AUTOR Guimarães Rosa Na Academia Brasileira de Letras, ocupou
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AUTOR Guimarães Rosa Na Academia Brasileira de Letras, ocupou
AUTOR Guimarães Rosa Na Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira nº 2, cujo patrono é o escritor Álvares de Azevedo, e pertenceu a seu amigo e antigo chefe no Itamarati, João Neves da Fontoura. DADOS BIOGRÁFICOS Nome completo: João Guimarães Rosa Nascimento: 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, centro-norte de Minas Gerais Morte: 19 de novembro de 1967, no Rio de Janeiro BIBLIOGRAFIA - Magma (1936), poemas. Não publicados, mas recebeu prêmio (primeiro lugar) da Academia. Guilherme de Almeida, relator, julgando o livro do desconhecido moço mineiro, assim se pronuncia: (...) 'E o livro Magma, de João Guimarães Rosa, inscrito sob o número 8. Pura, esplêndida poesia. Descobre-se aí um poeta, um verdadeiro poeta: o poeta talvez de que o nosso instante precisava. Nativa, espontânea, legítima, saída da terra com uma naturalidade livre de vegetal em ascensão, Magma é poesia centrífuga, universalizadora, capaz de dar ao resto do mundo uma síntese perfeita do que temos e somos. Há aí, vivo de beleza, todo o Brasil: a sua terra, a sua gente, a sua alma, o seu bem e o seu mal'. - Sagarana (1946), contos e novelas regionalistas. Livro de estréia. - Com o vaqueiro Mariano (1947) - Corpo de Baile (1956), novelas. Atualmente publicado em três partes: - Manuelzão e Miguilim, - No Urubuquaquá, no Pinhém e - Noites do sertão. - Grande Sertão: Veredas (1956), romance. - Primeiras estórias (1962), contos. - Tutaméia: Terceiras estórias (1967), contos. - Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma. - Ave, palavra (1970) diversos. Obra póstuma. EM JORNAIS E REVISTAS - Colaborou no suplemento "Letras e Artes" de A Manhã (1953-54), em O Globo (1961) e na revista Pulso (1965-66), divulgando contos e poemas. Sagarana compõe-se de nove contos. Confiram! OBRA ANALISADA: Conto 1 O Burrinho Pedrês é a história da condução de uma boiada em dia de fortes chuvas, em algum ponto indefinido do sertão, sob a tensão de uma maquinação ameaçadora de ciúme e crime. Relacionada a animais, mas não apresenta o sentido de fábula porque os bichos não são humanizados. Há episódios relacionados com o ciclo mítico do boi, onipresente na vida sertaneja. Pairando sobre tudo e todos, destaca-se a figura sábia e intensamente "humana" do burrinho pedrês, que aparece pouco na ação, mas domina o universo da narrativa. Personagens - Sete de Ouros o burro - Silvino vaqueiro - Badu vaqueiro Conto 2 A volta do marido pródigo As malandragens de um ladino cabo eleitoral que vende a esposa e depois a recupera de graça. Tema: uma espécie de heroísmo gaiato Personagens - Seu Waldemar encarregado (sua mulher tem aulas de violão com Lalino) - Seu Marra chefe de Turma - Lalino Laio Eulálio de Souza Salãthiel - Maria Rita - Major Anacleto - Oscar Conto 3 Sarapalha Tema: lirismo - amor e solidão Temos a miséria física e psicológica dos doentes de maleita, em um diálogo arrastado e entremeado por surtos da febre. Personagens - Primo Argemiro das bandas do rio - Primo Ribeiro das bandas do mato - Prima Luísa mulher de Ribeiro - Ceição preta velha - Jiló - cachorro Conto 4 Duelo também traz para os sertões de Minas Gerais peripécias de antigas histórias épicas ou heróicas. Uma perseguição... Personagens - Turíbio Todo - Cassiano Gomes - Timpim Vinte-e-um Conto 5 Minha Gente Tema: lirismo - casos de amor e de articulação política Personagens - Doutor narrador é o protagonista. Sabemos que é um "Doutor" por intermédio da fala de José Malvino, logo no início da narrativa: "( Se o senhor doutor está achando alguma boniteza..."); seu nome é mencionado. - Santana inspetor escolar itinerante; bonachão e culto. Tem memória prodigiosa. Exemplifica um servidor público (facilmente identificado entre nós). - José Malvino roceiro; acompanha o protagonista na viagem para a fazendo do Tio Emílio. Conhece os caminhos e sabe interpretar os sinais que neles encontra. Atencioso, desconfiado, prestativo e supersticioso. - Tio Emílio fazendeiro e chefe político. Para ele uma forma de afirmação pessoal é a satisfação de vencer o jogo para tripudiar sobre o adversário. - Maria Irmã prima do protagonista e primeiro objeto de seu amor. É inteligente, determinada,.... Elabora um plano de ação e não se afasta dele até atingir seus objetivos. Não abre seu coração para ninguém, mas sabe e faz o que quer. - Bento Porfírio empregado da fazendo de Tio Emílio. É companheiro de pescaria do protagonista; termina assassinado pelo marido da mulher com quem mantinha um romance. Conto 6 São Marcos também traz para os sertões de Minas Gerais peripécias de antigas histórias épicas ou heróicas, como o caso de feitiçaria que cega momentaneamente o protagonista e lhe serve de aprendizado. Personagens - Sá Nhá Rita Preta cozinheira do narrador - José narrador – um admirador da natureza árvores, pássaros, rios, lagos e... gente. - Aurísio Manquitola sujeito experiente, contador de histórias; conhecia bem todas as pessoas de Calango-Frito. - João Mangolô feiticeiro (Preto Véio) Conto 7 Corpo Fechado também traz para os sertões de Minas Gerais peripécias de antigas histórias épicas ou heróicas. Encontramos a crônica dos valentões que burlam a lei e tornam-se intocáveis, mas que podem ter a sorte revertida se houver a interferência de forças sobrenaturais. Personagens - (Manuel) Mané Fulô - Beija-Flor - Das Dor - Antonico das Pedras-Águas pedreiro, curandeiro e feiticeiro. - Targino o valentão mais temido do lugar Conto 8 Conversa de Bois Relacionada a animais, mas não apresenta o sentido de fábula porque os bichos não são humanizados. Personagens - Agenor Soronho carreiro - Tiãozinho menino-guia - Januário pai de Tiãozinho - os Bois Buscapé, Namorado, Capitão, Brabagato, Dansador, Brilhante, Realejo e Canindé Ambiente - estrada no interior de Minas Gerais Conto 9 A Hora e a Vez de Augusto Matraga também traz para os sertões de Minas Gerais peripécias de antigas histórias épicas ou heróicas; outra história que envolve perseguição Personagens : - Nhô Augusto, Matraga e Augusto Esteves - Joãzinho Bem-Bem GÊNERO Prosa regionalista – contos e novelas RESENHA Como o título nos sugere Sagarana - um conjunto de sagas - histórias épicas, folclóricas, de amor, mistério e aventura. Universaliza o sertão, mistura o popular e o erudito, fecunda de vida o mundo primitivo e mágico dos Gerais. Nos nove contos, temas básicos de João Guimarães Rosa: a aventura, a morte, os animais metaforizados em gente, as reflexões subjetivas e espiritualistas. Seus personagens são ligados à paisagem mineira, à vida das fazendas, à saga dos vaqueiros e dos criadores de gado. Em "O Burrinho Pedrês" e "Conversa de Bois", os bois e o burrinho agem, pensam e falam como se o autor conseguisse captá-los como bichos, a vida interior deles, como se agissem e pensassem com a autoridade e a consciência de um ser (ir)racional. Através de seu narrador, Sagarana, muitas vezes, nos parece folclórica – há quadrinhas populares... “Era um burrinho pedrês, miúdo e resignado...” Assim inicia o conto. Há contos em primeira pessoa: São Marcos, Minha gente, Corpo fechado. E contos em terceira pessoa: O burrinho pedrês, A volta do marido pródigo, Sarapalha, Duelo, Conversa de bois e A hora e vez de Augusto Matraga. ESTILO DE ÉPOCA Pós-modernismo Embora seja o livro de estréia, não é difícil se perceber em Sagarana elementos que caracterizam o Pós-Modernismo: pesquisa lingüística, a ânsia do metafísico. Embora apresentem seus elementos tradicionais, os contos de Guimarães Rosa são portadores de “um sopro renovador”, como bem observa o crítico Massaud Moisés. Os contos de "Sagarana" se passam no sertão mineiro, seus protagonistas são fazendeiros, capiaus, boiadeiros, moçoilas casamenteiras, jagunços, e a própria natureza, viva como em nenhum outro autor: Rosa dá voz a bois, pássaros e relva; descreve as paisagens do sertão em toda sua força e exuberância. Apesar de todos esses elementos típicos, regionais, "Sagarana" vai muito além do simplesmente pitoresco, e assume a força de uma obra universal: os personagens dos contos, antes de serem caipiras, são humanos, com toda o vasto espectro de sentimentos, conflitos e aspirações. Não podemos deixar de observar revolução no emprego da língua. Apropriando-se do falar regional, de seus ritmos e expressões, Rosa abre os horizontes da língua. É importante destacar no autor a criação de vocábulos – neologismos sintáticos inclusive; arcaísmos, como percebemos na qualidade da linguagem empregada. INTERTEXTUALIDADE Letra de música – Sagarana Compositores: João de Aquino e Paulo César Pinheiro “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” – filme (1965) Elenco: Leonardo Villar, Jofre Soares e Flávio Migliaccio Direção: Roberto Santos Roteiro: Gianfrancesco Guarnieri e Roberto Santos Música: Geraldo Vandré “O quintal da minha casa/não se varre com vassoura/varre com ponta de sabre/bala de metralhadora”. Naqueles anos de 1960 em que virou música de Vandré, os versos guardavam total relação com a realidade e com o espírito guerrilheiro de quem queria derrubar a ditadura militar com armas. Sagarana: o Duelo – filme de Paulo Thiago (1974) baseado no conto 'O Duelo' Elenco: Joel Barcellos, Milton Moraes, Itala Nandi, Jofre Soares, Sadi Cabral, Wilson Grey, Paulo Cesar Pereio Trilha sonora: Matita Perê Usada originalmente como tema principal da trilha sonora do filme Música: Antonio Carlos Jobim Letra: Paulo César Pinheiro & Antonio Carlos Jobim Escritura de Sagarana, de Sônia Maria van Dijck Lima. São Paulo: Navegar, 2003. Acompanha cd. VISÃO CRÍTICA O autor chega louvado pela crítica, que não hesitou em apontar-lhe características de um estilo renovado e qualidades de um ficcionista astuto e observador. A partir do livro Sagarana, Rosa começa o que será considerada uma das prosas mais discutidas e analisadas. Seus tipos, ambientes e principalmente seu vocabulário são motivos suficientes para considerá-lo um dos maiores romancistas da história. A dificuldade de penetração em sua linguagem é comparada a de James Joyce em obras como Ulisses e Finnegans Wake ou até mesmo Alfred Döblin no praticamente desconhecido Berlim Alexanderplatz (Fonte: Enciclopédia Wikipédia) Ao fechar o livro, após o desenlace da novela "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", apenas restará a você, leitor, lamentar ter adiado por tanto tempo o seu encontro com a ficção de Guimarães Rosa.
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