bargao_henriques

Transcrição

bargao_henriques
Agosto 2015 - EDIÇÃo 16
ALÉM FRONTEIRAS
Viajamos até ao coração do
império Maia, na companhia
do Tiago Heleno.
SUPLEMENTO DE VERÃO
– Grande Rota do Guadiana
– SW by Mystique*
– Viagem a Sul Pelo Interior
– Ilha das Flores
– Ilha de Porto Santo
MEGA EVENTO
Love Love... Aveiro! Uma
história de sucesso na
organização de mega
eventos a norte de Portugal
BARGAO_HENRIQUES
Entrevista de carreira a um dos
“dinossauros” do geocaching nacional.
GeoFOTO Julho 2015
Vencedor - rjpcordeiro
Índice
Editorial................................................................. 04 Aldeias históricas - Drave.............................. 06
Cruzilhadas.......................................................... 14
GC6 - Cântaro Magro....................................... 26
Nota sobre Acordo Ortográfico:
Foi deixado ao critério dos
autores dos textos a escolha de
escrever de acordo (ou não) com
o AO90.
Waymarking - Ghost Bikes............................ 36
Earthcaching - Tsunamis................................. 38
Açores Report.................................................... 42
Créditos
Gadgets n’ Gizmos............................................ 46
Ana Valente
GC6 - O passado no presente....................... 54
Annie Love
António Correia
Entrevista de Carreira..................................... 48
António Cruz
Love Love... Aveiro............................................ 70
Filipe Sena
Ponto Zero - Atributos para quê?............... 76
Mandamentos..................................................... 80
Castelos de Portugal - Castro Marim....... 82
Geocaching de A a Z - Pirat@...................... 89
Além Fronteiras - México.............................. 92
From Geocaching With Love......................... 110
Geochurrascada Geocoin 2009................... 112
Flora Cardoso
José Sampaio
Luis Filipe Machado
Luís Freitas
Luís Serpa
Paulo Henriques
Pedro Almeida
Pedro Lourenço
Rui Almeida
Rui Duarte
Sónia Fernandes
Tiago Borralho
SUPLEMENTO DE VERÃO
Tiago Heleno
Tiago Veloso
Vitor Sérgio
Algarve - GR15..................................................... 02 Alentejo - Costa Vicentina............................. 08
Norte a Sul - Viagem pelo Interior.............. 18
Açores - Ilha das Flores.................................. 28
Madeira - Porto Santo..................................... 36
Com o apoio :
EDITORIAL
por Rui Duarte
Infelizmente e num
espaço temporal demasiado curto, utilizo
estas minhas linhas
para deixar outro voto
de pesar aos familiares e amigos de um
membro activo da
nossa comunidade...
Aos que eram próximos do Crisóstomo
(José Andrade), um
sentido abraço.
Seja qual tenha sido
a verdadeira causa
da partida prematura
deste nosso companheiro, acidente ou
doença súbita, temos
assistido na comu4
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
nicação social a uma
empolação dos perigos inerentes à pratica
deste nosso hobbie e
consequentes ilações,
mais ou menos moderadas, sobre a prática
do mesmo.
Na realidade e visto
que a palavra “Acidente” se traduz em
“evento inesperado”
(...) “que ocorre de
modo não intencional”, estamos, claro,
na presença de um
verdadeiro acidente. E,
não há forma de evitar
esses eventos... Está
inerente na própria
palavra a inevitabilida- para toda a gente, o
de e imprevisibilidade caso é capaz de mudar
de figura. Aquele símda ocorrência.
bolo verde (ou outro)
O que nos resta então
no nosso ecrã teima
fazer, para tornar mais
em fazer sombra às
seguras as nossas
dezenas de sorrisos
actividades ao Ar Li- que o rodeiam e mais
vre? No que concerne tarde ou mais cedo lá
o Geocaching, admi- vamos nós, muitas
tamos que há caches vezes mal preparados,
cada vez “mais longe”, em busca de mais uma
“mais alto”, “mais fun- conquista. Já todos o
do”, etc., resumindo, fizemos e não está na
mais difíceis de alcan- mente da maior parte
çar. Isto até pode ser de nós alterar proconsensual... Mas se fundamente (às vezes
dissermos que temos nem ligeiramente) o
de admitir de uma vez nosso modus opepor todas que nem randi... E contra mim
todas as caches são falo. Mas a verdade
é mesmo esta, nem
todas as caches são
para toda a gente... Ou
pelo menos, não o são
para todas as circunstâncias!
Um exemplo? Há uns
anos achei que não fazia mal procurar a kit
sobrevivencia-peninha [GCNF9M] a meio
de uma volta de bicicleta, tendo as botas
de Btt como calçado...
ora, quem já tenha
experimentado calçar
umas coisas destas
sabe com certeza que
os cleats (peças que
estão aparafusadas
na sola e que servem
para prender as botas
aos pedais) escorregam imenso, até em
terreno plano, quanto
mais numa encosta
granítica como aquela
onde se encontra a
cache. A aventura não
teve grandes consequências porque não
percebi onde estava
escondida a cache...
se soubesse, talvez
tivesse arriscado alcança-la. E arriscar é
mesmo a palavra! É
apenas um exemplo
de uma cache que se
recomenda ir acompanhado (não estava),
com calçado apropriado (não tinha), sem
vento (e estava) e com
a rocha seca (que por
acaso até estava). Demorei alguns anos a
voltar a tentar e curiosamente numa semana fui lá duas vezes,
uma (para o found)
com o BTRodrigues e
com o Jasafara e outra
como guia da Silvana
e Weed Hunter. Diferentes circunstancias
com resultado completamente diferente!
Tenho tentado mudar
um pouco a maneira
de “atacar” estas mais
desafiantes...
mas
nem “sempre é possível”.
Como podemos então
mitigar esses problemas, inerentes à nossa própria forma de
agir, sem termos de
deixar de retirar o gozo
que este hobbie nos
proporciona? A mim,
a minha grande mea
culpa, é o de andar
quase sempre a solo...
Ao longo destes, poucos, anos, e depois de
ter tido a minha dose
de sustos (talvez uma
meia dúzia deles, do
género “abre olhos”),
comecei de forma
mais ou menos consciente a tomar algumas precauções... ter
sempre comigo um par
de pilhas para o GPS, o
telemóvel com bateria
carregada, água extra
no carro, deixar o PC
“adormecido” com o
GarmimBaseCamp
aberto e o trilho que
vou percorrer de-
senhado, as listings
das caches que vou
tentar fazer também
abertas no browser,
etc.. Coisas simples e
que tenho mesmo de
fazer para preparar
o “trabalho de casa”
e que me poderão
ser muito úteis numa
eventualidade futura.
Tenho geralmente o
hábito de ir fazendo
pirraça em tempo real
a um grupo de amigos mais ou menos
geocachers com fotos
e afins dos locais por
onde vou passando...
quem melhor que eles
para ajudarem num
aperto? Sabem exactamente o nosso destino e percebem como
mais ninguém o que lá
vamos fazer.
Atacando a dita por
cima, saltei o muro na
outra ponta , a cerca
de 30 metros e logo aí
começaram as dificuldades...
Vindo “colado” ao
muro, com os sapatos
do btt a dificultar ainda mais a caminhada,
lá vim chegando perto
do gz (já era oficial, a
batida cardíaca já indicava -que ideia da treta fazer isto sozinho-).
No local, 0 metros para
a cache e... isto não é
terreno 4, terreno 4 é
ali mais abaixo!!! O GZ
devia dar uns dois ou
três metros afastado
do local.
Ora, abri a caixinha
que levo sempre coProvavelmente todos migo com o material
temos alguns pontos e... esqueci-me do fato
que podemos me- de Osga no carro... ;)
lhorar, seja qual for Assim, ficou para oua nossa faceta mais tro dia!”
intrépida!
Façamos
um pouco mais para
ajudar os nossos amigos a conseguirem
PS - Pensar duas vezes
ajudar-nos
quando
antes arriscar seja o que
nos virmos perante
um destes “eventos for em “circunstancias
adversas” ajudará cerinesperados”.
tamente a impedir que
Log de DNF na cache
alguns incidentes se
referida, em Junho de
transformem em aci2011
dentes.
“Esta foi o DNF do dia!
Foi também a que
provocou mais adrenalina, claro.
Rui Duarte
- RuiJSDuarte
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GEO
MAG.
ALDEIAS TÍPICAS
DRAVE
A aldeia mágica
Por Lusitana Paixão
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De todas as aldeias
típicas que visitei em
Portugal, guardo Drave na memória como
a mais singular, a mais
genuína, a mais “verdadeira” das aldeias.
Situada no distrito de
Aveiro e integrada no
Geoparque de Arouca,
a Drave não chegam
automóveis,
nem
energia elétrica, nem
mesmo saneamento
básico ou rede de telemóvel. E no entanto, coisas acontecem
aqui: desabitada, mas
longe de estar abandonada, Drave tem
uma dinâmica muito
própria, centenas de
visitantes ao longo do
ano, e boa parte das
casas deixam notar
indícios de reconstrução, manutenção
e obras de melhoramento muito recentes.
Mau. Então em que
ficamos? Há vida ou
não há vida em Drave?
rodeada de leiras agrí- completado a pé, por
colas em socalcos.
caminhos
estreitos
Isolada, no verdadeiro onde ainda se avista,
sentido da palavra: aqui e ali, o testemuDrave dista cerca de 4 nho da passagem das
quilómetros da aldeia carroças puxadas por
mais próxima, Regou- animais, nas pedras
fe. É aqui que começa gastas.
o percurso pedestre O facto de não che(PR14 Drave, Aldeia garem carros à aldeia
Mágica) que pode ser confere-lhe esta sincompletado com tran- gularidade, que nunca
quilidade em cerca encontrei até hoje em
de uma hora, e que nenhuma outra aloferece certamente deia típica: o silêncio,
ao visitante a melhor apenas entrecortado
perspetiva sobre a pelos sons do rio que
Drave: um presépio
banha Drave e que
de xisto com uma cadivide o empedrado
pela ao centro, cujas
em dois aglomerados
paredes caiadas e o
distintos, acessíveis
telhado vermelho se
entre si através de
destacam dos demais
elementos, por entre uma ponte de pedra.
tons de verde, casta- Lá em baixo, as águas
abrem-se
nho e cinza, no mais límpidas
perfeito quadro serra- em lagoas que convidam ao refrescante
no.
mergulho. A natureza
Existe outro aces- foi generosa: as terso pelo lado oposto ras são férteis, nos
da Serra, partindo ribeiros correm águas
do Santuário de São
cristalinas, a paisaMacário em direção à
gem é deslumbrante,
Coelheira, uma bifuros rebanhos pastam
cação à direita indicatranquilamente nos
rá o acesso a Drave.
socalcos sobranceiros
A partir deste ponto é
possível levar o veícu- à aldeia.
Encaixada num profundo vale entre as
Serras da Freita, São
Macário e Arada, Drave surge como um
solitário aglomerado
demasiado
de cerca de vinte ca- lo até umas centenas Longe,
sas, construídas nas de metros da aldeia, o longe de tudo e de toencostas da “cova”, restante percurso será dos.
O último habitante de
Drave partiu da aldeia
no ano 2000. As poucas famílias que aqui
residiram no passado
dedicaram a sua vida
à agricultura e ao carvão. Tempos difíceis,
acessibilidades muito
reduzidas, comodidades quase nulas.
Algumas casas e
currais de xisto, em
avançado estado de
degradação, já ameaçavam ruína. Até que
em 2003, uns visitantes um pouco mais
curiosos e determinados chegam a Drave:
são muito jovens, com
idades compreendidas entre os 18 e os
22 anos, e em pouco
tempo fecham negócio com alguns proprietários, tornandose donos de quase um
terço da Aldeia: oito
casas e respetivos
terrenos, um moinho,
o espigueiro e a eira
comunitária passam a
servir a Base Nacional
da IV do Corpo Nacional de Escutas.
Desde então nunca
mais abrandaram os
trabalhos de recuperação e manutenção
dos telhados, pontes,
“O facto de não chegarem carros à aldeia confere-lhe
esta singularidade, que nunca encontrei até hoje em
nenhuma outra aldeia típica: o silêncio...”
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muros, acessibilidades dentro da aldeia,
construção e carpintaria. Drave serve de
ponto de apoio aos
Caminheiros,
como
serve de ponto de
encontro aos caminhantes, apaixonados
e amigos da natureza,
da tranquilidade e da
genuinidade.
designada por “Aldeia ting muito completo,
Mágica”.
rico em informação
Se forem egoístas nas útil sobre a história, a
vossas descobertas, geografia e os acessos
optem por visitar Dra- à Aldeia.
ve fora de época, de
preferência durante
o inverno e em dia de
semana. Esta é a melhor forma de lhe tirar
o gosto, o sentido, de
lhe absorver a paiAssim, é bastante co- sagem e sobretudo,
mum durante os fins esse silêncio, tão raro
de semana, encontrar e precioso.
a Aldeia cheia de vida No que toca ao Geoe em grande alvoroço, caching, o ex-libris da
entre jovens escutei- aldeia é a cache Aldeia
ros atarefados com as Mágica [Drave] [GCsuas atividades e al- 1W2Z3], do Geod’arc.
guns caminheiros, de Uma cache de 2009
mochila às costas, de bastante
acessível
passagem por aquela que apresenta um lisque é comummente
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PR14 Regoufe Drave
[GC1VWE2].
Não faltam bons motivos para visitar Drave,
as festas da Senhora
da Saúde acontecem
anualmente a 15 de
Agosto. Uma data a
não perder, ou a evitar a todo o custo…
depende do ponto de
vista, do objetivo e da
vontade.
Um pouco mais arrojada, mas igualmente
fantástica, a multicache Entre o Céu e
o Inferno [Drave Arouca] [GC3BD23],
é uma proposta do
daraopedal que convida o geocacher a ob- Fica o convite à descoservar Drave sob uma berta!
perspetiva diferente e
surpreendente.
Por fim, se optarem
por aceder a Drave
pela pequena rota, não
deixem de visitar pelo
caminho a Entre Vales
Texto / Fotografia:
Flora Cardoso
- Lusitana Paixão
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A
CRUZILHADAS
m i n h a c a c h e
p r e f e r i d a
P O R VA L E N T E C R U Z
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Certo dia, ao cirandar
pelas inúmeras páginas
do Facebook dedicadas
ao geocaching, encontrei uma referência
que me despertou o
interesse. O autor do
anúncio afiançava que
tinha descoberto aquela
que ele considerava ser
a melhor cache que já
tinha encontrado. Logo
de seguida, o autor enumerava quão banais e
desinteressantes eram
o local e a listagem da
página; sem paisagem,
história ou estórias. Porém, o recipiente era fabuloso! E estava assim
eleita a sua cache preferida. Para as linhas que
irei dedicar de seguida
sobre este assunto não
interessam quem era o
geocacher ou qual era
a cache. Aliás, como é
inerente a estes artigos,
esta é também apenas
uma opinião.
ou erradas de forma
simplista. Não obstante, creio que é possível
elevarmo-nos do emaranhado de conceitos e
ditames para tentarmos
destrinçar o que melhor
representa a qualidade
no geocaching. Estaremos assim mais perto
de perceber de que
forma poderemos tirar
um melhor partido do
passatempo. De forma onírica, poderemos
até tentar construir
verdades, cosendo as
preferências individuais,
sobre o que é o melhor
para o geocaching.
Já todos nós passámos
pelo desafio de explicar a um desconhecido,
amigo ou familiar o que
é o geocaching. Poderemos ambicionar despertar-lhe o interesse pelo
passatempo ou, simplesmente, fazemo-lo
para o convencermos
Felizmente, todos te- que, apesar de andarmos gostos diferentes mos à procura de pláse valorizamos aspetos ticos em locais inusitadistintos neste passa- dos, não somos doidos.
tempo. Assim, todas as Pela minha experiência,
perspetivas podem ser cheguei à conclusão
válidas e não devem ser que é mais elucidativo
encaradas como certas (e talvez menos arris-
cado) esclarecer como
surgiu o passatempo
do que explicar, de
chofre, o que é o geocaching.
Comecemos
então pela perspetiva
histórica [https://www.
geocaching.com/about/
history.aspx].
Aquela
que é hoje considerada
como a primeira cache
(The Original Stash GCF [http://coord.info/
GCF]), surgiu sobretudo porque, logo após o
governo americano ter
cancelado a designada
“disponibilidade seletiva”, Dave Ulmer[http://
www.geocaching.com/
profile/?guid=a87da256-f9f2-4444-b51e04cbb3623d7e], em 3
de maio de 2000, quis
testar se alguém conseguiria, pelas coordenadas, encontrar um
recipiente escondido no
meio da natureza. Para
tal publicou o desafio
num grupo de discussão
[https://groups.google.
com/forum/?hl=en#!topic/sci.geo.satelliten a v/m c h H c z y zV H o] ,
incitando à partilha de
objetos no recipiente,
e pediu aos utilizado-
res para relatarem a
experiência.
Outros
entusiastas tiveram a
mesma ideia e, meses
depois, Jeremy Irish
[ h t t p : // w w w. g e o c a ching.com/profile/?u=jeremy]
desenvolveu
o conceito e criou a
plataforma (www.geocaching.com) que transformou a “brincadeira”
num passatempo incrível! A matriz inicial do
geocaching mesclava,
numa escala geográfica
e global (geo), a descoberta e partilha, através
da tecnologia GPS, de
locais que possuíam algum tipo de interesse e
que serviam para guardar temporariamente
objetos (cache – palavra
de origem francesa usada entre exploradores
pioneiros, mineiros e
piratas). Daí surgiu, de
forma natural, a “caça
ao tesouro dos tempos
modernos”, como é normalmente apresentado
o geocaching.
Durante muito tempo,
o recipiente foi encarado sobretudo como um
meio para atingir um
fim: visitar um local. A
“Durante muito tempo, o recipiente foi encarado
sobretudo como um meio para atingir um fim:
visitar um local.”
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no passatempo apenas
essa descoberta esta- inseridos. Por exemplo,
associados a uma co-
vam inerentes outras: torna-se particularmenencontrar o recipien- te frustrante encontrar
locação mais suscetí- pela partilha dos locais.
te e partilhar objetos. recipientes micro na
Contudo, e apesar de a vastidão isolada de uma
dimensão do recipiente montanha.
variar de acordo com as Apesar de existir sempre
circunstâncias e com o espaço para a descoberlocal, de um modo geral ta de locais interessane mesmo sem consul- tes, em concreto numa
vel às más práticas de Qual é a minha cache
geocachers ou à incom- preferida? Das que enpreensão dos temíveis contrei, não tenho uma
muggles. No geocaching cache preferida, mas
existe espaço para as di- sim caches preferidas.
versas perspetivas, mas Tenho também um cona inversão do conceito texto preferido para en-
“Conheço um local fan- contrar caches: a montar as caraterísticas da região inexplorada (ou tástico, então vou criar tanha. Fugindo ao cliché,
cache já se sabia de an- mesmo que fiquem uma cache” para “Criei
a minha cache preferida
temão o que se iria en- próximos de caches que um recipiente fantástinão é a próxima. Mas
contrar. Nos primeiros já existem, mas que re- co, então vou procurar
estará por certo num
tempos do passatempo, velem algo de novo), é um local disponível para
local fantástico. Terá
a generalidade dos re- natural que subsistam o deixar” parece divergir
uma listagem apelativa,
cipientes tinham uma cada vez menos locais do paradigma do passapela história ou estórias
dimensão
apropriada apetecíveis. Assim, a tempo.
relacionadas. Terá um
para a partilha de obje- criação de recipientes
Uma cache não pode e recipiente simples, getos e as possibilidades mais elaborados acabou
não deve ser apenas um neroso e adequado, esde escolha de locais por surgir como uma
recipiente. Creio que é condido provavelmente
eram vastas e variadas. forma de diferenciaimportante fazer essa atrás de uma pedra.
Acho que já todos nós ção. Os prémios podem
Não será fácil lá chegar,
nos imaginamos como também estimular essa distinção. Arrisco-me
mas serei recompensasendo os geocachers criatividade. Para quem a dizer que num DNF
do pela superação das
pioneiros em Portugal vai à descoberta pode (Didn’t Found it) tamdificuldades. Sei que
e nos interrogámos ser mais interessante bém se pode descobrir
nesse dia não quererei
sobre quais seriam os encontrar um recipiente a cache; apenas não se
encontrar outra, quer
locais onde colocaría- dedicado e criativo. Para encontra o recipiente.
porque a cache o exige
mos as nossas caches. alguns, a avaliação da Descobrir uma cache
ou o merece. E sei que,
Depois, a evolução do qualidade de uma ca- pode significar: ler a lisfelizmente, ainda tenho
passatempo acabou por che resume-se a isso. O tagem da página, fazer o
muitas caches preferidiversificar o tamanho e problema está quando percurso e visitar o local.
das por encontrar.
características dos reci- se desvaloriza o local e Existem inclusive muipientes. Se por um lado a suas idiossincrasias, e tos pseudo-geocachers Boas férias, boas descopassaram a existir re- o único aspeto relevante que passam por todas bertas e boas preferêncipientes bastante ela- da localização é poten- estas etapas, mas não cias!
borados e apetecíveis,
surgiram também bas-
ciar as visitas. Muitas sentem necessidade de
destas caches poderão encontrar o recipiente.
tantes recipientes de- não resistir ao período Outros ainda insistem
masiado pequenos para pós-fama ou aos pro- em permanecer sem
o contexto em que são blemas de manutenção registos online, estando
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Texto / fotos:
António Cruz
- Valente Cruz
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Existem duas dicotomias sempre presentes
quando pensamos em
termos geográficos no
nosso país, pelo menos
no que refere ao território continental. Refirome às dicotomias Norte/Sul e Litoral/Interior.
Desde sempre, estas
dualidades encontramse presentes na forma como pensamos no
nosso país, originando
mesmo algumas saudáveis rivalidades.
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Pensando nesta ideia,
nada nos pareceu mais
natural do que criar
um Frente a Frente entre Norte e Sul. Em que
geocachers das duas
facções pudessem dizer
de sua justiça e nos dar a
conhecer melhor as semelhanças e diferenças
entre as duas regiões.
que dá pelo nickname
de Noslenfa. Nascido
há 32 anos, encontrase registado em Geocaching.com desde Abril
de 2010 e conta já com
mais de 7500 founds no
seu currículo, espalhados por 11 estados, e é
owner de 11 caches no
nosso país, se contarmos com os eventos por
Assim, para nos falar si organizados e com a
sobre o Norte, convidá- Lab cache contabilizada
mos o Nelson Amaral, no seu perfil.
geocacher de Satão e Do outro lado, mos-
trando-nos a visão do
Sul, temos a equipa Filipona*, equipa familiar, natural do Algarve,
constituída por elementos entre os 21 e os 52
anos: o pai João com 52
anos, a mãe Ermelinda com 48 anos, a “capitã” Filipa com os 25
anos e o irmão João, o
elemento mais novo da
equipa com 21 anos.
Conheceram o Geocaching a 28/03/2012,
numa conversa de café,
entre a “capitã” e uns
amigos. Conta-nos o pai
João que: “Quando chegou a casa, explicou-nos
como era o jogo: “Mãe tu
vais adorar, vais a umas
coordenadas, nesse sitio
esta uma caixa, colocas
uma prenda e levas outra…”. Ao que a mãe terá
respondido: “Não achei
piada nenhuma, dar uma
prenda a uma pessoa
desconhecida!”. A verdade
é que como eles próprios
dizem: “Com o passar do
tempo fomos aprendendo mais e mais sobre o
bendito jogo e hoje estamos viciados. Passar um
fim de semana sem cachar, para nós, é o mesmo
que ir a Roma e não ver o
Papa. :)“
Nestes dois anos e
meio, contam com mais
de 4000 caches já encontradas, sendo também os owners de 57
caches, das quais fazem
parte as 31 caches do
Powertrail “Passeio dos
Tristes”, no Sotavento
algarvio.
Conheçamos então um
pouco melhor o Norte
e o Sul do nosso país e
o seu Geocaching, Que
segredos esconde cada
uma dessas regiões?
E porque cachar faz
fome, que petiscos nos
recomenda cada um
dos convidados? O que
mudariam eles no geocaching da sua região?
E que caches nos recomendam? Não percam
as respostas a estas e
muitas outras perguntas no Frente a Frente
desta edição!
Em primeiro lugar, obrigado por terem aceitado o convite. Desde
sempre que a dicotomia
Norte/Sul faz parte das
conversas e discussões
das gentes do nosso
país. Com o Noslenfa a defender as cores
do Norte e os Filipona*
como representantes
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das terras e das gentes
do sul do país, não podíamos deixar de começar este frente a frente
com a pergunta: Como
definem a vossa região
e as suas gentes?
Filpona*: Em primeiro
lugar nós é que temos a
agradecer o convite que
nos foi dirigido, o qual
aceitámos com muito
bom agrado.
A nossa região, o Algarve, é vocacionada para
o turismo como todos
sabem, sendo esta uma
região muito agradável
de se visitar durante
todo o ano. Tanto pelas
paisagens, praias, como
pelas pessoas que vos
sabem receber, com
simpatia e carinho.
Noslenfa: Antes de mais
eu é que agradeço o
convite. Começo por dizer que vou tentar “defender” o Norte como
deve ser. Na região Norte é possível viajar do
presente ao passado e
sermos levados à descoberta de renovados
encantos que nos fazem
sonhar, deixando-nos
com uma vontade de
conhecer mais e regressar. Quanto às gentes
do Norte, assim como
em todo o lado, existem as boas e as menos
boas, as do campo e as
da cidade, no entanto
na sua maioria são gentes simpáticas, amáveis,
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abertas, hospitaleiras e
sempre dispostas a ajudar e que têm por tradição bem receber.
Visitando a vossa região, que pontos de interesse não podemos
deixar de visitar?
Filipona*: Como sabem,
o nosso principal cartão-de-visita é o sol e as
praias, no entanto, o interior algarvio esconde
rara beleza, que merece
uma visita demorada.
Noslenfa: Aqui apenas
me vou referir aquilo que
conheço e não propriamente como ponto de
interesse, pois em cada
um dos lugares existem
muitos pontos de interesse que deveríamos
visitar. Faço por isso
uma pequena viagem.
Depois de ter visitado
e disfrutado de toda a
Serra da Estrela, começaria por uma passagem
por Viseu (esta é por ser
de lá, mas também porque é uma cidade amiga
de quem a visita). Depois faria um cruzeiro
no Douro, por exemplo
da Régua ao Porto. Já no
Porto aproveitava o dia
para conhecer e passear,
especialmente na zona
velha da cidade e na
Foz, aproveitaria depois
a noite para um passeio pela zona da Ribeira, disfrutando de tudo
o que por ali acontece.
Depois podíamos ir em
direção a Aveiro, atravessando toda a zona
costeira até lá, onde
iriamos,
certamente,
encontrar
agradáveis
surpresas pelo caminho. Ou então ir mais
para Norte e passar pelo
berço da Nação ou aproveitar uma ida a Braga
e visitar o Sameiro ou o
Bom Jesus. Daqui podíamos seguir para a zona
do Gerês e viver mil e
uma aventuras através
das variadíssimas atividades disponíveis e da
natureza no seu estado
mais puro, que não encontramos em nenhum
outro local em Portugal.
Mais a Norte, o que conheço não é muito mas
certamente existem milhares de locais magníficos para visitar, conhecer e viver...
Das viagens e dos locais
que conhecemos, recordamos as paisagens
e as aventuras, mas
também aquele aroma
e sabor daquele petisco tão único que nunca
conseguimos encontrar
igual. Que iguarias gastronómicas podemos
conhecer numa visita à
vossa região, que não
podemos mesmo deixar
de experimentar?
Filipona*: Neste caso
concreto vamos defender o que é nosso, Vila
Real de Santo António
e o atum em todas as
suas vertentes: temos a
famosa moxama, a estopeta, as ovas e o bife
de atum. Existe ainda,
os famosos e premiados
choquinhos com tinta.
Depois destas “entradas”!!!, terminamos com
os doces regionais: Dom
Rodrigo, Lampreia de
ovos, bolinhos de amêndoa e para finalizar, os
doces e licores de alfarroba e de laranja.
Só nos resta desejarvos um bom GeoApetite.
Noslenfa: Seria impossível descrever todas as
magníficas iguarias que
conseguimos encontrar,
começando com um caldo verde onde podemos
já usar alguns dos enchidos existentes pelas várias zonas do Norte (que
nos deixam com água
na boca), passando pela
truta, lampreia ou até
mesmo o sável que podem ser acompanhadas
com qualquer uma das
diferentes broas de milho que variam de zona
para zona, ou quem
sabe por um pastel de
Chaves. Não nos podemos esquecer também
de pratos como a famosa francesinha, as tripas
à moda do Porto, o sarrabulho, a posta mirandesa e o famoso cozido
à portuguesa. Terminar
uma refeição sem um
docinho também não
seria muito boa ideia, daí
termos várias opções
como o leite-creme,
uma grande variedade
de doces conventuais,
pudim Abade de Prisco,
toucinho-do-céu, os viriatos, os ovos-moles de
Aveiro, ou até mesmo as
suas tripas, ou quem
sabe um pão-de-ló de
Ovar (há quem diga que
há melhor, também no
Norte, mas não conheço). Não podemos também deixar de lembrar
os variadíssimos vinhos
de diferentes castas,
sem esquecer o famoso
vinho do Porto ou o Favaios como aperitivos,
ou até mesmo digestivos.
Muitas vezes, quando pensamos no Norte e no Sul, facilmente
associamos o Norte
a paisagens naturais,
cheias de serra, com o
verde como cor domi-
nante, enquanto o Sul
é sinónimo imediato de
extensos areais e mar.
Na vossa perspectiva, a
vossa região e as suas
potencialidades encontram-se bem descobertas e retratadas, ou
a imagem que cada um
de nós tem antes de visitar qualquer uma das
regiões ainda é bastante redutora?
Filipona*: A pergunta
não deixa de fazer sentido, uma vez que, quando se pensa no Algarve, pensa-se nas suas
praias e extensos areais,
mas o interior algarvio
continua a ser uma zona
desconhecida para muitos de vós.
Graças ao Geocaching,
vamos cada vez mais
encontrando
aqueles
cantinhos maravilhosos
e escondidos que nos
preenchem o coração e
merecem umas boas e
prolongadas visitas.
Noslenfa: Quanto ao
Norte, a imagem conhecida acaba por ser ainda um tanto ou quanto redutora, pois além
das magníficas serras,
paisagens onde o verde predomina, existem
excelentes zonas costeiras, bem tratadas e
preparadas para serem
usufruídas por cada um
de nós. Assim como
tantos outros pontos
de interesse que muitas
vezes não são divulgados da melhor maneira,
e que por vezes só quem
é “dali” é que os conhece.
a sua potencialidade turística para a região?
Filipona*: Pelo nosso
conhecimento, as instituições não têm ou
não querem ter conhecimento desta atividade. Havendo casos
em que consideram os
containers como lixo.
No entanto existiu uma
tentativa por parte do
Município de Loulé em
divulgar o seu concelho
e património, por meio
do Geocaching.
Noslenfa: Penso que
essa é uma questão que
ainda não se encontra muito bem definida
perante as instituições
locais. O geocaching é
Pensemos agora um cada vez mais conhecido
pouco mais na nossa a nível nacional e muitas
actividade, o Geoca- instituições já ouviram
ching. Consideram que falar dele, no entanto,
as instituições da vos- não sabem ainda muito
sa região conhecem o bem como funciona e a
Geocaching? Valorizam partir daí tirar proveito
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
23
do mesmo, com vista a
potenciar o turismo para
a região.
Estando de visita à vossa região, que caches
não poderíamos deixar
de procurar?
Filipona*: Só podemos
pronunciar sobre aquelas que nós já logamos,
não tirando o mérito
às outras, aqueles que
mais nos marcaram positivamente foram:
•• O Mouro e o Abismo
(Letter [GC5CF6]) –
Localizada a norte
de Olhão, proporciona uma aventura
numa gruta (cache
nomeada 2014)
•• Cerro da cabeça Kar-
no alto do cerro, que
dá o nome a cache,
de onde podemos
apreciar uma maravilhosa paisagem.
•• O segredo da gruta
da caveira (Tradicional [GC1F66R])
- Local onde se
mistura serra e mar,
qualquer dos acessos é uma aventura,
sem mais comentários para que a
supressa seja maior
(cache nomeada
2014).
•• Pergaminho perdido
(Enigma [GC4PZMZ]) – Um enigma
com cabeça, tronco
e membros, aliado
a uma espetacular
aventura aquática
(cache vencedora
dos prémios em
2013).
ren Field (Tradicional
[GCQJTW]) – Localizada a norte de
Olhão, uma camiNoslenfa: Essa é uma
nhada pelo interior
algarvio, terminando pergunta à qual não
24
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
consigo dar uma resposta concreta. Para
mim o geocaching é vivido de maneira diferente por cada geocacher e
o que é bom para mim
pode não ser para os
outros. O certo é que no
Norte existem caches
para todos os gostos,
feitios, dificuldades, tamanhos, etc... A forma
mais simples de fazer
uma seleção será pegar na listagem das caches nomeadas para os
prémios GPS e escolher
umas quantas que vão
de encontro aquilo que
procuram.
Muito se tem falado nos
últimos anos sobre a
evolução do Geocaching
a nível nacional. Um aumento exponencial de
caches em todo o país,
mas também o surgimento de grupos regio-
nais de geocachers que
procuram confraternizar e dinamizar o Geocaching nas suas próprias regiões. A vossa
região tem acompanhado esta tendência nacional ou o geocaching
nacional ainda cresce
de uma forma bastante
centralizada, a nível dos
grandes polos urbanos
e suas periferias?
Filipona*: Esta, é sem
dúvida, a questão mais
difícil de responder. A
nossa região tem acompanhado a tendência
nacional, quer no bom,
quer no mau, do que
tem acontecido por este
país fora, pelo que não
queremos dedicar muito tempo a este aspeto. Salienta-se que, à
sensivelmente 2 anos,
havia no Algarve cerca
de 800 caches, hoje já
ultrapassa o milhar, o
que demonstra o cres- faz com que o Geocacimento da atividade na ching seja uma constanregião.
te supressa. No entanto,
esperamos sempre por
Noslenfa: Sinceramen- novidades …
te não sei responder a
essa pergunta. Sei que Noslenfa:
Começava
existem diversos grupos por tentar filtrar a quande geocaching no face- tidade de caches que
book, espalhados pelas são publicadas, pois,
várias regiões do Norte para mim, hoje em dia
do país, sei que exis- aparecem em exagero,
tem grupos que marcam muitas vezes em locais
eventos onde se reali- sem qualquer interesse
zam as mais variadas e com containers ainda
atividades inerentes ao com menos interesse.
geocaching, seja apenas Depois, apesar de ser
conviver, uma simples algo praticamente imcaminhada num percur- possível, acho que por
so ou algo mais comple- cada região deveria ser
xo como uma descida de feito um evento no míum rio em cannyoning, nimo trimestral, onde
entre outros, mesmo deveriam comparecer
que estes não sejam os novos geocachers e
publicados como even- onde lhes fossem ensito no site do geoca- nadas as boas maneiras
ching. Temos também do geocaching.
por exemplo os 100es- A nível turístico acho
pinhos que trouxeram que algo também poum Mega para o Norte e deria ser melhorado,
que conseguiram mover mas não algo como criar
centenas de geocachers percursos com caches
por todo o mundo, dina- infindáveis como se tem
mizando dessa forma o visto surgir muito por aí.
geocaching nacional e Mostrar apenas o que
até mesmo mundial.
é mesmo essencial e o
que interessa ver. Acho
O que mudariam no que seriam estas as
Geocaching da vossa principais alterações.
região?
Filipona*: Mudar seja o O GeoAcampamento ou
for numa região é mui- as duas edições do Foto difícil, uma vez que toSafari em solo alencada geocacher tem a tejano, são exemplos de
sua maneira de ser, tem iniciativas que, embora
o seu estilo e é isto que tenham decorrido fora
das grandes cidades,
conseguiram movimentar geocachers de todo
o país, sendo que houve
mesmo quem tivesse
feito centenas de quilómetros para participar
nos eventos. Na vossa opinião, que outras
iniciativas
poderiam
ser desenvolvidas, nas
vossas regiões, para
trazerem geocachers à
região?
Filipona*: O grande problema do Algarve prende-se com os elevados
preços que se praticam
na época balnear, aliado ao grande número
de pessoas que nos visitam, afastando a hipótese de se organizar
neste período qualquer
evento de grande magnitude.
Pode existir a hipótese
de organizar-se algo,
fora da grande afluência
de turistas, visto que o
nosso clima é agradável
o ano inteiro. Vamos ter
que aguardar para ver,
pois ideias existem, falta
é concretizá-las.
des. O exemplo do Mega
que se realizou no ano
passado no Norte acaba
por ser algo do género
e mostrou trazer resultados que vamos voltar
a ver este ano, numa
outra localização. Esta
alteração de local na minha opinião é também
muito positiva porque
nos leva a conhecer outras paragens, sem se
tornar repetitivo.
Para terminar, que conselhos gostariam de
deixar a quem pretenda
visitar a região?
Filipona*: O grande conselho que deixamos a
todos os geocachers é
virem com calma, relaxar e aproveitar tudo o
que de bom o Algarve
tem para vos oferecer.
Um bom banho, nas cálidas aguas algarvias,
um delicio bolinho de
amêndoa e principalmente disfrutar, disfrutar e disfrutar das merecidas férias!!!
Noslenfa: Não tenho
mais nenhum conselho
além de todos os que
Noslenfa: Penso que a
dei nas respostas antemelhor forma de o fazer
riores... Aproveitem, viseria mesmo partir para
vam, sintam a todos os
atividades similares a
níveis quando estiverem
estas, pois nelas existe
pelo Norte.
um pouco de tudo que
o geoaching nos pode
Texto: Bruno Gomes
dar, desde o magnífico
(Team Marretas)
convívio que vivemos às
Fotos: Filipona* e Noslenfa
variadíssimas atividaAgosto 2015 - EDIÇÃO 16
25
GC6 - CÂNTARO GORDO
POR ZÉ SAMPA
Em pleno coração da
Serra da Estrela, a
1875, 1928 e 1916
metros de altitude,
erguem-se, respectivamente, três grandes
afloramentos
graníticos a quem o
homem deu o nome
de Cântaros: o Gordo
[GCRYM3], o Magro
[GCR9RW] e o Raso
[GC1KD2B]. No seu
conjunto estes gigantes, perenes à sinfonia
do tempo e à austeridade das estações,
assumem-se como os
mais icónicos símbolos da Estrela. As suas
peculiares formas, talhadas pelas agruras
do tempo, assemelham-se a íngremes
miradouros,
palcos
de fé e conquistas.
Assim, perante a eloquência sedutora de
tais gigantes, não seria de estranhar que o
homem, neste caso o
geocacher, fosse incapaz de resistir ao seu
chamamento, determinado a alcançar os
seus cumes, inevitavelmente assinalando
a sua passagem.
Quem já teve o privilégio de atingir tais marcas, nomeadamente
o Gordo e o Magro,
mais aventureiros que
o afável irmão Raso,
seguramente tecerá
elogios rasgados a
tamanhas conquistas,
28
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
sendo que cada um a
seu jeito, constituem
feitos inegáveis de
superação
pessoal,
a ponto de ser difícil
escolher entre um
deles. Ainda assim,
desta feita, decidi-me
a uma nova ascensão
pelo Gordo e respetiva
cache, a qual, quiçá
devido aos atuais estereótipos da moda,
tem vivido na sombra
do famoso irmão Magro.
O tesouro, colocado
no topo da emblemática formação rochosa em Dezembro de
2005 por nat_cache,
também ele proprietário da cache dedicada ao Magro, é
consequência direta
das suas aventuras de
juventude pela neve e
beleza da Estrela, personificada na imagem
dos Cântaros. Como
é evidente trata-se
de caches local ou de
natureza, cuja descoberta, nas palavras do
owner “despertam o
sentimento de aventura e conquista.”, notas
que, sem margem
para dúvida, caracterizam o desafio que é
alcançar estes seculares tesouros.
Cingindo-nos agora
à cache do Cântaro
Gordo, esta trata-se
de uma multi-cache
constituída por três
distintos containers
que dividem a conquista do seu topo
em três progressivas
etapas, sendo que
cada um deles, após a
resolução de um teste
de
conhecimentos,
fornece as coordenadas para o próximo
passo. Assim, a ascensão pode dividir-se
em três fases, com o
respetivo contentor:
um primeiro localizado na Lagoa dos Cântaros, um segundo na
“Encosta do Cântaro
Gordo” e, por fim, um
terceiro e o objetivo
final, plantado no topo
do volumoso colosso.
Contudo, a sua conquista começa bem
antes disso. Pois,
tendo em conta o
isolamento do local,
para se chegar até ao
primeiro dos contentores será necessário
percorrer um trilho de
montanha com uma
distância aproximada
de três quilómetros,
cuja duração deverá
rondar entre 75 a 100
minutos. O trilho, devidamente assinalado
pelas características
marcas e as típicas
mariolas, tem início
no Covão da Ametade
[GC12J04], outro local
emblemático da Serra da Estrela, situado
aos pés do Cântaro
Magro e berço do Rio
Zêzere, que parte em
direção ao Vale da
Candeeira [GC3A012],
outro exemplo extraordinário de vale
glaciar. A certo ponto
o trilho divide-se, devendo então seguir-se
pela esquerda rumo à
escondida lagoa. Até
aqui o percurso não
apresenta
grandes
dificuldades, pois, não
obstante tratar-se de
um trilho de montanha, não apresenta
declives significativos,
constituindo o aquecimento ideal para o que
se segue. Por outro
lado, o trilho, por si só,
é um deslumbre para
os sentidos, principalmente quando percorrido durante o período
primaveril,
quando
o rosa, o branco e o
amarelo, enchem as
encostas dos vales de
um colorido único, isto
enquanto o horizonte
se vê dominado pela
imagem incomparável
dos três altivos Cântaros.
A caminhada inicial
culmina na isolada
Lagoa dos Cântaros,
espelho plantado aos
pés do volumoso Gordo que, na sua altitude
imensa, tal qual guerreiro de orgulho desmedido, se ergue perante o olhar de quem
o ousa enfrentar. A
O Gordo
“Como é que gordo me convocam
Se garboso me sinto
E o espelho não me ilude
Como é que gordo me insultam
Se sou o preferido do Sol nas madrugadas
E nas noites a Lua dorme sobre mim
Como é que por gordo me tratam
Se a grandeza em mim é banal
E de corpulento só tenho o meu ego”
Texto de João Gabriel Leitão (publicado no livro “Momentos
da Montanha, Manteigas e a Serra da Estrela”).
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
29
“A montanha e as caches de natureza
representam na minha opinião um desafio
pessoal, sendo a cache apenas a cereja no topo”
visão é avassaladora
e, por inúmeras vezes,
nos levará a questionar se estaremos
nós, pequenos seres,
à altura do desafio…
Ainda assim, e como
se tal não bastasse,
eis que o owner nos
reserva uma primeira
surpresa. Cada container encerra muito
mais do que as simples coordenadas para
o próximo passo. Cada
um deles é um recetáculo de conhecimento
e um teste à sabedoria
dos amantes da montanha, sendo que só
os mais bem preparados serão capazes
de passar à próxima
etapa.
Assim, o seu conteúdo, para além de
um logbook, fotos e
waypoints de ajuda
ao caminho para o
segundo container/
cache, contém ainda
uma espécie de charada numérica em forma
de palavras-cruzadas
dedicadas ao Evereste
e suas conquistas, que
depois de resolvidas
fornecerão as coordenadas para a segunda
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
cache, a da “Encosta do
Cântaro Gordo”. Deste
modo e de sobreaviso,
deverão os conquistadores preparar-se
física e mentalmente
para a descoberta,
levando consigo a informação necessária
para a resolução do
desafio, o qual se repete na segunda cache, com semelhante
repto agora dedicado
à própria Serra da Estrela.
tas sobre o Evereste e
a Serra da Estrela, ele
responde que tendo
“a cache do Cântaro
Gordo algum risco associado, as palavrascruzadas representam
um esforço extra que o
geocacher terá de fazer,
demonstrando que tem
mesmo vontade de continuar o caminho. Por
outro lado, a cache foi
colocada pouco depois
dos 50 anos da conquista do Evereste, pelo
A estrutura invulgar que era um tema recenda cache é mais um te, e a Serra da Estrela
dos motivos que a por razões óbvias.”
distingue e torna em- Infelizmente, depois
blemática, sendo que da massificação do
nos primórdios da sua jogo, perdeu-se parte
existência era fre- desta magia, livrequente encontrar re- mente acedendo-se
latos de aventureiros às coordenadas da
menos
preparados, terceira e última caque incapazes de res- che, sendo frequente
ponder às perguntas atingir-se o container
se viam obrigados a final sem encontrar
regressar uma e outra os demais, nem revez, na esperança de, solvendo os desafios
por fim, alcançarem a propostos. Facto que
conquista do Cântaro. ainda assim não aborQuando questionado rece o owner. Porém,
o owner acerca do tal como o próprio
conceito da multi-ca- refere “a montanha e
che, nomeadamente as caches de natureza
a ideia das palavras- representam na minha
cruzadas com pergun- opinião um desafio
pessoal, sendo a cache
apenas a cereja no topo
da “serra”. Ir direto a
cache final é o mesmo
que comer a cereja sem
a saborear!”
No entanto, mesmo privando-nos de
prazeres
palatinos,
o achado não perde
nem um pouco do seu
impacto, já que completar a ascensão até
ao cume da robusta
figura é, por si só, um
feito de enorme realização. Se, até à Lagoa
dos Cântaros o percurso não apresenta
dificuldades de maior,
o mesmo não se pode
dizer relativamente ao
resto da caminhada, a
qual se torna cada vez
mais exigente à medida que se avança no
terreno.
A abordagem ao segundo contentor, colocado nos ombros do
gigante, é feita através
de uma cumeada onde
o trilho, devido às rochas e ao acumular
da vegetação, é bem
menos evidente, além
de que a inclinação e
alguns passos mais
técnicos por entre os
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
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32
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
rochedos dificultam
significativamente a
progressão no terreno.
Todavia, à medida que
se alcançam novas
altitudes, o cansaço
ver-se-á compensado pelo crescendo da
paisagem que, a cada
passo dado, aumenta
em escala e dimensão,
vendo-se o horizonte
dominado pelo extenso Vale da Candeeira
encabeçado pelo vigilante Fragão do Poio
dos Cães [GC3A0EH]
e a apaixonante Lagoa
do(a) Pe(a)ixão [GCPFJA]. A segunda parte do
percurso, dependendo
do cansaço e desgaste físico, não deverá
demorar mais do que
40 a 60 minutos e é
a última etapa para
o culminar da ascensão. Chegando a este
ponto e resolvidas as
p a l av r a s- c r u z a d a s
acerca da Serra da Estrela, o percurso prossegue
diretamente
para o topo do Gordo,
numa encosta menos
acidentada mas bem
mais inclinada, onde a
grande quantidade de
pedras soltas constitui
um risco acrescido de
queda, pondo também
em perigo os companheiros que sigam um
pouco mais abaixo.
Nada que o devido
cuidado e atenção não
previna, sendo que em
pouco mais de 40 a
60 minutos, dá-se por
terminada a hercúlea
conquista do mais
corpulento dos Cântaros!
do Vale da Candeeira
delimitado pelo Vale
Glaciar do Zêzere
[GC45YPF]. E como se
tal não bastasse, no
outro lado da encosta,
emergindo do fundo do Covão Cimeiro
[GC4KMH4]
determinados a chamar a
atenção, ergue-se o
vistoso Magro e o tímido Raso, coroados
pelo cintilar da Torre.
optar-se por seguir a
recomendação do owner continuando em
direção às pistas de
ski ou, em alternativa,
seguindo pela PR5MTG ou Rota do Maciço
Central, descendo até
ao Covão Cimeiro de
regresso ao ponto de
partida no Covão da
Ametade, melancolicamente voltando à
realidade.
Aí chegados, perante a
vista transcendente, a
cache imediatamente
passará para segundo
plano e a merecida
conquista encherá em
pleno as medidas do
nosso ego. Diante do
nosso olhar vislumbra-se um horizonte
a perder de vista com
a beleza da Estrela
em toda a sua glória.
No limite da visão
alcança-se o casario
das Penhas da Saúde
[GC20K33] e a serenidade das águas da
Barragem de Viriato
[GC1HKNV], enquanto
que, a nossos pés, a
então imensa Lagoa
dos Cântaros reduz-se
a uma pequena gota
de água na vastidão
Neste momento os
pensamentos voam
perdidos nos vales e
serranias… E tentar
descrever a sensação que é vencer este
desafio é de todo impossível... Certamente
será esse sentimento
o maior encanto que
esta cache representa,
sendo que todo aquele que ouse enfrentar
esta ambição jamais
esquecerá o que é
vencer este gigante.
Mas a magia da cache
do Cântaro Gordo não
vive só do deslumbre
da paisagem desta
Serra… Ela é também
fruto de histórias e
memórias que desde a sua publicação,
porventura devido ao
forte temperamento
da montanha sempre
sujeito à imprevisibilidade das condições
atmosféricas, marcaram a sua conquista.
Talvez por isso, só passados quase quatro
meses depois da sua
publicação, o Cântaro
(pelo menos o seu terceiro container) veio
a receber a primeira
visita pelas mãos da
lendária equipa d’Os
Cacheiros Viajantes
Depois do registo, a
vontade de por ali ficar
será imensa e, quem
sabe não fosse a inquietude do tempo,
por ali se permaneceria
até o eterno acordar…
Infelizmente, havendo
que regressar, poderá
“Mas a magia da cache do Cântaro Gordo não
vive só do deslumbre da paisagem desta Serra…”
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(Cachapim,
Ouriços
Cacheiros, Robin da
Mata e Cache-a-lote),
aquando da sua deslocação à serra para
celebração dos 125
anos da Expedição
Scientífica à Serra da
Estrella, comemorada
com a colocação de
uma cache homónima
[GCVVZH], também
esta uma das mais
antigas do parque natural.
No entanto, possivelmente os momentos
mais célebres da tomada do Cântaro ficariam inevitavelmente
ligados ao 1º Acampamento Geocaching@
PT [GC11Q5P], organizado pela Limão
e realizado entre 28
de Abril e 1 de Maio
de 2007, onde num
dos dias se incluía a
conquista da cache
do Gordo, cuja ascensão, devido à queda
de neve, nevoeiro e à
perseguição de dois
elementos da GNR
(cfr. log do MAntunes),
acabou por não passar
da Lagoa dos Cântaros. Frustração que
inevitavelmente
no
ano seguinte, a 22 de
Maio de 2008, desencadearia a realização
de um novo evento
agora intitulado de
Acampamento “Tenho
o Cântaro atravessado!” [GC1AJ4X]. Porém, quem sabe por
ironia do destino, o
mau humor da montanha viria a impor-se
novamente, impossibilitando uma vez
mais, a conquista do
muito
ambicionado
tesouro. Ainda assim,
nem tudo estava perdido, pois, para além
de um ótimo evento
(pelos logs é manifesto que a satisfação
superou em muito a
frustração), o mesmo
viria a dar azo à colocação da aclamada
cache Águas Radium
[GC1CTPG], nas ruínas do antigo Hotel da
Serra da Pena, Sabugal. E, claro, como não
há duas sem três, eis
que em 13 de Junho de
2009 é agendado um
definitivo evento com
o elucidativo nome
de “Ou Vai ou Racha”
[GC1R8F1],
sendo
que, o grupo de forma
vitoriosa finalmente
“partiu” o Cântaro!
Certamente, estas são
apenas algumas das
muitas estórias que
este tesouro terá para
contar… Ou esta não
fosse uma das mais
brilhantes
Estrelas
desta serra, eternamente associada a
milestones e efemérides, conquistas e inolvidáveis momentos
de deslumbre e satis-
fação.
Sentimentos
reconhecidos pela comunidade que a vem
brindando com elogios
rasgados e inúmeros
favoritos (com um rácio de cerca de 80%),
e concedendo-lhe o
estatuto de nomeada
aos prémios GPS da
década.
Mas, no fundo, tal
como o owner refere,
todos sabemos que “o
mérito não é da cache…
é da Serra da Estrela.
A cache, se a conservarmos, é apenas a
cereja, uma boa cereja
do Fundão! ☺” Agora
venham prová-la! Até
porque gordura é formosura! ;)
Texto: José Sampaio
(ZéSampa) e Pedro
Lourenço (nat_cache)
Fotos: José Sampaio
(ZéSampa)
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WAY M A R K I N G
g h o s t
b i k e s
POR TMOB
36
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
“Na verdade este local não foi descoberto por acaso,
tinha previamente encontrado referência ao mesmo
online, e, como nunca tinha visto nenhuma “ghost
bike” aproveitei uma viagem aquela região da
Escócia para o fazer...”
Numa altura em que
cada vez mais a bicicleta vai ganhando
adeptos, resolvi destacar um waymark
pertencente à categoria “ghost bikes”, por
achar que é um tema
de vital importância.
As “ghost bikes” são
na realidade memoriais constituídos por
bicicletas pintadas de
branco, colocadas em
locais onde ciclistas
foram vítimas de acidentes rodoviários, em
muitos casos mortais.
Têm como objectivo
não só homenagear
o ciclista que ali terá
perdido a vida, evitando que o trágico local
permaneça anónimo,
mas também chamar
à atenção para o direito dos ciclistas em viajarem em segurança e
para a importância da
sã convivência entre
os vários veículos que
circulam nas estradas,
onde todos têm direitos e deveres.
Li recentemente que
em Portugal, em
2014, os acidentes
rodoviários que envolveram
bicicletas
aumentaram 9%, o
que se traduz em 19
vítimas mortais e 120
feridos graves. A última actualização da legislação sobre o tema
veio trazer mais direitos aos ciclistas, mas
há ainda um longo caminho a percorrer.
A primeira “ghost
bike” terá surgido em
Outubro de 2003, em
St. Louis, nos Estados
Unidos da América,
colocada por alguém
que assistiu a um
acidente mortal que
vitimou um ciclista.
No local, foi colocada
uma velha bicicleta,
pintada de branco, e
com uma placa indicando “Cyclist Struck
Here”, assinalando o
acidente ali ocorrido. O
efeito desta acção nos
automobilistas, e na
comunidade em ge-
ral, foi notória, e mais ser atingido por um
“ghost bikes” foram camião em Janeiro
surgindo na cidade.
de 2008. Esta “ghost
A mensagem terá pas- bike” foi colocada pela
sado entre a comu- família um ano após o
nidade e dezenas de trágico acidente.
outras “ghost bikes”
começaram a surgir
em várias cidades, primeiramente nos Estados Unidos e depois
um pouco por todo o
mundo. O site ghostbikes.org terá surgido
anos mais tarde, e
possui registo de mais
de 600 “ghost bikes”
em mais de 200 cidades no mundo, ainda
que não tenha listada
a totalidade de “ghost
bikes” existentes. Em
Portugal, actualmente, não há registo de
nenhuma.
O waymark que destaco situa-se perto de
Fort William, na Escócia, num cruzamento
da estrada nacional
A82, em homenagem
a um ciclista de nome
Jason MacIntyre, que
ali perdeu a vida, ao
Na verdade este local
não foi descoberto
por acaso, tinha previamente encontrado
referência ao mesmo
online, e, como nunca
tinha visto nenhuma
“ghost bike” aproveitei
uma viagem aquela
região da Escócia para
o fazer, uma vez que
tinha realmente que
passar por aquela estrada no trajecto de
Skye para Glasgow.
Fotos / Texto: Tiago
Borralho
Link: http://www.
waymarking.com/
waymarks/WMF6AJ_
Ghost_Bike_Jason_
MacIntyre_Fort_William_Scotland_UK
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37
EARTHCACHING
T S U N A M I ! ! ! !
POR BARGÃO HENRIQUES
38
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
“Um tsunami com apenas um metro em zonas de oceano profundo
pode atingir dezenas de metros próximo da linha de costa.”
Chama-se
tsunami
(palavra
japonesa
composta pelos termos: “tsu” – porto
e “nami” - onda) ou
maremoto (do latim:
“mare” - mar e “motus” - movimento) à
deslocação de uma
grande quantidade de
água através de uma
série de ondas com
grande
velocidade,
comprimento de onda
e período, geralmente
geradas por sismos
com epicentro no
oceano. Este fenómeno pode também ser
gerado por erupções
vulcânicas explosivas,
deslizamentos
de
terras ou, muito raramente, pelo impacto de meteoritos no
oceano.
Portugal, em virtude
da sua posição geográfica, com vasta
linha de costa e próximo da fronteira entre
as placas tectónicas
Euroasiática e Núbia,
tem sido sujeito aos
efeitos de sismos devastadores ao longo
da história. Estes têm
por vezes dado origem
a tsunamis, como por
exemplo no ano 60
antes de Cristo, 382,
1531 ou em consequência do fatídico e
afamado sismo de 1
de novembro de 1755.
A descrição feita pela
sentinela
presente
neste dia no Forte do
Bugio permitiu estimar uma amplitude
máxima da onda observada de 5 m e um
período da onda de
10 minutos. Durante
o séc. XX foram registados instrumentalmente alguns eventos
de pequena intensidade na rede de estações maregráficas
nacionais, que não
chegaram a produzir
inundação marginal
nem danos, como por
exemplo em 1926,
1941, 1969 e 1975.
O perigo de ocorrência
de tsunami em Portugal é bem real, em
especial nas regiões
do Algarve, Litoral
Alentejano e Grande
Lisboa, mas pouco
conhecido pela população portuguesa.
Através do EarthCaching e da sua faceta
de sensibilização, os
geocachers nacionais
podem, desde finais
de Maio, contactar
com a temática dos
tsunamis, em Lisboa,
na EarthCache (EC)
“Tsunami!!!! - DP/
EC73”
[GC55V7Y],
criada pelo eterno
mestre danieloliveira.
Esta é uma EC bem
elaborada e engenhosa, que transporta
para ambiente urbano
e em permanência, um
tema difícil de mostrar
na natureza, pelas
suas características
e baixa frequência de
ocorrência.
Através da listing da
EC aprendemos algumas das diferenças entre as ondas e
vagas “normais” na
agitação
marítima,
habitualmente geradas pelo vento, e as
de tsunami. De uma
forma mais completa
interessa saber que
as primeiras perturbam apenas a camada
superficial do oceano,
têm amplitude (altura da onda) métrica,
comprimento de onda
até cerca de 100m e
viajam a uma velocidade até 60 km/h.
Por sua vez, a energia
associada às ondas do
tsunami estende-se
desde a superfície até
ao fundo do oceano.
O comprimento de
onda e a velocidade
de um tsunami são
muito superiores aos
das ondas geradas
pelo vento; no oceano profundo podem
atingir os 200 km de
comprimento de onda
e 500 a 1000 km/h de
velocidade mas, perto
da costa, com a redução da profundidade
oceânica, a sua velocidade diminui para
algumas dezenas de
quilómetros por hora.
A sua altura também
depende da profundidade da água. Um
tsunami com apenas
um metro em zonas
de oceano profundo
pode atingir dezenas
de metros próximo
da linha de costa. Ao
aproximar-se da costa
a sua energia concentra-se na direção vertical, devido à diminuição da profundidade, e
na direção horizontal,
devido à diminuição
da velocidade e do
comprimento de onda
(fig. 1). É esta concentração de energia
que as tornam tão
destruidoras e mortíferas quando chegam
à costa!
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
39
Figura 1 – Evolução das ondas de tsunami ao se aproximarem da costa
No local da EC, em pleno Parque das Nações,
como se de um laboratório caseiro se tratasse, temos a oportunidade (e tarefa!) de nos
familiarizarmos com
alguns dos parâmetros que caracterizam
as ondas e o seu movimento: amplitude,
comprimento de onda
e velocidade. Não sendo uma simples EC,
apenas para “faturar”
mais um smile em dois
minutos, proporcionanos um tempo agradável e de excelente
entretenimento (em
especial se formos
com amigos e crianças!), medindo comprimentos e alturas,
contando tempo e fazendo contas simples
mas esclarecedoras,
ao melhor estilo do
que se pretende que
sejam todas as ações
de EarthCaching!
Para esta, como para
todas as outras ECs,
é importante que o
40
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
visitante saiba bem
o que vai encontrar,
leia com a atenção a
listing e cumpra os
passos necessários.
Desta forma terá garantida uma excelente
lição e momentos de
geocaching da melhor
qualidade!
de tsunami. Lembrem-
Como complemento
aos conhecimentos
adquiridos e às tarefas
desempenhadas nesta EC, importa ainda
reter o que fazer em
caso de tsunami:
ram imediatamente o
•• Um sismo pode ser entendido como um alarme
de tsunami. Por isso, no
caso de sentir um sismo
de elevada magnitude,
em que seja difícil permanecer em pé, abandone as áreas costeiras de
baixa altitude.
•• Os tsunamis podem
•• Todos os tsunamis são
se do caso da menina
potencialmente devas-
inglesa que deu o alarme
tadores.
numa praia quando viu
o mar recuar, durante o
tsunami de Sumatra em
2004. Os ensinamentos
que aprendeu na escola
salvaram a vida a muitas
pessoas que abandonalocal!
•• Um tsunami não é uma
onda isolada mas sim
um conjunto de ondas
que podem ser separadas por períodos de
tempo significativos.
Em caso de ocorrência
de tsunami só deverá
retornar às áreas costeiras após indicação das
autoridades.
•• A amplitude de um tsu-
•• Nunca se desloque para
observar um tsunami de
perto: quando estiver
suficientemente próximo
para o observar bem
já não lhe conseguirá
escapar.
•• Nunca tente surfar numa
onda de tsunami: estas
ondas não enrolam ou
quebram como as ondas
de surf.
•• Durante uma emergência de tsunami siga
prontamente as instruções da Proteção Civil,
da Autoridade Marítima
ou de outras autoridades
competentes.
nami pode ser pequena
Referências:
num ponto da costa e
http://idl.ul.pt/node/163
muito grande a poucos
http://www.ioc-tsunami.org/
ser precedidos por uma
quilómetros de distância,
súbita variação (subida
por isso não minimize o
ou descida) do nível do
fenómeno apenas pelo
mar. Este fenómeno
facto de no local em que
deve também ser enten-
se encontra a amplitude
dido como um alarme
lhe parecer reduzida.
http://neamtic.ioc-unesco.
org/
Texto: Paulo Henriques / Fotos (ver
referências indicadas)
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A Ç O R E S
R E P O R T
- PA L H O C O S M A C H A D O E P E D R O . B . A L M E I D A -
VAMOS VER OS BALÕES… E…
PORQUE NÃO VOAR?
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“A atividade do balonismo em Portugal, está a ganhar
cada vez mais relevância a nível nacional. O concelho
da Ribeira Grande mostrou ser um concelho com ótimas
características para voar, sendo que a beleza natural
da ilha torna a experiência de voo única”
Realizaram-se nos Açores, no passado mês de
julho, dois eventos de
de
Geocaching, “Vamos ver... os Balões...”
[GC5PCKV] e “NIGHT
GLOW Feel the Sky”
[GC5PM6H], cujo objetivo era e foi, levar alguns
geocachers a voar…
sim, a voar de balão de
ar quente, naquele que
foi o primeiro evento de
balonismo nos Açores.
Este evento foi organizado pelos geocachers
Palhocosmachado e Pedro.b.almeida e contou
com o apoio da Learn to
Appreciate e da Câmara Municipal da Ribeira
Grande.
cado/visto trackables.
Também se assistiram a
duas demonstrações de
voo com drones.
O objetivo principal deste evento consistia em
assistir-se a toda a azáfama que existe à volta
duma largada de balões
(quer em voo livre, quer
em voo estático neste
caso), assistindo-se ao
1º Festival Internacional
de Balões de Ar Quente
dos Açores, que se realizou de 1 a 5 de julho
no concelho da Ribeira
Grande.
Na altura do 1º evento,
infelizmente e devido às
condições meteorológicas, somente um balão
Mais de 30 geocachers (dos dezasseis presenestiveram presentes no tes) conseguiu levantar
“Aerovacas” em Santa- voo…
na, local do 1º aeroporto Na manhã deste dia,
da ilha de São Miguel, três geocachers ligados
tendo-se
conversado à organização do evento
sobre Geocaching e tro- e do festival tiveram a
possibilidade de ter o seu
batismo de voo livre em
balão. Mais tarde, outros
três geocachers também
andaram de balão.
Decorreram ainda nestes
eventos, dois concursos
de trackables, tendo os
dois vencedores ganho,
cada um, um voucher
para um voo em balão.
Registe-se ainda que, na
cesta de um dos balões
presentes no festival,
existia uma faixa relativa à GeoTour Ilha Verde/
Green Island, a primeira
GeoTour Portuguesa.
Na noite do dia 4 de
julho, realizou-se o 2º
evento de Geocaching.
Desta feita ligado a
um espetáculo de cor,
música e animação. Os
geocachers, em número
considerável, juntaramse na entrada do campo
de futebol da cidade da
Ribeira Grande, conver-
sando sobre geocaching
e trocando/observando
muitos TB’s e Geocoins.
De registar a presença
neste evento de vários
geocachers-turistas,
incluindo várias famílias
estrangeiras e continentais, que se encontravam
de férias na ilha de S. Miguel, propositadamente
para fazer a GeoTour.
Depois, todos os geocachers se dispersaram
pelo campo de forma
a poder assistir ao impressionante espetáculo
que se seguiu, com nove
balões em “voo cativo”,
tendo o balão número
seis, na sua cesta, a faixa
da GeoTour Portuguesa.
Texto: Luis Filipe Machado e Pedro Almeida
Fotos: Fernando Resendes, Luís Filipe Machado,
Duarte Ne
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G A D G E T S
N ’
G I Z M O S
MAP COMPARE
És daqueles que costuma fazer grandes passeatas com os amigos do geocaching e passas metade do dia
a programar a voltinha porque nenhum de vocês faz ideia quais as caches que “faltam” aos outros?! Então,
este micro tutorial vai ajudar-te, MUITO!
Estamos a falar de uma funcionalidade do Project-GC de nome “Mapa de Comparação” (em Português).
Mas vejamos como funciona!
1 - Na página principal do dito Project-GC selecionamos o separador “Ferramentas” e então “Mapa de
comparação”.
2 – Colocamos o nosso nick no campo “Nome do perfil”, assinalamos a caixa “Nenhuma encontrada” e
ativamos o “multi compare”.
3 – Vamos adicionando os nicks do pessoal com quem queremos que o sistema cruze a informação. Podemos observar que para este caso adicionei os nicks “ZlPP”, “prodrive”, “hulkman” e “jasafara” (o sistema
completa os nicks à medida que os vamos escrevendo).
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4 – Seguidamente preenchemos os campos com a localização das caches. Esta informação varia de País
para País sendo que, para no nosso cantinho, poderemos ir até ao nível concelhio. Este filtro está definido
para o caso em questão como Portugal // Lisboa // Loures (País // Distrito // Concelho).
5 – Temos hipótese de aplicar uma variedade interessante de filtros sobre a seleção (dificuldade, terreno,
tipo de cache, tamanho, etc.). Para exemplificar escolhemos utilizar apenas o filtro “Tipo / Tamanho”, para
que nos apareçam apenas as Multi-caches (de qualquer tamanho).
6 – O resultado após um singelo click no botão “Filtro” é passarmos a ter à nossa disposição: Um mapa
com a localização das caches não encontradas por nenhum de nós (“As 4 caches que nenhum encontrou”).
Uma lista (abaixo do referido mapa) onde temos diversas informações: Código GC, Nome da cache, Tipo,
Localização, D (dificuldade), T (terreno), Tamanho e FP (Favorito absolutos). Fig7.
É a papinha toda feita!
Podemos seguir para as listings clicando nos respetivos GCcodes, ordena-las por qualquer um dos parâmetros e inclusive carregar as caches que quisermos (a totalidade ou não, dependendo das caixas selecionadas) para uma lista do nosso “GPS Virtual” e exportar/criar um GPX com a ditas… mas sobre esta
funcionalidade falaremos num próximo número da vossa GeoMagazine!
Texto: Rui Duarte
- RuiJSDuarte
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ENTREVISTA DE CARREIRA
BARGÃO
HENRIQUES
Por Rui Duarte
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
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Olá Paulo, bem-vindo à GeoMagazine
e muito obrigado
por teres aceitado o
convite para esta entrevista. És uns dos
comummente (e carinhosamente) chamados de “Dinossauros”
deste nosso hobbie e
nenhum repositório
sobre o Geocaching
Nacional, que a revista também acaba por
ser, poderia alguma
vez estar completo
sem um testemunho
teu deste género!
Por isso, mais uma
vez, bem-vindo a estas nossas páginas e
obrigado por partilhares connosco as tuas
Estórias!
GM - Mas, First Things
First... Estás registado no Geocaching.
com há quase uma
dúzia de anos, desde
meados de Setembro
de 2003. Como é que
isso aconteceu? Como
é que “aqui” viste
parar e como tiveste
conhecimento de que
existiam tesourinhos
escondidos por aí?
BH - Olá. Antes de
mais, muito obrigado
pelo convite e pelas
palavras que muito
me honram!
Cruzei-me com o Geocaching meramente
por acaso, ao procurar
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
na internet informa- que, ao navegar pela
ção sobre o sistema internet para me instruir sobre o assunto,
GPS.
num
Desde criança sempre “tropeçasse”
fui muito ligado à Ter- projeto muito interessante, que desde logo
ra, facto potenciado
me despertou a atenpela desafiadora déção: o “Degree Concada que vivi no escufluence Project”(http://
tismo durante a minha
confluence.org/). Mas
juventude. Passei a
o entusiasmo rapidaolhar para as Cartas
mente deu lugar à deMilitares como quem
silusão, uma vez que
olha para um livro,
já não existiam conlendo e interpretando
fluências disponíveis
a sua representação
para encontrar em
da superfície terrestre
Portugal. Bem, até hacomo complemento
via perto da costa, lá
do que realmente via
para as bandas da Fino terreno. Sempre gueira da Foz, mas eu
tive dificuldade em e os barcos não temos
me orientar no Centro uma relação assim tão
Comercial de Alvalade, afável. Daqui até ter
mas nunca me per- encontrado o Geocadi (demasiado...) no ching foram apenas
campo! Esta paixão mais uns quantos
cresceu ainda mais “clicks”...
enquanto estudante
de Geologia, ao conse- O verão de 2003
guir fazer correspon- prometia! Depois de
explorar um pouco o
der os pormenores da
tema do Geocaching,
superfície da Terra à
registei-me no portal
sua estrutura em prono dia 2 de setembro
fundidade, o que abriu
com o nickname PH
uma “Caixa de Pando(alcunha que já me
ra” entusiasmante!
acompanha há cerca
E o que é que isto de 30 anos e que até
tem a ver com o Geo- a minha mãe utiliza!).
caching, perguntam Mas
rapidamente
vocês? Bem, tem e considerei que este
muito, pois foi através hobbie tinha um enordo meu percurso aca- me potencial para ser
démico e do trabalho praticado em família,
em Cartografia Geo- pelo que 15 dias delógica que contactei pois registei o nicknaa primeira vez com me familiar que ficou
os GPSr. Quis o acaso para a posteridade:
Bargao_Henriques
(Bargão da parte da
mãe e Henriques da
parte do pai, como os
filhos...)
Três dias depois fizemos uma entrada de
arromba, numa primeira visita em família
a uma cache que ainda
hoje existe aqui perto
de casa. A visita foi
boa, mas o log foi uma
experiência e tanto...
GM - O “Degree Confluence Project”, ora
ai está um assunto no
qual já tropecei meia
dúzia de vezes nos
fóruns mas que nunca
me despertou verdadeira curiosidade, até
agora! [risos] Podes
explicar-nos do que é
que se trata na realidade?
BH - Ora bem, travei
conhecimento
com
esse projeto há muitos anos, por isso
tive de ir rever o site
para me relembrar de
alguns pormenores.
Basicamente a ideia
consiste em registar
a visita realizada a
determinados pontos
no nosso planeta, os
“Degree Confluence”.
Estes são os locais
exactos no planeta
onde se cruzam as
linhas
imaginárias
dos meridianos e dos
paralelos das coorde-
“Desde criança sempre fui muito ligado à Terra, facto potenciado pela
desafiadora década que vivi no escutismo durante a minha juventude.
Passei a olhar para as Cartas Militares como quem olha para um livro,
lendo e interpretando a sua representação da superfície terrestre como
complemento do que realmente via no terreno. ”
nadas geográficas (em
datum WGS84). O que
acabei de dizer parece
estranho? Imaginemse a olhar para o globo,
onde observam linhas
que percorrem a sua
superfície na vertical,
unindo os polos (meridianos) e na horizontal, paralelamente ao
equador (paralelos).
Os meridianos dividem o planeta em 360
gomos de um grau
cada, como gomos de
uma laranja. Por sua
vez os paralelos dividem o planeta em 180
fatias horizontais de
um grau cada. Assim
sendo, ao todo haverá
64442 pontos na Terra onde os meridianos
e os paralelos equidistantes de um grau se
cruzam (360x179+2,
nos polos). Neste
projeto
escolheram
os pontos localizados
em zonas emersas ou
perto de terra firme.
Para Portugal foram
então
selecionados
29 pontos, 14 na zona
do Continente e 15
nas regiões insulares
dos Açores e Madeira.
Destes, restam para
registar apenas um
ponto em Portugal
Continental, a cerca
de 6km da costa, a Sul
da Figueira da Foz, e
9 nos arquipélagos
dos Açores e Madeira,
todos afastados da
costa. Como exemplo
de um “Degree Confluence” posso sugerir
a atribulada aventura
que resultou numa visita frustrada ao local
com as coordenadas
37ºN 8ºW, por um
homem de negócios
americano que, em 20
de outubro de 2002,
se aventurou num
bote de borracha em
busca do local a cerca
de 1 km da costa, na
zona da Praia de Faro.
Quase não voltava
para relatar a história!
[risos]
(http://confluence.org/
confluence.php?visitid=6185)
GM - De volta ao Geocaching. PH foi então
o primeiro registo?
Este está online para a
posteridade mas, pelo
que vejo, sem qualquer atividade, certo?
Bargao_Henriques é
o Geocacher(rs, como
família) a ter em conta
quando falamos de ti?
BH - Exato! O registo
PH ficou esquecido no
armário do Geocaching
e o Bargao_Henriques
tem sido usado paulatinamente em família, sozinho ou, mais
frequentemente, com
amigos!
GM - Hum... tenho
aqui nos meus apontamentos que o teu
primeiro found teve a
companhia de outros
ilustres Geocachers,
MAntunes (com o seu
filho, sobrinho e o famoso Snoopy) e Lobo
Astuto, já em Outubro
de 2003, numa cache
que me é bastante
querida, não só porque fica perto de onde
moro como por fazer
parte de um conjunto
de caches algo mítico (Under...where??
[Ponte de Lousa]
[GCGX69]) e por ter
sido adoptada por alguém que acabou por
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
51
se tornar num amigo,
coisa que me começa
a parecer simples de
acontecer no contexto
deste nosso hobbie.
Não é a esta que te
referes, certo? Estás
a falar de um DNF,
não registado no site?
Pelas tuas indicações estou inclinado
a apostar na The Tin
Man [Lisboa] [GCG39A], por ser a “que
ainda hoje existe aqui
perto de casa” e por
referires no teu log
que “We only found
it at the second attempt”. Acertei? O que
aconteceu?
BH - Precisamente! A
primeira visita foi feita
em família, à cache
The Tin Man [Lisboa]
[GCG39A].
Passava
todos os dias pelo lo-
cal, por isso foi uma
escolha fácil! Lá fomos
nós dar um pequeno
passeio com o miúdo
(agora TBHenriques)
e procurar uma tal de
caixa que estaria por
ali escondida... Procurámos um bocado,
em todos os locais
que nos pareceram
adequados para esconder uma coisa que
desconhecíamos, mas
acabámos por desistir. “Mas quem se iria
lembrar de esconder
uma caixa num local
assim e logo neste
bairro? É claro que foi
roubada”, pensámos!
E pronto, chegado a
casa lá fui registar a
primeira visita frustrada. Pensei um bocado
e tomei a pior opção
para classificar o log:
“Needs Archived”!
HTTP://COORD.INFO/GL1RHYVE
52
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
Passado muito pouco tempo recebi um
email de um desconhecido que, de forma
muito cordial e sensata, se apresentou e me
interrogou sobre se
tinha a certeza de que
a cache havia desaparecido e se haveria necessidade de solicitar
o seu arquivamento,
porque o seu dono era
um moço impecável e
cuidadoso, que fazia
manutenção regular à
dita... Fez-se imediatamente luz e um raio
gelado percorreu-me
a coluna ao me aperceber da tamanha
burrada que havia
acabado de cometer!
O melhor seria mesmo
incinerar rapidamente
o log antes que mais
alguém reparasse e
varrer as cinzas para
baixo do tapete digital...
Da troca de emails
acabou por surgir o
convite para uma caçada em conjunto a
uma cache fresquinha,
para conhecer quem
tão simpaticamente
me ajudou e também
o dono da cache que
eu de forma incauta
havia pedido para arquivar...
Tal qual a Fénix, das
cinzas do desastre
anterior nasceu uma
bela caçada e foram
lançadas as sementes
de amizades que ainda hoje perduram!
GM - Ahaa... não
admira então que
não desse com esse
pedaço de história!
Pegando no que dis-
se atrás, conta-nos
então a história por
detrás do primeiro
found, o na Under...
where?? [Ponte de
Lousa] [GCGX69]. Não
eram portanto já teus
conhecidos os companheiros da primeira
aventura, foi mesmo
o geocaching que vos
juntou naquele dia?
BH - Os companheiros
dessa primeira aventura de Geocaching
com sucesso eramme realmente desconhecidos. Conheci o
MAntunes através das
mensagens que trocámos e o Lobo Astuto
apenas no local, apesar de ser meu vizinho
de bairro.
Devo ressalvar que
a atitude corretíssima que o MAntunes
teve para comigo não
só preservou o bom
nome da primeira cache que tentei desastradamente encontrar,
como teve o condão
de me introduzir ao
Geocaching da melhor maneira! Todos
tivessem ainda hoje
atitudes assim e terse-iam evitado muitos arquivamentos de
caches por frustração
do seu criador ou desistências precoces de
geocachers novatos e
desorientados!
Estes desconhecidos
tornaram-se amigos
e companheiros de
caçada,
tendo-me
levado ainda a conhecer muitos outros dos
mais ilustres geocachers históricos, por
quem ainda hoje nutro
muita amizade!
o curioso facto de o
GPSr do MAntunes,
um daqueles Magellan que podiam ser
usados como arma de
arremesso, nos dizer
que a cache se encontrava a 9000 e tal km
de distância! Só depois
de ser reiniciado é que
“encontrou o Norte”…
Quanto à cache que
Foi uma risota total!
procurámos,
proporcionou-me
sem
dúvida uma entrada GM - And, what up´s
pela porta grande no with the early logs in
Geocaching! Uma ca- English? Just a way to
che com descrição que relate with foreigners
desperta desde logo a fellow geocachers or
curiosidade, num local something else?
interessantíssimo e
(E porque escreveste
com um contentor...
os primeiros logs em
Ao melhor nível! (Nota Inglês? Foi uma forma
pessoal: Oh meus ami- de se relacionarem
gos, uma cache assim, com os geocachers
com quase 12 anos de estrangeiros, ou houvida e pouco mais de ve outro motivo?)
150 visitas? Mas vocês [laughts]
andam a dormir???)
BH - Os meus primeiFoi a excelente com- ros logs eram escritos
panhia nestes primei- em Inglês, “seguindo
ros tempos e a visita a as melhores práticas”
caches muito interes- dos especialistas da
santes e bem elabora- época. Fazia-o, com
das, como por exem- algum esforço, pelo
plo esta do 2 Cotas ou facto de o Geocaching
a vizinha Loca do Gato ser um jogo interna[Loures] [GCH0Z3] do cional, mas aos pouclcortez, também en- cos passei a escrever
contrada com a indis- apenas em Português.
pensável companhia No entanto, nessa
do MAntunes, que época, as aventuras
primeiramente mol- eram depois replicadaram a minha forma das em Português e
participar e viver o partilhadas no fórum
Geocaching! Desta ca- Geocaching@PT. Este
çada retenho também tipo de convivência
bipartida, entre as caçadas em grupo com
os novos amigos e as
longas e frequentes
conversas e troca de
ideias e alguns galhardetes no fórum
Geocaching@PT, marcaram de forma extremamente positiva os
anos em que fui mais
ativo no Geocaching.
GM - Já ouvi (ou li) sobre isso de relatar as
aventuras a posteriori
no fórum em qualquer
lado mas não me recordo do contexto...
soube também que
acabou por se perder
muita coisa na mudança de servidor ou
similar, tal como se
pode comprovar ao
tentar aceder pelo
link que disponibilizas
nos logs. É realmente
uma pena perder-se
essa parte importante
das estórias à volta
deste nosso hobbie.
Voltaremos à temática do “Finder” mais à
frente, agora um pouco acerca do nascimento do “Owner”. Ao
investigar o teu currículo nesta vertente
não se pode deixar
de notar na enorme
quantidade de caches
que foste dando para
adopção ao longo do
tempo. A que se deve
isso? Foi apenas a falAgosto 2015 - EDIÇÃO 16
53
HTTP://COORD.INFO/GL6DEQT
54
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
“Estudei o local durante várias visitas, sozinho ou com a família,
apliquei-me na criação da listing com o meu estilo próprio e na escolha
cuidadosa do local para a esconder.”
ta de disponibilidade
ou algo mais que te
levou a “desfazer-te”
delas? E, o pessoal
que acabou por as
adoptar também é
imenso, pelo menos
uma dezena de geocachers diferentes...
tudo pessoal à altura
já amigo ou nem por
isso?
BH - Entre janeiro de
2004 e setembro de
2009 “publiquei”, se
não me engano, 48
caches e eventos. As
caches foram quase
exclusivamente colocadas em locais com
os quais sinto grande
afinidade, perto “na
terra” da minha família ou da minha mulher, em zonas onde
desenvolvi trabalho de
campo durante longas
temporadas ou em
locais com interesse
geológico ou histórico.
Duas delas foram colocadas no terreno
pelo MAntunes, que
não parou de me incentivar a colocar na
prática algumas das
ideias que lhe revelava
(A View To The North
[Minde] [GC11WWT]
e A View To The South
II [Serra da Arrábi-
Geocaching@PT
e
logo surgiram alguns
voluntariosos amigos
prontos a abraçar os
projetos que eu havia iniciado, como por
exemplo o prodrive e
o play mobil, ou outros
que não conhecia tão
Com o “arrefecimenbem mas que provato” da minha atividade
ram ter semelhante
como geocacher e com
empenho!
a mudança de instituição de trabalho, em
2007, deixei de colocar GM - Pelo que consecaches físicas. Aliando gui apurar, e não é fáa redução da disponi- cil dado o que falámos
bilidade pessoal para sobre as adopções,
fazer manutenção ao a tua primeira colovigoroso incremento cação aconteceu uns
do número de visitas, três meses depois de
vi-me na necessidade te iniciares, a Granja
de doar para adopção dos Serrões karren
muitas caches que field [Sintra] [GCHJ8R]
havia criado e às quais em Janeiro de 2004,
tinha dificuldade em certo? O Quando já
fazer
manutenção, sabemos [risos], agoseja pela distância, ra queremos é o Porseja pela grande fre- quê e o Como! O local,
quência de manu- extraordinário, é sem
tenção que algumas dúvida merecedor de
exigiam. Foi o caso de uma cache mas qual
todas as do Alentejo, é a história dessa tua
por ter deixado de lá primeira incursão na
desenvolver trabalho partilha de locais com
de campo, e das de os restantes compaLisboa e da zona entre nheiros?
Sintra, Mafra e Ericei- BH - O campo de lápias
ra.
da Granja dos Serrões
da] [GC141H3]). E,
também adotei uma
EarthCache (The Collapse of Ribeira d’Ilhas
[GC1KKJQ]) que a
Salprata colocou dentro de um dos meus
“quintais”...
quanto estudante de
Geologia, no final da
década de 80, e despertou-me desde logo
a atenção e afecto.
Quando me iniciei no
Geocaching considerei
desde logo que aquele
local merecia ser partilhado através deste
hobbie, razão pelo que
me aventurei a criar a
minha primeira cache.
Estudei o local durante várias visitas, sozinho ou com a família,
apliquei-me na criação
da listing com o meu
estilo próprio e na
escolha cuidadosa do
local para a esconder.
E foi assim que nasceu
a minha primeira criação no Geocaching!
GM - Um mês depois
da tua primeira Tradicional
colocada,
organizas um Evento
a meias com outros
geocachers, o 3.º Encontro de Geocachers
@ PT [GCHM6E]! Estamos a falar quase
do início do Geocaching em Portugal...
era assim tão simples
arranjar pessoal que
A decisão de doa- é um local mágico! Co- alinhasse neste tipo
-las para adopção foi nheci-o durante uma de convívio?! Ainda
anunciada no fórum saída de campo en- por cima, o primeiro
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
55
Evento oficial onde
participas, é logo
como
Organizador!
Qual era a ideia e em
que é que consistia o
Evento?
BH - Confesso que
já não me recordo de
quem partiu a ideia
para a criação desse
evento, mas foi certamente de um dos
meus parceiros, Lobo
Astuto ou Rechena.
Ainda hoje, passados
tantos anos, considero que foi um evento
épico!! Juntar cerca de
50 participantes num
evento de Geocaching
em 2004 equivale a
um Mega da actualidade! [risos]
O empenho e extrema
diversão com que foi
organizado colheram
frutos da forma mais
recompensadora, com
a alegria e prazer dos
participantes.
O jogo consistia num
jogo de orientação em
que era necessário
completar uma determinada pontuação
ao visitar locais predefinidos, espalhados
pelo Parque das Nações, onde era necessário encontrar uma
etiqueta
escondida
para registar um código que lá constava.
O Ponto 9, na Torre
da Galp, tornou-se
mítico! Rebolámos de
56
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
tanto rir ao assistir às
tentativas infrutíferas
de muitos dos jogadores para encontrarem
a etiqueta, que se encontrava mesmo nas
suas “barbas”... Será
que a etiqueta ainda lá
está? Tenho de confirmar... [risos]
CITO em terras lusas,
organizado por ti e
pelo MAntunes, um
mês depois deste
Evento em Lisboa,
precisamente no local agraciado com a
tua cache, o 1st CITO
Event in Portugal
[Sintra] [GCHQH4], na
“A ideia da organização do
Primeiro Cache In Trash
Out em Portugal partiu do
MAntunes”
Para além do jogo,
este evento proporcionou também excelentes momentos de
convívio, tendo conhecido “em carne e osso”
alguns dos nomes que
apenas conhecia dos
logs. Também interessante foi o facto
de termos conseguido
angariar alguns patrocínios, o que permitiu
por exemplo oferecer
um GPSr aos primeiros classificados. E
não podemos também
esquecer “as meninas
da Red Bull” que nos
acompanharam! Vão
ver as fotos do evento,
vá… [risos]
Granja dos Serrões.
Uma vintena de “ajudantes” responderam
à vossa chamada... o
que esteve no génese deste vosso CITO,
para além do imenso
lixo que se vê nas fotos, claro.
BH - A ideia da organização do Primeiro
Cache In Trash Out
em Portugal partiu
do MAntunes, na sequência da visita que
efetuou à cache existente no local. A magia do local tem sido
historicamente manchada pela falta de
civismo de alguns dos
nossos conterrâneos,
que nem sequer se
apercebem do mal que
GM - E por falar em causam ao património
Primeiro, incontorná- comum, que também
vel claro, o Primeiro é deles, com a deposi-
ção de lixos e entulhos
em locais indevidos.
Um local natural, mágico mas sujo, é um
contrassenso enorme!
Assim sendo, congregando os meritórios
esforços de muitos
geocachers que naquele dia arregaçaram
as mangas para recolher pneus, entulho,
lixo diverso e até um
frigorífico, a iniciativa
só podia estar destinada ao sucesso! Foi
um evento fantástico,
que terminou com um
belo repasto em convívio ;-)
GM - Não obstante o
que chamas de “arrefecimento”, continuam na tua posse
mais de uma dúzia
de caches... de boas
caches atrevo-me a
dizer. Tens entre essas a “menina dos
teus olhos” ou não há
entre as tuas criações
(doadas ou não) uma
ou duas preferidas?
Tenho na tua Monsanto Subterrâneo [Lisboa] [GCTV7D] uma
All Time Favorite, daquelas onde fiz duas
verdadeiras visitas, e
vivi duas excelentes
aventuras! A primeira,
a solo, deu azo a um
artigo que publiquei
nos Fóruns (http://
goo.gl/ga68Ef
e
HTTP://COORD.INFO/GL7XQHEN
HTTP://COORD.INFO/GL14X2N1
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
57
http://goo.gl/d08nt0)
e a segunda, com uma
mãozinha do Cortez,
que me juntou a ti e
aos teus filhos, à Silvana e ao Júlio (Weed
Hunter) numa belíssima (e fria) manhã no
Pulmão de Lisboa.
BH - Sim, mantenho
todas as caches que
criei entre Ribamar e
a Ericeira, as de Trás
os Montes e mais algumas salpicadas por
aí... É difícil estabelecer
preferências, porque
cada uma delas tem
uma justificação, enquadramento e história própria. Nenhuma
foi colocada “apenas
porque sim” ou para
preencher buracos no
mapa. Aliás, buracos
no mapa eram coisa
que não faltavam naquela época! [risos]
Para mim o Geocaching faz todo o sentido quando as caches
são colocadas com
apreço e dedicação
pelo local e/ou pelo
seu tema. Se quisesse
apenas “facturar” teria
escolhido seguir Contabilidade em vez de
Geologia... E digo isto
com o maior respeito
pelos eventuais geocachers contabilistas,
é claro! ;-)
Mas pronto, está
bem... Penso que as
Monsanto
Subterrâneo [Lisboa] [GCTV7D], Granja dos
Serrões karren field
[Sintra] [GCHJ8R], Penedo da Amizade [Sintra] [GCVJ73], O Mar
e as Gentes [Ericeira]
[GCQ05J] e Sabor
Romano [Bragança]
[GCVRZB]
poderão
HTTP://COORD.INFO/GL5FBR4
58
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
provavelmente
ser de algumas críticas
aquelas pelas quais que recebi na altura
por ter colocado tantenho maior apreço.
Também não me pos- tas caches tão próximas umas das outras
so esquecer da se(6 ao longo de 5 km),
quência de caches ena intenção de cada
tre a Forte de Milreus
uma delas foi mos[Mafra] [GCXMV2] e
trar diferentes locais
a S. Lourenço Beach
e histórias do berço
[Mafra]
[GCQ2BN],
da minha família, mas
colocadas antes de se
com o claro objectivo
começar a ouvir falar
de “obrigar” as pesde Power Trails. No
soas a largar o carro
entanto, desde que
e percorrer o percurso
toda a zona foi “cilina pé, o que nem semdrada” pela evolução,
pre foi conseguido.
é pouco frequente reAgora esse objectivo
ceber logs condignos
foi atingido, mas com
e que espelhem a sen- um preço demasiado
sação única que se ob- elevado para o meu
tém ao percorrer a pé gosto! Opiniões...
o trajeto sugerido, em
paz, com uma vista de
cortar a respiração e GM – Olha [risos],
apenas com a compa- fui um dos que cumnhia do murmúrio do priu o teu desejo e
mar e do chilrear de fiz esse trajeto nas
algumas aves. Apesar arribas próximas de
Ribamar… é certo que
não foi a pé mas de bicicleta também é muito agradável! Vamos
então a outro tipo de
caches, as EarthCaches! Seria de esperar
que tivesses explorado mais esta vertente do Geocaching,
ou não? Há algum
motivo especial para
não temos mais EC´s
tuas para procurar?
És (eras) mais adepto
de teres containers
físicos, ainda que em
locais de grande interesse geológico?
BH - Pois, é verdade... E o danieloliveira
ainda tentou durante
muito tempo incentivar-me a desenvolver
mais, mas na altura
em que apareceram
as ECs eu já estava em
“percurso descendente” e, sinceramente,
a necessidade de escrever bons textos em
inglês foi também um
impedimento. Quem
me conhece, ou melhor, quem conhece as
minhas caches sabe
que produzo quase invariavelmente longos
textos para as caches,
cheios de pormenores
sobre o tema escolhido. Sim, eu sei que são
uma seca e que não
são práticos de ler no
smartphone! Desculpem lá qualquer coisinha, ok? ;-)
Algumas das minhas caches físicas já
cumpriam parte dos
objetivos das ECs,
como por exemplo a
Quarrying and Mining
in Pardais [Vila Viçosa]
[GCMV2Y] ou a Brecha da Arrábida [GCW2P4], mas as ECs
não existiam nesta
época. Os temas para
novas ECs também
nunca faltaram, ainda
hoje mantenho algumas ideias em arquivo, mas faltou-me a
energia para as criar...
Mas ando aqui com
algumas ideias diferentes, por isso quem
sabe se não teremos
mais algumas criações
minhas no futuro?
GM – Era uma excelente notícia! Tenho a
certeza ler estas tuas
linhas fará sorrir uma
boa franja de geocachers! Mas voltemos
ao “procurar caches”
[risos]. Lembro-me
de um par de caches
aqui na região de
Lisboa relacionadas
com a tua paixão pelas Cartas Militares
e com o teu percurso
académico, a Cartografia 101 [GC18J54]
do almeidara e a Serra de Loures e UTM
[GC1GDVD]. Se na
primeira vemos uma
tua “corrida ao FTF”,
falhada [risos], na
outra não há registo
de lá teres passado.
É assim? Não achas
estranho que acabe
por haver tão poucas
caches
relacionada
com o tema?
a “Serra de Loures e
UTM” [GC1GDVD] teve
em quase 7 anos de
vida! Talvez isso justifique existirem poucas
caches com este tema
ou utilizando estes
recursos... Tenho de
BH - Olha, olha... Acho arranjar oportunidade
que nunca tinha repa- para visitar esta criarado ou pelo menos ção da salprata!
já não me lembrava
da “Serra de Loures e
GM – Hum… Já perUTM” [GC1GDVD]...
cebi que assumi, erEssa é umas das di- radamente, ao ver o
ficuldades que tenho símbolo de Premium
atualmente quando Member, que o serias
me decido a procurar desde sempre (ou
umas caches: conse- pelo menos não seguir selecionar as que rias um recente PM).
merecem! Um amigo E, isso não é verdade,
até me ofereceu uma certo? Foi a primeira
anuidade como Pre- vez que te tornaste
mium Member, para PM, com a oferta de
poder ter acesso a que falas? Há presenalgumas caches de temente (na realidade
muito boa qualidade há já muito tempo) alque só assim estão guma polémica aceracessíveis, mas mes- ca de ser “pagante”,
mo assim não tirei por um lado devido à
o proveito merecido diferença de valores
da oferta, apesar de cobrados na Europa e
ter reencontrado um nos Estados Unidos, e
pouco do prazer que por outro, exatamenhá muito tinha com o te pela controvérsia
Geocaching!
de existirem as PMOC
Member
Estou sempre a afas- (Premium
tar-me do tema das Only Caches). Deperguntas... O tema da preendo pela resposcartografia e da orien- ta acima que é um
tação não é muito assunto que não te
acessível nem de fácil incomoda, ou é? Esta
entendimento
para redescoberta do gozo
quem não tem alguma de procurar caches
experiência; veja-se o deve-se
principalnúmero de visitas que mente a que motivos
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
59
(relacionados com a preservadas e duramembership, claro)?
douras. Por outro lado
BH – Já tinha sido PM penso que isso viola
quando essa modali- o espírito original do
dade apareceu, por- Geocaching, não é?
que achei que deveria
contribuir financeiramente para suportar
uma atividade que me
dava tanto gozo. Já
não me lembro durante quanto tempo o fui,
mas acabei por não
renovar. A introdução
das PMOC chateoume bastante, porque tive logo um log
apagado na primeira
cache desse tipo que
apareceu em Portugal.
Antes tinha sido PM
para contribuir para o
Geocaching, mas não
me agradou a criação
dessa modalidade de
caches a fazer descriminação entre quem
as procura… Mas o que
me incomoda mesmo
é o valor da anuidade!
Hoje, afastado como
tenho andado, confesso que já não me preocupo com o assunto.
Com a dimensão que
o Geocaching tem adquirido compreendo
porque alguns owners
tentem “escudar” as
suas caches nesta
modalidade, na esperança de que estas
apenas sejam visitadas por membros
mais empenhados e,
assim, fiquem mais
60
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
A redescoberta do
gozo que referi devese essencialmente às
visitas que fiz a uma
série de excelentes
caches do ericeirapirates, que me foram
diretamente aconselhadas por quem me
ofereceu a adesão a
PM. Agora resta-me
menos de um mês
para encontrar uma
série de delas que ainda me faltam, senão
depois ficarei com um
amargo na boca...
GM – Ericeirapirates,
um excelente novo
nome no “panorama
geocachiano” do distrito de Lisboa! Grandes
oportunidades
de reveres as “tuas”
arribas, sem dúvida!
Pelo que conheço do
Jorge, aquilo que referiste há pouco sobre te terem apagado
um log de uma PMOC
não acontecerá nas
caches dele! Garantido! O mais provável é
que, caso não encontres uma cache dele e
faças logo o registo de
DNF (via smartphone)
acabes por receber
na hora um simpáti-
co email de oferta de dade foram determiajuda! [risos]
nantes para a forma
BH - As caches que como evoluiu a minha
ele tem criado são vivência do próprio
realmente muito in- Geocaching. Expoenteressantes, aliando tes máximos desta
locais fantásticos a afirmação são o Gang
temas interessantes da Hora de Almoço,
e contentores... Bem, de que podemos faquem quiser saber lar mais à frente, e o
“Geocaching
tem MESMO de visitar grupo
ou
algumas, como por Expedicionário”
exemplo a The Es- mais simplesmente
sence of Kontraband os “Expedicionários”.
[GC54Z0J] ou a Lulla- E como poderei ainda
by [GC56FG0]. E mais esquecer a despedida
de solteiro do MCA?
não digo!
GM - Bem a propósito, exploremos o
tema “Amigos”, uma
palavra que vai, invariavelmente, aparecendo nas tuas
respostas…
vamos
por aí então [risos]! Já
tive oportunidade de
perguntar ao Cláudio
Cortez (Geomagazine
Abril 2015) o que são
“Os Expedicionários”.
Podes
revelar-nos
mais desse “vosso”
universo? Um pouco
da História, das estórias e das vossas
aventuras?
BH – É lá, isso dava
tema para uma revista
inteira! Não quero que
as minhas respostas
sejam
demasiado
repetitivas, mas a
verdade é que as amizades construídas no
decurso desta ativi-
Quanto aos Expedicionários, esse é um
grupo de amigos com
gosto pelas caçadas
em pequeno grupo,
em especial daquelas
que requerem caminhadas de vários quilómetros, tendo como
principal objectivo de
visitar apenas uma
cache. Ou seja, experiências precisamente
contrárias ao rumo
que os Power Trail actualmente seguem...
A minha primeira experiência deste tipo
aconteceu com a visita com um pequeno
grupo à “Half a Mountain” [GCH744], em
Novembro de 2003.
Ainda que a caminhada realizada não fosse
longa, ficaram aqui
lançadas as sementes para o que viria a
acontecer mais tarde.
HTTP://COORD.INFO/GL15X606
tion”), desta vez já
com a companhia do
clcortez. No primeiro
dia cumprimos o primeiro objectivo com
a visita à “Stairway to
Heaven”
[GC640F],
no alto da Senhora da
Peneda, onde travei
conhecimento
com
alguns geocachers do
Norte. Dormimos na
“Fenda da Calcedónia”
e ao raiar da aurora
lançámo-nos pelo vale
do Rio Homem acima,
em busca das Minas
dos Carris e da cache “Tou às aranhas”
[Gerês]
[GCPDB6],
acompanhados pelas
intemporais palavras
No ano seguinte, em de Torga:
Outubro de 2005, lançámo-nos à primeira
expedição de 2 dias e “...Galgados os muros
a primeira a receber ciclópicos da Calcenome (“From Heaven dónia, numa erudição
to Spiders Expedi- feita à custa dos pés, e
Em Agosto de 2004
o MAntunes lançou
o desafio, a mim e ao
MCA, para o acompanharmos na vingança
a um DNF na “Fenda da
Calcedónia” [GCGZCK].
Esta foi a primeira experiência de caça de
longa distância que fiz.
Também desta vez a
caminhada para a cache foi modesta mas a
longa deslocação desde Lisboa com apenas
um objectivo fixo leva-me a considerá-la
como a primeira de
várias expedições que
viriam a suceder nos
anos seguintes.
guiado pelos miliários
imperiais, segui a geira romana até chegar
à Portela do Homem,
onde as legiões invasoras pareciam aquarteladas.”
corrida. Pano de fundo,
o mar de terras baixas
era apenas um cenário
esfumado; à boca do
palco reflectiam-se nas
várias albufeiras do Cávado a redonda pureza
“Tranquei as portas da da Cabreira e a beleza
memória e, pela mar- sem par do Gerês.”
Miguel Torga
gem do rio, subi aos
Carris. Uma multidão
(Portugal, 1950)
minava as fragas à
procura de volfrâmio,
por conta da guerra e Estavam abertos node quem a fazia. Teixos vos horizontes e, para
e carvalhos centenários mim, o Geocaching
a c o m p a n h a ra m - m e nunca mais seria o
quase todo o caminho. mesmo!
Só desistiram quando Esta primeira visita
me aproximei do cume aos Carris e ao Pico
da montanha, onde a da Nevosa ser-me-ia
vida, já sem raízes, ten- fisicamente bem dura,
ta levantar voo.
fruto de maleitas conAgora, sim! Agora podia,
em perfeita paz de espírito, estender a minha
ternura lusíada por toda
a portuguesa Galiza per-
traídas no dia anterior,
mas a recompensa
recebida por tão fantásticas paisagens faz
rapidamente esquecer
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
61
o esforço e deixa-nos
completamente assoberbados com este
recanto da nossa nacionalidade!
Em Setembro de 2007
foi a vez de visitarmos
a “Heart of Darkness”
[GC1471Q] e o “Pé de
Cabril” [GCZBTH], na
“Expedição com Pé
e Coração”, onde tive
o enorme prazer de
conhecer a preciosa
Silvana, o Drager e
o Sagitário. Por esta
ocasião criei o Yahoo
Group
“Geocaching
Expedicionário”, com
o objectivo de facilitar
a troca privada de informações e combinar
novas expedições.
Em Outubro de 2008,
com um grupo maior,
voltámos à Fenda da
Calcedónia e Minas
dos Carris, mas desta
vez passando pelas
“Minas das Sombras”
[GC1BVJ9], na “Expedição Por Templos e
Minas no Gerês”.
Em Outubro de 2009
visitámos uma série
de caches na zona das
Lagoas do Marinho,
“Mina do Borrageiro”
[GC1YX9N] e Rio Fafião, com mais umas
voltas pela região,
na “Expedição Tempos e Contratempos
pelo Gerês. Mas foi
fofinho...”. Foi uma expedição memorável,
62
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
creio que com o maior
grupo que alguma vez
juntámos, em que
tivemos a honra de,
entre outras, visitar a
fantástica homenagem da Silvana “Aos
grupos expedicionários” [GC1WRND]!
Em Maio de 2010 vi-
tano” [GC3HTHB]. Na
primeira, designada
“Enterro das botas
com sabor a chouriço
(e iogurte derramado)”, eu e o MCA optámos por interromper a
progressão pelo rio a
meio do percurso, porque o trajeto estava a
“Estas foram as expedições em
que tive o prazer de participar
mas, pelo meio, existiram
diversas outras em que não
pude estar presente”
sitámos duas caches
míticas colocadas por
dois dos Expedicionários, “Na Linha do
Douro” [GC1BRPH] e
“La Ruta de Los Túneles - Barca d’Alva”
[GC1C1W9],
entre
outras, na “Expedição
“Chouriços, alheiras
e sapatos “Michael
Phelps” na Linha do
Douro!”, com um evento dedicado aos 10
anos do Geocaching
pelo meio...
Em Outubro de 2012
e 2013 voltámos ao
modelo inicial de expedições, com um grupo
mais reduzido (almeidara, MAntunes, MCA
e eu), com o objectivo
principal de subir o
Rio Sabor em busca
da “Sabor Transmon-
ser bastante exigente e tivemos algum
receio do que ainda
nos faltava. Assim
dividimos o grupo e
seguimos um carreiro
até ao carro, encosta
acima. O almeidara e o
MAntunes completaram o fantástico percurso e encontraramse connosco no final.
Em 2013 participei na
minha última expedição, com o explícito
nome “Expedição a
Trás os Montes 2013:
A vingança!”, em que
completámos o percurso iniciado no ano
anterior ao longo do
Rio Sabor e também
calcorreámos a zona
do Parque Natural de
Montesinho,
entre
a aldeia que lhe deu
nome e a zona da Serra
Serrada. Ainda quanto
à “Sabor Transmontano” [GC3HTHB], confesso que tenho algum receio que o meu
primeiro log incute
receio nos potenciais
visitantes, porque nós
os 4 fomos os únicos
a visitá-la desde que
foi colocada, há mais
de 3 anos. A verdade
é que o trajeto não é
assim tão difícil (se até
eu consegui percorrê-lo…) e a cache é bem
merecedora de muitas
mais visitas! Posso
replicar algumas das
minhas palavras no
log da segunda visita:
“Uma nota final para o
facto de muito termos
estranhado que, passado mais de 1 ano,
esta cache apenas tenha ainda sido visitada por nós! Deixem lá
o sofá e metam-se ao
caminho, porque vão
ganhar uma experiência única e memorável!
Garantidamente!!”
Estas foram as expedições em que tive o
prazer de participar
mas, pelo meio, existiram diversas outras
em que não pude estar
presente, por exemplo
na Rota do Contrabando, na Serra da
Estrela e em Marvão,
organizadas por outros expedicionários.
Apesar de estar longe
de ser atlético e dado
HTTP://COORD.INFO/GLCE248E
HTTP://COORD.INFO/GLPYEKQ
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
63
HTTP://COORD.INFO/GL75JXD
a grandes aventuras
e desportos radicais,
sempre vivi estas expedições como forma
de “recarregar baterias” para um ano de
vida na urbe, respirando ares mais puros e
explorando horizontes
para lá das serranias
que antes conhecia.
Começámos a dar
nomes às expedições
logo quase desde o
início, com base nos
principais objectivos
que nos moviam nesse ano e em alguns
dos acontecimentos
que marcaram cada
aventura. Por vezes
são mesmo estranhos e indecifráveis
para quem não nos
acompanhou, mas representam marcos na
nossa vivência.
restrito de amigos
porque o objectivo foi
sempre o de manter
uma vivência próxima
e no âmbito particular,
sem massificação ou
organização de eventos.
GM – Confesso que
desde que li alguns
dos registos das vossas aventuras no @
PT, espero pelo dia em
que tenha a oportunidade de vos acompanhar (talvez a fazer
uma reportagem aqui
para a revista)…
BH - Também espero
que possamos retomar estas nossas
caminhadas porque,
mais do que pelo Geocaching, fazem muito
bem à alma! E quem
Estas expedições fo- sabe se teremos a tua
ram mantidas num companhia? ;-)
grupo relativamente
64
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
GM - Avançando no
tema Amizade, peguemos no referido
por ti “Gang da Hora
de Almoço”!
Poucos serão aqueles que frequentam
fóruns e afins deste
nosso hobbie e que
nunca tenham ouvido
falar da dupla Bargao_Henriques e danieloliveira. Tivemos
já oportunidade de
entrevistar o Daniel
em 2013, aquando
da sua “promoção” a
revisor (GeoAwareIB)
mas queremos a tua
versão dos factos
[risos]. Diz-se à boca
pequena que o trouxeste para o Geocaching
(exatamente
um ano depois do teu
registo como Bargao_Henriques, em
17 de Setembro de
2004, curiosamente).
Como aconteceu isso?
E como passaram
daí para o mais que
famosos “Lunchtime
Gang”?
BH - Não sei que tretas
acerca deste assunto
é que o danieloliveira
vos contou na entrevista de 2013 mas,
se podemos assumir
como verdade absoluta que o Geocaching
não era a mesma coisa sem o Daniel, não é
menos verdade que o
Daniel não era o geocacher que é se não
fosse eu... Ahahahahahah
Na realidade o Daniel
já era geocacher antes
de nascer, mas os criadores deste hobbie é
que se atrasaram um
bocado a oficializar a
coisa... Eu só dei um
empurrãozinho! Ahahahahahah
Quando me iniciei no
Geocaching, em setembro de 2003, já o
Daniel era meu colega
de trabalho há 6 anos,
no ex-Instituto Geológico e Mineiro. Mas ele,
com o mau gosto que
o caracteriza, optou
por pertencer àquele
grupo de gajos estranhos que estudam
Recursos
Minerais
Metálicos, lá no fundo do corredor... Ora
o meu mundo girava
em volta dos Recursos
Minerais NÃO(!!!) Metálicos, por isso devem
facilmente perceber a
relutância que tive em
apresentar-lhe uma
actividade tão nobre
como o Geocaching,
não é? Ahahahahahah
Na realidade, tirando
as piadas tristes, o
que escrevi até é verdade. Trabalhávamos
há 6 anos na mesma
instituição, mas em
temas diferentes e
extremidades opostas
do corredor, por isso
nunca desenvolvemos
trabalho em conjunto. Foi na verdade o
Geocaching que nos
aproximou mais e que,
através das muitas
aventuras que vivemos, cimentou a amizade desta dupla que
ficará para sempre
na História (na minha, é claro!), o Gang
da Hora de Almoço
(ou Lunchtime Gang,
como ele prefere chamar). O facto de ter ele
se ter registado exatamente um ano depois
de mim foi uma mera
curiosidade, não um
erro na fabricação da
nossa geocoin, como
algumas
pessoas
pensaram… [risos]
Acabámos por ficar
conhecidos por esse
nome por causa das
frequentes incursões
de Geocaching que fazíamos durante o período de almoço, não
hesitando em comer
apenas uma sandes a
caminho de mais uma
aventura! A nossa dedicação ao Geocaching
da hora do almoço era
tanta que o revisor da
época, o Garri, chegou
a fazer um esforço
para publicar algumas
caches durante a manhã, para nós termos
oportunidade
para
mais uma aventura! A
nossa intenção nunca
foi propriamente a de
batermos o record de
FTF, apesar de provavelmente o termos
feito... A ideia era
mesmo sair do gabinete e arejar a cabeça
ao vasculhar mais uns
arbustos ou pedras!
É claro que não somos diferentes das
outras pessoas, por
isso rapidamente se
começaram a juntar
a nós uma série de
amigos de aventura.
Apesar do decréscimo
da minha actividade,
o Daniel sempre tentou (e de que maneira,
coitado!) motivar-me
para mais uma saída,
mas teve progressivamente cada vez
menos sucesso... (mea
culpa!) Ainda assim o
espírito do Lunchtime
Gang continua bem
vivo no Daniel e em
muitos dos lerão estas
linhas, o que eu ainda
há uns meses pude
constatar numa passeata em grupo pelo
parque Florestal de
Monsanto.
As nossas aventuras
terão sempre um local
especial no cantinho
das minhas memórias, é certo, e ficaram
mesmo gravadas na
Geocoin que o Daniel
propôs que fizéssemos. Mais que mero
“trackable”, é um pedaço de história que
ficou assim imortalizada de uma forma
cheia de significado!
GM – Pessoalmente,
tive oportunidade de
vos ver juntos num
excelente
Evento
de EarthCaching no
Guincho, o “10 years
of
EarthCaches”
[GC4T91P], a tentar
explicar a cerca de
50 curiosos o que
era uma Plataforma
Continental e como
se comprovava isso,
numa manhã cheia
de fenómenos geológicos! Fui para mim
um grande momento
disto a que chama-
mos
geocaching…
não sendo eu grande
adepto de eventos
acabo por não saber
se foi algo do género
One Time Only ou se
não é (ou era) assim
tão raro fazerem este
tipo de coisas em
conjunto. O que te
apraz dizer sobre o
assunto? Lembras-te
do dito Evento?
BH - Sim, claro que
me lembro! Creio
que esse evento e o
anterior “Geologia+Geocaching=Earthcaching!” [GC1DM08],
que organizei no
âmbito da Geologia
no Verão 2008 e das
comemorações
do
Ano Internacional do
Planeta Terra, terão
sido os únicos do género em que participei
com o Daniel. Embora
ele tenha organizado
muitos outros, nem
sempre dou por eles
a tempo ou tenho
disponibilidade para
participar.
Já tenho dito e escrito
diversas vezes que o
Daniel é um gajo cheio
de carisma e magnetismo pessoal. Essas
características aliadas
a um vasto rol de conhecimentos científicos conferem-lhe capacidades únicas para
este tipo de eventos.
Aconselho-os a todos! Mesmo que não
sejam apreciadores
do EarthCaching ou
da Geologia, passarão
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
“hoje em dia apenas consigo que [a família] me
acompanhem em meia dúzia de caches durante as férias”
certamente um bom
bocado e virão de lá
mais enriquecidos em
conhecimento e confraternização! ;-)
GM – Sem dúvida,
não há como passar
ao lado desses aspectos do Daniel. Guardo
desse dia, além do
excelente evento e
de vos ter conhecido
aos dois, o momento
em que tu, com uma
“caneta” munida de
algo magnético numa
das
extremidades,
nos mostraste o fenómeno que eu próprio
tento apresentar na
Praia do Baleal, na
minha
EarthCache
“Desenhos na Areia /
Drawings in the Sand”
[GC49ZF0]! Disso e de
ter visto o Clinómetro
ao Daniel, já depois do
evento!! Ahahahah!
BH - Ahahahah Essa
de teres visto o clinómetro do Daniel vai
deixar muita gente a
interrogar-se sobre o
que estaremos a falar!
Mas não vou ser eu a
desfazer o enigma...
A “caneta munida de
algo magnético numa
das extremidades” é
uma das ferramentas
usadas pelos geólogos que estudam
minerais metálicos,
servindo para identificar a presença de minerais magnéticos. É
coisa que nunca usei,
porque a minha área
de actividade nunca
o exigiu, mas quando
vi aqueles níveis de
pequenos fragmentos
de minerais de cor negra, sabia que muitos
seriam
certamente
magnéticos, daí ter
feito a brincadeira. A
primeira vez que o fiz
foi há muitos anos, no
decurso de uma actividade de escuteiros.
Na ocasião levava uma
antena de rádio CB na
mochila, daquelas com
base magnética para
colocar no tejadilho do
carro. Meti a antena
dentro de um saco de
plástico e depois andei
com ela pela areia. Foi
uma autêntica festa
para os miúdos! Ainda
hoje guardo um frasco
de vidro cheio de magnetite colhida nessa
ocasião...
família… qual é a relação dela com o (pouco)
geocaching que vais
praticando? Os teus
filhos são escuteiros,
certo? O contacto com
a Natureza já está implícito… qual é a posição deles em relação
a este nosso hobbie?
BH - Acabamos por
fazer pouco Geocacing
em família. Nos primeiros anos fazíamos
um pouco de vez em
quando, em família
e com amigos. Até
fomos presenteados
com uma cache colocada na maternidade,
no dia em que nasceu
o nosso segundo rebento, a “First Light”
[GCN5Z4]. O RBHenriques teve direito a fazer o seu primeiro log
apenas 3 dias depois
de nascer, apesar de
só termos registado o
seu nickname no ano
seguinte. Esta é mais
uma das pérolas que
guardámos ao longo
destes anos, desta vez
GM – Parece-me que,
pela mão do FGV.
de uma forma geral,
cobrimos um pouco Os miúdos gostavam
do essencial da tua muito do Geocaching,
“Carreira de Geoca- mas acabaram por
cher”… resta-nos ex- ficar mal habituaplorar um pouco do dos com as caches
presente! Começaste que existiam há uma
nestas lides com a tua década, pois quase
todas eram regulares
e tinham prendas interessantes. Aos poucos esse panorama foi
mudando e eles foram
ficando cada vez mais
frustrados ao abrir as
caches, até que deixaram de querer acompanhar-me... É triste,
eu sei, em especial
porque ainda por aí
existirão certamente
muitas caches que fariam as suas delícias,
mas não é fácil saber
de antemão quais são.
Assim sendo, hoje em
dia apenas consigo
que me acompanhem
em meia dúzia de caches durante as férias.
Espero que nas próximas semanas consigamos viver algumas
buscas juntos!
GM – Como vês esta
massificação de caches e geocachers?
O passar de ser uma
actividade a praticar
quase em segredo
para algo já parte do
léxico corrente de
grande franja da sociedade? E a alteração
do paradigma “O Local é tudo” para “Tudo
é local”?
BH - A massificação
desta actividade é o
resultado que seria
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
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de esperar da sua
evolução. No fundo
pode-se dizer que o
Geocaching está a ser
vítima do seu próprio
sucesso, não é?
Teci alguns comentários sobre este tema
num artigo de opinião
na edição 11 desta
revista, onde afirmei
que “o Geocaching de
antigamente é o mesmo Geocaching de
hoje (salvaguardando
obviamente a diferença avassaladora dos
números)” e que “para
que o Geocaching
cresça saudável e com
futuro basta que cada
um o viva com espírito
salutar de partilha e
entreajuda, respeitando as poucas regras e
os outros da mesma
forma que gosta de
ser respeitado.” Creio
que estas afirmações
reflectem bem a perspectiva que tenho sobre este hobbie: cada
um deve vivê-lo à sua
maneira, mas sempre
com respeito pelas
regras e pelos outros!
É claro que actualmente há coisas que me
desgostam profundamente, em especial
quando a maioria dos
logs que recebo nas
minhas caches pouco
mais é que um “mais
uma”! Também eu já
escrevi alguns logs
assim, é certo, mas
apenas em caches que
realmente não deveria
ter visitado, porque
68
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se não merecem o
respeito de quem as
criou, como receberão
o respeito de quem
as visita? Se calhar é
isso que pensa quem
escreve a maior parte
dos logs que as minhas caches recebem
hoje em dia, mas quero acreditar que não.
Se assim fosse mais
valeria
arquivá-las
a todas, mas prefiro
pensar que a dedicação que coloquei
na sua criação ainda
possa ser apreciada
e usufruída por quem
as continua a procurar
passados todos estes
anos...
Provavelmente o que
falta é uma postura
mais forte por parte
da Groundspeak, com
regras mais rígidas
sobre a criação de caches, garantindo uma
melhor qualidade e
dedicação dos criadores às suas criações.
Mas estas questões
são muito relativas
e difíceis de avaliar...
Além disso quem sou
eu para falar no assunto, uma vez que
tenho em permanência algumas caches a
necessitar de manutenção?
GM – Ainda relacionado com a pergunta acima, para onde
achas que “caminhamos”? Este tipo de
oferta levar-nos-á à
saturação pura e simples ou potenciará a
criação de “grupos”
verdadeiramente
distintos de geocachers? Teremos os de
Aventura, de Local, de
Container, Urbanos,
etc., quase à semelhança do que é comummente utilizado
para descrever o tipo
de cache?
muito essa boa fase
e agora faço praticamente apenas Geocaching não planeado,
ou pelo menos pouco
planeado, e nunca
tenho muito tempo
para dispensar com
deslocações ou buscas. Daí a dificuldade
que refiro em escolher
bem o que irei procurar. Felizmente de vez
BH - Desde que me em quando recebo
iniciei nesta activida- umas boas dicas dos
de que me cruzei com amigos... ;-)
diversos tipos de praticantes, com gostos e
abordagens muito dis- GM – Chegámos ao
tintas, o que não pode fim desta nossa “condeixar de ser saudável. versa de amigos” mas
não podemos (não
O problema que vejo devíamos) terminar
na massificação é o nesta “onda mais
facto de, com a pro- depressiva” do que é
liferação de “geolixo”, um excelente hobbie,
se assistir a algum de- agregador e potencréscimo da qualidade ciador de amizades e
média das caches. Isto motivador de horas
leva a que os menos perdidas em comuatentos ou menos nhão com a Natureza.
participativos, como Como tu mesmo te paeu, possam sentir al- rafraseias acima, há
guma dificuldade em umas poucas regras
“separar o trigo do
a seguir e se tivermos
joio” e tenham difialgum bom-senso e
culdade em selecciorespeito pelo próprio
nar boas caches para
(e pelo Património,
procurar. Eu sei que as
natural e edificado),
caches boas são muiteremos Geocaching
tas, muitas mais do
por muitos e bons
que alguma vez aspianos.
rarei a procurar! Quem
seja metódico e des- Desafio-te portanto a
penda algum tempo a olhares mais uma vez
ler antecipadamente para o baú das tuas
listings, logs e fóruns aventuras, recentes
encontrará facilmente ou antigas, e apontes
muitos bons tesou- aos nossos leitores
ros debaixo do nariz. um par de caches
Mas eu ultrapassei há que tenham para ti
HTTP://COORD.INFO/GLD4J2T9
os condimentos necessários para uma
“daquelas” cachadas
e deixes aqui essas
recomendações!
BH – Quando me perguntam isso tenho
uma resposta muito
fácil:
GreenShades!
Não desprezando a
infinidade de boas caches que povoam este
nosso país de Norte
a Sul, criadas por outros, penso que as caches dos GreenShades
serão sempre uma
referência incontornável! Seja no alto da
serra com a “Stairway
to Heaven” [GC640F],
nas fragas do rio com
a “Far away, so close”
[GCF508], nas arribas
costeiras com a “Half a
Mountain” [GCH744],
a “The Lonely Lookout” [GCGGAY] ou
com a “The Nest of
Jonathan Livingston
Seagul”
[GCED51]
(esta ainda não procurei…), as expectativas
não sairão de forma
alguma goradas!
Por outro lado, de uma
forma global agradam-me quase todas
as caches que fiquem
em locais isolados,
de preferência altos,
como por exemplo
todas as que já referi
no Parque Nacional do
Gerês.
Mas também posso dar outro tipo de
exemplos, mais próximos das grandes cidades, mas ao mesmo
tempo isoladas no espaço e no tempo, como
a “Hanging Gardens of
Babylon” [GCA2D8],
a “Last Home of Gertrude” [GC54DD] ou
a “Vinhos da Arealva”
[GCQKTV] (já era bem
tempo de alguém
“ressuscitar” esta cache!)…
um pouco do “Bargão_Henriques Essencials” [risos] no
que diz respeito aos
Eh pá, reparo agora meandros do “teu”
que era para referir só Geocaching.
“um par” de caches…
BH – E eu agradeço
Paciência! ;-)
o facto de se terem
lembrado de mim e de
GM – Greenshades… me terem feito recorum
nome
muito dar quanto enriqueci
consensual no que com o Geocaching! ;-)
diz respeito ao Geocaching com letra
grande, sem dúvida!
Se tudo correr como
Texto / Fotos: Paulo
esperado, quando sair
Henriques e Rui
este número da revisDuarte
ta terei seguido uma
das tuas recomenda- Nota do editor - Foi com
ções e acrescentada muito agrado que vi “nasa de Vila Velha de cer” uma nova criação do
Rodão ao meu leque Paulo, já depois desta ende visitas!! Agrade- trevista estar concluída!
ço-te mais uma vez,
Desde há poucos dias poem nome próprio e
demos contar com mais
no da GeoMagazine, a disponibilidade uma EC por terras de Erie generosidade em ceira e Ribamar, a Penedo
partilhares connosco Mouro [GC61XZ8].
Quem procurar caches
deste tipo torna-se
uma pessoa mais feliz
e realizada!
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9 de junho de 2014: a
Groundspeak envia um
email que deixará os
elementos dos 100espinhos extremamente
satisfeitos: “We are pleased to inform you that
your upcoming event has
met the criteria and been
Nascem algumas caches
approved for Mega-Event
espalhadas pelo país.
status!”. Morre o Evento
E, de repente, Eventos! “Love Love... Espinho”
Muitos eventos! Por todo e nasce o Mega Evento
o lado… pela primeira “Love Love... Espinho”.
vez na história do Geo14 de agosto de 2014:
caching nacional, todos
abrem as portas da
os distritos portugueses
NAVE de Espinho, N 40°
e regiões autónomas
59.972 W 008° 37.359.
tinham um Evento marEm poucas horas entram
cado para data e hora
centenas de geocachers
iguais.
no espaço do Mega
E, sem que ninguém Evento. São batidos recontasse, começam a cordes de assistência.
surgir Eventos por toda a
O vasto programa é
Europa e Norte da Amévivido por dezenas de
rica.
geocachers. Caminha40 Eventos do mesmo das, escalada, zumba,
owner...
100espinhos bootcamp, pontes susestavam na boca dos pensas, touros mecânigeocachers portugueses cos, insufláveis, concure não só. 40 eventos que sos, sorteios, passeios
divulgaram, quase em de bicicleta, DJ ao vivo,
simultâneo, um Evento surf, saltos de avião,
na cidade de Espinho.
bokwa, gelados e bolas
Surgem entrevistas para de Berlim... e dezenas
blogs e podcasts estran- de caches para todos os
geiros. 100espinhos vai à gostos.
Love... muito Love em Pouco a pouco, comeVeneza. Desculpem, em çam a surgir as primeiras
movimentações,
que
Aveiro, Portugal.
começaram a criar freO Love chega à Veneza
nesim e a dar origem a
portuguesa, depois do
umas quantas especulaestrondoso sucesso em
ções sobre o que estava
Espinho, em 2014.
para acontecer...
Primeiro Ato!
28 de abril de 2013: durante uma caminhada,
Ignacius Team desafia
um geocacher da Feira
a criar um Mega Evento
relacionado com a Viagem Medieval. A Groundspeak não autoriza o
evento. Mas o sonho fica
bem gravado nas mentes e corações de alguns
geocachers “idiotas” .
27 de outubro de 2013,
Pavilhão dos Bombeiros
Voluntários de Carregal
do Sal: a ideia de um
Mega Evento volta à
baila. Fica formada, oralmente, a Equipa que vai
coordenar o processo.
6 de novembro de 2014,
numa mesa à beira da
porta de um pequeno
café, exatamente em
N 40° 59.889 W 008°
37.260, nascem os
“100espinhos”, o e-mail
oficial e o perfil enigmático no Geocaching.
Prova Oral da Antena3 e
tem direito a artigos em
alguns jornais e revistas
nacionais e locais, bem
como grande destaque
No Geocaching nacional no billboard de Espinho.
ninguém suspeita o que O Evento “Love Love...
pode ser esta Team. O Espinho”
[GC4RRF2]
seu avatar resume-se recebe dezenas de “will
a uns espinhos. Não há attends”. A Comunidade
caches escondidas nem nacional começa a unirse aos poucos.
encontradas.
Segundo Ato!
Com o mapa nas mãos,
Aveiro surgiu quase espontaneamente. E, nas
vésperas do Natal, a
Groundspeak aprovou.
E foi esta a prenda de
Natal dos 100espinhos a
todos os geocachers.
Aveiro... um fim de semana cheio de atividades que prometem a
satisfação aos que nelas
participarem. Entre muita atividade física, corpo
são e mente sã, haverá
sempre muito convívio e
algo menos agitado para
fazer, uma cidade para
conhecer, gastronomia
para apreciar e muito
património e natureza
para desfrutar. Do mais
radical ao mais calminho,
para os mais exigentes
e também com muita
interação, as atividades
agradarão com certeza a
todos os que passarem
pela bela cidade de Aveiro. A componente lúdica
não faz esquecer a educativa, assim o CITO está
no programa, pois a responsabilidade social não
pode ficar esquecida.
Os muggles de Espinho
acolheram as centenas
de geocachers presentes. Muitos participaram
nos Eventos oficiais, tal
era o seu espírito.
A Ria, os Ovos-moles, as
salinas, os moliceiros e o
farol… muito mais havia
a enunciar, mas jamais
se esquecerá o que a cidade tem para oferecer…
Os objetivos do Mega com muito Love!
Evento foram ultrapassados. O dever ficou
Texto / Fotos:
cumprido. E os 100espiTiago Veloso e António
nhos não quiseram parar.
Correia
O Love tem de continuar!
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PONTO ZERO
- B Í TA R O -
Atributos para quê?
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Os atributos são ícones
nas páginas das geocaches que fornecem
informações úteis e
muitas vezes imprescindíveis aos geocachers
que preveem procurar
ou estejam no tereno a
procurar as geocaches.
Existem várias classes
de atributos, tais como
serem ou não necessários equipamentos especiais, alertas para possíveis perigos ao longo
do caminho, e indicações
de condições únicas às
quais o geocacher deve
estar atento enquanto
procura pela geocache.
se pretende, informação
a mais é capaz ainda de
confundir o geocacher.
Vamos então ver algumas situações que serão
essenciais para a correta
utilização dos atributos
na página da tua geocache, se bem que este artigo não pretende esclarecer o uso de cada um
deles, exaustivamente.
Como já referi, quase todos os atributos são opcionais, mas alguns são
obrigatórios e devem
ser adicionados antes
de uma geocache poder
ser publicada. Outros,
não sendo obrigatórios,
Claro que a maioria dos são altamente aconseatributos é opcional, mas lhados, de acordo com
uma correta seleção de situações específicas.
atributos poderá ajudar
significativamente
os
geocachers a usufruírem ATRIBUTOS OBRIGATÓe alcançarem e com se- RIOS
Wheelchair
gurança acrescida a tua
accessible /
geocache. Para além de
Acessível a caajudar os geocachers
deira de rodas
na preparação da tua
cache, já que é possível
O atributo da
definir filtros nas Pocket
mobilidade reduQueries para se incluir
zida (Wheelcheir
ou excluir determinados
Accessible) tem
atributos.
uma particulariÉ possível, atualmente,
escolher quinze atributos para cada página,
sendo que acredito que
não será necessário
preencher por completo
aquele retângulo que
fica em baixo do mapa
primário no painel do
lado direito da página,
até porque muitas vezes, ao contrário do que
dade. Sempre que
o terreno escolhido for de 1 estrela, significando
que o terreno não
oferece qualquer
obstáculo, por
muito pequeno
que seja, o atributo tem que
estar presente.
No entanto, pode
haver indicações
de terreno superiores a 1 estrela
em que a geocache continua a
estar disponível
para quem se
movimente numa
cadeira de rodas.
Por exemplo,
uma geocache
colocada no fim
de um passadiço plano, com o
estacionamento
a 500 metros: a
distância ainda é
relevante e está
alcançável para
quem se movimente dessa forma. Neste caso, o
atributo de Mobilidade Reduzida
faz todo o sentido
estar presente.
De salientar que
este atributo
significa que um
geocacher numa
cadeira de rodas
consegue deslocar-se até ao
GZ e alcançar a
cache. Trata-se
de uma classificação global. Terreno 1 e atributo
significará que o
geocacher numa
cadeira de rodas
pode encontrar a
cache sem acesso
a outros meios.
UV Light Requeired / Luz
ultravioleta
Este atributo deve
ser adicionado se
nalguma etapa
da tua geocache
utilizaste tinta
UV (ultravioleta)
com indicações
imprescindíveis
ao progresso
da aventura, e
para a leitura das
mesmas é necessária recorrer
a uma lanterna/
luz adequada.
Wireless Beacom Required
Um Beacon é um
dispositivo sem
fios que transmite uma pequena
mensagem, a
qual pode conter
informação a ser
usada para encontrar uma geocache. As geocaches que incluam
qualquer tipo de
emissor wireless,
como o Chirp, e
que não tenham
uma alternativa
ao método de
prosseguir sem
usar essa funcionalidade, têm
que ser listadas
como Mistério,
independentemente do resto
da progressão
da cache. E a
página da geocache tem que ter
obrigatoriamente disponível o
atributo Wireless
Beacom Required
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ATRIBUTOS ESSENCIAIS
PARA SITUAÇÕES ESPECÍFICAS
Not Available at
All Times / Não
Disponível 24/7
Se a geocache
se encontra com
acesso restrito,
tal como dentro
dos jardins de um
museu, ou dentro
de um castelo com horário
específico, deverá
estar selecionado
o atributo de não
disponibilidade
todo o tempo,
assim como o
horário em questão dever estar
explícito na página da geocache.
Special Tool
Required / Ferramenta especial necessária
Wherigo não
é considerado
equipamento especial, portanto o
atributo de equipamento especial
não é necessário
para este tipo
de geocache.
Is field puzzle
Este atributo
deve ser utilizado quando há
algum puzzle ou
jogo para resolver com o intuito
de abrir a geocache ou aceder
à mesma, para
que seja possível
assinar o logbook.
Por exemplo,
um cadeado de
combinação para
o qual é necessário o código.
Este atributo deve CONFUSÃO COM ALGUNS ATRIBUTOS
ser utilizado se
Teamwork Repara assinar o
quired / Neceslogbook é nesário Trabalho
cessária alguma
de Equipa
ferramenta ou
outro dispositivo
Tem sido utilizaespecífico para
do recentemente
abrir a geocache.
o novo atribuPor exemplo,
to disponível
uma chave, uma
“Teamwork Rechave de fendas
quired” em muitas
ou um íman.
caches novas. No
entanto saliento
De salientar que,
que o mesmo se
por exemplo, um
destina exclusidispositivo que
consiga executar
vamente a outro
caches do tipo
tipo de geoca78
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
ches, geocaches
onde é necessária
a colaboração de
geocachers de
localizações diferentes (em geral,
países diferentes)
para que seja
possível, através
de dicas de outras
caches distantes,
fornecidas por um
geocacher específico daquela zona,
chegar à cache
pretendida. Um
tipo das antigas
IMC - International Multi Cache.
Portanto, se o objetivo é indicares
ao geocacher para
não ir sozinho
à tua geocache
porque são precisos dois indivíduos para encher
o tubo de água
(por ex.) para a
geocache emergir,
então este não
é o atributo que
deves escolher.
Seasonal Access
Only / Acesso sazonal
Este atributo
serve para indicar
que a cache apenas estará disponível em certas
épocas do ano,
de acordo com o
que terá que ficar
esclarecido na
página da geoca-
che. É geralmente
utilizado quando o
local onde a geocache se encontra
está indisponível
por questões
de nível natural,
como por exemplo, época de nidificação de aves.
Uma cache exemplo é a Just Get
There (GC27FGF),
onde claramente é indicado na
página o seguinte: “Seasonal /
Sazonal cache:
Visitable from
August to November / Visitável
apenas de Agosto
a Novembro.”
Resumindo, acima de
tudo, utiliza os atributos
com bom senso e essencialmente para ajudar o
geocacher.
Espero que o artigo tenha ajudado e ajude no
futuro.
Muito obrigado pela colaboração.
Texto:
Bitaro (Vitor Sérgio)
Geocaching.com Volunteer Geocache Reviewer
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
T i a g o V e l oso
92 kms de carro + 16
kms a pé + 4h19 de
viagem + 40º + 3 litros
evaporados de suor
+ 1 DNF = gritos com
palavras feias + GPS
atirado pela ribanceira
e dor de cabeça… Que
ganhas em perder a
calma?
calma? Para quê? Entrares em modo stress
não vai mudar as coisas. O melhor é deixar
passar.
Em primeiro lugar,
recorda-te que a vida
é feita de vitórias e
perdas. Vais perder a
De facto, na minha
vida essa tem sido
a arma secreta para
manter a paz e a cal-
Experimenta inspirar
calma e profundamente umas cinco
vezes. Imagina, na expiração, o stress a sair
“Manter a calma” é fun- de ti.
damental na vida de
qualquer geocacher. E Se isto for muito comcá estamos nós, caro plicado, anda com uns
amigo, a ajudar-te a filmes de gatinhos no
simplificar a vida e telemóvel. Ok, estava
a encontrar a calma a brincar.
perdida nas últimas Após o momento de
silvas a 14 metros do respiração, atrevo-me
FTF.
a sugerir um bruning.
ma. Deita-te no chão.
Barriga para cima.
Pernas e braços bem
abertos. E fica assim
uns minutos. Não faças mais nada. Exceto
fugir de algum camião
que venha na tua direção, caso tenhas
cometido a loucura de
te deitares numa estrada.
dir-me? Deixa lá. Não
vale a pena.
Queres ver que até
sou amigo? A próxima
vez que fores às compras ao PD no dia dos
50% mete-te na fila
mais longa. Levarás a
tua paciência ao limite. E não haverá cache
alguma que te possa
tirar da calma depois
Por fim, lamento di- dessa experiência.
zer-te desta forma: Mantém a calma. Sornão és perfeito. E está ri. É o melhor.
tudo bem. Também
não és o melhor geoTexto / Fotos: Tiago
cacher do mundo. Já
Veloso
agora, neste brutal
ataque à tua pessoa,
aproveito para dizer:
Nota do editor – não
tens muito a aprender.
confundir bruning
Feliz? Ou estás cheio
com brunning ou…
ahahahaha
de vontade para agre-
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C AST E LO S D E P O RT U G A L
C a s t r o
M a r i m
POR RUIJSDUARTE
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
Estar alojado a meros
dois quilómetros de
Castro Marim, passar
nas imediações do
Castelo várias vezes
por dia e não tirar um
par de horas para o
visitar… nem era de
Geocacher! ;)
Natural do Sapal de
Castro Marim). É, obviamente, o grande
Ex-libris da vila, sendo
considerado um dos
mais
significativos
monumentos da Idade Média portuguesa
nesta região.
Foi com isto no pensamento que, mesmo
debaixo de 38ºc, me
dirigi cheio de convicção para o “monte
do Castelo”, nome por
que é conhecido o local
onde está implementada a fortificação,
num intervalo entre
a “lanzeira da praia”
e o “relaxar à beira da
piscina”.
Origens
De acordo com as
prospecções arqueológicas realizadas durante os anos oitenta, existe registo de
ocupação humana no
monte do Castelo desde a Idade do Bronze
(pré-história, portanto). Altura desde a
qual foi ininterrupta a
ocupação da foz do rio
Guadiana, relacionada
principalmente com
actividades comerciais
marítimas no Mediterrâneo, pela mão
dos Fenícios, Gregos e
Cartagineses, e finalmente pelos Romanos, estes já depois da
destruição do local por
um forte terramoto.
O dito Castelo de Castro Marim localiza-se
na vila (Freguesia e
Concelho) homónima,
no Distrito de Faro e
servia-se da sua posição dominante para
defender a margem
direita da foz do Guadiana. Tinha como
“adversário”, na margem oposta, o Castelo É do século VIII a.C.
de Aiamonte.
o mais antigo muro
Pode-se comprovar in defensivo na zona do
loco e sem dificuldade, actual castelo, tendo
acrescentadas
do alto das suas mu- sido
ralhas a referida (nos outras estruturas nos
seguintes,
vários sites) “vista pa- séculos
norâmica sobre o rio, a principalmente com
zona do Sapal, a serra o crescimento do coalgarvia, a Espanha, mércio grego.
as legiões romanas
se deslocaram para a
região a fim de poder
atacar, pela retaguarda, os domínios de
Cartago) o rio Guadiana servia como fronteira entre duas das
três províncias romanas da península, Bética e Lusitânia. Com a
povoação reocupada e
a fortificação reconstruída, a zona tornouse num importante
centro de decisões
politicas e económicas, de onde partiam
as movimentadas estradas que ligava Bésuris (Castro Marim) a
Mírtilis Júlia (Mértola,
a norte), a Ossónoba
(Faro) e Balsa, pela
costa (Tavira, a oeste) e Onoba Astuária
(Huelva, a este).
As posições romanas
deram lugar à ocupação Vândala e finalmente à Muçulmana,
julgando-se
terem
sido estes últimos a
edificar o verdadeiro castelo, de planta
quadrada e munido
das torres-circulares
que ainda perduram
nos seus vértices.
O castelo na Época
Medieval
Durante a reconquista
da Península Ibérica
as salinas e as praias” Aquando da Conquista pelas forças cristãs,
(fruto da sua localiza- Romana da Península na década de 1230, as
ção em plena Reserva Ibérica (altura em que tropas de D. Sancho II
de Portugal tomaram
Castro Marim (logo
depois de Mértola e
Aiamonte), altura em
que foi promovida a
repovoação do Algarve
pela coroa, deixando
esse assunto na mão
das Ordens Militares.
Será sob o reinado de
D. Dinis que se iniciará a reconstrução da
porta do castelo, e, alguns anos mais tarde,
fruto da assinatura do
Tratado de Alcanices
onde se estabeleciam
os limites fronteiriços
entre Portugal e Espanha (Leão e Castela),
o mesmo ordenou o
reforço do Castelo e
construção de uma
barbacã. Estas edificações ficaram conhecidas como “Castelo
Velho” e “Muralha de
Fora”.
Com a extinção da Ordem dos Templários,
Castro Marim seria
doada à nova Ordem
de Cristo que fez do
castelo a sua primeira
sede, antes de rumar
a Tomar já em 1357,
37 anos depois. Este
acontecimento retirou
a importância estratégica da vila pelo que
foi sendo despovoada,
dando início a um período de reclamações
contra as Ordens do
género, acusadas de
promoverem a ruína
dos castelos algarvios,
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com grande enfâse
no de Castro Marim.
O Castelo foi também
morada do Infante D.
Henrique, Grão-mestre da Ordem de Cristo.
O Rei D. Manuel I, em
1504, ao atribuir à vila
o Foral Novo, ordena
nova reparação das
suas defesas e muralhas do castelo. Encontram-se no Livro
das Fortalezas (livro
escrito em 1509/10
por Duarte de Armas
a pedido do rei e onde
constam desenhos de
todos os 56 castelos
fronteiriço do País) os
registos destas obras.
Aconselho vivamente
a consulta da página
da wikipédia, em https://pt.wikipedia.org/
wiki/Livro_das_Fortalezas, onde se podem ver algumas das
gravuras.
garve, perdida com
a saída da Ordem de
Cristo, é renovada com
o início da expansão
marítima portuguesa,
fruto da sua proximidade com o norte
de África, tanto para
apoio logístico e vigilância marítima como
para defesa contra piratas e corsários.
Castro Marim volta
a ter importância na
história portuguesa
por ter sido para onde,
durante a crise de sucessão originada com
a morte do jovem D.
Sebastião em AlcácerQuibir, os elementos
da Junta de Defesa
do Reino fogem e
atravessam para Aiamonte, entregando,
mediante declaração
escrita, o trono português a Filipe II.
dependência (iniciada em Dezembro de
1640) que devolverá
as terras a Portugal e
promoverá nova remodelação às defesas
de Castro Marim, com
novas e modernas linhas abaluardas, complementadas por duas
novas fortificações, o
Forte de São Sebastião e o Forte de Santo
António (também conhecido por Revelim
de Santo António).
defesas no seguimento deste evento.
Está classificado como
Monumento Nacional
desde Junho de 1910
tendo sido alvo de inúmeras intervenções
por parte da DGEMN,
quer a nível de recuperação, consolidação
e prospecção arqueológica, como a nível de
adaptação e reconstrução, como é o caso
do Museu Arqueológico no seu interior.
O castelo nos Tempos Características
Modernos (do terO Castelo velho (ou
ramoto de 1755 aos
Medieval)
situa-se
nossos dias)
em posição domiO Terramoto de 1755 nante num monte, e
foi
particularmente apresenta uma planta
danoso para a vila quadrangular irregular
de Castro Marim, em (também designada
especial para a Igreja de “orgânica” por se
de São Tiago e para adaptar ao terreno
o próprio núcleo da onde está inserida),
vila, pelo que D. José com quatro torreões
Será a Guerra da I voltou a ordenar a circulares nos vértiA importância do Al- Restauração de In- recuperação das suas ces, ligados entre si
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pelo chamado chemin
de ronde (caminho no
topo dos muros). Possui duas portas, localizadas a Norte e Sul.
qual herdou o nome.
Muita da importância
contemporânea
do
local reside no facto
de ser considerado
o exemplar melhor
conservado daquilo
que foi a renovação
do sistema defensivo
da vila, em meados
do séc. XVII (apesar
disto e aquando da
minha visita, em Julho
de 2015, tinha algumas zonas exteriores
vedadas ao público
devido ao mau estado
de alguns pedaços da
muralha).
No interior, na praça
de armas, existem
edifícios adossados
aos muros oeste e
norte e, do lado este,
as ruínas da antiga
habitação do Alcaide
(ou das autoridades,
civis e eclesiásticas),
a alcáçova. Externo
ao Castelo Velho conseguem identificar-se
ainda o que resta da
torre de menagem e
A sua planta é, mais
do seu baluarte.
uma vez, orgânica e
Protegidos pela bar- possui cinco baluartes,
bacã (muro exterior ao com o portão principal
castelo propriamente a Norte, virado para o
dito e que é a primei- interior da vila. Estava
ra linha de defesa, ao ligado ao Castelo por
estilo dos fossos das “um pano de muralha
fortificações) estão as e entrada coberta”.
Igrejas de São Tiago,
Forte de Santo AntóSanta Maria e a da
nio
Misericórdia, além de
alguns testemunhos O Revelim foi erguido
arqueológicos reco- sobre uma elevação
lhidos na região. Ao conhecida como Rolongo do seu adarve cha do Zambujal, a
(m.q. chemin de ron- Este do Forte e servia
de) encontramos dois como complemento
torreões quadrados, das defesas, vigiando
a Oeste e Este, e uma a travessia e naveplataforma para uso gação nas águas do
Guadiana. Tal como
da artilharia a Sul.
o forte, e como já foi
Forte de São Sebasdito, teve a sua constião
trução ordenada na
O forte localiza-se a época da Guerra da
sul do Castelo, onde Restauração, por D.
existia uma ermida da João IV e seu Conselho
de Guerra.
sem as obras que agoMais pequeno que os ra adornam o local.
seus “vizinhos”, estava De 2012, um clássico
ligado tanto ao Cas- Matrixamp. Uma catelo como ao Forte de che num VG!
São Sebastião e teve A única que nos “obriedificado no seu intega” efectivamente a
rior a Ermida de Santo
entrar num dos locais,
António.
mais
propriamente
As fortificações e o no Castelo, e que nos
Geocaching
brinda, quer do gz mas
Somos
brindados, mais propriamente do
presentemente, com próprio Vértice Geodépoker de geocaches… sico, com umas vistas
uma por cada “fortifi- verdadeiramente fancação”, e um VG como tásticas!!
bónus. :)
A primeira colocação,
em 2006, da autoria
dos geocachers NFreitas e AnaSofia, é a Cache Marim [GCY2N3]
e tem na sua listing o
“Guia” perfeito da vila
e dos seus monumentos. Com quase 6500
pageviews no seu
registo é passagem
mais que obrigatória
numa visita à zona,
escondida numa zona
central e com hipótese
de observar todos os
fortes.
Em 2013, os Simão&Anica,
manel
d’água colocaram a
única Multicache (todas as outras são Tradicionais), apelidada
de Revelim de Santo
António [GC4KAWE] e
que nos oferece fotos
das duas versões do
local, com e sem as já
referidas obras de beneficiação.
Em suma, (mais) quatro boas razões (se
fossem necessárias)
para se perder entre
montes e muralhas na
De 2011 temos a mui simpática loca[236] Castelo de Cas- lidade que é a Vila de
tro Marim [GC2WYYB], Castro Marim!
pela mão da Team
GeocacherZONE, com
Texto / Fotos : Rui
uma bonita e algo anDuarte
tiga foto da zona na
Fontes: Wikipédia /
sua listing, de onde
se destaca o Forte de
Direcção Geral dos
Santo António na sua Edifícios e Monumenversão mais original,
tos Nacionais
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87
por
88
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T eam M a r r etas
Depois de um passeio
pela língua mirandesa na edição anterior,
resolvemos ficar um
pouco mais na região
Norte e vir até Valongo conhecer o Pirat@.
Geocacher com mais
de 4400 caches encontradas, define-se
da seguinte forma:
“Chamo-me Vítor Ribeiro e tenho 38 anos.
Estou registado no Geocaching desde abril de
2011 e até aqui tenho
sido sempre um geocacher ativo. Sou natural
e residente em Valongo,
município que ajudei
a conhecer através da
colocação de algumas
caches.
Obviamente e tal como
todos passei várias fases de geocacher, tipo
dos “benjamins” até
aos “séniores”. A minha
categoria
preferida
é “Local” seguido de
“Aventura”. O meu local
preferido para cachar
é o PNPG. Há cerca de
dois anos para cá dedico-me muito a caches
desafiantes fisicamente. “iNtO tHe WiLd”,
“Montanhas Nebulosas”, “eXTReMe ChaLLeNGe (UTSF)”, “LA Ruta
de Los Túneles”, “Heart
of Darkness” e “Valley
of Darkness” são algumas das caches que
muito me orgulho de ter
no meu currículo.”
B de Bar do Pirata: A
origem do meu nick
vem do “Bar do Pirata”
em Fortaleza (Brasil).
Um bar único que apenas abre às 2as. feiras
e que me fez sentir
um verdadeiro pirata.
Inesquecível.
nos
apercebemos
das curiosidades que
existem por debaixo
dos nossos pés. Infelizmente as guidelines
das earthcaches têm
vindo a sofrer alterações que não são do
meu agrado.
Conhecido o geocacher,
conheçamos
também o seu geocaching, através da sua
própria escolha de palavras. Um alfabeto de
definições que ajudam
a definir o que é este
hobbie para este praticante nortenho. Uma
sopa de letras muito
especial que passamos a conhecer já de
seguida, enquanto o
Pirat@ nos apresenta
o seu Geocaching, de
A a Z!
C de Conhecimento:
A palavra que para
mim melhor define
o geocaching. Pessoas, locais, geologia,
matemática, história,
cinema,
desporto,
animação, ciências e
muito mais... Tudo isto
é conhecimento.
F de Fotografia: Sendo a categoria “Local”
a minha preferida
gosto muito de registar fotograficamente
os magníficos locais
por onde passo. Não
tenho uma máquina
toda XPTO, apenas
faço uso do telemóvel
mas é suficiente para
mais tarde recordar
e ganhar vontade de
voltar ao local.
D de DRAGÃO e Dragao88: Apesar de
já saber o que era o
geocaching foi o DRAGÃO que me fez dar
o “click” para iniciar a
atividade. Dragão88
A de Amizades: Con- foi o primeiro geocafesso que não imagi- cher que encontrei por
naria encontrar tantas acaso numa cache.
amizades quando co- E de Earthcaches:
mecei esta atividade. Um tipo de caches
Muitas e boas amiza- de que gosto muito.
des ganhei, e tenho Fenómenos naturais
a certeza que não que
exemplificam
terminarão, aconteça tudo o que a geologia
o que acontecer no fu- tem para nos ensinar.
Muitas vezes nem
turo geocachiano.
G de GPS, GeoPT, GZ,
Groundspeak: Destaco o Geopt.org que
visito quase todos os
dias apesar de eu ser
pouco interventivo.
H de Help Desk: Quem
nunca
precisou?!?!
Quem nunca deu?
I de International Space Station: A cache
que eu (todos) gostava
muito de visitar. Difi-
“E de Earthcaches: Um tipo de caches de que gosto muito.
Fenómenos naturais que exemplificam tudo o que a
geologia tem para nos ensinar.”
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“Z de Zangas: Infelizmente há muitas por aí e bem
retratadas em fóruns muito bem referenciados.”
cilmente será possível de caminhada, 3 dias
na minha geração... Ou de aventura, 3 dias de
sofrimento, 3 dias de
prá minha carteira!!.
camaradagem, 3 dias
J de Já estou com
de sorrisos, 3 dias de
vontade de regressar:
conquistas. Muitos toMuitas vezes ao fazer
pos alcançados e um
logs ou a recordar ouresgate. Uma cache
tros dá-me uma enormagnífica e memoráme vontade de voltar
vel que recordo frea certos locais. Na verquentemente.
dade estou numa fase
de repetir algumas N de Natureza: “Na
natureza nada se tira
caches.
a não ser fotos, nada
K de K!nder: Um geose deixa a não ser pecacher ímpar na criagadas, nada se mata a
ção de caches onde não ser o tempo, nada
nunca repete um con- se leva a não ser lemceito. Quanto ao An- branças...”. Por favor
dré, é munido de sim- pratiquem este lema.
plicidade e bondade. É
O de Oito: Uma das
um bom exemplo na
peças
fundamendescrição da letra “A”.
tais para a prática de
L de Log: Provoca sen- canyoning que cada
timentos e reações vez mais convive com
quando recebemos o o geocaching e de que
e-mail. Por vezes são eu gosto bastante.
magníficos mas em
P de PNPG: Parque
outras ocasiões desiNatural Peneda Gerês.
lude-me bastante.
Um paraíso do geocaM de
“Montanhas ching e das dores nas
Nebulosas”
[GC- pernas. Pé de Cabril,
3C7J6]: A cache das Fenda da Calcedócaches. Fiquei sem nia, Mina dos Carris,
palavras para fazer Rocalva, Roca Negra,
o log como tal fiz de prados, cascatas, caforma diferente. 3 dias banas de pastores,
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Fichinhas, Sombrosas,
Borrageiro, 7 lagoas,
Pico do Sobreiro, Pico
da Nevosa, Estepes,
Fraga das Pastorinhas,
Soajo, Serra Amarela...
já devem estar com
“água na boca”.
Q de Quando...: “Quando agredida a natureza
não se defende, apenas
se vinga”, uma frase
tatuada no meu braço,
de Albert Einstein que
cada vez faz mais sentido.
R de Roberto Costa
(d3vil).
S de Sorrisos: Muitos
e muitos sorrisos é o
que esperamos ter em
cada local e em cada
aventura.
tivo onde são dadas
opiniões, sugestões,
partilhas e se combinam umas cachadas.
W de Wwooowwww!!!: Reação quando sou surpreendido
numa cache.
X de “Xuuupaaaaaa!!”:
Grito de guerra de um
determinado
grupo
aquando de um found
numa cache difícil.
Y de “Ying Yang”
[GC4HR2D]: Mais um
exemplo do que é para
mim a melhor descrição do geocaching
(lembram-se da letra
“C”). Uma boa cache
que nos dá a conhecer o significado deste
símbolo.
T de Tascas: Local
Z de Zangas: Infelizonde habitualmente
mente há muitas por
termina um dia de caaí e bem retratadas
ches.
em fóruns muito bem
U de “Uma pequena referenciados. Felizfloresta” [GC1WEK7]: mente ainda não me
a minha primeira ca- “bateram à porta”.
che encontrada a 244-2011. Recordar é
Texto: Bruno Gomes
viver.
(Team Marretas)
V de “Vamos às caches”: Grupo de facebook bastante intera-
Foto: Vítor Ribeiro
(pirat@)
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ALÉM FRONTEIRAS
M é x i c o
POR TIAGO HELENO
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Qualquer geocacher
que se preze, ao ponderar uma viagem
para o estrangeiro,
leva sempre em conta o mapa das caches
existentes nos possíveis destinos. Mesmo
que se trate de comemorar o 5º aniversário
de casamento com
a sua cara-metade,
como foi o nosso caso.
O planeamento desta viagem ao México
foi feito com muito
cuidado e atenção a
todos os pormenores.
Decidimos não optar
por um dos pacotes
das agências de viagens, que se limitam
às conhecidas unidades hoteleiras “tudo
incluído”. A razão para
tal é que para além de
turistas, também queríamos ser viajantes,
conhecer os pontos do
“nosso” interesse, ao
nosso ritmo, em vez
de nos limitarmos às
excursões promovidas
pelos agentes turísticos nos hotéis. Isso
deu bastante trabalho,
e tive que encontrar
as melhores opções
em termos de passagens de avião, hotéis
e transportes, individualmente.
Depois de muita deliberação, acabámos
por nos decidir por
uma viagem de duas
partes: a primeira parte, de 6 dias, em que
nos iríamos instalar
em Tulum (o “pueblo”,
não a zona dos resorts
de praia), onde teríamos dias de viagens e
descoberta por nossa
conta e medida; e a
segunda parte, em
que estivemos 4 dias
na ilha de Cozumel,
paraíso dos mergulhadores, onde iríamos entrar em modo
descanso e relax num
resort, tirando apenas
um dia para dar a volta
à ilha num jipe alugado e encontrar muitas
caches nesta pequena
pérola das Caraíbas
mexicanas.
Antes de relatar o nosso roteiro, deixem-me
contextualizar
geograficamente o nosso
destino. A península
Yucatán situa-se no
Sudeste dos Estados
Unidos
Mexicanos,
separando o mar das
Caraíbas do golfo do
México. É um grande
pedaço de terra quase
plano e coberto por
uma vasta floresta
tropical.
Sendo uma gigante
plataforma
cársica
que quase não apresenta rios à superfície,
a água flui através de
rios e lagos subterrâneos, por entre rochas
permeáveis, o que faz
com que a terra apresente muitas cavidades e algares (sinkholes),
denominados
localmente por “cenotes”. Estes cenotes
eram utilizados como
fonte de água potável
para os maias e eram
também considerados
sagrados para essa
civilização.
Aqui, o povo de descendência maia ainda
subsiste, constituindo
grande parte da população local. A civilização maia foi em
tempos muito próspera nesta zona, tendo
construído
grandes
cidades, cujas ruínas
podemos ainda testemunhar hoje, incluindo
as famosas ruínas de
Chichén Itzá e Uxmal.
Recentemente, a população vivia basicamente da criação de
gado e plantações,
realidade que mudou
drasticamente após a
fundação da cidade de
Cancún, em 1970. A
partir daí, a economia
passou a girar em torno do turismo, principalmente na zona da
Riviera Maia.
A Riviera Maia, é a toda
a zona da costa Este
da península, banhada
pelo mar das Caraíbas,
que se estende por
180 quilómetros em
quase em linha recta
entre Puerto Morelos
a Norte e Punta Allen
a sul, passando pelas
cidades ultra turísticas
de Cancún e Playa del
Carmen, e pelo conhecido pueblo (vila) de
Tulum.
Dia 0: check-in
Chegados ao Aeroporto de Cancún, após 10
horas de voo e já ao
“A civilização maia foi em tempos muito próspera nesta
zona, tendo construído grandes cidades, cujas ruínas
podemos ainda testemunhar hoje, incluindo as famosas
ruínas de Chichén Itzá e Uxmal”
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cair da noite, o nosso
agente do rent-a-car
esperava-nos para nos
levar ao nosso carro,
alugado por apenas 24
horas, com o objectivo
de conhecer alguns locais arqueológicos que
ficam longe, no coração da península. Para
o restante da estadia,
iríamos confiar apenas
nos transportes públicos, que acabámos por
usar com frequência e
variedade. Conduzir
até ao nosso primeiro
hotel em Tulum foi ao
mesmo tempo uma
experiência engraçada
e entediante, pois a
estrada é composta
por três vias de cada
sentido, em linha recta, durante mais de
100 quilómetros.
blo, e parámos para
jantar numa casa de
“tacos”, que estavam
fantásticos. Ficámos
surpreendidos com o
preço da comida, muito barata comparada
com o que nos iriam
servir nos locais mais
junto às praias, dominados pelos resorts
e estabelecimentos
mais turísticos. Além
disso era francamente
boa, especialmente ao
nível dos saborosos
temperos. Já esta vila,
apesar de estar também ela virada para o
turismo, apresentase com uma vertente bem mais típica e
genuína desta região.
Os edifícios, incluindo
os estabelecimentos
comerciais mais tourist friendly, são todos
Antes de fazermos o térreos e de uma simcheck-in, passeámos plicidade incrível ao níum pouco pelo pue- vel dos acabamentos.
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Todos eles bastante
coloridos e pitorescos,
principalmente os da
avenida principal.
Quanto às pessoas
nativas, no geral, são
simpáticas q.b., mas
não muito acolhedoras. Dá a ideia que não
estão muito à vontade
com os estrangeiros,
mas que olham para
eles como forma de
obter algum rendimento imediato. Os
comerciantes são particularmente agressivos nas técnicas de
venda e persuasão, o
que acabou por surtir
o efeito contrário em
nós. Eventualmente,
acabámos por nos habituar e até nos divertíamos com isso.
Para o primeiro dia,
escolhemos ir de carro para o interior da
península, visitando
alguns dos sítios imperdíveis no que toca
à antiga civilização
Maia. Saímos bem
cedo, com o horário
relativamente apertado, mas acabou por
sair tudo exactamente
como estava planeado.
A primeira paragem
foi nas ruínas de Cobá.
Estas são compostas
por vários aglomerados arqueológicos, repletos de antigos templos e túmulos maias.
Na entrada, alugámos
bicicletas e visitámos
todos os locais, mais
e menos escondidos,
separados por estradas de terra batida
Dia 1 – coração do Yu- entre a selva tropical,
catán:
pedalando de um lado
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para o outro e tirando
muitas fotografias a
cada conjunto de ruínas.
O ponto de maior interesse nestas ruínas é
a pirâmide de Ixmoja,
com cerca de 42 metros de altura, a mais
alta de toda a península Yucatán. É, também,
uma das poucas à qual
ainda é permitida a
subida a topo, o que
neste caso é cansativo
mas recompensador.
Lá no alto, conseguimos vislumbrar uma
vasta extensão de território, apercebendonos que a zona é plana
e coberta de selva até
à linha do horizonte. A
descida é vertiginosa,
mas fez-se bem com
as devidas precauções.
Estranhamente
(ou
talvez não) este local
ainda não tem nenhuma cache publicada
alusiva ao mesmo.
No entanto, e mesmo sem geocaching,
acabámos por fazer
um found interessante durante a nossa
exploração. Descobri-
mos uma pirâmide de
tamanho médio que
não vinha referenciada
e ainda não tinha sido
“arranjada”, pois estava engolida pela selva
com árvores e arbustos à sua volta. O subir
ao topo desta ruína fez-nos sentir uns verdadeiros exploradores
“à lá” Indiana Jones,
sentimento ampliado pelo facto de não
haver rigorosamente
mais ninguém naquela
zona.
grado (com a sua earthcache [GC2FN7V])
e a principal atracção:
o Templo de Kukulcán
(El Castillo [GCG9MY]).
Consta que esta cidade era um centro
das rotas comerciais
da região, constituindo-se uma capital
financeira de todo o
território. Como estávamos dentro do tempo estipulado e saímos ainda a meio da
tarde de Chichén Itzá,
fomos ao conhecido
Cenote Ik-Kil onde nos
pudémos
refrescar
(estavam mais de 40
graus nesta zona) nas
suas águas profundas
e escuras, enquanto
apreciávamos a beleza rochosa e bastante
exótica deste “caldeirão”. Foi óptima,
a sensação de flutuar no meio do lago,
com água a cair-nos
em cima levemente,
pingando das raízes
penduradas no alto da
“boca” deste grande
algar.
De seguida, fomos
à famosa cidade arqueológica de Chicén Itzá, património
mundial da Unesco e
uma das novas 7 maravilhas do Mundo.
Este local é uma das
principais atracções
turísticas em todo o
território mexicano,
pelo que, ao contrário
das tranquilas ruínas
de Cobá, aqui tivemos
que conviver com hordas de turistas e vendedores de recuerdos.
Apesar de ser uma
vasta área, visitámos Os cenotes, como
todos os recantos, este, foram para mim
incluindo o Cenote Sa- os locais que mais
guardo na lembrança,
tanto pela sua beleza,
como pela frescura e
diversidade natural.
O regresso foi pautado
por uma passagem
na cidade de Valladolid, onde, depois de
comermos os melhores e mais saborosos
tacos de sempre,
vendidos ao preço da
chuva numa roulotte,
encontrámos uma cache escondida dentro
do bem ajardinado pátio de um pequeno hotel (Alux [GC17DGY]).
Dia 2 – Sian Ka’an:
Já sem carro, fomos à
estação de autocarros
ADO para apanharmos
transporte para uma
localidade situada um
pouco a sudoeste de
Tulum chamada Muyil.
Trata-se de mais uma
cidade arqueológica,
de tamanho menor,
mas desta vez ainda mais tranquila do
que a de Cobá. Muyil
encontra-se embrenhada na densa selva
e marca o início da Reserva da Biosfera da
“Os cenotes, como este, foram para mim os locais que mais
guardo na lembrança, tanto pela sua beleza, como pela
frescura e diversidade natural.”
100
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
mais altas, tínhamos
uma vista panorâmica
sobre toda a reserva
natural simplesmente
indescritível. Apesar
de a estrutura ser fortemente abanada pelo
vento, ficámos ali um
Depois de visitarmos bocado a contemplar.
as ruínas, percorre- Seguindo para a granmos um passadiço de lagoa de Muyil,
de madeira que nos foi-nos possível emlevaria a atravessar a barcar para uma expeselva densa até uma riência interessante:
das principais lagoas. um pequeno barco
No meio do passadiço, leva-nos a atravessar
subimos a uma torre a lagoa, seguindo por
de vigia de madeira, um estreito canal que
bastante alta e ver- dá para outra lagoa
tiginosa, tendo 3 pa- ainda maior (Laguna
onde
tamares. É daqueles Chunyaxche),
locais que nós, geoca- chegámos a um outro
chers, pensamos in- estreito e longo canal.
variavelmente: “ficava Neste ponto, o motor
mesmo bem aqui uma do barco é desligado e
cache”! Lá do alto, bem apercebemo-nos que
acima das árvores o canal tem uma suaUnesco, chamada Sian
Ka’an. É composta por
uma grande diversidade de fauna e flora,
bem como lagos, mar
e canais, uns naturais,
outros
construídos
pelos maias.
ve corrente que nos
leva até um cais junto
a uma pequena ruína.
Aqui, somos convidados a entrar na água
cristalina do canal,
recostando-nos sobre
um colete salva-vidas,
sendo transportados
pela suave corrente
do canal, flutuando e
serpenteando durante
cerca de 30 minutos,
certamente a meia
hora mais zen que já
vivi. Estávamos sozinhos, eu e a minha
esposa e a natureza
à nossa volta: água
doce, mangais intermináveis que constituíam as paredes do
canal, peixes e pássaros com grande diversidade.
outro cais de madeira,
onde encontrámos o
nosso calçado, trazido
pelo barqueiro, que
nos esperava na outra
ponta do longo passadiço, e que nos leva
de volta. Uma viagem
que nos custou cerca
de 60 euros mas que
valeu bem a pena.
Dia 3 – Ruínas e praias
de Tulum:
Dia de acordar cedo
para evitar multidões
e apanhar um “colectivo” para as belas
ruínas de Tulum, onde
está a cache mais
“favoritada” e talvez a mais antiga do
México: a virtual The
Esta experiência flu- Mayan Ruins Of Tulum
tuante termina num [GC29B5].
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
101
102
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
Um colectivo é um
meio de transporte local, que consiste num
conjunto de carrinhas
de 12 lugares, identificadas para o efeito,
e que vão passando
com uma frequência
de cerca de 5 a 10 minutos por toda a estrada da Riviera Maia
(entre Tulum e Cancún), parando ao longo
de toda a via, onde
houver passageiros
para entrar. Um meio
de transporte bastante versátil e barato:
cerca de 2 euros por
pessoa, independentemente da distância
percorrida. Foi a nossa
principal escolha para
nos orientarmos por
lá. No entanto, 95%
dos utilizadores eram
trabalhadores locais,
que iam parando junto
às unidades hoteleiras
onde trabalhavam.
As ruínas de Tulum
são a imagem de qualquer postal, brochura
ou folheto turístico
da Riviera Maia. Uma
grande cidade arqueológica que, tendo sido
usada como porto ma-
rítimo, é privilegiada
com uma localização
à beira mar, o que lhe
confere um ar exótico
e paradísico. O Castillo, a maior e principal
estrutura, fica mesmo
à beira da falésia, junto a duas belas praias
entre as rochas que
os turistas aproveitam
para se refrescar no
mar azul-turquesa. No
entanto, neste dia o
mar estava anormalmente agitado e não
havia quase ninguém
a banhos.
Com o passar do tempo, os turistas iam
chegando em massa,
mas já pouco importava, pois no fim da
manhã, já tínhamos
visitado todos os recantos e descansado
um pouco na praia,
pelo que saímos do
local em direcção a
Sul, onde começa uma
longa extensão de
praia de areia branca
que nos propusemos
a percorrer a pé, enquanto íamos parando
para uns merecidos
mergulhos no mar
quente. Acontece que
acabaram por surgir
uns pingos de chuva
e um vento forte, que
nos obrigou a procurar abrigo junto a uma
cabana de madeira.
Felizmente foi só uma
pequena partida, o sol
regressou em força,
quase instantaneamente.
O troço mais conhecido desta praia chamase Playa Paraiso, uma
praia que tem sido
bastante galardoada
no Tripadvisor e afins.
Ao longo do areal, a
paisagem é pautada
por alguns resorts de
madeira e restaurantes luxuosos. No final
da tarde, chegámos a
um dos restaurantes,
mesmo no final do
areal, onde entrámos
para um refresco num
ambiente chill out,
com vista para o anoitecer na praia, seguido
de um delicioso jantar… grandes vidas!
O taxista que nos trouxe de volta ao pueblo
de Tulum foi quem nos
informou do facto da
cidade de Cancún ter
sido fundada muito
recentemente,
em
1970, no seguimento
de se estar a noticiar
na rádio a festa de
aniversário da fundação dessa cidade. Portanto, fez nesta data
45 anos.
Dia 4 - Rio Secreto e
Playa del Carmen:
Mais uma viagem de
colectivo, desta vez
mais longa, levou-nos
a um ponto de interesse turístico virado para
a aventura, chamado
Rio Secreto. Tínhamos
decidido reservar aqui
um passeio porque a
earthcache The Secret River [GC2NTRK]
tinha chamado a minha atenção. Não me
arrependi, apesar do
elevado preço de entrada.
O Rio Secreto consiste
numa visita guiada ao
centro da terra… bem,
talvez seja um exagero, mas é esse o sentimento. É uma experiência em grutas, que
nos leva ao complexo
“O Rio Secreto consiste numa visita guiada ao
centro da terra… bem, talvez seja um exagero,
mas é esse o sentimento.”
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
103
sistema de rios subterrâneos que existem
em grande parte do
subsolo da península.
Antes da visita, somos
agrupados de acordo
com os respectivos
guias e levados em
carrinhas para a zona
da entrada das cavernas, onde nos são
fornecidos todos os
equipamentos necessários e nos são dadas
algumas instruções.
Depois de entrarmos
na caverna somos
transportados
para
um cenário inacreditável e de uma beleza
surreal. Percorremos
cerca de 1 km a andar
e a nadar numa água
cristalina, por entre
fantásticas formações
minerais, milhares de
estagtites e estalagmites, onde o silêncio
se ouve na perfeição.
104
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
A dada altura, a minha
esposa apanhou com
as mãos uma gigantesca e assustadora
aranha cega, com
apenas 6 patas, animal completamente
inofensivo, de acordo
com o nosso simpático guia, Yayo.
No final desta visita,
ainda nos levaram ao
refeitório, onde nos
deleitámos com um
almoço mexicano que
nos caiu muito bem.
condomínio de resorts,
onde pude encontrar
algumas caches e dar
uns bons mergulhos
no mar.
Dentro da cidade a rua
mais turística é a Av. 5,
paralela à praia, onde
os lojistas se encontram cá fora a puxar
literalmente
todos
os turistas que conseguem para dentro
dos seus estabelecimentos. Aqui, devido
ao turismo, as coisas
são bem mais caras
do que em Tulum, especialmente a comida.
É a lei da oferta e da
procura. No entanto, o
ambiente é agradável,
com música ao vivo,
teatro e outros shows
de entretenimento a
cada passo.
Depois da aventura,
voltámos a apanhar
um colectivo que nos
levaria a Playa del
Carmen, uma cidade
vibrante onde passeámos durante horas entre as zonas de
praia e ruas cheias de
lojas. Antes de entrarmos nos seus limites, Grande parte das caainda fizemos uma ches são de qualidade
caminhada dentro do duvidosa e muitas
delas encontram-se
“associadas” a estabelecimentos como
restaurantes e bares,
onde os seus donos
e empregados assumem a figura de “guardiães da cache”, algo
que não me agradou
muito. Com o avançar
da noite, decidimos ir
jantar a um dos tais
estabelecimentos
geo-refernciados com
caches, e acabou por
ser uma escolha acertada: um restaurante
Venezuelano, com um
ambiente familiar e
boa comida. Trata-se
da cache “Cache-apa Plaza 28 - A Little Bit of Venezuela”
[GC41H88]. No final
do jantar, identifiquei
a filha do dono pelas
fotos na listing e pedi
que me trouxesse a
cache, para o último
found da noite.
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
105
Dia 5 - Grand Cenote na perfeição. Fizemos
bastante snorkeling,
e Akumal:
Começámos por nos explorando cada redirigir a um estabele- canto rochoso. A vicimento de aluguer de sibilidade era tanta
conseguiamos
velocípedes e scoo- que
ters, onde alugámos observar os merguduas bicicletas por 24 lhadores a explorar as
horas. Pusemo-nos profundezas das caentão a pedalar debai- vernas submersas que
xo de um calor intenso se extendiam debaixo
na direcção de um dos das paredes rochosas
cenotes mais conheci- superficiais. Um audos da zona: o Grand têntico paraíso.
cache
encontra-se
dentro da pequena
biblioteca da escola
e trata-se de um dos
livros da mesma.
lapse,
regressámos
para aquele que seria
o último pequeno-almoço antes de sairmos para a segunda
O resto da tarde foi etapa da viagem: Isla
passado em mais uma Cozumel.
praia que se revelou
paradisíaca. Onde as 2ª Parte – Cozumel:
ondas de um mar que
tinha andado bastante Depois do check-out,
agitado não chegavam apanhámos mais um
até nós, devido ao colectivo que nos
formato da baía e aos iria transportar com
corais que a protegem. as malas de viagem
a Playa del Carmen,
onde embarcaríamos
Dia 6 – Adiós Tulum:
no ferry para a ilha
Ainda tínhamos direito famosa entre os merà utilização das bici- gulhadores. O ferry sicletas até às 10 horas tua-se perto desta cada manhã, pelo que che virtual “Playa del
acordámos a meio da Carmen” [GCD61A],
noite e, ainda de ma- outra das que de mais
drugada, pedalamos favoritos é dotada.
Cenote, lar de uma Apesar do nome, este
earthcache, a Ceno- cenote até é relativamente pequeno, pelo
te-8 [GC1CWYG].
Após 5 quilómetros que, após algumas hoa pedalar chegámos ras deliciosas, decidicansados e desidrata- mos regressar a Tulum
dos ao nosso destino para comer qualquer
onde nos pudemos coisa, arrumarmos as
vingar com a frescura bicicletas e apanhardo local. Este cenote mos um colectivo para
era bem diferente do uma zona de praias e
anterior, com água resorts: a baía de Aku- pela estrada em direcção à zona das praias,
translúcida e passa- mal.
gens debaixo de terra Entre o local onde nos á luz de uma lanterna
entre dois algares deixaram e a praia, que arranjei na noite
principais. Aqui a vida passámos pela ca- anterior. Passados 6
aquática era imensa, che Camino Abierto quilómetros a um ritcom muitos peixes e [GC3P9X7], que se en- mo lento, já a alva se
tartarugas que convi- contra dentro de uma fazia notar e pudémos
vem com as pessoas espécie de escolinha observar um nascer do
que por lá nadam, com onde os trabalhadores sol semi-encoberto na
aparente indiferença. dos hotéis deixam os praia onde tínhamos
As cores que as belas seus pequenos maias jantado no terceiro
cavidades rochosas aos cuidados de uma dia. Depois de desconferem
àquelas prestável voluntária cansarmos por um par
águas são dignas de que gere o espaço, de horas, enquanto a
um quadro pintado e que nos ajudou. A GoPro fazia um time-
Chego à conclusão
que neste tipo de território, as caches que
mais vingam são precisamente as virtuais
e as earthcaches (que
não são mais do que
virtuais dissimuladas).
Os motivos devem
passar por dois principais factores ligados
entre si: o desaparecimento das caches
físicas e o facto de a
maioria delas serem
colocados por turistas
“Chego à conclusão que neste tipo de território, as caches que
mais vingam são precisamente as virtuais e as earthcaches...”
106
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
que, como nós, passaram lá umas férias e
nunca mais voltaram.
Depois há também
aqueles casos das
caches físicas dentro
dos estabelecimentos
que, tendo sido também colocadas por turistas, são guardadas
por pessoas locais que
ficam
responsáveis
pela sua longevidade.
Depois da travessia
para a ilha de Cozumel, mesmo de frente
a esta cidade mexicana, desembarcamos
numa outra cidade
chamada San Miguel,
bastante semelhante
à anterior, mas em
ponto pequeno. O
nosso resort é o que
fica mais afastado da
cidade, em direcção á
ponta sul da ilha.
Aqui, passámos 4 dias
com tudo incluído,
mais ao jeito de uma
lua-de-mel. Duas situações marcaram a
diferença nesta estadia.
Numa tarde, realizámos um passeio
de snorkeling, em
que nos levaram de
barco a alguns belos recifes de corais
onde nadámos entre
variadíssimos peixes
e avistámos espécimes como tubarões,
uma grande tartaruga
marinha, uma gigante
moreia verde, raias
no fundo arenoso e
uma grandiosa manta
que nos ia circulando
enquanto manteve a
curiosidade no nosso
grupo (dava a ideia
que nós é que éramos
a atracção turística).
Infelizmente, devido
a fortes correntes e
pouca visibilidade, não
pudemos visitar os recifes mais conhecidos
e mais belos, como o
de Palancar.
mero de caches que
conseguimos encontrar. As que mereceram mais destaque
da minha parte foram
as situadas no lado
oriental da ilha, onde
as praias são mais
tranquilas e selvagens e as paisagens,
mais naturais e belas.
Um DNF na “Tobacco
Free Beach cache”
[GC4XBXF],
acabou
por resultar num belo
spot para dar um mergulho num paraíso
onde não se avistava
ninguém em qualquer
direcção. A “Cozumel’s
Stone Arches Earthcache” [GC2V7B3] também marcou um lugar
com uma interessante
paisagem.
O outro evento marcante foi o dia em
que nos dedicámos a
conhecer toda a ilha
de Cozumel num Jeep
Wrangler
alugado.
Durante este passeio
visitámos
imensas
caches, colocadas ao
longo de toda a zona
costeira da ilha. Aqui,
fora das zonas mais
turísticas, conseguese fazer um geocaching mais tradicional,
como se consegue
observar no mapa das
caches de Cozumel.
Mais a norte, a “CozuPerdi a conta ao nú- mel Coconut Tex-Mex”
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
107
[GCG933], deu-nos a
conhecer o bar mais
louco da viagem: o
Coconuts. O cenário,
o ambiente divertido e descontraído, o
papagaio assassino,
as placas com dizeres sábios bastante
humurísticos, o staff divertidíssimo, a
excelente comida e
bebidas, o “album de
fotografias”… tudo do
melhor! Não admira
que esta cache nesta
zona, longe da rota
dos cruzeiros, tenha
tantos “favoritos”.
Depois de virarmos
para o interior da ilha,
passámos por uma
multi-cache que pretende mostrar uma
propriedade
que,
apesar de particular,
é dedicada ao genuíno artesanato local:
Mayaluum- Casa del
Jaguar
[GC5HZ7P].
Aqui, conheci o Sr. Felipe, que nos recebeu
na sua casa de braços
abertos. Para minha
surpresa, esta simpatia nada tinha a ver
com o ímpeto de vender qualquer peça de
artesanato, mas sim
originava-se de uma
genuinidade tão grande como as centenas
de esculturas e outros
objectos (todos eles
esculpidos e pintados
à mão pelo Sr. Felipe).
108
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
A multi-cache passava
em dois pontos no pátio, coincidentes com
esculturas extraordinárias de arte maia, e
terminava dentro do
expositor de artefactos, inserida num belo
vaso pintado à mão. Eu
reparei que, apesar do
Sr. Felipe saber como
funcionava aquela espécie de jogo que ali
estava na sua propriedade (deixado por uma
canadiana residente
temporária em Cozumel), ele próprio não
percebia muito bem
como é que pessoas
estranhas iam lá parar.
Como tal, acabei por
lhe explicar como funcionava isto do “geocaching” e que outras
pessoas tinham relatado a experiência de
ter visitado o espaço.
Notei que, ao ter percebido bem o conceito, o Sr. Felipe ficou
ainda mais grato à
owner daquela cache
por ter dado a conhecer de forma altruísta
aquela sua casa. Essa
gratidão, também a
mostrou a nós, ao nos
oferecer uma obra
artesanal feita em
arame dourado em
forma de escorpião e
um guia turístico das
ruínas maias, onde,
surpreendentemente,
me escreveu uma dedicatória!
Fiquei feliz por ter
conhecido este Sr.
Felipe, de um enorme
coração, simplicidade, e genuinidade de
sentimentos,
como
é raro encontrar em
alguém. Antes de nos
despedirmos, mostrou-me os grandiosos projectos que tem
para aquele local, que
espero que consiga
concretizar com a ajuda do seu filho, e que
estava em San Miguel
a trabalhar, precisamente com a venda do
artesanato feito pelo
pai. Um grande bem-haja ao Sr. Felipe!
Ainda antes de chegarmos a San Miguel,
claro que ainda tínhamos que visitar um
outro
interessante
complexo arqueológico: as ruínas maias de
San Gervasio (Ixchel’s
Altar [GCGKVC]). No
seu auge, esta cidade
maia albergava entre
duas a três mil pessoas. Foi aqui que os
maias tiveram o primeiro contacto com
exploradores
europeus (espanhóis), após
um naufrágio nesta
ilha em 1511.
considerável. Proporcionaram mais um
agradável passeio a
pé pela selva, entre os
bonitos complexos de
ruínas.
Chegando a San-Miguel, já estava tão
fartinho de caches que
acabei por desistir ao
perceber que as da
cidade eram de baixa
qualidade e, na maioria, mostravam bares,
esplanadas, restaurantes karaoke e centros de mergulho. De
GPS arrumado, acabámos por aproveitar o
fim de tarde para umas
comprinhas, antes de
irmos encher o depósito do Wrangler, para
o devolver no resort,
terminando assim um
dia preenchido com
um grandioso passeio.
No final destas férias,
mesmos não querendo vir embora, teve de
ser! Terminou assim o
nosso roteiro de aventuras em solo e mar
mexicanos.
Agora,
para onde nos levará a
próxima geo-aventura
além fronteiras?
Se for tão agradável
como foi esta, já fico
Não são tão grandio- muito contente!
sas como algumas
Texto / Fotos:
das que visitámos na
Tiago Heleno
península, mas ainda
são de um tamanho
(TiagoGH)
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
109
FROM
GEOCACHING HQ
WITH LOVE
110
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
“Este Verão, Portugal lançou o seu primeiro GeoTour,
na pitoresca Ilha de São Miguel”
O mundo é o nosso
recreio e o geocaching
ajuda-nos a descobri-lo. Se és como eu e
combinas geocaching
com as tuas viagens,
os GeoTours apresentam-se como uma
maneira original de
descobrires o nosso mundo enquanto
passeias. Um GeoTour
é uma série única de
geocaches que visam
levar geocachers a
passear numa região específica. Como
geocachers, estamos
sempre à procura do
próximo desafio a
abordar ou da próxima
aventura que nos faça
seguir em frente. Encontrar todas as geocaches listadas num
Geotour é a maneira
perfeita de preencher
essa necessidade de
um desafio.
Os GeoTours usam
frequentemente
os
recursos das agências de turismo locais,
combinados com os
de apaixonados geocachers, por forma
a destacar as localizações a não perder
duma região. As agências de turismo são
boas a promover as
suas regiões a pessoas de todo o mundo
e os geocachers gostam de trazer pessoas
aos segredos mais
bem escondidos dos
seus quintais. Quando
combinas essas forças, o resultado pode
ser muito especial.
Aqui mesmo no meu
próprio quintal, temos o GeoTour dos
Parques Estatais de
Washington,
activo
há já dois anos. Desde que nasceu, o meu
mural do Facebook
tem sido preenchido
com imagens incríveis
tiradas no GeoTour
pelos meus amigos
geocachers.
Foram
colocadas geocaches
em quase todos os
Parques Estatais em
Washington abrindo
portas a incontáveis
aventuras.
Muitos
deles tem afirmado
que estão gratos pelo
facto do GeoTour os
ter feito visitar Parques Estatais, que não
teriam descoberto de
outra forma. Eu sei
que sempre que vir
uma das geocaches
listadas na Geotour,
vou definitivamente
parar para a encontrar.
Porquê? Porque sei
que é uma geocache
de qualidade numa
bela localização que
de outra forma poderia nem ter considerado visitar.
Este Verão, Portugal
lançou o seu primeiro
GeoTour, na pitoresca
Ilha de São Miguel.
Conhecida como a Ilha
Verde/Green
Island
GeoTour, esta série
tem 49 geocaches
activas com um total
combinado de 812
pontos de favorito
enquanto vos escrevo este artigo. Isto dá
uma média de mais de
16 pontos de favorito
por geocache! De facto, geocaches incluídas em GeoTours têm
consistentemente
(em média) três vezes
mais pontos de favoritos e são encontradas
duas vezes mais do
que geocaches não
pertencentes a GeoTours.
irás gostar de aprender sobre características geológicas únicas
da ilha do arquipélago.
Com a crescente popularidade dos GeoTours (como o que
existe agora no quintal português), serás
capaz de utilizar estes
GeoTours para planear as tuas próximas
férias, em qualquer
lugar. Com quase 60
GeoTours activos e
muitos mais a surgir
brevemente, incluindo
o primeiro italiano (no
Outono), nunca irás
ficar sem destinos de
férias fascinantes.
Por isso, faz as malas
e apanha o curto voo
de 2h30m para a Ilha
de São Miguel e o seu
GeoTour Ilha Verde. A
aventura espera por ti!
Encontra mais informação sobre o primeiro Geotour português
aqui:
https://www.
geocaching.com/play/
Neste GeoTour nos geotours/ilha-verde
Açores, irás descoTexto: Annie Love
brir piscinas naturais,
- G Love (Lackey)
cenários vulcânicos,
Tradução por Bruno
florestas exuberantes,
jardins botânicos e be- Gomes (Team Marrelas cascatas. Também
tas)
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GEOCOIN
GEOCHURRASCADA 2009
por
112
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
Kelux
Desde 2008 e durante
alguns anos até viajar
para a Amazónia, tive
o prazer de colaborar na organização
de algumas edições
da
GeoChurrascada, o Evento que é a
verdadeira “rentreé”
geocacheana depois
das férias de verão em
Portugal.
Na edição de 2009 e
2010 cuidei dos aspetos gráficos e da
sinalética do Evento
e em 2009 desenhei
também a respetiva
geocoin. No ano seguinte a geocoin ficou
a cargo do Sandro dos de bomba atómica,
Kitiara & Sal.
felizmente ele sempre
Já nessa época ha- conseguiu cuidar bem
via uma indisfarçável das carnes, pimentos
veneração pela arte e demais comezainas
do nosso grelhador grelhadas.
preferido, o JINunes,
por isso rapidamente concluimos que a
imagética da geocoin
deveria ser em sua
honra. Naturalmente por isso, podemos
apreciar um cartoon
de um homem de
avental e garfo na mão
em frente a um fogareiro fumegante... e
ainda que pareça estar
em curso uma espécie
A certa altura, o PLNauta sugere uma
ideia genial... que a
geocoin tivesse dois
segmentos; um anel
exterior e um disco
inserido dentro dele,
fixo a um eixo vertical,
que ao girar imita os
primórdios do cinema
e o Zootropo. Assim,
colocando o carton do
Zé em uma das faces
do disco interior e o
fogareiro na outra, obtemos uma engraçada
ilusão de ótica quando
o rodamos, aparecendo ambos os desenhos “sobrepostos”.
Ganda cena, Zé!
A restante sinalética
do Evento, bem como
as t-shirts e as etiquetas de identificação
dos Attendees utilizaram o mesmo desenho, mas colorido.
Foram cunhadas um
total de 250 geocoins
em antique gold e antique silver.
Texto / Fotos: Rui
Almeida (Kelux)
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
113
 https://www.facebook.com/geomagpt
 http://geopt.org/geomagazine/
Agosto 2015 - EDIÇÃo 16 - sUMPLEMENto DE VERÃo
ALGARVE
À Descoberta da Grande
Rota do Guadiana,
percorrida pelo RuiJSDuarte.
ALENTEJO
A Mystique* percorreu a
Costa Vicentina em busca
das melhores caches.
INTERIOR
Os Valente Cruz seguem
numa viagem de norte a sul
pelas rotas do interior.
MADEIRA
Luisftas leva-nos a conhecer
um pouco mais de Porto
Santo.
AÇORES
À descoberta da Ilha das
Flores com Luis Serpa, um
paraíso no meio do Atlântico.
À D E SCO B E RTA DA
G R A N D E R O T A
D O G U A D I A N A
POR RUIJSDUARTE
2
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
A Gr15 ficou pronta a
percorrer já em 2015
(teve a apresentação
oficial na BTL, em finais
de fevereiro) e desde que
vi as primeiras notícias
sobre a mesma senti
aquele misto de excitação e desânimo que
geralmente acompanha
este tipo de tomada de
conhecimento… excitação por saber de mais
um (certamente) excelente Percurso Pedestre
(este de Grande Rota)
implementado no nosso
País e desanimo pela
quase certeza de nunca
o vir a trilhar. Ora, nunca
digas nunca… ;)
As férias marcadas
para a região de Castro
Marim este ano colocaram-me mesmo “em
cima” das placas da
GR15 e cada passagem
de carro ou de bike (que
só trouxe graças a saber
de um colega de trabalho que estava alojado
perto e também ser bttista) pela estrada que
liga Castro Marim a Vila
Real de Santo António
me deixava mais perto
(mesmo sem o saber) de
vir a cumprir os pouco
mais de 60km lineares misto de Litoral e Serra, se efectuado por esta
tal como idealizado pela altura (inicio de Julho),
do percurso.
já que o que está imFoi precisamente du- Associação Odiana.
rante a única vez que A rota tem cerca de plementado é uma esandei com o meu colega 65km de extensão, atra- pécie de ligação entre
que lhe falei em fazer- vessando os concelhos localidades, de Vilas a
mos o passeio… não fi- de VRSA, Castro Marim e Aldeias, de Aldeias a Lucou entusiasmado por aí Alcoutim por dezasseis gares, etc., sendo que as
além. Hehe. Não sei de das suas localidades, re- vilas estão praticamenseria da distância, se de presentativas do Litoral, te ao nível do Mar (e Rio)
lhe ter falado em irmos da Serra e do Barrocal e os restantes lá no topo
às 06:00 da manhã ou [uma sub-região algar- das colinas (barrocos) e
pelo vento norte que se via, caracterizada pela as exigentes subidas cofez sentir durante a toda existência de “Barrocos” bram bem a conquista!
a estadia e que assim
nos iria complicar ainda
mais a coisa. Acabámos
por combinar começar
de Alcoutim, depois
de almoço e terminar
pela tardinha em VRSA,
evitando assim o vento frontal e o terem de
nos ir buscar ao final…
“combinação”
perdedora já que se previam
temperaturas acima dos
30ºc durante a tarde e
mesmo não gostando,
prefiro mil vezes um
“ventinho” do que o
calor infernal (que já se
fazia sentir quando terminei, pelas 12:30).
(elevações calcárias que,
geralmente, não atingem os 400 metros de
altitude)] e com enfâse
no Rio Guadiana, claro.
A Rota começa em Vila
Real de Santo António, segue para Castro
Marim, atravessa pelo
interior da vila em direção a Monte Francisco,
passa pelas localidades
de Junqueira, Azinhal,
Almada de Ouro, Alcaria,
Odeleite, Foz de Odeleite, entrando no concelho de Alcoutim pela
aldeia serrana de Corte
das Donas, subindo o rio
e passando pelas localidades de Álamo, Guerreiros do Rio, Laranjeiras
e Montinho das Laranjeiras até ao Miradouro
do Pontal e Marmeleiro
até que, chegamos à vila
de Alcoutim.
O percurso está excepcionalmente bem marcado e só tive dúvidas
em dois locais, talvez
por distração e por saber
que levava o percurso
no GPS (o que aconselho, claro). No entanto,
estranhei muito as pouquíssimas
indicações
negativas
(caminhos
sinalizados como incorretos, com um “X”) pois
são, na minha opinião,
muito mais simples de
Assim, a solo depois da perceber e ver do que as
desistência dele, arran- que apontam o caminho
quei pouco passava das correto.
“Paisagem, património,
seis da manhã, rumo a Achei o percurso bas- etnografia, gastronoum percurso duríssimo, tante duro, pelo menos mia, atividade física e
“O percurso está excepcionalmente bem marcado e só
tive dúvidas em dois locais, talvez por distração e por
saber que levava o percurso no GPS”
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
3
ar puro” é o que nos é
oferecido pelos idealizadores desta grande
rota que serve também
de como uma espécie
de ligação entre a grande oferta de percursos
pedestre no Baixo Guadiana, “aproximando o
Litoral ao Interior Serrano”. Passei por inúmeros
troços onde a grande
rota beija as mais pequenas e posso afirmar
que praticamente todas
as localidades de média
dimensão têm três ou
quatro percursos independentes implementados no terreno.
4
Podia relatar com mais
pormenor cada uma das
ligações mas acabaria
por se tornar um pouco
aborrecido pois é mesmo: rolar nos excelentes estradões nos vales
(a rota desenrola-se
quase na totalidade em
estradões de boa qualidade e é 99.9% ciclável),
penar nas subidas mais
ou menos complicadas,
passar pelas pequenas
localidades, aproveitando a desculpa de que as
vistas são sempre fabulosas para parar e tirar
fotografias (e recuperar
o fôlego)!
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
Os únicos quilómetros
fáceis são mesmo os
que separam VRSA de
Monte Francisco (rectas
planas) … depois daí são
alguns minutos a rolar,
muitos gastos a subir e
alguns segundos aproveitados a descer.
Chamo especial atenção
para alguns momentos: o troço entre VRSA
e Castro Marim, pelas
Salinas e monumentos
de Castro Marim; a povoação de Azinhal, onde
existe um “bairro” muito
bonito e arranjadinho
com as estradas em
calçada; a ligação entre
esta localidade e Alma-
da de Ouro, onde tomamos verdadeiramente
contacto pela primeira
vez com os caminhos
que trilharemos nas horas seguintes e temos
oportunidade de observar o Rio Guadiana;
a muito bonita e rápida
ligação entre Odeleite
e Foz de Odeleite, cinco
quilómetros paralelos
à ribeira com o mesmo
nome e que me parece mesmo ser o troço
mais bonito (pelo menos
daqueles que não são
efectuados no topo dos
morros); a estrada que
liga Álamo a Montinho
das Laranjeiras, uma
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
5
6
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
muito bem-vinda estrada de alcatrão (dois quilómetros sempre junto
ao Guadiana) que passa
por quatro pequenas
localidades ribeirinhas e
ao longo da qual merecem destaque a pequena povoação Guerreiros
do Rio, muito castiça, e
a Vila Romana de Montinho das Laranjeiras,
além da entrada escolhida para aceder a Álamo (sem dúvida o mais
bonito acesso de todos,
imperdível!); Alcoutim,
claro, por ser o destino
pretendido e significar
realmente um “achievement”…
conseguir
terminar com sucesso
o passeio pela Grande Temos então as, “por
ordem”: Castro Marim
Rota do Guadiana!!!
desde VRSA [GC4WSem contar com Vila
WZD]; Cache Marim
Real de Santo António
[GCY2N3]; Travel Bug
e Castro Marim, estaHotel Castro Marim –
mos em terrenos quase
Portugal [GC2V1N5] ;
virgens de geocaching e
Contrabando no Guadiacontam-se pelos dedos
na [GC4QNZJ] ; Núcleo
das mãos a quantidade
Museológico do Azinhal
de caches pelas quais
[GC4PHFT];
Moinho
passamos no decorrer das Pernadas [Odeleite]
destes quase 65 quiló- [GC15VRB]; Vista sobre
metros… cerca de uma o Guadiana [GC4PFFX];
dezena de caches per- Montinho das Laranjeifeitamente espaçadas e ras [GC1F0CE]; Percurexequíveis, mesmo para sos do Guadiana [GCos que, como eu, optem 1F0E5] e 0817 - Corpo
por percorrer a rota de Bombeiros Voluntários
bicicleta e não queiram de Alcoutim [GC3GFWC].
quebrar o ritmo (para Uma mistura saudável
isso estão lá meia dúzia e eclética de caches,
de exigentes subidas) … abrangendo um perío-
do de 08 anos entre a
colocação mais antiga
e a mais recente (2006
e 2014), e pela mão de
meia dúzia de owners
distintos. Uma seleção
de Monumentos, Vistas
e Natureza, numa proporção muito agradável
de temas que tem tudo
para nos deixar com
aquele “extra smile”,
fruto de uma excelente
manhã/tarde em cima
da bicicleta ou de um
par de dias dentro das
botas de caminhada… e
acreditem, vale mesmo
a pena!
Texto / Fotos: Rui
Duarte (RuiJSDuarte)
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
7
SUDOESTE ALENTEJANO
C O S TA
V I C E N T I N A
POR MYSTIQUE*
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
Existem paixões na consequência”. Incon- Recordo-me e nunca
nossa vida. Umas sequência, pelo desejo me irei esquecer do
mais arrebatadoras do desconhecido.
espantoso pôr-do-sol,
que outras.
com que me deliciei
Voltaria a repetir veE falar sobre a Costa zes sem conta. Foram em Monte Clérigo,
Vicentina, para mim, 4 dias, 894 km e muito Aljezur, em que parei
significa arrancar-me para contar ☺, desde o carro no meio da
sorrisos despreocupa- São Torpes até Sagres. estrada, coloquei os 4
piscas, saí a correr de
dos. Daqueles que nos
As caches do Shadow máquina na mão, só
ocupa o rosto todo.
Lord eram a minha para tentar reproduzir
Muitas dezenas de grande curiosidade, em foto, a espantosa
kms de costa magnítodas as listings pa- paisagem, que estava
fica, quase selvagem
reciam deliciosas. E á minha frente.
nalguns locais, exerclaro, levava, na lista Tão forte foi a ligação,
cem um magnetismo
a mítica The Nest of que volvido menos de
determinante sobre
Jonhatan Livingston 1 ano, fiz uma jornada
mim. Como se me
abraçasse e fizesse Seagul e a cache, de 24 horas, onde inque lhe faz tributo sisti ver nascer o sol,
parte.
na cache GreenshaGreenShades.
Calcorrear
aqueles
des.
trilhos e sentir o po- Conheci geocachers
convosco
der daquelas falésias, espanhóis e italianos, Partilho
mergulhar na água pernoitei duas noites uma road trip virtual
mais azul que conhe- nas Pousadas da Ju- de algumas caches
ço e ter o prazer de ventude (Almograve (das que tive o prazer
Arrifana-Aljezur), de visitar, claro). Acho
assistir ao pôr-do-sol, e
são sensações inex- na versão camarata, que se visitarem parte,
plicáveis, mas neces- onde acabei por fazer irão querer regressar.
sárias e obrigatórias, amizades relâmpagos E regressar outra vez.
para quem pretende e passar duas noi- E outra. Deliciem-se,
tal como eu me delidisfrutar de um dos tes
divertidíssimas
locais mais lindos do em festas de praia, ciei, a absorver cada
pedacinho desta costa
nosso país.
Pousadas essas onde
maravilhosa.
Talvez por isso, e mes- estavam um grupo de
mo sem ter compa- caminheiros e que nos
nhia, incorri numa tour fomos cruzando em 1. Furada do Norte
geocachiana a solo algumas caches que (Milfontes PowerTrail
que apelidei de “In- fiz.
#0) [GC1EXZJ]
Não tendo grande afinidade com PT’s, este
o pai dos PT’s no nosso país.
Lembro-me de o ter
percorrido em 2008 e
ter adorado, as paisagens enchem-nos os
olhos e a alma. Não
sei o motivo, de não
ter feito esta na altura,
mas pareceu-me uma
excelente
sugestão
para parar e recordar.
2. O arcanjo de Milfontes [GC2KQ8W]
Não sendo uma cache
para uma caminhada
UAU, é uma paragem
bastante agradável,
num final de tarde,
onde
conseguimos
uma panorâmica do
que esta vila tem para
nos oferecer.
3. J-ATBASH-te Banho?
[VN1000F]
[GCK8F1]
Fazer este pequeno
tesouro foi uma aventura daquelas.
E ainda hoje me rio
da figurinha que devo
ter feito. Primeiro foi
a escolha do caminho
“Calcorrear aqueles trilhos e sentir o poder daquelas
falésias (...) são sensações inexplicáveis, mas
necessárias e obrigatórias”
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
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errado, depois foi o Mar revolto e selva- teando por aquelas 8. The Odeceixe Beach
[GCPTXZ]
sentir algum receio e gem. O sinal de GPS é falésias brutais.
mesmo assim avançar. inconstante.
O local é fantástico e
Esta coisa de andar
7. FF01 – Amalia o misto da ribeira com
sozinha tem piada, 5. FF08- The Hidden Dream [Brejão-Ode- o azul do mar, proporciona vistas únicas.
mas nem sempre. Re- Bay (Zambujeira do mira] [GC1566W]
cordo-me de chegar
ao local das pequenas
cascatas, e ficar feliz…
até ver uma t-shirt
dobradinha em cima
de um tronco e não
ver ninguém no local.
Corri que nem uma
louca até ao carro. Recomendada ☺
Mar) [GL6KGEAQ]
sagem obrigatória.
meçar a subir, serpen- Recomendadíssima.
Um dos percursos A caminhada ainda é
Um recanto daqueles mais bonitos, devido longa, mas é verdadeiaos trilhos de acesso. ramente recompensaque nos faz suspirar.
dora. O GZ está basjunto tante bem escolhido.
Uma baía escondida, Estacionando
a Norte da Zambujeira ao muro das flores
do Mar, junta á Herda- pintadas (segundo um
habitante local, foi a 9. Vale Juncal/Praia
de do Touril.
Para quem não tem Amália que as pintou), da Barradinha [GC1Y4*4, o melhor é ir a pé. segue-se um trilho VP0]
verde, de sombra, com Pequena praia, maioAdorei o local.
um riacho sempre a ritariamente de casacompanhar-nos.
calho, onde desagua
4. The Last Eagle
6. FF06 – Alteirinhos Chegados ao fim do o Vale Juncal. Um
(Cabo Sardão) [GCW- (Zambujeira do Mar)
trilho…Uau, o azul á ambiente muito selQFK]
[GC15G25]
distância de umas vagem, duma grande
Local fantástico, com Praia oficial naturista. escadas. O moinho beleza.
arribas de impor muito
Um excelente passeio. (penso que seja devido Após descer a escadarespeitinho.
Primeiro descer a es- á existência de 2 mós), ria e passar a ribeira
É icónico visitar o Cabo cadaria toda e depois compõe a espantosa para o outro lado, uma
Sardão. Local de pas- progressivamente co- moldura.
tentativa frustrada de
A caminho da Nest
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
subir, por um acesso,
Alteirinhos
Amália Dream
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
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Greenshades
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
de que acesso pouco lada não resolvesse o Paisagens de cortar
a respiração e um
assunto.
tinha.
acesso com um QB de
Com o xisto todo o O segundo ponto disadrenalina.
cuidado é pouco. Após tava bastante e não
desistir, ao regressar, sabia se teria de andar Fantástica e obrigatória.
reparei que havia tipo dentro de água.
uma “escadaria” na Devo dizer… o Spot
lateral do vale e após escolhido vale bem
13.Headland
subir por ali, foi em toda a caminhada napoucos minutos que quela praia magnífica. [GC38HXZ]
me meti lá em cima.
É impensável falar de
Fantástico local ☺
geocaching na Costa
11. Monte Clérigo Vicentina, sem referir
a Headland.
[GC2XG8Q]
10. Praia da CarriaÉ um local tão simpá- E para mim, irá ser
gem [GC1YVN0]
tico e com uma vista o meu calcanhar de
Localizada na zona do tão deslumbrante, que Aquiles, até um dia,
Rogil, o acesso é efe- merece obrigatoria- tentar derrubar o
tuado por terra batida. mente uma visita. E o muro psicológico que
Praia calma e pou- pôr-do-sol, é… único. separa o passo que
tenho de dar para lhe
co frequentada, tem
conseguir chegar.
como particularidade
as dobras nas rochas 12. Free-dom
Um dia… ☺ Para já,
provocadas por acção
tectónica ao longo de
milhares de anos.
Esta Multi é bastante interessante pois
leva-nos a dois locais
distintos.
fiquei um bocadinho
desapontado em termos de desafio. Na
minha cabeça tinha
feito um grande filme
cheio de adrenalina e
passagens de cortar a
respiração, mas afinal
foi um passeio no parque… ”
O local é de facto fantástico e merece uma
visita. Independentemente de conseguirem ou não chegar ao
tão almejado container.
14. Praia do Canal /
Pedra da Agulha [GC1TA37]
Situa-se a sul da Arrialguns metros me se- fana, e é uma praia de
[GC3PX1P]
calhau rolado.
Para mim, uma das pararam do tal “passo”.
Procurada essencialcaches mais bem colocadas de toda a Cos- Uma aventura para mente por surfistas,
quem gosta de sentir não é de acesso fácil.
ta Vicentina.
o coração bater. Ou Tem vista privilegiada
No final, quando chenão.
para a Pedra da Agugamos ao GZ, não é só
liberdade que senti- Para todos os gostos, lha, daí o seu nome.
mos. Um grande sen- corajosos ou os me- O acesso, vai-se descobrindo conforme se
timento de superação, nos corajosos ☺
A aproximação ao
primeiro ponto foi
efetuado pelo areal…
errado, mas nada que de felicidade, arrebata Como diz o Prodri- desce, e ao chegar lá
ve, …”Confesso que abaixo, é fantástica a
um pouquito de esca- qualquer um.
“Uma aventura para quem gosta de sentir o
coração bater. Ou não.”
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
13
Headland
sensação de ter uma 16. Praia da Bordeira
– Numa outra perspepraia só para nós.
tival [GL6NBKVQ]
O GZ escolhido, é algo
curioso e por si só, já Praia com um areal a
merece toda a cami- perder de vista, sendo
nhada e descida até o uma das mais extensas.
local.
Um dos meus locais Romaria de escolas
de surf e seus alunos,
favoritos. Recomenentravam e saiam da
dada.
água.
Recordo-me que a
15. Praia de Vale de distância desde o PK,
Figueiras [GC1TA34]
seriam cerca de 2km,
Um extenso areal, até á caixinha.
onde encontrei a Deparei-me com vámaior concentração rios cenários, conforme aumentava a disde surfistas por m2.
tância.
Um ambiente zen, com
direito a uma mega O naturismo é bem
tenda, donde saiam patente, nos locais
vários odores de in- mais ermos, onde me
recordo de ver pescacensos. Algo surreal.
dores/as á pesca, tal
Subindo a arriba, te- como tinham vindo
mos uma visão ampla ao mundo. Um retrato
de toda a praia.
engraçado ☺
que a abordagem não
seria pelo areal e sei
que subi a falésia com
mãos, pés e dentes.
Com o xisto a partir-se
nos pés, “alapei-me” a
tudo o que encontrava
até lá acima.
pescadores, teria sido
efetuado a caça á baleia.
18. Praia da Murração
[GC1RT6C]
Esta praia tem uma
aura mágica. Os seus
Mais um local com vispenedos e peneditas brutais.
nhos, parecem ter sido
erguidos, por criaturas
17. Umayr Asayad escondidas, que não
estão ao alcance da
[GC33969]
nossa visão.
Uma listing que adoça
É uma praia calma,
a boca.
pouco frequentada e
E quando chegamos
procurada por natuao local, uma paisaristas e pescadores,
gem de beleza singusituada a sul da praia
lar enche-nos o olho.
do Amado.
Um passadiço que nos
Merece muito ser visileva a um miradouro,
tada.
onde esperamos ouvir
o canto de Badriyyah.
Desconheço se as 19. The Nest Of Jonaescavações arqueoló- than Livingston Seagicas estão paradas, gul [GCED]
Sem complicar, reco- A cerca de 60mts da mas naquele povoado Cache mítica e obricache
apercebi-me islâmico sazonal de gatória, nas escarpas
mendo a visita.
14
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
brutais da Costa Vi- pela sua colocação fi- sação que chegamos vados. E esta Costa é
centina.
mesmo ao fim do um desses locais.
nal.
Não há muito para di- A paisagem envolven- mundo.
Prefiro mil vezes fazer
zer, pois há coisas que te esmaga-nos com a Local único com um uma única cache num
não se dizem, só se sua imponência.
pôr-do-sol inesquecí- dia, e lembrar-me dela
sentem.
vel.
para sempre, do que
Para mim, até agora a
Percurso bem elabo- minha preferida ☺
50 todas iguais.
rado, com o seu QB
Mas isso sou eu e a
de adrenalina que terminha singela forma
mina num local com 21. “Just Another Muitas caches ficaram
vistas de cortar a res- S p o t ” [ C o r d o a m a ] por listar. Muitas há de estar na vida e
neste hobbie/jogo que
ainda por visitar.
[GC14EE5]
piração.
nos leva a lugares exSão tesouros e locais Um miradouro enor- Alguns desafios que
traordinários.
como estes que fazem me com vistas magní- me parecem bastante
jus ao geocaching.
ficas sobre a praia de deliciosos, tais como
o PNSA MasterDegree
Cordoama.
Challenge [GC4M70T]
Vale
a
pena
a
visita.
20. GreenShades
e o Mareadouro da “Não coma a vida com
garfo e faca. LambuzeEscada [GC1TA3D].
[GC30HQ2]
se!”
Um tributo mais do 22. The end of the Noto que tem havido
que merecido e que na World [Sagres] [GC- alguma massificação – Roberto Shinyashiki
na colocação de novas
minha opinião ofusca 12CRJ]
a Nest.
Esta é a cache mais caches, mas espero
Texto / Fotos: Sónia
Das caches mais bru- a Sudoeste de toda sinceramente que se
Fernandes (Mystitais que tive oportu- a Europa, no Cabo de fique por aí.
que*)
nidade de fazer, tanto São Vicente. Ficamos Existem locais que
pelo acesso, como mesmo com a sen- têm de se ser preser-
Monte Clérigo
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
15
Nest lá em baixo.
Praia da Agulha
16
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
Praia Murração
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
17
NORTE A SUL
VIAGEM PELO
INTERIOR
P O R VA L E N T E C R U Z
18
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
Com a chegada do
verão e das férias
corremos
desenfreadamente para as
praias e muitas vezes
esquecemo-nos dos
tesouros perdidos no
interior do nosso país.
Contrariando
esta
tendência, seguimos
por uma viagem rumo
a sul em busca de uma
interioridade
abandonada,
tentando
conciliar o património
monumental e paisagístico com a satisfação da vontade do
corpo em se refrescar
nas belíssimas águas
de inúmeras praias
fluviais, estendendo
o marasmo ao sabor
dos dias.
Se tudo nas Beiras
nasce da Estrela, deve
subir-se a montanha
para deslindar o caminho a seguir. Ao longo
dos últimos anos, a
praia fluvial de Loriga
[GC33QKV] tem vindo
a ganhar adeptos e
reconhecimento como
uma das melhores do
país. As águas que
descem da Garganta
recriam as delícias
dos seus veraneantes.
Num intervalo do descanso, pode-se ir na
peugada dos passos
esquecidos de Viriato
[GC171VN]. Entrando
na Cova da Beira, passando pel’A Moagem
[GC4QYFG] à espreita
da cultura, prossegue-se à descoberta
da história em Castelo
Novo [GCGGC1], uma
aldeia histórica que
soube maquilhar-se
com a passagem do
tempo. Do alto da torre de menagem, tendo como proteção os
contrafortes da serra
da Gardunha, o horizonte espraia-se num
suspiro calmo.
Ao percorrer o interior
vamo-nos apercebendo que faltam as pessoas. Percorrem-se
as estradas nacionais
na esperança de um
reencontro. Ocasionalmente cruzamonos com outros carros
e, não raras vezes,
até somos cumprimentados, como se
fossemos um vizinho
de trazer por férias.
Contudo, a paisagem
está sempre ao alcance de um olhar, as
noites enchem-se de
estrelas e até a lua
parece mais próxima.
E ficamos assim, próximo dos nossos primórdios, a desejar que
as noites amenas não
terminem e que a rotina dos dias não nos
volte a enganar a vida.
A paisagem é árida,
mas bela. Ao virar de
cada curva podemos
ser
surpreendidos
com algum pormenor.
Assim acontece em
Idanha-a-Nova.
Ao
virar da curva, descobre-se uma visão
magnífica que merece
a nossa melhor atenção e devido registo
fotográfico. A albufeira
da barragem Marechal
Carmona, emoldurada
pelas ilhas [GC215Q7],
pelo verde das árvores e pela tonalidade
amarelada dos montes é uma aparição
encantadora.
Para
além da beleza, o espaço convida também
a banhos e a desportos aquáticos. A Festa
Raiana, voltada para
a agricultura, para as
touradas e guerreadas, mas também com
boa gastronomia e
muita animação, atrai
milhares de visitantes,
alternando anualmente a localização entre
Portugal e Espanha.
Ainda pelas terras
da Egitânia, torna-se
obrigatório visitar a
perene Idanha-a-Velha [GCNQZZ]. Ao sairse do veículo somos
levados para outro
tempo. Sente-se o
cheiro do abandono
da juventude, mas o
património histórico
e cultural permanece
inalterável. Toda ela
digna de registo, mas
é de salientar o lagar
de azeite, o museu que
existe perto do posto
de turismo e a antiga
Sé. E qual será a aldeia
mais portuguesa de
Portugal? O concurso
já decorreu há algumas décadas, mas o
epíteto
prevaleceu.
Monsanto. Em Monsanto [GC3GC42] não
se faz sentir tanto o
abandono. As ruas são
íngremes, estreitas e
atreitas ao turismo,
que vai reinventando a
interioridade da aldeia
histórica. A meio, a
“Se tudo nas Beiras nasce da Estrela, deve subir-se a
montanha para deslindar o caminho a seguir.”
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
19
“A paisagem que se avista e o majestoso rio
Guadiana que se estende aos nossos seus pés
proporcionam uma sensação de grandeza.”
torre do relógio marca
a cadência do tempo
por estas bandas. O
horizonte
perde-se
em qualquer vislumbre da paisagem. Lá
em cima, o castelo
parece um sonho de
penedos [GC3NCKR].
Vale a pena explorar os
seus limites exteriores, descobrir a antiga
igreja e espreitar pelo
arco do que vai sobrevivendo ao tempo. Dá
uma bela sessão fotográfica; é só emprestar asas à imaginação.
Para completar este
périplo, deve rumar-se
a Penha Garcia. Com
sorte, pode acertar-se
no fim de semana da
reconstituição medieval. Lá no alto, o castelo vai controlando
a vida que passa pelo
vale. Em baixo, junto
ao rio, encontra-se um
tesouro geológico em
forma de icnofósseis.
Pode descer-se pelo
percurso ou seguir de
carro até à barragem
e prosseguir depois
a pé. Para além de ficarmos a conhecer as
Cruzianas [GC13D90]
no pequeno museu e
20
ver alguns moinhos,
pode-se
aproveitar
a refrescante praia
fluvial do Pego para ir
a banhos. É uma verdadeira piscina, encimada com uma bela
cascata.
Seguindo a viagem,
antes de se entrar no
Alentejo, os rios são
portas para outras
paisagens. Nas incontornáveis Portas
do Rodão, depois do
castelo [GC1NRAR] e
das lendas, o rio Tejo
esgueira-se por uma
nesga de esperança
em alcançar o Atlântico. De longe, ou de
perto [GCF508], de
um lado ou do outro,
o importante é chegar
lá [GCF508]. As vistas
são inesquecíveis! A
jusante, na margem
direita, ergue-se o
inexpugnável castelo
de Belver [GC48QRZ],
que oferece vistas
fantásticas para o rio
e, em particular, para
a praia fluvial do Alamal [GC1GPC1). Existe
por ali um percurso
pedestre que une as
duas margens e que
inclusive usa um pas-
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
sadiço ao longo do rio
[GC2WZYM]. Mas não
é apenas o rio Tejo
que atravessa portas.
Ali perto, o rio Ocreza
também o faz, nas
Portas de Almourão,
entre cobras, lagartos
e cobrões [GC12TRC].
Rumo a sul, não se
pode aceder à planície alentejana sem
passar na portagem
de Marvão. O castelo
[GC2EFE0], com um
esplêndido jardim intramuralhas, é o último reduto da memória
contra a passagem do
tempo. Mais abaixo,
é mesmo necessário
parar na Portagem
para apreciar a ponte
velha [GC4A8HC] e,
naturalmente, a sua
praia fluvial, que por
sinal é merecidamente
bastante concorrida.
Prosseguindo a viagem, passando por
Portalegre, todos os
regressos a Elvas
são um compromisso de satisfação. Os
motivos de interesse
são muitos, desde o
imponente Forte da
Graça
[GC34X55],
que está a passar por
um período de obras
de requalificação, ao
incontornável aqueduto da Amoreira
[GC13Y2K], às fortificações envolventes e
ao castelo [GC2JZ2X].
Indo ao encontro da
fronteira, é imperativo
passar por Juromenha
[GC2492G]. As ruínas
da sua fortificação
têm qualquer coisa
de mágico e muito de
belo! A paisagem que
se avista e o majestoso rio Guadiana que
se estende aos nossos
seus pés proporcionam uma sensação
de grandeza. Sente-se
a paz que provém do
silêncio que subsiste
neste reino perdido.
Nesta viagem pelo
Interior, à descoberta
de um Alentejo inteiro, importa acertar o
calendário com a festa
das ruas floridas de
Redondo. Trata-se de
um espetáculo de cor,
imaginação e trabalho
meticuloso. Entretanto, pode-se conhecer
parte da vila através
da Porta da Ravessa
[GC4X6QY]. Com uma
nova aproximação ao
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
21
rio Guadiana, Monsaraz oferece-nos uma
visão grandiosa da
albufeira da barragem
de Alqueva [GCKQ09]
e do que se alterou na
paisagem da planície
com a sua construção.
Pode visitar-se o castelo e a vila medieval
[GC5MNWQ], calcorreando as calçadas
gastas, e descobrir
um conto de fadas
[GC147F4] contado
pelo vento. Do outro
lado da albufeira, passando pelo cromeleque Xeres [GC1AFH1],
chega-se ao esquecido Mourão, onde a
sua fortificação é um
autêntico tesouro medieval [GC2T95C]. O
espaço é muito agradável, revelando um
mistura interessante de conservação e
abandono.
22
Alentejo. Longe do
manto de água da
albufeira, a planície
torna-se árida e cada
sombra é uma promessa de descanso.
O horizonte vai definhando numa miragem insuspeita. A vida
deambula em passos
erráticos e as gotas
do suor saem-nos da
alma. E no meio desta
imensidão, jaz, esquecido, o convento do
Tomina [GC1MN4P].
O caminho faz-se a
montante de uma ribeira, seca no auge
da época estival. Os
trilhos
dividem-se
por estes meandros,
furando a vegetação,
como se fossem os
caminhos da sobrevivência. Com a aproximação, o vale torna-se
mais escarpado e as
rochas mais salientes.
E então, como por ma-
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
gia, surge no horizonte
a torre sineira do convento. Duas encostas
depois, reencontra-se
a história. O monte
rochoso vizinho, que
a Natureza recriara
ao longo das eras, foi
transformado
num
edifício religioso que
sustentou gerações.
Agora, tomado pelas
heras, parece estar a
fazer o seu caminho
de regresso ao mundo
primevo. O abandono conferiu-lhe uma
mística muito própria.
Parece perdido neste
tempo, num périplo
desconcertante
em
busca do seu século.
Continuando a viagem, Serpa aguardanos com um sorriso e
a promessa de algum
repouso. A zona histórica espera a nossa
visita e, num relan-
ce, sobe-se à ermida
de Guadalupe [GC191GY]. Um pouco
mais a sul, as Minas
de São Domingos [GCNJ7E] são uma lição
de geologia à espera
que alguém lhe vire a
página, enquanto as
visões apocalípticas
da Achada do Gamo,
com as ruínas dos edifícios da exploração
mineira, levam a nossa consciência para
um mundo distópico e
distante. Próximo das
vontades veraneantes
do corpo, a praia fluvial da Tapada Grande
é um reconforto inadiável. A praia inserese numa lagoa que
convida à aventura
há largos anos, promovida por umas das
primeiras caches que
foram colocadas em
Portugal [GC2012]. Ali
perto, pode-se ainda
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
23
24
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
desdobrar a aventura
numa subida ao Guizo [GC5DVRB] que,
embora Pequeno de
nome,
açambarca
para si a paisagem
num suspiro.
Controlando a paisagem do rio Guadiana,
Mértola atravessou
várias épocas, povos
e culturas, oferecendo um património diverso a quem quiser
reencontrar-se com o
passado. A montante
do rio, torna-se im-
perativo visitar o Pulo
do Lobo [GC9E71]. As
águas esgueiram-se
entre os rochedos e
precipitam-se numa
cascata, esculpida pelo
tempo [GC1G43Q] e
digna de registo. A
jusante, o rio aproxima-se da fronteira
e chega a Pomarão
numa calma inquieta,
alongando-se pelas
margens. Com o corpo pesaroso da longa
viagem, aproximamonos do nosso destino.
Mas antes, importa
conhecer a albufeira
da barragem de Odeleite [GC1GBM8] e
passar por Castro Marim [GCY2N3].
Depois, Algarve litoral. O trânsito demora-se pelas estradas
apinhadas, as praias
enchem-se de veraneantes, as toalhas
colocam-se em espaços exíguos, as noites
e as ruas fervilham de
vida boémia, as estrelas tornam-se menos
brilhantes e o silên-
cio da planície parece
agora uma memória
distante. O tempo de
férias combina efetivamente com o Algarve, mas até lá, longe
das
autoestradas,
existe uma miríade de
interesses numa interioridade esquecida
que urge redescobrir!
Boas férias e boas
descobertas!
Texto / Fotos: Valente
Cruz (Ana Valente e
António Cruz)
SUPLEMENTO
SUPLEMENTO DE
DE VERÃO
VERÃO -- Agosto
Agosto 2015
2015 -- EDIÇÃO
EDIÇÃO 16
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AÇORES
Ilha das Flores
P O R LU Í S S E R PA
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
Só isto justifica uma
visita até este recanto
maravilhoso.
Porém, mal sabíamos
nós que a experiência
proporcionada
pelo
Geocaching local ianos proporcionar interessantes aventuras
e deliciar os nossos
olhos com paisagens,
que nem em sonhos
Situada no grupo ocitínhamos imaginado.
dental do arquipélago
dos Açores, é um local
pouco alterado pela História e Cultura
mão do Homem, posComo no restante arsuindo uma população quipélago, a ilha aprereduzida, mas muito senta as mais diversas
simpática e acolhedo- marcas
temporais,
ra, que nos faz sentir que influenciaram geem casa, transmitindo rações e vidas de pesuma sensação de con- soas. Estas marcas
forto e familiaridade.
são retratadas em alILHA DAS FLORES.
Nem precisa de muitas
introduções, com este
nome só pode ser uma
ilha paradisíaca, repleta de belezas naturais
e monumentos geológicos. Conseguem
imaginar o Jardim de
Éden? Pois a ilha é
bem mais bonita.
Passámos uma semana de férias nas Flores
e ao fim desse tempo
já conseguíamos chamar a este local “casa”.
Fomos recebidos de
braços abertos, com
grande hospitalidade
por parte dos seus habitantes, que prontamente nos ajudaram
em tudo o que precisávamos. Um gesto
que nunca esqueceremos.
gumas caches da ilha,
que nos transportam
para outros tempos,
lembrando-nos que o
mundo não é feito só
do presente.
Começando pela vila
de Santa Cruz, temos
uma cache mistério muito diferente
do habitual, com um
enigma bem original
e cativante, Origami
de Baleia [GC5E5KJ],
referenciando a indús-
tria baleeira da ilha. A
antiga fábrica baleeira,
agora museu, inaugurado no presente ano,
mostra o processo que
era usado na transformação da baleia nos
diversos produtos.
Ainda do mesmo local, é possível ver um
monte com uma casa
no seu topo, Vigia da
Baleia
[GC25JVN],
uma casa antiga, usada para o avistamento
de baleias no oceano,
Ainda na mesma vila, quando ainda era perna sua periferia, existe mitida a sua caça nos
uma cache que presta Açores.
homenagem a uma fi- Nesta bela fajã existe
gura de grande impor- uma aldeia, abandotância, Baden Powell, nada nos anos 60, mas
an homage [Flores – restaurada recentemente para turismo
Azores] [GC3QM6D].
Já no canto oposto da rural, Aldeia da Cuada
ilha, na cratera da Fajã [GC4RNMB9], um esGrande, um local de paço singelo, devidabeleza ímpar, podem- mente arranjado, um
se encontrar algumas verdadeiro mimo para
caches associadas a os seus visitantes.
uma vida passada,
mas que ainda hoje
é preservada pelos
locais - Chafarizes da
Fajã Grande [GC5AQY6], levando-nos a
percorrer as artérias
da vila, contemplando
estas edificações que,
outrora, tinham uma
elevada importância.
Atualmente apenas
decorativos, relembram-nos que nem
sempre foi fácil aceder
a este bem essencial à
vida – a água.
Lagoas
A ilha possui um conjunto de lagoas, destacando-se 7. Quase
todas possuem uma
cache, exceto a Lagoa
Seca.
Uma das imagens
mais características
das Flores é a das
duas lagoas, lado a
lado, mas com uma
diferença de cotas
bem significativa. É
verdade que uma ima-
“Nesta bela fajã existe uma aldeia, abandonada nos
anos 60, mas restaurada recentemente para turismo
rural, Aldeia da Cuada (...)”
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
29
gem vale mais do que
mil palavras, mas uma
paisagem ao vivo vale
mais do que mil imagens. Volcano Hunt
[GC1XBZ6] e Between
two beauties [Flores
– Açores] [GC34MGJ]
são as duas caches
situadas nestas lagoas, a Lagoa Rasa
e a Lagoa Funda. Um
cenário deslumbrante,
que parece inexplicável e verdadeiramente
mágico. Aconselho a
que tentem encontrar
uma vista sem ser
a do miradouro, de
forma a conseguirem
ver estas duas lagoas,
lado a lado. Dizer lindo
é muito pouco.
Lagoa
Negra/Black
Lagoon – [Flores –
Açores] [GC32CRA], é
uma cache localizada
noutro par de lagoas,
Lagoa Negra e Lagoa
30
Comprida. Mais uma
paisagem lindíssima,
centrada no coração
da ilha, um local de
passagem obrigatório,
que deixa qualquer
um catatónico com a
beleza que se respira
deste miradouro.
cache Lagoa da Lomba
[Flores - Açores] [GC33CAZ]. Uma Lagoa de
dimensões consideráveis, mesmo ao lado
de uma estrada, sendo
fácil a sua contemplação.
Como a maioria dos
trilhos do arquipélago dos Açores, estes
também possuem os
seus tesouros, realçando as suas belezas. Alguns destes
percursos são longos,
mas certamente não
ficarão indiferentes ao
que têm para mostrar.
Cada um bem diferente do outro, repletos
de paisagens únicas e
ímpares.
Todo este conjunto
permite um álbum de
fotografias de fazer
inveja aos amigos.
Uma experiência inesquecível e um bom
presságio para a ilha, Trilho da Fajã Lopo Vaz
pois só agora estamos
Aqui descerão a uma
a começar.
fajã da ilha, de terreno
inóspito, com apenas
algumas residências
Trilhos
de Verão. Foi neste
A ilha das Flores con- lugar que os primeita com vários trilhos, ros povos da ilha se
mas,
atualmente, localizaram, devido às
apenas 4 oficiais, com grandes encostas que
informações no link: os protegiam e por
http://trilhos.visitazo- ser uma zona propícia
Também de fácil aces- res.com/pt-pt/trilhos- para cultivo. Ao longo
deste percurso são
so, é possível visitar a dos-acores/flores
Um pouco mais à
frente, pode-se encontrar a Lagoa Branca – Observação de
Aves/Birdwatching
[GC35TFH]. Esta lagoa encontra-se um
pouco mais escondida
e tímida, mas possui
uma beleza nada inferior às restantes. O
planalto em que esta
está implantada consegue cativar os seus
visitantes, nem que
seja para realizar um
pouco da atividade de
birdwatching.
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
31
encontradas 3 caches,
sendo uma delas pertencente à bookmark
GC6; Miradouro da
Fajã de Lopo Vaz –
[Flores – Açores]
[GC3874F]; Fajã Lopo
Vaz [Flores – Açores]
[GC38X4J], Lopo Vaz
[GCK9AV].
Trilho Lajedo – Fajã
Grande
Este é o trilho maior
da ilha, mas a cada
km é-se presenteado
com cenários surreais,
transportando-nos
para uma tremenda
euforia, deleitandonos com cada pormenor que surge. Como
êxtase final, é possível
visitar um dos lugares
mais famosos do arquipélago, e por muitos classificado como
o local mais bonito do
mesmo - Poço da Alagoinha [Flores – Açores] [GC5M16C]. De
facto a sua beleza não
tem precedentes! Um
lugar que transborda
magia em todo o seu
arredor! Um fenómeno que não é fácil encontrar noutro lugar.
Este é um dos trilos
mais traiçoeiros, não
pela sua dificuldade,
mas por se encontrar
a uma elevada altitude, sendo preferível
a sua realização num
dia de céu descoberto,
pois correm o risco de
ficarem rodeados de
nevoeiro e assim não
contemplarem a sua
beleza. Beleza?! Sim,
pois este é um dos
pontos altos dos trilhos oferecidos. Este
tem o seu começo
nas Lagoas Negra e
Comprida, passando
de seguida na Lagoa
Seca e posteriormente na Lagoa Branca,
com as suas caches já
antes identificadas. A
segunda parte consiste na aproximação à
Fajã Grande, um local
singelo e acolhedor,
que seja para onde se
olhe, vê-se algo de extraordinário e de belo.
Impossível ficar indiferente a esta beleza!
Na descida até esta
fajã, pode realizar-se
a cache Escada do Céu
[GCXFPA], pertencenPara além desta ca- te à GC6.
che, é também pos- Se pensam que o trilho
sível encontrar a do acabou e que já viram
Miradouro do Lajedo toda a sua beleza, en(Lajedo
Viewpoint) ganam-se, pois no seu
[GC33B2T].
término encontra-se
Trilho Miradouro das a Cascata do Poço do
Lagoas – Poço do Ba- Bacalhau [GC3285K].
calhau
Esta é…! Isto foi a rea32
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
ção que tive ao chegar
a este lugar. Não há
palavras para descrever o quanto fantástico este sítio é! Um
ponto final, perfeito
para este trilho.
cada, mas não oferece
perigo na sua procura.
Um dos maiores trilhos da ilha, com 10km
na sua extensão, localizado na imponente
costa noroeste.
Para além do trilho
da Fajã de Lopo Vaz,
aconselha-se
que
se tenha um meio
de transporte no fim
dos trilhos de forma
a permitir o regresso
às viaturas, pois a viagem ainda é grande e
sinuosa.
Na aproximação à Fajã
Grande percorrerão
um caminho muito peculiar e inspirador de
respeito, terminando
Trilho Ponta Delgada – junto da cache Ponta
da Fajã [GC365C4].
Fajã Grande
No decurso deste
trilho desfrutarão de
paisagens lindíssimas,
criando a sensação de
estar em outro universo, em que nada
mais importa a não Pontos de Interesse
ser aproveitar este
Como já devem ter
passeio.
percebido, a ilha posO percurso começa sui inúmeras belezas
sensivelmente perto naturais, muitas delas
da cache O Farol mais assinaladas com caocidental da Euro- ches. Algumas são de
pa [Flores – Açores] fácil acesso, enquanto
[GC32CBH]. Logo de outras necessitam de
seguida existe um mi- uma procura mais miradouro com uma vis- nuciosa.
ta privilegiada sobre o
Rocha dos Bordões
ilhéu Maria Vaz, Ilhéu
[Flores – Açores]
Maria Vaz (Gadelha)
[GC32D48] e Mira[GC5PTJN].
douro Rochas dos
A meio do trilho terão Bordões [GC57W0F]
de tomar a decisão são duas caches que
de voltar para trás, ou mostram a beleza
continuar atravessan- deste ícone. Um dos
do o Rubicon, Turning rostos das Flores,
Point? Ponta da Volta? com uma fama que
[GC35VKW]. Esta ca- lhe precede. Este é um
che encontra-se numa daqueles pontos obriparte do antigo trilho gatórios para quem
que sofreu uma derro- visita a ilha, sendo que
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
33
“A ilha é um pedaço de céu, e
qualquer canto é magnífico!”
a mesma tem acesso
pela estrada regional,
possível de ser observada de vários ângulos. A única dificuldade
é conseguir fechar a
boca.
dos ex-libris para mer- pela Água Mineral
gulho, com uma lição [Flores] [GC5M12C],
de geologia de topo.
que fará percorrer a
E se ainda tiverem Ribeira da Cruz até às
tempo,
aproveitem suas cascatas. Um luo barco para fazer gar de indiscritível beuma visita ao Ilhéu de leza e um verdadeiro
Ponta da Caveira Monchique, A Europa recanto secreto.
[Flores – Açores] Acaba Aqui… [Flores The View… [Flores –
[GC3224K]
situada – Açores] [GC5DQ6D], Açores] [GC5157G] é
numa freguesia com a ponta de terra mais outra daquelas caches
o mesmo nome. Este a oeste da Europa. Só que se não fosse este
local é bem conhecido por isso vale a pena a jogo, nunca se iria lá.
entre os locais, que visita, para além disso, Uma caminhada muivos levará a percor- esta vem acompanha- to agradável de fazer,
rer um trilho de fácil da com um mundo culminando com uma
acesso, sempre entre subaquático impres- perspetiva completavegetação, que, sem sionante.
mente diferente sobre
darem por si, estarão Se quiserem fazer um a Fajã Grande.
perto do mar, num piquenique, ou disfru- Um pouco mais a Sul,
cenário belíssimo e tar do cheiro do mar, encontram a Let’s Go
imponente.
visitem a Baía da Ala- for a Swim [Flores –
No mesmo local,
existe a cache Gruta
dos Enxaréus [Flores
- Açores] [GC5DG1T],
contudo esta só pode
ser acedida via barco.
Porém, este é um lugar muito bonito, sendo uma das poucas
grutas da ilha.
goa [Flores – Açores]
[GC32C28]. Localizase num pequeno parque de merendas, bem
isolado da civilização.
Localizado junto ao
mar, com uma paisagem deslumbrante,
perfeita para terminar
um dia de caça a tePor falar em grutas e souros.
barco, existe a Gruta Na ilha também endo Galo [Flores - Aço- contram-se
caches
res] [GC5DQ61], tam- que satisfazem os debém esta acessível safios dos mais avenapenas de barco. Um tureiros, começando
34
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
Açores] [GC3R115].
Um sítio que não se
encontra nos roteiros
turísticos, mas que
merece o seu destaque na ilha. Levem
máquina de fotografar,
filmar e fato de banho,
pois bem apetece dar
um mergulho naquelas águas.
Já na encosta norte,
podem encontrar um
tesouro que requer
um cuidado maior, cuja
recompensa é ainda
maior, The Bay [Flores
– Açores] [GC3R0WG],
para os amantes do
mar e do limiar entre
este e a terra. Um lugar único e sem precedentes!
Estas são algumas
das caches que bem
merecem uma visita e o seu destaque,
mas esta é apenas
uma lista, que muito
me custou a escolher,
pois para ser sincero,
todas elas merecem
um destaque! A ilha
é um pedaço de céu,
e qualquer canto é
magnífico! Desde as
caches mencionadas,
ao mais simples dos
miradouros, a paisagem é deveras bonita
e cativante, encantando qualquer um. Tirem
uns dias e façam tudo
nas calmas, aproveitando bem o que a
ilha tem para oferecer.
Garanto que não se
arrependerão.
Texto: Luís Serpa
Fotos: Pedro Almeida
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
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MADEIRA
PORTO SANTO
A ILHA DOURADA
P O R L U I S F TA S
36
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
A ilha do Porto Santo
tem 42,48 km² de área
e 5.483 habitantes
(censos 2011). Situando-se a apenas 40
quilómetros da ilha da
Madeira.
Apesar de se localizar muito perto não
podia diferir mais da
ilha vizinha... A Madeira destaca-se pela
floresta Laurissilva e
pelo verde das suas
abruptas montanhas.
O Porto Santo é geologicamente
muito
mais velho que a Madeira e apresenta uma
estrutura complexa e
fortemente erodida. O
seu solo é arenoso, a
pluviosidade é baixíssima (comparada com
a da Madeira) e é extremamente plano.
O Porto Santo é muitas vezes apresentado
como uma extensa
praia de 9km com
um pouco de ilha a
acompanhar, sendo
o destino de praia de
muitos madeirenses
que, principalmente
no mês de Agosto,
afluem em massa até
a ilha vizinha. A ilha
é marcada por uma
forte sazonalidade e
isso é notório tanto
nos preços praticados
como nos serviços
disponíveis.
Será então o Porto
Santo aquele destino
para apenas uma escapadinha de fim de
semana? Julgo que
não. A praia mantem
os seus 9km de areia
mas a ilha cresceu.
Cresceu em atividades
e no número de locais
para visitar, sítios que
até então eram do conhecimento de poucas
pessoas. O geocaching
foi uma das atividades
que cresceu e ajudou a
mostrar um novo Porto Santo. A ilha já não
se limita à rotina diária
de vila-praia, praia-vila com uma lambeca
pelo meio. Agora há
muito mais para ver e
para fazer.
Apesar da ilha ser no
geral plana, apresenta de 9 picos e como
é de esperar, todos
eles com uma ou mais
geocaches. O Pico do
Facho [GC3R57F] é o
mais alto, com apenas
516 metros de altitude, e tem ali mesmo
ao lado o Pico Juliana
[GC3R5BA]. Segundo a história, quando
eram avistados piratas
acendiam-se
fogueiras para avisar
a população e se a
visibilidade permitisse, eram visíveis na
ilha da Madeira, que
recebia a informação
com algumas horas
de antecedência para
se preparar. O Pico
Castelo
(Percurso
Recomendado 2) é o
que mais se destaca
na paisagem pela sua
forma em cone. Na sua
base, um muito visitado miradouro [GC4NFHP] mesmo no fim
da estrada. No topo e
após vários degraus
encontramos não só
uma cache [GC374XD]
como um jardim, uma
panorâmica
para
grande parte da ilha
e uma fortaleza do
século XVI, símbolo
da defesa das populações dos continuados
ataques piratas à Ilha.
O Pico Branco (Percurso Recomendado
1) tem para oferecer 3
caches, interessantes
fenómenos geológicos e uma paisagem
bonita, com as mais
altas montanhas da
ilha à sua frente e
atrás uma costa recortada e moldada
pelo Oceano Atlântico.
O Pico da Ana Ferreira sempre foi um dos
pontos mais visitados
da ilha. Uma estrada
de terra conduz os visitantes até à zona da
pedreira [GC1YZN6]
onde podemos contemplar um leque de
disjunções prismáticas. No entanto, convidamos-te a ir mais
longe e a explorar as
duas geocaches situados no topo do pico
[GC3R58M] e [GC3W0KE]. Para além da
excelente panorâmica
para a ilha, caminhar
neste pico dá-nos a
estranha sensação de
andarmos em cima de
teclas de um piano. Ali
mesmo ao lado o Pico
Espigão [GC3VT3N] e
a sua crista descansam sobre o sítio dos
Morenos [GC4HJ5Y],
local ideal para uma
merenda e para uma
visita ao miradouro da
Ponta da Canavieira
[GC3TKR1].
“O Porto Santo é geologicamente muito mais velho
que a Madeira e apresenta uma estrutura complexa e
fortemente erodida.”
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
37
Para além dos picos
poderás explorar outras zonas balneares.
O areal de 9km a sul
não é o único lugar
onde poderás fazer
praia. O Porto Santo
também tem outra
praia paradisíaca de
cor turquesa, curiosamente uma praia
de calhau, desconhecida da maioria
dos seus visitantes: a
Praia do Zimbralinho
[GC3WA77], uma pequena baía situada a
sudoeste da ilha entre
o Pico das Flores e os
Morenos. Esta pequena praia de calhau
rodeada por falésias
banhadas de águas
cristalinas, é digna de
uma visita, sendo o
seu acesso por percurso pedestre.
lhar na praia do Porto
dos Frades [GC3TKJH].
Este local é também
ponto de partida para
um percurso junto à
costa até a Ponta da
Galé [GC3VZ97] (com
a possibilidade de se
continuar até ao porto) onde encontrarás
algumas zonas para
mergulhar. É também
no Porto dos Frades
que poderás visitar a
Praia do Gastão [GC3VZ7C], uma praia
recatada com um
percurso interessante
que é especialmente
recomendada durante a maré baixa. Para
finalizar, que tal umas
piscinas naturais com
água cristalina e fundo de areia? Poderás
optar pelo Porto das
Eiras
[GC3NHBW],
selvagem e de diNa zona da Serra de fícil acesso ou pelo
Fora poderás mergu- Porto das Salemas
38
Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
[GC374YK] com acesso simples a veículos
TT ou à distância de
alguns metros para os
que optarem por descer a pé. Para usufruir
destes locais é obrigatório ir com a maré
baixa pois só assim
poderão tirar proveito
das piscinas. Em ambos os locais um olhar
desatento
poderá
levar a que não se encontrem as melhores
piscinas. Explora os
cantos do lado direito
e serás surpreendido.
Para além dos picos
e de zonas balneares
mais remotas, existem
também alguns locais
mais distantes das
estradas e da civilização. Logo após a Fonte
da Areia [GC4TZA69],
miradouro que é um
bom ponto de observação de fenómenos
geológicos e da costa
norte,
encontrarás
uma área com dunas.
Neste local encontrarás a cache Tesouro
de Areia [GC4DWR0]
e terás a sensação de
estar num micro deserto. Depois, entre o
Aeroporto e o Campo
de Golf, encontram-se
uma série de trilhos
em terra que fazem as
maravilhas dos amantes do Todo o Terreno. As moto4 são um
meio de deslocação
muito popular e útil
nesta área. Por cá encontrarás mais algumas caches, algumas
bastante acessíveis
e outras mais junto à
costa que requerem
mais cuidados.
As recentes caches,
A vigia [GC5TRKZ] e
Northern Coast [GC5TRK5], sugerem uma
SUPLEMENTO DE VERÃO - Agosto 2015 - EDIÇÃO 16
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Agosto 2015 - EDIÇÃO 16 - SUPLEMENTO DE VERÃO
visita a outra área re- dos miradouros anteriormente mencionamota da ilha.
dos, também poderão
E já que falamos em
visitar os miradouros
remoto. Que tal uma
da Ponta da Calheta
visita a um dos 6 ilhéus
[GC3V5AN], das Flodo Porto Santo, o Ilhéu
res [GC16F1H] e os
de Cima [GC58MP8]?
miradouros da Portela
Com a devida ante[GC2DJE5] e das Lomcedência
poderão
bas [GC3T4HX] ambos
contactar o Parque com os tradicionais
Natural da Madeira moinhos de vento.
e agendar uma visita
a este ilhéu. Terão a O Porto Santo conta
oportunidade de efe- também com alguns
tuar uma visita guiada espaços verdes. Destacamos pelo seu
por um vigilante que
tamanho (5mil m2),
vos dará informações
por possuir um mini
relevantes sobre o lozoo e por o seu verde
cal.
contrastar com o terPara aqueles dias de reno árido em toda a
maior preguiça, há vá- sua volta, a Quinta das
rios pontos acessíveis Palmeiras. Um autênna ilha que merecem tico Oásis no centro da
uma visita. Para além ilha.
Já descobriram as
mais de 80 caches
de diferentes tipos e
níveis na ilha? Ainda
há mais. Poderão efetuar várias atividades
ligadas ao mar (mergulho, windsurf, SUP,
kitesurf e passeios de
barco), hipismo, safaris de Jeep, passeios
de bicicleta, utilizar os
courts de ténis e de
paddle ou quem sabe
uma experiência de
golf [GC3YZWW].
petições de trail, etc.
De entre todos estes
destaco as festas de
São João em junho e o
Festival Colombo em
setembro, que recria a
chegada de Colombo à
ilha. Assim como cortejos, feiras e mercados ao ar livre e ainda
uma série de eventos
à noite.
É muito fácil de chegar à ilha, com o ferry,
a partir da Madeira
O Porto Santo orga- (2h30m), ou de avião
niza vários eventos até ao seu aeroporto
durante todo o ano internacional.
relacionados com as A ilha dourada espera
mais diversas temáti- por ti!
cas como concentração de motards, caça,
Texto / Fotos: Luís
rali, carnaval, festivais
gastronómicos, comFreitas (luisftas)
SUPLEMENTO
SUPLEMENTO DE
DE VERÃO
VERÃO -- Agosto
Agosto 2015
2015 -- EDIÇÃO
EDIÇÃO 16
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