Monografia - IME

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Monografia - IME
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CARTOGRÁFICA
1º Ten ALEX GOIS ORLANDI
Asp Of R2 FELIPE DE ALMEIDA SOUZA
Al DÉBORA BRAGA DE FARIA
REPRESENTAÇÃO E PERCEPÇÃO DE ALVOS MILITARES
EM AMBIENTES DIGITAIS
Rio de Janeiro
2007
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
1º Ten ALEX GOIS ORLANDI
Asp Of R2 FELIPE DE ALMEIDA SOUZA
Al DÉBORA BRAGA DE FARIA
REPRESENTAÇÃO E PERCEPÇÃO DE ALVOS MILITARES
EM AMBIENTES DIGITAIS
Iniciação à Pesquisa apresentada ao Curso de Graduação em
Engenharia Cartográfica no Instituto Militar de Engenharia, como
requisito parcial para a obtenção do título de Graduado em
Engenharia Cartográfica.
Orientador: Cap Vagner Braga Nunes Coelho – M.C.
Co-Orientador: Prof. Luiz Felipe Coutinho Ferreira da Silva – D.E.
Rio de Janeiro
2007
2
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
1º Ten ALEX GOIS ORLANDI
Asp Of R2 FELIPE DE ALMEIDA SOUZA
Al DÉBORA BRAGA DE FARIA
REPRESENTAÇÃO E PERCEPÇÃO DE ALVOS MILITARES
EM AMBIENTES DIGITAIS
Iniciação à Pesquisa apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Cartográfica
no Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de
Graduado em Engenharia Cartográfica.
Orientador: Cap Vagner Braga Nunes Coelho – M.C.
Co-Orientador: Prof. Luiz Felipe Coutinho Ferreira da Silva – D.E.
Aprovada em __ de _______ de 2007 pela seguinte Banca Examinadora:
______________________________________________________________________
Cap Vagner Braga Nunes Coelho - M.C.
______________________________________________________________________
Prof. Luiz Felipe Coutinho Ferreira da Silva - D.E.
______________________________________________________________________
Cap Douglas Corbari Corrêa – M.C.
______________________________________________________________________
Cap Marcos de Meneses Rocha – M.C.
Rio de Janeiro
2007
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, por nos ter concedido a força necessária para vencermos todas as dificuldades
que encontramos.
Aos nossos pais, com quem pudemos contar com a presença, experiência e conforto nas
incertezas e nas ansiedades, sempre guiando nossos passos.
Aos nossos mestres, que estiveram conosco dividindo parte do seu saber, com presteza e
dedicação, sanaram todas as nossas dúvidas e participaram com amizade e compreensão na
elaboração desta pesquisa, em especial ao Professor Orientador Cap Vagner Braga Nunes
Coelho, ao Professor Co-orientador DE. Luiz Felipe Coutinho Ferreira da Silva, ao Professor
DSc. Flávio Luis de Mello, ao Professor DE. Leonardo Castro de Oliveira, ao Professor
Herbert Erwes e ao Cap Douglas Corbari Corrêa.
Aos demais integrantes da Seção de Engenharia Cartográfica do Instituto Militar de
Engenharia, que direta ou indiretamente colaboraram na execução deste trabalho.
Aos alunos do primeiro ano, aos oficiais do IME e aos oficiais da ECEME que
cooperaram na realização dos testes essenciais à pesquisa.
Ao Cap André Luiz Valle Rosa, pela importante contribuição no segmento
computacional da pesquisa e também por sua disponibilidade.
À preciosa colaboração, companheirismo e compreensão dedicada por Roseane Pelegrino
Mello.
4
“A ciência tem as raízes amargas, mas os frutos são muito doces.”
ARISTÓTELES
5
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .........................................................................................8
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................11
LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................................12
LISTA DE SIGLAS.......................................................................................................13
RESUMO .......................................................................................................................14
ABSTRACT...................................................................................................................15
1
INTRODUÇÃO..................................................................................................16
1.1
Posicionamento do Trabalho ................................................................................16
1.2
Objetivo...............................................................................................................18
1.3
Justificativa do estudo..........................................................................................18
1.4
Estruturação do trabalho ......................................................................................21
2
HISTÓRICO DOS SÍMBOLOS MILITARES DO MANUAL C 21-30 ..........22
2.1
A Missão Cartográfica Austríaca..........................................................................22
2.2
Influência norte-americana...................................................................................23
2.3
Origem e evolução do Manual C 21-30 ................................................................24
3
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .....................................................................27
3.1
Comunicação visual .............................................................................................27
3.2
Comunicação cartográfica....................................................................................28
3.3
Semiótica e Semiologia........................................................................................32
3.4
Semiologia Gráfica ..............................................................................................35
3.5
Gestalt .................................................................................................................40
3.6
Leitura visual do objeto pelas Leis da Gestalt.......................................................49
3.7
Leitura visual do objeto pelas Categorias Conceituais ..........................................50
4
RECURSOS COMPUTACIONAIS ..................................................................52
4.1
Computadores robustecidos .................................................................................52
6
4.2
Sistemas de combate ............................................................................................55
5
REPRESENTAÇÃO DE SÍMBOLOS MILITARES .......................................61
5.1
Composição dos símbolos....................................................................................61
5.2
Classificação........................................................................................................62
5.3
Dimensões ...........................................................................................................64
5.4
Representação analógica ......................................................................................67
5.5
Representação digital ...........................................................................................68
6
APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE CRIAÇÃO DE SÍMBOLOS
CARTOGRÁFICOS MILITARES ...................................................................71
7
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..............122
7.1
Conclusões ..........................................................................................................122
7.2
Sugestões para trabalhos futuros ..........................................................................124
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................125
APÊNDICES..................................................................................................................129
GLOSSÁRIO .................................................................................................................136
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 1.1
Equipamentos robustecidos usados no campo
(EXÉRCITO BRASILEIRO, 2003).............................................................20
FIG. 1.2
Símbolo militar em várias escalas de visualização.......................................20
FIG. 2.1
Missão Cartográfica Austríaca, 1920 (BRANCO FILHO, 1978) .................22
FIG.2.2
Representação de cores de tropas amigas (Union Forces)
e tropas inimigas (Rebel Forces) (COSTA E SILVA, 2003) .......................24
FIG. 3.1
Modelo de comunicação cartográfica unidirecional.
(Adaptado de PETERSON apud FOSSE, 2004). ........................................29
FIG. 3.2
Modelo de comunicação cartográfica interativo
(Adaptado de PETERSON apud FOSSE, 2004) ..........................................30
FIG. 3.3
A tríade do signo segundo Peirce (FASCIONI, 2006a)................................33
FIG. 3.4
A cor azul (FASCIONI, 2006a)...................................................................33
FIG. 3.5
O azul de um objeto concreto (FASCIONI, 2006a) .....................................34
FIG. 3.6
A construção da frase “a cadeira é azul” (FASCIONI, 2006a) .....................34
FIG. 3.7
Representação pontual (FASCIONI, 2006b) ...............................................36
FIG. 3.8
Representação linear (FASCIONI, 2006b) ..................................................36
FIG. 3.9
Representação planar (FASCIONI, 2006b) .................................................37
FIG. 3.10
Exemplos de formas (Adaptado de BERTIN, 1983) ....................................37
FIG. 3.11
Exemplo de diversos tamanhos (Adaptado de BERTIN, 1983)....................37
FIG. 3.12
Exemplo de valor agregado ao losango (Adaptado de BERTIN, 1983)........38
FIG. 3.13
Exemplos de textura (Adaptado de BERTIN, 1983) ....................................38
FIG. 3.14
Exemplos da utilização de cores (Adaptado de BERTIN, 1983) ..................38
FIG. 3.15
Objeto em diferentes orientações (Adaptado de BERTIN, 1983) .................39
FIG. 3.16
Leitura visual da forma baseada nas Leis da Gestalt (FASCIONI, 2006a). ..49
FIG. 3.17
Leitura visual da forma baseada nas
Categorias Conceituais (WWZ UNIBAS, 2007) ..........................................51
FIG. 4.1
Computador Robustecido Militar CR MIL 1204 (IMBEL, 2007) ................53
FIG. 4.2
Computador Palmar Militar CPM 1196 (IMBEL, 2007)..............................54
8
FIG. 4.3
RuggedNote™ Compact Ruggedized Notebook (KONTRON, 2007) ...........54
FIG. 4.4
Interface gráfica do Guarini (ROSA, 2007).. ...............................................56
FIG. 4.5
Interface gráfica do SISTAB (ROSA, 2007). ..............................................57
FIG. 4.6
Interfaces gráficas do SABRE (ROSA, 2007).. ...........................................58
FIG. 4.7
Interface gráfica do SACI (ROSA, 2007).. ..................................................59
FIG. 4.7
Dados errados de coordenadas geográficas
e de sistema UTM (ROSA, 2007).. .............................................................60
FIG. 5.1
Unidades compositivas do símbolo do manual C 21-30...............................62
FIG. 5.2
Símbolos em formato analógico dispostos na carta......................................67
FIG. 5.3
Visões estratégica e tática do Teatro de Operações.
(MELLO apud SILVA, 2006).....................................................................68
FIG. 5.4
Exemplo de perda de definição com alteração de escala
de visualização (ROSA, 2007)....................................................................68
FIG. 5.5
Calungas semi-transparentes (ROSA, 2007) ...............................................69
FIG. 5.6
Calungas transparentes com preenchimento de fundo (SILVA, 2006) .........69
FIG. 5.7
Interface do Inkscape ..................................................................................70
FIG. 6.1
Coleta de mortos (FREEFOTO, 2007). ......................................................73
FIG. 6.2
Operações psicológicas (FREEFOTO, 2007). .............................................74
FIG. 6.3
Saúde (FREEFOTO, 2007). ........................................................................75
FIG. 6.4
Recreação (BOINAS VERDES, 2007; FREEFOTO, 2007).........................75
FIG. 6.5
Evacuação (FREEFOTO, 2007). .................................................................76
FIG. 6.6
Construção (FREEFOTO, 2007).. ...............................................................77
FIG. 6.7
Guerrilha (FREEFOTO, 2007).. ..................................................................77
FIG. 6.8
Embarque e desembarque (FREEFOTO, 2007)...........................................78
FIG. 6.9
Repouso (BOINAS VERDES, 2007; FREEFOTO, 2007). ..........................79
FIG. 6.10
Manutenção (FREEFOTO, 2007)................................................................79
FIG. 6.11
Execução do teste 02 pelos alunos do primeiro ano do IME ........................84
FIG. 6.12
Resultado do teste de eficiência 01 – Coleta de mortos................................84
FIG. 6.13
Resultado do teste de eficiência 01 – Operações Psicológicas .....................85
FIG. 6.14
Resultado do teste de eficiência 01 – Saúde ................................................86
FIG. 6.15
Resultado do teste de eficiência 01 – Recreação..........................................87
FIG. 6.16
Resultado do teste de eficiência 01 – Evacuação .........................................88
FIG. 6.17
Resultado do teste de eficiência 01 – Construção ........................................89
9
FIG. 6.18
Resultado do teste de eficiência 01 – Guerrilha ...........................................90
FIG. 6.19
Resultados do teste de eficiência 01 – Embarque e Desembarque................91
FIG. 6.20
Resultado do teste de eficiência 01 – Repouso ............................................92
FIG. 6.21
Resultado do teste de eficiência 01 – Manutenção.......................................93
FIG. 6.22
Índice de acertos do teste de eficiência 01. ..................................................95
FIG. 6.23
Resultado do teste de eficiência 02 – Coleta de mortos................................96
FIG. 6.24
Resultado do teste de eficiência 02 – Operações Psicológicas .....................97
FIG. 6.25
Resultado do teste de eficiência 02 – Saúde ................................................98
FIG. 6.26
Resultado do teste de eficiência 02 – Recreação..........................................99
FIG. 6.27
Resultado do teste de eficiência 02 – Evacuação .........................................100
FIG. 6.28
Resultado do teste de eficiência 02 – Construção ........................................101
FIG. 6.29
Resultado do teste de eficiência 02 – Guerrilha ...........................................102
FIG. 6.30
Resultados do teste de eficiência 02 – Embarque e Desembarque................103
FIG. 6.31
Resultado do teste de eficiência 02 – Repouso ............................................104
FIG. 6.32
Resultado do teste de eficiência 02 – Manutenção.......................................105
FIG. 6.33
Índice de acerto no teste de eficiência 02.....................................................107
FIG. 6.34
Resultado do teste de eficiência 03..............................................................108
FIG. 6.35
Comparação entre os índices de acertos nos testes.......................................109
FIG. 6.36
Comparação entre os tempos de execução dos testes. ..................................110
FIG. 6.37
Resultado do teste de eficiência 04 – Operações psicológicas......................116
FIG. 6.38
Resultado do teste de eficiência 04 – Evacuação .........................................116
FIG. 6.39
Resultado do teste de eficiência 04 – Guerrilha ...........................................117
FIG. 6.40
Resultados do teste de eficiência 04 – Embarque e desembarque.................117
FIG. 6.41
Resultado do teste de eficiência 04 – Repouso ............................................117
FIG. 6.42
Resultado do teste de eficiência 04 – Símbolos com 100% de acerto...........118
FIG. 6.43
Comparação entre os tempos de execução
dos testes 02 e 04 pelos oficiais ..................................................................119
FIG. 6.44
Símbolos criados no Inkscape e suas dimensões..........................................121
10
LISTA DE TABELAS
TAB. 1.1
Exemplos de Símbolos que apresentam falhas na interpretação.
(Adaptado de AZEVEDO et al, 2005) ........................................................19
TAB. 2.1
Símbolos de identificação que apresentam correspondências nos
manuais brasileiro e americano. .................................................................25
TAB. 2.2
Símbolos diversos que apresentam correspondências nos
manuais brasileiro e americano...................................................................26
TAB. 3.1
Classificação dos signos em função de sua relação com seu referente
(Adaptado de FASCIONI et al, 2001).........................................................32
TAB. 3.2
Relação entre sistemas de significação e sistemas de
percepção (BERTIN, 1983)........................................................................35
TAB. 3.3
Níveis de organização das variáveis visuais.
(Adaptado de BERTIN, 1983) ....................................................................39
TAB. 3.4
Leis da Gestalt (Adaptado de GOMES FILHO, 2000) ................................41
TAB. 3.5
Categorias Conceituais Fundamentais.
(Adaptado de GOMES FILHO, 2000)........................................................44
TAB. 3.6
Técnicas Visuais Aplicadas (Adaptado de GOMES FILHO, 2000).............46
TAB. 5.1
Classes de símbolos (Adaptado de AZEVEDO et al, 2005) ........................63
TAB. 5.2
Classes de símbolos que se referem à idéia concreta. ..................................63
TAB. 5.3
Classes de símbolos que se referem à idéia abstrata ....................................64
TAB. 5.4
Classificação de símbolos quanto à forma ..................................................65
TAB. 5.5
Relação dos símbolos com a área delimitada ..............................................66
TAB. 6.1
Símbolos selecionados ...............................................................................80
TAB. 6.2
Símbolos preliminares................................................................................112
TAB. 6.3
Símbolos propostos ....................................................................................120
11
LISTA DE ABREVIATURAS
ENIAC
Electronic Numeric Integrator And Calculator
SABRE
Sistema de Adestramento de Batalhões e Regimentos do Exército
SACI
Sistema de Adestramento de Combate Integrado
SC2 Ex
Sistema de Comando e Controle do Exército
SC2 FTer
Sistema de Comando e Controle da Força Terrestre
SISTAB
Sistema Tático de Adestramento de Brigada
SVG
Scalable Vectorial Graphics
12
LISTA DE SIGLAS
CIGE
Centro Integrado de Guerra Eletrônica
COTER
Comando de Operações Terrestres
DSG
Diretoria de Serviço Geográfico
EB
Exército Brasileiro
ECEME
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
EME
Estado-Maior do Exército
ESAO
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
EUA
Estados Unidos da América
IAGS
Inter-American Geodetic Survey
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IMBEL
Indústria de Material Bélico do Brasil
IME
Instituto Militar de Engenharia
13
RESUMO
O uso da informação visual representada nos mapas, em um contexto militar, é
fundamental desde o treinamento do combatente. O planejamento de como as batalhas serão
travadas é apresentado por meio de mapas exibidos em postos de comando, contendo
simbolismos representativos de alvos militares. O antigo modus operandi de confecção dos
símbolos militares, contidos no Manual de Campanha C 21-30 - Símbolos, Abreviaturas e
Convenções Cartográficas, preconizava um trabalho essencialmente manual no qual eram
privilegiados os símbolos geométricos com baixo poder de comunicação e percepção.
Todavia, equipamentos digitais robustecidos são cada vez mais empregados no preparo e na
disseminação das informações cartográficas em operações militares. Este avanço tecnológico
permite construir símbolos mais elaborados e mais realistas, o que pode tornar o processo de
comunicação mais eficiente. Portanto, este trabalho tem por objetivos analisar os símbolos do
Manual C 21-30 quanto à eficiência na transmissão da informação e à velocidade de
percepção e propor uma reformulação dos símbolos baseada em uma metodologia de criação
de símbolos cartográficos. Esta metodologia considera aspectos da Semiologia Gráfica e da
Teoria Gestalt, com o intuito de reduzir a subjetividade na construção da comunicação visual.
Na sua fase inicial, estabeleceu-se um recorte de dez símbolos do Manual C 21-30 que
exprimem uma idéia abstrata, como uma ação ou atividade militar, os quais foram submetidos
a três testes denominados “Testes de Eficiência” e aplicados a militares envolvidos
diretamente no planejamento e na execução de operações, bem como a militares envolvidos
em jogos de guerra. O primeiro teste avalia os símbolos isoladamente, ou seja, fora de um
contexto militar. No segundo teste, os símbolos encontram-se dispostos em uma carta,
simulando uma típica operação militar. E, por fim, o terceiro teste apresenta cada símbolo
com quatro alternativas de respostas, sendo apenas uma correta. Ulteriormente, os dados
obtidos após a aplicação dos testes, foram processados e analisados e indicaram o grau de
representatividade dos símbolos testados. Em seguida, deu-se início à reformulação dos
símbolos considerados pouco eficientes e realizaram-se novos testes para verificar a melhoria
preconizada nos objetivos. Esta fase, denominada de feedback, visou também a realizar os
ajustes finais dos símbolos. O último passo do trabalho é a implementação dos símbolos
definitivos em um ambiente digital utilizando o software livre Inkscape 0.45, que permite a
criação de símbolos em formato vetorial com extensão SVG.
14
ABSTRACT
The usage of visual information from maps, under a military context, is essential since
the beginning of combat training. The battlefield planning is usually presented by displaying
maps at the Command Centers, employing symbols in order to represent military targets. The
old modus operandi of military symbols, described on the Brazilian Army field manual
“Manual de Campanha C 21-30 - Símbolos, Abreviaturas e Convenções Cartográficas”,
emphasizes geometric symbols with low communication power and perception. However,
robust digital equipments have been more frequently used to prepare and spread cartographic
information on military operations. This technology breakthrough allows the use of more
realistic and elaborated symbols, leading to a more efficient communication process.
Therefore, this study's main objective is to analyze the C 21-30's symbols according to
perception speed and information transmition efficiency, and also to propose a symbol review
based on a methodology for cartographic symbols creation. This methodology considers
Graphic Semiology and Gestalt Theory aspects, aiming at reducing subjectivity on visual
communication. On an initial phase, ten C 21-30’ symbols, which express an abstract idea,
like a military action, were selected. These symbols were submitted to three tests called
“Efficiency Tests”, and then applied to staff directly involved on planning and executing real
military operations, as well as staff involved on War Games. The first test evaluates the
symbols separately, outside a military context. On the second test, the symbols are disposed
on a map, simulating a typical military operation. In the end, the last test presents each
symbol associated to four possible meanings, containing just one correct option. The data
obtained were processed and analyzed, indicating how good the symbols were on the
representing entities task. Next, the symbols associated to low results were replaced, and new
tests were made in order to evaluate the efficiency of the new symbols. This replacement,
known as feedback, aimed at making final adjustments to the symbols. The last phase consists
on digitally implementing the definite symbols using the free software Inkscape 0.45 since it
allows the symbol creation in vector format and SVG extension.
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 POSICIONAMENTO DO TRABALHO
O uso da informação visual representada nos mapas, em um contexto militar, é
fundamental desde o treinamento do combatente. O planejamento de como as batalhas serão
travadas é apresentado por meio de mapas exibidos em postos de comando, contendo
simbolismos representativos de alvos militares.
Observando a história militar, percebe-se o emprego de símbolos com formas
elementares, sem traçados rebuscados, como, por exemplo, a utilização de uma linha de
batalha para designar a fronteira entre as forças de grande efetivo em combate. Nesta
representação, aquilo que é exibido do lado oposto à linha simula o inimigo e, portanto, pode
ou deve ser destruído.
Este tratamento simbólico, contudo, pode não ser o de melhor uso na situação militar
contemporânea. Com a invenção das armas guiadas de precisão e a capacidade de evitar danos
colaterais de grande magnitude, uma única linha pode não ser um símbolo com adequado
poder de representação. Nas batalhas modernas, os combatentes nem sempre estão dispostos
ao longo de uma única linha de batalha. Em vez disso, podem ser deslocados em edifícios
isolados ou em pequenas células com localizações largamente dispersas. À medida que a
seleção de alvos tornou-se um processo mais exigente, é conveniente que a simbologia dos
mapas também se altere.
Atualmente, o imageamento de alta qualidade possibilitado pelos satélites espaciais, os
dados do Sistema de Posicionamento Global e o fluxo de informações fornecidas pelo
Sistema de Comando e Controle são combinados para fornecer ao combatente mapas criados
em modo digital. Estes mapas são partes de um sistema planejado para fornecer conhecimento
exato e oportuno aos responsáveis pela tomada de decisão em todos os níveis.
A modernização e a integração do Sistema de Comando e Controle da Força Terrestre
(SC2 FTer) busca a inserção do Exército Brasileiro na era do campo de batalha digital.
O SC2 FTer integra o Sistema de Comando e Controle do Exército (SC2 Ex). O SC2 Ex é
um conjunto de recursos humanos, instalações, normas e processos, que possibilita ao
Comandante planejar, dirigir e controlar as forças e as operações militares. Estas atividades
são possíveis devido à existência de uma estrutura de telemática e de um fluxo de
16
informações. O SC2 FTer integra o COTER (Órgão Central), os Comandos Militares de Área,
as Regiões Militares, as Divisões, as Brigadas e as Organizações Militares.
Neste contexto, encontra-se o projeto C2 em combate, que é a parte do SC2 FTer voltada
para o emprego das Grandes Unidades seja em campanha, em operações de combate ou em
adestramento. Este projeto engloba, dentre outros objetivos, a representação e a percepção de
alvos militares em ambientes digitais.
Para execução de tal propósito, torna-se necessária uma atualização dos manuais de
emprego das comunicações, no caso em questão o C21-30 – Manual de Símbolos e
Convenções Cartográficas, que ainda está basicamente voltado para a representação analógica
dos símbolos. Portanto, é fundamental a implementação destes símbolos, após serem revistos,
em uma plataforma de visualização cartográfica, sobre a qual podem ser desenvolvidas
diversas aplicações, entre elas monitoramento de tropas e viaturas em tempo real e jogos de
guerra.
A fim de obter um melhor aproveitamento da comunicação cartográfica, os símbolos
serão elaborados com base em uma metodologia de criação de símbolos cartográficos
extrapolada para o caso de símbolos militares. A metolodologia proposta por GRANHA
(2001) é baseada em estudos feitos nas áreas da Psicologia Perceptual da Forma – Gestalt – e
também na Semiologia Gráfica concebida por Jacques Bertin, que fornecem parâmetros de
redução da subjetividade na construção da comunicação visual.
O SC2 FTer foi idealizado para operar tanto em tempo de paz, como em situações de
combate. É relevante, portanto, levar em consideração as condições adversas da guerra na
reformulação do manual, como, por exemplo: fome, sono, cansaço, pressão psicológica,
terrenos alagados, temperatura desfavorável, entre outras. Assim, as hostilidades típicas de
uma situação de combate precisam estar embutidas nas fases de teste da metodologia que será
utilizada, a fim de buscar uma aproximação maior da realidade.
Desta forma, esta pesquisa utilizará os recursos computacionais atuais, os equipamentos
usados em campanha e trabalhos relativos à simbolização cartográfica, buscando aprimorar a
transmissão de informações relativas ao cenário do combate, em termos de velocidade e de
eficácia.
17
1.2 OBJETIVO
Propor uma otimização na metodologia de construção de símbolos cartográficos militares
estabelecidos no manual C 21-30, considerando os aspectos da Semiologia Gráfica e da
Teoria Gestalt, para emprego em ambientes digitais sob condições hostis.
Para isso, serão testados na metodologia desenvolvida por GRANHA (2001) alguns
símbolos militares, ainda não vislumbrados por trabalhos anteriores, que exprimem um
significado abstrato como uma ação, por exemplo. Desta forma, procurar-se-á atingir este
objetivo de otimizar o processo de comunicação cartográfica, ou seja, o de permitir que o
usuário perceba a forma dos símbolos de maneira mais espontânea possível, em meio digital,
e utilizando-se minimamente da legenda, o que é desejável em situações de combate.
1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
Considera-se pertinente estender para a simbolização militar os princípios da Gestalt e da
Semiologia Gráfica com o intento de possibilitar uma padronização para as representações
cartográficas,
permitindo
ao
usuário
do
C21-30
associar,
mnemonicamente
e
automaticamente, os alvos militares aos seus referidos simbolismos. Segundo SILVA (2006),
“tratar da simbologia é fundamental para estabelecer uma comunicação cartográfica eficiente,
pois os símbolos têm a característica de simplificar e agilizar as transformações cognitivas de
informações”.
Assim, é importante dar uma continuidade aos trabalhos de simbolização cartográfica,
enfatizando o da Iniciação à Pesquisa realizada por AZEVEDO et al (2005), por se tratar da
aplicação da metodologia de construção de símbolos apresentada por GRANHA (2001) aos
símbolos militares. Esta continuidade abordará os símbolos que exprimem uma idéia abstrata,
como uma ação ou atividade, além de inseri-los dentro de uma operação militar simulada, na
fase de aplicação dos testes inerentes à metodologia.
Na quarta e última revisão do manual C 21-30, aprovada e publicada em 2002 pelo EME,
a essência dos seus símbolos manteve-se no que diz respeito à utilização de representações
baseadas em construções simples, em grande parte, formas geométricas, que possibilitam a
confecção destes a mão livre.
Todavia, esta simplicidade requerida nas representações analógicas torna muitas vezes o
processo de comunicação e de percepção pouco expressivos, porque pode causar dúvidas na
18
identificação dos símbolos. Isto pode ser constatado em vários símbolos do manual que ora
apresentam formas muito similares, causando confusão; ora não têm fácil associação com a
realidade ou com o significado militar que pretendem transmitir. A ambigüidade pode gerar
conseqüências drásticas como, por exemplo, confundir o símbolo de mina com o de telefone,
ilustrados no trabalho de AZEVEDO et al (2005). A TAB. 1.1 apresenta alguns desses
exemplos.
TAB. 1.1 – Exemplos de Símbolos que apresentam falhas na interpretação.
Representação que
causa confusão
Saúde
Coleta de mortos
Representação de difícil
Operações psicológicas
compreensão
Depósito
Associação errada com o
Extraviados
(Igreja?)
verdadeiro significado
Material de subsistência
(Lua?)
Adaptado de AZEVEDO et al (2005).
Apesar de existir uma legenda que elimina qualquer dúvida relacionada ao significado do
símbolo, é desejável que os símbolos sejam reconhecidos pelo usuário sem que haja a
necessidade de recorrer a ela. Afinal, em uma campanha, a eficácia e a velocidade na
transmissão da informação podem ser cruciais para o êxito da missão. Este tipo de associação
do símbolo com seu significado caracteriza um sistema monossêmico e será abordado com
maiores detalhes no item 3.4 da fundamentação teórica.
Equipamentos digitais robustecidos são cada vez mais empregados no preparo e na
disseminação das informações cartográficas em operações militares. Este avanço tecnológico
permite construir símbolos mais elaborados e mais próximos da realidade, o que torna o
processo de comunicação mais eficiente, fato comprovado por AZEVEDO et al (2005) ao
propor alterações nos símbolos testados. A FIG. 1.1 ilustra um deste equipamento.
19
FIG. 1.1 – Equipamentos robustecidos usados no campo. (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2003).
Os calcos feitos manualmente estão sendo substituídos pelas cartas em ambiente digital.
Sendo assim, faz-se necessária uma metodologia de produção de símbolos em ambientes
digitais, pois a última revisão do manual nada acrescentou no sentido de adaptar os símbolos e
as representações cartográficas para ambientes computacionais. Com isso, os símbolos estão
sendo inseridos na plataforma computacional em formato matricial, o que pode implicar na
perda de definição dos mesmos ao se alterar a escala de visualização, conforme mostra a FIG.
1.2.
X
I
Pqdt
Escala ideal
FIG. 1.2 – Símbolo militar em várias escalas de visualização.
20
1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
Com a finalidade de expor o tema com clareza, para atingir o objetivo proposto, este
trabalho estrutura-se em capítulos, cuja descrição do conteúdo, em linhas gerais, é apresentada
a seguir.
O capítulo 2 apresenta um breve histórico acerca da influência dos austríacos e dos norteamericanos na elaboração do manual C 21-30.
O capítulo 3 versa sobre os conceitos teóricos fundamentais para esta pesquisa. Trata,
portanto, da Teoria da Comunicação, do processo de Comunicação Cartográfica, dos
fundamentos básicos da Semiologia, da Semiótica e da Semiologia Gráfica, além da Escola
Gesltaltista com a Leitura Visual da forma dos objetos.
O capítulo 4 trata dos recursos e dos sistemas computacionais adotados pelo Exército
Brasileiro.
O capítulo 5 expõe as diversas representações, composições e classificações dos símbolos
militares.
O capítulo 6 apresenta a aplicação da metodologia de construção de símbolos militares
nos símbolos selecionados.
O capítulo 7 exibe as conclusões referentes aos resultados desta pesquisa e as sugestões
para trabalhos futuros.
21
2
HISTÓRICO DOS SÍMBOLOS MILITARES DO MANUAL C 21-30
Neste capítulo é feita uma abordagem de um breve histórico acerca dos trabalhos
cartográficos no Brasil, enfocando aqueles que influenciaram na elaboração do manual de
símbolos militares, ou seja, os trabalhos da missão cartográfica austríaca e da missão norteamericana.
2.1 A MISSÃO CARTOGRÁFICA AUSTRÍACA
Após a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), com a dissolução do Imperial e Real Instituto
Geográfico Militar, em Viena, um grupo de onze geodesistas e técnicos, sob a direção do
General Barão Dr. Arthur von Hübl, um dos últimos comandantes do Instituto, chegou em
outubro de 1920 ao Brasil. Geodesista, nesta época era uma denominação comum a uma
classe de especialistas em Cartografia, Fotogrametria e Geodésia, ou seja, não havia uma
subdivisão como a existente nos dias de hoje. A FIG. 2.1 exibe os onze participantes da
Missão Austríaca.
De acordo com ERWES (2007), esta equipe, chamada de Missão Cartográfica Austríaca,
atuou como conselheira na reestruturação do Serviço Geográfico do Exército Brasileiro,
localizado no Rio de Janeiro. Além do General Barão Dr. Von Hübl, chefe da missão
austríaca e especialista em fotogrametria terrestre, havia, entre outros, o Coronel Pokorny,
consultor técnico de topografia; o Coronel Gaksch, consultor técnico de Geodésia e João
Autengruber, assistente técnico de impressão. Porém, o mais notável era o Major Wolf,
especialista em fotogrametria, por ser o único que sabia operar com o aparelho restituidor, que
havia dois anos não funcionava.
FIG. 2.1 – Missão Cartográfica Austríaca, 1920. (BRANCO FILHO, 1978).
22
O Barão von Hübl retornou em 1924 para a Áustria, enquanto seus colaboradores
continuaram se dedicando, ainda por vários anos, às suas tarefas em diversos campos de
atividade, como topografia, cartografia e fotogrametria.
Grande parte do que se conhece em técnicas e desenhos na área da cartografia se deve ao
conhecimento trazido pela Missão Austríaca. Ela foi a responsável pelo levantamento
topográfico da cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal e capital do Brasil.
2.2 INFLUÊNCIA NORTE-AMERICANA
“Durante a 2ª Guerra Mundial, de 1941 a 1945, o Serviço Geográfico procedeu ao
levantamento do litoral Nordeste – de Pernambuco ao Ceará - necessário às operações de
guerra que iriam se desenvolver naquela região. Foi incluída no levantamento a Ilha de
Fernando de Noronha. Esta era a primeira missão de guerra do Brasil que os americanos
propunham-se a realizar (...)”. (BRANCO FILHO, 1978).
Nesta época, havia muitos americanos no Brasil, os quais foram responsáveis pela
fundação do Inter-American Geodetic Survey, IAGS, uma organização do Ministério da
Defesa Americana, que se destinava a fazer o mapeamento de toda a América Latina.
Esta organização foi responsável pela doação de material, por ministrar instruções e por
fornecer a verba necessária para que o trabalho pudesse ser concluído. No Brasil, em especial,
estes subsídios foram doados ao IBGE, por volta de 1950.
O IAGS tinha um quartel no Panamá, localizado no Fort Clayton, onde havia uma escola
que promovia treinamento para países da América do Sul. O Brasil enviou sargentos do
Exército Brasileiro para habilitá-los a operar com restituição, reambulação e gravação de
cartas. A partir de então, os símbolos passaram a ser confeccionados sobre plástico e metal,
com formatos padronizados.
Com a evolução do processo de construção das cartas, passou-se a utilizar os símbolos
em papel celofane auto-adesivo. Estes eram encomendados por uma equipe responsável
exclusivamente por isso, conhecida como “equipe de pedido de nomes”. Nestes pedidos, além
dos nomes dos símbolos eram também especificados os padrões dos mesmos, tais como
espessura das linhas e tamanho.
No IAGS eram ministradas aulas relacionadas diretamente com a geodésia,
fotogrametria, cartografia e sensoriamento remoto. Disciplinas como matemática, estatística e
linguagens de programação eram exigidas como pré-requisitos para os cursos, que uma vez
23
concluídos, cada aluno adquiria um certificado.
Ao se estabelecer uma comparação entre os benefícios trazidos pela missão austríaca e
pelos norte-americanos, percebe-se que os últimos tiveram uma maior influência nas ciências
cartográficas brasileiras que os primeiros. Isto porque a missão não foi apoiada pela Áustria,
em virtude de seu enfraquecimento após a derrota na 1ª Guerra Mundial. Em contrapartida, os
norte-americanos invitavam oficiais brasileiros para cursos nos Estados Unidos da América
(EUA) ou no Alasca. (ERWES, 2007).
Por isso, há indícios de que a criação do manual C 21-30 fora baseada numa adaptação do
manual americano MCRP 5-2A, em virtude do intercâmbio de conhecimentos e técnicas entre
norte-americanos e brasileiros. Esta ligação pode ser evidenciada quando se compara os
símbolos presentes nos dois manuais, objeto de análise do item a seguir.
2.3 ORIGEM E EVOLUÇÃO DO MANUAL C 21-30
Não se conhece ao certo a origem do Manual C 21-30, por isso, com o intuito de ratificar
as evidências mencionadas anteriormente, foram realizadas comparações entre alguns
símbolos do manual norte-americano MCRP 5-2A e o brasileiro.
Em seu trabalho, COSTA E SILVA (2003) reuniu diferentes mapas, concebidos por
diversos autores, da Batalha de Gettysburg, ocorrida durante a Guerra Civil Americana em
1863. Com isso, foi possível verificar que as cores utilizadas nos símbolos destes mapas
históricos americanos estão de acordo com o Manual Americano atual e o C 21-30, nos quais
a tropa amiga é representada pelas cores azul ou preto e tropa inimiga por vermelho,
conforme ilustra a FIG. 2.2.
FIG. 2.2 – Representação de cores de tropas amigas (Union Forces) e tropas inimigas
(Rebel Forces). (COSTA E SILVA, 2003).
24
A cor dos símbolos é um recurso utilizado em exercícios de planejamento e execução de
operações militares, como a operação AZUVER (Azul – Vermelho), que envolve as GU
(Grandes Unidades) na simulação de poder de combate e logística inerentes aos grandes
comandos. Além destas cores, ambos os manuais apresentam a cor verde, simbolizando
obstáculos de engenharia, como minas, demolições e barricadas.
No tocante à forma, a TAB. 2.1 exibe um quadro de símbolos de identificação de
Escalões, similares nos dois manuais.
TAB. 2.1 – Símbolos de identificação que apresentam correspondências nos manuais
brasileiro e americano.
Símbolos
Escalões
Esquadra, turma, equipe
Seção de morteiro, de manutenção, de serviço
Pelotão
I
Companhia, esquadrão, bateria
II
Batalhão, Esquadrão aéreo
III
Regimento, Grupamento
X
Brigada
XX
Divisão
XXX
Corpo do Exército
XXXX
Exército de Campanha, Força Aérea, Esquadra Naval
XXXXX
Forças singulares do teatro de Operações
XXXXXX
Teatro de Operações
Além dos símbolos de Escalão, o manual C 21-30 contém, aproximadamente, 110
símbolos de designação da arma, do serviço, de especialidade do elemento, entre outros. A
TAB. 2.2 apresenta alguns símbolos que guardam similaridade entre os manuais brasileiro e
norte-americano.
25
TAB. 2.2 - Símbolos diversos que apresentam correspondências nos manuais brasileiro e
americano.
Engenharia
Comunicações
Artilharia
Operações
psicológicas
Saúde
Água potável
Pára-quedista
Cavalaria
Transporte
Manutenção
Veterinária
Anfíbio
Infantaria
Artilharia antiaérea
Coleta de mortos
Míssil
Posto de
Superfície-ar
observação
Aviação
Ponte
(símbolo básico)
Metralhadora
Assim, de posse destas 20 comparações, sinais da influência norte-americana na criação
do manual brasileiro C 21-30 podem ser observados.
Atualmente, o manual encontra-se na sua 4ª edição, sendo que todas as edições foram
aprovadas pelo Estado-Maior do Exército (EME), ou seja, embora as propostas de
modificação dos símbolos sejam, geralmente, realizadas pela ECEME, ESAO e IME, é o
EME quem as recebe, avalia e aprova.
26
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta um embasamento teórico-conceitual sobre Comunicação Visual,
Comunicação Cartográfica, Semiótica, Semiologia, Semiologia Gráfica e Gestalt. Estes
conceitos e definições são importantes para a compreensão da metodologia a ser utilizada na
elaboração de símbolos cartográficos militares.
3.1 COMUNICAÇÃO VISUAL
Conforme BOS apud SANTIL (2001), a comunicação é entendida como a “transferência
de conhecimento e de informação de uma pessoa a outra ou a um grupo.”.
O processo de comunicação baseia-se em relações entre um emissor e o receptor, por
meio de canal próprio, nas quais estão incluídas a transmissão e a recepção de informações
entre pessoas. Desta forma, para haver comunicação não basta apenas ser transmitida uma
informação; é necessário haver um receptor para receber e decodificar esta mensagem.
Na comunicação visual, as informações são transmitidas por meio de uma mensagem
visual, que é
“uma entidade surgida do encontro de idéias, prefigurações e hábitos
compositivos, repleta de conteúdos e significados; mesmo respondendo
a objetivos e funções predeterminadas, é suscetível de ser lida sob
diversos prismas, de significar e ressignificar em cada contexto no qual
esteja inserida, imersa em redes incessantes de produção de sentidos”.
(LICHESKI, 2004)
A mensagem visual é caracterizada por conter representações gráficas, portanto, as
imagens são fundamentais para a comunicação, para a manifestação de idéias e para o
reconhecimento de fenômenos do mundo real. LICHESKI (2004) define as representações
gráficas como a materialização de representações mentais.
Para uma melhor compreensão do processo de comunicação visual, a ciência do conceito
de visão e de visualidade torna-se essencial. WALKER e CHAPLIN apud SARDELICH
(2006) definem a visão como o “processo fisiológico em que a luz impressiona os olhos e a
visualidade como o olhar socializado”.
Com isso, as representações mentais são elaboradas a partir dos saberes de cada indivíduo
sobre o mundo e ressaltam o contexto no qual o indivíduo está inserido. Assim, uma
27
representação gráfica, além da forma, agrega teores e significados.
FASCIONI et al (2001) afirma que embora a visão seja um processo fisiológico, o
entendimento de mensagens visuais atinge os efeitos desejados através de uma análise crítica,
que denomina “alfabetização visual”. O alfabetismo visual estaria relacionado, portanto, à
“capacidade de ver algo além do simples enxergar e compreender significados complexos”.
DONDIS apud LICHESKI (2004) sustenta que, “alfabetizado visualmente, o espectador
de uma mensagem visual elevaria sua capacidade de avaliar manifestações visuais,
deslocando-se da esfera meramente intuitiva e transformando-se em um observador menos
passivo e mais exigente".
Em qualquer processo de comunicação, o emissor deseja que a mensagem represente para
o receptor um significado mais próximo possível daquele que foi sua intenção transmitir;
atingindo, desta forma, uma comunicação eficaz. O entendimento da mensagem se dá,
portanto, pela associação dos símbolos utilizados na mensagem aos seus verdadeiros
significados, ou seja, o receptor precisa saber decodificar a mensagem para que haja uma
comunicação eficiente.
O mecanismo de recepção da mensagem visual configura-se nas seguintes etapas:
“a mensagem é percebida, representacionalmente, por seus elementos;
abstratamente, pela observação de seus componentes e suas relações; e
simbolicamente, pela apreensão dos conteúdos comunicativos, podendo
ser interpretada e adquirindo uma gama de significações.”
COUTO apud LICHESKI (2004)
Isto representa que, primeiramente, o receptor observa o todo para posteriormente
perceber os elementos visuais fundamentais e, por fim, inferir significados. Estas etapas não
são independentes entre si, porém harmônicas, pois se conectam e interagem.
3.2 COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA
Na Comunicação Cartográfica, a informação a ser passada é basicamente composta por
dados espaciais que estão representados nos mapas por meio de abstrações realizadas pelo
cartógrafo, que serão decodificadas pelo usuário.
FOSSE (2004) afirma que mapas em papel representam de forma estática e simplificada
um mundo dinâmico e complexo.
28
O modelo de comunicação cartográfica de PETERSON (1995) mencionado por ROBBI
(2001) mostra que é indispensável que o usuário identifique e reconheça o mapa produzido
pelo cartógrafo e, por conseguinte, seja apto a expandir o seu conhecimento por meio dos
dados exibidos.
Este modelo parte do pressuposto de que há uma interseção entre realidades do cartógrafo
e do usuário, para que este compreenda a acepção da informação. Este processo de
transmissão é unidirecional, onde o cartógrafo observa os objetos do mundo real, faz uma
abstração e codifica-os num documento cartográfico. O usuário, então, sem este contato com
o mundo real obtido pelo cartógrafo, lê e interpreta as informações contidas no mapa, com o
objetivo de reconstituir a realidade em seu imaginário. Este esquema é representado pela FIG.
3.1.
REALIDADE
REALIDADE
REALIDADE
DO
DO
CARTÓGRAFO
USUÁRIO
Mente do
Abstração
Mapa
Cartógrafo
Cartográfica
Estático
Reconhe-
Mente do
cimento
Usuário
FIG. 3.1 – Modelo de comunicação cartográfica unidirecional. (Adaptado de
PETERSON, 1995 apud FOSSE, 2004).
A utilização dos mapas transpõe a simples comunicação da informação, conforme
apresentada acima, ao serem utilizados como instrumentos para análises visuais, no
procedimento conhecido como visualização cartográfica.
O crescente uso da tecnologia na área da informática tem ressaltado a importância dos
mapas na exploração dos dados espaciais, pois permite descobrir e entender os fenômenos da
natureza e seus relacionamentos.
29
Com relação às tecnologias computacionais, FOSSE (2004) relata que estas “tornaram
possível novas maneiras de fazer mapas, utilizando métodos de representação mais
interativos e dinâmicos”.
A interatividade é um atributo da visualização cartográfica. Portanto, de acordo com
ROBBI (2000) apud em ROBBI (2001), nos mapas interativos, os usuários são participantes
ativos, não apenas recebendo o produto concluído, mas sim o adaptando de acordo com as
suas necessidades, ou seja, o usuário poderá conceber vários mapas temáticos para melhor
analisá-los.
Desta forma, “a visualização busca enfatizar, nos dados representados, algumas
características relevantes, que são ou não naturalmente percebidos pelo o usuário, fazendo
com que se tornem entendidas mais fácil e intuitivamente”. (TAYLOR, 1994 apud FOSSE,
2004).
As técnicas usadas na visualização permitem ver e analisar diferentes aspectos de um
fenômeno, através da manipulação dos dados em diferentes escalas e da seleção da
simbologia adequada, para observar a região de diferentes panoramas.
Dessa maneira, a figura da comunicação unidirecional é reestruturada de modo a atender
o conceito de visualização, na qual a interatividade entre o usuário e o mapa é a sua
peculiaridade. Esse novo esquema é representado na FIG. 3.2.
REALIDADE
REALIDADE
REALIDADE
DO
DO
CARTÓGRAFO
USUÁRIO
LOOP DE
REALIMENTAÇÃO
Mente do
Abstração
Mapa
Cartógrafo
Cartográfica
Estático
Reconhe-
Mente do
cimento
Usuário
FIG. 3.2 – Modelo de comunicação cartográfica interativo. (Adaptado de PETERSON,
1995 apud FOSSE, 2004).
30
Tendo em vista a relevância do mecanismo de transmissão da informação, estudos nessa
área foram desenvolvidos com intuito de analisar e compreender esse processo. Nesse
contexto, podem-se citar a Teoria da Informação, a Teoria Cognitiva, a Teoria da
Modelização e a Semiologia Gráfica.
De acordo com GRANHA (2001), a Teoria da Informação, também denominada por
Teoria da Comunicação ou Teoria da Informação e da Comunicação, surgiu na década de 40,
como uma teoria estatística e matemática e, mais modernamente, com destaque no campo da
Cibernética.
A Teoria da Informação, segundo GRANHA (2001), avalia exclusivamente os extravios
de dados em cada fase do processo de comunicação, já que “o processo básico da Teoria da
Informação refere-se fundamentalmente à QUANTIDADE de informação, descartando, por
sua vez, aspectos qualitativos e de conteúdo”. Desta forma, atenta fundamentalmente para a
máxima redução destas perdas.
O modelo cognitivo é o foco da Teoria Cognitiva. Como consolidam UNGERER e
SCHMID (1996) citados em LICHESKI (2004), “um modelo cognitivo é a soma dos
contextos experimentados e armazenados pelo indivíduo em determinada área de
conhecimento”.
De acordo com esta teoria, a abstração, a análise e a generalização cartográfica, no
processo de comunicação, estão sujeitos à experiência e erudição tanto do cartógrafo quanto
do usuário. Na concepção de CAEIRO et al (2005) apud SILVA (2006):
“o termo cognitivo atribui-se à forma de representações e/ou de
tratamentos de informação, o que subentende que as representações
são conhecidas com as interpretações que lhes estão associadas e que
os tratamentos se assemelham às inferências e julgamentos orientados
para a compreensão e para a ação”.
Por sua vez, a Teoria da Modelização “considera o mapa como modelo do mundo real e
como tal representa o conteúdo essencial de certas generalizações da realidade” (SANTIL,
2001). Esta teoria teve seu desenvolvimento amparado na informática. De acordo com este
autor, um dos principais artífices foi Board, que estabeleceu um método científico de
investigação para a elaboração do mapa como um modelo da realidade.
Conforme SANTIL (2001), estas teorias, não obstante colaborem no processo de
comunicação cartográfica, carecem de um método prático na padronização das legendas em
mapas temáticos. Isto propiciou o surgimento da Semiologia Gráfica, que será detalhada em
item próprio.
31
3.3 SEMIÓTICA E SEMIOLOGIA
Semiótica e Semiologia são termos normalmente empregados como sinônimos. Ambas
designam-se por ciência ou teoria geral dos signos. A primeira teve sua origem na Rússia e na
América por volta do final do século XIX e teve como precursor Charles Sanders Peirce
(1839-1914) com o seu trabalho “Lógica enquanto Semiótica: A teoria dos Signos”.
A semiótica, atualmente, é um campo de grande amplitude e variedade teórica, pois
segundo Peirce, é uma ciência geral, uma espécie de "matemática universal" que engloba
todas as outras ciências e estabeleceu suas bases na Filosofia e na Lógica (SEMIOLOGIA E
SEMIÓTICA, 2007).
NÖTH (1995) citado em GRANHA (2001) define Semiótica como “a ciência dos signos
e dos processos significativos (semiose) na natureza e na cultura”.
Na Semiótica, a relação do signo com o objeto por ele designado classifica-se de acordo
com o exposto na TAB. 3.1.
TAB 3.1 – Classificação dos signos em função de sua relação com seu referente
Signo
Significado
Exemplo
Esquema, fotografia.
Ícone
Relação direta entre o signo e o objeto
designado.
Fumaça como signo indicial de
fogo; sorriso, de alegria.
Índice
Relação indireta entre o signo e o objeto.
Sinal vermelho do semáforo, sinal
de trânsito.
Símbolo
Relação entre o signo e o objeto se estabelece
por uma convenção.
Adaptado de FASCIONI et al (2001).
32
A Semiologia, iniciada no limiar do século XX, na Europa, tem Ferdinand de Saussure
(1857-1913) como o principal autor de referência.
Enquanto Saussure delineou a semiologia no âmbito da Psicologia e da Lingüística,
Peirce consolidou suas bases doutrinárias numa concepção filosófica e lógica. Além disso,
este estabeleceu uma relação triádica entre representação ou representamen, objeto e
interpretante, enquanto o modelo proposto por aquele é composto por signo, significado e
significante. A FIG. 3.3 ilustra a tríade do signo de acordo com Peirce.
FIG. 3.3 - A tríade do signo segundo Peirce. (FASCIONI, 2006a).
Além disso, Peirce classifica a maneira como é estabelecida a percepção do signo em três
categorias: primeiridade, secundidade e terceiridade.
Primeiridade é a primeira impressão ao se ter contato com o signo, portanto, menos
lógica, mais natural e intuitiva. É a impressão que o observador apenas contempla, conforme
exemplo da FIG. 3.4.
FIG. 3.4 - A cor azul. (FASCIONI, 2006a).
Secundidade é etapa na qual o observador é capaz de distinguir e de discriminar os
elementos, de acordo com suas experiências. A FIG. 3.5 explicita esta categoria.
33
FIG. 3.5 - O azul de um objeto concreto. (FASCIONI, 2006a).
Terceiridade, ilustrada na FIG. 3.6, é a habilidade de arranjar os fatos, qualificando-os em
categorias.
FIG. 3.6 - A construção da frase “a cadeira é azul”.(FASCIONI, 2006a).
PIGNATARI (1988) apud GRANHA (2001) estabelece que “signo é toda coisa que
substitui outra, representando-a para alguém, sob certos aspectos e em certa medida”.
Segundo GRANHA (2001), ele tem a função de mediador entre o pensamento e a realidade.
Significado corresponde ao conceito ou à noção que se tem de alguma coisa. O
significante corresponde à forma, designando a imagem acústica de um fonema provido de
significação. Para SAUSSURE (1988) apud GRANHA (2001) esta imagem
“(...) não é o som material, puramente físico, mas a marca psíquica
desse som, a sua representação fornecida pelo testemunho dos sentidos,
é sensorial e se, por vezes, lhe chamamos 'material' é neste sentido e
por oposição ao outro termo da associação, o conceito, geralmente
mais abstrato”.
De posse dessas considerações, pode-se sintetizar que signo lingüístico é a
associação formada por um conceito (significado) e uma imagem acústica (significante).
34
3.4 SEMIOLOGIA GRÁFICA
A Semiologia enquanto uma ciência estuda quaisquer sistemas de sinais, utilizados para
exprimir o pensamento, como a linguagem gráfica, a verbal, a escrita e a mímica, entre outros.
O ramo da Semiologia cujo objeto são as representações gráficas é conhecido como
Semiologia Gráfica e tem como seu precursor Jacques Bertin. Em seu trabalho Sémiologie
graphique (1967) sistematizou a linguagem gráfica como um sistema de símbolos gráficos,
com significado e significante, considerando suas propriedades e relações com a informação
que a exprimem.
A aplicação dessa teoria na Cartografia tem por objetivo “avaliar as vantagens e os
limites das variáveis visuais empregadas na simbologia cartográfica e, portanto, formular
regras para utilização racional da linguagem cartográfica”. (GRANHA, 2001).
Os significados que podem ser atribuídos aos signos podem ser monossêmico,
polissêmico e pansêmico. De acordo com BERTIN (1983), o olho e o ouvido possuem dois
diferentes sistemas de percepção que são exibidos na TAB. 3.2.
TAB. 3.2 - Relação entre sistemas de significação e sistemas de percepção.
Sistema de Percepção
Significado atribuído aos sinais
Auditivo
Visual
Monossêmico
Matemática
Gráficos
Polissêmico
Linguagem
Imagens figurativas
Pansêmico
Música
Imagens abstratas
BERTIN (1983).
O sistema monossêmico é aquele cujo significado de cada sinal é conhecido antes da
observação do conjunto, portanto, é objetivo, direto e inequívoco. Exemplos desse sistema são
equações matemáticas, gráficos com legenda e mapas (BERTIN, 1983).
No sistema polissêmico, o significado é deduzido a partir da observação do conjunto de
sinais apresentado (BERTIN, 1983). É, pois, subjetivo, questionável e ambíguo, porquanto
depende da capacidade cognitiva de cada receptor. Por exemplo, na interpretação de imagens
aéreas, o contexto pode ser importante para a classificação correta do fenômeno.
A pansemia é a forma extrema do sistema polissêmico (BERTIN, 1983). Como exemplo,
tem-se a leitura de imagens abstratas.
35
Bertin endossa que a comunicação deve ser monossêmica, isto é, não necessita de código,
visto que existe apenas uma interpretação e prescinde do nível de conhecimento do receptor.
Para alcançar este objetivo, Bertin afirma que a linguagem visual constitui um sistema de
percepção espacial, constituído por três variáveis (os dois eixos do plano, x e y, e o que será
representado neste plano, z), e atemporal (tudo é visto instantaneamente). Além disso,
denomina z, de marca ou mancha, que corresponde às três figuras elementares da geometria
plana: ponto, linha e área.
O ponto é usado para indicar a localização e identificação de feições geográficas que
teoricamente não apresentam tamanho ou área, seja por fator de escala ou por um processo de
generalização. Para FASCIONI (2006), o ponto é “qualquer elemento que funcione como
forte centro de atração visual dentro de um esquema estrutura.”. A FIG. 3.7 exemplifica este
conceito.
FIG. 3.7 – Representação pontual. O homem passa a idéia pontual em meio à
plantação. (FASCIONI, 2006b).
A linha representa feições que possuem uma característica física linear, como rios; bem
como o contorno de uma área, linhas costeiras, margens de rios e limites administrativos.
FASCIONI (2006) considera a que a linha “delineia, contorna, conforma e delimita objetos e
coisas”. A representação linear pode ser vislumbrada na FIG. 3.8.
FIG. 3.8 – Representação linear. A rede de transmissão elétrica é composta por fios e
torres que exprimem idéia de linha. (FASCIONI, 2006b).
A área representa feições que possuem uma superfície mensurável e visualmente pode ser
representada por um conjunto de pontos ou linhas, conforme exemplifica a FIG. 3.9. Segundo
36
definição de FASCIONI (2006), o plano é “uma sucessão de linhas, onde o comprimento e a
largura predominam fortemente em relação à espessura”.
FIG. 3.9 – Representação planar. O plano branco e o plano formado pelo “corte” do
gramado pelo barbeador exemplificam esse tipo de representação. (FASCIONI, 2006b).
As marcas serão implantadas no plano, podendo ainda assumir variações que são
conhecidas como variáveis visuais: forma, tamanho, valor, textura, cor e orientação.
a) Forma: diz respeito aos aspectos qualitativos dos objetos. A FIG. 3.10 ilustra algumas
formas geométricas.
FIG. 3.10 – Exemplos de formas. (Adaptado a partir de BERTIN, 1983).
b) Tamanho: transmite a idéia de quantidade. Pode indicar o efetivo de um grupamento
de combate, fazendo distinções, assim, entre pelotões, companhias e batalhões. A FIG.
3.11 exibe diversos tamanhos do círculo representado.
FIG. 3.11 – Exemplo de diversos tamanhos. (Adaptado a partir de BERTIN, 1983).
37
c) Valor: meio de classificação para ordenar uma série progressiva. A FIG. 3.12 exibe os
valores agregados ao losango.
FIG. 3.12 – Exemplo de valor agregado ao losango. (Adaptado a partir de BERTIN, 1983).
d) Textura ou granulação: é uma modulação da impressão visual para classificação de
uma série ordenada; tal como o valor. Numa operação militar, pode servir de
indicativo de tipos de terreno. A FIG. 3.13 apresenta diversas texturas para o
retângulo.
FIG. 3.13 – Exemplos de textura. (Adaptado a partir de BERTIN, 1983).
e) Cor: contribui fortemente para a seleção de objetos, pois cores diferentes vão
expressar fenômenos qualitativos. Não obstante, sua manipulação é complexa. Por
exemplo, num contexto militar, como os jogos de guerra, podem distinguir diferentes
partidos. A FIG. 3.14 expõe quatro da variada gama de cores.
FIG. 3.14 – Exemplos da utilização de cores. (Adaptado a partir de BERTIN, 1983).
f) Orientação: fornece a direção da própria marca. Por exemplo, a orientação do símbolo
que representa uma metralhadora pode indicar a direção do tiro. Esta variável é
ilustrada na FIG. 3.15.
38
FIG. 3.15 – Objeto em diferentes orientações. (Adaptado a partir de BERTIN, 1983).
ROBINSON et al (1995) classificam as variáveis visuais de Bertin em duas categorias:
primárias e secundárias.
Este autor lista como variáveis visuais primárias forma, tamanho, orientação e cor, sendo
esta última subdividida em matiz, valor e chroma. As combinações dessas variáveis visuais
primárias produzem uma área gráfica que ele denomina modelo. Este exibe características de
organização (arranjo), textura e orientação, que constituem as variáveis visuais secundárias.
Estas variáveis visuais definidas por Bertin, juntamente com seu posicionamento no
plano, possuem propriedades perceptivas que definem o nível de organização dos
componentes, podendo ser associativo (≡), seletivo (≠), ordenado (O) ou quantitativo (Q).
O aspecto quantitativo caracteriza relações de quantidade de objetos e o ordenado
estabelece uma relação de ordem (indicando o que é maior ou menor, por exemplo). O
associativo e o seletivo têm a ver com a natureza do objeto, ou seja, caracterizam relações de
similaridade e diversidade, respectivamente. A TAB. 3.3 apresenta os níveis de organização
das variáveis visuais.
TAB. 3.3 – Níveis de organização das variáveis visuais.
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS VISUAIS
VARIÁVEIS
LOCALIZAÇÃO
NO PLANO(x,y)
ASSOCIAÇÃO
SELEÇÃO
ORDEM
QUANTITATIVO
≡
≡
≠
≠
О
О
Q
Q
О
О
О
Q
≡
≡
≡
≠
≠
≠
≠
≠
TAMANHO
VALOR
TEXTURA
COR
ORIENTAÇÃO
FORMA
≡
Adaptado de BERTIN (1983).
39
3.5 GESTALT
A Gestalt é uma escola alemã de psicologia experimental cujas pesquisas têm sido
utilizadas em vários campos da estética. Seus estudos tratam principalmente do campo da
percepção visual, e possuem teorias sobre adequação na comunicação. Seu precursor foi von
Ehrenfels, em Viena, no final século XIX, porém seu efetivo desenvolvimento ocorreu a partir
de 1912 com Wertheimer, Köhler e Koffka (GOMES FILHO, 2000).
O movimento gestaltista tem influência sobre o Sistema de Leitura Visual da Forma do
Objeto. Sobre isso, SARDELICH (2006) afirma que
“na psicologia da forma, a imagem constituía percepção, já que toda
experiência estética, seja de produção ou recepção, supõe um processo
perceptivo. A percepção é entendida aqui como uma elaboração ativa,
uma complexa experiência que transforma a informação recebida”.
Para LICHESKI (2004), as teorias da percepção, em particular a Gestalt, “destacam o
fator sensorial e pressupõem uma linguagem perceptiva universal, de comum e instantânea
compreensão”.
O propósito deste sistema está calcado na composição de conhecimentos teóricoconceituais para promover a concepção dos elementos, em termos de análise e entendimento
da disposição visual da forma do objeto.
A Gestalt visa a fornecer parâmetros para amenizar a subjetividade no julgamento ou na
análise das manifestações visuais, ao sugerir, por exemplo, o motivo de determinadas formas
serem mais aceitáveis que outras.
Nas palavras de GRANHA (2001), a Gestalt visa ao “desprendimento de uma tendência
corrente: a noção estereotipada da forma, sempre ligada a um conteúdo convencional”. Vale
ressaltar, ainda, que os gestaltistas, opõem-se à idéia de “soma de partes”, mas defendem que
a percepção visual constitui uma “integração de partes”.
Ratificando este pensamento, FRACCAROLI (1952) apud GRANHA (2001) assevera
que “a primeira sensação já é de forma, global e unificada”. Deste modo, nossa percepção é
completa e lógica, pois o que é percebido é a relação de dependência entre as partes.
A apreensão destas relações é regida por duas forças, interna e externa, que
FRACCAROLI (1952) citado em GRANHA (2001) define como “as forças integradoras do
processo fisiológico cerebral”.
As forças externas são impulsionadas pela estimulação da retina por intermédio da luz
proveniente do objeto exterior que se olha. As internas são as que organizam as formas em
40
uma ordem determinada e se originam no cérebro, em virtude dos estímulos provocados pelas
forças externas.
Alguns princípios básicos regem as forças internas de organização, que são conhecidos
como as leis da Gestalt, estabelecidas na TAB. 3.4.
Princípio
TAB. 3.4 – Leis da Gestalt.
Definição
Exemplo
O cenário abaixo pode ser segregado em
avião, pista de pouso e decolagem, céu e
vegetação. A vegetação pode ser segregada
em solo exposto e o verde. O avião pode ser
SEGREGAÇÃO
É a capacidade perceptiva de
decomposto em asa, hélice e “corpo”. Pode-
separar, identificar, evidenciar
se repetir o processo sucessivamente até se
ou destacar unidades formais em
esgotar a percepção das unidades visíveis
um todo compositivo, ou em
ou considerá-las suficientes para uma
partes do todo.
leitura visual.
(FASCIONI, 2006b)
O objeto pode ser usado como exemplo de
unificação pelos fatores de proximidade e
Consiste na igualdade ou
semelhança de estímulos visuais,
semelhança, além do equilíbrio e o alto
grau de ordenação.
verificando fatores de harmonia,
UNIFICAÇÃO
equilíbrio, ordenação visual e
coerência da linguagem ou
estilo.
(FASCIONI, 2001)
41
Princípio
Definição
Exemplo
Uma figura de cor única sobre um fundo é
O fechamento visual da forma se
dá pela continuidade em uma
ordem estrutural definida, ou
FECHAMENTO
seja, por meio de agrupamento
de elementos de maneira a
um bom exemplo de fechamento. Notar que
não é necessário haver um fechamento
físico, contornando o objeto. Trata-se aqui
de um fechamento apenas sensorial,
integrando as partes.
constituir uma figura total mais
fechada ou completa.
(FASCIONI, 2001)
A repetição ordenada de objetos é uma boa
É a impressão visual de como as
partes se sucedem através da
CONTINUIDADE
organização perceptiva da forma
representação de como as unidades se
organizam de forma a obter um efeito de
continuidade.
de modo coerente, sem
interrupções na sua trajetória.
(FASCIONI, 2001)
Nos trilhos de uma linha ferroviária, as
linhas, apesar de confusas, podem ser
segregadas aos pares pelo paralelismo, que
PROXIMIDADE
Efeitos óticos próximos uns
lhes confere exatamente o fator de
dos outros tendem a ser
proximidade. Os dormentes, uniformes,
vistos juntos, e, por conseguinte,
reforçam a harmonia e o equilíbrio.
a constituir um todo ou unidades
dentro do todo.
(FASCIONI, 2001)
42
Princípio
Definição
Exemplo
Um conjunto de pessoas uniformizadas,
A igualdade de forma, cor,
tamanho, peso, direção e outros
SEMELHANÇA
mesmo com ligeiras variações de cor e
tamanho, possui semelhança pela forma.
desperta a tendência da
construção de unidades, isto é,
de estabelecer agrupamentos
semelhantes.
(FASCIONI, 2001)
Imagens complexas e difíceis de entender,
com excesso de unidades compositivas,
PREGNÂNCIA
DA
FORMA
Esta é a lei básica da percepção
possuem baixa pregnância, pois o
visual da Gestalt. Quanto melhor
observador precisa se esforçar para
for a organização visual, em
compreender a figura, sempre correndo o
termos de facilidade de
risco da ambigüidade.
compreensão, rapidez de leitura
ou interpretação, melhor será a
pregnância.
(FASCIONI, 2001)
Adaptado de GOMES FILHO (2000).
Além das leis da Gestalt, são também consideradas outras categorias conceituais,
objetivando auxiliar a análise da forma dos objetos. Constituem-se em: harmonia (ordem e
regularidade), desarmonia (desordem e irregularidade), equilíbrio (peso, direção, simetria e
assimetria), desequilíbrio e contraste. A TAB. 3.5 as define e exemplifica.
Estas categorias desempenharão papel fundamental na presente pesquisa, visto tratarem
de objetos reais e existentes, que são a célula mater da composição dos símbolos, dentro da
temática militar.
43
Fator
TAB. 3.5 – Categorias Conceituais Fundamentais.
Definição
Exemplo
As joaninhas demonstram uma simetria
e uma regularidade quanto a sua
HARMONIA
Boa organização de um todo
disposição circular, conduzindo a uma
ou partes do todo, ordem,
leitura clara das partes que compõem a
regularidade. Este fator
imagem.
possibilita uma leitura simples
e clara das manifestações
visuais.
A falta de simetria no cenário caótico
da pintura de Gorky exemplifica uma
desarmonia.
DESARMONIA
Desordem e irregularidade que
dificultam a percepção de
unidades compositivas.
(ALBRIGHT- KNOX ART
GALLERY, 2007)
O praticante de Yoga se equilibra em
uma perna, para isso, ela usa
corretamente os pesos da outra perna e
dos braços.
EQUILÍBRIO
Igualdade absoluta ou
aproximada entre forças
opostas.
44
Fator
Definição
Exemplo
O patinador com as pernas abertas
provoca uma sensação de movimento,
de uma possível queda.
DESEQUILÍBRIO
Provoca uma sensação de
movimento para o observador,
ou seja, de algo transitório,
instável.
(FREEFOTO, 2007)
O contraste fica evidenciado pela
desproporção de tamanho em o
cachorro e a pessoa.
O contraste é uma oposição
CONTRASTE
acentuada entre duas ou mais
coisas, sendo que uma se
sobressai perante as demais.
(FASCIONI, 2006b)
Adaptado de GOMES FILHO (2000).
Somando-se às Categorias Conceituais fundamentais, foram estabelecidas as Técnicas
Visuais Aplicadas apresentadas na TAB. 3.6, definidas por GOMES FILHO (2000), que de
acordo com GRANHA (2001) “têm por objetivo otimizar o processo de leitura visual da
forma, bem como fornecer subsídios para procedimentos criativos com relação à concepção
de trabalhos e desenvolvimento de projetos das mais variadas naturezas”.
45
Técnica visual
TAB. 3.6 – Técnicas Visuais Aplicadas.
Definição
Exemplo
A clareza está associada à harmonia
e às poucas unidades da flor, o que
Manifestações visuais
CLAREZA
facilita a sua leitura.
com alto grau de
organização, unificação,
equilíbrio e harmonia.
A simplicidade ocorre em virtude
das poucas unidades que formam o
Envolve a imediatez e a
SIMPLICIDADE
uniformidade da forma
símbolo abaixo além do contraste
de figura e fundo.
elementar, livre de
complicações ou
elaborações secundárias.
As disposições das unidades do
encanamento formam um
emaranhado complexo.
Oposto da simplicidade,
ou seja, composto de
COMPLEXIDADE
formas complicadas e
elaboradas.
(FASCIONI, 2006b)
46
Técnica Visual
Definição
Exemplo
O objetivo desta imagem é dar
Realça os aspectos de
clareza e simplicidade,
MINIMIDADE
para tal utiliza-se de uma
enfoque à placa de sinalização, sem
exibir o contexto onde normalmente
estaria inserida (pista, carros).
econômica ordenação
visual, representando-se
apenas o essencial em
uma imagem.
(FASCIONI, 2006a)
O design arredondado do carro
Tem relação direta com o
fator de boa
ARREDONDAMENTO
transmite a idéia de suavidade
volumétrica.
continuidade. Com isso,
a percepção da forma
torna-se mais suave e
amena.
(DW-WORLD, 2007)
No serviço de chá, a elegância e a
delicadeza das suas formas exibem
o fator de sutileza.
Tem objetivo de
SUTILEZA
proporcionar delicadeza e
refinamento visual a
objetos
(LEILOEIRA RR, 2007)
47
Técnica Visual
Definição
Exemplo
Nesta ilustração, o destaque é dado
pelo tamanho desproporcional do
livro e da cabeça do homem em
relação ao restante do corpo.
EXAGERO
Tem o intuito de
evidenciar certo elemento
dentro do todo.
(FASCIONI, 2006b)
A aparência chapada do monitor
demonstra a falta absoluta de
SUPERFICIALIDADE
Apresenta as
profundidade ou volume, exibindo,
manifestações visuais de
assim, a superficialidade.
maneira bidimensional.
A disposição entre a mulher e as
flores provoca um desequilíbrio
visual estimulante, dando a
impressão de que a mulher faz parte
Organização de objetos
SOBREPOSIÇÃO
uns em cima de outros.
daquele ambiente natural,
confundindo-se seu rosto com a
beleza das flores e das borboletas.
(FASCIONI, 2006b)
Adaptado de GOMES FILHO (2000).
48
3.6 LEITURA VISUAL DO OBJETO PELAS LEIS DA GESTALT
O primeiro exemplo prático de leitura, que será feito a partir da FIG. 3.16, terá como base
apenas as leis da Gestalt, que são base para análises mais apuradas. GOMES FILHO (2000)
propõe as seguintes etapas a serem seguidas por esta leitura:
1. Observar o objeto e separar suas unidades compositivas principais;
2. Decompor as unidades em suas subunidades;
3. Identificar, examinar e verificar a presença das leis básicas da Gestalt em cada unidade (ou
subunidade) do objeto;
4. Interpretar o objeto como um todo, estabelecendo o nível de pregnância da forma.
FIG. 3.16 – Leitura visual da forma baseada nas Leis da Gestalt. (FASCIONI, 2006a).
•
Segregação: A imagem pode ser decomposta nas seguintes unidades: céu, mar, areia e
pessoas. O céu pode ser segregado em fundo azul e nuvens brancas. As pessoas podem
ser decompostas em peças de roupa;
•
Unificação: A unificação dos elementos da imagem é possível devido à proximidade,
semelhança e ordenação das unidades compositivas – expressas principalmente pela
similaridade na aparência das três pessoas, que faz com que as percebamos como um
todo, um conjunto;
•
Fechamento: Neste exemplo, temos um fechamento apenas sensorial, caracterizado
pelo contorno do rosto, que fica evidenciado pelo contraste entre a tez alva das
pessoas e o azul do céu;
•
Continuidade: A boa continuidade fica evidente pela disposição ordenada das pessoas
na imagem;
49
•
Semelhança: Fica evidenciada pela igualdade de sexo, cor do cabelo, da pele e das
vestes das pessoas, apesar da ligeira variação do tamanho;
•
Proximidade: Os elementos semelhantes e próximos tendem a ser visualizados em
conjunto, por exemplo, as três pessoas as nuvens no céu, o que facilita a segregação
em macro unidades.
Interpretação Conclusiva: pode-se concluir que a imagem apresenta um alto índice de
pregnância pela facilidade de interpretação e rapidez de leitura, caracterizando, assim,
uma “boa Gestalt”. A harmonia visual decorre da existência de poucas unidades
compositivas, tornando baixo o risco de ambigüidade.
3.7 LEITURA VISUAL DO OBJETO PELAS CATEGORIAS CONCEITUAIS
Neste processo, serão consideradas as categorias conceituais fundamentais em conjunto
com as técnicas visuais aplicadas. GOMES FILHO (2000) descreve os seguintes passos:
1. Avaliar a boa organização do objeto em sua totalidade, bem como das suas unidades
segregadas;
2. Enumerar as categorias conceituais fundamentais e as técnicas visuais aplicadas que estão
presentes nas subunidades, unidades ou no objeto por inteiro;
3. Interpretação Conclusiva, determinando o nível de Pregnância da Forma.
O panorama apresentado pela FIG. 3.17 mostra uma metrópole reunindo vários atributos
que convergem para formar um conjunto confuso e caótico. A superabundância,
irregularidade e descontinuidade das unidades compositivas exprimem uma idéia de
desorganização formal. Além disso, a ausência de simplicidade e da minimidade, a
sobreposição dos letreiros, o excesso de luminosidade e a carência de suavidade das formas,
tornam o conjunto desarmonioso.
Interpretação Conclusiva: a pregnância da imagem é ínfima, devido à poluição
visual, decorrente da grande quantidade de elementos compositivos distintos, bem como do
desequilíbrio, que pode ser percebido pelo movimento das pessoas, tornando a leitura
complexa e demorada.
50
FIG. 3.17 – Leitura visual da forma baseada nas Categorias Conceituais. (WWZ
UNIBAS, 2007).
51
4 RECURSOS COMPUTACIONAIS
Este capítulo apresenta uma pesquisa bibliográfica relativa ao estado da arte em
equipamentos computacionais robustecidos e passíveis de emprego em situações de combate
e em ambientes hostis. Com isso, será possível realizar uma análise quanto às potencialidades
de emprego para codificação e visualização de documentos cartográficos.
4.1 COMPUTADORES ROBUSTECIDOS
Após a Segunda Guerra Mundial surgiu o primeiro computador eletrônico. Em 1941, um
computador chamado Z3 foi criado pelos alemães com a finalidade de codificação de
mensagem, porém, este foi destruído. Foi também criado pelos britânicos o Colossus, que
servia para quebrar códigos alemães ultra-secretos em 1943.
Juntamente com essas duas criações, o Exército Americano também desenvolvia um
projeto que resultou no primeiro computador a válvulas, o Electronic Numeric Integrator And
Calculator (ENIAC), que foi mantido em segredo até o final da 2ª Guerra. Sua finalidade era
calcular trajetórias balísticas durante esse período, mas só se tornou operacional depois do
final dela. Ele pesava 30 toneladas, media 5,5 metros de altura e 25 metros de comprimento,
podendo ocupar a área de um ginásio esportivo. Seu funcionamento era parecido ao de uma
calculadora simples de hoje.
Percebe-se, então, que a partir da 2ª Guerra, houve uma necessidade de se criar
equipamentos que pudessem fornecer informações do inimigo durante um confronto. Nesta
época eles não eram próprios para serem levados até o local de combate, principalmente
devido ao tamanho. Com a evolução da tecnologia, foi possível se chegar a um notebook
robustecido, ideal para o emprego em situações militares de combate.
Um exemplo de computador robustecido é fabricado pela Indústria de Material Bélico do
Brasil (IMBEL), o CR MIL 1204, exibido na FIG. 4.1. Este equipamento é resistente a
adversidades que o combate militar impõe como chuvas, respingos, quedas, variações de
temperatura, entre outras.
52
FIG. 4.1 – Computador Robustecido Militar CR MIL 1204. (IMBEL, 2007).
O CR MIL 1204 apresenta atualmente a seguinte configuração:
•
CPU Cyrix`s 233 Mhz ou superior
•
RAM 64 MB
•
HD 6,4 GB
•
Drive 3 ½ (externo)
•
Bateria NiMH (autonomia de +/- 2 horas)
•
Alimentação 110V
•
Display de 10,4'' TFT
•
Peso 4Kg
•
Dimensões: 312,5 x 210 x 87,5 mm
Este computador possui como principais aplicações o Sistema Genesis (Sistema de
Comando e Controle de Suporte do Sistema Operacional de Apoio de Fogo), Centro de
Mensagens, Plataformas e embarcações marítimas e Indústrias (Controle de Produção).
O Sistema Genesis emprega uma tecnologia nacional e constitui-se em um software
voltado para atender às necessidades da Artilharia Brasileira. Permite que os sub-sistemas de
levantamento topográfico, de busca de alvos e de observações, trabalhem de forma integrada
por meio de um computador. Com isso, ele é utilizado na determinação da direção do tiro de
Artilharia de Campanha, na observação e controle de tiros, no cálculo balístico e no
gerenciamento dos alvos. Este software apresenta restrições, pois só permite a visualização de
cartas e símbolos em formato .BMP.
Embora seja um equipamento destinado ao segmento militar, foi produzida uma versão
para o meio civil, o Computador Robustecido Industrial – CR IN 1204.
Além do CR MIL 1204, a IMBEL fabrica o Computador Palmar Militar CPM 1196,
ilustrado na FIG. 4.2. Suas principais características são:
•
CPU de 16 bits: compatível com IBM PC-XT
53
•
Sistema Operacional ROM-DOS: Compatível com MS/DOS
•
RAM 2 MB
•
Visor: LCD de 8 linhas por 16 colunas
•
Bateria NiMH (autonomia de 15 horas)
•
Interface serial: padrão RS 232 C
•
Peso 1Kg com bateria
•
Dimensões: 292 x 115 x 56 mm
FIG. 4.2 – Computador Palmar Militar CPM 1196. (IMBEL, 2007).
Suas principais aplicações são: Sistema Genesis, controle de almoxarifado, controle de
reserva de armamento, controle de paióis, leitura de medidores e apontamento de mão de
obra. Destina-se à comercialização para os segmentos militar e civil.
Além da IMBEL, a empresa privada alemã Kontron também produz computadores
robustecidos. Recentemente, lançou o modelo RuggedNote™ Compact Ruggedized Notebook,
exibido na FIG. 4.3.
FIG. 4.3 - RuggedNote™ Compact Ruggedized Notebook. (KONTRON, 2007).
Trata-se de um notebook robustecido, com gabinete de liga de magnésio, leve (2,5Kg), se
54
comparado ao CR MIL 1204, e resistente, pois suporta ambientes adversos, com altas
temperaturas, vibrações, quedas, choques elétricos e pancadas, além de possuir tela com alto
contraste, propiciando leitura à luz do sol. Suas especificações técnicas são:
•
CPU Intel® Pentium® M 1.1 GHz Processor (Centrino Technology)
•
•
HD EIDE 40 GB
Memória cache de 1MB
•
DRAM 256 MB DDR-RAM
•
FSB 400 Hz
•
Visor: 12.1" TFT 1024 x 768 XGA Dual View Function
•
Fonte de energia: 100-240 V, 50-60 Hz (adaptador externo AC), 9 Baterias Cell
Li-Ion
•
Interfaces: 1 Porta Serial RS232, 2 Portas USB 2.0, 1 Porta para Monitor Externo
VGA
•
Dimensões: 27.6cm x 23.9cm x 4.3cm
4.2 SISTEMAS DE COMBATE
A criação de sistemas de combate possibilitou a utilização dos computadores
robustecidos, tanto em situações reais como em simulações de jogos de guerra.
Assim, as atividades de planejamento, comando e controle das operações puderam ser
efetuadas em ambiente digital, que possuem recursos como o de visualização de cartas, de
realização de desdobramento das forças amigas e inimigas, e de definição de zonas de ação e
objetivo.
Os responsáveis pelo desenvolvimento destes sistemas que possibilitam a utilização dos
calungas (símbolos) digitais são o COTER, o CIGE e a IMBEL. Várias unidades, porém, se
utilizam destes softwares.
Em 2006, o EB realizou mais de 80 exercícios de simulação de combate usando esses
sistemas, havendo a participação aproximada de uma centena de unidades, de diversos tipos,
nesses exercícios. Estas operações envolveram em torno de trezentos oficiais e sargentos que
manipularam diretamente os sistemas em locais como São Gabriel da Cachoeira, Marabá,
Santarém, Porto Velho, Cuiabá, Dourados, Santa Maria, Juiz de Fora, Fortaleza, Vitória,
Campinas, Curitiba, Cascavel, entre outros. Isto sugere que os calungas digitais são
largamente usados no exército (ROSA, 2007).
55
Os sistemas utilizados pelo exército são: Guarini, SISTAB, SABRE, SACI e o Genesis.
Este último, desenvolvido pela IMBEL, foi abordado no item 4.1. A seguir, será feita uma
breve análise dos outros sistemas, com a descrição de algumas de suas potencialidades e
informações adicionais, como histórico.
Guarini, desenvolvido entre 1999-2001, foi o primeiro jogo com interface visual do EB.
Não considerava características do terreno, como altimetria, vegetação, rios. Embora, a
Diretoria de Serviço Geográfico produzisse regularmente cartas vetoriais de modo
padronizado desde 1995 na 1ª Divisão de Levantamento com o projeto COPEL, apenas cartas
de papel digitalizadas matricialmente eram usadas como pano de fundo no Guarini. Os
símbolos eram criados como fontes .TTF, pois este formato era aceito pelo software.
O último jogo do Guarini foi realizado em 2004. No total, cerca de 70 jogos foram
realizados simulando unidade de valor Brigada. Era um sistema instável e dependia de pessoal
especializado do COTER para rodar sem bugs. Entretanto, foi essencial no aprendizado sobre
o funcionamento de uma simulação em ambiente digital. Guarini significa guerreiro em Tupi
(Guarani é guerra). A FIG. 4.4 ilustra a interface gráfica do Guarini.
FIG. 4.4 – Interface gráfica do Guarini. (ROSA, 2007).
56
Em 1998, o EB realizou uma licitação internacional para contratar uma empresa que
desenvolvesse um jogo de guerra no Brasil. A ESRI, criadora do ArcView™, foi a ganhadora
do contrato. A ESRI terceirizou o contrato para a sua então representante brasileira, GEMPI
(hoje a representante da ESRI no Brasil é a empresa IMAGEM). Como a ESRI e a GEMPI
não atuam na área de jogos ou simulações, o projeto ficou estagnado até 2001.
Em 2002, teve reinício o projeto que deu origem ao SISTAB (Sistema Tático de
Adestramento de Brigada) que terminou em 2005. É um sistema complexo que visou a recriar
um Guarini com ampla capacidade de usar cartas vetorizadas. Atualmente, é usado no
COTER em jogos de Brigada e superior, tendo sido realizados apenas sete exercícios em
2006. O SISTAB também depende de pessoal especializado do COTER para funcionar sem
problemas. Sua interface gráfica pode ser visualizada na FIG. 4.5.
FIG. 4.5 – Interface gráfica do SISTAB. (ROSA, 2007).
Durante o desenvolvimento do SISTAB, o COTER resolveu empregar o pessoal não
envolvido no sistema em um jogo para batalhões. Assim, nasceu o SABRE (Sistema de
Adestramento de Batalhões e Regimentos do Exército) – desenvolvido entre outubro de 2002
e agosto de 2004 –, um sistema que permite jogos sem apoio de pessoal especializado, o que o
57
torna simples e fácil de operar, quando comparado a outros sistemas. A simplicidade fez com
que o SABRE fosse muito difundido, com a realização em 2006 de setenta e seis exercícios,
sendo usado em diversas instituições, inclusive na AMAN e na ESAO. A interface gráfica do
SABRE é ilustrada na FIG. 4.6.
FIG. 4.6 – Interfaces gráficas do SABRE. (ROSA, 2007).
O SACI (Sistema de Adestramento de Combate Integrado) começou a ser desenvolvido
no fim de 2006 e será o primeiro sistema multiplataforma (Linux e Windows®). Além disso,
58
permitirá jogos pela Internet. Este sistema tem o propósito de integrar os diversos níveis do
combate, como brigada, batalhão, companhia, dentre outros. Com exceção do SACI, todos os
outros programas usam fontes TTF. O SACI utiliza representações gráficas no formato SVG.
FIG. 4.7 – Interface gráfica do SACI. (ROSA, 2007).
Observando a FIG. 4.7, que exibe a interface gráfica do SACI, verificam-se
inconsistências no tocante a conceitos cartográficos. Ela exibe dados incorretos de latitude, de
longitude e do Sistema Universal Transversa de Mercator (UTM). A longitude é contada de 0º
a 180º a partir do meridiano de origem, positivamente para o leste e negativamente para o
oeste. Ao invés de usar os sinais positivo e negativo, pode-se também usar as letras E e W
para indicar Leste e Oeste, respectivamente. Já a latitude varia de 0º a +90º caso esteja situada
no hemisfério norte ou varia de 0º a -90º caso esteja no hemisfério sul. Pode-se também omitir
os sinais, utilizando para isso a indicação do hemisfério, N ou S. O sistema UTM resulta na
composição de 60 fusos distintos que representam a superfície da Terra, cada um com
59
amplitude de 6º de longitude. Neste sistema, os eixos cartesianos de origem são o Equador,
para coordenadas N (norte) e o meridiano central de cada fuso, para coordenadas E (leste).
As coordenadas N (norte) crescem de S para N e são acrescidas de 10.000.000 (metros)
para não se ter valores negativos ao sul do Equador que é a referência de origem; já as
coordenadas E (leste) crescem de W para E, acrescidas de 500.000 (metros) para não se ter
valores negativos a oeste do meridiano central.
Exemplo de coordenadas UTM: [Fuso 23, N 8.569.300, E 645.750] que significa que o
ponto referenciado acha-se entre 42º e 48º W (fuso 23), 145.750 m a leste do meridiano
central (no caso 45º W) e 1.430.700 m a sul do Equador.
A FIG. 4.8 apresenta um extrato da FIG. 4.7 que exibe as inconsistências dos dados de
entrada da localização de uma unidade.
FIG. 4.8 – Dados errados de coordenadas geográficas e de sistema UTM. (ROSA, 2007).
Conforme o exposto neste capítulo, é de grande importância para o EB a utilização dos
calungas digitais, em virtude da constante modernização e robustecimento dos computadores,
bem como do desenvolvimento de softwares que permitem a visualização de cartas e
montagem de operações militares com estes símbolos. Todavia, estes programas precisam
exibir dados coerentes com os conceitos cartográficos, com o intuito de evitar confusões de
localização de um ponto estratégico que podem ser vitais para o sucesso de um combate real.
60
5
REPRESENTAÇÃO DE SÍMBOLOS MILITARES
Este capítulo tratará do objeto de estudo deste trabalho, que constitui os símbolos
militares do manual C21-30, suas características básicas e seus modos de representação e
utilização por parte dos usuários.
5.1 COMPOSIÇÃO DOS SÍMBOLOS
De acordo com o manual C 21-30, símbolo militar é “uma representação gráfica
composta de um desenho, números, letras, abreviaturas ou siglas e cores que é empregada
para identificar uma unidade, atividade, instalação ou órgão militar”.
Para que se possa dispor de todos esses elementos constituintes dos símbolos, o manual
apresenta a seguinte padronização para composição dos mesmos:
“a. Símbolo básico.
b. Símbolo de identificação da força armada, arma, serviço, especialidade ou
atividade.
c. Símbolo de identificação do escalão considerado (G Cmdo, GU, U, SU, fração,
órgão ou instalação).
d. Designação numérica ou designação de emprego do elemento considerado ou,
ainda, ambas as designações (grandes comandos, grandes unidades, unidades, instalações ou
órgãos).
e. Subordinação(ões) do elemento representado (dispensável quando a própria
designação do elemento considerado possibilita a perfeita identificação da subordinação).
f. Outras informações que sejam necessárias para complementar a representação do
elemento considerado (natureza do elemento no âmbito da Arma ou Serviço, calibre ou
símbolo do armamento principal, tipo de meio de transporte utilizado, etc)” (BRASIL, 2002).
Exemplo: A FIG. 5.1 exibe o símbolo representativo da 1ª Companhia de Fuzileiros
Motorizada do 2º Batalhão de Infantaria Motorizada da 3ª Brigada de Infantaria Motorizada.
61
c
a
e
d
1
2/1
Mtz
b
f
FIG. 5.1 – Unidades compositivas do símbolo do manual C 21-30.
LEGENDA:
a: Símbolo básico;
b: Símbolo da arma;
c: Escalão considerado;
d: Designação;
e: Subordinação;
f: Outras informações necessárias para completar a representação.
5.2 CLASSIFICAÇÃO
Os símbolos, conforme definidos em AZEVEDO et al (2005), são agrupados em:
a) Símbolos básicos: indicam a categoria do elemento representado.
b) Símbolos de identificação: indicam a natureza do elemento representado como
unidades, instalações e órgãos diversos, navios, escalões, etc.
c) Símbolos diversos: identificam aeroportos, limites e zonas, armamento, comunicações,
navegação, fortificações, obstáculos, etc.
A TAB. 5.1 ilustra estas classes.
62
TAB. 5.1 – Classes de símbolos.
IDENTIFICAÇÃO
BÁSICOS
DIVERSOS
Tropa de grande comando,
grande unidade, unidade e
subunidade
de
Arma
Artilharia
Trincheira
Guerra Eletrônica
Abrigo individual
ou
Serviço.
Observatório ou
Posto de Observação
Adaptado de AZEVEDO et al (2005).
Além dessa classificação básica, será considerada uma outra que será útil para a corrente
pesquisa. Esta diferencia símbolos que exprimem uma idéia concreta de símbolos que
exprimem um conceito abstrato.
Na primeira classe, encontram-se símbolos que se permitem representar graficamente
pela análise preliminar de imagens destes, como uma mina, telefone ou míssil. Na segunda,
símbolos não concretos, ou seja, que exprimem uma idéia abstrata representativa de uma ação
ou atividade, como o símbolo de embarque e desembarque, coleta de mortos, guerrilha,
operações psicológicas, dentre outros. As TAB. 5.2 e 5.3 ilustram essas duas categorias.
TAB. 5.2 – Classes de símbolos que se referem à idéia concreta.
SÍMBOLOS CONCRETOS
POSTAL
MONTANHA
63
SÍMBOLOS CONCRETOS
TELEFONE
RADAR
TAB. 5.3 – Classes de símbolos que se referem à idéia abstrata.
SÍMBOLOS NÃO CONCRETOS
Terr
MM
ATOS DE TERRORISMO
MOTOMECANIZAÇÃO
Ev
EVACUAÇÃO
SAÚDE
5.3 DIMENSÕES
O C 21-30 preconiza que o desenho dos símbolos deve, tanto quanto possível, guardar as
devidas proporções entre o valor do elemento representado e a escala da carta, de modo a
indicar a área aproximada que eles ocupam no terreno.
Para locar os símbolos na carta, é usual considerar o centro geométrico para marcar o
ponto onde se encontra a unidade. Se o símbolo possuir formato regular, ou seja, uma forma
geométrica bem definida, o ponto central se torna mais fácil de determinação que no caso dos
símbolos de formas irregulares. A TAB. 5.4 ilustra esses dois casos.
64
TAB. 5.4 – Classificação de símbolos quanto à forma.
FORMAS REGULARES
FORMAS IRREGULARES
Ponto central:
2
POSTO DE COMANDO
centro do retângulo
Mtz
Neste caso, o usual é considerar o pé da
2º BATALHÃO DE INFANTARIA
bandeira
MOTORIZADO
RADAR
TRANSPORTE
Neste caso, que ponto considerar?
Ponto central: centro da circunferência
SAÚDE
MÍSSIL SUPERFÍCIE-SUPERFÍCIE
ANTICARRO
Ponto central: centro da cruz
Neste caso, que ponto considerar?
Quando se considera o centro do calunga como o ponto de localização da unidade, podem
ocorrer dois problemas, a saber:
a) Em unidades de pequeno efetivo, como peças de metralhadora (efetivo de dois
homens), peça de canhão (efetivo de três homens), uma coordenada (X,Y) é suficiente para
indicar a localização do elemento. Assim, o ponto central do calunga corresponde ao local
onde estão os soldados. Além disso, o calunga tende a ser maior que a área ocupada pelo
elemento, ocorrendo com freqüência o problema da sobreposição de calungas, caso os
elementos trabalhem próximos.
b) Em uma unidade de grande efetivo, como uma companhia (cerca de 120 homens) ou
um batalhão de infantaria (efetivo maior que 650 homens), o calunga pode ser menor que a
área ocupada pela unidade. Nessa situação, é comum fazer desenhos auxiliares sobre a carta
65
delimitando a área de ocupação da unidade, conforme previsto no C21-30. A TAB. 5.5
vislumbra essa possibilidade.
TAB. 5.5 – Relação dos símbolos com a área delimitada.
SÍMBOLOS
UNIDADES
PC
ÁREA OCUPADA POR POSTO DE
COMANDO
FRENTE OCUPADA PELO 4º
REGIMENTO DE CAVALARIA
MECANIZADO
ZONA DE REUNIÃO DO 28º
28
GRUPO DE ARTILHARIA DE
CAMPANHA.
Z Reu
A prática demonstra que o tamanho dos símbolos não se relaciona com a área de
ocupação e também não se relaciona com o valor do efetivo da unidade. O C21-30 não
estabelece padrões relativos de tamanho para o escalão da unidade.
Assim, ele não determina, por exemplo, a possibilidade de que calungas representativos
de unidades apresentem tamanho proporcional ao seu efetivo. Essa falta de padronização pode
ocasionar problemas, pois ao se utilizar três símbolos, de tamanhos iguais, um representando
um pelotão (cerca de trinta e cinco homens) e outros dois representando companhias (cerca de
66
120 homens), pondo os três lado a lado na carta, confere a impressão de uma defesa linear,
porém a realidade demonstra a existência de um ponto fraco no dispositivo, representado pelo
pelotão.
5.4 REPRESENTAÇÃO ANALÓGICA
A representação analógica, a mais antiga forma de utilização dos calungas, se dá sobre as
cartas de papel, calcos, esquemas, plantas e croquis.
Embora hoje seja comum o uso de impressoras para gerar os calungas, ainda são
utilizados símbolos desenhados a mão sobre pedaços de vidro, plástico ou cartão. O padrão,
tamanho e qualidade são variáveis dependendo da habilidade do "artista".
Os calungas podem ser coloridos ou pretos (nesse caso, é costume pintar o interior do
quadrado com a cor do partido de cada opositor). Também existem variações opacas, com
fundos brancos, ou transparentes, dependendo se a peça é feita de plástico transparente ou
cartolina.
Os tipos opacos têm a limitação de impedir a visão da carta, e com isso, dificulta
estabelecer o centro do símbolo na carta. Quando este é transparente, dificulta a visão se a
carta for muito colorida, por isso é comum usar linhas mais grossas na sua elaboração.
Outro problema é o da representação da sobreposição de calungas, e isto, às vezes, é
contornado colocando-os fora da carta e desenhando uma seta que liga o símbolo ao ponto
onde está a unidade. Esse procedimento, embora resolva o problema, não é o ideal, pois além
de não estar previsto pelo manual, o desejável é que os calungas estejam sobre as cartas.
As FIG. 5.2 e 5.3 ilustram alguns modos de representação analógica.
FIG. 5.2 - Símbolos em formato analógico dispostos na carta, elaborados sobre uma
transparência com caneta hidrocor preta.
67
FIG. 5.3 – Visões estratégica e tática do Teatro de Operações. (MELLO, 2003 apud
SILVA, 2006).
5.5 REPRESENTAÇÃO DIGITAL
Sobre as cartas digitais, disponibilizadas pela DSG, os calungas são implementados de
três formas, descritas abaixo:
a) Através de Fontes True Type (TTF), que são as fontes de letras do Windows™. As
fontes são instaladas no diretório windows/fonts. Um possível empecilho de geração dessas
fontes é o uso de programas próprios, como o FontoGrapher™. Além disso, as fontes só
permitem que cada calunga tenha uma única cor.
b) Imagens Bitmap ou em outro formato (.JPG, .GIF, .PNG etc.) têm a vantagem de
permitir a criação de imagens com diversas cores. Além disso, os calungas possuem a
vantagem de serem produzidos em qualquer programa que criem gráficos, por exemplo,
Paint™.
Como desvantagem, pode-se citar a perda de definição com a alteração de escala de
visualização. A FIG. 5.4 exemplifica esse caso, numa simulação no SABRE, onde há três
imagens da mesma unidade em diferentes escalas. A menor perde partes da imagem e a maior
começa a borrar.
FIG. 5.4 – Exemplo de perda de definição com a alteração de escala de visualização
(ROSA, 2007)
68
Um aspecto interessante é a possibilidade de elaborar imagens semitransparentes,
conforme ilustra a FIG. 5.5. Imagens transparentes também podem ser criadas, característica
adotada por SILVA (2006) na elaboração dos símbolos em seu trabalho, pois a clareza na
visualização do símbolo pode ficar prejudicada com o preenchimento da cor do fundo do
símbolo pela área do terreno. Este preenchimento pode ser contemplado na FIG. 5.6.
FIG. 5.5 – Calungas semitransparentes (ROSA, 2007)
FIG. 5.6 – Calungas transparentes com preenchimento de fundo. (SILVA, 2006).
c) Scalable Vector Graphics (SVG) permite criar símbolo com a qualidade dos gráficos
vetoriais, mas com a simplicidade de uso das fontes TTF. O SVG trata-se de uma linguagem
XML para descrever de forma vetorial desenhos e gráficos bidimensionais. A grande
diferença entre o SVG e outros formatos vetoriais é o fato de ser um formato aberto, não
sendo propriedade de nenhuma empresa. Foi criado pela World Wide Web Consortium,
responsável pela definição de outros padrões, como o HTML e o XHTML. Com este
formato, é possível desenhar vetores com cores diferentes no mesmo arquivo e a alteração
de escala não implica na perda de definição, pois a linha fica visualmente maior, mas com a
mesma espessura. A próxima versão do SACI utilizará estes formatos de arquivos. O
símbolo da FIG. 5.5 foi criado neste formato no software livre Inkscape. O arquivo em
formato XML gerado pelo desenho do símbolo neste programa encontra-se no APÊNDICE
5. A FIG. 5.7 exibe a interface do Inkscape.
69
FIG. 5.7 – Interface do Inkscape.
70
6
APLICAÇÃO
DA
METODOLOGIA
DE
CRIAÇÃO
DE
SÍMBOLOS
CARTOGRÁFICOS MILITARES
No presente capítulo será concretizada a elaboração dos símbolos baseada na
metodologia proposta por GRANHA (2001), cujos alicerces conceituais, que são o processo
de comunicação e de simbolização, foram abordados em capítulos anteriores. Resultado de
sua dissertação de Mestrado, esta metodologia foi aplicada às representações de situações de
impacto ambiental. Num posterior trabalho de Iniciação à Pesquisa do IME, realizado por
AZEVEDO et al (2005), esta metodologia foi avaliada num contexto de simbolismos
militares, e como conclusão obtida verificou-se a necessidade de adaptá-la com a
particularidade do objeto em questão, ou seja, os símbolos do manual C 21-30.
Embora tenha se mostrado bastante consistente e útil na orientação do processo de
criação dos símbolos militares, o trabalho de AZEVEDO et al (2005) não abrangeu uma
categoria de símbolos do manual. A amostra utilizada referiu-se apenas a símbolos concretos,
ou seja, símbolos que permitem ser representados graficamente pela análise preliminar de
imagens destes, como por exemplo, um telefone. Assim, não se vislumbrou a possibilidade de
criar e testar símbolos que exprimem uma idéia abstrata, como por exemplo, os símbolos
representativos de “desafio” ou “amizade”.
Após avaliação da metodologia proposta por GRANHA (2001), AZEVEDO et al (2005)
constatou a importância de realizar, portanto, ajustes a fim de obter uma melhor adequação
para a temática de simbolização militar. Este trabalho utilizará essas adaptações, que em
linhas gerais referem-se à implementação dos símbolos definitivos em ambiente digital, além
de outras, que eliminam etapas consideradas desnecessárias ao referido processo de criação. A
partir deste momento, será aplicada esta construção metodológica, cujos ajustes serão
mencionados conforme o andamento do trabalho. Para especificar a autoria das alterações
feitas na metodologia de GRANHA (2001) será adotada a seguinte legenda:
*
representa adaptação feita por AZEVEDO et al (2005);
**
representa adaptação feita pela presente pesquisa.
71
FASE 1 – ESTUDOS PRELIMINARES
ETAPA 1.a – Definição da temática
A temática em questão trata da criação de símbolos cartográficos militares seguindo a
metodologia proposta por GRANHA (2001) com adaptações para atender ao contexto militar.
ETAPA 1.b – Delimitação da amostra
Dentre os símbolos do manual C 21-30, houve uma preocupação em abordar símbolos
não vislumbrados em AZEVEDO et al (2005), que avaliou apenas símbolos que exprimem
uma idéia concreta, como radar, telefone, metralhadora, entre outros.
Desta forma, esta pesquisa visa a avaliar símbolos que exprimem uma idéia abstrata,
sejam eles representados por desenho ou por somente letras.
Em virtude do volume de símbolos do manual, foi feita uma escolha, por meio de um
sorteio, de dez símbolos, a saber: coleta de mortos, operações psicológicas, saúde, recreação,
evacuação, construção, guerrilha, embarque e desembarque, repouso e manutenção.
ETAPA 1.c – Definição do público alvo
Militares envolvidos no planejamento e na execução de operações, bem como militares
envolvidos em jogos de guerra.
**
ETAPA 1.d – Compreensão do problema e aquisição de imagens
Constitui o entendimento da temática, que basicamente corresponde ao estudo dos
significados que os símbolos pretendem representar.
Nesta etapa, foram selecionadas algumas imagens reais associadas aos fenômenos
estudados, com o intuito de facilitar a etapa de reformulação dos símbolos.
GRANHA (2001) estabeleceu esta etapa para auxiliar no processo de criação dos
símbolos preliminares, pois ele considerou em seu trabalho a inexistência de símbolos que
representavam sua temática ambiental.
Entretanto, nesta pesquisa, os símbolos representativos desta temática militar já são
existentes, os símbolos do Manual C 21-30, sobre os quais não se pode afirmar se foram
elaborados com embasamento nos preceitos da Semiologia Gráfica e da Teoria Gestalt. A
seguir, serão descritos os significados que cada símbolo pretende representar, assim como as
72
referidas imagens reais.
a) COLETA DE MORTOS
Este símbolo representa a coleta dos mortos em uma guerra, como ilustra a FIG. 6.1. Os
corpos normalmente são trazidos pela viatura que leva a munição para a frente de combate.
Desta forma, estes vêm nas viaturas que voltariam vazias para serem posteriormente
sepultados.
FIG. 6.1 – Coleta de mortos (FREEFOTO, 2007).
b) OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
As operações psicológicas têm uma íntima ligação com a comunicação e a persuasão
exercida entre pessoas como meio de obter êxito, sem a dominação pela força.
O EB define esse fenômeno como “um conjunto de ações de qualquer natureza
(políticas, econômicas, psicossociais e militares) destinadas a influir nas emoções, nas
atitudes e nas opiniões de um grupo (inimigo, hostil, neutro ou amigo), com a finalidade de
obter comportamentos predeterminados e favoráveis ao objetivo que se pretende atingir”.
Para persuadir o emocional e a motivação do público alvo é importante conhecer as
características desse grupo, como os costumes, valores e tradições bem como determinar os
meios de difusão das mensagens que serão utilizadas.
73
É pertinente distinguir a ferramenta de operações psicológicas chamada de propaganda da
propaganda comercial. Enquanto esta visa, basicamente, a influir na opção de compra de um
produto, aquela procura influir em convicções mais profundas, tal como a decisão de
abandonar a luta e render-se.
Em virtude dessa crescente importância do convencimento psicológico na obtenção dos
objetivos, o EB modificou sua estrutura, retirando as operações psicológicas do Sistema de
Comunicação Social, criando o Sistema de Operações Psicológicas, que passou a ter o
Comando de Operações Terrestres como órgão central. A FIG. 6.2 exibe imagens
relacionadas a estas operações.
FIG. 6.2 – Operações psicológicas (FREEFOTO, 2007).
c) SAÚDE
O significado pretendido passar com este termo é o que se refere a um posto médico ou a
um estabelecimento que recebe doentes ou feridos para receberem tratamento médico.
Portanto está diretamente ligado a hospital, enfermaria, médico, remédios, entre outros,
conforme representado na FIG. 6.3.
74
FIG. 6.3 – Saúde (FREEFOTO, 2007).
d) RECREAÇÃO
A recreação militar está relacionada à realização de atividades prazerosas, com o intuito
de distrair e entreter os militares. É o momento no qual são desviadas as atenções das
preocupações para a diversão. Podem ser desde jogos esportivos até mesmo uma sessão de
cinema, conforme estabelece a FIG. 6.4.
Esse tipo de atividade é fundamental para que ocorra a troca da tropa que está na frente
de combate por uma tropa descansada e revigorada para enfrentar o inimigo com ânimo
máximo. Esta atividade é importante para aliviar o estresse de ficar em situação de combate
presenciando cenas de grande impacto psicológico.
FIG. 6.4 – Recreação (BOINAS VERDES, 2007; FREEFOTO, 2007).
75
e) EVACUAÇÃO
Evacuação é a ação de evacuar, ou seja, deixar livre um local, esvaziar, desocupar. Num
contexto militar, pode ser relacionado ao abandono de um teatro de operações, de um local de
acampamento ou instalação etc. A FIG. 6.5 expõe imagens associadas a este conceito.
Esse significado ganha grande vulto quando se refere à evacuação de um lugar onde foi
cumprida uma missão e o inimigo está perto, ou quando se cumpre uma missão
descentralizada e marca-se um local e um horário para ser feita a evacuação, por vezes até
aeromóvel, dependendo do tipo de operação.
FIG. 6.5 – Evacuação (FREEFOTO, 2007).
f) CONSTRUÇÃO
Está relacionada à montagem de infra-estrutura para a execução de operação militar.
Portanto, está ligada à Engenharia no que tange a construção de pontes, edificações,
transposição de barreiras, entre outros, consoante a FIG. 6.6. O EB possui A Engenharia
Militar e a Arma de Engenharia. A primeira constitui-se em um Quadro cuja preocupação
baseia-se principalmente no desenvolvimento e aplicabilidade de tecnologia referente aos
MEM (materiais de emprego militar). Portanto, tem uma área de atuação voltada à Ciência e
à Tecnologia no âmbito da Força Terrestre. A Arma de Engenharia é uma Arma de Apoio ao
combate, assim como a Artilharia, ou seja, elas apóiam as Armas Base: Infantaria e
Cavalaria. Tem por missão lançar campos de minas, desminagem, possibilitar travessia de
76
tropa e/ou viaturas transpondo cursos d'água, lançar obstáculos anti-carros, além de realizar
missões básicas a qualquer tropa combatente (segurança, patrulha etc.).
FIG. 6.6 – Construção (FREEFOTO, 2007).
g) GUERRILHA
Pode ser definida como um tipo de ação, realizada por guerrilheiros, que são um grupo
especializado em assalto por meio de emboscadas, sabotagem e combates rápidos que se
utilizam do fator surpresa para desorganizar grupos considerados regulares, como uma tropa
do Exército.
Utiliza-se do conhecimento do terreno de combate como uma arma eficaz para obtenção
de êxito, além de não utilizar necessariamente uma linha de frente de ação. Atuam sempre em
operações descentralizadas e com pouco efetivo, realizando suas ações e evacuando
rapidamente o local após a conclusão. A FIG. 6.7 demonstra grupos de guerrilha.
FIG. 6.7 – Guerrilha (FREEFOTO, 2007).
77
h) EMBARQUE E DESEMBARQUE
O embarque compreende o local onde as tropas, com seus equipamentos e suprimentos,
são embarcadas nos navios, em carros de combate, em aviões ou helicópteros. O
desembarque é a fase de chegada da tropa ao destino designado. Pode estar ligado
diretamente com a evacuação da tropa de um determinado local após o cumprimento de uma
missão. A FIG. 6.8 exemplifica estas ações.
FIG. 6.8 – Embarque e desembarque (FREEFOTO, 2007).
i) REPOUSO
Está relacionado ao momento de sossego da tropa, ou seja, de tranqüilidade, descanso. É
fundamental para o bom prosseguimento das ações, sendo responsável pelo revigoramento da
tropa e de seu moral para o combate. Além disso, o repouso é realizado em uma área que haja
segurança para que os militares possam descansar sem estresse ou preocupação com o
inimigo. A FIG. 6.9 mostra militares em momento de repouso.
78
FIG. 6.9 – Repouso (BOINAS VERDES, 2007; FREEFOTO, 2007).
j) MANUTENÇÃO
Refere-se à assistência técnica na manutenção de viaturas, armamento e equipamentos. É
a região onde ficam os responsáveis por dar a continuidade dos combates e manter a tropa
sempre em condições de, materialmente, cumprir todas as suas missões. Na FIG. 6.10 podese observar imagens relacionadas à manutenção.
FIG. 6.10 – Manutenção (FREEFOTO, 2007).
79
*
ETAPA 1.e – Criação Empírica de Símbolos
Nesta fase da pesquisa, os dez símbolos empíricos não serão criados, mas selecionados do
MANUAL C 21-30, a fim de serem testados, como representado na TAB. 6.1.
TAB. 6.1 – Símbolos selecionados
COLETA
NOME
DE MORTOS
(a)
OPERAÇÕES
PSICOLÓGICAS
(b)
SAÚDE
(c)
SÍMBOLO
NOME
SÍMBOLO
**
CONSTRUÇÃO
GUERRILHA
(f)
(g)
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
(h)
Cnst
RECREAÇÃO
(d)
EVACUAÇÃO
(e)
Rcr
Ev
REPOUSO
MANUTENÇÃO
(i)
(j)
Rpo
ETAPA 1.f – Leitura Visual da Forma dos símbolos selecionados
Conforme os preceitos da Gestalt, a percepção visual obedece a certas tendências
naturais, como por exemplo, a preferência por formas simples. Com base nestas leis, nas
categorias conceituais fundamentais e nas técnicas visuais aplicadas, é possível segregar,
“destruir”, a forma e entender como ela é percebida.
Esta etapa foi inserida objetivando realizar a leitura visual da forma dos símbolos
selecionados, com exceção dos que são representados por meio de letras, à luz do sistema de
GOMES FILHO (2000), para identificar se os símbolos possuem uma “boa Gestalt”, ou seja,
um alto índice de pregnância da forma.
COLETA DE MORTOS ( TAB. 6.1, a).
Segregação: o símbolo pode ser decomposto em duas unidades principais: a barra
horizontal e a barra vertical.
80
Proximidade e Semelhança: a proximidade dos elementos geométricos é responsável por
promover a unificação do conjunto.
Unificação: a idéia de unificação destas unidades é facilitada pelos fatores de
proximidade e semelhança bem como pelo equilíbrio simétrico das unidades principais.
No que se refere à leitura visual do objeto, com base nas categorias conceituais
fundamentais e técnicas visuais aplicadas, destacam-se a simplicidade e a superficialidade.
Além disso, a harmonia visual decorre da existência de poucas unidades compositivas. Numa
interpretação conclusiva da imagem, pode-se deduzir que o símbolo proporciona rápida
leitura visual, caracterizando uma “boa Gestalt”. Com isso, revela-se o alto índice de
pregnância da forma.
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS ( TAB. 6.1, b).
Segregação: o símbolo pode ser decomposto nas seguintes unidades principais: a haste
geométrica e o conjunto de traços horizontais.
Proximidade e Semelhança: os traços horizontais, por serem próximos e semelhantes,
tendem a ser visualizados em conjunto, facilitando a segregação do símbolo em macro
unidades.
Fechamento: o símbolo apresenta, além de um fechamento físico e linear, um fechamento
sensorial, caracterizado pela junção das duas formas geométricas presentes na haste, ou seja,
há uma tendência de estabelecer uma linha divisória formando um retângulo e um trapézio
isósceles.
Unificação: a idéia de unificação destas unidades é facilitada pelos fatores de
proximidade e semelhança. Também pode ser mencionada a unificação de um retângulo com
um trapézio isósceles na formação da haste geométrica.
No tocante à leitura visual do objeto, com base nas categorias conceituais fundamentais e
técnicas visuais aplicadas, observa-se que o símbolo se mostra claro, simples e superficial,
não oferecendo dificuldades na sua leitura visual. Portanto, a imagem apresenta um alto
índice de pregnância da forma.
SAÚDE ( TAB. 6.1, c)
Em virtude da semelhança com o símbolo de coleta de mortos, apresenta uma leitura
81
visual da forma análoga. Com relação às categorias conceituais fundamentais, apresenta um
equilíbrio perfeito das unidades compositivas que se cortam no centro geométrico de cada
barra. A imagem apresenta um alto índice de pregnância da forma.
GUERRILHA ( TAB. 6.1, g)
Segregação: o símbolo pode ser decomposto nas seguintes unidades principais: a
circunferência, o segmento de reta vertical, o “v” invertido e a haste horizontal. Esta ainda
pode ser segregada em um segmento horizontal e um vertical.
Proximidade e Semelhança: os traços geométricos apresentam forte semelhança entre si,
contribuindo, pela proximidade, para a unificação das unidades principais acima descritas.
Unificação: a idéia de unificação destas unidades baseia-se nos fatores de proximidade e
semelhança.
Com relação à leitura visual do objeto, com base nas categorias conceituais fundamentais
e técnicas visuais aplicadas, observa-se o destaque da minimidade e da superficialidade,
permitindo-se atribuir um alto índice de pregnância da forma.
EMBARQUE E DESEMBARQUE ( TAB. 6.1, h).
Segregação: a figura pode ser decomposta em quatro unidades principais: trapézio,
retângulo e dois segmentos de reta verticais.
Proximidade e Semelhança: A proximidade dos segmentos de reta e do retângulo em
relação ao trapézio faz com que todo o conjunto seja visto como uma unidade.
Unificação: a idéia de unificação destas unidades é estabelecida pelos fatores de
proximidade e semelhança.
No que se refere à leitura visual do objeto, com base nas categorias conceituais
fundamentais e técnicas visuais aplicadas, destacam-se a simplicidade, a superficialidade e a
harmonia caracterizada pela perfeita simetria do símbolo. Com isso, o alto índice de
pregnância da forma é característica da forma apresentada.
MANUTENÇÃO ( TAB. 6.1, j)
Segregação: o símbolo se segrega em três unidades principais: a haste horizontal e os dois
arcos de circunferência.
82
Proximidade e Semelhança: A proximidade dos elementos geométricos que constituem o
símbolo fortalece a unificação do todo.
Unificação: a idéia de unificação é verificada pelo seu equilíbrio simétrico, além dos
fatores de proximidade e semelhança.
A simplicidade, minimidade, harmonia, clareza e o equilíbrio são os fatores baseados nas
categorias conceituais fundamentais e técnicas visuais aplicadas presentes no símbolo. Assim
a organização visual possui alta pregnância da forma.
ETAPA 1.g – Aplicação de Testes de Eficiência com símbolos selecionados
O objetivo principal desta etapa foi averiguar a eficiência na comunicação visual dos
símbolos selecionados no manual C 21-30, em termos de percepção visual e velocidade.
Inicialmente, houve a impossibilidade de realização dos testes com o público definido na
etapa 1.c, devido à incompatibilidade do cronograma da pesquisa com a disponibilidade dos
militares em questão. Por isso, a pesquisa foi feita com 30 alunos do 1º ano do IME, e as
situações hostis de campo foram adequadas de modo a se tornarem viáveis na execução pelos
estudantes. Entretanto, no transcurso da pesquisa, tornou-se exeqüível a aplicação dos testes
com 10 oficiais do IME e cinco oficiais da ECEME, público alvo definido originalmente. A
FIG. 6.11 ilustra o momento da realização do teste 02 pelos alunos.
Foram aplicados três testes, que se convencionou chamar de Teste de Eficiência 01 (livre
de induções – Apêndice 1), Teste de Eficiência 02 (símbolos contextualizados numa operação
militar – Apêndice 2) e Teste de Eficiência 03 (induzido, contendo quatro opções de escolha –
Apêndice 3).
Diante desta nova perspectiva, será possível também efetuar uma comparação entre os
resultados obtidos pelos oficiais e pelos alunos, exceto pelo símbolo de coleta de mortos que
veio a substituir o símbolo de caçador, presente nos testes realizados pelos alunos, e escolhido
inicialmente de modo equivocado por não representar uma idéia abstrata.
83
FIG. 6.11 – Execução do teste 02 pelos alunos do primeiro ano do IME.
Análise dos resultados e conclusões dos testes de eficiência
Os resultados do teste de eficiência 01 estão exibidos em forma de gráfico de barras
verticais nas FIG. 6.12 a 6.21; os resultados do teste 02 estão representados nas FIG 6.23 a
6.32 e os resultados do teste 03 compõem a FIG 6.34. Para cada símbolo testado serão
representadas as respostas dadas pelos alunos (a) e pelos oficiais (b), respectivamente.
Com relação ao teste 01, os resultados estão discriminados nas figuras seguintes:
Resultado do teste de eficiência 01 - Coleta de mortos
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
CRUZ
CEMITÉRIO
IGREJA
COLETA DE MORTOS
20,10%
53,30%
13,30%
13,30%
FIG. 6.12(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Coleta de mortos.
84
Resultado do teste de eficiência 01 - Operações Psicológicas
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
LANTERNA
LUZ
ARTILHARIA
REDE ELÉTRICA
OUTROS
OPERAÇÕES
PSICOLÓGICAS
53,33%
16,67%
6,67%
6,66%
16,67%
0,00%
FIG. 6.13(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Operações Psicológicas.
Resultado do teste de eficiência 01 - Operações psicológicas
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
LANTERNA
SUPRIMENTO
RADIAÇÃO
FAROL
OPERAÇÕES
PSICOLÓGICAS
33,30%
6,68%
6,68%
26,67%
26,67%
FIG. 6.13(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Operações Psicológicas.
85
Resultado do teste de eficiência 01 - Saúde
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
CRUZAMENTO
CRUZ
OUTROS
SAÚDE
40,00%
13,33%
40,00%
6,67%
FIG. 6.14(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Saúde.
Resultado do teste de eficiência 01 - Saúde
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
CRUZAMENTO
PONTO COTADO
SAÚDE
53,30%
40,00%
6,70%
FIG. 6.14(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Saúde.
86
Resultado do teste de eficiência 01 - Recreação
Rcr
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
RECRUTAMENTO
OUTROS
RECREAÇÃO
46,67%
30,00%
23,33%
FIG. 6.15(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Recreação.
Resultado do teste de eficiência 01 - Recreação
Rcr
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
RECRUTA
MATERIAL RECUPERADO
RECREAÇÃO
53,30%
26,67%
20,03%
FIG. 6.15(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Recreação.
87
Ev
Resultado do teste de eficiência 01 - Evacuação
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
EVENTO
OUTROS
EVACUAÇÃO
13,33%
70%
16,67%
FIG. 6.16(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Evacuação.
Resultado do teste de eficiência 01 - Evacuação
Ev
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
EFETIVO VARIÁVEL
EVACUAÇÃO
20,00%
80,00%
FIG. 6.16(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Evacuação.
88
Resultado do teste de eficiência 01 - Construção
Cnst
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
CONSTANTE
CONSTRUÇÃO
56,67%
43,33%
FIG. 6.17(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Construção.
Resultado do teste de eficiência 01 - Construção
Cnst
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
CONSTRUÇÃO
100,00%
RESPOSTA
FIG. 6.17(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Construção.
89
Resultado do teste de eficiência 01 - Guerrilha
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
INIMIGO
TRABALHADOR
OUTROS
GUERRILHA
10,00%
10,00%
76,67%
3,33%
RESPOSTAS
FIG. 6.18(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Guerrilha.
Resultado do teste de eficiência 01 - Guerrilha
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESP OSTA S
HOM EM À
ESQUERDA
P ESSOA L
INIM IGO
M ILÍCIA
TROP A
CA ÇA DORES
B A LIZA M ENTO
GUERRILHA
6,70%
6,70%
33,30%
6,70%
13,30%
13,30%
6,70%
13,30%
FIG. 6.18(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Guerrilha.
90
Resultado do teste de eficiência 01 - Embarque e desembarque
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
NAVIO
BARCO
OUTROS
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
20,00%
13,33%
66,67%
0,00%
FIG. 6.19(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Embarque e Desembarque.
Resultado do teste de eficiência 01 - Embarque e desembarque
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
BARCO
PORTO
EMBARCAÇÃO
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
33,33%
26,67%
20,00%
20,00%
FIG. 6.19(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Embarque e Desembarque.
91
Resultado do teste de eficiência 01 - Repouso
Rpo
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
REPOSIÇÃO
RÁPIDO
OUTROS
REPOUSO
30,00%
10,00%
60,00%
0,00%
FIG. 6.20(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Repouso.
Resultado do teste de eficiência 01 - Repouso
Rpo
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
REUNIÃO PRÓXIMO AO OBJETIVO
REAGRUPAMENTO
REPOUSO
60,00%
26,67%
13,33%
FIG. 6.20(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Repouso.
92
Resultado do teste de eficiência 01 - Manutenção
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
FERRAMENTA
OUTROS
MANUTENÇÃO
13,33%
73,34%
13,33%
FIG. 6.21(a) – Resultado do teste de eficiência 01 – Manutenção.
Resultado do teste de eficiência 01 - Manutenção
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
PONTE
MATERIAL BÉLICO
OFICINA
MANUTENÇÃO
20,03%
6,67%
13,30%
60,00%
FIG. 6.21(b) – Resultado do teste de eficiência 01 – Manutenção.
Análise dos testes realizados pelos alunos
De acordo com os percentuais obtidos nos testes realizados pelos alunos, a categoria
explicitada no gráfico como “outros” apresentava respostas bastante diversificadas, que
isoladamente não representavam nem 1% do total. Essa categoria mostrou-se bastante
expressiva na maioria dos testes, o que demonstra a possibilidade de inúmeras associações de
significados a um mesmo símbolo testado.
Em alguns casos, as respostas obtidas nem sequer fizeram menção ao símbolo em teste,
como foi o caso dos símbolos: operações psicológicas, embarque e desembarque e repouso,
com percentuais de 0,00% de acerto, necessitando uma atenção maior em sua reformulação.
93
No caso do símbolo de construção, apenas duas respostas distintas foram dadas: constante
e o próprio símbolo de construção, o que pode ser um indicativo de que o símbolo se
aproxima de um significado monossêmico, apesar de a significação errada ter obtido uma
porcentagem maior: 56,67%.
Embora tenha sido exposto aos alunos de que os símbolos em teste pertenciam ao Manual
C 21-30, algumas respostas obtidas fugiam completamente da temática na qual os símbolos
estão inseridos, ou seja, um contexto militar. Isto se deve, em grande parte, ao completo
desconhecimento do Manual por parte dos alunos.
Assim, algumas respostas incoerentes como estrutura de cadeia carbônica, evangelho,
cantor, raposa e cabideiro para representar, respectivamente, saúde, evacuação, guerrilha,
repouso e manutenção foram obtidas, demonstrando assim a importância de realizar este teste
com militares que realmente estejam envolvidos no planejamento e execução de operações
militares.
Análise dos testes realizados pelos oficiais
Com relação ao símbolo de coleta de mortos, este obteve o menor índice de acertos
(13,30%), pois os oficiais tenderam a associá-lo a idéias concretas, tais como cruz, igreja e
cemitério, tendo este último o maior percentual de respostas (53,30%). Analogamente, os
oficiais associaram o símbolo de embarque e desembarque a noções concretas, como barco,
embarcação e porto; assim como ocorreu no símbolo de operações psicológicas, onde as
respostas aludiam a farol e lanterna.
Os símbolos de manutenção, evacuação e construção destacaram-se pelo alto índice de
acerto, tendo este último obtido 100,00% de respostas corretas.
As respostas dadas para saúde, recreação e repouso tiveram baixo percentual de acerto,
6,70% , 20,03% e 13,33%, respectivamente.
Vale ressaltar que guerrilha obteve a maior diversidade de respostas, oito no total, sendo
13,30% o somatório de respostas certas.
94
Comparação entre os testes realizados pelos alunos pelos oficiais
Índice de acerto no teste de eficiência 01 realizado pelos alunos
Interpretação correta
100%
90%
COLETA DE MORTOS (NÃO VERIFICADO)
80%
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
70%
SAÚDE
60%
RECREAÇÃO
EVACUAÇÃO
43%
50%
CONSTRUÇÃO
40%
23%
30%
20%
10%
Não
verificado
0%
0%
GUERRILHA
17%
13% 12%
7%
3% 0% 0%
EMBARQUE E DESEMBARQUE
REPOUSO
MANUTENÇÃO
MÉDIA GERAL DE ACERTOS
Símbolos militares
FIG. 6.22(a) – Índice de acertos do teste de eficiência 01.
Índice de acerto no teste de eficiência 01 realizado pelos oficiais
100%
100%
COLETA DE MORTOS
Interpretação correta
90%
80%
80%
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
SAÚDE
70%
60%
60%
RECREAÇÃO
EVACUAÇÃO
50%
40%
27%
30%
20%
10%
35%
13%
20%
7%
13%
20%
CONSTRUÇÃO
GUERRILHA
13%
EMBARQUE E DESEMBARQUE
REPOUSO
MANUTENÇÃO
0%
Símbolos militares
MÉDIA GERAL DE ACERTOS
FIG. 6.22(b) – Índice de acertos do teste de eficiência 01.
Os gráficos da FIG. 6.22 exibem os índices de acerto no teste 01, sendo (a) no realizado
pelos alunos e (b) pelos oficiais.
A média geral de acertos dos oficiais foi maior que a dos alunos em 23,00%, destacandose os símbolos de construção, evacuação, manutenção e operações psicológicas, superiores
em 57,00%, 63,00%, 47,00% e 27,00%, respectivamente.
Em contrapartida, recreação obteve um percentual 3,00% maior por parte dos alunos e
saúde atingiu um percentual igual nos dois grupos de executores do teste.
Sobre o segundo teste, ou seja, o teste com os símbolos dentre de uma operação militar,
95
foram obtidos os seguinte resultados:
Resultado do teste de eficiência 02 – Coleta de mortos
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
IGREJA
CEMITÉRIO
COLETA DE MORTOS
20,00%
60,00%
20,00%
FIG. 6.23(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Coleta de mortos.
96
Resultado do teste de eficiência 02 - Operações Psicológicas
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
LANTERNA
LUZ
ARTILHARIA
OUTROS
OPERAÇÕES
PSICOLÓGICAS
26,67%
16,67%
13,33%
43,33%
0,00%
FIG. 6.24(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Operações Psicológicas.
Resultado do teste de eficiência 02 – Operações Psicológicas
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
FAROL
RADIAÇÃO
SUPRIMENTO
20,00%
13,33%
6,66%
ÁREA ILUMINADA SU INFANTARIA
20,00%
33,35%
OPERAÇÕES
PSICOLÓGICAS
6,66%
FIG. 6.24(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Operações Psicológicas.
97
Resultado do teste de eficiência 02 - Saúde
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
POSTO MÉDICO
CRUZAMENTO
OUTROS
SAÚDE
26,67%
16,67%
23,33%
33,33%
FIG. 6.25(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Saúde.
Resultado do teste de eficiência 02 – Saúde
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
CRUZAMENTO
PONTO COTADO
SAÚDE
40,00%
6,66%
53,34%
FIG. 6.25(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Saúde.
98
Resultado do teste de eficiência 02 - Recreação
Rcr
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
RECRUTAMENTO
OUTROS
RECREAÇÃO
40,00%
60,00%
0,00%
FIG. 6.26(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Recreação.
Resultado do teste de eficiência 02 – Recreação
Rcr
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
RECRUTA
MATERIAL RECUPERADO
RECREAÇÃO
46,67%
20,00%
33,33%
FIG. 6.26(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Recreação.
99
Resultado do teste de eficiência 02 - Evacuação
Ev
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
ESTACIONAMENTO DE VIATURAS
OUTROS
EVACUAÇÃO
16,67%
63,33%
20,00%
FIG. 6.27(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Evacuação.
Resultado do teste de eficiência 02 - Evacuação
Ev
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
EVACUAÇÃO
100,00%
RESPOSTA
FIG. 6.27(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Evacuação.
100
Resultado do teste de eficiência 02 - Construção
Cnst
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
CONSTANTE
OUTROS
CONSTRUÇÃO
6,67%
6,66%
86,67%
FIG. 6.28(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Construção.
Resultado do teste de eficiência 02 - Construção
Cnst
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
CONSTRUÇÃO
100,00%
RESPOSTA
FIG. 6.28(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Construção.
101
Resultado do teste de eficiência 02 - Guerrilha
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
INIMIGO
INFANTARIA
OUTROS
GUERRILHA
16,67%
6,67%
76,67%
0,00%
FIG. 6.29(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Guerrilha.
Resultado do teste de eficiência 02 – Guerrilha
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
INIMIGO
CAÇADORES
TROPA
OUTROS
GUERRILHA
33,34%
13,33%
13,33%
26,67%
13,33%
FIG. 6.29(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Guerrilha.
102
Resultado do teste de eficiência 02 - Embarque e desembarque
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
EMBARCAÇÃO
PORTO
OUTROS
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
26,67%
20,00%
53,33%
0,00%
FIG. 6.30(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Embarque e Desembarque.
Resultado do teste de eficiência 02 - Embarque e desembarque
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
BARCO
EMBARCAÇÃO
PORTO
CONSTRUÇÃO
EMBARQUE
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
26,67%
33,33%
13,33%
6,67%
6,67%
13,33%
FIG. 6.30(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Embarque e Desembarque.
103
Resultado do teste de eficiência 02 - Repouso
Rpo
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
REPOSIÇÃO
RÁPIDO
OUTROS
REPOUSO
30,00%
10,00%
60,00%
0,00%
FIG. 6.31(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Repouso.
Resultado do teste de eficiência 02 – Repouso
Rpo
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTA
REUNIÃO PRÓXIMO AO
OBJETIVO
MATERIAL DE REPOSIÇÃO
REAGRUPAMENTO
REPOUSO
46,67%
6,66%
13,33%
33,34%
FIG. 6.31(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Repouso.
104
Resultado do teste de eficiência 02 - Manutenção
100%
Ocorrência
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
ARMAMENTO
OUTROS
MANUTENÇÃO
10,00%
73,33%
16,67%
FIG. 6.32(a) – Resultado do teste de eficiência 02 – Manutenção.
Resultado do teste de eficiência 02 – Manutenção
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
PONTE
MATERIAL BÉLICO
MANUTENÇÃO
20,00%
6,66%
73,34%
FIG. 6.32(b) – Resultado do teste de eficiência 02 – Manutenção.
Análise dos testes realizados pelos alunos
Os resultados obtidos com este teste foram similares ao primeiro. Os percentuais nulos de
ocorrência foram para operações psicológicas, embarque e desembarque e guerrilha.
A categoria outros também foi expressiva na maioria dos símbolos testados, destacandose o teste para guerrilha, onde o percentual atingindo por essa categoria foi de 76,67%,
exibindo, assim, uma grande diversidade de respostas para este símbolo.
Ao contrário do primeiro teste, o símbolo de construção teve um nível de acerto elevado,
86,67%, levando, a um percentual menor, a resposta “constante”, que foi representativa no
primeiro teste.
105
O símbolo de saúde teve uma significativa melhoria de associação, passando de 6,67%
para 33,33%, enquanto recreação passou de um percentual de 30% para um nível de acerto de
0%, reduzindo, dessa forma, a sua percepção.
Outros símbolos também tiveram um aumento no nível de acerto com relação ao teste 01,
como evacuação que passou de 16,67% para 20% e manutenção, passando de 13,33% para
16,67%.
Análise dos testes realizados pelos oficiais
Construção continuou com 100,00% de acerto, e evacuação passou a ter este mesmo
percentual de respostas corretas.
Os símbolos de saúde, repouso, manutenção e recreação aumentaram o nível de acerto
em 46,64%, 20,01% , 13,34% e 13,30%.
Em embarque e desembarque, surgiu uma resposta indicativa de ação, referida ao ato
de embarcar.
Guerrilha continuou com o mesmo índice de representatividade (13,33%). Embora o
símbolo de mortos tenha aumentado em 6,70%, a associação a significados concretos
persistiu, sendo cemitério a resposta mais mencionada, assim como no teste 01.
Houve uma queda na representatividade do símbolo de operações psicológicas em
20,00%.
Comparação entre os testes realizados pelos alunos pelos oficiais
Os gráficos da FIG. 6.33 exibem os índices de acerto no teste 02, sendo (a) no realizado
pelos alunos e (b) pelos oficiais.
106
Índice de acerto no teste de eficiência 02 realizado pelos alunos
100%
87%
Interpretação correta
90%
COLETA DE MORTOS (NÃO VERIFICADO)
80%
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
70%
SAÚDE
60%
RECREAÇÃO
EVACUAÇÃO
50%
40%
CONSTRUÇÃO
33%
GUERRILHA
30%
20%
17%
20%
10%
0%
Não
verificado
17%
EMBARQUE E DESEMBARQUE
REPOUSO
0%
0%
0%
0%
MANUTENÇÃO
0%
MÉDIA GERAL DE ACERTOS
Símbolos militares
FIG. 6.33(a) – Índice de acerto no teste de eficiência 02.
Índice de acerto no teste de eficiência 02 realizado pelos oficiais
100% 100%
100%
COLETA DE MORTOS
Interpretação correta
90%
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
73%
80%
SAÚDE
70%
RECREAÇÃO
53%
60%
45%
50%
33%
40%
30%
20%
10%
20%
7%
33%
13% 13%
EVACUAÇÃO
CONSTRUÇÃO
GUERRILHA
EMBARQUE E DESEMBARQUE
REPOUSO
MANUTENÇÃO
0%
Símbolos militares
MÉDIA GERAL DE ACERTOS
FIG. 6.33(b) – Índice de acerto no teste de eficiência 02.
A média geral de acertos dos oficiais foi maior que a dos alunos em 28,00%, destacandose os símbolos de evacuação, manutenção e repouso, superiores em 80,00%, 56,00% e
33,00%, respectivamente.
Convém destacar que os oficiais, ao contrário dos alunos, apresentaram níveis de acerto
maior que 0,00% em todos os símbolos testados.
Para o teste 03, os resultados encontram-se expostos nas FIG. 6.34.
107
Teste de eficiência 03
Porcentagem de acertos
100,00%
96,67%
100%
96,67%
COLETA DE MORTOS
90%
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
80%
SAÚDE
70%
60%
53,67%
46,67%
44,67%
50%
54,00%
GUERRILHA
30%
EMBARQUE E DESEMBARQUE
20%
10%
EVACUAÇÃO
CONSTRUÇÃO
36,67%
40%
RECREAÇÃO
Não
3,33%
Realizado
REPOUSO
10,00%
MANUTENÇÃO
0%
MÉDIA GERAL DE ACERTOS
Símbolos militares
FIG. 6.34(a) – Resultado do teste de eficiência 03.
Teste de eficiência 03
100,00%
Porcentagem de acertos
100%
86,67%
90%
80%
COLETA DE MORTOS
73,34%
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
73,34%
66,67%
70%
60,00%
59,00%
60%
46,67%
50%
40%
30%
SAÚDE
RECREAÇÃO
EVACUAÇÃO
CONSTRUÇÃO
33,33%
GUERRILHA
26,67%
20,00%
20%
EMBARQUE E DESEMBARQUE
REPOUSO
10%
MANUTENÇÃO
0%
MÉDIA GERAL DE ACERTOS
Símbolos militares
FIG. 6.34(b) – Resultado do teste de eficiência 03.
Análise dos testes realizados pelos alunos
Três símbolos se destacaram pelo resultado positivo obtido: saúde, embarque e
desembarque e construção, sendo este último atingindo 100% de acerto. Outros continuaram
com uma baixa representatividade, a exemplo de operações psicológicas e recreação, que
deverão ser analisados com cautela na etapa de reformulação.
108
Análise dos testes realizados pelos oficiais
Os símbolos de construção, embarque e desembarque, evacuação e operações
psicológicas obtiveram um nível de representatividade alto. Todavia, repouso teve uma queda
de 13,34% em relação ao teste 02.
Comparação entre os testes realizados pelos alunos e pelos oficiais
A média geral de acertos dos oficiais superou a dos alunos em apenas 5,00%. Estes
obtiveram resultados superiores em 23,33%, 3,34%, 23,33% e 33,67% para os símbolos de
saúde, guerrilha, embarque e desembarque e repouso, respectivamente.
Todavia, operações psicológicas (43,34%), recreação (50,00%), evacuação (42,00%) e
manutenção (20,00%) foram superados nestes percentuais pelos oficiais. O símbolo de
construção apresentou 100,00% de eficiência para ambos os grupos.
Comparação entre os índices de acerto nos testes aplicados aos alunos
12%
TESTE 01
17%
TESTE 02 - Com a
contextualização militar
54%
TESTE 03 - Com opções
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
FIG. 6.35(a) – Comparação entre os índices de acertos nos testes.
109
100%
Comparação entre os índices de acerto nos testes
aplicados aos oficiais
35%
TESTE 01
45%
TESTE 02 - Com a
contextualização militar
59%
TESTE 03 - Com opções
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
FIG. 6.35(b) – Comparação entre os índices de acertos nos testes.
Os gráficos das FIG. 6.35 demonstram a importância da aplicação do teste 02 com
oficiais, por terem conhecimento e prática na simulação de operações militares, nas quais os
símbolos estão sempre inseridos.
No que se refere à velocidade de execução, os oficiais consumiram em todos os testes um
tempo menor que os alunos, em especial o teste 02, no qual os alunos empregaram 3,8
minutos a mais. Isto ratifica a relevância dos conhecimentos militares previamente adquiridos
na execução deste tipo de teste. A FIG. 6.36 exibe estes resultados.
Tempo médio de execução dos testes
1,6
TESTE 01
4,9
2,8
TESTE 02
6,6
OFICIAIS
ALUNOS
1,3
1,7
TESTE 03
0
2
4
6
8
10
Tempo (minutos)
FIG. 6.36 – Comparação entre os tempos de execução dos testes.
110
FASE 2 – FASE DE CRIAÇÃO
ETAPA 2.a – Brainstorming
Esta etapa auxilia a elaboração dos símbolos. Consiste em coletar imagens reais
associadas às idéias que os símbolos pretendem transmitir. Além disso, realizou-se um
exercício (Exercício 01), no qual os militares deveriam desenhar o que presumiam ser o
símbolo mais adequado. O modelo deste exercício é apresentado no apêndice 04.
ETAPA 2.b – Processo de criação
Baseando-se nos desenhos do Exercício 01, nas imagens adquiridas e nos resultados dos
Testes de Eficiência, procedeu-se à criação dos símbolos preliminares.
Neste processo, foram utilizados os conceitos de leitura visual da forma estabelecidos por
GOMES FILHO (2000), enfatizando as seguintes categorias: clareza, simplicidade,
minimidade e superficialidade, objetivando atingir uma melhor organização visual, em termos
de facilidade de compreensão e rapidez de leitura ou interpretação.
Outrossim, houve uma preocupação em evitar a propagação das imperfeições constatadas
nos resultados dos testes da Fase 1, principalmente no tocante à associação errônea de
significados.
ETAPA 2.c – Seleção das melhores representações preliminares
Depois de analisados os diferentes resultados obtidos no processo de criação dos
símbolos, efetuou-se um aprimoramento dos exemplares selecionados, visando a sua futura
finalização.
ETAPA 2.d – Finalização do processo criativo
Como resultado do processo de elaboração, chegou-se aos símbolos representados na
TAB. 6.2.
111
TAB. 6.2 – Símbolos preliminares
COLETA
NOME
DE MORTOS
(a)
OPERAÇÕES
PSICOLÓGICAS
(b)
CONSTRUÇÃO
GUERRILHA
(f)
(g)
SAÚDE
(c)
RECREAÇÃO
(d)
EVACUAÇÃO
(e)
REPOUSO
MANUTENÇÃO
(i)
(j)
SÍMBOLO
NOME
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
(h)
SÍMBOLO
ETAPA 2.e – Leitura Visual da forma dos símbolos
Procedeu-se a leitura visual da forma dos símbolos criados, de forma análoga à realizada
com os símbolos na Etapa 1.f.
COLETA DE MORTOS ( TAB. 6.2, a).
Segregação: o símbolo pode ser decomposto nas seguintes unidades principais: retângulo,
círculos, boléia e caixão. Este ainda pode ser segregado em hexágono e cruz. Esta pode ser
dividida em duas barras.
Unificação: este princípio está representado pelos fatores de proximidade e equilíbrio
entre as unidades básicas da figura.
Fechamento: Existe um contorno bem definido na figura. Também pode ser identificado
um fechamento sensorial do retângulo na roda traseira.
No que se refere à leitura visual do objeto, com base nas categorias conceituais
fundamentais e técnicas visuais aplicadas, destacam-se a simplicidade e a superficialidade.
Numa interpretação conclusiva da imagem, pode-se deduzir que o símbolo proporciona rápida
leitura visual, caracterizando uma “boa Gestalt”. Com isso, revela-se o alto índice de
112
pregnância da forma.
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS ( TAB. 6.2, b).
Segregação: o símbolo pode ser decomposto nas seguintes unidades principais: dois
bonecos e um retângulo, que representa um papel com inscrições.
Fechamento: a figura apresenta um contorno bem determinado que delimita cada unidade
principal.
Semelhança: fica evidenciada pelo contorno dos bonecos.
Unificação: a idéia de unificação destas unidades é facilitada pelos fatores de
proximidade entre as pessoas, cujo elo é dado pelo retângulo.
Continuidade: A repetição ordenada dos objetos contidos no papel gera um efeito de boa
continuidade.
No tocante à leitura visual do objeto, com base nas categorias conceituais fundamentais e
técnicas visuais aplicadas, observa-se que o símbolo se mostra claro, simples e superficial,
não oferecendo dificuldades na sua leitura visual. Portanto, a imagem apresenta um alto
índice de pregnância da forma.
SAÚDE ( TAB. 6.2, c)
Segregação: apresenta apenas uma unidade principal, que é a própria figura.
Fechamento: ocorre um fechamento sensorial que segregam a unidade principal em dois
retângulos, um vertical e outro horizontal.
Com relação às categorias conceituais fundamentais, apresenta um equilíbrio perfeito da
unidade compositiva. A imagem apresenta um alto índice de pregnância da forma.
RECREAÇÃO ( TAB. 6.2, d)
Segregação: a figura pode ser segregada em um círculo, representativo de uma bola, e um
boneco. Esta ainda pode ser decomposta em cabeça, braços, tronco e pernas.
Unificação: favorecida pelos fatores de proximidade entre as unidades acima detalhadas
que faz com que as percebamos como um todo, um conjunto.
Fechamento: a figura apresenta um contorno definido.
A minimidade, simplicidade, clareza e superficialidade conferem à figura um alto índice
de pregnância da forma.
113
EVACUAÇÃO ( TAB. 6.2, e).
Segregação: pode ser segregada em estrada e pessoa. A estrada, por sua vez, se divide em
duas restas contínuas e uma reta tracejada.
Continuidade: a reta tracejada provoca uma sensação de continuidade.
Fechamento: a figura do homem apresenta um contorno físico que o delimita.
O símbolo apresenta um alto índice de pregnância da forma, pelas mesmas razões
apresentadas no símbolo de recreação.
CONSTRUÇÃO ( TAB. 6.2, f)
Segregação: há três unidades principais: muro, carro de mão e homem. O muro pode ser
divido em tijolos, o carro de mão em roda e parte superior, e o homem pode ser divido em
chapéu e corpo.
Unificação: a repetição ordenada dos tijolos, assim como o carro de mão e o homem,
causam um efeito de continuidade.
O equilíbrio entre as unidades compositivas do símbolo otimiza a leitura visual da forma,
proporcionando um alto índice de pregnância da forma.
GUERRILHA ( TAB. 6.2, g)
Segregação: o símbolo pode ser segregado em três unidades principais: os olhos, nariz e
capuz. Os olhos podem ser decompostos em sobrancelha e globo ocular.
Proximidade e Semelhança: os traços geométricos apresentam forte semelhança entre si,
contribuindo, pela proximidade, para a unificação das unidades principais acima descritas.
Unificação: a idéia de unificação baseia-se no fator de proximidade dos olhos e do nariz,
que tendem a ser visualizados em conjunto, compondo a parte visível do rosto.
Fechamento: percebe-se o contorno visível do rosto pelo fechamento provocado pelo
contorno do capuz.
Com relação à leitura visual do objeto, com base nas categorias conceituais fundamentais
e técnicas visuais aplicadas, observa-se o destaque da minimidade e da superficialidade,
permitindo-se atribuir um alto índice de pregnância da forma.
EMBARQUE E DESEMBARQUE ( TAB. 6.2, h).
Segregação: a figura pode ser decomposta em quatro unidades principais: barco, escada e
114
duas setas. O barco ainda pode ser segregado em subunidades: base, mastro e bandeira.
Continuidade: pode ser vislumbrada pela repetição dos degraus, que compõe a escada que
dá acesso ao barco.
Unificação: a idéia de unificação destas unidades é estabelecida pelos fatores de
proximidade e semelhança.
No que se refere à leitura visual do objeto, com base nas categorias conceituais
fundamentais e técnicas visuais aplicadas, destacam-se a simplicidade e a superficialidade do
símbolo. Com isso, o alto índice de pregnância da forma é característica da forma
apresentada.
REPOUSO ( TAB. 6.2, i).
Segregação: o símbolo pode ser segregado em duas unidades principais: o boneco deitado
e as letras “z”. O boneco pode ainda ser dividido em cabeça, braço, tronco e pernas.
Continuidade: a repetição dos “z” está organizada de forma a se obter um efeito de
continuidade.
Fechamento: embora os braços não estejam cruzados, há um fechamento sensorial dos
braços sob a cabeça.
A facilidade de decomposição em unidades, de leitura e interpretação conferem à imagem
um alto índice de pregnância da forma.
MANUTENÇÃO ( TAB. 6.2, j)
Segregação: o símbolo se segrega em três unidades principais: circunferência, martelo e
chave-de-boca.
Unificação: a proximidade entre o martelo e a chave-de-boca favorecem a idéia de
unificação, provocando a sensação de junção entre as ferramentas.
Fechamento: o círculo que circunscreve as duas ferramentas serve de fechamento, de
contorno destas.
A simplicidade, minimidade, harmonia, clareza e o equilíbrio são os fatores baseados nas
categorias conceituais fundamentais e técnicas visuais aplicadas presentes no símbolo. Assim
a organização visual possui alta pregnância da forma.
115
FASE 3 – FASE DE TESTES (Feedback)
**
ETAPA 3.a – Aplicação do teste de eficiência 04 com os símbolos preliminares
Elaborou-se o Teste de Eficiência 04 com símbolos preliminares nos moldes do teste 02.
O objetivo principal deste teste foi verificar a eficiência na comunicação visual dos símbolos
preliminares construídos seguindo a metodologia proposta por GRANHA (2001). Este teste
foi aplicado a 15 oficiais, sendo 10 pertencentes ao IME e 5 à ECEME.
ETAPA 3.b – Análise dos resultados do teste de eficiência 02
Os resultados obtidos encontram-se nas FIG. 6.37 a FIG. 6.42.
Resultado do teste de eficiência 04 - Operações psicológicas
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
PRISIONEIRO
INIMIGO
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
6,97%
73,00%
20,03%
RESPOSTAS
FIG. 6.37 – Resultado do teste de eficiência 04 – Operações psicológicas
Resultado do teste de eficiência 04 - Evacuação
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
MOVIMENTO DE
TROPA
ESTRADA
TRAVESSIA
EVASÃO
EVACUAÇÃO
6,80%
53,30%
13,30%
13,30%
13,30%
FIG. 6.38 – Resultado do teste de eficiência 04 – Evacuação
116
Resultado do teste de eficiência 04 - Guerrilha
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
FORÇAS ESPECIAIS
INIMIGO
HOMENS CAMUFLADOS
GUERRILHA
6,65%
20,03%
66,67%
6,65%
FIG. 6.39 – Resultado do teste de eficiência 04 – Guerrilha
Resultado do teste de eficiência 04 - Embarque e desembarque
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
PORTO
BARCO
TRANSPORTE FLUVIAL
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
6,70%
6,70%
13,30%
73,30%
FIG. 6.40 – Resultado do teste de eficiência 04 – Embarque e desembarque
Resultado do teste de eficiência 04 - Repouso
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
LAZER
REPOUSO
13,33%
86,67%
FIG. 6.41 – Resultado do teste de eficiência 04 – Repouso
117
Resultado do teste de eficiência 04 - Símbolos com 100% de acerto
Ocorrência
100%
80%
60%
40%
20%
0%
RESPOSTAS
COLETA DE MORTOS
SAÚDE
RECREAÇÃO
CONSTRUÇÃO
MANUTENÇÃO
100,00%
100,00%
100,00%
100,00%
100,00%
FIG. 6.42 – Resultado do teste de eficiência 04 – Símbolos com 100% de acerto.
De acordo com os percentuais apresentados, nota-se que os símbolos de coleta de mortos,
saúde, recreação, construção e manutenção, elaborados com base na metodologia
correspondiam ao seu verdadeiro significado para os interpelados, alcançando 100,00% de
acerto.
Embora não tenham atingindo um nível de 100,00%, os símbolos embarque e
desembarque, repouso e operações psicológicas apresentaram um aumento no índice de acerto
de 59,97%, 53,33% e 13,36%, respectivamente.
Por fim, 2 símbolos não alcançaram uma melhoria na identificação dos mesmos.
Evacuação obteve uma queda de 86,70% e guerrilha, uma redução de 6,68%.
De um modo geral, os resultados positivos deste teste demonstram a efetiva melhora na
percepção correta da maioria dos símbolos apresentados, evidenciando a eficácia da criação
de símbolos baseada na Semiologia Gráfica aliada aos preceitos da Psicologia Perceptual da
Forma (Gestalt).
No que se refere ao tempo de execução, o teste 04 apresentou melhores resultados quando
comparados ao teste 02, conforme se verifica na FIG. 6.43.
118
Tempo de execução nos testes 02 e 04
179
TESTE 02
125
TESTE 04
0
50
100
150
200
Segundos
FIG. 6.43 – Comparação entre os tempos de execução dos testes 02 e 04 pelos oficiais.
FASE 4 – FASE DE FINALIZAÇÃO
ETAPA 4.b – Finalização dos símbolos cartográficos (refinamento)
Com base na análise dos resultados do Teste de Eficiência 04, conclui-se que os símbolos
preliminares que atendem satisfatoriamente às expectativas no que tange à representação
visual dos objetos correspondentes são coleta de mortos, saúde, recreação, construção,
manutenção e repouso. O critério adotado foi o perfilhado por GRANHA (2001), que
preconizava um percentual mínimo de acerto de 80,00% para que o símbolo fosse
considerado eficiente. Todavia, GRANHA (2001) afirma que este critério foi criado “de
maneira empírica, ou seja, sem caráter científico.”. Portanto, este trabalho também
considerará o símbolo de embarque e desembarque eficiente, que atingiu 73,30%, pois as
demais respostas, além de terem o mesmo campo semântico, representavam apenas 26,70%
do total de respostas dadas.
Com relação ao símbolo de evacuação, o teste 04, além de não manter os 100,00% de
acertos obtidos no teste 02, sofreu uma queda expressiva de 86,70%, portanto, recomenda-se
conservar a sua representação original.
Os símbolos de guerrilha e operações psicológicas não apresentaram melhoras
significativas ao nível de serem adotados como definitivos.
Desta forma, pode-se admitir a finalização do processo criativo, tendo como produto final
os símbolos propostos mostrados na TAB. 6.3 comparados com os símbolos selecionados do
MANUAL DE CAMPANHA C 21-30.
119
NOME
TAB. 6.3 – Símbolos propostos
SÍMBOLO DO MANUAL
SÍMBOLO PROPOSTO
COLETA DE
MORTOS
CONSTRUÇÃO
Cnst
SAÚDE
RECREAÇÃO
Rcr
REPOUSO
Rpo
MANUTENÇÃO
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
120
ETAPA 4.c – Adequação dos símbolos às escalas cartográficas e implementação em
ambiente digital.
Esta etapa refere-se à utilização do software livre Inkscape 0.45 na confecção dos
símbolos em ambiente digital. A escolha deste programa se deve ao fato de ele criar figuras
em formato vetorial, o que permite alteração da escala das mesmas sem perda de definição
das imagens, conforme análise realizada no item 6 do capítulo 5. Após a elaboração dos
símbolos definitivos neste software, é importante sua adequação às escalas cartográficas.
Um símbolo com formato quadrado de 5 mm, conforme FIG. 6.44, representa uma área
de aproximadamente 15.625m2 e 62.500m2 em cartas com escalas de 1:25.000 e 1:50.000,
respectivamente, sendo ambas as cartas mais comumente empregadas nas operações militares.
5mm
5mm
FIG. 6.44 – Símbolo criado no Inkscape e suas dimensões.
No emprego dos símbolos com as dimensões supracitadas, a área real poderá ser menor
que a área representada, o que poderia ser sanado diminuindo-se ainda mais os símbolos.
Todavia esta redução de escala tem como fator limitante a visão humana, que poderá impedir
não só visualização como também a percepção e a identificação do significado dos símbolos.
121
7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
7.1 CONCLUSÕES
1.
Com relação ao Manual C 21-30, pela bibliografia disponível, não se pode afirmar
com exatidão a sua origem. Entretanto, pode-se inferir que há indícios de que os
símbolos tenham sofrido influência norte-americana e também da Missão Austríaca;
2.
No que diz respeito aos símbolos militares, o Manual C 21-30 não apresenta regras
para o estabelecimento do tamanho dos símbolos em virtude do tipo de unidade que
representam;
3.
No tocante à utilização de símbolos em plataformas digitais, ficou evidenciada a
importância de usar formato de imagens que mantenham sua forma e integridade
após a alteração de escalas. Neste caso, adotou-se a criação dos símbolos em formato
SVG através do software Inkscape;
4.
O Inkscape, assim como outros programas que possuem ferramentas de desenho,
depende, de certa forma, das habilidades do manipulador;
5.
Deve haver uma integração entre os programadores com profissionais da área da
Engenharia Cartográfica na criação dos sistemas computacionais de visualização do
Teatro de Operações militares, para que não haja erros teórico-conceituais como os
visualizados na FIG. 4.8;
6.
Após analisar as teorias de comunicação, da Semiologia Gráfica e Gestalt, verificouse a importância destas no processo de leitura visual de imagens, pois fornecem
parâmetros para a construção de símbolos com “boa gestalt”;
7.
O sistema de leitura visual da forma torna-se mais proveitoso em imagens
complexas, onde é possível empregar boa parte das categorias do sistema perfilhado
por GOMES FILHO (2000).
Com relação à otimização da metodologia de construção de símbolos militares, verificouse o seguinte:
1.
Ao se utilizar símbolos que exprimem uma idéia abstrata, notou-se que as
pessoas tendiam a “concretizá-los”, por exemplo, associando a ação de embarque
e desembarque a barco, embarcação, porto, ou seja, a coisas materiais, corpóreas;
122
2.
A inclusão da etapa de aplicação dos testes aos militares realmente envolvidos no
planejamento e execução de operações militares, trouxe um aumento na
porcentagem de acerto, quando comparado aos alunos, afinal eles tinham uma
vivência nas operações militares;
3.
No que concerne à velocidade, os alunos despenderam mais tempo para entender
o contexto da operação militar e associar os nomes aos símbolos;
4.
Para uma comparação mais adequada, seria necessário contar com um número
maior de participantes nos testes da fase 1 com os oficiais, pois houve uma
discrepância entre a quantidade destes (15) e a dos alunos (30);
5.
A simulação de condições de hostilidade típicas de ambientes de combate,
inviabilizada neste trabalho, poderia gerar resultados diferentes dos obtidos;
6.
O conhecimento do significado dos símbolos antes de propor alterações é
importante, pois os símbolos militares são peculiares e podem ter um significado
pouco utilizado no cotidiano de grande parte dos civis, como operações
psicológicas;
7.
Todos os símbolos modificados apresentam “boa gestalt”, embora evacuação,
guerrilha e operações psicológicas não tenham demonstrado melhoria na
associação ao seu correto significado;
8.
Deveria haver uma iteração nas alterações feitas e aplicação de novos testes para
os símbolos de guerrilha e operações psicológicas, pois isto poderia melhorar a
baixa representatividade dos símbolos reformulados que não alcançaram os
resultados esperados, ou seja, a sua rápida e correta identificação;
9.
Quanto ao símbolo de evacuação, sugere-se manter o original do Manual C 2130, pois se mostrou eficiente no teste 02 da fase 1, não ocorrendo o mesmo no
teste 04, com o símbolo modificado;
10. De acordo com os resultados obtidos dos testes, verificou-se um significativo
avanço no processo de comunicação cartográfica viabilizado pela reformulação
proposta no presente trabalho.
123
7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
1. Aconselha-se realizar uma comparação minuciosa de todos os símbolos, o que poderá
conduzir à comprovação científica da origem do manual brasileiro;
2. Extrapolar a utilização da metodologia para a análise dos demais símbolos contidos no
Capítulo 3 do Manual C 21-30;
3. Realizar os testes com um grupo maior de usuários, simulando condições hostis, e
assim, confrontar ou confirmar as respostas obtidas;
4. Realizar o teste 04 (com os símbolos modificados) com um grupo que não tenha
executado o teste 02, com o intuito de se obter um controle das respostas.
5. Avaliar as mudanças que ocorreriam nos símbolos mais complexos, que utilizam
como símbolos primitivos aqueles modificados neste trabalho;
6. Aumentar o número de oficiais na aplicação de testes;
7. Realizar iterativamente as fases de reformulação/teste para os símbolos de guerrilha e
operações psicológicas;
8. Tratar de outras características dos símbolos militares, como composição de cores,
direção de movimento de tropa e de tiro;
9. Realizar uma pesquisa acerca de outros computadores robustecidos fabricados por
empresas civis.
124
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBRIGHT- KNOX ART GALLERY. Albright- Knox Art Gallery. [on-line] Disponível
na Internet via URL: http://www.albrightknox.org/AKcart/images/Gorky.jpg [capturado em
mar. 2007].
AZEVEDO, Leodolfo Lélio de et al. Avaliação de Uma Metodologia na Construção de
Símbolos Militares e Implementação destes em Meio Digital.
Iniciação à Pesquisa.
Instituto Militar de Engenharia. Seção de Engenharia Cartográfica. 2005.
BERTIN, Jacques. Semiology of Graphics: Diagrams, Networks, Maps. Madison, WI:
University of Wisconsin, 1983.
BOINAS VERDES. Boinas Verdes. [on-line] Disponível na Internet via URL:
http://www.boinasverdes.org.br [capturado em mar. 2007].
BRASIL. Estado-Maior do Exército. C 21-30: Abreviaturas, símbolos e convenções
cartográficas. 4.ed. Brasília, DF, 2002.
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FASCIONI, Lígia Cristina. Semiótica. 27 slides. Notas de aula. 2006a. Disponível na
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http://www.ligiafascioni.com.br/aulas/aulas_D&P/D&P_aula3.pdf
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FASCIONI, Lígia Cristina. Sistema de Leitura Visual da Forma. 42 slides. Notas de aula.
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FOSSE, Juliana Moulin. Representação Cartográfica Interativa Tridimensional: Estudo
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LEILOEIRA RR.
Leiloeira
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ROSA, André Luiz Valle. ([email protected]) Re: IP Calungas. E-mail para SOUZA,
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SANTIL, Fernando Luiz de Paula.
Desenvolvimento de Um Protótipo de Um Atlas
Eletrônico de Unidades de Conservação para Educação Ambiental. Dissertação
(Mestrado em Ciências Cartográficas) - Universidade Estadual Paulista, 2001. Disponível na
Internet via URL : www2.prudente.unesp.br/rbc/_pdf_54_2002/54_04.pdf [capturado em fev.
2007].
SARDELICH, Maria Emilia.
Leitura de Imagens, Cultura Visual e Prática Educativa.
Cadernos de Pesquisa, v. 36, n. 128, p. 451-472, maio/ago. 2006. Disponível na Internet via
URL: www.scielo.br/pdf/cp/v36n128/v36n128a09.pdf [ capturado em fev. 2007].
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Internet
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URL:
http://tecnicaspsicoterapeuticas.vilabol.uol.com.br/semiologia.html
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SILVA, Evânia Alves da.
Elaboração de Símbolos Militares para Ambiente de
Visualização Tridimensional. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia
Cartográfica) - Instituto Militar de Engenharia. Seção de Engenharia Cartográfica. 2006.
WWZ UNIBAS.
Wwz Unibas.
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http://www.wwz.unibas.ch/wifor/zaeslin/photos/spring2002/mini%20Times%20Square.jpg
[capturado em mar. 2007].
128
APÊNDICES
APÊNDICE 1
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
SEÇÃO DE ENGENHARIA CARTOGRÁFICA
SÍMBOLOS MILITARES
TESTE DE EFICIÊNCIA 01
Aluno:_______________________________________________________________________________
Formação Acadêmica, Arma, Quadro, Sv: __________________________________________________
OM: ________________________________________________________________________________
Escreva na linha o que você julga representar o símbolo. Após finalizar o teste, coloque o
tempo de execução com precisão de segundos.
Item 1:
Item 6:
Cnst
Item 2:
Item 7:
Item 3:
Item 8:
Item4:
Item 9:
Rpo
Rcr
Item5:
Item 10:
Ev
Tempo de execução: _____ min _____ s.
129
APÊNDICE 2
Para o teste de Eficiência 02, foi utilizado o mesmo modelo de questionário do teste
01, com o auxílio de um roteiro de operações militares apresentado abaixo.
Situação Geral:
O Exército Azul a fim de manter a integridade Federativa e assegurar
a Soberania Nacional resolveu designar o 2º Batalhão de Infantaria Motorizado
para a missão de verificar informes de que o Exército Vermelho estava
implantando uma guerrilha nas margens do Rio São Francisco.
Situação Particular:
O 2º batalhão de infantaria motorizado recebeu a missão de patrulhar a
área das margens do Rio São Francisco a fim de verificar a existência de uma
guerrilha e realizar sua dissolução.
Para cumprir essa missão o 2º batalhão de infantaria motorizado conta
com:
•
Três companhias de fuzileiros;
•
Uma companhia de Comendo e Apoio;
•
Uma Companhia de Engenharia de Pontes que ficará
encarregada de propiciar meios para a travessia da tropa
necessária à missão;
•
Um pelotão pesado de manutenção que fará seu desdobramento
numa subárea de Apoio Logístico;
•
Seção de saúde;
•
Um grupo de Operações Psicológicas e
•
Uma viatura de municiamento.
130
APÊNDICE 3
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
SEÇÃO DE ENGENHARIA CARTOGRÁFICA
SÍMBOLOS MILITARES
TESTE DE EFICIÊNCIA 03
Aluno:_______________________________________________________________________________
Formação Acadêmica, Arma, Quadro, Sv: __________________________________________________
OM: ________________________________________________________________________________
Marque a opção da direita que você julga representar o símbolo da esquerda. Após finalizar o
teste, coloque o tempo de execução com precisão de segundos.
Item 1:
Item 6:
a)
b)
c)
d)
Cemitério
Saúde
Coleta de mortos
Igreja
Cnst
Item 2:
Item 3:
Item5:
Ev
a)
b)
c)
d)
Caçador
Guerrilha
Guarda
Prisioneiro
Item 8:
a)
b)
c)
d)
Rcr
Constituição
Consultas
Construção
Conscrito
Item 7:
a) Lanterna
b) Operações
psicológicas
c) Choque
d) Gerador
Item4:
a)
b)
c)
d)
a) Embarque e
desembarque
b) Ponto de pesca
c) Abrigo
d) Naufrágio
Coleta de mortos
Igreja
Cemitério
Saúde
Item 9:
a) Recuperação
b) Recreação
c) Recrutas
d) Manutenção
a)
b)
c)
d)
Rpo
Item 10:
Evasão
Evento
Evite
Evacuação
a) Reunião próximo ao
objetivo
b) Reparo de armas
c) Reunião para oficiais
d) Repouso
a)
b)
c)
d)
Posto telefônico
Ferramentas
Ponte
Manutenção
Tempo de execução: _____ min _____ s.
131
APÊNDICE 4
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
SEÇÃO DE ENGENHARIA CARTOGRÁFICA
SÍMBOLOS MILITARES
EXERCÍCIO 01
Formação Acadêmica, Arma, Quadro, Sv: __________________________________________________
OM: ________________________________________________________________________________
Desenhe no retângulo ao lado do termo citado o símbolo mais simples que você julgue
representá-lo.
Item 1:
COLETA DE MORTOS
Item 2:
OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
Item 3:
SAÚDE
Item4:
RECREAÇÃO
Item 5:
EVACUAÇÃO
Item 6:
CONSTRUÇÃO
132
Item 7:
GUERRILHA
Item 8:
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
Item 9:
REPOUSO
Item 10:
MANUTENÇÃO
133
APÊNDICE 5
INÍCIO DO XML
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FIM DO XML
135
GLOSSÁRIO
- ARQUIVO VETORIAL. Arquivo gráfico cujas informações estão armazenadas sob a
forma vetorial, ou seja, por coordenadas formando pontos, linhas e polígonos.
- BUG. Erro no funcionamento comum de um software, também chamado de falha na lógica
programacional de um programa de computador, que pode causar falhas no objetivo de uma
ação na utilização de um programa de computador.
- CALCO. Processo de reproduzir desenhos, o mesmo que decalque. São folhas de acetato
que cobrem os mapas nas quais são inseridos os símbolos militares.
- CALUNGA. Nome genérico que se refere a símbolos militares, utilizados em meio
analógico ou em meio digital.
- ESTRUTURA MATRICIAL. Define-se o formato matricial ou varredura (ou ainda raster)
como um conjunto de celas localizadas em coordenadas contíguas, implementadas como uma
matriz 2D. Cada célula é referenciada por índices de linha e coluna e contém um número
representando o tipo ou o valor do atributo mapeado. Os valores de cada pixel estão limitados
num certo intervalo numérico, como, por exemplo, de 0 a 255 para imagens em 8 bits, ou
números associados às classes no caso de uma imagem temática.
- FOTOGRAMETRIA. 1 - Ciência da elaboração de cartas, mediante fotografias aéreas,
utilizando-se aparelhos e métodos estereoscópicos. O mesmo que Aerofogrametria.
2 - Técnica de determinação das curvas de nível, nos levantamentos cartográficos, por meio
de pares de fotografias.
- GEODÉSIA. Ciência que se ocupa da determinação da forma, das dimensões e do campo
de gravidade da Terra.
- GEODESISTA. Aquele que se dedica ao estudo da geodésia.
- MNEMÔNICO. Referente à memória; que ajuda a memória; que facilmente se retém na
memória; relativo à mnemônica.
- REAMBULAÇÃO. Processo de verificação e identificação, em campo, de detalhes
fotográficos que não puderam ser interpretados na restituição (nomes de ruas e prédios
públicos, detalhes encobertos por sombras).
- RESTITUIÇÃO. Elaboração de cartas ou mapas, com registro em meio magnético, a partir
de fotografias aéreas e de dados de controle geodésico.
136
- ROBUSTECIDO. Fortalecido, reforçado, fortificado, resistente.
- SENSORIAMENTO REMOTO. Detecção e/ou identificação de um objeto sem que se
tenha um sensor em contato direto com um objeto. Inclui análises por satélite e fotos aéreas.
Registro da energia refletida ou emitida por objetos ou elementos da superfície terrestre ou de
outros astros, por sensores localizados a grandes distâncias (geralmente no espaço).
137

Documentos relacionados