Herói Clássico 17 Tarzan ploter 4_Criador 12 John
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Herói Clássico 17 Tarzan ploter 4_Criador 12 John
Herói clássico Lenda 70 da selva Mundo dos SUPER-HERÓIS 17 Geração após geração, Tarzan se mantém como um dos personagens mais famosos do mundo Por Ricardo Quartim S ucesso na literatura, nas HQs e no cinema, Tarzan fez sua estreia em 1912 no romance Tarzan of the Apes (Tarzan dos Macacos), de Edgard Rice Burroughs. O sucesso foi imediato e a história deu origem a outros 23 livros com o personagem, lançados com intervalo médio de um ano. Essas obras foram publicadas 30 línguas diferentes e, no Brasil, onde foram lançados apenas 18 livros, a tradução ficou a cargo de escritores ilustres como Monteiro Lobato e Manuel Bandeira. A trama do romance original começa em 1888. John Clayton – o Lorde Greystoke – e sua esposa Alice estavam a bordo de um navio que sofre um motim. Os dois são abandonados numa região selvagem da África onde Alice, que estava Rex Maxon foi um grávida, dá à luz John Clayton II. dos primeiros ar tistas a desenh ar as páginas do Um ano após o nascimento da minicais de Tarza n criança, a jovem adoece e morre. nascido. Lá, encontra os esqueletos Para piorar, a cabana onde viviam de seus pais, do filhote de Kala e descobrir que não é um macaco, o Lorde de Greystoke e seu filho é descobre um novo mundo graças aos Tarzan encontra outros humanos, invadida por um grupo de macacos livros e fotos que encontra. Com o porém de pele escura: os membros e o pai é morto por Kerchack, o passar do tempo, aprende até a ler e a de uma tribo das redondezas. Logo sanguinário líder dos símios. escrever associando imagens e letras. percebe que, assim como as figuras A macaca Kala, que havia acabado Na cabana, o herói também encontra da cabana, eles não andam nus. É de perder seu filhote ao deixá-lo cair uma faca e percebe numa luta com um daí que passa a usar sua famosa de uma árvore, decide adotar o bebê gorila que, na habilidade de manipular tanga de leopardo – na trama, ela foi humano e abandona o corpo de seu objetos, reside sua superioridade sobre roubada do nativo que matou Kala macaquinho no berço. Criada pelos as feras. E é graças a essa habilidade com uma flecha envenenada. macacos mangani, a criança cresce que, mais tarde, Tarzan vence Kerchack Quando se torna adulto, Tarzan acreditando ser um deles, mas sofre e se torna o Rei salva um grupo de americanos deixados por ser fisicamente diferente. O herói dos Macacos. na costa por marinheiros amotinados. só começa a descobrir sua verdadeira Após Entre eles está Jane Porter, por origem ao desobedecer à ordem dos quem o herói se apaixona, e macacos de não se aproximar de uma área proibida: a cabana onde havia Ilustração PB criada por Frank Frazetta ao lado de livro com tiras de Hal Foster. Na página anterior, desenho de Joe Jusko 71 Herói clássico e sanguinário caráter violento um m co n rza Ta a pois retratou em rápida na tir de Burroughs, as tiras rdy teve passag Ca ck Ni ta tis ar O Willian Clayton, primo de Tarzan e herdeiro do título de Greystoke. Um detalhe interessante: Willian e Jane estavam noivos. Após um breve romance e posterior desencontro com o herói, Jane volta à civilização com seu noivo, deixando o homem macaco para trás. Tarzan só deixa a floresta mais tarde, levado pelo Tenente D’arnot, um francês que o herói das selvas salvou de canibais. D’arnot ensina o homem macaco a falar francês e inglês e os modos da civilização. No final da obra, Tarzan renuncia a seu amor e título e retorna para a África, por achar que seu primo poderia dar a Jane uma vida melhor. Foi só no romance seguinte – O Retorno de Tarzan – que o herói passou a viver com Jane. Embora muitos acreditem que Tarzan foi inspirado no personagem Mogli, do Livro da Selva – escrito por Rudyard Kipling em 1894 – Burroughs diz que se baseou na lenda romana de Rômulo e Remo, dois irmãos gêmeos criados por lobos. E acrescenta que, se algum autor o influenciou, foi Henry Morton Stanley, um jornalista que se tornou famoso por viagens pela África. TARZAN NOS JORNAIS O herói da selva estreou em tiras de jornal em 7 de janeiro de 1929 no Metropolitan Newspaper Syndicate. O trabalho foi desenhado por Hal Foster – que posteriormente tornou-se famoso por suas HQs do Príncipe Valente – e fez tanto sucesso que logo passou a ser publicada em diversos jornais. Com texto original rne Desenho de Bu o içã rfe pe rt: ga Ho na anatomia e ca influência barro 72 Mundo dos SUPER-HERÓIS 17 não apresentavam balões e tinham ilustrações bem limpas. Burroughs era severo e criterioso, exigindo que os personagens fossem fiéis a sua obra. Por isso, as tiras em nada se distanciavam dos romances. Após três meses e 60 tiras, Foster deixou o trabalho em Tarzan e foi substituído por Rex Maxon. O problema é que Burroughs não gostou nada dos desenhos de Maxon. Quem o substituiu de imediato foi Burne Hogarth em seu primeiro trabalho com o herói, por um período de seis meses. As tiras foram então passadas ao jovem desenhista Nick Kardy que também durou pouco na função, pois retratou um Tarzan meio sanguinário apesar do artista usar o ator Johnny Weissmuller como referência. Resultado: em 1931 Burroughs convenceu Foster a voltar e, além de uma ótima oferta financeira, deram-lhe controle sobre possíveis mudanças no roteiro. Em 1937, Foster decidiu se dedicar apenas ao Príncipe Valente e passou a pena a Burne Hogart, que retornou ao personagem. Por imposição dos editores, no começo Hogart se viu obrigado a seguir o estilo de seu antecessor. Mas logo foi além do traço acadêmico de Foster ao misturar estética barroca e cores expressionistas. Ficou conhecido como o Michelangelo dos quadrinhos e seu belo traço e realismo das figuras são considerados verdadeiras obras de arte. Como tinha amplo conhecimento da anatomia humana, Hogart criava poses até então impensáveis. Chegou até a publicar três livros sobre o assunto, que se tornaram essenciais para os aspirantes a desenhista. Em 1947, dez anos após assumir o personagem, Página criada por Russ Manning em 1969. Seu estilo limpo trouxe novo fôlego para as aventuras do Homem Macaco Hogart afastou-se temporariamente de Tarzan pois estava insatisfeito com algumas condições impostas pelos editores. Nesse período, Ruben Moreyra assumiu os desenhos adotando o pseudônimo de Rubimor. Mas logo Hogart voltou e manteve-se no cargo até 1950. Nos anos seguintes, diversos artistas assumiram as tiras do herói da selva, como Bob Lubbers (1950 a 1954) e John Celardo (1954 a 1967). Uma curiosidade entre esses artistas é a presença do filho de Burroughs, John Coleman Burroughs, um talentoso artista e grande fã das novelas do pai. Em 1968, as tiras diárias e pranchas dominicais ganharam fôlego com a chegada do talentoso Russ Manning, com um estilo limpo e de poucas sombras que fez grande sucesso. Manning trabalhava com a revista em quadrinhos do herói, publicada pela Dell desde 1954 e ao assumir as tiras, mudou a temática das histórias, que se tornaram mais voltadas para a fantasia, com ilhas desconhecidas, civilizações perdidas, dinossauros. Nos anos seguintes, artistas ligados aos quadrinhos assumiram o herói, como Gil Kane, Mike Grell (1979 a 1983) e depois Gray Morrow, até o inicio dos anos 2000, quando as tiras do personagem deixaram de ser produzidas. r Hal Foster rsão de Tarza, po o, a primeira ve lad Ao . hs ug Burro r John Coleman stração criada po À esquerda, ilu 73 Herói clássico A Dell foi quem primeiro lançou um gibi de Tarzan. Abaixo, HQ publicada pela Gold Key Na década de 1970, DC e Marvel lançaram gibis de Tarzan, com desenhos dos mestres Joe Kubert e John Buscema Abaixo e à direita, ilustrações de Joe Kubert 74 Mundo dos SUPER-HERÓIS 17 Tarzan estreou no gibis em 1948, pela Dell Comics e, em 1962, passou a ser publicado em parceria com a Gold Key. Ao contrário das tiras de jornal, os quadrinhos – e o cinema também – não respeitavam os conceitos criados por Burroughs. Nos gibis, Tarzan viajava por Impérios Perdidos, Cidades de Ouro e até mundos no centro da Terra, com um Sol no interior. Isso não se parecia em nada com a obra de Burroughs, conhecida por sua abordagem realista. Isso só mudou em 1972, quando a DC adquiriu os direitos de Tarzan e manteve a numeração da revista anterior. A primeira edição da DC foi a 207, que iniciou uma revitalização do personagem. Sob o comando do veterano Joe Kubert, as HQs de Tarzan deixaram de lado a fantasia e ficaram mais cruas e realistas. Kubert também inovou ao usar um traço rústico, com um Tarzan mais selvagem e ativo que o de Manning, além de menos musculoso. Curiosamente, em 1972, Burne Hogart voltou a desenhar uma história do herói, no álbum Tarzan o Filho das Selvas, considerado sua obra máxima com o personagem. Hogart dispensou o uso de balões na primeira metade do album, usando o texto original ao lado das ilustrações. Essa edição foi lançada como um livro de luxo e com edição limitada no Brasil pela Ebal, em 1973. Em 1977, foi a vez da Marvel adquirir os direitos de Tarzan. Roy Thomas (textos) e John Buscema (desenhos) se encarregaram de adaptar o herói para os quadrinhos. A dupla responsável pelo sucesso de Conan lançou um Tarzan mais musculoso e bárbaro, mas os roteiros eram fiéis à obra de Burroughs e renderam boas HQs. Infelizmente, esse material não foi publicado no Brasil. A exceção foi Tarzan e as Jóias Acima, Tarzan no traço de John Buscema em publicação da Marvel. Ao lado, detalhe de HQ da Malibu com mais adaptações no cinema. Ao com o personagem, a editora publicou de Opar, lançado pela Ebal em todo foram 52 filmes, sendo quatro um almanaque com a origem de O Livro das Selvas, em 1978 e 1979. delas animações e Tarzan foi Tarzan, lançada em 1974. A última Em 1992 e 1993, a Malibu publicou edição da Ebal com o Rei dos Macacos interpretado por 20 atores, quatro deles nos EUA algumas edições de Tarzan atletas olímpicos. saiu em 1987, já nos anos finais da para logo passar os direitos à Dark O primeiro filme data de 1918, empresa. Da fase recente criada pela Horse, atual editora das HQs do época em que o cinema ainda era Dark Horse, apenas os encontros com Homem Macaco. A Dark Horse personagens como Superman e Batman mudo. Tarzan of the Apes foi estrelado também fez um ótimo trabalho em por Elmo Lincoln, ator sem carisma e foram publicados no Brasil, pela adaptações fiéis aos romances e que não convenceu no papel do herói. Mythos e a Pandora Books. Os crossovers como Tarzan vs Predador e Ainda assim, o filme arrecadou mais de quadrinhos produzidos pela Marvel Batman/Tarzan e Superman/Tarzan. um milhão de dólares, tornando-se o continuam inéditos no nosso país. Também coube à Dark Horse publicar primeiro da história do cinema a a quadrinização do longa animado alcançar essa marca. Sucesso ainda TARZAN NO CINEMA Tarzan, da Disney, além de relançar maior fez o filme Tarzan - O Filho das Assim como Drácula e Sherlock encadernados com as HQs de Joe Selvas, de 1932. O estúdio MGM pagou Holmes, Tarzan é um dos personagens Kubert da década de 1970. A primeira aparição dos quadrinhos de Tarzan no Brasil ocorreu em 1935, na edição 31 do Suplemento Juvenil, que publicou o trabalho clássico de Hal Foster. Mas foi na editora Ebal que o Homem Macaco ganhou título próprio. Lançada em 1951, sua revista publicou o material das editoras Dell e Gold Key, primeiro em PB e depois em reedições coloridas. A Ebal foi a casa do herói das selvas por décadas, entre revistas mensais e edições A Ebal foi a editora que mais publicou HQs de Tarzan no Brasil. Seu último gibi saiu em 1987 especiais. Da fase da DC 75 Herói Clássico Burroughs desejava que uma animação de Tarzan tivesse a qualidade Disney uma ninharia a Burroughs pelos direitos do personagem e contratou Johnny Weissmuller, um campeão olímpico de natação, para interpretar Tarzan. O ator se tornaria o Tarzan mais famoso do cinema e encarnaria o personagem em 18 filme. Nessa produção de 1932, os roteiristas também substituíram o leão Jad-Bal-Já – o companheiro de Tarzan nos livros – pela macaca Chita e fizeram outras mudanças que não agradaram o autor. Por exemplo, ao contrário do Tarzan original, o mostrado no filme era ignorante e semi-analfabeto. Os últimos filmes do herói foram Greystoke (1984), que até concorreu ao Oscar e a animação da Disney Tarzan (1999), adaptações bastante fiéis ao original. Sobre o desenho da Disney, há um fato curioso. Certa vez, numa carta a seu filho, Burroughs expressou a vontade de fazer uma animação de Tarzan. Segundo ele “o desenho deveria se aproximar da excelência Disney”. Seis décadas mais tarde, seu sonho virou realidade. Em 2006 foi anunciado O Homem Macaco em HQ da editora Dark Horse um novo projeto de levar o Homem Macaco às telas. O diretor Guilhermo Del Toro (Hellboy e Labirinto do Fauno) mostrou interesse, mas nada de concreto aconteceu. Também existe outro projeto chamado Tiny Tarzan (Pequeno Tarzan), que envolve o garoto Richard Sandrak – famoso nos Estados Unidos por se tornar fisiculturista com apenas oito anos de idade. A ideia é mostrar a história de Tarzan quando criança. A Disney se interessou pelo filme. Uma última curiosidade do cinema: o filme Tarzan e o Grande Rio, de 1967, foi gravado no Rio de Janeiro com Mike Henry no papel principal e o ator brasileiro Paulo Gracindo como um cientista que morre atingido por uma lança em pleno centro da cidade maravilhosa, na Avenida Rio Branco. TARZAN NA TV O Tarzan mais conhecido da TV foi Ron Ely, o 15o ator a interpretar o herói. Ele ficou conhecido pela série exibida entre 1966 e 1968, ros mitologia dos liv es e bem fiéis à nt sa es er int s çado trabalho A editora tem lan da Dark Horse. es çõ ca bli pu de Algumas capas 76 P Crossovers inusitados: Tarzan encontra Superman e Batman que tinha seu companheiro mirim Jay e não seu filho Korak como nos romances. Outro ator que personificou o Homem Macaco na TV foi Joe Lara que participou de duas séries, uma em 1989 (Tarzan in Manhattan) passada em nossos dias e em 1996/1997 (Tarzan, The Epic Adventures), trabalho mais fiel à mitologia do herói. Entre 1976 e 1982, os estúdios Filmation produziram Tarzan, Lord of the Jungle, uma série animada, que também foi exibida no Brasil. Ao contrário das adaptações nos cinemas que tinham a macaca Chita, o desenho da Filmation trazia o macaquinho Nikima e um Tarzan mais inteligente e estrategista, que transitava entre mundos perdidos. A vida de Burroughs erto dos 40 anos, depois de inúmeras tentativas frustradas, Edgard Rice Burroughs, nascido em 1 de setembro de 1875, em Chicago, finalmente alcançou o tão almejado sucesso com Tarzan. Expulso da academia militar e desligado do exército por ter o coração fraco, ganhava apenas 15 dólares semanais quando se casou aos 25 anos. Chegou, inclusive, a empenhar seu relógio para comprar alimentos para a família. Um dia, resolveu que escrevia muito melhor que os autores da maioria dos pulps da época, mesmo não dominando técnicas de redação. Sua primeira história, Uma Princesa de Marte, é considerada um dos referenciais para a ficção-científica do século 20. Seu segundo romance – Tarzan dos Macacos, de 1912 – rendeu ao autor apenas 700 dólares. Como havia sido publicada na All Store Magazine, uma revista popular, a história foi rejeitada por quase todos os editores de livros. Mas quando virou livro, em 1914, alcançou grande sucesso. Burroughs influenciou autores como Gabriel Garcia Márquez e Ernest Hemingwai. Em 1941, durante a Segunda Guerra, trabalhou voluntariamente como correspondente no Pacífico Sul. Passou seus últimos anos inválido em sua modesta residência na Califórnia e faleceu em 1950. Conforme seu desejo, suas cinzas foram levadas para Tarzana, uma fazenda comprada por Burroughs em Los Angeles na qual construiu uma espécie de cidade em homenagem ao Homem Macaco. Versões de Tarzan: Johnny Weissmuller e Disney no cinema e Filmation (à direita) n “Dedico essa matéria ao maior dos super-heróis: meu pai Geraldo Quartim. Grande fã de Tarzan, foi ele quem me apresentou a esse mito”, Ricardo Quartim n Agradecemos também ao Lírio ([email protected]) e ao Kendi Sakamoto ([email protected]) pela inestimável ajuda na apuração das informações sobre Tarzan 77
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