Desenvolvimento de ferramentas para elaboração de um
Transcrição
Desenvolvimento de ferramentas para elaboração de um
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS PARA ELABORAÇÃO DE UM BANCO DE DADOS E ANÁLISE DA EXPRESSÃO DE FATORES DE TRANSCRIÇÃO DE SOJA (Glycine max) RESPONSIVOS À FERRUGEM ASIÁTICA ZAMIRA GUERRA SOARES OURO PRETO MINAS GERAIS – BRASIL 2010 ZAMIRA GUERRA SOARES DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS PARA ELABORAÇÃO DE UM BANCO DE DADOS E ANÁLISE DA EXPRESSÃO DE FATORES DE TRANSCRIÇÃO DE SOJA (Glycine max) RESPONSIVOS À FERRUGEM ASIÁTICA Dissertação apresentada à Universidade Federal de Ouro Preto, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, para obtenção do título de Magister Scientiae. OURO PRETO MINAS GERAIS – BRASIL 2010 Aos meus pais, Beth e Lau. Aos meus irmãos, Filipe e Paulo. DEDICO. “Happiness only real when shared.” (Christopher McCandless) AGRADECIMENTOS À Deus por me iluminar nos momentos de dificuldade. À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular pela oportunidade e pelo apoio acadêmico e institucional. À Universidade Federal de Ouro Preto e ao Programa de Pós Graduação em Biotecnologia pelo suporte. Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pela bolsa concedida. Aos meus pais Beth e Lau, pelo amor, dedicação e por não medirem esforços para que eu pudesse seguir em frente sempre. Aos meus irmãos Filipe e Paulo e a minha cunhada Rox, por todo suporte, amor e alegria de viver. Ao professor e orientador Luciano Gomes Fietto, por seu apoio e inspiração no amadurecimento dos meus conceitos, que me levaram à execução e conclusão desta dissertação. Às professoras Andréa Ribon e Juliana Fietto, pelo suporte e conselhos notáveis para o aprimoramento desde trabalho. Ao grupo GENOSOJA pela disponibilização de amostras e conhecimento, principalmente a Francismar, pela disponibilidade. Ao meu irmão Filipe e ao amigo Raphael, pela ajuda direta na realização dos experimentos para conclusão desta dissertação. À amiga Daniela pela companhia e suporte durante o mestrado. Aos amigos e colegas do Laboratório de Biotecnologia Molecular, por tornar a estadia em Viçosa mais tranqüila e pelo apoio em todos os experimentos, Adíverson, Ananda, Ancely, Aline, Carlos, Daiane, Danielle, Daniela, Felipe, Fernanda, Glauco, Héllida, Mary, Mariana, Marina, Mário, Patrícia, Priscilla, Raphael, Silvana e Zaira. A todos os meus amigos, pela torcida e apoio em todas as horas. A toda minha família, pelo incentivo e amor concedidos. Em especial meus primos pela convivência agradável. BIOGRAFIA Zamira Guerra Soares, filha de Laudelino Rocha Soares Neto e Maria Elizabeth Batista Guerra, nasceu na cidade de Timóteo, Minas Gerais, em 19 de novembro de 1984. Em dezembro de 2002 completou o ensino médio no Colégio Dom Bosco em Timóteo. Em março de 2004, matriculou no bacharelado em Bioquímica da Universidade Federal de Viçosa, MG, graduando-se em janeiro de 2009. Ingressou no Programa de Pós Graduação em Biotecnologia em março de 2009, em nível de mestrado, na Universidade Federal de Ouro Preto. Submetendo-se a defesa de dissertação em 16 de dezembro de 2010. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS E QUADROS ............................................................................. viii RESUMO ..................................................................................................................... ix 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 3 2.1. Ferrugem asiática .............................................................................................. 3 2.1.1. Aspectos gerais ................................................................................................. 3 2.1.2. Phakopsora pachyrhizi ...................................................................................... 4 2.1.3. Epidemiologia .................................................................................................... 5 2.1.4. Sintomatologia................................................................................................... 6 2.1.5. Ciclo da ferrugem asiática ................................................................................. 7 2.1.6. Resistência genética ......................................................................................... 8 2.1.7. Manejo da doença ............................................................................................. 9 2.2. Fatores de transcrição ..................................................................................... 11 2.3. Eventos de duplicação múltiplos...................................................................... 12 2.4. Bancos de dados como ferramenta para o melhoramento de plantas ............. 13 3. OBJETIVOS......................................................................................................... 16 3.1. Objetivo Geral ................................................................................................. 16 3.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 16 4. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 17 4.1. Desenvolvimento de softwares ........................................................................ 17 4.2. Desenvolvimento do banco de fatores de transcrição...................................... 17 4.3. Comparação entre os bancos de dados e criação do banco consenso ........... 17 4.4. Análise das sequências únicas do banco de dados LBM ................................ 18 4.5. Busca de fatores de transcrição já identificados como ligados na resposta à ferrugem ..................................................................................................................... 18 4.6. Criação de cladogramas das famílias e identificação de possíveis genes ligados na resposta à ferrugem ............................................................................................... 18 4.7. Comparação entre os genes candidatos e biblioteca subtrativa ...................... 19 4.8. Montagem de oligonucleotídeos para RT-qPCR.............................................. 19 4.9. Síntese de cDNA para RT-qPCR..................................................................... 20 4.10. RT-qPCR......................................................................................................... 20 5. 5.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 23 BRa – BLAST Results Analysis ....................................................................... 23 5.1.1. O aplicativo e os arquivos de entrada .............................................................. 23 5.1.2. Processamento dos dados .............................................................................. 24 5.1.3. Arquivo de saída ............................................................................................. 25 5.2. Venn Diagram For Proteins ............................................................................. 27 5.2.1. Arquivo de entrada .......................................................................................... 27 5.2.2. Processamento de dados e arquivo de saída .................................................. 27 5.3. Desenvolvimento do banco de fatores de transcrição, comparação com os outros bancos e criação do banco consenso .............................................................. 28 5.4. Busca de fatores de transcrição responsivos à ferrugem asiática.................... 29 5.5. Cladogramas e identificação de possíveis genes responsivos à ferrugem ...... 30 5.6. Comparação dos genes candidatos com a biblioteca subtrativa ...................... 32 5.7. RT-qPCR......................................................................................................... 33 5.7.1. Eficiência da reação e seleção de oligonucleotídeos ....................................... 33 5.7.2. Análises de expressão .................................................................................... 33 6. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 38 ANEXOS..................................................................................................................... 43 LISTA DE FIGURAS E QUADROS Figura 1 - Mapa da dispersão da ferrugem asiática no país .......................................... 3 Figura 2 – Phakopsora pachyrhizi e taxonomia do fungo ............................................. 4 Figura 3 – Estágio inicial de desenvolvimento da interação durante a infecção ............ 5 Figura 4 – (A) Primeiros sintomas da ferrugem asiática e (B) lesões castanhas avermelhadas. .............................................................................................................. 7 Figura 5 – Ciclo da ferrugem asiática. ........................................................................... 8 Figura 6 – Gel de agarose 1% .................................................................................... 22 Figura 7 – (A) Tela inicial do programa. (B) Exemplo de um arquivo de saída do BLAST local ................................................................................................................ 23 Figura 8 – Interface gráfica do programa BRa ............................................................ 24 Figura 9 – Exemplo de um arquivo de saída tabelado do BRa.................................... 25 Figura 10 – Exemplos de arquivos de saída do BRa................................................... 26 Figura 11 – (A) Tela inicial e (B) Interface gráfica do programa Venn Diagram For Proteins. ..................................................................................................................... 27 Figura 12 – Diagramas de Venn mostrando a comparação entre os três bancos e quantas sequências de interseção existem entre eles (A) antes e (B) depois de analisar as sequências únicas do banco LBM............................................................. 28 Figura 13 – Partes dos cladogramas mostrando as sequências que se agruparam mais próximas às proteínas comprovadamente ligadas à defesa contra patógenos ........... 31 Figura 14 – Localização dos dezesseis genes candidatos dentro dos bancos de dados. ................................................................................................................................... 32 Figura 15 – Gráficos mostrando análise de expressão relativa dos genes (A) MBF1B, (B) bZIPB, (C) WRKYA e (D) WRKYC ........................................................................ 35 Quadro 1 – Oligonucleotídeos direito e reverso dos genes analisados neste estudo. . 19 Quadro 2 – Resultado da busca textual no NCBI, mostrando os genes ligados na resposta à ferrugem e a defesa contra patógenos e as famílias que eles pertencem. 30 Quadro 3 – Resultado do BLAST ................................................................................ 32 Quadro 4 – Valores de eficiência e slope dos oligonucleotídeos ................................. 33 viii RESUMO SOARES, Zamira Guerra, M.Sc., Universidade Federal de Ouro Preto, dezembro de 2010. Desenvolvimento de ferramentas para elaboração de um banco de dados e análise da expressão de fatores de transcrição de soja (Glycine max) responsivos à ferrugem asiática. Orientador: Luciano Gomes Fietto. Plantas infectadas com o fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença ferrugem asiática, sofrem desfolhamento precoce acarretando grandes prejuízos para o agricultor. As formas de manejo da doença atualmente abrangem o vazio sanitário, o controle químico e utilização de cultivares resistentes. Como não existe um cultivar comercial imune os gastos com prevenção e manejo são muito elevados. Dentro deste contexto, o presente trabalho busca selecionar novos genes alvo para o desenvolvimento de um cultivar imune à doença, focando nos fatores de transcrição. Três bancos de dados de fatores de transcrição - SoybeanTFDB e o SoyDB, já existentes, e um desenvolvido neste trabalho (LBM) - foram comparados para a criação de um banco consenso, e dois softwares (BRa e Venn Diagram For Proteins) foram desenvolvidos para a sua construção (SoyLBM). O banco consenso SoyLBM abrange todas as sequências não redundantes dos três bancos possuindo 7202 sequências, 7,46% a mais do que o banco SoyDB e 30,09% a mais que o banco SoybeanTFDB. Após a criação do banco de dados foram identificados dezesseis genes candidatos a serem fatores de transcrição responsivos à ferrugem. Dentre eles, quatro tiveram sua expressão analisada por PCR em tempo real, em dois cultivares diferentes durante a infecção pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Dentre os genes analisados o fator MBF1B teve sua expressão aumentada em resposta à infecção, mas não apresentou diferença significativa de expressão entre os cultivares suscetível e resistente sugerindo que esteja ligado a uma resposta mais geral da planta a infecções. Os genes bZIPB, WRKYA e WRKYC mostraram aumento da expressão tardia no cultivar resistente em relação ao cultivar suscetível, sugerindo que estes genes são induzidos após o estabelecimento da infecção. ix ABSTRACT SOARES, Zamira Guerra, M.Sc., Universidade Federal de Ouro Preto, December 2010. Development of software for developing a database and analysis of expression of transcription factors from soybean (Glycine max) responsive to rust. Advisor: Luciano Gomes Fietto. Plants infected with Phakopsora pachyrhizi, which causes rust disease and early defoliation, suffer big losses for the farmer. The forms of the disease management currently include the “vazio sanitário”, chemical control and use of resistant cultivars. As there is no commercial cultivar immune spending on prevention and management are very high. Within this context, this work seeks to select new target genes for the development of a growing immune to the disease, focusing on transcription factors. Three databases of transcription factors - and SoybeanTFDB SoyDB, existing and developed in this work (LBM) - were compared for the creation of a bank agreement, and two software (BRa and Venn Diagram For Proteins) were developed to its construction (SoyLBM). The bank agreement SoyLBM covers all nonredundant sequences of the three banks holding sequences 7202, 7.46% more than the bank SoyDB and 30.09% more than the bank SoybeanTFDB. After creating the database were identified sixteen candidate genes for transcription factors are responsive to rust. Among them, four had their expression analyzed by real time PCR in two different cultivars during infection by the fungus Phakopsora pachyrhizi. Among the genes analyzed MBF1B factor had to be increased in response to infection, but no significant difference in expression between the susceptible and resistant cultivars suggesting that it is connected to a more general plant response to infection. Genes bZIPB, WRKYA and WRKYC showed increased late expression in the resistant cultivar compared to the susceptible cultivar, suggesting that these genes are induced after the establishment of infection. x 1. INTRODUÇÃO A primeira constatação da ferrugem asiática em lavouras de soja no Brasil ocorreu na safra 2001/02 e rapidamente espalhou-se pelas principais regiões produtoras do país. Plantas severamente infectadas apresentam desfolha precoce, o que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade. Segundo levantamento do Consórcio Antiferrugem (2010), a doença custa para o produtor cerca de U$ 2 bilhões, por safra. A ferrugem asiática possui dois agentes causais, sendo um deles uma forma mais branda – Phakopsora meibomiae, originada na América Latina e a forma mais comum Phakopsora pachyrhizi, originada na Ásia-Austrália. P. pachyrhizi é um parasita obrigatório que inicia sua infecção quando uredósporos germinam e emitem um tubo germinativo que cresce sobre a superfície da folha até que se forma um apressório. Esta ferrugem é única por ter a habilidade de penetrar diretamente através da epiderme, ao contrário das outras ferrugens que penetram através dos estômatos. A disseminação da ferrugem é feita unicamente através da dispersão dos uredósporos pelo vento e o sucesso da infecção é dependente da disponibilidade de molhamento na superfície da folha e temperatura. Quanto às estratégias de controle, é necessário iniciar o manejo das plantas de soja na entressafra o que depende da região. Considerando a gravidade da doença, diversos estados adotaram o “vazio sanitário”. O monitoramento da lavoura e da região e o controle químico com fungicidas devem ser realizados também logo após os primeiros sintomas ou preventivamente. Cultivares com genes de resistência já se encontram disponíveis comercialmente para a região CentroOeste. No entanto, essas cultivares não dispensam a utilização de fungicidas e devem ser utilizadas como uma estratégia a mais de manejo. As plantas possuem mecanismos sofisticados para percepção de patógenos, e para traduzir essa percepção em uma resposta adaptativa. O desenvolvimento e a diferenciação das plantas são programados primeiramente no nível de transcrição gênica, que é controlado por fatores de transcrição e outras proteínas que recrutam ou bloqueiam o acesso da RNA polimerase ao DNA. A criação de um banco de dados de fatores de transcrição de soja é essencial para o entendimento das relações de regulação da expressão gênica durante a adaptação do vegetal frente a condições de estresses bióticos. Dois bancos de dados já foram criados: SoybeanTFDB (Mochida et al., 2009) e o SoyDB (Wang et al., 2010). Portanto, a criação de um banco consenso abrangendo o máximo de sequências possíveis e não redundantes 1 facilitaria a compreensão e análise dos dados, auxiliando na descoberta de novos genes de resposta a estresses bióticos e no melhoramento de plantas. 2 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Ferrugem asiática 2.1.1. Aspectos gerais O agente causal da ferrugem asiática foi descrito pela primeira vez em 1899 na China (Hinson et al., 1977) e está presente, tradicionalmente, na maioria dos países da Ásia e Austrália (Bromfield et al., 1980). Nas Américas, foi detectado pela primeira vez no Havaí em maio de 1994 (Killgore et al., 1994). Na América do Sul a ferrugem asiática foi constatada pela primeira vez no Paraguai, em março de 2000 (Yorinori et al., 2002a). A primeira constatação da ferrugem asiática em lavouras de soja no Brasil ocorreu na safra 2001/02 e rapidamente espalhou-se pelas principais regiões produtoras do país (Consórcio Antiferrugem, 2010). Na safra de 2009/2010 a ferrugem foi constatada nas principais regiões produtoras do país, possuindo um total de 2370 focos (Consórcio Antiferrugem, 2010 – Figura 1) Figura 1 - Mapa da dispersão da ferrugem asiática no país (figura retirada do Consórcio Antiferrugem, 2010). 3 Plantas severamente infectadas apresentam desfolha precoce, o que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade. As perdas em grãos, ocasionadas pela ferrugem, vêm diminuindo nos últimos anos, mas ainda ocorrem, devido a falhas no controle. A aplicação de fungicidas e o vazio sanitário são hoje as principais ferramentas de manejo da doença para reduzir perdas. Segundo levantamento do Consórcio Antiferrugem, a doença custa para o produtor cerca de U$ 2 bilhões, por safra (EMBRAPA, 2009). 2.1.2. Phakopsora pachyrhizi A ferrugem asiática possui dois agentes causais, sendo um deles uma forma mais branda – Phakopsora meibomiae, originada na América Latina e a forma mais comum Phakopsora pachyrhizi (Figura 2), originada na Ásia-Austrália (Goellner et al., 2010). Domínio – Eukarya; Reino – Fungi; Filo – Basidiomyceto; Ordem – Uredinales; Classe – Uredinomicetos; Família – Phakopsoraceae; Gênero – Phakopsora. Figura 2 – Phakopsora pachyrhizi, mostrando a estrutura típica do apressório (acima) saindo do uredinósporo germinativo (abaixo) (APSnet, 2010) e taxonomia do fungo (http://www.idexfungorum.org). P. pachyrhizi é um parasita obrigatório que inicia sua infecção quando uredósporos germinam e emitem um tubo germinativo que cresce sobre a superfície da folha até que se forma um apressório (Figura 2). Esta ferrugem é única por ter a habilidade de penetrar diretamente através da epiderme, ao contrário das outras ferrugens que penetram através dos estômatos. Urédias podem se desenvolver de cinco a oito dias após a infecção e os esporos do fungo podem ser produzidos por até três semanas (Fitopatologia.net, 2010). Este patógeno produz dois tipos de esporos, teliósporos e uredósporos. Teliósporos são os esporos sexuais do patógeno e são produzidos em lesões mais antigas e não parecem germinar em condições naturais. Assim, o estagio uredinal é o responsável pelas epidemias desta doença. Uredósporos são ovóides a elipsóides, de coloração amareloamarronzadas, possuem uma superfície coberta por pequenos espinhos (Fitopatologia.net, 2010). 4 2.1.3. Epidemiologia A penetração do P. pachyrhizi começa com a formação de uma estrutura em forma de funil, designada cone apressorial, a partir do apressório (Figura 3). Esse cone é contíguo com a hifa de penetração que passa pela parede da célula epidérmica. Durante a penetração, a célula epidérmica colapsa, se desorganiza e mostra sinais de morte celular. Depois, a hifa cresce através da célula epidérmica e alcança o espaço intracelular; um septo é formado que se emerge da hifa primária. Esta pode formar um braço para formar uma hifa secundária e finalmente ocorre a diferenciação em células haustóricas mães (Koch et al., 1983). Quando infectam plantas que não são suas hospedeiras naturais, o fungo consegue colonizar o mesófilo, mas nunca esporula (Goellner et al., 2010). A disseminação da ferrugem é feita unicamente através da dispersão dos uredósporos pelo vento (Yorinori et al., 2002b). O sucesso da infecção é dependente da disponibilidade de molhamento na superfície da folha. Pelo menos 6 horas de água livre parece ser necessária para promover a infecção. O fungo pode infectar a planta em temperatura variando de 15 e 28°C, com ótimo de 22 a 24°C. Chuvas abundantes e freqüentes durante o desenvolvimento da doença têm sido associadas com epidemias mais severas (Fitopatologia.net, 2010). A ferrugem asiática apresenta desenvolvimento rápido, sendo que a detecção dos sintomas nos estágios iniciais é difícil, tornando-se possível apenas com o auxílio de lupa ou do apoio de um laboratório de diagnose de doenças. A ferrugem da soja só é detectada a olho nu a partir de uma severidade de 5%, sendo este nível muito elevado e arriscado para iniciar o controle químico (Azevedo et al., 2004). Figura 3 – Estágio inicial de desenvolvimento da interação durante a infecção. Uredósporos germinativos (sp) produzem um único tubo germinativo (gt) terminando em um apressório (app). Uma estrutura como um túnel, o cone apressorial (cone), é desenvolvido e continua por uma hifa de penetração (penh) que atravessa as células epidérmicas (epi). Consequentemente as células penetradas morrem. No espaço intracelular do mesófilo uma hifa primária (ph) se separa da hifa de penetração por um septo e forma um braço, a hifa secundária (sh). Finalmente, uma célula haustorial mãe (hmc) é formada de onde o patógeno invade a célula da mesófila (meso) formando o primeiro haustório (hau) e estabelecendo a interação com o hospedeiro (modificado de Goellner et al., 2010). 5 2.1.4. Sintomatologia O patógeno é capaz de desfolhar as plantas de soja no campo em poucos dias e pode levar a completa destruição da lavoura. Como uma variedade resistente a todos os isolados do patógeno ainda não está disponível e tratamentos com fungicidas são caros, várias áreas são endêmicas tomadas pelo P. pachyrhizi (Goellner et al., 2010). Os primeiros sintomas da ferrugem se iniciam pelo terço inferior ou médio da planta e aparecem como minúsculas pontuações mais escuras que o tecido sadio da folha (Figura 4A). No início da infecção, a folha permanece verde, dificultando a identificação quando a lavoura é observada de forma superficial. Para identificar a doença no início, deve ser realizado um monitoramento cuidadoso, coletando diversas folhas da parte inferior/média da planta e observando contra a luz para verificar a presença de pontuações escuras. Embora doenças como a mancha parda (Septoria glycines), o crestamento bacteriano (Pseudomonas savastanoi pv glycinea) e a pústula bacteriana (Xanthomonas axonopodis pv glycines) causem sintomas semelhantes, a confirmação da ferrugem é feita pela constatação no verso da folha (face abaxial), de saliências semelhantes a pequenas feridas (bolhas), que correspondem à estrutura de reprodução do fungo (urédias). Essa observação é facilitada com uma lupa de 10 a 20 vezes de aumento (EMBRAPA Soja, 2010). O microclima mais favorável facilita a germinação, penetração e infecção dos esporos. Devido ao hábito biotrófico, o fungo necessita de tecido vivo do hospedeiro, e desta forma as células infectadas morrem somente após ter ocorrido abundante esporulação, o que torna difícil a sua visualização no início da infecção. Com o desenvolvimento da doença, as lesões adquirem forma angular, delimitadas pelas nervuras secundárias, podendo alcançar 2 a 3 mm de diâmetro, adquirindo coloração castanho-avermelhada (por isto o nome ferrugem – Figura 4B) no momento da emissão dos uredósporos (Yorinori, 1982). Estas lesões podem também aparecer nos pecíolos, nas vagens e nos ramos, porém são mais abundantes nas folhas, principalmente na face inferior. Assim, a ferrugem asiática causa a perda de clorofila e queda prematura das folhas, podendo ocasionar redução no número de vagens e massa das sementes (Bromfield, 1984). 6 B A Figura 4 – (A) Primeiros sintomas da ferrugem asiática e (B) lesões castanhas avermelhadas. 2.1.5. Ciclo da ferrugem asiática O ciclo da doença (Figura 5) se inicia com a disseminação dos esporos que foram produzidos nas plantas que serviram como hospedeiras na entressafra. Os esporos são disseminados pelo vento e se depositam sobre as folhas das plantas de soja. Caso as condições estejam favoráveis, temperatura entre 18oC e 26oC, molhamento foliar de pelo menos seis horas (o ideal é de 12 a 14 horas), os esporos germinam e o fungo penetra na folha diretamente rompendo a epiderme (diferente da maioria dos fungos causadores de ferrugem, que só penetram por estômatos) e começa a colonizar os tecidos da folha. Em condições ótimas de temperatura, ao redor de cinco dias após a penetração, é possível visualizar, com a ajuda de uma lupa, os primeiros sintomas, que são os pontos escurecidos vistos mais facilmente olhando a folha contra um fundo claro (Consórcio Antiferrugem, 2010). Com mais uns quatro a seis dias, as urédias (saliências) podem ser vistas e novos esporos começam a ser liberados. Cada urédia permanece produzindo esporos por aproximadamente 21 dias. Esses esporos vão iniciar novas infecções na mesma lavoura ou vão, através do vento, alcançar lavouras mais distantes. Quando chega o fim do ciclo da cultura o fungo passa a sobreviver nas plantas voluntárias ou outros hospedeiros (Consórcio Antiferrugem, 2010). 7 Figura 5 – Ciclo da ferrugem asiática (Consórcio Antiferrugem, 2010). 2.1.6. Resistência genética As cultivares atuais de soja são extremamente uniformes, ou seja, relativamente poucos acessos contribuíram com a maioria dos genes das atuais cultivares, e existe uma diversidade genética limitada em germoplasmas elite de soja. Uma base genética estreita traz algumas dificuldades para programas de melhoramento, como falta de variabilidade no germoplasma elite para genes de resistência a doenças, possibilidade de uma doença, como a ferrugem asiática, devastar a produção por ser toda ela geneticamente semelhante e o eminente alcance de um limite de produtividade (Mulato, 2009). A transferência vertical de genes de resistência é facilmente utilizada em programas de melhoramento genético e é obtida através de cruzamentos. No entanto, genótipos com este tipo de resistência é mais vulnerável à reação do patógeno, que possui meios de geração de variabilidade genética (mutações e recombinações), tornando a resistência raça-específica pouco durável. A identificação e a utilização de genes de resistência provenientes de transferência horizontal em programas de melhoramento têm sido limitadas em função das dificuldades relacionadas com a avaliação fenotípica e da incorporação desta resistência nos programas de melhoramento. Essas dificuldades levam ao desenvolvimento de estratégias para selecionar genótipos que são definidos como tolerantes ou de produção estável a despeito da infestação por determinado patógeno (Martiello et al., 1997). Na literatura já foram comprovados cinco genes com efeito principal na resistência à ferrugem asiática, sendo eles rpp1, rpp2, rpp3, rpp4 e rpp5. Como genes de resistência 8 provenientes de transferência vertical submetem o fungo à intensa pressão de seleção, espera-se que o patógeno evolua, suplantando essa resistência ao longo do tempo. Já foram confirmadas quebras da resistência conferidas pelos genes rpp1 e rpp3 no Brasil, rpp2 e rpp4 na Ásia (Bromfield et al., 1980; McLean et al., 1980; Hartwig et al., 1983; Hartwig, 1986; Calvo et al., 2008; Garcia et al., 2008). 2.1.7. Manejo da doença No Brasil, a ferrugem tem atingido, por vezes, níveis de redução de produtividade que frequentemente inviabilizam as colheitas quando não se realiza seu efetivo controle. Cabe ressaltar que a extensão territorial das lavouras, aliada à monocultura contínua, favorece a maior produção de inóculo e a disseminação deste fungo. Ainda pode-se citar como principais agravantes ou fatores suplementares que diminuem a eficiência do controle da doença: (a) o aparecimento de diferentes isolados do patógeno; (b) as falhas nas aplicações de fungicidas; (c) a utilização de alta população de plantas; (d) o atraso na época de semeadura, além da (e) sobrevivência do patógeno em plantas voluntárias de soja ou em outras espécies hospedeiras, no período de entressafra (Yorinori et al., 2006). Quanto às estratégias de controle, é necessário iniciar na entressafra com o manejo das plantas de soja e isso depende da região. Considerando a gravidade da doença, diversos estados adotaram o “vazio sanitário”. Devem ser realizados também o monitoramento da lavoura e da região e o controle químico com fungicidas logo após os primeiros sintomas ou preventivamente. Cultivares com genes de resistência já se encontram disponíveis comercialmente para a região Centro-Oeste. No entanto, essas cultivares não dispensam a utilização de fungicidas e devem ser utilizadas como uma estratégia a mais de manejo (Consórcio Antiferrugem, 2010). (A) Vazio Sanitário Vazio sanitário da soja é o período de ausência de plantas vivas dessa cultura no campo. É uma estratégia adicional no manejo da ferrugem asiática da soja, objetivando reduzir a quantidade de uredósporos no ambiente durante a entressafra e, dessa forma, reduzir a possibilidade de incidência precoce da ferrugem. Esse período, que varia de 60 a 90 dias, foi estabelecido considerando que o período máximo de viabilidade de uredósporos de P. pachyrhizi registrado é de 55 dias (Consórcio Antiferrugem, 2010). 9 (B) Uso de fungicidas No caso da ferrugem da soja, apesar do grande número de produtos comerciais, até o momento, os fungicidas se restringem à apenas dois grupos ativos: as estrobilurinas e os triazóis (Godoy et al., 2004). As estrobilurinas, também chamados de β-methoxiacrilatos, interferem na respiração mitocondrial, bloqueando a transferência de elétrons pelo complexo citocromo bc1, através da inibição da óxido-redutase de ubihidroquinona-citocromo c (Ghini et al., 2000). Há a necessidade de aplicação do fungicida antes da ocorrência da doença (Hewitt, 1998). Os triazóis são fungicidas sistêmicos muito efetivos no controle de agentes patogênicos em culturas. O modo de ação está relacionado à inibição na biossíntese de esteróis, cuja função está relacionada à manutenção da integridade da membrana a qual está presente em todos os eucariotos. A redução da disponibilidade de ergosterol (principal esterol presente em fungos) resulta na disrupção da membrana e escoamento eletrolítico (Hewitt, 1998). Como a fase inicial de estabelecimento da doença ocorre de forma assintomática, devido à interferência metabólica do patógeno sobre a planta hospedeira (Balardin, 2002) a proteção de plantas com fungicidas deveria ser sempre realizada de forma preventiva (Azevedo, 2001), acarretando gastos para o agricultor mesmo antes da confirmação da doença. (C) Cultivares resistentes Tecnologias de melhoramento genético tradicional (obtidas através de cruzamentos de variedades distintas de soja) ou com o uso da transgenia, apresentam avanços no controle de uma das pragas que mais afeta a produção atualmente. Duas tecnologias podem servir de ferramenta para o sojicultor para melhor controle da doença. A primeira, através da variedade desenvolvida pela EMBRAPA Soja em parceria com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás (Seagro) – a cultivar BRSGO 7560, e a segunda, a soja Inox® (TMG 801 e TMG 803), obtida por pesquisas da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) e da empresa Tropical Melhoramento Genético (Revista Rural, 2009). Os cultivares TMG 801 e TMG 803 são resultado de sete anos de pesquisa do Programa de Melhoramento Genético de Soja da Fundação MT e da empresa TMG. As variedades as quais são caracterizadas pela “tecnologia Inox®” já foram disponibilizadas aos produtores de sementes na safra de 2008/2009. As cultivares são adaptadas para o cultivo no Estado de Mato Grosso (Fundação MT, 2010). 10 A tecnologia Inox® torna mais fácil a detecção da doença na planta. Quando atacada, a planta terá uma reação de hipersensibilidade criando uma lesão escura que necrosa o tecido foliar ao redor do ponto de incidência, eliminando a fonte de alimento do fungo e evitando a multiplicação e esporulação. A lesão RB (Redish Brown) facilitará a detecção de ferrugem asiática na lavoura e facilitará o manejo com aplicações de fungicidas (Fundação MT, 2010). Resultado de 13 anos de pesquisa, a cultivar de soja BRSGO 7560 é portadora de um gene maior recessivo, que confere resistência vertical à ferrugem. Avaliada em estufas e em condições de campo, a cultivar apresentou reação de resistência à doença, resultando na formação de lesões escuras. Como a BRSGO 7560 apresenta resistência vertical à ferrugem asiática, a cultivar está sujeita à quebra dessa resistência devido à variabilidade genética do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença. Por isso, o seu uso não exclui a necessidade do produtor seguir as atuais recomendações técnicas para o manejo da doença. As sementes serão disponibilizadas para a safra de 2010/2011 (EMBRAPA, 2010). Nenhum dos cultivares garante que a lavoura fique imune ao fungo. Continua necessária a aplicação do fungicida e de outras práticas de manejo. Desta forma, a busca de novos genes para o melhoramento da planta e a produção de um cultivar que seja totalmente resistente ao patógeno é crucial para a diminuição dos custos e prejuízos na lavoura. 2.2. Fatores de transcrição Estresses abióticos (temperatura, seca) e bióticos (patógenos) causam as maiores perdas na produtividade da agricultura mundial. Segundo levantamento do Consórcio Antiferrugem, a ferrugem asiática custa para o produtor brasileiro cerca de U$ 2 bilhões, por safra (EMBRAPA, 2009). Estresses bióticos são resultados de uma bateria de pragas em potencial: fungos, bactérias, nematóides e insetos, capazes de interceptar os fotoassimilados produzidos pelas plantas e os vírus que usam o maquinário de replicação do hospedeiro. As plantas, por sua vez, desenvolveram mecanismos sofisticados para perceber tais ataques, e para traduzir essa percepção em uma resposta adaptativa (Dangl et al., 2001). O desenvolvimento e a diferenciação das plantas são programados primeiramente no nível de transcrição gênica, que é controlado por fatores de transcrição e outras 11 proteínas que recrutam ou bloqueiam o acesso da RNA polimerase ao DNA (Udvardi et al., 2007). As plantas possuem grande parte do genoma codificando proteínas envolvidas na transcrição e sua regulação. Aproximadamente 7% do genoma de Arabidopsis codificam sequências de fatores de transcrição, o que comprova a complexidade da regulação transcricional nesses organismos (Udvardi et al., 2007). Fatores de transcrição são proteínas regulatórias que modulam a expressão de um grupo específico de genes através de ligação sequência-específica com o DNA e interações proteína-proteína. Eles interagem com a maquinaria geral de transcrição, proteínas de remodelação de cromatina e/ou com outros fatores de transcrição. Podem atuar como ativadores ou repressores da expressão gênica, mediando tanto o acréscimo ou decréscimo do acúmulo do RNA mensageiro (Latchman, 2003). Um fator de transcrição vegetal típico contém, com poucas exceções, uma região de ligação ao DNA, um sítio de oligomerização, um domínio de regulação da transcrição e um sinal de localização nuclear (Liu et al., 2001). Segundo o banco de dados de fatores de transcrição de Arabidopsis (DATF, 2010) existe um total de 2290 fatores de transcrição, divididos em 64 famílias. A classificação dos fatores de transcrição depende de suas características estruturais e as famílias são, às vezes, subdivididas de acordo com o número e o espaçamento dos resíduos conservados dos domínios mais similares (Liu et al., 2001). As sequências de fatores de transcrição são conservadas entre as espécies e um fator conservado que responde a um determinado estímulo em uma espécie, provavelmente vai responder ao mesmo estímulo nas outras espécies. Estudos com a família NAC de fatores de transcrição demonstram a ligação direta entre similaridade de sequências com similaridade de funções (Pinheiro et al., 2009). Vários genes de famílias distintas de fatores de transcrição estão ligados à resposta da planta ao ataque de patógenos (Zhang et al., 2009; Desveaux et al., 2004; Singh et al., 2002; Dröge-Laser et al., 1997). 2.3. Eventos de duplicação múltiplos O genoma da maioria, senão de todas, as angiospermas sofreu eventos de duplicação durante sua evolução. O impacto desses eventos de poliploidia é pouco conhecido, assim como o destino dos genes duplicados (Innes et al., 2008). Um comportamento comum aos poliplóides estabelecidos é a sua diploidização, ou seja, apesar de terem mais de dois genomas, iguais ou semelhantes, a tendência é que, ao longo do tempo, passem a comportarem-se como diplóides (Ramsey & Schemske, 2002). 12 Ao nível gênico, a duplicação gênica é a consequência imediata da poliploidização (Wendel, 2000). Todas as informações recentes mostram que a diploidização ocorreu por uma ampla reestruturação genômica, com alterações e mudanças ao nível gênico, incluindo evolução coordenada, silenciamento gênico, reestruturação cromossômica, ação de transposons e novos padrões de expressão gênica (Wolfe, 2001). Genes duplicados por poliploidia podem reter sua função original ou similar, sofrer diversificação na função ou na regulação ou uma das cópias pode ser silenciada através de mutação ou mudanças epigenéticas. Genes duplicados podem também interagir através de recombinação interlocos, conversão gênica ou evolução coordenada. Duplicação gênica e conseqüente silenciamento são dois dos aspectos mais marcantes da evolução por poliploidia, mas as taxas de silenciamento são mais baixas do que o esperado pelos modelos de genética de populações, pela possibilidade de manutenção de uma função similar, aquisição de novas funções e interação entre genes duplicados (Wendel, 2000). Em alguns poliplóides os genes duplicados podem sofrer uma divergência imediata de função (Otto, 2003). A soja teve seu genoma duplicado pelo menos duas vezes, uma delas ocorreu por volta de 10 a 14 milhões de anos atrás e a outra, mais antiga, provavelmente de 50 a 60 milhões de anos atrás (Shoemaker et al., 2006). Dos 46.430 genes seqüenciados de soja, 31.264 apresentam parálogos recentes e 15.166 são de cópia única. No total de 5.671 possíveis fatores de transcrição preditos no genoma da soja, 9,5% deles são duplicados (Schmutz et al., 2010). Os eventos poliploidia da soja e consequente duplicação gênica podem levar a erros de interpretação do nível de expressão gênica. Genes que foram duplicados devem ser bem analisados e fatores como similaridade de funções e regulação devem ser levados em conta para que seu nível de expressão seja corretamente exposto. 2.4. Bancos de dados como ferramenta para o melhoramento de plantas Uma solução para aumentar a produtividade dos cultivares é desenvolver plantas baseando-se no entendimento molecular das funções gênicas e das vias regulatórias envolvidas na tolerância ao estresse, desenvolvimento e crescimento (Takeda et al., 2008). O progresso recente em genômica de plantas permite a identificação e isolamento de genes importantes para analisar funções que regulam a produtividade e tolerância a estresses ambientais (Mochida et al., 2010). 13 A identificação, caracterização e classificação dos fatores de transcrição de genomas irão proporcionar uma fonte importante para pesquisadores interessados em estudar a regulação da expressão gênica (Mochida et al., 2009). Menos de 1% dos fatores de transcrição foram geneticamente e funcionalmente caracterizados em leguminosas (Udvardi et al., 2007). Com a recente publicação do genoma da soja (www.phytozome.net) a identificação, o isolamento e a análise funcional de importantes genes serão acelerados. Essa ferramenta será importante para o estudo de genes regulatórios envolvidos na produtividade da planta, qualidade da semente, fixação de nitrogênio e percepção/resposta e adaptação às mudanças do ambiente (Mochida et al., 2009). O desenvolvimento de recursos “ômicos” (genômica, proteômica, metabolômica) e o conjunto de dados de várias espécies, permitem a comparação das propriedades “ômicas” entre as espécies. Isso promete ser um meio eficiente de encontrar evidências de funções gênicas que são evolucionariamente conservadas. Plataformas de bioinformática tornaramse ferramentas essenciais para acesso aos conjuntos de dados “ômicos” e para a mineração e integração eficiente dos conhecimentos (Mochida et al., 2010). A criação de um banco de dados de fatores de transcrição de soja é crucial para o entendimento das relações de regulação da expressão gênica durante a adaptação do vegetal frente a condições de estresses bióticos. Dois bancos de dados já foram criados: SoybeanTFDB (Mochida et al., 2009) e o SoyDB (Wang et al., 2010). (A) SoybeanTFDB (http://soybeantfdb.psc.riken.jp/index.pl) Banco de dados público, hospedado pelo RIKEN Plant Science Center, que fornece 5035 predições de fatores de transcrição codificados por sequências gênicas anotadas no genoma da soja – modelo Glyma1.0 – do Phytozome (Mochida et al., 2009). A busca por sequências específicas de ligação ao DNA de fatores de transcrição foi realizada utilizando 51 modelos ocultos de Markov (HMMs) do banco de dados do Pfam, além de 11 modelos originalmente criados através do HMMbuild1 do pacote HMMER2. De todo o genoma da soja 6,56% foi predito como codificante de fatores de transcrição (Mochida et al., 2009). Os fatores de transcrição foram classificados em 61 famílias baseado na presença de domínios específicos para cada família descrita anteriormente para Arabidopsis (Mochida et al., 2009). 14 (B) SoyDB (http://casp.rnet.missouri.edu/soydb/) Banco de dados apoiado pelo National Science Foundation (NSF) e pela Universidade do Missouri que fornece 6665 sequências de fatores de transcrição separados em 64 famílias baseadas no genoma da soja do Phytozome (Wang et al., 2010). O programa InterProScan (Zdobnov et al., 2001) foi utilizado para uma busca sistemática dentro dos bancos de dados do InterPro usando a metodologia correspondente de cada banco para localização de domínios específicos. As proteínas preditas contendo domínios relatados como de fatores de transcrição foram consideradas como tal. Uma triagem manual foi realizada utilizando como referência o banco de dados PlnTFDB (RiañoPachón et al., 2007) e os fatores de transcrição de Medicago truncatula para eliminar sequências erroneamente classificadas (Wang et al., 2010). Para a classificação em famílias, as sequências de fatores de transcrição de cada uma das 64 famílias de Arabidopsis foram alinhadas através do programa MUSCLE (Edgar, 2004). O alinhamento múltiplo originado foi então utilizado como input do programa SAM 3.52 para construção do modelo oculto de Markov (HMM), ou seja, predição de domínios específicos que identificam cada família. Cada sequência de fator de transcrição de soja foi alinhada com cada um dos 64 HMMs e o alinhamento que resultou em um menor e value foi considerado como de melhor desempenho e a sequência foi então classificada como sendo daquela família (Wang et al., 2010). A criação de um banco consenso abrangendo o máximo de sequências possíveis e não redundantes facilitaria a compreensão dos fatores de transcrição em soja. 1 2 http://www.csb.yale.edu/userguides/seq/hmmer/docs/node19.html http://compbio.soe.ucsc.edu/sam.html 15 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral O trabalho teve como objetivo geral a criação de um banco de dados consenso de fatores de transcrição com o maior número de sequências possíveis e utilizá-lo para a identificação de genes possivelmente ligados na resposta à ferrugem. 3.2. Objetivos Específicos • criação softwares para facilitar a análise e organização dos dados; • desenvolvimento um banco de dados (LBM) de fatores de transcrição; • comparação o banco de dados criado e o SoybeanTFDB e SoyDB; • criação um banco consenso (SoyLBM); • identificação na literatura fatores de transcrição de outras espécies vegetais comprovadamente ligados na defesa contra patógenos/ferrugem; • criação cladogramas para seleção de genes do banco consenso possivelmente ligados na resposta à ferrugem; • validação dos genes selecionados por RT-qPCR. 16 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Desenvolvimento de softwares Para facilitar a análise do resultado do BLAST local (Altschul et al., 1990), a criação do banco de dados LBM, o consenso e a comparação entre o banco de dados criado e os existentes, dois softwares foram desenvolvidos, BRa – BLAST Results Analysis e o Venn Diagram For Proteins, em parceria com o Engenheiro Filipe Guerra Soares. Os programas foram desenvolvidos na plataforma Borland Delphi, na linguagem Pascal para Windows. O registro do software BRa foi publicado na revista do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) no dia 03 de novembro de 2010 (processo número 10991-1). 4.2. Desenvolvimento do banco de fatores de transcrição As sequências de ESTs de fatores de transcrição de soja foram obtidas do banco de dados Soybean Transcription Factor Database¹ e as sequências do genoma da soja foram obtidas do banco de dados Phytozome². Um BLASTX local foi realizado com e value de 1e05 entre os bancos. As sequências foram organizadas em famílias de acordo com a separação do banco Soybean Transcription Factor Database. Utilizando o software BRa, o resultado do BLAST foi tratado e organizado numa lista, formando o banco de dados de fatores de transcrição - LBM. 4.3. Comparação entre os bancos de dados e criação do banco consenso Para a comparação entre os três bancos foi utilizado o software Venn Diagram For Proteins, que identifica sequências comuns entre os bancos e cria um Diagrama de Venn com os dados. Todas as sequências foram agrupadas, sem redundância para a criação do banco de dados consenso. ¹ http://planttfdb.cbi.pku.edu.cn:9010/web/index.php?sp=gm ² ftp://ftp.jgi-psf.org/pub/JGI_data/phytozome/v5.0/Gmax/annotation 17 4.4. Análise das sequências únicas do banco de dados LBM E value é um valor que mostra o quanto a sequência, ou parte dela, é parecida com a sequência de entrada. Um e value baixo pode significar apenas que parte da sequência (um domínio, por exemplo) é parecida com a sequência de entrada e, por isso, fatores como a cobertura e identidade devem ser levadas em consideração no resultado do BLAST. Como o e value foi o único ponto de corte considerado para o desenvolvimento do banco LBM, as sequências identificadas como únicas para este banco de dados foram analisadas através de um BLAST realizado com o programa BLASTcl3 contra o banco de dados do NCBI, para diminuir as contaminações provenientes de um ponto de corte baixo. Os parâmetros utilizados no programa foram: programa utilizado tblastn (-ptblastn), banco de dados não redundante (-dnr), e value e-10 (-e10), 20 descrições (-v20) e 1 alinhamento (–b1). No comando de linha do programa BLASTcl3: blastcl3 –ptblastn –dnr –e10 –v20 –b1 –i(input file) –o(output file). Todas as sequências que obtiveram resultados no BLAST como fator de transcrição de qualquer organismo foi considerado como tal. 4.5. Busca de fatores de transcrição já identificados como ligados na resposta à ferrugem Uma busca textual foi feita no NCBI1 para identificação de fatores de transcrição já documentados por estarem envolvidos na defesa contra patógenos em especial à ferrugem de diferentes espécies. Os textos “transcription factors”, “rust”, “pathogen” e “soybean” foram combinados de maneira a buscar as proteínas de interesse. 4.6. Criação de cladogramas das famílias e identificação de possíveis genes ligados na resposta à ferrugem Utilizando ferramentas do pacote CLC Main Workbench foi feito um alinhamento acurado entre as sequências de fatores de transcrição, separados por famílias e as sequências mineradas pelo NCBI comprovadamente ligadas à defesa contra patógenos e ferrugem. Para o alinhamento foram utilizados os parâmetros padrões do programa (gap open cost de 10; gap extension cost de 1). Os cladogramas foram construídos utilizando o algoritmo Neighbor Joining e 100 repetições. 1 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ 18 4.7. Comparação entre os genes candidatos e biblioteca subtrativa Utilizando o portal do Consórcio GENOSOJA1 foi realizado um BLAST dos genes candidatos com a biblioteca subtrativa de genes diferencialmente expressos durante a infecção pela ferrugem na tentativa de identificar se alguns genes já foram caracterizados pelo grupo do GENOSOJA. 4.8. Montagem de oligonucleotídeos para RT-qPCR Sequências do mesmo grupo ou alinhadas próximas nas árvores filogenéticas foram selecionadas para montagem dos oligonucleotídeos para o RT-qPCR. O programa Primer3Plus2 foi utilizado para desenho dos oligonucleotídeos, utilizando como parâmetros: tamanho final dos produtos de 100-150, tamanho do oligonucleotídeo de 18-20-22, Tm do oligonucleotídeo de 59-60-61, e porcentagem de GC do oligonucleotídeo de 40-50-60. Oligonucleotídeos para duas sequências de genes constitutivos (Actina e GAPDH1) foram desenhados para serem usados como calibradores endógenos. Quadro 1 – Oligonucleotídeos direito e reverso dos genes analisados neste estudo. Gene Nome Oligonucleotídeo Direito Oligonucleotídeo Reverso Actina Actina GAGACATCCGAGACCAGCTC AATGCCTGATGCTTCCATTC GAPDH1 GCATCGGAGGGAAGTATGAA AATGCATGATGGTGGCATAC GAPDH1 1 2 Glyma06g08390.1 bZIPA CTTACCGGATGCGATGACTT TCAATGGTTGCAGTGATGGT Glyma03g40730.1 bZIPB GTTGGGAGGCATTTCTTCAA CCAGGCTAGCCACTCTATGC Glyma20g36750.2 bZIPC CCAAACTTCCTCCCAGATGA GGAAGAAGACGGAGGAGAGG Glyma13g36870.1 bZIPD GCTTCCACCAACCATCTTGT GCATTGGCTTTCAACCTCAT Glyma05g30170.1 bZIPE ACAGACACAGCCACAACAGC GTCTTGCCCTGAATTGGTGT Glyma12g36540.4 MBF1A TTCACAAGCCACAGTTCAGC TCCTTTTTCCCATTTGCTTG Glyma01g18320.1 MBF1B CCCACCGCAATTCACTACTT CCTCCCATAGCCACAGTTTC Glyma02g02440.2 WhyA AAAAACCTGCGAACATGGAG TGGAGTTTCCAAAGGCATTC Glyma08g40850.4 WhyB AGCTTCACTCTCCTCCACCA AAAAAGGGTGGTTTGGGAAT Glyma08g23380.4 WRKYA AGCTGCCCTGTCAAAAAGAA AACCAAGGGTCACACTACGG Glyma17g33920.1 WRKYB AAAACACACCCCAAGGATGA AAATGGGAGCCATGTAGCAC Glyma01g06550.1 WRKYC AAGCGCTCAAAAGACACCAT GATGATCAGCTGTTGCCTGA Glyma19g36100.1 WRKYD AAGCCAGCAATGAATCAACC GTTTTGCCGTTGGCTTGTAT Glyma14g11960.1 WRKYE CTGGGTGATGGAGTTTTGGT TGCTTTTGCAGAGCCTTGTA Glyma10g00900.1 ZF-HDA TGAGCGCGATATTGAACAAG TCAGGGCGCAAGTATCTTCT Glyma08g24970.1 ZF-HDB TCCAGTCTCGAGGCAAGTTT AAGCAGATGGCGTACAAACC http://bioinfo03.ibi.unicamp.br/soja/ http://www.bioinformatics.nl/cgi-bin/oligonucleotídeo3plus/oligonucleotídeo3plus.cgi 19 4.9. Síntese de cDNA para RT-qPCR Os RNAs utilizados no trabalho foram cedidos pelo Consórcio do GENOSOJA. Para isto foram infectadas plantas resistentes (PI561356) e suscetíveis (EMBRAPA48) à ferrugem asiática. A infecção foi induzida através da pulverização de uma suspensão de esporos (3x105 esporos/mL) em plantas nos estágios V2 para V3 de crescimento em triplicata. Após 12, 24 e 48 horas de inoculação as folhas das plantas foram coletadas para extração de RNA. A qualidade das amostras foi avaliada em gel de agarose 1% os RNAs foram quantificados em espectrofotômetro a 260nm, utilizando a relação 40µg/mL de RNA por unidade de densidade óptica (Figura 6). Para a síntese dos cDNAs, 4µg de cada RNA foi tratado com DNAse (RQ1 DNAse Promega – 1µL/2µg de RNA) segundo protocolo do fabricante. Quatro microlitros do RNA tratado foram utilizados para a síntese de cDNA utilizando o kit ImProm II Reverse Transcription System (Promega), de acordo com as recomendações do fabricante. As amostras de RNA das diferentes condições foram incubadas como 1µL de oligodT a 70oC por 5min e, em seguida, incubadas a 4oC por 5min. Posteriormente, foram adicionados tampão de reação ImProm II 1X, MgCl2 3mM, mix de dNTPs (0,5mM de cada), 1U/µL de inibidor de ribonuclease RNAseOUT e enzima transcriptase reversa ImProm II (200U). As amostras foram incubadas a 25oC por 5min, para anelamento dos oligonucleotídeos, 42oC por 60min para extensão da fita de DNA e a 70oC, por 15min, para a inativação da transcriptase. Os cDNAs obtidos foram armazenados a -20oC. 4.10. RT-qPCR As reações de PCR em tempo real foram feitas utilizando o aparelho ABI Prism 7500 Sequence Detection System (Applied Biosystems). Baseado nos valores de Ct (Clycle threshold), que é o ponto em que a fluorescência aumenta apreciavelmente acima da fluorescência ruído, foi realizado a quantificação relativa pelo método 2-∆Ct descrito por Livak e Schmittgen (2001). A detecção foi realizada pelo sistema SYBR Green Master Mix (Applied Biosystems), sendo que o gene que codifica a actina e GAPDH1 foram utilizados como normalizadores para a quantificação dos genes alvo bZIPB, bZIPE, MBF1B, WhyB, WRKYA e WRKYC. As amostras foram analisadas em três repetições biológicas, quantificadas em corridas independentes, sendo cada amostra analisada em duplicata em cada placa de 20 reação. As análises de quantificação relativa de cada gene foram feitas em tubos individuais. Inicialmente foi feito um ensaio para a determinação da eficiência da reação. O teste de eficiência foi realizado em diluições seriadas de 100, 10-1, 10-2 e 10-3 do cDNA. Para o cálculo do valor de coeficiente angular da reta (slope) foi utilizada a fórmula Eficiência PCR = (10(1/-slope)-1)x100. Após 40 ciclos de amplificação todas as amostras foram submetidas à desnaturação gradual para elaboração da curva de dissociação (melting). As amostras foram aquecidas com incremento de 1oC durante 30seg, partindo de 60oC até atingir o limite de 94oC. As condições de amplificação para todos os sistemas foram 50oC por 2min, 95oC por 10min, 40 ciclos de desnaturação a 95oC durante 30seg e anelamento e extensão a 60oC durante 30seg. 21 Figura 6 – Gel de agarose 1% mostrando a qualidade e a concentração (µg/µL) do RNA. 22 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. BRa – BLAST Results Analysis O BRa (Figura 7) é um software que foi desenvolvido para auxiliar a organização e análise dos dados gerados pelo BLAST local (Altschul et al., 1990). O programa ordena o resultado do BLAST gerando uma lista no formato FASTA que pode ser usada como banco de dados e para outras análises em outros softwares que requerem o formato FASTA. A organização dos resultados em formato FASTA facilita a utilização e análise dos dados em outros programas, já que este formato é o mais utilizado atualmente. A B Figura 7 – (A) Tela inicial do programa. (B) Exemplo de um arquivo de saída do BLAST local. Em destaque a sequência de entrada (1) e os resultados (2). 5.1.1. O aplicativo e os arquivos de entrada O programa BRa utiliza três arquivos de entrada (Figura 8), sendo dois deles opcionais: a) .bst – é o arquivo de saída do BLAST local e arquivo de entrada principal, este é o resultado que o BRa irá organizar de maneira simplificada; b) .fa – arquivo contendo as sequências usadas como banco de dados para comparação feita com o BLAST, este arquivo é opcional e recomenda-se utilizá-lo quando se deseja obter a lista de resultados em conjunto com as sequências; 23 c) .gen – arquivo contendo sequências com a separação em famílias ou blocos, este arquivo é opcional e recomenda-se utilizar quando os genes podem ser separados em famílias. Todas as extensões (.fa, .bst, .gen) são arquivos de texto simples, sem formatação. Figura 8 – Interface gráfica do programa mostrando onde pode selecionar os inputs (.bst, .fa e .gen), assim como escolher retirar ou não as sequências redundantes ou incompletas, o nome do arquivo de saída ou inserir as sequências de entrada no output. 5.1.2. Processamento dos dados O programa possui um arquivo de saída básico com uma lista dos resultados do BLAST. O programa lê o arquivo de saída do BLAST (.bst) e reconhece as sequências de entrada e os resultados que produziram alinhamento significante, compilando os resultados e organizando numa lista as sequências de entrada com os resultados correspondentes (Figura 08). O programa pode também ser usado com um segundo arquivo de entrada - .fa – que contém as sequências dos resultados - o BRa organiza as sequências dos resultados no formato FASTA para que o usuário possa usar o arquivo de saída para análises futuras. BRa pode também analisar os dados obtidos, buscando sequências completas ou repetidas. O programa lê todas as sequências anotadas e apaga todas as que não estão completas (não possuem o códon de iniciação ATG ou um dos códons de terminação TGA, TAA ou TAG). Esta opção só funciona para sequências de nucleotídeos. As sequências redundantes também podem ser removidas do arquivo de saída. 24 A separação das sequências em famílias pode ser feita com o 3º arquivo de entrada (.fa). O usuário pode gerar uma lista com os sequências de entrada separados em famílias para a análise e diferenciação dos resultados em famílias a partir dos sequências de entrada. O programa possui também a opção de organização dos dados tabelados provenientes do BLAST. O BLAST pode gerar um arquivo de saída tabelado, usando o comando “-m”, mas este resultado é desorganizado, sem títulos. O BRa organiza esses dados em uma tabela mais simples de visualizar (Figura 9). Figura 9 – Exemplo de um arquivo de saída tabelado do BRa 5.1.3. Arquivo de saída O arquivo de saída do programa possui uma lista de resultados do BLAST. Esta lista pode conter as sequências em formato FASTA, sem repetições, completas e separadas por famílias, dependendo da necessidade do usuário (Figura 10). 25 A B C D Figura 10 – Exemplos de arquivos de saída do BRa. (A) Lista simples em modo FASTA com todos os resultados. (B) Lista dos resultados separados pelas sequências de entrada. (C) Lista dos resultados separados pelas sequências de entrada e em famílias. (D) Resultado mais completo, separado em famílias, mostrando as sequências de entrada dos resultados. 26 5.2. Venn Diagram For Proteins Venn Diagram For Proteins é um software para comparação entre o banco de dados criado (LBM) e os bancos existentes (Figura 11). A B Figura 11 – (A) Tela inicial e (B) Interface gráfica do programa Venn Diagram For Proteins. 5.2.1. Arquivo de entrada Os arquivos de entrada devem conter uma lista de sequências em formato FASTA, cada banco deve estar organizado em uma pasta e os arquivos a serem comparados devem ter o mesmo nome dentro das pastas separadas e as pastas devem conter o mesmo número de arquivos. 5.2.2. Processamento de dados e arquivo de saída O programa atua de maneira simples, identificando as sequências comuns entre dois ou três bancos e montando um output mostrando a quantidade de interseções e listando todas as sequências não redundantes entre todos os bancos; gerando assim um banco de dados consenso e mais completo a partir dos bancos iniciais. O arquivo de saída do programa é um arquivo de texto simples, sem formatação (.txt). 27 5.3. Desenvolvimento do banco de fatores de transcrição, comparação com os outros bancos e criação do banco consenso O banco de dados LBM, criado utilizando o BRa, possuí 4429 sequências. Quando comparadas com as sequências dos bancos SoyDB e SoybeanTFDB, utilizando o programa Venn Diagram For Proteins, foram identificadas 574 sequências específicas do banco LBM e 3855 sequências comuns com os outros bancos (Figura 12A). A B Figura 12 – Diagramas de Venn mostrando a comparação entre os três bancos e quantas sequências de interseção existem entre eles (A) antes e (B) depois de analisar as sequências únicas do banco LBM. Do total de sequências não redundantes, 34,09% são sequências específicas de um dos bancos e 65,91% são sequências comuns entre os três bancos. As 574 sequências que foram identificadas como únicas para o banco LBM foram submetidas a um BLAST contra o banco de dados do NCBI através do programa BLASTcl3. 28 Apenas as 119 sequências (Figura 12B) que obtiveram resultados diretos como fatores de transcrição foram considerados como tal. Neste teste, muitas sequências obtiveram resultados apenas com proteínas hipotéticas, putativas ou desconhecidas e elas foram desconsideradas como fatores de transcrição e, portanto, muitos fatores podem ter sido descartados neste teste subestimando o banco. Dentre as principais contaminações estão proteínas de aquoporinas, celulases e beta tubulinas, que podem conter regiões com função de fatores de transcrição em sua sequência, mas isso só poderia ser visualizado experimentalmente. Para a criação do banco consenso (SoyLBM), foram somadas todas as sequências, sem redundância, criando um banco com 7202 sequências, 7,46% a mais de sequências do que o banco SoyDB (Wang et al., 2010) e 30,09% a mais que o banco SoybeanTFDB (Mochida et al., 2009). 5.4. Busca de fatores de transcrição responsivos à ferrugem asiática Na busca textual utilizando o NCBI, oito proteínas se destacaram como ligadas à defesa contra patógenos ou à ferrugem. Estas oito proteínas estão classificadas em cinco famílias de fatores de transcrição e pertencem a cinco organismos diferentes (Quadro 02). A proteína TaMBF1a, da família MBF1 de Triticum aestivum L. é super expresso quando a planta é infectada com Puccinia striiformis f. sp.tritici (Zhang et al., 2009); StWhy1, da família Whirly de Solanum tuberosum está ligado a resistência ao patógeno Phytophthora infestans (Desveaux et al., 2004); membros específicos da família WRKY mostram maior expressão e ligação ao DNA após a indução por patógenos, sinais de defesa e ferimento (Singh et al., 2002); G/HBF-1, da família bZIP de Glycine max está ligado a resistência a Pseudomonas syringae pv. Glycinea (Dröge-Laser et al., 1997). 29 Quadro 2 – Resultado da busca textual no NCBI, mostrando os genes ligados na resposta à ferrugem e a defesa contra patógenos e as famílias que eles pertencem. Nome Família Função Espécie Referência G/HBF-1 bZIP Defesa contra patógenos Glycine max Dröge-Laser et al. (1997) TabZIP bZIP Defesa contra ferrugem Triticum aestivum Não publicado (GenBank: GQ266689.1) (2009) TaMBF1 MBF1 Defesa contra ferrugem Triticum aestivum Zhang et al. (2009) AtWhy1 Whirly Defesa Arabidopsis Desveaux et at. (2005) PBF-2 Whirly Defesa contra patógenos Solanum tuberosum Desveaux et at. (2005) WRKY4 WRKY Defesa contra patógenos Arabidopsis Lai et al. (2008) HvWRKY3 WRKY Defesa contra patógenos Hordeum vulgare Mangelsen et al. (2008) TaZF1 ZF-HD Defesa contra ferrugem Triticum aestivum Não publicado (GenBank: HM037188.1) (2010) Durante a busca textual, não foi identificado nenhum trabalho que estude a interação dos fatores de transcrição em resposta à ferrugem na soja o que torna o presente trabalho muito importante para o entendimento do controle da expressão gênica durante o estabelecimento da infecção pelo fungo P. pachyrhizi. 5.5. Cladogramas e identificação de possíveis genes responsivos à ferrugem Cladogramas para cada família foram criados e mostraram uma alta correlação entre a maioria das sequências, evidenciada pelos altos valores de bootstraps dando suporte aos clados (Figura 13). A 30 B C D E Figura 13 – Partes dos cladogramas mostrando as sequências que se agruparam mais próximas às proteínas comprovadamente ligadas à defesa contra patógenos. (A) Família bZIP (B) Família ZF-HD (C) Família Whirly (D) Família MBF1 (E) Família WRKY. Em destaque, as proteínas do banco consenso selecionadas como possíveis candidatos. 31 Os genes candidatos foram escolhidos por estarem no mesmo clado onde está o gene minerado na busca textual e uma ou mais sequências de clados vizinhos. Assim, dezesseis genes candidatos (Figura 14) foram escolhidos para a validação por RT-qPCR. Figura 14 – Localização dos dezesseis genes candidatos dentro dos bancos de dados. 5.6. Comparação dos genes candidatos com a biblioteca subtrativa Os dezesseis genes candidatos foram comparados com a biblioteca subtrativa – biblioteca que contém os genes diferencialmente expressos quando a planta é infectada – do GENOSOJA e quatro deles deram resultados significativos. Quadro 3 – Resultado do BLAST Gene Nome Resultado e value Glyma03g40730.1 bZIPB SJ23-E2-002-L11-F02-ES.F 0.0 Glyma20g36750.2 bZIPC SJ23-E2-002-L11-F02-ES.F e-103 Glyma01g06550.1 WRKYC SJ23-E2-023-L10-H12-ES.F e-126 Glyma08g40850.4 2e-43 WhyB SJ23-E2-010-L11-B04-ES.F O gene bZIPB obteve um resultado com e value de zero, indicando que, provavelmente, este é o gene que está catalogado na biblioteca subtrativa do consórcio como SJ23-E2-002-L11-F02-ES.F e, portanto, é responsivo à ferrugem, por ser diferencialmente expresso quando a planta está infectada. 32 5.7. RT-qPCR 5.7.1. Eficiência da reação e seleção de oligonucleotídeos Um dos dezoito genes testados não teve expressão (ZF-HDA), três tiveram baixa expressão (bZIPD, GAPDH1 e WRKYD) e um obteve dois picos na curva de melting (MBF1A), indicando dois amplicons, ou seja, o oligonucleotídeo não foi específico (Anexo I). A análise destes cinco genes foi inicialmente descartada e serão desenhados novos oligonucleotídeos para posteriores análises. Foram então selecionados para análise os genes mais próximos do gene comprovadamente ligado na resposta à defesa de cada uma das cinco famílias. E o gene bZIPB foi mantido devido a este gene já ter sido identificado anteriormente pelo grupo GENOSOJA por ser induzido durante a infecção por P. pachyrhizi. Portanto, os genes bZIPA, bZIPC, WhyA, WRKYB, WRKYE e ZF-HDB foram separados para posterior análise. Os outros sete genes foram utilizados para análise de expressão, os valores de eficiência e slope dos oligonucleotídeos destes genes estão representados no Quadro 04 (as curvas padrão estão no Anexo II). Quadro 4 – Valores de eficiência e slope dos oligonucleotídeos Nome Eficiência (%) Slope Actina 90.52 -3.572 bZIPB 99.639 -3.313 bZIPE 92.38 -3.152 MBF1B 79.597 -2.214 WhyB 94.263 -3.192 WRKYA 93.772 -3.181 WRKYC 98.274 -3.364 5.7.2. Análises de expressão A expressão dos genes foi avaliada em cultivares de soja resistente e suscetível após a infecção pelo fungo P. pachyrhizi. O cultivar resistente não possui imunidade à doença, e sim a infecção demora mais tempo para conseguir se estabelecer nesses cultivares. Dois dos genes analisados (WhyB e bZIPE) apresentaram dois picos na curva de melting (Anexo IV) apesar de terem apresentado um pico único no experimento de eficiência (Anexo III). O que pode ser explicado pelo aumento da concentração de cDNA nesse experimento ter sido ser quatro vezes maior (400ng) em relação ao experimento de eficiência da reação. A maior quantidade de cDNA pode ter favorecido a amplificação de amplicons menores e 33 inespecíficos, inviabilizando a utilização dos resultados para a análise de expressão. Novos oligonucleotídeos estão sendo desenhados para posterior análise destes genes. As análises de expressão dos genes – bZIPB, WRKYA e WRKYC – mostram uma indução tardia nos cultivares resistentes em comparação com a cultivar suscetível. Como o estabelecimento da infecção ocorre tardiamente nos cultivares resistentes, os genes podem estar sendo induzidos após o estabelecimento da infecção (Figura 16). A B 34 C D Figura 15 – Gráficos mostrando análise de expressão relativa dos genes (A) MBF1B, (B) bZIPB, (C) WRKYA e (D) WRKYC. *A quantificação é relativa ao nível de expressão da actina. Assim como o aumento da expressão dos genes da família WRKY após 24h (nos cultivares suscetíveis) e 48h (nos cultivares resistentes) (Figura 16C e D), estudos demonstram o aumento da expressão do gene Hvwrky3 de cevada após 20h de tratamento com o patógeno Blumeria graminis (Mangelsen et al., 2008) e do gene Atwrky4 de Arabidopsis após 48h da infecção, com o patógeno Botrytis cinerea (Lai et al., 2008), sugerindo que estes genes são condidatos a estudos mais avançados para determinar seus papéis no estabelecimento da infecção pelo fungo P. pachyrhizi. Sabe-se que o gene G/HBF1 de soja é estimulado após inoculação com Pseudomonas syringae pv. glycinea (Dröge-Laser et al., 1997), esses dados são consistentes com o aumento da expressão do gene da família bZIP após 24h de inoculação 35 no cultivar suscetível e 48h no cultivar resistente. Dados não publicados do consórcio do GENOSOJA, cedidos pela Doutora Francismar Correa Marcelino, mostram que o gene bZIPB tem aumento significativo da expressão em 48h de infecção no cultivar resistente (PI561356), nas mesmas condições. Os dados sugerem que os genes das famílias bZIP e WRKY selecionados por similiaridade de sequência, podem possuir função de defesa similar aos genes pertencentes as mesmas famílias de outros organismos. Por causa dos eventos de duplicação do genoma, os níveis de expressão analisados podem estar superestimados. Se os genes possuem parálogos de mesma função, regulados pelo mesmo promotor, os niveis de expressão obtidos no experimento podem ser representativos de dois ou mais genes. Uma análise mais acurada dos genes e dos seus parálogos é necessária para o correto exame dos valores obtidos. Na família MBF1, estudos demonstraram a indução do gene TaMBf1a de trigo tanto nas interações compatíveis quanto incompatíveis com o patógeno Puccinia striiformis f. sp.tritici (Zhang et al., 2009). O nível de expressão aumenta nas interações incompatíveis após 18h de infecção e nas compatíveis, após 12h, mas o nível de expressão máxima nas duas interações é estatisticamente igual. A família MBF1 demonstrou o mesmo comportamento em relação aos cultivares resistentes e suscetíveis, o nível de expressão não foi diferente (Figura 16A). O gene pode estar ligado a uma resposta mais geral à infecções no vegetal, não necessariamente a esta infecção espcífica. Os dados demonstram que os genes bZIPB, WRKYA e WRKYC são responsivos a infecção e os cultivares resistentes possuem uma resposta tardia provavelmente porque a infecção demora mais a se estabelecer. 36 6. CONCLUSÃO Com o desenvolvimento deste trabalho foi possível: • a criação de dois softwares para facilitar a análise e organização dos dados; • o desenvolvimento de um banco de dados de fatores de transcrição (LBM); • a comparação entre o banco LBM e os existentes; • a criação de um banco consenso (SoyLBM); • a identificação na literatura de fatores de transcrição de outras espécies comprovadamente ligados na defesa contra patógenos/ferrugem; • a criação de cladogramas para seleção de genes do banco consenso que possivelmente são responsivos à ferrugem; • a validação de quatro genes por RT-qPCR. Os dados demonstram que o gene MBF1B pode estar ligado a uma resposta mais geral a infecções por não possuir diferença de expressão entre os dois cultivares. Mas as diferenças de expressão dos genes bZIPB, WRKYA e WRKYC demonstram que eles são responsivos a infecção quando esta já está estabelecida e são candidatos a estudos funcionais mais aprofundados, como obtenção de plantas transgênicas super-expressando ou nocaute para o estudo destes genes na resposta a infecção pelo fungo P. pachyrhizi. 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTSCHUL, S.F., GISH, W., MILLER, W., MYERS, E.W. & LIPMAN, D.J. Basic local alignment search tool. Journal of Molecular Biology. 215:403-410 – 1990. APSnet - http://www.apsnet.org/publications/imageresources/Pages/IW000065.aspx (acesso em 08 de janeiro de 2011). AZEVEDO, L. A. S., JULIATTI, F. C., BALARDIN, R. S., SILVA, O. C.; Programa Syntinela: Monitoramento da dispersão de Phakopsora pachyrhizi e alerta contra ferrugem asiática da soja. Boletim técnico. Campinas, p.24 – 2004. AZEVEDO, L. A. S.; Proteção integrada de plantas com fungicidas: teoria, prática e manejo. Campinas: Emopi Gráfica, p.230 – 2001. BALARDIN, R. S.; Doenças da soja. Santa Maria, p.107 - 2002. BROMFIELD, K. R., HARTWIG, E. E.; Resistance to soybean rust and mode of inheritance. Crop science, Madison, v.20, p. 254-255 - 1980. BROMFIELD, K. R.; Soybean rust. Saint Paul: the american phytopathological society press. p. 65 – 1984. CALVO, E. S., KIIHL, R. A. S., GARCIA, A., HARADA, A., HIROMOTO, D. M. Two major recessive soybean genes conferring soybean rust resistance. Crop Science, Madison, v.48(4), p. 1350-1354 – 2008. Consórcio Antiferrugem - http://www.consorcioantiferrugem.net/ (acesso em 10 de outubro de 2010). DANGL, J. L., JONES, J. D. G.; Plant pathogens and integrated defence responses to infection. Nature, v.411, p.826-833 – 2001. DATF - http://datf.cbi.pku.edu.cn/ - 2010 (acesso em 19 de outubro de 2010). DESVEAUX, D., SUBRAMANIAM, R., DESPRÉS, C., MESS, J., LÉVESQUE, C., FOBERT, P. R., DANGI, J. L., BRISSON, N.; A “Whirly” transcription factor is required for salicylic acid-dependent disease resistance in Arabidopsis. Cell Press, v.6, p.229240 – 2004. DRÖGE-LASER, W., KAISER, A., LINDSAY, W. P., HALKIER, B. A., LOAKE, G. J., 38 DOERNER, P., DIXON, R. A., LAMB, C.; Rapid stimulation of a soybean proteinserine kinase that phosphorylates a novel bZIP DNA-binding protein, G/HBF1, during the induction of early transcription-dependent defenses. The EMBO Journal, v.16, n.4, p.726-738 – 1997. EDGAR, R. C; MUSCLE: multiple sequence alignment with high accuracy and high throughput. Nucleic Acids Research, 19; 32(5):1792-7 – 2004. EMBRAPA - http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/2009/maio/3a-semana/novacultivar-de-soja-facilita-manejo-da-ferrugem/ – 2009 (acesso em 18 de outubro de 2010). EMBRAPA - http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/2009/maio/3a-semana/novacultivar-de-soja-facilita-manejo-da-ferrugem/ - 2010 (acesso em 19 de outubro de 2010). EMBRAPA Soja - http://www.cnpso.embrapa.br/alerta/ver_alerta.php?cod_ pagina_sa=35 – 2010 (acesso em 18 de outubro de 2010). Fitopatologia.net - http://www6.ufrgs.br/agronomia/fitossan/fitopatologia/ - 2010 (acesso em 18 de outubro de 2010). Fundação MT - http://www.fundacaomt.com.br/ - 2010 (acesso em 19 de outubro de 2010). GARCIA, A., CALVO, E. S., KIIHL, R. A. S., HARADA, A., HIROMOTO, D. M., VIEIRA, L. G. E. Molecular mapping of soybean rust (Phakopsora pachyrizi) resistance genes: Discovery of a novel lócus and alleles. Theoretical and Applied Genetics, Heidelberg, v.117, p.545-553 – 2008. GHINI, R., KIMATI, H.; Resistência de fungos a fungicidas. EMBRAPA Meio Ambiente. Jaguariúna, p78 – 2000. GODOY, C. V., CANTERI, M. G.; Efeitos protetor, curativo e erradicante de fungicidas no controle da ferrugem da soja causada por Phakopsora pachyrhizi, em casa de vegetação. Fitopatologia Brasileira. Brasília, v.29, n.1, p.97-101 – 2004. GOELLNER, K., LOEHRER, M., LANGENBACH, C., CONRATH, U., KOCH, E., SCHAFFRATH, U.; Phakopsora pachyrhizi, the causal agent of Asian soybean rust. 39 Molecular Plant Patology, 169-177, 11(2) – 2010. HARTWIG, E. E., BROMFIELD, K. R. Relationships among three genes conferring specific resistance to rust in soybeans. Crop Science, Madison, v.23(1), p. 237-239 – 1983. HARTWIG, E. E.. Identification of a fourth major gene conferring resistance to soybean rust. Crop Science, Madison, v.26(4), p. 1135-1136 – 1986. HEWITT, H. G; Fungicides in crop protection. Wallingford: CAB International. p.232 – 1998. HINSON, K., HARTWIG, E. E.; Soybean production in the tropics. Rome: FAO-UM AGPC, 92p 1977. KILLGORE, E., HEU, R.; First reporto f soybean rust in Hawaii. Plant disease. St. Paul, v.78, n.1, p.12-16, 1994. KOCH, E., EBRAHIMNESBAT, F., HOPPE, H. H.; Light and electron-microscopic studies on the development of soybean rust (Phakopsora pachyrhizi Syd) in susceptible soybean leaves. Phytopathology, 106, 302-320 – 1983. LATCHMAN, D. S.; Eucaryotic transcription factors, edn4. San Diego: Academic Press – 2003. LIU L., WHITE, M. J., MacRAE, T. H.; Transcription factors and their genes in higher plants. European Journal of Biochemistry, v.262, i.2, p.247–257 – 2001. MARTIELLO, R. R.; BARBIERI, R. L., CARVALHO, F. I. F. Resistência das plantas a moléstias fúngicas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 27 (1), p.161-168 – 1997. McLEAN, R.J., BARBIERI, R. L., CARVALHO, F. I. F. Inheritance of resistance to rust (Phakopsora pachyrhizi) in soybeans. Australian Journal Agricultural of Research, Melbourne, v.31(5), p.951-956 – 2008. MOCHIDA, K., SHINOZAKI, K., Genomics and bioinformatics resources for crop improvement. Plant & Cell Physiology, v.51(4), p.497-523 – 2010. MOCHIDA, K., YOSHIDA, T., SAKURAI, T., YAMAGUCHI-SHINOZAKI, K., SHINOZAKI, K., TRAN, L.; In silico analysis of transcription factor repertoire and prediction of stress responsive transcription factors in soybean. DNA Research, v.16, 40 p.353-369 – 2009. OTTO, S. P. In polyploids, one plus one does not equal two. Trends in Ecology and Evolution, Oxford, v.18, p.431-433 – 2003. PINHEIRO G.L., MARQUES C.S., COSTA M.D., REIS P.A., ALVES M.S., CARVALHO C.M., FIETTO L.G., FONTES E.P; Complete inventory of soybean NAC transcription factors: sequence conservation and expression analysis uncover their distinct roles in stress response. Gene, 444(1-2):10-23 – 2009. RAMSEY, J.; SHEMSKE, D. W. Neopolyploidy in flowering plants. Annual Review of Ecology and Systematics, Palo Alto, v.33, p. 589-639 – 2002. Revista Rural - http://www.revistarural.com.br/edicoes/2009/Artigos/rev138_soja.html 2009 (acesso em 19 de outubro de 2010). SCHMUTZ, J. CANNON, S. B., SCHLUETER, J., MA, J., MITROS, T., NELSON, W., HYTEN, D. L., SONG, Q., THELEN, J. J., CHENG, J., XU, D., HELLSTEN, U., MAY, G. D., YU, Y.,SAKURAI, T., UMEZAWA, T., BHATTACHRYYA, M. K., SANDHU, D., VALLIYODAN, B., LINDQUIST, E., PETO, M., GRANT, D., SHU, S., GOOSSTEIN, D., BARRY, K., FUTRELL-GRIGGS, M., ABERNATHY, B., DU, J., TIAN, Z., ZHU, L., GILL, N., JOSHI, T., LIBAULT, M., SPECHT, J., GRIMWOOD, J., ROKHSAR, D., STACEY, G., SHOEMAKER, R. C., JACKSON, S. A. Genome sequence of the palaeopolyploid soybean. Nature, v. 463, p. 178-183 – 2010. RIAÑO-PACHÓN D.M., RUZICIC S., DREYER I., MUELLER-ROEBER B.; PlnTFDB: an integrative plant transcription factor database. BMC Bioinformatics, 7;8:42 – 2007. SINGH, K. B., FOLEY, R. C., OÑATE-SÁNCHEZ, L.; Transcription factors in plant defense and stress responses. Plant Biology, 5:430, p.430-436 – 2002. TAKEDA, S., MATSUOKA, M. Genetic approaches to crop improvement: responding to environmental and population changes. Nature Reviews Genetics, v.9, p.444-447 – 2008. UDVARDI, M. K., KAKAR, K., WANDREY, M., MONTANARI, O., MURRAY, J., ANDRIANKAJA, A., ZHANG, J., BENEDITO, V., HOFER, J. M. I., CHUENG, F., TOWN, C. D.; Legume transcription factors: global regulators of plant development 41 and response to the environment. Plant Physiology v.144, p.538-549 – 2007. WANG, Z., LIBAULT, M., JOSHI, T., VALLIYODAN, B., NGUYEN, H. T., XU, D., STACEY, G., CHENG, J.; SoyDB: a knowledge database of soybean transcription factors. Plant Biology, 10:14 – 2010. WENDEL, J. F. Genome evolution in polypliods. Plant Molecular Biology, Dordrecht, v. 42, p. 225-249 – 2000. WOLFE, K. H. Yesterday’s polyploids and the mistery of diploidization. Nature Reviews Genetics, New York, v.2, p. 333-341 – 2001. YORINORI, J. T., NUNES JUNIOR, J.; Soybean germoplasm with resistance and tolerance to “asian” rust and screening methods. South american workshop on soybean rust. Londrina, EMBRAPA Soja, p.13 – 2006. YORINORI, J. T., WILFRIDO, M. P.; Ferrugem da soja: Phakopsora pachyrhizi Sydow. Londrina: EMBRAPA, 2002a. Folder. YORINORI, J. T., YORINORI, M. A., GODOY, C. V; Seleção de cultivares de soja resistente à ferrugem “asiática” (Phakopsora pachyrhizi). In Reunião Sul de Soja da Região Sul, 30. Cruz Alba, Anais, p.94 – 2002b. YORINORI, J. T; Doenças da soja causadas por fungos. Informe agropecuário. Belo Horizonte. v.8, n.94, p.40-46 – 1982. ZDOBNOV E.M., APWEILER R.; InterProScan--an integration platform for the signature-recognition methods in InterPro. Bioinformatics, 17(9):847-8 – 2001. ZHANG Y., ZHANG G., DONG Y., GUO J., HUANG L., KANG Z.; Cloning and Characterization of a MBF1 Transcriptional Coactivator Factor in Wheat Induced by Stripe Rust Pathogen. ACTA Agronomica Sinica, v.35:1, p.11-17 – 2009. 42 Anexos ANEXO I Curvas de amplificação do experimento de eficiência da reação (A) Curva de amplificação mostrando a não expressão do gene ZF-HDA. (B) Curvas de amplificação mostrando a baixa expressão dos genes bZIPD, GAPDH1 e WRKYD respectivamente. 43 Anexos (C) Curva de melting evidenciando os dois picos do gene MBF1A. (D) Exemplo da uma curva de amplificação do gene bZIPB utilizado no trabalho. 44 Anexos ANEXO II Curva padrão da eficiência dos oligonucleotídeos no RT-qPCR Actina bZIPB bZIPE MBF1B WhyB WRKYA 45 Anexos WRKYC 46 Anexos ANEXO III Curvas de melting dos experimentos de eficiência (A) bZIPE e (B) WhyB A B *Valores de Tm: (A) 79,34oC e (B) 74,13oC. 47 Anexos ANEXO IV Curva de melting dos oligonucleotídeos (A) bZIPE e (B) WhyB A B *Valores de Tm: (A) 79,47 oC e (B) 78,87oC. 48