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ESPECIAL MOTOS E ÁLCOOL No começo, tudo era fácil. O percurso chegava a ser rídiculo para um piloto experiente como o Serginho Uma linha estreita, um slalon e dois oitos. Simples no começo mas um bicho-papão depois de 3 doses de whisky Você bebe? Se você bebe e pilota uma moto, você é um completo idiota! texto: E. Zampieri/fotos: R. Agresti M! 86 H á dois anos, apesar de a situação ser dramática e delicada, nos divertimos quando lemos uma matéria numa edição da SOLOMOTO espanhola: uma reportagem sobre a influência do álcool nos condutores de motos. Na ocasião o piloto escolhido foi Albert Escoda – principal piloto de provas da revista. O teste, realizado com extrema segurança, contou com um pequeno trajeto demarcado por cones, uma moto de pequena cilindrada e um oficial da polícia munido de um bafômetro. Também estava presente o personagem principal da matéria, o álcool, representado por boas doses de rum. A equipe de MOTO!, aproveitando a atual situação do País, no qual está em evidência a conhecida lei seca, resolveu refazer o teste em terras copo e pedras de gelo também não foi nenhum bicho de sete cabeças. Fácil mesmo foi dizer ao Serginho Augustus Pénajaca que ele seria o escolhido para a missão: nosso repórter-foca jamais poderia perder a oportunidade de passar uma manhã se deliciando – sem pagar um tostão – de boas doses de um legítimo 12 anos… brasileiras – seguindo os nossos parâmetros legais, que preveem desde aplicar uma “multinha” de R$ 950,00, até levá-lo preso em flagrante para uma cela, por 6 meses… Escolher o lugar adequado não foi difícil: alocamos o CETH (Centro de Educação de Trânsito Honda), localizado na cidade de Indaiatuba, SP. Lá teríamos espaço suficiente, os cones e a moto. Conseguir whisky, O TESTE - O desafio seria bem básico, muito parecido com o trajeto de SOLOMOTO, que também é semelhante ao utilizado na maioria das auto - escolas brasileiras. O piloto deveria arrancar, enfrentar uma linha estreita formada por duas fileiras de cones, fazer uma curva de 180º, percorrer um pequeno slalon, completar dois “8” (em três cones que formavam um triângulo), M! 87 O Piloto Nome: Sergio Augustus Idade: 44 Altura: 1,72 m Peso: 89 kg Nosso crash test dummy é um piloto experiente que conhece tudo do mercado de motos no Brasil e até competiu na fórmula RD 350 e CBR 450 na década de 90. Hoje ele tem uma Honda XR 250 Tornado e confessa que nunca bebe antes pilotá-la. Portanto, ela fica a maior parte do tempo parada! A Moto Nome: Honda CG 150 Titan 2009 Idade: 0 km Altura: 1,09 m Peso: 119 kg na versão ESD A última geração da Honda CG 150 Titan vem com injeção eletrônica e muitas outras modificações que a deixaram ainda mais fácil de pilotar. É uma moto sem segredos, qualquer sóbrio a pilota com muita facilidade O bafômetro Nome: Intoximeters Inc. Idade: Menos de um ano Aferido: 27/08/2008 Peso: 700 gramas O bafômetro e a impressora utilizados nesse teste foram cedidos, exclusivamente para esse teste, pela Polícia Militar. E tudo foi acompanhado por um oficial, uma ambulância e um médico. O aparelho é um Intoximeter da série 848C, que só tinha feito 185 testes antes da nossa matéria encarar um circuito estreito e frear exatamente na linha de chegada, onde um cone simulava uma pessoa parada. Antes de beber uma gota de álcool sequer, Serginho testou o circuito e se adaptou à moto, uma Honda CG 150 Titan zerinho. Ele tinha apenas tomado café da manhã às 7:00 hs. Serginho fez o percurso várias vezes, decorou-o de tal forma que poderia fazer o mesmo de olhos fechados. A ideia era medir no bafômetro a quantidade de miligramas de álcool por litro de sangue no corpo de nosso “pinguço” antes de tomar o whisky, fazer ele dar uma volta na pista e avaliar seu comportamento. Depois, torturá-lo com uma dose da água que passarinho não bebe, esperar M! 88 O QUE ACONTECEU - Depois de 20 minutos de ingerida a primeira dose, Serginho enfrentou o circuito novamente e não pareceu muito alterado, fez o trajeto com muito cuidado e bem devagar. Percebemos que ele estava morrendo de medo de errar e que estava prestando muito mais atenção do que faria normalmente. Nada grave, porém o bafômetro indicou 0,14 ms de álcool, já passível de multa e a impossibilidade de continuar dirigindo. Apenas uma dose de whisky já fez isso com nosso tester. Como a festa ainda estava meio sem graça – apesar da multa – Serginho teve a árdua missão de tomar mais uma dose. Com copo cheio e gelo, às 11:00 hs da manhã ele estava se sentindo no paraíso e já começava a repetir inúmeras vezes: “Num tô sentindo nada!”. Serginho esperou 20 minutos após a segunda dose e partiu para a sua segunda volta oficial. Ele não errou o trajeto e nem derrubou nenhum cone, 20 minutos e avaliar como ele faria a segunda volta. Na sequência mediríamos novamente para saber quanto uma dose é capaz de te fu.... Óbvio que, no maior estilo “Caçadores de Mitos”, queríamos embebedar o gorozeiro até ele fazer uma grande mer.... Claro, sempre com muitos profi ssionais e especialistas à sua volta, para que ao final da reportagem pudéssemos levá-lo pra casa a salvo… A LEI - Segundo o Código Nacional de Trânsito, de 0,00 ms/litro até 0,13 ms/litro o motorista está liberado para continuar a viagem. De 0,14 ms/litro até 0,33 ms/litro ele será multado (950 reais) e uma pessoa habilitada, que não ingeriu álcool, deverá levar Olha a felicidade do sr. Wilson Yasuda tendo que aguentar o mala do Serginho… mas fez a volta como se estivesse se qualificando para uma corrida. Parou e repetiu: “Num tô sentindo nada!”. Com um pouco mais de dificuldade, ele assoprou no bafômetro e a indicação foi de 0,35 ms. Esperamos mais 30 minutos para o efeito do álcool fazer ainda mais efeito e, sem esforço algum, Serginho teve de enfrentar o desafio de tomar mais uma dose. Logo depois de ingerida a terceira dose, fizemos um teste imediato apenas para ver o que o bafômetro acusaria: passou de 100 ms. O Serginho iria pedir para enquadrar a impressão para colocá-la na parede de casa, como troféu… Se 0,35 ms literalmente dá cadeia, imagine o que fariam 169 ms de álcool por litro de sangue no corpo? Serginho, com o boné de lado, chamando os sr.Wilson Yasuda (gerente de competições da Honda) de minha gueixa e vendo 3 CG 150, partiu para a terceira volta. Ele saiu arrancando como se fosse o Valentino Rossi, fez a curva em alta velocidade e, no momento de fazer o slalon, não sabia se era para a esquerda ou para a direita. Fez 4 vezes o oito, sempre olhando para a gente com a aquela cara de cachorro que fez xixi na sala. Pôs o pé no chão e balançou um cone. Quando parou, o bafômetro indicou 0,43 ms – tudo isso com apenas 3 doses de whisky. Moral da história? A lei está certíssima, se for beber não pilote, se for pilotar não beba. Pense no que vale sua habilitação, sua liberdade e até sua vida! Oº DIA DO BEBUM 10:40 Começa o teste. Serginho literalmente dá uma baforada sem beber e o aparelho faz a leitura de 0,00 ms de álcool no seu sangue. Depois ele sai para a primeira volta; obviamente, nada de incomum acontece FOTO: Q. CALDAS BOX o veículo. Caso o bafômetro indique um número acima de 0,34 ms/litro de álcool no sangue, o piloto será encaminhado diretamente para uma delegacia e preso em flagrante. A carteira de habilitação e a moto ficarão retidos e a dor-de-cabeça para limpar a barra será muito maior do que a da ressaca do dia seguinte. Se o infrator estiver sendo atuado pela segunda vez pelo mesmo motivo, poderá ficar até 6 meses vendo o sol nascer quadrado… 11:15 11:35 Serginho termina de tomar a segunda dose. Preocupadíssimo em não errar, fez a volta com mais velocidade. Disse pela milésima vez que não estava sentindo nada, apesar de o bafômetro indicar 0,35 ms de álcool. Com esse índice, a carteira e a moto já teria sido apreendida 11::55 Serginho já começa a babar quando vê nosso editor Roberto Agresti preparando a terceira dose de um legítimo 12 anos 12:30 Com 3 doses de Whisky, o aparelho chegou a marcar 169 ms de álcool no corpo de Serginho. Mas depois de um tempo o índice caiu e, com 0,43 ms, ele espera um pouco e sai para a terceira volta 12:50 Pensando que é o Valentino Rossi, ele sai arrancando na terceira volta, erra o slalon, põe o pé no chão, se perde e, mesmo assim, não parava de afirmar que não estava sentindo nada. Mas a cara dele o entregava: era melhor ficar quieto para não piorar a situação… Serginho sai para a segunda volta depois de ter bebido uma dose de whisky. Ele não errou o trajeto, mas foi extremamente lento em sua volta. Declarou estar super preocupado em não errar. O bafômetro indicou 0,14 ms de álcool, fato que já é passível de multa (950 reais) e da necessidade de uma outra pessoa conduzir a moto M! 89