Mein Portugal

Transcrição

Mein Portugal
_
M
eu Portugal …
Jardi mda Europa à beira- mar plantado
delouros e de acácias olorosas …
M
ein Portugal …
Garten Europas, amSaumdes Ozeans angelegt
m
it Lorbeer und Akazien voller Duft …
To más Ribeiro
Cantigas de portugueses
São como barcos no mar −
Vão de uma al ma para outra
Comriscos de naufragar.
Die Lieder der Portugiesen
sind w
ie Schiffe auf See.
Sie ziehn von Seele zu Seele
und könnenleicht untergehn.
Fernando Pessoa
Dieser « V
ierzeiler i mV
olkston» spricht von der Poesie.
Die ist das kostbarste Ele ment in diese mzweisprachigen Taschenbuch. Die M
ehrzahl seiner Texte sind handfester undin Prosa: alte und neue kleine Geschichten,
Scherze, literarische M
iniaturen, Sprichwörter −alles
auch kostbar!
Das Buch bietet deutschen Lesern, die eine Sympathie
für Portugal haben undetwa gar Portugiesischlernen,
auf respektable m Niveaueine ansprechende, unterhaltsame und bildende Lektüre.
Pri meiras Leituras
Erste portugiesische Lesestücke
Herausgegeben und übersetzt von
M
aria de Fáti ma M
esquita-Sternal und M
ichael Sternal
M
it Zeichnungen von Susanne M
ehl
Deutscher Taschenbuch V
erlag
_ zweisprachig
Ausführliche Informationen über
unsere Autoren und Bücher
finden Sie auf unserer Website
www.dtv.de
Originalausgabe, Neuübersetzung 2002
9. Auflage 2015
Deutscher Taschenbuch Verlag GmbH & Co. KG, München
zweisprachig@dtv. de
Copyright-Nachweise Seite 117 ff.
Umschlagkonzept : Balk & Brumshagen
Umschlagbild : Azulejos Fassade, ‹Avenida Infante Santo,
Lissabon› (20. Jh.) mit freundlicher Genehmigung
des portugiesischen Touristikamtes Frankfurt a.M.
Satz : KOMDATA, Nobber
Druck und Bindearbeit : Kösel, Krugzell
Gedruckt auf säurefreiem, chlorfrei gebleichtem Papier
Printed in Germany · ISBN 978-3-423-09412-2
Orelógio
− Onde arranjaste esse relógio?
− Ganhei-o numa corrida.
− Contra que m?
− Contra o dono e dois polícias …
Die Uhr
« W
o hast du diese Uhr gefunden? »
« Die habich bei eine m W
ettlauf gewonnen. »
« Gegen wen? »
« Gegen den Besitzer undzwei Polizisten …»
5
Se …
− Se eutivesse umcarro
havia de conhecer
toda aterra.
Se eutivesse umbarco
havia de conhecer
todo o mar.
Se eutivesse umavião
havia de conhecer
todo o céu.
−Tens duas pernas
e ainda não conheces
a gente datua rua.
Luísa Ducla Soares
Otelefone e a escrita
T
rri m! T
rri m! T
rri m!
Écom
igo …
Não pára de tocar.
Está- me a chamar,
otelefone am
igo.
Está? …Estálá? Estou, si m!
É otioJoaqui m?
Como está atia Anita?
E a pri ma Rita?
6
W
enn …
« W
ennichein Auto hätte,
würde ich die ganze Erde
kennenlernen.
W
ennichein Schiff hätte,
würde ich das ganze M
eer
kennenlernen.
W
ennichein Flugzeug hätte,
würde ich den ganzen H
i mmel
kennenlernen. »
« Du hast zwei Beine
und kennst noch nicht einmal
die Leute in deiner Straße. »
Das T
elefon und der Zettel
Driiing! Driiing! Driiing!
Das ist für m
ich …
Es hört nicht auf zu klingeln.
Es ruft m
ich,
das Telefon, mein Freund.
Hallo? …Ja hallo? Ja bitte!
Bist du's, Onkel Joaqui m?
W
ie geht's der Tante Anita?
Und der Kusine Rita?
7
A
final, otioJoaqui mtelefonou para comunicar
que os avós chegavamnessatarde e queriam
avisar da hora da sua chegada.
Que tal ote mpo, aí?
Chove muito? … Não, não!
Aqui parece verão.
O
lhe, dêlá
umabraço à Rita!
Estou, si m
,
tioJoaqui m
.
Beijos da m
inhair mã!
Adeus …até amanhã!
Desligou. Efiquei a pensar:
− Como hei-de fazer para a mamã saber da chegada dos avós? Já sei, escrevo umbilhete!
M
ãezinha, os avós chegamhoje
no comboio das 6 horas datarde.
A mãe, quandoleu o bilhete, disse de si para si:
− Be mresolvido, si msenhor.
Ana M
aria Lamego
Quadra popular
Acasinha onde eu moro
está no meio de umjardi m
.
Pelajanela do meu quarto
entra o cheiro do alecri m
.
8
Eigentlich hat Onkel Joaqui mangerufen, um m
itzuteilen, dass die Großelternan diese mAbendankämen und
die Ankunftszeit sagen wollten.
W
ie ist das W
etter bei euch?
Regnet es sehr? … Nein, nein!
H
ier ist es w
ie i mSommer.
Undsagauch Rita
herzliche Grüße!
Ja bitte,
Onkel Joaqui m
.
Küsschen von meiner Schwester!
Auf W
iedersehn …bis morgen!
Er hat aufgelegt. Undich dachte nach:
W
ie machiches, dass Mutti die Ankunft der Großeltern
erfährt? Ich weiß: ichschreib's auf einen Zettel!
M
ama, die Großeltern kommen
heute abend m
it de mSechs- Uhr-Zug.
A
ls die Mutter den Zettel las, sagte sie zusichselber:
Gut ge macht, w
irklich.
V
ierzeiler
Das kleine Haus, in de mich wohne,
steht m
ittenineine mGarten.
Durch das Fenster meines Zi mmers
ström
t der Duft von Ros marin.
9
O Galo de Barcelos
Há muitos anos, umperegrino galego, a cam
inho de Santiago de Compostela, passou por
Barcelos, uma cidade na região portuguesa do
M
inho. Os habitantes andavamalar mados com
umcri me quelá acontecera e, como não havia
maneira de apurar que mfora o cri m
inoso, acusaramo peregrino estrangeiro quelogo depois
foi preso e condenado à forca.
Ogalego proclamoua suainocência, mas ningué mlhe deu ouvidos. Muito aflito, i mplorou
a protecção de Sant'Iago; depois pediu que fosse
levado à presença dojuiz. Levaram
-no a casa
dele. Sentiramo cheiro do galo que estava a ser
assado para o al moço dojuiz.
Operegrino declarou:
− Senhorjuiz, tão certo é estar euinocente,
como esse galolevantar-se datravessa e cantar
quando me enforcare m!
Desataram
-se todos a rir elevaramo condenado.
Pouco depois, quando oj uiz ia começar a almoçar, aconteceualgo de muito estranho: o galo
levantou-se datravessa e cantou mes mo!
Ojuiz correui mediatamente para olugar do
enforcamento, podendotambé maí verificar
o efeito do m
ilagre: a corda, já à volta do pescoço, soltara-se, para grande espanto de todos
os presentes.
Ojuiz reconheceuainocência do home me
mandou-o e mpaz.
Anos mais tarde, o peregrino galego voltou
a Barcelos e mandouerguer um monumento,
10
Der Hahn von Barcelos
V
or vielenJahren kamein galicischer Pilger auf de m
W
eg nach Santiago de Compostela durch die Stadt Barcelos in der portugiesischen Provinz M
inho. Die Bewohner warenseit einiger Zeit aufgeschreckt durchein V
erbrechen, das dort geschehen war, und da man den Täter
ganz und gar nicht finden konnte, beschuldigte man den
fre mden Pilger. Der wurde gleichfestgenommen und
zumTode durch den Strang verurteilt.
Der Galicier beteuerte seine Unschuld, aber nie mand
schenkte ihmGehör. Inseiner großen Bedrängnis erflehte er den Schutz des heiligenJakobus; dann bat er,
man möge ihnzumRichter bringen. M
anführte ihnzu
dessen Haus. Dort duftete es nacheine m Hähnchen, das
gerade für das M
ittagessen des Richters gebraten wurde.
Der Pilger sagte:
« Herr Richter, ich bin ganz gew
iss unschuldig, so
wahr dieser Hahnsich von der Bratenplatte erheben und
krähen w
ird, in de mAugenblick, da man m
ich hängt. »
Da brachein großes Gelächter aus, und manführte
den V
erurteiltenab.
Kurz darauf, als der Richter m
it de m M
ittagessen beginnen wollte, geschahetwas ganz Seltsames: Der Hahn
erhob sich von der Bratenplatte und krähte tatsächlich.
Der Richterlief unverzüglichzumGalgenplatz und
konnte auch dort die W
irkung des W
unders feststellen:
Der Strick, der bereits umden Hals gelegt war, hatte
sichlosge macht, zumgroßen Erstaunenaller Anwesenden.
Der Richter erkannte die Unschuld des M
annes und
ließihnin Friedenziehen.
Jahre später kamder galicische Pilger w
ieder nach Barcelos undließ ein Denkmal errichten, « das Steinkreuz
11
o Cruzeiro do Senhor do Galo, e m me mória
do m
ilagre e como sinal de gratidão para com
Sant'Iago, seusanto protector.
Hoje, o Galo de Barcelos, feito de barro colorido, é vendido por toda a parte, sobretudo nas
feiras do M
inho, sendo conhecido até mes mo
no estrangeiro.
Adivinha
Soufrio,
també msou quente;
soufraco,
també msouforte;
nunca posso estar parado,
vejamlá a m
inha sorte!
(o vento)
12
vom Herrn des Hahns », in Erinnerung an das W
under
und als Zeichen der Dankbarkeit gegenüber de mheiligen
Jakobus, seine mSchutzheiligen.
Heute w
ird der Hahn von Barcelos, aus bunt be malte mgebrannten Ton, überall verkauft, ganz besonders
auf den M
ärkten des M
inho; sogar i mAuslandist er bekannt.
Rätsel
Ich bin kalt,
ichbinauch war m
;
ichbinschwach,
ichbinauchstark;
nie kannichstehen bleiben,
das ist nun mal mein Los.
(der W
ind)
13
Cantiga
(a este mote alheio)
V
erdes são os campos
de côr doli mão:
assi são os olhos
do meucoração.
(voltas)
Campo, que te estendes
comverdura bela;
ovelhas, que nela
vosso pastotendes;
d'ervas vos mantendes
que traz o V
erão,
e eu das le mbranças
do meucoração.
Gado, que pasceis,
co contentamento,
vosso manti mento
não no entendeis:
isso que comeis
não são ervas, não:
são graças dos olhos
do meucoração.
Luís de Camões
Provérbio
Que mconta umconto acrescenta umponto.
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Lied
(zu diese mfre mden Kehrrei m)
Grünsind die Auen,
von der Farbe der Li monen.
So sind auch die Augen
meiner A
llerliebsten.
(Strophen)
Aue, die duausgebreitet liegst
inschöne m W
iesengrün;
Schafe, die ihr darin
eure W
eide habt;
ihr nährt euch von Kräutern,
die der Sommer bringt,
ich m
ich von den Gedanken
an meine A
llerliebste.
Ihr Herden, die ihr weidet
in Zufriedenheit:
W
om
it ihr euchernährt,
begreift ihr nicht;
was ihr da verzehrt,
sind keine Kräuter, nein.
Es ist der Zauber in den Augen
meiner A
llerliebsten.
Sprichwort
Jeder, der eine Geschichte erzählt, fügt etwas hinzu.
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Acriança e a estrela do mar
Numa bela manhã de sol uma criança foi dar um
passeio pela praia como seuavô. Na noite anterior tinha havido forte te mporal no mar e a praia
estava pejada de estrelas do mar. Acriança, à medida que cam
inhava, ia-se baixando, pegava numa
estrela e devolvia-a ao mar. Játinha repetido o
gesto diversas vezes quando o seuavôlhe disse:
− Oteu gesto é bonito, mas não vale a pena!
M
es mo que estivesses aqui todo o dia não conseguirias salvar a maior parte destas estrelas do
mar.
Acriança parou por alguns momentos. Depois
retomou o seu gesto e, atirando mais uma estrela
para as ondas, respondeu:
− Pelo menos para esta, valeua pena!
Isaltino Afonso de M
orais
Provérbio
Ote mpotudo cura, menos velhice eloucura.
16
Das K
ind und der Seestern
Aneine mschönensonnigen Morgen machte ein Kind
m
it seine mGroßvater einen SpaziergangamStrand.
In der Nacht davor war einstarker Stur mauf de m M
eer
gewesen, und der Strand war übersät m
it Seesternen.
Das Kind bückte sich bei mGeheni mmer w
ieder, hob
einen Seesternauf und warfihnins M
eer zurück. Das
tat es ineine mfort, bis sein Großvater zuihmsagte:
« W
as du datust, istja schön, aber es lohnt die Mühe
nicht! Selbst wenn du den ganzen Tag hier wärst,
könntest du die aller meisten dieser Seesterne nicht
retten. »
Das Kind hielt einen Augenblickinne. Dann machte
es weiter, warf den nächsten Seesternin die W
ellen
und antwortete:
« W
enigstens für den hat es sich gelohnt! »
Sprichwort
Die Zeit heilt alles außer A
lter und Torheit.
17
O menino no arame
Passei de táxi e não acreditei no que os meus
olhos viam
. Por isso pedi ao motorista que desse a volta e descesse de novo a rua, mas devagar.
Assi mfez. Deua volta, desceu muitolentamente, e eu pude olhar para o gradeamento dojardi m
suspenso outalvez fosse umsi mples pátio ou
uma praça coma altura de umsegundo andar.
Uma praça, pátio oujardi mquase vertiginoso.
Ogradeamento pintado de verde tinha umvulgar corri mão de ferro. Esobre o corri mão, quando muito da espessura de dois dedos −são assi m
todos, porque não o seria aquele? −cam
inhava
um menino. Era um menino muito pequeno,
seis, sete anos talvez. Um menino no arame, de
grandes botifarras para durar, uma adiante da
18
DerJunge auf der Schwebelatte
Ichfuhr m
it de mTaxi und konnte nicht glauben, was ich
sah. Darumbat ich den Fahrer zu wenden und die Straße
nocheinmal entlangzufahren, aberlangsam
. Das tat
er. Er wendete, fuhr ganzlangsam
, undich konnte auf
das Gitter eines hoch oben gelegenen Gartens sehen.
V
ielleicht war es aucheineinfacher Innenhof oder ein
Platz, zwei Stockwerke über der Straße. Ein Platz, Innenhof oder Garteninfast schw
indelerregender Höhe.
Auf de mgrün gestrichenen Gitterlag obeneine einfache Schiene aus Eisen. Auf dieser Schiene, kaumbreiter als zwei Finger −so sind die alle, warumsollte diese
anders sein? −spazierte einJunge. Es war ein kleiner
Junge, sechs, vielleicht siebenJahre alt. EinJunge auf
der Schwebelatte, m
it klobigen Stiefeln, die was aushielten, einer vor de mandern, und m
it einer Stange in
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outra, e comuma vara na mão, como decerto
vira fazer no circo. Se caísse para olado direito
podia partir uma perna, para o esquerdo, morria
decerto. Pedi ao motorista que parasse e fiquei a
olhar perdidamente. « Se dissésse mos qualquer
coisa? » sugeri. M
as o home macenou negativamente. O m
iúdo podia assustar-se e então é que
caía mes mo, disse. M
as que não estivesse preocupada. «Istotê msete fôlegos como os gatos».
« É que é muito pequeno».
«V
erá que não cai ».
Ele a dizer aquilo e a criança a cair. Para olado
de dentro, que alívio!
« Pronto, vamos e mbora». Não fomos, poré m
,
tão depressa que não vísse mos a mulher aparecerlá do fundo, fazendo umgrande alarido. Esbracejava e gritava a plenos pul mões, mais furiosa do que aflita:
« Todos os dias é isto, nunca vi uma criança
cair tantas vezes! Nãote tens nas pernas ou
quê? Amanhã ficas de castigo e mcasa, já sabes!
Todo o dia e mcasa, estás a ouvir? Vá, gira! »
O menino girou, fresco como uma alface su
ja
de terra. «Istotê msete fôlegos como os gatos. »
A
inda be m
, pensei. De castigo e mcasa. Todo o
dialonge do arame. 6pti mo. Todos os dias, se
possível. Pois claro. Assi mé que é.
M
ariaJudite de Carvalho
Provérbio
Patrão fora, dia santo naloja.
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