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24/11/2015
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JOSEF KOUDELKA
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FUNDACIÓN MAPFRE
Paseo de Recoletos 23 28004 Madrid
12 SET ­ 29 NOV 2015 KOUDELKA, O OLHAR ERRANTE
Checoslováquia 1968.
A Fudação Mapfre em Madrid expõe uma ampla retrospectiva do
fotógrafo errante até 29 de Novembro.
Checoslováquia 1968.
Josef Koudelka
Joseph Koudelka e Raymond Depardon podiam encontrar­se numa
taberna e passar completamente despercebidos, bebendo uma
cerveja numa das mesas. Ou podiam caminhar pela multidão e
dançar à nossa volta como homens invisíveis. Estar no meio de um
campo de batalha e ser anjos que sem saber como chegaram ali,
fizeram essa fotografia... “a melhor é a que está próxima” dizia
Robert Kappa. Como um fantasma, Koudelka apareceu nesses
lugares e disparou o seu fúsil de instantes, frente aos outros
canhões, como os que apontavam em 1968 na Checoslováquia. A
primavera de Praga deu­nos a conhecer um trintão que subia pelos
tanques como uma ave migratória para tirar imagens irrepetíveis
que deram a volta ao mundo sob a assinatura de PP (Photojournalist
of Praga). Essas imagens, impossíveis de atravessar a cortina de
ferro, sobrevoaram livres, como corvos, a preto e branco, o muro
de Berlim e mostraram ao ocidente a resistência passiva do povo
checo frente aos tanques soviéticos (200.000 soldados e mais de
2000 tanques do pacto de Varsóvia ocuparam a Checoslováquia,
derrubando a Primavera de Praga, uma série de políticas liberais
que rompiam as directrizes de Moscovo, como dado, Tito também
havia tomado essa linha). Ainda que a repressão tenha sido
importante, mais de 60 checoslovacos perderam a vida nesses
acontecimentos. Ao longo desse ano, e do 69, deram­se factos que
dariam a volta ao mundo, como o suicídio de Jan Palach, o jovem
que se matou autoimolando­se, pedindo a liberdade da
Checoslováquia. Koudelka, um jovem que ia ser engenheiro e que
se encontrou com uma câmara nas mãos e um olhar repleto de
sentido, chamou a atenção do fotógrafo Elliot Erwitt que o afiliou na
Magnum... os seus momentos decisivos recordavam a escola aberta
por Henry Cartier Bresson. Essas imagens roubadas às escondidas...
O instante decisivo
Josef Koudelka
Koudelka é um acostumado captador de instantes, de momentos
precisos, onde a figura humana ocupa o elemento central. O ser
humano é captado em momentos com espírito de eternidade,
sobretudo com a liberdade da catarsis... muitas são manifestações
de actos ou festas. Ainda que a sua fotografia se tenha movido por
esses espaços do fotojornalismo e da fotografia documental, como
bem explica no artigo do suplemento Babelia do jornal El país
(2/11/2015) o escritor Antonio Muñoz Molina, como reflexão em B à
exposição que tem lugar na Fundação Mapfre em Madrid até dia 29
de Novembro. As suas imagens transcendem o mero documento, é e
não é um fotojornalista. É um narrador em prosa, mas também,
gostaria de argumentar, uma obra poética que se abre a um grande
número de reflexões. A obra do fotógrafo checoslovaco, ou
podíamos dizer, do apátrida eslavo, como ele se autoqualificou
porque ao fim e ao cabo um fotógrafo não tem ancoragem, e mais a
vida de Koudelka, que cultivou um olhar totalmente livre... caçadora
de epifanias, no meio do devir humano.
Antes da série de fotografias da primavera de Praga, Koudelka
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Série Teatro.
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experimenta com a imagem, fazendo instantes de obras teatrais e
de personagens perdidas, que não deveriam estar ali... isto é, num
lugar em que são reconhecíveis... Uma freira com o seu hábito numa
praia ensolarada... É um primeiro período onde joga com as
capacidades que a imagem tem, ou que a própria forma da
fotografia pode adquirir no papel. São sim instantes decisivos, mas
não pelo seu valor jornalístico, senão pela sua ancoragem no tempo
do humano, nas expressões de uma criatura e o seu entorno.
Também como formas estéticas num plano, como visões. A sua
série Teatro são imagens que experimentam com a capacidade de
abstracção da própria imagem. Nessas fotografias Koudelka fixa
também uma intenção mais artística, afastada do que
posteriormente passará a ser a sua obra documental, que com toda
a intenção expressará um sentido amplo do que está mais além da
imagem.
Uma frase de Antonio Muñoz Molina prende­se, sobre a sua análise
da obra de Koudelka nas imagens captadas nas ruas de Praga em
1968. Esses “quadros” movem­se à volta de todo um confim de
símbolos que levamos na nossa mochila cultural e que torna tão
icónicas as imagens da invasão da Checoslováquia. As fotografias de
Koudelka possuem “a eloquência arrebatadora de uma grande
pintura histórica, estampas de Delacroix a preto e branco de Praga”.
Série Gypsis.
A série Teatro é uma compilação de imagens a preto e branco (a
obra do fotógrafo checo é a preto e branco) que expressa figuras
grotescas, expressões desencaixadas, deformadas... tentando
captar a alma das coisas, a imagem essencial desse momento,
incluindo a mancha do movimento, não a figura do actor, senão os
corpos, os rostos modificados... Essa intenção sempre estará
presente em Koudelka, aflorar a alma de alguma maneira e a intima
relação do ser humano com o objecto inanimado. A presença do
humano em qualquer contexto sempre pode produzir consequências,
a humanização da imagem, a completa desconexão da figura
humana num espaço estranho, num espaço caótico, motivado pelo
seu abandono ou pelas derivas dos seus actos. Na série de
fotografias Gypsis, encontramos a uma mulher deixada, parece
ébria, num acampamento de sucata com um carro desconjuntado
atrás. O automóvel parece identificar o estado da mulher, num
momento de solene abandono. Os objectos identificam o humano,
um corpo utilizado e deitado fora, o contexto fixa o sentido. Ao
contrário, os corpos de uns pobres homens, enfermos ou dementes
estão estendidos (voltamos às estranhas sensações dos corpos
quando se representam como objectos inanimados ou fora de
contexto) no chão. As suas amplas manchas negras mostram­se
estranhas num solo pálido. Esses seres são fardos, não são
humanos,... não estão erguidos, são seres anormais, a imagem
enche­se de sentidos e curiosamente a figura humana, neste caso,
não humanizou a imagem. O corpo converteu­se em coisa.
A vagabundagem
Série Gypsis.
Série Chaos.
Série Walls.
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TRABALHA­DORES DO CU
Maus Hábitos ­ Espaço de Intervenção
Cultural, Porto
Suianni Macedo
Essas derivas do humano têm em Gypsis a sua principal expressão.
A série fotográfica que Koudelka realiza durante uma boa parte da
sua vida, recompila a dinâmica vital do povo cigano por todo o
continente europeu. Os ciganos como povo errante e livre (por isso
o fotógrafo está no seu contexto), que se move com as suas
próprias leis e não tem fronteiras. As suas fotografias abarcam
desde os ciganos na Roménia, Hungria, França, Espanha ou Irlanda.
Todo um panegírico de rostos e manifestações que identificam um
sociedade paralela. Com as suas paixões, as suas tradições, os seus
cultos e as suas normas, alheias às leis da sociedade imperante.
Koudelka é como eles, rompe as limitações dos países,
vagabundeia, busca a liberdade... comparte as suas vidas, misturou­
se e passou esses anos sem domicílio fixo. O fotógrafo checo perdeu
inclusive a nacionalidade, ao caducar o visto depois de sair da
Checoslováquia por mais de 3 meses, decidiu não voltar e fixou
residência em Londres (actualmente tem nacionalidade francesa), e
seguiu por caminhos errantes seguindo este povo, o cigano, e todas
as celebrações populares. Nesse caminho juntou trabalhos
esporádicos, venda de algumas fotografias... prémios. Sem muito
dinheiro, sem casa, continuou a captar imagens. Esta forma de viver
eleva o sentido da sua imagem, ao fim e ao cabo é um errante, o
seu olhar é o de um fantasma que aparece nesse “instante” mas em
qualquer lugar. A série Gypsis é realmente a compilação de uma
obra madura, e de igual forma, um autorretrato do espírito do
próprio Koudelka. A intimidade dessas fotografias (incluindo a
própria identidade do autor) expressa­se nos seus retratos, nas
imagens familiares, nas festas. Uma fotografia próxima e amiga, não
é um estranho.
A concepção estética
Koudelka sempre produziu fotografia a preto e branco, as massas
poderosas de cinzentos construíram atmosferas muito reconhecíveis
nas suas imagens, rostos tenebrosos, profundos, directos. Essa
densidade de negros nos contornos faciais, nos corpos, sublinham as
expressões, e por outro lado a solenidade desses momentos,
construindo como nos seus inícios... quadros pictóricos com massas
sobrexpostas por força da negritude.
Na série fotográfica Chaos, Koudelka retoma essa vertente mais
artística da imagem, confecciona verdadeiros quadros com a
fotografia (começa a trabalhar a partir de 1986, com formato
panorâmico, para realizar toda uma obra dos impactos meio
ambientais do homem sobre a Terra). Nessas fotografias a figura
humana desaparece e encontramos as suas consequências... túneis,
cortes... limites junto ao mar e brusquidões. As linhas negras nestas
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YTO BARRADA
imagens de grande formato compõem quadros que podíamos definir
como abstractos, ainda que seja um entorno real. Estas imagens
plasmam a intervenção humana sobre o entorno, mas com um
componente fascinador sobre as manchas negras nessas amplas
imagens, convertendo a própria fotografia numa tela. Em Walls, de
igual forma Koudelka expõe essa imagem poderosa, a figura
humana volta a desaparecer, mas o sentido da imagem deixa de
lado o pictórico pelo temático, o documental neste caso. Se a ideia
de Koudelka é a liberdade de ser errante, a sua antítese é a falta de
liberdade e os limites. A série fotográfica Walls... imagens do muro
da Palestina. O muro, de novo o fotógrafo errante se encontra com o
seu anátema, o princípio da história, a liberdade.
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TERESA PESSOA
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