a igreja contra
falsos cristos (verso 23). Ele fala de um
da
Por Adrian Bocaneanu
tempo de tribulação sem precedente
e ainda informa que esse tempo será
abreviado (versos 21, 22). Descreve,
ainda, as circunstâncias da Sua verdadeira vinda (versos 27-30) e alcança o
clímax de Sua mensagem profética no
verso 31, como um eco do que disse
no verso 14. Nesse verso Ele disse que
o evangelho será pregado em todo o
mundo, e agora sabemos que, como resultado, teremos uma colheita mundial,
que “Seus eleitos” serão reunidos “de
uma a outra extremidade do céu”!
Que palavras estranhas e maravilhosas foram proferidas por Ele, no
Monte das Oliveiras! Rejeitado e desprezado (como Ele era) pelos líderes da
nação e, logo à Sua frente, o sofrimento
de uma morte vexatória!
“Ele enviará Seus anjos.” Eles são
dEle, pois Ele mesmo é Deus. A voz
como de trombeta no Monte Sinai era
excessivamente alta. Quanto mais alto
e mais terrível será o som da trombeta
que despertará os mortos, convocando
mortos e vivos diante do Seu trono!
Os anjos são Seus; os eleitos são
Seus. São de Cristo, comprados pelo
Seu precioso sangue, Seus, porque foram feitos “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai” (1Pe 1:2), e doados ao
a
único Filho. Eles são dEle, e ninguém
pode arrancá-los de Suas mãos. Seus
anjos irão reuni-los dos quatro cantos.
Nenhum deles se perderá, onde quer
que estejam, nos lugares mais remotos
da Terra ou deitados em tumbas há
muito esquecidas.
Os anjos irão reuni-los a todos
– tanto nas cabanas como nos palácios,
nas cidades abarrotadas da Ásia e no altiplano da América do Sul; nos centros
de aprendizado sofisticados da Europa
Ocidental e América do Norte e nas
choupanas dos refugiados de guerra.
Os anjos levarão cada um dos eleitos
de Deus a salvo para o Senhor que os
amou e morreu por eles, em quem creram e a quem amaram e confiaram até
a morte.
Predições Emocionantes
Voltemos aos versos 13 e 14. Aqui
temos, lado a lado, duas predições
gloriosas dessa mensagem de Cristo
para o fim dos tempos: uma se refere à
firmeza dos Seus seguidores e a segunda,
à universalidade da proclamação do
evangelho.
Estão juntas porque são correlatas.
Paciência inabalável e perseverante
lealdade a Cristo são necessárias para
a proclamação da mensagem do evangelho. Quem são aqueles que resistirão
a todos os ataques à sua fé e amor?
O que os torna tão inabaláveis? São
eles fortes por natureza, desafiadores
e insensíveis diante da dor física e da
angústia emocional?
Provavelmente, não! Ao contrário,
isso ocorre porque eles têm esperança,
confiaram nas promessas do Salvador e
fizeram delas o centro de sua vida.
Fico surpreso quando vejo como o
Evangelho tem progredido com o apoio
da tecnologia. Pregamos que, no fim
dos tempos, “muitos o esquadrinharão,
e o saber se multiplicará” (Dn 12:4).
E os resultados são impressionantes.
Transportes modernos por preços acessíveis, trabalhos de imigração, paz em
locais conhecidos como permanentemente problemáticos, comunicação digital e relativa prosperidade em lugares
sem história de auto-suficiência. Tudo
isso estimula jovens e velhos a irem a
todos os lugares, dos mais conhecidos
até os territórios mais inacessíveis.
gurou na Romênia. Um dia antes de
minha viagem para Washington, DC, o
líder jovem de minha igreja começou
a preparar uma viagem missionária
para a África, no ano seguinte. Saímos
de nosso isolamento e enxergamos o
mundo como nosso campo missionário. Nessa comissão, temos um membro
leigo, bastante jovem, vindo da Romênia. Ele é um estudante de odontologia e já participou de três projetos
médico-missionários nas Américas do
Sul e Central. Um grupo de 30 jovens
acabou de chegar do Quênia e, entre
eles, um casal de alunos do ensino médio e faculdade, a esposa do presidente
da união romena e toda a família do
tesoureiro.
Não consigo descrever quão feliz
me sinto quando vejo, a cada dia,
milhares de lares sendo adicionadas à
nossa lista de espectadores potenciais
Adrian Bocaneanu é
O que Deus Tem Feito
Tenho o privilégio de trabalhar
como pastor de igreja e também para
o canal de televisão que a igreja inau-
Euro-Africana.
diretor do Hope Channel
(Canal da Esperança) na
Romênia e pastor de uma
igreja local na Divisão
Fevereiro 2008 | Adventist World
17
da Speranta TV , o mais novo membro
da família Hope Channel (Canal da
Esperança). Estamos atingindo, agora,
cerca de 2 milhões de lares por cabo e
DTH*, sem mencionar a Internet. Em
cinco meses, houve 1.2 milhões de visitas ao nosso website, onde a TV pode
ser acessada ao vivo.
É inacreditável! Começamos a usar
a tecnologia de satélite há apenas alguns anos (com a Rede 96 e 98, e com
o projeto ATOS 2000, do programa
Está Escrito, em Bucareste, Romênia), e
agora, poucos anos depois, temos uma
programação romena, de 24 horas, 7
dias por semana, atingindo milhares de
lares na Europa!
Outro dia, um de nossos técnicos
estava ligando para uma empresa para
encomendar um produto. Quando
forneceu seu endereço eletrônico, o
homem perguntou: “É verdade? Você
trabalha na Speranta TV? Eu gosto
muito desse canal. Parabéns!” Acabo
de receber uma mensagem de um telespectador que, a princípio, ficou tão
zangado pelo fato de sua companhia de
18
Adventist World | Fevereiro 2008
TV a cabo ter acrescentado nosso canal
à sua programação que resolveu ligar
para lá e pedir que ele fosse retirado.
Eles não o fizeram e, agora, esse mesmo
telespectador estava escrevendo para
dizer que gosta muito de nós!
O que está acontecendo na Romênia é apenas uma pequena parte desse
trabalho em crescimento ao redor do
mundo – tudo com o mesmo propósito: o evangelho a todo mundo, o mais
rápido possível. Mais que no passado,
essa é a geração da esperança. O que
antes parecia ser uma missão impossível, está se cumprindo agora. Para tal
povo Jesus disse: “Em verdade vos digo
que não passará esta geração, sem que
tudo isto aconteça” (Lc 21:32).
Não Pelo Poder da Tecnologia
Entretanto, não obterá sucesso
quem possuir a melhor tecnologia ou
quem administrar de modo mais eficiente os recursos financeiros. O evangelho será pregado a todo mundo, disse
Jesus, por aqueles que perseverarem. E
o único modo de perseverar inabalável
é com esperança.
Por vezes, o testemunho do povo
da esperança vem de forma inesperada,
sob o disfarce de aparente fraqueza e
derrota. O impacto sobre as pessoas
é, muitas vezes, trazido à luz do dia
apenas depois de longos atrasos, como
é evidenciado pela história, a seguir,
extraída, na íntegra, do jornal romeno
de maior circulação no país.
A história, escrita por um jornalista
que nunca conheci, foi publicada no
início de 2007, num momento em que
o país debatia violentamente algumas
questões relacionadas com a liberdade
religiosa e a remoção dos ícones ortodoxos das salas de aulas romenas.
Intitulada “Perdoe-me , Beatrice!”,
a história correu como segue:
“Cerca de vinte e cinco anos atrás,
eu era um garoto da sétima série em
um bairro de trabalhadores de Bucareste. Tinha uma colega de classe chamada
Beatrice. Ela era pequena, linda e inteligente. Ela sentava na segunda carteira
da fila do meio. Era a melhor da classe.
Não falava sem permissão e vestia-se de
acordo com as normas. Em resumo, era
a criança dos sonhos, comparado ao
resto de nós, barulhentos, mal educados e rebeldes.
“Para toda a classe, Beatrice era
um mistério. Todos nós sentíamos
uma forte inveja dela. Naquela época,
era inadmissível para uma criança em
O evangelho será pregado
a todo mundo por aqueles
que perseverarem. E a única
razão para perseverar
e permanecer inabalável
é a esperança.
idade escolar perder um dia inteiro de
aulas, a cada semana. Além de perder
todas as aulas, aos sábados, Beatrice
saía antes do término das aulas na
sexta-feira. Todos nós tínhamos aulas
à tarde, e quando se aproximava o pôrdo-sol, ela reunia seus pertences e desaparecia. Era como Cinderela saindo do
baile, às pressas, antes da meia noite.
“Beatrice era filha de médicos e sua
família fazia parte da Igreja Adventista
do Sétimo Dia. Todos os sábados ela
recebia falta às aulas, sem justa causa. O
diretor da escola e outros membros da
administração freqüentemente solicitavam a presença de seus pais na escola,
onde eram acusados, humilhados e
maltratados. A própria Beatrice, em
todas as reuniões da escola, era questionada, criticada, censurada e desprezada
por causa de sua fé.
“Numa sexta-feira à tarde, tivemos uma aula de História. Quase no
fim, cinco minutos antes do recreio, a
professora sugeriu à classe que impedíssemos que Beatrice fosse embora. ‘É
hora de colocarmos um ponto final a
esse tratamento especial’, disse ela. ‘Vou
pedir que seus colegas a mantenham na
classe e vou permanecer aqui até que o
próximo professor chegue.’
“Beatrice, sem se intimidar com o
tratamento, começou silenciosamente
a recolher seus pertences. A professora
desafiou a classe a impedi-la. Alguns
dos garotos, eu inclusive, corremos
para frente da porta para mantê-la
fechada. Outros a rodearam tentando
convencê-la a desistir. Beatrice sentouse em sua carteira. Após alguns minutos ouvindo nossos insultos, ela tapou
os ouvidos, como para se proteger e
começou a chorar. As lágrimas rolavam
pela face como dois riachos em busca
da luz do dia. Ficamos chocados e sem
ação. Houve um silêncio absoluto,
como se, ao mesmo tempo, toda a classe recebesse uma visão. Todos estávamos envergonhados de nós mesmos.
“Sem dar a mínima atenção aos
protestos de nossa professora, todos
voltamos aos nossos lugares, humildes
e penitentes. Beatrice saiu com as lágrimas ainda rolando pelo seu lindo rosto.
Acima de nós, pairava apenas o ícone
permitido nas escolas durante aqueles
anos – destacando o Camarada Nicolae
Ceausescu.
“Daquele dia em diante, Beatrice não teve mais problemas quando
chegava a hora de deixar a escola.
Desenvolvemos uma misteriosa solida-
riedade. Até a ajudávamos a sair: nós
a cercávamos e saíamos com ela pelo
corredor para evitar que os professores
a vissem partir. Compartilhávamos
nossas anotações das aulas de sábado
com ela e até assoprávamos alguma
coisa nas provas, embora ela nunca
precisasse disso. Dois anos mais tarde,
ela e sua família emigraram. Desde
então, eu não soube mais nada sobre
aquela menina.
“Numa sociedade normal, se houver apenas uma escola com apenas um
estudante proveniente de família que
professa outra fé, uma atitude deve
ser tomada fora das salas de aula. Se
não for assim, muitas outras crianças
voltarão a viver a dolorosa história de
Beatrice.”
Veja, esse homem estava falando
25 anos mais tarde. Seu encontro na
escola, aos 12 ou 13 anos de idade, com
uma adolescente adventista, guardadora do sábado, mudou sua compreensão
e deu a ele, anos depois, a coragem
moral de tomar uma posição impopular. Um encontro emocional com uma
cristã fiel, que testemunhava de sua fé,
iniciou um processo que, finalmente,
produziu frutos.
Construindo Esperança
Nossa missão – nosso principal
desafio – é construir tais testemunhas
de esperança. Elas são o nosso mais
precioso bem, valem cada hora que
gastamos com elas, valem cada sermão
estusiasmado que pregamos para elas,
valem cada treinamento que preparamos para elas e valem qualquer sacrifício que façamos para instruí-las e
equipá-las. Todos os recursos da igreja
não são nada sem as pessoas com essa
esperança, preparadas para resistir até
o fim. Não é demasiado gastarmos todos os recursos da igreja para construir
pessoas com tal esperança.
Elas constituem o mais precioso segredo guardado no exército do Senhor –
inabaláveis, imbatíveis, irresistíveis e
insubstituíveis. Pessoas de esperança!
Fazemos parte desse grupo?
*Direto aos Lares, também conhecido como DBS –
Direct Broadcast Satellite.
Fevereiro 2008 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
riação
C Faz Sentido
NÚMERO 6
Por Graeme Loftus
A
*
A
pós a formatura no Colégio
de Cristo, Cambridge, onde se
preparou para ser um ministro, Charles Darwin, em 1831, zarpou,
como passageiro, a bordo do H.M.S.
Beagle, para uma direção que impactaria o mundo.
Sua viagem de cinco anos levou-o
à costa ocidental da América do Sul,
onde observou várias espécies de animais exóticos e desconhecidos. Um par
de criaturas, em particular, os tentilhões de Galápagos, chamou a atenção
de Darwin. Ele estudou os animais, coletou amostras e observou que tinham
bicos de vários tamanhos e formatos. A
observação dessas variações foi a inspiração para o desenvolvimento da sua
teoria das origens.
Darwin voltou à Inglaterra em 1836
e, em 1842, começou a rascunhar seu
livro: A Origem das Espécies pela Seleção
Natural, ou a Preservação das Raças
A Criação
Favorecidas na Luta pela Vida (conhecido simplesmente como A Origem das
Espécies), publicado em 1859.
Logo após a publicação de seu livro,
Darwin correspondeu-se, por longo período, com seu colega, Asa Gray, falando sobre suas dúvidas e perplexidades
em relação ao resultado final da evolução: “Tenho consciência de que estou
em uma confusão absolutamente desesperada”, ele confessa. “Não consigo
pensar que o mundo, como o vemos, é
o resultado do acaso, e, no entanto,
não posso olhar para cada coisa, em
separado, como resultado de uma concepção.” (www.darwinproject.ac.uk/
darwinletters/calendar/entry-2998.html)
A confusão de Darwin surgiu quando tentou conectar tudo o que observou nas maravilhas do mundo natural
com a desarmonia existente paralelamente a essa beleza. Ao observar toda
força destrutiva, escolheu rejeitar a
Deus é o Criador de todas as coisas e revelou, nas Escrituras, a autêntica importância
da Sua atividade criadora. Em seis dias fez
o Senhor “os céus e a terra” e todas as
coisas que nela vivem, e descansou no sétimo dia dessa primeira semana. Assim, Ele
estabeleceu o sábado como memorial perpétuo ao completar Sua obra criativa. O
primeiro homem e a primeira mulher foram feitos à imagem de Deus como coração da
criação, e foi dado a eles o domínio sobre o mundo e a responsabilidade de cuidar dele.
Quando o mundo foi concluído, “eis que era muito bom”, e declarava a glória de Deus.
(Gn 1; 2; Êx 20:8-11; Sl 19:1-6; 33:6, 9; 104; Hb 11:3.)
20
Adventist World | Fevereiro 2008
Deus em lugar de investigar, na Bíblia,
uma interpretação para aquelas distorções no mundo criado.
Cada um de nós enfrenta esse mesmo dilema enquanto lutamos para
compreender as origens. Não podemos
evitar perguntas como: “De onde vim?”
“Como cheguei até aqui?” e, “Como dar
sentido à minha existência?”
Finalmente, Darwin adotou a teoria
ateísta das origens. Em outras palavras,
ele eliminou Deus do cenário. Como
nenhum de nós estava lá para testemunhar pessoalmente como tudo começou, temos que examinar as evidências
disponíveis e decidir por nós mesmos.
Hipóteses da Evolução
A evolução baseia-se em determinados pressupostos, delineados, como a
seguir, pelo Dr. G. A. Kerkut, da Universidade de Southampton, na Inglaterra (Implicações da Evolução [Pergamon, 1960):
■ Nenhum elemento sem vida deu
origem à matéria viva.
■ Essa geração espontânea ocorreu
apenas uma vez.
■ Vírus, bactérias, plantas e animais
estão todos interligados.
■ Os organismos unicelulares deram
origem a organismos multicelulares.
■ Todos os organismos invertebrados
estão relacionados.
■ Todos os organismos invertebrados
deram origem aos vertebrados.
■ Os peixes deram origem aos anfíbios,
que deram origem aos répteis, que
a seguir originaram os pássaros e
finalmente os mamíferos.
Deixo os leitores tirarem suas próprias conclusões sobre a probabilidade
de essas hipóteses terem, realmente,
ocorrido. A Bíblia, no entanto, dá-nos
fortes evidências que nos ajudam a
tirar outras conclusões a respeito de
nossas origens.
O apóstolo Paulo diz, com razão,
que todos os seres humanos conhecem
algo de Deus pela natureza, mesmo
quando não têm conhecimento das
Escrituras: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o Seu eterno poder,
como também a Sua própria divindade,
claramente se reconhecem, desde o
princípio do mundo, sendo percebidos
por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Rm 1:20).
Podemos não conhecer tudo a respeito de Deus por meio do estudo da
natureza, diz Paulo, mas há duas coisas
que podemos descobrir sobre Suas qualidades invisíveis. A primeira é que Ele
é eternamente poderoso e a outra, Ele é
divino. Darwin pode não ter escolhido
associar o poder que rege a sua “seleção
natural” com o Deus da Bíblia, mas ele
ainda a descreve como eterna, em termos equivalentes e divinos em sua essência. Em certo sentido, Sua divindade
foi ignorada.
A Bíblia declara, sem desculpas, a
verdadeira natureza do Deus “desconhecido”: “O Deus que fez o mundo
e tudo o que nele existe, sendo Ele
Senhor do Céu e da Terra [...] Pois Ele
mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais, de um só fez toda a
raça humana para habitar sobre toda
a face da Terra [...] ‘Pois nEle vivemos,
e nos movemos, e existimos,’ [...] Porquanto estabeleceu um dia em que há
de julgar o mundo com justiça, por
meio de um Varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-O
dentre os mortos” (At 17:24-31).
Poder Criativo em Jesus
A questão das origens é decidida
pelo fato de aceitarmos ou não a ressurreição de Jesus e Sua reivindicação
de ser o Criador de tudo o que existe e,
como tal, nosso Senhor (veja Jo 1:13,
14). Quando, no evangelho de João,
Jesus é chamado de “Palavra”, que
nunca teve um princípio, o Único, que
é tanto Deus como o Pai e que criou
tudo o que existe, temos que decidir se
essa é uma afirmação autêntica ou um
delírio.
A história da criação, no Gênesis,
descreve a Palavra chamando as coisas
à existência com a repetição de: “E disse Deus...” afirmando que tudo o que
existe não existia e, de repente, passou
a existir.
que refletisse a destruição que confundiu Darwin. Todos os animais, todas as
plantas e todos os aspectos do planeta
recém-criado refletiam a glória de Deus e
Seu benevolente propósito para com Suas
criaturas. Somente depois de a humanidade ter rejeitado a palavra do doador da
vida, Jesus, seu Criador, foi que apareceram os cardos sobre a terra e tudo o mais
foi amaldiçoado (veja Gn 3:1-16).
Essa compreensão nos ajuda a concluir que faz sentido o estado atual da
Terra e tudo que há nela. Mas esse mesmo Senhor criativo, que originalmente
falou ao mundo e tudo se fez, diz: “Pois
eis que Eu crio novos céus e nova terra”
(Is 65:17).
“Não
consigo pensar
que o mundo, como vemos,
é resultado do acaso”
—Charles Darwin
Há uma qualidade intangível na
natureza das palavras ditas por Cristo
que, intrinsecamente, trouxe vida. Na
presença de um homem que estivera
morto por quatro dias e cujo corpo
estava em decomposição, Jesus chamou
com alta voz: “ ‘Lázaro, vem para fora!’
[e] Saiu aquele que estivera morto”
(Jo 11:43 e 44). Alguém disse que, se
Jesus não tivesse limitado Sua ordem a
Lázaro, todos os mortos nas sepulturas
teriam ressuscitado com Suas palavras.
Até lá, escreve o apóstolo Paulo, “a
ardente expectativa da criação aguarda
a revelação dos filhos de Deus.” Toda a
criação geme, diz ele, “e está com dores
de parto até agora”, aguardando “a
nossa adoção, a saber, a redenção do
nosso corpo” (Rm 8:19-23).
Jesus é tão bom quanto Sua
palavra.
*Este artigo é uma versão resumida (e ligeiramente
editada) do original publicado na revista The Signs of
the Times (Austrália), em setembro de 2005. Usado
com permissão.
O que Darwin Viu Não foi
Sempre Assim
Até mesmo uma leitura casual do
relato de Gênesis sobre a criação revela
o coração de Deus em relação às Suas
criaturas e à criação: “Viu Deus tudo
quanto fizera, e eis que era muito bom”
(Gn 1:31). Não havia nada na criação
Graeme Loftus é pastor
adventista do sétimo dia
aposentado e mora em
Charlestown, New South
Wales, Austrália.
Fevereiro 2008 | Adventist World
21
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
Cristo disse a Seus seguidores: “Vós
sois a luz do mundo.” Que assim brilhe a
sua luz, clara, em raios constantes. Não
se envolva em nuvem de escuridão. Não
suspeite dos outros. Represente o caráter
de Cristo com boas obras. Quando for
tentado a ceder ao desânimo, olhe para
Jesus e fale com Ele. Seu irmão mais
velho nunca cometeu um engano. Ele
julgará com justiça e o guiará pelo caminho certo.
Deus não Se agrada de ver Seus filhos
envoltos em sombras e tristezas. Seu
braço é poderoso para salvar a todos os
que se lançarem sobre Ele. Deseja que
sejamos alegres, mas não levianos. Ele
diz a cada um de nós: “Segundo é santo
Aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso
procedimento.” É o desejo de Deus que
sejamos felizes e deseja colocar em nossos
lábios um novo canto de louvor a nosso
Deus. Quer que tenhamos em nosso coração uma melodia para Ele.
A esperança é colocada diante de
nós. E que esperança é essa? A esperança de vida eterna. O Redentor não
Se satisfará com nada menos, e a nossa
parte é, pela fé nEle, mantermos viva
a esperança. Se participarmos com Ele
de Seus sofrimentos, seremos participantes com Ele da glória que Lhe será
concedida; com Seus méritos comprou
perdão e imortalidade para cada alma
que perece no pecado. Essa esperança é
âncora segura e firme para a alma. Nossa
confiança na esperança, adquirida em
nosso favor pela expiação e intercessão
de Cristo, é o que nos mantém firmes
e inabaláveis em cada momento do
conflito. Com tal esperança diante de
nós, daremos nós a Satanás a chance de
lançar sombras sobre nosso caminho e
assim eclipsar nossa visão do futuro?
Cristo valoriza o ser humano com
um valor muito além do que qualquer
ser humano possa computar. Encorajemos, porém, a fé. Tiremos os olhos
Vivendo como
oPovo da
Nossa esperança de vida eterna está
centrada em Cristo. Sobre isso, Paulo
declara: “Deus, quando quis mostrar
mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do Seu propósito,
Se interpôs com juramento, para que,
mediante duas coisas imutáveis, nas
quais é impossível que Deus minta, forte
alento tenhamos, nós que já corremos
para o refúgio, a fim de lançar mão da
esperança proposta; a qual temos por
âncora da alma, segura e firme e que
penetra além do véu, onde Jesus, como
precursor, entrou por nós.” (Hb 6:17-20)
22
Adventist World | Fevereiro 2008
de nós mesmos. A fé e a esperança não
devem estar centradas no eu. Devem
penetrar além do véu, onde devemos
entrar. Devem falar do bendito e glorioso aparecimento de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. Somos expostos
a grande perigo moral e, se confiarmos
em nós mesmos, perdendo a visão do
alto, naufragaremos na fé. A esperança,
ao penetrar através do véu, é âncora segura e firme para a alma. Assim, a alma
agitada se torna ancorada em Cristo.
Em meio ao mar de tentações, não será
lançada contra as rochas ou afogada no
redemoinho. Seu barco atravessará a
tempestade.
É desejo do Senhor que as almas,
ao serem tentadas, permaneçam firmes
e inabaláveis, sempre abundantes no
serviço do Senhor. Cristo disse a Pedro,
enquanto este afundava no mar: “Por
que duvidaste?” Freqüentemente, à semelhança de Pedro, desonramos a Deus
com nossa falta de fé.
Para permanecermos firmes, o infinito poder está à nossa disposição. Olhando para Jesus, é nosso privilégio dizer
corajosa, mas humildemente: O Senhor
é meu ajudador; minha força não será
abalada. Minha vida está ligada à vida
de Cristo. Porque Ele vive, também
tenho vida.
Feche a porta da descrença em seu
coração e deixe-a aberta para o Convidado divino. Ponha de lado toda ansiedade
e lamentação, pois são armadilhas do
inimigo. Façamos uma promessa perante Deus e diante dos anjos celestes de
Esp
Por Ellen G. White
que não iremos desonrar nosso Criador
compartilhando trevas e descrença ao
pronunciarmos palavras de desencorajamento e dúvida. Que toda palavra,
cada linha escrita esteja cheia de encorajamento e fé resoluta. Se vivermos a
fé, falaremos sobre ela. Não pense que
Jesus é o Salvador apenas de seu irmão.
Ele é seu Salvador pessoal. Se nutrir esse
precioso pensamento, irá dissipar as nuvens do desânimo e da melancolia e fará,
em sua alma, uma melodia para Deus. É
seu privilégio triunfar em Deus. É nosso
privilégio levar outros a compreender
C A M P B E L L
que sua única esperança está em Deus e
correr para o Seu refúgio.
“Ora, tendo Cristo sofrido na carne,
armai-vos também vós do mesmo pensamento.” Que sua alma permaneça em
Deus. Somos salvos pela fé em Cristo.
Dia a dia, essa verdade se torna uma infinita fonte de conforto para aqueles que a
compreendem.
Cada ato de consagração a Deus nos
traz alegria, pois, ao apreciarmos a luz
que Ele nos concede, mais e maior luz
virá. Devemos eliminar o espírito de
lamentação e abrir o coração para os
raios brilhantes do Sol da justiça. Há
paz na submissão perfeita. A paz segue
a graça. Elas trabalham em perfeita
harmonia e são multiplicadas. Quando
a mão da fé segura a mão de Cristo,
a expressão do coração é: “Bendito o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que, segundo a Sua muita
misericórdia, nos regenerou para uma
viva esperança, mediante a ressurreição
de Jesus Cristo dentre os mortos, para
uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos Céus
para vós outros que sois guardados
pelo poder de Deus, mediante a fé, para
a salvação preparada para revelar-se no
B L A K E
perança
último tempo. Nisso exultais, embora,
no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado
o valor da vossa fé, muito mais preciosa
do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória
e honra na revelação de Jesus Cristo
a quem, não havendo visto, amais; no
qual, não vendo agora, mas crendo,
exultais com alegria indizível e cheia de
glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.” (1Pd 1:3-9).
Abra a janela de sua alma em direção
ao Céu e deixe entrar os raios do Sol da
justiça. Não reclame. Não olhe para o
lado escuro. Deixe a paz de Deus reinar
em sua alma. Assim, receberá força para
suportar todo tipo de sofrimento e se
regozijará por ter a graça para suportar.
Louve ao Senhor; fale de Sua bondade;
compartilhe o Seu poder. Suavize a
atmosfera que circunda sua alma. Não
desonre a Deus com palavras de lamen-
Nossa certeza de
vida eterna está
centrada em Jesus.
tação. Louve-O com seu coração, em sua
alma e com sua voz. Olhe para o lado
brilhante da vida. Louve Aquele que é
a saúde do seu semblante e que é seu
Deus.
Este artigo, escrito quando Ellen G. White
exercia seu ministério na Austrália, foi
editado pela primeira vez na Bible Echo (O
Eco da Bíblia), em 24 de setembro de 1900.
Os Adventistas do Sétimo Dia crêem que
Ellen G. White exerceu o dom profético
bíblico por mais de 70 anos de ministério
público.
Fevereiro 2008 | Adventist World
23
H E R A N Ç A
A D V E N T I S T A
“Thomas! Os cachorros estão latindo! Olhe um lobo! Ai,
o meu bebê!”gritou Katherine. Agarrando um forcado (garfo
de lavoura), Thomas seguiu sua esposa para onde sua filhinha
dormia.
Naquela manhã, os pais haviam embrulhado a pequena
Katie, colocaram-na deitada na grama e ordenaram aos seus
dois cães, fiéis, para manterem guarda, enquanto trabalhavam,
a uma pequena distância, empilhando feno. Uma enorme
cabeça de lobo emergiu da floresta para desafiar os cães, que o
detiveram.
“Obrigada, meu Deus! Ela poderia ter sido devorada!”
regozijava-se a mãe.
Os Lindsays haviam recém-emigrado da Escócia para
explorar uma floresta, na região central de Wisconsin, perto
do Lago Mendota. Eles construíram uma sólida cabana de
proteção contra lobos, ursos e o intenso inverno de Wisconsin.
Enquanto Katie crescia, ela não apenas cuidava dos seus sete
irmãos e irmãs mais novos, como ainda ajudava nos trabalhos
da fazenda.
Desde que aprendeu a ler, desenvolveu um insaciável gosto
pelos livros. Freqüentar uma pequena escola significava uma
caminhada de mais de seis quilômetros através da floresta
com seus ruídos lúgubres. Mas os livros e a escola eram sua
vida. Sua escrivaninha havia sido feita de um tronco partido
ao meio, com o lado mais liso para cima. Seu lápis era uma
longa vara pontuda e sua primeira lousa, o terreno nivelado
em frente à escola.
Após ler um livro sobre Florence Nightingale, ela começou
a pensar em enfermagem como profissão. “A Senhora da Lâmpada,” como era conhecida, havia gastado intermináveis horas
cuidando compassivamente dos soldados feridos na guerra da
Criméia. Katie lembrava-se da morte de quatro de seus irmãos
mais novos, acometidos de enfermidades infantis. Se tão somente soubesse o que fazer para salvá-los!
Em novembro de 1859, o Pastor Isaac Sanborn escolheu
Hundred Mile Grove, ao nordeste de Madison, para realizar
sua próxima série de conferências. O trem onde viajava foi
bloqueado por uma tempestade de neve. Ele simplesmente
tomou sua bagagem e caminhou pela neve profunda, perguntando pelo endereço da escola para, em seguida, anunciar as
reuniões à noite. Entre seu público estava a família Lindsay e
seus vizinhos, os Rankins, com suas oito filhas de cabelo
vermelho. Katie e sua família aceitaram os ensinamentos
adventistas, fundamentados na Bíblia.
Quando um lugar para as reuniões se tornou necessário,
Thomas Lindsay ofereceu meio acre de terra e seu vizinho Alexander Rankin fez o mesmo. Logo, surgiu uma igreja na divisa
das duas propriedades. Ela se tornou conhecida como a igreja
das Cem Milhas e permaneceu ali por cerca de um século.
Um dia Katie entrou na cozinha, agitando com entusiasmo
o mais recente jornal da igreja: Revista do Segundo Advento e
O Arauto do Sábado. “Veja! Aqui diz que em Battle Creek foi
aberto um pequeno hospital chamado Instituto da Reforma
da Saúde do Oeste. É para lá que devo ir para aprender como
24
Adventist World | Fevereiro 2008
Comprometidos
com a
Caridade
A primeira médica
adventista nos ensina uma
lição de determinação.
Por
Adriel D. Chilson
C E N T R O
L I N D S AY F O R N E C I D A S P E LO
U N I V E R S I D A D E A N D R E W S
I M A G E N S D E K AT E
D E P E S Q U I S A S D A
ajudar pessoas doentes. Eu realmente gostaria de fazer esse
tipo de trabalho. Poderia tornar-me uma enfermeira e, quem
sabe, até uma médica!”
Katie era determinada e encontraria um meio de ir para
Battle Creek de qualquer modo. Seu desejo de ajudar os
doentes não poderia ser abafado. Alguns meses depois, Katie
Lindsay deixou a casa em direção ao Instituto de Reforma
da Saúde.
Tirar o pó, esfregar, passar pano no chão foram seus primeiros trabalhos e não eram nem um pouco interessantes,
mas ela estava onde queria estar. Ali, na atmosfera hospitalar,
estavam alguns pacientes com quem poderia compartilhar
compaixão e um professor-doutor, de quem poderia aprender muito. Estranhamente, ela não conseguia encontrar uma
enfermeira formada. Decidiu, então, que um dia seria uma
enfermeira e continuaria estudando.
Katie tinha ouvido sobre o número crescente de institutos
de “curas pela água”, onde os pacientes eram grandemente
beneficiados pelo tratamento com hidroterapia em lugar de
envenenar-se com as costumeiras drogas. Um dos mais preeminentes era dirigido pelo Dr. Thatcher Trail, em Florence
Heighs, Nova Jérsei. Assim que conseguiu economizar alguns
dólares, ela partiu em busca de um curso de enfermagem de
dois anos no hospital do Dr. Trail.
Retornando a Battle Creek, no outono de 1869, trabalhou
fervorosamente como enfermeira, mas nunca perdeu de vista
seu alvo de estudar medicina. Quando o Centro Médico Universitário, em Ann Arbor, abriu as portas para estudantes
do sexo feminino, Katie matriculou-se para estudar medicina.
Não foi sem reservas que permitiram estudantes do sexo
feminino em Ann Arbor, logo rotulada de: “A experiência duvidosa”. As alunas universitárias eram vistas com curiosidade
pelos cidadãos dessa pequena cidade. Eram discriminadas,
ridicularizadas e vaiadas. As pensões hesitavam em admiti-las.
Nas ruas, Katie e suas colegas eram alertadas para as muitas
observações propositadamente destinadas aos seus ouvidos:
“A mente feminina não consegue compreender assuntos
profissionais.” “Sob pressão vão perder a saúde.” “Isso é pura
loucura.” “A instituição será arruinada, pois a força da opinião
pública, em breve, anulará a permissão.”
Finalmente, em 1875, o dia glorioso chegou e Katie recebeu seu diploma em Medicina pela Universidade de Michigan.
Ela retornou ao instituto de Battle Creek (agora denominado
Sanatório Médico e Cirúrgico de Battle Creek) como médica
em tempo integral da equipe chefiada pelo Dr. J. H. Kellogg.
A doutora Lindsay foi nomeada chefe do Departamento
de Obstetrícia e Pediatria. Enquanto trabalhava ali, sacrificou
o conforto de um lar, dormindo em um quarto ao lado do
escritório, para estar disponível para chamadas noturnas. Ela
raramente usava o elevador porque considerava mais saudável
subir as escadas. Enfatizava com veemência o uso de remédios
naturais. Era grande advogada do ar fresco e janelas abertas à
noite, assim como de grandes quantidades de água tanto para
beber como para banhar-se.
Através de seus persistentes esforços, foi inaugurada uma
escola de enfermagem. Os livros de texto eram panfletos compilados de suas extensivas anotações. Considerava a pontualidade uma virtude e esperava que todo aluno também fosse
pontual. Com freqüência, era vista entre as aulas carregando
um grande despertador em uma mão e um caderno de chamadas, na outra...
A filosofia de enfermagem da doutora Lindsay foi expressa
em seu discurso de formatura, em novembro de 1891:
“É lamentável que o mundo não tenha reconhecido mais
cedo que esse trabalho exige cuidadoso estudo e preparo. Assim como foi ensinado que, por intuição, a mulher sabe o que
é necessário para a função de mãe, chegou-se à conclusão de
que uma mulher, por intuição, pode ser enfermeira. Apenas
recentemente foi descoberto que a profissão de enfermagem
exige educação e minucioso cuidado, de maneira que a mente
mais culta pode encontrar nela o exercício de todas as
faculdades.
“O enfermeiro deveria lembrar-se de que cada quarto com
doentes é um campo para esforço missionário. A consolação
da religião nunca é tão preciosa como quando alguém está doente, sofrendo, e quando, talvez, vai perdendo as coisas dessa
vida. Ninguém mais está tão intimamente aliado ao sofredor
que o enfermeiro. O ministro e o médico podem fazer visitas
periódicas, mas não podem manter um relacionamento tão
próximo e confidencial como o de enfermeiro/paciente.
“Lembre-se, cada um de vocês, de que seu trabalho missionário é fazer o bem para os seus companheiros, curar os
doentes e aliviar o sofrimento. Dessa maneira, estará seguindo,
diretamente, os passos do Mestre.”*
Em 1895, a doutora Lindsay aceitou um chamado para
ajudar a equipe médica e de enfermagem no Sanatório Claremont, na África do Sul. Seu conhecimento e habilidades
foram logo reconhecidos pelos melhores médicos da Cidade
do Cabo, que freqüentemente a consultavam. Quando retornou aos Estados Unidos, quatro anos mais tarde, trabalhou na
equipe do Sanatório Colorado, em Boulder.
A doutora Lindsay descansou no Senhor em março
de 1923, no coração das Montanhas Rochosas, que tanto
amava.
*Kathryn Jensen Nelson, Katie Lindsay, M.D., pp. 111, 112.
Este artigo foi adaptado do livro, They Had
a World to Win (Eles Tinham o Mundo Para
Conquistar, por Adriel D. Chilson (copyright
© 2001 pela Review and Herald Publishing
Association. Usado com permissão). O
autor, descendente de Ellen e Tiago White,
foi, por mais de 50 anos, pastor adventista e evangelista.
Para mais informações sobre esse livro e outros artigos que
relatam a história dos pioneiros adventistas, visite a página
www.reviewandherald.com.
Fevereiro 2008 | Adventist World
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P E R G U N TA S B Í B L I C A S
P E R G U N T A : Não consigo encontrar uma passagem
bíblica afirmando que Cristo sofreu pelos nossos pecados.
Como dar base bíblica a essa afirmação?
E
Antigo Testamento, compreendemos que esse texto significa
que Cristo assumiu total responsabilidade e penalidade de
nossos pecados para que fôssemos libertos de ambos.
2. Ele foi feito pecado: De acordo com Paulo, em 2 Coríntios 5:21, Deus “O fez pecado por nós; para que, nEle,
fôssemos feitos justiça de Deus.” A primeira coisa a ser considerada é que Cristo Se tornou pecado vicariamente por nós;
o que significa que mesmo sendo Ele inocente não conhecia
o pecado e não merecia morrer – foi feito pecado por nós.
Segundo, na Bíblia a palavra usada para pecado não apenas
indica o pecado cometido,
mas também as conseqüências, ou penalidades que
resultam do pecado. Após
Caim ter matado Abel, o
Senhor lhe deu a penalidade
por seu pecado e Caim exclamou: “É tamanho o meu
castigo, que já não posso
suportá-lo” (ver Gn 4:13).
De modo que, quando é dito
que Cristo Se tornou pecado
por nós, a ênfase não é tanto
nos atos pecaminosos, mas
na culpa, a conseqüência, a
punição pelos nossos pecados. Essa idéia é ainda mais
clara se traduzirmos a frase
“O fez pecado” como “O
fez oferta pelo pecado”. No
Antigo Testamento, a oferta
pelo pecado carregava o
pecado dos israelitas e morria no lugar do pecador, recebia a
penalidade pelo pecado.
3. Tornou-Se maldição: Paulo escreveu: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-Se Ele próprio maldição
em nosso lugar”(Gl 3:13). Essa passagem contém algumas
idéias que necessitam de um breve comentário: Primeiro, a
violação da lei traz com ela uma penalidade específica, denominada aqui, como “maldição”. Segundo, é considerada uma
reivindicação válida que necessitava de negociação. Os seres
humanos precisavam ser libertados dessa maldição. Terceiro,
o requisito legal da lei foi cumprido por Jesus, que tomou
sobre Si a maldição, o resultado, a penalidade pela nossa
violação da lei, e assim, nos redimiu. Nosso castigo, como
pecadores, caiu sobre Cristo, nosso substituto.
Espero que esta explicação seja útil para sua experiência
cristã.
sta pergunta e muitas outras de natureza similar relacionadas à obra de Cristo por nós, sugerem que o significado da morte de Cristo continua sendo um ponto
importante de discussão na igreja e que, em alguns casos,
pode causar divisão. Para responder detalhadamente à sua
pergunta, seria necessário um cuidadoso estudo da
natureza do pecado, suas
conseqüências e examinar
como Cristo lidou com o
problema do pecado. Assim, discutirei apenas as três
principais idéias que apóiam
a afirmação de que Jesus sofreu a penalidade dos nossos
pecados.
Por
1. Ele levou os nossos
Angel Manuel
pecados: A frase “levou os
Rodríguez
pecados” é importante no
Antigo Testamento, especialmente nos textos sobre
os serviços do santuário.
Por exemplo: quem amaldiçoar a Deus “levará sobre
si o seu pecado” (Lv 24:15);
quem testemunhar um crime
e não denunciá-lo “levará a
sua iniqüidade”(veja Lv 5:1);
quem age desafiadoramente
contra o Senhor “sua iniqüidade será sobre ela”(Nm 15:31).
A frase é uma declaração legal que identifica o pecador como
responsável pelo pecado cometido. Nesse caso, o pecado é
considerado e descrito como um fardo pesado que esmaga o
indivíduo, a não ser que algo ou alguém o liberte desse peso
mortal. A frase significa ser responsável pelo pecado cometido
e sujeito às suas conseqüências ou penalidades. Em muitos
casos, a penalidade é a morte imposta por um agente humano
ou divino (Ex 28:43; Lv 22:9; 19:8).
Há casos em que uma pessoa assume o pecado dos pecadores, de maneira que remove e liberta-os da penalidade. O
exemplo mais importante disso é encontrado em Isaías 53,
a profecia da experiência do trabalho do Servo do Senhor, o
Messias. O Servo suportou os pecados do povo e foi esmagado por eles (versos 4-6, 10-12). Em outras palavras, Ele
assumiu a responsabilidade dos pecados do povo e sofreu a
sua penalidade. Esse mesmo texto é aplicado a Jesus no Novo
Testamento. A epístola aos Hebreus afirma com clareza
que Cristo “tendo-Se oferecido uma vez para sempre para
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas
Bíblicas da Associação Geral.
tirar os pecados de muitos” (Hb 9:28). No contexto do
Libertos!
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Adventist World | Fevereiro 2008
deus
E S T U D O
Quando
B Í B L I C O
Criou o
Descanso
Por Mark A. Finley
O descanso é parte do círculo de vida de Deus. Não fomos criados para trabalhar sem
parar. Nosso corpo funciona muito melhor quando temos a oportunidade de descansar.
Mas o descanso não é só para nosso corpo. Você já se deitou e tentou dormir com alguma
preocupação o incomodando? Se você se preocupa com freqüência, o sono não vem e
você não descansa. Na lição de hoje, descobriremos como experimentar o descanso total,
tanto para nossa mente como para nosso corpo.
1. Como Deus ilustrou a importância do descanso na criação? O que Ele mesmo fez?
Leia o texto abaixo e escreva sua resposta no espaço em branco.
“E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a
Sua obra que tinha feito”(Gn 2:2).
Na criação, Deus revelou a importância do descanso ao
no sétimo dia de toda Sua
2.
Era o propósito de Deus que o descanso do sábado fosse apenas para Ele? Leia o texto
abaixo e circule duas palavras que indicam o propósito de Deus para Seu povo no sábado.
“E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador,
fizera”(Gn 2:3).
Era propósito de Deus que todos os seres criados recebessem força espiritual, mental e
física a cada sábado. Ele santificou esse dia e o separou, abençoando-o de modo especial.
Assim como Deus “ficou restaurado” quando descansou no sábado (Ex 31:17), há uma
restauração especial para cada um de nós nesse dia.
3. Que duas descrições do sábado foram dadas por Moisés? Leia o texto abaixo
e preencha o espaço em branco.
“Seis dias trabalhareis, mas o sétimo será o sábado do descanso solene, santa convocação; nenhuma
obra fareis; é sábado do SENHOR em todas as vossas moradas” (Lv 23:3)
a. O sábado é dia de
e de
.
b. O que é santa convocação?
.
Note a relação entre santa convocação e descanso.
Cada sábado, ao adorarmos o Criador do universo, buscamos Seu amor e cuidado.
Honramos Aquele que nos criou e encontramos completo descanso nEle.
Fevereiro 2008 | Adventist World
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4.
Qual é a origem da força física, mental e espiritual? Quem é a sua fonte?
Leia os versos abaixo e preencha os espaços em branco.
“Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força,
mas não o quisestes” (Is 30:15).
“Descansa no Senhor e espera nEle” (Sl 37:7).
Encontramos força quando
e
no Senhor.
O sábado nos leva a encontrar descanso nAquele que nos fez. Ele nos convida a voltar às
nossas raízes. Cada sábado é uma oportunidade de encontrarmos o real centro da vida em
nosso Criador.
5. O quarto mandamento recomenda: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”
(Ex 20:8). Em sua opinião, por que Deus estabeleceu esse mandamento? Leia o texto
abaixo e responda.
“Porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia,
descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou”(Ex 20:11).
Deus deu o mandamento do sábado para
6.
Por que muitos do povo de Deus, no Antigo Testamento, nunca experimentaram o
“verdadeiro descanso” de Deus? Leia o texto abaixo e escreva sua resposta.
“Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade” (Hb 3:19)
É necessário ter fé em Jesus como nosso Criador e Redentor, para realmente guardarmos
o sábado. Assim como descansamos na criação completa, descansamos na redenção
completa. Descansamos, também, por antecipação da nova criação que acontecerá com a
segunda vinda de Jesus.
7.
Como o livro de Hebreus descreve o convite de Deus a cada um de nós? Leia o texto
abaixo e preencha os espaços em branco.
“Portanto, resta um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele
mesmo descansou de suas obras, como Deus das Suas” (Hb 4:9, 10).
Deus nos convida a
nEle.
O estudo bíblico do próximo mês,
“Um Sinal do
Verdadeiro Culto”,
examinará como a lealdade a
Deus está relacionada ao sábado.
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Adventist World | Fevereiro 2008
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Alegria Perante Nós
A Colômbia por Dentro
Mais uma Pergunta
Nunca conseguiria agradecer o suficiente pelo fato de vocês terem recolocado
na revista o artigo, escrito há 100 anos,
por Ellen G White: “A Alegria Colocada
Diante de Nós” (Adventist World, novembro de 2007). De todos os artigos
que eu li durante o ano, esse está entre
os de maior relevância para o cristão
atual.
Esta é apenas uma nota para informá-los o quanto apreciamos receber a
revista Adventist World todos os meses.
Depois de lê-la, dou para o meu filho
John. Somos originalmente das Ilhas
Costeiras de Honduras, América Central. Nasci e fui criado em Oakridge,
Ratan; meu pai era de Guanaja e minha
primeira esposa, de Utila. Por essa razão, tenho certa ligação com os lugares
mencionados no artigo “A Colômbia
por Dentro”, na página 10 da edição de
outubro.
Chamou-me a atenção o fato relatado no artigo sobre as pessoas que foram
ao Panamá e morreram de febre amarela em Boca del Toro. Existe um livro
chamado Rei da Tempestade, de Jewel
Parilla, que relata a história de como a
mensagem adventista chegou às Ilhas
Costeiras
Uma pergunta me veio à mente depois
de ler o artigo de Angel Manuel Rodríguez: “Por que Lúcifer?” (Julho de 2007).
Minha pergunta: Pode Deus (sendo
Deus) também escolher não saber o resultado final quando Ele cria outro ser,
se esta for Sua vontade?
Melvin Christian
Oregon, Estados Unidos
O Grande Mistério do
Cristianismo
Quero agradecer a cuidadosa explanação de Angel Manuel Rodriguez sobre
a natureza humana de Cristo (veja “O
Grande Mistério do Cristianismo,”
novembro 2007). Como pessoas de fé,
precisamos ter uma apreciação maior
por mistérios e verdades paradoxais. A
verdade da natureza divina e humana
de Jesus é um mistério muito profundo
para ser explicado por talentos intelectuais. Deveríamos abordá-la em atitude
de admiração.
Podemos gastar toda a nossa energia
debatendo sobre uma ou outra natureza
quando, na realidade, as duas naturezas
não estão tão distatntes uma da outra. A
condescendência que vem de Deus encontra o potencial divino de humanidade na pessoa de Jesus Cristo. O epítome
do divino é tornar-se humano e o epítome do humano é refletir o divino.
Obrigado pela ênfase no mistério.
Isso me ajuda a lembrar de quão pequeno é meu lugar no universo.
Kris Bryant
Oklahoma, Estados Unidos
Mitchell O. Tatum
Texas, Estados Unidos
Ajuda Espiritual
Sou um dos leitores da Adventist World
desde sua primeira edição em 2005. Sou
membro do Adote um Ministro Internacional (Adopt a Minister Internacional
AaMI), sob os cuidados da Sra. Reva Lachica Moore. Atualmente trabalho como
pastor na Igreja Adventista de Pato-o.
Quero agradecer, de coração, a
Adventist World. Essa revista me anima a
aprender mais e me ajuda a resolver assuntos controversos sobre a nossa crença. Especialmente quando li a coluna de
perguntas bíblicas “Imagens do Espírito
Santo,” escrita por Angel Manuel Rodriguez (p. 26, setembro de 2007). Minha
mente foi elevada! Essa revista me ajuda
a estudar mais enquanto pastoreio o
rebanho de Deus. Que Ele os abençoe!
J. Bartel
Califórnia, Estados Unidos
Repete para Mim
Fiquei muito feliz por encontrar na
Adventist World um artigo que fala
a pais como eu. Refiro-me ao artigo
“Mamãe, repete para mim”, de Heather-Dawn Small (dezembro de 2006).
Esse artigo me deu muita força. Tenho
pensado muito na importância de falar
sobre Jesus aos nossos filhos, do mesmo
modo que a Heather costumava fazer.
Apesar de o filho ter morrido, o casal,
com certeza, vai reencontrá-lo na Terra
Prometida, onde não haverá mais
lágrimas.
Precisamos de mais artigos assim,
porque somos realmente abençoados
por essa mensagem inspiradora e maravilhosa. Que Deus abençoe a Adventist
World pelo trabalho que tem realizado,
servindo tantas almas ao redor do
mundo.
Mukuka Mutale Mercy
Katete, Lusaka, Zâmbia
Reynante Chavez
Pato-o, Odiongan, Romblon,
Filipinas
Fevereiro 2008 | Adventist World
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Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Trabalho Maravilhoso
Quero agradecer pelo trabalho maravilhoso que a revista Adventist World está
realizando. Que Deus os abençoe por isso.
Quanto custaria receber várias cópias da revista? Seria uma ajuda imensa
para o meu ministério pessoal de evangelismo.
Lawrence Ike Alozie
Onitsha, Nigéria
A Revista Adventist World é distribuída
gratuitamente para os membros da igreja.
Nossa sugestão ao leitor e a outros com a
mesma dúvida é que entrem em contato
com a União ou Divisão Adventista do
Sétimo Dia na sua região do mundo.
Estamos muito agradecidos a Deus por
saber que a revista está satisfazendo essa
necessidade tão importante.
— Os Editores
Gosto muito da Adventist World. É
gratificante ver que jovens adultos têm
voz ativa na igreja (veja, por exemplo,
a seção A Igreja em Ação – outubro de
2007). Eles foram para o exterior, como
voluntários, para trabalhar em projetos
especiais e para aprender a amar ao Senhor através do serviço. Foi exatamente
assim que eu comecei. Hoje, aos 90 anos
de idade, já participei de mais de 20
viagens missionárias com o Maranatha
e SAGE.
Obrigado por nos proporcionar um
periódico tão informativo. Deus abençoe Seu trabalho!
Marguerite K. Anderson
Washington, United States
Correção
Na seção Janela, na página 7 da edição
de novembro de 2007: A China é geograficamente o quarto maior país do
mundo.
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
O LUGAR DE ORAÇÃO
Por favor, orem pela Cecília. Ela foi
diagnosticada com câncer de mama e
está com dores muito fortes. Os médicos
deram pouca esperança de recuperação.
Existem várias coisas que ela ainda gostaria de fazer para o Senhor, como dar estudos bíblicos e iniciar uma igreja numa
área de difícil acesso para a mensagem.
pois esse tipo de cirurgia é muito
dispendioso e minha família não pode
pagar. Porém, uma organização resolveu
me ajudar. Há, entretanto, muitos prérequisitos a serem cumpridos, por isso,
necessito da ajuda de Deus para fazer
tudo o que for preciso.
Sheryll, Filipinas
Marty, Tanzânia
Tenho tentado de várias maneiras arrepender-me dos meus pecados, mas nenhuma mudança ocorre em minha vida.
O problema não é com Deus, é a minha
fé que está muito fraca. Por favor, orem
para o Senhor me ajudar.
Jantap, via e-mail
Necessito de ajuda financeira para completar meus estudos. Por favor, orem por
mim.
Denis, Quênia
Tenho 19 anos e sofro de problemas
cardíacos desde os 6 meses de idade.
Por favor, orem por mim, para que eu
consiga terminar os pré-requisitos e ter
a chance de passar pela cirurgia sem
custo. Tenho esperado por muito tempo,
30
Adventist World | Fevereiro 2008
Minha empresa, que lida com internet,
está quase falindo. As contas estão se
empilhando, e continuo sem conseguir
pagar os empréstimos do banco. Às vezes, fico profundamente deprimido. Por
favor, orem com convicção para que o
Senhor Se lembre de mim, com um trabalho estável e permanente, aumento de
clientes e um milagre financeiro.
Caretta, Jamaica
Trabalho em uma grande organização
na qual, muitas vezes, o trabalho dos
meus colegas acaba caindo sobre meus
ombros. Não posso perguntar por que
fui designada para o trabalho, ou sequer
procurar um treinamento apropriado
para lidar com a função; eles esperam
que eu, simplesmente, saiba como fazer
o serviço. Cada vez que peço promoção
dentro da organização, recebo resposta
negativa, embora esteja qualificada para
tanto. (Esses são apenas alguns dos problemas que eu enfrento.)
Tenho orado para que Deus me
mostre um jeito positivo de me livrar
dessas situações, mas preciso que outros
orem comigo. Tenho pedido a Ele para
fortalecer minha fé, e para mostrar a Sua
mão no meu local de trabalho. Por favor,
unam-se a mim nessa corrente de oração.
Judith, Inglaterra
Por favor, orem para que eu consiga
trabalhar em período integral no meu
trabalho, e que Deus me use para ser testemunha para outros. Sei que Deus tem
muitas maneiras de responder às orações
e que Ele me guie de maneira que eu possa ver para onde Ele está me dirigindo.
Lynn, Estados Unidos
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
INTERCÂMBIO DE IDÉIAS
Nos
Ombros
do
Papai
Este mês, uma leitora
compartilha seus
pensamentos sobre
o ponto de vista
de Deus.
“Tu és a fonte da vida, e, por
causa da Tua luz, nós vemos a luz” (Sl
36:9, NVLH).
Nosso filho mais velho ia participar, pela primeira vez, de um desfile
com seu uniforme da banda! Seu irmão
mais novo, Daniel, não podia esperar para vê-lo marchando. Assim, nos
posicionamos ao longo da rua. Muito
antes de começar o desfile, as calçadas
estavam apinhadas de gente e segurei
bem firme a mão do meu filhinho. O
H E L M U T G E V E R T
som de um tambor encheu o ar.
“O desfile vai começar!” gritei.
Alguém puxou meu casaco. Quando olhei para baixo, vi meu Daniel em lágrimas.
“Não consigo ver”, disse ele, soluçando. De onde ele estava, tudo o que podia
ver eram pernas e casacos. Meu esposo o colocou rapidamente nos ombros. Agora,
acima da multidão, a visão do Daniel estava desimpedida. Ele podia ver tudo o que
passava pela rua, tudo o que estava acontecendo e o que aconteceria.
Ao longo da vida, geralmente fico frustrada porque só consigo ver o que está na
minha frente, e minha visão é limitada, distorcida. Quando grito por ajuda, meu Pai
do Céu me ergue em Seus ombros para que eu veja as coisas do Seu ponto de vista.
Quando estou em Seus ombros, sou lembrada de que Ele vê tanto o fim quanto o
princípio. Ele está no controle – posso confiar nEle o meu hoje, mais uma vez.
Nada escapa ao Seu olhar. Lembremo-nos de agradecer a Deus por Sua boa
vontade em nos colocar em Seus ombros.
—Barbara Croce, Creekside, Pensilvânia, Estados Unidos
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Editor
Adventist World é uma publicação dos Adventistas
do Sétimo Dia, editada pela Igreja Adventista na
Coréia e pela Associação Geral.
Editor Administrativo
Bill Knott
Gerente Internacional de Publicação
Chun, Pyung Duk
Comissão Editorial
Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon
K. Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C.
Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith; Robert
E. Kyte, assessor jurídico
Comissão Coordenadora da Adventist World
Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Donald Upson;
Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk
Editor-Chefe
Bill Knott
Editores em Silver Spring, Maryland
Roy Adams (editor associado), Sandra Blackmer,
Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran
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C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D.
Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L.
Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel,
Laurie J. Evans, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler,
Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, Paul
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Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
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Website: www.adventistworld.org
A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados
Unidos.
Vol. 4, No. 2
Fevereiro 2008 | Adventist World
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“Eu amo o que faço”, disse Leah Adams, de
Tampa, Flórida, Estados Unidos, sobre o seu
trabalho voluntário do Instituto Adventista do
Sétimo Dia de Línguas, na Coréia do Sul. “A
oportunidade que tive de plantar a semente
da verdade nos estudantes e de ser um exemplo vivo do poder e
fidelidade de Deus, é maravilhoso!”
Desde abril de 2007, Leah está ajudando no instituto de línguas.
Embora seu trabalho principal seja lecionar inglês, como segunda
língua, e religião, ela e outros voluntários fazem muito mais que
isso para ajudar os alunos a ter uma oportunidade de desenvolver um relacionamento
com Cristo. “Fazemos o culto de pôr-do-sol
às sextas-feiras e, aos sábados pela manhã,
temos reuniões que ajudam os alunos a desenvolver seu inglês usando material cristão
adventista”, diz Leah. Ela se sente completamente abençoada pelo fato de Deus ter
permitido que servisse na Coréia do Sul, e
planeja permanecer ali até abril de 2008.
Se você tem interesse em ler histórias
sobre outros voluntários adventistas ao
redor do mundo, ou
deseja saber mais sobre
como participar no
programa de voluntariado, visite a página da
Internet, www.adventistvolunteers.org.
Leah (direita) posa com amigos
no Instituto de Línguas.
K I M O T H O
AS
E D W A R D
PESS
VID A A D VE NT ISTA
Os alunos da minha classe, entre a sexta e
oitava séries, estavam estudando a doutrina
da salvação pela fé. Durante o processo de
discussão, revisamos as crenças das religiões
mais importantes do mundo, salientando
que todas tinham maneiras de se salvar, mas
não tinham um Salvador.
Um garoto da oitava série fez uma observação sábia: “Eles têm um Salvador sim. Só
não sabem disso ainda.”
—Anita Whitney, Deltona, Florida, Estados Unidos
FRA SE
D O
MÊ S
“Minha tragédia
foi a estratégia
de Deus.”
—Bhaju Ram Shrestha, o primeiro adventista do
sétimo dia no Nepal, quando compartilhava seu
testemunho com outros adventistas em 2007.
R ES P O S TA : O prédio, ainda em construção, é o Kangu Adventista do Sétimo Dia, próximo a Kutus, no Quênia. O projeto de construção dessa
igreja foi iniciado pela senhora Kari Lill Sandholt e seu genro Thomas Samsing, em conjunto com a igreja da Associação Este Norueguesa.

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