Conhecimiento dos paises hispano-americanos no Brasil, abr. 1956

Transcrição

Conhecimiento dos paises hispano-americanos no Brasil, abr. 1956
T
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/
Reuni6n de Mesa Redonda
Para Discutir los Medios de Intensificar
Él Conocimiento Mutuo entre los Pa1ses de Am~rica
(San Juan, Puerto Rico, · 23-28 de abril de 1956)
-
-
CONHECIMENTO DOS PAISES l{[SPANO-AMERICANOS NO BRASIL
A
'
Rio de Janeiro
1956
..
__
___
ARIO
SU M _
..,.
1.
Introdu~ao.
2.
Relà~Ões
~olamente
Motivos do
do Brasil na Améri ca Espanhola.
e conhec imento m~tuo entre os pa1ses hispano-america nos e
13
o Brasil.
a)
':b)
2
As
Bibliot e cas ~
As l i vrarias e os livros hispano-americanos.
3. O que se est á fazendo no Brasil:
Curso
b)
Curso secundário.
c)
Ensino Superior. Histõria da...América. L1ngua e literatura
espanhola . L1ngua e l iteratura hispano-america nas.
d)
I nstituto Nacional do Livro.
e)
Bi blioteca Nacional.
f)
Rádio Mi nistério da
g)
Mi nistério das Rela~Ões Exteriorese Conv&nios cultuais.
Revis~o dos textos de hist6ria e geografia. Cursos no
exter i or.
h)
Senai .
4.
Conclus'6 es.
5.
Sugestões
Anexo.
Pr~rio.
a)
,.,;
Forma~ao
e ' Recomenda~Ões.
Hist6ri a da América.
de
Doaióes na
Espanhol.
Am~rica
Latina.
Permuta com a América Espanhola.
Edu~Ção.
t~cnicos
Pr ogramas panamericanos.
industriais e a
Am~rica
Espanhola.
26
28
31
- 2 -
1.
Intro~ao.
Motivos do isolamento do Brasil na América Espanhola.
Na fixa~áo final entre o mundo portugues e o espanhol da América do Sul, a
parte espanhola abrange 8.700.000 kJn2
2
"
e a portuguesa 8.500e000km , pouco ou nada
influindo as colonias europ~ias da Guiana.
A parte espanhola da América do Sul
fragmentouse numa variedade de Estados, ao processar-se a luta pela Indepéhdencia,
enquanto o Brasil mantinha íntegros os limites da América Portuguêsa, caracterizando-s~
pela sua unidade.
Qualquer que seja a explica~o sobre as causas da unidade e da variedade do
mundo português e espanhol na América do Sul, o certo é que ao fim do .process..
colonial, antes da expansao da fronteira norte-americana o _B rasil j4 era, em área
territorial continua, o maior Estado de tSdas as Américas.
Acentuou Lafitau,
relembrado ainda recentemente por Sérgio Buarque de Holanda, as dessemelhanças
entre os sistemas portugu~s e espanhol de colanisa~áo.
A obra realizada pela Espanha
lhe parecia comparável a um poema .épico, onde.tudo é dominado por uma ação ~ica,
embelezada por diversos epis6cli.os •.
Os
portugu~es procedem por intervenço'es dispares,
numa grande quantidade de regi5es· diversas
(América do Sul, Africa, Asia), com chefep
distintos, que frequentemente t~ idéias opostas, sem coe~cia e sem esp:írito de
sequencia; uma espécie de -caos, donde nao pode resultar unidade sin~o de fato de que
essas aç~es, essas idéias e ~sses chefes procedem de uma mesma nação.
O contraste
caracterisa a diversidade do comportamento dos dois: povos ibéricos que colonizaram a
América do Sul.
A diversidade surge pelas diferenças de carater que separam os dois
A
~
povos, condicionadas pelas circunstancias distintas que acompaharan a formaçao
nacional.
O caráter
~ - sempre
um produto hist6rico.
- 3 -
t'
\
.
A organiza~ao centralisadora que anima Espanha vem de uma
desunida, que deve vencer as
impediu a
~J
forma~ao
amea~as
desagrega~ao.
de
aspira~ao
conduziu, na •América, ao esfacelamento de seu Império colonial.
nan~as
interiormente
O particularismo espanhol
A ambivalencia da
de um todo coerente.
na~ao
e da
pr~tica
O gesto pelas orde-
precisas, a casuistica complicada dos regulamentos meticulosos, que tudo
pretendem prever e prevenir, como
~
o caso da Recopilacion
~ Ley~ ~
Indias, a
pa~e pela uniformidade e pela simetria, denunciada, ainda _hoje, pelo plano regular
de quase tóaas as cidades hispano-america nas, tao diversas, ni st ~ , das do Brasil
~
~
portugues, onde tude parece se acomodar aos caprichos da natureza e a ley do menos
"
refletem uma ventade enérgica de superar as divisoes internas da
esfor7e,
Em Portugal, ao
espanhola.
contr~ri e ,
na~ao
a mais tranquila facilidade, o aspecto difuso
contradit6rio, algumas v~zes descuidado da atividade colonial, nao se quadra melhor
com as condi~oes de um pais que tende se reunido desde o sêculo XIII numa unidade
perfeita, deveria superar dêste lado qualquer tensáo tr~gica, cualquer problema
urgente?(l)
Como mostreu Bosch-Gimpera, a falta de
espanhol numa sintese coerente, a febril
ossifica~ao,
em guerra
integra~o
combina~ao
dos elementos do mundo
de uma desuniao espiritual e a
de ortodoxia e ceticismo, o poder crescente e desequilibrado de Castela,
perp~tua
em suas fronteiras eu dentro delas, ao
contr~rio
de Portugal,
estabilisado, dividiu a Espanha e transplantou para a América, apesar da unidade
2
'' .
das co 1 on1as,
.
. 1 a t 1va
-~ .
a f ragment a~ao.. ( )
t ~r1ca
e 1 eg1s
(1) Sergio Buarque de Holanda, "Le Brêsil dans la vie Américainevv, in Le· Neuveau
(2)
Monde et l?Europe. Rencontres Internationales de Geneve, 1955, p~gs . 65-67.
P. Bosch Gimpera, vtSpanish problems· through the ages", in Inter-relations of
Cultures. Unesco, 1953, P• 300-315.
- 4O Brasil foi o ~ico pais do Novo Mundo que fez a Indepenru9ncia com a instide um regime monárquico, idêntico ao da Metr6pole .
tui~ao
Nâo se recorreu ã dinastia
estrangeira e a e~ncipa~ao politica toma, no Br~sil, a aparéncia de um desenvolvim ento
natural, feiando as tend;ncias ~ anarquia civil, e contribuind o para conservar intactq
o. patrimonio ,territorial da América Portuguesa.
De outro modo, pergunta Sérgio
Buarque do Holanda, como se poderia explicar que uma
na~ao
tao vasta quanto um conti-
nente, saida de uma experiencia colonial frequenteme nte tao disparatada e por vezes
heteregonea , pudesse resistir tao eficazmente as
for~as
que tinham conduzido ao
esfacelamen to?
A consequenci a imediata é o gigantismo do Brasil, em unidade territorial continua e em popula~àcr. a primeira e a segunda das Arr~ricas.
Sua área é mais de três
vezes maior que a da Argentina e Peru, na América do Sul, e mais de quatro vezes o
México.
Sua popula~ão atual, de 60.000.000 de habitantes
segunda das Américas.
~ente
(dados de 1956), é a
Quando se proclameu a I ndependenci a, possuíamos aproximada-
3.600.000 habitantes, e apesar disto conseguimos manter a unidade nacional
neste vasto território.
Crescemos demograficamen te de 3.600.000 em 1800 para 55.772.000 em 1953,
quando representava mos, na América do Sul
(119 miiPoes) quase 50%.
Pois apesar
disso, com seus quase 6o milhoes , o Brasil é fracamente povoado, com uma densidade
média de .mais ou menos 7 habitantes per km2, a parte que a imigra ~ào tem representado nesse desenvolvim ento é miníma .
Basta considerar que de 1850 a 1950 os imigran-
tes do exterior para o Brasil ascenderam apenas a 4.800.000, dos quais 1.540.000
italianos, 1.480.000 portugueses , 600.000 espanh6is, 230.000 alemáes , 190.000 japoneses.
Cerca de tr~s quartos dêsses imigrados, eu seja 3.400.000, ficaram no pais,
enquanto os demais voltaram para os paises de origem ou se transferiram para outros
'paises de
imigra~ao.
- 5A unidade que tanto bendizemos criou o gigantismo e êste ~ pr oblGmas de
nossa vida antiga e at ual.
Mesmo porque um doa f atores que cont ribuiram para
dar à popula9ão rural do Brasil seus tra~os particulares deve ser buscado na
dispersão muitoprecoce do povoamente .
Enquanto em 1776, os àolonos anglo- saxóes
não se tinham estabelecido numa superficie da América do Norte maior de que a
Fran~a ,
es portugueses desbravaran o Br asil cedo demais e o ocuparam depressa
Assim, desde
demais .
ced~
o Brasil 6
t1n~ário
que une.""em ""'s eti 'inense '"territ6rio
uma. met r6pols-e -colonia.s _e '- a ..met:r6pol~ vive no meio de suas col onias e mal se distingue
delas (2a ).
Temos , assim, a forma~ão de áreas metropolitanas (Rio de Janeiro, ~ào Paulo,
Minas Gerais , Rio Grande do Sul) , áreas satélites e áreas coloniais r epercutindo
na coesao nacional .
integra~ão
Aos aspectos positiv6s da diversidade regional , como fator de
nacional, epoem os perigas do desquilibrio econômico regional.
Basta lembrar que em 1950 notavam- se amplos desniveis da renda per
caEit~
nas várias regiÕes do Brasil, uns com renda alta, média e baixa, s endo que esta
Última concentra 40
%da
popula9ão nacional.
Além de relativamente eGcassa e da
irregular idade de sua distribuição e dos desniveis econõmicos ' mai s da ;netade da
popula~âo
do Brasil está em idade de O a 19 anos (51.85%), fen·:!n.en:J
também ocorre na Col ômbia (52 . 27
(51. 36%) .
que
%), Peru (51 . 58 %) , Venezuela (51.42 %) e México
A cada ano que passa, a
alta taxa de mortalidade .
~s·C. e
popula~ão
aumenta em cer ca de 2 , 5%, malgrado a
Mas com ~ase crescimento de efeti vo demográfico,
resultante am grande porte de elevadas taxas de natalidad o ,crescem também as
necessidades de bem est~r de quase 60 milhÔes de brasileiros, ao mesmo tempo
que se impÕe a expansào do progresso as áreas retardadas de vasto t erri-
(2a)
Jacques Lambert, Le Brasil. Structure socials et institution politiques .
Paris, Ar.mand Celin, 1953, pág. 71•
- 6 -
•
E s6 cem essa expansao demográfica se pode promover o apreveitamento das
t6rio.
reservas naturais· dos espa9os interiores e das áreas retardadas do Brasil.
Mas,
para isso, mp3e-se o crescimento da renda real ~ cap.H~ da popula9ão do Brasil,
o que se vinha verificando de 1950-54 na perper9áo de 5e6% e de 5% em 1955.
Todos
~ssos
problemas aumentam diante do gigantismo das tarefas, que desafiam
as atuais gera9oes brasileiras.
Mas sociol6gica e polfticamente outros pr~blemas se
se alinham para concentrar nosso esf8r5o em n6s mesmoso
Historicamente, a sociedade
colonial e imperial brasileira baseou-se na aristocracia rural - o que é um priviPor isso, na América, comparado com eutros paises,
l;gio de sociedades envelhecidas.
especialmente a Argentina e os Estados Unidos, o Brasil não é um pais jovem, no sentido
de que o passado ·e as tradi9Ões não agem fortemente na sua configura~ão politica -.- ·
Observava Pierre Denis, por volta de 1908( 3 ), que os brasileiros gostam de
atual.
dizer que seu pais é jovem, mas que o europeu que tenha percorrido outres paises
europeu-americanos, como a Argentina e os Estados Unidos, estará menos expatriado
....,
no Brasil, pois nao experimentará a
,.J
sensa~ao
de surpreza ou de susto que lhe davam
aqueles dois paises, com sua sociedade mal estabelecida, sem hierarquia e sem raizes,
e conduzidas exclusivamente pelo g~sto da indep~ndencia independencia individual e
pelo inter~sse da fortunao
cheio de
tradi~Ões
Consequentemente, neste sentido, o ·Brasil é um pais velho,
e, pode-se acrescentar, constitu!do em sua maior parte de brasi-
leiros de wais de tr~s gera~Ões.
A pequena massa imigrat6ria que recebemos, já referida, e o novo contingente
apertado de 1951 a 1953, iste
~~
270o000, des quais 100.000 portugueses, 41.000
(3) Pierre Denis, Le Brésil au xxe siecle, Paris, 1921, 6a. ed.
- 7copanhô is e
40.qoo
italiano s, peuquiss imo terá feito para alterar a persona lidade
bâsica predomi nante do carater brasile iro.
q~e
Grande do Sul)
imposi9~o
das
EV somente no Sul
se notam brasilei ros de primeira e segunda
tradi~Ões
(Sad Paulo ao Rio
geraç~es
e menor
hist6ric as, mas ainda ali predomina a persona lidade
]uso-br asileira e uma cultura e, por
iss~a
~sica
sociedad e no Sul, mesmo a pioneir a,
procura ligar-se a uma tradi~~o e criar uma hist6ria .
Mas na sua totalida de o pais
ê conscien te de seu passado e o brasilei ro está sempre pronto a informa r que é filho
d.e uma velha civiliza~ão .própria - Portuga l.
Urna forte tradi~ão naciona l torna
ocioso da integrid ade do pais.
Exist'em, assim, no Brasil uma cultura e naciona lidade 11nicas, de que .os
brasile iros se orgulham, mas que apresent am duas faces bem diferen tes, segundo
obse:;.~vou ti·ac~ues
T~nc ie.d:J. s
Lambert C4Y.
Os brasilei ros estão dividido s em duas sociedad es dife-
pelos nfveis e modos de vida:
CJ,Jadt'os tradicio nais
uma é particul armente wral e conserva seus
(Nordes te, especial mente), e outra particul armente urbana
Jo Paul o e o Sul urbano e rural, e urbana no resto do pais).
sociedad e arcaica e a segunda um Brasil novo.
Ambas, apesar da
A primeira é uma
diferen~a socia~ .
e~tão estreitam ente entrela~adas e s·ão unidas pelo mesmo sentimen to naciona
l e por
outros valores comuns, não formando culturas diferen tes, mas épocas de uma mesma
0vltura, atrazada de séculos .
Os elemento s positivo s e negativo s, a
f6r~a
e a
iraqueza da cultura básica brasile ira estão presente s nas duas sociedad es.
Foi a dispersâ o precoce do povoamento do
Unidos
come~ou
b~ sica
braoilei ra, sem
B~asil
no século XVII
depois de 1830 cqm as estradas de ferro), que fez
tra~os
predom~ar
a
cultur~
particu lares e tradicio nais, ainda hoje existen tes,
~p esar das varia9~es provocad as pelas mudanç~s técnicas urbanas .
(4) vucque s lambert , 22• cit.
(nos Estados
O Brasil novo ofrecp
- 8 -
uma estrutura social-hie rarquizad a e uma espantosa mobilidad e social.
Dêste modo,
as tradicÕes da sociedade colonial e arcaica encontram -se hoje bruscamen te em contacto com traços culturais novos, introduzi dos pela rápida importaçã o de novas
N
nicas de produçao, novos modos de vida e ideologia s novas.
t~c-
Porque a sociedade está
dividida em parte arcaica e parte nova, a vida 'politica tornase inevitàve lmente uma
luta entre duas concep~Ões da natureza das instituiç~es politicas .
Há, assim,
grandes alteraçõe s dos meios tradicion ais da vida brasileir a.
A luta entre as formas estacioná rias e as mutáveis, represent adas no seu
extremo pelo homem do interior e pelo pioneiro de ~o Paulo, terá de ser resolvida
pela vit6ria dos elementos positivos de carater pioneiro, promovendo a mudança técnica e cultural, sem deixar de lado os valores positivos da velha cultura brasileir a.
O complexo arcaico é tão vigoroso e sua resist~cia tão forte que ainda há pouco
era o Brasil novo que temia ser vencido o eliminado .
Em face da
interfer~cia
e da
ignorânci a politica das massas rurais e da grande autoridad e dos senhores que dominam as comunidades do interior , a participa ção na vida politica nacional está limitada a um pequeno grupo de individue s.
essa minoria as questões politicas .
As massas, na maioria das v@zes, entregam a
A vida politica fica, assim, confinada aos
chefes politicas e a classe média, irritada, não suportand o o dominio d~sse grupo,
procura, fora da legalidad e, subtrair- se à lei da maioria , que joga, quase sempre
pelo passado.
As massas do campo
(69.2%) pertencem , em grande parte (excluind o,
evidentem ente, a zona pioneira de São Paulo e parte de Leste o do Sul de pais), à
sociedade aroaiea.
cesarismo .
A inércia que opera nos costumes desta sociedade leva-a ao
As massas rurais ou são cle6nicas
(demag6g icas) ou cesarista s, ou as
duas conjuntam ente , enquanto a elite das cidades é ciceronia na.
A hist6ria parece
- 9 segui r quase sempre entre as duas tendê ncias :
Isócr ates e Demóstenes, ou Cesar e
Cicer o.
Mas as class es médias e popul ares da socied ade nova rural
e das cidad es
nao são nem cessr istas nem cicer onian as. EV finíss ima a camad
a que tem uma conce pgao da vida e uma ideol ogia polít ica. A ascen9ao da class
e média é que torne u o
Brasi l novo difer ente de antig o e é ela que rompeu com o Brasi
l rural .
Um des fator es mais forte s que se deve, talve z, notar em outra
s parte s da
América no sentid o de uma r~cidentaliza9ão, não é mais eurep
éu, mas norte -amer icano .
A americaniza~ão r come~a a ter influ ência marca nte no Brasi l a
parti r da Segunda
Guerr a Mundial, de 1939 em diant e, embora algun s sinai s já
se fizess em senti r desde
a Prime ira Guerr a Mundial, como obser veu Clayt on Cooper ( 5
). Já não se trata mais
da civili za9ão ocide ntal europ éiai que de 1875 em diant e modi
ficara muito s tra9o s
de sua cultu ra, pelo impac to da democracia e da indus triali
za9ão , conforme obser vare
Toynbee, e cujos efeito s já se haviam feito notar no Brasi
l; mas, sim, daque la que
a parti r de 1914 sofre ra, segundo mesmo Toynbee, mudan9a radic
al, e que agora ,
repre senta da pelos Estad os Unidos, trans mite ao mundo e ao
nosso mundo valor es novos
e uma nova concep9ão da vida, a saber : a racio naliza 9ão de
traba lho, a valor iza9ã o
da vida ecón~ca e espec ialme nte da ativid ade mer~antil e
indus trial, o estim ulo ao
capita lismo e a super 9ão de histó rico., c, eu seja do passa do.
N~o
se deve confu ndir, para os resul tados a que se desej a chega
r, entre
ameri caniz a9ão polít ica, forma de prepo nderâ ncia politi ?o-ec
ondm ica, e a americaniza~ão
cultu ral. As cultu ras do mundo tem sido afeta das pela tecno
logia , pela guerr a e
pelas mudan9ae scult urais . As altera~Ões dos meios tradi ciona
is de vida, prátic os e
de
teóri cos, devem ser acompanhados de execu9ad4jprogramas de
melho ria técni ca e
educa ciona l, a fim de asseg urar a estab ilidad e cultu ral dos
povos , de outro modo
levad os a" desor ganiz a9aoo
•\ )
EY de lembr ar-se o exemplo do desmoronamento cultu ral
(5) Clayt on Cooper, The Brazi lians and their count ry, New York, 1917.
- 10 -
dos povos indigenas o africanos diante da
europeiza~ao.
Todos êsso~ problemas geogr~ficos, demográficos, econSmicos, politico-socia is
o culturais se reunem para desafiar o brasileiro no conhecimento do pr6prib Brasil,
antes de tudo o sobre tudo.
bastante atrazada.
A tudo isso sema-se ainda o problema da
instru~ão p~blica,
Metade da popula~ão do Brasil em idade de 10 anos e mais ~ cons-
tituida de analfabetos.
Se, de um lado, a alfabetiza~~o j~ atingiu um nivel mais
elevado, ainda que insatisfat6rio, nas zonas urbanas
ainda extremamente deficiente nas zonas rurais.
(70%), de outro lado ela
~
Ai, ende se encontra a maior parte
da popula~ão -- 69.2%--há menos de 30% de alfabetizados.
Assim, o pr6prio Poder
Nacional se ressente dêsse atraze cultural, como um dos fatores mais importantes
da desorganiza~~o social.
O rápido crescimento dos problemas e o mais rápido envel-
hecimento das solugÕes burocráticas revela e justifica, de certo modo, a introversão
brasileira.
Temos tido mais minorias dominadoras que minorias dirigentes, capazes, pela
~ideran~a
""" da resposta, de enfrentar qualquer desafio que a pr6pria
superior e decisao
civiliza~ão no Brasil ofere~a.
lismo das solu9Ões.
Ao gigantismo dos problemas se contrapÕe o infanti-
O Brasil é ·um pais em curso prim~rio, pois 80% dos professores
ensinam no pr~rio, e 93% das nossas unidades educacionais são escolas primtriase
Das 5.387.597 matriculas de 1955, assim se colocavam os cursos:
primário, 573.764;
ginásio, 495.832; cientifico, 66.985; clássico, 11.947; comercial, 112.347; normal,
66.210; industrial, 15.938; agricola? 1.156, e superior, 72.652.
Pais de contrastes, o Brasil, com 69.2% de popula~ão rural, tem apenas 1.156
entre as 400e000 pessoas que exercem
"'
unidades escolares agrico1as e 352 agronomos
prof~ssÕes
intelectuais.
Destas, 200.000 dedicam-se ao
magist~rio.
- 11 e
De tudo isso, do giganti smo dos problem as, da insufici~ncia das solu~Ões
da debilid ade das
preocupa~ão
à
~lites
dirigen tes ou domina doras, resulta uma perman ente e ativa
com o pr6prio Brasil e seus imensos problem as.
Am~rica do Sul e
à
O isolame nto em rela~ão
Am~rica Espanh ola em geral resulta da comple xidade do Brasil ,
'
que contem dentro de si mesmo
v~rios
paises sul-am ericano s, com seus problem as
O Estado do Amazonas, com seus 1.586.4 73 km2 e suas dificul tades geográ '
~
de 2.808.4 92
ficas, econom icas e humanas s6 ~ inferio r a Argent ina, com uma superf ície
2
seus
km2. O pr6prio Estado do Pará, com seus 1.210.1 10 km , ou o Mato Grosso , com
urgent es.
1•254.8 21 km2 , s6 são iQferio res em área
e ao Per~.
à Argent ina
O Paragu ai é menor
o e são
que a Bahia, Minas Gerais e Goiás, enquan to o Equador ~ menor que o Maranhã
l no
Paulo, sendo o Urugua i menor que o Paraná . O Brasil é, assim, uma ilha cultura
ericano s.
contine nte sul-am ericano , contend o em si mesmo quase todos os paises sul-am
Na hist6r ia das nossas rela9ôe s interna cionai s, cultura is ou politic as, temos
passado por periodo s de introve rsão e extrove rsão.
A princip io, até 1838, com a
rial, expeIndepend~ncia do Urugua i, fomos extrov ertidos , com a expansã o territo
di9Ões armada s ao exterio r oppres sões diplom~ticas.
De 1828 a 1951, passamos para
"" interna s, que se extende ram
uma fase introv ertida, do pertuba goes
Tratado s de
Alian~a
at~
1848.
Os
de 1851 com o Urugua i, Entre Rios e Corrie ntes, que assegur aram
a vit6ria dos libera is nas
rep~blicas
platina s, a liberda de de
"''
navega~ao
nos afluen tes
fase
do Rio da Prata e a indepen dé'ncia de Urugua i o do Paragu ai dão inicio à segunda
extrov ertida.
Esta termina em 1872, quando a paz com o Paragu ai e o tratado de
""' sucedid os por graves problem as interno s:
limites sao
"""tJ
N
•
,..J
questoe s dos blspos , questao milita r, proclam a9ao da
fase introv ertida, até 1902.
com a morte de Rio Branco .
Dai
at~
o da escrav atura,
a aboli~
)
Rep~blica,
que nos levam a outra
1912, nova fase extrov ertida, que se encerra
A Primei ra Guerra Mundial nos veio tirar dela e com a
- 12 -
ingerencia nos negÓcios do mundo iniciamos a quarta fase de extroversão. Per volta
de 1930, novamente nos isolamos, apesar de corta
participa~ão
nos negócios sul-amerí-
canos e assim permanecemos até 1939, quando, com a Segunda Guerra Mundial, nova fase
de extroversão se caracteriza.
A alternância das fases introvertidas e · extrovertidas
explica, em parte, os momentos de isolamento e de preocupa9ão interna que nos afastam
ou nos despreocupam dos visinhos o dos amigos americ~os.
Os períodos de introversão
respondem à necessidade d~ acumula~ao de Poder, consciente ou inconscientemente recon~
hecidos como indispensáveis à
afirma~o
de nossos objetivos nacionais.
Mas nào é o gigantismo dos nossos problemas que nos leva ao isolacionismo e à
introversão.
País de baixa densidade demográfica' o Brasil vê seus problemas de
efetiva ocupa~ao do solo agrãvados pelo adensamento da populaÇão na orla litor~ea,
ficando desertas ou quase despovaadas as vastas regiões mediterrâneas bem come as
fronteiri~as, ao norte e ao oeste, das tr~s col3nias e sete países estrangeiros.
As fronteiras desertas, de centro e oeste (1.09 habitantes por
(0.58 habitantes per
os Estados vizinhos.
popula~ão
2 ) e do Norte
km
2 ) dificultam e impedem as rela~oes continuas e intimas com
km
Tendo em vista o quadro geral da distribui~~o territorial da
do Brasil, verifica-se que sua grande maioria se encontra numa faixa
estreita literâhea, de 500 e menos quilometres de largura, na qual a densidade demográfica se apresenta, em geral, cada vez menor a partir da orla marítima para o
interior.
Ao contrário dos portugueses, que visavam sobretudo a comodidade das comunica9Ões marítimas, onde os g~neros locais seriam exportados mais fàcilmente e a frete
(6)
baixo, os Esp~h6is, como observou Sérgio Buarque de Holanda
, procuraram também
a maior comodidade para os prÓprios colonos•
Assim, os estabelecimentos urbanos
(6) Sérgio Buarque de Holanda, ob. cit., pág. 65.
- 13 ~
s onde a altitu de
que edifíc aram nas suas posses soes tropic ais se situam nas regioe
desigu al daquel e
possa permí tir a~ eurepe u gozar de um clima que não seja extremamente
orte não parece
do pa!s de orígem . o problema do maior ou menor facilid ade de transp
~
mesmo se a presen tar aos seus legisl adore s.
do isolam ento
Essas são as razões geogr áficas , econâm icas, politi cas e sociai s
do Brasi l no mundo sul o hispan o-ame ricano .
2.
e o Brasi l.
Relaro es o conhec imento m~tuo ~ ~ paises hispan o-ame ricano s
e o movimento
Libert ado o Brasi l da tutela portug uêsa, o exaspe ro nacio nalist a
logo, uma esp~cie. de
roma:ntico se dirigi ram contra os antígo s coloni zadore s . Houve,
~J
rejoi~ao
patern a, como o rompimento dos
a PortUg al por uma heran~a impor tante:
la~os
intele ctuais , embora ficasse mos ligado s
a lingu istica .
Logo nos voltam os para outros
e e quase exclumodel os, para a cultur a france sa, que conseg uiu absorv er imedia tament
supere struct ura,
sivame nte nossa aten~âo. A Fran~a domin .r certos aspect os de nossa
derou econom icavenden do-nos livros , perfum es, artigo s de luxe. A Inglat erra prepon
o politi ca. Se
mente e dela imítam os tamb~m as formas super estrut urais da dire~ã
a consci ência de
vencemos em 1822, como afirma va, ja" em 1875, Capist rane de Abreu,
nossa inferi oridad e em rela).a o a Portug al, não modifi camos a nossa
riorid ade em rela·~·ão
à
emo~ao
d.e infe-
Europa e, dêste modo, não rompemos totalm ente como o Pai,
o hist6r ico do
com o passad o, pois não rejeita mos a Europa , conser vando o sentid
indepe ndênci a procupassad o. Os povos hispan o-ame ricano s quando de sua liberta~ao e
ser correg ida, at~
raram também outros guias intele ctuais , mas esta tend~ncia pôde
e gozando de um
certo ponto, pela pr6pri a heran~a cultur al espanh ola, mais s6lida
um desape go pela
presti gio mais unive rsal que a portug uesa. Não parece ter havido
ao
vida intele ctual da antiga metr6 pole, como no caso brasil eiro, mas,
contr~rio,
a
- 14 7
aspereza da rutura politica se apaga quando se penet ra no mundo da cultura ( )·.
Parece que por isso mesmo, pelas afinidades cult urais e literárias com a
Espanha, herdou o mundo hispano-ame ricano certos r essent iment os espanhóis contra
&
afinidades entre
axc ~ ema s
. Como se explicar, per exemple, que apesar da s
~ortugal •
lmgua portuguêsa e a espanhola entendamos e l ei amos ." nós bra ;:d.l eiros, e os portu-
~u~ses também, sem necessidade de aprendizagem~ a l f ng;;.ã cs:::J::n~a-La .? e de regra; ve-
jamos, com excegões, é claro, dos homens cultos ~ que o port~guê s ê inaccessíve l ao
espanhol e ao hispano-ame ricano?
separa~ão
e
estabiliza~ão
Será isso conseqúenci a de r e:::sent imentos ·contra a
de uma antiga provínci a do mundo ibê::·ico?
O fate é que as afinidades não conseguem impedir que os a.utores de língua
......
s e jam, em geral, muito pouco conhecidos no Br a Gi l , e que este se conserve
~spanhola
afastado, no que respeita a atividade cultural de seus vizinl:o.s ô.o língua e cult ura.
·
~ spanhola.
~eográfica
A facilidade puramente ideal dos
cont a cto s~
favorecida pel a proximidade
e o sentimento da solidarieda de continental nao parecem modif icar em nada
7sta situa~ão.
Não se pode pretender que o interê sse muito vi-vo, mas relativa:rnen te
recente, que desperta em numerosos circules brasilei ros a ati vidade int electual do s
~stados
.,
Unidos seja devida a fatores similares, dB proJJUni dade e solidarieda de •
:Este interêsse se explica, de preferencia , como
Uill
't
a::: ·.:·Jctc
l ue'ncia cada vez
r;,:, ilr
~ais sensível dos Estados Unidos da América do Norte s:'~:,;,.-:. ~'- .· ·. o mw.1C:.o c-.mt emporâneo
. '8
~y
:~ está longo de constituir um fenômeno tipicament e
bJ.' é:
-:_:j_:.0i.r,.
o (
"
Na realidade, é nenhum eu quase nenhum o conl'lt..:::...o:-:::-r:._. "o:ra sileiro da geografia,
pa história, da economia, da arte, da etnografia,
;r icano~
'{ 7)
(8)
Poucos foram os brasileiros , como
~a litc~~ cura
Olive i::.~J. Lima ~
Sergio Buarque de Holanda, ob. cit·., pág. 73'.
S~rgio Buarque de Holanda, õb. Cit'., pág. 72 n
do mundo hispano-ame-
- E:!:1.~!l.'i...s§.E} smo, Mon ~~'
- 15 -
Boliv~, 3oosevelt, Rio de Janeiro~ 1907;
~volutáo Histórica da Am~rica Latina
comparada ~ ~ da ~ Jgg~sa, Paris, l9lh;
1918-)919, São Paulo, 1919; como Manuel Bonfim :
Q ~asi!
1905;
~ ~'
Latina, análise de livr0 de
Rio de Janeiro, 1929;
i.gt~al
~ Argentina, Impress'o es ~
~América
Latina, Rio de Janeiro,
e como Sílvio Romero:
A América
título de Manuel Bonfim, Porte, 1906; que revelaram
inter~se pelo assunto, embora demonst rass em conheciment o muito relativo.
Não se
podem negar , como demonstrou o Prof . Silvio Júlio, as influências do gongorismo e do
quevedismo seiscentista no Brasil
portugu~s ( 9 ), nem a presen~a intelectual de padre
Benito JerÔnimo Feijóo, que apa.rece nos Discursos .Político-Morais de Feliciano Joaquim
Francisco Adolfo de Varnhagen, o primeiro historiador do Brasil ,
de Sousa Nune s (lO ).
no primeiro Ensaio Histórico sÔbre as Letras no Brasil (ll), já notara que a Espanha
n~o tinha Africas, nem Asias, as suas í ndias eram s~ as ocidentais e por isso o estro
espanhol se manifestou logo na América Espanhola, ao contrário de Portugal.
de Matos
(1633-1696 ) irniteu Quevedo; Manoel Botelho de Oliveira
meiro poeta brasileiro, t omou por modelo Gongora ;
El Conde
várias
e §1
~- ~:r!l2 ~
pe~as
os
Affect~
de Ca.lderon e Moreto
Gregório
(1636- 1711), pri-
em 1717 se representou na Bahia
de 9dio y Amor : ~e Calderón ;
(Fineza contra Fineza,
em 1729 representaram
g menstruo
~ ~
.iardine s,
Também António Vieira, Antonio de Sá, Rocha Pita, Eusebio
~esj§Q c o~~ ~ ·
de Matos, autores de século XVII, imitam Gôngora, Quevedo, Montalván , Gracián , Peravecine .
Em compensa~ào, exceto o Padre AntÔnio Vieira, não parece, segundo afirma o
prof . Sílvio Júlio ,
te r e~
sido conhecidos e lides escritores brasil eiros dos séculos
XVI , XVII e XVIII no México,
Perú~
Guatemala ~
Cuba , Santo Domingo, Nova Granada, Quito
(9) Cf . Sil vio Julio, Reaz:oes ~ lit e ratura brasil ei.!:.ê:., Rio de Janeiro, 1945.
(10) Silvio Jul io , Revista ~ ~lolo gi~, mar ~o de 1955.
(11) Francisco Adolfo de Varnhagen , Florilégio ~ Poesia Brasileira, Rio de Janeiro,
2a . ed. compl eta, 1946.
- 16 -
e Venezuela.
O primeiro inter·êsse politico-cultu ral pela Aml!.erica Espanhola se inicia
com a gera9ao da Independência, com Natividade Saldanha, poeta e revolucionário de
1817, com A~reu e Lima, filho da revolu).ão de 1817p ambos exilados na Venezuela e
ColÔmbia.
Os dois foram os primeiros a gerar o primeiro inter~sse pelo Brasil na
América Espanhola, enquanto esta nos voltava as costas.
Natividade Saldanha foi o
primeiro brasileiro traduzido na América Espanhola, em Bogotá o Abreu e Lima participeu das lutas de Simão Bolivar e,
Eml
1832, com o Titulo de General de Brigada e
Libertador de Nova Granada seguiu para os Estados Unidos e a Europa, de onde regressou
ao Brasil.
Escreveu várias obras históricas sÔbre o Brasil e o Res~~ histor~ de
la ultima ditadura del Libertador Simon Bolivar
(Caracas, 1925).
Concorreram também para as rela9Ões culturais brasileiro-amer icanas:
Varnhagenf
nas suas missoes diplomáticas em Nova Granada, Equador, Venezuela, Santiago e Lima;
Mucio Teixeira, que viveu na Venezuela; o conselheiro José Marques Lisboa, que publicou em Bruxelas
(1866) a Rela~ão ~ ~ viagem ~ Venezuela, Nova Granada ~ Equador;
Joaquim Serra que traduziu algumas
composi~õ es
hispanoamerican as,. Os livros de
viagens e as tradu9Ões abrangiam uma boa bibliografia e nesta: se destacariam os poetat?
Castro Alves, Alberto de Oliveira, Joaquim Nabuco, Osorio Duque de Estrada e Silva
Lobato, que traduziu poesias de Rubem Dario, Santos Chocam, Amado Nervo, Leopoldo
Lugones, Guilhermo Valencia e as publicou entre 1916 e
1922 ~
em revistas brasileiras.
Modernamente ê Silvio Julio quem mais tem trabalhado pela divulga~ão da culturª
'
hispano-america na no Brasil, com seus trabalhos:
Es~<2_~r hj;.~.§lEO-americanos
Cerebro ~ Corarão ~ Bolivar
~
Escritores antilhanos
(1944);
(1931) ; Escritores
Q21gp_l:Jia ~ ~zuela
Historia, literatura e
(1945); e Literatura comparada das línguas portuguesa e
folcl~_da ~ rica
cast~
(1946).
(1924) ;.
(1942);
Espanhola
Também
- 17 -
tem trabalhado no mesmo sentido Manuel Bandeira, divulgando a literatura hispanoamericana
(Rio de Janeiro, 1949).
A bibliografi a hist6rica sôbre a politica brasileira no Rio da Prata e a Guerrf
do Paraguai ~ extremamente rica, interessada e polémica.
Depois do interêsse manifestado em 1817 e 1824, s6 com a propaganda
e o positivismo nova
aproxima~ao 6
sentida.
Seria falso
n~duzir
das
republicaq~
diferen~as
que
nos isolam dos outros povos do continente e por vêzes mesmo de certa ventade de
suprimir essas
diferen~as,
que elas sirvam para enfraquecer nos brasileiros os
mentos que sugere a dependéncia ao mundo americano e notadamente ao
sent~~
latino-americano~
~
:.z.
A nossa ignorância e mesmo a nossa aparente indiferen~a para a vida cultural de
Arn6rica Espanhola, que nos paga na mesma moeda, nao ~urna prova de suficiência ou
vaidade.
Naverdade, o "sentimento americano 11 representa hoje, corno representou no
passado, um papel muito ativo na vida nacional.
Sabe-~e
que antes de 1889 -- ano
da instauraçao da Rep'6.blica no Brasil -- o argumento mais eficaz e tamb6rn mais deci•
sivo na propda dos republicano s consistia em apresentar a monarquia corno um regime
em desuso e estranho ao continente (l 2 )'.
Foi s6 recentement e, na
~ltirna
·correntes determinou, no Brasil, com a
européia, a procura mais
consider~vel
guerra, que a falta de publicagões européias
erno~ao
de sua libertação da tutela intelectual
de livros americanos e, na verdade, nao
s~mente
norte-ameri canos.
Todavia, tal pedido se dirigia em parte às inumeráveis traduéoe::l
'
que se imprimem no M~xico e em Buenos Aires, corno em Espanha, de obras redigidas
Friginalrnen te nas 11nguas menos access!veis à maioria dos leitores brasileiros .
A:
afluência improvisada dessas publicas~es não conseguiu, em geral, provocar sinão ~
conhecimento muito espor~dico da vida cultural hispano-ame ricana.
(12)
Sergio Buarque de Holanda, ~· ~., pág. 74.
Êste conhecimento
- 18 A litera tura franc esa
contin ua um assun to priva tivo de espec ialist as e curio sos.
s edito res franc eses que
sofre u nesse momento um certo abale , apesa r da obra de certo
public aram livrns no Brasi l, montando edito ras.
momento foi' norte -amer icana , e d@ste momento
A influ ência decis iva a parti r dêste~
tamb~m
se pode dizer que o
p~blico ledo~
.
antes de 1939.
brasi leiro passo u a conhe cer melhor os autor es espan h6is que
a)
~
tecas .
Biblioteca s.
s das bibli oPode- se avali ar gsse jôgo de influ@ ncias pelas estad istica
lta plllili ca.
Na Bibli oteca Nacio nal de Rio de Janei ro, os dados da consu
estabe lecem :
1.
Franc ês
1953-1954
457 416
2.
Inglê s
339
349
3.
Espan hol
30
50
guês
Na Bibli oteca Muni cipal de Rio de Janei ro, desco ntand o o portu
(54.39 0 obras consu ltadas ), os dados sâo os segui ntes:
1953-1954
1.
Franc ês
446 499
2.
Inglê s
318 285
3.
Espanhol
218 336
enta 55.569 livre s
(Esta Bibli oteca. possu i um acerv o de 60.000 volumes e movim
anualment eo)
do Livre , no
Na Biblio teca Castr o Alves , manti da pelo Insti tuto Nacio nal
ntagem de 50% em
centr o da cidad e, com um acerv o de 23.000 obras e uma porce
o movimento de
portu guês , 20% em inglê s , 15% em franc ês e lO% em espan hol,
empré stimo é •: segU.inte, desco ntand o o portu guês
(22.0 75):
~
- 19 -
Adultos
Juvenis
J:.
Inglês
1049
81
2.
Francês
844
41
3.
Espanhol
592
16
Nào pudemos colher os dados em outras biblioteca;:: <:l6 grande movimento popular
no Rio de Janeiro, nem pudemos inquerir o que se passa nas bibliotec as de
Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco!- et c.
~o
Sé um inquérito
rigorosam ente executado poderia revelar o grau de interêsse pela cultura hispano
o norte-am ericana no Brasil, mas
~
facil avaliar o interesse especialm ente se
consideram os que o Instituto Nacional dO Livre mantem, com d.:>a 9õ'e s apropriad as,
7.342 bibliotec as, entre as
b)
especiais e privativa s a
As Livrarias e o Livro hispano-a mericano (l3)
De regra, o
que os
p~blicas,
t~cnicos,
cedido de francês
francês (3).
p~blico
ledor brasileir o compra mais livros de ciências sociais
sendo que o espanhol ocupa o terceiro lugar nas primeiras , pre(l)
e inglgs
(2); e o segundo lugar nesses:
inglês (l) e
Os livros espanhois são quase sempre tradu9Õe s de originais alemães
ou ingleses; dos livros em espanhol, a proced~ncia ê de 50% para a Espanha, 40%
para a Argentina e lO% para o
M~xico.
Esses 40% vindo s da Argentina são em sua
grande maioria livros de Medicina , que constituem a base dos textos didáticos
dos estudante s brasileir os.
Nao se pode medir a capacidad e de absor~ào de livr:. hi::;pano-a mericano pelo
p~blico
brasileir o porque ignoram totalment e os
prép ri~ ~
livr eiros a produ9ao
bibliogr~fica sulameric ana, com as exce9Ões acima referi das" · As necessida des dos
estudante s das Faculdade s de Letras, no setor de Histôri<.. da América, Língua e
(l3)
Infonr.aco es colhidas na Livraria VILer" e na 11El L'J1eneuv1 , duas das maiores
livrarias dedicadas ao livro hispano-a mericano no Rio de Janeiro. E curiosq
a informaca o estatisti ca que confirma a preferenc ia do publico brasileir o
pelas ciencias sociais, 50% no quadro editorial brasileir o.
-
2) -
.,.
Literatura Espanhola e Literatura hispano-americana sao relativamente supridas
com os livros espanh6is, argentinos e de Fundo de Cultura Econ6mica.
De qualquer
modo, parece ser dominante em lingua espanhola no Brasil a importa~ão do livro
argentino.
,
- 21 3 . O gue se está fazendo no Brasil.
Qualquer inquérito objetivo de que se está fazendo no Brasil
pelo conhecime nto mútuo da América · Espanhola deve
come~ar
pelo exame
des programas de ensino, pois devem repeusar no preparo de jovens e
futuras gera9ões as esperan~as de uma acentuada melhoria, especialm ente
quando se considera que a popula9ão do Brasil apresenta elevada
de crian9as e adolescen tes (1955, 51.85
%e
propor~ào
O a 19 anos).
Curso Primário
Já no Curso Primário (crian9as de 7 a 12 anos), ministrad o em
dois cursos sucessivo s (elementa r
e complementar),
ens ina-se, neste
segundo, no9ões de História da América.
Curso secundári o . Historia da América. Espanhol .
No curso secundári o, desde a reforma Leoncio Carvalho (1878-79)
se determina va que no 5° ano a história a moderna e contempor ânea se
ensinasse tendo em vista "es acontecim entos políticos dos principai s
Estados de antigo continent e o mais desenvolv idamente dos da América".
As reformas posterior es englobaram a História . da América na
Hi~tória
da
Civiliza9 ão, sem dar -lhe ênfase especial. Foi a reforma Francisco Campos
(1931) que establece u a disciplin a única de História da Civiliza~áo, na
qual se incluia a História da América ligada à do Brasil, desde a 3a . série
até a 5a. A reforma Gustavo Capanema (1942) restablec eu a História Geral
e do Brasil e baniu a designa9â o do História da Civiliza~ao. A História da
América passeu a ser ministrad a na segunda série (História Moderna e
continent al) do programa de Historia Geral do curso
ginasial
e
na
- 22 primeira o segunda séries de programa de História Geral do curso ·colegial.
Todo o curso secundário foi distribuído em dois ciclos: o ginasial (4séries)
o e colegial, com duas subdivisões clássico o cientifico (Jséries) . Em
1951, a 4 de julho, a Hist ória da América passeu a constituir e programa
da 2a. série ginasial e de parte da 4a . série ginasial e da segunda e Ja .
séries do colegial.
O programa atualmente em vigor establec e ( 2 de outubre de 1951)
a História da Amért ca na 2aG e 4a. séries do ginasial e na Ja. série do
Colegial. No ensine normal, comercial e industrial, e programa básico é o
secundário, o que abriga seus alunos a e studarem a pistória da América na
2a . e 4a. séries.
Havia , em 1955, 579 .781 alunos dD curso secundaria geral, 59 . 804
do curso bás ico comercial, 9. 775 do curso básico normal e 15·. 544 do curso
básico industrial. (664.904 alunos ao todo .
Além disse é
o espanhol obrigatório na la . série dos cursos
clássico e cient{fico do segundo ciclo do curso secundário, iste é, o
colegi al.
c) Ensino s~r~ · His~~ia da América. Lin~ e Literatura Espanhola .
ricanas.
e literatura hispano-ame
Língua
.
.........
_
--~ ----~
No ensino superi·.)r é o estudante das Fa culdades de Filosofia
(ao todo 37 cursos , em 1955 , havendo 1 . 693 est udantes no curso de História
e Geografia e 1.803 no curso de línguas neo-latinas ) obri gado a estudar
Historia da América na 3a . série do curso de Geografia e História;
Literatura hispano-ame ricana na 3a . série do curso de Linguas NebLatinas; Literatura norte-ameri cana na 4a . série do curso de Letras ·AngloGe~nicas (menes de 1.000 alunos em todo o Brasil), sem contar a língua
e literatura espanhola mi nistradas na 2a. série do curso de Letras NeoLatinas.
,
- 23 Instituto Nacional de Livro.
d)
Deaçoos na América Latina.
Fera do seter didático, primário-secundário-superior, há que
assinalar eutras atividades em prol do conhecimento mútuo das Americas.
EV assim o
servi~o
de
dea~Ões
feito pelo Instituto Nacional de Livro a
institui~oes estrangeiras, visando a divulgaçao da cultura nacional.
'
Embera sem ebriga9ão legal, e Instituto Nacional de Livro remeto, quando
solicitado, suas
para as institui9Ões interenaadas e desde 1938,
edi)~es
data de sua funda~~o, até 1956, já distribuiu pelos seguintes paisea
hispano-americanos obras brasileiras:
Volumes distribuidos
Volumes distribuidos
Argentina
8.(174
Honduras
Bolivia
1.976
México
Canadá
365
105
1.953
Nicaragua
908
Chile
2.612
Panamá
483
Colômbia
1.696
Paraguai
906
Costa Rica
Cuba
157
lo328
El Salvador
77
Equador
971
Guatemala
1. 334
8
Haiti
e)
Peru
2,779
Porto Rico
170
Republica Dominicana
540
Uruguai
Venezuela
Estados Unidos
1.872
433
.11.401
Biblioteca Nacional,_permuta com a Hispano-America.
Mantem a Biblioteca Nacional serviço de permuta com es seguintes
paises da América Latina :
Cuba,
Equador ~
Argentina, Bolivia, Chile, Colombia, Costa
Ric~,
El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua,
Panamá, Paragu ai, Per ú, Repúbl ica Dominicana, Urugua i, Venezu ela.
cões
Pelo decreto ~· lei n.20.52 9, de 1931, t~as as publica
l I
eficia is prasil eiras, e náQ se as impres sas pela Biblio teca Nacion al,
São oferec idas, em lista organiz ada pela Biblio teca Nacion al, segundo
inform asões des váries Ministé rios, às institu i9ões estrang eiras. Peucas
t€m se interes sado, exceto a Library of Congre ss, do Washington, e a Bibliotec a das Nagoes Unidas , de Genebr a.
f)
Radio Minist ério da Educa9ao.
Programas paname ricanoa .
O Rádio Minist ério da Educa~ão vem contrib uindo também para o
~)
conhecimento da América espanh ola no Brasil .
Os programas de aproxim a.ao
interna cional comesaram a ser transm itidos desde es primei ros momentos da
Segunda Guerra Mundial e se. mantive ram, até hoje, procura ndo contrib uir
para a melhor compreensão dos povos, dentro do esp~ito precon izado pela
Unesco para es trg~os de difusao e cultura .
Coube tambén ao panamericanismo parte destaca da nessa linha de
~
.
program as.
es intitul adas AQUI FALA A AMERICA,
Inicial mente com as audiço
/
s
e, posteri orment e TODA A AMÉRICA - em que eram transm itidos es mais diverso
aspecto s cultura is à _8 países
seus costumes, seu
folcl ~re
nort~
ce.ntro e sul-am ericano s, sua histór ia,
e sua música popula r. Eram programas de uma
hora de dura9a'o , fecaliz ando, em suas sec~·óes, diverso s países .
Com o
desenv olvime nto, porém, do programa AO REDOR DO MUNDO, de caráte r mais amplo,
reserve u-se, nessa série diária , uma audi~ão integr al para cada país
paname ricano, permiti ndo a irradi9 ão de um programa mais comple to.
Vem a
Rádio Minist ério da Educa9ão comemorando, também regular mente, as datas
nacion ais das nag.o es americ anas, sempre com a palavra oficia l dos Senhor es
Embaixadores, saudando, por intermé dio dessa
povo brasile iro.
-'.)
esta~ao
rádio- transm issera, o
- 25 g)
Ministéri o das Relacaes Exteriore s.
textos de história e geografia .
Conv~nios culturais .
Revis·ao dos
Cursos no exterior.
O Ministéri o das Rela9aes Exteriore s tem procurado incentiva r
as relaqoes culturais , através de acôrdos de coopera9a o. Na verdade, perém,
deles pouco ou quase nada tem resultado , pois apesar da dominadora intervenç ao
oficial em todos os setores da vida na Améri ca Latina, o conhecimento mútuo
/
efetivo das Américas há de se fazer atraves de simples medidas oficiais,
quase sempre pretetora s de amigos ligados aos Ministros no Poder, e sim
pelos interêsse s e afinidade s que de povo a povo se possa au criar e consolidar. Além disso, esses acÔrdos de coopera~a o repitem-s e nos seus textos,
sem considera r as diversida des mútuas dos interêsse s culturais de cada pais.
Passar das conven9oes para os ates, multiplic ando as exposi9óe s, as reunioes
e congresse s, as permutas de professor es, estudioso s, pesquisad ores,
das belsas de estudo, das bibliogra fias e tradu9ões seria a grande aiao a
realizar.
O Ministéri o das Rela9oes Exteriore s do Brasil assinou cerca de
A
-"
trinta convenios e acordos intelectu ais e artístico s ainda vigentes com es
vários países hispano-a mericanos .
(Cf. Lis~a anexa).
Mais important e parece-no s ser o Convênio entre o Brasil e a .
República Argentina , e entre o Brasil e o México,_ para a revisao dos textos
de ensino da História e Geografia , nos quais se estabelec e que es signatári os
farao proceder a umà revisao dos textos adotados para e ensino da história
nacional em seus respectiv os países, expurgand ees daqueles tópicos que sirvan
para excitar no ânimo despr·Nen ido da juventude adversao a qualquer povo
americano (artigo 1° ).
A inaugurac, ao de cursos brasileir os de iniciativ a do Ministerio
das Relagôes Exteriore s apresente u alguns resultado s práticos.
,
estudant ~
..
"
- 26 O Brasil mantem os seguintes cursos:
1.
Centro de Estudos Brasileiros , em Buenos Aires.
2.
Cursos Livros de Português e Estudos Brasileiros , de Instituto
de Cultura Argentino-B rasileira, em Rosário, Argentina.
Dois
professores .,
3. Instituto de Cultura Uruguai-Bra sil. Montevideu .
4. Cadeira de Cultura e
Literat~ra
5 professores .
Brasileira na Universidad e de
Buenos Aireso Um professor.
5. Instituto de Cultura Paraguai-B rasil. 5 professores .
6.
Curso de Estudos Brasileiros .
~ánteve,
Universidad e de Nova York.
até há pouco, uma cadeira de Estudos Brasileiros no
México e uma cadeira de Estudos Brasileiros no Perú.
h)
Senai.
Forma~ao
de técnicos industriais e a América Espanhola.
De iniciativa partiqular, convem registar a obra empreendida
pelo Senai, mantido pelos industriais brasileiros
(Servi~o
Nacional de
Aprendizagem Industrial) , que entre 1952 e 1956 forneceu bolsas para
cursos· de técnicos textis e instrutores a 226 estudantes da Argentina,
Chile, Equador, Perú, Bolivia, Venezuela, Costa Rica, Uruguai, Panamá,
Paraguai, Honduras, Salvador, Uruguai, México, Colómbia, Guatemala,
Haiti, Repúblicana Dominicana, Nicaragua .
Concluso'e s.
1.
Gigantismo e as dificuldade s, eu melhor, a complexidade do Brasil
o conduziram à interioriza9 ão e ae isolamente .
;
.
O Brasil possui
varlos países da América de Sul, com seus problemas e dificuldade s
no seu próprio território.
- 27 2.
As fronteiras semidesertas dificultam a aproxima9ão.
3. A América Hispânica parece apresentar certo ressentimento em rela9áo
á lingua portuguêsa, heran9a de Espanha para com Portugal.
Dai a
dificuldade da leitura do português polos hispano-americanos , o que
nãe se nota no brasileiro em relacao ao espanhol, que é a terceira
lingua estrangeira mais lida nas Bibliotecas Públicas.
Os livros em
espanhol merecem a preferehcia do público brasileiro em segundo o
terceiro lugar entre os de línguas estrangeiras.
4. As. relasôes culturais e o conhecimento mútuo são nulos eu práticamente
nulos, com raras exce9Õeso
Êste conhecimento ainda é um campo privativo
de eruditos o especialistas .
5. Ensinamos obrigatoriamente História da América desde e curso primário e
especialmente desde o secundário e o colegial, e o espanhol desde o
colegial.
'
Obrigatóriamente, nas Faculdades de Filosofia e Letras,
ensina-se Lingua e Literatura Espanhola, Literatura Hispano-Americana,
História de América e Literatura Norte-Americana.
6.
O Instituto Nacional do Livro faz razo áveis deacoes
de livros brasileiros
?
aes países hispano-americanos, sem correspondência.
?. O Brasil, com 60 milhões de habitantes, ocupa no Novo Mundo um lugar á
parte, entre, aproximadamente, 166 milhÔes de americanos, 16 milhões de
canadenses, falando inglês, e 120 milhoes de hispano-americanos das tr~s
/
Ampericas, eu entre 60 milhoes de hispano-americanos da América do _ Sul.
Tanto nas suas relaçoes culturais como políticas e diplomáticas com
~
êsses conjuntes diversos e, ~s vêzes, divergentes, o Brasil, como
~
~
assinaleu Sérgio Buarque de Holanda, se ve condenado a uma posilao de
equilíbrio, que não é isenta de perigos e que lhe vale, frequentemente,
a censura de pender para um lado eu para o outro.
.
- 28 -
4;, Sugestõ es e Recomendacoes. ·
1.~
O Convenio firmado entre o Brasil e a Argentin a e entre o Brasil e o
México para reviaáo dos textos do ensino da história poderia ser
adotado para as demais Américas, em acÔrdos bilatera is eu panamer icanos,
de modo a acentua r a america nidade, o ~espeito pelas rela9Ões interamerican as deve destacar as atitude s, iniciati vas e fates que forman a
conscieb cia america nista da nosa civiliza yáo e constitu em uma seguran9 a
dos destinos pacífico s do nosso mundo, assim o vem fazendo a Unesco ao
proper que es Manuais do História ajudem a compreensao internac ional.
2.
Incentiv ar, pelos meios adequad os, a realizac,. 'ão de assembl éias, reuniÕe s,
visitas mútuas, cursos do professo res yisitan tes, de modo a facilita r e
conhecimento de fato dos paises do Novo Mundo o de suas persona lidades
represe ntativas .
3· Incentiv ar, nas universi dades das Américas, o curso de Estudos Americanos,
com um programa interdis ciplina r que abarque a realidad e e a cultura das
Américas nas suas
semelhan~as
e diversid ades, nas suas experiên cias e
tragedia s, integran do as materia s, conceito s e métodos das ciências
sociais e das humanidades na América.
4. Incentiv ar, na América, a tese de igualar- se e
empr~go do portugu ês ao do
espanho l e ingles, a fim de es american os em geral se familiar izem com o
seu uso.
5. Incentiv ar a
cria~ão
de institui i6es cultura is, a exemplo de que fazem no
Brasil o Institut o Brasil-E stados Unidos, a Cultu.r a Inglesa e a
Alian~a
Frances a, enviando estudan tes brasilei ros.par a seus países, ensinand o suas
próprias línguas , organiza ndo bibliote cas, trazendo professo res especia listas.
sua
O Institut o Brasil-E stados Unidos, por exemplo, já envieu, desde
cria~ao,
há 19 anos, 800 estudan tes brasile iros para Univers idades
norte-am ericanas ; ensinou inglês a milhare s de brasilei ros ; organizo u uma
das maieres bibliote cas de empréstimo de livros no Rio de Janeiro , etc.
- 29 Os Institutos culturais da maieria dos países hispano-america nos no
Brasil s'áo instituis:ó.es quase acadêmicas, que se destinam a condecorar
certas !iguras do cortesãos de seus embaixadores.
Nada fazem de prático
e eficiente pelo conhecimento cultural interamericano. Um pequeno exemplo
louvável, sem recursos maieres, de iniciativa privada, é a Biblioteca
Veneluelana, fundada no Rio de Janeiro em 1950, pelo sr. dr. Antonio Rebello
de Almeida e a sra. Josefina R. P. de Almeida, jornalista e poetisa
venezuelana ..
6. No Brasil, o delar para
es
país~s
importa~ões
de livros é de Cr$ 45 1 00, enquanto
hispano-america nos, como, por exemplo, e Uruguai e a Argentina,
riao protegem a entrada de livro bra sileiro. Por que rião se recomendar o
establecimento de normas protetoras da introdu~ao de livros americanos em
todos os países da América?
?. Nao há divulga9ã o. bibliográfica para conhecimento da produção da cada
país sul-americano e sua possivel aquisi~ao e criação àocg€sto pelo livro
hispano-america no.
Queixam-se es livreiros brasileiros da falta de
informa9áo bibliográfica.
As revistas que se consagram à bibliografia sao
por demais eruditas eu nã o alcançam os livreiros, como,ldeve ser o caso da
Revista Interamericana de Bibliografia. Talv~s fosse o caso de sugerir uma
Bolsa eu cupóes para a compra de livros panamericanos, como faz a Unesco
internacionalm ente.
8.
Seria também recomendável a cria9a o de um S~rviço de InformaÇoes, Referênci~
e Consulta Interamericana, que pudesse responder às indaga9Ões de institui~ó~s.
.
{."
e professores necessitados de saber e que se faz eu se está fazendo em
cualquer setor de qualquer pais da América.
O Servi~o poderia agir como uma
agência de informaçÕes, pondo em contacto as instituiçÕes eu pessoas
interessadas com aqueles que lhos pudessem informar no respectivo país.
í ..
..
- 30Recomendar que o Conselho Cultural Interamericano eu e Departamento de
Assistência Cultural da Uniao Panamericana promova um inquérito sÓbre
,.
.
;,
.:.
estereotipes nacionais, a fim de favorecer nao so a compreensao
americana como a coopera~ao entre os povos.
inter~
O método a seguir seria o
já adotado pelo Departamento de Ciencias Sociais da Unesco.
10.
Recomandar a
elabora~à.'o
de um estudo sobre "Como as
na~·oes
americanas
se vé'm umas às outrasvv , a exemplo de que fez William Buchanan e Hardley
Cantrill ("How nations see each other, a stup.y in publ:i,ç fop:i,nion", Urbana,
University of Illinois Press, 1953)o · Trata-se de uma pesquisa sabre as
concep;ô.e s que o povo de uma
na~Toe
mantem só'bre si mesmo o de eutras
na9oes, incluido no projete autorisado na reuniâo de 1947 da Assembléia
Geral da Unesco sÔbre as tens.~es que acingem a compreensão internacional.
Neste caso, n'ã:o se trata de tensÕes, como na Europa, mas de determinarse
a permeabilidade eu impermeabilidade comparativa dos povos panamericanos,
esbo~ando
as imagens que cada um faz de si e dos outros povos.
Seria um
grande passo para e melhor conhecimento mútuo das Américas.
11.
Recomandar o estudo do carater nacional, á exemplo do que promove Unesco
com sua
cole~ao
Styles de vie.
- 31ANEXO
1.
Convênio de intercâmbio intelectual entre o Brasil e a Argentina.
Rio
de Janeiro, 10 de outubre de 1933.
2.
Convênio entre o Brasil e a Argentina para revisâo de textos de ensino
da história e geografia com a Argentina .
3. Aco·r do para a permuta de
10 de outubre de 1933.
publica~Ões com a Argentina.
10 de outubre
de 1933.
4. Tratado para a prote9ao das institui9ôes artísticas, científicas e dos
Washington, 15 de abril de 1935.
monumentos históricos.
5.
Con~nio
de intercâmbio artístico entre o Brasil e o Uruguai.
20 de
dezembre de 1933.
· 6.
AcÔrdo para a permuta de publica~·Ões entre o Brasil e o Uruguai.
20 de
dezembre de 1933.
7. Convenio para a revisao dos textos de ensino de história e geografia entre
o Brasil e o México.
8.
28 de dezembre de 1933.
Conven"'ão s~bre facilidades dos filmes educativos eu de propaganda
(Conferencia Interamericana de consolida~ão da paz). 23 de dezembre de 1936.
9.
Conven)ã o sÔbre orienta"ao pacifica de ensino.
de consolida9ao da paz.
Conferencia interamericana
Buenos Aires, 23 de dezembre de 1936.
10.
Conven~ao sÔbre as facilidades para e.xposi~Ões artisticas, Idew, idem.
11.
Conven"ão sÔbre interc"~mbio da publica~ô'es.
12.
Conven~ão
Idem, idem.
para o fomento das rela9Ões culturais interamericanas. Idem, idem.
13. AcÔrdo entre o Brasil e a Bolívia para gratuidade de nvistos" em passaportes
de estudantes brasileiros e bolivianos. 29 de junho de 1939.
.
,. . ,
Conven~ao para facilitar a c1rcula~ao de filmes de caráter educativo.
-.)
Genebra, 11 de dezembre de 1933 e Ata, 13 de setembre de 1938.