FACE DE CRISTO_13 de dezembro.indd

Transcrição

ISBN 858680635-8
9 788586 806353
ISBN 858680635-8
9 788586 806353
DEVOÇÃO À
SANTA FACE DE JESUS
Pedro Sisnando Leite
DEVOÇÃO À
SANTA FACE DE JESUS
grupo de oração pai nosso da face de cristo
Jesus, Nossa Senhora de Fátima, Eu Vos Amo
EDIÇÕES
FACE DE
CRISTO
Fortaleza / Ceará
January / 2011
© 2011 copyright by Pedro Sisnando Leite
Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Projeto Gráfico e Capa
Carlos Alberto Alexandre Dantas
Bibliotecário
Eduardo Freire Barbosa
L533
Leite, Pedro Sisnando
Devoção à Santa Face de Jesus./Pedro
Sisnando Leite, 2011.
94p. ; 175 cm
ISBN 978-85-86806-35-8
1. Literatura devocional I. Tíulo.
CDD 242
Literatura devocional – 242
DEVOÇÃO À SANTA FACE DE JESUS
Para Pedro Sisnando Leite*
Illumina, Domine, vultum tuum super nos.
Cf.Sl. 67(66)
Santa Face de Jesus,
Resplandecei sobre nós,
Contemplando a vossa luz
Nós nunca estaremos sós.
Pois estamos com Maria,
A Mãe da Misericórdia,
Que também nos deste um dia
Como Mãe, como Senhora.
Nossa Senhora de Fátima,
Aumentai em nós a graça,
Dessa santa devoção:
Que ela em nós nunca arrefeça
E que sempre nos aqueça
O Amor no coração!
Horácio Dídimo
* LEITE, Pedro Sisnando. Devoção à Santa Face de Jesus. Fortaleza: Edições Face de Cristo, 2006.
SUMÁRIO
EDIÇÕES FACE DE CRISTO.................................................. 9
INTRODUÇÃO................................................................... 11
A RAINHA DO UNIVERSO................................................. 13
MEU ENCONTRO COM NOSSA SENHORA....................... 18
APOSTOLADO DA REPARAÇÃO....................................... 23
A EUCARISTIA E A SANTA FACE....................................... 26
A DEVOÇÃO À SANTA FACE NA VOZ DOS PAPAS E
SANTOS ............................................................................. 32
A DEVOÇÃO DE TERESA DE LISIEUX À SANTA FACE ..... 37
SÃO FRANCISCO DE ASSIS E A PAIXÃO DE CRISTO........ 45
ATO DE OFERECIMENTO .................................................. 53
CONSAGRAÇÃO À SAGRADA FACE................................. 59
A MEDALHA DA SANTA FACE.......................................... 60
O CARISMA DA COMUNIDADE FACE DE CRISTO DO
CEARÁ E DO CANADÁ...................................................... 62
REFLEXÕES SOBRE A FAMÍLIA CRISTÃ............................. 66
A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA E A IGREJA...... 70
INVOCAÇÕES.................................................................... 77
ORAÇÃO............................................................................ 79
PROMESSAS FEITAS POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
ÀS ALMAS QUE HONRAREM A SUA SANTA FACE........... 81
NOVENA PERPÉTUA DO APOSTOLADO
DA SAGRADA FACE........................................................... 82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................... 93
EDIÇÕES FACE DE CRISTO
É com sentimento de agradecimento e de
louvor a Deus que lançamos as Edições FACE
DE CRISTO. Na realidade, mais que um desejo
de nossa parte, é uma necessidade que constatamos, já que fazemos evangelização por vários
meios de comunicação como a Televisão, com o
Programa da Família, a Revista FACE DE CRISTO
– a revista da família, Fitas e Cds de formação
e música. Faltava-nos, porém, anunciar as maravilhas do Senhor através de livros, apesar de
termos entre nós vários e bons escritores. Com a
criação das edições FACE DE CRISTO, abrem-se
novos horizontes de evangelização da família, e
com isso nossa missão de anunciar Jesus Cristo
morto e ressuscitado ganha uma nova dimensão.
Somos gratos a Deus porque quando nos
chama para uma missão nos concede os meios
e os dons necessários para executá-la.
Que a FACE DE CRISTO resplandeça em
nossas vidas.
Aluízio Nóbrega. FC
Fundador e Moderador Geral
Devoção à Santa Face de Jesus
9
INTRODUÇÃO
Vossa Face é minha pátria,
meu rumo de amor .
Sta Terezinha do Menino de
Jesus e da Santa Face.
A origem da devoção à Santa Face de Jesus
tem fundamento na Bíblia. Está ligada aos Salmos
e à Paixão de Jesus. Nos Salmos, o rosto de Jesus
é ressaltado cheio de luz, alegre, confiante, refletindo a divindade. A devoção à Sagrada Face,
no entanto, encontra-se nos quatro evangelhos
que falam da Face de Jesus ensangüentado, do
Cristo no Horto das Oliveiras. Depois de coroado de espinhos, é crucificado e morto, colocado
no sepulcro. Diz Dom Sebastião Roque Rabelo
Mendes ( diretor arquidiocesano do Apostolado
da Sagrada Face de Belo Horizonte): “ Independente do Santo Sudário e da Verônica, é um culto
muito profundo, muito humano, muito divino
sobre a Sagrada Face”.
A Congregação dos Ritos, em Roma, com a
aprovação do Papa João XXIII, aprovou a festa
da Sagrada Face, a ser comemorada na terça-feira de carnaval. Atualmente, esta devoção
encontra-se difundida em todo o mundo, através
de contemplação, de oração e de intercessão.
O apostolado da Sagrada Face é praticado em
viver os ensinamentos de Jesus, meditar o evangelho e contemplar a Face de Jesus no rosto dos
nossos irmãos, principalmente dos mais pobres,
11
abandonados e doentes, conforme o Evangelho
de Mateus, cap. 25,35-36: “ porque tive fome
e me destes de comer; tive sede e me destes de
beber; era peregrino e me recebestes; enfermo e
me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.”
É marcante também o apelo do S. Em. o Cardeal
Dom Serafim Fernandes de Araújo, Arcebispo
de Belo Horizonte ao Apóstolo da Sagrada Face,
em 01-10-1998: “ Que não seja derramada uma
só lágrima na face de um irmão, sem que não
se encontre um apóstolo da Sagrada Face para
enxugá-la.” O Papa Pio XII, na sua Encíclica
HAURETIS AQUAS afirma: “ É na Face que se revela o coração”, referindo-se também a devoção
e o culto ao Sagrado Coração de Jesus.
O propósito deste testemunho, portanto, é
propagar o culto à Sagrada Face de Jesus e aconselhar as pessoas devotas a esse sacramental para
que levem consigo a medalha sugerida por Nossa
Senhora em aparição à irmã Maria Piarina.
Louvo à Divina Providência a intuição que
me deu para organizar este texto, com base na
Sagrada Escritura, e vários documentos oficiais
reconhecidos pela Igreja.
Dedico este pequeno repositório de fé ao
meu Grupo de Oração “Pai-Nosso”, da Comunidade Face de Cristo, de Fortaleza, e à minha esposa Maria Mirna, que há muitos anos me motivou
a fazer o Seminário de Vida no Espírito Santo.
Maio de 2006
12
A RAINHA DO UNIVERSO
Tenho uma fervorosa devoção a Nossa
Senhora de Fátima. Não sei se por haver nascido
no dia 13 de maio, Deus tenha me predestinado
essa graça. Lembro-me do que diz o evangelista
João (15,16) “Não fostes vós que me escolhestes,
mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades
e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça.”
Assim, eu tenho Nossa Senhora como minha
mãe espiritual, protetora, intercessora e conselheira. Eu amo Nossa Senhora! Como amo seu
filho Jesus, meu Deus e meu tudo.
Para atender um grande desejo do meu
coração e de minha alma, a partir do início da
década de 70 passei, juntamente com minha
esposa Mirna, a fazer visitas e peregrinações à
Fátima, em Portugal. Em 1963 já havia estado
em Fátima como turista, quando fui emocionalmente tocado pela santidade daquele lugar.
Às vezes passávamos uma semana inteira, ou períodos mais curtos, orando e visitando
locais e monumentos referentes à aparição de
Nossa Senhora do Rosário. Cada vez que vou
à capelinha das aparições, à Basílica, à capela
do Lousperense para adoração do Santíssimo
Sacramento, sinto-me no céu. É um sentimento
que compartilho com minha esposa Mirna em
todos esses momentos maravilhosos.
É compreensível porque em certa oportunidade que pretendíamos viajar para o exterior, em
13
gozo de férias, tenhamos ficado com dúvidas se
deveríamos voltar novamente a Fátima ou visitar
outros países que ainda não conhecíamos. Um
dos nossos desejos era conhecer o Canadá, pois
amigos que haviam visitado esse país faziam
muitas referências positivas. Por isso, foi com
alegria que tomamos conhecimento de que a
Associação Porta do Céu, de São Paulo, estava
organizando um grupo para visitar os santuários
marianos daquele País.
Todas as tentativas para obter vaga nesse
programa foram frustradas. Havia problema
nas datas previstas, reservas prévias tinham
preferência, sem nenhuma desistência até às
vésperas da viagem. Voltamos à estaca zero,
na perspectiva de viagem a Fátima, para rezar
e agradecer tantas graças alcançadas por nós,
pela intercessão de Nossa Senhora, inclusive no
meu difícil trabalho na Secretária de Agricultura.
Depois de muitas reflexões e orações de
discernimento, tomamos a direção do Canadá,
assumindo o compromisso de em uma próxima
viagem ao exterior ter como destino Fátima.
Na verdade, as belezas naturais e os
lugares visitados durante essa viagem foram
inesquecíveis. Mas eu, intimamente, a cada dia
que passava, ficava mais triste, sempre pensando em Nossa Senhora e em Fátima. Os dias
passavam, e uma certa opressão crescia no meu
coração. Rezava e rezava... Tentava não passar
para Mirna esses sentimentos de culpa.
Mesmo assim, tudo corria como planejado
até chegarmos à grande cidade de Montreal. Era
14
um entardecer e o hotel onde iríamos ficar estava localizado em uma pequena praça, vizinho a
uma grande Igreja. Enquanto a acomodação do
nosso grupo de viagem era providenciada, convidei a Mirna para entrarmos na referida Igreja;
o que fizemos imediatamente. Externamente e
internamente se tratava de um templo muito bonito, como tudo no super desenvolvido Canadá.
Dirigimo-nos ao altar principal. Aí se deu
início a algo que, para mim, seria extraordinário
e humanamente inexplicável. A imagem central
do altar era de Nossa Senhora do Rosário e a
Igreja era de Nossa Senhora de Fátima, como
logo a seguir fiquei sabendo. Ao lado desta parte
central, havia um espaço onde, naquela exata
ocasião, um grupo estava rezando o terço, eram
seis horas da tarde. Parecia nada incomum, só
que o referido grupo era exatamente aquele formado pela Associação Maria Porta do Céu, que
visitava os monumentos marianos no Canadá.
Isto é, era o grupo da excursão em que não tínhamos obtido vaga, como comentado antes!
Ajoelhado ali, orando, procurei fazer uma
reflexão de cura interior. Neste momento de
discernimento, senti no meu coração uma imagem clara. “Estou presente em todo o universo,
em todos os lugares, em todos os corações que
me amam”. Desde então, nunca mais me separei de Nossa Senhora, sem precisar ir a Fátima
como eu achava antes. Voltei a Fátima e irei, se
Deus quiser, outras vezes até o término de minha
peregrinação na terra. Mas sei agora que Maria
está comigo, todo o tempo. E eu sinto isto.
15
Outra revelação ou ensinamento estava
reservado para mim naquele lugar e exato momento... Explicando melhor. Durante muitos anos
tive Nossa Senhora de Fátima como o centro do
meu universo sobrenatural e místico. Qualquer
coisa que acontecia comigo, socorria-me de Nossa Senhora. Isto era uma reação natural. Tenho
sempre em mente que Nossa Senhora trouxe a
Fátima a Mensagem “Deus quer estabelecer no
mundo a devoção ao meu Imaculado Coração.”
Além disso, a Mensagem de Fátima reforça a
importância da Santíssima Virgem no plano de
Salvação. Assim, não devemos nunca afastar o
nosso olhar de Fátima e de Nossa Mãe Santíssima.
Eu sei que Jesus é o caminho, a verdade e
a vida, como Ele próprio disse. Sei que somente se vai ao Pai por intermédio de Jesus, como
explicita os evangelhos. Conheço também que
Deus é trinitário: Pai, Filho e Espírito Santo. Mas
minha intuição de fé era de que Jesus não devia
ser molestado tão freqüentemente, quanto eram
minhas necessidades material e espiritual. Assim,
Nossa Senhora é a grande guardiã e auxiliadora
de minhas necessidades materiais e espirituais.
Naturalmente, estou agora racionalizando meu
comportamento religioso. Isto é, antes do que me
aconteceu em Montreal, como estou tentando
descrever.
Feliz pelo que estava ocorrendo naquele
momento na Igreja, levantei-me do genuflexório. Ao meu lado estava uma pequena mesa com
uma caixa contendo “leaflets” , isto é, pequenos
folhetos da Face Santa de Jesus. A foto na capa
16
era a mesma reprodu zida pela Comunidade
Face de Cristo, de Fortaleza. Neste momento,
veio-me o impulso de apanhar alguns exemplares para distribuir com o meu grupo de oração
Pai Nosso, quando regressasse a Fortaleza e
desse um testemunho do que havia acontecido
em Montreal.
Com o passar
do tempo fui
tomando consciência, com a
leitura do conteúdo daquele
pequeno folheto, de que esse
achado tinha
uma outra finalidade.
Mostrar-me
que JESUS é filho de Maria,
mas que Ele
provém do Espírito Santo e do Pai que são o criador do Céu e da
terra e a quem devemos constantemente louvar,
venerar e amar. Agora o meu coração está em
Deus, pelas mãos daquele que é o mediador, Jesus Cristo, nosso Senhor; que com Maria cuidam
da minha vida material e espiritual, bem como
dos meus familiares.
Finalmente, de tudo isso, renasceu em
mim uma grande devoção pela Santa Face de
Jesus, sobre a qual tratarei nos itens seguintes.
17
MEU ENCONTRO COM NOSSA
SENHORA
Depois de uma noite inteira de viagem de
trem-leito de Paris para Nimes, no sul da França,
paramos em uma Estação pela madrugada. Talvez a metade dos passageiros desceu ali. Muitas
macas, pessoas idosas, e com trajes de religiosos.
Perguntamos ao despachante do que se
tratava... A resposta foi curta e forte: “LOURDES”!
Para mim, àquela altura, nada me esclarecia a respeito do que realmente estava acontecendo. Por fim, informaram-nos que em Lourdes
está o Santuário da Santa Imaculada Conceição.
Foi ali que, em 2 de fevereiro de 1858, Nossa
Senhora apareceu, numa gruta, a uma pobre
camponesa de nome Bernadette Soubirous.
Por quinze vezes sucessivas, a Santa revelou-se a essa jovem, dando-lhe mensagens de
oração e aconselhamentos sobre a necessidade
da construção de uma capela e a utilização de
uma fonte que surgira, ali perto, por força da
Divina Providência. Até hoje essa fonte continua sendo causa de muitos milagres e sinais
da intercessão de Nossa Senhora. Com o passar
do tempo, a população local e depois de outras
partes da França e do mundo inteiro, passaram
a visitar Nossa Senhora de Lourdes para agradecer e buscar curas para muitas doenças e males
espirituais que atormentam muitos fiéis.
De repente o trem partiu para Tardes, que
era a próxima Estação e destino de nossa viagem.
18
O objetivo dessa visita ao sul da França, depois
de ter estado em muitos outros países da Europa,
era conhecer experiências de desenvolvimento
da irrigação e de programas de crédito agrícola.
Éramos do Banco do Nordeste, formando uma
missão de estudo constituída pelo Dr. Cortez
Pereira, Diretor de Crédito Rural do Banco, eu e
quatro técnicos dessa Instituição.
Naquela manhã, 15 de maio de 1969,
acredito que minha vida religiosa, e de devoção a Nossa Senhora, mudou. O que aconteceu
naquela ocasião jamais se apagou de minha
lembrança ou do meu coração.
Era difícil imaginar o que o Dr. Cortez, chefe da nossa missão, agnóstico declarado, tenha
tomado naquele momento. Na hora que efetuava o registro de entrada no hotel, em Tardes,
de repente falou: “Quero ir a LOURDES, agora”.
Era muito cedo e fazia frio. Para minha
felicidade, ele disse: “Pedro, venha comigo”.
Dois outros colegas de viagem completaram a
lotação do táxi, que varou a neblina daquela
manhã escura de domingo. Durante a viagem
não falamos nada. Prevalecia um certo sentimento de angústia entre nós. E havia razão de
ser. Senão vejamos!
O Dr. Cortez tinha um problema de
atrofiamento em sua perna esquerda. Era visível quando ele andava, mancando de um lado.
Parecia-me coisa antiga Por orientação de seu
médico, o Dr. Cortez foi, em Paris, a um famoso
especialista no seu problema. Na noite do embarque para Tardes, ele foi receber os resultados dos
19
exames realizados na clínica francesa. Poucos
minutos antes, o Dr. Cortez juntou-se ao grupo.
As feições dele não eram boas. O ar de tristeza
em sua face era acompanhado de um grande
silêncio. Ficamos todos preocupados. Mas no
decorrer da viagem o Dr. Cortez, reservadamente,
nos revelou o diagnóstico. Não entendemos bem,
mas era algo grave na parte óssea de sua perna,
de caráter progressivo.
Quando chegamos ao Santuário de Lourdes, naquela manhã, embora fosse cedo, já
havia muita gente. A nossa preocupação era
em entrarmos na longa fila que adentrava até
a gruta onde Nossa Senhora se encontrava à
espera dos fiéis. Meu coração batia e tinha vontade de chorar de felicidade pela oportunidade
ou pelo que via de devoção nas pessoas que se
ajoelhavam em frente da imagem e clamavam
por ajuda, externando agradecimento, ou em
silêncio de grande respeito.
O Dr. Cortez foi o primeiro do nosso grupo
a ajoelhar-se e levantar os braços para Nossa
Senhora! Não contive as lágrimas. Olhei para os
meus colegas, também não resistiram. Até aquele momento, Dr. Cortez dizia que não acreditava
em nada sobrenatural. Naquele momento, entretanto, tenho certeza de que ele se converteu.
De minha parte, mesmo sendo uma pessoa
religiosa por tradição de família, passei a ter
Nossa Senhora como minha intercessora e guia.
Conscientizei-me também que Maria estava em
minha vida, desde o meu nascimento. No dia 13
de maio, consagrado a Nossa Senhora do Rosário
20
de Fátima, igualmente revelada a três pastorinhos portugueses. Sinto, também, desde então,
que Nossa Senhora me adotou, pois tenho sido
miraculado muitas vezes pela sua intercessão.
São tesouros de graças que podemos alcançar
rezando o santo rosário. A toda oportunidade,
agradeço ao Divino Espírito Santo haver suscitado em meu coração essa devoção, Ele que com o
Pai e o Filho são tudo em minha vida.
Quanto ao Dr. Cortez, depois de deixar o
Banco do Nordeste, ocupou muitas funções públicas, inclusive foi Governador do seu Estado,
o Rio Grande do Norte. Recentemente, 35 anos
depois daquele momento do nosso encontro com
Nossa Senhora de Lourdes, na França, faleceu de
problemas cardíacos e respiratórios. Que Deus o
tenha recebido em seu reino, com a intercessão
da Imaculada Conceição.
21
22
APOSTOLADO DA REPARAÇÃO
A devoção à Sagrada Face tem sua fonte
na face do próprio Cristo, que foi morto e ressuscitado; e também na face de Cristo presente
nos irmãos, especialmente os pobres e marginalizados.
A Imagem de Jesus Cristo foi revelada no
sudário que o envolveu durante o seu sepultamento e no lenço de Santa Mônica, quando Jesus
ia a caminho do calvário.
A Igreja sempre encontrou na face de Cristo uma espiritualidade para os seus membros,
conforme mostra a Sagrada Escritura. É tua Face,
Senhor, que eu procuro, não me escondas a tua
Face (Sl 26,8). Em Cristo, revela-se a verdadeira
face de Deus e o verdadeiro sentido da vida humana, diz outro Salmo. O Papa João Paulo II, no
início deste terceiro milênio, tratou desse assunto
na Carta apostólica chamada “Novo Millennio
Ineunte,” exortando-nos a contemplar o rosto de
Cristo, mergulhado profundamente no mistério
do Verbo Encarnado.
O culto à Sagrada Face tem por finalidade
render homenagens particulares de respeito e
amor em reparação das blasfêmias e violações
cometidas com Cristo durante a paixão e a todos os momentos pelos pecadores. Os Profetas e
os Evangelistas se referem em seus documentos
santos a tais violações.
De acordo com estudos do Pe. Gregório
Verndonk e Decreto do Papa Urbano VIII, Nosso
23
Senhor revelou-se à irmã Maria Pierina Micheli,
das Filhas da Imaculada Conceição em várias
ocasiões para chamar a atenção dos fiéis para
a necessidade de reparação dos ultrajes por Ele
referidas. Consagrada ao Senhor Jesus desde
criança, Maria Pierina, aos 12 anos, ouviu uma
voz na sexta-feira Santa, na Igreja de São Pedro
de Milão, dizendo:
“Ninguém me dá um beijo de amor
na Face, para reparar o beijo de
Judas?”
Mais tarde, depois de tomar o hábito de
religiosa, Jesus manifestou-se-lhe, outras vezes.
Em 1936, durante a oração noturna da sexta-feira da Quaresma, Jesus disse-lhe:
“Quero que a minha Face, que reflete a íntima aflição do meu ânimo,
a dor e amor do meu coração, seja
mais honrada. Quem me contempla, consola-me”.
Na sexta-feira da Paixão, Jesus tornou a
dizer-lhe:
“Cada vez que se contemplar a
minha Face, derramarei o Amor
nos corações e por meio da minha
Sagrada Face obter-se-á a salvação
de muitas almas’”.
24
E na terça-feira da Paixão de 1937:
“Pode ser que algumas almas receiem que a devoção e o culto da
minha Face venham a diminuir o
do meu coração. Diz-lhes que, ao
contrário, será completada e aumentada. Contemplando a minha
Face, as almas participarão das minhas dores, e sentirão a necessidade
de amar e reparar. Pois não será
esta a verdadeira devoção ao meu
coração?”
25
A EUCARISTIA E A SANTA FACE
O Sumo Pontífice João Paulo II, em recente
Carta Apostólica “Mane Nobiscum Domine”,
dirigida ao episcopado, clero e fiéis, proclamou
outubro de 2004 a outubro de 2005 como ano
da Eucaristia.
Neste documento, o Papa ressalta que o
ano anterior foi dedicado ao Rosário, conforme
estipulou a Carta Encíclica “Rosarium Virgenis
Maria”. Durante o ano dedicado a Nossa Senhora de Fátima, João Paulo II editou outra Carta
Encíclica “Ecclesia de Eucaristia” re-propondo o
Rosário na perspectiva Mariana da contemplação do rosto de Cristo, inclusive com a introdução
dos mistérios da luz.
Quanto ao ano Eucarístico, o Papa João
Paulo II relembra o legado do Grande Jubileu
constante da Carta Apostólica “Novo Millennio
Ineunte” onde ele sugere a perspectiva de um
empenho pastoral na contemplação, com Maria,
do rosto de Cristo. Diz o Papa:
“Esta oração tradicional, tão recomendada pelo Magistério e muito amada
pelo povo de Deus, possui uma fisionomia marcadamente bíblica e evangélica centrada prevalentemente sobre o
nome e o rosto de Jesus, fixado na contemplação dos mistérios e na repetição
da Ave Maria”.
Em outra parte de sua carta apostólica
sobre o ano Eucarístico, declara:
26
“Convidei todos a celebrarem o sacrifício
Eucarístico com o empenho que merece,
prestando a Jesus presente na Eucaristia, mesmo fora da Missa, um culto de
adoração digno de tão grande mistério.
Sobretudo propus novamente a exigência de uma espiritualidade eucarística,
indicando por modelo Maria como
mulher eucarística”.
Assim, o Ano Eucarístico coloca-se num
horizonte que se foi enriquecendo de ano para
ano, embora permanecendo sempre bem coerente sobre o tema de Cristo e da Contemplação do
seu Rosto, ou seja, de sua Face.
No meu entendimento de leigo, a cada
reflexão, a partir de Montreal, como relatado
anteriormente, e com novas leituras dos documentos papais, dos santos e santas, vejo na
Santa Face de Cristo da Paixão como o reflexo,
num espelho, do Mistério da Eucarística. Este é
o sentimento que tenho todas as vezes que fito
a estampa que retrata a imagem do Jesus Cristo, reproduzido no Santo Sudário, pintada por
Celina, irmã de Santa Teresinha (no Carmelo
irmã Genoveva) exposta como ícone da nossa
Comunidade Face de Cristo.
É oportuno esclarecer que este opúsculo é
destinado aos participantes do Grupo de Oração
Pai-Nosso, da Comunidade Face de Cristo, do
qual participo, com minha esposa, há quinze
anos. No dia 19 de outubro de 2004 (dia de São
Paulo da Cruz) dei o presente testemunho que
agora relato de modo mais detalhado do que
27
fiz verbalmente. Digo isto para que se entenda
porque não tenho a preocupação de esforçar-me
por imprimir, no que estou escrevendo, qualquer
estilo literário. Às demais pessoas que tenham
acesso a esses escritos, olhem para eles como
uma motivação para verem na Santa Face de
Cristo um chamamento para dedicarem orações
de reparação pelos sofrimentos que Jesus submeteu-se, voluntariamente, pela nossa salvação.
Desse modo, tem crescido em mim os sagrados
benefícios que trazem devoção à Sagrada Face de
Cristo, que na verdade é ao próprio Cristo, como
dizia Santa Teresinha, segundo depoimento da
irmã carmelita Genoveva:
“Quando você ama alguém e olha
para essa pessoa, você mira para sua
face e não para o seu calcanhar ou
para seu ombro!“
E como disse sua Santidade Papa Pio X:
“A devoção à Eucaristia é a mais nobre
de todas as devoções, porque tem o próprio Deus por seu objetivo”.
A Eucaristia é o Jesus Amor, revela na sua
santidade o Pe Estevão M. Manelli, “pois ela contém Jesus vivo e verdadeiro, o Deus que nos ama
até o fim” ( Jo 13,1). Diz, ainda, o Pe Manelli no
seu livro Jesus, Nosso Amor Eucarístico:
“A devoção à Eucaristia, unida à dedicada a Nossa Senhora, é uma devoção
28
do Paraíso, porque é a devoção que
têm os anjos e os Santos”.
Santa Teresinha de Lisieux teve como
centro de sua vida religiosa a demonstração de
amor por Deus, especialmente na pessoa de Jesus
Cristo.A Eucaristia, como santíssimo sacramento,
foi sua maior paixão e motivo de grandes devoções, segundo a história de sua vida religiosa,
expressa em sua autobiografia, cartas e revelações às suas irmãs carmelitas. De todos os livros e
estudos que tive oportunidade de conhecer, acredito que o livro do Pe Pedro Teixeira Cavalcante
(Santa Teresinha em Carne e Osso) é o que melhor
sintetiza as informações sobre esse aspecto da
santificação dessa querida Santa. Ela fez a sua
primeira comunhão em 8 de maio de 1884. Este
fato tornou-se um marco importante de sua vida,
conforme ela própria relata em muitas ocasiões.
Devemos lembrar, comenta o Pe Pedro Teixeira,
que Teresinha estava com apenas onze anos, mas
ela revela que no seu íntimo, pela Eucaristia,
ocorreu uma verdadeira união com Jesus. Anos
depois ela dizia que:
“Oh, como foi doce o primeiro beijo de
Jesus na minha alma! Foi um beijo de
amor, eu me sentia amada e dizia também: Eu vos amo, eu me entrego a vós
para sempre.”
Na verdade, a educação religiosa de Teresa
favoreceu um amor especial pela santa Missa e
por Deus Hóstia. Durante sua vida no convento,
29
seu amor à Eucaristia foi crescendo, havendo
exercido por duas vezes a função de sacristã.
Mesmo assim, Teresa sentia muito por não ser
permitido, então, a comunhão todos os dias.
Posteriormente, ficou muito feliz com o Decreto
do Papa Leão XIII permitindo uma maior liberdade nesse particular, fato que ela atribuía às
suas súplicas a São José.
A Santa Eucaristia também foi revelada
nas aparições de Nossa Senhora de Fátima, salientada na reverência ao Corpo, Sangue, Alma
e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na última das três aparições, antes de Nossa Senhora,
o Anjo veio administrar a Sagrada Eucaristia aos
pastorinhos, conforme detalha a irmã Lúcia em
suas memórias.
Segundo nos ensina o Novo Catecismo da
Igreja Católica, a Eucaristia é o coração da vida
da Igreja e o memorial da Páscoa de Cristo. A
celebração eucarística é a obra de salvação realizada pela vida, morte e ressurreição de Cristo.
Através da Consagração, a Eucaristia é o próprio
Cristo presente sob as espécies do pão e do vinho,
que constitui a oferta do mesmo sacrifício em
reparação dos pecados dos vivos e dos mortos.
Outro fenômeno extraordinário e sobrenatural é que “Maria está em Jesus” disse em
êxtase Santo Inácio de Loyola, durante celebração de Santa Missa. A carne e o sangue de Jesus
são tirados do corpo de Maria. Por isso, em todo
a comunhão que fazemos, na Eucaristia está a
doce e materna presença de Maria Santíssima,
inseparável de Jesus Hóstia. Amém
30
Aqui a Divina Providência me ensinou um
melhor entendimento do sentido da Eucaristia, na
contemplação do ícone da Santa Face de Cristo,
que, em cada missa, se repetem os sofrimentos
por que passou o filho de Maria para a salvação
de todos nós. Antes dessa compreensão, tinha
sempre em mente, na ocasião da consagração,
principalmente, o desenrolar da última ceia
“TOMAI, TODOS, E COMEI. ISTO É O MEU
CORPO, QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS”. Mas
o fundamental a venerar , neste momento, é a
memória de Cristo pela Paixão e morte de cruz
e a glória do mistério da ressurreição, cujo corpo
e sangue comungamos. Ou seja, é a ocasião de
partilhar as dores , angústias , e as esperanças.
Eis o mistério da fé!
31
A DEVOÇÃO À SANTA FACE NA VOZ
DOS PAPAS E SANTOS
1. O Papa Pio IX disse: Esta salutar reparação da Santa Face de Jesus é uma divina ação,
destinada a salvar a moderna sociedade;
2. Santo Pio X expressou seu desejo de que
isso fosse venerado nos lares de todas as famílias
cristãs;
3. O Papa Pio XI ofereceu figuras da Santa
Face do Sudário para os jovens, dizendo: “Elas
são retratos do Filho Divino de Maria; elas vêm,
de fato, do que se tornou conhecido como o Sudário de Turim, ainda um mistério, mas certamente
não foi o trabalho de nenhuma mão humana”.
4. O Papa Pio XII pediu para difundir o
conhecimento e a veneração tão grande como
se fosse uma relíquia;
5. O Papa João XXIII, olhando a relíquia
disse: “Isto só pode ser uma obra do Senhor”.
6. O Papa Paulo VI louvou o Santo Sudário
dizendo: “Talvez somente a imagem do Santo
Sudário revele-nos alguma coisa de humana e
Divino da personalidade de Cristo”;
7. João Paulo II, após beijar o Santo Sudário, acompanhado de Bispos, refere-se a essa
relíquia com um “silencioso, mas eloqüente
testemunha da ressurreição de Cristo”;
8. Santo Ambrósio comenta: “Não há dúvida de que Pedro recebeu a graça de conversão da
Sagrada Face porque aqueles que contemplam
Jesus são sempre salvos”;
32
9. São Jerônimo: “A Face de Jesus irá continuar a proteger-me todas as vezes que recorro
a Ele. Invocando ele dizia: ”Mostra-nos Tua Face
e nós iremos ser salvos.”.
10. Outros Santos, os quais veneravam A
Santa Face para mencionar apenas alguns: St.
Gregório, Sta Gertrudes, St João Crisóstemo, St
Bernardo, St João Bosco, St Francisco de Assis,
Sta Catarina de Siena, St Agostinho e, naturalmente, a notável Sta Terezinha do Menino de
Jesus e da Sagrada Face, como ela fazia questão
de assinar. Ela comentava: “Quantas coisas boas
a Santa Face de Jesus tem-me feito durante a
minha vida” A Santa Face era para Tereza de
Lisieux um contínuo chamado para ela sofrer
em reparação dos sofrimentos de Jesus. Dizia:
“Iremos reconhecê-lo não somente pela cruz-símbolo da salvação-a qual irá preceder sua
vinda, mas, mais precisamente, por sua Face, a
qual irá brilhar nos últimos dias”.
11. Nosso Senhor Jesus Cristo, em revelação a Santa Gertrudes suscitou: “Todos aqueles
que são atraídos pelo meu amor e veneram o
meu semblante, receberão por virtude de minha
humanidade, uma brilhante e vívida impressão
de minha divindade. Este esplendor iluminará o
íntimo da alma, de modo que em eterna gloória da corte celestial e prodígio da expressão do
semblante divino”.
12. Revelações aprovadas pela Igreja,
dadas por Nosso Senhor à irmã Marie de Saint-Pierre, na década de 1840, apelou pela grande
necessidade de “reparação”.Nessas mensagens
33
a freira Carmelita, de França, em particular,
Nosso Senhor pediu reparação para com Sua
Sagrada Face. Em novembro de 1843, Nosso
Senhor deu à irmã Marie uma oração especial
chamada FLEXA DE OURO (Em reparação as
blasfêmias contra o Santo nome de Deus e os
Mandamentos). É oportuno lembrar que quando
Nossa Senhora apareceu em Lourdes, em 1858,
exclamou “Fazei penitência, fazei reparação”.
13. Em setembro do ano 2000, por ocasião
do qüinquagésimo aniversário da Fundação da
Congregação beneditina das Irmãs Reparadoras
da Sagrada Face de Nosso Senhor Jesus Cristo,
o Papa João Paulo II reportou-se ao carisma da
instituição referida, da seguinte maneira: “A
constante referência à Sagrada Face de Jesus
sustentou a espiritualidade de quantas, desde a
origem da Congregação até hoje, se têm empenhado em reparar as ofensas quotidianamente
consumadas em relação ao Senhor em constante
vida de oração, e no esforço incessante de estar
ao lado das infinitas cruzes nas quais o Filho de
Deus continua a ser crucificado. O rosto sofredor
de Jesus está presente também nos pobres sofredores, quer sejam crianças ou anciãos e pessoas
desprovidas dos meios para uma condigna sobrevivência”.
14. A Carta Apostólica do Sumo Pontífice
João Paulo II, denominada “No Início do Novo
Milênio”, destaca no Capítulo II: “Queríamos ver
a Jesus” (Jo 12,21) é o pedido feito ao apóstolo
Felipe por alguns peregrinos gregos, mas que
estavam em Jerusalém por ocasião da Páscoa
34
“. Diz, também:” É o teu Rosto, Senhor, que eu
procuro “( Sl 27,8)”.
15. A Mensagem de João Paulo II ao senhor Cardeal Fiorenzo Angelini por ocasião do
II Congresso Internacional de Investigação sobre
a Face de Cristo, em 23 de outubro de 1998,
destaca os fundamentos da Sagrada Escritura
sobre a adoração da Face de Cristo. Segundo o
Papa, “ o conhecer e contemplar a Face de Deus
é a aspiração do homem de todos os tempos.
São provas disso a invocação do Salmo(Sl 4,7).”
Javé, levanta sobre nós a luz da tua Face.” Jesus
também declarou ao apóstolo Filipe: “Quem me
viu, viu o Pai” (Jo 14,9) Na referida Mensagem,
o Papa João Paulo II afirmou:” Numa sociedade
como esta na qual vivemos, uma reflexão atenta
e orante acerca da Santa Face de Jesus não pode
deixar de contribuir para tornar a evangelização mais eficaz, como, aliás, confirmaram a
extraordinária emoção e a sincera piedade suscitadas pela recente exposição do Santo Sudário
de Turim.”.
35
36
A DEVOÇÃO DE TERESA DE LISIEUX
À SANTA FACE
O título de nobreza da carmelita Teresa do
Menino Jesus e da Santa Face decorre de motivações que não poderiam deixar de ser referenciadas neste Opúsculo. São informações oriundas
de sua autobiografia, cartas e estudos sobre sua
vida desde a infância até o seu leito de morte
no convento de Lisieux, em setembro de 1897.
O mistério do Santo Sudário teve seu segredo revelado em maio de 1898, menos de um
ano após a morte da irmã Teresinha. Assim, este
fenômeno sobrenatural não foi o motivo da sua
inspiração quanto à Santa Face. Entretanto, naquela época, estava bastante difundido o culto à
Santa Face de Tours. Tratava-se de uma gravura,
retratando a face de Jesus (crucifixado), trazida
de Roma para a Cidade de Tours pelo Sr. Leon
Dupont, cujo original era venerado na Basílica
de São Pedro, na sexta-feira Santa.
Segundo relato da piedosa viúva do Senhor
Dupont (1797-1876), ela obteve um milagre
enquanto rezava em sua casa em frente dessa
esfinge. Por esse motivo, a irmã carmelita de
Tours, Marie de Saint Pierre (1816-1848) foi
consagrada por revelação ao culto da reparação
da Santa Face.
A família Martins (pais de Teresa), não
ficou indiferente a esses acontecimentos, que
eram comentados na Cidade de Lesson (onde
Teresa morava). Quando foi criada a Confraria
37
de Reparação de Tours (1885), da qual seu pai
participava, Teresa tinha exatamente 12 anos.
Baseado na opinião de muitos estudiosos
da vida de Teresa de Lisieux, com destaque para
o livro do Pe. Pedro Teixeira Cavalcante, Santa
Teresinha em Carne e Osso, é possível encontrar
as causas que motivaram a denominação do seu
título de nobreza quando ingressou no Carmelo:
Teresa do Menino Jesus e da Santa Face.
Consta de sua história de vida que, quando ela tinha quatro anos e meio, ocorreu o falecimento, por câncer, de sua mãe. Desde então, seu
pai tornou-se tudo para ela, ao qual ela denomina de “amado rei”. Anos depois, a arteriosclerose
passa a causar vários danos à saúde de seu pai
querido. A situação desse digno homem tornou-se de tal maneira grave que a família teve de
interná-lo num hospital psiquiátrico em Caen.
Era 12 de fevereiro de 1889. Depois de três anos,
veio a falecer, deixando profundas marcas de
sofrimento na frágil Teresa. Ela havia tomado o
hábito do Carmelo aos 15 anos, em 10 de janeiro
deste mesmo ano (1889).
Seus biógrafos, no desejo de penetrar no
interior de Teresa, perguntam onde Teresa encontrou “força para viver todas essas dificuldades
sem ser esmagada por isto?” A própria Santa
deixa entender, em poemas, que foi exatamente
na contemplação das chagas e sofrimentos expressos na Face de Jesus, a qual “tornou-se seu
descanso, seu repouso”. Alguém registrou: “Teresa via Jesus em seu desfigurado e humilhado
pai”. Esse sentimento ela transmitiu a sua irmã
38
Celina (que tomou o nome de Genoveva ao
ingressar no Carmelo). “Olhe em sua adorável
Face -dizia ela- olhe em seus olhos, sem vida e
força, olhe suas feridas, olhe Jesus na sua Face.
Então, você verá como Ele nos ama.”
No processo apostólico sobre a vida de
Teresa, a irmã Genoveva (Celina) revela:
“Estou persuadida de que foi a serva de
Deus (Teresa) quem foi a inspiradora do
meu projeto de reproduzir a Santa Face,
segundo o Santo Sudário de Turim”.
(A cópia da estampa, que é exposta na
Comunidade Face de Cristo, foi pintada por
Celina, cujo original encontra-se no museu do
Carmelo em Lisieux). Isto demonstra que o Mistério da Santa Face tornou-se uma parte integral
da vocação de Teresa, desde os primeiros dias de
sua vida no Carmelo.
Mas é preciso notar que seu título de nobreza abrangia a infância de Jesus e sua Paixão,
isto é, simplicidade, dor e pobreza. Para Teresa,
tal devoção passou a ser norma de vida, luz e
guia de seu pequeno caminho. Em uma de suas
manifestações memorialista, ela diz:
“Ambas, a infância e a Face Divina,
é ao mesmo tempo tudo quanto o homem tem de dar a Deus: humildade,
sofrimento, amor”.
A irmã Genoveva (irmã mais velha e priora do Carmelo) ao depor no Processo Apostólico
de Beatificação de Teresa afirmou:
39
“A Santa Face de Nosso Senhor lhe
inspirava ficar escondida dos olhares
dos outros e aos seus próprios. Foi contemplando a Face de Jesus, mediante
suas humilhações, que ela hauriu a
humildade, o amor aos sofrimentos, a
generosidade ao sacrifício, o zelo pelas
almas, o desapego das criaturas, todas
as virtudes ativas, fortes, viris, que nós
a vimos praticar”.
Ela dizia ter haurido essa devoção à Santa
Face “nos Capítulos 53 e 60 do Profeta Isaias,
que descreve os sofrimentos e as humilhações de
Cristo”. Os fundamentos da piedade, devoção,
religiosidade eram alimentados em Teresa pelas
palavras deste profeta que ela copiou da Bíblia
para releituras e reflexões:
“Quem poderia acreditar nisso que ouvimos?
A quem foi revelado o braço do Senhor?
Cresceu diante dele como um pobre rebento
enraizado numa terra árida.”.
...
“Mas ele foi castigado por nossos crimes,
e esmagado por nossas iniqüidades;
o castigo que nos salva pesou sobre ele;
fomos curados graças às suas chagas.
Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho;
o Senhor fazia cair sobre ele
o castigo das faltas de todos nós.
Foi maltratado e resignou-se;
não abriu a boca, como um cordeiro que se
conduz ao matadouro, e uma ovelha muda
nas mãos do tosquiador.”.
(Isa 53,1-2, 5-7)*
40
As manifestações do pensamento e sentimentos de Teresa pela Santa Face aparecem em
sua correspondência, poemas, orações e preces,
escritos por solicitação de sua Comunidade. Ela
mesma elaborou uma bela consagração à Face do
Senhor para suas noviças, reproduzida em outra
parte deste opúsculo. Ela assinou 59 vezes em
seus textos o seu título de nobreza: irmã Teresa
do Menino Jesus e da Santa Face.
Destaco, por oportuna, algumas preciosas
citações sobre essa devoção da Santa de Lisieux:
“Ah! Eu desejo que semelhante a Face de Jesus,
minha face seja verdadeiramente oculta
que ninguém na terra possa conhecer-me”.
“Meu adorado é digno de ser amado, sua face
inspira amor,
e sua piedade interior inspira-me a retornar
amor com amor”.
A madre Inês (sua irmã) deu o seguinte
testemunho: “Mesmo amando sua devoção ao
Menino Jesus, este não era comparado com a
devoção que ela tinha pela Santa Face.” No seu
livro” Tou amour a grandi avec moi” a irmã
Eugênia do Menino Jesus do Carmelo relata
uma conversa que Teresinha teve com a madre
Genoveva (irmã de Teresa). Revela:
“Minha irmã não entendia porque alguém tenha devoção ao Sagrado Coração e não à Santa Face”.
Para Teresa, a devoção à Santa Face consistia em olhar no Senhor Deus. Isto é, segundo
a opinião de teólogos, perfeitamente correto.
41
Na capela do Carmo havia sempre uma
vela acesa em frente da imagem da Santa Face de
Tours e Teresa nunca ficava cansada de contemplar “A Face durante suas preces matinais que
eram somente aridez”, detalha em seus escritos
o Pe. Pedro Teixeira. Próximo ao fim de sua vida,
em agosto de 1897, suas irmãs transferiram essa
imagem da Capela para o seu quarto de doente.
Na fase final de sua vida, no dia 5 de agosto
desse ano, ela disse:
“Ó! quantas coisas boas que a Santa Face tem feito em minha vida.”
No dia seguinte.” Eu nunca cesso de
olhar na Face Santa. Eu repilo muitas
tentações”.
Teresa exalou seu último suspiro na
quinta-feira, 30 de setembro de 1897 às 7h20m
da tarde, depois de, olhando seu crucifixo, dizer:
“Ó!... eu o amo... meu Deus, eu... vos
amo!”.
Outras evidências de sua devoção à Santa
Face foram posteriormente sendo reveladas nos
estudos e depoimentos sobre a vida religiosa
da irmã Teresa. Ao lado da Capela do Carmo
de Lisieux, por exemplo, em uma sala, onde se
encontram algumas relíquias de Teresinha, há
uma casula feita por ela de um vestido de veludo da mãe. De acordo com reproduções de Jean
François Six, no seu livro “Teresa de Lisieux”, ela
pintou a Sagrada Face e flores que simbolizam
42
os membros de sua família. Em 1893, ela pintou também uma imagem da Santa Face , que
fez para marcar suas leituras do breviário. Nas
orelhas do seu brasão consta uma pintura da
Santa Face, feita por ela.
Finalmente, convém ressaltar que esse
texto tem por finalidade ressaltar a grande devoção de Teresa à Sagrada Face. Segundo todos
os estudos realizados sobre Santa Teresinha há
uma unânime conclusão:
“A palavra chave que define e sintetiza
a vida, e toda a mensagem Teresina, é
AMOR. Para Teresa, no entanto, amor
a Deus é amor a Jesus. Assim, Jesus é a
sua grande devoção e paixão. Foi sua
ligação com Jesus que levou Teresa a
amar Maria, com fervor e seriedade.
No entanto, o amor a Maria foi um
sentimento que nasceu no berço, pois
a família Martin dedicava uma veneração constante a Maria Santíssima.
Em sua casa havia um altarzinho, que
era muito venerado durante o mês de
Maria. Quando estudava no internato,
aos dez anos de idade, tornou-se filha
de Maria”
Segundo madre Inês, em Últimas Conversas, relembra:
“Nas orações, nas reflexões, nas mensagens, a Santa estava sempre com o
pensamento em Maria Santíssima”.
43
No seu sofrimento de morte, as pessoas que
estavam ao lado do seu leito a ouviram dizer:
“Ó minha boa Santíssima Virgem, vinde ao meu
socorro!... Quanta verdade, como nos ensina São
Bernardo, “FOI POR ELA QUE NOS VEIO JESUS
CRISTO, É POR ELA QUE DEVEMOS IR A ELE”.
44
SÃO FRANCISCO DE ASSIS E A
PAIXÃO DE CRISTO
Como sabemos, São Francisco de Assis é
um dos ícones místicos da Comunidade Face de
Cristo. São muitas as razões que inspiraram os
fundadores desse movimento carismático em
apegarem-se a este Santo homem, que não viveu
para si mesmo, mas para aquele que morreu
por todos nós. O fundador e coordenador dessa
Comunidade, em artigo na Revista da Família
Face de Cristo, explica:
“A nossa espiritualidade, o nosso
‘carisma’, o nosso jeito de ser tem muito a ver com Teresinha e Francisco. O
exemplo de família e Fraternidade que
aprendemos com eles”.
São Francisco com sua palavra e exemplo
propunha uma nova forma de vida, o caminho
da salvação, o amor a Deus. Estava permanentemente trabalhando para a construção espiritual
de seus filhos, mostrando o caminho das virtudes, a pobreza, a obediência, a castidade e com
a renúncia as coisas materiais.
A história de São Francisco de Assis não
cabe nas poucas páginas deste pequeno livro.
Recorrendo aos seus biógrafos e ao testemunho
dos que o conheceram e o amaram durante a
sua curta existência corporal, pode-se, mesmo
assim, delinear um perfil de sua vida religiosa e
missão na terra.
45
46
A vida de São Francisco é marcada por
muitas virtudes que, com iluminado espírito,
sempre desejou infundi-los nos seus filhos de comunidade. O ardor na busca devotada à Paixão
de Cristo, o amor fraternal ao próximo e os seus
gestos de humildade serão admirados ao longo
dos séculos por toda a humanidade.
Semelhante ao modo que Cristo recebia os
sofredores, São Francisco vivia entre os doentes,
desesperançados e pobres. Na verdade, São Francisco se identifica com os desempregados e necessitados. Realiza um grande esforço na direção da
partilha do que lhe é dado com aqueles que não
têm nada, fortificando suas faculdades espirituais. Doava-se com natural generosidade, como
se estivesse doando-se ao próprio Jesus. Amava
intensamente a Deus e ao próximo vivendo à
luz de uma fé profunda, que compartilhava com
todos ao seu redor. “Sua vida era de orações e
sacrifícios, para fundir-se com aquele que tanto
amava”, relata um dos seus irmãos seguidores.
Em verdade, São Francisco era um místico
em contato permanente com o plano espiritual.
Entregava-se em plenitude em direção ao Pai
que lhe dava a vida nos braços do Filho, que lhe
dava a substância intelectual através do verbo e
através do amor, e lançava-se em direção ao Espírito Santo que o iluminava permanentemente.
Veio ao mundo em Assis, velha cidade
da Itália, situada na região da Úmbria, em 26
de setembro de 1182. Foi criado no luxo e na
vaidade, pois seu pai Pedro Bernadone era um
rico comerciante de tecidos, que sonhava faze-lo
47
homem de negócios e de fortuna. Mas Francisco
pensava mais nas glórias do mundo do que nos
negócios.
Desejando consagrar-se cavaleiro, foi à
guerra entre sua Cidade natal e Perúsia, caindo
prisioneiro durante um ano. É resgatado pelo
pai, por estar muito doente.
Seu primeiro chamado Divino deu-se logo
que ele conseguiu restabelecer-se de grave doença. Estava caminhando fora da Cidade, quando
se encontrou com um leproso. Como tinha horror
dessa doença, quis afastar-se, mas por desígnio
da Divina Providência, manteve-se firme e dirigiu-se ao doente. Beijou-lhe as mãos e o rosto, em
demonstração de afeto e deu-lhe em generosidade
uma bolsa com moedas. Ao retirar-se, voltou-se
mais uma vez para a estranha pessoa, mas o homem havia desaparecido misteriosamente.
O segundo e definitivo chamado Divino
deu-se algum tempo depois, quando ele orava
na velha e abandonada capela de São Damião.
Frente a um crucifixo, repetia nesses momentos,
com muito fervor:
“Concedei-me Senhor, que Vos conheça, para poder agir sempre segundo a
vossa luz e de acordo com a vossa Santíssima vontade. Um dia pareceu ouvir
claramente: “Francisco, não vês que
minha casa está em ruínas? “Restaura-a para mim!””.
Pensando tratar-se da capela onde se encontrava, agiu imediatamente, gastando para
48
essa reforma o dinheiro que tinha em mãos de
seu pai. Acusado pelo genitor de furto, comparece ante o Bispo Dom Guido III para defender-se. Para livrar-se da delação paterna, devolve
publicamente ao pai tudo o que lhe pertence,
até a roupa que vestia. Declara-se, na ocasião,
servo de Deus e pede ao Bispo sua bênção, o
qual se torna doravante seu protetor. Veste-se
de eremita e começa a reconstrução do templo
de São Damião, ao tempo que passou a cuidar
dos leprosos.
Era o ano de 1206, e seis anos depois,
esta capela tornou-se o lar das Damas Pobres
de Santa Clara. Pedindo esmolas e com a ajuda
de outros jovens que se convertiam pelo seu
exemplo, restaurou a Igreja de Santa Maria de
Angelis e São Pietro.
No ano de 1208, numa missa de São Matias, é lido o Evangelho sobre a missão Apostólica, e como Nosso Senhor enviou seus discípulos
para pregar o Reino de Deus e a Penitência. A
partir desse momento, decide seguir a vida de
Jesus como pregador do Evangelho, mantendo
seu voto de pobreza. Desde então, tornou-se
apóstolo, pregando a paz e o amor, visando sarar
o ódio, o egoísmo e a inveja.
Com outros irmãos vai a Roma e consegue
do Papa Inocêncio III autorização para a criação
da ordem dos irmãos franciscanos. Passaram a
se caracterizar por suas túnicas humildes amarradas por um simples cordão que levam até hoje
três nós. São seus votos de: Pobreza, Obediência
e Castidade.
49
Por ocasião do Concílio de Latrão, em
1215, São Francisco encontrou-se em Roma com
Domingos de Gusmão, fundador dos Dominicanos. Os dois receberam do Papa Inocêncio III a
incumbência de um trabalho de evangelização
da Europa e outros continentes, para a glória de
Deus e salvação das almas.
No ano de 1221, é fundada a Ordem
Terceira com a nobre missão de renovar nas
consciências a honestidade dos costumes e os
sentimentos cristãos de paz e caridade. A Ordem
Terceira Franciscana era destinada a homens e
mulheres que, sem deserção da própria família
e sem renunciar às suas propriedades, pudessem
levar a todos os sentimentos cristãos. Vale lembrar que a ordem pioneira dos Frades Menores
tinha por missão o apostolado de seguir a pessoa
do nosso Senhor Jesus Cristo e de exemplo de
obediência para a Igreja. Por sua vez, a Ordem
Segunda das Pobres Damas (1212) tem como sacrifício a correção e o amor a Cristo no Claustro.
Por oportuno, é bom lembrar também
que São Francisco sempre foi um grande devoto
da Santíssima Virgem Maria, prestando-lhe
constante homenagem. Na verdade, foram os
Franciscanos os propagadores da devoção da
Imaculada Conceição, no ano de 1854.
Não se pode falar sobre a vida e a missão
de São Francisco de Assis sem fazer algumas
considerações sobre os sagrados santos estigmas.
No dia anterior à festa da santíssima Cruz,
do mês de setembro, estava São Francisco em
oração secretamente em sua cela. Apareceu-lhe,
50
mais uma vez, o anjo de Deus que nesta ocasião
lhe disse:
“Eu te conforto e aconselho a te preparares humildemente com toda paciência para receber o que Deus te quiser
fazer em ti”.
São Francisco respondeu
“eu estou preparado para suportar pacientemente tudo que o meu Senhor
quer me fazer”.
Dito isso, o Anjo foi embora. No dia seguinte, era o da santíssima Cruz. Muito cedo,
São Francisco pôs-se a orar em frente da porta
de sua cela:
“Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças antes de
morrer: a primeira que em vida eu
sinta na minha alma e no meu corpo,
quando for possível, a dor que tu,doce
Jesus, suportastes na hora da tua paixão. A segunda é que eu sinta no meu
coração, quando for possível, aquele amor sem medidas que tu, filho de
Deus, estavas incendiado para suportar, por querer, tamanha paixão por
nós pecadores”.
O Santo de Assis conseguiu essas duas graças. O Frei Leão, seu fiel companheiro e confessor,
contava que muitas vezes via São Francisco em
êxtase adorando a Deus em visões celestiais. O
51
próprio São Francisco falava a seus irmãos mais
próximos algumas das revelações que lhe eram
transmitidas por anjos celestiais. Em certa ocasião, já nos anos finais de sua vida terrena, São
Francisco pôde ver um “Serafim, com o rosto de
Nosso Senhor Jesus Cristo, todo resplandecente
de luz, que se lhe aproximou e marcou os estigmas da Paixão, transpassando-lhe os pés, as
mãos e o lado direito, imprimindo-lhe no corpo
os sagrados estigmas do Cristo”. São feridas que
se assemelham às marcas do próprio Jesus na
cruz. Isto foi em setembro de 1224.
A vida de São Francisco foi marcada por
árduos trabalhos e dedicação total aos pobres
e necessitados físicos e espiritualmente. Apesar
de seus sofrimentos pessoais, sempre agradecia
a Deus porque se considerava uma pessoa feliz
e recebedora de muitas graças.
São Francisco passou desta vida no ano
de 1226, no dia 4 de outubro, num sábado, e foi
sepultado no domingo. Era o vigésimo ano de
sua conversão, e o segundo depois da impressão
dos sagrados estigmas. Estava no quadragésimo
quinto ano do seu nascimento. Para louvor de
Jesus Cristo e do pobrezinho Francisco.
São Francisco foi canonizado em mil duzentos e vinte e oito, pelo Papa Gregório IX, que
foi pessoalmente a Assis para essa consagração.
Dois anos depois, seu corpo foi trasladado para
a Basílica erguida em sua reverência, em Assis.
52
ATO DE OFERECIMENTO
Ao amor misericordioso de Deus,
composto por Santa Teresa do Menino Jesus.
(Santa Teresa do Menino Jesus trazia-o dia e noite sobre seu
coração, no livro dos Santos Evangelhos)

J.M.J.T.
Oferecimento de mim mesma, como vítima de holocausto
ao amor misericordioso de Deus.
Ó meu Deus, Trindade bem-aventurada,
desejo amar-vos e fazer-vos amar, trabalhar para
a glorificação da Santa Igreja, salvando as almas
que estão sobre a terra e libertando as que sofrem
no purgatório. Desejo cumprir perfeitamente
vossa vontade e chegar ao grau de glória que
me preparastes, em vosso reino, numa palavra,
desejo ser santa, mas sinto minha impotência e
vos peço, ó meu Deus! sejais vós mesmo minha
santidade.
Pois que me amastes, a ponto de dar-me
vosso Filho único para meu salvador e meu
esposo, os tesouros infinitos de seus méritos são
meus; eu vo-los ofereço com alegria, suplicando-vos que me olheis através da face de Jesus e em
seu coração, ardente de amor.
Ofereço-vos ainda todos os méritos dos
santos (que estão no céu e sobre a terra), seus atos
53
de amor e os dos santos anjos, enfim ofereço-vos,
ó bem-aventurada Trindade! o amor e os méritos
da Santíssima Virgem, minha Mãe querida; é a
ela que abandono minha oferta, suplicando-lhe que vo-la apresente. Seu divino Filho, meu
esposo bem-amado, nos dias de sua vida mortal
disse: “Tudo o que perdirdes a meu Pai em meu
nome ele vo-lo dará!”(1). Portanto, estou certa de
que atendereis a meus desejos, eu o sei ó meu
Deus! (quanto mais desejais dar), tanto mais fazeis
desejar(2). Sinto em meu coração desejos imensos
e é com confiança que vos peço vir tomar posse
de minha alma. Ah! não posso receber a santa
Comunhão tão freqüentemente quanto desejo,
mas, Senhor não sois onipotente?... Ficai, pois,
como no tabernáculo, não vos afasteis de vossa
hostiazinha...
Gostaria de consolar-vos da ingratidão
dos maus. Suplico-vos tirar-me a liberdade de
vos desagradar; se por fraqueza cair alguma
vez, que logo vosso divino olhar purifique minha
alma consumindo todas as imperfeições, como
o fogo transforma todas as coisas em si...
Agradeço-vos, ó meu Deus! todas as graças que me concedestes em particular e de me
ter feito passar pelo cadinho do sofrimento. É
com júbilo que vos contemplarei no último dia,
empunhando o cetro da cruz, pois que vos dignastes fazer-me partilhar desta cruz tão preciosa;
espero no céu assemelhar-me a vós e ver brilhar
(1)
(2)
Jo XIV, 23.
São João da Cruz – Carta XI à Madre Elconora de São
Gabriel.
54
em meu corpo glorificado os sagrados estigmas
de vossa paixão...
Após o exílio da terra, espero ir gozar de
vós na Pátria, mas não quero acumular méritos
para o céu. Desejo trabalhar só por amor, com
o único fim de vos agradar, de consolar vosso
Sagrado Coração e salvar almas que vos amem
eternamente.
Na tarde desta vida, comparecerei perante vós, com as mãos vazias, pois não vos peço,
Senhor, contar minhas obras. Toda nossa justiça é manchada a vossos olhos(3). Quero, pois,
revestir-me de vossa própria justiça e receber de
vosso amor a posse eterna de vós mesmo. Não
quero outro trono e outra coroa senão vós, ó meu
Bem-amado!...
O tempo é nada a vossos olhos, um só
dia é como mil (4). Vós podeis, pois, num instante
preparar-me para comparecer perante vós...
A fim de viver num ato de perfeito amor,
OFEREÇO-ME COMO VÍTIMA DE HOLOCAUSTO
A VOSSO AMOR MISERICORDIOSO, suplicando-vos me consumais sem cessar, deixando transbordar em minha alma as ondas de ternura
infinita que em vós estão encerradas, e que assim
eu me torne, Ó meu Deus, mártir de vosso amor!...
Que esse martírio, após ter-me preparado
para comparecer perante vós, faça-me afinal
morrer e que minha alma se precipite sem tardar
no eterno abraço de vosso amor misericordioso...
(3)
(4)
Isaías, LXIV, 5.
Cant V, 2.
55
Quero, ó meu Bem-amado, a cada palpitar
de meu coração, renovar-vos este oferecimento
um número infinito de vezes, até que, dissipadas
as sombras(5), possa repetir-vos o meu amor no
eterno face a face!
Maria Francisca Teresa do Menino Jesus
e da Santa Face
rel. carm. Ind.
Festa da Santíssima Trindade
9 de junho, do ano da graça de 1895.
Indulgências concedidas perpetuamente à
recitação do Ato de Oferecimento composto por
Santa Teresa do Menino Jesus:
1 – Uma indulgência parcial de três anos,
todas as vezes que os fiéis recitarem com coração contrito e com devoção, a oferta acima, ao
menos a partir das palavras: “A fim de viver num
ato de perfeito amor...” até o fim.
2 – Uma indulgência plenária, cada mês,
nas condições ordinárias, a quem tiver recitado
este ato todos os dias do mês.
(Dado em Roma, na Sagrada Penitenciária, 31 de julho de 1923 e 23 de dezembro de
1935).
(5)
Isaías, LIII, 3.
56
Consagração à Santa Face
(composta para o Noviciado)
Ó face adorável de Jesus! já que vos dignastes escolher particularmente nossas almas para
vos dar a elas, nós vo-las consagramos.
Parece-nos, ó Jesus, ouvir-vos dizer: “Abri-me, minhas irmãs, minhas esposas bem-amadas,
pois minha face está coberta de orvalho e meus
cabelos estão úmidos pelas gotas da noite(6). Nossas
almas compreendem vossa linguagem de amor,
queremos enxugar vosso doce rosto’ e consolar-vos do esquecimento dos maus. A seus olhos,
sois ainda como escondido... consideram-vos como
um objeto de desprezo! (7)
Ó face mais bela que os lírios e as rosas da
primavera! não estais oculta a nossos olhos! As
lágrimas que velam vosso divino olhar aparecem-nos como diamantes preciosos que desejamos
recolher para, com seu valor infinito, comprar
as almas de nossos irmãos.
Ouvimos a queixa amorosa de vossos lábios adoráveis. Compreendendo que a sede que
vos consome é uma sede de amor, desejaríamos
possuir um amor infinito para vos desalterar!
Esposo bem-amado de nossas almas! Se
tivéssemos o amor de todos os corações, todo esse
amor seria vosso... Pois bem; dai-nos esse amor, e
vinde saciar vossa sede em vossas esposazinhas...
Almas, Senhor, dai-nos almas! Sobretudo
almas de apóstolos e de mártires, para que, por
(6)
(7)
Canl V, 2.
Isaías. LIII, 3.
57
elas, inflamemos de vosso amor a multidão dos
pobres pecadores.
Ó face adorável, havemos de obter de vós
essa graça. Esquecendo nosso exílio, às margens
dos rios da Babilônia, cantaremos as mais doces
melodias aos vossos ouvidos. E porque sois a verdadeira, a única pátria de nossas almas; nossos
cânticos não serão cantados em terra estrangeira (8).
Ó face querida de Jesus! esperando o dia
eterno, em que contemplaremos vossa glória infinita, nosso único desejo, é encantar vossos olhos
divinos escondendo também nossa face, a fim de
que nesta terra ninguém nos possa reconhecer...
Vosso olhar velado é nosso céu, ó Jesus! ...
(8)
SI CXXXVI, 4.
58
CONSAGRAÇÃO À SAGRADA FACE
Ó meu bom Jesus que quereis salvar o mundo de
hoje com aquele infinito amor com que
foi criado e redimido,
incluí-me também dentre aqueles
que querem trabalhar pelo triunfo do Vosso
reino de amor na terra.
Recebei para esse fim a total entrega de todo o
meu ser. Disponde de mim.
Quero difundir a imagem da Vossa Divina
Face, para que em todas as almas
a Vossa imagem se renove.
Jesus, operai milagres de conversão.
Chamai apóstolos para esta nova era,
que por sua vez se encarreguem desta nova
missão.
Que as ondas do Vosso misericordioso amor
se espalhem sobre o mundo inteiro
e afundando e destruindo os males,
renovem a terra, e façam os homens,
ao sentirem os seus corações
tomados de caridade,
voltarem a viver o Santo Evangelho
à luz deste sol que é a VOSSA FACE.
Amém.
59
A MEDALHA DA SANTA FACE
Em maio de 1938, a irmã Maria Pierina,
estando em oração, apareceu-lhe sobre o altar,
numa esfera de luz, uma Senhora que tinha na
mão um escapulário. De um lado, viu a imagem da Sagrada Face de Jesus, com as palavras:
Illumina, Domine, Vultum Tuum super nos! ( Fazei
resplandecer sobre nós, Senhor, a Vossa Face). (Sl
66). No outro lado uma Hóstia, cercada de raios,
com as seguintes palavras em volta: Mane nobiscum, Domine! (Ficai conosco, Senhor) (Luc. 24,29)
Esta Senhora disse-lhe, também: “ Escuta
bem e transmiti ao teu Padre Confessor que
“ este escapulário é uma arma de defesa, um
escudo de fortaleza, um penhor de misericórdia
que Jesus quer dar ao mundo, neste tempos de
sensualidade, e de ódio contra Deus e a Igreja.
Os verdadeiros apóstolos são poucos. É necessário
um remédio divino e este remédio é a Sagrada
Face de Jesus. Todos aqueles que trouxerem um
escapulário como este e fizerem, sendo-lhe possível, uma visita cada Terça-feira ao Santíssimo
Sacramento, para reparar os ultrajes que recebeu
a Face de meu Filho durante a sua Paixão e que
recebe cada dia o Sacramento Eucarístico, serão
fortificados na Fé, estarão prontos para defendê-la e hão de superar todas as dificuldades interna
e externas. E, além disso, terão uma morte serena
sob o olhar de meu Filho divino”.
Em nova aparição, Jesus disse-lhe: (dentre
outras mensagens quanta ingratidão por parte
60
daqueles que dizem que Me amam) “Quero que
minha Face seja venerada, particularmente nas
Terças-feiras”.
A madre Maria Pierina, devido a muitas
dificuldades surgidas, terminou idealizando uma
substituição do escapulário por uma medalha.
Para essa finalidade contou com a colaboração
do fotógrafo Bruner, que lhe deu licença de
cunhar medalhas reproduzindo a imagem do
Santo Sudário de Turim. Em 1940, recebeu autorização da Cúria de Milão, que até então era
proibido. Em nova aparição, a Santíssima Virgem disse-lhe: “ Minha filha, não te preocupes,
pois o escapulário é substituído pela medalha,
com as mesmas promessas e favores. Só resta
difundi-la mais ainda”. Finalmente, a medalha
foi cunhada sendo a primeira para o Santo Padre
o Papa, então reinante. Madre Maria Pierina
faleceu em 26 de junho de 1945.
Para merecer as graças da medalha da
Sagrada Face, é preciso trazê-la, e rezar cada
dia cinco vezes Glória ao Pai... em honra da
DIVINA FACE.
61
O CARISMA DA COMUNIDADE FACE
DE CRISTO DO CEARÁ E DO CANADÁ
A comunidade, ou Associação Face de Cristo, sediada em Fortaleza, foi fundada no início
da década de 80, por membros que participaram
de um Seminário de Vida no Espírito Santo. Deste
Seminário teve origem o Grupo de Oração Face
de Cristo, célula primeira da nova comunidade.
O objetivo era reunir casais cristãos da
Renovação Carismática. A espiritualidade dessa
Comunidade é fundamentada na fé em Deus
como Criador, Jesus Cristo com único Salvador
e o Espírito Santo como Santificador, conforme
consta da Santa Escritura.
Os membros da Comunidade Face de
Cristo “reconhecem, proclamam, e amam a
Igreja Católica, Apostólica, Romana, como sacramento de Jesus no mundo, a qual obedecem
e seguem os seus ensinamentos e orientação”. A
base do compromisso dessa Associação é a Família, como unidade da Igreja, e o matrimônio
como imagem da Trindade. Essa unidade reflete
o amor de Deus por seus filhos, e do Cristo pela
Igreja, e o amor que deve existir entre os homens,
amando cada cônjuge um ao outro na mesma
união indissolúvel.
Conforme proclamam também os documentos dessa Associação, o próprio nome Face
de Cristo, biblicamente revela o Ser de Deus, o Ser
da Trindade, ou seja o próprio Deus! Em outras
palavras, inspirada na unidade, “A Comunidade
62
Face de Cristo tem a vocação de amar, testemunhar e ajudar os casais a viverem o testemunho
da Trindade”.
A Comunidade Face de Cristo tem como
seu referencial místico: Santa Teresinha do
Menino Jesus e da Santa Face de Cristo, e São
Francisco de Assis. Na vida diária de oração e
devoção dos membros e freqüentadores dessa
Comunidade, observa-se, como seria natural,
uma presença permanente de Nossa Senhora.
Quer tendo como referência Nossa Senhora do
Carmo, quer como Nossa Senhora do Rosário de
Fátima. Sobre esse culto especial, cabe aludir o
que diz a Carta Encíclica do papa João Paulo II
(A Mãe do Redentor):
“A espiritualidade mariana, assim
como a devoção correspondente, tem
uma riquíssima fonte na experiência
histórica das diversas comunidades
cristãs que vivem no seio dos vários
povos, nações, e sobre toda a face da
terra”.
No tocante à Associação Santa Face de
Jesus, do Canadá, tenho a relembrar que este
opúsculo de certo modo teve origem na descoberta que fiz desta Comunidade com sede em
Montreal (Québec), quando me encontrava em
visita àquele país.
Depois de muitos anos desse ocorrido, meu
espírito suscitou rememorar e buscar conhecer
melhor tal iniciativa, muito semelhante a nossa
Comunidade aqui de Fortaleza. Assim, através
63
de correspondência, tomei conhecimento do
importante papel de evangelização e devoção
que tal Comunidade desenvolve no Canadá, nos
Estados Unidos e em muitos outros países com
os quais mantém relacionamento.
Para promover o seu objetivo, a Associação Santa Face de Jesus foi criada em Montreal
em maio de 1976. O seu apostolado básico é a
reparação de Deus (Pai, Filho e Espírito Santo),
através da devoção, da contemplação da Santa
Face, e da difusão em todo o mundo das estampas (reprodução do Santo Sudário) das medalhas
(comentado em outro item desse documento) e
publicações. Trata-se, neste particular, de um
trabalho de catequese e ensinamentos sobre os
fundamentos dessa devoção, para que a Santa
Face seja conhecida e amada por todas as gerações de hoje e para sempre.
Segundo os dirigentes dessa instituição
religiosa, o apostolado professado, relembra as
palavras de São Paulo “que Cristo Crucificado
deve ser proclamado”. Isto não é, portanto, uma
devoção mais ou menos: é um apelo de Deus.
A mensagem difundida sobre a finalidade da
Associação Santa Face de Jesus é uma busca
de profundo amor, honra e glória de Deus e
completa vida dos homens. Especificamente,
a proposta orante é: 1) Para humildemente
oferecer reparação à Santa Face de Cristo pelos
sacrilégios, ultrajes e indiferenças pelos quais
Ele é ofendido; 2) Para promover as vocações
sacerdotais e consagrar-se a vida religiosa pelas
orações das santas horas, por sacrifícios pessoais
64
e atos de caridade; 3) Na ação de graça diária
pelo amor santo da Trindade e de Jesus, que deu
sua vida por nós, sofrendo e morrendo na cruz;
4) Para obter o consolo e fazer a reparação da
Santa Face e salvação das almas; 5) Para nossas
santificações pessoais, que através da Santa Face
de Jesus possamos conseguir a salvação eterna.
Acredito que é inspirador para nós, da
Comunidade Face de Cristo de Fortaleza, as
condições estabelecidas para os participantes da
Associação canadense, as quais são: 1) Usar a
medalha da Santa Face ou escapulário da Santa
Face; 2) Conservar a estampa da Santa Face de
Cristo na casa e colocá-la na Igreja. Também,
se possível, dedicar uma hora de reparação da
Santa Face; 3) Receber o Sacramento da Reconciliação (confissão); 4) Fazer, na terça feira, reparação diante do Abençoado Sacramento, por
um período de mais ou menos quinze minutos:
e, quando possível, dedicar algum tempo diante
do quadro da Santa Face. 5) Fazer preces diárias
da Santa Face ou fazer constantes invocações;
6) Esforçar-se para viver na graça do Senhor,
o qual é a vida de amor de Deus; 7) Assistir no
domingo a Santa Missa e receber o sacramento
de acordo com os ensinamentos da Igreja; 8)
Também ver a Face de Cristo na face das pessoas
que encontramos todos os dias, especialmente os
mais pobre e necessitados, e acreditar em Jesus,
filho de Deus ressuscitado.
65
REFLEXÕES SOBRE A FAMÍLIA
CRISTÃ
A comunidade Face de Cristo tem como
uma de suas missões a evangelização e defesa da
família no mundo atual. Em um momento em
que essa instituição é objeto de muitas forças que
tratam de destruí-Ia ou deformá-la, é providencial essa iniciativa de trabalhar pela vitalidade
e promoção da família cristã.
Na verdade, são preocupantes os sinais de
desagregação de alguns valores fundamentais
que orientam a organização da unidade familiar
contemporânea. Propaga-se a concepção doutrinária e prática da independência dos cônjuges
entre si, e uma ambigüidade acerca das relações
de autoridade entre os pais e os filhos, que está
corroendo o núcleo familiar. É cada vez maior
o número de divórcios e separações dos casais,
o recurso ao aborto, enquanto a esterilização é
considerada com naturalidade. Vivemos num
mundo com grande pressão dos meios de comunicação social, que negam o inestimável valor
da indissolubilidade e fidelidade matrimonial,
como um dos valores mais preciosos dos casais
do nosso tempo.
Infelizmente, muitos fiéis nem sempre hão
sabido se manter imunes desses valores contrários à construção de um autêntico humanismo
familiar. No presente artigo, quereria tratar de
algumas questões sobre a família, especialmente
motivado pelas comemorações do Natal, que é
66
uma festa da família, pela família com a família,
como lembrava o saudoso Papa João Paulo II.
Além disso, a Bíblia e o Catecismo da Igreja Católica e os documentos dos Santos Padres dão a
base para uma reflexão sobre o papel da família
na vida dos povos.
A família tem início, como sabemos, na
comunhão conjugal, ou na aliança, na qual o
homem e a mulher mutuamente se dão e recebem um ao outro. O livro do Gênesis afirma que:
“o homem deixará o pai e a mãe para se unir à
sua mulher, e os dois serão uma só carne” (Gn.
2,24). O Filho de Deus fez-me homem e escolheu
uma família: Maria e José. Ou seja, a família foi
sempre considerada na história da humanidade
como a primeira e fundamental expressão da
natureza social do homem. (Familiaris consortio, João Paulo II). A família é também uma
comunidade de pessoas” a menor célula social;
e como tal é uma instituição fundamental para
a vida de cada sociedade.
Compreende-se, assim, a razão por que
a Igreja defende vigorosamente a identidade
da família e incita às instituições competentes,
especialmente as responsáveis pela política, bem
como as organizações internacionais, a não
cederem à tentação de reduzirem a dimensão
social da família, respeitando suas convicções
morais e religiosas (Catecismo da Igreja, 1993).
O Estado, entretanto, não pode dispor
arbitrariamente da família como se ela lhe
pertencesse ou interferir nos aspectos fundamentais que lhe dizem respeito, como propõe a
67
ideologia marxista ou outras doutrinas baseadas
no materialismo histórico. A missão do Estado,
contrariamente, é defender e dignificar as famílias e respeitar os seus direitos essenciais, tutelar
o direto dos seus membros e dotar as famílias
mais pobres de condições para que possam viver
dignamente. O Compêndio da Doutrina Social
da Igreja ensina nesse particular: “O serviço da
sociedade à família se concretiza no reconhecimento, no respeito e na promoção dos direitos da
família”. Acreditamos que as causas originais de
muitos dos problemas que afetam a estabilidade
das famílias no mundo atual, estão ligadas a
essa questão.
A família cristã é uma vocação de Deus e
vivê-la de modo responsável é um serviço que
presta ao projeto Divino. (Humanae vitae, Paulo VI). Não se pode viver a vida dignamente se
ela não se orienta para uma forma estável de
compromisso de amor, fé e piedade. Os membros
da família, cada uma segundo seu próprio dom,
tem a graça e a responsabilidade de construir a
comunhão das pessoas, fazendo da família uma
escola de humanidade mais completa e mais
rica, como têm afirmado os Bispos Sinodais.
A experiência histórica demonstra que a
família coerente é importante para o homem,
que nela nasce e se forma. A família está no centro de todos esses problemas e tarefas. Relegá-la
a um papel subalterno e secundário, excluí-la da
posição que lhe compete na sociedade. Significa
isso causar um grande dano ao autêntico pensamento de justiça no campo social.
68
Nossa reflexão leva à conclusão de que
é preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como
sociedade primordial e soberana. Os Padres da
Igreja, no discurso da tradição cristã, falam da
família como “pequena Igreja”. Na verdade, um
dos campos onde a família é insubstituível é no
ensino da religião, da moral, e na construção
de vínculos de solidariedade. Uma existência
verdadeiramente salutar e espiritualmente forte
é sempre composta por famílias.
De um modo simples, entendemos que
Deus criou o homem e a mulher e, assim, do casal nasceu a família. Em suma, a família é uma
comunidade de pessoas, fundada e vivenciada
pelo amor. Na Encíclica Redemptor hominis,
o Papa João Paulo II afirma: “O homem não
pode viver sem o amor”. A comunhão conjugal
se concretiza não só por sua indissolubilidade,
como doação mútua das pessoas. Os membros
da família, cada um segundo os seus dons, têm
a graça e a responsabilidade de construir a comunidade das pessoas, fazendo da família uma
escola de humanidade e de vida cristã.
Com essas singelas reflexões, rezemos pelas famílias de todo o mundo, inclusive pelas da
nossa Comunidade Face de Cristo. No final da
“Carta às Famílias” João Paulo II (1994), escreveu: “Maria, Mãe do belo amor, e José, guarda
do Redentor, nos acompanhe a todos com sua
incessante proteção!” Amém.
69
A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA
CATÓLICA E A IGREJA
O Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de
Estado do Vaticano, foi portador de mensagem
que acompanhou a Bênção Apostólica do Santo
Padre Bento XVI ao XXXVIII Congresso Nacional da Renovação Carismática (Rinnovamento
nello Spirito), reunido na localidade de Rimini
(22-25/04/2005), com a participação de 25 mil
pessoas. São bispos, sacerdotes que acompanham os grupos do movimento, e fiéis de todas
as partes da Itália e de outros países.
A referida carta recorda que o saudoso
Papa João Paulo II guiou com grande solicitude
o caminho dos movimentos, das associações e
das comunidades eclesiais, como homem de fé
e cheio do Espírito Santo. Sua Santidade Bento
XVI, afirma o Cardeal Sodano, deseja prosseguir
este serviço “Com paternal afeto, a fim de que os
dons que o Senhor dispensa à sua Igreja sejam
plenamente valorizados e orientados no melhor
dos modos para a edificação do corpo de Cristo
que é a Igreja”.
O novo Papa assegurou ao Encontro do
Movimento Carismático “uma especial recordação na oração, invocando a celeste intercessão
de Maria Santíssima para que, como na primeira
comunidade reunida no Cenáculo, presidisse
através da oração de uma renovada efusão do
Paráclito”.
70
Essa manifestação pública do novo Papa
é oportuna para dirimir dúvidas e comentários
infundados de que Bento XVI não iria continuar
dando o efusivo apoio que João Paulo II sempre proporcionou ao movimento durante todo
o seu magistério no Vaticano. É bom lembrar
que a Renovação Carismática Católica surgiu
em 1967, nos Estados Unidos, (Pensilvânia) e se
difundiu rapidamente por todo o mundo, com o
chamamento de viver com fervor o Sacramento
da Eucaristia, na unidade do corpo de Cristo, que
é a Santa Igreja.
A Renovação Carismática Católica emergiu como conseqüência do Concílio Ecumênico
Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII em
junho de 1959, e encerrado em dezembro de 1965
pelo Papa Paulo VI. Esse fenômeno religioso da
comunidade cristã teve início no Brasil em 1970
numa iniciativa pioneira do jesuíta Haroldo
Hahm, que fazia muitos encontros com jovens.
Foi, no entanto, com o apoio do Papa João
Paulo II que esse movimento laico teve o seu
grande desenvolvimento em todo o país. Diante
da falta de padres, em vista do crescimento da
população, a finalidade era criar comunidades
de leigos, subordinada a uma paróquia, que
cultivasse a vida cristã através da oração, leitura
da Bíblia, reflexão e auxílio mútuo. O trabalho
pastoral ocorre hoje em pelo menos 268 dioceses no Brasil, evangelizando 60 mil grupos de
oração, com a participação de oito milhões de
fiéis engajados. Nos eventos de missas diárias
em suas comunidades e encontros eventuais de
71
pregadores (sacerdotes e leigos) acorrem milhares de pessoas. Atualmente, segundo a Agência
de informações do próprio Vaticano, mais de 100
milhões compartilham a vivência da Renovação
Carismática Católica, em 150 países. O movimento conta com um Conselho Internacional
reconhecido pelo Conselho Pontifico para os
Leigos (Vaticano), atualmente presidido pelo
arcebispo Stanislaw Rylko. No tocante a cada
país, prevalece semelhante modalidade de organização do movimento.
Papas Paulo VI e João Paulo II
Os Santos Padres reconhecem que a missão
da Renovação Carismática Católica é buscar a
renovação espiritual na Igreja, em comunhão
com os seus pastores; evangelizar com renovado ardor missionário e formar, em santidade e
serviço o Povo de Deus, a partir do Batismo no
Espírito Santo.
O Papa Paulo VI, por exemplo, muito
incentivou a renovação Carismática Católica.
Seu apoio oficial ocorreu pela primeira vez durante uma audiência realizada em outubro de
1973, durante um Congresso do Movimento. Na
ocasião, o Santo Padre destacou com alegria a
renovação espiritual manifestada através: do
gosto pela oração pessoal e comunitária, uma
disponibilidade às inspirações do Espírito Santo,
e a vontade de prestar uma colaboração aos
serviços da Igreja. Diante destes fermentos de
renovação, disse o Papa: “É particularmente
72
oportuno recordar que a vida dos fiéis está sob
a responsabilidade pastoral ativa de cada bispo
em sua própria diocese”.
Um ano depois, Paulo VI em outra audiência, em outubro de 1974, ao dar sua bênção
apostólica durante um congresso do movimento,
destacou o sopro vital da graça em um novo
Pentecostes. Afirmou na oportunidade: “Que
quer dizer carismas? Quer dizer dons, quer dizer
urna graça. São graças particulares dadas de um
para o outro, para que haja o bem”.
Em nova audiência, em 19 de maio de
1975, durante a realização do III Congresso
Internacional da RCC (Roma), o Santo Papa
voltou a falar da ação do Espírito Santo na Igreja, a Doutrina de São Paulo sobre os carismas e
discorreu sobre como todos os dons do Espírito
se ordenaram para o amor.
Finaliza dizendo: “Com a ajuda do Senhor,
contando com a intercessão de Maria, Mãe da
Igreja, e em comunhão de fé, de caridade e
de apostolado com os vossos pastores, estareis
seguro de não vos equivocar. Desta forma, contribuireis da vossa parte para a renovação da
Igreja, que é a renovação do mundo”.
Por sua vez, o Papa João Paulo II aprovou
firmemente todas as iniciativas da Renovação
Carismática Católica até o seu falecimento
em abril de 2005. Destaco aqui, no entanto, os
pronunciamentos dele em momentos históricos
desse movimento, como ocorreu na audiência
aos representantes do movimento, em 11 de
dezembro de 1979. Nessa ocasião disse o Papa:
73
“Estou convencido de que esse movimento é um
importante componente dessa total renovação
da Igreja, dessa renovação espiritual da Igreja”
Na audiência ao IV Congresso Internacional da
RCC, em maio de 1981, diante de milhares de
participantes de todo o mundo: “Santa Mulher
Maria, mãe de nosso Deus e mãe nossa sempre
obediente ao impulso do Espírito Santo, é a quem
devo confiar a vossa importante obra para a
renovação da Igreja e na Igreja”.
“O surgimento da Renovação Carismática
Católica, depois do Concílio Vaticano II, foi um
dom especial do Espírito Santo à Igreja” (palavras dirigidas ao Conselho Nacional, em março
de 1992).
Tradição Católica e Renovação
Carismática
A Renovação Carismática Católica reconhece o papel único da experiência do Espírito
Santo nas comunidades do Novo Testamento.
Mas não quer promover o retorno simplista do
que ocorreu na Igreja dos Atos dos Apóstolos. Seu
desejo é continuar a tradição católica que chama
todos os homens à conversão e à renovação.
O poder do Espírito Santo se manifesta nos
diversos dons e não se trata de uma mera interiorização e individualismo, mas uma valorização
da hierarquia do ministério episcopal.
Os principais efeitos da Renovação Carismática Católica manifestada em sua missão
evangelizadora são quanto ao dom e experiência
74
do Espírito Santo, conversão profunda e desejo
de santidade, valorização do ministério do Santo
Padre e dos bispos, presbíteros e diáconos. O recebimento de carismas para uma evangelização
poderosa a serviço da Igreja e o descobrimento
da Palavra de Deus nas Escrituras se junta à
compreensão da Santíssima Virgem mãe de
Deus e da Igreja. Além disso, o movimento está
engajado na participação de uma vida litúrgica
profunda e alegre, centralizada na Eucaristia,
na formação de grupos de oração e formação
de ministérios sociais e comunitários.
É motivo de renovação do ardor missionário dos integrantes desse movimento, as palavras
do Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Dom José
Carlos de Lino Paz, no momento da consagração
à Virgem Maria, do plano de ação no Brasil.
“Consciente da nossa pobreza e da nossa capacidade humana para poder responder ao apelo
do Espírito Santo a Vós, Virgem Santíssima, recorremos, suplicando vossa solicitude maternal
e consagrando inteiramente a vós o que somos
e o que queremos ser nessa Ofensiva Nacional
da Renovação Carismática Católica do Brasil”.
Todo esse quadro sobre a RCC leva-nos ao
que comenta o Cardeal vietnamita Francis Van
Thuan, em seu livro Testemunhos da Esperança, falando sobre o Espírito Santo na vida da
Igreja, especialmente no tocante ao Jubileu do
ano 2000. Pergunta o saudoso Cardeal: “Não é
verdade que assistimos com admiração a um
novo Pentecoste? Hoje, talvez mais do que nunca, vemos florescer a santidade nas atividades
75
tipicamente leigas (...) Novos carismas desabrocham na Igreja, quais autênticos dons do
Espírito, fazendo com que o Evangelho floresça
de novo no mundo de hoje”.
Como resultado do Encontro Episcopal
Latino-Americano em La Ceja (Colômbia), em
1987, os cento e nove Arcebispos, Bispos e Prelados de quase todos os países desse Continente,
foi preparado um importante documento onde
é declarado que “Estamos convencidos de que
a renovação dos homens e conseqüentemente
da sociedade dependerá, em primeiro lugar, da
ação do Espírito Santo”. Analisando a questão
teológica, e os frutos desse movimento, os participantes desse evento afirmam que a discreta,
porém maravilhosa, ação da Renovação Carismática Católica “nos anima a apreciá-la e a
promovê-la diligentemente”. A fundamentação
teológica da renovação está também no Mistério Trinitário e no amor à palavra de Deus e na
devoção Mariana. A Renovação Carismática
Católica dedica um grande apreço pela vida
Sacramental e por toda a celebração litúrgica:
“Por ser esta uma obra de Cristo Sacerdotal e de
seu Corpo, que é a Igreja” (S.C. nº 43) ou seja,
hoje a RCC não é apenas um movimento, como
foi denominado no seu início, mas é, na verdade,
autêntica Igreja.
76
INVOCAÇÕES
1. Jesus, cuja Face foi adorada com profundo
respeito por Maria Santíssima e por São
José quando a viram pela primeira vez;
Tende piedade de nós!
2. Jesus, cuja Face adorável está oculta na
Sagrada Eucaristia:
Tende piedade de nós.
3. Jesus, cuja Face adorável é obra do Espírito
Santo e espelho do Eterno Pai;
4. Jesus, cuja Face adorável apazigua a cólera
de Deus;
5. Jesus, cuja Face adorável é tesouro de graças e louvores;
6. Jesus, cuja Face adorável foi inundada de
suor e sangue;
7. Jesus, cuja Face adorável foi banhada por
lágrimas e sangue;
8. Jesus, cuja Face adorável se tornou irradiante de brilhante luz no momento da
Ascensão;
9. Jesus, cuja Face adorável encherá os corações de alegria durante toda a eternidade;
77
10. Restaurai-nos, ó Senhor, mostrai-nos serena vossa Face e seremos salvos (Sl 79,4).
11. Feliz o povo que anda na luz da minha Face
(Sl 89)
Rezar todos as noites; três vezes o Pai Nosso,
a Ave Maria e a Glória ao Pai... contemplando
ao mesmo tempo a sua Divina Face ou portando
a sua medalha.
Bênção Litúrgica
O Senhor te abençoe e te guarde!
O Senhor te mostre a sua Face e conceda-te a sua graça!
O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a Paz!
(Num 6,24-26)
78
ORAÇÃO
(Em honra da Santa Face,
por Santa Teresa do Menino Jesus)
Ó Jesus, que na vossa Paixão vos tornastes
o opróbrio dos homens e o homem das dores(1),
eu adoro o vosso divino Rosto, onde resplandecia
a beleza e a doçura da divindade, convertido
agora para mim num rosto dum leproso! Mas
sob esses traços desfigurados reconheço o vosso
amor infinito e sinto-me abrasar no desejo de
amar-Vos e fazer-Vos amar de todos os homens.
As lágrimas que abundantemente correm dos
vossos olhos afiguram-se-me pérolas preciosas
que enternecidamente recolho, a fim de resgatar
com o seu valor infinito as almas dos pobres
pecadores.
Ó Jesus, cujo Rosto adorável é a única
beleza que seduz o meu coração, suplico-Vos
que deixeis imprimir em mim o Vosso divino
semblante e me abraseis no vosso amor, a fim
de que possa contemplar no céu o vosso Rosto
glorioso. Assim seja.
Palavras Preciosas
“Toda vez que alguém contemplar a minha Face derramarei o meu amor nos corações. E
por meio da minha Face obter-se-á a salvação de
(1)
Isaias, 53,3.
79
muitas almas” (N. Senhor à irmã Maria Pierina.
+ 1945 em Milão.)
“Esta Face é como o sêlo da Divindade que
tem o poder de reimprimir nas almas que a ela se
dedicam a imagem de Deus. Eu lhes concederei
uma contrição tão perfeita que mesmo os seus
pecados serão transformados diante de Mim em
jóias de ouro precioso” (N. Senhor à irmã M. de
S. Pedro. + 1848 em Tours).
80
PROMESSAS FEITAS POR NOSSO SENHOR
JESUS CRISTO ÀS ALMAS QUE HONRAREM A
SUA SANTA FACE
1. Eu lhes concederei uma contrição tão
perfeita que mesmo os seus pecados serão
transformados diante de mim, em jóias de
um precioso ouro.
2. Nem uma dessas pessoas será jamais separada de Mim.
3. Oferecendo a minha face a meu Pai, elas
abrandarão sua cólera, e conseguirão,
por um dom celeste, o perdão dos pobres
pecadores.
4. Abrirei Eu mesmo a boca para advogar ,
junto de meu Pai, todas as causas que elas
me apresentarem.
5. Eu as esclarecerei com a minha luz, as abrasarei em meu amor, as tornarei fecundas em
boas obras.
6. Elas enxugarão, como a Piedosa Verônica,
minha Face adorável que o pecado ultraja
e desfigura, e em compensação eu gravarei
meus traços divinos nas suas almas.
7. Em sua morte, eu renovarei nelas a imagem de Deus apagada pelo pecado.
8. Pela semelhança do meu rosto, elas brilharão mais do que muitos outros na vida
eterna e a claridade de minha Face as
cumulará de felicidade.
Estas promessas foram extraídas da obras
de Santa Gertrudes, de Santa Matilde e dos escritos da irmã Maria de S. Pedro.
81
NOVENA PERPÉTUA DO APOSTOLADO
DA SAGRADA FACE
OBS.: A Novena da Sagrada Face deve ser rezada todas as
terças-feiras às 15:00, na Igreja ou Capela de preferência
com o Santissimo exposto. Caso não possa, poderá fazê-la
nas casas, em qualquer dia, qualquer horário.
Ato de Adoração
(Para ser rezado às 3:00 horas da tarde)
Eu Vos adoro, meu Salvador Jesus Cristo,
expirando na cruz por meu amor. Eu Vos agradeço por terdes morrido para me resgatar.Eterno
Pai, eu Vos ofereço Vosso amado Filho, pendente
na Cruz, despido, dilacerado, traspassado de
espinhos e de cravos, desfalecido, padecente e
agonizante. Sim meu Deus, é Vosso amado Filho
que Vos ofereço neste lastimoso estado. Recebei
Seu divino sacrifício: aceitai esta oferta que vos
faço: é meu resgate, é o sangue de um Deus, é
a morte de um Deus : é o mesmo Deus que Vos
ofereço por prêmio e paga da minha dívida.
Eu Vo-lo ofereço, também, pelo alívio das
almas do purgatório, dos corações angustiados,
dos doentes, dos agonizantes, pela conversão dos
pecadores e perseverança dos justos e para Vos
pedir a graça de bem viver e morrer santamente.
V- Santa Paixão de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
V- Salvai-nos.
82
R- Sagrados Corações de Jesus e Maria
R- Protegei-nos.
Ó Maria Concebida sem pecado, rogai por
nós que recorremos a Vós.
Oração Diante do Santíssimo
Sacramento
Jesus Ressuscitado, eu creio que Vós estais
vivo diante dos meus olhos na Hóstia Consagrada. Creio também Jesus, no Vosso poder contra
toda espécie de mal, porque Vós vencestes com
Vossa Morte e Ressurreição, o pecado e a morte.
Vosso preciosíssimo Sangue derramado na cruz
está presente na Hóstia Santa. Eu creio, Jesus, e
clamo que este Sangue seja agora derramado
sobre mim e sobre todos os meus familiares. Eu
peço, Senhor Jesus, que, pelo poder libertador
e salvífico deste Sangue, possamos nos livrar
de toda opressão diabólica que possa estar prejudicando a nossa família. Peço também que
atendeis em especial, este pedido que eu agora
faço na Vossa presença: (apresente aqui o seu
pedido...) Eu, desde já, agradeço, confiante que
Vós me atendereis. Eu louvo ao Pai por ter Vos
dado nós, Jesus, como presente de Páscoa. Eu
agradeço de coração ao Espírito Santo que me
ilumina e me conduz nos momentos de sofrimento e de escuridão. Muito obrigado, Jesus,
meu Salvador e libertador. Reze um Pai Nosso,
uma Ave Maria e o Glória.
83
Novena
(Oração preparatória para todos os dias).
Senhor, eu procuro a Vossa Face! Não me
afronteis para longe dela por causa dos meus
pecados; não desvieis de mim o Vosso Santo
Espírito.
Fazei brilhar sobre mim a luz da Vossa
Face, instruí-me no caminho dos Vossos Mandamentos.
Eterno Pai, contemplai a Face do Vosso
Filho e por seus infinitos merecimentos concedei-me o ardente desejo de reparar as injúrias feitas
à Vossa Divina Majestade e a graça que desejo
alcançar nesta novena. Assim seja.
PRIMEIRO DIA
Ó! amorosíssimo Jesus! Não somente Vossa
palavra, mas também a expressão de Vossa Face
abrasada em amor, nos revelam, no cenáculo,
a veemência com que Vosso coração desejava a
hora de dar-nos a Eucaristia!
Inflamai meu coração de amor por este
sacramento adorável, visitando-o e recebendo-o
freqüentemente com a pureza dos anjos.
Consideração
Se Jesus me ama, se a Sua Face me procura,
o que me detém?...Que me pede, senão amor e
confiança?... Negar-lhe-ei?...
84
Virtude a praticar
Desprendei-vos, pelo menos de coração,
de todas as coisas da terra. Seja Jesus o vosso
tesouro.
Oração Final Para Todos os Dias
Deus Todo-Poderoso e misericordioso,
nós Vos suplicamos que, venerando a Face
Santíssima de Vosso Filho, desfigurada na Paixão por causa dos nossos pecados, mereçamos
contemplá-La eternamente no resplendor da
glória celeste. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso
Senhor. Assim seja.
SEGUNDO DIA
(Oração preparatória como no primeiro dia).
Oh! Vítima Divina; meu doce Jesus! Vossa
Face adorável, banhada em suor de sangue no
Getsêmani, me descobre a grandeza de Vossas
dores e a gravidade dos meus pecados; daí-me
a mim e a todos os pecadores um sincero arrependimento com firmíssimo propósito de nunca
mais pecar.
Consideração
Por toda a parte onde se mostrou sobre a
terra, a Sagrada Face abençoou, perdoou, curou e
fêz o bem... Jesus dirige o mundo com Seu olhar!
Eu O invoco; por que não serei atendido?
85
Virtude a praticar
Sede dócil às inspirações da graça. O olhar
de Jesus que vos solicita é uma graça; entregai-vos à Sua influência.
(Oração final para todos os dias).
TERCEIRO DIA
(Oração preparatória como no primeiro dia).
Oh! Meu amabilíssimo Jesus! Vossa Face
augusta e serena teve uma expressão de dor
imensa ao receber o beijo do traidor.
Dai-me a graça, eu Vos suplico, de participar de Vossa íntima aflição pelos sacrilégios que
cometem os que Vos recebem em pecado mortal
no Sacramento de amor, desagravando assim a
traição de Judas.
Consideração
Sim, eu sei, meu Redentor está vivo.
Esta mesma Face que eu contemplo hoje,
tão amargurada pela traição de um apóstolo
infiel, hei de contemplar um dia radiante de
graça e de esplendor.
E, se eu for fiel, assim a contemplarei por
toda a eternidade. Meu bom Jesus, mostrai-me a
Vossa Face.
Virtude a praticar
Fidelidade em observar os mandamentos
divinos.
“Falai Senhor, Vosso servo Vos escuta”.
(Oração final como no primeiro dia)
86
QUARTO DIA
(Idem como no terceiro dia)
Oh! meu dulcíssimo Jesus! Vossa Face de
infinita bondade foi objeto do mais vil insulto
infligido pela cruel mão de um servo em casa
de Anaz.
Assim Vos tratam, meu doce Salvador,
porque aborrecem Vossas palavras de justiça e
de caridade sem limites.
Não permitais que eu tome vingança aos
meus inimigos, mas que lhes perdoe sempre e
de todo o coração.
Consideração
Devo oferecer-me inteiramente a Deus,
para fazer só a Sua adorável vontade; farei esse
oferecimento em união com Jesus orando, a Face
contra a terra no jardim das Oliveiras.
Virtude a praticar
Fazei penitência; excitai-vos à contrição de
vossos pecados.Aceitai, em espírito de expiração,
as penas e as amarguras que a Deus aprouver
enviar-nos.
QUINTO DIA
Oh! Meu pacientíssimo Jesus! Na noite
tenebrosa de Vossa paixão, Vossa Face sacrossanta tornou-se semelhante à de um leproso!
Desprezos, escarros, bofetadas e injúrias sem
número desfiguraram Vosso formoso semblante!
87
Perdoai Senhor, ao Vosso povo ingrato que
com suas blasfêmias, sensualidade e crimes de
toda espécie, renovam tão horríveis afrontas
à Vossa Face augusta e veneranda! Perdoai,
Senhor.!
Consideração
Jesus tem os olhos cerrados para não ver
os meus pecados...
Continuarei nas minhas iniquidades ?...
Até quando afrontarei essa Face que pacientemente sofre e me espera?
Até quando?... Até quando?...
Virtude a praticar
Tende a coragem da fé, não temais o olhar
e a palavra dos homens, quando se tratar de um
dever a cumprir ou de uma falta a evitar.
SEXTO DIA
Soberano Rei e Salvador! A majestosa dignidade de Vossa Face, vilipendiada e coroada de
espinhos, proclamou solenemente Vossa realeza
sobre as nações, confirmada pela profética voz
de Pilatos diante do povo judaico ao dizer: “Eis
o vosso Rei”. Concedei-me, ó Rei da Glória, um
ardoroso zelo para propagar Vosso Reino, ainda
que seja à custa da minha vida.
Consideração
Acabrunhado sob o peso de minhas
iniqüidades, que farei diante de meu divino Rei?
88
Por que hesitas, minha alma?... Não é Ele o teu
Salvador?... Por acaso Sua Face não te contempla
com doçura e amor?
Cheia de confiança, prosta-te aos pés do teu
Jesus, dizendo-lhe de todo o coração: “Meu Senhor
e meu Rei! Eis aqui minha alma e meu corpo: eu
me ponho, inteiramente, sob o império de Vossa
Face ultrajada”.
Reinai sobre mim para sempre!
Virtude a praticar
Fazei morrer em vós, pela mortificação,
todos os desejos e movimentos aviltantes que
poderiam ofender a sagrada Face e renovar as
suas dores.
SÉTIMO DIA
Oh! Meu querido e generosíssimo Jesus!
Vossa Face de Deus-Homem se iluminou, subitamente, com os resplendores de um santo gozo,
ao estreitardes em Vossos braços a suspirada
cruz!
Dai-me coragem para tomar minha cruz e
seguir-Vos com ânimo constante e generoso até
o fim de minha vida.
Consideração
Se eu amo e me compadeço, verdadeiramente, dos ultrajes sofridos pela Face adorável
do meu Salvador, devo amar meus irmãos desgarrados e pedir a Deus que os converta.
89
Virtude a praticar
Que o zelo de reparação vos inflame!
Exercei-o por meio de comunhões, palavras e
exemplos, enfim, por todos os meios que à vista
do mal cometido deve inspirar-vos.
OITAVO DIA
Oh! Meu terníssimo Jesus! Qual não deve
ter sido a expressão de doçura da Vossa Face,
quando Verônica se aproximou de Vós para enxugá-la. Com que amorosa gratidão a contemplastes e qual não foi o seu assombro ao achar
impressa em seu véu a Vossa Face desfigurada,
mas cheia de amor!...
Fazei com que eu contemple, meu amado
Redentor, Vossa paixão com tanto amor e ternura
que os traços da Vossa Face fiquem gravados em
meu coração.
Consideração
Meditando no amor de Deus por mim,
que vejo estampado em Sua Face retalhada e
amortecida, ainda terei dificuldade em esquecer
os males que me causaram, em perdoar os que
me ofenderam, de qualquer maneira, em amar
sinceramente o meu próximo e pedir a salvação
para todos os homens?...
Virtude a praticar
Suportai pacientemente as injúrias e as
friezas do vosso próximo, aceitai o que elas têm
de penoso para o coração, em espírito de repaPedro Sisnando Leite
90
ração, por tudo o que Jesus sofreu em sua Face
adorável.
NONO DIA
Oh! Meu santíssimo e amado Jesus! Vossa
Face de reparador divino, coberta pelas sombras
da morte, aplacou a justiça do Eterno Pai, e
Vossas últimas palavras foram penhor seguro
de eterna felicidade.
Que minha vida e minha morte sejam uma
contínua reparação unida à Vossa e a de Vossa
Mãe Santíssima, a quem invocarei sempre com o
nome de MÃE.
Consideração
Quando irei e aparecerei diante da Face
de meu Deus?
Quando O verei face a face?...
Virtude a praticar
“Quem Me contempla Me consola. Se alguém contemplar a Minha Face, Eu derramarei
o Meu amor nos corações e por meio da Minha
Face se obterá a salvação de muitos pecadores!
“Almas generosas, procurai e contemplai sempre
a adorável Face de Jesus!
Oração à São Miguel Arcanjo
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no
combate, sede nosso refúgio contra a maldade
e as ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, insDevoção à Santa Face de Jesus
91
tantemente o pedimos; e vós, príncipe da milícia
celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno
a Satanás e a todos os espíritos malígnos, que
andam pelo mundo para perder as almas.
Amém.
Sacratíssimo coração de Jesus, tende piedade de nós.
Amigos e irmãos em Cristo, vou encerrar a
minha página, pedindo a Deus que nos abençoe
através da BÊNÇÃO DE SÃO FRANCISCO.
O Senhor nos abençoe e nos guarde!
O Senhor nos mostre a Sua Face e se compadeça de nós.
O Senhor volte para nós a Sua Face e nos dê a paz!
O Senhor nos abençoe.
(Num. 6,24)
92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA SAGRADA. São Paulo: Editora Ave-Maria,
2001.
CAVALCANTE, Pe. Pedro Teixeira. Santa Teresinha
em Carne e Osso. São Paulo: Paulinas, 1997.
CHESTRTON, G. K. São Francisco de Assis. Rio de
Janeiro: Ediouros Publicações S/A. 2003.
HOLY FACE ASSOCIATION. The Theasure of the
Holy Face of Jesus. Montreal-Canadá. 2000.
______ The Holy Face of Jesus( Leaflet). Montreal,
2002.
LARRAÑAGA, Inácio. O Irmão de Assis. São Paulo:
Paulinas.2005
MONTEFORT, São Luís Maria Grignon de. Tratado
da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria.
Anápolis, 2002.
PAULO II, João. Carta Encíclica. A Mãe do Redentor.
São Paulo: Paulinas, 1988.
SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS. A
HISTÓRIA DE UMA ALMA. São Paulo: Editora
Loyola, 1996.
SCHRIJVERS, Joseph. O Dom de Si. São Paulo:
Quadrante, 1996.
VERDONK, Pe. Gregório. A Devoção à Sagrada
Face. Lisboa: Editora Santa Clara, 1956.
93
Fazei resplandecer sobre nós a Vossa Face!
Ficai conosco, Senhor

FACE DE CRISTO_13 de dezembro.indd

Transcrição

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