da revista em pdf - Centro do Comércio de Café do Rio
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60 - 01.pdf 2 02/07/2012 20:41:38 Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro Ano 91 - Junho 2012 - Nº 842 C M Y CM MY CY CMY K ACS realiza o 19º Seminário no Guarujá 02 - 03.pdf 1 02/07/2012 18:33:31 C M Y CM MY CY CMY K 02 - 03.pdf 2 02/07/2012 18:33:43 Índice M Y CM MY CY CMY K Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro Diretoria Biênio 2010 / 2012 Presidente - Guilherme Braga Abreu Pires Filho Diretor - Secretário: Batista Mancini Diretor - Tesoureiro: Alexandre Pires Diretor de Patrimônio - Ruy Barreto Filho Gerente Geral - Guilherme Braga Abreu Pires Neto Sindicato do Comércio Atacadista de Café do Município do Rio de Janeiro Diretoria Biênio 2010 / 2012 Presidente - Guilherme Braga Abreu Pires Filho Secretário: Batista Mancini Tesoureiro: Guilherme Braga Abreu Pires Neto Diretor de Patrimônio - Ruy Barreto Filho Conselho Administrativo: CSB Trading S/A Exp. e Importação Warrant Exp. Importação Ltda. Sumatra Comércio Exterior Ltda. Agropecuária São Francisco de Paula Ltda. GBP Consultoria Empresarial Unicafé Comércio Exterior EISA Empresa Interagrícola S/A Stockler Comercial e Exportadora Ltda. Halley Exp. e Imp. Ltda. Três Aranhas Com. e Ind. Ltda. Valorização Empresa de Café S/A Agropecuária Pedra Lisa S/A Rua Quitanda, 191 - 8º andar - Centro CEP 20.091-000 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone (21) 2516 3399 - Fax (21) 2253 4873 [email protected] www.cccrj.com.br 18 22 Coordenadora: Alessandra Rodrigues de Almeida Diagramação e Arte: José Eduardo Costa Gialaim Reportagens: Breno Lobato, Flávia Bessa, Luciana Pereira, Miguel Barbosa, Natália Fernandes e Thiago Santos Design e Projeto Gráfico: GSB2 Propaganda Praça Rio Branco 13 Espírito Santo do Pinhal - SP (19) 3661 1313 www.gsb2.com.br Colaboradores: Antônio Alvarenga, Eliana e Elisângela Anceles, Leila Vilela Alegrio, Rubens Barbosa e Xico Graziano Foto Capa: Michael Timm e João Antonio Lian Crédito da foto da capa: Rogério Bomfim Chris Ceneviva Editorial Seminário do Guarujá/SP Os planos da Lavazza no Brasil 17ª Festa do Imigrante Vitória, capital mundial do conilon Perspectivas para o Agribusiness 2012/13 Setor produtivo valida tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Contra o interesse nacional – Rubens Barbosa Discussão encerrada no Código - Antônio Alvarenga Jurídico - A monetização créditos presumidos Rio + 20 Fazenda São Joaquim de Ipiabas Panorama Eventos CeCafé Divinolândia/SP Perdizes/MG Produtor Informado – Andradas/MG 58 Ponto de Vista Código Florestal, o Retorno – Xico Graziano Rogério Bomfim 04 06 14 18 22 28 32 34 35 36 38 40 42 54 06 Incaper C 06 Impressão Gráfica: Gráfica Mundo www.graficamundo.com.br 04 - 05.pdf 1 02/07/2012 18:34:30 Conilon completa cem anos no Brasil contribuindo para o crescimento da indústria e do consumo C M Y 4 A cafeicultura brasileira celebrou neste mês o O momento de celebração recomenda uma reflexão centenário da introdução dos cafés da espécie robusta, sobre a contribuição da produção de café conilon para variedade conilon, no Brasil, que teve como berço as a cafeicultura nacional. De pronto, podemos dizer, do terras capixabas. Para comemorar a data, a ponto de vista do mercado, que produzir café conilon Conferência Internacional do Café Canephora reuniu, permite ao Brasil participar do mercado de robusta, em Vitória, entre os dias 11 e 15 de junho, um seleto crescente nos últimos anos e que, atualmente, grupo de especialistas do mundo produtor de café significa algo em torno de 40% do consumo mundial, robusta, com destaque para representantes do Vietnã, equivalente a 55 milhões de sacas. Aos preços atuais, da Indonésia, da Costa do Marfim e de Uganda, os praticados nas origens, este mercado representa um mais tradicionais e importantes produtores dessa montante global de cerca de US$ 12 bilhões. Ou seja, especialidade. A presença da Índia, país que vem para o Brasil a riqueza gerada pelo conilon equivale a exibindo notáveis resultados na agregação de valor um terço deste valor. por meio da melhoria de qualidade do robusta, CM MY CY enfatizou ainda mais as vantagens proporcionadas por Ao analisarmos sob a perspectiva da estrutura cafeeira esse exigente mercado. nacional, os plantios de conilon ocupam hoje cerca de 600 mil hectares, cerca de 30% da área total de café CMY K INCAPER à frente, o evento juntou especialistas, cultivada no Brasil, e permitiram a incorporação de comunidade científica e grande número de produtores, vastas áreas de baixa altitude, não adequadas para o possibilitando uma oportunidade única para uma café arábica. Com a agregação de valor e de ampla discussão sobre as questões mais ligadas ao infraestrutura nessas regiões, o resultado foi a geração café robusta. Além disso, evidenciou os grandes de riqueza e de prosperidade. Para se ter uma idéia da avanços nas áreas de pesquisas, desenvolvimento e dimensão, estima-se que foram gerados entre 1,6 e inovações do parque produtor brasileiro de café 2,0 milhões de empregos nessas localidades. conilon, especialmente daquele localizado no Espírito Santo. Os ganhos alcançados pela nova tecnologia de Além desses resultados, por si só eloquentes, também produção – sobretudo manejo e produtividade – devem ser considerados os seus efeitos sobre o sugerem agora incluirmos na agenda os esforços para crescimento do parque industrial de café solúvel e a a melhoria da qualidade e o consequente aumento de sua contribuição na expansão do consumo nacional. renda podemos Como bem lembrado durante a Conferência, a considerar que a Conferência foi o evento do ano da indústria de solúvel surgiu na década de 1960, a partir cafeicultura brasileira, pelos excelentes resultados da existência de um enorme estoque de excedentes apresentados. de produção de cafés da variedade arábica, que crescia do produtor. Indiscutivelmente, 04 - 05.pdf 2 02/07/2012 18:34:40 ano a ano. Transformar parte desse estoque barato oferta e a demanda internas de café conilon faz com em solúvel significaria reduzir as pressões internas e, que essa indústria acabe pagando preços superiores ao mesmo tempo, abrir condições à indústria àqueles suportados pela indústria do exterior, que brasileira de disputar um novo e pujante mercado, tem acesso a cafés robustas mais baratos do que o com grande poder de penetração e de introdução do brasileiro, hábito de consumo. De fato isso se confirmou e o competitividade. com óbvios efeitos sobre a sua Brasil consolidou-se nos anos seguintes como um importante polo produtor de café solúvel, Devemos destacar que, além dessas tantas manufaturando volumes cada vez maiores – que, nos contribuições já mencionadas, a produção do café anos recentes, atingem o equivalente a três milhões conilon também propiciou a expansão do consumo de sacas. nacional. Segundo as estimativas, o consumo interno vem, há anos, registrando taxas de crescimento C M Y CM MY Ocorre que, já no final da década seguinte, com mais entre 3% e 4% anuais, nos levando a atingir cerca de ênfase a partir dos anos de 1980, a inovação 20 milhões de sacas em 2012. Entre os fatores que industrial levou a um crescente processo de permitiram este notável crescimento, inclui-se a preferência de utilização, como matéria-prima, de estabilidade dos preços do produto ofertado ao cafés da variedade robusta, tanto em razão do seu consumidor maior rendimento industrial frente aos cafés da participação do café conilon no blend da indústria, variedade arábica, como pela sua neutralidade que teria evoluído de 20%, em 2000, para 50%, em qualitativa. Estima-se, hoje, que o uso do robusta pela 2012, foi decisiva, na medida em que o seu valor é indústria das mais baixo, para compor um custo médio que necessidades e, no Brasil, em torno de 80%. permitiu a estabilidade dos preços ao consumidor. de solúvel mundial atinja 90% nos últimos anos. A crescente CY K Portanto, em resumo, a produção interna de Por fim, é curioso constatar o interesse que conilon tornou possível o desenvolvimento o plantio de café robusta desperta em e a consolidação da indústria brasileira de tradicionais países produtores de café solúvel arábica. Na área dos Suaves Centrais, (que não teria conseguido competitividade com a utilização de cafés arábicas, de custo mais elevado, e pelas conhecidas dificuldades para a importação de café robusta). Mas é importante neste ano-safra, o México tem uma produção estimada de 86 mil sacas, a Guatemala em torno de 38 mil sacas, e outros atentarmos ao fato de que tal países, tais como, dependência está gerando Nicarágua, Panamá uma realidade angustiante para a indústria de solúvel. O aperto existente entre a e El Salvador, cogitam de iniciar a produção variedade. Guilherme Braga Abreu Pires Filho é Diretor Geral do CeCafé e Presidente do CCCRJ Daniel Dutra CMY da 5 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13.pdf 1 02/07/2012 18:27:30 Abertura do evento XIX Seminário Internacional de Café de Santos C M Y 6 CM MY CY Qualidade, fator essencial para o Brasil manter CMY K A qualidade é um elemento essencial para o Brasil garantir a posição de líder mundial na produção e exportação de café. Este foi um dos pontos importantes do XIX Seminário Internacional de Café de Santos, realizado pela Associação Comercial de Santos (ACS) nos dias 9 e 10 de maio, em Guarujá, SP. O evento, promovido bienalmente desde 1972, sempre na cidade de Guarujá, no litoral paulista, teve como tema central Café do Brasil: Crescimento Planejado – Qualidade e Volume. O presidente da Associação Comercial de Santos, Michael Timm, ao falar na abertura, deu ênfase à necessidade de planejamento, à qualidade e ao volume. O País produziu 55 milhões de sacas de café e tem previsão de alcançar 60 milhões. “São números que consolidam o Brasil como o maior produtor e exportador mundial”. Timm destacou a participação de 380 inscritos e de delegações de 18 países, dos principais mercados importadores. Presenças do vice-presidente de Honduras, Samuel Reyes Rendon, da prefeita de Guarujá, Maria Antonieta de Brito, autoridades locais e grande número de participantes do Seminário. Diretor da ANTAQ destaca investimentos na área portuária O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Pedro Brito, na abertura do ciclo de palestras, afirmou que, entre os 10 maiores projetos portuários do mundo, três estão no Brasil: em 5º lugar, a expansão do Porto de Santos, com investimentos de US$ 2,9 bilhões; em 8º lugar o superporto de Açu, em São João da Barra, no Estado do Rio de Janeiro, com US$ 1,8 bilhão; e em 10º lugar a expansão do Porto do Rio de Janeiro, com US$ 900 milhões. Brito adiantou que esses três grandes empreendimentos brasileiros integram um planejamento para melhoria do sistema portuário nacional, que prevê iniciativas como “a continuidade do Programa Nacional de Dragagem, a expansão das instalações portuárias, navios maiores nas rotas brasileiras, maiores frequências das rotas, viabilização dos portos concentradores, serviços públicos portuários ágeis e eficientes, melhoria dos sistemas de controle, implantação do Porto Sem Papel e economia de escala e redução de custos”. Rogério Bomfim 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13.pdf 2 02/07/2012 18:27:38 C M 7 Y CM anter liderança mundial na exportação de café MY CY CMY Brasil caminha para aumentar a produtividade e a qualidade O engenheiro agrônomo Roberto Antonio Thomaziello, do Centro de Café do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), confia que o Brasil caminha para ampliar a produtividade e qualidade, no sentido de manter e até aumentar a participação no mercado mundial. Ele abordou a questão na palestra Situação Atual do Parque Cafeeiro Brasileiro e Visão de Futuro. São essenciais para assegurar a posição de liderança mundial na produção e exportação, de acordo com Thomaziello, “o crescimento constante da mecanização, o aumento de áreas irrigadas, a melhoria da gestão das propriedades, as tecnologias disponíveis para suporte ao crescimento, o aumento das certificações e a cafeicultura, tanto a familiar, quanto a empresarial, cada vez mais comprometida com as práticas da sustentabilidade e proteção ambiental”. Embora exista a bienalidade, ela é positiva e mantém crescimento constante, segundo Thomaziello. Os fatores relevantes do crescimento são os cultivares de café com alto potencial produtivo e de alta qualidade, o aumento das áreas irrigadas, com maior produção, a expansão da densidade de plantas por hectare e a maior adoção de podas. Em vista das perspectivas de aumento do consumo, tanto em nível interno, quanto mundial, os produtores brasileiros dispõem de uma série de oportunidades. Thomaziello adianta que uma delas é a conquista de novos mercados com café de qualidade e diferenciados. Roberto Antonio Thomaziello, do IAC Rê Sarmento K 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13.pdf 3 02/07/2012 18:27:43 Rogério Bomfim Consumo mundial de café deve crescer para 173 milhões de sacas em 2020 O diretor executivo da Organização Internacional de Café (OIC), o brasileiro Robério Silva, durante a sua palestra antecipou que a expectativa de consumo do produto em 2020 deverá ser de 173 milhões de sacas, o que exigirá aumento de 20 milhões de sacas na produção nos próximos oito anos. “Se continuarmos a crescer na taxa de 2,5% ao ano verificada no período 2000 a 2010, que, podemos observar, foi a mais alta na história recente do café”, acredita Silva, “chegaremos a um consumo de mais de 173 milhões de sacas em 2020”. C M Y CM MY CY CMY K 8 A produção na safra 2010/11 foi de 134,2 milhões de sacas e a previsão para 2011/12 é de 131,4 milhões, cita o diretor da OIC. “A alternância entre anos de produção alta e baixa mostra a forte influência do ciclo bienal brasileiro sobre a produção total mundial. Também a falta Provatendência de Classificação de uma dinâmica de crescimento da produção mundial, refletindo as conhecidas dificuldades em aumentar a produção, mesmo após vários anos de preços atraentes em comparação com aqueles praticados durante a época da grande crise no começo do século”. Ainda é cedo para fazer qualquer projeção sobre o ano cafeeiro 2012/13 no Brasil, segundo Robério Silva. “De concreto, temos a primeira estimativa oficial da safra brasileira, a qual está estimada em uma faixa de 49 milhões a 52 milhões de sacas, ou seja, um aumento de cerca de 16% em relação à safra anterior. Sabemos também que as estimativas da safra brasileira divulgadas por outras fontes muitas vezes são superiores à oficial. Seja qual for o resultado final, nossa avaliação é de que o tamanho da safra brasileira não deverá exercer um impacto negativo sobre as cotações. O diretor da OIC afirma que há boas razões para acreditar em aumento consistente do consumo mundial do café para 2011. “É importante notar onde ocorre o crescimento do consumo: desde 2000, o consumo mundial aumentou em 31 milhões, mas o incremento nos mercados tradicionais da Europa Ocidental, América do Norte e Japão foi de apenas 6 milhões, uma taxa anual de crescimento inferior a 1%. O grosso – 25 milhões de sacas, ou 80% – do aumento ocorreu nos países produtores e mercados emergentes, onde a taxa de crescimento supera os 4% anuais”. O consumo em países produtores de café conquista relevância cada vez maior, de acordo com o diretor executivo da OIC. “Hoje eles respondem por mais de 42 milhões de sacas, um pouco mais de 31% do consumo mundial e crescem rapidamente. Em termos do volume absoluto, o destaque continua sendo o Brasil, que Robério Silva consome quase 20 milhões de sacas e deve ultrapassar os Estados Unidos em alguns anos. “Nesse sentido”, observa Robério Silva, “o desempenho do consumo em outros países produtores é encorajador – vemos aqui vários países com taxas de crescimento superiores a 5% –, o que nos dá esperança de que esse movimento positivo perdurará. Sempre é bom lembrar que parte desse aumento pode ser atribuído às ações de promoção de consumo feitas pela OIC, sobretudo o Guia Detalhado para Promoção do Consumo de Café, o qual procura divulgar a experiência do Brasil e de outros países no aumento do consumo interno”. Desafios para ampliar a produção mundial de café A analista internacional de café Maja Wallengren, dinamarquesa que vive no México, observa que, em tempos de crise econômica global, o mundo está bebendo mais café do que nunca. Por isso, são imensos os desafios para ampliar a produção mundial, assunto da palestra Oportunidades de Ouro para os Produtores – Estará o Café do Mundo Acabando? no dia 10 de maio, no XIX Seminário Internacional de Café de Santos. Maja recordou que, nos últimos dez anos, a produção global de café sofreu perdas, muitas não recuperadas. Citou que a América Central e o México perderam 5 milhões de sacas de café. A perda da Colômbia foi de 3 milhões a 4 milhões nos últimos quatro anos e apenas retomará parte dessa perda – cerca de metade – entre 2012 e 2013. “O Brasil ampliará a produção apenas em longo prazo e novas significativas fontes de café não deverão surgir até 2014 ou 2015”, antecipa a analista. O Vietnã não tem ampliado a produção significativamente, estabilizando-se entre 16 milhões e 18 milhões de sacas por safra, com potencial de 22 milhões por volta de 2014 a 2015. 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13.pdf 4 02/07/2012 18:27:52 Além da perda da última década, Maja lembrou que existe um déficit mundial na produção, alertando para as previsões para o período de 2012 a 2013. “O Brasil, maior produtor mundial, deverá produzir de 53 milhões a 55 milhões de sacas, com 20 milhões para consumo próprio e de 33 milhões a 35 milhões para exportação. Há um déficit global que dura cinco anos e caminha para o sexto ano e, apesar da grande colheita brasileira, em 2012/13, haverá aumento do déficit, de 4 milhões a 5 milhões de sacas”. Tadeu Nascimento Um cenário que complica a expansão da produção cafeeira é a situação do clima no planeta, alerta Maja Wallengren. “As mudanças climáticas e o aquecimento global resultando em seca, temperaturas irregulares, chuvas fora de época e pragas” são fatores a dificultar a ampliação das safras. Ela também cita que os financiamentos e créditos estão cada vez mais difíceis para os produtores, lembra que o custo de produção está ascendente e as moedas não estão favoráveis para os produtores no Brasil e Colômbia. Apesar da situação desafiante, Maja vislumbra oportunidades de ouro. “Os produtores de café C M Y CM MY CY CMY K Sustentabilidade no café, de nicho ao mercado principal A diretora executiva da Associação 4C, Melanie Rutten-Sulz, lembrou que, há 25 anos, a sustentabilidade no café era encarada como um nicho e hoje é uma tendência do mercado cafeeiro. A palestra dela no Seminário Internacional de Café de Santos foi sobre Associação 4C, a Plataforma Cafeeira em Cooperação com Programas de Sustentabilidade. Melanie recordou que 25 anos atrás a sustentabilidade era um movimento pioneiro de organizações não governamentais (ONGs) e consumidores críticos, com foco em justiça social e proteção ambiental. Com o crescimento da visão sustentável, começaram a surgir normas e iniciativas. A diretora do 4C enfatizou que a consolidação dessa tendência gerou uma indústria para sustentabilidade, com preocupações que vão da responsabilidade social corporativa a abordagens de projetos para assegurar recursos para as empresas. Ela citou uma série de informações sobre o café para mostrar a importância desse produto. “No mundo, aproximadamente 25 milhões de pessoas vivem dessa mercadoria. Os cafeicultores apresentam desenvolvimento organizacional limitado. A cadeia de fornecimento é fragmentada, sem rastreabilidade. Existe alta volatilidade no mercado cafeeiro. É um negócio pouco atrativo para as próximas gerações. Os produtores não investem o suficiente na produção e nas boas práticas agrícolas. As plantações são antigas, com limitada produtividade”. Os cafés sustentáveis representam 8% das exportações mundiais de café e 17% da oferta mundial, conforme a diretora da 4C. Quatro países dominam 77% desse mercado: o Brasil, com cerca de 30%, a Colômbia, o Peru e o Vietnã. Tadeu Nascimento Maja Wallengren conseguiram, pela primeira vez, poder para influenciar preços e manter parte do controle da cadeia de suprimentos”. Ela também comenta que a qualidade é a chave para manter a equação favorável aos produtores. “A demanda dos consumidores continuará a crescer pelo menos 2 milhões de sacas por ano se a qualidade do produto final for mantida por no mínimo cinco anos, até uns dez anos”. Os países com mais chances de aumentar a produção significativamente são o Brasil, Vietnã, Tanzânia, Peru, Honduras e Nicarágua, de acordo com Maja Wallengren. “O café, porém, terá que competir com o cacau, outras commodities e com o desenvolvimento da indústria mundial”. No que diz respeito ao Brasil, ela cita o Espírito Santo como um estado promissor para ampliar a produção cafeeira. Melanie Rutten-Sulz 9 Rê Sarmento 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13.pdf 5 02/07/2012 18:28:08 O mercado sustentável de café continuará a crescer, segundo Melanie, pois a indústria necessita de agricultura sustentável. Para isso, é importante garantir fornecimento no longo prazo, tanto de qualidade, quanto de quantidade, prover gestão sustentável da cadeia de fornecimento, proteger e melhorar a reputação das marcas e das empresas muito além do marketing do produto. Melanie antecipou que, para 2015, a Nescafé tem o compromisso de promover todas as compras diretas de acordo com os padrões da Associação 4C. Para 2020, a meta da Nescafé é de 90 mil toneladas adicionais conforme as normas da Rainforest Alliance. A Kraft promoverá 100% das compras para as marcas europeias de origens sustentáveis até o fim de 2015. A Sara Lee projeta comprar 20% de cafés certificados. A Tchibo propõe o índice de 25%. Atingidas as metas, a expectativa é que em 2015 as exportações mundiais de café sejam 25% de origens sustentáveis. M Y CM MY CY CMY K 10 Reativação Financeira do Setor Produtor de Café (Lei 152/2003). Ainda dentro da proposta de leis para o setor cafeeiro, o governo aprovou o Instituto de Previsão do Cafeicultor e a Lei de Pesos e Medidas. Além disso, determinou a data de 1º de outubro como o Dia Nacional do Café. De acordo com a diretora da 4C, “sustentabilidade não é uma tendência, mas a base operações futuras, não tem mais volta”. Há uma pressão da demanda sobre a oferta, Prova de Classificação que exige abordagem diferenciada para a cadeia de suprimentos, com mais transparência e relações mais estreitas. “São enormes as oportunidades para estabelecer novas parcerias e relações comerciais”. Honduras definiu uma série de iniciativas para estimular o consumo, como tardes de aroma de café, convênios com instituições para promover o café e cursos de barista. Além disso, no Exterior, marca presença em feiras internacionais, em países da Europa, nos Estados Unidos, Japão, Taiwan e Coreia. O segredo do sucesso do café hondurenho: leis para incentivar a produção “Honduras conta com um Programa de Apoio ao Pequeno Produtor”, afirmou Reyes Rendon, “iniciado em 2008, com a proposta de contribuir para a redução da pobreza, elevando a produtividade do café e a geração de renda”. A duração do projeto é de 10 anos, beneficiando 60 mil famílias, com financiamento do Instituto Hondurenho do Café (Ihcafe) e do Fundo Cafeeiro Nacional. O vice-presidente de Honduras, Samuel Reyes Rendon, disse que o segredo do sucesso do café hondurenho foi a criação de legislação para incentivar a produção. Em 2003, foram decretadas duas leis para recuperar as perdas econômicas: a Lei de Fortalecimento Financeiro do Produtor Agropecuário (Lei 68/2003) e a Lei de Carlos Brando, Eduardo Carvalhaes Jr. e Carlos Paulino Rogério Bomfim C Hernando de la Roche Samuel Reyes Rendon 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13.pdf 6 02/07/2012 18:28:28 Rogério Bomfim Para garantir a qualidade, Honduras mantém o Centro Nacional de Qualidade do Café, em São Pedro Sula, lembrou o vice-presidente. Em 2004, foi instituído o Prêmio de Excelência e, em 2012, um Novo Prêmio de Excelência. Quanto aos recursos humanos, foi criada a carreira de técnico universitário de controle de qualidade do café. O vice-presidente alertou que, em Honduras, o café tem importância social, política, econômica e ambiental, com 27,2% do PIB e 3,2% do PNB e é hoje a principal produção de exportação agrícola, com divisas de US$ 1,22 bilhão. Reyes Rendon comentou que, no aspecto social, o café gera 1 milhão de empregos, evita a migração da população do campo para a cidade e tem 110 mil produtores, dos quais 92% de pequenos produtores. Com 5 milhões de sacas exportadas, o país é considerado o Rei do Café da América Central. A meta para 2011/12 é de exportação de 6 milhões de sacas. Gerenciamento de riscos, uma necessidade Y CM MY CY CMY K A INTL FCStone é uma empresa de gestão de riscos que administra o risco das empresas, utilizando as ferramentas do mercado de commodities, com o objetivo de aumentar as margens de lucro e possibilitar que os executivos se concentrem no foco do negócio. Ela atende mais de 20 mil clientes em mais de 100 países por meio de uma rede de filiais em todo o planeta. Fabiana D’Atri, economista do Bradesco e João Antonio Lian, do Cecafé Rogério Bomfim M O vice-presidente da INTL Hencorp Futures, Hernando de la Roche, em sua apresentação, abordou a importância de as empresas do setor cafeeiro definirem uma política de gerenciamento de riscos, para não sofrer grandes surpresas com a volatilidade de preços no mercado de commodities. Tadeu Nascimento C Pedro Brito, da ANTAQ 11 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13.pdf 7 02/07/2012 18:29:08 C M Y CM MY CY CMY K 12 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13.pdf 8 02/07/2012 18:29:49 C M Y CM MY CY CMY K 13 14 - 15 - 16 - 17.pdf 1 02/07/2012 18:36:48 Os planos da Lavazza no Brasil C M Y CM MY CY CMY Divulgação Miguel Barbosa Uma das maiores torrefadoras de café do mundo, a italiana Lavazza, sediada em Turim, vem namorando o mercado brasileiro há alguns anos. Entre 2008 e 2009, adquiriu duas pequenas empresas nacionais Café Grão Nobre e Terra Brasil. Desde então, aparecem regularmente na mídia reportagens com os planos da companhia de expandir suas atividades no país, estabelecendo aqui uma base industrial para exportar café torrado para América Latina. Como se trata de uma empresa de grande porte, que faturou R$ 3 bilhões em 2011, há sempre muita expectativa quanto à extensão do interesse da empresa em nosso mercado. Será que o namoro se converterá em noivado? Será que o noivado se concretizará em casamento? 14 Cesare Noseda, gerente geral da filial da empresa no Brasil, além de diretor para América do Sul e Central, recebeu a Revista do Café em seu escritório no Rio de Janeiro, e deu algumas informações importantes para se entender a estratégia da Lavazza junto ao principal produtor de café no mundo. Cesare Noseda, gerente geral da filial no Brasil K O executivo não usa esses termos, mas sua entrevista revela que a empresa, por enquanto, não pensa em casamento. A relação não está esfriando, todavia. Além da empresa adquirir do Brasil cerca de 70% das quase 3 milhões de sacas que importa anualmente, há planos de iniciar por aqui uma nova estratégia: o negócio de cafeterias, sobre o qual falaremos mais adiante. A metáfora de casamento poderia ser aplicada à eventual decisão da Lavazza de produzir torrado no Brasil em grande quantidade. Recentemente, um informativo da companhia chegou a anunciar uma nova fábrica em Queimados, substituindo a unidade já existente em Três Rios. Segundo Noseda, no entanto, os planos mudaram. A empresa não quer mais focar no mercado tradicional, e qualquer aumento da produção deve ser feito com prudência, de maneira proporcional ao desempenho das vendas de seus produtos, no Brasil e países vizinhos. “Não vamos adquirir outras torrefadoras, porque é um segmento com problemas de caixa”, admite. “Em todo país da região, já existem torrefadoras instaladas abastecendo o mercado”. A fábrica em Três Rios produz cerca de 350 toneladas/ano (equivalentes a aproximadamente 7 mil sacas de café verde de 60 kg); em caso de aumento da demanda, a empresa deverá investir na ampliação da unidade. A proibição de importar café de outras origens é um dos obstáculos determinantes para a evolução do relacionamento entre a Lavazza e o Brasil. “Nossa especialidade é justamente misturar cafés de várias origens e vender um produto diferenciado”, explica Noseda. Indagado sobre uma eventual liberação da importação de outras origens, Noseda dá um sorriso aberto e diz: “ah, aí seria outra história!” A Itália é o maior exportador mundial de café torrado, em valor (em quantidade, o primeiro lugar é da Alemanha). Noseda explica que esse posicionamento da Itália no ranking de valor se dá porque exporta 14 - 15 - 16 - 17.pdf 2 02/07/2012 18:36:49 tornado extremamente popular na Itália. A diferença do espresso em cápsula para o espresso tradicional é que este último exige conhecimentos de barista para a obtenção de um mínimo de qualidade, enquanto a cápsula permite a qualquer leigo preparar e consumir um bom espresso. Ele observou que a atual crise econômica que a Itália atravessa provou, mais uma vez, a extraordinária resistência do café junto ao consumidor. “O café é o último produto não essencial que o consumidor abandona. Mesmo no auge da crise, o cidadão se permite esse derradeiro luxo”, constata Noseda. As consequências da crise, portanto, acabam recaindo sobre as torrefadoras, que ingressaram em 2011 num período de competição mais agressiva. “Houve redução generalizada das margens de lucro”, confessou o executivo. A Lavazza, neste sentido, até que se saiu bem no ano passado, visto que seu faturamento (1,2 bilhão de euros) ficou positivo em relação à 2010 (1,14 bilhão de euros). Em reais, esses números correspondem a 2,86 bilhões (em 2010) e 2,99 bilhões (em 2011). O lucro em 2010 foi de 21,5 milhões de euros, porém, caiu substancialmente contra 43,8 milhões em 2009. Não há ainda números sobre o lucro de 2011. C M Y As aquisições principais da empresa nos últimos anos, além das mencionadas compras de empresas brasileiras, foram: a Ercom, na Itália; a Onda Coffee Break, na Bulgária; a Coffice, na Argentina; e o acordo com a americana Green Mountain Coffee Roasters, que levou a companhia a uma participação acionária de 6%. CM MY CY CMY K sobretudo café espresso, que tem valor maior agregado. Os principais mercados da Lavazza, segundo Noseda (e logo, os principais destinos do café italiano), são Alemanha, França, Inglaterra, Polônia, Turquia, Israel, Bulgária, Croácia, Rússia, EUA e Austrália; no total, a empresa vende para 90 países. A prioridade da Lavazza, no Brasil, é desenvolver o consumo de espresso, que é a especialidade da empresa. Na Itália, onde o espresso corresponde a quase 100% do café consumido fora de casa, a Lavazza tem a liderança isolada do mercado, com 48% de market share. O segundo lugar fica num distante 20%. Na União Européia, a participação da Lavazza está em torno de 20%. O espresso responde por apenas 1% do consumo de café no Brasil (mais ou menos 200 mil sacas), mas vem crescendo a taxas muito altas, em torno de 20% ao ano. A estratégia da Lavazza é, segundo Noseda, promover ações de marketing visando aumentar este percentual. Um dos produtos nos quais a empresa mais aposta é o espresso em cápsula, que tem se No Brasil, o faturamento da empresa em 2010 (último número disponível), totalizou R$ 24 milhões, segundo a Coffee Magazine, a revista interna da Lavazza. Uma das principais apostas da empresa fora da Itália é a Índia, onde está presente desde 2007, após aquisição da Barista Coffee Company (cujo nome mudou em 2009 para Barista Lavazza), segunda maior cadeia indiana de cafeterias, com mais de 180 pontos espalhados pelo país; e o acordo com a Fresh & Honest Cafè, que tem aproximadamente 5 mil máquinas de espresso, do tipo tradicional. A Lavazza está investindo cerca de 20 milhões de euros numa fábrica de torrefação no distrito industrial de Sri City, região de Tada. Segundo Marco Lavazza, um dos sócios do grupo, o café usado na fábrica deverá ser totalmente de origem indiana e destinado a lojas de café e a rede Fresh & Honest Cafè. Diferentemente do que pensa fazer no Brasil, a empresa quer penetrar no varejo tradicional indiano. A empresa planeja ainda remodelar as lojas da rede Barista para o conceito Lavazza Espression. 15 Divulgação 14 - 15 - 16 - 17.pdf 3 02/07/2012 18:36:52 Prova de Classificação C M Y 16 Lavazza trainers CM MY CY CMY K Um dos negócios mais estratégicos da Lavazza na Itália, e que é um dos segmentos que a empresa vem explorando no Brasil, é o de vendas de máquinas de espresso. A Lavazza não tem fábrica de máquinas, mas propõe o conceito, o design, e faz a intermediação das vendas; as máquinas vêm com a marca da empresa estampada na frente e a venda é casada com o oferecimento de serviço de manutenção e fornecimento do café. No caso das máquinas de cápsula, elas são feitas especialmente para receber o produto da empresa. A estratégia comercial da Lavazza no Brasil, segundo Noseda, divide-se em três etapas: 1. Ampliar os negócios já existentes, com vendas tipo Business to Business, ou seja, fornecendo máquinas espresso e café, em embalagens tradicionais ou cápsulas, para empresas, restaurantes, e estabelecimentos comerciais em geral. 2. Abrir uma cadeia de cafeterias, através das quais a empresa poderá promover a cultura do espresso de qualidade no Brasil e iniciar vendas de máquinas e cápsulas diretamente ao consumidor. 3. Ampliar a oferta de espresso e cápsulas no varejo, sempre focando no mercado de cafés especiais. A primeira etapa já é uma realidade, e teve início com a aquisição das empresas brasileiras mencionadas no início do artigo. As etapas seguintes é que ainda estão aguardando o bater do martelo do comando central em Turim. Segundo Noseda, até o fim deste ano, a Lavazza deverá abrir a sua primeira cafeteria no Brasil, da sua rede Espression, com a qual a empresa vem concorrendo, a nível mundial, com a Nespresso, disputando o público jovem. Noseda explica que há negociações com algumas empresas do setor, ainda confidenciais, mas adianta que a primeira unidade não será necessariamente em São Paulo. Ele citou o Nordeste como uma região cujo rápido crescimento econômico tem despertado interesse nos estrategistas da empresa. Noseda explica que a Lavazza possui várias redes de cafeteria no mundo, sendo três principais. Duas eram empresas já estabelecidas que foram compradas, uma na Espanha, outra na Índia. A Espression, no entanto, é cria da casa, e foi concebida para expressar o modelo próprio da companhia. O Faturamento da conceito da rede “Espression”, Lavazza - Bilhões nas palavras do executivo, é “ser o lugar privilegiado para a Euros R$ experiência da marca 2009 1,0934 2,7286 Lavazza”. 2010 1,1468 2,8618 2011 1,2000 2,9946 Nota: 1 Euro = 1.23703 USD. Em 31/05/12 14 - 15 - 16 - 17.pdf 4 02/07/2012 18:36:55 A preferência da empresa pela matéria-prima brasileira, A Lavazza foi fundada em 1895 por Luigi Lavazza, em e a decisão de abrir uma rede de cafeterias no país, Turim, como uma pequena loja artesanal especializada mostram que o sólido relacionamento da Lavazza com na torra e no comércio de café. Até hoje, a empresa seu maior fornecedor, senão constitui ainda um permanece sob administração da mesma família. Nos casamento, sugere a proximidade de um promissor anos 80, a empresa ganhou destaque como a maior noivado. empresa do mundo especializada exclusivamente em café. A expansão do consumo de espresso na União Européia, nos últimos 30 Período: Ano calendário 1999 a 2011. anos, e no resto do mundo nos Receita em US$, quantidade em sacas de 60kg últimos 15 a 20 anos, levou a companhia a se tornar uma das Fora Europa Para Europa Total maiores do planeta. Segundo dados US$ Sacas US$ Sacas US$ Sacas da própria empresa, ela vende cerca de 14 bilhões de xícaras de café ao ano. Itália: Exportações de café torrado C M Y CM MY CY CMY K Nota: 1 EUR = 1.23703 USD em 31/05/12 Fonte: Eurostat / Miguel Barbosa 17 18 - 19 - 20 - 21.pdf 1 02/07/2012 18:42:44 Chris Ceneviva Thiago Santos Abertura 17ª Festa do Imigrante celebra cultura e diversidade paulista C M Y CM MY 18 Evento destacou as manifestações culturais de diferentes comunidades imigrantes presentes no estado de São Paulo CY CMY K Nos dias 27 de maio e 03 de junho, São Paulo celebrou a cultura e as tradições das diferentes comunidades imigrantes que representam a mistura de influências e a diversidade do estado. A 17ª Festa do Imigrante organizada pelo Museu da Imigração do Estado de São Paulo, que é gerido pela Associação dos Amigos do Museu do Café, recebeu mais de 12 mil pessoas nos dois dias de evento, realizado no complexo que abrigava a antiga Hospedaria de Imigrantes, no bairro da Mooca, em São Paulo. Ao longo dos anos, a Festa do Imigrante vem conseguindo unir o tradicionalismo da iniciativa com a crescente participação do público e das comunidades. Em 2012, o evento contou com a participação de 34 nações – 18 da Europa, 3 da África, 4 da Ásia, 6 da América e 3 do Oriente Médio – distribuídas em 53 expositores – 32 de alimentação e 21 de artesanato – e 34 apresentações artísticas. A grande conquista desta edição foi a expansão dos países representados para além daqueles relacionados à grande imigração europeia e asiática, abrindo espaço para movimentos migratórios mais recentes, principalmente da América Latina e da África. Países como Congo, Angola e Moçambique participaram pela primeira vez do evento. Mais do que as já tradicionais barracas de alimentos e artesanato, a edição deste ano apostou em uma programação diversificada e interativa. Um dos destaques foi o “culinária show”, em que renomados chefs da cidade de São Paulo apresentaram receitas da cozinha internacional influenciadas pela cultura brasileira. No dia 27 de maio, Adriano Kanashiro, especialista em culinária oriental, ensinou ao público os truques para preparar um Temarizushi Maguro Shigue, que leva atum, arroz japonês e molho su. No mesmo dia, Allan Vila Espejo – o chef Allan –, especialista em culinária espanhola, mostrou o passo-a-passo para preparar uma Paella Valenciana. Na semana seguinte, foi a vez de Bruno Stippe, que utiliza como base a cozinha italiana, ensinar os segredos de um Spaghetti ai Gamberi e Pancetta. Por último, Brenno Lerner, chef renomado e um dos nomes mais respeitados do mercado editorial, propor uma viagem pela culinária judaica. As receitas apresentadas foram Carbonada Criola, Saltibasciai (Borscht a moda lituana) e Guefilte Fish. Outra atração especial foi o espaço Cine Imigrante. A programação, com curadoria da Cinemateca Brasileira, 18 - 19 - 20 - 21.pdf 2 02/07/2012 18:42:53 Em seu novo projeto museológico, o Museu da Imigração pretende valorizar ainda mais o encontro das múltiplas histórias e origens e propor ao público o contato com as lembranças daquelas pessoas que vieram de terras distantes, suas condições de viagem, adaptação aos novos trabalhos e contribuição para a formação do que hoje chamamos de identidade paulista. incluiu filmes de curta e longa duração relacionados ao tema da imigração, com os títulos: “Azas italianas sob os céos do Brasil”, “Dov’e meneghetti?”, “Chá verde e arroz”, “Tori”, “Avós”, “Lampião rei do cangaço”, “Baile perfumado”, “O ano em que meus pais saíram de férias”, “Um passaporte húngaro” e “Cinema, aspirinas e urubus”. Mais uma novidade da 17ª Festa do Imigrante foi a “Tenda Faz e Conta”. No espaço foram apresentadas sessões de contação de histórias e lendas dos cinco continentes: “Histórias da Mãe África”, “Histórias da América”, “Europa – um continente de histórias”, “Ásia e suas histórias” e “Histórias do outro lado do mundo – a Oceania”. As crianças também puderam participar de atividades lúdicas desenvolvidas pela equipe educativa do Museu da Língua Portuguesa, como a árvore das origens, criação de histórias e livro de registros. Ainda sob a tenda, foram realizadas oficinas de artesanato de diferentes nações, como bordado da madeira (Ilha da Madeira), pintura de marguciai – ovos decorados com cera de abelha – (Lituânia), bordado indiano (Índia), Oshibana (Japão) e pintura em caixinha de madeira (Rússia). A história da migração humana não deve ser encarada como uma questão relacionada exclusivamente ao passado; há a necessidade de tratar sobre deslocamentos mais recentes. O novo Museu da Imigração pretende fomentar o diálogo sobre as migrações como um fenômeno contemporâneo, que não se encerra com o fechamento das atividades da Hospedaria, reconhecendo a recepção dos milhões de migrantes atuais e a repercussão deste deslocamento para o estado de São Paulo. Hospedaria de Imigrantes Chris Ceneviva Ao desembarcar no Brasil, os imigrantes trouxeram muito mais do que o anseio de refazer suas vidas trabalhando nas lavouras de café e no início da indústria paulista. Nos séculos XIX e XX, os representantes de mais de 70 nacionalidades e etnias chegaram com o sonho de “fazer a América” e acabaram por contribuir expressivamente na história do país e na cultura brasileira. Deles, o Brasil herdou sobrenomes, sotaques, costumes, comidas e vestimentas. C M Y CM MY CY Inaugurada em 1887, a Hospedaria de Imigrantes se tornou a principal hospedagem destinada a abrigar os imigrantes recém-chegados. Foi no antigo prédio da Hospedaria – hoje sede do Museu da Imigração – que os CMY K Culinária Show - apresentação do Chef Breno Lerner Artesanato das comunidades As apresentações artísticas, sucesso de público, foram uma atração à parte. Ao todo, o evento recebeu 34 performances, com danças e músicas típicas de nações como Alemanha, Argentina, Armênia, Bolívia, Bulgária, Chile, Congo, Coréia, Croácia, Espanha, Grécia, Ilha da Madeira, Itália, Lituânia, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, República Tcheca, Rússia, Síria e Ucrânia. Durante o evento foram realizadas ainda intervenções cênicas e distribuição de impressos com curiosidades sobre diferentes idiomas. O Museu da Imigração do Estado de São Paulo está em processo de restauro das edificações e implantação de nova exposição de longa duração. Marcos Blau Museu da Imigração 19 18 - 19 - 20 - 21.pdf 3 02/07/2012 18:43:08 anseios, angústias e expectativas de mais de 2,5 milhões de pessoas se cruzaram entre 1887 e 1978. Ao longo de seus 91 anos, a Hospedaria acolheu e encaminhou os imigrantes aos novos empregos. Para isso, o prédio contava com a Agência Oficial de Colonização e Trabalho. Além de alojamento, disponibilizava farmácia, laboratório, hospital, correios, lavanderia, cozinha e setores de assistência médica e odontológica. Camila Amato Especialmente na década de 1930, a Hospedaria de Imigrantes passou a acolher também trabalhadores migrantes de outros estados brasileiros. Na década de 1970, perdeu sua função original e em 1978 recebeu pela última vez um grupo de imigrantes coreanos, pouco antes de encerrar suas atividades. Tenda faz e conta Camila Amato C M Y Marcos Blau Apresentações Artísticas da 17ª Festa do Imigrante 20 CM MY CY Chris Ceneviva Chris Ceneviva Camila Amato Chris Ceneviva K Camila Amato CMY M CM Y MY CY CMY K Marcos Blau Marcos Blau Marcos Blau Camila Amato Marcos Blau Chris Ceneviva 18 - 19 - 20 - 21.pdf 4 02/07/2012 18:43:22 C 21 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27.pdf 1 02/07/2012 18:49:12 C M Y CM MY CY CMY 22 Vitória, capital mundial do conilon K Durante uma semana, Vitória, no Espírito Santo, tornou-se a capital mundial do conilon. Foi realizada entre os dias 11 e 15 de junho, a Conferência Internacional de Coffea canephora, no Centro de Convenções de Vitória. O evento teve como objetivo apresentar e discutir temas associados à pesquisa, desenvolvimento e inovações; qualidade, mercado e indústria com representantes de vários países do mundo. “Um pé de café conilon tem mais ciência, mais pesquisa, do que os telefones celulares mais modernos. Além de fazer riqueza, o café faz com que brasileiros simples, humildes, realizem seus sonhos”. Ao comparar os cafeicultores com Steve Jobs, Evair Vieira de Melo, presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), arrancou aplausos das mais de 500 pessoas que participaram da abertura da conferência. “Era difícil de imaginar que esse café que já foi tão estigmatizado, que já teve tanto preconceito, hoje é capaz de reunir a comunidade internacional. Esse avanço é resultado do planejamento e da integração entre Governo e sociedade, e de todos os elos envolvidos na cafeicultura. O café está no dia-a-dia, faz parte da vida dos capixabas, e com o café forte o Espírito Santo e as famílias capixabas se fortalecem", destacou o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli. Para o produtor rural Francisco de Assis e Silva, de Afonso Cláudio, o intercâmbio de informações é de grande importância. “Estamos tendo a oportunidade de conhecer a realidade de vários países produtores e as demandas dos consumidores internacionais. Isso contribui para que possamos direcionar nossos investimentos adequadamente”, disse. Perspectivas do conilon no mundo O primeiro dia de trabalho da Conferência foi marcado por palestras sobre a transferência de tecnologia nos principais países produtores do mundo. O painel foi moderado pelo diretor executivo da Organização Internacional de Café (OIC), Robério Silva. O pesquisador, Aymbiré Almeida da INCAPER INCAPER 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27.pdf 2 02/07/2012 18:49:19 Aymbiré Almeida da Fonseca Fonseca, falou sobre a importância das pesquisas do conilon. As experiências de outros países produtores também foram apresentadas. Koffi NGoran, diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Agronômica da Costa do Marfim, falou sobre os estudos desenvolvidos em seu país. O cultivo de conilon na Indonésia foi apresentado por Pranoto Soenarto, diretor de operações PT. C M Y CM MY CY CMY Público conferência INCAPER K As experiências de Uganda e os projetos estratégicos do Vietnã, maior produtor mundial de robusta, foram apresentadas em seguida. O presidente da Empresa de Consultoria e Pesquisa da Indochina (IRC) Vietnã, Phung Duc Thung, deu uma visão geral da produção vietnamita de café, destacando alguns problemas enfrentados. “A ausência de pesquisadores especializados, de políticas nacionais para o setor e a falta de investimentos infelizmente ainda são uma realidade no Vietnã. Entretanto, somos hoje o segundo maior produtor do mundo, ficando atrás apenas do Brasil”. 23 INCAPER 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27.pdf 3 02/07/2012 18:49:26 O representante da Nestlé, Pierre Broun, chefe do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Nestlé, R&D, na França, explicou que “Os marcadores genéticos tornam possíveis a elaboração de mapas genéticos do conilon, que podem ajudar a descobrir os fatores de qualidade do produto. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e interessados em saber a procedência do café. Identificar os marcadores facilita o controle das fábricas sobre a qualidade do produto”. Pierre Marraccini, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), falou sobre a caracterização molecular de determinantes envolvidos na tolerância à seca. “A seca é um dos fatores do meio ambiente que mais afetam o café, diminuindo o grão e trazendo outros defeitos que abaixam a qualidade da bebida”, afirma. Marraccini chama a atenção para o efeito socioeconômico que a seca pode trazer, com a repercussão em queda na renda dos cafeicultores. “Para reduzir os efeitos da seca no café, é necessário usar os genes de grupos tolerantes para desenvolver variedades que suportam mais a falta de água”, apontou. Carlos Brando Y CM MY CY CMY K 24 INCAPER Biotecnologia Temas relacionados à biotecnologia também foram tratados na Conferência. O pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Alan Carvalho de Andrade, destacou as vantagens que o sequenciamento do DNA do café conilon pode trazer para os produtores rurais. “Se já sabemos as características genotípicas do modelo, temos como prever quantidade da produção, as doenças mais suscetíveis, tamanho das plantas e outras informações que podem diminuir o custo do cultivo”, considerou. Pierre Marraccini Pesquisas do Incaper viram referência Pierre Broun O pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura do Estado, Romário Gava Ferrão, apresentou a importância do robusta, o programa de pesquisa desenvolvido no Espírito Santo e os resultados alcançados. “Temos 40 mil propriedades em 64 municípios do Espírito Santo que produzem o café conilon e muitas delas usam os materiais genéticos elaborados pelo Incaper e parceiros. Isso nos levou a ser um grande produtor e, este ano, temos a estimativa de colher 9,3 milhões de sacas somente de conilon no Estado”, afirmou Ferrão. Romário também destacou as pesquisas, que começaram em 1985 pelo Incaper, e que deram origem a várias publicações, que fazem com que esse conhecimento INCAPER M INCAPER C Na sequência, Carlos Henrique Jorge Brando, da P&A Marketing Internacional, do Brasil, comentou algumas novidades e tendências de consumo para o segmento. “Percebemos um avanço das marcas próprias no Brasil e no mundo, que representa rentabilidade para o setor e preços melhores para os clientes. Além disso, são perceptíveis as Prova de Classificação novas medidas e hábitos de consumo, novos produtos no mercado, novos equipamentos e novos consumidores, principalmente nos mercados emergentes e países produtores. É preciso aproveitar as oportunidades e investir nessas novas tendências, indo ao encontro das necessidades dos consumidores, que buscam inovação, praticidade e opção para todos os orçamentos.” chegue até pesquisadores tanto do Brasil quanto de outros países, e também aos produtores por meio dos extensionistas que orientam sobre a melhor forma de plantio, poda, nutrição e adubação. INCAPER 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27.pdf 4 02/07/2012 18:49:30 “Realizamos trabalhos conjuntos com instituições nacionais e internacionais para identificar plantas de conilon com características de interesse dos consumidores. De posse dessas informações, já criamos e vamos lançar daqui a um ano novas variedades do robusta que vão produzir mais e com mais qualidade”, salienta Romário Gava Ferrão. Qualidade provada e aprovada Além das informações divulgadas nas palestras do evento, a qualidade do conilon capixaba também pôde ser comprovada na prática. Durante os dias da conferência, o café produzido no Estado foi o principal ingrediente das degustações. Duas cafeterias serviram a bebida aos participantes, num blend composto por 60% arábica e 40% conilon. Provadores profissionais de várias nacionalidades tiveram a chance de testar – e atestar o quão especial é o café conilon produzido no Espírito Santo. E a qualidade dos melhores robustas capixabas não saiu da boca de quem entende do assunto. Foram selecionados 50 lotes de conilon especial dos municípios de Jaguaré, Vila Valério, Santa Teresa, Santa Maria de Jetibá, Muqui e Castelo. C M Y CM MY Segundo o representante da Conilon Brasil, Arthur Fiorott, um profissional dos Estados Unidos provou e aprovou a qualidade do robusta. Amostras de grãos verdes e torrados foram levadas para uma cafeteria em Los Angeles, na Califórnia. “É justamente esse o intuito da sala de degustação. É importante disponibilizar os cafés para que o mundo inteiro conheça, e reconheça a qualidade do conilon capixaba. Este foi o primeiro passo do processo de negociação”, comemora Arthur Fiorott. CY CMY INCAPER K Sulanini Menon O Mercado e a Indústria de Solúvel No painel focado no mercado, a primeira intervenção foi de Sulanini Menon, Chefe Executiva do CoffeeLab, da Índia, que vem se destacando pelo trabalho voltado para a melhoria de qualidade, e que posiciona a Índia como o país produtor que vem obtendo maior agregação de valor em suas vendas de café robusta. Menon indicou a sua opinião de que o conilon brasileiro - bem processado – apresenta nuances de bebida e aroma semelhantes àquelas típicas dos cafés robustas finos, com um bom potencial no mercado de qualidade. Na mesma direção centrou-se a apresentação de Ted Lingley, presidente da Associação Norte Americana de Cafés Especiais, que reafirmou os atributos qualitativos do robusta, que desmistificam a imagem de que a variedade prima apenas pelo maior rendimento industrial ou por representar simplesmente a massa. Na palestra sobre o café solúvel, Sérgio Tristão, Presidente da RealCafé, fez um histórico da indústria de solúvel brasileira, estruturada a partir dos estímulos dados pelo Governo com base na existência de enormes estoques de cafés arábicas em estoque, que serviriam como matéria prima para a indústria. Assinalou também que o café solúvel representa hoje cerca de 22% do consumo mundial, equivalendo a 32 milhões de sacas. Mencionou os prejuízos causados à indústria brasileira de solúvel (quadro na página seguinte) pela discriminação tarifária aplicada ao produto brasileiro na Europa. Frisou que o imposto de 9% sobre as importações na Europa, nos últimos sete anos, significou a perda de exportações ao redor de 5,5 milhões de sacas, o que impacta igualmente os produtores, pela menor demanda. Pranoto Soenarto 25 INCAPER 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27.pdf 5 02/07/2012 18:49:37 Em sua análise de mercado, o Diretor do CeCafé Guilherme Braga Pires, apresentou dados que mostram que a utilização de cafés robustas representa algo entre 40% e 42% do consumo mundial, ou seja em torno de 55 a 58 milhões de sacas anuais, em ascensão. O palestrante destacou também a demanda interna de conilon, francamente ascendente, para atender as necessidades de matéria prima da indústria de torrefação e moagem e de solúvel (quadro abaixo). Demanda Interna Total de CONILON Ano-Civil: 2011 Milhões de sacas 16,4 mi 13,7 mi + Exportações Café Verde Jair Coser C M Y 26 = Demanda Indústria Solúvel e T&M INCAPER 2,6 mi Demanda Total CONILON Elaboração: CeCafé Prova de Classificação Ao comentar o desempenho da Unicafé Comércio Exterior, empresa responsável pelo maior volume de café já comercializado do Brasil para o mercado externo, 71,550 milhões de sacas e uma receita cambial na ordem de 8 bilhões e 650 milhões de dólares, o seu presidente, Jair Coser, destacou a trajetória de 42 anos de atuação no comércio exterior. Citou as dificuldades iniciais, mas frisou que a sua persistência e atuação competente de sua equipe tornaram possível que a Unicafé tenha se transformado num caso de sucesso empresarial. CM Mil sacas 60Kg MY CY CMY K Mercado mundial de Café Solúvel Consumo de solúvel no mundo Exportações brasileiras de solúvel Participação brasileira Projeção mantendo-se a participação 2005 2005 2008 2011 2012 24.692 27.519 29.183 29.878 3.525 3.355 3.305 3.305 14,3 12,2 11,3 11,1 3.525 3.927 4.164 4.264 Perda anual para a concorrência - 572 859 958 Estimativa de perda acumulada - 1.709 4.499 5.458 Elaboração: Realcafé / Tristão INCAPER 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27.pdf 6 02/07/2012 18:49:44 INCAPER Ted Lingle Lançamentos marcam a Conferência C M Y Koffi NGoran CM CY CMY INCAPER MY K A Conferência foi marcada também pelo lançamento de diversos produtos. Um café especial, com um blend formado por 70% de arábica e 30% de conilon foi lançado no evento. O Zimbro foi desenvolvido pela torrefadora mineira Santo Antonio Estate Coffee, membro da Associação Brasileira de Cafés Especiais (Brazil Specialty Coffee Association – BSCA), a partir do café arábica do Sul de Minas Gerais com o conilon especial produzido em Santa Teresa, no Espírito Santo. “Nossa meta é fazer o consumidor e a indústria entenderem a qualidade do conilon”, apontou o produtor Luís Carlos Gomes, que é um dos fornecedores para o novo blend. Além do café, foram lançadas ainda a cachaça e a cerveja de café. As bebidas receberam o nome de Robusta, uma homenagem ao conilon, matéria-prima que garante cor, sabor e aroma às bebidas. O grão utilizando na produção da cachaça e da cerveja de café é cultivado em São Gabriel da Palha. Esta é a prova de que, além da xícara, o conilon pode estar presente em copinhos e tulipas, nas mais exigentes rodas de boteco. Phung Duc Tung Conilon em verso e prosa A origem do café na África, a descoberta do grão, a chegada das primeiras mudas e sementes ao Espírito Santo e os investimentos em pesquisa e tecnologia fazem parte da história e da evolução do café conilon. Elas foram contadas em forma de cordel na solenidade de abertura da Conferência Internacional de Coffea canephora. Os versos foram recitados pela própria autora Kátia Bobbio, que é natural de Conceição da Barra (ES). Estudiosa do folclóre e das coisas populares, ela é destaque em literatura de cordel no Espírito Santo e possui mais de 100 títulos publicados. O “Cordel do Centenário do Café Conilon no Espírito Santo” encantou os participantes do evento, que também receberam um exemplar impresso da obra. 27 28 - 29 - 30 - 31.pdf 1 02/07/2012 18:54:51 Natália Fernandes M Y CM MY CY CMY K 28 Luiz Otávio Araripe, da Valorização Empresa de Café, Eduardo Carvalhaes Jr, do escritório Carvalhaes e Luiz Hafers, da Fazenda Jamaica Perspectivas para o Agribusiness 2012/13: a crise europeia e o impacto no mercado de commodities O tradicional seminário “Perspectivas para o Agribusiness”, realizado anualmente pela BM&FBovespa, busca reunir players do agronegócio brasileiro, para discutir e traçar perspectivas para a agricultura e pecuária no país. A edição 2012 aconteceu no dia 22 de maio, em um momento crítico em que a crise europeia impacta a economia mundial, o que coloca em discussão o mercado de commodities agrícolas, que pode ver seus preços caindo ou subindo pelo aumento ou redução de demanda de produtos em meio à crise. Seja os mercados para cima ou para baixo, Edemir Pinto, Presidente da BM&FBovespa ressalta que a BM&FBovespa é a melhor opção para se fazer hedge. Segundo ele, a crise não prejudicou o volume de negócios, que segue estável. “O mercado brasileiro tem liquidez, mas não estamos satisfeitos, pois os volumes não condizem com a representatividade do agronegócio brasileiro”. O Diretor Executivo de Produtos da BM&FBovespa, Marcelo Maziero, completa a ideia analisando que o Brasil é protagonista no mercado físico de produtos agrícolas, porém é coadjuvante em derivativos de commodities, além de não parecer como centro de liquidez em nenhum mercado em que lidera a produção. De qualquer forma, a agricultura brasileira passou por momentos extremamente positivos, com evolução em tecnologia, inovação de produtos, melhoria de produtividade e mais. Cenário que cria um ambiente de produção complexo e dinâmico, com perspectivas difíceis de serem avaliadas, que sugerem a intensificação da participação no mercado de capitais. Maziero acredita que a construção de um grande mercado de derivativos do agronegócio no Brasil é do interesse e responsabilidade de todos os players. “O Brasil tem condições de se posicionar como um grande pólo de tecnologia financeira voltada ao agronegócio”, comenta. Luiz Prado - Agência Luz C 28 - 29 - 30 - 31.pdf 2 02/07/2012 18:54:56 A crise econômica mundial e o agronegócio brasileiro Que há uma crise internacional que assola tantos países desenvolvidos como em desenvolvimento, é fato. Entretanto, José Carlos Vaz, Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, pergunta: “Quantas crises o sistema financeiro já passou?”. E logo conclui que atualmente o sistema agrícola brasileiro está muito melhor. “A agricultura vive crises que se transformam em oportunidades.” O agronegócio brasileiro vive uma globalização de informações, em que bilhões de formadores de opiniões derrubam governos pela internet. “O tempo mudou, mas a necessidade de eficiência não mudou”, afirma Vaz, que acredita na necessidade de superação das dificuldades em meio à crise. C M Y CM MY CY CMY K O mundo consolida um cenário de crescimento menor em que todos os países estão sujeitos a riscos. Segundo Ilian Goldfajn, economista chefe do Itaú Unibanco, o Brasil tem perspectivas de começar a retomar o crescimento de sua economia, ficando acima da meta. E quando passada a crise, espera-se uma agricultura e pecuária cada vez mais sustentável e contributiva. Segundo estudos do Itaú Unibanco, no curto prazo (2013), espera-se para o Brasil uma taxa de câmbio a R$ 1,87, um PIB de 5,1% e Selic a 9,5%. Um país emergente, grande produtor de commodities, o Brasil é um dos celeiros do mundo, com grande capacidade de se destacar ainda mais na produção e comercialização. “Há expectativa de que a recuperação deve começar em breve”, finaliza Ilian. Perspectivas do mercado de café para 2012/13 Em painel específico da cadeia cafeeira, o palestrante Luiz Otávio Araripe, da Valorização Empresa de Café esteve ao lado de Eduardo Carvalhaes, do escritório Carvalhaes Corretores de Café (debatedor) e de Luiz Suplicy Hafers, produtor da Fazenda Jamaica (coordenador). Traçando uma análise dos preços do café nos últimos anos, Araripe nota que o preço composto pela OIC teve três grandes altas históricas, devido à abruptas quedas de oferta no Brasil, o maior produtor. Contudo, após um período de seis meses os preços voltaram a recuar. 29 28 - 29 - 30 - 31.pdf 3 02/07/2012 18:55:02 Dados de produção mundial de café do USDA apresentam um crescimento de 1,7% a.a. Levando-se em conta a produção mundial, exceto o Brasil (o maior produtor mundial), esse crescimento evolui apenas 0,6% a.a. Indo mais além, excluindo Brasil e Vietnã (o primeiro e segundo maior produtor mundial), a produção total de café mostra queda de 0,5% a.a., concluindo que o mundo está produzindo menos café. Com consumo ainda aquecido, alguns já se preocupam com a influência da crise, que afeta diretamente na renda do consumidor. E mesmo com essa queda aparente na produção, o histórico de preços mostra uma valorização nos últimos 10 anos (sem descontar a inflação). Para se ter ideia, R$14,00/kg de café é equivalente a R$ 0,09/100ml de bebida, enquanto 100 ml de água mineral custa R$ 0,13. “A única coisa mais barata que o café é a água da pia”, brinca ele. Araripe faz uma observação em relação às estimativas de safras. Segundo ele, observando-se os últimos 14 anos de safras brasileiras estimadas, chega-se a um volume de 575,2 milhões de sacas, frente a uma utilização líquida de 575 milhões de sacas. Somando-se a produção anual estimada pelo USDA nesse mesmo período, o volume é de 592,7 milhões de sacas. Se descontada a utilização líquida de 575,2 milhões de sacas, resultaria em um estoque de passagem de 17,5 milhões de sacas, número bem distante do que o mercado trabalha Prova de Classificação atualmente. “Ou seja, o USDA sempre estima para cima”. C M Y CM MY 30 Mas deixando de lado os polêmicos números de estimativas, o Brasil continua sendo o grande player do mercado, que além de maior produtor e exportador, tem condições de aumentar ainda mais sua produção, produtividade e qualidade, diferente dos demais países produtores. CY CMY K “O Vietnã parece ter alcançado o máximo de sua produção. Além disso, os preços atrativos não estimulam aumento de área plantada, principalmente em países com manejo intenso de mão-de-obra”, comenta Araripe. Com a mesma visão, Kona Haque, do Macquarie Capital, comenta que a Colômbia passa por problemas estruturais e mesmo com os preços em alta o país não consegue reagir na produção, o que afeta diretamente a oferta mundial, e deixa oportunidade para o Brasil preencher a lacuna. A crise e a demanda por café Tomando como base a estimativa do USDA de 140 milhões de sacas consumidas no mundo em 2011/12, com 7 bilhões de pessoas, o resultado é de consumo mundial per capita de 1 kg de café/ano. Contudo, o executivo da Valorização concorda que o consumo na maioria dos países mais populosos do mundo, como China, Índia, Indonésia, entre outros, é menor que 1kg/hab/ano, e com grande potencial de crescimento. “O consumo modal [3 xícaras por dia] é de 8kg/hab/ano, enquanto o consumo médio escandinavo [maiores consumidores per capta] é de 11kg/hab/ano, ou seja, o potencial ainda é muito grande”, avalia. Mas segundo Araripe, a crise influencia os participantes do mercado a reduzir os estoques constantemente, mas não o consumo da bebida, que acima de tudo é uma bebida muito barata. Portanto, diante um consumo crescente e oferta restrita, os estoques tanto de importadores, como de torrefadores, atacadistas e varejistas têm se comprimido cada vez mais. Além do que, a crise econômica tem feito com que agentes adiem suas compras, comprimindo ainda mais os estoques, o que parece estar retardando a alta do mercado. Em suma, o consumo mundial cresceu em média 2% a.a. na última década. Dada a inelasticidade da demanda, essa taxa de crescimento deverá ser mantida nos próximos anos, e até mesmo expandida, mesmo com os preços mais altos. Uma das explicações de Araripe para isso é que em momentos de crise as pessoas ficam de mal humor e consomem mais café, o que deve resultar em um crescimento de 2,5% a.a., nos próximos 3 anos, representando uma demanda adicional de 3,5 milhões de sacas/ano. Demanda aquecida e fraco crescimento na produção devem dar firmeza aos preços no médio prazo Sendo assim, levando em conta os problemas enfrentados pelos países produtores, a única maneira de atender a demanda e “fechar a conta” seria por uma redução de consumo, o que não é previsto para os próximos anos. Eduardo Carvalhaes concorda que não é possível enxergar um crescimento significativo na produção em curto prazo. Além de levar em consideração que preços deflacionados mostram que o café não está caro. “Não há como ver preços mais baixos para o café nos próximos 2 – 3 anos”, finaliza Luiz Otávio Araripe. 28 - 29 - 30 - 31.pdf 4 02/07/2012 18:55:09 C M Y CM MY CY CMY K 32 - 33.pdf 1 02/07/2012 18:58:08 Flávia Bessa e Breno Lobato C M Y CM MY CY CMY K 32 Setor produtivo valida tecnologias desenvolvidas pela Embrapa no âmbito do Consórcio Pesquisa Café Uma equipe multidisciplinar de mais de 50 técnicos da Embrapa Café e Embrapa Cerrados, Unidades de Pesquisa da Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, esteve, em maio, no Oeste da Bahia realizando excursão técnica à Fazenda Lagoa do Oeste, em Luís Eduardo Magalhães. A visita teve o objetivo de verificar, no campo, os resultados do uso de tecnologias da Embrapa, como o estresse hídrico controlado, o programa de monitoramento de irrigação, a aplicação de doses mais elevadas de fósforo na cultura e o cultivo da braquiária nas entrelinhas do cafeeiro. Com 904 hectares cultivados com café arábica irrigado para produção de grãos especiais para exportação, a fazenda Lagoa do Oeste guarda uma história positiva de relacionamento com a Embrapa, tendo incorporado muitas de suas tecnologias, além de ser parceira do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café. O processo de produção do café irrigado é certificado internacionalmente, o que permite à empresa Adecoagro, proprietária da fazenda, manter clientes no Japão, EUA e na Europa. Em 2006, a Adecoagro iniciou as operações com café em uma área de 1.632 hectares envolvendo duas fazendas do grupo. Em 2011, na mesma área, a safra foi de 45 mil sacas e, para este ano, a estimativa é de 60.550 sacas. O potencial é de 65 mil sacas no ano que vem. Enquanto a fazenda alcança produtividade entre 45 e 50 sacas por hectare em áreas maduras, a previsão de produtividade brasileira da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab é 24,36 sacas por hectare, considerando a produção de 50,45 milhões de sacas previstas para 2012 no País. “O resultado reflete o uso de tecnologias. Acreditamos que alcançamos vôo de cruzeiro com a parceria com o Consórcio Pesquisa Café e a Embrapa, o que é uma satisfação”, afirmou Guy Carvalho, consultor técnico da Adecoagro. Ele lembrou as dificuldades enfrentadas até o estabelecimento do cafeeiro na região. “Quando chegamos ao Oeste da Bahia, tivemos que rever vários paradigmas. E pedimos ajuda à Embrapa. Viemos para produzir café especial irrigado e vimos que no Cerrado onde o período seco é intenso, o manejo das irrigações tem que ser feito criteriosamente para obter sucesso”. 32 - 33.pdf 2 02/07/2012 18:58:13 Os visitantes percorreram todo o processo de produção – do plantio ao processamento dos grãos. Ao final, os participantes puderam degustar um café preparado com dois tipos de grãos produzidos pela Adecoagro. “As tecnologias testadas e validadas com sucesso abrem margem para sua expansão em função dos benefícios visíveis, como diminuição de custos de produção e retorno financeiro dos investimentos aplicados. Estamos abertos para validar novas tecnologias, receber mais informações. A parceria com a pesquisa é fundamental para nós, assim como o inverso acredito ser também verdadeiro”, fala Rafael Ferreira, gerente de produção da Fazenda Lagoa do Oeste. “Além de todo o processo ser altamente eficiente, tem um alto nível de gestão. As boas práticas predominam, sendo um grande laboratório para diversas teses. Identificamos a grande oportunidade de quantificar e valorar o uso das tecnologias empregadas. É preciso contabilizar o que se faz em nome da sustentabilidade. O meio ambiente deixou de ser uma palavra de ordem para se tornar uma exigência da sociedade”, observou o chefe-geral da Embrapa Cerrados, José Roberto Peres, ao final da visita. O ex-chefe interino da Embrapa Café, Paulo Cesar Afonso Jr., disse que os resultados obtidos na fazenda e em outras em que as tecnologias do Consórcio Pesquisa Café foram aplicadas graças à união de instituições brasileiras de pesquisa, extensão e transferência de tecnologia em torno desse arranjo institucional, inédito e único no mundo em torno de um único produto. “Precisamos incentivar mais esse exercício de aproximação com o setor produtivo e replicar esse sucesso pelo País a fora”. C M Y CM Irrigação As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio e o financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. MY CY CMY K Café no terreiro 33 34 - 35.pdf 1 02/07/2012 19:18:46 Contra o interesse nacional O Alto Representante do Mercosul, Samuel Pinheiro Guimarães publicou, na revista "Austral", da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (janeiro/junho de 2012), ensaio em que pretende examinar o futuro do Mercosul e faz considerações mais amplas sobre as circunstâncias em que o grupo regional foi criado, sua evolução nos últimos 20 anos, as dificuldades atuais e o impacto da China. C M Y 34 Ao questionar os objetivos e as razões da criação do Mercosul, Guimarães assinala que, em 1991, quando foi assinado o Tratado de Assunção, o pensamento neoliberal, representado pelo consenso de Washington e pela supremacia dos EUA, era hegemônico; que, em 2012, a situação mudou completamente, afetando as perspectivas de integração regional e do Mercosul, na medida em que isso depende da vinculação cada vez maior de suas economias e políticas, o que justificaria uma guinada nos objetivos do processo de integração. CM MY CY CMY K Todo o artigo de Guimarães está construído como se tudo o que existia antes de 2003 fosse fruto da submissão dos governos aos ditames de Washington e que só depois ocorreram gestos e medidas em defesa da soberania dos países-membros. O objetivo inicial do Tratado é a liberalização do comércio entre os países-membros, com o objetivo de se chegar, numa segunda etapa, a uma integração econômica. A visão politicamente distorcida nos últimos 10 anos fez com que esse objetivo fosse perdido, com retrocesso em todas as áreas, e uma ênfase indevida nas áreas políticas e sociais. Guimarães defende a ampliação geográfica do Mercosul ao conjunto da América do Sul. Como a Venezuela está prestes a aceder ao Mercosul (dependedo do Congresso paraguaio) sem cumprir nenhum compromisso assumido no protocolo de adesão, nem o da Tarifa Externa Comum, os outros países teriam o mesmo tratamento e ingressariam por motivação política, criando outra significativa distorção comercial e uma ainda maior disfunção do grupo. As assimetrias, acredita Guimarães, resultaram de grandes diferenças de infraestrutura física e social, de capacitação de mão de obra e de dimensão das empresas, o que levaria os investimentos privados a não poderem se distribuir de forma mais harmônica no espaço comum. Daniel Dutra Na esperança de que seja iniciado um efetivo debate sobre a situação atual e as perspectivas do processo de integração sub-regional, vou limitar-me a comentar alguns aspectos factuais de suas ideias sobre o Mercosul, e que, me parece, merecem reparos, pela imprecisão ou pela distorção motivadas por considerações alheias à realidade. O Mercosul, contudo, nunca foi pensado como um mecanismo de correção de assimetrias, e sim como instrumento de inserção competitiva dessas economias no mercado internacional, e é sob esse ângulo que ele deve ser avaliado. Ela justifica a extrema complacência com as medidas restritivas, ilegais, contrárias ao Mercosul e à OMC, e sua redução passou a exigir compromissos financeiros que recaíram, na quase totalidade, sobre o Tesouro brasileiro. Guimarães pretende que o Mercosul seja um organismo de promoção do desenvolvimento econômico dos estados isolados e em conjunto. Como se sabe, nenhum mecanismo setorial de política comercial pode servir como alavanca de desenvolvimento. A gradual transformação do Mercosul em um organismo que se propõe promover o desenvolvimento econômico dos estados-membros, inspirada e apoiada pelo então secretário-geral do Itamaraty, levou o grupo a adotar uma atitude introvertida, refletida no protecionismo ilegal, e defensiva em relação à globalização, deixando a liberalização comercial num distante segundo plano. Enquanto a Ásia realiza uma ampla integração produtiva com acordos de livre comércio entre China, Japão e Coreia; entre a Asean e os EUA; e começa a se desenhar um acordo comercial entre a UE e os EUA, o Mercosul, de seu lado, só assinou três acordos comerciais (com Israel, o Egito e a Autoridade Palestina), sem maior relevância para o Brasil. Essa visão equivocada levou o Mercosul à crise institucional. Temo que, contra o interesse nacional, seja difícil retomar o projeto inicial. RUBENS BARBOSA é presidente da comissão de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. 34 - 35.pdf 2 02/07/2012 19:18:46 Discussão encerrada no Código A presidente Dilma Rousseff não cedeu à irresponsável campanha do "Veta Dilma" e sancionou o texto do novo Código Florestal, com alguns vetos e a edição de uma medida provisória. Os vetos já eram previstos. A MP veio ocupar os vácuos deixados pelos trechos suprimidos na sanção e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar alguns dispositivos. A posição do governo ficou no meio do caminho entre os interesses dos produtores e a pressão dos grupos denominados de "ambientalistas". Ou seja, ninguém ficará totalmente satisfeito. C M De qualquer forma, em um ambiente democrático, todas as discussões são válidas e, mesmo que não proporcionem consenso, trazem um resultado final mais equilibrado. Y CM MY CY Um dos pontos mais polêmicos do Código, que trata da recuperação das APPs às margens dos rios, determina uma preservação entre cinco e cem metros, conforme a largura do curso d´água e a dimensão da propriedade. CMY K Neste caso, o governo optou por conceder um evidente privilégio aos pequenos produtores. O limite arbitrado, de cem metros, talvez seja tecnicamente adequado, embora pareça exagerado se comparado com as regras existentes em outros países. O Cadastro Ambiental Rural é um dos aspectos positivos do novo Código Florestal. Associado à moderna tecnologia de monitoramento via satélite, ele possibilitará o acompanhamento de toda a situação fundiária e ambiental do país. Outra inovação, muito bem-vinda, é a previsão de um programa de incentivo à conservação do meio ambiente, com a possibilidade de remunerar a prestação de serviços ambientais das atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas do país. Em resumo, o bom-senso prevaleceu. Manteve-se um saudável equilíbrio entre a preservação ambiental e a produção rural. O novo Código Florestal proporcionará a recuperação de áreas degradadas e sem prejuízos à produção. Infelizmente, o veto do Artigo 1 e o restabelecimento da redação que havia sido aprovada no Senado poderão criar Arquivo CCCRJ A decisão governamental foi técnica, quando muitos dos partidários da campanha "Veta Dilma" sequer haviam lido quaisquer dos projetos a respeito do novo Código. Alguns são conhecidos alarmistas, que fazem previsões catastróficas sem base científica. Outros são ingênuos, que divulgam inverdades, motivados por um romântico ideal conservacionista. alguma insegurança jurídica, tendo em vista eventuais interpretações divergentes em futuras questões judiciais. No dia seguinte à publicação da MP o governo já fez uma alteração em seu texto, reduzindo as possibilidades de recomposição das APPs no caso específico das propriedades acima de quatro módulos fiscais. Mais um privilégio para os pequenos produtores. O agronegócio brasileiro, como um todo, é um setor moderno, eficiente e competitivo. A esmagadora maioria dos 5 milhões de produtores rurais brasileiros tem consciência da necessidade de preservação ambiental. Ninguém preza mais os recursos naturais do que eles. A deterioração de suas terras significa perda da capacidade produtiva e, consequentemente, de seu patrimônio. Os resultados de nossa balança comercial são inequívocos. Em 2011, o agronegócio exportou mais de 94 bilhões de dólares, gerando um superávit superior a 77 bilhões de dólares. É difícil imaginar o que seria de nossa economia se não fosse esse vigoroso desempenho. Superadas as discussões sobre o Código Florestal, é preciso desmistificar essa imagem ainda distorcida dos agricultores brasileiros, grandes responsáveis pelo desempenho de nossa economia. Produção e preservação caminham de braços dados, gerando riqueza dentro dos mais atuais conceitos de sustentabilidade. Antônio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura. 35 36 - 37.pdf 1 02/07/2012 19:21:15 A MONETIZAÇÃO DOS SALDOS ACUMULADOS DE CRÉDITOS PRESUMIDOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS-EXPORTAÇÃO C M Y CM MY CY 36 O tema do presente artigo refere-se à antiga sistemática de tributação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, na cadeia produtiva de café. As pessoas jurídicas, inclusive, cooperativas produtoras de café, classificado no código 09.01 da NCM, destinado à alimentação humana, possuíam o direito ao aproveitamento de crédito presumido de 35% (das alíquotas de 1,65% - PIS/PASEP e 7,6% - COFINS) sobre o valor das aquisições/recebimentos de café in natura (insumos) de produtor rural pessoa física/cooperado e pessoas jurídicas amparadas pelo regime da suspensão. Esta é a regra preconizada pelos artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925, de 2004, com produção de efeitos no setor do café até 31.12.2011. CMY K O legislador instituiu esse crédito presumido, com o objetivo de neutralizar o acúmulo da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores. Quando a pessoa jurídica produtora adquire matéria-prima ou insumo agrícola diretamente de produtor rural, pessoa física, indiretamente, está pagando uma parcela dessas contribuições. Ou seja, o produtor rural, ainda que não contribuinte, pagou as contribuições quando incorreu em despesas como energia elétrica, maquinários, aluguéis entre outros. Esta é a essência da não-cumulatividade prestigiada pela Constituição Federal de 1988 (art. 195,§12). Esses créditos presumidos, de acordo com o Ato Declaratório Interpretativo nº 15, de 22 de dezembro de 2005, da SRFB, só podiam ser utilizados no desconto das próprias contribuições, não sendo possível o ressarcimento, em espécie, ou a compensação com outros tributos administrados pela SRFB. Com essa interpretação surgiu o seguinte problema: o exportador de produtos agropecuários, destinados à alimentação humana ou animal, em virtude da imunidade das exportações (artigo 149, §2º, inciso I da CF/88), passou a acumular vultosos saldos de créditos presumidos, sem possibilidade de utilização. Isto é, em termos técnicos, não foi possível evitar a incidência cumulativa dessas Contribuições na cadeia produtiva. Ao não serem utilizados, os créditos acumulados tornam-se custos, contrariando a política nacional de não exportação de tributos. Inseridas nesse contexto, foram editadas as Leis nº 12.058, de 2009 (setor bovino), e nº. 12.350, de 2010 (setor de aves, suínos), instituindo-se um novo modelo de tributação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, a fim de desonerar as respectivas cadeias produtivas e conferir maior efetividade à não-cumulatividade dessas contribuições. Mas essas Leis foram mais além, retroagindo seus efeitos: permitiram, aos exportadores produtores de carne bovina, suína e de aves, o ressarcimento, em espécie, do saldo de créditos presumidos, determinados com base no artigo 8º da Lei nº 10.925, de 2004, desde 2004 e 2006, respectivamente. O setor cafeeiro e demais setores do agronegócio, que também produzem alimentos elencados no caput do artigo 8º da Lei nº 10.925, de 2004, não tiveram o mesmo tratamento desses setores, beneficiados por alternativas mais eficazes de liquidação do saldo desses créditos presumidos-exportação. Tal situação foi confirmada com a publicação da Lei nº 12.599, de 2012, com produção de 36 - 37.pdf 2 02/07/2012 19:21:23 efeitos a partir de 1º de janeiro de 2012, ao não prever o mesmo tratamento fiscal para os saldos de créditos presumidos dessas contribuições acumulados até 31.12.2011. Com essas alterações legislativas, o Poder Judiciário, prestigiou os princípios da isonomia, não-cumulatividade e desoneração das exportações, ao interpretar a “raiz” normativa do artigo 8º da Lei nº 10.925, de 2004. Recentemente, em processo de nosso patrocínio, a 1ª Turma do TRF da 4ª Região reconheceu o direito ao ressarcimento, em espécie, dos créditos presumidos da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, determinados com base no artigo 8º da Lei nº 10.925, de 2004, aos produtores exportadores de carne equina destinada à alimentação humana. No caso paradigma, pleiteou-se a extensão dos efeitos dos artigos 33 e 36 da Lei nº 12.058, de 2009, em razão do acúmulo de saldos de créditos presumidos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, decorrentes da aquisição de equinos (insumos) de pessoas físicas, vinculados à receita de exportação [de carne equina]. Para a relatora, a Desembargadora Federal Maria de Fátima Laberrère, “a situação fática dos exportadores de produtos derivados de carne bovina, suína e de aves, beneficiados por alternativas mais eficazes de liquidação do crédito presumido, é equivalente a dos exportadores de produtos derivados da carne da espécie cavalar produzida e exportada pela apelante”. E continua: “todos pertencem ao setor pecuário e destinam-se à alimentação humana e animal”. Entendemos tratar-se de importante precedente para o setor cafeeiro que também possui “estoque” de créditos presumidos da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS. Isto porque, tais créditos são originários da mesma “raiz” normativa do artigo 8º da Lei nº 10.925, de 2004, e nas motivações deste artigo, os produtos agropecuários indicados são também “destinados à alimentação humana”. O caminho a percorrer é desafiador! Elisângela Anceles – é Advogada, Economista e especialista em Direito Tributário. Eliana Anceles – é Advogada, Administradora de Empresas e Mestre em Ciências Contábeis. C M 37 Y CM MY Anuncie aqui CY CMY K (21) 2516 3399 38 - 39.pdf 1 02/07/2012 19:24:04 Luciana Pereira C M Y 38 CM MY CY CMY K Rio+20 termina com boas intenções e poucos compromissos A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 realizada em junho no Rio de Janeiro terminou com saldo positivo. A despeito da ausência dos líderes das principais economias mundiais, que estão centrados na solução de problemas internos como a eleição presidencial nos Estados Unidos e a crise financeira na Europa, o documento final da conferência foi aprovado sem alterações pelos chefes de Estado que estiveram presentes no evento e foi oficialmente adotado por mais de 190 países. O texto diz que os padrões de consumo precisam mudar e afirma que será analisada uma maneira de arrecadar dinheiro de diversas fontes para financiar o desenvolvimento sustentável dos países emergentes. Para a presidente Dilma Rousseff, aos resultados concretos da Rio+20, soma-se um “legado intangível”, que é a mobilização de uma nova geração no Brasil e no mundo, em torno dos desafios da sustentabilidade. “Assim como em 92, a conferência terá efeito transformador nas gerações atuais e futuras”, disse no encerramento da conferência. O documento final do evento, no entanto, foi considerado fraco pela sociedade civil, pois não estipula metas nem prazos, e sim uma série de adiamentos e pedidos de estudos. No tocante ao desenvolvimento sustentável a expectativa era de que fossem criadas metas em áreas centrais, como segurança alimentar, água e energia. Mas com a preocupação política centrada na crise financeira e nos tumultos no Oriente Médio foi difícil definir medidas mandatórias com prazos. Agência Brasil 38 - 39.pdf 2 02/07/2012 19:24:05 para levantar mais fundos. Para ambientalistas, os grandes destaques da Rio+20 aconteceram nos eventos paralelos. O principal deles foi acordo firmado pelo grupo Climate Leadership Group (C40), formado pelos prefeitos das principais metrópoles do mundo, onde gestores de 59 cidades definiram que vão reduzir em 1,3 bilhão de toneladas a emissão de CO2 até 2030. O volume representa a mesma quantidade de CO2 que será emitida pelo México e pelo Brasil nos próximos 18 anos. "Nosso comprometimento ajuda a enfrentar as mudanças climáticas e a melhorar a qualidade de vida nas nossas cidades", afirmou o líder do grupo, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. Os últimos números do Climate Leadership Group mostram que em 2010 as grandes cidades mundiais emitiram 1,7 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera. Sem medidas efetivas para o controle, esta quantia poderia atingir 2,3 bilhões em 2020, e 2,9 bilhões em 2030. Em evento realizado durante a Rio+20 na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, o Green Rio, o Diretor de Agricultura da Nestlé da Suíça, Hans Joehr, responsável por organizar o abastecimento de matéria-prima para todas as unidades da Nestlé, falou da importância da educação no campo como forma de ampliar a renda do produtor rural. “Não adianta falar de certificação se o agricultor não tem o conhecimento básico sobre a sua atividade. Precisamos, primeiro, ensinar o básico”, disse. Joehr é responsável pelo treinamento de 700 mil produtores, distribuídos em 52 países, que fornecem para a Nestlé, leite, cacau, café e milho, entre outros itens. C M Y CM MY CY CMY K Encontro de prefeitos do mundo inteiro Em relação aos subsídios a combustíveis fósseis se esperava que a conferência pudesse definir um compromisso para que todos os países eliminassem os subsídios a este tipo de energia. A eliminação gradual de subsídios para combustíveis fósseis até 2020 poderia reduzir a demanda de energia global em 5% e as emissões de dióxido de carbono em quase 6%, segundo a Agência Internacional de Energia. Há três anos, os países líderes do G20 concordaram em fazer isso, mas não foi estabelecido um prazo. A Rio+20 também não avançou na definição destes prazos. Sobre como financiar as “ações verdes”, o acordo propõe a produção de um relatório que avalie quanto dinheiro é necessário para o desenvolvimento sustentável, e quais instrumentos novos e existentes podem ser utilizados É ele também o responsável pelo Programa de Valor Compartilhado que existe na companhia há 7 anos. “O foco deste programa é distribuir entre todos os elos da cadeia produtiva o valor obtido pela produção”, diz. Na prática, significa investir no desenvolvimento rural, com treinamento dos produtores, introdução de boas práticas de produção e fornecimento de assistência técnica rural. “A indústria de alimentos tem o papel fundamental de nutrir e de alimentar pessoas. Precisamos fazer isso de maneira sustentável tanto do ponto de vista ambiental, como social”, diz Joehr. Hans Joehr 39 40 - 41.pdf 1 02/07/2012 19:58:02 Profª Leila Vilela Alegrio A história dos grandes cafeicultores fluminenses tem, na maioria dos casos, como desbravadores das terras do estado, imigrantes portugueses que aportaram no Brasil, inicialmente, com o objetivo de se estabelecer como comerciantes na praça do Rio de Janeiro. Com Joaquim José Pereira de Faro não foi diferente. Nascido em 7 de março de 1768 e natural da cidade de Braga, chegou ao país em 1793, desposando no mesmo ano d. Ana Rita do Amor Divino Darrigue. O casal teve nove filhos, que se tornaram eminentes fazendeiros e grandes políticos. Joaquim José Pereira de Faro não foi um homem comum e alcançou notoriedade na sociedade da época. Atuou como professor na Ordem de Cristo em 1808 e retornou ao cargo, desta vez como efetivo, em 1819. Em 1828, tornou-se Cavaleiro Imperial da Ordem do Cruzeiro, Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial, coronel de infantaria reformado e membro da junta administrativa da Caixa de Amortização. Integrou a Corte de d. João VI e d. Pedro I. Fundador e conselheiro do Montepio Geral, em 1841, foi agraciado naquele ano com o título de barão do Rio Bonito. Morreu em 10 de fevereiro de 1843. Talvez essa trajetória explique a presença de quadros representando d. João VI em sua fazenda de São Joaquim de Ipiabas. Assim que chegou ao Brasil, Joaquim José logo se estabeleceu nas terras que lhe foram concedidas, em sesmaria, na região dos municípios de Valença e Vassouras, onde fundou as fazendas Santa Anna da Parahyba, São Joaquim de Ipiabas, Boa Esperança e União; os sítios Boa Vista e Durasio, adquiridos por compra; as duas sesmarias, denominadas Ypiranga, que C M Y 40 CM MY CY CMY K A Fazenda São Jo a 40 - 41.pdf 2 02/07/2012 19:58:07 formavam a fazenda do Pocinho, em Vassouras; e duas casas na Corte, situadas na rua do Regente, nº 44 e na rua de São Clemente, nº 80. Além dessas propriedades, o barão do Rio Bonito possuía outros bens, que foram descritos no inventário de sua esposa. Com a morte da baronesa, em 1854, os bens que somavam a extraordinária cifra de 1.130.202$333 contos de réis foram repartidos entre os herdeiros. A fazenda São Joaquim de Ipiabas ficou com o herdeiro dr. Luiz Pereira Ferreira de Faro, formado em medicina. Como poderíamos descrever esta propriedade em 1854? A partir da leitura do inventário post-mortem de sua mãe, a primeira baronesa do Rio Bonito, as terras onde se encontrava a fazenda recebida pelo dr. Luiz correspondiam à meia légua em quadro (ou seja, de 225 alqueires geométricos) que outrora pertencera à fazenda Santa Cruz, dos jesuítas, mas acabaram sendo confiscadas pela Coroa portuguesa após a expulsão destes padres do Brasil pelo marquês do Pombal. Porém, o que mais chama a atenção é o rico mobiliário da casa de morada, saltando aos olhos os móveis do quarto de dormir do barão, marchetados com as iniciais J.J.P.F. (Joaquim José Pereira de Faro). A casa de morada da São Joaquim de Ipiabas tinha louças importadas da Índia e da Europa (Inglaterra e França), além de uma rica capela, ali descrita como oratório, que guardava imagens de São Joaquim, em madeira (que permanece na propriedade) e com resplendor de prata dourada; de São José e de Nossa Senhora (não especificada no inventário), as duas com resplendor de prata; de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Rita, ambas com coroa de prata; pia batismal de mármore, vaso de prata com os santos óleos, vaso de prata dourado, um par de galetas e um prato de prata. A lavoura possuía cerca de 280 mil pés de café e mais de duas centenas de cativos. Poucos anos mais tarde, o dr. Luiz vende a fazenda, e esta passa, então, por vários donos até chegar aos atuais proprietários, d. Anália Fortes da Silva e seu marido, dr. Paulo Tadeu Fortes da Silva. C M Y CM MY CY CMY K o aquim de Ipiabas 41 panorama 42 - 43.pdf 1 02/07/2012 20:01:52 II Simpósio de Mercado e Certificação de Café A Coocacer realizou o II Simpósio de Mercado e Certificação de Café. O evento foi dividido em duas etapas: na parte da manhã promoveu a integração entre estudantes e produtores de fazendas certificadas e a tarde, produtores e empresários assistiram a palestras sobre a cafeicultura sustentável: a Importância e Impactos da Cafeicultura para o Estado de Minas Gerais; Valores Ambientais; Valores Sociais; Valores de Gestão; Gerações Atuais e Futuras; Valor da Origem; e Desafios, Oportunidades e Perspectivas para o Mercado de Café. Para Francisco Sérgio de Assis, presidente da Coocacer, “é muito importante o conhecimento dos produtores sobre o que a certificação traz de benefícios para a sociedade, principalmente na gestão e também na agregação de valores, tornando a região do cerrado mineiro uma região respeitada por sermos cafeicultores certificados, obedecendo aos padrões sociais e ambientais protegendo nossos trabalhadores, nossas reservas legais, as nascentes de águas, enfim, sempre buscando produzir de forma consciente.” C M Y 42 Francisco Sérgio de Assis 6º Encontro Nacional do Café em Vitória da Conquista CM Com a proposta principal de discutir os novos rumos, demandas e sustentabilidade econômica e social do café, a Assocafé com apoio da Seagri, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e da Cooperativa Mista Agropecuária (COOPMAC), promoveram em maio o 6º Encontro Nacional do Café, em Vitória da Conquista/BA com o tema “Manejo Racional do Café”. MY CY CMY K O encontro teve a participação de empresas que atuam no setor nos estados da Bahia, São Paulo e Minas Gerais, e disponibilizou consultores para mostrar e discorrer sobre os seus produtos e implementos agrícolas, oferecendo conhecimentos para serem aplicados no dia-a-dia do produtor, gerando resultados como o aumento da produtividade e da qualidade dos cafés baiano. Panorama do encontro Divulgação João Lopes de Araújo, Gianno Brito, Eduardo Salles, Valéria Vidigal, Carlos Novaes e Eduardo Sampaio Na ocasião, os participantes puderam visitar a Exposição de Artes “Café com Arte”, da artista plástica, Valéria Vidigal, que ilustra o material gráfico do evento desde a sua primeira edição. EPAMIG 1º Encontro Técnico da Cafeicultura Irrigada do Semiárido de Minas Gerais A EPAMIG promoveu em Mocambinho (Jaíba/Norte de Minas) o 1º Encontro Técnico da Cafeicultura Irrigada do Semiárido de Minas Gerais. O evento destacou os resultados das pesquisas sobre o cultivo de café no Perímetro Irrigado do Jaíba desenvolvidas pela entidade desde 2008. panorama 42 - 43.pdf 2 02/07/2012 20:01:56 O evento contou com a participação de 34 técnicos e produtores, além de professores e acadêmicos do curso de Agronomia do Instituto Federal de Januária, que junto aos representantes da cafeicultura da região, puderam acompanhar o andamento do experimento Sistemas consorciados de produção de cafeeiros para agricultura familiar no Projeto Jaíba na Fazenda Experimental de Mocambinho. C M Y Fenicafé 2012 apresenta tecnologias para culturas de café irrigado CM MY CY CMY K A Fenicafé, Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura, realizada pela Associação dos Cafeicultores de Araguari, no triângulo mineiro, divulgou a importância da irrigação e seus sistemas e apresentou lançamentos de produtos e equipamentos, e também os resultados de pesquisas recentes de especialistas em cafeicultura Irrigada. O encontro, que congrega simultaneamente três eventos: o XVII Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, a XV Feira de Irrigação em Café do Brasil e o XIV Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada, reuniu durante os 03 dias de realização cerca de 20 mil pessoas entre produtores, empresários, comunidade científica, estudantes e comerciantes ligados à cafeicultura brasileira, representando 150 cidades de 12 estados brasileiros. O presidente da ACA, Nivaldo Souza Ribeiro, destacou que “a Fenicafé cresce a cada ano e a sua realização é de importância fundamental para a cafeicultura brasileira. Poucas regiões produzem café irrigado. E essa irrigação promoveu, ao longo dos anos, a busca de alternativas por parte dos produtores e do aumento da produtividade. Isso faz com que pessoas de várias regiões venham conhecer os sistemas de irrigação e as técnicas que estão sendo agregadas”. Presentes Elmiro Alves do Nascimento, secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais; Francisco Sergio de Assis, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado; Guilherme Braga, do CeCafé; Nathan Herszkowicz , da ABIC; e Silas Brasileiro, do CNC. 43 panorama 44 - 45.pdf 1 02/07/2012 20:03:47 H.Commcor DTVM realiza tradicional jantar à clientes e parceiros durante 19º Seminário Internacional do Café de Santos A H.Commcor DTVM, referência no desenvolvimento de hedge em mercados futuros, financeiros e de opções, forte atuante no mercado de café há 15 anos, tem grande satisfação em reunir clientes, parceiros e amigos, estreitando o relacionamento e criando vínculos em momentos especiais. O tradicional jantar aconteceu na noite do dia 09 de maio de 2012, no Restaurante Rufino’s, reunindo grandes personalidades do setor. C M Y 44 CM MY CMY K EXPOCAFÉ 2012: volume de negócios chega a R$ 200 milhões A 15ª edição da maior feira nacional do agronegócio café – EXPOCAFÉ - na Fazenda Experimental da EPAMIG de Três Pontas/MG movimentou cerca de R$ 200 milhões em negócios gerados e prospectados. Além de novidades em máquinas, equipamentos e implementos para cafeicultura a EXPOCAFÉ 2012 trouxe também discussão do cenário da cafeicultura nacional e oportunidades para o mercado externo durante palestras realizadas pela Central Exportaminas “O mercado externo ao alcance do produtor mineiro” e pela BSCA e Apex, durante o Seminário “Exportar é Inovar”. Na ocasião foi assinado o Convênio do Projeto Brazilian Specialty and Sustainable Coffees, entre a BSCA e Apex, que tem por objetivo reforçar a imagem de qualidade dos cafés brasileiros em todo o mundo e evidenciar a produção com responsabilidade ambiental e social realizada no Brasil. Erasmo Reis / Ascom EPAMIG CY As políticas públicas para o setor foram discutidas durante a Audiência Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O destaque da Audiência foi a palestra “O novo código florestal e seus impactos na cafeicultura”, apresentada pelo deputado federal Paulo Piau, relator do novo texto. Outro assunto discutido foi o Fundo Estadual do Café, em tramitação na Assembléia e que entrará em vigor no próximo mês. Técnico demonstra funcionamento de soprador de café Arquivo CCCRJ Deputado Diego Andrade visita Espírito Santo do Pinhal O Deputado Diego Andrade (PSD/MG), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Cafeicultura, visitou a comunidade de Espírito Santo do Pinhal, mantendo contato com lideranças locais, dentre outros, João Antonio Lian, Mário Barbosa e Carlos Brando. Em reunião no Theatro Avenida fez uma apresentação abrangente dos trabalhos realizados pela Frente Parlamentar em Defesa da Cafeicultura. panorama 44 - 45.pdf 2 02/07/2012 20:03:49 80 anos de Suelly Amarante C M Y CM MY O ex-presidente do CNC e da Cafepoços, Suelly Evandro Amarante, ao completar 80 anos de idade, foi homenageado pela Cooparaiso, por intermédio do presidente do Conselho de Administração, deputado federal Carlos Melles, em reconhecimento pelos seus 60 anos de trabalho na defesa do café. A solenidade festiva ocorreu em São Paulo, com a presença de familiares, amigos e personalidades do setor cafeeiro e cooperativista. Suelly Amarante, administrador de empresas e produtor de café, tem uma extraordinária trajetória na cafeicultura. Foi fundador e presidente da Cafepoços, diretor da Faemg, fundador e presidente do CNC, tendo atuação importante na OIC. CY CMY K Ao completar 80 anos, Suelly Amarante diz que o café se incorporou de tal forma à sua vida que seria quase que impossível viver longe da lavoura. “Mesmo a duras penas, guardo o sentimento de muito amor pela cafeicultura”. Perguntado se recomeçaria sua vida em café, Suelly confirma: “devemos continuar produzindo café, buscando produção, produtividade, qualidade, mas sempre com os pés no chão”. Suelly tem uma trajetória em defesa da cafeicultura nacional 45 C M Y 46 Dias de Campo - Fazenda Experimental de Varginha - MG CM MY CY CMY K Com o objetivo de difundir as tecnologias geradas pela Fazenda Experimental de Varginha/MG, além de apresentar as novas tecnológicas cafeeiras, a Fundação Procafé, mais uma vez, diminuiu a distância entre a pesquisa e o produtor promovendo dois Dias de Campo no município de Varginha/MG. O encontro proporcionou a troca de informações sobre as oportunidades e os desafios da atividade cafeeira, reunindo aproximadamente 2.000 participantes. Dentre as ações programadas, destaque para as demonstrações de resultados importantes para a prática da cafeicultura, realizadas em campo, através de estações de pesquisas, - Cultivares Clonais; Proteção contra fermentações melhorando a bebida do café; Análise foliar: comportamento do nitrogênio na folha, ramo e raíz do cafeeiro; Novas cultivares do café desenvolvidas pela Fundação Procafé; Espaçamentos x Irrigação; e Demonstrações tecnológicas da empresa Basf, Milenia e Syngenta. No evento a Fundação Procafé agraciou com a medalha Mérito Cafeeiro, pela atuação e trabalho desenvolvido em prol do crescimento e valorização do universo cafeeiro, o pesquisador, engenheiro agrônomo, Roberto Santinato, e o cafeicultor, Heleno Junqueira Fonseca. Fundação Procafé panorama 46 - 47.pdf 1 02/07/2012 20:09:33 Pelo 5º ano consecutivo a Gincana Intermunicipal pelo Meio Ambiente GIMA, iniciativa da Labareda Agropecuária, com muita diversão e aprendizado sobre a sustentabilidade ambiental, reuniu cerca de 700 crianças do 4º e 5º ano do ensino fundamental, de escolas públicas de cinco cidades: Cristais Paulista, Jeriquara, Pedregulho, Ribeirão Corrente e São José da Bela Vista. Gabriel Afonso e Flávia Lancha na entrega da premiação Thaici Martins Os alunos puderam desenvolver ações sócio-ambientais com a comunidade e participaram de diversas atividades no dia da GIMA. "As atividades tiveram como tema 'Vamos Poupar o Planeta!'. Além dos jogos, as crianças apresentaram uma dança, grito de guerra e obras de arte", explica Flávia Lancha Oliveira, diretora da Labareda. Thaici Martins Gincana ecológica movimenta cidades da Alta Mogiana panorama 46 - 47.pdf 2 02/07/2012 20:09:42 Durante o evento, empresas que apoiam a gincana desde a primeira edição foram homenageadas, entre ela, o CeCafé, pela realização do Programa de Inclusão Digital Criança do Café. C M Sabor da Colheita marca o início da safra de café Y CM MY CY A abertura simbólica da colheita de café da safra 2012 ocorreu no maior cafezal do coração da cidade, próximo à Avenida Paulista. São pouco mais de 1.500 pés de café localizados no bairro de Vila Mariana, uma das áreas mais nobres do Município. CMY K Erodi Florencio Fajtlowicz A Secretária de Agricultura e Abastecimento de SP, Mônika Bergamaschi, iniciou a colheita simbólica do café no Instituto Biológico e, logo após, os participantes do evento puderam colher os frutos maduros do cafezal, que será transformado numa Edição Especial e doada para o Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo. Além da colheita, a programação contou com o plantio de 85 pés de café referente a cada ano de existência do Instituto Biológico; exposição de pintura temática do café alusiva ao projeto Arte-Inclusão do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo; e certificação internacional (Norma UTZ) do café produzido pelo IB. O evento é organizado pela CODEAGRO, IB-APTA e Câmara Setorial de Café, vinculados à SAA-SP, e conta com o apoio do SINDICAFÉ, da ABIC, do SEBRAE/SP e das cooperativas de café do Estado. 47 panorama 48 - 49.pdf 1 02/07/2012 20:11:27 Jair Coser recebe o “Título de Cidadão Gabrielense” Durante as comemorações pelo 49º aniversário da emancipação do Município de São Gabriel da Palha/ES, capital do Café Conilon do Brasil, a Câmara Municipal em Sessão Solene outorgou o “Título de Cidadão Gabrielense” ao exportador de café Jair Coser, presidente da Unicafé, pela grande cooperação ao desenvolvimento da cafeicultura do Espírito Santo. Jair Coser, vereador Altair Ferreira da Fonseca, autor da proposta, e Prefeita Raquel Ferreira Mageste Lessa M Y 48 CM Visão aérea do evento A feira, que já é a maior do Norte-Nordeste e está entre as cinco maiores do país, registrou um crescimento da ordem de 4,5% no volume de negócios em relação à edição 2011. Em cinco dias, R$595 milhões em negócios contabilizados nos quatro bancos oficiais, quase 60 mil visitantes, além de um crescimento de área de 18%. Esses são os números apurados ao final da Bahia Farm Show 2012, feira de tecnologia e negócios agrícolas, realizada entre os dias 29 de maio e 02 de junho, no município de Luís Eduardo Magalhães. MY CY CMY Divulgação Bahia Farm Show K Divulgação Bahia Farm Show C Bahia Farm Show 2012 bate recorde de negócios e público, apesar dos problemas climáticos “É um ótimo resultado, principalmente em relação à visitação. Já considerávamos excelente um empate com 2011, já que o ano passado foi excepcional em todos os sentidos: clima, mercado e produtividade, e o cenário deste ano não foi tão favorável. Estão todos de parabéns, da organização aos expositores, e, claro, os produtores, que não desanimaram, porque entendem que o investimento em tecnologia é a melhor blindagem para uma lavoura enfrentar os problemas climáticos. E quando se fala em tecnologia, não há melhor vitrine que a Bahia Farm Show”, disse o presidente da AIBA e também da Bahia Farm Show, Walter Horita. A Bahia Farm Show, que ofereceu um leque de soluções para a agricultura empresarial e familiar do Cerrado Baiano, um dos maiores pólos de produção agrícola do país, é uma realização da AIBA, em parceria com a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Associação das Revendas de Máquinas e Implementos Agrícolas do Oeste da Bahia (Assomiba), Fundação Bahia e Prefeitura Municipal de Luís Eduardo Magalhães. Na solenidade de abertura Walter Horita, Humberto Santa Cruz e o Governador Jaques Wagner Lideranças nacionais discutem programas de apoio ao produtor de café na Cooparaiso panorama 48 - 49.pdf 2 02/07/2012 20:11:33 Produtores, lideranças nacionais e governo debateram os programas C M Y CM MY CY CMY K A Cooparaiso realizou o encontro Plano de Safra 2012/13 – Programas de Apoio do Produtor, que reuniu produtores, lideranças nacionais do setor cafeeiro e cooperativista, e o diretor do Decaf/MAPA, Edilson Martins Alcântara. Na abertura do encontro, o presidente da Cooparaiso, deputado Carlos Melles, destacou a responsabilidade de cada liderança e foi firme ao defender a adoção de um programa de opções para um volume de 5 milhões de sacas, como forma de oferecer sustentação de preços aos cafeicultores. “A medida adotada na safra 2002/2003 foi acertada e os preços subiram, do total de 4,3 milhões de sacas contratadas, pouco mais de 1 milhão de sacas foram efetivamente compradas, o que corresponde a 23% do total, e ainda o Governo ganhou 17,9% quando vendeu ao mercado”, pontuou. Na visão de Melles, se não houver uma ação emergencial, mais uma vez o produtor vai arcar com prejuízo, já que está iniciando a colheita com os preços em queda e criticou: “liberação de recursos do Funcafé atrasados já é uma rotina, vejam este ano ou o ano passado, muito poucos produtores tiveram acesso ao dinheiro”. Edilson foi enfático ao afirmar que “o programa de opções não é uma opção do governo federal neste momento”. Por outro lado o diretor do Departamento de Café destacou que o setor precisa estar mais unido em suas reivindicações: “toda proposta tem que ser analisada pelo setor, nós do Governo temos a proposta de ouvir sempre o setor, não é a posição de um ou de outro que vai mudar, se houver unanimidade no CDPC passa a ser um compromisso do Ministro”. Edilson Alcântara destacou que “o Governo está estimulando o próprio produtor a estocar”, explicando que “o mercado brasileiro comanda o mundo, e o mundo espera que o produtor brasileiro venda, derrubando os preços, por isso temos que ser inteligentes o suficiente para segurar este fluxo”. No encerramento, o presidente do CNC, Silas Brasileiro, destacou ainda que há recursos do Banco do Brasil e do BNDES, enfatizando que “nunca se viu tantos recursos para o café como agora. O interessante é que possamos conscientizar o produtor para que ele ordenando sua venda ordene também os preços”. A palavra do CNC é ordenar a oferta, cuidar do caixa, para que os preços remunerem o produtor de café. 49 Illycaffè visita Fazenda do Cedro no RJ A Illy, compradora de cafés do Estado do Rio de Janeiro há mais de 10 anos, e percebendo o potencial desta região na produção cafés especiais da mais alta qualidade, decidiu ampliar o estímulo de seus potenciais fornecedores e modificou o regulamento de seu tradicional Concurso de Qualidade, incluindo premiação específica para os primeiros e segundos lugares nas principais regiões produtoras, entre elas o Rio de Janeiro. Com isso, Anna Illy, Diretora internacional da Illycaffè, acompanhada de sua equipe, visitou seus principais fornecedores atuais do Rio de Janeiro, comunicando-lhes das novas regras do Concurso de Qualidade. Entre as Fazendas visitadas, destaque para Fazenda do Cedro, no município de Bom Jardim, dos irmãos Efigenio e Francisco Nioac de Salles, e a Fazenda Santa Rita, de Aloysio Erthal. C M Y 50 CM Arquivo CCCRJ panorama 50 - 51.pdf 1 02/07/2012 20:14:06 Anna Illy, acompanhada de sua equipe - Alessandro Bucci, Sergio Alessandro, Stefania Parente e Miquele Della Valle, Francisco Salles e Paulo Bruno, da Fazenda do Cedro Ronaldo Taboada assume Diretoria no CeCafé MY CY CMY K Daniel Dutra Ronaldo Taboada assumiu, em maio do corrente, a Diretoria Administrativa/Financeira do CeCafé. Assessorando voluntariamente a entidade há anos em questões relacionadas a assuntos portuários e ligados a ergonomia funcional, Taboada, grande entusiasta e elaborador do Programa Inclusão Digital – “Criança do Café na Escola”, recebeu como primeira incumbência a supervisão e coordenação das atividades de Responsabilidade Social do Cecafé. Ronaldo atuou também, como voluntário, durante quase 10 anos no Programa Jovem Empreendedor, parceria do CeCafé e a Junior Achievement, formando mais de 250 jovens na Baixada Santista. Formado em Física pela Universidade Santa Cecília, Ronaldo Taboada é Presidente do SCAFÉ – Sindicado do Comércio Atacadista das Empresas de Café de SP, Diretor, 1º Secretário da ACS, Conselheiro do Museu do Café e da Câmara do Comércio Exterior da Associação Comercial de SP, Diretor da Fecomércio e do Pró-Juventude do Rotary Monte Serrat, entre outras. Museu do Café Karina Frey Visita de torrefadores da Costa Rica O Museu do Café recebeu a visita de um grupo formado por seis diretores da Câmara de Torrefadores de Café da Costa Rica, que vieram ao Brasil a convite da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC). Entre os objetivos principais da viagem estavam o interesse em entender os processos da cadeia cafeeira nacional e estreitar laços com as instituições representativas do setor no país. A comitiva foi recebida pelo presidente executivo do Museu do Café, Cornelio Lins Ridel, e pelos conselheiros da Associação dos Amigos do Museu do Café, Eduardo Carvalhaes Jr. e Ronaldo Taboada. C M Y MY CY CMY K Semana Nacional dos Museus - estimulando os 5 sentidos Durante a Semana Nacional de Museus, entre 14 e 20 de maio, o Museu do Café preparou uma programação especial para todos os públicos. O principal destaque foram as ações relacionadas aos “cinco sentidos do café”, que propuseram uma abordagem interativa sobre os diferentes estímulos provocados pelo café. A programação teve como inspiração o tema proposto pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) para o evento que mobilizou 1.100 organizações culturais, em 553 cidades de todo o país, totalizando mais de 3.400 atividades, “Museus em um Mundo em Transformação – Novos desafios, novas inspirações”. De acordo com Marília Bonas, diretora técnica do Museu do Café, o tema traduziu uma função essencial dos equipamentos culturais. “Os museus são locais de construção permanente de memórias e conhecimento e devem instigar seus visitantes, indo além de uma proposta meramente contemplativa”, afirma. Karina Frey CM panorama 50 - 51.pdf 2 02/07/2012 20:14:13 51 panorama 52 - 53.pdf 1 02/07/2012 20:24:51 Museu do Café C M Y 52 CM MY CY CMY K Para celebrar o Dia Internacional do Café, celebrado em 14 de abril, o Museu do Café preparou uma programação especial e gratuita. Logo pela manhã, a atração foi a aula especial do barista André Almeida, responsável pelo Centro de Preparação de Café do Museu do Café e pelos cursos ministrados na instituição. Em uma mesa montada no espaço da Cafeteria do Museu, o barista ensinou como preparar um bom café em casa abordando temas como a importância da água, a qualidade do café, a quantidade de pó ideal para a proporção de água utilizada e o modo correto de realizar a filtragem. Em seguida, as bebidas preparadas com os grãos Chapadão do Ferro – encorpado e com leve acidez – e Bourbon Amarelo – que se destaca pela doçura –, foram servidas para degustação harmonizadas com petit-fours. Após saborear seu café, os visitantes puderam conhecer a mostra temporária “O centenário do Santos Futebol Clube”. Formada por quatro painéis, a mostra apresentou um breve passeio pela história entrelaçando os dois principais responsáveis por tornar o nome da cidade conhecido em todo o mundo: café e futebol. Encerrando as comemorações, o Museu do Café recebeu a orquestra do Instituto Grupo Pão de Açúcar de Santos, formada por 40 jovens alunos, que apresentou repertório de canções populares e eruditas no Salão do Pregão. Karina Frey Dia Internacional do Café “Santos Jazz Festival” panorama 52 - 53.pdf 2 02/07/2012 20:24:59 O Museu do Café foi um dos palcos do Santos Jazz Festival, primeiro grande festival do gênero na cidade, realizado entre 14 e 17 de junho. O evento teve como atração principal o músico Hermeto Pascoal, além de inúmeros nomes do jazz nacional. Todos os shows foram gratuitos. C M Y CM MY CY CMY K No Museu do Café as apresentações aconteceram no Salão do Pregão. Entre os nomes que passaram por lá, destaque para Maurício Fernandes Trio & Débora Tarquínio, Trio Cor das Cordas, Alexandre Birkett Trio, Robson Nogueira Trio & Celso Lago, Sambália Trio, e a atração internacional John Berman & Choro in jazz, dos Estados Unidos. 53 54 - 55.pdf 1 02/07/2012 20:27:24 CeCafé inaugura mais um Laboratório Digital C M Y 54 CM MY CY CMY No dia 10 de abril, o CeCafé inaugurou o 115º Laboratório Digital na Associação de Moradores do Bairro Campestrinho em Divinolândia/SP. Foram doados dez computadores em rede, acesso a internet, TV 32’ LCD, DVD, um aparelho de ar condicionado, dez mesas, vinte cadeiras e material didático de apoio aos alunos, proporcionando a inclusão digital de aproximadamente 400 crianças. Fotos: Stúdio Serrano K Presentes no evento de inauguração: João Antonio Lian, Presidente do Conselho Deliberativo do CeCafé e seu filho Júnior, Juliana Maria Campanhari Buton, do CeCafé; Maria Zulmira Alves Pereira, Presidente da Associação de Moradores do Bairro Campestrinho; Antônio de Pádua Aquiste, Vice Prefeito, Sérgio Lange, Presidente do Sindicato Rural; Monsenhor Augusto Alves Ferreira, homenageado da sala, e seus familiares; Padre João da Paróquia São Francisco de Espírito Santo do Pinhal e comunidade em geral. 54 - 55.pdf 2 02/07/2012 20:27:34 C M Y CM MY CY CMY K 55 56 - 57.pdf 1 02/07/2012 20:35:56 Interagrícola / Bourbon / Fazenda Nossa Senhora de Fátima (Grupo Saquarema) e CeCafé inauguram laboratório digital em Perdizes / MG C Y CM MY CY CMY K 56 A Eisa Empresa Interagrícola S.A, Bourbon Specialty Coffees S.A, Fazenda Nossa Senhora (Grupo Saquarema) e CeCafé, em parceria com a Prefeitura Municipal de Perdizes/MG, inauguraram na Escola Municipal Augusto Antonio de Alvarenga, o 116º Laboratório Digital “Edson Pereira de Rezende”, contendo dez computadores em rede, uma TV 32’ LCD, um DVD, dois aparelhos de ar condicionado, dez mesas e vinte cadeiras e material de apoio aos alunos. No primeiro momento 60 alunos serão beneficiados com o projeto “Criança do Café na Escola”, que também disponibilizará para a comunidade. Presentes no evento da inauguração: Carlos Alberto Santana, Diretor da Eisa; Cristiano Ottoni, Diretor da Bourbon; Ricardo e Gisele Rezende (Grupo Saquarema), Enos José de Oliveira, Secretário da Fazenda e representante do prefeito; Oneída Carvalho, Secretária de Educação; Maria Janaína Cunha, Diretora da Escola; Luciana Alves, Coordenadora de Projetos do CeCafé; vereadores, professores, autoridades, pais, alunos, funcionários da Fazenda Nossa Senhora de Fátima e produtores rurais de Perdizes e região. Deo Fotos M 56 - 57.pdf 2 02/07/2012 20:36:08 Formatura no Laboratório Digital da EMEF “Francisco da Cunha Ramaldes”, em Baixo Guandu/ES Os alunos da 4ª série do Ensino Fundamental da Escola Francisco da Cunha Ramaldes, em Baixo Guandu/ES, utilizando do laboratório digital implantado em 2004, pelo CeCafé em parceria com a Unicafé, participaram do PROERD - Programa Educacional de Resistência às Drogas. O Programa consiste na ação conjunta, extracurricular, entre a Polícia Militar, escola e família, no sentido de prevenir o abuso de drogas e a violência entre estudantes. O aluno Maycon Moreira dos Reis Xavier no momento da premiação Na ocasião da formatura, o CeCafé presenteou o vencedor do concurso de redação o aluno Maycon Moreira dos Reis Xavier com um netbook. A Diretora, Alessandra Vieira Gonçalves, fez um agradecimento especial ao CeCafé, pelo apoio e parceria que se estende desde novembro de 2004, destacando a contribuição e o incentivo dado pelo Projeto Inclusão Digital “Criança do Café na Escola” aos alunos da escola. Formatura do Projeto Produtor Informado em Andradas/MG C M 57 Y CM MY CY CMY K No dia 15 de junho, 19 produtores rurais participaram do evento de formatura do Projeto Produtor Informado, realizado na Escola “Francisca Vilela Peçanha”, em Andradas/MG, Distrito de Gramínea. Participaram da formatura Ronaldo Taboada, Diretor do CeCafé, Luciana Alves, Coordenadora de Projetos do CeCafé, Eduardo Lusvarghi, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, representando o Prefeito, Eliana Bosso, Diretora da Escola, Selislei de Cássia Corol de Pontes, Supervisora de Seção de Planejamento e Convênio de Projetos Pedagógicos, e Juliana Buton, Coordenadora de Cursos do CeCafé. Mara foto Stúdio O projeto, desenvolvido pelo CeCafé, através do monitor Rodrigo Lopes, que utilizando apostila adequada, ministra aulas de iniciação à informática no período noturno. Foram 14 meses de dedicação e resultou na inclusão digital dos produtores rurais. ponto de vista 58 - 59.pdf 1 02/07/2012 20:38:08 Código Florestal, o Retorno Entre tantas dúvidas sobre o Código Florestal, uma certeza o agricultor José Batistela carrega: ele não precisa, nem quer, ser anistiado. Ninguém jamais o convencerá de que incorreu em crime ambiental ao abrir as fronteiras agrícolas do Brasil. Julga tal suposição uma afronta ao seu caráter. Descendente de italianos, cheio de bisnetos, seu José anda meio depressivo pelo que escutou no rádio e na televisão. Sente-se desprestigiado na sociedade urbanizada que ajudou a erigir e agora lhe vira as costas, não lhe reconhecendo nas mãos os calos ganhos no árduo trabalho da roça. Esquecem-se os citadinos de sua saga familiar, há mais de século iniciada com a abertura daquelas terras roxas na região de Araras, destinadas a plantar os cafezais que forjaram a pujança paulista. O machado, sim, e a maleita, também, fazem parte de sua história. Renegada no presente. C M Y CM MY CY CMY K 58 A mistura entre desmatadores e pioneiros representou a pior desgraça gerada nessa infeliz polêmica sobre a legislação ambiental do campo. Uns, condenáveis, outros, elogiáveis, ambos se misturaram no discurso exagerado, enganoso mesmo, brandido pelos radicais do ambientalismo. Em nome de nobre causa - a defesa ecológica -, cometeram uma tremenda injustiça com os nossos antepassados, equiparando-os aos criminosos da floresta. Cuspiram em suas origens. Semelhantes a qualquer outro povo espalhado no planeta, os pioneiros da Nação brasileira, certamente, suprimiram muitas florestas virgens. Começaram pela Zona da Mata nordestina, onde o latifúndio açucareiro se instalou ocupando a faixa úmida e ondulada que acompanha a costa atlântica. Depois, durante a corrida para a mineração, chegou a vez de o montanhoso solo mineiro ser desbravado. O mesmo ciclo de progresso estimulou a exploração pecuária nos pampas gaúchos. Pedaços da vida selvagem cediam espaço para a civilização humana crescer. Mais tarde, a frente de expansão adentrou a Mata Atlântica do Sudeste, buscando a excelente fertilidade das terras roxas. São Paulo, por intermédio dos bandeirantes e, depois, dos imigrantes, assumia a dianteira econômica, e política, do País antes mesmo do fim da escravatura. Nessa época, o navio trazendo o pai de José Batistela aportava no Porto de Santos. O que o movia era o sonho da prosperidade no além-mar. O tempo passou. Somente quando a agronomia realizou uma de suas maiores façanhas tecnológicas - a conquista do Cerrado no Centro-Oeste - a última fronteira se efetivou. Há 40 anos se iniciava a interiorização do desenvolvimento nacional, processo que ainda receberá da historiografia o devido reconhecimento na consolidação do País. Confundir essa ocupação histórica do território com o dano ecológico causado pelos devastadores do presente significa tola, ou mal-intencionada, visão. Nossos avós, definitivamente, não são criminosos ambientais, tampouco criaram "passivos" a serem recuperados. Ao contrário, eles geraram ativos produtivos para a civilização. Como se teriam erguido, e abastecido, as cidades sem a lavra do solo virgem? Impossível. Derrubar árvores, drenar várzeas, combater peçonha foram exigências do progresso material da sociedade, aqui como alhures, turbinado pela explosão populacional. Haverá, com certeza, um limite para a exploração planetária. O que permite tal hipótese é o avanço tecnológico. Quanto mais as modernas técnicas garantem, no campo, maior produtividade por área explorada, mais se facilita a preservação de espaços naturais. Boa comprovação disso se encontra na pecuária brasileira. O volume de carne produzido hoje no Brasil exigiria, se mantido o nível de tecnologia de 30 anos atrás, um assustador acréscimo de 535 milhões de hectares nas pastagens. Economizou-se uma Amazônia. No patamar de conhecimento atual, estima-se que as áreas já exploradas do território nacional seriam suficientes para atender à demanda de mercado por alimentos e matérias-primas. Ou seja, após séculos de expansão sobre os biomas naturais, vislumbra-se um ponto de equilíbrio entre derrubar e produzir. Mais que utopia, o desmatamento zero torna-se uma possibilidade real. Seu José Batistela, agricultor da velha guarda, tem dificuldade para entender esse assunto da "pegada ecológica" da humanidade. Mas concorda com a punição dos picaretas que, na Amazônia ou onde mais, zunem a motosserra afrontando conscientemente a lei florestal. Sabe que os tempos mudaram. Aqui está o xis da questão: como consolidar, e regularizar, as áreas produtivas da agropecuária nacional sem facilitar a vida para os bandidos da floresta. Infelizmente, no debate polarizado sobre o novo Código Florestal, tudo virou um só dilema: anistiar, ou não, os desmatadores, colocando todos no mesmo saco. Desserviço à inteligência. Chegou a hora de passar a limpo essa encrenca entre ruralistas e ambientalistas. Má interpretação, exageros, preconceitos confundiram a opinião pública, até no exterior. Na Europa, especialmente, ecoterroristas venderam a ideia de que o Código Florestal acabaria com a Amazônia. Mentira deslavada. Abaixada a bola com a (correta) promulgação da Lei 12.651/2012, com vetos, seguida da imediata publicação da Medida Provisória 571, há que retomar a capacidade de interlocução. Doravante valeria a pena ouvir a voz da sensatez. Recuperar a biodiversidade não se sobrepõe à proteção humana. Não faz nenhum sentido regredir, salvo o imprescindível nas matas ciliares, o território produtivo do País. Muito menos facilitar os desmatamentos. Código Florestal, o Retorno. Assim se poderia chamar o filme. Só que, nesse novo enredo, José Batistela ocupará um papel honrado. Xico Graziano - Agrônomo, foi secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo Em 58 - 59.pdf 2 02/07/2012 20:38:09 Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura e Museu do Café apresentam a exposição: C M Y CM MY CY CMY K Em cartaz de 28 de junho a 30 de setembro. Aberta de terça à sábado, das 9h às 17h e domingos das 10h às 17h. www.museudocafe.org.br Execução Realização 60 - 01.pdf 1 02/07/2012 20:41:30 C M Y CM MY CY CMY K
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