do jornal em Pdf

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do jornal em Pdf
nº
76
jul. / ago. / set.
2016 - ANO XVIII
É tempo de mudança no
mundo dos smartphones
Convivaware pág. 10
Uma professora
ecologicamente correta
Talentos pág. 6
Literatura
Espaço poético pág. 12
EDITORIAL
Por Markiano Charan Filho, diretor-presidente da ADEVA
Esta frase que dá título ao editorial nos fez refletir sobre o
trabalho que a ADEVA vem realizando em seus 38 anos de
existência, que serão completados no mês de agosto.
Não seja
empurrado
pelos problemas.
Seja conduzido
por seus sonhos.
Há mais de 200 anos, Louis Braille inventou o sistema que
abriu o maravilhoso mundo da leitura às pessoas cegas: o
sistema tátil braille. No entanto, algumas pessoas ainda se
surpreendem vendo um deficiente visual ler com os dedos.
A tecnologia da informática caminha a passos largos. Porém,
há quem se espante ao ver uma pessoa cega usando um
computador, um tablet ou um smartphone.
A Lei Brasileira de Inclusão é de fato e de direito em todo
o País. Contudo, ainda nos deparamos com indivíduos que
ignoram que uma pessoa cega sabe assinar seu nome, ignorância
que, muitas vezes, cria situações constrangedoras quando,
por exemplo, ela quer abrir uma conta bancária ou precisa
realizar algum procedimento em cartório.
E por aí, nas ruas? Muita gente acredita que as pessoas cegas
também não escutam, não têm sentimentos, direitos, nem
inteligência. Sentem-se ofendidas quando não aceitam sua
“caridade”.
Isto porque o preconceito e a discriminação ainda são altissonantes no Brasil.
Diante destes fatos, nos perguntamos: foram 38 anos de
trabalho em vão?
Acreditamos que não. Foi um tempo de luta, empenho e sonhos
realizados. Capacitamos milhares de indivíduos, não só para o
trabalho, mas para a vida. Pensem no que significa para quem
não enxerga aprender a se locomover com autonomia usando
uma bengala, ou aprender a ler e escrever em braille... Apenas
por estes dois itens, aferimos nosso trabalho como de suma
importância, pois estamos dando seu estatuto de cidadão,
alfabetizando-o para o mundo, promovendo a igualdade, a
liberdade, a fraternidade.
Mesmo que empurrem a ADEVA com problemas, nós continuaremos sendo conduzidos por sonhos, ontem, hoje e amanhã.
EXPEDIENTE
Jornalista responsável: Liane Constantino (MTb 15.185).
Colaboradores: Laercio Sant’Anna, Lothar Bazanella, Lúcia
Nascimento, Markiano Charan Filho, Sidney Tobias de Souza.
Correspondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP
04120-030 - São Paulo (SP) - telefones: 11 5084-6693/6695
- fax: 11 5084-6298 - e-mail: [email protected] - site:
www.adeva.org.br. Editoração gráfica: Fernanda Lorenzo
([email protected]). Revisão: Célia Aparecida
Ferreira. Fotolitos e impressão: Priscaf Gráfica e Editora.
Tiragem: 1.500 exemplares. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.
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ÍNDICE
Opinião|Editorial............................p. 2
Lazer|Estive lá e gostei!.............p. 3
Adeva|Em foco............................p. 4
Balanço Patrimonial............p. 5
Talentos...........................p. 6
Parceiros..........................p. 7
Mercado de Trabalho|Profissão:.........................p. 8
Esporte|Um direito de todos.........p. 9
Tecnologia|Convivaware....................p. 10
Na rede............................p. 11
Literatura|Distinto olhar...................p. 11
Espaço poético...................p. 12
Mais!|Para seu lazer..................p. 12
LAZER
Estive lá e gostei!
Por Sidney Tobias de Souza | [email protected]
A “nossa” Lituânia
cabe no bairro da Vila Zelina
Neste bairro paulistano está a segunda maior colônia de lituanos do mundo
Para conhecer um pouco mais sobre este país do leste
europeu, fui até o bairro de Vila Zelina, núcleo de
uma comunidade de descendentes de lituanos em São
Paulo, onde se encontra a segunda maior colônia de
lituanos do mundo.
Nesta simpática vila, fica fácil encontrar sinais que
revelam a presença do povo lituano – no tapete de um
restaurante onde está escrito sveiki atvyke (bem-vindo), no edifício da imobiliária Kaunas (nome de uma cidade
lituana), na ótica Lituânia e no nome de uma rua, a
travessa Lituânia Livre, referência à Independência da
Lituânia alcançada em 11 de março de 1991.
Na praça República Lituana foi edificado o Monumento
à Liberdade, marco comemorativo do cinquentenário
da imigração (1926-1976). Ali, anualmente, comemora-se
o Dia da Lituânia em 16 de fevereiro.
Folclore e idioma
As tradições e os costumes lituanos são mantidos por
grupos integrados pela segunda e terceira gerações de
descendentes, como o grupo Rambynas, que procura
resgatar, manter e divulgar a cultura lituana por meio
das danças folclóricas. Os trajes típicos com bordados
coloridos representam localidades da Lituânia, o dia
a dia do povo, especialmente as atividades agrícolas,
o flerte, o namoro, o casamento e os movimentos dos
animais.
recheada; a silke, sardinha em conserva, e o arenque
defumado com picles.
De sobremesa, experimente sem culpa a obuoliu piragas,
uma deliciosa torta de maçã e passas. E para encerrar
a refeição, prove o krupnikas, um licor feito com mel,
cardamomo, gengibre, anis, limão e laranja que leva
mais de trinta dias para ficar pronto.
Eu parei na rotisserie da família Trincunas e provei e
aprovei um zuikis, delicioso rocambole de carne com
recheio de requeijão, tomate seco e azeitonas.
Já no fim de tarde, fui tomar uma cerveja lituana no (é
claro!) tradicional Bar do Vito, fundado por Vytautas
Tijunelis, na av. Zelina nº 851. O bar ainda tem os
mesmos balcões de mármore e as mesmas prateleiras
de madeira maciça feitos por um imigrante lituano.
Por fim, passei na padaria da Praça e comprei para
levar para casa uma iguaria muito apreciada no bairro,
o pão preto lituano, realmente saboroso!
Então, reserve um fim de semana, vá até a Vila Zelina
e conheça a “nossa” Lituânia.
Para aprender o idioma, tem a escola Vilnis, que oferece
cursos para crianças e adultos, inclusive a distância.
E, para treinar o lituano, tem o jornal Musu Lietuva
(Nossa Lituânia). Os 600 exemplares distribuídos todos
os meses trazem notícias políticas, culturais, esportivas
da Lituânia e anúncios de casas comerciais e de profissionais liberais da Vila Zelina, além de acontecimentos
relevantes da colônia.
Gastronomia
Algo comum na culinária lituana são as sopas quentes
– de peixes, de mariscos e de champignons, todas com
muito dill, um temperinho verde, também conhecido
como aneto. Vale a pena provar também uma sopa de
beterraba fria com sour cream (creme de leite e ovos
cozidos), a saltibarsciai.
Outras delícias lituanas são o cepeliniai, bolinho de
batata ralada, recheado com queijo e carne; a ceburekinei,
massa frita recheada com carne; a kugelis, torta à base
de batata ralada e toucinho; a virtiniai, uma massa
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ADEVA
Em Foco
Festa Julina
Dia 9 de julho teve festança
no arraiá da ADEVA, com
comilança, brincadeiras, dança
e cantoria que alegraram os
cumpadres e as cumadres.
Gráfica braille
A gráfica da ADEVA imprime em braille e em
tipos ampliados apostilas, livros, cardápios,
folhetos, holerites etc. para pessoas físicas e jurídicas. Pedidos de orçamento através do e-mail:
[email protected] ou pelos tels.: 11 50846693 / 6695 com Cláudio Rezende.
“Acesso para Todos”
O “Acesso para Todos”, grupo de trabalho integrado pela ADEVA, pelo escritório E-hipermídia e pela
Web2Business, presta serviços na construção de
websites acessíveis segundo os padrões internacionais estabelecidos pela W3C. Orçamentos no
site www.acessoparatodos.com.br
Participe dos projetos ADEVA
Colabore com os projetos da ADEVA fazendo uma doação por meio do link www.adeva.org.
br/comocolaborar/doacoes.php, ou enviando cupons e notas fiscais sem registro do CPF
ou CNPJ para a sede da entidade, rua São Samuel 174, CEP 04120-030, São Paulo (SP).
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ADEVA nas
redes sociais
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ADEVA
Em Foco
Palestra
O consultor da Novi Soluções Financeiras, Vinícius
Azambuja, dia 13 de maio, apresentou uma palestra para
o público da ADEVA sobre finanças pessoais, investimentos e como reduzir gastos e aumentar receita, temas
de grande relevância para o momento atual.
ADEVA - ASSOCIAÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS E AMIGOS
CNPJ – 50.599.638/0001-69
RELATÓRIO DA DIRETORIA
Balanços Patrimoniais
31 de dezembro de 2015 em reais
ATIVO
2015
Ativos
1.190.404,20
Ativo Circulante
627.697,41
Caixa e Bancos
27.868,72
Aplicação Liquidez Imediata
599.828,69
Ativo Permanente
562.706,79
PASSIVO+PATRIMÔNIO SOCIAL
2015
Passivo+Patrimônio Social
1.190.404,20
Patrimônio Social
1.190.404,20
Nota Explicativa: A entidade Associação de Deficientes Visuais e
Amigos-ADEVA possui folga financeira, através da demonstração
do resultado patrimonial, a fim de resgatar os seus compromissos,
sem ter necessidade de recorrer a empréstimos ou desmobilizações
de capitais fixos. / Markiano Charan Filho, Diretor-Presidente /
Maria das Graças Gallego Telles Ferri TC.CRC.1SP110251/O
Aniversário
Para comemorar os 38 anos de sua fundação,
a ADEVA convida para a missa em ação de
graças dia 9 de agosto, às 19h30, na capela do
Hospital Santa Catarina, av. Paulista nº 200,
e para o jantar com show musical dia 9 de
novembro, a partir das 19h30, no Bar Brahma
Centro, av. São João nº 677, São Paulo (SP).
RECEITA
970.325,08
Hospital Santa Catarina
38.500,00
Doação Cesp
108.000,00
Doações Diversas
408.766,12
Accenture do Brasil Ltda.
111.000,00
Parceria Via Rápida Emprego
(Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia e Inovação)
13.680,00
Projeto Cultural
18.310,60
Projeto Acesso Para Todos
78.264,70
Projeto Barueri
81.889,60
Mensalidades/Anuidades
13.865,35
Receitas Financeiras
98.048,71
DESPESAS
635.300,78
Despesas Bancárias
2.030,06
Despesas – Assistência Social
385.850,24
Projeto Barueri
51.072,98
Projeto Cultural
20.510,45
Accenture do Brasil Ltda.
95.347,64
Projeto Acesso Para Todos
51.072,98
Parceria Via Rápida Emprego
(Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia e Inovação)
29.118,47
Impostos Taxas e Contribuições
297,96
Superávit líquido
335.024,30
Demonstração das origens de aplicação de recursos
em 31 de dezembro de 2015 em reais
Origens dos Recursos
335.024,30
Superávit do Exercício
335.024,30
Aplicações dos Recursos
335.024,30
Saldo Disponível Assembléia
335.024,30
ATIVO
No inicio do Exercício
855.379,90
No final do Exercício
1.190.404,20
PASSIVO+PATRIMÔNIO SOCIAL
No inicio do Exercício
855.379,90
No final do Exercício
1.190.404,20
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ADEVA
Talentos
Por Lúcia Nascimento | [email protected]
Uma professora
ecologicamente correta
Helena oferece seus múltiplos conhecimentos para alunos e amigos
“Tenho prazer em ensinar”, declara a professora da
ADEVA, Helena Kawata (57), licenciada em Física e
Matemática pela Universidade de São Paulo (USP).
Nascida em Cafelândia (SP), interior de São Paulo,
Helena fez o curso primário em uma escola rural onde a
admiração pela primeira professora despertou seu dom
de ensinar. “Ela ia toda de branco e eu ficava admirada,
porque ‘no mato’ não tinha sabão em pó, só em pedra,
e as nossas roupas não ficavam limpas daquele jeito.
Quando ela entrava na classe, eu a achava a mulher
mais linda do mundo!”
Na ADEVA, ela leciona todas as disciplinas do ensino
médio para os alunos com deficiência visual da Unidade
de Educação de Jovens e Adultos (UEJA), um curso
permanente iniciado no ano de 2013 em parceria com
o Serviço Social da Indústria (Sesi).
Família e trajetória
Helena é filha de Yatsutaka e Shizuko Kawata (já
falecidos), irmã do Koosaku e do Masakazu e “desta
família de japoneses, sou a única brasileira com sotaque,
pois, na casa dos meus pais, só falávamos japonês”.
“Tive uma infância muito pobre, morando no interior
de São Paulo e depois no Paraná.” Por causa das
dificuldades financeiras, “aos 13 anos, vim para São
Paulo aprender a profissão de cabeleireira e manicure,
para poder custear meus estudos. Aos 16 anos, fiz
o supletivo. Tinha dificuldade de aprender, mas me
esforcei bastante e, modestamente, fui sempre muito
estudiosa!”.
Quando Helena conheceu a ADEVA ela era professora
em uma escola particular e tinha dois alunos com
deficiência visual. “As aulas careciam de materiais
didáticos adequados às suas necessidades. Então, telefonei
para várias instituições procurando ajuda. A única
instituição que me atendeu foi a ADEVA, ou melhor, a
Sandra Maciel, à época, diretora vice-presidente. Depois
de conversarmos ao telefone por horas, a Sandra me
contratou como professora da entidade.”
Helena e seu marido, Júlio Miyahara, têm duas filhas,
a Hiromi e a Mary, e dois netos, o Miguel e a Rebeca.
“Eu não conhecia a realidade da pessoa adulta cega ou
mesmo com baixa visão. Aqueles meus alunos eram
adolescentes, tinham uma condição socioeconômica
privilegiada e recebiam todo o suporte necessário de
suas famílias. Na ADEVA, conheci as dificuldades que
o adulto com deficiência visual, e também carente de
recursos, enfrenta.”
Extraclasse
Sobre a ADEVA
Depois de completados os cursos superiores, “dei aula
de matemática em uma escola particular e, até dois
anos atrás, era professora de Física na rede estadual
de ensino”.
Helena é também técnica em ioga, escreve roteiros, produz
e dirige peças teatrais. E, nas horas vagas, “adoro cuidar
da minha composteira, do meu minhocário”. Preocupada
com as questões ambientais, ela produz húmus (adubo)
com restos de verduras, legumes e frutas. “Assim, evito o
desperdício e, lá em casa, o lixo diminuiu de 30 kg para
menos de 3 kg por coleta. Na terra enriquecida com o
húmus, planto salsinha, cebolinha, hortelã, gengibre etc.”
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Na ADEVA
“É gratificante fazer parte do trabalho que a ADEVA
realiza, ainda que a minha contribuição seja pequena. A
ADEVA desenvolve habilidades, dá autonomia, recupera
a autoestima e proporciona uma melhoria nas condições
de vida das pessoas com deficiência visual, e tudo gratuitamente. O exemplo de superação da própria entidade
me ensina a valorizar a vida, o conhecimento e, principalmente, a ser humilde.”
ADEVA
Parceiros
Um projeto para fortalecer a
cidadania por meio da leitura
“Em certo dia do ano de 2013, ajudei um aluno da ADEVA na travessia
de uma rua. Conversa vai, conversa vem, fiquei sabendo um pouco
sobre a entidade e o que ela oferece às pessoas com deficiência visual.
Pedi o número do telefone do centro de treinamento da ADEVA e
entrei em contato.”
Foi este o primeiro passo que Francisco Cyrillo deu para oferecer à
entidade seu projeto Cidadania no Ar.
“Logo na primeira reunião para apresentar o Cidadania aos diretores
da ADEVA, fui muito bem recebido por todos e percebi uma identidade
grande de propósitos entre nós, de ideais convergentes a respeito de
cidadania. A partir de então, formalizamos uma parceria.”
Cidadania no Ar na ADEVA
O trabalho conjunto do projeto Cidadania e a ADEVA teve início dia 29
de outubro de 2013, quando Francisco montou uma biblioteca circulante
no centro de treinamento da entidade, “com o objetivo de fortalecer
a cidadania por meio do estímulo à leitura também nesta parcela da
sociedade.”
Jogo rápido com
Helena Kawata
Signo: Virgem. | Cor: Pode ser todas? Cor
é vida! | Hobby: Não desperdiçar, cuidar do
meu minhocário. | Um filme: “Um sonho
de liberdade”, com Tim Robbins e Morgan
Freeman. | Um livro: “O alquimista”, de
Paulo Coelho. | Um estilo de música (japonesa): Enka. São músicas que falam de
amor à terra natal, aos amigos ou de amor.
| Uma música: Uma música enka que fala
sobre a juventude, amizade e esperança.
Tem um trecho assim: “se um dia eu desanimar, se eu me afastar dos meus princípios,
como amigo, diga para eu ter a coragem
de prosseguir”. | Cantora preferida: Maria
Bethânia. | Cantor: Tim Maia. | Sobre a deficiência: Superação. | Religião: Amparo
necessário para momentos difíceis. | Deus:
Vive dentro de mim e eu vivo dentro dele. |
Amigos: Poucos, mas profundos. | Amor:
Faz bem para alma. | Esporte preferido:
Não tenho. | Time do coração: Também não
tenho. | Família: O que está ficando cada
vez mais distante. | Um sonho: Ter autodomínio para dormir e acordar. | O que fazer
para viver melhor?: Separar o que é importante e o que não é. | Uma frase: “Viver é
saber preencher o espaço entre o nascimento e a morte.”
“Hoje, seu acervo tem obras impressas em tinta, outras em braille e
vários audiolivros, disponibilizados gratuitamente para os alunos e
também para os colaboradores. Além disso, mensalmente, sorteamos
livros e audiolivros entre os mais de mil leitores cadastrados.”
O projeto
Cidadania no Ar incentiva a leitura por meio da biblioteca circulante
Carolina Angrisani (BCCA), constituída de livros doados por editoras
que apoiam o projeto.
“O projeto teve início no ano de 2000, em um programa de rádio na
favela de Heliópolis”, conta Francisco. “Seu objetivo foi e continua sendo
contribuir para o desenvolvimento da cidadania por meio da leitura
e da cooperação entre as pessoas. Acredito que a informação é uma
importante ferramenta para a construção e fortalecimento de uma
sociedade justa, e a leitura é o principal canal para a sua obtenção.”
A biblioteca circulante Carolina Angrisani tem 3.700 títulos disponíveis
para empréstimo gratuito às noventa e sete bibliotecas afiliadas e aos
setenta e nove ‘circulinos’, nome dado às pessoas que se responsabilizam por um pequeno conjunto de livros para empréstimo a amigos
e parentes.
Pedidos particulares também podem
ser feitos através do site do projeto
http://cidadanianoar.com.br/ mediante
preenchimento de um cadastro. Depois,
é só retirar o livro na Rádio Trianon, av.
Paulista, 900, 1º andar, às quintas-feiras
das 14h às 16h, mediante a apresentação
do RG e de um comprovante de residência.
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MERCADO DE TRABALHO
Profissão: guarda civil metropolitano
Por Lúcia Nascimento | [email protected]
Alex Nascimento tem baixa visão
e é guarda civil metropolitano
Ele foi o primeiro colocado na classificação cotista do concurso da GCM
“Com meus 50% de visão, dou meus 100% no trabalho”,
garante Alex Nascimento Lima (33), primeira pessoa
com deficiência visual a ingressar na Guarda Civil
Metropolitana (GCM) da cidade de São Paulo.
Há dois anos na função, o GCM Lima, como é conhecido,
trabalha no Núcleo de Apoio Operacional da Secretaria
Municipal da Segurança Urbana (SMSU), departamento
que cuida da escolta do secretário, motoristas e do efetivo
da sentinela.
Sua história
Alex tem deficiência visual monocular provocada por
uma gota de fluido de freio que caiu no seu olho direito.
Quando isso aconteceu, “eu trabalhava como auxiliar e
técnico em enfermagem e minha vida profissional estava
num crescendo. Não dei muita atenção ao acidente e o
problema foi se agravando. Fiquei com três cicatrizes
na íris e com uma deficiência visual irreversível”.
Como sempre desejou seguir a carreira militar, Alex
prestou concurso para sargento das Forças Armadas
e para a Polícia Militar. “Neste último, passei na prova
e no exame físico, mas fui barrado no exame médico
por causa da deficiência.” Isto não o impediu de prestar
outros concursos e, “no processo seletivo da GCM, que
classificou 20 mil candidatos, consegui êxito em todas
as etapas. Por fim, fiquei em 54º lugar entre os dois mil
selecionados e em 1º lugar entre os vinte e sete com
deficiência visual (cotistas)”.
Guarda Civil Metropolitana
Alex não poupa elogios à GCM que, “em nenhum
momento, me impediu de prestar o concurso por causa
da minha deficiência visual”. Sua capacidade técnica foi
8
avaliada e, constatado que a baixa visão não o impedia
de realizar serviços da Guarda Civil, “fui considerado
apto a prosseguir no processo de seleção. Durante o
curso de formação de seis meses, competi de igual
para igual. Tinha 48 guardas no meu pelotão e eu me
classifiquei em 14º lugar. Na aula de tiro, fiquei entre
os dez melhores”.
Dupla atuação
Desde 2008, Alex também atua como técnico de
enfermagem em atendimento particular a um paciente
acamado e 100% dependente de seus cuidados. “Também
neste trabalho, a baixa visão não atrapalha meu
desempenho. Apenas, para executar certos procedimentos de cuidados paliativos, fiz algumas adaptações.”
Desde 2014, ele é agente da Guarda Civil Municipal.
“Sinto-me realizado na profissão. Resolver problemas
de crimes contra crianças e mulheres é um dos meus
desejos. Se eu puder entrar na Polícia Civil, pretendo
atuar na Delegacia da Mulher. E não é a minha deficiência
que define se sou um bom ou um mau policial, se vou
morrer ou não em serviço. Muitos profissionais que
morreram no cumprimento da função, como guardas
ou policiais, tinham visão normal. Mas eu prezo minha
vida. Tenho esposa e dois filhos que amo demais.”
Para o deficiente que quiser seguir a carreira policial,
Alex recomenda muito estudo, persistência e a leitura
do Diário Oficial do Município, onde são publicados
os editais de concursos públicos. “Creio que a Guarda
Civil vai acreditar em você, porque foi a única que deu
crédito a mim e aos outros candidatos cotistas que
participaram do concurso. Não desista no primeiro não.
A deficiência não é uma pedra no caminho.”
Um direito de todos
Por Sidney Tobias de Souza | [email protected]
Halterofilismo é modalidade
olímpica e paralímpica
Um esporte que exige força, técnica, precisão e equilíbrio
Na Antiguidade, chineses, egípcios e gregos praticavam
testes de força humana de diferentes formas. Na contemporaneidade, o halterofilismo é o esporte similar.
O objetivo do halterofilismo é levantar, do chão até
sobre a cabeça, a maior quantidade de peso possível
fixado nos dois lados de uma barra. O termo é usado
também para outras atividades que envolvem o uso de
halteres, como o fisiculturismo e a musculação.
Em grandes competições desportivas, onde é disputado
por homens e mulheres, denomina-se levantamento de
peso olímpico (LPO). Tem como objetivo desenvolver
a potência (força rápida, explosiva) e exige técnica,
coordenação, flexibilidade e equilíbrio.
Uma modalidade, duas provas
O levantamento de peso olímpico é disputado em duas
provas: arranco e arremesso.
No arranco, a primeira prova, o halterofilista deve
levantar a barra do solo até acima da cabeça em um
movimento sem pausa e sem apoiá-la no corpo. A barra,
colocada horizontalmente em frente das pernas do
levantador, é segura com as palmas das mãos para
baixo e puxada em um movimento único da plataforma
e erguida até a extensão completa de ambos os braços
acima da cabeça, enquanto que o levantador flexiona
as pernas. Ele deve, então, reerguer-se, estabilizar-se
durante dois segundos e esperar o sinal de “abaixar”
dos árbitros.
A prova de arremesso é executada em duas partes. Na
primeira, a barra é colocada horizontalmente em frente
das pernas do atleta, segura com as palmas das mãos
para baixo e levantada até a altura dos ombros, por
cima do peito, enquanto que o levantador flexiona as
pernas. A seguir, ele reergue-se e alinha-se. Na segunda
parte da prova, usando a força conjunta de braços e
pernas, a barra é levantada acima da cabeça, enquanto
o atleta faz um movimento em forma de tesoura com
as pernas. A seguir, ele deve realinhar as pernas, com
braços estendidos, estabilizar-se durante dois segundos
e esperar o sinal de “abaixar”. CP DC Press / Shutterstock.com
ESPORTE
O sinal de “abaixar” é dado logo que há imobilidade
em todas as partes do corpo do competidor.
Em cada uma das provas, os atletas dispõem de três
tentativas para levantar a maior carga possível. A soma
dos maiores pesos levantados, em cada uma das duas
provas, determina o total combinado ou total olímpico.
Quem levantar mais peso, ganha.
Espaço e condições
A competição é realizada em uma plataforma (tablado)
quadrada, com 4 m de lado, de material sólido e não
escorregadio.
O haltere é uma barra com discos e colares de metal.
O peso do haltere é sempre um múltiplo de 1kg e não
pode diminuir em caso de tentativa falha. Após qualquer
tentativa bem-sucedida para o mesmo atleta, acrescenta-se um mínimo de 1kg em sua carga.
Os atletas competem em classes de peso, de acordo
com a sua massa corporal.
Os competidores usam calçados esportivos para proteger
os pés, dar estabilidade e firmeza sobre a plataforma.
Podem usar um cinto para evitar lesões na região lombar
e muitos usam carbonato de magnésio nas mãos para
que o haltere não escorregue.
Três árbitros posicionados nas laterais e na frente da
plataforma julgam se os levantamentos foram válidos
ou não, acionando luz branca para levantamento válido
e luz vermelha para levantamento nulo.
As medalhas são dadas para os melhores resultados no
arranco, no arremesso e no total. Nos Jogos Olímpicos,
a premiação é apenas para o resultado total.
A fim de melhorar o desempenho atlético, os halterofilistas fazem treinamento de força, conhecido
popularmente como musculação.
Mesmo que você não se torne um halterofilista, que
tal ir para uma academia fazer musculação? Praticada
com acompanhamento especializado, faz bem para
qualquer pessoa.
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TECNOLOGIA
Convivaware
Por Laercio Sant’Anna | [email protected]
É tempo de mudança no
mundo dos smartphones
Whatsapp e Face serão incompatíveis com cinco plataformas em dezembro
Assim que a minha vizinha chegou de uma excursão, organizada por um grupo de terceira
idade, disse para a neta: “Você ajuda a vovó a comprar um celular desses que dá para a gente
usar o Whatsapp? Todas as minhas amigas têm! Eu já estou ficando atrasada! Este celular aqui
é muito fraquinho... já não dá mais para nada...”
Qual não foi minha surpresa quando, duas semanas depois, a menina me contou que a avó lhe
enviara uma mensagem pelo Whatsapp com a foto de uma receita médica, pedindo socorro para
decifrar o nome do medicamento.
Realmente, não há dúvida que este aplicativo tem sido um grande incentivador da chegada de
novos usuários ao mundo da comunicação por meio dos smartphones. Contudo, ainda encontramos
gente mais conservadora, para quem a tela tátil é um bicho de sete cabeças. E que se perguntam:
se consigo fazer tudo o que preciso com meu velho aparelho de teclado, por que trocar?
O grande problema é que, quando novas funcionalidades vão sendo incorporadas aos softwares,
estes deixam de ser compatíveis com os sistemas operacionais e aparelhos mais antigos. Por
vezes, os desenvolvedores tentam manter a compatibilidade. Mas como isto acaba trazendo algum
prejuízo aos novos modelos, uma vez que o código de programação fica carregado, em algum
momento, o fabricante abandona a disponibilidade de seu aplicativo para determinadas
versões de smartphone ou de sistemas operacionais. E como ficam os usuários?
Não ficam... São forçados a se atualizar, ou deixam de usar o produto.
Este dilema será experimentado por muitos no final deste ano.
O Whatsapp anunciou o fim da compatibilidade com cinco
plataformas de celular até dezembro de 2016. Na lista
estão o BlackBerry (incluindo BlackBerry 10), o Nokia
S40, o Nokia Symbian S60, o Windows Phone 7.1 e as
versões antigas do Android (2.1 e 2.2). Esta decisão
estratégica pretende priorizar “as plataformas
de celular que a maioria das pessoas usa”.
Também o aplicativo de mensagens instantâneas do Facebook já não estará disponível
nesses sistemas a partir de dezembro.
Acredito que, depois que nos
acostumamos às facilidades trazidas
por um determinado produto, é difícil
simplesmente abandoná-lo. Mas como
só é possível se encher de novas
ideias se nos esvaziarmos dos velhos
conceitos, sugiro aos que ainda têm
um apego ao seu companheiro de
tantas tecladas, que comece a se
organizar para dar oportunidade
a novas possibilidades de interação.
Assim como um dia se encantaram
com o celular, hoje, ultrapassado, tenho
certeza que também se entusiasmarão
com tudo que os novos smartphones,
versões de sistemas operacionais e
aplicativos modernos têm para oferecer.
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TECNOLOGIA
Na Rede
WhosCall
MovieReading
Clean Whatsapp
App identificador de números
desconhecidos,
inclusive
de
telemarketing, por meio de um
banco mundial de mais de 7.000
dados. Pode-se bloquear o número
ou adicioná-lo. Para Android, IOS e
Windows Phone. Grátis.
Este app oferece audiodescrição,
legendas e Libras. Em casa, faz-se
download do filme desejado e se
escolhe entre os três recursos. Na sala
de cinema, basta sincronizar com o
áudio do filme e plugar os fones de
ouvido. Para Android e IOS. Grátis.
Um app para limpar o conteúdo
indesejado do Whatsapp. A limpeza
libera espaço na memória do
dispositivo Android. O usuário pode
visualizar e escolher quais arquivos
deve excluir ou simplesmente apagar
todos de uma só vez. Grátis.
LITERATURA
Distinto olhar
Por Liane Constantino | http://distintolhar.blogspot.com.br
De volta pra casa
Ao atravessar o corredor em direção ao banheiro,
uma imagem fere sua retina. Para com o pé direito
suspenso entre o prosseguir e o voltar. Um quase
nada basta para que se decida. Meio passo de
marcha à ré, um giro de 45 graus à direita e está
frente a frente com Maria Emília.
Diante do espelho de vidro biseauté, reconhece-se. Lábios pálidos, ainda sem o batom vermelho que
passou a usar depois dos 40. Cabelo insone, da cor
e corte sugeridos pelo cabeleireiro. Nariz aquilino,
herança das invasões bárbaras na descendência
dos Almeidas. Leve flacidez da pele ao redor da
boca. Fragilidade no olhar azul, marcado de zelos.
– Mãe, você já lavou minha saia jeans?
– Querida, que horas são?
A voz da filha e do marido a fazem despertar.
Já são sete horas, de um dia que não será como
outro qualquer. “Santo Expedito, me ajude!”, pede
em silêncio ao ungido de sua devoção.
Entra no banheiro e começa a se despir. Outra
vez, um espelho. Cruel e devastador como um
inimigo, sobre a pia, por toda a parede, encimado
por lampadinhas de camarim.
Desabotoa a camisa do pijama. Despida da
cintura para cima, seminua, Maria Emília e seu
corpo se defrontam. Sobre a magra caixa torácica,
os seios, decompostos em mamas, já não são firmes
ou cheios.
Veste-se rapidamente e sai sem que a vejam.
Entra no carro e acelera em direção ao passado.
“Alzheimer. Em pouco tempo, ela nem vai saber
que você é sua filha”, diagnosticara o geriatra.
As palavras do médico lhe deram o conforto
de não precisar mais fingir que a amava. O
dinheiro da aposentadoria era suficiente para
pagar a casa de repouso. Ia vê-la uma vez por
semana e abreviava a visita por causa da família
ou do trabalho.
Mas, naquele dia, a mãe lhe parecera
envelhecida. Tivera o desejo de abraçá-la, como
no tempo em que se é apenas filha. Foi quando
seu olhar a encontrou. “Maria Emília, vamos pra
casa?”
A casa de repouso ainda estava às escuras.
Estacionou o carro e se apressou.
– Que aconteceu, dona Maria Emília? Aqui,
tão cedo!
A porta do quarto estava entreaberta. Ela ainda
dormia. Debruçada e bem baixinho, respondeu:
“Sim, mãe, vamos pra casa”.
11
LITERATURA
Espaço poético
Um dedo de trova
Às vezes, tudo exigimos
que Deus faça a todo custo,
sem pensar que o que pedimos,
tornaria Deus injusto.
Maria Nascimento – RJ
“Tua modista, senhora,
mostrou ter grande talento,
prendendo um chapéu de plumas
numa cabeça de vento...”
Djalma Andrade
A vida seria um doce
e o mundo, um jardim em flor,
se meu coração não fosse
assim, carente de amor...
Lothar Bazanella-SP
As Gaivotas
São mil gaivotas!... Mais de mil!... Sem conta...
que, em retirada, vão sobrevoando
a praia mãe, seus coqueirais, mar brando...
assim que o Astro-Rei no céu desponta.
Em alto mar, descrentes do seu bando,
seguem as rotas que o instinto aponta:
uma se lança ao mar, exausta e tonta,
outra sustenta o voo, segue sonhando...
Por fim, esvaem-se os sonhos cotidianos
e a derradeira ave é abatida
longe da praia de dourados pomos...
Deixando a infância, com milhões de enganos,
como as gaivotas vamos pela vida
e, às vezes, sem saber qual delas somos...
Lothar Bazanella
Para seu lazer
Foto: Leon Rodrigues/SECOM
MAIS!
Por Lothar Bazanella
Teatro
Viagem
Parque
O musical “Terra de Cavalos”,
escrito por Markiano Charan Filho
e encenado pelo coral e pelo grupo
cênico da ADEVA, sob a direção de
Júlio Battesti e Fabiana Resende, se
apresenta no Tucarena, Teatro da
Universidade Católica de São Paulo,
dia 14 de setembro, às 20h. Rua
Bartira, esquina com r. Monte
Alegre, 1.024, Perdizes, São Paulo
(SP). Entrada franca.
Para comemorar a chegada da
primavera, a ADEVA programou
um final de semana no litoral
de Caraguatatuba. As adesões
para participar desta excursão
podem ser feitas até a segunda
quinzena de setembro pelos tels.:
11 5084-6693 e 6695. Dias 7, 8 e 9
de outubro, Colônia de Férias dos
Eletricitários, Caraguatatuba (SP),
www.eletricitarios.org.br
O Parque Chácara do Jockey, com 143
mil m2 de área verde e edificações,
é o novo polo cultural e de criação
de São Paulo. Com conexão de
internet gratuita pelo programa
WiFi Livre SP, em breve, terá oficinas,
exposições e laboratório de experimentação e inovação audiovisual.
Av. Pirajussara, 4.301, Butantã.
Aberto diariamente das 6h às 18h.
Entrada franca.
ADEVA - Associação de Deficientes Visuais e Amigos
Correspondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 São Paulo (SP) - e-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br
Nossos Parceiros
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