Scotland – estadao escocia 16-out-2007

Transcrição

Scotland – estadao escocia 16-out-2007
Escócia
Uma incrível descoberta
Edimburgo (foto) e Glasgow
ajudam a desvendar a adorável
terra dos ‘highlanders’ q PÁGS. 8 A 13
ADRIANA MOREIRA/AE
%HermesFileInfo:V-8:20071016:
V8 VIAGEM&AVENTURA
TERÇA-FEIRA, 16 DE OUTUBRO DE 2007
O ESTADO DE S.PAULO
ESCÓCIA
Muita história e belas paisagens na
caprichosa terra dos ‘highlanders’
Entender o sotaque e os costumes locais (como homens de saia) pode não ser fácil, mas é um encantador desafio
FOTOS ADRIANA MOREIRA/AE
Adriana Moreira
EDIMBURGO
Queterraestranhaéesta,onde os homens dizem que falam inglês (mas dá para jurar que é uma mistura de alemãocom polonês),usam saia
e, mesmo no verão, os termômetrosdificilmenteultrapassam os 25 graus? Entender a
história,oscostumeseosotaqueescocêspodenãosersimples, mas desbravar o país
certamente será uma experiência inesquecível. Por isso, vamos por partes.
Guerras,invasõesedisputas marcam o passado da Escócia, integrante do Reino
Unido (na companhia de Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte) que tem sistemaprópriodeleiseumparlamento independente desde1998.Ofortesotaquereflete essa mistura de influências, dialetos e línguas – como o gaélico, ainda hoje falado nas Terras Altas.
É dos habitantes dessa região, conhecidos como highlanders, o costume de usar
o kilt, espécie de saia de lã
xadrez. Não pense que a cor
escolhida é uma questão de
moda: os padrões (chamados tartãs) identificavam os
membros de cada clã. Hoje, a
vestimenta é usada em ocasiões especiais, como casamentos, e não faltam lojas especializadas em alugar ou
A SUBIDA COMPENSA – Visão panorâmica a partir do Calton Hill
Guerras, invasões
e disputas
marcaram
passado do país
TODOS POR LÁ – Movimento é intenso na Royal Mile, trecho de uma milha entre o castelo e o palácio
vender os trajes. Levar um
para casa, apenas como souvenir, pode não ser uma boa
idéia: o preço mínimo fica em
torno de 50 libras (R$ 183).
Desbravar em uma única
viagem essa terra de lagos,
montanhas e castelos é simplesmente impossível. Decidimos, então, começar pelas
duasmaiorescidadesescocesas. À margem do Rio Clyde,
Glasgow, com 560 mil habitantes, é uma espécie de São
Paulo:umametrópoledepassado industrial repleta de
grandesempresas,comexcelentes opções culturais.
Já a capital, Edimburgo,
encantaassimqueovisitante
coloca os olhos em seu castelo, erguido sobre a cratera de
um vulcão extinto há 350 milhões de anos. Ciumenta,
Glasgowquer concorrercom
a rival na arte. Nesse ponto, a
disputa é acirrada. Afinal,
Glasgow tem sob sua custódia o forte acervo do Museu
KelvingroveedaBurrealCollection. Edimburgo, por sua
vez, exibe belas coleções na
Galeria Nacional e no Museu
Real (Royal Museum).
Mas se os quesitos forem
charme e beleza, Glasgow
não tem a menor chance.
Edimburgo sabe, como nenhuma outra, encantar os visitantes. E mostrar que, estranho mesmo, é você saber
tão pouco sobre um lugar tão
especial como a Escócia. ●
TÍPICO – Família faz pose para o álbum de casamento: noivo usa kilt
Descubra uma das mais belas jóias da Europa
Não, não se trata de exagero. A capital escocesa tem atrações de sobra para justificar o título
EDIMBURGO
Dizem que Edimburgo é uma
das cidades mais bonitas da Europa. Acredite, não se trata de
exagero. Não importa em que
ponto da capital escocesa você
esteja: o castelo, principal atração local, fará parte do cenário.
Ao redor dele, o florido Princess Garden forma uma encantadora moldura. Neste momento, mesmo sem perceber, você
já estará boquiaberto.
A Princess Street, espécie
de Avenida Paulista deles, divide a cidade em Old Town (do
lado do castelo) e New Town.
Na via ficam as principais lojas
e,duranteodia, ovaivém demoradores e turistas é intenso.
A maior parte das atrações
turísticas fica na Old Town, a
partemedieval.Se nãofossepelasvitrinesrepletasdelembrancinhas, kilts e mapas turísticos,
vocêpoderiajurarque,por ali,a
Idade Média não acabou. A regiãoérepleta debecos, construçõesantigasebandeirascomescudos medievais.
Se você é daqueles que ado-
ram desbravar tudo a pé, o melhorroteiro para chegaraoCastelo de Edimburgo é seguir a
Princess Street até a North
Bridge e, depois, subir a Royal
Mile– trechodecerca de 1 milha
(1,6 quilômetro) que tem numa
pontaocasteloenaoutraoPalácio de Holyroodhouse, residência real desde o século 14.
Assim,vocêvaipercorrer todo o Princess Garden e poderá
entrar na impressionante Galeria Nacional, com visitação gratuita. Também vai ver o Scott
Monument, construído em
1846 em homenagem ao escritor Walter Scott. E, melhor,
nãoprecisaráencararumasubidatãoíngreme quanto adaNorth Bank Street.
Fique atento: os tours nos
ônibus turísticos não são muito
vantajosos, principalmente paraquem estáhospedado na parte antiga da cidade. Além de o
intervalo entre eles ser de meia
hora, a área pode ser facilmente percorrida a pé.
Nocaminhoatéocastelo, outras atrações podem ser interessantes, como o Museum of
Childhood (Museu da Infância),
que tem acervo com brinquedos do mundo inteiro – alguns
são dos séculos 18 e 19. Fica no
número 42 da High Street, e a
entrada também é gratuita.
Na seqüência, você vai passar pelo Parlamento, uma construção de 1639. Na frente dele
está a Catedral de St. Giles, em
estilo gótico, local de onde John
Knox comandou a Reforma Es-
Na Old Town,
visitante tem a
impressão de estar
na Idade Média
cocesa no século 16.
Não deixe de entrar na Thistle Chapel, que presta homenagem aos cavaleiros do passado
e da atualidade. Os destaques
por lá são os dosséis esculpidos
com brasões e o teto repleto de
adornos. Apesar de não cobrar
entrada, a igreja pede doações
aos visitantes – especialmente
aos que quiserem tirar fotos.
No largo da igreja fica o Mercat Cross, importante marco
construídoem1707, no exatolocal onde as proclamações reais
eram lidas desde o século 5º.
Também era por ali que os mercadores entravam para vender
seus produtos.
Até para conhecer uma autêntica casa do século 17, vale
conferir o Writer’s Museum,
mais uma atração gratuita. Localizado no Lady Stair’s Close,
o museu reúne objetos e tem
mostras sobre os três principais escritores do país: Walter
Scott, Robert Burns e Robert
Louis Stevenson.
Mais à frente está o The Hub
Centre, erguido em 1840, com a
mais alta agulha da cidade. O
prédio funciona como centro de
informações para o Festival de
Edimburgo, realizado sempre
em agosto (leia mais na página
9). Você já estará bem próximo
ao aclamado castelo. Está esperando o quê para entrar?
GRASSMARKET
Fora da Royal Mile, reserve um
tempinho para passear pela
Grassmarket, avenida cheia de
lojas charmosas, restaurantes
elegantes e pubs descolados.
Outra boa pedida é o excelente
Museu Real da Escócia, na
Chambers Street,também com
entrada gratuita.
No caminho, faça uma parada rápida para ver a estátua de
Bobby, um cãozinho que, por 14
anos, guardou o túmulo de seu
dono, John Gray. O café, onde
ele recebia sua refeição diária
antesdevoltaraocemitério,ainda está lá.
Vale também seguir pela
PrincessStreetesubiratéoCalton Hill, de onde se tem uma panorâmica da cidade. Apesar de
o local estar um pouco abandonado, é interessante ver de perto um dos cartões-postais de
Edimburgo, o Dugald Stewart
Monument, construído em homenagem ao filósofo escocês.
Ali fica também o Nelson’s
Monument, em forma de telescópio. Do seu topo, todos os
dias, uma bola cai pontualmente às 13 horas. Quem quiser subir na torre deve pagar 2 libras
(R$ 7,30). ● A.M.
VIAGEM&AVENTURA
VIAGEM&AVENTURA V9
V9
Todos os anos, a capital escocesa pára em agosto para assistir
ao Festival de Edimburgo. Artistas de rua – os buskers – tomam as esquinas da cidade, especialmente na área da Old Town e da Princess Street, e apresentações de dança e teatro lotam as casas de shows. A próxima edição já tem data marcada:
de 3 a 31 de agosto de 2008.
Na mesma época, ocorre o
Military Tattoo, parada em que
os soldados vestem trajes típicos e tocam gaitas-de-foles. O
instrumento era usado para
anunciar às tropas inimigas
que o Exército se aproximava.
Oespetáculodeencerramento também é emocionante. O
Princess Garden transformase em palco para uma orquestra sinfônica, enquanto um balé
EDIMBURGO
† Festival de Edimburgo:
www.eif.co.uk;
Military Tattoo:
www.edinburgh-tattoo.co.uk;
Fringe Festival:
www.edfringe.com
● ADRIANA MOREIRA
de fogos de artifício – que explodem no ritmo da música –
encanta os olhos da multidão. Os ingressos para ver o
show nos jardins acabam assim que são colocados à venda. Quem não consegue um
bilhete pode assistir a tudo
da Princess Street.
Um festival paralelo, batizado de Fringe, também
ocorre em agosto. As performancessão realizadas em lugares diferentes e os espetáculos costumam misturar
histórias clássicas com um
toque mais alternativo.
PURA ARTE – Na High Street, malabarista capricha no equilíbrio
ADRIANA MOREIRA/AE
Capital pára em agosto para acompanhar o evento, com atrações tanto nas ruas quanto nas casas de espetáculo
Umfestivaldeshows,músicaedança
ESCÓCIA
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O ESTADO DE S.PAULO
ESCÓCIA
No castelo, um resumo da história
Turistas se impressionam logo na entrada, com estátua de William Wallace, que inspirou ‘Coração Valente’
FOTOS ADRIANA MOREIRA/AE
EDIMBURGO
Visitar o Castelo de Edimburgo
equivale a assistir a um resumo
da história da Escócia – há relatos de que o local já era usado
como algum tipo de fortificação
no ano 600. Mas as construções
que encantam anualmente cercade 1,2milhão devisitantesdatam do século 12 ao 20 – a maior
parte, do século 18.
Logo na entrada, estão as estátuasdeduasimportantesfigu-
ras do país: William Wallace e
Robert the Bruce. Wallace foi
protagonizado por Mel Gibson
no filme Coração Valente, mas
basta perguntar para um escocês o que ele pensa da produção
hollywoodiana para ouvir a resposta: “É um belo filme de ficção. Mas não tem nada a ver
com a história real.”
Procure chegar ao castelo
ainda de manhã, para poder ver
tudo calmamente. Depois de
atravessar o fosso e entrar nas
dependências, você pode optar
por alugar um audioguide por 3
libras (R$ 11) ou acompanhar,
gratuitamente, um dos tours
guiados. O tempo médio entre
um e outro é de uma hora.
Pare, primeiramente,noscanhões de Argyle, usados para
defenderoladonortedafortaleza. Dali, tem-se uma bela vista
da cidade. Nesse trecho fica
também a mais antiga construção do castelo, a pequena Capela de Santa Margareth, erguida
pelo filhodela, David I, por volta
de 1110. Um pouco à frente fica o
“canhão da uma hora”, disparado todos os dias (exceto aos domingos), às 13 horas.
Mas os principais destaques
ainda estão por vir. O Great
Hall, do século 15, serviu de palco para as reuniões do parlamento escocês até 1639. Ali é
possível ver armas usadas por
cavaleiros – e um ator vestido
com roupas típicas conta algumas histórias de batalhas.
Você também pode conhecerascelasondeficavamprisioneiros entre os séculos 18 e 19.
Uma exposição interativa exibe algumas portas com inscrições e desenhos feitas pelos detentos, além de obras de arte
produzidas por alguns deles.
IMPERDÍVEL – Fortaleza recebe anualmente 1,2 milhão de visitantes: com direito a fosso e celas de detenção
HOLYROODHOUSE
PALÁCIO REAL
Construído entre os séculos 15
e 16, o Palácio Real sofreu mui-
tas modificações ao longo dos
anos. Na parte superior, estão
expostas as chamadas relíquias escocesas, que incluem a
coroa, desenhada por Jaime V
em 1540, a Espada do Estado,
um presente do Papa Julius II
para Jaime IV, em 1507, e o cetro, outro presente para Jaime
IV, só que dado pelo Papa Alexander VI, em 1494.
Ali também fica a Pedra do
Destino,símboloda nação escocesa, usada na coroação de reis
por 400 anos e repleta de mitos
e lendas. Há quem diga que foi
comprada pela filha de um faraó do Egito como o “travesseiro de Jacó”. Levada em 1296
por Eduardo I para a Abadia de
Westminster durante a Guerra
da Independência, no século 13,
ela só retornou à Escócia há
pouco tempo, em 1996.
Na parte inferior ficam os
aposentos reais, onde Mary
Stuart (1542-1587) deu à luz Jaime V. Católica fervorosa, ela
passouainfância na França,depois de escapar da invasão de
Henrique VII na Escócia. Aos
18anos,ela voltouviúva ao Palácio Holyroodhouse, a residência real, e causou furor na sociedade da época.
CRUZ SAGRADA – Originalmente um mosteiro, Holyroodhouse virou casa real com o crescimento da cidade
ORIENTE-SE
ESCÓCIA
MAR DO
NORTE
Glasgow
Edimburgo
GRÃ-BRETANHA
N
Idioma
Moeda
Câmbio
Fuso horário
Para ligar a
cobrar para
o Brasil
Consulado do
Brasil em
Londres
Visto
Inglês, galês e gaélico
Libra
R$ 1 vale 0,271 libra
2 horas a mais em
relação a Brasília
0800-89-0055
6, St. Alban's Street;
tel.: (00--44-20)
7930-9055
Não é necessário
para brasileiros
INFOGRÁFICO/AE
O Palácio, aliás, é outro programa obrigatório para quem vai à
capital escocesa. O nome, que
pode ser traduzido como Casa
da Cruz Sagrada, tem como origem o fato de que o local foi,
inicialmente, um mosteiro.
Fundado por David I em 1128,
acabou tornando-se residência
real com o crescimento de
Edimburgo: os reis preferiam o
clima de tranqüilidade do local,
em vez de viver no Castelo de
Edimburgo.
Em 1501, James IV decidiu
fazer ali um novo palácio para
viver com sua noiva, Margareth Tudor. Hoje, o Holyroodhouse ainda serve como residência
de verão da rainha Elizabeth II,
da Inglaterra. Quando a família
real não está por lá, os visitantes podem conhecer boa parte
das dependências, que mantêm
o mesmo mobiliário.
Apesar de toda suntuosidade, Mary Stuart não foi feliz no
palácio. Por duas vezes, ela se
casounaabadia,ao ladodopalácio – as ruínas da construção
também podem ser visitadas.
Acabou sendo acusada de assassinar um dos maridos, perdeuotronoepartiupara aInglaterra, onde ficou presa por 20
anos até finalmente ser condenada à morte por traição. ●
ADRIANA MOREIRA
† Castelo de Edimburgo: Entrada 11 libras (R$ 40,43). Informações: www.historic-scotland.
gov.uk; Palácio Holyroodhouse:
Entrada 9,50 libras (R$ 34,91).
Informações: www.royal.gov.uk
Comece descendo na Catedral
de Glasgow, a mais antiga da
CATEDRAL
Cinzenta, chuvosa e gelada –
mesmo no verão –, Glasgow não
é de despertar paixão à primeira vista. Mas com um pouco de
boa vontade e um olhar mais
aguçado, o turista encontra as
belezas escondidas da maior cidadedaEscócia.Glasgowfoicapital cultural da Europa em
1999 e se destaca especialmente
pelas artes.
A maioria dos visitantes chega na Central Station, que conecta Glasgow ao aeroporto e a
quasetodooReinoUnido.Pronto: você já está no coração da
cidade. Barulhenta e movimentada, parece um pouco com o
centro de São Paulo, com menos trânsito e mais segurança.
Dali mesmo você já pode começar a fazer seu city tour. Siga
pela Argyle Street até a Queen
Street e vire à esquerda. Você já
vai estar na frente da Galeria de
Arte Moderna (Goma), um dos
muitos museus da cidade. Boa
notícia: nenhum cobra entrada.
Compoucospassosvocêatinge a George Square, a praça
principal, onde turistas e moradoresdisputamosbancosquando o sol aparece. É dali também
que saem, a cada 15 minutos, os
ônibus que levam aos principais
pontos turísticos da cidade.
Opasseiovaleapena.Asatrações ficam bem distantes umas
das outras e são acessíveis apenas de ônibus – o sistema de
transportes não é dos mais simples. O ingresso do tour custa 9
libras (R$ 33) e vale por 24 horas.Maspresteatenção:oserviçosó funciona das 9h30 às 17 horas.Épossível desceresubir em
qualquer ponto.
GLASGOW
Escócia. A terra é considerada
sagradadesdeoséculo6º,quando uma cruz foi plantada no local por São Ninian – ou São
Mungo. A primeira catedral, de
pedra, foi construída em 1136,
mas a maior parte do prédio data do século 13 – ela foi a única
igreja do país que sobreviveu à
ReformaEscocesa,porqueaderiu ao protestantismo.
Há cinco partes principais.
Uma delas é a nave, com 32 metros de altura, que reflete o estilo medieval, repleto de vitrais
coloridos. Na igreja baixa fica o
túmulo do santo, morto em 603.
Na frente da catedral, o Museu de São Mungo da Vida e Arte Religiosa traz objetos que refletem a importância da religião para povos do mundo todo.
Há exposições sobre budismo,
cristianismo, hinduísmo, islamismo, judaísmo e siquismo.
São três andares com obras como a estátua do deus hindu Shiva Nataraja (deus da dança), do
fim do século 18.
Também vale descer, ao menos para fazer belas fotos, no
Glasgow Green, o jardim da ci-
dade. Ali fica o People’s Palace,
um museu de relativo interesse
sobre os moradores do East
End, a área operária. Nos fundosdo prédio, um belíssimo jardim de inverno.
A mesma parada serve, nos
fins de semana, para conhecer
o The Barras, uma espécie de
mercado de pulgas. No caminho, você passará pela Glickman’s, a loja de doces mais antiga de Glasgow, fundada em
1903 e especializada em caramelos e doce de leite.
Imperdível mesmo é o Mu-
PURA SORTE – People’s Palace em um raro intervalo com sol: museu sobre os moradores de East End
ADRIANA MOREIRA/AE
● ADRIANA MOREIRA
Corra para visitar o maior
número de lugares possíveis
entre 10 e 17 horas. Assim
que o relógio bate a quinta
badalada, a cidade se transforma. Mesmo com o dia claro do horário de verão – só
anoitece por volta das 20 horas–, todas as atrações turísticas fecham com uma pontualidade de fazer inveja até
aos ingleses.
Algumaspoucaslojaspermanecem abertas até as 18
horas. Depois desse horário,
Glasgow fica simplesmente
deserta. Só o que funciona, a
todovapor,sãoospubs,especialmente aos sábados. Nos
maistradicionais,é difícil encontrar uma mulher, principalmente desacompanhada.
PORTAS FECHADAS
seu e Galeria de Arte Kelvingrove, o mais visitado da Escócia. Reserve algumas horas para ele – mesmo assim,
será impossível ver todo o
acervo como se deve em um
único dia.
O que mais encanta no
museu não são suas obras de
valor inestimável – como o
quadro Cristo de São João da
Cruz, de Salvador Dalí, e outras de Rembrandt e Botticelli –, mas a forma como os
objetos foram organizados
parainteragircomosvisitantes, tanto crianças quanto
adultos.
Se tiver tempo livre, tome
um ônibus (dos tradicionais)
até o Pollok Country Park e
vá conhecer a The Burrel
Collection, doada à cidade
em 1944 pelo comerciante
William Burrel. Móveis antigos, tapeçarias, vitrais e portais de mármore do século 14
fazem parte da coleção.
Cidade não desperta paixão à primeira vista, mas é o lugar certo para quem gosta de arte
A beleza escondida de Glasgow
ESCÓCIA
ESCÓCIA
Um arquiteto. E muitas
marcas na paisagem
Projetos de Charles Mackintosh mesclam tradição escocesa,
simplicidade japonesa e art nouveau: no roteiro dos visitantes
JULIET WHITE/VISIT BRITAIN/DIVULGAÇÃO
paçotemambientescomcontrastes proporcionados pelas diferenças de altura, de
luz e de sombra.
GLASGOW
Um estilo único – que uniu as
tradiçõesescocesas,a leveza da
art nouveau e a simplicidade
das formas japonesas – transformou o designer e arquiteto
Charles Rennie Mackintosh
(1868-1928) em um dos nomes
mais conhecidos de Glasgow.
Os projetos que levam sua assinatura marcaram a paisagem
da cidade e hoje são pontos turísticos concorridos.
O primeiro trabalho de Mackintosh foi o Willow Tea
Room, um salão de chá, projetado em 1904 para a dona de restaurantes Kate Cranston. O local é um dos poucos da época
que ainda conservam todas as
características do designer. O
interior da sala é decorado com
cadeirasdeencostosaltos emóveis prateados.
Mackintosh se iniciou na arquitetura com 16 anos, quando
começou a freqüentar a Glasgow School of Art. Anos depois,
em 1897, ganhou a concorrência para projetar a nova sede
dessamesma escola. Aconstrução foi concluída com atraso,
em 1909. E Mackintosh soube
tirarproveitoda demoracausada pela falta de dinheiro. O tempo extra lhe deu oportunidade
de aprimorar técnicas – o último prédio erguido tem traços
contemporâneos e materiais
mais modernos.
Um dos cômodos mais impressionantes da Glasgow
SchoolofArtéabiblioteca.Considerado uma obra-prima, o es-
CONHEÇA TUDO
ÚNICA – Escada caracol na Torre de Lighthouse, um bom exemplo
COMO IR
PASSAGENS AÉREAS
SP–Edimburgo–SP custa a partir
de US$ 1.240 na Air France (4003
-9955), US$ 1.272 na British Airways (4004-4440), US$ 1.334 na
Lufthansa (0--11-3048-5800) e
US$ 1.530 na KLM (4003-1888).
Vôos com conexão
PACOTES*
● US$ 1.882: 1 noite em Liverpool,
2 em Glasgow e 1 em York, com
café e passeios. CVC: (0--11)
2146-7011; www.cvc.com.br
● US$ 2.100: 1 noite em Edimburgo, 1 em Glasgow, 1 em Liverpool
e 1 em Wetherby. Inclui café, 3 refeições e passeios. Tereza Ferrari
Viagens: (0--11) 3831-5622; www.
terezaferrariviagens.com.br
● US$ 2.538: 2 noites em Edimburgo, 1 em Aberdeen, 1 em Inverness, 1 em Fort William e 2 em
Glasgow, café e passeios. Alemar:
(0--11) 3815-7585; www.alemar.
com.br
*Mínimo por pessoa em
apartamento duplo, com aéreo
Com um bilhete, criado pela
Charles Rennie Mackintosh
Society – associação que se
dedica aoestudo de seus projetos –, é possível percorrer
um roteiro pelas construções mais marcantes de Mackintosh em Glasgow.Vendido no site da entidade e nos
centrosdeinformaçõesturísticas, o tíquete dá direito a
entrar nas atrações relacionadas ao arquiteto e a um
passe de um dia no metrô.
Além da Glasgow School
of Art, o roteiro inclui visita à
igreja The Mackintosh at
Queen’s Cross, que sintetiza
o estilo do arquiteto. Outra
parada é o The Lighthouse
(Centro Escocês para Arquitetura e Design), prédio projetado por ele e modificado
ao longo dos anos. A torre, de
1895, está como no desenho
original– delá, vocêtem uma
bela vista da cidade. ● ADRIANA MOREIRA E NATÁLIA ZONTA
† Willow Tea Room - 217
Sauchiehall Street, www.
willowtearooms.co.uk;
Glasgow Scholl of Art - 167
Renfrew Street, www.gsa.ac.
uk/tours, ingresso: 6,50 libras (R$ 23,95);
Tour Mackintosh - 12 libras
(R$ 44,21) para um dia,
www.crmsociety.com