Perfeição vs. Santidade 1. Parábola do Fariseu e do Publicano
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Perfeição vs. Santidade 1. Parábola do Fariseu e do Publicano
Perfeição vs. Santidade 1. Parábola do Fariseu e do Publicano “Dois homens subiram ao Templo para orar; um era fariseu, o outro, um cobrador de impostos. O fariseu rezava, de pé, desta maneira: ‘Ó meu Deus, eu te agradeço por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de tudo que possuo’. Mas o cobrador de impostos, parado à distância, nem se atrevia a levantar os olhos para o céu. Batia no peito, dizendo: ‘Ó meu Deus, tem piedade de mim, pecador! ‘ Eu vos digo: Este voltou justificado para casa e não aquele” (Lc 18, 10-13). 2. Perfeição ou… Santidade Na nossa vida podemos tentar seguir dois caminhos distintos: o da perfeição ou o da santidade… podemos tentar ser perfeitos ou santos. Ser perfeito significa não ter fraqueza, defeito, falha, qualquer tipo de imperfeição…Buscar a perfeição é um ideal humano que exige esforço pessoal. E nesse esforço, posso contar apenas comigo mesmo, com a minha força de vontade, o meu espírito combativo, a minha determinação férrea… Perfeição é esforço humano, projecto pessoal, conquista própria… Na bíblia, a perfeição é uma qualidade humana: perfeito é aquele que cumpre a Lei, através do seu esforço (cf. Lc 18,10-13). Por tudo isto, a busca da perfeição, em vez de abrir a pessoa para os outros e Deus, fecha-a sobre si mesma, sobre o seu Eu orgulhoso e auto-suficiente… Perfeição e pecado são incompatíveis: se há pecado (= falha, imperfeição) não há perfeição. E se não for perfeito, como é que os outros e Deus podemme amar? Se não for perfeito, como posso ser e merecer ser amado? Queremos ser perfeitos… porque, no fundo, queremos ser fortes, infalíveis, intocáveis, valorizados, bajulados, auto-suficientes, superhomens e super-mulheres… Queremos ser perfeitos… e essa é a nossa grande tentação, o grande pecado de “querer ser como Deus…” Queremos ser perfeitos… mas somos feitos de barro, do pó da terra, de fragilidade, contingência… “Somos vasos de argila…” frágeis, quebradiços, rachados… Queremos ser perfeitos… mas não é essa a vontade de Deus. Ele quer, sim, que sejamos “misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso” ou “santos como o Pai do céu é santo”. Ser santo é a nossa vocação fundamental! Mas, o que significa ser santo? Qual é o itinerário que precisamos percorrer para realizar esta nossa vocação à santidade? Santidade é acção de Deus na nossa fraqueza. Ela está relacionada com a compaixão-misericórdia-amor de Deus. Santidade tem a ver com o amor e não com a perfeição. Santo é o Senhor. Ele é o “Único Santo” o “Três Vezes Santo”. E dizer que Deus é o santo significa dizer que Ele é o Amor. Amor que é pura gratuidade. Amor que continuamente nos cria e recria. Amor que cuida, guarda, protege… (cf. Os 11,1; Dt 32,9ss). No início de tudo está o amor de Deus. E a santidade consiste, antes de tudo, em deixarmo-nos amar por Deus. Só esta experiência é transformadora. Só ela muda o nosso coração… só ela nos converte plenamente… Santidade é a capacidade de amar e isso é dom de Deus. Ora, sendo dom de Deus, Ele a dá agora porque Ele ama-nos agora, no hoje de nossa vida… Amamos?… Então já estamos a percorrer o caminho da santidade… Ser santo não é ser perfeito ou não ser pecador. Ser santo é ser capaz de amar com tudo o que sou, qualidades, dons, fragilidades, fraquezas, limitações… Ao contrário da perfeição, santidade e pecado não se excluem: posso ser santo e pecador… A perfeição não admite o pecado. A santidade vê, na consciência do pecado, a oportunidade da abertura à experiência de ser amado por Deus. Santidade é a recusa a ficar fechado no pecado; é esvaziarmo-nos progressivamente da nossa auto-suficiência… Santidade é reconhecer que não podemos viver sós, que a vida só tem sentido quando nos abrimos ao amor de Deus. Na Parábola do Fariseu e Publicano, o primeiro acha-se perfeito, segundo a Lei. Essa perfeição leva ao orgulho, ao desprezo dos outros, ao fechamento a Deus. O Publicano reconhece a sua fragilidade, a sua incapacidade e volta-se para Deus. O lugar do nosso relacionamento com Deus não é em cima de um pedestal mas é aquele assumido pelo Publicano: “Tem piedade de mim, porque sou pecador…” O santo não é “o maior”. Mas é aquele que se sente amado por Deus e é esse amor que carrega e dá sentido à sua vida. O amor de Deus é que dá a vida e a santidade. É este amor, sem condições, que nos torna capazes de amar porque gera o amor em nós. É ele que nos abre aos outros e a toda a criação. É esse amor que anima a nossa missão de co-criadores, de construtores do Reino. É ele que nos faz escutar o clamor da realidade, os gritos das pessoas que vivem no nosso mundo que não nos deixam indiferentes. É esse amor que nos faz responder com amor… que nos coloca ao serviço dos irmãos, nos faz trilhar o caminho de Jesus Cristo… vocação à santidade tem, pois, um itinerário: parte do amor de Deus, o Todo Santo, que, quando acolhido pelo ser humano, gera nele o amor e uma resposta comprometida. Esse é o itinerário dos discípulos de Jesus. 3. Para meditar > Retoma agora a leitura de Lc 18,10-13. O que ela fala à tua vida? > Como me relaciono com os outros e com Deus: como o Fariseu ou como o Publicano? > Como experimento o amor de Deus na minha vida? Aponta exemplos. > A Quaresma é um tempo de conversão, um convite à santidade. Sentindo-me amado por Deus, que compromisso concreto assumo para trilhar este caminho da santidade?
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