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editorial
Editorial
“MITOS” MODERNOS…
Queremos que esta edição de Outono continue à altura das suas expectativas e propicie um maior conforto e bem-estar na sua vida e na dos seus.
Depois de um merecido descanso, a tendência é voltarmos a um estilo de vida sedentário. É em sentido contrário que têm surgido, cada vez mais, “novas” modalidades
nos ginásios portugueses. Damos-lhe a conhecer algumas delas e o modo como nos
preparam “neuro-muscularmente” para os movimentos do dia-a-dia.
Nesta décima edição destacamos ainda um tema que tantas vezes preocupa os pais:
o sono das crianças. Saiba que as perturbações do sono das crianças são comuns e habitualmente desaparecem com a maturação. Descubra que, muitas vezes, algumas dificuldades em iniciar ou manter o sono são originadas e mantidas por uma aquisição
deficiente de (maus) hábitos de sono.
E, finalmente, tentamos desmistificar alguns “mitos” modernos, no que concerne à
alimentação. Sabe mesmo quais os alimentos que lhe fazem mal?
E muito, muito mais. Tudo pela sua saúde!
Sumário
Novidades nos ginásios
3
Dossier: Saúde na Família
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Entregues nos braços de Morfeu
9
Mitos alimentares
20
Quizz – os jovens aguentam melhor o fumo?
25
Saúde oral infantil
28
Boas ideias para o Natal
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?
exercício físico
AS NOVIDADES NOS GINÁSIOS
Teresa Manafaia
Lic. FMH (Faculdade de Motricidade Humana),
OPT – NASM (National Academy of Sports Medicine),
CISSN – ISSN (International Society of Sports Nutrition)
Coord. na área de Aval. e Acons. Técnico do GCP
(Ginásio Clube Português)
Coord. do curso de Cardiofitness e Musculação do CEF
(Centro Estudos Fitness)
COMO EM TODAS AS ÁREAS,
NO MUNDO DO EXERCÍCIO FÍSICO
DESENVOLVEM-SE CONSTANTEMENTE
NOVAS TENDÊNCIAS. FALAMOS-LHE
AQUI DE ALGUMAS, CADA VEZ MAIS
CONHECIDAS NOS GINÁSIOS
PORTUGUESES
Outono 2006
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exercício físico
O MÉTODO PILATES ENTROU
NO FITNESS HÁ CERCA
10 ANOS E TEM VINDO
A TORNAR-SE UM VERDADEIRO
DE
FENÓMENO
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Outono 2006
O aparecimento de “novas” modalidades
nos nossos ginásios, entre as quais o
Pilates, a Fit Ball, o Ioga e o Tai Chi Chuan,
prende-se com uma tendência também
“nova”: o wellness.
Numa análise ligeira, podemos verificar
que não são efectivamente modalidades
novas. A implementação do sistema de
treino desenvolvido por Joseph Pilates
data dos anos 50-60, a Fit Ball é, há muitos anos, conhecida por Bola Suíça no
âmbito das terapias físicas de reabilitação,
o Ioga é uma prática milenar e o Tai Chi
Chuan data de 1820. A actual grande visibilidade destas modalidades deve-se ao
facto de terem sido “adoptadas” pelo
mundo do fitness e associadas à nova tendência de wellness.
PORQUE É TÃO FAMOSO O PILATES?
O método Pilates tornou-se famoso quando Joseph Pilates se dedicou a reabilitar
doentes hospitalizados. Posteriormente,
nos anos 60, ganhou fama e adesão junto
da elite de bailarinos nova-iorquinos. O
método entrou no fitness há cerca de 10
anos e tem vindo a tornar-se um verdadeiro fenómeno. Em Portugal existem
várias escolas habilitadas para formar professores (ex.: Pilates Institute), o que coloca no mercado várias linhas de trabalho
em aula de grupo (umas mais próximas do
método original, outras já trabalhadas por
seguidores de J. Pilates). O método Pilates
baseia-se no treino da musculatura que
exercício físico
A COORDENAÇÃO É UMA
QUALIDADE FÍSICA TAMBÉM
BASTANTE SOLICITADA
TANTO NO TAI
CHI CHUAN
COMO NO IOGA
confere estabilidade ao corpo humano: musculatura profunda central ou do core. Esta
musculatura envolve todo o complexo coxo-pélvico-lombar, tal como todo o eixo em
torno do qual estabilizamos o corpo para
suportar todos os movimentos: a coluna vertebral.
Quando treinada e
fortalecida,
esta musculatura contribui para um maior
equilíbrio global, melhor postura, correcção
de padrões respiratórios incorrectos, etc.,
conferindo mais saúde e qualidade de vida
aos praticantes. Não sendo uma actividade
que privilegie os ganhos cardiovasculares ou
a redução da massa gorda, por exemplo, a
sua aplicabilidade é no entanto bastante
interessante no que respeita ao equilíbrio
muscular e ganho de flexibilidade. A maioria
dos alunos que frequenta os ginásios urbanos actualmente beneficiaria de uma abordagem com exercícios de Pilates ou de outros
métodos com objectivos similares (a
técnica de Feldenkrais é referência
na área de melhoria da amplitude articular e como terapia
neuro-muscular, mas bastante menos conhecida no
mundo do fitness).
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exercício físico
PORQUE
SE USA TANTO A FIT
BALL
NOS GINÁSIOS ACTUAIS?
A Bola Suíça, como é conhecida originalmente, permite realizar uma solicitação da
musculatura de estabilização ao ser utilizada
pois, como é esférica e insuflada, provoca
instabilidade. Assim sendo, foi introduzida
com bastante sucesso porque veio contribuir
para o trabalho da musculatura do core.
Ao conjunto de exercícios que nos preparam
para as tarefas do dia-a-dia, com enfoque no
trabalho da musculatura de estabilização (central e profunda), atribuiu-se o nome de “exercícios funcionais”. Muitos exercícios usados
no método Pilates, tal como com a Fit Ball,
encontram-se nesta categoria de exercícios
funcionais que nos preparam “neuro-muscularmente” para os movimentos do dia-a-dia,
muitos deles potencialmente lesivos para a
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Outono 2006
exercício físico
A FIT BALL
PERMITE REALIZAR UMA
SOLICITAÇÃO DA MUSCULATURA
DE ESTABILIZAÇÃO
coluna, como as torções de tronco (principalmente se acompanhadas de flexão simultânea). Integram ainda uma forte componente
educativa no que diz respeito ao padrão respiratório e às posturas prolongadas.
PORQUÊ O SUCESSO DAS MODALIDADES ORIENTAIS?
Tanto o Ioga como o Tai Chi Chuan são práticas com componente física mas também
espiritual, ligadas a uma filosofia. No entanto, muitos ocidentais praticam-nos de uma
forma menos integrada tirando partido
sobretudo da sua utilidade face ao trabalho
de postura, respiratório e de flexibilidade,
e nem tanto no que diz respeito à vertente
espiritual e filosófica. O benefício do aumento de flexibilidade justifica-se por serem
modalidades em que o controlo respiratório é trabalhado em sintonia com movimentos de grande amplitude. A coordenação é uma qualidade física também
bastante solicitada tanto no Tai Chi
Chuan como no Ioga, pelo que a aprendizagem neuro-muscular é bastante notória nestas modalidades.
Existe ainda um efeito bastante notável
ao nível da melhoria do autocontrolo e da
capacidade de gestão de stress.
Numa época em que o stress excessivo é
um mal de que muitos sofrem, as modalidades que solicitam controlo e interiorização assumem-se, inclusive, como parte
das soluções multidisciplinares na terapêutica de doenças como a depressão.
Sabendo que a maior parte da população
passa, em média, dez horas por dia sentada, estas “novas” modalidades são
uma óptima forma de compensar a falta
de resistência da musculatura postural e
os desequilíbrios musculares decorrentes
de um estilo de vida extremamente sedentário. No entanto, atenção aos exercícios
funcionais mais exigentes e complexos!
Estes podem ser extremamente lesivos
para indivíduos descondicionados fisicamente, devendo por isso realizar-se uma
introdução gradual das aprendizagens
neuromotoras de forma a que sejam devidamente consolidadas.
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dossier: a saúde da família
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dossier: a saúde da família
ENTREGUES
NOS BRAÇOS
DE MORFEU
EMBORA A MAIORIA DOS ADULTOS
PAREÇA ADORAR MORFEU,
O DEUS DO SONO, AS CRIANÇAS
NESTE ARTIGO
MOSTRAMOS QUE RARAMENTE
APRESENTAM ÀS VEZES POUCA
VONTADE DE LHE CAIR NOS BRAÇOS
AS PERTURBAÇÕES DO SONO
SÃO VERDADEIROS
PROBLEMAS
Dra. Maria Teresa Lobato de Faria
Psicóloga Pediátrica no Hospital Dona Estefânia
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dossier: a saúde da família
SE ESTÁ A PENSAR QUE
A RESISTÊNCIA DO SEU FILHO
EM IR PARA A CAMA OU A SUA
DIFICULDADE EM SER AUTÓNOMO
DURANTE A NOITE SÃO RARAS,
ESTÁ ENGANADO
O SONO E O SEU DESENVOLVIMENTO
Sono! Durante a nossa vida esta actividade
restabelecedora começa muitas vezes por ser
combatida, nomeadamente durante a infância (entre os 12 meses e os 5 anos) quando as
perturbações do sono afectam cerca de 25%
das crianças. No entanto, mesmo nestes casos
e a seu tempo, este reino acaba sendo aceite
como um componente imprescindível das
nossas vidas e, aí sim, quando entregues finalmente nos braços de Morfeu, estaremos
aptos a apreciar todo o prazer de uma boa
noite de sono. Até lá, importa conhecer as
normais perturbações do sono durante a
infância e tentar entregar o mais depressa
possível os nossos filhos nos braços desse
deus cujo reino continua a ser, demasiadas
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vezes, alvo de grandes resistências. Antes de
conhecermos as suas perturbações, penso ser
imprescindível possuirmos uma compreensão
rudimentar do processo normal de sono.
Assim, apesar da pessoa adormecida parecer
inerte, o seu estado de sono é um processo
neurofisiológico complexo e altamente organizado. Sabemos que o sono está dividido em
dois estados diferentes: o sono com movimentos rápidos oculares ou sono REM (Rapid
Eye Movement) e o sono sem movimentos
rápidos oculares ou não REM (NREM).
O sono REM é caracterizado, a par dos movimentos rápidos oculares, por uma pulsação e
respiração irregulares. Embora os sonhos e os
pesadelos ocorram durante o sono REM, muito
pouco se nota em termos de comportamento.
dossier: a saúde da família
Os músculos encontram-se muito descontraídos e o corpo está praticamente inerte, podendo ocorrer pequenos movimentos das mãos,
pernas ou face.
Um ciclo normal de sono inclui um período de
sono NREM seguido de sono REM.
A criança passa com muita rapidez pelas fases
de sono, o que talvez influencie a sua tendência para acordar durante a noite. O ciclo de
sono normal é atingido por volta dos 8 anos.
No que diz respeito a quando e quanto devem as crianças dormir, importa salientar que
nas últimas décadas os cientistas provaram
que a temperatura do corpo, a digestão, a
secreção de hormonas e outros processos
biológicos, incluindo o sono, variam de acordo com o ritmo de um relógio interior. Assim,
o velho conselho que defende um horário
regular para as refeições e as horas de dormir
pode estar mais certo do que aquilo que
alguns de nós imaginamos. Um destes ritmos
biológicos mais poderosos é precisamente o
ciclo do sono – vigília.
RITMOS DE SONO NA INFÂNCIA:
O sono NREM compreende quatro fases, que
representam níveis de sono entre a sonolência e o sono mais profundo. Durante as duas
últimas fases (níveis 3 e 4), a respiração e o
ritmo cardíaco tornam-se muito estáveis e os
músculos estão extremamente descontraídos. Embora a pessoa normalmente se
encontre muito sossegada, pode mover-se e
é muito difícil acordá-la.
Enquanto o sono REM predomina com o aproximar da manhã, os períodos de níveis de sono
mais profundo tornam-se cada vez mais raros.
Recém-nascido
16 horas (períodos de 2 a 4 horas)
3 meses
14 horas (períodos de 2 a 8 horas)
6 meses
8–12 horas (com duas sestas
de aproximadamente 2 horas)
12 meses
14 horas
2 anos
11 a 12 horas à noite (uma sesta
de 2 horas à tarde)
3/5 anos
11 horas de sono nocturno (deixam
de fazer a sesta)
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dossier: a saúde da família
A infância é tão cheia de mudanças e de
novas situações que podemos afirmar,
com segurança, que todas as crianças terão, mais cedo ou mais tarde,
algumas noites conturbadas. Embora saibamos que a maioria das perturbações do sono na criança não
apresentam gravidade, por vezes representam motivo de preocupação ou mesmo
de frustração, para os pais, pois não sabem
como enfrentá-las. Por isso, se está a pensar que a resistência do seu filho em ir para
a cama ou a sua dificuldade em ser autónomo
durante a noite são raras, está enganado. Os
estudos demonstram que as perturbações de
sono nas crianças são muito mais comuns do
que aquilo que se imagina.
OS SONHOS, OS PESADELOS E AS CRIANÇAS
Comecemos então pelas perturbações que
ocorrem durante o sono, ou na fase de transição para a vigília, que incluem, entre outras, os
terrores nocturnos, os pesadelos, o sonambulismo e os movimentos rítmicos. Estas perturbações são comuns entre as crianças e, embora
atraiam muita atenção, ocorrem de forma irregular, não possuem etiologia definida, não
estão associadas a um tipo de psicopatologia e
normalmente desaparecem com a maturação.
Neste tipo de perturbações, é importante
salientar a distinção clara que existe entre terrores nocturnos e pesadelos.
Os terrores nocturnos são episódios caracterizados por um choro brusco e inesperado da criança, acompanhado de uma expressão de medo
intenso, suores frios, muita agitação e incapacidade de ser consolada. Uma vez acordada, a
criança apresenta um estado de confusão e
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AS PERTURBAÇÕES
DO SONO SÃO COMUNS
ENTRE AS CRIANÇAS
E NORMALMENTE DESAPARECEM
COM A MATURAÇÃO
desorientação. Surgem normalmente aos 2,
3 anos, e acontecem durante a primeira metade da noite. Associam-se à transição parcial
abrupta do nível 4 do sono NREM para o sono
REM, relacionam-se com a maturação do sistema nervoso central e não deixam recordação
no dia seguinte. Normalmente desaparecem
com o desenvolvimento da criança.
Os pais ficam muito assustados quando estes
episódios ocorrem, mas o principal tratamento é a informação e o consequente restabele-
dossier: a saúde da família
cimento da segurança. Se os terrores nocturnos persistirem mais de 4 semanas ou se os
pais afirmarem que são tão frequentes que
perturbam o sono da família, deve efectuar-se
uma avaliação de outros problemas familiares
que podem estar associados.
Embora clinicamente semelhantes aos terrores nocturnos, os pesadelos ocorrem na fase
REM do sono, no último terço da noite.
tador sobre qualquer acontecimento do dia
anterior, como ter caído da escada, a criança
de 2 anos pode ter preocupações com a separação e a criança com 3 a 5 anos tem frequentemente pesadelos com monstros ou
criaturas que lhes querem fazer mal.
Os pesadelos têm uma frequência maior nos
anos pré-escolares e na adolescência, e menor
entre os 7 e os 11 anos. Apesar de as crianças
NÃO CONFIRME OS MEDOS
DO SEU FILHO, FECHANDO
AS JANELAS PARA NÃO VIR
O LOBO OU FINGINDO
QUE PROCURA O LADRÃO
São sonhos assustadores que podem acordar
a criança deixando-a com sentimentos de
profunda ansiedade e medo.
Podem distinguir-se facilmente dos terrores
nocturnos pelo recordar do sonho e pela
ausência de actividade física durante o pesadelo. Os pesadelos parecem reflectir as tensões sofridas durante o dia e o seu conteúdo
reflecte uma sequência desenvolvimentista de
medos e preocupações. Assim, a criança de
um ano pode acordar com um sonho assus-
conseguirem descrever o seu sonho logo que
sabem falar, a compreensão de que um sonho
não é real, de que é invisível para os outros, de
que acontece dentro da pessoa e é causado
pelos nossos processos de pensamento segue
um desenvolvimento específico. Ao contrário
das crianças de 8 anos, que já possuem um perfeito entendimento dos sonhos como processos do pensamento, as crianças mais pequenas
não são capazes de distinguir entre os sonhos e
a realidade. Pela mesma razão, para uma crian-
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dossier: a saúde da família
ça entre os 10 e os 18 meses que não possui
ainda o vocabulário suficiente para exprimir o
que a preocupa, um pesadelo pode ser uma
experiência extremamente perturbadora. Se a
criança for acordada no meio de um sonho terá
mais probabilidades de se lembrar dele, por isso
a criança a representar o sonho, onde desempenha um papel activo no derrotar do
objecto gerador de medo, ajudá-la-á a
adquirir um sentimento de competência.
Nunca minimize os maus sonhos dizendo:
“Foi só um sonho pateta!”
O SONAMBULISMO
É UMA ALTERAÇÃO DE SONO
BENIGNA E NÃO É NECESSÁRIO
NENHUM TRATAMENTO ESPECIAL
se só ouvir queixas ou murmúrios não a acorde,
deixe-a dormir e tudo passará.
Se o seu filho acordar com um grito súbito vá
ter com ele e lembre-se que, se ainda for
muito pequeno, não adianta tentar dizer-lhe
que o sonho não é real. Ouça-o e acalme-o,
exprimindo segurança e carinho. Se a criança
tiver 4 anos já podemos dizer-lhe que o sonho não é real, devendo sempre permitir-lhe
descrever o conteúdo do seu pesadelo e darlhe apoio, mostrando segurança ao afirmar
que nada de mal lhe irá acontecer. Durante o
dia podemos ajudar a dessensibilizar a criança do objecto gerador de medo pedindo para
ela o desenhar ou mascarando-a deste. Levar
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Os medos do seu filho podem parecer insignificantes ou ilógicos para si, mas para ele
são importantes e sentir-se-á muito mais
seguro se perceber que o leva a sério. Não
confirme os medos do seu filho fechando as
janelas para não vir o lobo ou fingindo que
procura o ladrão. Se o seu filho tem tendência para ter pesadelos, deixe uma luz acesa.
Não o deixe ver programas assustadores ou
violentos na televisão, especialmente à noite.
Se não conseguir perceber o que o assusta à
noite, tente falar com ele durante o dia
quando já não se encontrar perturbado. Faça
um esforço para aumentar a auto-estima do
seu filho durante o dia. Para crianças mais
dossier: a saúde da família
velhas uma conversa sobre o sonho e as suas
possíveis causas podem ser suficientes para
desenvolver capacidades de confronto. Se os
pesadelos aumentam ou se o medo se alastra para o dia, deve consultar o seu pediatra
pois os pesadelos persistentes ou repetitivos
podem reflectir pressões excessivas durante o
dia e deverá ser analisada a possibilidade de
existirem outros problemas associados.
O SONAMBULISMO
O sonambulismo acontece associado ao sono
NREM, normalmente ocorre três a quatro
horas depois de se ter adormecido, mas também pode ocorrer noutras alturas. Nestes epi-
sódios, a criança ou adolescente apresenta
uma expressão facial empalidecida e uma indiferença em relação aos objectos e pessoas que
se encontram junto de si. Duram geralmente
vários minutos e, a menos que se desperte,
não se lembrará de nada no dia seguinte.
Estes episódios, começam, geralmente entre
os 4 e os 8 anos, sendo a sua prevalência mais
elevada nas crianças entre os 9 e os 12 anos.
Como se trata de uma alteração de sono
benigna não é necessário um tratamento
especial. A principal precaução por parte dos
pais é a de evitar a ocorrência de acidentes
durante estes episódios. A privação de sono
ou um sono demasiado irregular pode precipitar a ocorrência deste tipo de episódios, e
assim os pais devem zelar para que o seu filho
durma sempre o suficiente e se deite à hora
adequada. Normalmente não devem ser
acordados, pois o único resultado é assustálos ou confundi-los; devem, sim, ser conduzidos tranquilamente para a sua cama.
Os movimentos rítmicos do corpo referem-se a
um conjunto de perturbações que se caracterizam pela presença de movimentos estereotipados, de carácter rítmico, que implicam principalmente a cabeça. A maior parte dos episódios
inicia-se no início do sono, embora também
possam aparecer na fase 2 do sono NREM.
Normalmente prolongam-se por 5-15 minutos, mas por vezes podem durar horas.
Podem iniciar-se a partir dos 9 meses e raramente persistem para lá dos 2 anos. Na maioria dos casos não se recomenda qualquer
intervenção específica, pois vão desaparecendo à medida que a criança cresce. Se os
movimentos forem violentos, durarem mais
de 10-15 minutos e ocorrerem frequente-
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dossier: a saúde da família
mente durante a noite, podem existir outros
problemas associados.
O falar durante o sono é um fenómeno frequente e inofensivo que pode aparecer em
qualquer idade. Podem ser palavras isoladas
ou frases curtas, que a criança não recorda na
manhã seguinte. Aparece geralmente quando
a criança começa a frequentar o infantário.
Surge no sono REM ou NREM, é um comportamento muito comum, está associado aos
pesadelos e ao sonambulismo e não se relaciona com qualquer tipo de psicopatologia.
NA HORA DE DEITAR
Falemos agora das perturbações em iniciar e
manter o sono tais como as lutas para ir para
a cama e o acordar de noite. O adiar a hora de
ir para a cama e o acordar durante a noite são
muito frequentes nas idades pré-escolares e as
estatísticas mostram que 25 a 50% das crianças têm problemas para ir para a cama no
segundo ano de vida. Estes problemas encontram-se muitas vezes em conjunto e são originados e mantidos por uma aquisição deficiente de hábitos de sono. Esta aquisição
desadequada está muitas vezes relacionada
com associações ao sono desajustadas, habitualmente desenvolvidas pelo excesso de
variedade nas atitudes adoptadas pelos pais
no desespero para que o seu filho durma.
O tratamento das lutas para ir para a cama e do
acordar durante a noite envolve ajudar a criança a aprender a tarefa de adormecer sozinha. O
início de qualquer modificação no padrão de
sono do seu filho irá implicar um esforço familiar adicional, tendo os pais de estar muito
seguros do que irão fazer e de que estão aptos
a apoiarem-se mutuamente. As crianças
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Outono 2006
actuam como se tivessem um radar, e se você
estiver confiante em levar avante a rotina do
seu filho ele responderá mais facilmente do que
se actuar de forma insegura. As abordagens
mais eficazes incluem o estabelecer bons
rituais/rotinas à hora de deitar e o extinguir a
necessidade da presença dos pais para adormecer. Tal como os adultos, muitas vezes as
crianças precisam de um tempo de relaxamento depois de um dia cheio para conseguirem
adormecer.
Além disto, uma rotina fornece à criança uma
defesa contra outras possíveis modificações
perturbantes na sua vida, como o mudar de
casa, o nascimento de um irmão ou até o
divórcio dos pais. Devemos estabelecer objectivos realistas para os nossos filhos e a modificação deve ser gradual. Por exemplo: se a
criança está habituada a ser adormecida ao
colo, o primeiro passo será substituir este
comportamento por pegar-lhe ao colo e contar uma história ou cantar, colocando-a na
cama mesmo antes de adormecer. Assegurese de que o seu filho está realmente cansado
quando vai para a cama.
Mantenha uma grande regularidade na hora de
ir para a cama e no ritual estabelecido. De
manhã tente focar-se sempre nos aspectos positivos do comportamento do seu filho na noite
anterior. Para adormecer, ou para quando acordar durante a noite, um boneco, uma fralda ou
um pano especial podem transmitir muito conforto e segurança, dispensando assim a presença dos pais. Por isso, leve o seu filho a afeiçoar-se a um objecto/boneco, fralda/pano, antes de
o ensinar a dormir sozinho. Procure estimulá-lo
o menos possível de cada vez que acordar. Se
costuma tirá-lo da cama ou embalá-lo, não o
dossier: a saúde da família
FALAR DURANTE O SONO
É UM FENÓMENO FREQUENTE
E INOFENSIVO QUE PODE APARECER
EM QUALQUER IDADE
z
z
z
z
z
z
ZZ
faça, acalme-o com afirmações de segurança e
tente confortá-lo até adormecer.
Se for necessário deite-se perto dela mas
nunca com ela. Crie um ambiente propício ao
sono, sem muito barulho, com uma temperatura agradável e na penumbra. A criança
não deve ingerir cafeína (Ice-Tea, Coca-Cola
ou chocolates) depois do meio-dia. Meia
hora antes de se deitar diga não à televisão,
computador, discussões de família e livros
potencialmente perturbadores. Quando existem vários problemas ao mesmo tempo – por
exemplo, uma criança que resiste a ir para a
cama, acorda frequentemente e pede biberões durante a noite – foque-se num problema de cada vez. Ao avançar progressivamente, a criança ir-se-á acomodando de forma
mais imediata às mudanças em curso.
NA CAMA DOS PAIS
Um outro comportamento que preocupa demasiado os pais é o pernoitar, total ou parcialmente, juntamente com o filho. Este problema de sono é frequente e reflecte o
desenvolvimento da separação e da independência. É interessante verificar que a conotação deste comportamento pode variar, e que
em várias culturas as crianças dormem habitualmente com os pais até terem 1 ou 2
anos. Esta questão do partilhar da cama é
muito pessoal e cada família possui a sua
opinião muito particular.
Sabemos que, muitas vezes, na origem do
partilhar a cama estão razões como o promover os laços familiares, o aumentar a sensação
de segurança no filho ou o aliviar os problemas de sono. No entanto, ao tomar a sua
decisão pense com cuidado não apenas no
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dossier: a saúde da família
dele. Se, por outro lado, só dorme na sua cama
há pouco tempo, fruto de uma doença ou
devido a uma experiência de medo, necessitará apenas de alguns dias para se sentir seguro
e confortável na sua própria cama. Não queremos dizer com isto que não pode ter o seu
filho na sua cama ocasionalmente, numa
manhã de fim-de-semana ou quando está
doente ou assustado. Em termos de interven-
MEIA HORA ANTES DO DEITAR
DIGA NÃO À TELEVISÃO
presente mas também nas implicações que
esse comportamento irá ter no futuro. Uma
criança habituada a dormir na cama com os
pais não vai aceitar pacificamente ser colocada de repente na sua própria cama. Por outro
lado, ser capaz de ser independente durante a
noite ajuda-a a desenvolver uma auto-imagem positiva e transmite-lhe um verdadeiro
sentimento de competência durante o dia.
Se o seu filho está habituado a dormir consigo
desde muito cedo, poderá demorar várias
semanas a conseguir pô-lo a dormir na cama
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Outono 2006
ção, e além dos métodos já referidos para ensinar o seu filho a adormecer sozinho, acrescentamos mais alguns conselhos úteis para conseguir que durma na sua própria cama.
Em primeiro lugar, comece por orientar as
sestas do seu filho para a sua própria cama e,
quando o conseguir, passe a encaminhá-lo
também à noite. Certifique-se de que a cama
do seu filho é convidativa e confortável, não
a utilize como um local de castigo. Se ele
acordar de noite e quiser ir ter consigo – certamente vai acontecer – vá ter com ele e
dossier: a saúde da família
acalme-o sem lhe pegar ou o levar para a sua
cama. Quando tomar a decisão de o tirar da
sua cama não pode voltar a deixá-lo dormir
consigo a não ser quando o hábito de ficar
na sua própria cama já estiver firmemente
estabelecido. Não substitua um mau hábito
por outro, por exemplo passando a dar-lhe
um biberão para o adormecer. O que acontece é que, se uma criança adormece com a
última recordação de chupar num biberão,
ficará condicionada a depender de um biberão para voltar a adormecer quando acorda a
meio da noite. Assim, sem o biberão fica agitada e chora. Para mudar este hábito ela tem
de ser posta na cama sem biberão e acordada. Para isso, pode começar a diluir gradualmente o leite do biberão, diminuindo, progressivamente a sua quantidade.
TENHA SEMPRE EM CONTA QUE:
Por vezes o sono é perturbado pelas etapas
normais do desenvolvimento da criança
(como a angústia de separação, as novas
aquisições motoras ou a entrada no infantário) e não pelo hábito. O aspecto positivo
deste tipo de perturbação é que, se devidamente encarada, desaparece tão depressa
como apareceu.
REFLEXÕES FINAIS
Temos de tomar consciência que os padrões
de sono, bons ou maus, não aparecem do
nada. Pelo contrário, tal como outros aspectos do comportamento, foram desenvolvidos
através do tempo. Não é por acaso que cerca
de um terço das crianças que apresentam
perturbações de sono apresentam também
problemas de comportamento generalizados.
O temperamento da criança, o seu desenvolvimento (neurológico, emocional e social) e o
seu ambiente tiveram um papel importante,
mas foi a forma como os pais reagiram, noite
após noite, desde o seu nascimento, que
estabeleceu a diferença. Apesar de tudo,
todas as crianças saudáveis podem aprender
a dormir bem à noite. Bons hábitos de sono
são essenciais tanto para o desenvolvimento
pessoal do seu filho como para o seu próprio
bem-estar. O sono pode significar a diferença entre uma vida agradável e meses ou
mesmo anos de tensão para toda a família.
Quando os pais pedem ajuda para os problemas de sono a situação atingiu normalmente
uma situação de crise. Existem poucos problemas da infância tão exasperantes para os
pais como as perturbações do sono. Se considerar que o seu filho provavelmente sofre
de uma perturbação do sono e/ou tem dúvidas em relação a procurar um psicoterapeuta para o ajudar, consulte sempre primeiro o
seu pediatra.
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dossier: a saúde da família
ÉS O QUE COMES:
SERÁ VERDADE OU APENAS
MUITO SE DIZ E PROMETE SOBRE
OS EFEITOS DE DETERMINADOS
HÁBITOS ALIMENTARES NA
SAÚDE, MAS TUDO INDICA
“SÁBIAS
VERDADES” SÃO IDEIAS
QUE MUITAS
QUE PODEM GERAR
APENAS CONFUSÃO.
NESTE ARTIGO
AJUDAMOS
A CLARIFICAR
ESTA QUESTÃO
Ao longo dos tempos têm-se
estabelecido, acerca de tudo e
de nada, verdades irrefutáveis
que estão… erradas!…
Assim, muitas das “certezas” de
todos os tempos, no que concerne à
saúde, são falsas verdades que não ajudam
ninguém (nem médicos nem pacientes) a
lidar com as doenças. Hoje falaremos só do
que ingerimos (bebemos e comemos) e dos
erros vulgarmente cometidos por estarmos
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Outono 2006
dossier: a saúde da família
UM MITO?
tão convictos de que estamos a fazer o
melhor. Para desmistificar esta questão
vamos tentar expor alguns exemplos do que
o nosso senso comum vulgarmente julga ser
verdade.
Para começar existe o mito de que há muitas
alergias alimentares.
As confusões aqui são muitas já que todos,
sem excepção, pensamos ser alérgicos a um
ou dois produtos. Os estudos mais recentes
provam que só 1 a 2% da população mundial tem, de facto, alergias alimentares
(aumentando para 5% nas crianças). O que
aconteceu então?!
Uma alergia é uma reacção exagerada do
organismo a uma determinada substância (o
antigénio). Mas, por exemplo – e isto confunde-se muito – quando uma pessoa não
tem uma hormona que decompõe a lactose
(enzima presente no leite e seus derivados)
produzem-se sintomas como fortes dores
abdominais, inchaço e diarreia.
Ora, estes sintomas são, muitas vezes, confundidos (ou generalizados) como sendo
alergias mas não o são. São, isso sim, a manifestação de uma doença com causas genéticas em que nos falta uma enzima que
decompõe a lactose (a lactase).
Como no exemplo acima, muitos outros há
em que doença e alergia são erradamente
associados.
Outro factor que desencadeia estas confusões, no que às alergias à comida respeita, é
a ligação, quase directa, entre a ingestão de
alimentos e a suposta “alergia”.
Imagine que janta, calmamente, no seu restaurante favorito. No outro dia, logo de
manhã, acorda cheio de dores de barriga,
tonto e, ainda por cima, com diarreia! Teria
sido o jantar da véspera?
Pode ser! Mas: e o que comeu ao almoço?
Será que não foi antes aquela fast food
comida à pressa?! Ou aquele iogurte à hora
do lanche? Criam-se estas associações, muitas vezes erradas, e nascem mitos acerca das
alergias. Ora, depois desta associação muitos
pacientes ficam agoniados só de pensar em
voltar a comer aqueles alimentos e, se o têm
de fazer, ficam mesmo enjoados (efeito psicossomático) e com sintomas próprios da
dita alergia...
Portanto, é necessário ser cuidadoso com o
que come mas não atribua imediatamente
uma ligeira indisposição a uma alergia a
determinado alimento!
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dossier: a saúde da família
Outra “verdade” muito disseminada entre a
população é a de que o que comemos causa
a acne.
Esta doença, característica da adolescência,
está, na cabeça das pessoas, associada a um
estilo de vida próprio dos teenagers que,
embora possa parecer “sinistro”, não é patológico apesar dos muitos hambúrgueres e
batatas fritas, refrigerantes e afins… Criou-se
rapidez! Resultado? Uma borbulha purulenta, inflamada e infectada.
Uma vez mais se faz a associação (errada)
entre “causa” (já descrita) e o que pode ser
um “factor agravante”. O que se come (gorduras, essencialmente) pode, também, ser
expelido pela pele mas não em quantidades
significativas. Ainda assim, esta verdade foi-se ampliando…
OS ESTUDOS MAIS RECENTES PROVAM
QUE SÓ 1 A 2% DA POPULAÇÃO
MUNDIAL TEM, DE FACTO, ALERGIAS
ALIMENTARES
e enraizou-se a ideia de que por comerem
tão mal, os adolescentes têm borbulhas.
Mas na realidade a acne é uma hipersensibilidade das glândulas sebáceas aos androgénios (hormona derivada da testosterona, presente tanto em rapazes como nas raparigas).
Esta hipersensibilidade faz com que os folículos da pele produzam uma grande quantidade de sebo (matéria gorda) que entope o
poro. Dentro do poro, num ambiente quente
e húmido, ficam bactérias que, neste meio
ideal para o seu desenvolvimento e proliferação, se reproduzem com grande facilidade e
22
Outono 2006
Já a doutrina sobre se o que se ingere (enchidos, chocolate, carne de porco, etc.) pode, ou
não, piorar o estado da acne não é pacífica.
Mas há mais, há muitos mais!
Muitas pessoas pensam, sem razão, que o
que comemos gera úlceras. Não é verdade!
Não é por se comer uma pizza que aquela dor
(excruciante!) tem de voltar ou que temos de
ouvir o sermão, pregado pela mãe, pelo pai e
pela avó do “tem que comer melhor!”
A comida é, como dizem os ingleses, um factor “anão” quando comparado com outros
no que respeita a uma ulceração específica e
dossier: a saúde da família
ATÉ AGORA E EM TODOS
OS ENSAIOS CLÍNICOS FEITOS
NÃO ESTÁ DEMONSTRADA
A RELAÇÃO ENTRE A INGESTÃO
DE DETERMINADOS NUTRIENTES
E A MELHORIA DA ARTRITE
REUMATÓIDE
determinada ou ao aparecimento de uma
nova úlcera.
As úlceras pépticas (referentes ao estômago
ou, mesmo, à parte superior do intestino, por
onde é esvaziado o conteúdo estomacal)
estão sobretudo relacionadas com um de
dois factores: uma infecção bacteriana (helicobacter pylori) ou uma reacção a anti-inflamatórios não esteróides (como o ibuprofeno
e o ácido acetilsalicílico, vulgo aspirina).
O mito, insistente, vem persistindo ao longo dos
tempos já que a causa verdadeira destas úlceras
é uma novidade relativamente recente e, tam-
bém, porque ainda nos está muito inculcado
que comidas picantes ou muito condimentadas
devem fazer mal ao estômago (são ácidas e
aumentam, de facto, a acidez no estômago mas
não de forma a poderem causar úlceras!)
De resto, muitas pessoas pensam, baseando-se
naquele velho ditado popular “és o que
comes!”, que o desenvolvimento de certas
doenças, como a artrite reumatóide, está
(muito) relacionado com o que se ingere no
dia-a-dia. Neste caso específico, não é verdade!
Se pensarmos na gota, outra patologia, é verdade que uma alimentação rica em purinas
Outono 2006
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dossier: a saúde da família
entre a ingestão de determinados nutrientes e
a melhoria desta enfermidade. Mesmo os ensaios mais promissores, como aqueles que
associavam uma melhoria da artrite à maior
toma de vitamina D, são decepcionantes.
No entanto, note-se que uma perda de peso
(quando se está obeso) pode aliviar dores
(típicas da artrite) mas apenas isso. Assim, uma
boa alimentação (com um pouco de tudo q. b.),
A COMIDA É, COMO DIZEM OS
INGLESES, UM FACTOR “ANÃO”
QUANDO COMPARADO COM
OUTROS NO QUE RESPEITA A UMA
ULCERAÇÃO ESPECÍFICA
E DETERMINADA
(uma forma de proteínas que se encontra nas
sardinhas, fígados, carnes em geral, etc., e
também no álcool) pode, de facto, piorar a
condição geral do doente afectado.
O mesmo, no entanto, já não se passa na
artrite reumatóide! É mais um mito!
A artrite é uma doença auto-imune (as defesas do organismo contra os “atacantes”
exteriores começam a reagir contra as próprias células, atacando-as e destruindo-as).
Assim, até agora e em todos os ensaios clínicos feitos não está demonstrada a relação
24
Outono 2006
algum exercício físico (nem que só meia hora
de marcha em ritmo rápido, por dia) e um
esclarecimento cabal do que podemos e devemos fazer para melhorar a nossa condição física no geral são muito importantes.
Permitem, no fundo, que nos sintamos
melhor e que, com um maior conhecimento
do nosso corpo e do que fazer com ele, não
caiamos em “esparrelas ancestrais” como os
mitos e mitozinhos atrás referidos…
quizz
?
QU ZZ
OS JOVENS AGUENTAM
MELHOR O FUMO?
SE ACREDITA QUE AS PESSOAS MAIS
JOVENS SOFREM MENOS
COM OS EFEITOS DO TABACO
FAÇA O NOSSO QUIZZ
E VEJA COMO É URGENTE
DESENCORAJÁ-LAS
DO HÁBITO DE FUMAR
1. Os adolescentes fumadores deixam de fumar mais facilmente já que o fazem há menos
tempo.
FALSO
Os inquéritos mostram que a maioria dos fumadores adolescentes
quer deixar de fumar mas não consegue. Segundo dados de 2000,
70% dos fumadores jovens arrependem-se de ter começado a
fumar e, segundo dados de 2004, três em cada quatro fumadores
já tentou deixar de fumar, grande parte sem sucesso.
2. Fumar envelhece o aspecto físico de um jovem.
VERDADEIRO
Fumar envelhece já que a derme fica mais fina e isso causa rugas. À
medida que os anos passam, o hábito de fumar e uma excessiva
exposição ao sol aceleram este processo.
3. Alguns adolescentes fumadores têm menor fôlego mas isso acontece por não estarem em forma.
FALSO
Assim que se começa a fumar, tem início um processo de deterioração dos pulmões, mesmo quando se é adolescente. Além disso, é
até três vezes mais provável ficar com falta de ar do que se não
forem fumadores. Há também uma diminuição na performance dos
fumadores que competem em provas de corrida.
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25
quizz
4. Fumar ajuda a relaxar.
FALSO
Muitas pessoas pensam que fumar relaxa. Na verdade, o que
acontece é justamente o oposto! Muitos estudos provam que
fumar aumenta o esforço cardíaco e a pressão sanguínea, efeitos
que podem provocar estragos a longo termo. A razão pela qual se
pode pensar que o tabaco relaxa é que, como se está viciado em
nicotina, fumar diminui o efeito “ressaca”.
5. O fumo de tabaco faz com que as roupas e o hálito fiquem a cheirar mal.
VERDADEIRO
Qualquer pessoa que lide com fumadores sabe que isto é verdade, mas os fumadores propriamente ditos podem não ter consciência disto pois fumar danifica o olfacto e o paladar. No entanto, a partir do momento em que se deixa de fumar, estes sentidos
voltam ao seu funcionamento normal.
6. A maioria dos adolescentes preferia namorar com um jovem não fumador.
Um estudo em 50 000 adolescentes norte-americanos diz que
VERDADEIRO
destes, uma percentagem entre os 75% e os 81% prefere namorar com não fumadores.
7. Os fumadores ficam doentes mais frequentemente que os não fumadores.
VERDADEIRO
Fumar pode causar danos não só daqui a algum tempo mas JÁ!
Sabe-se que mais do dobro dos não fumadores se sente mais saudável que os fumadores. Os fumadores afirmam que tossem (com
expectoração ou sangue) ou que sentem falta de ar numa proporção
de 2 e meio para 1, quando comparados com os não fumadores.
8. É necessário um período longo para se ficar viciado no tabaco.
FALSO
Alguns estudos indicam que os adolescentes ficam mais rapidamente viciados no tabaco que os adultos. Um estudo entre teenagers do Massachussets, revela que 20% dos jovens consumidores
sentem uma necessidade urgente de fumar – necessidade do cigarro, irritação forte, etc. – logo no primeiro mês. Mais de um terço
dos fumadores por “brincadeira” ou para “experimentar” tornamse fumadores regulares antes de saírem da escola secundária.
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Outono 2006
quizz
9. Se se é fumador desde a adolescência, a probabilidade de se ficar mais rapidamente
doente começa a aumentar a partir desse mesmo momento.
VERDADEIRO
Pode, às vezes, parecer estranho mas é verdade! Os fumadores
formam muito mais facilmente placas a nível das artérias do que
os não fumadores. Este estudo foi feito em 1500 jovens, mulheres e homens, entre os 15 e os 34 anos, que morreram em acidentes, homicídios e suicídios.
10. Dos seguintes venenos, quais se encontram nos cigarros? A. Arsénico; B. Nicotina;
C. Formaldeído; D. Cianatos; E. Todos os mencionados.
HIPÓTESE E
A nicotina é, de facto, uma substância que nos torna viciados em
tabaco. Mas há outros! Já deve ter ouvido falar neles! O arsénico
é o veneno mais usado no “mata-ratos”; o formaldeído é um conservante da matéria orgânica; o cianido de hidrogénio é o veneno
que mata nas câmaras de gás. Estão todos nos cigarros. Juntamente com muitos mais …
11. Os fumadores estão sujeitos a maiores e mais regulares problemas dentários que os
não fumadores.
VERDADEIRO
Se fuma, pode esperar ter mais problemas com os dentes! Os
fumadores estão mais sujeitos a ter perfurações dentárias e cáries
que os não fumadores.
12. Fumar pode causar os seguintes cancros: A. Bexiga; B. Esófago; C. Boca; D. Pulmão
E. Garganta; F. Todos os acima mencionados.
HIPÓTESE F
Fumar está directamente relacionado com TODOS estes cancros.
Além destes, também os cancros pancreático, gástrico e prostático podem estar relacionados com hábitos tabágicos.
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saúde oral nas crianças
CRIANÇAS
COMO CUIDAR
DOS DENTES
OS DENTES SÃO UM ELEMENTO
FUNDAMENTAL NA SAÚDE DE TODO
O ORGANISMO.
NESTE ARTIGO
CONTAMOS TUDO SOBRE OS DENTES
DA CRIANÇA E COMO DEVE SER
FEITA A SUA HIGIENE ORAL
Dra. Rita Santos Costa
Médica Dentista
(2ª TEN TSN Hospital da Marinha)
Pós-Graduada em Ortodontia pela NYU, EUA
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Outono 2006
saúde oral nas crianças
O QUE É A SAÚDE ORAL?
Uma boa saúde oral depende da manutenção
das estruturas oro-facias saudáveis: lábios cuidados, dentição completa, dentes, gengiva e
osso sãos e uma oclusão equilibrada permitem
uma boa estética e boas funções de fonação,
mastigação e mímica facial.
A cárie dentária e a doença periodontal são as
doenças mais frequentes na cavidade oral.
A cárie dentária consiste numa destruição progressiva da estrutura dentária. Uma má remoção da placa bateriana, camada branca que
contém bactérias e é fortemente aderente às
superficies dentárias, é a principal causa da
lesão de cárie.
A doença periodontal é caracterizada pela destruição dos tecidos que ligam o dente ao osso
(ilustração 1).
Ambas são doenças bacterianas.
É importante ter a noção de que o dente é irrigado e pode ser um ponto de partida para a infecção noutros locais do organismo.
IMPORTÂNCIA DE UMA DENTIÇÃO PRIMÁRIA SAUDÁVEL
Crianças com dentes sãos mastigam bem os alimentos, aprendem a falar claramente e sentem-se bem com elas próprias e com os outros.
A extracção dentária, embora deva ser a última
opção, pode ser uma terapêutica necessária.
No entanto, a manutenção de todas as peças
dentárias até à altura da sua esfoliação é essencial para manter o espaço para os dentes definitivos. A perda precoce de dentes decíduos
(vulgarmente designados de leite), principalmente os dentes caninos e posteriores, pode
levar a uma migração dos dentes adjacentes
para esse espaço encerrando-o parcialmente.
Ao retirar o espaço de erupção para o dente
definitivo surgem alterações das dimensões da
arcada (largura).
A cárie dentária, quando associada à dor, interfere com a nutrição e com o comportamento,
podendo causar ansiedade e insónias.
A cárie de mamadeira é devastadora, destruindo várias faces dos dentes. Resulta da oferta de
líquido doces nas chupetas e biberons, sobretudo se for ao adormecer, porque durante o sono
há uma diminuição do fluxo salivar, a língua
não se move tanto e os açúcar líquidos ficam
em contacto com os dentes durante um maior
período de tempo.
HIGIENE ORAL CORRECTA
DOS 0-2 ANOS
Quando a criança ainda é desdentada apenas
necessita que se higienize e massaje a gengiva
com uma gaze húmida ou similar mas, a partir
do aparecimento do primeiro dente, deve introduzir-se a escova, de tamanho adequado e
macia. Nesta fase começa a utilizar-se uma
pasta fluoretada (com baixa concentração de
flúor), só uma camada finíssima tipo “escova
toca no dentífrico”.
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saúde oral nas crianças
DOS 2-6 ANOS
Nesta idade a criança ainda não consegue fazer
correctamente a sua higiene oral, no entanto
deve escovar os dentes, embora esta escovagem seja, geralmente, apenas uma brincadeira.
Cabe aos responsáveis pela criança fazer a
“verdadeira” higiene oral.
O fio/fita dentária deve ser introduzido à medida que os espaços interdentários vão fechando.
A escova eléctrica está indicada como estímulo
gem. Os movimentos do adulto, que se posiciona por trás, vão sendo seguidos pela criança.
Por volta dos 6 anos erupciona o primeiro
molar definitivo. É de realçar que este dente
erupciona sem nenhum dente de leite esfoliar,
na zona posterior aos últimos molares de leite.
Porque é uma zona de difícil higienização, a
criança deve ser motivada para a escovagem
deste dente com maior cuidado.
MAIS DE 6 ANOS
A criança já tem destreza para a sua própria
higiene oral. Uma abordagem sistemática e
rotineira da escovagem torna a aprendizagem
mais fácil, para não esquecer de escovar
todos os dentes e todas as suas faces.
A PARTIR DOS 6 ANOS A
CRIANÇA JÁ TEM DESTREZA PARA
A SUA PRÓPRIA HIGIENE ORAL
para as crianças saudáveis ou como uma ajuda
na criança cuja destreza manual esteja reduzida.
A posição de starkey, em que a criança está em
frente ao espelho com o adulto a fazer a escovagem, é uma boa posição para a aprendiza-
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Outono 2006
O tempo médio de escovagem deve ser de
3 minutos.
A escovagem deve ser feita após as refeições
e quando não for possível deve fazer bochechos mesmo que só com água. De referir que
saúde oral nas crianças
a escovagem à noite é a mais importante.
Os agentes reveladores de placa bacteriana
são bons orientadores para a criança saber se
está a fazer uma higiene oral correcta. Após a
escovagem bochecha com o revelador e um
pigmento aparece nos locais onde a placa
bacteriana não foi bem removida.
HÁBITOS
DISFUNCIONAIS E MÁ OCLUSÃO
HÁBITOS NOCIVOS:
Onicofagia
Sucção do polegar e/ou outros dedos
Sucção da mucosa jugal
Interposicão/sucção da língua e/ou lábios
Chupeta
Respiração bucal
Bruxismo
A onicofagia (roer as unhas) provoca microfracturas no esmalte.
O bruxismo (ranger os dentes) provoca desgaste nas faces dos dentes.
Todos os restantes hábitos vão provocar alterações músculo-esqueléticas, sendo muitas
vezes a causa de mordidas abertas (dentes
que não se tocam ao ocluir).
A sucção da chupeta é preferível à sucção de
dedos. Este hábito deve ser abolido até aos 3
anos, altura em que a regressão das alterações esqueléticas e/ou dentárias ainda é possível. Estas alterações, provocadas ou não por
hábitos nocivos, podem ser motivo para intervenções mais complexas, como a cirurgia
maxilo-facial, ortognática, a ortodôncia inter-
ceptiva e a ortodôncia. Estabelecer timings de
actuação é difícil e cada caso deve ser estudado individualmente.
VISITAS PERIÓDICAS AO PROFISSIONAL DE SAÚDE
A primeira consulta ao profissional de saúde
oral deve ser até aos 12 meses. Até esta idade
as orientações poderão ser dadas por outros
profissionais de saúde.
É importante que o tratamento da lesão de
cárie seja o mais precocemente possível, pois
quanto mais inicial for a lesão mais simples
vai ser a sua abordagem e mais facilmente
teremos a colaboração da criança.
Crianças pouco ou nada colaborantes e com
várias lesões de cárie podem obrigar a recorrer à sedação consciente ou mesmo à anestesia geral.
As consultas de rotina têm intervalos de
tempo consoante a idade e estado clínico da
criança. Devem ser estabelecidas pelo profissional de saúde.
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boas ideias
PELAS PRÓPRIAS MÃOS
MESMO QUE NÃO TENHA O HÁBITO DE SE DEDICAR
AOS TRABALHOS MANUAIS, EXPERIMENTE TIRAR
OS SEUS FILHOS DAS LOJAS E FAZER COM ELES
ALGUNS PRESENTES DE
NATAL. É UMA BOA FORMA
DE COMBATER O EXCESSO DE CONSUMO TÍPICO
DESTA ÉPOCA
TRABALHAR COM ESTRELAS
Motivo que, entre outras lembranças,
nos traz sempre o Natal à memória, as
estrelas podem ser usadas para decorar e criar
mil e um objectos bonitos e fáceis de fazer.
BOLACHINHAS
Quem é a avó que não gosta de umas bolachinhas para o chá?
Experimente esta receita: como as crianças gostam muito de “pôr a mão na massa”, deixe-as
trabalhar 250 g de manteiga amolecida com
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Outono 2006
125 g de açúcar usando apenas as pontas dos
dedos. Depois podem juntar 350 g de farinha
peneirada (basta usar o coador se não tiver
peneira) e formar uma bola.
Polvilhe a bancada da cozinha com farinha e
estenda a massa com o rolo até ficar com
cerca de meio centímetro de espessura.
Chegou uma parte muito divertida: com um
molde em forma de estrela corte as bolachinhas e coloque num tabuleiro untado (também é um momento divertido – dê à criança
um pincel de cozinha e diga-lhe para pintar a
forma muito bem pintadinha!)
boas ideias
Depois é só cortar em forma de estrela e levar
ao forno até dourarem. Existem moldes para
cortar bolachas nos hipermercados e nas lojas
de artigos para cozinha.
O embrulho – sugerimos uma ideia muito
simples: faça saquinhos em papel celofane e
feche-os com um elástico. Recorte uma estrela em cartolina de cor e, com a ajuda de uma
agulha de cozer lã, coloque um fio de ráfia ou
uma fita. Use para amarrar à volta do saquinho e escreva o nome da pessoa presenteada.
As crianças a partir dos 5 anos já são capazes
de, com a sua supervisão, fazer esta embalagem pelas próprias mãos.
MOLDURA
Falta de imaginação? Só se for uma
moldura comprada à
última da hora, igual
a tantas outras, mas a
que lhe sugerimos é
feita por si e pelas
crianças, totalmente personalizada!
Escolha primeiro a
fotografia com que vai oferecê-la
e compre uma moldura simples, de madeira
clara e sem verniz (à venda nas lojas de trabalhos manuais e em muitas “lojas dos
300”). Escolha cores que fiquem bem com
as da foto e, com tintas acrílicas, pinte a
moldura. Recorte estrelas em cartão grosso
e pinte-as num tom contrastante com a cor
que escolheu. Depois de secas, cole-as na
parte de cima da moldura e deixe secar.
O embrulho – fica muito festivo se embrulhar
o seu presente em papel de
embrulho bege e lhe colocar um laço de fita grossa
vermelha ou verde.
ÁLBUM DE FOTOS
Mais uma vez pode
recorrer às “lojas
dos 300” e comprar álbuns de fotografias. Há de vários
tamanhos, por isso escolha o
que mais lhe agradar. Para lhe dar um “toque
especial”, forre-o com tecido. É fácil: faça
SABIA QUE…
A TROCA DE PRESENTES DE
NATAL PODE TER TIDO ORIGEM
NO COSTUME ROMANO DE
OFERECER PRENDAS NAS FESTAS
EM HONRA DE
SATURNO?
como se estivesse a forrar os livros da escola e
use cola própria para tecido que deve diluir
apenas se for estritamente necessário e sempre em muito pouca água. Tenha atenção aos
acabamentos. Provavelmente terão de ser feitos por si. E, mais uma vez, pode recortar
estrelas num tecido de outra cor e colá-las na
capa do álbum. Um truque: para que o tecido
não desfie, passe uma camada de cola pelo
avesso e corte apenas quando estiver seco.
Outono 2006
33
boas ideias
SABIA QUE…
HÁ PAÍSES EM QUE A ENTREGA
DE PRENDAS SE FAZ NO DIA
S. NICOLAU (O BISPO QUE DEU
ORIGEM À LENDA DO PAI NATAL)
EM 6 DE DEZEMBRO?
DE
O embrulho – escolha um papel com motivos de Natal e faça um laço com papel celofane em cor contrastante. É original e muito fácil.
CABIDE PARA A COZINHA
A base é uma colher de pau que pode pintar
como quiser. Use tintas acrílicas laváveis e deixe
que as crianças dêem asas à imaginação. Numa
drogaria compre camarões pequenos (leve a
colher para que o vendedor possa aconselhar o
melhor tamanho) e coloque-os com intervalos
de cerca de 3 cm. Para que se possa pendurar
facilmente, corte um pedaço de cordel encerado ou guita e ate cada ponta numa das extremidades da colher. Agora é só embrulhar.
O embrulho – envolva o presente num papel
liso e enfeite com estrelas douradas ou prateadas em papel autocolante. Este embrulho
dispensa laços e fitas.
IDEIAS QUE VÊM DE UM PASSEIO
Uma boa forma de envolver as crianças mais
pequenas no fabrico dos presentes é começar
por levá-las a dar um passeio e apanharem
pinhas, pauzinhos, folhas bonitas e outros
“mimos” que a Natureza nos dá. Tudo isto
pode servir para enfeitar a mesa de Natal.
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Outono 2006
PINHAS, ARAME E PAPEL METALIZADO
Escolha pinhas de tamanho
médio com uma base direita.
Com uma tesoura, corte 5 cm
de arame do mais fino e enrole
uma das extremidades na ponta superior da
pinha. Recorte uma estrela em papel metalizado e prenda na outra ponta do arame. Use
para enfeitar a mesa de Natal. Se quiser, escreva o nome de cada membro da família na
estrela e use para marcar os lugares à mesa.
FOLHAS, GRAVETOS E CARTOLINA
Recorte dois triângulos de cartolina com cerca
de 15 cm de altura e 8 cm de base. Cole-os de
cada lado de um graveto muito bem lavado,
deixando cerca de 4 cm de fora em baixo.
Escolha folhas com tamanhos similares e cole
num dos lados, formando uma árvore de
Natal. Use o outro lado para escrever uma
mensagem. São muito originais como cartões
de “Boas-Festas”. Como não contêm metal,
podem ser enviados pelo correio em envelopes normalizados.
boas ideias
CONTO: O PODER DE UMA TENTATIVA
Vivia-se mais um Inverno rigoroso. Mas a vida
mantém o seu compasso habitual e as tarefas
do dia-a-dia têm de ser realizadas.
Havia muita neve nas montanhas e Joshua
sabia como seria difícil atingir os cumes para
reabastecer de mantimentos os seus colegas
que ali se encontravam a trabalhar. Mas ele não
estava só. Bess, a sua égua, era desde há alguns
não apenas o seu meio de transporte mas a sua
fiel companheira de vida. Eram inseparáveis.
Naquele dia a neve era tanta que Joshua teve
de desmontar e conduzir Bess pela mão.
Debaixo de um nevão intenso tiveram que parar muitas vezes, recorrendo ao auxílio de
árvores e rochas para se protegerem enquanto descansavam e recuperavam o fôlego.
Além de abundante, a neve era pouco firme e
não permitia caminhar sem que se afundassem até aos joelhos. Ao anoitecer, esgotados,
alcançaram o acampamento onde tiveram de
ficar diversos dias sem poderem regressar.
Joshua sabia que, no regresso, teria de recorrer
a uns sapatos próprios para caminhar na neve,
mas estava preocupado pois temia que Bess
tivesse que ser deixada para trás. Foi então que
um dos seus colegas sugeriu fazer-lhe uns
“sapatos” para a neve. Cortaram quatro par-
tes redondas de madeira e prenderam-nas às
pernas da égua com uma corda. Bess ficou,
literalmente, calçada.
Joshua reagiu a esta ideia de forma céptica
recusando-se a acreditar que fosse possível.
Achava que estavam apenas a perder um
tempo precioso, em vez de procurar uma solução verdadeiramente eficaz. Mas Bess pareceu
compreender para que serviam aqueles “sapatos” e esforçou-se para conseguir andar com
eles. No início mal podia equilibrar-se e caminhar mas, com um pouco de prática, conseguiu dar os seus primeiros passos. O cepticismo
de Joshua deu lugar ao orgulho. A sua égua
tinha ultrapassado uma enorme dificuldade.
Foi assim que a neve deixou de ser um problema e Joshua pode regressar a casa com a
sua companheira. Pelo caminho, quem via
Bess a caminhar com aqueles quatro “sapatos” fazia comentários jocosos, gozando
com a situação. Mas Joshua estava tão orgulhoso com o sucesso da sua égua que ignorava os comentários.
Ele tinha sido o primeiro a não acreditar
naquela ideia, mas a verdade é que tinha
resultado. E tal nunca se saberia se não tivessem tentado.
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FICHA TÉCNICA
Mais Saúde Outono de 2006 Revista Semestral Propriedade Generali Direcção Bárbara Luzes
Editor Cláudia Matias/AdvanceCare Concepção Gráfica e Produção White Rabbit – Custom Publishing
Depósito legal n.º 178.119/02 Morada Apartado 2216, 1102-001 Lisboa www.advancecare.com

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