Teste 1 Áudio – SACD Krell Standard

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Teste 1 Áudio – SACD Krell Standard
Teste 1 Áudio – SACD Krell Standard
54
dezembro/2004
SACD Krell Standard
Fernando Andrette
Se você perguntar aos amantes
do áudio qual sua principal
dúvida em relação a um upgrade
em seu sistema, uma boa parcela
responderá que é definir a compra
– ou não – de uma fonte digital
que reproduza também SACD.
Recebemos diariamente e-mails
abordando esta questão. Por um
curto espaço de tempo, muitos de
nossos leitores se contentaram com
a opção dos players universais de
baixo custo, porém, à medida que
mais e mais consumidores trocam
informações e escutam as diversas
opções existentes, fica a
impressão que nenhum
deles consegue o
milagre de fazer tudo
tão bem e ao mesmo
tempo.
E os que quase
chegam lá, não custam
tão barato assim.
Este é o preço que
se paga por tentar
abraçar todas as novas
tecnologias existentes, e
o que é pior, a conta fica sempre
para o consumidor.
Muitos audiófilos preferiram
adiar sua escolha até que os
fabricantes de produtos high-end
decidissem suas posições.
A Krell foi uma das primeiras
a tomar partido da tecnologia DSD
e lançou o SACD Krell Standard.
Um produto que tem o árduo
desafio de manter o padrão
estabelecido pela série KPS
KPS.
Ele é capaz de tocar tanto CD
quanto SACD, incluindo também
SACD multicanal.
As saídas multicanal utilizam
conectores RCA, já as saídas em
estéreo, podem ser RCA ou XLR
(balanceada). O Krell Standard
também oferece uma saída digital
para CD a 16 bits, interface de
controle RS 232 e sistema de
chaveamento Krell Link de 12
volts.
O controle remoto tem um
formato ultra slim, lembrando muito
em tamanho e design estas novas
calculadoras solares de bolso.
Segundo o fabricante, a largura
de banda máxima disponível nas
saídas SACD em dois canais é de
180 kHz, talvez a maior que existe
até o momento. Para o leitor ter
idéia do que isso significa, o SCD-1
(a máquina de referência da Sony
Sony)
limita a saída do SACD em cerca
de 50 kHz.
Como algumas amplificações
não conseguiram responder bem a
tamanha largura de banda, a Krell
incluiu filtros alternativos que o
próprio usuário pode escolher.
De acordo com o fabricante, o
filtro 2 para SACD foi ajustado
para 75 kHz com um aumento de
ganho de 0,5 dB em relação ao
filtro 1. O filtro 3 foi fixado em 80
kHz com de ganho de 5,5 dB e o
filtro 4 está ajustado em 90 kHz
com um ganho de 3,65 dB.
No modo CD o filtro 1 possui
largura de banda em 21,5 kHz e
o filtro 2-20 kHz.
Ainda segundo informações da
Krell, para os dois canais em
Krell
estéreo a tecnologia em banda
larga em modo de corrente é
altamente linear, enquanto os
canais restantes usam circuitos
normais e modo de voltagem. Para
ell Standar
d
reproduzir SACD, o Kr
Krell
Standard
utiliza DACs Burr-Brown/TI 1738. As
fontes de alimentação são duplas
e o transporte escolhido foi o
Philips 1000
1000.
O produto impressiona tanto
pelo peso como pelo acabamento.
O Krell Standard enviado para
teste foi o mesmo utilizado no
Hi-Fi Show deste ano, todo em
preto, chegou para fazer
companhia ao pré da
Kr
ell
Krell
ell, o KCT
KCT, e o
power 700 cx.
Pena que o power
teve uma breve estadia
em nossa sala de
audição (apenas uma
semana), mas deu para
ter o gostinho de ouvir uma
configuração inteiramente Krell
Krell.
Os outros produtos utilizados
ef
wland Concer
to
foram: pré JJef
efff Ro
Rowland
Concerto
to,,
Audiopax model Five
Five, Halcro DM
10 e McIntosh C 200
200. Powers: J ef
efff
Rowland Model 210
210, Sphinx 24 e
ell KA
V 400 xi
integrado Kr
Krell
KAV
xi.
Cabos de interligação: Audience
24 (RCA e XLR), Nordost Quatro
Fill (RCA), Siltech SQ 110 (XLR) e
SQ 88
88(RCA).
Caixas acústicas: Confidence 55,
Audience 52 SE
SE, Dana 680 XT e
Aegis EVO III
III.
Condicionador de energia:
AcOr
ganiz
er
AcOrg
anizer
er.
Depois de quase quatro anos
do surgimento do SACD, as
discussões continuam calorosas em
relação aos avanços alcançados
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Teste – SACD Krell Standard
em relação ao CD.
Parece já ser uma unanimidade
o fato deste formato possibilitar
maior clareza nos médios, propiciar
um maior senso de espacialidade,
contribuindo para um maior
conforto auditivo, e agudos mais
estendidos e abertos. Entretanto,
muitos críticos desta nova
tecnologia afirmam que, por outro
lado, falta uma maior expressão
dinâmica e ritmos que tendem a
soar mais lentos em DSD (SACD).
Outro ponto de enorme
controvérsia é que, para alguns,
gravações mais complexas perdem
um pouco da estabilidade do foco
estéreo, além de provocarem um
desvio da precisão tonal na
apresentação, por exemplo, de
cordas orquestrais em grandes
massas sonoras.
Para estes críticos, em vez de
uma sonoridade de granulação
mais “metálica”, que a distorção
analógica confere a essas
passagens orquestrais, o SACD
resolve essas passagens com
um certo amaciamento, ou
como eles dizem: “um brilho
polido”, tornando o som da
seção de cordas mais
proeminente e artificial.
Outro fator que ofereceu
munição em larga escala para
os críticos desta nova tecnologia,
foi a manipulação desenfreada dos
engenheiros em brincar tanto com
o ganho, quanto com a
equalização ao passar para DSD
gravações antigas. O maior
exemplo até o momento foi a
remasterização para DSD do Kind
of Blue, de Miles Davis. A versão
SACD feita das velhas fitas masters
originais, foi abertamente
manipulada em ganho e
equalização, o que confundiu
milhares de consumidores e
críticos que prontamente acharam
que a versão SACD soava melhor
e mais próxima ao vinil.
Por produzirmos nossos discos
em DSD, fico inteiramente à
vontade para “palpitar”. Acho esta
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discussão absolutamente inócua,
pois, na minha opinião, ele repete
o mesmo roteiro discutido nos
primeiros anos de vida do CD
player. Por um lado, os audiófilos
tentando mostrar as enormes
limitações da tecnologia PCM 16/24
kHz e, do outro lado, a indústria
entrincheirada afirmando que a
tecnologia não havia sido
desenvolvida para atender meia
dúzia de consumidores com
“ouvido de ouro”.
Na minha opinião, o SACD é
um enorme avanço em relação ao
PCM, e suas virtudes são
infinitamente superiores a suas
limitações.
Voltando ao que interessa,
comecei por ouvir o Krell
reproduzindo CD. Apliquei todos os
nossos discos da metodologia para
a avaliação de equilíbrio tonal e
fiquei bastante surpreso como
funcionam os dois filtros
disponíveis para PCM. O filtro 1
me pareceu mais “saboroso”, já
que os extremos me pareceram
mais estendidos, proporcionando
maior clareza dos detalhes, imagem
mais sólida, ritmo e maior conforto
auditivo.
Com o filtro 2, parte deste
encanto inicial se perdeu, já que o
extremo agudo perdeu detalhe,
deixando tanto o sound stage
quanto o foco e recorte menos
definidos.
Para ter a certeza do que
estava ouvindo, fiz por dois dias
algumas experiências com cabos
(tanto RCA como XLR) e, mesmo
assim, fiquei com a sensação que
o filtro 1 atendia melhor às
minhas expectativas.
Assim, a nota do Krell
Standard para reprodução de CD
foi feita com o filtro 1.
Outro detalhe que nos tomou
quase um dia inteiro foi
determinar o melhor cabo de força
para o Krell. As diferenças foram
contundentes. No final, acabamos
por escolher o SP-20 da Siltech
Siltech.
Voltando ao teste, o equilíbrio
tonal do Krell Standard é muito
bom reproduzindo CD. Até a
escolha definitiva do cabo de
força, os graves tendiam em
alguns discos a soar um pouco
exagerados ou quase que
descontrolados (independente
da eletrônica utilizada).
Ajustado o sistema, tudo veio
para o lugar e pudemos
sentir o pedigree do produto.
Os médios são doces
(sem passar do ponto),
abertos e com uma leveza
que lembram bastante o
som analógico. Esta
característica possibilita uma
maior condescendência com
gravações menos primorosas, um
ponto importante a ser
considerado por todos que
possuam uma quantidade razoável
de CDs.
O sound stage do Krell
reproduzindo CD é excelente em
termos de profundidade e muito
bom em termos de largura, assim
como o foco e recorte. Apenas em
gravações com muitos instrumentos
tocando simultaneamente, é que
sentimos a falta de um maior
respiro entre os músicos.
Os transientes são excelentes,
assim como a resolução de micro
e macro dinâmica. Aqui o Krell
Standard consegue se impor e
mostrar que merece um lugar de
destaque no pódio.
Teste – SACD Krell Standard
Se tivéssemos que traduzir em
palavras sua assinatura sônica
reproduzindo CD, diríamos que o
Krell pincela a música com toques
refinados, porém sem nunca
desbancar para o contemplativo.
Seu som é relaxado, mas
preparado para responder com
vigor se assim for exigido.
Agora, não espere dele nenhum
ato pirotécnico ou de extrema
impetuosidade, pois ele não se
permite tais desvios.
Passando para a análise
subjetiva na reprodução de SACD,
o desafio foi muito maior.
Seus quatro filtros dificultaram
em muito nossas observações, pois
cada um deles permite uma
interpretação muito distinta.
Vou dar um exemplo: os graves
dependentes escolherão certamente
o filtro 3 ou o 4. Ouvir a Abertura
1812 de Tchaikovsky em um
desses filtros certamente será a
glória.
Já os que odeiam excesso de
graves, mas amam esta obra,
escolherão provavelmente o filtro 1.
Por mais que quiséssemos
estabelecer apenas um dos filtros
para a avaliação subjetiva na
reprodução de SACD, foi
impossível. Resultado: passamos
toda a metodologia nos quatro
filtros e depois fizemos a nota
pela média.
Para tentar facilitar nosso
trabalho, começamos por avaliar
nossos dois discos em SACD: o
do violonista André Geraissatti
“Canto das Águas” e o do pianista
André Mehmari “ Lacrimae.”
E posso lhes dizer que foi
nossa salvação possuir nossos
próprios discos, caso contrário
ainda estaríamos debruçados no
produto tentando definir a nota.
No SACD do André Mehmari, o
filtro 4 nos pareceu a melhor
solução, com melhor apresentação
dos micro detalhes, ambiência e
velocidade de transientes.
As faixas solo nos pareceram
muito próximas do real, no entanto,
nas faixas com percussão e
contrabaixo, dependendo da
eletrônica gostamos mais da
reprodução do filtro 1.
O filtro 2 nos passou uma
ligeira sensação de alteração nas
freqüências mais altas, tornando o
som mais brilhante.
O filtro 3, devido ao enorme
ganho, necessitou que
reajustássemos o volume e não
nos pareceu em nenhum dos
quesitos favorecer algum tipo de
melhora.
Com o SACD do André
Mehmari a escolha final ficou com
o filtro 1. Pareceu perfeito para a
reprodução vigorosa do
contrabaixo, o corpo dos
instrumentos, velocidade dos
transientes, captação da ambiência,
e equilíbrio tonal.
Conclusão
Mesmo tendo sido muito
KRELL STANDARD-CD
EQUILÍBRIO TONAL
PALCO SONORO
TEXTURA
TRANSIENTES
DINÂMICA
CORPO HARMÕNICO
ORGANICIDADE
MUSICALIDADE
TOTAL
8,8
9,5
9,0
9,0
8,5
9,0
8,8
8,8
71,4
Pontuação máxima, equipamento
categoria Ouro: 72
trabalhoso descobrir as qualidades
e as características sônicas do
Krell Standard
Standard, eu posso garantir
que foi gratificante testá-lo.
Pois se trata de um produto
que veio para ditar novos
parâmetros para o mercado.
Ousar lançar um produto não
universal demonstra o quanto a
Krell confia nesta nova tecnologia
e, o mais importante, ao fazê-lo,
posiciona-o em um patamar de
preço muito mais acessível para
uma grande parcela dos
audiófilos.
Ou seja, em uma só cartada
preenche uma lacuna existente no
mercado e impõe à concorrência
um referencial.
Somente quem conhece a
fundo o mercado em que atua,
arriscaria tamanho desafio.
O Krell Standard atende com
eficiência o consumidor que
almeja um upgrade em sua fonte
digital sem gastar um caminhão de
notas verdes.
Um produto que vale o
investimento e, pelo seu padrão de
qualidade, não ficará obsoleto em
curto espaço de tempo.
KRELL STANDARD-SACD
EQUILÍBRIO TONAL
PALCO SONORO
TEXTURA
TRANSIENTES
DINÂMICA
CORPO HARMÔNICO
ORGANICIDADE
MUSICALIDADE
TOTAL
9,5
9,5
9,5
9,5
9,2
9,5
9,5
9,2
75,4
Pontuação máxima, equipamento
categoria Diamante: 80
Distribuidor: Ferrari Consulting
(11) 8369-3001
Preço Médio US$ 6.350
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