A Hora do Marreco - CBV Colégio Boa Viagem

Transcrição

A Hora do Marreco - CBV Colégio Boa Viagem
A Hora do Marreco
“Sempre haverá uma próxima vez. Daqui a cinco, dez,
cinquenta ou cem anos, esta terra será livre.”
Frei Caneca
(Religioso, político, jornalista, mártir e herói pernambucano.)
Órgão de divulgação do Colégio Boa Viagem • outubro de 2011 • ano XXXVI • n.º 3
[email protected]
Bate-papo com o Marreco
Aline, Gleiciane, Vôlei Mirim…
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Gleiciane, nossa menina de bronze.
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Frei Caneca sempre atual.
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Aline e sua produção textual.
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No terceiro número de 2011 do nosso jornalzinho, sempre com o espírito de trazer um “lazer cultural”, A
Palavra do Diretor dialoga com pais
e educadores, ao tratar do mundo atual conturbado e desafiador: uma avaliação dos principais fatos
ocorridos no primeiro semestre do ano em curso.
A Produção Textual traz a visão arguta e inteligente da aluna Aline Pires (8.ºB), quando discorre, na qualidade de estudante e adolescente,
sobre um tema crucial para todos os jovens e, por
que não?, para o ser humano de qualquer fase da
existência: a liberdade e o uso que dela fazemos.
N’O Fascínio da Leitura, recordamos a sempre atual figura do frei Joaquim do Amor Divino
Caneca, referindo-nos a alguns fatos de sua vida e
de sua luta incansável pela liberdade na Terra dos
Altos Coqueiros. Assim, mostramos quão oportuna foi a escolha da sua pessoa como patrono do
fórum acadêmico da Faculdade Boa Viagem.
Ainda nesta seção, uma curiosidade geográfica:
quem poderia imaginar que, por baixo do rio Ama-
zonas, correria um outro, a uma profundidade de 4 mil metros e uma vazão
superior à do velho Chico? Esse rio
existe e se chama rio Hamza. Embora ainda em estudo, a presença
de sedimentos arrastados do subsolo às imediações da desembocadura do Amazonas seria uma prova do
fluxo do rio Hamza.
A coluna Esportes destaca a aluna-judoca Gleiciane, bronze nas Olimpíadas Escolares Brasileiras, e a equipe mirim masculina de vôlei do CBV,
representante de Pernambuco nas mesmas OEB.
Nas Notícias CBV, dá-se a conhecer
um pouco do que foi a XV Semana da
Cultura do Colégio Boa Viagem:
exposições, concursos, premiações, danças, estandes de editoras,
além das presenças do prof. João
Marcelo, do jornalista Rhaldney
Santos, do cordelista Ivaldo Batista e do
cantor e compositor Petrúcio Amorim.
Agora, é só iniciar a leitura. HM
m
O
O
lá, minha gente!
…e outras agradáveis surpresas!
Palavra do Diretor
Literatura
Mundo convulsivo
Prof. Ary Avellar Diniz
Diretor do Colégio e da Faculdade Boa Viagem
R
eportando-nos
somente ao primeiro semestre do ano em curso, 2011, presenciamos, nesse
período de tempo, acontecimentos desagradáveis, provocados pela natureza e
pelo próprio homem.
Temperaturas baixas, nevascas, enchentes (a Coreia do Sul não presenciava
tão grandes volumes d’água em seu país
há mais de cem anos); Etna outra vez
em erupção; no Japão, os tsunami e o
desastre nuclear da Usina de Fukushima Daiichi, provocados por terremotos
sucessivos, seguidos de outros na Nova
Zelândia (Christchurch) e no Chile; tornados intensos nunca vistos no sul e no
centro-oeste dos Estados Unidos; fome
crescente a espalhar-se pela África (Somália etc.)…
O homem, por sua vez, também tem
sido agente ativo de situações convulsivas motivadas por insatisfações e, consequentemente, preâmbulos de violência e
morte: o mundo, cenário atual de revoltas políticas, já depôs no Egito Hosni
Mubarak, no poder há décadas e prestes
a ser condenado à morte; na Líbia, Gadaffi, pressionado pelas forças rebeldes
apoiadas pela França e Reino Unido,
se mantém ainda no poder; a Tunísia
forçou a deposição do ditador Zine Ben
Ali; o ditador da Síria, Bashar el-Assad,
tem resistido à sua deposição… mas até
quando?
Osama Bin Laden, assassinado no
Paquistão após dez anos de intensivas
manobras dos militares das forças especiais dos Estados Unidos. Strauss Kahn,
chefe do FMI, acusado de agressão sexual por uma camareira de um hotel em
Nova York — tal denúncia tem provocado contradições, de maneira que a verdade dos fatos ainda é desconhecida. Aproveitamos o ensejo para alertar a velhos
e moços que um dos melhores empregos
para mulheres (sem trabalhos) é uma
boa pensão alimentícia: o teste de DNA
relata a verdade…
Os Estados Unidos por sua vez, depois de tantas participações nos conflitos
que empestaram o mundo após Primeira
Guerra Mundial — tais como a do Vietnam, da Coreia, do Iraque, do Afeganistão e com posições ostensivas de tropas
em vários países do mundo —, hoje se
deparam com uma batalha econômicofinanceira dentro do próprio Império.
Essas ações beligerantes custavam aos
cofres do governo trilhões e trilhões de
dólares; e, em função disso, os detentores de títulos públicos do governo americano começaram a sentir-se atemorizados, principalmente a China (1 trilhão
e 300 milhões de
dólares) quanto a
solvência desses
papéis.
Ao invés disso, no extremo
Oriente, a neocapitalista China que se
mantém no âmbito de suas fronteiras,
adequando seu povo às conveniências políticas do país e, economicamente, agindo
no mundo exterior dentro dos parâmetros de sustentabilidade e invejável crescimento econômico. Nada de guerras!
Fato lamentável, o massacre em Oslo
e na ilha de Utoeya na Noruega, provocado pelo psicótico Anders Behring Breivik, mancomunado com as forças do mal.
A imprensa mundial tem mostrado a
crítica situação econômica em que se encontram Portugal, Espanha, Itália e Grécia, países lembrados por quem os visita
pela sua gastronomia (principalmente os
latinos), belezas territoriais, etnia agradável de se ver, cultura e educação de
povos iniciadores de civilização mundial.
A Grécia, por sua vez, além da cultura
plurissecular e belezas inerentes ao país,
destaca-se pela originalidade de sua filosofia antiga e os grandes e imortais
pensadores, respeitados mundialmente:
Anaxágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, até hoje figuras ímpares,
originais, que a história não logrou fornecer similitudes.
Voltando a refletir sobre o primeiro
semestre de 2011, e agora aterrissando
no Brasil — atualmente considerado
a 8.ª potência econômica do mundo —,
entristecem aos brasileiros os constantes casos de corrupção provocados pelos
desvios de verbas do cenário público,
ocorridos amiúde, além de fazer estarrecer a perpetuação no poder do atual
presidente da CBF, mantido na função a
despeito das graves e generalizadas acusações de enriquecimento ilícito.
Presume-se, e tem-se muita fé, que a
atual presidente do Brasil, caracterizada
pela austeridade e pela honestidade, possa corrigir tais desconcertos.
É bom lembrar sempre que o Brasil
é abençoado por Deus. Diante de tantos
desastres no mundo inteiro, qual a consequência direta para o Continente brasileiro? — Todos os brasileiros querem
mais: anseiam por ufanar-se de um Brasil sério e próspero. Ainda assim, é oportuno salientar que nunca se presenciou
no planeta Terra tamanha sucessão de
tragédias em tão pouco espaço de tempo.
Serão os sinais dos tempos já se
anunciando? HM
2
A rainha árcade: Cristina Vasa
A
Cristina da Suécia (Kristina
Augusta Vasa, 1626-1689), protetora das artes e mecenas ao viver em
Roma, após abdicar do trono sueco, foi a
principal promotora do Arcadismo, pois de
quatorze poetas integrantes das reuniões
literárias acontecidas no palácio desta soberana resultou a primeira arcádia, a Arcádia Romana, fundada em 1690.
Personalidade fascinante e controversa, antes de completar seis anos Cristina se
tornou rainha da Suécia, sob a regência do
chanceler Axel Oxenstierna, que se encarregou de educá-la cuidadosamente. Ao lado
deste, também se ocupou da educação de
Cristina em assuntos de Estado e política o
bispo Johannes Mattiae Gothus, que, como
chefe de estudos, a instruiu em idiomas,
Filosofia, História, Teologia e Astronomia,
entre outras. Mattiae registrou a grande facilidade de aprendizagem e a enorme sede
de conhecimentos que mostrava a jovem
rainha. Os idiomas eram a matéria preferida da soberana, de cujo aperfeiçoamento se
ocupou ao longo da vida.
Cristina não era bela, mas isso não lhe
importava. Era um tanto malfeita, corpulenta e não muito alta. Possuía um temperamento forte, inquieto e vivaz, assim como
uma grande energia física.
Os chamados afazeres femininos não a
atraíam, tampouco os luxos, as joias ou as
vestimentas. Preferia trajar roupas simples e cômodas. Era muito hábil na equitação, na caça e na esgrima. Costumava dormir pouco e dedicava muitas horas do dia à
leitura. Era uma rainha intelectual.
Aos 16 anos, Cristina começou a assistir às reuniões do Conselho do Reino, demostrando amplamente seu conhecimento
das leis e da administração do reino. Aos
18 anos, alcançou a maioridade e assumiu a
dignidade de soberana, substituindo gradualmente o chanceler Oxenstierna em suas
funções. En 1648, a Suécia firmou a Paz de
Westfalia, que pôs fim à Guerra dos Trinta
Anos, deixando o reino em uma posição de
supremacia na região do Báltico. Cristina
e o chanceler Oxenstierna tiveram diferenças na forma de conduzir os acordos, impondo finalmente a rainha sua opinião. HM
rainha
Rainha Cristina da Suécia, protetora das artes e mecenas.
Produção textual
Liberdade desejada
Aline Pires*
Aluna do Colégio Boa Viagem
A
liberdade sempre foi
um sentimento sonhado pelo ser humano, mas de difícil alcance.
Em tempos antigos, a luta pela
liberdade gerou revoltas e conflitos no mundo todo, tanto pela
unificação e descolonização,
quanto pela livre expressão dos
povos.
O desejo pela liberdade começa desde cedo, quando temos pouca idade e devemos ser
orientados por pessoas mais velhas. Mas, quando crescemos,
não queremos mais limites!
Queremos sair para todos os
lugares, voltarmos à hora que
acharmos ideal; queremos falar
o que pensamos, admitir o que
é certo a nossos olhos (mesmo
estando errados, às vezes) e defender as nossas opiniões, debatendo o nosso ponto de vista.
As pessoas sempre, em alguns momentos da vida, desejaram a liberdade, mas isso não
significa que liberdade seja morar sozinho, sem ninguém, distante de tudo e de todos. Ainda
que isso resulte em amadurecimento total. Querer e desejar
a liberdade sempre nos torna
mais maduros, quando isso implica opiniões formadas. Muitos
de nós nos esquecemos de que
o melhor da liberdade é poder
ouvir os conselhos de pessoas
que se importam conosco, porque, para tomarmos decisões,
é necessário que ouçamos conselhos também daqueles que
fazem parte de nossa vida.
Desse modo, não devemos
ter pressa, pois é ao longo da
vida que aprendemos com as
decisões que tomamos. Nunca estaremos completamente
certos, embora ajamos sempre
como pensamos, o que, de certo modo, pode ser fundamental
para o nosso crescimento. Todavia devemos nos lembrar de que
a liberdade, abraçada indevidamente, pode nos afastar daqueles que querem apenas o nosso
bem. HM
Para saber mais
O que é uma dissertação
argumentativa
S
a dissertação argumentativa
o gênero de produção textual mais
comum em sala de aula, é natural
que ela seja a mais conhecida e praticada pelos alunos.
Constituído de uma divisão tripartite (introdução, desenvolvimento e conclusão), o texto argumentativo visa a
convencer o leitor, persuadi-lo a concordar com a ideia ou o ponto de vista exposto, o que se faz mediante vários modos de argumentação: exemplos, dados,
estatísticas, provas, opiniões relevantes
etc.; o autor quer provar a veracidade
ou falsidade de ideias, convencendo o
leitor por força desses argumentos…
Com base nesse gênero, intensamente trabalhado em sala de aula, foi
solicitado ao aluno que redigisse um
texto no qual houvesse, de modo claro,
a sua opinião acerca da temática “liberdade”. — Será que os jovens realmente
querem ser livres, e a que custo?
De modo simples, mas eficiente, a
aluna Aline Pires, do 8.º ano B (ensino
fundamental), apresentou-nos o texto
acima. HM
endo
* Aline Pires
Aluna do 8.º ano B, é recifense, filha de Dorisa e Franklin (ex-CBV)
e aluna do CBV desde a Educação
Infantil (1.º ciclo). Tem duas irmãs:
Dóris, pré-universitária, e Sofia,
aluna do 5.º ano do CBV. Gosta
muito de escrever e ler, sobretudo
crônicas e poesias, citando como
livros de sua predileção Janela Má­
gica, de Cecília Meireles (crônicas),
e O Mundo Mágico de Mário Quin­
tana (poesias). Quando cursava a
4.ª série, conquistou o 1.º lugar do
Concurso de Poesia, da Semana de
Cultura do CBV, com a produção
3
Terra: Amor e Vida (educação ambiental). Também aprecia o balé,
que já praticou durante seis anos,
sendo fã d’O Lago dos Cisnes e a Suí­
te Quebra-Nozes, ambas as peças
do russo Piotr Tchaikovsky. Além
de Redação (prof. Leid­son Macedo)
e Língua Portuguesa (prof.ª Raquel
Carvalho), matérias com as quais
sente especial identificação, “curte” bastante Geografia (prof. André
Siqueira) e História (prof. Valdemir
França). Para relaxar, não dispensa
um bom passeio de fim de semana
com os pais e a família. HM
O fascínio da leitura
Curiosidades da história
A notável e sempre atual
figura do frei Caneca
Execução de Frei Caneca: óleo sobre tela de Murillo la Greca (detalhe).
A
de Celso Kinjô, no frontispício do artigo Frei Caneca, que
o Carrasco Não Quis Matar, definem muito bem quem foi esse homem,
rebelde e amante da liberdade, que não
deve ser esquecido pela posteridade:
s palavras
“Um homem foi condenado à morte: Joa­
quim Rabelo ou, como ficou conhecido
depois de tomar hábito: frei Joaquim do
Amor Divino Caneca. Condenado porque
tinha ideias liberais e lutou por elas. No
entanto, nenhum carrasco aceitou matálo. Nem o mais vil preso comum. Embora,
a quem o executasse, fossem oferecidos o
perdão total e a liberdade.”
Frei Caneca nasceu Joaquim do
Amor Divino Rabelo, em 1779, no Recife,
filho de um humilde tanoeiro português,
Domingos da Silva Rabelo, e Francisca
Maria Alexandrina de Siqueira, incorporando, mais tarde, o apelido oriundo da
profissão do pai: Caneca.
Ainda pequeno, vendia os utensílios feitos pelo pai nas ruas do Recife.
Percebendo-o inteligente e destemido,
o português Domingos custeou sua educação até vê-lo ordenado frei na Ordem
dos Carmelitas, em 1796, aos dezessete
anos. Após isso, Caneca passou a lecionar Retórica, Geometria, Poesia e Filosofia, ao mesmo tempo que lia com avidez e se ia tornando um dos intelectuais
preeminentes de Pernambuco. A origem
humilde fê-lo identificar-se com os ideais libertários da Revolução Francesa
e formar a inabalável convicção de que
todos os homens são iguais e todos os
povos devem ser livres. Tal pensamento
aproximou-o dos liberais do seu meio na
luta pela independência e pela república
no Brasil.
Aderiu à Revolução Republicana de
1817 e, com o fracasso do movimento,
esteve preso durante quatro anos, sendo
posto em liberdade em 1821. Em seguida, voltou às atividades políticas, publicando, em 1823, uma Dissertação sobre
o que se Deve Entender por Pátria do
Cidadão e dos Deveres de Cada Cidadão para com a Mesma Pátria. Devido
ao conturbado panorama político que se
seguiu à dissolução da Constituinte por
dom Pedro I, frei Caneca lançou, ainda
em 1823, o semanário Typhis Pernambucano, em cujas páginas divulgou suas
ideias libertárias, arremetendo contra os
desmandos autoritários de dom Pedro:
“Sua majestade não é a Nação, não tem
soberania nem comissão da Nação brasileira para arranjar esboços de Constituição e apresentá-los. Dou de voto que se
não adote e muito menos jure o projeto de
Constituição imposto, por ser inteiramente mau, pois não garante a independência
do Brasil, ameaça a sua integridade, oprime a liberdade dos povos, desacata a soberania da Nação e nos arrasta ao maior
dos crimes, pois nos é apresentado de maneira coativa e tirânica.”
Tornou-se um dos líderes destacados da Confederação do Equador, juntamente com Manuel Paes de Andrade,
movimento revolucionário de caráter
emancipacionista e republicano que, no
nordeste do Brasil, representou a principal reação contra a tendência absolutista
e a política centralizadora do governo de
dom Pedro I. Os insurretos queriam a
formação de uma república baseada na
Fórum Acadêmico Frei Caneca: uma justa homenagem da FBV.
constituição da Colômbia e acabaram
derrotados após seis meses de lutas.
Frei Caneca, preso e condenado à morte,
foi, no dia 12 de janeiro de 1825, conduzido ao patíbulo — “sem a presença do
juiz de execução, que fugira para não assistir à cena” e após um escravo e três
condenados por crimes comuns se terem
recusado a colocar a corda em seu pescoço. Assim, tombou por fuzilamento, “de
frente para um pelotão, como convém
aos corajosos e mártires”.
No intuito de homenagear esse grande herói pernambucano, a Faculdade
Boa Viagem deu-lhe o nome ao fórum
acadêmico inaugurado em 26/05/2009,
no Campus I — Fórum Frei Caneca —,
onde funciona o Núcleo de Práticas Jurídicas, que visa a propiciar não apenas
treinamento a estudantes de Direito,
mas também socorro de natureza jurídica a centenas de moradores do entorno
da FBV, mantendo sempre vivos os ideais
de liberdade e justiça que orientaram em
vida a figura ímpar de frei Caneca. HM
4
Curiosidades da geografia
Rio de 6 mil km é descoberto embaixo do rio Amazonas
P
esquisadores do Observatório Nacio-
nal encontraram evidências de um rio
subterrâneo de 6 mil quilômetros de
extensão que corre embaixo do rio Amazonas, a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d’água têm o mesmo
sentido de fluxo — de oeste para leste —,
mas se comportam de forma diferente. A
descoberta foi possível graças aos dados
de temperatura de 241 poços profundos
perfurados pela Petrobrás nas décadas
de 1970 e 1980, na região amazônica. A
estatal procurava petróleo.
Fluidos que se movimentam por
meios porosos — como a água que corre
por dentro dos sedimentos sob a bacia
Amazônica — costumam produzir sutis
variações de temperatura. Com a informação térmica fornecida pela Petrobrás,
os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares
Pimentel, da Universidade Federal do
Amazonas, identificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.
Os dados do doutorado de Elizabeth,
sob orientação de Hamza, foram apresentados na semana passada, no 12.º
Congresso Internacional da Sociedade
Brasileira de Geofísica, no Rio. Em homenagem ao orientador, um pesquisador
indiano que vive no Brasil desde 1974, os
cientistas batizaram o fluxo subterrâneo
de rio Hamza.
A vazão média do Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água
por segundo (m3/s). O fluxo subterrâneo
contém apenas 2% desse volume com
uma vazão de 3 mil m3/s — maior que
a do rio São Francisco, que corta Minas
e o Nordeste e beneficia 13 milhões de
pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma
ideia da força do Hamza, quando a calha
do rio Tietê, em São Paulo, está cheia, a
vazão alcança pouco mais de 1 mil m3/s.
Nas profundezas, não há um túnel
por onde a água possa correr. Ela vence
pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da
rocha rumo ao mar. (AE.) HM
Rio Amazonas: embaixo, corre o rio Hamza.
Opinião
Uma fábula
Carlos Heitor Cony
Da Academia Brasileira de Letras
P
arece que foi na antiga Rússia dos tzares.
viço público, dada a corrupção em todos
os níveis.
Um vizinho o aconselhou a procurar o ministro da Justiça. Ivan Petrocivich chegou ao ministério e ali
­encontrou grande agitação. O ministro acabava de ser preso, estava algemado dentro de uma troica que pertencia
ao palácio do tzar. Mas a troica não saía do lugar
porque faltavam os três cavalos de praxe, que na
véspera haviam sido vendidos na bacia das almas,
enriquecendo o noivo de uma das princesas da
corte.
Desesperado ficou também o tzar. Garantiu que
continuaria a combater a corrupção doesse a quem
doesse.
Só não aprovou o uso das algemas, que começavam a escassear no mercado, uma vez que
a principal fábrica de algemas estava sob intervenção federal devido aos frequentes casos de
corrupção. HM
Todo documento público precisava de estampilhas para ter valor legal.
Ivan Petrocivich perdeu a mulher e precisou comunicar o fato ao Registro Civil. Entrou na papelaria
e pediu os selos necessários. O empregado lamentou não poder atendê-lo, não havia selos nem estampilhas, a Casa da Moeda estava fechada, todos
os funcionários, do diretor ao faxineiro, estavam
afastados ou presos por corrupção.
Ivan Petrocivich foi ao primeiro cemitério que
encontrou, explicou a impossibilidade de legalizar
a certidão de óbito, mas o coveiro que o recebeu
nada pôde fazer: a instituição que explorava os
cemitérios estava toda demitida por corrupção,
vendia túmulos, mármores, enterravam quem bem
entendessem, o jeito foi fechar os cemitérios.
Meio desesperado, Ivan Petrocivich apelou para
a polícia. Pediu audiência ao chefe do sistema da
Polícia Central, mas não foi atendido. Na véspera,
o aparelho policial estava fechado, o Estado havia
demitido toda a cúpula da instituição a bem do ser-
(Publicado na Folha de S. Paulo, edição de 14/08/2011.)
Momento de poesia
Velhas Árvores
Olavo Brás Martins dos Guimarães
Bilac
(RJ, 16/12/1865 — RJ, 28/12 /1918)
Jornalista e poeta brasileiro, membro
fundador da Academia Brasileira de
Letras. Em 1907, foi eleito “príncipe dos
poetas brasileiros” pela revista Fon-Fon.
É considerado o mais importante de
nossos poetas parnasianos e autor
de obras como Via Láctea, Panóplias,
Sarças de Fogo, Alma Inquieta, Viagens
e Tarde.
Olavo Bilac
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem! HM
5
Crônica
Folha de papel
Prof. Leidson Macedo
Professor de Língua Portuguesa do CBV
R
sei sentar-me
diante de um computador
e começar a escrever: as
palavras não saem de mim assim
mecanicamente. Prefiro-as no papel em branco, porque nele deposito as minhas observações mais sensíveis, cotidianamente isentas das
tragédias que permeiam as folhas
de jornal, que também é papel.
Gosto do papel e da importância que ele tem; das observações
das quais foi depositário; das mensagens de amor de que foi mensageiro; das inúmeras lágrimas das
quais foi confidente; das primeiras
letras postas nele inseguras e escorregadias, que teimam em não
querer manter-se numa linha rígida, inflexível e absolutamente reta.
Não gosto de formas nem de formas (^) prontas. Gosto do papel
e das inúmeras possibilidades que
se tem de transformá-lo em documento, em acordos de paz, de casamento, de negócios, de tratados e,
infinitamente, da possibilidade de
poder coisificá-lo. O cheiro do papel me sabe familiar, como se uma
criança estivesse prestes a descoaramente
brir uma gama de possibilidades
lúdicas por meio dele.
Não sou, caro(a) leitor(a), avesso a mudanças, a transformações;
tampouco apreciador voraz de algumas novidades que me são impostas pela presença massificante
da tecnologia. Sou, sim, todavia,
defensor do papel e não de teclas,
porque aquele é mais sensível ao
toque humano, idiossincraticamente. E não se trata aqui de uma apologia ao papel ou falta de sintonia
com teclas. Verdadeiramente não
é esse o caso. Defendo-o entusiasticamente como um poeta que vê
nele nascerem os seus primeiros
versos; como uma namorada que,
ao ver o amado partir, resolve
escrever-lhe cartas de amor, sem
medo de se tornar ridícula. A intenção justifica, senhores, os meus
fins. Ou seria o inverso?
Calculo que, se divulgada a importância desse tão impoluto companheiro, tenhamos criado uma
justa homenagem àquele que já
nos fez saltitar de alegria ou, vez
por outra, chorar de comoção. Ainda que o mais importante escritor,
Gotas de humor
Curso de kamikaze
Naquela escola de treinamento
para kamikazes, os alunos estavam
todos reunidos, muito concentrados
na aula, quando o instrutor explicou:
— Olhem aqui, rapazes: prestem
muita atenção, porque eu só vou fazer
uma única vez!
Problema de reconhecimento
Uma professora cubana mostra
aos alunos um retrato do presidente
norte-americano da época, George
Bush, e pergunta à classe:
— De quem é esse retrato?
Silêncio absoluto.
— Eu vou ajudar a vocês um pouquinho…: é por culpa desse senhor
que todos nós, aqui na ilha, estamos
passando fome.
— Ah, professora, agora percebi!
É que sem a barba e o uniforme não
dava para reconhecer!
ao depositar nele a sua
confiança, não tenha
se preocupado com o
material de que ele
foi feito. Não. Os seus
escritos eram mais
importantes; e talvez
até o fossem. Mas, diga-me cá, nobilíssimo(a)
leitor(a): de que adiantariam tão
eruditas palavras se não houvesse
onde depositá-las? De nada. Porque são duais e, sendo dois, são
uma coisa só. Indivisivelmente um,
como uma partícula do átomo. Por
isso sou-lhe eternamente grato
por existir em mim.
Então que fiquem os sonhadores
com seus devaneios de cultuar aquele que, de tão esquecido, passa em
brancas nuvens. Quero ser um deles:
vê-lo branco como uma nuvem com
a qual sonhava quando menino e às
quais ia dando formas diferentes e
sonhava, sonhava e sonhava… como
um menino pode sonhar numa folha
de papel em branco. Quero ser-lhe
grato por existir e por me propi­ciar
que, por ele, eu possa pôr o que
está preso dentro de mim. HM
Divertimento
Fuga bem-sucedida
Um homem liga para um hospital
psiquiátrico:
— Eu gostaria de falar com o paciente do quarto 27.
A recepcionista vai até lá, abre a
porta, mas não encontra ninguém e
informa:
— Desculpe, senhor, mas este
quarto está vazio.
— Ótimo! Isso significa que eu realmente consegui escapar!…
Abstêmio
Um bêbado chega a um bar com
um copo de cerveja e grita para todos
os que estavam ao redor:
— Parei de beber! Parei de beber!
O dono do bar fala:
— Que péssimo, meu chapa. Faz
quanto tempo que você parou?…
O bêbado responde:
— Depois de amanhã, vai fazer
dois dias! HM
6
Perguntas e respostas
bem-humoradas
• Sabe como se faz para ganhar um
Chokito?
— É só colocar o dedito na tomadita.
• Em que dá a mistura de um macaco com um sanduíche de queijo?
— Num “X-Panzé”.
• Qual é a palavra de 4 sílabas e 26
letras?
— Alfabeto.
• Para que serve uma espingarda de
dois canos?
— Pra liquidar uma dupla sertaneja.
• Qual o santo protetor dos banheiros?
— São Nitário.
• Qual a diferença entre uma mulher com TPM e um sequestrador?
— Com um sequestrador você ainda
consegue negociar… HM
Esportes
Gleiciane, nossa menina de bronze
mifinais e perdi para o Rio Grande do Sul. Fiquei
desanimada por saber que não disputaria mais o
1.º lugar, mas levantei minha cabeça e disse para
mim mesma: ‘Não saio daqui sem levar a medalha
de 3.º lugar e subir ao pódio!’”
Apesar da alegria que proporcionou a todo
CBV, Gleiciane, como qualquer atleta que deseja
crescer e melhorar sempre, é muito rigorosa consigo própria: “Sei que poderia ter sido melhor, só
que não deu, não era a hora de acontecer… Daqui
para frente, haverá muitas competições, e Deus
ainda reserva muitas coisas boas para mim”. E
conclui, de maneira otimista: “Valeu a pena todo o
meu esforço e dedicação nos treinos. Na verdade,
estou muito satisfeita com a minha conquista”. HM
Junto ao prof. Túlio Ponzi, a aluna Gleiciane exibe, orgulhosa, sua medalha de bronze.
A
medalhista nas Olimpíadas Escolares
Brasileiras (acontecidas em João Pessoa, no
vizinho estado da Paraíba) foi a aluna Gleiciane Martins Van Leuven, do 9.º ano D, que arrebatou, com valentia e muita raça, a medalha de
bronze do judô na categoria “leve” (48kg), ao derrotar a adversária do Pará, no dia 11/09 do corrente.
Gleiciane, mesmo lutando no sacrifício, pois
sofrera uma lesão na coluna que lhe provocou dores constantes, derrotou as suas opositoras do Rio
de Janeiro, Amazonas e Paraná, sendo, no entanto, vencida pela do Rio Grande do Sul. “Foi uma
conquista muito importante para mim”, comenta
Gleiciane, empunhando com orgulho a medalha.
“Lutei contra vários estados até que cheguei às senossa
Gleiciane no pódio, com as demais medalhistas.
Vôlei do CBV representa PE nas OEB
A
o tamanho da façanha que a nossa
Mas os meninos não pararam por aí. Vencedores
equipe de voleibol mirim masculino realizou: da 1.ª fase, disputaram a 2.ª, em Garanhuns, contra
na 1.ª etapa dos 52.os Jogos Escolares de Per- o colégio particular campeão do interior, derrotado
nambuco, simplesmente venceu todos os colégios pelo placar de 2 × 1,­ o que lhes deu o direito de
particulares da capital! A respeito
partir para a 3.ª fase, desta feita condessa campanha, o capitão Luiz
tra o campeão de todo o estado,
Henrique Borba, aluno do 8.º
um colégio da rede pública da
ano A, assim se expressou:
cidade de Barreiros, o qual
“Foi uma conquista muitambém superaram pelo
to importante e muito
placar de 2 × 0.
difícil, mas, com muitos
Esse último êxito hatreinos e nos dedicanbilitou o voleibol mirim do
do bastante, chegamos a
CBV a representar o estado
nosso objetivo”. As palavras
de Pernambuco nas Olimpíado treinador, prof. Murilo Amadas Escolares Brasileiras, senzonas, corroboram plenamente as de Prof. Murilo Amazonas e seus pupilos. do a equipe formada pelos seguintes
Luiz Henrique: “A nossa equipe evoluiu bastante alunos-atletas: Demétrius Melo, Gabriel Huggins,
ao longo do treinamento, tendo ficado com um bom Leonardo Salles, Luiz Henrique Borba, Eduarconjunto e um saque muito ofensivo. Todos deram do Henrique Caldas, Pettrus Oliveira, Alexandre
o melhor de si”.
Sampaio, João Víctor Mendes e Iago Lopes. HM
valiem
7
Notícias CBV
XV Semana da Cultura do CBV traz
ciência, diversão e arte
Foram três dias de dança, música, poesia, pintura, cordéis, contos, premiação e
artesanato, além da presença de homenageados ilustres.
Na solenidade de abertura da XV Semana da Cultura, apresentação das nossas alunas de ginástica rítmica.
U
de cultura e conhecimento. Nisso transformou
o Colégio Boa Viagem um
evento que empolgou, envolveu e­ irmanou alunos, professores, coordenadores, orientadores
edu­­cacionais, direção e pessoal
técnico-admi­nistrativo, nos três
dias pelos quais se estendeu (27,
28 e 29 de setembro do corrente): a
XV Semana da Cultura. Três dias
de dança, música, poesia, pintura,
leitura de contos, cordéis, artesanato, premiação dos vencedores de
vários concursos e a presença de
homenageados ilustres.
A solenidade de abertura teve
lugar na Quadra Polivalente, às 9h,
com a fala da prof.ª Adriana Coutinho, diretora pedagógica do CBV,
que versou sobre as finalidades
da XV Semana da Cultura. Após
uma exibição de danças regionais
e ginástica rítmica pelas alunas do
CBV (coordenação das prof.as Crism espaço
Solenidade de abertura: canto do Hino Nacional e hasteamento das bandeiras do Brasil, de Pernambuco e do CBV.
tina Barradas e Marina Parente),
o público ficou de pé e cantou o
Hino Nacional, enquanto se hasteavam os pavilhões do Brasil, de
Pernambuco e do CBV.
Desde cedo, no hall do colégio, exposições diversas (que se
prolongariam pelos três dias da
Semana da Cultura) receberam os
alunos do turno da manhã: Arte da
pintura em tela (Marcos Antônio
Bezerra), A diversidade na arte
(prof.ª Nanci Andrade), Arte na
cintura (Nilza Acioly), Pinturas
“pop” (prof.ª Cristiane Moura) e
Arte em tecidos (Adelaide Lira).
As alunas Nicole e Beatriz (5.º ano D) mostraram-se muito
interessadas nos livros expostos em estandes das editoras.
Na Sala de Arte, a prof.ª Sônia
Rodrigues coordenou uma oficina
de caixas de decupagem.
A abertura da Feira de Livros
também se deu nesse primeiro dia,
no saguão do bloco B, com estandes
das editoras convidadas e a Hora
do Conto conduzida pelo cordelista
Ivaldo Batista (sob os auspícios da
Editora Ciranda do Livro).
À tarde, aconteceu a solenidade de premiação do XIV Concurso de Fotografia, Prêmio Artista
Plástico Vik Muniz; XV Concurso
de Oratória, Prêmio Jornalista
Rhaldney Santos; e XVI Olimpíadas da Matemática, Prêmio Prof.
João Marcelo Tavares. Nos dias
seguintes, ocorreram as seguin-
No âmbito da Feira de Livros, a Hora do Conto: leitura de
clássicos com personagens a caráter atrai a atenção da
tes solenidades de premiação:
XVII Concurso de Poesia, Prêmio
Petrúcio Amorim; XVI Concurso de Redação, Prêmio Jornalista Flávia Gusmão; XV Concurso
de Cartão-Postal, Prêmio Prof.ª
Carmen Zloccowick; XIII Concurso de Charge, Prêmio Diário de
Pernambuco; e XIII Concurso de
Literatura de Cordel, Prêmio Cordelista Ivaldo Batista.
As apresentações musicais dos
dias 28 e 29 ficaram por conta de
Petrúcio Amorim e Leonardo Alcântara.
A oficina do dia 29 foi relativa
à pintura em madeira e conduzida
por Maria do Carmo Bezerra.
Aos alunos vencedores dos vários concursos promovidos pela Semana — a exemplo da nossa redatora Aline Pires, aluna do 8.º ano B,
1.ª colocada no Concurso de Cordel
—, os mais efusivos parabéns de
todos os que fazem o CBV. HM
Prof.ª Adriana Coutinho com o homenageado do XVII Concurso de Poesia, o poeta e compositor Petrúcio Amorim.
Expediente
Direção geral: prof. Ary Avellar Diniz (diretor presidente), prof.ª Januária Sampaio Diniz, prof. George Sampaio Diniz, prof. Ary Avellar Diniz Jr. e prof. Rodrigo
Sampaio Diniz. Assessoria da direção geral: prof. Almir Mendes da Silva. Direção pedagógica: prof.ª Adriana Coutinho. Redação e ilustração: prof. Eduardo José Downey. Coorrespondente esportivo: prof. Túlio Ponzi Quartus. Colaboradores: prof. Leidson Macedo (Língua Portuguesa) e prof. João Marcelo
(Matemática) . Fotos: redação e dep. de marketing. Tiragem: 3.000 exem­plares.
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