Edição 164 - De Olhos e Ouvidos

Transcrição

Edição 164 - De Olhos e Ouvidos
ANO 16 - Nº 164
PORTO ALEGRE
SETEMBRO/2013
DISTRIBUIÇÃO
GRATUITA
VICTOR JOSÉ FACCIONI
‘‘NOSSA SRA. DO CARAVAGIO! SÓ ELA PODE NOS SALVAR’’ ( Parte I)
Era pra ser um dia de azar pra mim, entrevistador. Mas pelo que fiquei
sabendo fora um dia de azar pro meu entrevistado: Victor José Faccioni. Ele
cancelara um fim de semana com a esposa, Iole, em Salvador, naquela
sexta, 13.09.2013!
E com um calor de 34 graus cravados nos termômetros de rua, em seu
escritório, na Dona Laura com Goethe, ainda por cima o ar condicionado
não funcionava: estava estragado. O consertador quis cobrar 310 pilas
pelas peças e Faccioni estrilou:
- Não pago, estou sendo explorado. Ele que vá cobrar na Justiça!
Fiquei sabendo depois que ele acabou pagando.
Conversamos durante mais de uma hora, com alguns interrupções. A
entrevista rendeu, como se diz na gíria de jornal.
Aqui ele revela como foram escolhidos alguns dos governadores
gaúchos da " Redentora"!.
Foi, por exemplo, na Praia da Cal, em Torres, entre arrumar a barraca e
tomar uma caipirinha que Faccioni sugeriu ao tio de sua mulher que fossem
a São Gabriel fazer lobby pra indicar um caxiense a governador. Seu nome: o
militar Euclides Triches. Emplacaram o cara. Depois, no governo, Faccioni,
chefe da Casa Civil, mandava mais que o governador, lembra o tarimbado
repórter político João Carlos Terlera.
No escritório da Dona Laura, fotos na parede dos tempos do poder: com
Geisel, Andreazza e inúmeros outros que estiveram no poder, no tempo da
"Redentora".
Passado dos 70 anos, Faccioni, um gringo de Caxias - nasceu lá por
decisão da mãe que foi tê-lo na cidade maior - continua com uma memória
muito lúcida e com um " topete" a la Itamar Franco.
Bom político, não se esquivou de nenhuma pergunta mesmo as mais
‘‘cabeludas’’
(Olides Canton)
E porque me criei diante do trem me habituei muito e vim a Porto Alegre
de trem no Congresso Estadual de Estudantes em 59/60,quando fui eleito
vice da UGES (União Gaúcha de Estudantes Secundários).
Juntamente com Hugo Mardini, que já faleceu, que se elegeu
presidente da UGES. O presidente e o vice tinham que residir em Porto
Alegre, então vim morar na capital.
P - Como o sr. virou jornalista?
R - Como eu tinha atuado na Rádio Garibaldi dos padres Capuchinhos,
em Garibaldi, numa época em que existiam poucas emissoras de rádio no
Estado e depois trabalhei em Caxias no Correio Riograndense estava lá
quando saiu uma legislação federal regulamentando a profissão de
jornalista que permitia que quem comprovasse o exercício da atividade de
jornalista no espaço mínimo de dois anos podia se registrar jornalista vim a
Porto Alegre e me registrei jornalista. Sou jornalista associado da ARI
(Associação Riograndense de imprensa) etc...
Pois bem, então foi ali. O prof. Mário Gardelin, jornalista em Caxias,
tinha sido meu professor quando me mudei para Porto Alegre, me fez uma
recomendação ao então secretário da Agricultura Alberto Hoffmann, do
governo Brizola. Fui designado para o cargo na assessoria de imprensa da
Secretaria da Agricultura junto a SIDAS (Serviço de Imprensa de Divulgação
Agricola) chefiada pelo Hugo Hammes. Fui assessor junto dele.
E aí o Alberto Hoffmann saiu candidato a deputado federal no fim do
governo resolveu indicar meu nome para deputado estadual. Eu com 21
anos concorri a deputado estadual e quase fui eleito. Me faltaram 200
votos.( N.R: foi a primeira eleição de Faccioni). Fiquei como 1º suplente. E
por uma razão muito simples. Eu só tinha um jeep, capotei o jeep 15 dias
antes do fim das eleições, fiquei a pé. Se não tivesse ficado a pé teria sido
eleito.
Mesmo como primeiro suplente asssumi uma ou mais vezes na
P - Suas origens políticas estão no PDC (Partido Democratico Cristão), Assembléia pelo então PRP (N.R: o partido integralista, de Plínio Salgado).
pelo que sei. O sr. começou pelas mãos do Triches ou do Dentice?
R - Minhas origens politicas são um pouco anteriores. Eu fui lider P - E a sua continuidade política?
estudantil. Fui presidente da UGES em 58 ou 59 ou 60.Realizamos aqui um
R - Aí em Caxias, um cunhado meu, irmão da Iole (esposa de Faccioni)
congresso estudantil no Colégio Rosário, onde então funcionava também a saiu candidato a prefeito, ou vice.
PUC. Foi o maior congresso estudantil da história do Brasil, com mais de
Me candidatou a vereador pelo PDC (Partido Democrata Cristão), que
1.800 estudantes de todos os estados da federação. O governador era o depois se fundiu na ARENA.
Brizola que deu passagem de trem para trazer de todo o RS quando o trem
Assim eu ingressei no PDC.
ainda atravessava o RS, de N-S, L-O.
Fui eleito o vereador mais votado de Caxias até então.
Mas depois disto, eu tinha atuado como jornalista já em Caxias e antes
Com Alberto Hoffmann em POA, Euclides Triches, em Caxias, foram os
disto em Garibaldi.
que me impulsionaram para concorrer a deputado em 62, ficando primeiro
suplente e a vereador em 63 em Caxias como o mais votado de todos os
P- O sr. é natural de Garibaldi?
partidos. Depois passei a fazer dobradinha com Triches: ele para federal eu
R -Eu sou de certa forma de Garibaldi, de Carlos Barbosa, mas nascido estadual.
em Caxias. Veja o seguinte: meus pais moravam em Carlos Barbosa, distrito
Fui presidente da Câmara Municipal e depois concorri de novo a
de Garibaldi. E meus avós moravam em Caxias. Na hora de eu nascer, minha deputado estadual pelo PDC e me elegi. Em 66 ou 65, por aí. Me elegi
mãe pegou o trem e foi a Caxias. Porque lá tinha hospital e em ' Barbosa" , deputado estadual, atuei na Assembléia no prédio velho, mudei para o
não.
predio novo quando era presidente o Carlos Santos, de Rio Grande. Na
Ou ela ia a Garibaldi, ou Bento, ou Caxias, onde tinha a mãe. Preferiu época não tinha o cargo de vice governador, era o presidente da Assembléia
Caxias. Aí tendo eu nascido em Caxias, ela me registrou e batizou lá. Virei que substituía o governador e ele no exercício do cargo de governador foi a
caxiense por causa do trem. mas minha mãe voltou para Carlos Barbosa eu minha formatura como economista em Caxias, em 67, quando me formei
criança ainda com um mês de idade. E lá me criei em Carlos Barbosa, diante Economista.
do trem.
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P - Em que o sr. é formado?
R - Eu tenho o registro de jornalista, de contador, de economista e
depois fiz Direito. Com vestibular na Unisinos. Depois terminei o curso em
Sto. Angelo porque lá se podia fazer Faculdade de Direito à distância. Ou
com frequência sequencial em certos periodos.
P - E na politica o senhor foi secretário?
R - Fui vereador em Caxias, deputado estadual em 3 mandatos no
primeiro fiquei 1º suplente, no 3º mandato me licenciei fui exercer o cargo
de Chefe da Casa Civil do Governo Triches. 74 pra 75. Aí saí da vida pública
fui pro setor privado mais adiante voltei quando fui candidato a prefeito de
Caxias, depois a prefeito de Porto Alegre, depois candidato a deputado
federal.
P - Como foi a eleição em Caxias ?
R - Numa virada quase histórica, quando levei o presidente Geisel a
Caxias do Sul na expectativa de que ele federalizasse a UCS (Universidade
de Caxias do Sul). E lá houve um incidente num almoço no CTG Rincão da
Lealdade. Um estudante na entrevista coletiva do presidente Geisel, eu
estava junto , um repórter me afastou da entrevista para mim dar uma
declaração pra televisão. Na época tevê era um fato bastante novo e eu me
afastei, o estudante ligado a Oposição radical que se iniciava então disse
algum desaforo ao presidente Geisel porque eu tinha me afastado e ele se
irritou. Quando o presidente Geisel estava irritado ele jogou a pergunta e
acho que foi feito de propósito.
- Então o senhor federaliza a UCS?
Geisel , irritado, disse:
- Isto eu não faço!
Quando ele disse que não fazia a federalização, se dissolveu o grupo e
explodiu a notícia e lá se foi minha candidatura a prefeito!
Perdi as eleições. (N.R: o resultado foi este: 88.001 eleitores em Caxias.
Votaram 81.575. Serafini(MDB) fez 43.802 votos 58%. Faccioni fez 31.762
votos 42% , brancos 3.175 nulos 2.826. No centro de Caxias MDB fez 50,2%
e Arena fez 49,8%. Nos bairros MDB, de Mansueto fez 61% dos votos. Na
zona rural Faccioni ganhou com 57,4% dos votos).
Bom, aí como eu tinha retornado à vida pública ,depois de ter perdido
estas eleições me lançaram a deputado federal, como tinha concorrido a
prefeito pelo PDS, concorri a deputado federal, me elegi, fiquei 1º suplente
(75-79)
Fui secretário de estado duas vezes, fui chefe da Casa Civil do Governo
Triches, depois fui Secretário do Interior Desenvolvimento Regional e Obras
Públicas do Gov. Amaral de Souza(79/80).
Fui eu quem negociou com o Governo Federal o Trensurb.
Era um projeto do Estado feito pela Metroplan que ficava ligado a minha
secretaria.
A verdade é a seguinte: a Metroplan fez o projeto do trem, eu levei ao
EXPEDIENTE
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então ministro dos transportes, Eliseu Resende, e ele aceitou repassar pra o
Governo Federal o projeto do trem.
E aí ele acertou com o Banco Mundial o financiamento . Me convidou
para acompanhá-lo, eu o acompanhei a Washington para assinatura do
convênio do financiamento do trem metropolitano.
Este trem era pra ter sido implantado até 20 anos atrás não sei depois
porque demorou na execução da obra.
Tanto demorou que tiveram que devolver dinheiro pro Banco Mundial
porque não cumpriram com a aplicação dos recursos de acordo com o
cronograma e o dinheiro ficou aí em caixa, sobrando em disponibilidade
sem uso devido e adequado.
Veja que coisa. O projeto do trem metropolitano também previa, ou
prevê, desdobramento em outras linhas dentro de Porto Alegre.
Espero que um dia alguém se lembre de retomar.
P - No plano pessoal, o senhor teve um acidente com um filho?
R - Um dos meus filhos, andando de moto, quando tinha 17 anos, agora
deve estar com 45 anos, é gêmeo, ele caiu com a moto e com o pescoço no
meio de duas placas de trânsito que tinha caído e sofreu uma quase degola.
Cortou a jugular. Quero crer que por um milagre ele ficou 13 dias em estado
de coma e se salvou, felizmente. Foi isto. Fez o curso de Direito. É professor
de Direito. Atuou no TRT. Hoje é professor de Direito do Trabalho em 2 ou 3
faculdades no Estado.
P -Em Porto Alegre, o sr. foi candidato a prefeito, contra quem?
R - Eu fui candidato a prefeito em Porto Alegre quando ganhou o
Collares (Alceu de Deus)e contra o Carrion Jr.( do PMDB)
P - Sem nenhuma chance?
R - Eu sabia que era sem a menor chance. Mas eu estava na direção do
partido e como o partido não tinha a mínima chance de ganhar as eleições.
O favorito era o Collares e outro candidato forte era do PMDB (N.R: Carrion
Jr.falecido num trágico acidente aviatório emprestando seu nome hoje a
uma rua perto do Salgado Filho.)A finalidade era assegurar uma nominata
de vereadores e presença no rádio e tevê para o partido por quanto era
uma das primeiras eleições em que se retomava o espaço no rádio e na tevê.
Eu aceitei concorrer a prefeitura de Porto Alegre para assegurar
cobertura aos candidatos a vereador. Foi uma campanha em que houve um
desdobramento notável. Collares ganhou as eleições. Eu fiz uma campanha
sem recursos. Como não havia chances, não havia patrocinadores.
Eu sei que tive que puxar dinheiro do próprio bolso!
Pras despesas de campanha, gastos etc e tal....
(continua... na próxima edição)
forno à lenha
Horário:
3331.9699
3331.1749
Almoço:
Sexta
Sábado
Domingo e
Feriado
Das 11h da manhã à 1h30min da madrugada
ININTERRUPTAMENTE
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No próximo dia 28 de outubro completam-se dois
anos do transporte aquaviário entre a Capital e Guaíba. No
meio dos empresários do transporte coletivo, o catamarã é
chamado de ‘’barco do Hugo", uma referência ao seu
proprietário, Hugo Eugênio Fleck.
Segundo uma funcionária da Catsul, a empresa que
administra o catamarã, o movimento médio de
passageiros/mês está em 65 mil.
Ela disse que o dia de maior procura é o domingo,
quando as pessoas vão no sentido POA-Guaíba, passam o
dia lá e regressam no fim do dia.
Nos dias de semana, o movimento se restringe aos
passageiros que residem do outro lado do Rio Guaíba e
quem vem a capital para trabalhar, regressando no
entardecer.
O valor da passagem está em 7,25 reais. Todos
pagam, à exceção dos menores de seis anos que viajam no
colo.
A isenção não atinge nem os idosos.
Nos dias de maior chuva, ou vento, o movimento
tende a cair , mas um funcionário explicou que o barco, de
forma catamarã, não ondula muito com as ondas. Ele
possui estabilidade.
A travessia entre as duas cidades é feita em cerca
de 20 minutos. Há quem aproveite o horário do meio-dia
pra ir de Porto Alegre almoçar em Guaíba.
Para saber os horários de funcionamento, acesse:
www.catsul.com.br - Fone de contato é 51(3212.1956)
Foto: Olides Canton
Catamarã completa dois anos!
No dia 24.09 com vento, reduziu o número de
passageiros no Catamarã de POA - Guaíba.
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Importantes personalidades esquecidas
Theodor Wiederspahn, o alemão Theo, tido como o maior arquiteto gaúcho
de todos os tempos, não serviu de nome para nada em Porto Alegre. Por outro
lado, pessoas que pouco fizeram pela nossa cidade, ostentam seus nomes em
placas de rua, obras, espaços públicos, escolas, entre outros, por obra de algum
vereador amigo da família.
A nominação de logradouros virou uma banalidade na cidade. E isto que ainda
restam mais de duas mil ruas sem identificação. Theo Wiederspahn foi o autor da
Cervejaria Bopp, hoje o conhecido Shopping Total; o Edifício Ely, atual Tumelero; o
nosso Margs e o Memorial do Rio Grande do Sul, antigo Correios e Telégrafos;
Hotel Majestic, hoje Casa de Cultura Mário Quintana; Faculdade de Medicina da
UFRGS; Hospital Moinhos de Vento e uma enormidade de edificações aqui e no
interior.
Atraiu muita inveja, ciúme e despeito. Por ser de origem alemã, mesmo
estando integrado à vida dos pampas, sofreu perseguições políticas durante a
segunda guerra. Por causa do desgosto e muito ressentido pelo tratamento que
recebera, acabou entrando em depressão e morreu com 73 anos.
Joseph Franz Seraph Lutzenberger, pai do nosso ecologista José Lutzenberger,
foi um arquiteto e artista muito marcante, mas nenhuma rua, nenhum espaço
leva
seu nome na Capital. A Igreja São José, de tantos e tantos matrimônios, é
Adeli Sell
dele. Na Rua Jacinto Gomes, 39, no Bairro Santana, temos a casa que ele fez para
ele e a família. Mas se você passar pelo Pão dos Pobres e pelo Palácio do Comércio, lembre-se, estes são dele também.
Marcos David Heckman, outro artista pouco lembrado. Recentemente, o amigo Milton Ribeiro, do Sul 21, lembrou de uma
famosa obra dele que botaram abaixo pouco depois de construído, o Mata-borrão, que ficava nas esquinas da Av. Borges de
Medeiros com a rua Andrade Neves.
Fernando Corona que disputou com Theo Wiederspahn a fama da arquitetura de nossa cidade é um dos poucos lembrados
com uma rua perdida no Jardim Itu-Sabará. Além de arquiteto de mão cheia, foi escultor e diretor do Instituto de Artes. É autor
do primeiro prédio modernista na cidade, o Edifício Guaspari, posteriormente esculhambado com um envelopamento
duvidoso, na Praça XV. São dele o Santander Cultural, o Instituto Flores da Cunha, a Galeria Chaves e o Edifício Colonial da 24 de
Outubro, no lado oposto do McDonalds. Imperdoável seria esquecer que o desenho da Fonte Talavera também é dele. E
muito, muito mais.
Além dos famosos arquitetos alemães que vieram morar e trabalhar em Porto Alegre, nas primeiras décadas do século XX,
como Theo Wiederspahn e Joseph Lutzenberger, arquitetos de outras nacionalidades também contribuíram para a formação
do nosso patrimônio histórico. Entre estes, um arquiteto checo, da Boêmia, Josef Hrubý (em português, grafado sem acento,
Hruby), teve um papel relevante para a imagem que temos da cidade. Muitas fábricas que hoje já não existem e importantes
igrejas de Porto Alegre – como as da Sagrada Família, Nossa Senhora da Piedade, Glória, São Pedro e do Bom Conselho – são de
autoria deste checo e integram a paisagem cotidiana e normalmente anônima da nossa cidade.
O engenheiro Manoel Barbosa Assumpção Itaqui fez o Viaduto Otávio Rocha, na Borges de Medeiros, com o seu colega
Duilio Bernardi. É de autoria dele também o Observatório da Ufrgs, bem como a supervisão da Confeitaria Rocco. Ambos
também não têm nominações de nada e em nada na cidade.
Já o arquiteto João Moreira Maciel teve mais sorte, pois dá nome àquela rua que margeia o Guaíba, no Cais Navegantes, e
vai dar na divisa com Canoas. É bom lembrar esta figura porque Porto Alegre é a primeira Capital do país a ter um Plano Diretor.
No início do século XX, surgiu a primeira tentativa de organizar o crescimento da cidade com o arquiteto João Moreira Maciel
propondo o "Plano Geral de Melhoramentos", que data de 26 de agosto de 1914. Apesar de ser um plano tipicamente viário,
era baseado em princípios orientadores bem definidos.
Como estes citados, há outros tantos que precisamos lembrar e mostrar as suas contribuições para a arquitetura e
urbanismo de nossa cidade. Mais do que nunca é preciso tratar deste tema, como da arte de rua, dos monumentos, da arte
cemiterial. Não posso me furtar de fazer uma autocrítica, pois passei 16 anos na Câmara e nominei pouquíssimos logradouros
da cidade. Sucumbi às criticas de que vereador só sabe "dar nome de rua". Equivoquei-me.
Não podemos deixar que Porto Alegre perca sua memória, seu passado moderno e ousado, sem as devidas marcações e
lembranças.
Adeli Sell - é escritor, consultor e professor.

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