A Hora do Marreco - CBV Colégio Boa Viagem
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A Hora do Marreco - CBV Colégio Boa Viagem
A Hora do Marreco “Sempre haverá uma próxima vez. Daqui a cinco, dez, cinquenta ou cem anos, esta terra será livre.” Frei Caneca (Religioso, político, jornalista, mártir e herói pernambucano.) Órgão de divulgação do Colégio Boa Viagem • outubro de 2011 • ano XXXVI • n.º 3 [email protected] Bate-papo com o Marreco Aline, Gleiciane, Vôlei Mirim… or o re m za Ha canto do H ino N ac ion al. . Pág. 8 Sem an ad ura, u lt aC Pág. 4 Gleiciane, nossa menina de bronze. A c Pág. 3 Frei Caneca sempre atual. io s, sob cujo le ito Aline e sua produção textual. Delt ad or on a az No terceiro número de 2011 do nosso jornalzinho, sempre com o espírito de trazer um “lazer cultural”, A Palavra do Diretor dialoga com pais e educadores, ao tratar do mundo atual conturbado e desafiador: uma avaliação dos principais fatos ocorridos no primeiro semestre do ano em curso. A Produção Textual traz a visão arguta e inteligente da aluna Aline Pires (8.ºB), quando discorre, na qualidade de estudante e adolescente, sobre um tema crucial para todos os jovens e, por que não?, para o ser humano de qualquer fase da existência: a liberdade e o uso que dela fazemos. N’O Fascínio da Leitura, recordamos a sempre atual figura do frei Joaquim do Amor Divino Caneca, referindo-nos a alguns fatos de sua vida e de sua luta incansável pela liberdade na Terra dos Altos Coqueiros. Assim, mostramos quão oportuna foi a escolha da sua pessoa como patrono do fórum acadêmico da Faculdade Boa Viagem. Ainda nesta seção, uma curiosidade geográfica: quem poderia imaginar que, por baixo do rio Ama- zonas, correria um outro, a uma profundidade de 4 mil metros e uma vazão superior à do velho Chico? Esse rio existe e se chama rio Hamza. Embora ainda em estudo, a presença de sedimentos arrastados do subsolo às imediações da desembocadura do Amazonas seria uma prova do fluxo do rio Hamza. A coluna Esportes destaca a aluna-judoca Gleiciane, bronze nas Olimpíadas Escolares Brasileiras, e a equipe mirim masculina de vôlei do CBV, representante de Pernambuco nas mesmas OEB. Nas Notícias CBV, dá-se a conhecer um pouco do que foi a XV Semana da Cultura do Colégio Boa Viagem: exposições, concursos, premiações, danças, estandes de editoras, além das presenças do prof. João Marcelo, do jornalista Rhaldney Santos, do cordelista Ivaldo Batista e do cantor e compositor Petrúcio Amorim. Agora, é só iniciar a leitura. HM m O O lá, minha gente! …e outras agradáveis surpresas! Palavra do Diretor Literatura Mundo convulsivo Prof. Ary Avellar Diniz Diretor do Colégio e da Faculdade Boa Viagem R eportando-nos somente ao primeiro semestre do ano em curso, 2011, presenciamos, nesse período de tempo, acontecimentos desagradáveis, provocados pela natureza e pelo próprio homem. Temperaturas baixas, nevascas, enchentes (a Coreia do Sul não presenciava tão grandes volumes d’água em seu país há mais de cem anos); Etna outra vez em erupção; no Japão, os tsunami e o desastre nuclear da Usina de Fukushima Daiichi, provocados por terremotos sucessivos, seguidos de outros na Nova Zelândia (Christchurch) e no Chile; tornados intensos nunca vistos no sul e no centro-oeste dos Estados Unidos; fome crescente a espalhar-se pela África (Somália etc.)… O homem, por sua vez, também tem sido agente ativo de situações convulsivas motivadas por insatisfações e, consequentemente, preâmbulos de violência e morte: o mundo, cenário atual de revoltas políticas, já depôs no Egito Hosni Mubarak, no poder há décadas e prestes a ser condenado à morte; na Líbia, Gadaffi, pressionado pelas forças rebeldes apoiadas pela França e Reino Unido, se mantém ainda no poder; a Tunísia forçou a deposição do ditador Zine Ben Ali; o ditador da Síria, Bashar el-Assad, tem resistido à sua deposição… mas até quando? Osama Bin Laden, assassinado no Paquistão após dez anos de intensivas manobras dos militares das forças especiais dos Estados Unidos. Strauss Kahn, chefe do FMI, acusado de agressão sexual por uma camareira de um hotel em Nova York — tal denúncia tem provocado contradições, de maneira que a verdade dos fatos ainda é desconhecida. Aproveitamos o ensejo para alertar a velhos e moços que um dos melhores empregos para mulheres (sem trabalhos) é uma boa pensão alimentícia: o teste de DNA relata a verdade… Os Estados Unidos por sua vez, depois de tantas participações nos conflitos que empestaram o mundo após Primeira Guerra Mundial — tais como a do Vietnam, da Coreia, do Iraque, do Afeganistão e com posições ostensivas de tropas em vários países do mundo —, hoje se deparam com uma batalha econômicofinanceira dentro do próprio Império. Essas ações beligerantes custavam aos cofres do governo trilhões e trilhões de dólares; e, em função disso, os detentores de títulos públicos do governo americano começaram a sentir-se atemorizados, principalmente a China (1 trilhão e 300 milhões de dólares) quanto a solvência desses papéis. Ao invés disso, no extremo Oriente, a neocapitalista China que se mantém no âmbito de suas fronteiras, adequando seu povo às conveniências políticas do país e, economicamente, agindo no mundo exterior dentro dos parâmetros de sustentabilidade e invejável crescimento econômico. Nada de guerras! Fato lamentável, o massacre em Oslo e na ilha de Utoeya na Noruega, provocado pelo psicótico Anders Behring Breivik, mancomunado com as forças do mal. A imprensa mundial tem mostrado a crítica situação econômica em que se encontram Portugal, Espanha, Itália e Grécia, países lembrados por quem os visita pela sua gastronomia (principalmente os latinos), belezas territoriais, etnia agradável de se ver, cultura e educação de povos iniciadores de civilização mundial. A Grécia, por sua vez, além da cultura plurissecular e belezas inerentes ao país, destaca-se pela originalidade de sua filosofia antiga e os grandes e imortais pensadores, respeitados mundialmente: Anaxágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, até hoje figuras ímpares, originais, que a história não logrou fornecer similitudes. Voltando a refletir sobre o primeiro semestre de 2011, e agora aterrissando no Brasil — atualmente considerado a 8.ª potência econômica do mundo —, entristecem aos brasileiros os constantes casos de corrupção provocados pelos desvios de verbas do cenário público, ocorridos amiúde, além de fazer estarrecer a perpetuação no poder do atual presidente da CBF, mantido na função a despeito das graves e generalizadas acusações de enriquecimento ilícito. Presume-se, e tem-se muita fé, que a atual presidente do Brasil, caracterizada pela austeridade e pela honestidade, possa corrigir tais desconcertos. É bom lembrar sempre que o Brasil é abençoado por Deus. Diante de tantos desastres no mundo inteiro, qual a consequência direta para o Continente brasileiro? — Todos os brasileiros querem mais: anseiam por ufanar-se de um Brasil sério e próspero. Ainda assim, é oportuno salientar que nunca se presenciou no planeta Terra tamanha sucessão de tragédias em tão pouco espaço de tempo. Serão os sinais dos tempos já se anunciando? HM 2 A rainha árcade: Cristina Vasa A Cristina da Suécia (Kristina Augusta Vasa, 1626-1689), protetora das artes e mecenas ao viver em Roma, após abdicar do trono sueco, foi a principal promotora do Arcadismo, pois de quatorze poetas integrantes das reuniões literárias acontecidas no palácio desta soberana resultou a primeira arcádia, a Arcádia Romana, fundada em 1690. Personalidade fascinante e controversa, antes de completar seis anos Cristina se tornou rainha da Suécia, sob a regência do chanceler Axel Oxenstierna, que se encarregou de educá-la cuidadosamente. Ao lado deste, também se ocupou da educação de Cristina em assuntos de Estado e política o bispo Johannes Mattiae Gothus, que, como chefe de estudos, a instruiu em idiomas, Filosofia, História, Teologia e Astronomia, entre outras. Mattiae registrou a grande facilidade de aprendizagem e a enorme sede de conhecimentos que mostrava a jovem rainha. Os idiomas eram a matéria preferida da soberana, de cujo aperfeiçoamento se ocupou ao longo da vida. Cristina não era bela, mas isso não lhe importava. Era um tanto malfeita, corpulenta e não muito alta. Possuía um temperamento forte, inquieto e vivaz, assim como uma grande energia física. Os chamados afazeres femininos não a atraíam, tampouco os luxos, as joias ou as vestimentas. Preferia trajar roupas simples e cômodas. Era muito hábil na equitação, na caça e na esgrima. Costumava dormir pouco e dedicava muitas horas do dia à leitura. Era uma rainha intelectual. Aos 16 anos, Cristina começou a assistir às reuniões do Conselho do Reino, demostrando amplamente seu conhecimento das leis e da administração do reino. Aos 18 anos, alcançou a maioridade e assumiu a dignidade de soberana, substituindo gradualmente o chanceler Oxenstierna em suas funções. En 1648, a Suécia firmou a Paz de Westfalia, que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos, deixando o reino em uma posição de supremacia na região do Báltico. Cristina e o chanceler Oxenstierna tiveram diferenças na forma de conduzir os acordos, impondo finalmente a rainha sua opinião. HM rainha Rainha Cristina da Suécia, protetora das artes e mecenas. Produção textual Liberdade desejada Aline Pires* Aluna do Colégio Boa Viagem A liberdade sempre foi um sentimento sonhado pelo ser humano, mas de difícil alcance. Em tempos antigos, a luta pela liberdade gerou revoltas e conflitos no mundo todo, tanto pela unificação e descolonização, quanto pela livre expressão dos povos. O desejo pela liberdade começa desde cedo, quando temos pouca idade e devemos ser orientados por pessoas mais velhas. Mas, quando crescemos, não queremos mais limites! Queremos sair para todos os lugares, voltarmos à hora que acharmos ideal; queremos falar o que pensamos, admitir o que é certo a nossos olhos (mesmo estando errados, às vezes) e defender as nossas opiniões, debatendo o nosso ponto de vista. As pessoas sempre, em alguns momentos da vida, desejaram a liberdade, mas isso não significa que liberdade seja morar sozinho, sem ninguém, distante de tudo e de todos. Ainda que isso resulte em amadurecimento total. Querer e desejar a liberdade sempre nos torna mais maduros, quando isso implica opiniões formadas. Muitos de nós nos esquecemos de que o melhor da liberdade é poder ouvir os conselhos de pessoas que se importam conosco, porque, para tomarmos decisões, é necessário que ouçamos conselhos também daqueles que fazem parte de nossa vida. Desse modo, não devemos ter pressa, pois é ao longo da vida que aprendemos com as decisões que tomamos. Nunca estaremos completamente certos, embora ajamos sempre como pensamos, o que, de certo modo, pode ser fundamental para o nosso crescimento. Todavia devemos nos lembrar de que a liberdade, abraçada indevidamente, pode nos afastar daqueles que querem apenas o nosso bem. HM Para saber mais O que é uma dissertação argumentativa S a dissertação argumentativa o gênero de produção textual mais comum em sala de aula, é natural que ela seja a mais conhecida e praticada pelos alunos. Constituído de uma divisão tripartite (introdução, desenvolvimento e conclusão), o texto argumentativo visa a convencer o leitor, persuadi-lo a concordar com a ideia ou o ponto de vista exposto, o que se faz mediante vários modos de argumentação: exemplos, dados, estatísticas, provas, opiniões relevantes etc.; o autor quer provar a veracidade ou falsidade de ideias, convencendo o leitor por força desses argumentos… Com base nesse gênero, intensamente trabalhado em sala de aula, foi solicitado ao aluno que redigisse um texto no qual houvesse, de modo claro, a sua opinião acerca da temática “liberdade”. — Será que os jovens realmente querem ser livres, e a que custo? De modo simples, mas eficiente, a aluna Aline Pires, do 8.º ano B (ensino fundamental), apresentou-nos o texto acima. HM endo * Aline Pires Aluna do 8.º ano B, é recifense, filha de Dorisa e Franklin (ex-CBV) e aluna do CBV desde a Educação Infantil (1.º ciclo). Tem duas irmãs: Dóris, pré-universitária, e Sofia, aluna do 5.º ano do CBV. Gosta muito de escrever e ler, sobretudo crônicas e poesias, citando como livros de sua predileção Janela Má gica, de Cecília Meireles (crônicas), e O Mundo Mágico de Mário Quin tana (poesias). Quando cursava a 4.ª série, conquistou o 1.º lugar do Concurso de Poesia, da Semana de Cultura do CBV, com a produção 3 Terra: Amor e Vida (educação ambiental). Também aprecia o balé, que já praticou durante seis anos, sendo fã d’O Lago dos Cisnes e a Suí te Quebra-Nozes, ambas as peças do russo Piotr Tchaikovsky. Além de Redação (prof. Leidson Macedo) e Língua Portuguesa (prof.ª Raquel Carvalho), matérias com as quais sente especial identificação, “curte” bastante Geografia (prof. André Siqueira) e História (prof. Valdemir França). Para relaxar, não dispensa um bom passeio de fim de semana com os pais e a família. HM O fascínio da leitura Curiosidades da história A notável e sempre atual figura do frei Caneca Execução de Frei Caneca: óleo sobre tela de Murillo la Greca (detalhe). A de Celso Kinjô, no frontispício do artigo Frei Caneca, que o Carrasco Não Quis Matar, definem muito bem quem foi esse homem, rebelde e amante da liberdade, que não deve ser esquecido pela posteridade: s palavras “Um homem foi condenado à morte: Joa quim Rabelo ou, como ficou conhecido depois de tomar hábito: frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Condenado porque tinha ideias liberais e lutou por elas. No entanto, nenhum carrasco aceitou matálo. Nem o mais vil preso comum. Embora, a quem o executasse, fossem oferecidos o perdão total e a liberdade.” Frei Caneca nasceu Joaquim do Amor Divino Rabelo, em 1779, no Recife, filho de um humilde tanoeiro português, Domingos da Silva Rabelo, e Francisca Maria Alexandrina de Siqueira, incorporando, mais tarde, o apelido oriundo da profissão do pai: Caneca. Ainda pequeno, vendia os utensílios feitos pelo pai nas ruas do Recife. Percebendo-o inteligente e destemido, o português Domingos custeou sua educação até vê-lo ordenado frei na Ordem dos Carmelitas, em 1796, aos dezessete anos. Após isso, Caneca passou a lecionar Retórica, Geometria, Poesia e Filosofia, ao mesmo tempo que lia com avidez e se ia tornando um dos intelectuais preeminentes de Pernambuco. A origem humilde fê-lo identificar-se com os ideais libertários da Revolução Francesa e formar a inabalável convicção de que todos os homens são iguais e todos os povos devem ser livres. Tal pensamento aproximou-o dos liberais do seu meio na luta pela independência e pela república no Brasil. Aderiu à Revolução Republicana de 1817 e, com o fracasso do movimento, esteve preso durante quatro anos, sendo posto em liberdade em 1821. Em seguida, voltou às atividades políticas, publicando, em 1823, uma Dissertação sobre o que se Deve Entender por Pátria do Cidadão e dos Deveres de Cada Cidadão para com a Mesma Pátria. Devido ao conturbado panorama político que se seguiu à dissolução da Constituinte por dom Pedro I, frei Caneca lançou, ainda em 1823, o semanário Typhis Pernambucano, em cujas páginas divulgou suas ideias libertárias, arremetendo contra os desmandos autoritários de dom Pedro: “Sua majestade não é a Nação, não tem soberania nem comissão da Nação brasileira para arranjar esboços de Constituição e apresentá-los. Dou de voto que se não adote e muito menos jure o projeto de Constituição imposto, por ser inteiramente mau, pois não garante a independência do Brasil, ameaça a sua integridade, oprime a liberdade dos povos, desacata a soberania da Nação e nos arrasta ao maior dos crimes, pois nos é apresentado de maneira coativa e tirânica.” Tornou-se um dos líderes destacados da Confederação do Equador, juntamente com Manuel Paes de Andrade, movimento revolucionário de caráter emancipacionista e republicano que, no nordeste do Brasil, representou a principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora do governo de dom Pedro I. Os insurretos queriam a formação de uma república baseada na Fórum Acadêmico Frei Caneca: uma justa homenagem da FBV. constituição da Colômbia e acabaram derrotados após seis meses de lutas. Frei Caneca, preso e condenado à morte, foi, no dia 12 de janeiro de 1825, conduzido ao patíbulo — “sem a presença do juiz de execução, que fugira para não assistir à cena” e após um escravo e três condenados por crimes comuns se terem recusado a colocar a corda em seu pescoço. Assim, tombou por fuzilamento, “de frente para um pelotão, como convém aos corajosos e mártires”. No intuito de homenagear esse grande herói pernambucano, a Faculdade Boa Viagem deu-lhe o nome ao fórum acadêmico inaugurado em 26/05/2009, no Campus I — Fórum Frei Caneca —, onde funciona o Núcleo de Práticas Jurídicas, que visa a propiciar não apenas treinamento a estudantes de Direito, mas também socorro de natureza jurídica a centenas de moradores do entorno da FBV, mantendo sempre vivos os ideais de liberdade e justiça que orientaram em vida a figura ímpar de frei Caneca. HM 4 Curiosidades da geografia Rio de 6 mil km é descoberto embaixo do rio Amazonas P esquisadores do Observatório Nacio- nal encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de extensão que corre embaixo do rio Amazonas, a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d’água têm o mesmo sentido de fluxo — de oeste para leste —, mas se comportam de forma diferente. A descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobrás nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo. Fluidos que se movimentam por meios porosos — como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a bacia Amazônica — costumam produzir sutis variações de temperatura. Com a informação térmica fornecida pela Petrobrás, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros. Os dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados na semana passada, no 12.º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio. Em homenagem ao orientador, um pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo de rio Hamza. A vazão média do Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s). O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3 mil m3/s — maior que a do rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia da força do Hamza, quando a calha do rio Tietê, em São Paulo, está cheia, a vazão alcança pouco mais de 1 mil m3/s. Nas profundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar. (AE.) HM Rio Amazonas: embaixo, corre o rio Hamza. Opinião Uma fábula Carlos Heitor Cony Da Academia Brasileira de Letras P arece que foi na antiga Rússia dos tzares. viço público, dada a corrupção em todos os níveis. Um vizinho o aconselhou a procurar o ministro da Justiça. Ivan Petrocivich chegou ao ministério e ali encontrou grande agitação. O ministro acabava de ser preso, estava algemado dentro de uma troica que pertencia ao palácio do tzar. Mas a troica não saía do lugar porque faltavam os três cavalos de praxe, que na véspera haviam sido vendidos na bacia das almas, enriquecendo o noivo de uma das princesas da corte. Desesperado ficou também o tzar. Garantiu que continuaria a combater a corrupção doesse a quem doesse. Só não aprovou o uso das algemas, que começavam a escassear no mercado, uma vez que a principal fábrica de algemas estava sob intervenção federal devido aos frequentes casos de corrupção. HM Todo documento público precisava de estampilhas para ter valor legal. Ivan Petrocivich perdeu a mulher e precisou comunicar o fato ao Registro Civil. Entrou na papelaria e pediu os selos necessários. O empregado lamentou não poder atendê-lo, não havia selos nem estampilhas, a Casa da Moeda estava fechada, todos os funcionários, do diretor ao faxineiro, estavam afastados ou presos por corrupção. Ivan Petrocivich foi ao primeiro cemitério que encontrou, explicou a impossibilidade de legalizar a certidão de óbito, mas o coveiro que o recebeu nada pôde fazer: a instituição que explorava os cemitérios estava toda demitida por corrupção, vendia túmulos, mármores, enterravam quem bem entendessem, o jeito foi fechar os cemitérios. Meio desesperado, Ivan Petrocivich apelou para a polícia. Pediu audiência ao chefe do sistema da Polícia Central, mas não foi atendido. Na véspera, o aparelho policial estava fechado, o Estado havia demitido toda a cúpula da instituição a bem do ser- (Publicado na Folha de S. Paulo, edição de 14/08/2011.) Momento de poesia Velhas Árvores Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ, 16/12/1865 — RJ, 28/12 /1918) Jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Em 1907, foi eleito “príncipe dos poetas brasileiros” pela revista Fon-Fon. É considerado o mais importante de nossos poetas parnasianos e autor de obras como Via Láctea, Panóplias, Sarças de Fogo, Alma Inquieta, Viagens e Tarde. Olavo Bilac Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas: Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas… O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas Vivem, livres de fomes e fadigas; E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo! envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem: Na glória da alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem! HM 5 Crônica Folha de papel Prof. Leidson Macedo Professor de Língua Portuguesa do CBV R sei sentar-me diante de um computador e começar a escrever: as palavras não saem de mim assim mecanicamente. Prefiro-as no papel em branco, porque nele deposito as minhas observações mais sensíveis, cotidianamente isentas das tragédias que permeiam as folhas de jornal, que também é papel. Gosto do papel e da importância que ele tem; das observações das quais foi depositário; das mensagens de amor de que foi mensageiro; das inúmeras lágrimas das quais foi confidente; das primeiras letras postas nele inseguras e escorregadias, que teimam em não querer manter-se numa linha rígida, inflexível e absolutamente reta. Não gosto de formas nem de formas (^) prontas. Gosto do papel e das inúmeras possibilidades que se tem de transformá-lo em documento, em acordos de paz, de casamento, de negócios, de tratados e, infinitamente, da possibilidade de poder coisificá-lo. O cheiro do papel me sabe familiar, como se uma criança estivesse prestes a descoaramente brir uma gama de possibilidades lúdicas por meio dele. Não sou, caro(a) leitor(a), avesso a mudanças, a transformações; tampouco apreciador voraz de algumas novidades que me são impostas pela presença massificante da tecnologia. Sou, sim, todavia, defensor do papel e não de teclas, porque aquele é mais sensível ao toque humano, idiossincraticamente. E não se trata aqui de uma apologia ao papel ou falta de sintonia com teclas. Verdadeiramente não é esse o caso. Defendo-o entusiasticamente como um poeta que vê nele nascerem os seus primeiros versos; como uma namorada que, ao ver o amado partir, resolve escrever-lhe cartas de amor, sem medo de se tornar ridícula. A intenção justifica, senhores, os meus fins. Ou seria o inverso? Calculo que, se divulgada a importância desse tão impoluto companheiro, tenhamos criado uma justa homenagem àquele que já nos fez saltitar de alegria ou, vez por outra, chorar de comoção. Ainda que o mais importante escritor, Gotas de humor Curso de kamikaze Naquela escola de treinamento para kamikazes, os alunos estavam todos reunidos, muito concentrados na aula, quando o instrutor explicou: — Olhem aqui, rapazes: prestem muita atenção, porque eu só vou fazer uma única vez! Problema de reconhecimento Uma professora cubana mostra aos alunos um retrato do presidente norte-americano da época, George Bush, e pergunta à classe: — De quem é esse retrato? Silêncio absoluto. — Eu vou ajudar a vocês um pouquinho…: é por culpa desse senhor que todos nós, aqui na ilha, estamos passando fome. — Ah, professora, agora percebi! É que sem a barba e o uniforme não dava para reconhecer! ao depositar nele a sua confiança, não tenha se preocupado com o material de que ele foi feito. Não. Os seus escritos eram mais importantes; e talvez até o fossem. Mas, diga-me cá, nobilíssimo(a) leitor(a): de que adiantariam tão eruditas palavras se não houvesse onde depositá-las? De nada. Porque são duais e, sendo dois, são uma coisa só. Indivisivelmente um, como uma partícula do átomo. Por isso sou-lhe eternamente grato por existir em mim. Então que fiquem os sonhadores com seus devaneios de cultuar aquele que, de tão esquecido, passa em brancas nuvens. Quero ser um deles: vê-lo branco como uma nuvem com a qual sonhava quando menino e às quais ia dando formas diferentes e sonhava, sonhava e sonhava… como um menino pode sonhar numa folha de papel em branco. Quero ser-lhe grato por existir e por me propiciar que, por ele, eu possa pôr o que está preso dentro de mim. HM Divertimento Fuga bem-sucedida Um homem liga para um hospital psiquiátrico: — Eu gostaria de falar com o paciente do quarto 27. A recepcionista vai até lá, abre a porta, mas não encontra ninguém e informa: — Desculpe, senhor, mas este quarto está vazio. — Ótimo! Isso significa que eu realmente consegui escapar!… Abstêmio Um bêbado chega a um bar com um copo de cerveja e grita para todos os que estavam ao redor: — Parei de beber! Parei de beber! O dono do bar fala: — Que péssimo, meu chapa. Faz quanto tempo que você parou?… O bêbado responde: — Depois de amanhã, vai fazer dois dias! HM 6 Perguntas e respostas bem-humoradas • Sabe como se faz para ganhar um Chokito? — É só colocar o dedito na tomadita. • Em que dá a mistura de um macaco com um sanduíche de queijo? — Num “X-Panzé”. • Qual é a palavra de 4 sílabas e 26 letras? — Alfabeto. • Para que serve uma espingarda de dois canos? — Pra liquidar uma dupla sertaneja. • Qual o santo protetor dos banheiros? — São Nitário. • Qual a diferença entre uma mulher com TPM e um sequestrador? — Com um sequestrador você ainda consegue negociar… HM Esportes Gleiciane, nossa menina de bronze mifinais e perdi para o Rio Grande do Sul. Fiquei desanimada por saber que não disputaria mais o 1.º lugar, mas levantei minha cabeça e disse para mim mesma: ‘Não saio daqui sem levar a medalha de 3.º lugar e subir ao pódio!’” Apesar da alegria que proporcionou a todo CBV, Gleiciane, como qualquer atleta que deseja crescer e melhorar sempre, é muito rigorosa consigo própria: “Sei que poderia ter sido melhor, só que não deu, não era a hora de acontecer… Daqui para frente, haverá muitas competições, e Deus ainda reserva muitas coisas boas para mim”. E conclui, de maneira otimista: “Valeu a pena todo o meu esforço e dedicação nos treinos. Na verdade, estou muito satisfeita com a minha conquista”. HM Junto ao prof. Túlio Ponzi, a aluna Gleiciane exibe, orgulhosa, sua medalha de bronze. A medalhista nas Olimpíadas Escolares Brasileiras (acontecidas em João Pessoa, no vizinho estado da Paraíba) foi a aluna Gleiciane Martins Van Leuven, do 9.º ano D, que arrebatou, com valentia e muita raça, a medalha de bronze do judô na categoria “leve” (48kg), ao derrotar a adversária do Pará, no dia 11/09 do corrente. Gleiciane, mesmo lutando no sacrifício, pois sofrera uma lesão na coluna que lhe provocou dores constantes, derrotou as suas opositoras do Rio de Janeiro, Amazonas e Paraná, sendo, no entanto, vencida pela do Rio Grande do Sul. “Foi uma conquista muito importante para mim”, comenta Gleiciane, empunhando com orgulho a medalha. “Lutei contra vários estados até que cheguei às senossa Gleiciane no pódio, com as demais medalhistas. Vôlei do CBV representa PE nas OEB A o tamanho da façanha que a nossa Mas os meninos não pararam por aí. Vencedores equipe de voleibol mirim masculino realizou: da 1.ª fase, disputaram a 2.ª, em Garanhuns, contra na 1.ª etapa dos 52.os Jogos Escolares de Per- o colégio particular campeão do interior, derrotado nambuco, simplesmente venceu todos os colégios pelo placar de 2 × 1, o que lhes deu o direito de particulares da capital! A respeito partir para a 3.ª fase, desta feita condessa campanha, o capitão Luiz tra o campeão de todo o estado, Henrique Borba, aluno do 8.º um colégio da rede pública da ano A, assim se expressou: cidade de Barreiros, o qual “Foi uma conquista muitambém superaram pelo to importante e muito placar de 2 × 0. difícil, mas, com muitos Esse último êxito hatreinos e nos dedicanbilitou o voleibol mirim do do bastante, chegamos a CBV a representar o estado nosso objetivo”. As palavras de Pernambuco nas Olimpíado treinador, prof. Murilo Amadas Escolares Brasileiras, senzonas, corroboram plenamente as de Prof. Murilo Amazonas e seus pupilos. do a equipe formada pelos seguintes Luiz Henrique: “A nossa equipe evoluiu bastante alunos-atletas: Demétrius Melo, Gabriel Huggins, ao longo do treinamento, tendo ficado com um bom Leonardo Salles, Luiz Henrique Borba, Eduarconjunto e um saque muito ofensivo. Todos deram do Henrique Caldas, Pettrus Oliveira, Alexandre o melhor de si”. Sampaio, João Víctor Mendes e Iago Lopes. HM valiem 7 Notícias CBV XV Semana da Cultura do CBV traz ciência, diversão e arte Foram três dias de dança, música, poesia, pintura, cordéis, contos, premiação e artesanato, além da presença de homenageados ilustres. Na solenidade de abertura da XV Semana da Cultura, apresentação das nossas alunas de ginástica rítmica. U de cultura e conhecimento. Nisso transformou o Colégio Boa Viagem um evento que empolgou, envolveu e irmanou alunos, professores, coordenadores, orientadores educacionais, direção e pessoal técnico-administrativo, nos três dias pelos quais se estendeu (27, 28 e 29 de setembro do corrente): a XV Semana da Cultura. Três dias de dança, música, poesia, pintura, leitura de contos, cordéis, artesanato, premiação dos vencedores de vários concursos e a presença de homenageados ilustres. A solenidade de abertura teve lugar na Quadra Polivalente, às 9h, com a fala da prof.ª Adriana Coutinho, diretora pedagógica do CBV, que versou sobre as finalidades da XV Semana da Cultura. Após uma exibição de danças regionais e ginástica rítmica pelas alunas do CBV (coordenação das prof.as Crism espaço Solenidade de abertura: canto do Hino Nacional e hasteamento das bandeiras do Brasil, de Pernambuco e do CBV. tina Barradas e Marina Parente), o público ficou de pé e cantou o Hino Nacional, enquanto se hasteavam os pavilhões do Brasil, de Pernambuco e do CBV. Desde cedo, no hall do colégio, exposições diversas (que se prolongariam pelos três dias da Semana da Cultura) receberam os alunos do turno da manhã: Arte da pintura em tela (Marcos Antônio Bezerra), A diversidade na arte (prof.ª Nanci Andrade), Arte na cintura (Nilza Acioly), Pinturas “pop” (prof.ª Cristiane Moura) e Arte em tecidos (Adelaide Lira). As alunas Nicole e Beatriz (5.º ano D) mostraram-se muito interessadas nos livros expostos em estandes das editoras. Na Sala de Arte, a prof.ª Sônia Rodrigues coordenou uma oficina de caixas de decupagem. A abertura da Feira de Livros também se deu nesse primeiro dia, no saguão do bloco B, com estandes das editoras convidadas e a Hora do Conto conduzida pelo cordelista Ivaldo Batista (sob os auspícios da Editora Ciranda do Livro). À tarde, aconteceu a solenidade de premiação do XIV Concurso de Fotografia, Prêmio Artista Plástico Vik Muniz; XV Concurso de Oratória, Prêmio Jornalista Rhaldney Santos; e XVI Olimpíadas da Matemática, Prêmio Prof. João Marcelo Tavares. Nos dias seguintes, ocorreram as seguin- No âmbito da Feira de Livros, a Hora do Conto: leitura de clássicos com personagens a caráter atrai a atenção da tes solenidades de premiação: XVII Concurso de Poesia, Prêmio Petrúcio Amorim; XVI Concurso de Redação, Prêmio Jornalista Flávia Gusmão; XV Concurso de Cartão-Postal, Prêmio Prof.ª Carmen Zloccowick; XIII Concurso de Charge, Prêmio Diário de Pernambuco; e XIII Concurso de Literatura de Cordel, Prêmio Cordelista Ivaldo Batista. As apresentações musicais dos dias 28 e 29 ficaram por conta de Petrúcio Amorim e Leonardo Alcântara. A oficina do dia 29 foi relativa à pintura em madeira e conduzida por Maria do Carmo Bezerra. Aos alunos vencedores dos vários concursos promovidos pela Semana — a exemplo da nossa redatora Aline Pires, aluna do 8.º ano B, 1.ª colocada no Concurso de Cordel —, os mais efusivos parabéns de todos os que fazem o CBV. HM Prof.ª Adriana Coutinho com o homenageado do XVII Concurso de Poesia, o poeta e compositor Petrúcio Amorim. Expediente Direção geral: prof. Ary Avellar Diniz (diretor presidente), prof.ª Januária Sampaio Diniz, prof. George Sampaio Diniz, prof. Ary Avellar Diniz Jr. e prof. Rodrigo Sampaio Diniz. Assessoria da direção geral: prof. Almir Mendes da Silva. Direção pedagógica: prof.ª Adriana Coutinho. Redação e ilustração: prof. Eduardo José Downey. Coorrespondente esportivo: prof. Túlio Ponzi Quartus. Colaboradores: prof. Leidson Macedo (Língua Portuguesa) e prof. João Marcelo (Matemática) . Fotos: redação e dep. de marketing. Tiragem: 3.000 exemplares. 8