A MESOPOTÂMIA - TERRA ENTRE RIOS Por que é importante
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A MESOPOTÂMIA - TERRA ENTRE RIOS Por que é importante preservar e estudar as construções e os monumentos antigos? Qual é a importância da Mesopotâmia para a história da humanidade? Que povos viviam nessa região? Mesopotâmia é uma palavra de origem grega que quer dizer “entre rios” (meso - entre; potamós - rios). O nome faz referência às terras situadas às margens dos rios Tigre e Eufrates. Esses rios nascem em regiões montanhosas do território turco e correm para o sul, atravessando áreas desérticas, até desaguar no Golfo Pérsico. Hoje, as terras da antiga Mesopotâmia fazem parte da região conhecida com o nome de Oriente Médio. O berço da civilização Por que é tão importante estudar a Mesopotâmia? Muitos historiadores consideram a Mesopotâmia o “berço da civilização”. Os povos que habitavam essa região inventaram a roda, organizaram as primeiras cidades, criaram uma das mais antigas formas de escrita e o mais antigo conjunto de leis conhecido, além de terem sido pioneiros nos estudos de astronomia. A importância da religião A vida na Mesopotâmia foi muito influenciada pela religião, tanto o dia-a-dia das pessoas quanto o desenvolvimento das ciências e das artes. Os povos mesopotâmicos eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses. Eles acreditavam que os deuses moravam no céu, e que de lá decidiam os nascimentos e as mortes, se choveria ou não, quem venceria uma guerra; enfim, comandavam tudo o que acontecia no mundo. Para os povos da Mesopotâmia, os deuses agiam e sentiam como os seres humanos: casavam-se, tinham filhos, podiam ser bondosos ou cruéis, compreensivos ou vingativos. Por isso, as pessoas ofereciam presentes aos deuses e usavam amuletos para se proteger de suas maldades. Para ficar mais perto do céu, a casa dos deuses, os mesopotâmios ergueram templos altos e majestosos, chamados zigurates. Na parte superior da construção, os sacerdotes praticavam os rituais sagrados e dali observavam o céu; nas outras partes do zigurate havia celeiros, áreas para tratamento de doentes, oficinas de artesãos etc. Graças à observação do céu, os antigos mesopotâmios aprenderam muito sobre o movimento dos planetas, identificaram constelações, determinaram as fases da Lua e as estações do ano. Criaram o zodíaco e também um calendário semelhante ao que utilizamos hoje. Nesse calendário, o ano era dividido em 12 meses; a semana, em 7 dias; e o dia, em dois períodos de 12 horas cada um. Vários documentos desses estudos astronômicos resistiram à ação do tempo, à destruição das guerras, aos incêndios, às enchentes, e estão hoje preservados em museus. Diversos povos dominaram a Mesopotâmia Cercada por montanhas e desertos, a faixa de terras férteis da Mesopotâmia foi disputada e dominada por diferentes povos ao longo do tempo. Alguns desses povos se organizaram em reinos e grandes impérios, como os sumérios, os amoritas, os assírios e outros, mas nenhum deles se estabeleceu por um longo período na região mesopotâmica. Os sumérios e os acádios Os mais antigos habitantes da Mesopotâmia foram os sumérios, que ocuparam, no sul do território, uma região que ficou conhecida como Súmer. Acredita-se que os ancestrais dos sumérios fizeram as primeiras obras para aproveitar as águas dos rios: construíram canais para irrigar as plantações e que serviam também para a navegação. Acredita-se, ainda, que eles inventaram a roda e o arado de metal. Por volta de 3500 a.C., os sumérios Construíram Ur e Uruk, duas das primeiras cidades conhecidas. As cidades sumerianas eram independentes, isto é, cada qual tinha o seu próprio governo. Por isso são chamadas de cidades-estados. Os sumérios inventaram a mais antiga escrita de que se tem notícia. Eles faziam as anotações sobre pequenos blocos de barro úmido, desenhando várias figuras com uma espécie de palito afiado. Com o passar do tempo, essas figuras, conhecidas como pictogramas, foram modificadas e deram origem à escrita cuneiforme, que depois foi adotada por outros povos mesopotâmicos. A escrita sumeriana era em forma de cunha, daí o nome cuneiforme. Ela foi decifrada por volta de 1850 e, a partir daí, pudemos conhecer os textos produzidos pelos povos mesopotâmicos. As cidades-estados da Suméria resistiram a vários ataques de outros povos, até que, por volta de 2100 a.C., foram dominadas pelos acádios, um povo vindo do norte da Suméria. Após um curto período de paz, o Império Acádio ou Acad (o nome vem de Agade, sua principal cidade) também passou a sofrer invasões, principalmente de povos nômades atraídos pela riqueza de suas cidades. Os amoritas ou babilônios Por volta de 1900 a.C., as regiões de Súmer e Acad foram dominadas por outro povo, os amoritas. que estabeleceram o Primeiro Império Babilônico. com capital na cidade da Babilônia. O rei mais conhecido desse período foi Hamurabi, que conquistou e unificou toda a Mesopotâmia sob o seu governo. Ele é considerado o criador de algumas das primeiras leis escritas da história, conhecidas como Código de Hamurabi. No reinado de Hamurabi, a cidade da Babilônia tornou-se um dos maiores centros comerciais do mundo antigo. Após a morte desse rei. houve muitas revoltas populares e o Primeiro Império Babilônico entrou em decadência, dando origem a vários reinos independentes e rivais. O Código de Hamurabi Gravado em um monumento de pedra com 2 metros de altura e 35 centímetros de largura, o Código de Hamurabi foi encontrado em 1902 e está exposto no Museu do Louvre, em Paris (França). Leia, a seguir, algumas das 282 normas do código. Se alguém fizer uma acusação a outrem, e o acusado for ao rio e pular neste rio, se ele afundar, seu acusador deverá tomar posse da casa do culpado, e se ele escapar sem ferimentos, o acusado não será culpado, e então aquele que fez a acusação deverá ser condenado à morte, enquanto aquele que pulou no rio deve tomar posse da casa que pertencia a seu acusador. [...] Se alguém tiver um débito de empréstimo e uma tempestade derrubar os grãos ou a colheita for ruim ou os grãos não crescerem por falta d'água, naquele ano a pessoa não precisa dar ao seu credor dinheiro algum [...]. Se alguém for preguiçoso demais para manter sua barragem em condições adequadas, não fazendo a manutenção desta, caso a barragem se rompa e todos os campos forem alagados, então aquele que ocasionou tal problema deverá ser vendido por dinheiro, e o dinheiro deve substituir os cereais que ele prejudicou com seu desleixo. Se um médico fizer uma larga incisão com uma faca de operações e matar o paciente, ou abrir um tumor com uma faca de operações e cortar o olho, suas mãos deverão ser cortadas. [...] Se um médico fizer uma larga incisão no escravo de um homem livre e matá-lo, ele deverá substituir o escravo por outro. Se um cirurgião veterinário fizer uma operação importante num asno ou boi e matar o animal, ele deverá pagar ao dono um quarto do valor do animal que morreu. Se um construtor construir uma casa para outrem e não a fizer benfeita, e se a casa cair e matar seu dono, então o construtor será condenado à morte.[...]” Os assírios Por volta de 1200 a.C., os assírios dominaram a região mesopotâmica. Povo guerreiro do norte da Mesopotâmia, eles viviam em uma área rica em minerais e madeira e conheciam a arte de modelar o ferro. Nas batalhas, vinham montados em cavalos e armados com espadas e lanças de ferro. Também usavam carros de guerra (veículos de duas rodas atrelados a dois cavalos), espalhando o pânico por onde passavam. Conquistaram toda a região da Mesopotâmia, chegando até o Egito e a Ásia Menor. Os caldeus O domínio assírio durou até por volta de 620 a.C. Em 612 a.C., os caldeus (habitantes da Mesopotâmia central) se aliaram aos medos (um povo do Planalto do Irã) e derrotaram os assírios. O Império Caldeu estabeleceu sua capital na cidade da Babilônia, iniciando o Segundo Império Babilônico. O auge do Segundo Império Babilônico ocorreu no governo de Nabucodonosor (de 605 a.C. a 562 a.C.), que investiu em grandes obras na capital, tais como palácios, templos e as muralhas da cidade. O império de Nabucodonosor estendeu-se do Mediterrâneo ao Golfo Pérsico, abrangendo quase todo o Oriente Médio. Após sua morte, seus sucessores não conseguiram manter a unidade do território. Em 539 a.C., o Segundo Império Babilônico foi conquistado pelos persas (povo originário do atual Irã), pondo fim aos grandes impérios mesopotâmicos. O trabalho As sociedades mesopotâmicas viviam segundo uma rígida divisão de trabalho, isto é, as pessoas tinham tarefas e obrigações de acordo com o grupo a que pertenciam. Os nobres e os sacerdotes faziam parte do grupo mais privilegiado. Depois vinham os funcionários do Estado, os chefes guerreiros, os artesãos, os trabalhadores do campo e, por último, os escravos. Havia dois tipos de escravos na Mesopotâmia: os prisioneiros de guerra e os escravos por dívidas. Estes últimos eram obrigados a trabalhar para seus credores durante um período determinado. No caso da realização de grandes obras públicas — como a construção de palácios e templos ou de obras de irrigação —, a população livre também era convocada. Por causa das guerras e das invasões constantes, boa parte da população dedicava-se ao serviço militar e à defesa do território. A economia A base da economia era a agricultura, que contava com sistemas de irrigação bastante desenvolvidos. A construção e a manutenção dessas e de outras obras públicas também ocupavam muitas pessoas. Os camponeses cultivavam cereais, como a cevada e o trigo, e criavam gado. O comércio foi uma importante fonte de renda para os habitantes da Mesopotâmia. Lá surgiram os empréstimos a juros, as cartas de crédito, as barras de metal usadas como moeda e as associações de mercadores. O desenvolvimento do comércio estimulou a produção artesanal de tecidos, cerâmica, armas e outros itens. Lembre-se Mesopotâmia quer dizer “entre rios”, em uma referência às terras situadas às margens dos rios Tigre e Eufrates. A região da Mesopotâmia é considerada o “berço da civilização”: lá se organizaram as primeiras cidades, criaram-se uma das mais antigas formas de escrita (cuneiforme) e o mais antigo conjunto de leis conhecido (Código de Hamurabi), entre outras inovações. As terras férteis da Mesopotâmia foram disputadas e dominadas por diferentes povos ao longo do tempo: sumérios, amoritas, caldeus e assírios, entre outros. Alguns desses povos se organizaram em reinos e grandes impérios, como o Império Acádio, o Primeiro Império Babilônico (amorita), o Império Assírio, e o Segundo Império Babilônico (caldeu).
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