Metalworking World 3/2007

Transcrição

Metalworking World 3/2007
A TODA VELOCIDADE RUMO AO SUCESSO:
TECNOLOGIA ESPORTIVA
– A FÓRMULA CAMPEÃ
UMA REVISTA DE NEGÓCIOS E TECNOLOGIA DA SANDVIK COROMANT
COROMANT
Alexander Peters,
diretor executivo
da Neuman & Esser.
N.º3 2007
COMO A VOLKSWAGEN
CONQUISTOU O MUNDO
RESULTADOS POSITIVOS
NA ALFA LAVAL
ASSUMA O CONTROLE DA
TROCA DE FERRAMENTAS
NEUMAN & ESSER NA ALEMANHA:
FLEXIBILIDADE
É O SEGREDO
AVANCEMOS JUNTOS
NO INÍCIO DOS ANOS 90, quando os jogadores
profissionais de golfe adotaram tacos com
cabeças superdimensionadas, ocas, feitas de
titânio, o jogo melhorou muito, simplesmente
porque a bola ia mais longe. Graças ao titânio,
elas ganharam muita distância – mais do que
haviam ganhado antes por meio da prática e
da técnica.
A tecnologia esportiva tem ajudado vários
atletas a lançar bolas mais longe e com mais
força, correr e nadar mais rápido e saltar mais
alto e mais distante. Provavelmente veremos
alguns desses resultados nos Jogos Olímpicos
de Pequim 2008, evento para o qual milhares
de atletas estão se preparando atualmente.
À primeira vista, atletas de ponta e engenheiros de fabricação podem parecer duas
espécies totalmente diferentes, mas eles têm
algo em comum: a percepção de que desafiar limites é algo necessário para melhorar o
desempenho.
automotiva oficial
da Olimpíada de 2008, a Volkswagen China
iniciou um programa Olímpico de melhoria
com vistas a aumentar as vendas, baixar os
FOTO: MATS JONHOLT
AO SER NOMEADA PARCEIRA
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METALWORKING WORLD
custos e reforçar a marca. O programa Olímpico desafiou os fornecedores a apresentar
soluções ainda mais eficientes. Para a Sandvik
Coromant, fornecedora da Volkswagen China
desde 1989, isso levou à introdução de novas
classes de pastilhas mais duráveis para ferramentas de corte de blocos de cilindros.
exige, ao mesmo
tempo, conhecimento e presença. Exige ultrapassar fronteiras para ver o que é possível fazer. “Problemas acontecem e precisamos estar
preparados para lidar com eles de forma rápida e eficiente”, diz Mario Salinas, supervisor
de ferramentas da unidade Volkswagen Centro
Industrial Córdoba na Argentina, que fabrica
caixas de câmbio para a indústria automobilística. Diferentes desafios exigem diferentes
soluções e, em Córdoba, a Sandvik Coromant
tem seu próprio escritório dentro da fábrica.
A cooperação estreita entre a Volkswagen e
a Sandvik Coromant produziu uma relação
dinâmica e frutífera. Nos esportes, o vencedor
leva o título, mas na Sandvik Coromant queremos que todos sejam vencedores.
Nesta edição você poderá ler sobre a nossa
presença em três continentes – América do
Sul, Europa e Ásia – e como essa presença
tem ajudado as empresas a atingirem suas
metas. Como afirma o futurologista profissional Patrick Dixon: “Os maiores vencedores no
futuro combinarão a excelência da engenharia
com as reais necessidades das pessoas.” E é
isso que faz a Sandvik Coromant.
Espero que a leitura desta edição da
Metalworking World seja agradável e produtiva.
MELHORAR O DESEMPENHO
KENNETH V SUNDH
PRESIDENTE DA SANDVIK COROMANT
ÍNDICE
METALWORKING WORLD N.º3 2007
TECNOLOGIA
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34
“Plug and play” é a melhor descrição para o
Coromant Capto, como sistema de troca rápida
para centros de torneamento. Ele se adapta a
todos os tipos de máquinas, tornando possível
converter uma torre com ferramentas convencionais para o Coromant Capto. Depois disso, bastam alguns minutos para instalar ferramentas em
uma máquina.
MENOS DIFÍCIL E MAIS EFICIENTE
Enquanto processo, o torneamento de peças
duras (HPT) evoluiu bastante. Mesmo assim, ele
não deve ser visto como alternativa para todas as
operações de retificação, mas um complemento.
Com novas e aprimoradas pastilhas de CBN e
estratégias de percurso das ferramentas, o HPT
alcança níveis mais elevados de competitividade.
OPERAÇÃO SILENCIOSA
Em operações de fresamento que envolvam ferramentas longas, as vibrações nunca são desejáveis. Uma solução é incorporar uma tecnologia
antivibratória na ferramenta, que reduz não apenas as vibrações e o ruído associado como também influencia o resultado: operações de fresamento mais seguras, taxas de remoção de metal
mais altas, melhor acabamento superficial e, portanto, maior produtividade.
VENCENDO A INSTABILIDADE
Como garantir que uma pastilha permaneça fixa
na sua posição exata? Evitar micromovimentações é vantajoso para o desempenho e para a
qualidade. iLock, um conceito amplo de interface, desenvolvido para atacar a instabilidade da
pastilha na raiz, tem sido aplicado às ferramentas
cujas aplicações sejam sensíveis a micromovimentações da pastilha; por exemplo, usinagem
com altas velocidades (HSM) e onde a qualidade
do processo seja um pré-requisito.
Boom de
produtividade
na Volkswagen
Shanghai, China.
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NOTÍCIAS DE USINAGEM
FLEXIBILIDADE GERA
RECEITA
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MELHORANDO O QUE
JÁ ERA ÓTIMO
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SHANGHAI VOLKSWAGEN
– EXEMPLO BRILHANTE
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USINAGEM UNIFORME
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NOTÍCIAS DE USINAGEM
ENCARE O FUTURO
O VENCEDOR
LEVA TUDO
Correção: Na edição N.o2 2007 da Metalworking World, Ivan Spolaor foi identificado de maneira incorreta. O cargo dele
é gerente regional de vendas na Sandvik Coromant do Brasil.
FOTO: CHRISTOPH PAPSCH
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GANHE TEMPO, ACELERANDO
A TROCA DE FERRAMENTAS
FOTO: GERHARD JOHRÉN
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METALWORKING WORLD é uma revista de negócios e tecnologia da AB Sandvik Coromant,
811 81 Sandviken, Suécia. Telefone: +46 (26) 26 60 00. A Metalworking World é publicada três vezes por ano em
alemão, chinês, coreano, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, holandês, húngaro, inglês americano, inglês
britânico, italiano, japonês, polonês, português do Brasil, russo, sueco e tcheco. A distribuição é gratuita para clientes
da Sandvik Coromant mundialmente. Publicada pela Spoon Publishing em Estocolmo, Suécia. ISSN 1652-5825.
Editora-chefe e responsável legal na Suécia: Pernilla Eriksson. Executiva de conta: Christina Hoffmann. Gerente
editorial: Lisa Lundqvist. Diretor de arte: Erik Westin. Editor de imagens: Christer Jansson. Editor técnico: Christer
Richt. Subeditora: Valerie Mindel. Coordenadora: Monica Åslund. Coordenador de idiomas: Sergio Tenconi.
Editora de português: Miriam Moraes Bengtsson. Tradutor: Carlos Teixeira. Pré-impressão: Markus Dahlstedt.
Foto da capa: Christoph Papsch.
Favor observar que não aceitamos originais não-solicitados. O conteúdo desta publicação só poderá ser reproduzido
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sobre distribuição: Monica Åslund, Sandvik Coromant. Telefone: +46 (26) 26 60 14. E-mail: [email protected]
Impressa na Suécia por Sandvikens Tryckeri, em papel MultiArt Matt 115 gramas e MultiArt Gloss 200 gramas da
Papyrus AB, com certificação ISO 14001 e registro EMAS.
Coromant Capto, CoroMill, CoroCut, CoroPlex, CoroTurn, CoroDrill, CoroBore, CoroGrip, AutoTAS, GC e iLock são
marcas registradas da Sandvik Coromant.
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A Metalworking World é publicada com objetivo meramente informativo. As informações fornecidas são de natureza genérica e não
devem ser tratadas como recomendação ou como base para tomadas de decisão em casos específicos. Qualquer uso dessas informações é de total responsabilidade do usuário. A Sandvik Coromant
não se responsabiliza por qualquer dano
direto, acidental, conseqüencial ou indireto, resultante do uso das informações
disponíveis na Metalworking World.
METALWORKING WORLD
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NOTÍCIAS
TALENTO LOCAL PREMIADO
COM BOLSA DE MATERIAIS
Com o AutoTAS, software
de gerenciamento de
ferramentas, o usuário
tem controle total sobre
as ferramentas.
SOLUÇÃO DE VENDAS RECOLOCA
A UNIVEL NOS TRILHOS
Os negócios iam de vento em
popa para a Univel Transmissions
(Pty) Ltd, fabricante de eixos de
transmissão na África do Sul, até
que a falta de ferramentas
resultou em perda de produtividade e posteriores transtornos. O
aumento dos volumes de
produção exigia maior controle
dos custos de ferramentas e
estoques, mas o sistema da
empresa naquele momento não
conseguiu corresponder.
A perda de produtividade, combinada às limitações de tempo,
forçaram a Univel a buscar uma
solução automatizada de vendas
que garantisse as ferramentas
certas na hora certa. A Sandvik
Coromant da África do Sul propôs
a solução adequada, que foi
instalada em janeiro de 2006 e já
estava em pleno funcionamento
um mês depois.
A nova ‘vending solution’ contém 67 itens de linha e possui um
sistema de segurança em três
níveis que permite à Univel contro-
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METALWORKING WORLD
lar totalmente seu ferramental.
Com base nas exigências do cliente, a Sandvik Coromant desenvolveu relatórios no AutoTAS,
software para gerenciamento de
ferramentas, simples e fácil de
usar. O AutoTAS, que oferece ao
usuário total controle sobre as
ferramentas, também se comunica com o BAAN (software de
gestão empresarial) para garantir
que todas as informações estejam
sempre ativas e disponíveis.
Ao longo dos seis primeiros
meses, a nova solução gerou uma
redução de custos de aproximadamente US$ 264.000 para a Univel
em termos de ferramental. Esperase uma economia ainda maior,
conforme esses custos continuem
a diminuir, independente da
previsão de 7% de aumento na
produção. Com base nos bons
resultados iniciais, as duas
empresas pretendem continuar
trabalhando juntas para garantir
maiores economias no futuro.
Formada em 1984, a Univel
Transmissions (Pty) Ltd é uma
joint venture entre a GKN
Driveline, líder global em eixos de
acionamento, e a Dorbyl Ltd. Os
principais produtos da empresa
são eixos de transmissão de junta
homocinética dianteiros e traseiros e peças correlatas, fornecidas
para grandes fabricantes de automóveis, como BMW, Toyota, GM,
Ford e Volkswagen.
Johan Bratberg, PhD em engenharia,
foi posta em uso com resultados
ganhou o Prêmio de Materiais
valiosos em nosso desenvolvimento
Sandvik Coromant 2007 por sua
de produtos.”
pesquisa teórica e experimental sobre
O Prêmio de Materiais Sandvik
fenômenos termodinâmicos e
Coromant foi instituído em 1989 para
cinéticos complexos em sistemas
promover a pesquisa na área de
contendo metal duro. O
prêmio foi entregue a
Bratberg por Magnus
Ekbäck, vice-presidente
de P&D da Sandvik
Coromant, em uma
cerimônia no Instituto
Real de Tecnologia, em
Estocolmo.
“O trabalho de Johan é
da mais alta qualidade
científica”, elogia
Magnus Ekbäck
Ekbäck. “Ele conseguiu
(esq.) com
criar uma correspondênJohan Bratberg.
cia mais ampla entre os
modelos e a realidade,
aumentando o conhecimento nesse
tecnologia de materiais. Ele é
campo. Seu trabalho está fechando a
entregue todos os anos, em um valor
lacuna entre a pesquisa acadêmica e
de 35.000 coroas suecas.
as aplicações industriais, com resultaBratberg tem uma relação especial
dos de interesse da Sandvik
com a Sandvik Coromant. “Johan veio
Coromant e de outras empresas
de Sandviken, berço da nossa
envolvidas no desenvolvimento de
empresa”, conta Ekbäck. “Que eu
novos materiais, aí incluídos os
saiba, é a primeira vez que isso
metais duros. A pesquisa de Johan já
acontece.”
HORA DE RECICLAR PASTILHAS USADAS
Hoje é fácil reciclar pastilhas de metal
duro já usadas.
O enfoque nas questões ambientais vem se intensificando ultimamente. Com isso, as indústrias de manufatura devem provar que seus negócios
causam o menor impacto possível no
meio ambiente.
A Sandvik Coromant pode ajudá-lo
a alcançar esse objetivo. O conceito
de reciclagem da Sandvik Coromant
foi introduzido há 10 anos e obteve
certificação em todos os níveis, de
acordo com o padrão internacional de
gestão ambiental ISO 14001.
“Isso significa que recolhemos as
pastilhas de metal duro usadas,
independente da marca”, explica o
gerente de projeto Lars Hallberg.
Esse sistema é bem útil para os
fabricantes do setor metal-mecânico,
uma vez que têm a chance de descartar, de maneira prática, as pastilhas
usadas e de contribuir com o meioambiente, usando um conceito
reconhecido internacionalmente.
“Esse serviço é fácil de usar e está
disponível para os nossos clientes no
mundo todo, onde quer que eles
atuem”, enfatiza Hallberg.
FOTO: SANDVIK COROMANT
Caminhada consciente:
equipe que trabalhou com a
Associação Humanitária
Habitat na região de Nova
Orleans, seguindo uma banda
da cidade.
QUE VOLTE A MÚSICA!
A Sandvik Coromant não está apenas
empenhada em garantir maior competitividade aos seus clientes, ela se
preocupa igualmente com as questões humanitárias, razão pela qual
escolheu Nova Orleans como local
para realizar um evento com seus
distribuidores da região.
Ao chegarem à “Big Easy” (como é
conhecida a cidade), funcionários e
distribuidores da Sandvik Coromant
foram recebidos com a apresentação
de uma banda ao vivo, um jantar no
famoso restaurante Antoine’s e uma
palestra motivacional de Rocky Bleier
– formado em Notre Dame, veterano
do Vietnã e quatro vezes campeão do
Super Bowl, o campeonato nacional
de futebol americano. Mas o maior
impacto da estada em Nova Orleans
só foi sentido durante um tour de
duas horas pelas áreas mais devastadas da cidade. A constatação das
difíceis condições inspirou muitos
deles a se interessarem ativamente
pela resgate da vida da cidade.
A equipe da Sandvik Coromant e
seus distribuidores parceiros se
uniram à Associação Humanitária
Habitat na região de Nova Orleans
(NOAHH) para ajudar a Vila dos
Músicos, uma comunidade florescen-
te criada pelas lendas do jazz
Branford Marsalis e Harry Connick Jr.
Depois de ajudarem em serviços
de reformas de residências, a Sandvik
Coromant e seus distribuidores fizeram uma doação de US$10.000 à
NOAHH para a compra de ferramentas.“Dezoito meses depois do Katrina,
Nova Orleans ainda parece um país
devastado pela guerra”, conta John
Jacobsen, da Sandvik Coromant dos
EUA. “Trazer os músicos de volta para
casa é o primeiro passo, e estamos
comprometidos com isso, seja por
meio de ajuda física ou financeira.”
Para a Sandvik Coromant, o even-
to, chamado de Dias de Informação
ao Distribuidor, foi mais do que uma
chance de demonstrar novos planos e
iniciativas para 2007 à rede de
distribuição local; foi também uma
oportunidade de fazer algo mais por
uma cidade que tanto necessita de
boa vontade. Ao tornar esse projeto
uma questão de consciência e ação, a
equipe da Sandvik Coromant ajudou
não só a oferecer novas casas aos
músicos e suas famílias como
também contribuiu nos esforços de
trazer a música de volta a Nova
Orleans, um componente fundamental para o renascimento da cidade.
CHERY AUTOMOBILE
NOMEIA MELHOR FORNECEDOR
A Chery Automobile
lidera as marcas
nacionais de
automóveis no
mercado chinês.
A Chery Automobile, um dos maiores
fabricantes de automóveis da China e
o maior fabricante independente do
país nesse segmento, nomeou a
Sandvik Coromant como “melhor
fornecedor” no setor de cortes em
2006. A Chery mencionou a alta
qualidade dos produtos e a excelência
das soluções como motivos para o
prêmio, entregue na Conferência de
Fornecedores de Materiais Comuns na
cidade de Wuhu, em janeiro de 2007.
Um de seus fornecedores estratégicos
mais próximos, a Sandvik
Coromant ganha o prêmio por quarto
ano consecutivo. A Chery Automobile,
famosa por inovações independentes
na fabricação de carros, tornou-se o
principal fabricante de automóveis da
China com direitos intelectuais
independentes. Ela lidera as marcas
nacionais de automóveis no mercado
chinês. Desde sua inauguração em
1997, a chave do seu sucesso tem sido
o enfoque na inovação independente e
na eficiência de produção.
FOTO: MARK RALSTON/SCANPIX
METALWORKING WORLD
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TECNOLOGIA
POR ELAINE MCCLARENCE
GANHE TEMPO, ACELERANDO
A TROCA DE FERRAMENTAS
Um sistema de troca rápida pode acrescentar horas
de produtividade às operações de torneamento.
DESAFIO: COMO GANHAR UM TEMPO PRECIOSO NA TROCA DE FERRAMENTAS?
SOLUÇÃO: SUBSTITUINDO SET-UPS DE FERRAMENTAL CONVENCIONAIS POR UM
SISTEMA DE TROCA RÁPIDA.
PARA A MAIORIA dos fabricantes de peças,
a produtividade é uma obsessão. O tempo
efetivo médio de processamento em uma
máquina pode chegar a apenas 36% do
tempo total de produção em uma operação
típica de torneamento; portanto, é um
grande desafio obter a máxima utilização
de uma máquina-ferramenta cara.
As empresas que usam set-ups convencionais de ferramentas em centros de
torneamento perdem tempo de diversas
formas: na troca das peças de trabalho, no
set-up e calibração do lote, na indexação
das pastilhas e na troca de ferramentas e
tarefas de serviço.
Uma das maneiras de ganhar
tempo (até 25%) é investir em um
sistema de troca rápida, aumentando
assim o tempo total de processamento para 45% e reduzindo o tempo total de máquina parada. Com
o conceito de ferramenta de troca
rápida Coromant Capto, o tempo
para substituição de ferramentas
cai de uma média de mais de oito
minutos para menos de um minuto.
Para cada ferramenta de uma torre,
é possível adicionar até 50 horas
A troca de ferramentas torna-se mais
rápida e eficiente com o sistema de
troca rápida Coromant Capto. Basta
uma volta de menos de 180° para
fixação e liberação.
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METALWORKING WORLD
de produção, resultando em um tempo de
retorno do investimento de apenas alguns
meses.
Isso é possível devido à modularidade
e à simplicidade do sistema de fixação de
ferramentas, quando comparado a um setup com fixação convencional. O conceito
de ferramenta de troca rápida Coromant
Capto pode ser aplicado à maioria das
máquinas de torneamento, graças a várias
soluções para diferentes conceitos e designs da torre. Há diversas alternativas de
fixação disponíveis, desde soluções de fixação complementar até configurações de
torres integradas. Nas máquinas conven-
cionais, a conversão é feita facilmente, por
meio da utilização de unidades de fixação
padronizadas, sem qualquer modificação
na torre. Além disso, o Coromant Capto
possui um design de torre integrada, que
oferece economia de espaço, quando comparado com fixações externas.
o sistema de troca rápida
permite trocar ferramentas com maior
rapidez e eficiência, possibilitando a troca
de pastilhas fora das máquinas. O uso de
ferramentas gêmeas é mais ágil, já que é
mais rápido trocar um porta-ferramentas
completo do que uma única pastilha. Além
disso, esse sistema permite pré-ajustes, já
que as medições também podem ser feitas
longe da máquina. Por ter alta precisão de
posicionamento, reduz ou elimina a necessidade de cortes de referência.
A fixação e a liberação da ferramenta
podem ser feitas com uma volta de menos
de 180° para os dois procedimentos. Um
sistema de troca rápida é particularmente
vantajoso para fabricantes que possuam
operações que exigem trocas freqüentes
de pastilhas ou para aqueles que produzam
pequenos lotes, em que é possível tirar
proveito do tempo de set-up mais curto.
EM ESSÊNCIA,
❯❯ PARA MAIS INFORMAÇÕES:
Contate seu representante local
da Sandvik Coromant.
ASPECTOS TÉCNICOS
Máquinas aceitas: qualquer tipo
de máquina de torneamento.
Opções de fixação: é possível usar unidades de fixação
para adaptação à maioria das
máquinas.
Repetibilidade: +/– 2 mícrons.
Desempenho: o tempo de troca
de ferramentas pode ser reduzido
para menos de 60 segundos.
Padronização: pode
ser usada para toda
a gama de
ferramentas.
Com o Coromant
Capto na torre,
bastam alguns
minutos para instalar
ferramentas em uma
máquina.
É fácil converter uma
torre com ferramentas convencionais
para o Coromant
Capto.
Torre para disco de
interface Coromant.
BENEFÍCIOS
ESTUDO DE CASO
• 25% a mais de tempo de corte
• Maior lucratividade
• Maior disponibilidade da máquina
• Menos tempo de máquina parada
• Set-ups simples
• Repetibilidade.
No mundo da terceirização, as mudanças
de tarefas precisam ser rápidas para
garantir que a maior parte do tempo
seja produtiva. Diante de uma enorme
variação na fabricação de peças, com
lotes variando de pequenos a médios, uma
fábrica terceirizada optou por um sistema
de troca rápida Coromant Capto para seus
tornos CNC.
A natureza flexível dos negócios da
empresa exigiu que ela minimizasse o
tempo de set-up e, conseqüentemente, o
tempo não produtivo. A empresa escolheu
o Coromant Capto devido à facilidade com
8,5 MIN.
0,5 MIN.
Tempo de set-up curto. A fixação por
segmentos possibilita trocar as ferramentas cinco vezes mais rápido do que
com ferramentas convencionais. As
possibilidades de pré-ajustes e posicionamentos exatos significam redução ou
eliminação dos cortes de referência.
que era possível modificar a torre de ferramentas por meio das unidades de fixação.
Outro elemento a favor do Coromant
Capto foi a rigidez do acoplamento, em
comparação com outros sistemas modulares, e a facilidade com que as cabeças de
corte podiam ser trocadas.
No geral, a introdução do conceito de
troca rápida foi vantajosa, graças à velocidade de mudança do set-up das máquinas,
à disponibilidade de uma extensa gama
de ferramentas de corte convencionais e
especiais, além da simplicidade e limpeza
no momento da troca de ferramentas.
RESUMO
“Plug and play” é a melhor descrição para
o Coromant Capto, como sistema de troca rápida para centros de torneamento.
Ele reduz o tempo de máquinas paradas,
aumenta a disponibilidade produtiva
global e ajuda a aumentar os tempos de
processamento.
Os sistemas de troca rápida oferecem
melhor economia para produções em
pequenos lotes, em que set-ups mais
rápidos são importantes, ou para operações que requeiram trocas freqüentes de
pastilhas.
Como o Coromant Capto é um
conceito de troca rápida que pode ser
aplicado por meio de um conjunto versátil
de opções de fixação, o tipo de máquina
ou torre não é impedimento para sua
implementação.
O resultado prático é uma economia
em tempo real, que pode ser transformada na usinagem produtiva de peças. Isso
é particularmente importante para os
fabricantes e fornecedores que precisam
oferecer um serviço rápido, flexível e ágil
a seus clientes.
METALWORKING WORLD
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FOTO: CHRISTOPH PAPSCH
Alexander Peters, diretor executivo da
Neuman & Esser.
FLEXIBILIDADE
GERA RECEITA
A terceirização de tarefas de serviço e produção é uma tendência acentuada entre os fabricantes. Entretanto, o fabricante de compressores
Neuman & Esser foi na direção oposta, assumindo o controle de todo o
processo de produção na usinagem de compressores de grande porte.
perto de
Aachen, no oeste da Alemanha, fica em meio
a uma paisagem moldada pela mineração de
carvão. Colinas de contornos acentuados, cobertas de grama, criam uma estranha silhueta
no horizonte, como que lembrando constantemente que a cidade fica na ponta da região
de extração do antracito, ou carvão duro. Os
habitantes locais conhecem bem os detalhes
da produção de energia. Alguns quilômetros
adiante, na região de extração do carvão betuminoso, ou macio, as pessoas estão acostumadas com a idéia de que a expansão das minas a
céu aberto pode forçar a mudança de acessos
da rodovia, ou até de cidades inteiras.
Übach-Palenberg é onde fica a sede da NeuA CIDADE DE ÜBACH-PALENBERG,
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METALWORKING WORLD
man & Esser (NEA), produtora de compressores de grande porte. Dentre outras coisas,
os compressores são usados para comprimir
gases de hidrogênio em refinarias e, cada vez
mais, para comprimir gás natural. “Acabamos
de fechar um grande contrato com uma empresa de energia da Alemanha para armazenar gás
natural em cavernas subterrâneas”, exemplifica Norbert Winands, diretor de tecnologia da
NEA. Os compressores também são usados
na produção de garrafas PET para a indústria
alimentícia, que exigem máquinas de sopro
de grande porte, e em processos que utilizam
gases industriais (oxigênio, hidrogênio e nitrogênio, por exemplo). O mercado mundial de
compressores é estimado em 1,5 a 1,6 bilhão
de euros. Com 800 funcionários, a NEA detém
a terceira (ou talvez a segunda) posição nesse
mercado. “Nossos principais mercados são os
Estados Unidos e a Ásia, sobretudo a China,
além do Oriente Médio, naturalmente – onde
quer que as indústrias petroquímicas e refinarias estejam instaladas perto dos poços de
petróleo”, assinala Winands.
A lógica por trás do plano de vendas dos
compressores de pistão é incrivelmente simples. A NEA vende a seus clientes sistemas
prontos para usar. O cerne dessas instalações,
o próprio compressor, que normalmente responde por cerca de um quarto a um terço do
valor do contrato, é fabricado na Alemanha.
As maiores dessas máquinas, que podem pesar
FOTO: CHRISTOPH PAPSCH
Peças de um
compressor
de movimento
alternado.
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FOTO: CHRISTOPH PAPSCH
Rene Schlotterhose no
processo de resfriamento de metal com
nitrato.
“Os prazos de entrega são cruciais para esse setor.
Se o compressor não estiver pronto, grande parte
do trabalho da refinaria fica parado.”
até 160 toneladas, são fabricadas na unidade
principal de Übach-Palenberg. Os compressores menores são fabricados em uma segunda
unidade, em Wurzen, perto de Leipzig, Alemanha. Subsidiárias independentes na Alemanha,
Itália, Índia, Tailândia, Brasil, nos Estados
Unidos e em outros países providenciam
componentes adicionais para “completar” os
compressores e criar sistemas sob medida.
Tudo que for necessário para o processo que
mantém o compressor, desde amortecedores
de trepidação até tubos e sistemas de óleo, é
comprado no país onde a instalação será montada definitivamente.
“A vantagem é que o sistema atende automaticamente as normas do país”, explica
Winands. “Ao mesmo tempo, solucionamos o
problema de que alguns países exigem certo
percentual de conteúdo local – peças que tenham sido fabricadas no próprio país.”
É um bom sistema, mas depende de uma
oferta confiável de virabrequins ou blanks
forjados para virabrequim, que a empresa estava comprando já prontos e processando para
compor os compressores. Porém, há alguns
anos, segundo Winands, a NEA percebeu que
a oferta poderia ser um problema, particularmente no caso de virabrequins maiores.
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METALWORKING WORLD
“Naquele momento, dois grandes fabricantes
de virabrequins da Inglaterra tinham encerrado suas atividades”, relembra Winands. “Na
Europa toda, dava para contar nos dedos de
uma mão o número de empresas que fabricavam essas peças grandes.”
temendo depender excessivamente de poucos fornecedores, a NEA decidiu
investir em seu próprio centro de usinagem
CNC, onde poderia fabricar os virabrequins do
início ao fim, a partir de barras cilíndricas forjadas, caso necessário. Como a necessidade de
virabrequins por parte da fábrica era limitada,
então o centro de usinagem devia ser capaz de
fabricar outras peças.
Achim Hoch, diretor de produção da
unidade de Übach-Palenberg, e Willi Tetz,
técnico em mecânica, iniciaram uma busca.
“Queríamos uma máquina que fabricasse o
virabrequim completamente, com um mínimo
de fixações”, conta Hoch. “Além disso, ela
devia ser capaz de produzir pelo menos outras
três peças.”
Fornecedor regional de serviços de ferramentas e distribuidor da Sandvik Coromant, a
KFW Team (Kornel Fohn-Werkzeuge-Team)
foi envolvida desde o início no planejamento.
DESSA FORMA,
Willi Scheuvens com as
ferramentas de corte
montadas.
A KFW já havia introduzido o sistema modular Coromant Capto da Sandvik Coromant em
todo o processo de produção da NEA. Agora
ela tinha a incumbência de garantir que o novo
investimento refletisse as oportunidades e
exigências inerentes às ferramentas convencionais. Três fabricantes foram pré-selecionados, e a máquina Integrex e-650-H da Mazak
venceu por fim.
sido considerada inicialmente, porque em geral a Integrex não estava
disponível com uma bancada no comprimento necessário de seis metros. Porém, ressalta
Hoch, “conversamos com algumas pessoas
da Mazak, descrevemos nosso projeto e a empresa nos ofereceu uma máquina que atendia
nossas exigências. A Integrex com bancada
de seis metros desenvolvida para a NEA é
a primeira desse tamanho a ser instalada na
Europa.”
Um fator decisivo para o sucesso de uma
máquina multitarefas desse tipo é o conjunto de ferramentas que a acompanha. Neste
quesito a NEA também levou em conta três
fornecedores. Eles receberam a tarefa de desenvolver planos para ferramentas e operações
de fabricação não apenas para o virabrequim
A MAZAK NÃO HAVIA
como também para uma cruzeta, uma biela e
um cilindro. A Sandvik Coromant ganhou o
trabalho, porque, dentre outras coisas, era a
empresa com mais experiência no torno-fresamento de virabrequins. Após seis meses de
testes e ensaios, a máquina iniciou suas operações oficialmente. Ela está em operação há
mais de um ano, sem qualquer tipo de defeito,
relata Winands. “Até agora, não precisamos
alterar nem modificar uma única ferramenta”, observa. A cada ano são fabricados entre
50 e 60 virabrequins. “São eixos com duas,
quatro, às vezes seis munhões, pesando entre
500 e 600 kg nos modelos menores até 3,5 a 4
toneladas nos modelos maiores”, explica. “Os
comprimentos variam de 2,3 a 4,3 metros.”
entre 80 e 90 horas
para fabricar um dos menores virabrequins,
usando os equipamentos convencionais. “Hoje
em dia, um eixo desses sai da máquina em 25
a 30 horas”, compara Winands. Assim, com
essa máquina, a NEA eliminou a possibilidade
de atrasos na fabricação dos virabrequins e
consegue realizar seus negócios de forma segura, garantindo os prazos de entrega e assim
evitando pagamento de multas por atraso, que
podem atingir até 1% de um contrato de 4 a 6
milhões de euros.
“Os prazos de entrega são cruciais para esse
COSTUMÁVAMOS LEVAR
Rainer Dietzel, operador de máquina da NEA, inspeciona uma
operação de torno-fresamento.
setor”, explica Winands. “Se o compressor
não estiver pronto, grande parte do trabalho
da refinaria fica parado. Portanto, é importante
sermos flexíveis e podermos, por exemplo,
produzir um virabrequim para atender um
prazo de entrega, mesmo que o fornecedor
de blanks forjados para virabrequim esteja
atrasado.”
A nova máquina oferece exatamente essa
flexibilidade, além da possibilidade de fabricar
outras peças quando necessário. “Com essa
máquina, nos tornamos mais fortes em relação
à concorrência”, diz Winands. “Essa vantagem
é decisiva”, conclui.
LUISE STEINBERGER
PARA VENCER, É PRECISO ENCARAR O DESAFIO
O fabricante de máquinas Neuman
& Esser Aachen está em atividade
há mais de 175 anos. A empresa foi
fundada em Aachen, na Alemanha,
em 1830, com o nome de JL Neuman
& Cie Maschinenfabrik. Inicialmente, produzia prensas hidráulicas e
máquinas têxteis e, posteriormente,
passou a fabricar motores a vapor e
tesouras mecânicas. “As máquinas
eram usadas na indústria têxtil local”,
explica Norbert Winands, diretor
de tecnologia da NEA. Em 1840, a
empresa foi rebatizada de Neuman
& Esser Aachen, que é como ela é
conhecida. Em 1891, Oskar Peters,
antepassado dos atuais proprietários,
assumiu a empresa. Em 1900, Peters
expandiu a oferta de produtos e incluiu compressores de pistão, que na
época eram usados para produzir ar
comprimido em minas subterrâneas.
Em 1972, sob comando do atual
CEO, Klaus Peters, a NEA mudou-se
para novas e espaçosas instalações
em Übach-Palenberg. Desde então,
cresceu e tornou-se a empresa global
que é hoje.
Dentro da estrutura da Neuman
& Esser Verwaltungs- und
Beteiligungsgesellschaft,
existem duas holdings. O grupo
emprega cerca de 800 pessoas, metade das quais trabalha
na Alemanha. As operações de
fabricação são realizadas em
três localidades na Alemanha:
Übach-Palenberg, Wurzen e
Stassfurt, na empresa recémadquirida Stasskol Kolbenstangendichtungen. A comercialização é feita por dez empresas
Norbert Winands,
comerciais independentes na
da NEA, diante
Alemanha, Itália, Índia, Tailândas peças de
dia, no Brasil, nos Estados Unium compressor
de movimento
dos e em outros países. Além
alternado.
disso, existe a empresa global
de serviços NEAC e a divisão
de tecnologia de retificação e
de craqueamento em refinarias, instaclassificação.
lações de dessulfurização e na indúsA linha mais importante de protria química. Os modelos menores
dutos da empresa é a de compressão usados em cervejarias ou para
sores, com vazão volumétrica de até
moldar garrafas PET em máquinas de
100.000 m3/h, potência de 12.000
estiramento e sopro.
kW e pressão final de 700 bar. Os
Apesar do seu alcance global, a
modelos grandes são utilizados em
NEA é uma típica empresa familiar,
instalações de armazenamento subcom raízes profundas na região em
terrâneo de gás natural, instalações
que sua sede está situada. Isso pode
ser visto no envolvimento da empresa
no treinamento de jovens. “Empregamos um percentual de trainees acima
da média”, aponta Winands. “Dos
cerca de 330 funcionários aqui em
Übach-Palenberg, 50 são trainees.
Para os proprietários, da família
Peters, é muito importante que a
Neuman & Esser demonstre responsabilidade aqui na região e empregue
um grande número de jovens.”
O fato de ser uma empresa familiar
também fica evidente na maneira
como a NEA faz seus negócios,
complementa Winands, especialmente
quando se trata de decisões sobre
investimentos, como a nova máquina
Integrex da Mazak. “Na NEA, poucas
pessoas precisam aprovar as decisões,
portanto a decisão de investir em uma
máquina dessas pode ser tomada em
pouquíssimo tempo”, esclarece. “Ao
mesmo tempo, o proprietário [de uma
empresa familiar] assume um risco
empresarial de maneira muito diferente da de uma corporação. O resultado
nem sempre é garantido. Mas, como
diz o ditado: ‘Quem não arrisca não
petisca.”
METALWORKING WORLD
11
PLANEJAMENTO CORRETO DESDE O INÍCIO
Com a decisão de comprar uma máquina, a
Neuman & Esser (NEA) queria implementar um
processo de fabricação totalmente novo. Assim,
começou a planejar as ferramentas e os processos
operacionais em um momento em que ainda não
sabia quem iria fornecer a máquina. Os especialistas da Sandvik Coromant fizeram parte do
processo, concentrando-se nos conjuntos de ferramentas e planos de fabricação para as complexas
operações de torneamento, retificação e furação.
“Só é possível comprar uma máquina dessas se
ela vier com a tecnologia certa”, afirma Norbert
Winands, diretor de tecnologia da NEA. Assim, a
equipe de tecnologia da NEA começou a pensar
nas ferramentas logo no início. Walter Rehahn,
representante de campo do distribuidor local da
Sandvik Coromant, a KFW Team, explica: “A escolha
do ferramental não é geralmente considerada na
fase inicial de um planejamento de investimento em
máquinas, podendo acarretar, posteriormente, altos
custos com ferramentas especiais. Nesse caso,
conseguimos evitar esse problema por meio de uma
cooperação prévia entre o investidor, o vendedor da
máquina e os especialistas em ferramentas.”
Três fornecedores foram convidados a apresentar propostas. Quando a NEA solicitou propostas
para os equipamentos da nova máquina multitarefas, Rehahn pediu conselho ao escritório da Sandvik
Coromant em Düsseldorf. “Na época, essa área
era desconhecida para nós”, relembra Rehahn, que
cuida da conta da NEA há 28 anos. ”A NEA queria que
equipássemos um tipo de ’máquina milagrosa’ que
pudesse fabricar pelo menos quatro tipos diferentes
de peças: virabrequins, cruzetas, bielas e cilindros.”
Achim Hoch (esq.), Walter Rehahn,
Günter Wermeister e Norbert
Winands próximos da máquina
Integrex da Mazak.
12
METALWORKING WORLD
Günter Wermeister, diretor do Centro de Competência da Sandvik Coromant para fabricação de
eixos de comando de válvulas e virabrequins em
Düsseldorf e um dos poucos especialistas no processo de torno-fresamento, assumiu, ele próprio,
o projeto. Junto com sua equipe, desenvolveu um
plano impressionante. “A Sandvik Coromant ofereceu o pacote mais vantajoso”, conta Achim Hoch,
diretor de produção da NEA e encarregado da solicitação de propostas. Como seria necessário uma
porcentagem relativamente alta de ferramentas
com finalidades especiais (cerca de 40%) e a NEA já
estava usando o sistema modular Coromant Capto
da Sandvik Coromant, fazia sentido partir do que
já tínhamos para alcançar a flexibilidade em meio
a toda essa complexidade. “Nesse projeto, como
em qualquer projeto, os fundamentos eram muito
importantes”, ensina Wermeister. Concentrando-se
nas peças a serem fabricadas e trabalhando com
computadores, os membros da equipe projetaram,
desenharam, examinaram, rejeitaram, desenharam
novamente, testaram e, finalmente, concluíram uma
lista de ferramentas e percursos de ferramentas.
“Fizemos as coisas com calma para evitar erros,
pois tínhamos clareza de que qualquer erro durante
o processo de planejamento poderia acarretar altos
custos depois”, assinala Wermeister. Esse método
valeu a pena. Não houve qualquer necessidade de
modificação ou alteração de ferramentas.
Porém, mesmo com o planejamento detalhado,
não foi possível montar a máquina simplesmente e
apertar um botão para iniciar as operações. “Esse
tipo de máquina exige certa adaptação e um alto
nível de complexidade”, esclarece Wermeister.
O operador Rainer
Dietzel junto à
máquina Integrex
da Mazak.
“Isso influencia a programação dos percursos das
ferramentas.”
A NEA não tem nenhum funcionário na área de
CAD-CAM, então uma condição da apresentação
das propostas era que a programação fosse feita na
máquina, com a ajuda de módulos que seriam entregues pelo fabricante. Porém, a Mazak, fabricante
da máquina, não tinha experiência significativa
em torno-fresamento, o que obrigou a Mazak, a
Sandvik Coromant e três dos mais experientes operadores de máquinas da NEA a trabalharem juntos
intensamente para concluir o projeto. O desenvolvimento, os ajustes e o treinamento ocorreram todos
ao mesmo tempo. O operador de máquina Rainer
Dietzel relembra: “Em uma equipe de três operadores, levamos cerca de seis meses para atingir
uma habilidade razoável na utilização da máquina e
conseguir 100% de êxito nas operações.”
“Percorremos todas as etapas, das mais fáceis
às mais difíceis. Fabricamos um virabrequim de
amostra a partir de metal sólido, para praticar as
habilidades necessárias para realizar o torno-fresamento ortogonal e o processo de fabricação com
um eixo B inclinado, que é necessário quando se
deseja realizar uma saída para retífica sem danificar
uma superfície já usinada”, conta Winands.
Hoje, a máquina funciona sem qualquer problema e os três operadores conseguem manuseá-la
sozinhos. Ou melhor, corrige Dietzel, em equipe.
“Trabalhamos até 100 horas em um eixo grande,
em três turnos”, afirma. “O trabalho preparatório
e o trabalho conjunto precisam funcionar bem.”
Dietzel, que trabalha na NEA há quase 30 anos, enxerga suas novas tarefas como um desafio, mas dos
bons. “O trabalho ficou mais abrangente, porém
mais interessante também”, diz.
O GRUPO VOLKSWAGEN ESTÁ PRESENTE EM MAIS DE 100 PAÍSES NO MUNDO TODO.
A METALWORKING WORLD FEZ UMA VISITA À VOLKSWAGEN DE CÓRDOBA, NA ARGENTINA, E DE XANGAI, NA CHINA.
MELHORANDO O
QUE JÁ ERA ÓTIMO
FOTOS: GABRIEL ORGE
A Volkswagen Centro Industrial Córdoba, na
Argentina, acredita que sempre é possível
melhorar. Essa filosofia rendeu à empresa
investimentos e prêmios.
METALWORKING WORLD
FOTOS: GABRIEL ORGE
A fábrica da
Volkswagen em
Córdoba fabrica
caixas de câmbio
para carros e veículos utilitários.
da Volkswagen
Centro Industrial Córdoba são extremamente
diplomáticos ao explicar a posição da fábrica
de caixas de câmbio de Córdoba dentro da
organização mundial Volkswagen. Afinal, eles
estão competindo contra colegas de outras fábricas onde a Volkswagen também fabrica caixas de câmbio para sua ampla linha de carros e
veículos utilitários. A empresa possui fábricas
semelhantes na Alemanha, China, Eslováquia,
África do Sul e Espanha.
O “Prêmio de Excelência Volkswagen”,
concedido recentemente ao Centro Industrial
Córdoba, indica a empresa como melhor fabricante de autopeças dentro do grupo.
“Vemos esse prêmio como um reconhecimento por um trabalho longo e contínuo”,
pondera Juan Cantarelli, gerente de produção da
fábrica de caixas de câmbio MQ250. “Trabalhamos há vários anos para obter qualidade e
eficiência em nossos processos e estamos felizes
por considerarem que alcançamos os resultados
máximos. Sempre buscamos melhorar e sabíamos que estávamos no caminho certo, mas não
acompanhamos outras fábricas do grupo, então
não contávamos com o prêmio.”
“Trabalho nesta fábrica há 20 anos”, conta
Carlos Testa, gerente de produção da fábrica
de caixas de câmbio MQ200. “Quando comeOS DOIS GERENTES SENIORES
14
METALWORKING WORLD
A partir da esquerda: Juan
Monzó, Sandvik Coromant,
Jorge Calderón, Volkswagen,
e Juan Cantarelli, Volkswagen.
cei, produzíamos cerca de 300
caixas de câmbio por dia. Agora
produzimos 2.500 e, no próximo
ano, esperamos alcançar a marca
de 3.500. Produzimos uma caixa
de câmbio moderna e de alta
qualidade a cada 20 segundos, durante o dia todo, todos os dias da
semana. Tenho orgulho de fazer
parte dessa trajetória.”
CNC, visando o mercado global.
Desde então, não paramos mais de
crescer e temos trabalhado sempre
a plena capacidade.”
Chegar ao topo é uma coisa;
permanecer lá é outra. Redução
de custos, melhoria da qualidade
e aumento da confiabilidade são
metas constantes de qualquer
medida tomada pela gerência
da fábrica. Por isso, a Sandvik
Carlos Testa, gerente de
O CENTRO INDUSTRIAL Córdoba
Coromant foi escolhida para conprodução, Volkswagen.
fabrica dois modelos de caixas
tribuir na área de ferramentas, e
de câmbio manuais, o MQ250 e
ela tem tido um papel fundameno MQ200, que equipam vários carros de métal nos últimos cinco anos. Em 2002, a Sandvik
dio porte da Volkswagen, Seat, Skoda e Audi.
Coromant foi selecionada para fornecer todas as
Somente uma pequena parcela da produção
pastilhas e acessórios para usinagem exigidos
fica na Argentina, em uma fábrica de automópela fábrica, além de suporte técnico e serviços.
veis da Volkswagen em Pacheco, na região de
O acordo de gerenciamento de ferramentas inBuenos Aires. Cerca de 95% do que a fábrica
cluiu a avaliação e o fornecimento de ferramenproduz é enviado para outras fábricas de
tas também de outros fabricantes.
automóveis do Grupo Volkswagen no Brasil,
“Tínhamos diversas razões para decidir
Alemanha, México, Eslováquia, África do Sul
por um único fornecedor para gerenciar as
e Espanha.
nossas necessidades de ferramentas”, relem“Nossa grande revolução industrial, nosso
bra Cantarelli. “Uma razão importante é que
ato transformador, já aconteceu”, explica Carlos
queríamos que nossos recursos de engenharia
Testa. “A grande mudança se deu em 1991,
se concentrassem em nossa atividade principal
quando construímos a fábrica de caixas de câme que o gerenciamento de ferramentas ficasse
bio MQ250 e passamos de 4 para 150 máquinas
por conta de um especialista da área.”
a Sandvik Coromant comprometeu-se a obter redução nos custos gerais de
ferramentas ao longo de um período de três
anos, meta que foi superada.
“Temos dois engenheiros trabalhando
na fábrica em tempo integral, oferecendo
assistência diária à equipe da Volkswagen,
supervisionando processos e tentando otimizálos permanentemente”, explica Juan Monzó,
gerente da Sandvik Coromant em Córdoba e
responsável pela operação de gerenciamento
de ferramentas. “Ao longo dos anos – e este já
é o nosso quinto ano na fábrica – temos visto
como essa estreita cooperação tem resultado
em melhorias e economia. Esse tipo de acordo
nos permite usar toda a força de engenharia
da nossa organização. Não se trata apenas dos
nossos produtos, mas também do know-how,
do suporte técnico e recursos que conseguimos mobilizar e oferecer. As ferramentas
podem ser uma preocupação secundária para a
Volkswagen, mas é nosso trabalho e nos esforçamos ao máximo nisso.”
“O conceito é simples”, explica Jorge
FOTOS: GABRIEL ORGE
“Queríamos que nossos
recursos de engenharia
se concentrassem em
nossa atividade principal
e que o gerenciamento de
ferramentas ficasse por
conta de um especialista
da área.”
POR CONTRATO,
Mario Salinas,
supervisor de
ferramentas,
Centro Industrial Córdoba.
Calderón, gerente de engenharia do Centro
Industrial Córdoba. “Damos ao fornecedor,
neste caso a Sandvik Coromant, o status de
fornecedor preferencial, o que implica que
ele tem o direito de solucionar problemas e
oferecer seus próprios produtos, sempre que
atenderem as especificações e os preços. Ao
garantir isso, ganhamos também a assistência
técnica – permanente e no próprio local – algo
que sairia muito caro para nós.”
tem um escritório dentro da fábrica do Centro Industrial Córdoba,
a partir do qual gerencia um pequeno estoque
de ferramentas e acessórios. Os casacos amarelos dos engenheiros da Sandvik Coromant
A SANDVIK COROMANT
passaram a fazer parte do dia-a-dia do chão da
fábrica, onde eles trabalham em contato com
engenheiros e operadores de máquinas da VW.
“Eu sinto que a natureza da nossa contribuição mudou ao longo dos anos”, observa
Monzó, da Sandvik Coromant. “No início,
agíamos mais como solucionadores de problemas, resolvendo as questões que surgiam no
trabalho diário. Agora, além disso, prevemos
os problemas e trabalhamos no longo prazo.”
Mario Salinas, supervisor de ferramentas
do Centro Industrial Córdoba, trabalha em
contato com a Sandvik Coromant e também
percebeu a evolução da cooperação.
“Meu chefe costumava dizer que uma
fábrica sem problemas é uma fábrica parada”,
COM A REPUTAÇÃO DE UM VENCEDOR
A Volkswagen Centro Industrial Córdoba fica situada nos arredores de
Córdoba, na Argentina, cerca de 700
km a noroeste de Buenos Aires. Suas
origens remontam ao início da década de 1960, quando o fabricante de
carros norte-americano Kaiser fundou
uma fábrica na Argentina. A Kaiser
Argentina construiu sua fábrica de
peças em 1963.
Em seguida, a Ford comprou
a fábrica, que durante quase uma
década, sob o nome de “Transax”,
atendeu os principais fabricantes de
carros da Argentina. Em meados dos
anos 1980, numa tentativa de superar
um período muito turbulento para a
indústria automobilística regional, a
Volkswagen e a Ford fundiram suas
operações na América do Sul, criando
a Autolatina. Porém, em 1995 a
parceria foi desfeita e a fábrica ficou
com a Volkswagen.
A unidade de produção da caixa de
câmbio MQ250, inaugurada em 1991,
trouxe uma grande mudança em termos de qualidade e aumentou a produção de 300 para 1.300 unidades
diárias. Até então, a fábrica era uma
espécie de faz-de-tudo, produzindo
peças para freios, caixas de câmbio,
linhas de transmissão, diferenciais
e até pequenos motores diesel. Mas
a nova fábrica de caixas de câmbio
significou uma guinada em direção à
principal divisão da indústria.
Desde que iniciou suas operações,
sete anos depois, em uma segunda
fábrica da caixa de câmbio MQ200, o
Centro Industrial Córdoba pertence
ao grupo de elite das fábricas de
autopeças mais modernas do mundo.
José Correa Rebelo é o diretor
geral do Centro Industrial Córdoba,
que possui unidades de produção e
de serviços em uma área de 80.000
m2. A produção é mantida ininterruptamente por cerca de 1.500 pessoas,
em três e quatro turnos diários.
Recentemente, o Centro Industrial
Córdoba recebeu o prêmio de melhor
fabricante de autopeças do Grupo
Volkswagen. Além disso, recebeu o
Prêmio Industrial Nacional 2006 da
Argentina. A empresa possui ainda
as certificações ISO 9000 e 14000.
Ela atende também os padrões VDA
6.1 e 6.3 da indústria automobilística
alemã e os padrões OHSAS 18001
relativos a saúde e segurança. Cerca
de 95% da produção é exportada,
para equipar carros de médio porte
da Volkswagen, Skoda, Seat e Audi.
METALWORKING WORLD
FOTO: GABRIEL ORGE
Cerca de 1.500 funcionários trabalham na fábrica
da Volkswagen
em Córdoba.
COMPROMISSO COM O SUCESSO
O Centro Industrial Córdoba, da Volkswagen Argentina SA, é o principal cliente da Sandvik Coromant
Argentina. Além disso, a parceria estabelecida
com a empresa é a segunda assinada pela Sandvik
Coromant com um grande fabricante argentino.
As instalações do Centro Industrial Córdoba são
de última geração, baseadas no conceito de linha
celular com transporte e manuseio de materiais
totalmente automatizados. Todas as máquinas da
fábrica MQ200 são equipadas com sistemas de
ferramentas Coromant Capto, que estão sendo
substituídos gradualmente pelo cliente, passando
da classe GC4025 para a classe de nova geração
GC4225 em todas as aplicações de torneamento.
“Os desafios enfrentados pelo Centro Industrial
Córdoba não estão nos materiais utilizados nem na
geometria das peças, mas no volume das séries,
nas exigências de qualidade e nas demandas sempre crescentes de produtividade e confiabilidade”,
ressalta Juan Monzó, gerente da Sandvik Coromant
Argentina em Córdoba. “Desde o início, consegui-
16
METALWORKING WORLD
mos mostrar à Volkswagen que eles podiam confiar
na nossa experiência, tanto no plano local como
global, em termos de economia de fabricação.
“A otimização de ferramentas, a padronização de
sistemas e a redução de estoques proporcionaram
uma economia de cerca de 1,4 milhão de dólares à
Volkswagen Argentina SA em um período de cinco
anos”, prossegue. “É como se disséssemos: ‘Assine
um contrato de quatro anos e ganhe o quinto ano
de ferramentas de graça.’”
O acordo assinado em 2002 estabelecia metas
de economia de 11% nos três primeiros anos. Descrevia as equipes que seriam criadas pela Sandvik
Coromant e pela Volkswagen e a maneira como a
implementação seria avaliada e os novos objetivos
seriam estabelecidos. “Ganhos rápidos não são a
principal meta de um acordo sobre ferramentas,
ainda que eles ocorram”, destaca Horacio Bisi,
diretor da Sandvik Coromant Argentina. “Este
tipo de acordo é um conceito que exige confiança
mútua e uma meta de longo prazo. Cooperação é o
fator principal. Nossos clientes precisam sentir
que estamos trabalhando juntos por melhores
resultados. Sentimos que podemos ajudar nossos
clientes a aumentarem a eficiência e a competitividade.
“Às vezes ouço algumas pessoas questionarem
a validade de se deixar um único fornecedor a
cargo de todas as necessidades de ferramentas de
uma empresa”, continua Bisi. “Mas posso mostrar
os ótimos resultados da nossa cooperação com
a Volkswagen em Córdoba. Acreditamos que
uma empresa aumenta suas chances de otimizar
seus processos de usinagem se deixar a Sandvik
Coromant gerenciar todas as ferramentas.
“Nos concentramos 100% naquilo que muitas
pessoas consideram uma questão secundária no
processo de fabricação e esse é justamente um dos
fatores do sucesso desse tipo de acordo. Outro fator é a confiança entre as gerências do cliente e do
fornecedor, executando planos de ações trimestrais
e um acompanhamento cuidadoso.”
FOTOS: GABRIEL ORGE
O escritório da Sandvik
Coromant na fábrica
de Córdoba gerencia o
estoque de ferramentas
e acessórios. A partir da
esquerda: Juan Taborda,
Volkswagen, com
Jorge Andurno, Sandvik
Coromant.
conta. “Problemas acontecem e precisamos lidar
com eles de forma eficiente. Mas um enfoque
excessivo no trabalho do dia-a-dia pode comprometer o longo prazo. Essa cooperação sobre
ferramentas ampliou nossa perspectiva.”
Na opinião de Salinas, o gerenciamento
de ferramentas tem inúmeras vantagens. “Há
um tipo de know-how que não está impresso
em nenhum contrato nem nas especificações
técnicas”, assinala. “Trata-se de cooperação e
presença constante no chão de fábrica.”
Calderón acrescenta: “Com o fornecedor no
próprio local, podemos ter respostas melhores
e mais rápidas. Eles conseguem reagir imediatamente quando surge um problema e também
podem agir proativamente, para que possamos
alcançar nossa meta de minimizar o tempo de
máquinas paradas e otimizar a produtividade.”
de caixas de câmbio de Córdoba
está em uma situação privilegiada, pois conta
com uma demanda sempre crescente. Um
aumento de produção é imediatamente absorvido pelas fábricas de automóveis do Grupo
Volkswagen ao redor do mundo. Mas isso
também cria bastante pressão.
Quando é necessário testar novas pastilhas,
soluções de ferramentas ou sistemas de fixação, não há espaço para improvisação. Qualquer mudança no processo é rigorosamente
A FÁBRICA
“Com o fornecedor no
próprio local, podemos
ter respostas melhores e
mais rápidas. Eles reagem
imediatamente quando
surge um problema.”
avaliada, planejada e executada, sempre em
condições autênticas de produção. São necessários dois meses de modelagem e simulação
por computador antes que uma nova pastilha
ou acessório receba a luz verde para um teste
na fábrica. Uma vez no chão da fábrica, são
exigidos testes industriais documentados em
todas as posições e máquinas relevantes para
que uma nova ferramenta seja considerada.
Isso significava um fardo pesado para os
especialistas em ferramentas da Volkswagen
antes que a Sandvik Coromant passasse a
oferecer uma maneira de lidar com a oferta de
novas tecnologias. “Antes, precisávamos lidar
com vários fornecedores e dedicávamos muito
tempo e recursos para avaliar os novos produtos e soluções oferecidos”, relembra Calderón.
“Agora centralizamos esses esforços e conta-
mos com o auxílio da Sandvik Coromant para
avaliar as novas soluções e planejar todas as
atividades de teste com a nossa equipe. Voltar
àquela situação em que lidávamos com todos
os fornecedores e coordenávamos os testes por
conta própria é algo indesejável para nós.”
CARLOS TESTA COMENTA: “Na indústria não
existem soluções universais e o gerenciamento
de suprimentos pode não funcionar sempre. A
idéia dessa cooperação não foi simplesmente
de colocar as ferramentas do fornecedor nas
máquinas, mas trabalhar em conjunto para melhorar a produtividade. Não há mistério nisso.
Nosso negócio são caixas de câmbio e não
ferramentas. Um especialista pode otimizar o
desempenho das ferramentas e tirar o máximo
das nossas máquinas.”
Cantarelli, gerente de produção da MQ250,
resume a questão: “Consideramos que o gerenciamento de ferramentas é o caminho certo
a seguir. Ele produziu melhoras significativas
em termos da quantidade de peças por ferramenta, de peças por máquina e de economia
global. Percebemos que não estamos apagando incêndios e que podemos agir no longo
prazo, algo que não era possível antes. Claro
que acho que ainda há muito a ser feito, mas
contamos com o nosso fornecedor para isso.”
ERICO OLLER WESTERBERG
METALWORKING WORLD
17
VOLKSWAGEN EM XANGAI
– EXEMPLO BRILHANTE
Uma nova solução de pastilhas na fábrica de motores da Shanghai
Volkswagen trouxe aumento de produtividade e redução de custos.
pujante por sua indústria automobilística, localizada no distrito de
Jiading, a noroeste de Xangai, e considerada
por muitos a Detroit chinesa. Fabricantes,
fornecedores e terceirizados da indústria automobilística concentraram-se em Anting e arredores, fazendo surgir centros de P&D, áreas
de exposições e zonas de comércio, além do
primeiro circuito de Fórmula 1 da China.
Toda essa atividade teve início há mais
de 20 anos, quando a Volkswagen – pioneira
FOTO: GERHARD JOHRÉN
ANTING É UMA CIDADE
dentre os fabricantes estrangeiros de automóveis na China – decidiu começar a produzir
no país por meio de uma joint venture com a
Shanghai Automotive Industry Corporation
(SAIC). Fruto dessa joint venture, a Shanghai
Volkswagen (SVW) tornou-se um dos dois
pilares da estratégia da Volkswagen na China.
O outro foi uma joint venture em Changchun,
na província de Jilin, no nordeste chinês, com
a First Automobile Works, chamada de FAWVolkswagen.
Além dos investimentos nas duas joint
ventures para fabricação, a Volkswagen e suas
parceiras construíram fábricas de motores,
uma fábrica de transmissões e a maior rede de
vendas e serviços da China.
automotivo que mais
cresce no mundo. Em 2006, ultrapassou o
Japão, tornando-se o segundo mercado mundial de automóveis depois dos EUA. Para o
Grupo Volkswagen, o desenvolvimento foi tão
A CHINA É O MERCADO
Mais de 1.000 diferentes tipos de ferramentas de corte, incluindo
cerca de 200 pastilhas,
estão sendo usados na
fábrica de motores da
Shanghai Volkswagen.
18
METALWORKING WORLD
FOTO: GERHARD JOHRÉN
À esquerda: Hu ZhengGuo, engenheiro da fábrica
da Shanghai Volkswagen, com seu colega, o
engenheiro Tang Jianguo.
rápido que a China é hoje seu mercado mais
importante fora da Alemanha. Para a marca
Volkswagen, a China já é o maior mercado.
Em 2005, o CEO da Volkswagen China,
Winfried Vahland, lançou o Programa Olímpico, um plano de reestruturação para aumentar
as vendas, reduzir custos e fortalecer a posição
da Volkswagen nesse país. A Volkswagen é o
único parceiro automotivo oficial dos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008.
Como resultado, todas as unidades do Grupo Volkswagen iniciaram programas de economia. Para os fornecedores, esse tipo de programa pode ser decisivo, pois pode pressionar
os preços. Mas também pode ser benéfico.
“Ainda temos muito trabalho a fazer, mas estamos
em vias de alcançar a medalha de ouro dentre os
fabricantes de automóveis na China.”
“A Shanghai Volkswagen nos forneceu
dados detalhados e solicitou uma solução
que fosse melhor que a existente”, relembra
David Zhu, engenheiro de vendas da Sandvik
Coromant na China. “Depois de algumas conversas, sugerimos que o nosso cliente mudasse
para duas novas classes”, conta Zhu. “Elas
foram testadas, comparadas com produtos de
outros fornecedores e avaliadas.”
é uma dos muitos fornecedores da Volkswagen. Sua cooperação
EM POUCO TEMPO, a SVW percebeu que a
com a SVW data de 1989, quando a empresa
qualidade e a durabilidade das novas classes
construiu sua primeira fábrica de motores.
de pastilhas permitiriam à empresa obter uma
A Sandvik Coromant começou fornecendo
economia substancial e aumentar a produtiferramentas de corte e pastilhas para blocos de
vidade. “Uma das novas classes aumentou a
cilindros, cabeçotes e virabreexpectativa de vida da ferramenta
quins para motores projetados
em 80%, enquanto a outra produpela Audi (que faz parte do Gruziu um aumento de 25%”, explica
po Volkswagen). “Ao longo dos
Hu Zhengguo, engenheiro da
anos, a Sandvik Coromant tem
SVW. “Os produtos atualizados
sido um importante fornecedor
do antigo fornecedor não consepara a Shanghai Volkswagen”,
guiram atingir esses números de
conta Tang Jianguo, gerente de
maneira nenhuma.”
tecnologia e qualidade da segunSegundo Tang: “Ferramentas
da fábrica de motores da SVW,
de corte e pastilhas são responque foi inaugurada 1996 e produz
sáveis por apenas 3% do custo
motores para os modelos Santatotal da nossa produção, mas a
David Zhu, engenheiro
na, Passat e Polo da Volkswagen. de vendas da Sandvik
produtividade e a qualidade têm
Coromant na China.
“A empresa mostrou que seus
grande importância para as nossas
produtos têm um desempenho muito bom.”
fábricas. Por exemplo, uma das pastilhas da
Por exemplo, a Sandvik Coromant ganhou os
Sandvik Coromant ajudou a melhorar a proprêmios Ouro e Prata da SVW na categoria
dutividade e reduzir nosso custo em 300.000
fornecedores de materiais gerais.
renminbi (29.000 euros) por ano.”
Em 2006, a fim de reduzir custos e aumenAs novas pastilhas entraram em produção
tar a produtividade, a SVW decidiu substituir
no início deste ano, e tanto o cliente como o
algumas das pastilhas usadas nas ferramentas
fornecedor estão satisfeitos com o aumento
de cortes para os blocos de cilindros.
dos níveis de desempenho.
FOTO: GERHARD JOHRÉN
A SANDVIK COROMANT
Para a SVW, isso significa outra contribuição da fábrica de motores para o Programa
Olímpico. E a Sandvik Coromant está satisfeita
em saber que auxiliou seu cliente em uma nova
solução. “A Shanghai Volkswagen é um cliente
fundamental, que vem expandindo sua produção continuamente”, ressalta Zhu. “Queremos
fazer parte da expansão deles na China.” E
essa expansão parece estar no caminho certo,
segundo o presidente da Volkswagen China,
Winfried Vahland. Ele disse recentemente ao
China Daily: “Ainda temos muito trabalho
a fazer, mas estamos em vias de alcançar a
medalha de ouro dentre os fabricantes de automóveis na China.”
JAN HÖKERBERG
O SUCESSO DO
SANTANA
A Volkswagen conquistou a China ao se
tornar um dos primeiros fabricantes de
automóveis a estabelecer-se no país e ao
construir relações de longo prazo com seus
parceiros locais. O primeiro modelo de carro
da empresa na China foi o Santana, desenvolvido e comercializado exclusivamente ali.
Esse foi também o primeiro carro produzido
em massa na China. Mais de 90% de suas
peças são fabricadas no país, o que significa
que as peças de reposição podem ser encontradas facilmente e eventuais consertos
são relativamente baratos.
Em Xangai, o Santana domina o mercado
de táxis. Em Pequim, tanto o Santana como
o Jetta são freqüentes nesse mercado.
METALWORKING WORLD
19
TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
POR CHRISTER RICHT
MENOS DIFÍCIL E MAIS EFICIENTE
Enquanto processo, o torneamento de peças duras evoluiu
bastante e agora consegue acomodar antigas e novas exigências.
DESAFIO: COMO REOTIMIZAR O TORNEAMENTO DE PEÇAS DURAS?
SOLUÇÃO: APLICANDO CORRETAMENTE AS CLASSES E GEOMETRIAS DE PASTILHAS
MAIS RECENTES, COM BASE NOS FATORES OPERACIONAIS DISPONÍVEIS.
Desde sua introdução em maior escala na
década de 1980, o torneamento de peças
duras (HPT) evoluiu consideravelmente
como processo de usinagem. O desenvolvimento das máquinas, dos materiais, dos
processos de tratamento térmico, das ferramentas de corte e o set-up completo do
HPT tornaram-no um processo eficiente,
acessível a qualquer fábrica.
O HPT possui várias vantagens que
justificam uma análise da maioria das
aplicações que envolvem a usinagem de
peças duras redondas. Embora o HPT
não deva ser visto como alternativa para
todas as operações de retificação, existem
As pastilhas de
CBN reduzem os
tempos de ciclo,
aumentam a qualidade e ampliam
a produtividade.
aplicações em que os dois processos se
complementam.
PRINCIPAIS VANTAGENS DO HPT:
• Facilidade de adaptação no contorno de
peças complexas;
• Trocas rápidas entre os tipos de peças;
• Capacidade de realizar várias operações
em um único set-up;
• Alta taxa de remoção de metal;
• Capacidade de usar o mesmo torno CNC
empregado para torneamento em verde;
• Baixo investimento em máquinasferramenta;
• Cavacos ecologicamente corretos;
• Em geral, dispensa refrigeração;
• Minimização do estoque de ferramentas
e do espaço ocupado na fábrica;
• Acabamento superficial vantajoso na
maioria das vezes.
(CBN) é o
material mais usado em ferramentas para
HPT, já que atende os requisitos da maioria das aplicações. É muito duro – ficando atrás apenas do diamante – e compõe
classes de pastilhas com graus variáveis
de tenacidade. Recentemente, foram desenvolvidas várias classes de pastilhas de
CBN para atender diferentes demandas
operacionais, como velocidade de corte,
avanço, cortes contínuos e interrompidos,
acabamento superficial e várias condições.
Nas ferramentas para HPT, o desgaste
ocorre predominantemente na forma de
crateras na aresta de corte, como resultado
da alta pressão proveniente das grandes
O NITRETO CÚBICO DE BORO
20
METALWORKING WORLD
forças de corte, combinada às altas temperaturas na zona de usinagem concentrada.
O CBN é o único material para ferramentas que suporta essas exigências e oferece
um grau de tenacidade razoável. A recente
evolução das classes de CBN possibilitou
limitar ainda mais o desgaste, e melhorou
a segurança da aresta, ampliando a área de
aplicação e permitindo um aumento das
velocidades de corte em cerca de 20%.
Produtividade, consistência da qualidade e confiabilidade do processo são os
critérios essenciais do HPT hoje em dia.
A ampla utilização deste processo, com a
vantagem do acabamento das peças após o
tratamento térmico, tem gerado demandas
sobre a eficiência da usinagem.
é um fator cada
vez mais importante para o HPT, o desenvolvimento de ferramentas tem um papel
crucial. Dentre as tendências, estão o aumento das velocidades de corte (para muito
além de 200 m/min com algumas classes)
e ferramentas com vida útil mais longa e
previsível. As faixas de avanço também
foram elevadas, a fim de atingir tempos de
corte mais curtos por meio da evolução da
resistência e da geometria das pastilhas.
As classes de pastilhas têm atendido satisfatoriamente as atuais demandas operacionais de corte. Geralmente, as classes de
CBN são a primeira opção, acompanhadas
das classes de cerâmica, otimizando diferentes exigências de aplicação:
• CB7015 para cortes intermitentes leves,
de contínuos a ocasionais, com condições
COMO A PRODUTIVIDADE
Solda Safe-Lok.
Solda convencional.
Tecnologia multi-aresta Safe-Lok.
Cantos de CBN mecanicamente
intertravados – soldados longe da
zona de corte quente – proporcionam excelente resistência e segurança para pastilhas com design
convencional.
As pastilhas Xcel da classe CB7015 devem ser
usadas no torneamento HPT de peças endurecidas
por cementação, ao usinar em paralelo ou perpendicular à linha de centro da peça.
de usinagem estáveis, usada principalmenDurante alguns anos, a tecnologia de
te para aços endurecidos por cementação.
pastilhas Wiper revolucionou o tornea• CB7025 para cortes desde contínuos
mento de acabamento em geral. Ela
mais longos até interrompidos mais
também aprimorou o HPT. Agora existem
pesados, geralmente caracterizados por
pastilhas Wiper especialmente desenvolcondições ruins de entrada no corte, como
vidas para o HPT, tanto para operações de
rebarbas e cantos não chanfrados, princiacabamento como de semi-acabamento. A
palmente para aços endurecidos.
faixa de avanço disponível é consideravel• CB7050 para condições severas, em que
mente mais alta do que a das pastilhas com
o formato da peça varia consideravelmenraio de ponta convencional.
te e onde possam prevalecer distorções ou
A geometria de pastilhas Xcel otimiza
onde haja interrupções não chanfradas,
ainda mais a faixa de avanço e o acabaprincipalmente para aços endumento superficial proporciorecidos.
nados pelo HPT. Ela apresenta
• GC6050, uma classe de
uma combinação balanceada
cerâmica que complementa as
de aresta de corte reta com ânclasses de CBN em algumas
gulo de posição muito pequeno
operações, para acabamento
e tecnologia Wiper. O pequeno
contínuo leve sob boas condiângulo de posição resulta do
ções, principalmente para aços Pastilha de torneamen- ângulo de posição da pastilha
to da classe CB7015
endurecidos por cementação
principal, logo acima do valor
com geometria Xcel.
em que a qualidade da superfída profundidade de corte da
cie seja menos crítica.
pastilha. Ele proporciona um efeito de afiQuanto à geometria, as pastilhas para HPT
namento dos cavacos, permitindo aplicar
têm arestas de corte relativamente cegas,
faixas de avanço mais altas. Isso é vantajopois é necessária uma resistência muito
so em termos de produtividade e ajuda a
alta da aresta. Porém, isso não significa
reduzir o desgaste da pastilha no limite da
que as questões de geometria sejam menos
profundidade de corte. O conceito Xcel
importantes. Embora os chanfros da aresta
proporciona diminuição das temperaturas
da pastilha não contenham quebra-cavade corte e um aumento considerável da
cos, as combinações de roneamento, raio
produtividade.
de ponta, arestas Wiper e ângulo de posição são fundamentais para o desempenho
❯❯ PARA MAIS INFORMAÇÕES: Contate seu
e os resultados.
representante local da Sandvik Coromant.
O QUE É O TORNEAMENTO
DE PEÇAS DURAS?
O torneamento de peças duras (HPT – Hard
Part Turning) é o torneamento de peças de
alta dureza. Geralmente, o processo abrange
durezas de 58 a 68 HRc. Os materiais das
peças podem ser ligas de aço endurecidas,
aços-ferramenta, aços endurecidos por
cementação e peças da metalurgia do pó tratadas termicamente. Trata-se sobretudo de
um processo de acabamento, mas também
pode ser uma operação de semi-acabamento
em que seja necessário alcançar alta precisão na forma dimensional e no acabamento
superficial. Anteriormente, essas superfícies
costumavam ser retificadas.
RESUMO
Atualmente, o torneamento de peças duras (HPT) pode ser otimizado de maneira
muito mais ampla. O processo evoluiu
e agora consegue atender antigas e
novas exigências. Isso tornou-se possível
graças a novas opções que permitem
alcançar maior desempenho e a uma
nova geração de ferramentas de corte.
Com novas e aprimoradas classes de
CBN, geometrias de pastilhas e estratégias de percurso das ferramentas, o HPT
alcança novos e elevados patamares de
competitividade.
METALWORKING WORLD
21
ALEXANDER FARNSWORTH
À esquerda: Kim Bjørnstad, gerente de engenharia de produção, Alfa
Laval, com Jørgen H.
Henrichsen, engenheiro
de produção, Alfa Laval.
USINAGEM
UNIFORME
Uma fábrica de centrífugas de decantação da Alfa Laval na Dinamarca
instalou uma máquina-ferramenta exclusiva, que promete aumentar a
produtividade para atender a crescente demanda por seus produtos. Mais
dois centros de usinagem completos da WFL, cada um do tamanho de
uma carreta, estão a caminho.
22
METALWORKING WORLD
ALEXANDER FARNSWORTH
A fábrica da Alfa Laval
em Søborg, na Dinamarca, emprega 170
trabalhadores.
Vista dianteira de uma
centrífuga de decantação.
“O MERCADO ESTÁ EM PLENA ASCENSÃO no
momento e os produtores de álcool precisam
de decantadores como os nossos”, anima-se
Jørgen H. Henrichsen, engenheiro de
produção da fábrica de decantadores da Alfa
Laval em Søborg, ao norte de Copenhague.
“Nossos clientes querem decantadores cada
vez maiores e em maior quantidade, o que
representa um problema de capacidade para
nós.”
Os números falam por si sós. Em 2005, a
fábrica de decantadores da Alfa Laval, que
emprega 170 trabalhadores, fabricou cerca de
85 centrífugas de decantação para a indústria
do álcool. O volume de decantadores para esse
setor aumentou três vezes de 2005 a 2006.
No início de 2006, a mesma fábrica instalou
um gigantesco centro de usinagem CNC
multifuncional, da empresa austríaca WFL,
para trabalhar com as grandes peças cilíndricas de um decantador, como o grande cilindro
externo. Essa máquina totalmente automática
e programável acrescentou uma importante
capacidade e economizou tempo para a
fábrica. Anteriormente, a maioria das etapas
de usinagem eram feitas em um torno manual,
que ainda funciona mas está longe de ser ideal.
A VANTAGEM DESSA MÁQUINA é a barra de
mandrilar integrada, programável e antivibratória, fixada com uma unidade de fixação
hidráulica Coromant Capto C8 na extremidade
dianteira, com a mesma interface que o fuso
do eixo B, o que a torna capaz de trabalhar
com um balanço de 1.980 mm. Além disso, é
possível trocar automaticamente 72 ferramentas de corte diferentes, economizando tempo.
A máquina oferece basicamente um serviço
com torneamento, mandrilamento, fresamento, furação e produção de roscas.
A solução de freso-torneamento para a Alfa
Laval surgiu de uma cooperação entre a WFL,
a Sandvik Coromant e a utilização de Silent
Tools, que resultou na barra de mandrilar de 2
metros de comprimento. (Ver box na pág. 20.)
A fábrica de decantadores da Alfa Laval
instalará mais duas dessas máquinas até
meados de 2008, para absorver o aumento de
produção esperado e transferir cerca de 8.000
horas de usinagem de fornecedores terceirizados para a fábrica de Søborg.
“O resultado do aumento do interesse pelos
combustíveis alternativos pode ser sentido
bem aqui no chão da fábrica”, aponta Kim
Bjørnstad, gerente de engenharia de produção
da fábrica de decantadores da Alfa Laval.
Atualmente, Bjørnstad e sua equipe estão ❯❯
SOBRE A ALFA LAVAL
Nos círculos de engenharia, a empresa sueca Alfa Laval dispensa
apresentações. Suas operações estão
consolidadas em três tecnologias
principais: troca de calor, separação e
tratamento de fluidos.
A Alfa Laval é líder de mercado
nessas três áreas, com 30% de participação em produtos para troca de calor (trocadores de calor com placas),
30% de participação em separação
(separadores e decantadores) e 12%
de participação em tratamento de
fluidos (bombas, válvulas, equipamentos para limpeza de tanques).
Essas tecnologias vêm sendo continuamente desenvolvidas pela empresa desde 1883, quando ela lançou
o famoso separador mecânico de leite
e creme. Foi nesse ano que Gustaf de
Laval e Oscar Lamm fundaram a empresa com o nome de AB Separator.
Hoje, os produtos e o know-how da
Alfa Laval têm papel decisivo em
muitos processos industriais dos mais
diversos setores. Dentre eles, energia,
alimentação e bebidas, químico,
petroquímico, farmacêutico, amido,
açúcar, álcool, marítimo, tratamento de
efluentes e aplicações de refrigeração.
A Alfa Laval tem um faturamento
líquido anual equivalente a 2,1 bilhões
de euros, atuando em mais de 100
países do mundo todo, com cerca de
10.000 funcionários. A Alfa Laval tem
como meta crescer a uma taxa de 5%
ao ano. Aproximadamente 3% do
faturamento é reinvestido em P&D,
resultando em cerca de 30 novos
produtos por ano.
Uma centrífuga de decantação
baseia-se no conceito de um tanque
de sedimentação, em que partículas,
sedimentos e outros sólidos
precipitam-se gradualmente para o
fundo, atraídos pela gravidade.
Mas a gravidade é lenta e a maioria
das indústrias quer resultados rápidos
e controláveis. Em uma centrífuga de
decantação, o tanque de sedimentação
gira a altas velocidades, usando a força
centrífuga para separar os líquidos dos
sólidos com forças 3.000 vezes
superiores à da gravidade.
Dependendo da configuração
específica e do equipamento, uma
centrífuga de decantação pode ser
usada para separar, de forma
contínua, diversos tipos de sólidos de
líquidos.
METALWORKING WORLD
23
❯❯ estudando a planta dos 10.000 m2 de instala-
ções para encontrar lugar para as duas novas
máquinas, cada uma do tamanho de um
caminhão grande, maiores do que qualquer
outro objeto da fábrica.
da Alfa Laval em
Copenhague está buscando maneiras de otimizar a tecnologia do decantador convencional
para produzir álcool. Afinal, é possível produzir álcool não só a partir da cana-de-açúcar,
mas também do milho, como é feito nos EUA,
e do trigo, como é feito na Europa. Separar o
líquido do grão, tarefa do decantador, antes
que ele seja destilado para virar combustível é
um processo complicado que pode ser ajustado tanto para o trigo como para o milho.
Os decantadores da Alfa Laval têm um tamanho considerável. Um leigo poderia confundilos com um foguete, medindo até seis metros de
comprimento com todos os seus acessórios. No
topo, uma seção cônica e, na parte de trás, um
O DEPARTAMENTO DE P&D
“As partes móveis dentro
de um decantador podem girar a velocidades
de até 2.800 rpm,
portanto nossas
medições têm de ser
muito precisas.”
eixo onde é montada a engrenagem.
A fábrica de decantadores da Alfa Laval na
Dinamarca recebe cilindros de aço inoxidável
previamente fundidos, seções cônicas e diferentes tamanhos de eixos de vários fornecedores terceirizados do mundo todo. Os transportadores, que ajudam a mover o líquido dentro
dos decantadores, são recebidos na forma de
kits. Essas grandes peças de aço inoxidável
semi-acabadas são testadas quanto à existência de trincas antes de passar pelo meticuloso
processo de usinagem. “Basicamente, o que
fazemos é um trabalho de acabamento”, ressalta Henrichsen. Removemos cerca de 2,5
mm tanto do lado interno como do lado externo dessas peças para atingir as características
necessárias de tolerância e uniformidade. As
partes móveis dentro de um decantador podem
girar a velocidades de até 2.800 rpm, portanto
nossas medições têm de ser muito precisas.”
Por meio da usinagem suave de peças brutas de aço inoxidável, a Alfa Laval está facilitando o processo de transição para os combustíveis alternativos, a fim de vencer a dependência mundial em relação aos combustíveis
fósseis e desenvolver novos combustíveis para
substituir o diesel e a gasolina.
E os números da produção na fábrica de
decantadores da Alfa Laval comprovam que
isso é exatamente o que está acontecendo.
ALEXANDER FARNSWORTH
ALEXANDER FARNSWORTH
A fábrica recebeu o centro de usinagem
M150 da WFL equipado com Silent
Tools, que é uma marca registrada da
Teeness para porta-ferramentas que
reduzem as vibrações graças a um
mecanismo antivibratório presente no
corpo da ferramenta.
Erik Bøg-Jensen,
especialista em
produtividade,
Sandvik Coromant.
USINAGEM COMPLETA EM UMA ÚNICA MÁQUINA-FERRAMENTA
A combinação de todas as operações
de fabricação e medição sem intervenção manual em uma única máquina-ferramenta oferece muitas vantagens significativas de desempenho. A
WFL é um fabricante mundial que se
concentra exclusivamente nessas
máquinas multitarefas especiais.
Tais máquinas são uma combinação perfeita de um centro de
torneamento de 2 a 4 eixos com um
centro de usinagem de 5 eixos. A
máquina pode realizar todas as
24
METALWORKING WORLD
operações de usinagem e medição
em peças complexas de mandris e
eixos em uma única etapa, o que a
torna a máquina multitarefas mais
potente e flexível já fabricada.
A linha de produtos da WFL é
composta de máquinas com
diâmetros de torneamento que vão
desde 420 mm (torno-fresadora M35)
até 1.500 mm (torno-fresadora M150)
e comprimentos de torneamento de
1.000 mm a 6.500 mm.
Cada modelo está disponível em
diferentes comprimentos e pode ser
equipado com módulos individuais,
como luneta fixa, contraponta, torre
inferior, medição de ferramentas,
carga/descarga automática e
inúmeras opções de software.
A maior máquina da WFL é a
M150. Seu impressionante motor
principal de 90kW (10,248 Nm) e seu
inigualável fuso de fresamento de
55kW (730 Nm) definem novos
padrões de usinagem para peças
grandes. Combinando-se a isso um
deslocamento de 650 mm no eixo Y,
é possível usinar peças de até 15
tone-ladas. “Usamos nossa
flexibilidade e experiência em
usinagem para oferecer à Alfa Laval
uma solução muito econômica”,
alegra-se Dieter Schatzl, gerente de
marketing da WFL. “Estamos
orgulhosos de que a líder global em
centrífugas de decantação tenha
escolhido a WFL como seu
fornecedor de centros de usinagem
completos.”
ALEXANDER FARNSWORTH
POR DENTRO DAS SILENT TOOLS
As vibrações não são apenas fonte de ruído, mas
também provocam superfícies irregulares, baixa
qualidade e redução da produtividade. No final da
década de 60, um estudante teve a idéia de
implementar um sistema antivibratório na barra de
mandrilar, a fim de absorver as vibrações e evitar os
danos causados por elas.
O primeiro protótipo não funcionou, mas a idéia
era boa e, após muita persistência com uma abordagem mais prática para o problema, encontrou-se
uma solução que gerou a primeira barra de mandrilar antivibratória, sob o nome de Silent Tools.
“Desde então, o projeto técnico mudou muito,
mas continua usando o mesmo princípio inventado
em 1971”, explica Nils Ruud, responsável pela linha
Silent Tools.
A vibração surge de variações da força de corte
no assento da pastilha. Estas podem ser causadas
por irregularidades no material e provocar deflexão
da ferramenta e da peça. A pastilha é forçada para
fora e, enquanto isso ocorre, a força de corte é
reduzida, a barra se endireita e a pastilha volta para
o engate inicial. A força de corte aumenta novamente e ocorre outra deflexão.
Isso pode fazer com que a vibração inicial se
perpetue e, quanto maior a barra de mandrilar, pior
a situação.
“O sistema antivibratório da barra de mandrilar
cria uma fase contrária à oscilação da barra, que
faz com que a vibração vá sumindo”, explica Ruud.
O sistema consiste em um corpo antivibratório
pesado com certa massa inercial, que fica
A barra de mandrilar
antivibratória integrada e a
centrífuga de decantação em
uma máquina-ferramenta da
WFL. A unidade de fixação
hidráulica Coromant Capto C8
na extremidade dianteira
permite trabalhar com um
balanço de 1.980 mm.
suspenso em borracha e envolto em um líquido
oleoso especial. As vibrações dependem do
comprimento da barra; portanto, o corpo antivibratório é adaptado aos diferentes comprimentos.
“Antigamente, as barras antivibratórias eram
cercadas de certo mistério e costumavam ser
usadas sobretudo para resolver problemas, mas
hoje elas também são usadas para obter maior
produtividade”, enfatiza Ruud.
Uma ampla variedade de produtos com a
denominação “Silent Tools” está disponível para
torneamento, fresamento e mandrilamento. Este
produto abrange aplicações desde os menores
diâmetros até grandes diâmetros.
❯❯ Leia mais sobre a linha Silent Tools na página 29.
FÁBRICA COM SERVIÇO COMPLETO
A grande barra de mandrilar antivibratória da
linha Silent Tools, integrada na M150 da WFL e
usada na fábrica de decantadores da Alfa Laval na
Dinamarca, é uma ferramenta sofisticada. Ao
ampliar o limite aceitável para o balanço, a Alfa Laval
consegue utilizar a filosofia da usinagem completa
em um único set-up.
ALEXANDER FARNSWORTH
Vendo um enorme potencial de crescimento para
suas centrífugas de decantação, a fábrica da Alfa
Laval em Søborg, subúrbio ao norte de Copenhague, decidiu que era hora de modernizar seus
recursos de produção.
E produtividade era a palavra-chave quando a
fábrica escolheu o centro de usinagem completo
M150 da empresa austríaca WFL, equipado com
ferramentas Sandvik Coromant. A primeira máquina
foi instalada no início de 2006, a segunda começará
a operar em novembro de 2007 e a terceira em
março de 2008.
Essas máquinas serão usadas para mandrilar,
fresar, furar e rosquear todas as peças cilíndricas
do decantador, desde o corpo do cilindro até as
seções cônicas e os eixos. Anteriormente,
diferentes etapas de usinagem exigiam diferentes
máquinas-ferramentas, demandando tempo para
set-up e movimentação das peças. “Chamamos
essa filosofia de ‘fixação única’”, explica Dieter
Schatzl, da WFL, referindo-se ao fato de ser possível
usinar uma peça em um único local, sem precisar
movê-la de uma estação de trabalho para outra.
Além disso, o tempo para produzir um furo caiu de
136 para 70 minutos com a nova máquina.
Tommy Kristensen,
operador de máquina
da Alfa Laval na
Dinamarca.
“Percebemos um grande aumento do interesse de
vários fabricantes de máquinas-ferramenta por
barras de mandrilar antivibratórias maiores e mais
avançadas”, acrescenta Nils Ruud, responsável pela
Silent Tools. “Além disso, há ainda uma enorme
demanda por ferramentas antivibratórias convencionais. Os porta-ferramentas modulares são um ponto
fundamental para ganhar produtividade com as
máquinas-ferramenta multitarefas. Uma ampla
variedade de porta-ferramentas antivibratórios com
diferentes tamanhos de acoplamentos Coromant
Capto estão disponíveis no estoque.
A barra de mandrilar com 2 m de comprimento
tem um diâmetro de 220 mm, o que significa que
ela é capaz de trabalhar com um balanço de 1.980
mm. A unidade de fixação hidráulica Coromant
Capto C8 na frente da barra de mandrilar permite
trocar as ferramentas automaticamente, usando o
mesmo trocador de ferramentas do fuso principal
do eixo B, que também tem uma interface
Coromant Capto C8.
“Você não encontra muitas dessas máquinas”,
observa Erik Bøg-Jensen, especialista em produtividade da Sandvik Coromant em Copenhague.
“Somente a WFL possui esse tipo de tecnologia.”
METALWORKING WORLD
25
FOTO: JOE GIBBS RACING
NOTÍCIAS
FEIRAS DE
NEGÓCIOS 2007
• EMO, 17–22 setembro,
Hannover, Alemanha
• Construção de máquinas,
24–29 setembro,
Plovdiv, Bulgária
• South-Tec, 2–4 outubro,
Charlotte, NC, EUA
• TIB-Bucareste,
3–7 outubro,
Bucareste, Romênia
HISTÓRIA DE SUCESSO
Proprietário da Joe Gibbs Racing e
treinador principal da equipe de futebol americano Washington Redskins,
da NFL (National Football League),
Joe Gibbs já passou pelos dois esportes mais importantes dos Estados
Unidos. Competir na NASCAR
(associação de stock car dos EUA)
exige pilotos campeões e carros
precisos. A Joe Gibbs Racing (JGR) é
um grupo de equipes de corrida da
NASCAR de propriedade de Joe
Gibbs. A primeira corrida de Gibbs no
circuito da NASCAR foi em 1991.
Hoje a sede da empresa fica em
Huntersville, Carolina do Norte, EUA. A
equipe foi formada, em parte, para que
Gibbs pudesse passar mais tempo com
seus filhos, JD e Coy. Desde a volta do
pai à NFL, JD é presidente da JGR.
A JGR venceu três títulos de série:
a Daytona 500 de 1993, com o piloto
Dale Jarrett; a Brickyard 400 de 2000,
com Bobby Labonte; e a Brickyard
400 de 2005, com Tony Stewart,
piloto campeão da NASCAR; além de
mais de 50 corridas da Copa NEXTEL.
A JGR está sempre buscando for-
• Eurotool,
10–12 outubro,
Cracóvia, Polônia
Pit stop da equipe n.º 20 da
Home Depot no Texas Motor
Speedway em abril de 2007.
Tony Stewart é o piloto do
carro Monte Carlo SS. Nesta
foto, a equipe está trocando
os pneus traseiros e dianteiro
direito, ao mesmo tempo em
que abastece o tanque.
mas de preservar sua posição de
liderança, mantendo uma vantagem
em relação aos concorrentes sempre
que possível. Uma forma de fazer isso
tem sido trabalhar em conjunto com a
Sandvik Coromant como principal
patrocinadora de ferramentas de corte.
A Sandvik Coromant e a JGR vêm
trabalhando juntas para melhorar a
usinagem de peças, com o objetivo
de criar carros com desempenho
cada vez melhor que permitam que
pilotos e equipes alcancem vitórias
ainda maiores.
• CMTS, 15–18 outubro,
Toronto, Canadá
• MD&M Minneapolis,
25–26 outubro,
Minneapolis, MN, EUA
• Metalex, 15–18 novembro,
Bancoc, Tailândia
• Corrida de desempenho,
6–8 dezembro, Orlando,
FL, EUA
SABIA
…a Sandvik QUE…
fundada em Coromant foi
o Grupo San 1942 e que
dvik
origem, foi fu, que lhe deu
nda
em 1862 do
PASSE DE MÁGICA EM EXPOSIÇÃO INDIANA
Amit Lele, gerente
de vendas da
Sandvik Coromant,
Índia.
26
METALWORKING WORLD
A IMTEX 2007 – exposição indiana de
máquinas-ferramenta com participação internacional – foi realizada em
Bangalore, Índia, entre 18 e 24 de
janeiro, atraindo 130.000 visitantes
de todo o país.
A exposição contou com uma
ampla variedade de máquinasferramenta para usinagem,
ferramentas de corte, sistemas de
ferramental, acessórios para
máquinas-ferramenta, metrologia e
CAD/CAM. Dentre as novas tecnologias em exibição, estavam a
usinagem sem refrigeração, usinagem
com altas velocidades, máquinas
versáteis e multifuncionais, máquinas
compactas e máquinas de menor
dimensão.
O estande da Sandvik Coromant
ficou na “pole position”, bem na
frente da entrada principal do
pavilhão. Com o slogan “Have you got
your share?” (“Você já pegou a sua
parte?”), o estande trouxe estações
que enfocavam treinamento, o
programa de melhoria da qualidade,
serviço de atendimento aos
fabricantes de máquinas, ferramentas
Silent Tools, além de casos de
sucesso e depoimentos. Os visitantes
tiveram ampla oportunidade de
examinar as novas ferramentas e
conversar sobre usinagem com os
especialistas da Sandvik Coromant.
Além disso, “Sandip, o mágico”
marcou presença para explicar a
mágica dos novos produtos da
Sandvik Coromant e encantar os
visitantes com seus truques.
A IMTEX é organizada pela Associação Indiana de Fabricantes de
Máquinas-Ferramenta (IMTMA) a
cada três anos. A IMTEX 2007 foi a
13.ª edição do evento.
ENCARE O
FUTURO
FOTO: JONAS BERGGREN
“Assuma o controle do
futuro ou ele controlará
você.”
PATRICK DIXON, futurólogo, consultor e escritor,
está acostumado a desferir ataques verbais.
“A sua empresa pode ter uma brilhante
reputação de liderança, se destacar pela inovação,
ter uma marca forte e ser eficiente na gestão de
mudanças, mas ela pode sucumbir se o mundo
mudar e você estiver despreparado”, anunciou
Dixon em um recente artigo no Financial Times.
Com formação em Medicina, atualmente Dixon é
um profissional dos prognósticos. Já foi chamado
de “principal futurólogo da Europa” e “um dos 50
pensadores empresariais mais influentes da
atualidade”. O Wall Street Journal o chamou de
“guru das mudanças globais”.
Em uma importante palestra, intitulada “Assuma
o controle do seu futuro: como as indústrias de alto
desempenho manterão a dianteira”, proferida para
a Microsoft em Londres (veja o link), Dixon falou
sobre o encurtamento dos ciclos dos produtos,
sobre como as empresas devem explorar as
tendências demográficas e como devem usar a
tecnologia para manter uma certa relação pessoal.
A visão de Dixon para o futuro contém bilhões de
computadores microscópicos embutidos em cada
item fabricado, distribuído e vendido ao redor do
mundo. Ele enxerga a tecnologia RFID (identificação de radiofreqüência) como parte inevitável do
sucesso de todas as cadeias de suprimento do
futuro e defende a rápida redução de custos que
pode ser gerada pela RFID, com baixíssimo investimento. Mas Dixon alerta também para o fato de
que a reação emocional a uma nova tecnologia é o
que define efetivamente o seu sucesso ou fracasso.
“Esta é a lição”, adverte. “Não se afaste das
emoções das pessoas, escute o que elas estão
sentindo e crie sistemas que melhorem suas vidas,
não que sejam convenientes apenas para a
empresa. As maiores vencedoras no futuro serão as
empresas que combinarem a excelência da
engenharia e da inovação digital com as reais
necessidades das pessoas.”
❯❯ LEIA MAIS: http://www.globalchange.com/
ppt4/microsoft/index.htm
METALWORKING WORLD
TECNOLOGIA
POR ELAINE MCCLARENCE
OPERAÇÃO SILENCIOSA
QUALIDADE DE ACABAMENTO GARANTIDA SEM VIBRAÇÕES
É possível obter baixa vibração no fresamento
com ferramentas longas e delgadas, por meio
de fresas de topo CoroMill 390 antivibratórias.
CoroMill 390D.
Fresas Silent
Tools exclusivas
com tecnologia
antivibratória
integrada e canal
para refrigeração.
DESAFIO: AO USAR FERRAMENTAS MAIS LONGAS EM
APLICAÇÕES DE FRESAMENTO, COMO REDUZIR OS
PROBLEMAS ASSOCIADOS ÀS VIBRAÇÕES?
SOLUÇÃO: USANDO FERRAMENTAS COROMILL PARA
FRESAMENTO ANTIVIBRATÓRIAS .
crescente de utilização de tecnologias de usinagem mais sofisticadas, com máquinas multitarefas e de
5 eixos, as operações de fresamento com
ferramentas mais longas estão se tornando
mais comuns. Embora isso aumente a
flexibilidade no ambiente de usinagem, o
comprimento maior da ferramenta traz
consigo o risco de vibrações, o que
prejudica a produtividade e a qualidade
COM UMA TENDÊNCIA
Ferramentas antivibratórias eliminam
os problemas de
usinagem quando
há necessidade de
longos balanços.
28
METALWORKING WORLD
final das peças. A necessidade de redução
das vibrações surge em várias aplicações,
mas também predomina no fresamento de
aços-ferramenta e de materiais mais
incomuns, como as superligas resistentes
ao calor e as ligas de titânio, que exigem
forças de corte mais altas e impõem seus
próprios desafios para a usinagem.
Ferramentas de fresamento com
sistemas antivibratórios integrados, como
a CoroMill 390D, superam a maioria
desses problemas. O conceito antivibratório mostra sua força quando a produtividade é uma questão importante. Geralmente,
fabricantes que usam máquinas e
tecnologias mais recentes para otimizar
sua produção estão buscando soluções
para aumentar ainda mais sua produtividade. Com suas ferramentas antivibratórias,
a Sandvik Coromant buscou solucionar
problemas especificamente relacionados
ao aumento da taxa de remoção de metal,
à melhora do acabamento superficial das
peças e à redução significativa dos ruídos
e das vibrações. Ao criar um processo
mais seguro, o resultado foi uma vida útil
mais longa e consistente da ferramenta.
A solução de ferramental é ideal para
usinagem multitarefas com exigências de
fresamento para aplicações de faceamento
ou cantos a 90°, mas pode ser aplicada
com igual sucesso em máquinas de 3 e 5
eixos. As operações típicas são usinagem
em rampa, usinagem de bolsões e interpolação helicoidal e cilíndrica. Os fabricantes de moldes e matrizes que tenham
aplicações com longos balanços também
podem usar ferramentas antivibratórias.
Outras aplicações com longos balanços
estão relacionadas aos setores de mecânica
geral que usam centros de usinagem.
Assim, o uso de ferramentas antivibratórias pode eliminar os problemas de
usinagem, tornando previsível a vida útil
da ferramenta e aumentando significativamente a produtividade.
Silent Tools é uma marca registrada da empresa
parceira da Sandvik Coromant para ferramentas
com tecnologia antivibratória.
❯❯ PARA MAIS INFORMAÇÕES:
Contate seu representante local
da Sandvik Coromant.
ESTUDO DE CASO
Uma área em que as ferramentas antivibratórias podem ser vantajosas é o fresamento
de peças aeroespaciais. Por exemplo, na usinagem de um braço de suporte de uma peça para
aeronave S144 (aço inoxidável martensítico) a
partir de um blank sólido, foram encontrados
diversos problemas com uma ferramenta
convencional sem tecnologia antivibratória em
uma máquina vertical de 5 eixos. A vida útil
das ferramentas durante o fresamento nessa
máquina era muito curta, cerca de 15 minutos
no máximo. As vibrações danificavam as pastilhas. Além disso, o processo exigia a presença
constante de um operador para monitorar a
operação, devido à forte inconsistência dos resultados. Isso significava que a peça precisava
passar por muitos reposicionamentos e medições, afetando a produtividade. As vibrações
eram particularmente acentuadas nas áreas
em que havia necessidade de contornar os
cantos, exigindo a redução das taxas de corte
nessas áreas. Também havia a necessidade de
realizar um repasse para remover marcas de
trepidação e resíduos de material.
A solução foi introduzir uma ferramenta
antivibratória (R390D-020A20-11L), que
permitiu aumentar a profundidade axial dos
cortes, reduzindo o número de passes, e evitou a necessidade de realizar o repasse, economizando seis horas de tempo de usinagem
a mais. Houve um aumento de 60% na taxa de
remoção de metal, ao mesmo tempo em que a
necessidade de monitoramento constante foi
atenuada. Durante o período de avaliação dessa peça, usou-se a mesma ferramenta durante
mais de três meses, sendo que outras peças
foram processadas com a mesma ferramenta.
Ela foi usada sem qualquer falha por um período de seis meses. Obteve-se um total de 12
horas de usinagem ininterrupta, uma melhora
considerável sobre o set-up convencional,
sem ferramentas antivibratórias.
BENEFÍCIOS
O DESIGN
• Altas taxas de corte de metal;
• Aumento da produtividade;
• Eliminação dos problemas de usinagem;
• Eliminação da necessidade de repasse;
• Aumento da durabilidade e da previsibilidade da ferramenta;
• Eliminação de vibrações;
• Processos seguros e garantidos.
Ao desenvolver as ferramentas antivibratórias, a
Sandvik Coromant queria garantir que o desempenho
geral de uma fresa antivibratória mais longa correspondesse ao das ferramentas mais curtas, sem tecnologia
antivibratória, e superasse o das ferramentas de comprimento comparável sem essa tecnologia. A patente do
design do módulo antivibratório já foi requerida. Esse
módulo incorpora um mecanismo antivibratório que
consiste em um corpo antivibratório pesado, buchas de
borracha e um meio líquido altamente viscoso.
Além do aumento das taxas de remoção de metal, a
vida útil da ferramenta se amplia, graças à diminuição
do nível de vibração e à eliminação de problemas de
usinagem, já que a probabilidade de quebra repentina
provocada por vibrações é drasticamente reduzida. O
sistema antivibratório melhorou a capacidade do sistema
de ferramental de fresar com segurança bolsões profundos, paredes íngremes e quando houver necessidade de
alcance mais longo. Como o sistema contribui para evitar
fraturas na aresta, é possível estabelecer uma vida útil
segura e previsível para a ferramenta.
RESUMO
ASPECTOS TÉCNICOS
• Indicada para todas as fresadoras, centros
de usinagem e máquinas multitarefas;
• Desempenho comparável ao de fresas
convencionais;
• Fácil de identificar (um sistema de codificação simples distingue uma fresa antivibratória de uma fresa comum);
• Capacidade de refrigeração por canal;
• Indicada para aplicações de alcance longo, com acesso
livre ou limitado;
• Permite usar dentes mais efetivos, proporcionando
maior produtividade.
Braço de suporte para uma peça de avião.
A unidade antivibratória fica
encapsulada no
corpo.
Em operações de fresamento que
envolvam ferramentas longas, as
vibrações nunca são desejáveis, pois
podem comprometer o acabamento
superficial, reduzir a produtividade
e encurtar a vida útil da ferramenta,
gerando processos inconsistentes.
Uma solução é incorporar uma tecnologia antivibratória na ferramenta,
reduzindo não apenas as vibrações e o
ruído associado a elas, como também
influenciando muitos aspectos da
operação. Isso inclui o aumento da
produtividade e das taxas de remoção
de metal, além de um fresamento
mais confiável e previsível, com melhor acabamento superficial.
As ferramentas antivibratórias
mostram sua força sobretudo na usinagem multitarefas e de 5 eixos, em
que é comum as ferramentas terem
alcance mais longo, e na usinagem de
materiais difíceis, como superligas resistentes ao calor e ligas de titânio.
METALWORKING WORLD
29
O VENCEDOR
LEVA TUDO
O mais veloz, mais distante,
mais alto – o mundo dos
esportes é um mundo de
superlativos. Mas será que
força e destreza são suficientes numa era de tecnologias
cada vez mais sofisticadas?
e a elite do esporte mundial
continuam a romper barreiras, não apenas em termos de
desempenho físico, mas também no desenvolvimento
criterioso de equipamentos, calçados e roupas. A indústria
de equipamentos esportivos “inteligentes” movimenta
bilhões de dólares, portanto suas marcas e pesquisas são
vigiadas de perto.
O vasto e complexo mundo da tecnologia esportiva
muda rapidamente. Os designers precisam levar em conta
não apenas os resultados sobre o desempenho, mas também o efeito de sua aparência para os espectadores dos
eventos esportivos, sobretudo na TV. Como o número de
atletas de elite é reduzido, o dinheiro investido no desenvolvimento deve ser recuperado com versões comerciais –
geralmente simplificadas – para o comum dos mortais.
A Federação Mundial da Indústria de Artigos Desportivos (WFSGI - World Federation of the Sporting Goods
Industry) é uma associação independente, sem fins
lucrativos, criada pelos fornecedores dessa indústria no
PESQUISADORES, CIENTISTAS
30
METALWORKING WORLD
mundo todo, organizações nacionais e empresas relacionadas à indústria de artigos desportivos, reconhecida como
representante da indústria dentro do Comitê Olímpico
Internacional (COI).
“É nítido que os avanços da tecnologia esportiva
ocorreram sobretudo na área de calçados e, mais recentemente, de vestuário”, afirma o Secretário Geral da WFSGI,
André Gorgemans, apontando algumas marcas reconhecidas internacionalmente por suas contribuições: a Adidas e a
Nike nos calçados, a ODLO no desenvolvimento de tecidos,
a Speedo nos maiôs Fastskin e a Callaway nos tacos de
golfe. “A tecnologia dos calçados certamente ajudou muitos
atletas a treinarem melhor, terem menos lesões e aumentarem seu desempenho”, acredita.
todas as inovações de perto. Quando
questionado se seria justo tirar vantagem de avanços
tecnológicos, Gorgemans responde: “Claro que as federações esportivas têm estado sempre alerta aos avanços
A WFSGI OBSERVA
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“A combinação mais desejada no design é velocidade, precisão e redução
de lesões, além de custo, durabilidade e repetibilidade do desempenho.”
tecnológicos que podem beneficiar ou não os usuários, tais
como o desenvolvimento de raquetes de tenis para melhor
desempenho, ou de esquis que já causaram aumento de
lesões nos joelhos. As bolas de golfe agora voam muito
mais alto e mais longe, tornando os campos de golfe
menores do que quando foram construídos. Não é desleal,
já que as federações permitem, mas os avanços tecnológicos certamente precisam ser monitorados para que todo
mundo possa competir em condição de igualdade.”
Colin White, que se dedica à
área de ciência do esporte e do exercício há sete anos,
conta que seu grande sonho é um software que possa
modelar o desempenho dos equipamentos esportivos com
O TECNÓLOGO ESPORTIVO
precisão suficiente para prever suas propriedades após a
produção em massa. Além de câmeras dentro das bolas.
O Reino Unido e os Estados Unidos lideram a pesquisa
e a inovação em tecnologia esportiva, sendo que o Reino
Unido está à frente no desenvolvimento de software.
White trabalha na universidade de Portsmouth, RU, que
em 2006 inaugurou instalações de pesquisa e ensino no
valor de vários milhões de libras esterlinas para preparar
atletas de elite para os Jogos Olímpicos de 2008 e 2012. O
conhecimento desenvolvido ajudará não apenas o mundo
dos esportes mas também os setores petrolífero, energético
e militar. Em sua pesquisa, White estuda esquis, bicicletas,
raquetes, equipamentos de mergulho, canoas, caiaques e
roupas. “A combinação mais desejada no design é
METALWORKING WORLD
31
velocidade, precisão e redução de lesões, além de custo,
durabilidade e repetibilidade do desempenho”, explica.
Ao longo do trabalho, White desenvolveu programas de
computador para análise notacional, a fim de avaliar os
atletas, seus equipamentos e desempenhos. Segundo ele,
um computador pode criar teoricamente um equipamento
perfeito, que será mais eficiente, porém menos complacente, como ficou provado com as raquetes e os esquis.
“Durante muitos anos, o centro de percussão de uma
raquete era considerado uma área teórica e abstrata, mas
nos últimos dez anos ficou demonstrado que é possível
calcular exatamente onde ele ficará localizado”, exemplifica. “Um bom jogador consegue bater sempre nesse ponto,
mas um amador não. Então os fabricantes precisam
modificar o design, fazendo um centro de percussão maior,
para vender bem para a maioria dos atletas, que não são de
elite, e recuperar o custo da pesquisa investido no design
do equipamento de elite.”
e peças são totalmente novos.
“Até a década de 50, a maioria dos equipamentos esportivos usava madeira rígida”, conta White. “Em seguida
surgiu o primeiro composto – o compensado. Este saiu de
moda com o surgimento da fibra de carbono, das cerâmicas com titânio e outros compostos. Hoje, um único esqui
pode ser formado por até 51 peças diferentes.“Também
estamos usando cristais piezoelétricos”, continua. “Se
colocarmos um material piezoelétrico dentro de algo sujeito
a vibração, cria-se uma corrente que, quando amplificada e
reintroduzida no cristal, elimina a vibração inicial. Isso está
começando a ser usado nos cabos das raquetes de tênis.”
Porém, nem todos os esportes recebem bem essas
modernizações. No críquete, por exemplo, quando o exjogador australiano Dennis Lillee tentou usar um taco de
alumínio em 1970, foi obrigado a voltar ao vestiário e
pegar outro que fosse “apropriado”. Há poucos anos, o
atual capitão da equipe australiana de críquete, Ricky
Ponting, foi proibido de usar seu taco Kookaburra, que
continha reforços de grafite ao longo da extremidade
traseira, tanto pelo MCC como pelo Comitê Internacional
NEM TODOS OS MATERIAIS
P&D – EM SINTONIA COM OS CLIENTES
Pesquisa e desenvolvimento de ponta são o cerne da
inovação e da lucratividade
dentro de todo o Grupo
Sandvik. Assim, a Sandvik
Coromant busca desenvolver constantemente knowhow e produtos, além de
melhorar os processos e
métodos internos.
“As necessidades de
ferramentas dos nossos
clientes mudam o tempo
todo”, explica Magnus
Ekbäck, vice-presidente de
P&D, “e enfocamos o desenvolvimento de produtos
e know-how para atender
suas novas exigências.
Novos produtos são parte
fundamental do crescimento dos nossos negócios.”
No momento, a Sandvik
Coromant está dando um
passo adiante para desenvolver mais conhecimento
em sua área, o qual será
transformado em produtos
que ofereçam soluções
completas aos clientes.
de Críquete. Entretanto, esse esporte tolera câmeras
escondidas nas balizas e capacetes high-tech. Além disso,
White acredita que dentro de poucos anos a bola de
críquete conterá algum tipo de sensor.
Quanto ao que ainda pode estar por vir, White sugere
que mais esportes poderão ser monitorados por um “terceiro árbitro” e que talvez seja possível que os futuros jogos
de computador consigam reproduzir a realidade dos
esportes com tal precisão que os atletas de ponta poderão
usá-los como simuladores. Porém, ressalta, por mais que
os pesquisadores lutem para melhorar a tecnologia
esportiva ainda por muitas décadas, o elemento humano
sempre criará um limite, e a vantagem competitiva e o
interesse do espectador devem ser preservados.
MARTIN STRANGWOOD, do Departamento de Metalurgia e
Materiais da Universidade de Birmingham, no Reino Unido,
pesquisa os efeitos dos materiais e dos processos de fabricação sobre o desempenho dos equipamentos esportivos há
mais de dez anos. “A maioria dos esportes tomou materiais
e tecnologias de outros setores, principalmente o aeroespa-
NOVOS CAMINHOS PARA ESCALAR UMA MONTANHA
Alan Hinkes, o único britânico a
integrar um exclusivíssimo clube
de 12 montanhistas vivos que
conquistaram os 14 picos mais
altos do mundo, diz que os
avanços das roupas e dos equipamentos nas últimas duas
décadas tornaram mais
acessíveis os terrenos difíceis.
Hinkes, que passa boa parte
do seu tempo escalando rochas e
gelo, diz que praticamente todo o
equipamento necessário para
uma expedição mudou.
“Quando comecei, os itens
impermeáveis não deixavam o
32
METALWORKING WORLD
corpo respirar, então ficávamos
com as roupas molhadas por
dentro. Agora existem tecidos
laminados totalmente impermeáveis e leves”, exemplifica. “Você
transpira, mas continua seco.
“Não usamos mais machadinhas de gelo, mas ferramentas”,
prossegue. “Até a década de 70,
as machadinhas não tinham
mudado muito durante cem anos
e os alpinistas continuavam a
usar algumas muito antigas, com
cabos retos de madeira e pontas
retas. Elas evoluíram para
ferramentas altamente técnicas,
com eixos longos e curvos de
metal com manoplas. E é possível
trocar as pontas.”
Botas, sapatos, ganchos,
cordas e capacetes também se
tornaram mais leves e resistentes. “Com isso pode-se fazer
caminhos mais difíceis e ir aonde
antes era impossível”, conclui
Hinkes.
Mas há um material que não
mudou para os montanhistas que
escalam os picos mais altos – os
casacos de pluma. Eles ainda são
essenciais para aquecer nas altas
altitudes.
“Nossa pesquisa e desenvolvimento está passando por um grande projeto
de aperfeiçoamento, parte
de uma iniciativa de toda a
empresa”, ressalta Ekbäck.
“Nossa meta para esse projeto de três anos é encurtar
consideravelmente o tempo entre a concepção e o
lançamento do produto.
Estamos na metade do
programa e já podemos ver
resultados positivos das
melhorias implementadas.
IMAGES
FOTO: GE
TT Y
cial, não desenvolveu algo específico”, aponta, acrescentando que os compostos de fibra de carbono foram os de maior
impacto – criando bicicletas mais leves e eficientes, e
raquetes de tênis com cabeças maiores e mais fortes.
“No golfe, os efeitos podem ser observados nas distâncias das tacadas do Torneio US PGA, coletadas desde
1980”, observa Strangwood. “Os cerca de 32.000 dados
coletados anualmente mostram um aumento gradual de 90
cm por ano até 1993, graças ao treinamento dos jogadores e
à alimentação. Porém, a partir de 1993, esse aumento passa a
ser três vezes maior, em grande parte graças à introdução de
tacos com cabeça superdimensionada, oca, de liga de titânio.
A introdução da bola lisa, sem sulcos, pela Titleist em 2000
produziu um aumento de 4,6 metros naquele ano.”
Mas tais avanços podem ultrapassar a barreira desejável. As raquetes de tênis com cabeças maiores e mais
fortes, explica Strangwood, “fizeram com que o tênis
tivesse mais ‘serviço e voleio’, reduzindo o interesse dos
espectadores e aumentando a incidência de lesões de curto
e longo prazos. No beisebol e no softball, a introdução de
tacos metálicos (e agora compostos) ocos em substituição
aos de nogueira-americana maciça reduziu custos e incentivou a participação de estudantes. “Entretanto”, pondera,
“a melhora do desempenho criou um risco muito alto para
o arremessador nos jogos profissionais e os tacos de
madeira maciça são os únicos oficiais atualmente.
“Em geral, meu trabalho lida com os equipamentos
enquanto sistemas mecânicos; por exemplo, transferência
de impactos e energia. Mas no futuro, a interação entre os
atletas e os equipamentos será melhor investigada”, anuncia Strangwood. “Isso acontecerá sobretudo por meio do
ajuste dos equipamentos a atletas específicos, junto com
um maior monitoramento, talvez com sensores presos ao
corpo e sensores embutidos nos equipamentos, para
otimizar os equipamentos conforme o atleta e monitorálos durante o evento.”
JANE GARNER
a
pia antig
ta da Olím
34. Atle
1. John M
cEnroe
VOCÊ SABIA?
• John McEnroe foi o último campeão
masculino de Wimbledon a jogar com
uma raquete de madeira e o primeiro a
vencer com uma versão de grafite.
• Na Olímpia antiga, os atletas não tiravam
nenhum proveito do vestuário, pois
competiam nus.
• A National Geographic anunciou no
início do ano o lançamento da sua
primeira coleção de relógios de alta
tecnologia para exploradores e atletas,
com funções como previsão do tempo,
cronometragem de provas de esqui e
cálculo de profundidades de mergulho e
velocidade do vento.
• A tecnologia esportiva aproveitou muito
da tecnologia aeroespacial: por exemplo,
fibras de carbono para bicicletas, tacos
de beisebol e bastões de hóquei, tecidos
termicamente adaptáveis para roupas e
ligas metálicas inteligentes para
raquetes de tênis.
METALWORKING WORLD
33
FOTO: CORTESIA DA SPEEDO
Michael Phelps, atleta dos
EUA, usando o novo maiô
FASTSKIN® FS-PRO lançado no
início do ano.
TECNOLOGIA
POR CHRISTER RICHT
VENCENDO
A INSTABILIDADE
Evitar micromovimentações é vantajoso para o
desempenho e a qualidade.
DESAFIO: COMO GARANTIR QUE AS PASTILHAS INTERCAMBIÁVEIS PERMANEÇAM
TOTALMENTE FIXAS NA SUA POSIÇÃO?
SOLUÇÃO: ADOTANDO UMA INTERFACE DE PRECISÃO ENTRE A PASTILHA
E O PORTA-FERRAMENTAS.
produz
um efeito negativo no desempenho e nos
resultados da usinagem. Até agora, as medidas contra a instabilidade enfocavam os
grandes problemas, como as máquinas, os
dispositivos de fixação, os porta-ferramentas, o design das ferramentas, a geometria
das pastilhas, os percursos e os balanços
das ferramentas. Hoje a usinagem está se
tornando mais sofisticada e precisa atender
novos padrões de qualidade e tempos de
produção. Então, quando as fontes de
instabilidade mais óbvias são reduzidas ao
mínimo, as fontes secundárias aparecem,
trazendo desafios para a usinagem em termos de desempenho e qualidade.
QUALQUER TIPO DE INSTABILIDADE
MICROMOVIMENTAÇÕES EM DESTAQUE
As operações de torneamento costumam
incluir vários percursos de ferramentas
que exercem um esforço radial a mais
sobre a pastilha, causando uma tendência
de micromovimentações desta no respectivo assento. Geralmente, esses movimentos são apenas da ordem de mícrons,
masquando se repetem continuamente
e deslocam a aresta de corte da posição,
podem provocar desempenho insatisfatório, sobretudo nas operações de acabamento. A precisão dimensional, a vida
útil da ferramenta e o controle de cavacos
são as vítimas das movimentações da
pastilha.
34
METALWORKING WORLD
O CoroTurn TR faz parte do conceito
iLock e foi idealizado para otimizar o
desempenho e os resultados do torneamento. As operações de perfilamento são
particularmente propensas a micromovimentações, pois costumam usar pastilhas
mais longas em formatos D e V.
O design do trilho tipo T posiciona a
pastilha com precisão no assento do portaferramentas e mantém a posição da aresta
de corte com grande estabilidade. As
pastilhas de perfilamento geralmente alteram a direção do percurso da ferramenta
durante a usinagem e precisam suportar
profundidades de corte variáveis durante o
torneamento, faceamento, perfilamento e
cortes de alívio. Pastilhas com a interface
trilho tipo T garantem que não haja micromovimentações que afetem a precisão dimensional e o acabamento superficial nem
mesmo de peças de usinagem de precisão. O trilho tipo T se encaixa na pastilha
quase abaixo da aresta de corte. O único
papel do parafuso de fixação é pressionar
a pastilha para baixo e mantê-la encostada
no trilho tipo T.
FRESAMENTO – USINAGEM COM
ALTAS VELOCIDADES
O posicionamento e o travamento das
pastilhas nas fresas são cada vez mais
importantes, conforme aumentam as
velocidades dos fusos na usinagem com
altas velocidades (HSM) e conforme a
consistência da qualidade se torna ainda
mais vital para a produção. A segurança e
a precisão da fixação da pastilha têm um
papel crucial para se alcançar um desempenho satisfatório em relação a esses dois
desafios.
O batimento radial de uma fresa afeta
o balanço da ferramenta, propriedade que
ganha importância conforme as velocidades de corte/dos fusos atingem valores elevados. Uma ferramenta balanceada é um
pré-requisito da HSM, já que até pequenos
valores do batimento radial podem afetar
o desempenho e a segurança. Uma exigência básica é que, por projeto, as ferramentas sejam balanceadas com um batimento
mínimo, complementado por um posicionamento exato e uma fixação inflexível
da pastilha. O travamento da pastilha de
forma que ela fique completamente imóvel
confere segurança a essas operações.
ILOCK PARA FRESAS
A CoroMill 790 tem uma interface iLock.
A superfície de contato do assento da pastilha é serrilhada, proporcionando um posicionamento preciso e fortemente seguro
para as pastilhas. A alta precisão é obtida
por meio de pastilhas retificadas, e o serrilhado reduz o efeito da tolerância da pastilha quase pela metade. As forças de corte
são absorvidas de todas as direções de
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
CoroMill 790 – com serrilhado para as
pastilhas – projetada para desempenho
em operações HSM de alumínio e outros
materiais não-ferrosos.
usinagem e as faixas de avanço não precisam ser comprometidas. Um espaço
aberto acomoda as enormes quantidades
de cavacos produzidas nessas operações e
permite seu escoamento da zona de usinagem. A localização precisa e firme dessas
pastilhas minimiza o batimento radial da
ferramenta e compensa as altas forças
centrífugas com as altas velocidades do
Perfilamento com o CoroTurn TR. O design
do trilho tipo T evita micromovimentações
que podem afetar a precisão dimensional e
o acabamento superficial.
fuso. A interface iLock faz da CoroMill
790 uma fresa altamente produtiva para
desempenho em operações HSM de alumínio e outros materiais não-ferrosos.
A fresa de facear CoroMill Century
para materiais não-ferrosos também foi
projetada com uma interface iLock para
altas velocidades do fuso (a fresa tem
segurança HSM por projeto). Ela também
iLOCK
COROTURN TR.
A interface exclusiva
trilho tipo T proporciona
uma fixação extremamente estável.
iLock, a engenhosa interface de travamento, foi desenvolvida para atacar
a instabilidade da pastilha na fonte. A
interface convencional entre uma pastilha intercambiável e o assento de um
porta-ferramentas pode ser propensa
a micromovimentações e deformação
dos pontos de apoio. No acabamento
de precisão, sobretudo quando há
mudanças na direção do percurso da
ferramenta ou na tolerância desejada,
esse fenômeno causa limitações de
usinagem conhecidas, que em seguida
são corrigidas de alguma maneira, ou
limitações desconhecidas, que até agora
eram consideradas inevitáveis.
O iLock é um conceito amplo de interface que tem sido aplicado às ferramentas cujas aplicações sejam sensíveis a
micromovimentações da pastilha.
CoroMill Century, projetada com uma interface iLock para altas velocidades do fuso. A
fresa possui segurança HSM por projeto.
possui precisão integrada e um recurso de
ajuste axial de microprecisão das pastilhas. A interface serrilhada iLock no corpo
balanceado da fresa garante o desempenho
e a qualidade oferecidos pela CoroMill
Century. Além disso, o fluxo de cavacos
e refrigerante se beneficia com a interface
iLock, deixando o espaço para cavacos
livre de obstáculos. Trata-se de uma fresa
moderna para HSM, em cujo desenvolvimento foram levadas em consideração as
demandas de altas velocidades do fuso.
❯❯ PARA MAIS INFORMAÇÕES: Contate seu
representante local da Sandvik Coromant.
RESUMO
Posicionar uma pastilha com exatidão
e garantir que ela fique no lugar sem
qualquer micromovimentação é uma
questão cada vez mais importante. A
consistência da qualidade do processo
e a usinagem com altas velocidades
são apenas duas das áreas que dependem da maneira como isso é implementado em uma ferramenta de corte.
A interface iLock elimina as causas de
instabilidade da pastilha por meio de
um design seguro e preciso para várias
operações de usinagem.
METALWORKING WORLD
35
Print n:o C-5000:520 POR
© AB Sandvik Coromant 2007:3
Heróis da indústria.
Imagine que você precise melhorar uma tecnologia
que já é a melhor do mercado.
Uma tarefa sem dúvida desafiadora.
Mas é exatamente essa a tarefa dos designers no
mundo todo: melhorar aquilo que já é ótimo. Podem ser
carros, aviões, tocadores de mp3 ou... classes de pastilhas.
No nosso caso, o desafio foi melhorar ainda mais o
desempenho das nossas pastilhas para usinagem, já
líderes de mercado.
A nova geração de pastilhas devia ser mais rápida,
mais segura e mais previsível. Além de mais durável.
Aí está ela, à direita.
E à esquerda está uma das pessoas que conseguiu
melhorar ainda mais essa tecnologia.
Uma heroína da indústria.
Para mais informações sobre a nova geração de pastilhas, visite www.coromant.sandvik.com/br
Sinônimo de Produtividade Máxima

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