malharias

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malharias
ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS
MALHARIAS
EQUIPE:
Luiz Lauro Rom ero - Gerente
Jaym e Otacilio W. M. Vieira - Analista de Sistemas
Renato Francisco Martins - Contador
Luiz Alberto Rossatto de Medeiros - Engenheiro
DEZEMBRO/94
MALHARIAS
ÍNDICE
1 - INT RODUÇÃO
1.1 - Apresentação
1.2 - Histórico
2 - ASPECT OS T ÉCNICOS
2.1 - Características Gerais
2.2 - Malharia por T rama
2.2.1 - T eares Circulares
2.2.2 - T eams Retilíneos
2.3 - Malharia por Urdume
2.4 - Matérias-Primas
3 - ASPECT OS DE MERCADO
3.1 - Situação no Mundo
3.2 - Mercado Brasileiro
3.3 - Brasil: Exportações x Importações
3.4 - Padrão de Concorrência
3.5 - Estrutura da Indústria
3.6 - Demanda
3.7 - Principais Regiões Produtoras
3.7.1 - Pólos de Malharia
4 - OUT ROS SEGMENT OS DO SET OR DE MALHARIAS
4.1 - Lingerie
4.2 - Artigos de Praia
4.3 - Meias
5 - ANÁLISE ECONÔMlCO-FINANCEIRA DAS PRINCIPAIS EMPRESAS
5.1 - Panorama Geral dos 2 últimos Exercícios
5.2 - Perspectivas
6 - RESUMO E CONCLUSÕES
2
MALHARIAS
1 - INTRODUÇÃO
1.1 - APRESENTAÇÃO
O presente trabalho apresenta uma abordagem sumária do segmento de
malharias, que tem obtido, nos últimos anos, crescimento superior à média do setor têxtil,
no Brasil. Dado que a produção de tecidos e confecções de malha é muito pulverizada, são
comentadas as tendências gerais do segmento, com breve apreciação sobre o mercado
brasileiro de alguns tipos de produtos como lingerie, roupas de praia e meias, abordando-se
também os principais pólos de produção de artigos de malha no país.
T rata-se portanto de um trabalho que enfoca essencialmente o segmento como
um todo, procurando não abordar problemas específicos de empresas/grupos. Por este
motivo, a análise financeira (item 5) comenta apenas tendências e índices de conhecimento
público, dado que se baseia em publicações de grande circulação a nível nacional.
1.2 - HISTÓRICO
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Dentro da atividade têxtil, o segmento de malharia é dos mais antigos,
remontando sua origem ao processo manual de tricotagem. "O tricô surgiu entre os árabes
e as tribos nômades, que teciam a lã de seus rebanhos (à mão, com agulhas de pontas
reviradas) e divulgaram a técnica do T ibet à península Ibérica. Da Espanha o processo foi
levado às ilhas Shetland. No século XVI começaram a ser produzidas malhas de seda. As
agulhas de tricô passaram a ser retas, de ponta mais ou menos afiada. Em 1589 William
Lee inventou uma máquina para fabricar meias que foi adotada em toda a Europa. No
século XVIII surgiram os primeiros tecidos de malha de algodão, incluindo cortinas, cobertas,
anáguas, luvas etc. Durante muito tempo a malharia limitou-se à produção de roupa branca,
mas por volta de 1920-1925 foi introduzida na alta costura e, a partir de então, vem
ocupando posição de crescente importância na indústria têxtil."1
No Brasil, a indústria de malharia é, dentro do setor têxtil, o segmento mais
novo, existindo há cerca de 40 anos.
2 - ASPECTOS TÉCNICOS
2.1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS
1En ciclo p éd ia Mira d o r In tern a cio n a l Vo l. 1 3 p á g . 7 1 4 9
4
A malha, devido às suas características de construção, difere muito do tecido
plano. Na tecelagem plana, o tecido é composto por um conjunto de fios dispostos lado a
lado no sentido longitudinal, chamado de Urdume, e por fios inseridos no sentido
transversal, que compõem a T rama. Esse tipo de construção confere ao tecido uma certa
rigidez, tanto no sentido transversal quanto no longitudinal. Já no tecido de malha utiliza-se
um único conjunto de fios que se ligam através de laçadas, o que confere ao produto final
características de flexibilidade e elasticidade que não podem ser obtidas no tecido plano.
Apesar dessas características favoráveis, o tecido de malha não se presta a
todas as aplicações em vestuário, devido à sua maior tendência a deformações e desgaste
superficial, além do toque e caimento peculiares, não adequados a qualquer tipo de roupa.
O fio empregado na produção de malhas é basicamente o mesmo utilizado na
tecelagem plana, diferindo apenas por exigir um menor grau de torção. O processo de
fabricação do tecido de malha é, entretanto, bem mais simples e rápido; além de não exigir
procedimentos de preparação prévia do fio, como o urdimento e a engomagem (que exigem
equipamentos grandes, adequados apenas para elevados volumes de produção), a
produtividade dos equipamentos de malharia é muito maior. Um tear circular moderno
produz de 450 a 500 kg de tecidos de malha por dia, ao passo que um avançado tear a jato
de ar, utilizando fio de mesma titulagem (espessura), produz cerca de 100 kg de tecidos
planos em idêntico período.
Dentre as diversas classifcações aplicáveis aos tecidos de malhas, uma das
mais abrangentes refere-se ao sistema de formação da malha, que compreende as
denominadas malharia por Urdume e por T rama (embora o processo de fabricação de
malhas seja completamente diferente do de tecidos planos, de onde se originam esses
termos).
Identificam-se assim diferentes tipos de tecidos e os equipamentos mais
adequados para produzí-los.
2.2 - MALHARIA POR TRAMA
Os equipamentos para a produção de malharia por trama são os teares
circulares e os teares retilíneos.
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2.2.1 - TEARES CIRCULARES
São as mais comuns das máquinas de malharia, caracterizando-se por
possuirem um grande número de alimentadores dispostos em círculos, produzindo um
tecido tubular contínuo. São máquinas de altíssimo rendimento, capazes de produzir tecidos
com as mais diferentes características. O grupo de máquinas circulares é formado pelas de
grande diâmetro, que incluem as monocilíndricas, voltadas para a produção de jerseys ou
meia-malha, as circulares de dupla frontura, próprias para a produção de malhas duplas e
as circulares de duplo cilíndro, voltadas para a produção de malhas "fantasia". Além destas
existem máquinas de pequeno diâmetro próprias para a produção de meias masculinas e
femininas, sejam elas lisas, rendadas ou jacquard (com desenhos na constituição do tecido).
As meias saem das máquinas praticamente prontas, faltando apenas a costura para fechar a
ponta do pé.
No segmento de malharia circular, o mais tradicional fabricante de máquinas é a
empresa alemã Mayer & Cie, que iniciou sua produção em 1939. A participação dessa
empresa no mercado mundial é de aproximadamente 20%, e sua produção mensal, da
ordem de 150 máquinas.
Além da Mayer, a empresa italiana Orizio também se destaca a nível
internacional. Já vendeu para o mercado brasileiro cerca de 6.000 máquinas nos últimos 20
anos. Entre os modelos por ela fabricados estão as máquinas que são consideradas as
mais avançadas da atualidade, com até 20 a 24 agulhas/polegada, totalmente eletrônicas,
trabalhando com o sistema de programação agulha por agulha.
Os preços desses teares, dependendo de suas características e acessórios,
podem variar entre US$ 50 mil e US$ 150 mil.
2.2.2 - TEARES RETILÍNEOS
As máquinas retilíneas são equipamentos semelhantes às antigas máquinas
manuais de uso doméstico, todavia muito mais avançadas tecnologicamente, são
geralmente automáticas, e capazes de produzir tecidos de alta qualidade. Ainda no grupo
6
das retilíneas, as máquinas com jacquard permitem a obtenção de tecidos com desenhos,
listras, relevos etc. Este tipo de equipamento é muito utilizado para a fabricação de golas e
punhos para camisas de malha do tipo "Polo" e tecidos com desenhos próprios para a
produção de blusas e blusões. Sua utilização se dá na produção de malhas pesadas,
principalmente de fios de lã e acrílico.
A companhia japonesa Shima Seiiki é uma tradicional produtora de máquinas
retilíneas, detendo atualmente 70% da produção mundial desta linha de máquinas. A partir
de 1988 a Shima Seiiki começou a atuar no mercado brasileiro, tendo vendido cerca de 120
máquinas ao longo destes anos.
Os modelos mais modernos de teares retilíneos apresentam elevado grau de
automação, incluindo programação e controle computadorizados. Essas máquinas já são
utilizadas no Brasil, que tem um parque produtor de malharia relativamente atualizado em
termos tecnológico.
2.3 - MALHARIA POR URDUME
Na malharia por urdume encontramos basicamente dois tipos de máquinas: as
do tipo Kettensthul e as do tipo Raschel. Essas máquinas, nos modelos mais atualizados,
possuem elevada capacidade de produção, mesmo operando em artigos sofisticados e de
alta qualidade e vêm experimentando contínuos aperfeiçoamentos, especialmente após a
introdução dos fios sintéticos.
As máquinas do tipo Kettensthul são mais dedicadas à produção de tecidos
basicamente lisos para roupas íntimas, tecidos elásticos, forros, veludos para estofamento e
tecidos para toalhas de mesa. Essas máquinas possuem uma variação muito grande de
modelos o que faz com que seus preços variem entre US$ 160 mil a US$ 280 mil,
aproximadamente.
As máquinas de última geração, com controles eletrônicos, estão
operando em velocidades de 3.800 a 4.000 rpm. Sua produção gira em torno de 25 a 30
metros de tecido por hora, dependendo do tipo e largura do artigo.
As máquinas do tipo Raschel são voltadas para a produção de tecidos lisos e
rendados destinados à produção de toalhas de renda, tecidos para lingerie, cortinas,
tecidos elásticos e outros. As máquinas Raschel possuem também uma grande variedade
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de modelos, que podem produzir rendas simples ou bastante sofisticadas, as quais não
podem ser fabricadas nas máquinas Kettensthul. O preço deste tipo de equipamento pode
girar em torno de US$ 700 mil a US$ 1.300 mil, dependendo do nível de sofisticação
desejada e dos controles eletrônicos requeridos.
O número de empresas fabricantes de teares Raschel e Kettenstuhl é muito
reduzido, sendo a Karl Mayer, empresa alemã, quem domina o mercado no mundo. A
produção mundial é da ordem de 200 máquinas/mês distribuídos entre 140 tipos diferentes
de máquinas.
Neste segmento encontramos mais dois tipos de máquinas, a Kohler e a Malimo,
que todavia são pouco difundidas no mercado.
2.4 - MATÉRIAS-PRIMAS
A indústria de malharia utiliza fios praticamente de todos os tipos; de fibras
naturais (algodão, lã), artificiais (viscose) e sintéticas (nylon, acrílico, poliester) além dos
chamados elastanos (a lycra é o mais conhecido deles). T oda essa variedade de fios,
contudo, não se aplica uniformemente a todos os tecidos de malhas; há um direcionamento
de determinados fios para a formação de cada tipo de malha e, em consequência, para
certos tipos de máquinas.
Algodão - é a fibra mais importante em malharia (tanto pura quanto em mistura com outras
fibras), especialmente na chamada malharia por trama. A produção de tecidos
de malha com fibras de algodão no Brasil representa a maior parte do total da
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produção por trama, destacando-se as camisetas tipo "T -Shirt"fabricadas com
malhas produzidas em teares circulares e que têm grande aceitação popular
devido ao baixo preço, bem como os chamados "moletons", tecidos também
produzidos em teares circulares, de preço acessível, toque agradável e
adequados ao clima tépido observado no inverno da maioria das regiões
brasileiras. Um produto misto bastante conhecido é o chamado cotton-lycra
(mistura de algodão com elastano - não necessariamente a lycra) muito utilizado
na produção de roupas femininas. O algodão vem sendo também largamente
empregado na produção de meias esportivas.
Lã - a utilização dessa fibra natural na malharia é reduzida no Brasil; seu preço é elevado,
suas características térmicas são mais próprias para uso nas regiões muito frias e, por
ser muito sujeita a encolhimento e deformações, tem sido substituída, com bastante
sucesso, pela fibra acrílica - mais barata, durável e antialérgica. O fio de lã presta-se
especialmente à utilização em máquinas retilíneas.
Artificiais (viscose) - é uma fibra de características semelhantes às do algodão, ao qual é
misturada em proporções diversas, melhorando-lhe o toque, o caimento, brilho,
cor e textura.
Um produto clássico, em meia-malha, 100% viscose, possui toque e caimento
tão característicos que ganhou nome próprio: o Bali.
Sintéticos - poliamida, poliester e acrílico são fibras sintéticas largamente utilizadas pelo
setor têxtil.
A poliamida, conhecida comercialmente por nylon, possui
inúmeras aplicações industriais.
A fibra de nylon desenvolvida especialmente para aplicações têxteis permite
produzir fios com resistência cerca de 3,5 vezes superior à dos fios de
algodão.
Os tecidos de malha produzidos com nylon associado a um
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elastano são amplamente utilizados na produção de roupas de banho, roupas
íntimas e esportivas.
O poliester é uma fibra versátil, com ampla utilização em vestuário, linhas de
costura, não-tecidos, mantas e muitas outras aplicações, inclusive industriais;
seu preço é bastante competitivo em relação ao algodão.
A fibra acrílica para malharia foi introduzida no Brasil em 1968, objetivando
competir com a lã no mercado de artigos de inverno. Seu uso expandiu-se
bastante e hoje é empregada na fabricação de pulovers, conjuntos e artigos
para recém-nascidos, blusas, camisas e muitos outros, na forma de fibra pura
ou misturada com o algodão ou a lã em variadas proporções.
Suas
vantagens sobre a lã são o menor custo, a solidez e o brilho das cores bem
como a resistência à lavagem em máquinas.
A fibra acrílica é utilizada
predominantemente na malharia por trama, em máquinas retilíneas, em
substituição à lã.
Elastanos - o uso de fios elásticos na fabricação de tecidos permite produzir artigos que
aderem ao corpo, acompanhando as formas sem tolher os movimentos.
Sempre combinados com outras fibras não-elásticas, sejam naturais, sintéticas
ou artificiais, permitem a produção de uma ampla gama de produtos de
vestuário, especialmente roupas íntimas, de praia e esportivas.
No Brasil, o mais conhecido dos elastanos é a Lycra, da Du Pont, nome tão
difundido que hoje é usado como denominação genérica para os fios elásticos
têxteis e, até mesmo, para alguns tecidos elásticos.
Os fios de elastano são quase exclusivamente utilizados na malharia por
urdume; a grande exceção é o produto denominado "cotton-lycra", um tecido
elástico leve, predominantemente de algodão, que é fabricado em teares
circulares.
O quadro a seguir mostra a produção de malhas no Brasil, por tipo de máquina
e de fibra no ano de 1992.
Quadro 1
10
PRODUÇÃO POR TIPO DE MÁQUINA (Fibra Predom inante)
ANO 1992
(e m kg)
M ÁQUINA/FIBRA
TOTAL
ALGODÃO
V IS COS E
2 5 .0 9 2 .6 2 5
1 9 .7 3 1 .1 5 8
1 9 .7 3 1 .1 5 8
M A L HA DUP L A
1 9 .8 8 6 .6 8 9
1 2 .3 1 0 .4 8 6
2 .6 8 3 .7 8 0
1 .1 2 5 .5 7 4
Ci rcu l a r
1 7 .2 3 5 .5 5 5
1 0 .5 5 8 .8 1 0
2 .6 0 6 .3 3 5
1 .1 2 5 .5 7 4
1 .9 5 3 .1 3 4
1 .7 5 1 .6 7 6
7 7 .4 4 5
M E IA M A L HA
3 0 1 .8 9 1 .9 9 5
2 7 0 .8 0 9 .7 7 0
2 .6 6 2 .2 6 8
9 .7 9 7 .0 1 3
1 0 .6 1 0 .2 1 1
6 .8 0 1 .5 1 4
1 .2 1 1 .2 1 9
Ci rcu l a r
2 3 5 .8 9 2 .2 0 3
2 2 1 .8 9 8 .8 1 0
1 .8 0 3 .3 3 3
3 .8 2 8 .0 1 1
3 .0 5 6 .0 0 9
4 .6 4 2 .1 8 5
6 6 3 .8 5 5
6 5 .9 9 9 .7 9 2
4 8 .9 1 0 .9 6 0
8 5 8 .9 3 5
5 .9 6 9 .0 0 2
7 .5 5 4 .2 0 2
2 .1 5 9 .3 2 9
5 4 7 .3 6 4
M A L HA T RICOT
9 .9 1 5 .1 3 7
9 .4 2 1 .8 1 8
2 1 .5 1 2
9 8 .2 3 1
3 6 3 .0 4 7
1 0 .5 2 9
Ci rcu l a r
3 .5 5 5 .4 7 7
3 .0 6 2 .1 5 8
2 1 .5 1 2
9 8 .2 3 1
3 6 3 .0 4 7
1 0 .5 2 9
Re ti l ín e a
6 .3 5 9 .6 6 0
6 .3 5 9 .6 6 0
M A L HA URDUM E
3 3 .3 2 1 .1 4 0
8 .7 9 1 .2 4 2
1 7 .8 1 7 .0 6 6
7 2 6 .5 8 2
5 .9 8 6 .2 5 0
K e tte n sth u l
1 9 .1 5 6 .5 7 7
7 .8 6 2 .7 5 5
1 0 .8 5 0 .2 5 9
4 4 .4 7 0
3 9 9 .0 9 3
M al i m o
9 4 4 .9 4 2
9 2 8 .4 8 7
Ra sch e l
1 3 .2 1 9 .6 2 1
6 .9 6 6 .8 0 7
6 6 5 .6 5 7
TOTAL
1 8 6 .4 3 2
1 2 .5 6 3
3 8 9 .5 9 6 .0 1 8
3 2 1 .0 7 7 .0 3 7
1 .5 2 0 .4 4 6
LÃ
2 5 .0 9 2 .6 2 5
OUT ROS
0
P OLIE S TE R
T e a r e l á sti co
Re ti l ín e a
3 .8 4 1 .0 2 1
ACRÍLICO
E L Á S T ICO
Re ti l ín e a
0
P OLIAM IDA
3 .8 4 1 .0 2 1
0
0
1 .5 2 0 .4 4 6
0
3 .0 6 8 .8 4 9
0
2 .9 4 4 .8 3 6
1 2 4 .0 1 3
0
0
1 6 .4 5 5
5 .5 8 7 .1 5 7
1 7 3 .8 6 9
5 .3 6 7 .5 6 0
3 2 .6 7 8 .9 0 6
1 1 .8 7 3 .7 0 9
1 7 .3 8 7 .5 8 8
1 .2 1 1 .2 1 9
Como se observa, em 1992 a produção brasileira de malhas foi de cerca de
390.000 t., sendo a fibra mais utilizada a do algodão cujo consumo foi de 321.077 t. ou 82%
do total, seguida pelas de poliamida (nylon), com produção de 32.678 t., cerca de 8% do
total, e de poliester (17.387 t. ou 4,4% do total).
O tipo de tecido mais produzido foi a meia malha, que tem menor custo, é mais
fácil de fabricar (pode ser produzida em teares circulares simples), é adequado ao clima
quente da maior parte das regiões brasileiras, e presta-se à produção de confecções
simples e de baixo custo. Os tecidos de meia malha representaram, em 1992, 69,5% da
produção brasileira de malhas e 84% da produção de malhas de algodão.
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Os tecidos denominados malhas de urdume, feitos nas máquinas Kettensthul e
Raschel têm como principal matéria-prima a poliamida e são utilizados basicamente na
confecção de roupas íntimas e de meias masculinas não esportivas, onde se usa a
poliamida texturizada também denominada helanca, e femininas.
As fibras de poliéster são usadas basicamente em mistura com algodão ou com
a poliamida na malharia de urdume.
3 - ASPECTOS DE MERCADO
3.1 - SITUAÇÃO NO MUNDO
Devido à maior facilidade de fabricação, necessidade menor de investimentos e
menores custos de produção, os tecidos de malha (especialmente aqueles produzidos em
teares circulares e retilíneos) têm tido crescente aceitação no mundo, tendo sua produção
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se deslocado, nos últimos anos, dos países de maior renda e maior nível salarial para
países em desenvolvimento. Atualmente poucas regiões conseguem ter competitividade
semelhante à de alguns países asiáticos na produção de T -shirts e confecções de malhas
leves de algodão. Para exemplificar: uma camisa branca básica de algodão importada da
China chega ao consumidor em qualquer parte do mundo por cerca de US$ 1.00, enquanto
as melhores empresas brasileiras não conseguem colocar no mercado interno por menos de
US$ 1,30 (preço de fábrica sem ICMS).
T ecidos e confecções mais elaborados como artigos de lã e acrílico, e lingerie e
confecções sofisticadas são ainda produzidos em países desenvolvidos, que atuam no setor
têxtil preferencialmente em nichos de moda.
3.2 - MERCADO BRASILEIRO
O segmento de malharia no Brasil cresceu substancialmente nas últimas duas
décadas. Segundo o Sinditêxtil/ABIT , na década de 70 esse crescimento ficou entre 10 e
20% ao ano, enquanto na década de 80 a taxa média anual situou-se em torno dos 5%, com
significativas flutuações durante esse período.
Nos últimos anos, o mercado doméstico total de tecidos esteve muito fraco,
observando-se que o crescimento percentual experimentado pelo segmento de malhas foi
compensado por uma redução no segmento de tecidos planos. Essa transferência de
demanda deriva principalmente do menor preço médio e na melhoria de qualidade dos
tecidos de malha.
O Quadro a seguir mostra a evolução da produção de peças de vestuário no
Brasil, no período 1992/94.
Quadro 2
VESTUÁRIO: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO FÍSICA NO BRASIL
(m ilhares de peças)
13
SEGMENTO
TOTAL
Tecido Plano
Malha
1992
3.048.747
1.283.485
1.765.262
1993
1994 *
% 93/92
% 94/93
3.027.131
1.159.758
1.867.374
3.696.968
1.376.535
2.320.433
-0,86
-9,64
5,53
22,13
18,69
24,26
Fonte: ABRAVEST/IEMI
* Projeção com base no observado até 15/12.
Verifica-se que biênio 92/93 houve estagnação no mercado de vestuário em
geral, com uma queda de 9,64% no consumo de peças de tecidos planos diante de um
acréscimo de 5,53% no de peças de malha. Em 1994, com a retomada mais consistente do
crescimento da economia e a melhor distribuição de renda causada pelo Plano Real, houve
aumento de 22,13% na produção de peças de vestuário, destacando-se que o número de
artigos de malha produzidos cresceu 24,26%, enquanto o de peças feitas em tecido plano
cresceu 18,69%.
Segundo o IEMI - Instituto de Estudos e Marketing Industrial, o parque produtor
de tecidos de malha no Brasil era composto em 1992 por 2.337 empresas (não incluindo as
informais), na maioria pequenas e médias, empregando diretamente cerca de 49.500
pessoas.
Estes números provavelmente não tiveram muitas variações nos períodos
seguintes.
Para uma produção total de tecidos de cerca de 1,1 milhões de toneladas em
1992, a produção nacional de malhas foi da ordem de 390 mil toneladas/ano, destinada
principalmente para a confecção de artigos de vestuário. Ainda segundo o IEMI, naquele
ano o valor dessa produção alcançou o montante de US$ 5,8 bilhões.
O nível de integração da indústria é bastante elevado, alcançando 71% das
empresas. A grande maioria (58%) é integrada para a frente, com a confecção, ou seja,
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produzem os tecidos e as roupas. Apenas as grandes empresas que produzem confecções
de malha de algodão são totalmente verticalizadas, com a produção abrangendo todas as
etapas da produção, desde a fiação até a confecção.
A análise feita pela publicação Balanço Anual 94/95, da Gazeta Mercantil, sobre
o setor têxtil, abrangeu um universo de 506 empresas (grandes e médias), das quais 20 são
malharias, indicando que o segmento é composto principalmente por empresas de pequeno
porte (o número não inclui os segmentos de meias - 7 empresas; e roupas íntimas e maiôs 10 empresas).
Os investimentos efetuados pelas empresas analisadas alcançaram a cifra
de US$ 1.886,35 milhões, dos quais 20% (US$ 377, 27 milhões) correspondem às
malharias.
O produto mais representativo nos confeccionados de malhas de algodão é
a camiseta (T -shirt). O Brasil é um grande produtor e exportador, estando as principais
indústrias concentradas no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. O segmento de T -Shirt no
Brasil representa aproximadamente 47% no mercado de vestuário, com uma produção
estimada em 700 milhões de unidades por ano. Esse mercado pode ser dividido em três
categorias, segundo o IEMI: produtos de alta qualidade, que abrangem cerca de 18% do
total; básicos ou populares, que representam a maior fatia, com 64%; e os produtos de baixa
qualidade, produzidos por fabricantes informais, completando a produção.
3.3 - BRASIL: Importações x Exportações
No quadro a seguir vemos o comportamento das exportações de roupas de
malha em relação às exportações brasileiras de manufaturados têxteis nos últimos 3
exercícios.
15
Quadro 3
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE MALHAS
1991
a) roupas de malha
b) manufaturados têxte is
% a/b
(em US$ mil)
1993
1992
166.461
211.329
220.850
1.358.970
1.428.516
1.346.765
12,2
14,7
16,3
Fo n te : S i n d i tê xti l /A B IT
Como se observa, as exportações brasileiras de confeccionados de malha têm
aumentado nos últimos três exercícios em relação às exportações totais de têxteis do país,
que estão praticamente estagnadas desde 1991. Este aumento indica maior atualização
tecnológica, e, em consequência, maior competitividade do parque produtor de malhas em
relação ao parque têxtil brasileiro, dado que na fabricação de malhas são usados
equipamentos mais simples e de menor custo. Cabe destacar ainda que tem havido um
enobrecimento das exportações brasileiras de malhas, uma vez que os principais grupos
exportadores estão procurando fugir da concorrência de países asiáticos (China,
principalmente) nos produtos de baixo custo.
No Quadro 4 vemos as importações de confecções de malha no mesmo
período.
Quadro 4
IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE MALHA
1991
a) roupas de malha
15.017
16
1992
(em US$ mil)
1993
8.682
11.110
b) manufaturados têxte is
% a/b
332.697
4,5
263.541
3,2
438.972
2,5
Fo n te : S i n d i tê xti l /A B IT
As importações de confecções de malha no Brasil representam ainda valores
pequenos em termos absolutos e em termos percentuais (com tendência decrescente),
indicando competitividade de nossa indústria pelo menos no mercado interno. Esta situação
pode se modificar, segundo empresários do setor, pois com a diminuição das alíquotas de
importação e a defasagem cambial observadas a partir de julho/94, há uma tendência à
diminuição das exportações e aumento da importação de artigos têxteis em geral.
3.4 - PADRÃO DE CONCORRÊNCIA
Durante os anos 70 vários fabricantes pequenos, atraídos pelo crescimento da
demanda por artigos de vestuário informais e/ou esportivos e, devido aos baixos volumes de
investimentos necessários, começaram a produzir malhas em nosso país.
A crescente evolução da demanda estimulou o crescimento destas empresas e
o surgimento de outras, fundadas por ex-empregados das organizações originais e por
pequenos empresários que a partir da compra de um pequeno tear circular, têm condições
de oferecer malhas ao mercado ou de montar pequenas confecções de artigos de malha.
Isso fez com que o padrão de concorrência no segmento de malhas em nosso
país, seja a competição por preços, ficando o fator qualidade muitas vezes relegado a 2º
plano.
3.5 - ESTRUTURA DA INDÚSTRIA
O parque produtor de malhas no Brasil pode ser dividido, a grosso modo, por
três tipos de empresas: 1- um pequeno número de grandes organizações, como, por
17
exemplo, Hering, Marisol, Malwee e Sulfabril. Estas quatro empresas destacam-se na
produção de malhas de algodão, e podem ser consideradas como de grande porte pois
produzem mais de 400 t/mês, faturaram nos 3 últimos exercícios, em média, mais de US$ 80
milhões/ano, são totalmente integradas, fabricando desde a fiação até a confecção e têm
como principais produtos as camisas e camisetas de meia-malha de algodão; 2-
em
segundo plano contam-se inúmeras empresas de porte médio, cuja produção situa-se entre
100 e 350 t/mês, têm faturamento entre US$ 10 e US$ 70 milhões/ano, são em geral de
origem familiar, não totalmente integradas (em geral não têm fiação, algumas fabricam
apenas os tecidos, outras só confeccionam), produzem artigos de boa qualidade e procuram
ofertar produtos um pouco mais sofisticados, para conseguir uma diferenciação de marca,
ou encontrar nichos de demanda onde têm mais competitividade. Algumas destas empresas
são: Alcatex, T DB, Rosset, Marles Internacional, Velonorte, Pettenati, Cristina, Iracema,
Dalas, Dalcelis, Maju, Diana, Master, Magnatex, Guararapes, Jangadeiros, além de outras;
3- num terceiro plano, contam-se inúmeras empresas de pequeno porte, muitas delas
totalmente informais, que se dedicam em todo o país, à produção de tecidos e/ou
confecções de malha sem grande preocupação com a qualidade da produção.
A participação percentual dos quatro principais grupos em relação à produção
total de confecções de algodão em malha circular está sumarizada no quadro a seguir:
Quadro 5
BRASIL: PARTICIPAÇÃO DAS PRINCIPAIS MALHARIAS NA PRODUÇÃO
PARTICIPAÇÃO
EMPRESA
(em t.)
Grupo Hering
Sulfabril
Malwee
Marisol
Outros *
9,8%
4,0%
3,2%
2,1%
80,9%
TOTAL
100,0%
* Mais de 2.000 empresas.
18
Fonte: Sinditêxtil/ABIT
Como se observa, a oferta é bastante pulverizada, sendo os quatro principais
fabricantes responsáveis por cerca de 19% da produção total de artigos de malha de
algodão (ou mistos com predominância do algodão) produzidos em teares circulares.
3.6 - DEMANDA
Segundo o IEMI, cerca de 58% das malharias no Brasil possuem confecções
próprias que absorvem a totalidade ou grande parte de sua produção de malhas. Conforme
mostrado no quadro a seguir, em 1992, aproximadamente 65,3% da produção de malhas
foram
absorvidos diretamente por confecções próprias e 16,9% por confecções de
terceiros, totalizando um percentual de 82,2% do total fabricado.
A segunda maior
destinação (8,5%) é o atacado, que provavelmente revende tecidos de malha para
pequenos confeccionistas, o que aumenta ainda mais a parcela da produção destinada à
confecção.
Quadro 6
DESTINO DA PRODUÇÃO DE TECIDOS DE MALHAS
Un i d a d e : T o n e l a d a
1989
CONFE CÇÃ O
1990
1991
1992
% 92
259.828
246.899
237.802
294.557
65,3
3.951
3.758
3.731
4.300
1,1
A T A CA DO
28.942
31.021
32.672
32.976
8,5
V A RE JO
13.993
14.683
14.193
14.701
3,8
CONFE CÇÃ O
48.362
49.048
44.573
65.580
16,9
OUT ROS
16.891
16.962
17.049
15.632
4,0
P RÓP RIA
B E NE FICIA M E NT O
19
E X P ORT A ÇÃ O
TOTAL
928
2.078
1.326
1.850
0,4
377.338
368.683
355.317
389.636
100,0
Fonte: IEMI
A confecção no Brasil e no mundo é uma atividade intensiva em mão-de-obra,
sendo um dos ramos da economia que mais gera empregos. Conforme visto, este mercado
é dominado quantitativamente por pequenas e micro empresas, que se instalam ou
encerram atividades com grande facilidade, dependendo das condicionantes da economia.
O número de grandes empresas é muito pequeno, pois as pequenas indústrias, que
possuem administração informal, têm sua principal vantagem comparativa no não
recolhimento de impostos; assim, as grandes organizações encontram uma enorme
dificuldade na concorrência com as pequenas, mesmo com os ganhos de escala que seu
tamanho possa proporcionar. As pequenas empresas se originam de crises econômicas,
onde o desemprego atinge profissionais com condições técnicas de iniciarem seus próprios
negócios na confecção, muitas vezes adquirindo máquinas usadas das empresas de onde
foram demitidos (note-se que nos últimos anos, os grandes grupos passaram a ter por
norma sucatear e não revender suas máquinas usadas).
É através dos pequenos confeccionistas que circula parte da produção das
malhas leves, produzidas principalmente pelos teares circulares.
Em geral estes
confeccionistas se localizam junto das fontes de matérias-primas, fato que origina o
surgimento de pólos de malharia e de confecção de artigos de malha. Nestes locais exite
normalmente um comércio muito forte atraindo compradores de regiões muito distantes.
No setor de malharia por urdume, onde o tecido é destinado principalmente à
confecção de roupas de praia e roupas íntimas, há a necessidade de investimentos muito
maiores na tecelagem; em consequência,
é pequeno o número de malharias que só
produzem tecidos, embora seja grande o número de confecções de lingerie e linha praia,
que adquirem os tecidos dos grandes fabricantes.
Os tecidos de malha têm tido sua utilização ampliada nos últimos anos. No
quadro a seguir vemos a destinação da produção de tecidos de malha no Brasil no período
1989/1992.
Quadro 7
20
PRINCIPAIS ARTIGOS PRODUZIDOS COM TECIDOS DE MALHA
Unidades: Milhões de Peças
ARTIGO/ANO
CALCINHAS
PIJAMAS
BIQUINI
MAIÔ
CAMISETA ESPORTIVA
UNIFORME ESPORTIVO
BLUSÃO
CAMISETA
SAIA
MACACÃO
PAGÃO
SUÉTER
MEIAS
TOALHAS DE MESA
TOTAL
1989
1990
251
55
110
46
58
126
88
449
28
13
12
37
264
64
1.601
219
50
99
43
48
108
81
358
25
12
11
31
251
62
1.398
1991
205
45
81
43
44
95
82
381
24
12
11
25
244
58
1.350
1992
189
43
93
54
43
162
159
592
49
22
16
35
311
63
1.765
% 92
10,2
2,4
5,3
3,1
2,4
8,7
8,5
31,9
2,8
1,2
0,7
1,9
17,3
3,6
100,0
Obs.: Em 1993 a produção total foi de 1.867 milhõ es de peças.
Fonte: ABRAVEST/IEMI
Pode-se observar que apesar da grave recessão pela qual passou a economia
brasileira no período considerado, a quantidade de artigos confeccionados em malha em
1992 foi a maior do período, superando mesmo a de 1989, ano em que houve crescimento
da economia e boa produção industrial.
Destaque-se ainda que as maiores quantidades produzidas em 1992 foram de
camisetas (31,9%), meias (17,3%), calcinhas (10,2%), uniformes esportivos (8,7%) e
blusões (8,5%). Verifica-se o crescimento acentuado da produção de camisetas no período,
revelando a preferência dos mercados interno e externo pelos confeccionados em meia
malha leve e de baixo custo.
3.7 - PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS
O quadro 8 mostra a produção brasileira de malhas segundo as regiões
destacando a produção, por estado, das maiores regiões produtoras.
Quadro 8
21
PRODUÇÃO BRASILEIRA DE MALHAS POR REGIÃO - 1992
REGIÃO
EMPRESAS
PRODUÇÃO
EMPREGOS
(KG)
EMPRESAS
PRODUÇÃO
PRODUÇÃO/
PRODUÇÃO/
(%)
(%)
EMPRESAS
EMPREGADOS
NORTE
13
1.433.658
234
0,47
0,37
110.281
6.127
NORDESTE
41
5.834.084
1.271
2,56
1,50
142.295
4.590
SUDESTE
1.838
220.233.552
33.084
66,76
56,52
119.822
6.657
ES
8
1.184.344
224
0,45
0,30
148.043
5.287
MG
258
45.082.759
8.507
17,17
11,57
174.739
5.299
RJ
132
17.219.929
2.770
5,59
4,42
130.454
6.217
SP
1.440
156.746.520
21.583
43,55
40,23
108.852
7.262
SUL
436
161.368.247
14.824
29,91
41,42
370.111
10.886
PR
76
11.124.698
2.649
5,35
2,86
146.378
4.200
RS
237
22.313.079
5.193
10,48
5,73
94.148
4.297
SC
123
127.930.470
6.982
14,09
32,83
1.040.085
18.323
9
766.289
144
0,29
0,20
85.143
5.321
2.337
389.635.830
49.557
166.725
7.862
C. OESTE
TOTAL
Fonte: IEMI
Como se observa, grande parte da produção de malhas está concentrada em
dois estados: São Paulo e Santa Catarina. São Paulo concentra mais da metade das
empresas e produz cerca de 41% do total. A produção por empresa é relativamente baixa,
em torno de 100 mil kg/empresa ano, enquanto a média brasileira é de 150 mil kg/empresa,
indicando que grande parte das empresas paulistas são de pequeno porte. A produção por
empregado, 6.700 kg situa-se pouco abaixo da média brasileira que é de 7.080 kg. Por
outro lado, as empresas catarinenses representam apenas 5% do total das malharias, mas
produzem 32% do total. A média de produção por empresa é de aproximadamente 900.000
kg/empresa ano, a maior do país, constatando-se que a maior parte das grandes empresas
de malharia do Brasil estão situadas em Santa Catarina. A produção média por empregado
- 15.900 kg/empregado ano é acima do dobro da média brasileira.
Outros estados com importância no setor de malharia são Minas Gerais, Rio
Grande do Sul e Rio de Janeiro. Nos demais estados ainda encontramos algumas unidades
produtivas mas de pouca relevância a nível nacional. O Nordeste, que tem um importante
parque produtor de fios de algodão (156 empresas ou 15,5% do total das fiações do Brasil,
responsáveis por 21% da produção brasileira de fios) e alguns pólos de confecção como
22
Fortaleza e Santa Cruz do Capiberibe, não se destaca na produção de tecidos de malha,
ofertando apenas 1,5% do total nacional. Esta situação tende a mudar, pois existem alguns
projetos importantes de malharias recém-implantadas ou em fase de implantação na Região
(Jangadeiros, Baquit, Elizabeth Nordeste), devendo ser elevada em muito a oferta
nordestina em 1995, especialmente no Estado do Ceará sede dos principais
empreendimentos.
3.7.1 - PÓLOS DE MALHARIA
As
empresas
produtoras de malha normalmente se concentram em
determinadas regiões, formando pólos de produção que são regiões onde são criadas
externalidades próprias ao desenvolvimento de uma determinada atividade econômica,
preferencialmente em segmentos de tecnologia não sofisticados e que não exijam grandes
investimentos para implantação de indústrias.
A localização em pólos de produção é propícia, por exemplo, à implantação de
malharias de pequeno porte às quais, em geral, não possuem a fase de acabamento do
tecido. Nestes pólos foi criada, pela quantidade de pequenas tecelagens de malha, uma
massa crítica que abriu espaço à instalação de empresas de acabamento. Nestes locais
também desenvolve-se uma outra indústria, que se utiliza das malhas como matéria-prima
básica, que é a confecção, fechando-se assim o ciclo produtivo com a criação de economias
de escala resultantes da complementaridade de produção das diversas empresas da região.
Os principais pólos produtores de malhas no Brasil são os seguintes:
PÓLO VALE DO ITAJAÍ
23
O Vale do Itajaí em Santa Catarina é o maior e mais importante pólo de malharia
do Brasil. Nele se concentram as maiores empresas de malharia, entre elas encontramos a
Cia. Hering, Sulfabril, Malwee, Marisol, entre outras.
O produto básico desta região são malhas leves, predominantemente de
algodão, produzidos em máquinas circulares. A produção de artigos de malha da região é
estimada em 55% da produção nacional. Cerca de 90% das exportações brasileiras de
malha partem do Vale do Itajaí, o que representou no ano passado cerca de 18.000
toneladas, totalizando a quantia de US$ 149 milhões. Segundo as estimativas do Sindicato
da Indústria T êxtil de Blumenau, devem existir cerca de 1.764 teares instalados nas
malharias da região, que abrange principalmente as citadas de Blumenau, Gaspar, T imbó,
Jaraguá do Sul, Pomerode, Indaial e Brusque. Note-se que a região é também importante
produtora de outros tipos de têxteis como felpudos e roupas de cama e mesa.
PÓLOS PRODUTORES DE MALHA EM MÁQUINAS RETILÍNEAS
Os produtos destas regiões são típicos de inverno das regiões frias. São
malhas pesadas produzidas basicamente em acrílico, acrílico/lã ou lã pura, como: blusões,
blusas, coletes e casacos. Não existem empresas grandes neste ramo da malharia. A
concorrência ocorre basicamente com diferenciação do produto, através de máquinas
modernas, que possibilitam a execução de desenhos complexos nas peças, elaboração de
coleções desenhadas por estilistas competentes e, a utilização de matérias-primas nobres.
Uma das principais características destes pólos é a sazonalidade das vendas e produção,
dado que o consumo ocorre exclusivamente nas épocas de clima frio. Outra peculiaridade
destes pólos é de utilizar fios tintos de títulos grossos, produzindo peças semi-acabadas que
serão encaminhadas diretamente a confecção. Neste tipo de malharia não existe a fase de
acabamento. As empresas raramente efetuam vendas a terceiros, de tecidos ou peças
semi-acabadas, produzindo, em geral, para suas próprias confecções.
Os principais pólos são as regiões de Caxias do Sul-RS, Campos do Jordão-SP,
Monte Sião-MG, sendo que os dois últimos têm a grande maioria de sua produção feita por
empresas informais.
24
O pólo de Caxias do Sul é o maior e mais importante pólo de malhas produzidas
a partir dos teares retilíneos do Brasil, abrangendo praticamente toda a região serrana do
Rio Grande do Sul. Segundo informações do Sindicato das Indústrias daquela região, lá
existem entre 350 e 400 empresas, produzindo cerca de 8.500.000 peças/ano. A indústria
gera aproximadamente 7.000 empregos diretos. Em geral as empresas daquela região
possuem equipamentos modernos, muitos dos quais comandados eletronicamente.
Outros pólos menores, dedicados basicamente à confecção de artigos de malha
podem ser apontados como Santa Cruz do Capiberibe (PE), Criciúma (SC), Juiz de Fora e
Divinópolis (MG), Petrópolis e Rio de Janeiro (RJ). T ais pólos têm alguma importância a
nível da economia regional.
4 - OUTROS SEGMENTOS DO SETOR DE MALHARIAS
Além dos artigos de vestuário em meia malha a malha dupla produzidos com fios
de algodão e mistos, no Brasil, é grande a produção de outros tipos de confecções de
tecidos de malha, tais como lingerie, artigos de praia e meias.
4.1 - LINGERIE
Os tecidos utilizados na confecção de artigos de lingerie são produzidos nos
teares de urdume dos tipos Kettensthull e Raschel, com utilização basicamente de fios
sintéticos de poliamida (nylon) puros ou em mistura com poliéster e elastano (lycra).
O consumo pode ser considerado baixo no Brasil, sendo o mercado brasileiro
de lingerie nos últimos anos estimado pelos principais produtores como algo entre 360 e 400
milhões de peças/ano tendo sido muito grande a capacidade ociosa das empresas no
período. A produção é bastante pulverizada e o maior pólo produtor é o Rio de Janeiro,
onde estão instaladas as maiores empresas.
25
Além dos grandes fabricantes destaca-se o pólo produtor localizado na cidade
de Nova Friburgo que concentra um grande número de pequenas e micro empresas
dedicadas à confecção de roupas íntimas em lingerie.
A oferta destes produtos é bastante pulverizada estimando-se em mais de 1.000
o número de confecções destinadas à produção de lingerie. Estas empresas são, em geral,
de pequeno porte, informais, com produção artesanal e muito pequena.
Os 5 principais fabricantes brasileiros, em conjunto, detêm cerca de 16% do
mercado interno, distribuídos da seguinte forma (primeiro semestre de 1994):
De Millus - 5%
Du Loren - 3%
T riumph - 3%
Valiesere - 2,7%
Del Rio
- 2,5%
Estas cinco empresas têm produção integrada, pois possuem fiação e
fabricação de tecidos própria, ou em empresas do mesmo grupo.
Outras marcas como: Hoppe, Artemis, Darling, Eva's, Glicine, Jean Fabian,
Lovable, Marcyn, Monizac, Morisco, Volare, Poesi devem ter produção conjunta na mesma
quantidade das cinco maiores. O restante do mercado é suprido por empresas menores e
pelas familiares informais.
A demanda por lingerie vem crescendo após a implantação do Plano Real e
deverá ser, em 1995, bem superior à de 1994, entretanto não se prevêm problemas de
oferta já que é considerável a capacidade ociosa do setor na fabricação de tecidos. No
setor de confecção há muitas possibilidades de aumentar o nível de terceirização de
produção ou de abertura de novas pequenas empresas.
O mercado de lingerie pode ser dividido na demanda que privilegia preços
(grande maioria) e a demanda que privilegia qualidade e moda, suprida pelas grandes
empresas, que possuem estruturas próprias de acompanhamento das tendências mundiais
de desi gn e estilo.
26
Cabe observar que a indústria brasileira de lingerie está começando a enfrentar
a concorrência dos tecidos coreanos e das confecções chinesas, nos segmentos mais
populares e dos confeccionados de alto preço e sofisticação produzidos na Itália e França,
países que ditam a tendência da moda mundial no segmento.
4.2 - ARTIGOS DE PRAIA
Os artigos de praia são produzidos geralmente com tecidos fabricados em
teares Kettensthull, com a utilização basicamente de fios de poliamida (nylon) e elastano
(lycra). As principais empresas produtoras de tecidos para confecção de roupa de praia são
Rosset, T DB, Salotex e Doutex (todas situadas em São Paulo).
O mercado de artigos de praia e banho no Brasil é estimado pelas empresas
produtoras como algo em torno de 150 milhões de peças/ano. A produção está concentrada
na região Sudeste, especialmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, que
representam mais de 80% do volume total. A seguir encontramos Santa Catarina e Ceará
que somam 9,5% da produção nacional.
A demanda é sazonal, aumentando muito nos períodos mais quentes do ano.
O desi gn e as cores têm muita importância na diferenciação do produto,
cabendo observar que o Brasil tem se destacado como lançador mundial de moda/praia,
que é produzida por confecções de pequeno porte sediadas principalmente no Rio de
Janeiro e em Fortaleza.
O quadro a seguir mostra a produção física de artigos de praia no Brasil, por
região geográfica, em milhares de peças, em 1992.
27
Quadro 9
PRODUÇÃO BRASILEIRA DE ARTIGOS DE PRAIA
(m il unidades)
REGIÕES
NORT E
NORDE S T E
S UDE S T E
S UL
CE NT RO-OE S T E
T OT AL
1989
1990
-
-
1991
1992
7.237
145.282
10.287
401
7.125
129.491
10.134
753
170
6.141
112.466
10.163
680
202
6.579
133.768
12.095
778
163.207
147.503
129.620
153.422
Fo n te : IE M I
4.3 - MEIAS
As meias podem ser produzidas com fios de algodão (esporte, masculinas e
femininas), de helanca ou nylon texturizado (masculinas), ou de nylon (femininas).
O mercado nacional de meias em 1993 foi estimado em cerca de 40 milhões de
dúzias de meias soquete, o que representa cerca de 4 pares por habitante, e 15 milhões de
dúzias de meias-calça, com um consumo per capita de 2 pares/ano. O consumo é muito
baixo, principalmente se comparado aos da Europa, Estados Unidos e Japão, que alcançam
22 pares de meias colantes e 10 a 15 pares de meias soquete por habitante/ano.
As meias soquetes são atualmente consideradas um acessório de moda, sendo
bastante trabalhadas em diversas cores e desenhos, o que obriga as melhores indústrias do
setor a investirem em máquinas modernas com comandos eletrônicos capazes de produzir
artigos sofisticados a um custo razoável e com a agilidade necessária para acompanhar as
tendências da moda.
28
Estes equipamentos são máquinas circulares de pequeno diâmetro que
produzem os artigos praticamente prontos. As demais operações necessárias são a costura
na ponta da meia, passamento e embalagem.
Não existem produtores nacionais de
máquinas, sendo os italianos os maiores e mais tradicionais produtores a nível mundial
(máquinas eletrônicas), cabendo destacar a recente oferta de máquinas por parte de
empresas coreanas, ainda um pouco inferiores às italianas em sofisticação, mas um pouco
mais baratas (semi-eletrônicas) e com produção semelhante. Outros países como EUA e
Espanha são também produtores de equipamentos para a produção de meias.
Há poucas barreiras à entrada no segmento produtor de meias, pois o volume
de recursos necessários à instalação de uma pequena unidade produtiva é relativamente
reduzido.
O preço médio de uma máquina automática para a produção de meias de
algodão ou helanca de boa qualidade é da ordem de US$ 50 mil com capacidade de
produção de até 2.500 dúzias/mês, existindo máquinas inferiores a preços menores.
Existem no Brasil cerca de 140 fábricas de meias cadastradas, das quais 105
estão localizadas no estado de São Paulo, que é o maior pólo produtor, concentrando 80%
da produção total. O segundo lugar é ocupado por Minas Gerais (pólo de Juiz de Fora) com
13,5%.
O número de empresas informais no setor deve ser bem maior do que o de
empresas cadastradas.
Os principais fabricantes são a Lupo, Malharia N. S. da Conceição (Lolipop),
T rifil, Aço, Selene e William, todas sediadas em São Paulo. Os dez maiores produtores em
conjunto detêm 60% da capacidade de produção de meias de qualidade.
Cabe destacar ainda que a indústria nacional está sofrendo a concorrência da
indústria asiática (T aiwan, China), principalmente no segmento de meias soquete de
algodão que podem ser importadas ao preço médio de US$ 2.00 o par, enquanto o preço da
meias nacionais de mesma qualidade oscilam entre US$ 4.00 e US$ 5.00, para o
consumidor final no mercado interno.
A produção física por região geográfica está demonstrada, em milhares de
pares, no quadro a seguir.
29
Quadro 10
PRODUÇÃO NACIONAL DE MEIAS (1.000 pares)
REGIÕES
1990
NORTE
NORDESTE
SUDESTE
SUL
CENTRO-OESTE
TOTAL
1991
1992
1993
247.978
3.446
-
240.392
4.048
-
-
-
2.497
302.572
6.481
324
3.252
346.129
10.939
468
251.424
244.440
311.874
360.788
Fonte: IEMI
5 - ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS PRINCIPAIS EMPRESAS
5.1 - PANORAMA GERAL DOS 2 ÚLTIMOS EX ERCÍCIOS
Os quadros a seguir apresentam dados relativos às maiores empresas de
malharia em cada segmento nos exercícios de 1992 e 1993, classificadas em ordem de
faturamento, pela publicação - Balanço Anual, da Gazeta Mercantil.
O primeiro quadro abrange o grupo principal das malharias, que exclui os
segmentos de meias e lingerie.
Quadro 11
PRINCIPAIS MALHARIAS (Exceto m eias e lingerie)
EMPRESAS
HERING TÊXTIL (SC)
ROL
(US$)
ROL
(US$)
VAR.
(%)
LUCRO LÍQ.
(US$)
LUCRO LÍQ.
(US$)
VAR.
(%)
1992
1993
92/93
1992
1993
92/93
LÍQ.
LÍQ. ENDIV. ENDIV.
CORR. CORR. GERAL GERAL
1992
1993
1992
1993
221,51 221,86
0,2
-13,89
-9,48
30,0
0,54
0,61
61,90
64,90
MALWEE (SC)
86,41 112,02
30,0
0,26
0,83
318,0
2,75
5,03
18,70
10,70
MARISOL (SC)
69,41 101,04
46,0
0,57
5,22
923,0
2,46
2,27
18,50
28,00
30
SULFABRIL MALHAS (SC)
81,36
84,76
4,0
-1,59
0,16
-
1,11
0,84
32,90
53,40
PETTENATI (RS)
53,82
75,07
39,0
4,97
3,66
26,0
1,73
1,45
38,60
44,30
DOUTEX (SP)
20,64
28,08
36,0
-3,98
-0,59
85,0
1,39
0,70 103,80
90,20
VELONORTE (MG)
19,76
23,49
19,0
0
-1,36
-
1,54
1,87
21,90
20,20
SULFABRIL NE (PE)
5,52
11,29
4,5
-0,22
-1,03
469,0
0,57
1,64
63,50
43,70
GUARARAPES (CE)
9,00
10,90
21,0
-0,38
-0,43
12,0
0,87
1,45
19,70
16,00
IRACEMA (SC)
7,96
10,07
27,0
-0,25
0,12
-
1,36
1,13
35,70
42,20
Fonte: GAZETA MERCANTIL - BALANÇO ANUAL 93/94
obs.: ROL publicada em CR$ e defasada pelo US$ médio do
ano.
Lucro Líq. publicado em CR$ correntes e atualizado pelo US$ de 31/12.
A ROL total das empresas em análise teve um aumento de cerca de 18% no
exercício de 1993 em relação ao exercício anterior (passou de US$ 575 milhões para US$
679 milhões), indicando a recuperação do faturamento do setor, como consequência do
crescimento da economia verificado naquele ano.
T odas as empresas apresentaram variação positiva da Receita Operacional
Líquida em 1993. T al variação, em alguns casos, chegou a ser bastante expressiva, como o
da Sulfabril NE, que obteve um aumento de 104,5%.
Quanto ao Lucro Líquido do exercício, seis empresas (Hering T êxtil, Malwee,
Marisol, Doutex e Iracema) obtiveram resultados melhores em 1993 do que no ano anterior
e, dentre essas, três - Marisol, Malwee e Doutex tiveram os aumentos mais significativos.
Das quatro empresas que tiveram resultados piores do que em 1992, apenas a Velonorte
passou da situação de equilíbrio para prejuízo. Esta melhoria geral de resultados deve-se
basicamente à implementação de projetos de reestruturação administrativa e da produção
implementados pelos principais grupos.
Os demais índices se mantiveram equilibrados em relação a 1992, não
apresentando variações significativas. A maioria absoluta das empresas tem bons índices
de liquidez e endividamento relativamente baixo. Apenas a Hering T êxtil, maior empresa do
setor, e, principalmente a Doutex apresentaram em 1993 endividamento muito elevado;
ainda assim, essas empresas obtiveram melhoria de resultados no ano, com redução
expressiva dos prejuízos ocorridos em 92.
O quadro seguinte apresenta os resultados das quatro maiores empresas do
ramo de meias.
31
Quadro 12
PRINCIPAIS PRODUTORES DE MEIAS - ÍNDICES FINANCEIROS
EMPRESAS
ROL
(US$)
ROL
(US$)
VAR.
(%)
LUCRO
LÍQ.
(US$)
LUCRO
LÍQ.
(US$)
VAR.
(%)
1992
1993
93?92
1992
1993
93?92
LÍQ.
LÍQ. ENDIV. ENDIV.
CORR. CORR. GERAL GERAL
1992
1993
1992
1993
LUPO (SP)
43,70
34,55
-21,0
-3,19
-7,78
2,44
1,09
0,56
47,70
48,80
DRASTOSA (SP)
20,76
29,34
141,0
-0,82
-0,55
0,68
2,49
2,21
32,30
48,70
SELENE (SP)
21,41
22,30
104,0
0,01
-1,13
-140,13
2,62
1,80
28,40
38,50
LOLYPOP (SP)
19,37
16,07
-17,0
-3,43
-4,61
1,34
0,76
0,46
85,00 137,40
Fonte: GAZETA MERCANTIL - BALANÇO ANUAL 93/94
obs.: ROL publicada em CR$ e defasada pelo US$ médio do
ano.
Lucro Líq. publicado em CR$ correntes e atualizados pelo US$ de 31/12.
Em 1993 o faturamento líquido dos principais fabricantes de meias não evoluiu
em relação ao ano anterior (US$ 105 milhões em 92 e US$ 102 milhões em 93), indicando
que o provável aumento da demanda do setor foi mais dirigido às pequenas empresas, que
concorrem com produtos similares e de preço bem menor. Note-se que a acentuada queda
das vendas da maior empresa do grupo (Lupo) foi a causa principal da diminuição de
faturamento observada.
As empresas fabricantes de meias apresentaram em 1993 resultados piores do
que em 1992. T odas apresentaram prejuízo em 1993 e estes resultados negativos foram,
de modo geral, superiores aos do ano anterior, cabendo destacar também o aumento do
prejuízo da Lupo.
O nível de endividamento aumentou em relação a 1992, embora esteja mantido
em patamares aceitáveis. Apenas a Lolypop mostra um índice muito elevado, inclusive com
Patrimônio Líquido negativo em 1993.
O próximo quadro apresenta os principais indicadores do ramo de lingerie e
maiôs, abrangendo as quatro principais empresas dedicadas à fabricação destes tipos de
produtos.
32
Quadro 13
FABRICANTES DE LINGERIE E ROUPAS DE BANHO . ÍNDICES FINANCEIROS
EMPR ESAS
R OL
(U S$)
1992
R OL
(U S$)
1993
VAR .
(%)
93?92
LU C R O LÍ Q.
(U S$)
1992
LU C R O LÍ Q.
(U S$)
1993
VAR .
(%)
93?92
LÍ Q.
C OR R .
1992
LÍ Q.
C OR R .
1993
EN D I V.
GER AL
1992
EN D I V.
GER AL
1993
D E MI LLU S
76, 06
70, 28
-8, 0
0, 38
2, 58
686, 0
1, 70
1, 77
47, 30
D U LOR EN
45, 19
54, 69
21, 0
-1, 67
-3, 89
234, 0
0, 77
0, 50
53, 40
41, 70
63, 30
BR ASI LEI R A MOD AS
33, 04
31, 52
-5, 0
-0, 47
0, 14
-
0, 83
0, 59
95, 00
100, 80
Z OR BA
16, 68
18, 74
12, 0
0, 01
-0, 53
-
4, 82
4, 76
15, 70
13, 30
Fo n te : GA ZE T A M E RCA NT IL - B A L A NÇO A NUA L 9 3 /9 4
obs .: ROL publicada em CR$ e defas ada pelo US$ m édio do ano.
Lucro Líq. publicado em CR$ correntes e atualizados pelo US$ de 31/12.
O faturamento líquido das quatro principais empresas do segmento teve
acréscimo de cerca de 2,4% em 1993 em relação ao ano anterior.
Dentre as empresas analisadas, apenas a maior empresa do segmento, a De
Millus, apresentou redução significativa no seu faturamento, embora tenha alcançado um
resultado muito superior ao de 1992, conseguindo melhorar seus índices de liquidez e
endividamento.
Excetuando-se a Brasileira Modas, o nível de endividamento das empresas é
razoável e apenas a Du Loren apresenou elevação significativa nesse índice em relação ao
ano anterior.
5.2 - PERSPECTIVAS
Até o final do 1º semestre de 1994 o panorama do segmento de malharias era
semelhante aquele observado no ano anterior. O faturamento não apresentava grande
crescimento, basicamente devido à expectativa dos agentes econômicos (consumidores,
confeccionistas, atacadistas) em relação à implantação de modificações na economia. As
principais empresas, em razão da abertura econômica, mantinham seus programas de
33
reestruturação e modernização, com vistas a ter maior competitividade, não havendo
projetos de ampliação devido à existência, ainda, de capacidade ociosa (estimada em 30%
ao final de junho/94) e aos altos juros dos financiamentos.
No segundo semestre, com a redução das taxas inflacionárias, o setor passou a
registrar um crescimento considerável de vendas, que certamente refletir-se-á em aumento
de faturamento ao final do exercício. Segundo a ABRAVEST , a produção total de artigos
confeccionados de malha no Brasil, que foi da ordem de 1.867 milhões de peças em 1993
deverá se situar em torno de 2.320 milhões de peças em 1994, com crescimento de cerca
de 24%.
A maior abertura da economia com a redução de alíquotas de importação e a
defasagem cambial
tornaram o segmento muito mais exposto à concorrência externa,
tornando necessário que sejam intensificados os investimentos em modernização e
reestruturação produtiva.
A persistência de níveis baixos de inflação certamente dará
certeza aos empresários de que a estabilização é consistente, havendo clima para a
realização de investimentos em ampliação de capacidade, dado que neste cenário a
demanda interna deverá continuar a crescer.
34
6 - RESUMO E CONCLUSÕES
A produção industrial de tecidos de malha ganhou impulso nas primeiras
décadas do século XX embora o processo já fosse conhecido há cerca de quatro séculos, e
utilizado na produção de alguns artigos como meias e roupas íntimas de algodão. O
processo de produção de malhas consiste essencialmente no entrelaçamento contínuo de
um mesmo fio (ou fios), diferente dos tecidos planos, fabricados pela inserção transversal de
um conjunto de fios - a trama, num outro conjunto de fios - o urdume.
A popularização das roupas de malha intensificou-se neste século em razão da
diminuição dos custos de fabricação obtida por aperfeiçoamento nos teares circulares,
trazendo como consequência a necessidade de menores investimentos para implantação de
malharias em relação àqueles necessários a produção de tecidos planos.
A partir da década dos 60, o uso de artigos de malha cresceu ainda mais devido
ao advento da chamada moda jovem e descontraída que tem como uma de suas principais
características o uso das chamadas "T -shirts"- camisetas em meia malha de algodão. A
popularização das atividades esportivas (jogging etc.) nas décadas seguintes colaborou
35
também para a intensificação do uso do vestuário de malha, fazendo inclusive com que os
tecidos de malha ganhassem utilização mais ampla, com uso de modelos mais elaborados.
Seguindo a tendência observada na indústria têxtil de modo geral, a produção
de tecidos de malha, nas últimas décadas, deslocou-se dos países que têm custos elevados
de mão-de-obra, para aqueles nos quais este fator de produção é relativamente mais
barato. Assim é que, nos últimos anos, os maiores produtores de confecções de malha
simples, são países da Ásia, especialmente os de industrialização mais tardia.
O Brasil é um importante produtor de tecidos e confecções de malha e sua
produção tem crescido e se aperfeiçoado nos últimos anos. Em 1992, para um consumo de
fibras têxteis da ordem de 1.100.000 t., a produção de artigos de malha foi de cerca de
390.000 t., tendo como principal matéria-prima as fibras de algodão. Existem no Brasil cerca
de 2.300 empresas produtoras de malha cadastradas, que empregam aproximadamente
49.500 pessoas (o número de empresas informais deve ser maior).
Os principais
subsegmentos são os de vestuário de um modo geral (blusas, camisas, bermudas), lingerie,
meias e artigos de praia.
Nos últimos anos o mercado interno de artigos de malha vem crescendo em
maior proporção do que o de outros tipos de têxteis, em razão da moda e dos menores
custos dos produtos de malha em relação aos de tecidos planos. O parque produtor de
tecidos de malha no Brasil, é de modo geral, mais atualizado tecnologicamente do que o
tecidos planos, em razão basicamente dos menores investimentos necessários à instalação
de unidades produtoras de malha e do menor montante de gastos operacionais exigidos por
este tipo de tecido.
Nossas exportações têm apresentado crescimento nos últimos anos e atingiram
a US$ 220 milhões - 16% das exportações brasileiras de manufaturados têxteis em 1993.
Ao contrário das indústrias produtoras de tecidos planos, que normalmente são
integradas com a fiação, as malharias tendem a ser mais integradas com a confecção, ou
seja, grande parte das empresas que produzem os tecidos de malha, também confeccionam
roupas de malha. As maiores e mais competitivas malharias brasileiras (Hering, Sulfabril,
Malwee, Marisol) são conhecidas como grandes confecções.
36
A produção brasileira de roupas de malha está concentrada nas regiões
Sudeste e Sul, cabendo destacar na estrutura da oferta, a existência de pólos de produção,
sendo o pólo mais importante das Américas a região do Vale do Itajaí em Santa Catarina,
responsável por 55% da produção e por 90% das exportações brasileiras de confecções em
malha.
A região Nordeste, apesar de importante produtora de fios em razão de possuir
um grande parque de fiações de algodão, apresentou nos últimos anos uma produção muito
pequena de malhas, apenas 1,5% do total produzido no Brasil, observando-se que grande
parte do total de fios produzidos no Nordeste tem sido utilizado na confecção de malhas nas
regiões Sul e Sudeste. Esta situação tende a se reverter em razão da implementação no
Nordeste, a partir de 1993, de alguns projetos de malharias de médio/grande porte, que
deverão aumentar consideravelmente a produção de malhas da região.
A recessão observada na economia brasileira nos últimos anos fêz crescer o
número de organizações informais na produção de malhas. As empresas que atuam de
forma informal têm prejudicado muito as empresas legalmente organizadas, por terem
condições de ofertar produtos de qualidade inferior a preços bem menores, forçando o
padrão de concorrência do segmento à competição por preço.
Devido aos problemas relativos à recessão no mercado interno e à abertura da
economia, com a redução de alíquotas de importação, muitas empresas produtoras de
malha no Brasil enfrentaram dificuldades financeiras nos últimos três exercícios.
T ais
dificuldades levaram os principais grupos a empreenderem programas de reestruturação e
modernização produtiva e organizacional, de forma a manter a competitividade seriamente
ameaçada pela produção dos chamados artigos básicos (camisetas de meia malha de
algodão brancas) fabricados na China, T ailândia, Indonésia e Paquistão, cabendo observar
que alguns destes países estão exportando confeccionados de malha para o Brasil, a
preços muito difíceis de serem igualados pelas nossas indústrias.
37
Os programas de reestruturação e modernização das principais indústrias de
malha brasileiras visam a melhoria de produtividade através da modernização dos
equipamentos, reestruturação de atividades fabris com intensificação da adoção de células
de produção, enobrecimento da produção pela oferta de produtos mais sofisticados,
terceirização (comum no setor têxtil), desimobilizações, observando-se também alguns
casos de reestruturação na indústria, como a transferência de metade do controle da Hering
Nordeste (situada em Pernambuco) para o Grupo Vicunha.
O Sistema BNDES tem apoiado a modernização do segmento de malharias,
tendo contratado entre 1992 e 1994 operações de financiamento a projetos de 8 empresas
de destaque (Hering, Marisol, Sulfabril, Pettenati, Iracema, Heringer, Douat, Manz), os quais
demandaram recursos da ordem de US$ 22 milhões do Sistema.
empresas
Além disso, muitas
do segmento recorrem à Finame para o financiamento à aquisição de
equipamentos nacionais.
O advento do Plano Real em julho de 1994, com diminuição das taxas de
inflação e a consequente melhoria da distribuição da renda, são causas de apreciável
crescimento do mercado interno de artigos de malha que têm elasticidade renda muito alta.
As vendas do segundo semestre de 1994 estão atingindo patamares muito superiores aos
observados em igual período do ano anterior, tendo diminuído consideravelmente a
capacidade ociosa das maiores empresas, que era, em média, de cerca de 30% nos seis
primeiros meses do ano. Caso a queda da inflação seja consistente, é grande a perspectiva
de aumento continuado da demanda, devendo surgir, no médio prazo, a necessidade de
novos investimentos em ampliação de capacidade do setor.
Em conclusão, pode-se dizer que o Brasil tem todas as condições de ter uma
indústria de malharias forte e competitiva internacionalmente, dado que possui um parque
industrial com equipamentos adequados, mão-de-obra abundante e relativamente
qualificada para atuar no setor, disponibilidade de matérias-primas - fibras de algodão,
sintéticas e artificiais, e domina a tecnologia de produção.
O BNDES poderá colaborar para o incremento da competitividade do setor, que
tem que se adaptar às novas condições da economia (abertura comercial e defasagem
38
cambial) mediante o prosseguimento e intensificação dos programas de reestruturação
administrativa e produtiva, que vem empreendendo nos últimos anos, sendo importante que
o apoio possa ser dirigido também às confecções de pequeno e médio porte, ainda grandes
demandantes de mão-de-obra.
Com a T JLP espera-se aumento da demanda de recursos do Sistema BNDES
ao segmento de malharias.
Esta procura deve ser dirigida numa primeira etapa aos
programas de Qualidade e Produtividade, Conservação do Meio Ambiente e Modernização.
Mantido o crescimento da demanda que tem sido observado no segundo semestre de 1994,
haverá necessidade de apoio a projetos de implantação e expansão da capacidade de
produção.
39

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