universidade estadual de maringá departamento de gestão publica

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universidade estadual de maringá departamento de gestão publica
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
DEPARTAMENTO DE GESTÃO PUBLICA
POLO DE NOVA LONDRINA
ESPECIALIZAÇÃO GESTÃO PUBLICA
EVASÃO ESCOLAR: CASO DO COLÉGIO ESTADUAL PRINCESA IZABEL
Marta Martins Do Nascimento Selhorst
MARINGÁ
2016
2
MARTA MARTINS DO NASCIMENTO SELHORST
EVASÃO ESCOLAR: CASO DO COLÉGIO ESTADUAL PRINCESA IZABEL
Artigo científico apresentado ao Departamento
de Pós Graduação em Gestão Publica da
Universidade Estadual de Maringá, como
requisito para aprovação no trabalho de
Conclusão de Curso – TCC.
Elaborado Sob Orientação da Professora
Marlene Gonçalves Curty.
NOVA LONDRINA
2016
3
EVASÃO ESCOLAR: CASO DO COLÉGIO ESTADUAL PRINCESA IZABEL
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo identificar as causas da evasão escolar do Colégio Estadual
Princesa Izabel – Marilena/PR. A pesquisa foi realizada mediante levantamento bibliográfico
sobre as principais causas da evasão escolar através de sites conceituados, e foi consumada
através de estudo de caso, a partir da pesquisa de campo, exploratória de natureza qualitativa.
Foi aplicado um questionário a 12 alunos que se evadiram da escola, assim como uma
entrevista realizada com a pedagoga deste estabelecimento de ensino. Constatou-se que a
evasão escolar neste colégio são por razões tanto econômicas, políticas sociais, questões
pedagógicas, metodológicas entre outras. Porém a principal causa da evasão escolar faz uma
correlação com o primeiro emprego, colocando como a principal causa o trabalho, pois os
estudantes abandonam as salas de aulas para adentrar ao mercado de trabalho, e muitos não
voltam mais. Seguida pela falta de interesse dos próprios alunos, por acreditar que não
aprende nada ou por falta de paciência dos professores. Portanto vale ressaltar, que
intimamente relacionados a esses aspectos esta a necessidade de melhorias da parte física da
escola para a satisfação dos alunos, com classes mais ventiladas, menos lotadas, professores
com salários dignos, além de conceder cursos periódicos para aperfeiçoamento de seus
conhecimentos e técnicas pedagógicas. E por fim a importância do poder público, escola,
professores, alunos, pais e sociedade estarem envolvidos com o mesmo proposito enfocando
um modelo de escola unitária, aquela que traduz numa só linguagem, a educação para todos.
Palavras-chave: Evasão. Família. Aluno. Trabalho.
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1 INTRODUÇÃO
O cenário atual, segundo os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP)
de cada “100 alunos que ingressam na escola na 1ª série, cinco não conclui o ensino
fundamental”. Nesse sentido, é importante destacar a pesquisa divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que relata que 37,9% dos jovens brasileiros abandonam
seus estudos, enquanto na Europa, o índice é de 16,9%. Ainda segundo o IBGE, o Brasil tem a maior taxa
de abandono escolar no Ensino Médio entre os países do MERCOSUL, ou seja, 1 em cada 10
jovens acabam desistindo das salas de aulas, segundo a Síntese de Indicadores Sociais,
divulgada em setembro de 2010. A evasão escolar é um dos grandes problemas da sociedade,
atingindo todos os níveis de ensino da educação no Brasil.
Segundo o artigo Evasão escolar no ensino médio: velhos ou novos dilemas? As
reprovações, também têm significativo peso na decisão de continuar ou não os estudos, pois,
geralmente, a repetência é seguida pelo abandono escolar (LOPEZ; MENEZES, 2002). O
fenômeno da repetência no Brasil, que também ocorre no Ensino Fundamental, ocasiona
outros problemas, dentre os quais a distorção idade-série (muitos alunos chegam ao Ensino
Médio fora de faixa etária), e por isto muitas vezes acaba abandonando as salas de aulas.
Mais de um milhão de jovens estão em uma etapa de ensino incompatível à idade. “É
um número alto, e isso sem contar outros problemas do sistema educacional, como o
abandono e a evasão”, afirma a coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em
Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). E mais “Esses jovens não recebem, dentro
das escolas em que estudam o atendimento necessário. Não há projeto pedagógico voltado
para eles, o que pode isolá-los dos demais”.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB9394/96) e o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), um número elevado de faltas sem justificativa e a evasão
escolar ferem os direitos das crianças e dos adolescentes. Caberá, então, a instituição escolar
utilizar os recursos dos quais disponha para garantir a permanência dos alunos na escola. No
entanto, sabe-se que o problema tem uma vasta extensão, pois os professores ou a
coordenação da escola até tenta fazer com que este aluno permaneça em sala de aula, mas sem
muito sucesso (BRASIL, 1996).
O surgimento de uma série de políticas públicas em educação implantadas pelo
Estado, a exemplo do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério (FUNDEF), Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE),
Programa de Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Programa Bolsa Família entre outros, vêm
5
em resposta aos anseios da sociedade. Mas nem sempre estas políticas públicas têm muito
sucesso, e a prova disso é o número de crianças e jovens que abandonam a escola,
aumentando o número de brasileiros que não concluíram o ensino fundamental ou médio em
todo o país, segundo exibe o artigo Um Estudo Sobre a Evasão Escolar: para se pensar na
inclusão escolar.
De acordo com a literatura, a maioria dos autores tem relatado que é comum a
gravidade do problema da evasão. Assim, reforça Silva Filho (2007) que isto é um problema,
que afeta o desempenho dos sistemas educacionais. Ainda, ressalta esse autor.
As saídas dos alunos são ‘desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos’.
Causa a perda do investimento público (instituições públicas) e perda de
receitas (instituições privadas). Além disso, ‘em ambos os casos, a evasão é
uma fonte de ociosidade de professores, funcionários, equipamentos e
espaço físico’(SILVA FILHO, 2007, p.642).
Diante destas informações devem-se procurar ações que almeje diminuir a evasão
escolar. Como forma de ação pode se investir na motivação do aluno, a desmotivação faz
parte das causas que levam a evasão. Segundo Sobral e Peci (2008, p. 208) a “motivação se
refere a um esforço individual”. Ainda para esses autores, o indivíduo motivado se esforça
mais, portanto é importante direcionar estes esforços.
A motivação é originária do
“desconforto e da tensão criados por uma necessidade não satisfeita” e pela busca de
satisfazê-la. Os alunos com um nível de motivação alto percebera com mais facilidade o quão
importante para ele é estar na sala de aula adquirindo conhecimento. Segundo o Reeve e
Sickenius (1994), Harlow, nos anos de 1950, já apontava que, para um desenvolvimento
adequado, as pessoas necessitariam se sentir amadas e de manter contato interpessoal,
compondo uma base segura que sustentaria o ímpeto de exploração para os indivíduos em
qualquer fase da vida.
Robbins (2005, p. 132) define “motivação como o processo
responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o
alcance de uma determinada meta”. Ainda, para esse autor, a motivação não é uma
característica individual, onde alguns têm e outros não. Não é correto afirmar que alguém é
desmotivado ou preguiçoso. “Motivação é resultado da interação do individuo com a
situação” (ROBBINS, 2005, p. 132). Portanto os professores devem levar os alunos a
perceberem a importância de estar adquirindo conhecimento, para que os alunos se sintam
motivados e ansiosos pela aprendizagem.
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2 REVISÃO LITERARIA
Define-se como evasão escolar, o abandono da escola antes da conclusão de uma série
ou de um determinado nível (QUEIROZ, 2004). Ou seja, a evasão escolar acontece quando o
aluno por algum motivo deixa a sala de aula. Podemos compreender, com base em Souza
(2011, p. 26) que a evasão escolar no Brasil é um problema antigo, que perdura até hoje. E o
que chama mais atenção é o número de alunos que abandonam o Ensino Médio. Este
fenômeno é uma ameaça à realidade educacional de vários países.
Refletir sobre o grande número de evasão escolar no Brasil, é de extrema necessidade
para os dias de hoje, não se pode viver como se este fato não estivesse ocorrendo.
Parafraseando Cunha, Tunes e Silva (2001, p.279), o prejuízo com a saída do aluno do curso é
certo: perde o aluno ao não se diplomar, perde o professor que não se realiza como educador, as
universidades, a família e a sociedade. Perde também o país, que olha para o futuro e espera [...].
Pode-se dizer que um dos motivos que os jovens abandonam as salas de aula é ter que
trabalhar para o sustento da família ou parte dela, ou até mesmo para seu próprio sustento,
pois muitas famílias necessitam da renda do trabalho destes jovens para complementar a renda
familiar. Diante dessas considerações, torna-se perceptível, os motivos para o abandono
escolar que segundo ressalta Oliveira (2012) podem ser ilustrados a partir do momento em
que o aluno deixa a escola para trabalhar; quando as condições de acesso e segurança são
precárias; os horários são incompatíveis com as responsabilidades que se viram obrigados a
assumir. Portanto não é somente problema do aluno, quando o mesmo abandona as salas de
aulas, e sim de toda a sociedade. Considerando que este aluno deixa os estudos para adentrar
ao mercado de trabalho, este terá mais dificuldades para se qualificar em uma profissão, e não
terá condições de especializar em algo, se não voltar aos estudos. Assim, os salários serão
muitas vezes de baixo valor, não terão condições de se sustentar e nem sustentar sua família,
precisando assim ter um complemento assistencial (programas sociais) para sobreviver com o
mínimo de qualidade de vida necessário e não se envolver em atividades antissociais de alto
risco, Camargo (2006). Segundo o artigo Evasão Escolar: o caso do Colégio Estadual Antônio
Francisco Lisboa.
A evasão escolar que não é um problema restrito apenas a algumas unidades
escolares, mas é uma questão nacional que vem ocupando relevante papel
nas discussões e pesquisas educacionais no cenário brasileiro, assim como as
questões do analfabetismo e da não valorização dos profissionais da
educação expressa na baixa remuneração e nas precárias condições de
trabalho. Devido a isto, educadores brasileiros, cada vez mais, vêm
preocupando-se com as crianças que chegam à escola, mas, que nela não
permanecem (QUEIROZ, 2004, p.1).
7
Assim, é preciso que as escolas, dentro de cada realidade e contexto, diante da
magnitude deste problema, faça algo e logo, conjuntamente com os professores e a sociedade,
cobrem do poder público medidas para diminuição desta evasão. Pois a maioria destes alunos
que estão abandonando os bancos das escolas, não voltam mais. Isso faz com que aumente o
número de pessoas que precisam de programas assistenciais para sobreviver. As
consequências são diversas, basta constatar a situação caótica em que se encontra a segurança,
elevando também o número de pessoas que parte para o mundo do crime. Abarrotando assim
as cadeias públicas por este Brasil a fora, é o que nos salienta Bissoli, Rodrigues (2007). As
consequências da evasão escolares, segundo os relatos de Digiácomo (2005, p.1)
[...] podem ser sentidas com mais intensidade nas cadeias públicas,
penitenciárias e centros de internação de adolescentes em conflito com a lei,
onde os percentuais de presos e internos analfabetos, semialfabetizados e/ou
fora do sistema de ensino quando da prática da infração que os levou ao
encarceramento margeia, e em alguns casos supera, os 90% (noventa por
cento). Sem medo de errar, conclui-se que é a falta de educação, no sentido
mais amplo da palavra, e de uma educação de qualidade, que seja atraente e
não excludente, e não a pobreza em si considerada, a verdadeira causa do
vertiginoso aumento da violência que nosso País vem enfrentando nos
últimos anos. O combate à evasão escolar, nessa perspectiva, também surge
como um eficaz instrumento de prevenção e combate à violência e à imensa
desigualdade social que assola o Brasil, beneficiando assim toda a
sociedade).
Portanto, é necessário que invista mais em emprego e educação. Emprego para os pais,
e educação de qualidade para os jovens. Pois muitos acabam abandonando as escolas e
entrando para o mundo do crime. Também, para Meksenas (1998 apud QUEIROZ, 2004, p.4)
os alunos são obrigados a trabalhar para o sustento próprio e da família. Exaustos da maratona
diária e desmotivados pela baixa qualidade do ensino, muitos desistem dos estudos sem
completar o curso.
De acordo com Ferreira (2011, p.2) são diversos fatores que concorrem para as causas
da evasão escolar ou infrequência do aluno. Diante dessas considerações, torna-se perceptível
que os principais motivos são sempre os mesmos, o desinteresse total por parte do aluno, pais,
professores e poder público; a falta de incentivos; a necessidade de trabalhar e a oferta de
trabalho, a dificuldade de absorção do conteúdo passado em sala de aula, a indisciplina. A
partir dos conceitos e experiências relatados até então, na revisão bibliográfica pode-se
afirmar que a classe social também é um agravante para a evasão escolar. Nesse sentido,
8
quanto menor o poder aquisitivos maiores são as chances de um aluno abandonar as salas de
aulas (VOGEL; MELLO,1991 apud AJALA, 2011, p. 18):
Para a criança e o adolescente das classes populares, determinados
privilégios desfrutados no seio familiar são perdidos à medida que esses
sujeitos crescem e passam a ter condições de fazer certas tarefas. Esse fato
vem ratificar a cultura do trabalhador, segundo a qual, para os filhos das
classes populares, trabalhar, mesmo em idade precoce, é uma forma de
ocupar o tempo e aprender um ofício. Nesse sentido, o trabalho é entendido
não só como uma necessidade, mas também como uma virtude.
Na concepção de Bissoli (2010) a evasão escolar é um fenômeno que reflete
negativamente na educação, principalmente, nos investimentos desta área, pois onera os
recursos a ela destinados. Basta considerar os aspectos referentes aos custos de uma sala de
aula completa com 30 (trinta) alunos, é o mesmo de uma com apenas 10 (dez) quando 20
(vinte) são desistentes. Investimentos que poderiam estar sendo empregados em outras áreas
como a saúde, por exemplo. Tem-se também o prejuízo pessoal do aluno como a perda da
capacidade de desenvolvimento, pois este obrigatoriamente por falta de tempo ou comodismo
para de se atualizar e de estudar, não se especializando em uma área no mercado de trabalho.
A permanência dos alunos na escola é um dos grandes desafios da educação. A escola
como determina a Lei de Diretrizes e Bases de Educação (LDB), deve garantir a entrada e
permanência dos alunos até que seus estudos estejam concluídos (MORAES, 2010, p.15).
Porém não é o que acontecem, muitos deixam os estudos antes mesmo de completarem o
ensino fundamental, e o número de alunos que deixam as salas de aulas aumenta quando se
faz uma análise do ensino médio.
Para Bissoli (2010) outras causas vão surgindo com o decorrer do tempo e as
transformações criam oportunidades para que elas se transformem em um sério problema para
toda a sociedade. Entretanto muitas são as causas da evasão escolar, tendo como ponto de
partida a questão político-social, algumas destas causas são fixas, portanto, crônicas. Contudo
cabe à sociedade cobrar do poder público, uma ação para a diminuição ou erradicação da
evasão escola.
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3 METODOLOGIA
O presente estudo tem como objetivo analisar as causas de evasão escolar no Colégio
Estadual Princesa Izabel, no Município de Marilena, as informações obtidas por meio de um
questionário contendo 10 questões, entregue a 12 alunos evadidos e entrevista realizada com a
pedagoga do estabelecimento de ensino. Na entrevista conta 14 perguntas. Esta pesquisa foi
realizada em no final do mês de janeiro de 2016.
Esta e uma pesquisa exploratória, com delineamento no estudo de caso e de natureza
qualitativa. Além da pesquisa de campo, foi feita um levantamento bibliográfico, foram
utilizados
os
principais
bancos
de
dados
online,
de
Domínio
Público
(http://www.dominiopublico.gov.br), Scielo (http:// www.scielo.org), Google Acadêmico
(http://scholar. google.com.br/) e o site da Biblioteca Digital. Assim fora feita uma conexão
entre a pesquisa de campo, e o meio virtual, para ter uma melhor compreensão sobre o
assunto.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Para analisar os dados obtidos faz-se necessário um prévio conhecimento do contexto
no qual o colégio esta inserido. A cidade de Marilena possui uma população de 6.858
habitantes (IPARDES 2013) sendo que 4.984 urbanas e 1.874 rurais, dividido em 3.533
homens e 3.325 mulheres. Apresenta IDH 0.681% (IPARDES 2013). Foi instalada como
município em 18/01/1969. Embora, Marilena seja um município com maior parte da
população urbana, o município também tem sua maior fonte de renda do meio rural, ou seja,
80% da renda do município vêm do meio rural, seja da agricultura familiar ou das empresas
rurais como as usinas de cana de açúcar de regiões próxima ao município, fecularias e granjas
de frangos. O município enfrenta varias dificuldades econômicas como os demais municípios
do Brasil.
O Colégio Estadual Princesa Izabel, é o único que oferece as séries finais do ensino
fundamental e o nível médio no município. Alguns alunos tem que se deslocar até 15 km para
chegarem à escola todos os dias. Muitos usam o transporte escolar municipal, outros têm que
usar seus próprios meios de transportes.
Porém, a grande maioria como se certifica através da taxa de evasão escolar
apresentada pelo IPARDES, não desiste de seus estudos, sonhando com um futuro melhor
através da aprendizagem.
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4 ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO
Diante das análises dos dados coletados através de ficha de estatística do resultado
final, cedida pelo próprio estabelecimento de ensino constata-se que a evasão escolar no
Colégio Princesa Izabel no ano de 2014 foi de 1,79% (um vírgula setenta e nove por cento)
para o ensino fundamental, nas séries finais de 6º a 9º ano, e no ensino médio é de 8,6 (oito
vírgulas seis por cento).
O colégio Estadual Princesa Izabel, recebe crianças e jovens de todas as classes
sociais, prevalecendo à classe baixa. Estas famílias sobrevivem dos poucos serviços que o
município oferece, ou dirige-se para cidades vizinhas trabalhar nas empresas de médio porte.
Geralmente são famílias simples que tiram seu sustento da agricultura, muitos pais de famílias
trabalham na diária e são analfabetos, alguns se esforçam o máximo que pode para dar um
futuro melhor para seus filhos, não querendo que o mesmo abandone a escola, porém também
tem aqueles que negligenciam a aprendizagem de seus filhos, e chegam a dizer que “eles tem
que trabalhar mesmo”, como relatou a pedagoga do colégio.
Apesar das dificuldades enfrentadas pelo colégio, alguns alunos mostram certo
interesse em continuar seus estudos, bem como permanecer nas salas de aula. Pode se
ressaltar que esses que buscam novos conhecimentos, estão lutando em prol de uma meta que
desejam alcançar.
O Colégio Estadual Princesa Izabel, conhece as dificuldades que os alunos estão
inseridos no contexto sócio econômico. Para tanto, alguns aspectos precisam ser levados em
consideração, conforme relata a atual pedagoga do Colégio, “muitos alunos, realmente sentem
dificuldades na aprendizagem, e consequentemente em frequentar e permanecer na sala de
aula”. São vários fatores que interferem diretamente na desistência do aluno, a falta de
incentivos dos pais, cansaço depois de uma jornada de trabalho exaustiva, falta de motivação
por parte do aluno ou do professor, incapacidade para assimilar o conteúdo ensinado e outros.
É muito importante que os professores estejam motivados, para desenvolver em seus
alunos a capacidade de aprender, criando mais condições favoráveis à aprendizagem, pois
quanto mais motivado o professor, mais ele se preocupará com o aprendizado do aluno e com
sua frequência em sala de aula, e poderá notar quando o aluno estiver desmotivado e com
intuito de abandonar a escola, podendo assim conversar com este aluno, apresentar
expectativas futuras para que o mesmo opte por continuar estudando.
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Os quadros seguintes 1, 2 e 3 evidenciam as informações colhidas no Colégio Estadual
Princesa Izabel. Onde foi realizado um levantamento dos alunos matriculados e os desistentes
dos últimos cinco anos.
QUADRO1 - Ensino Fundamental – Séries Finais
ANO
Nº alunos
Aprovados
Reprovados
Desistente
Transferência
s
%
Desistência
2010
598
468
44
13
73
2,48%
2011
620
477
76
01
66
0,18%
2012
530
403
51
25
51
5,22%
2013
527
403
81
01
42
0,21%
2014
506
338
101
08
59
1,79%
Fonte: Secretaria da Escola.
Conforme mostra o quadro1, o abandono escolar nas séries finais do Ensino
Fundamental, do Colégio Princesa Izabel, é irrelevante, uma vez que poucos alunos evadiramse da escola. No entanto, em 2012 o índice foi de 5,22%, de desistentes, em 2010 com 2,48%
de alunos evadidos. Já, em 2014 o número foi de 1,79%. Porém mesmo que os números
estejam abaixo da média, este resultado é de forma negativa, tendo que se observar e tomar as
medidas necessárias para diminuir ainda mais.
QUADRO 2 - Ensino Médio
ANO
Nº alunos
Aprovados
Reprovados
Desistentes
Transferência
% Desistência
2010
330
249
23
31
27
10,23%
2011
336
280
24
06
26
01,94%
2012
290
231
33
07
19
02,58%
2013
262
200
46
00
16
00,00%
2014
252
193
30
21
52
08,61%
Fonte: Secretaria da Escola
Conforme exibido neste quadro2, o abandono escolar no ensino médio foi
considerável. Se comparado com o quadro1, Entretanto a evasão escolar das séries finais do
ensino fundamental é bem menor que o do ensino médio, com exceção do ano de 2013 que o
número de evasão escolar foi zero para o ensino médio.
QUADRO3 - Ensino Médio - Ano 2014
Turno
Nº alunos
Aprovados
Reprovados
Desistentes
Transferência
% Desistência
Noturno
109
78
15
13
03
10,93%
12
Diurno
143
115
15
08
05
05,60%
Fonte: Dados da pesquisa.
Conforme o quadro3, a evasão escolar no ensino médio noturno, é quase o dobro do
período diurno. Ou seja, enquanto a evasão escolar do ensino médio no período diurno é de
5,60% no noturno é de 10,93%. Esses dados expressam as limitações de compressão do aluno
do ensino médio noturno, em avaliar a importância dos estudos para sua vida, ou por
necessidade de abandona, talvez por ter que trabalha, ou por falta de motivação.
4.1 RESULTADO DO QUESTIONÁRIO INVESTIGATIVO
Esta seção apresenta a análise e discussão das respostas fornecidas ao questionário
entregue aos estudantes. Este questionário foi entregue a 12 (doze) alunos evadidos, para
mostrar uma visão da evasão escolar e suas causas no Colégio Estadual Princesa Izabel. No
quadro1 mostra que 60% dos alunos abordados estão na faixa etária de 16 a 20 anos e 40%
entre 21 e 24 anos, somente 20% tem mais de 25 anos.
Quadro 1 – Distribuição dos entrevistados por faixa etária
Idade
Frequência
%
16 a 20 anos
06
60
21 a 24 anos
04
40
Mais de 25 anos
02
20
Total
12
100
Fonte: Elaborado pela autora
O quadro2 exibe que o percentual de meninos que abandonam a escola é superior ao
de meninas, no caso da pesquisa 60% dos abordados são do sexo masculino e 40% feminino.
Quadro2 – Distribuição dos entrevistados por sexo
Sexo
Frequência
%
Masculino
08
60
Feminino
04
40
Total
12
100
Fonte: Elaborada pela autora
Neste quadro3 expõe a faixa salarial da família, 50% dos abordados recebem até um
salário mínimo, 40% recebem de um até dois salários mínimos, e 10% recebem entre três e
13
cinco salários mínimos. O que se confirma a teoria de que quanto menor a classe social, maior
o número de evasões escolares.
Quadro 3 – A faixa salarial da família
Faixa salarial da família
Frequência
%
Até um salário mínimo
06
50
Entre um e dois salários
05
40
Entre três e cinco salários
01
10
Mais de cinco salários
00
00
TOTAL
12
100
Fonte: Elaborada pela autora
Já no quadro4 indica que 100% dos abordados já abandonaram a sala de aula alguma
vez. Esses resultados vão ao encontro com o (DIGIÀCOMO, 2005) que afirma que algumas
escolas até matriculam alunos a mais em suas turmas já contando com os que irão desistir.
QUADRO 4 – Você já abandonou a escola alguma vez?
Abandonou a escola
Frequência
%
Sim
12
100
Não
00
00
TOTAL
12
100
Fonte: Elaborada pela autora
No quadro5 pode se notar que 60% dos alunos evadidos abandonaram a sala de aula
para trabalhar e ajudar a família, 20% abandonou porque não aprendia nada, e 20% por outras
causas. Esses dados também revelam que a grande causa da evasão escolar no Colégio
Princesa Izabel é em primeiro lugar o fato dos alunos terem que trabalhar para ajudar a
família, ou seja, uma causa que parece ser fixa.
QUADRO 5 – Em caso afirmativo da questão anterior, você abandonou:
Causa
Frequência
%
Para trabalhar e ajudar a família
08
60
Porque não gostava de estudar
00
00
Porque não aprendia nada
02
20
Porque não tinha meio de transporte para chegar até a escola
00
00
Por outras causas
02
20
TOTAL
12
100
Fonte: Elaborada pela autora
14
O quadro6 expõe que para melhorar a situação da evasão escolar deveria para 50% dos
alunos abordados o governo dar mais atenção às famílias carentes, 40% diz que deveria tomar
todas as medidas apresentadas na questão, e 20% diz que ter professores mais pacientes com
os alunos, seria uma maneira diminuir a evasão escolar no colégio.
QUADRO 6 – Em sua opinião, para melhorar a situação da evasão escolar atual, seria
necessário:
Opinião
Frequência
%
Mais atenção do governo com as famílias mais carentes
06
50
Melhorar as condições da escola
00
00
Ter professores mais pacientes com os alunos
02
20
Oferecer transporte escolar de qualidade para todos os alunos
00
00
Tomar todas estas e outras medidas
04
40
TOTAL
12
100
Fonte: Elaborada pela autora
Neste quadro7 exibe que para 90% dos alunos abordados, um aluno cansado do
trabalho e preocupado com problemas na família, não consegue aprender bem o que os
professores ensinam, porém 10% responderam que sim à possibilidade de aprender, mesmo
cansado, preocupado.
QUADRO 7 – Em sua opinião, um aluno cansado do trabalho e preocupado com
problemas na família, consegue aprender bem o que os professores ensinam?
Opinião
Frequência
%
Sim
02
10
Não
10
90
TOTAL
12
100
Fonte: Elaborada pela autora
O quadro8 demonstra que 100% dos alunos abordados acreditam que os alunos que
abandonam a escola, apenas alguns voltam para continuar seus estudos.
QUADRO 8 – Você acredita que:
Acredita
Frequência
%
Todos os alunos que abandonam a escola voltam
00
00
Apenas alguns voltam
12
100
Nenhum volta
00
00
TOTAL
12
100
15
Fonte: Elaborada pela autora
O quadro9 indica que dos alunos que responderam 60% sabe dos prejuízos causados
pela evasão escolar, porém fica claro que os mesmos não levam este fator em conta. Talvez
não pelo gosto do que estão fazendo, mas pela necessidade.
QUADRO 9 – Você conhece os prejuízos causados em você, na sociedade e os cofres
públicos com a evasão escolar?
Prejuízos causados pela evasão
Frequência
%
Sim
08
60
Não
04
40
TOTAL
12
100
Fonte: Elaborada pela autora
No quadro10 pode se notar que 100% dos alunos abordados gostariam de voltar a
estudar, por este motivo é que se tem que criar políticas pública e mecanismos para que
alunos como estes não precisem abandonar os estudos por qualquer motivo que seja.
QUADRO 10 – Você gostaria de voltar a estudar e terminar o curso que parou?
Voltar a estudar
Frequência
%
Sim
12
100
Não
00
00
TOTAL
12
100
Fonte: Dados da pesquisa.
Diante desses dados fornecidos pelos alunos evadidos do Colégio Estadual Princesa
Izabel, a maior causa de evasão escolar é o trabalho dos alunos para ajudar a família, seguido
pela falta de interesse dos próprios alunos, por acreditar que não aprende nada ou por falta de
paciência dos professores.
Observar-se a influência, direta do sistema social na vida escolar, uma vez que os
alunos evadidos são na sua maioria de classe média baixa, desse modo são os que necessitam
de trabalhar, e obrigatoriamente estudam no período noturno. Todas as informações só vêm
reforçar as teorias da revisão literária.
16
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Deve-se dar uma atenção maior ao aluno, motivando-o, assistindo-o, dando-lhe as
condições básicas para que ele sinta que o estudo é importante para seu presente e futuro.
Quando se observa as análises de diferentes autores sobre evasão escolar, pode-se
claramente notar que a teoria e a pratica se complementam. São necessárias, portanto ações
governamentais que visem à melhoria do nível de emprego no país, permitindo assim
melhores condições financeiras para os pais e consequentemente os filhos não terão que
deixar a escola para trabalhar precocemente. E ainda políticas públicas voltadas para estes
alunos em situação de risco, que por inúmeros motivos podem vir a abandonar a sala de aula.
Contudo se faz saber que alunos de baixa renda são os que mais se evadem de escola,
entretanto são os mais prejudicados, e um dos motivos que faz estes alunos abandonarem a
escola esta o trabalho precoce, para poder aumentar a renda familiar. Isto na maioria dos casos
leva a precarização do vínculo do aluno com a escola, comprometendo o seu aprendizado.
Além da baixa renda, têm-se problemas de ordem social, psicológica.
Vale ressaltar, que intimamente relacionados a esses aspectos esta a necessidade de
melhorias da parte física da escola para a satisfação dos alunos, com classes mais ventiladas,
menos lotadas, professores com salários dignos, além de conceder cursos periódicos para
aperfeiçoamento de seus conhecimentos e técnicas pedagógicas.
E por fim a conscientização da importância de que poder público, escola, professores,
alunos, pais e sociedade têm que estar envolvidas com o mesmo proposito enfocando um
modelo de escola unitária, aquela que traduz numa só linguagem, a educação para todos.
17
REFERÊNCIAS
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Antonio Francisco Lisboa. Mazzia Inocêncio Rodrigues. Disponível em:
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educação nacional. Diário Oficial [da] República, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
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Motivação Intrínseca dos Estudantes: Uma Perspectiva da Teoria da Autodeterminação.
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de 16,9%. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/11/28/jovembrasileiro-abandona-duas-vezes-mais-a-escola-que-estudante-europeu-segundo-ibge.htm>.
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18
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<http://biblioteca.virtual.ufpb.br/files/causas_e_consequancias_da_evasao_escolar_na_escola
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APÊNDICE A
ENTREVISTA REALIZADA A PEDAGOGA DO COLEGIO ESTADUAL PRINCESA
IZABEL.
ANEXO A - ENTREVISTA.
1. No Colégio Estadual Princesa Izabel o índice de evasão escolar é significativo? Qual o
percentual anual?
Sim existe evasão escolar e é bem frequente. Pode-se dizer que para o ensino
fundamental é em média 2% (dois por cento) e para o ensino médio é em torno de 5%
(cinco por cento). E geralmente os pais destes alunos que evadem não tem muito
compromisso, estes alunos não tem perspectiva de vida, são alunos que pensam assim
“tenho que estudar porque o conselho tutelar obriga, porque a sociedade cobra”, são
alunos que vem capengando. A oportunidade que eles têm vão embora mesmo, eles
não tem objetivo de dar prosseguimento aos estudos, então é o básico do básico. Eles
são imediatistas vão trabalhar, porque quer uma moto, quer um celular, eles vão para o
arrancadão de mandioca (colheita de mandioca), porque eles tendo um celular, tendo
uma moto, tendo comida, e tendo um dinheiro para o final de semana está bom. Nós
percebemos isso, então o que a gente faz, estamos constantemente falando com a
família, fazemos parceria com o conselho tutelar e outra instancia da sociedade.
2. A maior taxa de evasão escolar, esta no ensino fundamental ou médio?
É maior no ensino médio.
3. Estes alunos trabalham?
A maioria, principalmente os que estudam anoite.
4. Estes alunos estão em que faixa econômica?
A maior parte é de classe média baixa, pois eles optam por trabalhar, porque eles
querem um celular melhor, uma moto, eles não pensam que os estudos vai contribuir
para eles terem uma vida melhor, eles não pensam em ter um espaço melhor na
sociedade, eles pensam que trabalhando, ganhado aquilo está bom, trabalhar no
arrancadão(colheita da mandioca) esta bom, ganhando salario mínimo está bom. Dai a
gente questiona com eles, você não quer ter uma vida melhor, um espaço maior na
sociedade, você quer ser o que você é ou você quer ser o chefe, o encarregado, eu
questiono isto com eles, quando eles falam né, mas a gente percebe que eles não têm
muita perspectiva, os professores trabalham muito sobre isto, que se eles estudarem
vão ter uma vida melhor na sociedade vai ter um espaço melhor na sociedade, mas eu
acredito que a família também perdeu as rédeas, as famílias também é imediatista, eu
escuto muitas mães falando a não tem que trabalhar mesmo, elas não valorizam os
estudos, não são todos, mas uma grande parte da família que nós conversamos é
imediatista, não dão opção para o estudos, que o filho tem que estudar, tem que se
preparar melhor pro vestibular para entrar em uma universidade publica, poucos são os
alunos que prestam o vestibular e que vão para uma universidade, eles falam que o
ensino médio está bom de mais.
5. Por que a senhora acredita que eles abandonam as salas de aula?
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Eles não têm uma perspectiva de vida, eles não têm um objetivo, eles não pegam
firme, porque os estudos é um trabalho de formiguinha, ele é em longo prazo, ele não
de imediato, e eles querem o imediato, o que eles estão ganhando ali pra eles esta bom,
dando pra sobreviver. Eu também percebo que a família não da um apoio, e vejo as
mães falando isto “a, mas ele tem que trabalhar, tem que trabalhar pra se manter”.
Então eu percebo assim que a família não da um apoio, “a sua idade agora é para
estudar, você tem que estudar, você tem que se prepara para entrar em uma
universidade, o seu trabalho pode esperar”. São poucas as famílias que pensam assim.
6. A senhora acredita que estes alunos que se evadem, voltam a estudar?
A maioria não retorna, vão para o mercado de trabalho.
7. Estes alunos sabem o que estão fazendo ao deixarem a sala de aula?
Eles têm consciência sim disso.
8. O colégio realiza mostras culturais ou de profissões?
Sim, geralmente vamos visitar também em outras instituições na cidade de Paranavaí e
Loanda. E os alunos gostam.
9. Por que o aluno se sente desmotivado?
Falta de consciência da família, a família não da apoio, e também eles ficam
desmotivados.
10. Escola não serve para nada?
Eles até acredita na escola, eu fiz um TCC baseado no aluno, qual o sentido da escola
na vida dos alunos? E eu fiz a pesquisa com eles. E todos falaram pra mim que a
escola é importante, mas que eles precisam trabalhar.
11. Como reverter a evasão?
Olha eu acredito que a escola poderia ter uma parceria com as empresas, mostrar pra
eles que o estudo é importante, que os melhores alunos aqui pode se destacar la. A
escola poderia indicar os melhores alunos para as empresas
12. Suspensões e expulsões são eficazes?
Não, mas isso geralmente não acontece aqui, eles geramente se evadem por
necessidade de trabalhar ou por desanimo.
13. Um aluno que tenha um mau comportamento, qual é punição que ele recebe da escola?
Geralmente a gente chama a família, mas a primeira coisa é falar com ele, porque nós
seguimos passos. Primeiro passo é o aluno, a gente chama tem uma conversa com ele,
pergunta o que esta levando ele a ter este comportamento com o professor ou com os
colegas, se não melhora a gente chama a família, conversa com a família, explica o
que esta acontecendo e quando a gente chama a família, a gente chama também os
professores da turma, e se não melhora chamamos o conselho tutelar, e se mesmo
assim não melhorar a gente tem uma parceria com a patrulha escolar, e dai chamamos
a patrulha o policial vem ate aqui conversa com o aluno, e geralmente resolve o
problema, não precisa ser passado para o ministério publico.
14. Como garantir que os alunos estão aprendendo?
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As ações que a escola faz os professores em sala de aula, conversando com os alunos,
e tem as notas também deles. as escola tambem tem varios programas como o mais
educação, temos o programa apoio aprendizagem, a escola desenvolve varios
programas, o aluno naõ aprende se não quer mesmo.
APÊNCICE B
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS
1) Sua idade atual está entre: ( ) 16 e 20 anos ( ) 21 e 24 anos ( ) Mais de 25 anos
2) Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
3) A faixa salarial de sua família é de:
( ) Até um salário mínimo
( ) Entre um e dois salários mínimos
( ) Entre três e cinco salários mínimos
( ) Mais de cinco salários mínimos.
4) Você já abandonou a escola alguma vez?
( ) Sim ( ) Não
5) Em caso afirmativo da questão anterior, você abandonou:
( ) Para trabalhar e ajudar a família
( ) Porque não gostava de estudar
( ) Porque não aprendia nada
( ) Porque não tinha meio de transporte para chegar até a escola
( ) Por outras causas
6) Na sua opinião, para melhorar a situação da evasão escolar atual, serie necessário:
( ) Mais atenção do governo com as famílias mais carentes
( ) Melhorar as condições da escola
( ) Ter professores mais pacientes com os alunos
( ) Oferecer transporte escolar de qualidade para todos os alunos
( ) Tomar todas estas e outras medidas
7) Na sua opinião, um aluno cansado do trabalho e preocupado com problemas na família,
consegue aprender bem o que os professores ensinam? ( ) Sim ( ) Não
8) Você acredita que:
( ) Todos os alunos que abandonam a escola, voltam
( ) Apenas alguns voltam
( ) nenhum volta
9) Você conhece os prejuízos causados em você, na sociedade e os cofres públicos com a
evasão escolar? ( ) Sim ( ) Não
10) Você gostaria de voltar a estudar e terminar o curso que parou? ( ) Sim ( ) Não
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