Ciência, arte e interação

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Ciência, arte e interação
Disciplina - Filosofia -
Ciência, arte e interação
Filosofia & Ciências
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Postado em:02/10/2013
Renata Fontanetto | Ciência Hoje On-line O físico e educador francês Maurice Bazin defendia a
concepção de um aprendizado mais livre e autônomo da ciência, por meio do contato direto com o
experimento científico. A experiência de Modesto Tamez, membro do Instituto de Professores do
museu Exploratorium, localizado em São Francisco, nos Estados Unidos, parece mostrar que a
premissa, além de verdadeira, pode e deve ser colocada em prática. Tamez, que conviveu com
Bazin quando este também integrava o instituto, foi um dos destaques do II Encontro Internacional
de Divulgadores da Ciência – 30 anos de divulgação científica no Brasil, realizado na semana
passada no Rio de Janeiro. Para apresentar o Exploratorium, que inaugurou sua nova sede no início
do ano, o divulgador trouxe um pouco do próprio museu ao evento: antes de sua apresentação,
espalhou pelo auditório kits com alguns itens curiosos – um papel com uma pintura anamórfica e
outro revestido com alumínio. “Quis trazer a vocês um pouquinho do que nossos visitantes
encontram ao chegar ao Exploratorium”, explicou, ainda misterioso, em seu simpático ‘portunhol’.
Seguindo suas instruções, os participantes enrolaram o papel prateado, formando um cilindro.
Depois de prendê-lo com pedaços de fita crepe (previamente colados nos braços das cadeiras),
posicionaram a peça em um círculo ao lado da pintura. O desenho torto do papel ganhou, então,
nova forma na superfície espelhada do cilindro, revelando um copo de bebida com uma azeitona
dentro. É esse espírito de descoberta que estimula e desafia o visitante do Exploratorium a
desvendar, aos poucos, as 600 instalações espalhadas pelo lugar, segundo Tamez. “Lá, tentamos
deixar uma pergunta suspensa: quem é o cientista e quem é o artista?”, instigou. Em uma das
instalações do museu, por exemplo, os visitantes passam por uma ponte periodicamente tomada por
uma intensa neblina, o que desperta sua curiosidade. “Os experimentos são complementados com
uma equipe afinada de monitores, sempre disposta a interagir e a provocar as percepções do
público”, afirmou. Além de promover a vivência do mundo científico na prática, a nova casa do
museu, que data de 1920, foi toda adaptada para funcionar de forma sustentável – o espaço utiliza,
por exemplo, equipamentos de captação de energia solar. Caminhos para a divulgação científica
Seguindo a mesma linha, Federico Abrile acredita que a ciência deve se aproximar da população
por meio da arte. “As pessoas precisam enxergar a ciência como cultura, informação e
divertimento”, defendeu o coordenador do Centro Interativo de Ciências da Universidade de La
Punta, na Argentina. Lá, o intuito é oferecer experimentos sobre noções científicas de física, química
e energia renovável. Uma boa forma de modificar a visão sobre ciência é, para Abrile, recuperar
sua relação histórica com a arte. Para tanto, o centro criou, entre outras iniciativas, um festival de
teatro e ciência que chegou à sua quarta edição este ano. Uma boa forma de modificar a visão
sobre ciência é, para Abrile, recuperar sua relação histórica com a arte Segundo ele, ciência e arte
caminham juntas desde as primeiras descobertas sobre as pinturas rupestres, passando pelos
famosos desenhos do pintor e grande pensador italiano Leonardo da Vinci. “Num determinado
momento, os cientistas foram fazer ciência, e os artistas, outras coisas”, lamentou o argentino. “Por
que ainda existe essa separação que tanto prejudica uma verdadeira promoção da cultura
científica?”, indagou. No Brasil, existem iniciativas voltadas a fazer essa aproximação dentro da
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própria área acadêmica. Uma delas foi destacada pela médica Tânia de Araújo-Jorge, do Instituto
Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz): as Oficinas de Ciência e Arte do IOC, que envolvem práticas teatrais,
cursos de quadrinhos, literatura e ficção científica. “A pessoa sai transformada de um de nossos
cursos. Chega tímida, vai conhecendo essa relação, muito por conta própria e, no final de sua
evolução, se descobre voando”, ilustrou a cientista. Ação política Araújo-Jorge acredita, porém, que
a atuação na esfera artística não basta: os cientistas deveriam atuar fora da academia para
influenciar as políticas públicas. “Não vamos fazer isso apenas escrevendo artigos”, afirmou. Ela
falou sobre o trabalho que realiza no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria (PBSM), que teve início
com uma reportagem publicada no jornal Correio Braziliense sobre doenças ligadas à pobreza, as
chamadas doenças negligenciadas. “O tema acabou incluído entre as diretrizes do plano, bem
como a educação popular como ferramenta de combate a essas doenças e promoção da saúde”,
comemorou. Desde então, a pesquisadora integra expedições de educação e ciência promovidas
pela Fiocruz pelo Brasil. A intenção é aproximar da ciência profissionais da saúde, assistentes
sociais, gestores públicos, professores, alunos e a população em geral, como forma de melhorar sua
qualidade de vida e a interação com o mundo ao seu redor. Esta notícia foi publicada no site Ciência
Hoje em 01 de Outubro de 2013. Todas as informações nela contidas são de responsabilidade da
autora.
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