Black Sabbath A História

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Black Sabbath A História
Todos os artigos incluídos neste ebook foram retirados
do site Whiplash.net especializado em rock e heavy
metal.
Sobre o autor: Denio Alves
Denio Alves, natural de Valença-RJ, é crítico, escritor, ensaísta, diletante de poesia,
ouvinte e praticante, nas horas vagas, de rock e todas as demais formas de música popular
ou de vanguarda que do gênero advenham. Além de técnico em computação, professor de
inglês e estudante de Direito, é também pesquisador cultural e artístico das demais mídias
de expressão e comunicação, já havendo atuado como colaborador de diversos fanzines na
década de 90 do século passado e fundador do célebre veículo alternativo Eram os Deuses
Zineastas?. Participou ativamente, em Ituiutaba-MG, onde reside, do processo de
formação e criação das bandas de garagem Bloody Garden e Essence, ao lado de Edgar
Franco, Gazy Andraus e demais personalidades do underground do Triângulo Mineiro,
como guitarrista, vocalista e compositor. Atualmente, participa da concepção de um novo
projeto de expressão do RPB – Rock Popular Brasileiro, o Mondo Cane, além de
colaborar periodicamente com artigos no site WHIPLASH.
ÍNDICE
Biografia Oficial
A História do Black Sabbath (Prólogo)
Gangues de Birmingham (Parte 01)
Uma Época de Mil Bandas (Parte 02)
Satânicos e visionários (Parte 3)
Voz num Pedaço de Plástico (Parte 04)
Reis da América (Parte 05)
Os novos reis de L.A. (Parte 06)
Consagração e estafa (Parte 07)
Uma estrada difícil (Parte 08)
Black Sabbath: A Trajetória Brasileira
Ian Gillan no Black Sabbath
Reviews de CDs (10)
Evil Lives - True Metal Tribute to Black Sabbath
Sabbath Bloody Sabbath - Black Sabbath
Headless Cross - Black Sabbath
Black Sabbath - Black Sabbath
Paranoid - Black Sabbath
Vol 4 - Black Sabbath
Seventh Star - Black Sabbath
Past Lives - Black Sabbath
Paranoid - Black Sabbath
Black Sabbath - Sabotage
Perguntas e Respostas
Curiosidades
Citações
Discografia
Álbuns Traduzidos
Biografia Oficial
Formada em Birmingham, Inglaterra, em 1968, a banda Black Sabbath foi a pioneira em
lançar as fundações do heavy metal que assaltou a música popular nos anos 70 e 80. A
maneira violenta de tocar, as letras sanguinárias, machistas e místicas tornaram-se o modelo
para inúmeros grupos que se seguiram. Seu álbum homônimo de 1970 continua sendo um
dos mais inovativos e influentes da história do rock.
O quarteto composto por Ozzy Osbourne (vocalista), Tony Iommi (guitarrista), Geezer
Butler (baixista) e Bill Ward (baterista), inicialmente se chamou Polka Tulk e mais tarde
Earth. Tomaram de assalto o circuito de pubs e clubes de sua cidade natal, com muita
energia, blues e rock. Companheiros de escola e vizinhos em Birmingham, o grupo ganhou
muitos seguidores na Inglaterra e em 1968 mudaram seu nome para Black Sabbath. O novo
nome espelhava a imagem escura, pesada e mística da banda, seu gosto por temas
sobrenaturais.
Em 1969 entraram em estúdio para gravar o seu primeiro disco. O álbum "Black Sabbath"
chegou ao Top Ten das paradas britânicas, onde permaneceu por três meses e valeu à banda
um grupo de fãs fervorosos em ambos os lados do atlântico.
O grande salto para a banda ocorreu com a gravação de "Paranoid", um álbum pioneiro do
heavy metal. Contando com os riffs cortantes da guitarra de Iommi, o vocal sinistro de
Ozzy e o rítmo de Butler e Ward, "Paranoid" alcançou o número um nas paradas inglesas e
chegou ao número oito na américa, onde permaneceu por mais de um ano, virando disco de
platina. A faixa título, um verdadeiro mergulho na loucura, foi o maior hit. A banda fez sua
primeira turnê americana no outono deste ano.
"Master of Reality", o terceiro álbum do Black Sabbath, foi lançado em agosto de 1971.
Entre as oito músicas estavam algumas que se tornaram marcas registradas da banda, como
"Children of the Grave" e "Sweet Leaf".
O Black Sabbath gravou o álbum chamado "Vol. 4" no início de 1972 no Record Plant, em
Los Angeles. Somando-se a poderosas músicas como "Supernaut" e "Under The Sun", o
álbum revelava um lado completamente novo para a banda, com músicas melódicas,
cuidadosamente escritas e tocadas, como "Cornucopia" e a instigante "Laguna Sunrise",
uma composição instrumental que se tornaria uma das marcas registradas da banda.
Considerado um dos clássicos do hard rock, o álbum de 1973, "Sabbath Bloody Sabbath",
ganhou aclamação da crítica. Músicas como "Killing Yourself to Live", "Looking For
Today" e a faixa título aliavam o som poderoso do grupo a letras mais amplas e multifacetadas. Produzido, escrito e gravado pela banda, "Sabbath Bloody Sabbath" foi um
ponto alto na sua longa carreira.
Quando "Sabotage", sexto disco do Black Sabbath, foi lançado em 1975, não apenas estava
comprovada a competência da banda, mas também era óbvia a melhoria dos arranjos,
produção e lirismo. "Sabotage" é o Sabbath ainda no topo da carreira.
"We Sold Our Soul For Rock and Roll" foi uma demolidora coletânea, composta de
quatorze músicas, todas clássicos do hard rock e heavy metal. Trata-se de uma excelente
amostra da carreira da banda, desde o primeiro álbum até "Sabotage".
"Technical Ecstasy" trata-se de um dos mais inventivos e originais álbuns de estúdio do
Black Sabbath. Traz músicas típicas da banda, como "Back Street Kids", "Gypsy", "Rock
'N' Roll Doctor" e a principal do LP, "Dirty Women".
Em 1977 Ozzy deixou o Black Sabbath por problemas pessoais. Durante esse periodo, de
outubro de 77 a janeiro de 78, Dave Walker do Fleetwood Mac, o substituiu. Com esta
formação a banda tocou ao vivo apenas uma vez, para um programa de televisão, e gravou
"Junior´s Eyes" com diferentes letras.
Sendo o oitavo álbum de estúdio de uma carreira que se extende por mais de duas décadas,
o lançamento de 1978, "Never Say Die", traz algumas das mais memoráveis letras. "Never
Say Die" captura toda a força da formação original. Foi o último álbum com Ozzy à frente
do Sabbath. Inclui as músicas "Johnny Blade", "Breakout", "Shock Wave" e a faixa título,
todas tocadas no repertório da banda ao vivo.
Em 1979 Ozzy Osbourne foi substituído por Ronnie James Dio, um americano que havia
participado do grupo Elf e sido parte da banda Raimbow de Ritchie Blackmore. Foi a
primeira mudança de formação do grupo em mais de uma década. "Heaven and Hell" foi o
primeiro álbum com o novo cantor. As músicas foram escritas pela banda com a
participação de Dio.
Lançado em 1981, segundo álbum com o vocalista Dio e o primeiro álbum com o novo
baterista Vinnie Appice, "Mob Rules" apresenta músicas massacrantes como "Turn Up The
Night", "Sliping Away" e "The Mob Rule".
Em 1982 o Black Sabbath lançou um álbum ao vivo, "Live Evil", contendo todos os
grandes hits de todos os álbuns lançados. Logo após a gravação Ronnie James Dio e Vinnie
Appice deixaram a banda. Houveram desentendimentos porque Dio "sabotou" a mixagem
do álbum para destacar a sua voz no som da gravação.
O álbum "Born Again", de 1983, trazia como vocalista Ian Gillan, originalmente membro
do Deep Purple. O baterista original do Sabbath, Bill Ward, voltara à banda. Alguns dos
destaques deste álbum são "Trashed", "Digital Bitch" e "Zero The Hero". Na turnê, Bev
Bevan, da banda ELO, substituiu Ward. Depois da turnê Bev Bevan e Ian Gillan deixaram a
banda. Bill Ward voltou e o Sabbath experimentou um novo vocalista, Dave Donato. Esta
formação nunca gravou e Dave Donato foi demitido da banda após uma entrevista muito
egocêntrica. Tentaram novamente manter a banda no ar com o vocalista Ron Keel.
Finalmente, com a saída de Geezer Butler, o Sabbath acabou.
Três anos depois, em 1986, Tony Iommi lançou o álbum "Seventh Star", anunciado como
"Black Sabbath featuring Tony Iommi". Deveria tratar-se de um álbum solo de Iommi, mas
a gravadora decidiu usar o nome do Black Sabbath. Glen Hughes, do Deep Purple, foi o
vocalista. Durante a turnê americana Glen Hughes saiu, sendo substituído por Ray Gillen.
Em 1987 o Black Sabbath lançou o seu décimo quarto álbum, "The Eternal Idol", que teve
grandes sucessos como "Shining", "Hard Life to Love", "Born to Lose" e "Lost Forever". A
formação da época era constituída de Tony Iommi, Tony Martin (vocais), Dave Spitz, Bob
Daisley (baixo), Bev Bevan (percussão) e Eric Singer (bateria, que mais tarde iria para o
Kiss). Ray Gillen aparentemente gravou este álbum e saiu antes que ele fosse lançado.
Tony Martin regravou os vocais.
Em 1989, o Black Sabbath lançou "Headless Cross", com destaques como "Devil and
Daughter", "When Death Calls", "Black Moon" e a faixa título. A formação consistia de
Tony Iommi, Tony Martin, Cozy Powell (bateria) e Laurance Cottle (baixo). Laurance
Cottle mais tarde foi substituído por Neil Murray.
Em 1990, vinte e dois anos após a formação, foi gravado "TYR". Mantinha o estilo
inaugurado em 1987 com "The Eternal Idol". Alguns destaques deste álbum são "Anno
Mundi", "Jerusalem", "The Sabbath Stones" e a balada "Feels Good to Me".
1992 foi um momento histórico para o Black Sabbath. Foi o ano da reunião de Ronnie
James Dio, Geezer Butler, Vinnie Appice e Tony Iommi. O álbum "Dehumanizer" foi
aguardado e aclamado. Alguns dos hits foram "Time Machine", "TV Crimes", "Master of
Insanity" e "Sins Of The Father". "Time Machine" fez parte da trilha sonora do filme
"Wayne's World" ("Quanto Mais Idiota Melhor").
Em 1994 o Black Sabbath lançou seu décimo oitavo álbum, "Cross Purposes" que entre
outros hits incluiu as músicas "I Witness", "Cross of Thorns", "The Hand That Rocks The
Cradle", "Immaculate Deception" e "Psychophobia". A formação da banda consistia de
Tony Martin (vocal), Geezer Butler, Tony Iommi e Bobb Rondinelli (bateria).
Em 1995 o Black Sabbath lançou "Forbidden", com o destaque para as músicas "The
Illusion of Power", "Get a Grip", "Shaking Off The Chains" e "Sick and Tired". A
formação da banda consistia de Tony Martin, Neil Murray (baixo), Tony Iommi e Cozy
Powell (bateria). Cozzy Powel deixou a banda no meio da turnê americana e foi substituído
por Bobby Rondinelli.
No ano de 1997 foi anunciada a tão esperada volta do Black Sabbath original, com Ozzy,
Bill Ward, Tony Iommi e Geezer Butler. Logo após, seguiu-se o Ozz-fest com várias
bandas além da banda de Ozzy e, fechando a noite, o Black Sabbath original. O resultado
desta tour foi "Reunion", um álbum ao vivo que traz clássicos absolutos juntamente com
músicas que a muito não se escutavam num show da banda, caso de "Dirty Woman" e
"Sweet Leaf".
Black Sabbath - 14/11/00
A História do Black Sabbath (Prólogo)
Por Denio Alves
Sempre, nos primórdios de algum importante acontecimento histórico, é muito difícil
se imaginar o impacto real que aquilo terá ou deixará de ter para os eventos
subseqüentes, e para todas as gerações futuras – algumas coisas são simplesmente
efêmeras; outras, nem tanto, relativamente; e outras ainda, nos confiscam uma
atenção e uma emoção desmedidas, que terminam por fazer-nos entender,
freqüentemente muitos anos ou décadas depois, como a história estava se fazendo ali,
naquele instante mágico, sem ninguém perceber.
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Assim, com certeza, as hordas e tribos de milhões de adolescentes, adultos ou coroas,
disseminadas ao redor do mundo todo, podem muitas vezes se esquecer, ou não se dar
conta, de certas situações e fatores que levaram o gênero musical que eles tanto curtem – o
rock pesado, carinhosamente apelidado de “rock pauleira”, por muitos – a atravessar o
limbo das idéias fantásticas e irrealizáveis, para chegar aos aparelhos de som e toca-discos
de todo o mundo despejando decibéis incríveis de criatividade e energia sobre tímpanos e
mentes incrédulas com tal invenção! Como reza a velho clichê: pode ser que muitos já
tivessem passeado por tal praia, e molhado os pés nesse mar vigoroso – Cream, Jimi
Hendrix, Blue Cheer, e muitos mais. Mas nada faria tal experiência sair tão assombrosa e
envolvente quanto as reminiscências sujas e rebeldes de quatro garotos recém-saídos de
uma das mais entediantes e lúgubres cidades industriais do norte da Inglaterra... E é o que
constataremos aqui.
Para que fosse possível a realização de nossa pesquisa, foi consultado o seguinte material:
Black Sabbath: The Ozzy Osbourne Years
by Robert V. Conte, C. J. Henderson
Paranoid: Black Days With Sabbath and Other Horror Stories
by Mick Wall - Paperback
Ozzy Unauthorized
by Sue Crawford - Paperback
Ozzy Talking: Ozzy Osbourne in His Own Words
by Ozzy Osbourne, Harry Shaw - Paperback
Black Sabbath: An Oral History
by Mike Stark, Dave Marsh (Editor) - Paperback
Top Rock especial: Black Sabbath – A História
Luiz Seman
A História do Black Sabbath
Revista SHOWBIZZ Especial
A Família Black Sabbath
pôster – Antonio Carlos Miguel, Ed. Som Três
Gangues de Birmingham (Parte 01)
Tudo começou lá. E não é à toa que o título deste texto possa parecer uma alusão ao
filme “Gangues de Nova Iorque”, de Scorcese.
Parte I – Gangues de Birmingham
No início dos anos 60, Birmingham era um dos mais importantes pólos da indústria
metalúrgica na terra de Sua Majestade. Talvez possa sair coincidência pretensiosa demais,
mas é inegável que 80% do melhor heavy metal escutado no mundo inteiro, nas três últimas
décadas do século XX, tenha saído justamente de lugares duros e árduos como esses –
ninguém nega que todo mundo que tenha feito história no rock pesado inglês, de Iron
Maiden ou Saxon a Def Leppard (com uma devida exceção ao Motorhead, que já nascia
com grupos importantes como Hawkwind e outros na mamadeira) realmente saiu de
ambientes relativamente comparáveis ao de Birmingham.
Foto ao lado: Uma das primeiras fotos de um dos rockstars mais conhecidos e polêmicos do
mundo: Ozzy Osbourne, aos dois aninhos de idade, em Birmingham.
Pois bem, foi neste cenário empobrecido, dominado pelo operariado rude e entorpecido
pelo fanatismo pelo futebol e suas rixas lendárias (gente como os hooligans), de gente
como mulheres que engravidavam cedo e se casavam para levar uma vida de eternas donas
de casa de empregados metalúrgicos, ou de eternas empregadas de fábricas também (já
naquela época homem e mulher tinham que trabalhar, nas pobres cidades industriais
inglesas, para manter a casa), de jovens garotos e garotas que, pela pressão social da vida
difícil a que estavam submetidos, não conseguiam dar vazão a tudo aquilo que a instrução
escolar, frágil e falível, podia lhes oferecer – foi neste cenário que o jovem John Michael
Osbourne (Ozzy Osbourne), nascido em 3 de dezembro de 1948, aos quinze anos
desenvolveu um singular gosto pela atividade predileta da juventude local, exercida por
nove entre dez garotos birminghianos: andar pelas ruas em grupo, testando constantemente
sua virilidade ao se defrontar com gangues rivais, garrafinhas de long neck beer e correntes
em punho, prontos para deflagarem a próxima chamada telefônica aos rotundos e
entediados guardas de polícia locais, invariavelmente feitas por comerciantes trêmulos de
pavor diante da idéia daqueles conflitos juvenis convergirem seus alvos para as vitrines
repletas de tudo aquilo que eles, os garotos, sabiam que seus pais, e nem eles, podiam
comprar.
Foto ao lado: Ozzy aos oito anos.
Na verdade, toda essa violência teen era a forma mais direta de expressão de uma geração
desenganada e muito inconformada diante do destino que praticamente todos eles sabiam
que iam, inevitavelmente, ter. “Eu nasci e vivi, durante muitos anos, num lugar em que a
vida era trabalhar, trabalhar e trabalhar, do berço à sepultura, em fábricas de chapa de aço –
e quando você queria comer algo diferente, não tinha opção: era ir pra dentro do mato caçar
esquilos, veados e toda a sorte de bichos do mato para comer. Eu comia todos aqueles
Bambi, cara – eu cansei de comer os bichinhos do mato, hahaha!”, revelou Ozzy durante
uma entrevista na década de 1990. A sua declaração, feita à sua típica maneira, com o
humor e a ironia que lhe são habituais, pode indicar, no entanto, como a vida era dura e
sofrida para toda uma população jovem num lugar como aquele, feito para o mundo adulto,
sob as perspectivas do adulto e para os ideais adultos. E o pior de tudo: ideais adultos
solidamente capitalistas, voltados para a máxima filosófica de linha de montagem de Henry
Ford, o famoso “trabalho dignifica – trabalhe até morrer”. Um trabalho, diga-se de
passagem, sem o mínimo de boa remuneração ou perspectivas otimistas – trabalho pesado,
tolo e brutal, sem espaço para quaisquer sonhos ou idílios. O mais engraçado disso tudo é
que, alguns anos depois, esses mesmos adjetivos seriam usados pela grande maioria da
imprensa musical dita especializada para descrever o som dos filhos mais queridos de
Birmingham: um evidente reflexo de como a arte é produto do seu ambiente, de seu habitat
natural. É gozado imaginar como o homem que hoje é catalogado como o terceiro roqueiro
mais rico do mundo – perdendo apenas para Paul MacCartney, em primeiro, e os Rolling
Stones, em segundo – e que é a sensação de um dos mais assistidos reality shows de todos
os tempos (The Osbournes) possa, um dia, ter tido apenas um par de calças, uma camisa e
uma jaqueta surrada para vestir. Ozzy disse, em recente entrevista, que, de fato, a sua
família era muito pobre mesmo – além do fato de ele ter vivido grande parte de sua infância
descalço, indo aos lugares quando precisava com sapatos emprestados (o que não mudou
muito até os primeiros tempos do Black Sabbath...), Ozzy dormiu, até os dez anos de idade,
em uma só cama, decrépita e que pertencera a seu avô, com todos os seus cinco irmãos, e a
sua casa não tinha aquecimento central e nem banheiro dentro, obrigando o jovem John
Michael Osbourne a ir fazer suas necessidades fisiológicas em uma apertada toalete de
tijolinhos feita por seu pai, com muitas economias, nos fundos da casa, durante os
avassaladores invernos gelados de Birmingham. Ou, como o próprio Ozzy gosta de dizer:
“Tinha que sair para cagar naquele mato, com o c... congelando”.
O jovem Ozzy, um garoto rebelde que ainda não havia se decidido sobre no que se graduar,
– uma espécie de “piada” local da cidade, já que todos acabavam mesmo era se graduando
nas pesadas atividades técnicas locais – vinha, de qualquer forma, deixando uma numerosa
família mais ou menos preocupada com os seus novos interesses, visto que na escola ele já
revelara, anos antes, uma intolerância e uma despreocupação exemplares de um menino
que, ao ouvir o primeiro acetato dos Beatles a chegar em uma loja de discos de
Birmingham, no início de 1963, simplesmente saiu correndo para a sua casa e gritando para
a sua mãe “Quero ser como esses caras!”, feito um doido. Ozzy era filho de John Thomas
Osbourne, um histriônico e fanfarrão ferreiro do bairro de Aston, de quem Ozzy herdou
muito de seu temperamento, e de Lilian Osbourne, sua esposa, mais um exemplo de como
marido e mulher tinham que dar duro para pôr o pão na mesa da família: Lilian era
empregada do setor siderúrgico da empresa de carros populares Lucas, que tinha uma
grande fábrica em Birmingham.
John Thomas e Lilian não tinham televisão em casa: além de Ozzy – que recebera este
apelido, ao contrário do que reza a lenda, não em um reformatório, mas de um coleguinha
na própria escola onde fez o primário, por ser uma maneira mais fácil de se referir ao
sobrenome “Osbourne” – eles tinham mais cinco filhos, dois homens e três mulheres,
chamados Paul, Tony, Jean, Íris e Gillian.
Como o desempenho de Ozzy na escola demonstrou estar entrando em uma interminável
curva descendente, - trajetória desastrosa, em relação à de seus irmãos - e agora ele se
mostrava muito mais interessado em quebrar garrafas de cerveja na rua com seus
“coleguinhas”, logo papai Thomas e mamãe Lilian se empenham em tentar dar um outro
rumo à vida do seu querido filhinho, visto que, como já rezava a velha máxima, “o ócio é a
oficina do demônio” – demônio este que, por sinal, já desde essa época mostrava exercer
uma certa atração sobre Ozzy, cujo único ponto de interesse, na escola, parecia ser o
professor Parry Williams, que nos intervalos das aulas, costumava entreter os alunos
contando-lhes estórias entremeadas de satanismo – pequenos contos de Edgar Allan Poe e
H. P. Lovecraft, além de historietas nórdicas sobre as bruxas e espíritos das florestas.
Nascia ali o crescente interesse de Ozzy por tramas e personagens diabólicos.
Foto ao lado: Uma das mais raras e curiosas imagens na história de Ozzy e do Black
Sabbath. O roqueiro (o menino esquisitinho com cara de caxias! – terno de três botões, lado
direito) estava na 6a. série, neste registro ao lado de seus coleguinhas de escola e do prof.
Parry Williams (do lado esquerdo, ao alto), em torno do qual se criou a lenda de que seria o
primeiro incentivador de Ozzy no domínio dos temas sobrenaturais que fariam a fama de
sua banda e, conseqüentemente, de todo o heavy metal.
Dois meses após o seu aniversário de 15 anos, Ozzy sai do Instituto Escolar de Ensino de
Tregarth – para nunca mais voltar. Seus pais lhe arranjam um emprego como aprendiz de
bombeiro. Não dura mais do que três semanas, no entanto: o garoto alega que é muito
difícil se inteirar de todas aquelas normas de segurança e, alegando haver se desentendido
com os bombeiros-chefes, justamente por não se dar com os regulamentos do trabalho,
deixa eles falando sozinhos numa das muitas cinzentas tardes de sexta-feira de Birmingham
– para também nunca mais voltar. John Thomas e Lilian começam a perceber, a partir daí,
que vai ser muito difícil domar o inconstante instinto rebelde de Ozzy.
Alguns dias após ter abandonado o primeiro serviço, um amigo dos pais de Ozzy consegue
uma vaga para o rapaz como ajudante de uma casa de carnes próxima à casa deles. O
salário era um pouco melhor do que ele receberia no corpo de bombeiros, e com um grande
incentivo de seus pais (leia-se: um tremendo puxão de orelha de seu Thomas no filho),
Ozzy se anima de ir conhecer o tal açougue. Lá chegando, até que se afeiçoa pelo serviço e
resolve ficar – é um dos empregos em que Ozzy permanecerá por mais tempo, antes de
bandear sua cabeça para a música. O garoto, já desde cedo bastante mal intencionado, acha
um barato aprender o ofício de matar e sangrar cerca de 250 vacas por dia e arrancar fora
tripas de carneiro...
Após quatro meses de árduo batente no açougue, Ozzy novamente se cansa, e alega que
aquele trabalho é legal, mas é o tipo de serviço que não dá muito futuro a não ser que você
seja um proprietário de fazenda e possa lucrar diretamente com a venda de carne. Era
sempre assim: como para qualquer jovem de sua idade, ele se entediava facilmente, e logo
arrumava alguma espécie de desculpa para largar o emprego. Assim, lá vai Ozzy
novamente fazer uma nova tentativa, e desta vez, para que ele fique mais “sob controle”, é
sua própria mãe que lhe ajuda a arrumar um emprego na fábrica de carros em que ela
trabalhava.
Lilian havia sido transferida para a seção de testes com peças da fábrica, e ficara sabendo
que estava sobrando uma vaga para testador de buzinas – este acabaria sendo, portanto, o
primeiro grande contato direto de Ozzy Osbourne com a profissão de músico... ou
barulhento, como queiram!
É durante esta época que os primeiros problemas de Ozzy com a justiça acontecem.
Recebendo uma miséria na fábrica, como era de se esperar, – os novatos precisavam
adquirir muito tempo de casa para ganharem novos postos e começarem a receber um
pouquinho melhor, e os sindicatos, na época, não tinham a força que têm hoje perante a
Justiça Trabalhista inglesa – Ozzy, nos finais de semana, reencontra alguns velhos
comparsas seus de gangue enquanto torra os seus poucos shellings nos pubs enfumaçados
de Birmingham. Nestes ambientes, barzinhos tipicamente britânicos e enfumaçados onde a
grande massa do proletariado inglês se reunia para se embebedar de lagers e ouvir bandas
tocando de tudo, de blues e jazz a country & western americano, Ozzy começou a
desenvolver o seu ouvido já acostumado a excessos para as melodias amplificadas das
guitarras, baixos, bateria...
Foto ao lado: De aprendiz de delinqüente a uma das primeiras grandes estrelas do rock
pauleira. O jovem Ozzy tivera uma infância miserável em Birmingham, cercado de
frustrações, privações, e tendo que caçar todas as vezes em que quisesse comer algo
diferente, o que explica a sua “paixão” por certos animais... Um pouco desse passado é
suscitado por esta irônica foto de 1973, tirada com um urso empalhado!
Alguns indivíduos de péssima reputação nas cercanias, como Johnny ‘Rat’ Phillip, e outros,
vários deles ex-colegas de escola de Ozzy, e que também haviam abandonado os estudos e
rodado por toda a sorte de empregos e bicos de Birmingham, começaram a incutir na
cabeça algumas idéias enquanto dividiam suas pints of beer. Um deles conhecia alguns
endereços mágicos, gente que tinha posses, jóias, boas coisas pra se ter. “Boas coisas pra se
pegar”, ria Johnny. Em meio às risadas e ao clima de descontração fortalecido pela bebida,
Ozzy concorda com os parceiros, e então se reúnem para promover alguns assaltos.
O negócio da gangue de Ozzy, como passaram a ser conhecidos no submundo, não era a
violência, e nem grandes assaltos. Poderiam realmente ser definidos como uma dessas
milhares de ganguezinhas “pé-de-chinelo” que roubam miudezas e coisas supérfluas em
geral, sobretudo de vitrines de lojas. Arrombaram algumas vezes algumas residências, de
onde retiravam, em geral, roupas boas e de valor que encontravam, alimentos, e algumas
jóias. Mas foi após um assalto a uma loja de roupas, que tinha uma vitrine com belos
casacos e itens que chamavam muita atenção, que Ozzy se deu mal.
Numa noite de setembro de 1966, Ozzy e seu grupo quebram a vidraça da tal loja, cujo
nome sumiu na névoa do tempo – ninguém parece querer se lembrar do nome do lugar que
teve a honra de ser assaltado por uma das maiores estrelas ro rock! A ação da gangue não
passa despercebida de um senhor que passava por ali durante a madrugada, em direção a
sua casa – e que liga imediatamente para a polícia ir checar o roubo que está acontecendo
ali, naquele exato momento. Quando os policiais estão chegando, e a gangue está quase
terminando de recolher um punhado de blusas, calças, sapatos e jaquetas de marcas caras e
famosas, um dos caras dá o alerta escandalosamente: “OS TIRAS ESTAO CHEGANDO!”,
e o grupo dispara em desabalada correria. Ozzy é o que fica mais para trás, e consegue
correr até certo ponto, cercado por uma equipe de quatro policiais. Entretanto, acuado pelos
berros de “Vamos dispara chumbo!” dos tiras, ele se refugia em um beco, junto com um
comparsa, e ali mesmo lhes é dada a voz de prisão.
Horas depois, um amigo de seu Thomas que morava próximo à delegacia do condado vai
lhe dar a triste notícia. Um defensor público é nomeado para defender Ozzy, mas não há
muito o que fazer: o moço passará o resto de sua vida sendo chamado de “idiota” pelo seu
pai gozador, pois durante os assaltos Ozzy usava luvas... sem as pontas dos dedos! O
ingênuo rapaz nem imaginava o que seriam impressões digitais. “Eu sei lá... os raios das
impressões digitais. Nem sonhava que diabos deveria ser aquilo! Usava luvas sem pontas
porque era legal, todo mundo usava... Pra mim, impressões digitais eram algo de
computador, algo relacionado à eletrônica, um caralho desses qualquer!”, diria Ozzy
tempos depois, em tom de comédia.
Como Ozzy era réu primário e confesso, e o seu advogado conseguira fazer uma boa defesa
do lamentável grau de instrução do rapaz, chamando a atenção do juiz para o estado de
pobreza em que viviam ele e sua família, as duras condições sociais da juventude do lugar e
etc., Ozzy acabou pegando uma pena leve: 6 semanas na Winson Green Prison de
Birmingham, por assalto. E apesar dos choros e lamentos de sua mãe, e das duras broncas
de seu pai para não aproveitar a situação para se envolver mais ainda com a malandragem,
Ozzy se sai até bem na tal penitenciária, fazendo vários colegas de cela e repartindo com
eles vários truques bem típicos da juventude delinqüente da época: métodos de
arrombamento, cuspes à distância, novas técnicas de ejaculação, emissão de diferentes sons
por arroto, além de outras coisinhas. Foi através de um camarada com quem travou contato
durante um dos banhos de sol que Ozzy aprendeu uma técnica que contribuiria em muito
para o mito que se formaria em torno de sua imagem anos depois: a tatuagem. Os famosos
tatoos que o roqueiro carrega com orgulho até hoje, em seu corpo, são fruto deste
aprendizado ainda na prisão, e da doação que este conhecido de Ozzy lhe fez de um
pequena agulha e um generoso pedaço de grafite. Com estas “ferramentas”, Ozzy se
paramentou com os símbolos que, ao longo dos anos, jovens fanáticos por metal do mundo
inteiro iriam reproduzir em seus próprios corpos: O-Z-Z-Y nos quatro dedos de sua mão
esquerda, a palavra “Obrigado” nas palmas de suas mãos, e o mais curioso e engraçado:
“carinhas alegres” nos seus dois joelhos, desenhadas de cabeça para baixo, para que todos
os dias de manhã em que ele acordasse em sua cela, segundo o próprio cantor, elas lhe
dessem “bom dia”.
Foto ao lado: O grande Tony Iommi: o mago das seis cordas do Black Sabbath.
E enquanto Ozzy amargava os seus últimos dias em Winson Green, esperando afoitamente
pela hora de sair (aquele era só mais um lugar chato dentre tantos de Birmingham, e que
logo perdera a graça...), um ex-colega seu da Birmingham Teaching Institute, chamado
Frank Anthony Iommi (Tony Iommi), nascido em 19 de fevereiro de 1948 também no
condado de Aston, Birmingham, assim como Ozzy, estava às voltas com um velho sonho
seu, prestes a se realizar: montar uma banda. Depois de meses superando a dificuldade de,
além de ser canhoto, ter que dominar uma guitarra com as pontas de dois dedos de sua mão
direita amputadas, – Iommi as perdera durante um malfadado estágio trabalhando em uma
máquina de corte de chapas de aço, em uma das inúmeras fábricas da cidade – o rapaz se
sentia pronto para, enfim, arregimentar um pessoal e começar a explorar o território do jazz
e do rock – dois estilos musicais caros ao guitarrista naquela época. O rock, por seu vigor e
energia juvenil: Elvis, Chuck Berry, e toda a nova geração inglesa, que já inspirava os
sonhos da maioria dos jovens britânicos de terem suas próprias bandas - os já célebres
Beatles, Rolling Stones, The Who, o pessoal de uma cidade industrial vizinha, The Animals
(de Newcastle)... E o jazz porque, afinal, durante o longo período em que esteve treinando
guitarra, invariavelmente Iommi curtia se perder nas longas viagens experimentais e
improvisadas que o gênero acolhe. Para poder fazer bem as posições no braço do
instrumento, Iommi adotou uma solução inventiva: pequenos tubos cilíndricos de metal
(inicialmente, feitos na própria fábrica onde ele perdera as pontas dos dedos!) no lugar das
pontas perdidas – e deu certo.
Foto ao lado: Nesta foto tirada durante um show da carreira solo de Ozzy (anos 90), podese perceber as famosas inscrições em tatuagem nos dedos do vocalista: o clássico tatoo “OZ-Z-Y”, feito ainda na época da reclusão em Winson Green Prison...
Logo, Iommi conheceu o jovem aspirante a baterista William Ward (Bill Ward), nascido
em Aston, Birmingham, em 5 de maio de 1948, e, junto a dois outros amigos seus,
consegue formar a sua primeira banda, chamada The Rest. Tiveram que ensaiar muito para
chegar finalmente ao som pretendido por Iommi, mas, finalmente, após quatro semanas, já
tinham um setlist bastante razoável, composto, na sua maioria, por covers de Elvis e Little
Richard, – o rockabilly dos anos 50 era o fermento de todas as bandas inglesas da época – e
que eram tocadas... com extremo barulho e improvisação!
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Uma Época de Mil Bandas (Parte 02)
Quem imaginaria que, anos depois de renhidas brigas na escola, quando eram meros
pirralhos disputando um espaço na liderança de suas ganguezinhas particulares, os
dois rapazes rebeldes de Birmingham fossem, afinal, se reencontrar, e até mesmo ter
ânimo para se aliarem em uma banda! E quem mesmo poderia imaginar que, a bem
da verdade, e apesar de todo o mal que isto poderia representar em uma época de
conservadorismo e repressão, como eram os anos 60, e em um lugar de vida dura e
poucas esperanças como aquela rude cidade industrial, um pai fosse, humildemente,
retirar das poucas libras que tinha no bolso para ajudar o seu filho maloqueiro e expresidiário em uma das maiores e mais alucinadas aventuras musicais do século XX?
Confira aqui...
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Parte 2 – Uma Época de Mil Bandas
Quando saiu da prisão, o jovem Ozzy vagava pelas ruas de sua cidade cinzenta não mais do
que intensamente desnorteado. Sabia que, se antes as coisas eram difíceis para ele, agora
estavam, simplesmente, impossíveis! Se toda a sua intuição adolescente antes apontava-lhe
o fato de que, em qualquer emprego que arranjasse, não duraria mais do que poucas
semanas, e que tudo que arrumava não compensava ou não lhe dava satisfação pessoal e
nem financeira, agora ele tinha certeza de que, com uma bela sentença de 6 semanas de
prisão no seu curriculum, todas as chances de seguir a dita “vida normal” de Birmingham
eram praticamente nulas.
Sem saber o que fazer, ele teve uma idéia mágica, que reluzia em sua cabeça de modo
celestial: “Have a beer!” – é isso aí. Tomar um belo caneco de cerveja, para honrar a
tradição, é a primeira coisa que um inglês recém saído do xilindró faz, e com Ozzy não
podia ser diferente. Brincando com o seu próprio destino, juntou os últimos xelins que tinha
no bolso de seu surrado paletó, e se mandou para o mesmo pub onde, meses antes, tinha
engendrado com seus comparsas sua vida no crime.
No caminho para o pub, Ozzy encontra um velho amigo seu, que lhe perguntou o que
andava fazendo. Rindo, Ozzy lhe contou das recentes “realizações pessoais” de sua vida, e
convidou o cara (de cujo nome a memória esfacelada do cantor não se recorda) para tomar
um chopp. Na mesa, entre um gole e outro, a conversa rolava até que parasse em um
denominador comum que agradava ambos os rapazes, bem como 90% da juventude inglesa
da época: música.
- Cara, eu amo eles! Você sabe, por trás da roupa e de todo os trejeitos, eles são fantásticos
– os Beatles são demais! – berrava Ozzy.
Seu amigo lhe perguntou se ele não preferia os Rolling Stones. Ozzy disse que eles eram
cool sim, muito legais, mas se Mick Jagger tinha que apelar para a afetação para chamar a
atenção, os Beatles tinham um componente quente que ele admirava mais: o controle da
audiência pela própria imagem deles, que falava por si.
- A platéia fica nas mãos deles. – disse Ozzy.
Já desde essa época, o futuro vocalista do Black Sabbath tinha uma firme concepção do
papel dos grandes frontmen nos grupos de rock – o modo como Lennon e MacCartney se
comportavam em palco, hipnotizando o público com os seus gestos, os seus olhares, e a
postura que tinham, fascinava Ozzy. Tanto é que esta seria uma das primeiras grandes
preocupações na carreira musical do cantor: anos mais tarde, como conseqüência disso,
veríamos olhares histéricos, os primeiros e sensacionais headbangings da história do rock
pesado, dedos em “V” levantados para a platéia insana, e corridas pelo palco batendo
palmas junto com o público, estimulando a massa e conduzindo-a ao clímax da
apresentação o mais que pudesse. Esse seria o Ozzy de alguns anos adiante – podia não ser
tão “desafetado”, como os Beatles eram. Mas, vindo de onde veio, como diabos poderia
aparentar normalidade?
Logo, o amigo de Ozzy lhe perguntou se ele já não tinha estado em uma banda, tentado
participar... fazer música! A resposta foi uma gargalhada gutural, quase cortante, típica de
um Ozzy doidão, seguida de um comentário galhardo, dito com o cuspe voando da boca
ainda respingando cerveja:
- O que? Estás brincando, meu? A única música que eu já fiz na minha vida foi testar
buzina... hahahahaha... Fui um tremendo de um maestro de carro... hahaha! É, já comandei
uma verdadeira sinfonia na fábrica da Lucas Cars!
Apesar do tom de brincadeira de Ozzy, a pergunta era séria. Quem visse Ozzy saberia,
imediatamente, que o moço podia até não ter muito jeito para cantar ou tocar alguma coisa,
mas pelo menos empatia, do alto de seus quase 16 anos, o moço tinha. Se o assunto era a tal
da postura, Ozzy possuía, já desde aqueles dias, o tal olhar rebelde e decadente que
consagrou todos os grandes ídolos transgressores do rock: aquele misto de abandono e ira
que estava presente na aparência de gente como Iggy Pop, Johnny Rotten ou Axl Rose, nos
melhores momentos de suas carreiras, e que os fez figurar nas principais capas de revistas,
pôsteres e publicações da mídia por muito tempo – e ainda faz! As imagens clássicas da
juventude destes ícones, apesar de já não terem mais muito a ver com as suas aparências
atuais, estarão para sempre incutidas no subconsciente coletivo do rock. Não seria muito
diferente com Ozzy.
- Cara, eu acho que você deveria tentar. Acho que leva jeito. Conhece os caras do
“Approach”?
- Quem? – resmungou Ozzy.
Este tal amigo de Ozzy era aparentado de um dos membros do Approach, e no mesmo dia
levou o rapaz para conhecer a banda – e o guitarrista do Approach se afeiçoou tanto de
Ozzy (achando o cara uma piada ambulante e rindo dele a cada três frases ditas), que fez
questão que o cara participasse dos ensaios deles. Como ninguém por ali tinha muita
prática, não importava muito que Ozzy não cantasse bem... ou que, afinal, não soubesse
ainda cantar! Com o tempo, eles esperavam, o moço iria desenvolver algum estilo...
Foto ao lado: O jovem Ozzy.
Havia apenas um problema: a aparelhagem. O pobre equipamento do Approach não
dispunha nem de um microfone e caixa de som para o vocalista – na verdade, a banda não
tinha um, pois eram bem iniciantes e ainda estavam mais preocupados em desenvolver o
trabalho instrumental, chamando alguém para cantar ocasionalmente com eles, uma vez ou
outra. Agora era a vez de Ozzy, e o grande problema deste era: como diabos iria arrumar
um microfone e uma caixa para poder acompanhar os caras? Fascinado pela idéia de,
finalmente, fazer algo que achava interessante naquela cidade parada e fedorenta, não lhe
restava outra opção.
Ao chegar em casa após mais um duro dia de vagabundagem pelas ruas, Ozzy encarou seu
pai e foi direto ao assunto – não sem antes sua mãe cheira-lo e excomunga-lo mais um
milhão de vezes por estar novamente bebendo feito um porco, “junto daqueles indivíduos”.
- Pai, tem uns caras aí e... olha, eu acho que é uma coisa legal, pelo menos eu vou estar...
bem, eu acho que vou estar tentando fazer algo...
Ozzy tropeçava nas palavras, gaguejava, hesitante e errático na sua fala exatamente como
em todas aquelas vezes em que já o vimos dando entrevistas gozadas na TV ou em
documentários, que entrariam para a história do escracho do rock n’ roll. Apesar de tudo,
ele nutria profundo respeito e admiração pelo seu pai – um cara zombeteiro e espirituoso
também chegado a uma cerveja, com rosto demencial e de pulso firme com os filhos muitas
vezes, mas que dava todo o suor de si e fazia tudo pela sua família. Uma dessas figuras de
grande coração.
Finalmente, o filho de seu Thomas abriu o jogo com ele – e ouviu uma lavada. O pai
desabafou, dizendo-lhe que era o que faltava – o garoto tinha acabado de sair da prisão, não
se ajeitava em serviço nenhum, e agora queria uma caixa de som e um microfone que
deviam ser uns 50 dólares! Ozzy não falou nada. Permaneceu estático defronte o pai,
olhando-o com uma cara triste, e abaixou a cabeça. O velho não estava com a razão? Como
discutir? Pensou em esbravejar, pensou em falar “que lugar de merda”, “o que raios se pode
fazer por aqui?”, mas não. Resolveu ficar calado. Mr. John Thomas Osbourne ficou fitando
o filho por alguns segundos e, num daqueles instantes mágicos em que o rumo da história
do mundo muda, pensou: “Ora bolas... deixa pra lá. E se o menino fizer algo bom com
isso... e se for realmente o que ele precisa?”. Num daqueles arroubos de lógica das pessoas
simples, provavelmente deve ter pensado: “se ele já foi preso, se já não arruma emprego e
está chegando ao fundo do poço, com isso ou agora ele cai de vez, ou se levanta pra valer.
Ou vai... ou racha”. E, após pensar por alguns minutos, pôs a mão no ombro esquerdo do
filho e falou: “Tudo bem... a gente vai ver o que consegue. Vou falar com um amigo meu
amanhã... Vamos ver.” E um brilho de esperança se acendeu no olhar de Ozzy.
Mamãe Lilian, como era de se esperar, foi contra a idéia desde o início – mas se conteve em
resmungar algo com Thomas e respeitou a sua decisão. No fundo, ela sabia que o jovem
Ozzy não tinha salvação mesmo.
Foto ao lado: O rei das trevas em família: um raro momento de Ozzy com seus pais, depois
da fama – esta foto é de 1970. Repare como a Sra. Lilian Osbourne parecia bem mais
velhinha que o adorado pai de Ozzy, Sr. John Thomas Osbourne
E aqui foi onde começou a verdadeira trajetória musical de Sir Ozzy Osbourne.
O Approach não era exatamente o que se esperava de uma boa banda de rock, que era o que
Ozzy almejava desde o início – estavam mais para imitadores de blues e alguns poucos hits
de rádio da época. O som, no entanto, para quem teve a oportunidade de escutá-los, soava
horrível – principalmente com Ozzy ainda se esforçando para aprender a cantar. A verdade
é que o estilo dos caras – um rythim and blues do crioulo doido – não caía bem de jeito
nenhum para a já gutural e famosa voz cavernosa e chorosa que Ozzy começava a
desenvolver. Eram dois estilos diversos que, definitivamente, não se casavam.
Lutando para serem incluídos no circuito de shows em pubs e escolas da região, o
Approach fez apenas uma pequena apresentação com Ozzy, em uma festinha de colégio na
própria Birmingham, no início de 1967 – onde foi tirada a hoje rara primeira foto de Ozzy
como frontman, que de tão fora de foco e mal iluminada, poucos detalhes nos dá da
aparência do cantor na época. Apenas pode se dizer que era, ainda, um rapaz magricela de
cabelos mal cortados, camisas rotas emprestadas e calças de brim rasgadas – por serem as
únicas que ele usou durante muito tempo!
Foto ao lado: A histórica foto do primeiro show de Ozzy Osbourne (1967), ainda com o
Approach. Pertence ao arquivo particular do cantor – repare nas próprias inscrições a caneta
que ele escreveu indicando que era ele, pois ficou quase invisível! A postura sorumbática e
o modo esquizóide de pegar o microfone, no entanto, já estavam lá.
Ozzy, então, deixou o Approach – durante os ensaios e jams da banda, conhecera o pessoal
de um tal “Music Machine”, grupo que despontava em Birmingham na época por ter um
talentoso guitarrista, que conseguia tirar qualquer som das famosas e delirantes bandas de
sucesso inglesas em seu instrumento. Seu nome? Terence ‘Geezer’ Butler, nascido em 17
de agosto de 1949, Birmingham. Isso mesmo que você leu: guitarrista. Na época, o moço
ainda nem sequer sonhava com um contrabaixo. Geezer e Ozzy ficaram tão amigos que o
primeiro não resistiu, e sugeriu aos seus colegas de banda: “por que não pegamos aquele
louco do Approach para ser nosso vocalista?”. O Music Machine vinha tendo problemas
com o cara que cantava para eles – um sujeito que andava se achando meio “estrela”. E o
humilde e beberrão Ozzy, que entusiasmava todo mundo na base dos berros, piadas e
cervejada, veio se incluir nas fileiras do Music Machine.
Foto ao lado: Geezer Butler, em um momento de êxtase num dos lendários shows da banda
Enquanto isso, do outro lado da cidade, o tal grupo “The Rest”, de Tony Iommi e Bill
Ward, tinha chegado a um impasse – de uma tacada só, vários de seus membros vazaram,
deixando Tony e Bill na mão. Aquela estória de sempre: um acha que dá mais lucro parar
com esse negócio de música e voltar a estudar, outro resolve viajar e nunca mais aparece,
outro se casa... Tony, então, resolve reinventar tudo e rebatiza a banda com o nome
“Mythology” – ele e Bill se juntam a mais três caras e continuam a sua louca jornada de
misturar blues pesado com jazz, uma piração total. O som da banda incluía até um
saxofonista bem porra louca!
É engraçado, mas durante este espaço de tempo, o Music Machine, de Ozzy e Geezer, e o
Mythology, de Tony e Bill, não chegaram a se cruzar em lugar nenhum. É Tony quem se
recorda: “O circuito de shows em Birmingham era muito limitado e estranho – eram só
bares, algumas festas de colégio e feiras culturais, coisas desse tipo. Mas cada grupo
acabava ficando muito restrito ao seu próprio habitat, pois haviam muitas ‘panelinhas’, e se
você não era amigo dos caras da escola tal, você não podia ir tocar lá. Por causa das eternas
rixas de colégios e das brigas de torcidas de futebol, tudo era levado para o lado pessoal, e
dependendo do lugar, era melhor você nem dar as caras com uma guitarra por lá, ou você
poderia ser linchado...”. Entendeu, né? Em Birmingham, às vezes, torcer ou não para o
West Ham ou outro time qualquer poderia determinar o futuro de sua banda. Bairrismo
inglês é pouco...
De repente, o Music Machine também desanda – e Ozzy e Geezer, sem bem saber o que
fazer, recrutam metade deles e formam o “Rare Breed”. Ozzy se gaba desta época como
aquela em que ele “participou de mil bandas”...
E, só pra variar, o Rare Breed dura só alguns meses, e também rui. Já estamos em março de
1968, e, até agora, se Ozzy levou uns trinta xelins para casa como resultado de sua “nova
profissão”, foi muito. Mas tudo bem: a felicidade de seu Thomas e sra. Lilian residia em,
pelo menos, saber que o seu filho não havia sido preso de novo...
Ozzy, então, leva um daqueles sussurros mágicos do destino no ouvido – só não me
pergunte se foi de um anjo ou de um capeta! Uma bela manhã, ele vai à redação do Diário
de Birmingham, um jornal local, e manda pôr um anúncio:
- Publica essa porra aí... Se isso não me ajudar, nada mais pode.
O anúncio, em letras miúdas e mal impressas, dizia assim: “OZZY ZIG – VOCALISTA –
PROCURA BANDA – POSSUI EQUIPAMENTO PRÓPRIO”. O equipamento, lembremse, eram o velho microfone e a caixa de som, conseguidas pelo pai de Ozzy de segunda
mão.
Apesar de pequeno e econômico, o anúncio chamou a atenção de grupos da cidade – não
era comum, na época, em Birmingham, um vocalista já possuir equipamento próprio.
Geralmente, os garotos eram colegas de escola, se reuniam para tocar e, juntos, iam fazendo
uma vaquinha, arrecadando uns cobres aqui e acolá com bicos, até comprarem os
instrumentos e o equipamento. Ozzy se inspirara no que acontecia na capital, Londres, onde
os melhores músicos, os caras de cacife, e já auto-sustentáveis, se dispunham a novas
experiências musicais em notas de revistas e jornais – foi assim que várias boas bandas da
época se formaram, como, por exemplo, o Herd, de Peter Frampton, ou até mesmo a
formação pós-Gillan do Deep Purple, anos depois, quando David Coverdale foi escalado
após um concurso que a banda realizou com aspirantes a roqueiro que punham anúncios
nos jornais.
A primeira pessoa a ir atrás do vocalista, no entanto, foi o jovem Tony Iommi – ele se
lembra com humor, até hoje, de ter pego aquele jornal, olhado bem para o anúncio, e
amaldiçoado: “Diabos! Não pode ser! Esse não pode ser o mesmo Ozzy em quem eu
costumava dar um couro no primário.” Era. E logo Tony pôde constatar que o ex-colega de
escola, a vítima das surras da pequena gangue de Tony na infância, era mesmo o tal carinha
do anúncio, ao aparecer na casa dele junto com Bill Ward para responder ao anúncio. Ao se
reencontrarem, Ozzy e Tony deram boas risadas lembrando do passado – não sem antes
Ozzy lhe prometer uma bela revanche. Na verdade, essa promessa acabou se tornando uma
dívida cara, cumprida ao longo de muitos anos, quando Ozzy saiu do Black Sabbath e
carregara grande parte da marca e do carisma da banda, deixando Tony e o grupo
amargarem um ostracismo e descrença de décadas...
Voltando ao presente, então, Ozzy, Tony e Bill começaram a conversar sobre música, e
sobre as propostas que eles tinham – de alguma forma, sob a vital influência de Bill, elas se
casaram. Tony tinha os dois pés atrás, e mais algum se houvesse, em fazer algo em parceria
com Ozzy – as idéias do garoto sobre rock podiam ser legais. Do que o guitarrista nunca
gostara mesmo era o comportamento de Ozzy – opinião essa que até hoje, diga-se a
verdade, não mudou muito. Mas Bill, de cara, teve grande empatia com Ozzy, e até hoje
eles são os mais ligados dentre os quatro clássicos membros do Black Sabbath. Encorajado
por Bill, Tony finalmente topou, e marcaram um ensaio. Na noite do mesmo dia, Ozzy
aparece na casa de Geezer, e lhe diz em tom de euforia: “Esqueça o Rare Breed e outras
merdas. Agora realmente vamos ter uma banda legal!”
Foto ao lado: O homem por trás da porradaria do Black Sabbath: a fera Bill Ward
Ozzy já havia ouvido alguém falar no Mythology (que também já estava se desmanchando),
e em como o seu guitarrista e baterista eram bons e realmente impressionavam ao vivo. Era
atrás disso que ele mais corria em seus dias de Birmingham – um grupo que surpreendesse
ao vivo, que pegasse todo mundo despreparado enquanto no palco. Em suma, o que ele
achava legal nos Beatles.
E então, uma semana depois, lá estavam eles – e a jam deu certo.
Abril de 1968 marca, pois, o início da trajetória de uma das mais fascinantes e inventivas
bandas de rock pauleira de que já se teve notícia – ainda que em um formato bem diferente.
Inicialmente, por exemplo, até que Geezer resolvesse passar para o baixo, ele e Tony se
revezavam nas guitarras, e muitas das vezes, enquanto Geezer fazia a parte rítmica, Tony
tinha espaço para se esmerar no slide guitar, aquela técnica clássica de tocar com uma
bottleneck deslizando sobre as cordas, tão utilizada por Brian Jones dos Rolling Stones, ou
pelos Alman Brothers, e, de forma magistral, por Ry Cooder. Algum tempo depois, Geezer
resolveu pegar no baixo e deixar só Tony na guitarra, uma vez que o estilo seco e direto
deste, aos poucos, foi se acomodando melhor com o tipo de música que estavam
desenvolvendo.
O grupo, então, se chamava Polka Tulk, que era o nome de uma marca de talco cuja lata
Ozzy, um dia, encontrara no banheiro de um dos pubs que ele mais freqüentava – como ele
estava trêbado neste dia, imaginem o que ele fez com essa lata, dada a sua fama de gostar
de aprontar com os outros quando suspenso em estado etílico. Basta dizer que alguém o
expulsou do pub aos chutes, neste dia, por ter recebido um inesperado banho de urina...
Nesta época, o grupo consistia de Ozzy (vocais), Bill (bateria), Geezer e Tony (nas
guitarras), Jimmy Philips (no baixo), e um tal de Clark - é simplesmente assim que se
referem a ele, e é o sujeito que tocava saxofone e demais instrumentos nas loucas incursões
jazzísticas do grupo. Ozzy odiava esses momentos – foi o que, na verdade, sempre fê-lo
amaldiçoar o som do Sabbath durante muitos e muitos anos. “Iommi sempre gostou dessas
entediantes trips de jazz – no palco, ele ficava fazendo aqueles solos enormes de jazz. Jazz
num show do Black Sabbath? Ridículo! Eu ficava olhando do lado do palco, rangendo os
dentes” – declaração de Ozzy dada em 1981, dois anos após ter deixado o Sabbath. Ozzy
queria o peso, o rock pauleira – ele queria agitação.
Com o passar do tempo, no entanto, inicia-se a conspiração de Ozzy, dentro do grupo, para
que o som da banda fique cada vez mais pesado e espirrem fora os seus componentes
desnecessários – ele já vislumbrava uma formação clássica, de quarteto, aos moldes do que
várias bandas de Londres vinham fazendo, se tornando mais pesadas e dispensando as
instrumentações e viagens desnecessárias. Era o caso dos Yardbirds, que no ano anterior
tinham se transformado definitivamente em um quarteto com Jimmi Page na guitarra, e
agora estavam prestes a se transformar no Led Zeppelin! Foi assim que Ozzy começou a
chamar a atenção de todos para o fato de que, nos shows que o grupo vinha fazendo em
pubs, ninguém vinha prestando muita atenção neles. Enquanto todos ficavam papeando nas
mesas, matando suas canecas de cerveja e lambiscando pretzels e fritas, a banda ficava lá,
no palco, dando o sangue e se esforçando naquelas pretensiosas viagens jazzísticas. “Para o
quê, afinal? Servir de trilha sonora para os caras ficarem ganhando as minas e comerem
elas depois de alguns goles – é pra isso que a gente toca?”, esbravejava Ozzy. Noutra feita,
ele teve uma conversa séria com Tony:
- É o seguinte: ou a gente aumenta o volume dos P.A.s, ou ninguém vai prestar um caralho
de atenção na gente. Temos que tocar alto, Tony. Temos que fazer a coisa o mais
ensurdecedora o possível! Temos que atingir eles, chamar sua atenção – ou senão, como é
que raios você quer que a gente chame a atenção de alguém, de algum empresário ou
promotor de shows, ou até mesmo de um agente de gravadora? Nunca vamos arrumar um
contrato para gravação assim.
Ozzy, raposa velha que só ele, sabia que um dos grandes interesses de Tony era sobreviver
da música, se tornar realmente profissional e gravar – ele não queria voltar para a fábrica
onde trabalhava para perder mais dedos em torneadoras! Era esse também o interesse,
confesso, de todos por ali.
No decorrer do ano de 68, então, as coisas começam a mudar – e perceptivelmente.
Nos palcos dos pubs onde tocam, o Polka Tulk começa a inovar, e não obstante angariam a
polêmica em seu caminho. O volume exagerado dos amplificadores e caixas de som –
realmente elevado ao máximo – perturba o bate-papo de quem vai aos barzinhos para
simplesmente beber e se distrair. Não raras foram as brigas de Ozzy e cia. com inúmeros
donos de pub de Birmingham e região, que teimavam em desligar a aparelhagem antes do
show terminar e expulsavam a banda. Invariavelmente, recebiam, como resposta, as
vigorosas cusparadas de um ébrio Ozzy, xingando tudo: “Obrigado, seu viado velho!
Temos a honra de nunca mais voltarmos a este puteiro de merda para tocar!!!”. Por outro
lado, este caráter underground do grupo logo lhes relega uma fama e notoriedade típicas
das mais controversas e polêmicas bandas do rock, e os primeiros fãs já começam a surgir e
a segui-los aonde quer que toquem. Mirem-se nesta lição de integridade, futuros roqueiros:
gente que acompanha o seu grupo e vai aos seus shows pelo que eles são e pela sua música,
e não para ficar simplesmente batendo papo e ficar seduzindo as minas para um
motelzinho, como Ozzy costumava dizer.
O inevitável acontece: Jim Philips e Clark deixam o Polka Tulk, cansados do festival de
pancada sonora e de brigas e porradaria em que os shows da banda se transformaram, sob
influência de Ozzy. E aí sim, nasce o Earth.
O motivo da mudança de nome do grupo para Earth, segundo Tony, é o de que, como agora
eles eram um quarteto, a nova formação precisava de algo marcante para ser reconhecida.
Esta é a versão oficial. Na verdade, o Polka Tulk virou Earth justamente para não ser tão
reconhecido – como a fama do Polka já estava queimada, devido às brigas homéricas de
Ozzy com donos de pubs, seria legal eles ressurgirem como Earth e, assim, animar alguns
promotores de shows e donos de bares a contrata-los novamente. A clássica formação já do
que viria a ser o grande Black Sabbath (Ozzy, Tony, Geezer e Bill) continuou, no entanto,
fazendo a mesma coisa de antes – se não pior. Tony via, agora, que Ozzy estava com a
razão: aumentar o volume e dar ao som da banda uma personalidade básica e distintiva de
tudo o que se fazia até então era realmente um bom negócio, e o apoio dos pioneiros fãs do
grupo sempre foi muito importante, desde o início, para que continuassem neste caminho,
sempre se impondo. Logo, quase todos os garotos de Birmingham tinham virado fãs do
Earth, e sabiam que o show da banda era uma oportunidade única para pularem, gritarem e
agitarem, pondo todos os seus demônios para fora numa exaltação ao rock n’ roll.
Realmente, já desde os primeiros tempos, Ozzy e cia. garantiam essa performance animada
e o som agitado que se tornaria uma de suas marcas registradas ao vivo. Era o nascimento
do heavy metal, como o conhecemos! O Earth começa a dar seus primeiros shows em
cidades vizinhas, e o sucesso começa a, timidamente, lhes bater a porta...
Uma das estórias mais engraçadas desta época é que, dado o êxito inicial que o grupo vinha
tendo em apresentações, eles foram chamados para tocar em uma festa que haveria em um
grande salão de Birmingham, uma espécie de banquete em que seria comemorado o
aniversário de uma tal instituição de Lordes Comerciários de Birmingham... algo assim,
como dizia Bill. Coisa chique. E o evento era tão grã-fino, que o jovem empresário que os
contatou levara, junto com o contrato para fazerem o show, quatro ternos brancos, de gala,
para que se vestissem para o concerto! Geezer e Tony ficaram boquiabertos quando viram
aquilo. Bill ainda sussurrou: “será que esses caras não estão nos confundindo com alguém...
quero dizer, eles sabem quem somos nós?”, ao que Ozzy retrucou: “Ah, deixa pra lá...
Além do mais, se não sabem, vão ficar sabendo”. A aparência do vocalista, nesta época já
com uma cabeleira enorme, roupas velhas e sujismundas, e frequentemente visto andando
descalço (todo o seu dinheiro ia embora em bebedeiras e novos equipamentos para a banda,
e seu único par de sapatos estava em estado deplorável), com certeza assustou muito o
rapaz que os contratou, fazendo-o imaginar se havia feito a coisa certa. De qualquer forma,
quando terminaram de se vestir para ir tocar na tal festa, Ozzy achou o maior barato os
quatro daquele jeito, e fez questão que seu irmão tirasse umas fotos deles. “Foi a primeira
vez, na minha vida, em que eu realmente vesti roupas!”, brincaria o vocalista.
Foto ao lado: O grupo Earth – a um passo de se tornar o Black Sabbath, os quatro já
estavam ali – da esquerda para a direita, Bill, Geezer, Ozzy e Tony! Esta é uma das fotos
tiradas antes do clássico “concerto de ternos” que eles deram, apavorando uma legião de
ricaços locais de Birmingham. Repare no clima de gozação do grupo – e na cara de menino
de Ozzy, ainda bem novinho.
Na tal cerimônia, tudo ia indo bem – os convidados chegando, brindes de taças de
champanhe, muita conversa e apresentações formais. Até que o grupo subisse ao palco.
- Veja, Bill. A mesma putaria de sempre. A única diferença é que aqui eles são bem
vestidos, mais silenciosos e dão menos na cara. Vamos acabar com isso. – resmungou
Ozzy, já levemente mamado de alguns drinques da festa – muito especiais, aliás, para um
garoto de boca suja só acostumado a cerveja barata de pubs fedorentos.
E dá-lhe som! O grupo despejou o seu peso habitual e incomum na audiência desavisada –
e que horror! Algumas senhoras da high society de Birmingham ficaram apavoradas e
pediram para ser retiradas dali pelos seus maridos. Alguns comerciantes e fazendeiros ricos
da região arregalavam os seus olhos o mais que podiam – não podiam acreditar no que
estavam vendo, e muito menos no que estavam ouvindo! Os mais jovens, por outro lado,
começaram até a curtir, sob os olhares censuradores de seus pais. Aquilo era um ultraje.
Das caixas de som no palco, irrompiam os acordes tonitruantes de algumas poucas
composições próprias – dentre elas uma nova, chamada “The Rebel” – e covers de Elvis
(“Blue Suede Shoes” era uma das preferidas de Ozzy – a versão do Earth para ela pode ser
ouvida em alguns discos piratas do Black Sabbath com registros dessa época). Tudo tocado
na já conhecida levada mastodôntica do Sabbath. A fleuma britânica dos anfitriões da festa,
no entanto, não lhes permitiu parar o show dos rapazes no meio (e na raça, como os
boquirrotos donos de bares faziam), e o olhar selvagem de Ozzy para todos eles enquanto
cantava (quer dizer, berrava) deve, em muito, ter contribuído para isso. Ao final de 50
minutos de tortura sonora para a tal sociedade dos lordes comerciantes, entremeados por
alguns instantes para os membros do grupo tomarem mais alguns goles e acertarem o que
tocar, o set estava terminado – para indescritível alívio da audiência em pânico.
Desnecessário dizer que a festa fora arruinada, e quase todos os convidados já haviam ido
embora. Que ironia, não? Quem poderia imaginar que estava perdendo um dos mais
controversos shows daqueles que, um dia, se tornariam os mais ilustres filhos de
Birmingham, que hoje em dia dedica um dia especial a eles?
Podemos dizer que aquele foi o dia em que o rock deu uma cusparada, da forma mais direta
possível, na cara da burguesia. E por engano! Engano esse, entretanto, que não passou
despercebido, e deixou os rapazes da banda em alerta: havia já, na época, uma outra banda
na região chamada “Earth”, que foi a banda que era originalmente cotada para tocar na tal
festa, e com quem eles foram confundidos, e não se passou muito tempo, logo surgiria
também, na Inglaterra, a Manfred Mann’s Earth Band, do ex-líder da famosa banda de pop
inglês, e que poderia, também, gerar confusões e mal-entendidos, caso um dia Ozzy e cia.
ganhassem maior projeção. Levando tudo isso em conta, Tony e os outros logo começaram
a pensar em um outro nome para o grupo – e este sim, se tornaria definitivo...
Satânicos e visionários (Parte 03)
E quando tudo parecia estar na mesmice e a rotina derrotista de lutas por um lugar
ao sol típica de Birmingham ameaçava se abater sobre nossos heróis... eis que os
ventos das mudanças, fossem elas ruins ou não, sopram sobre a terra. Ou melhor, o
Earth. A banda que já era praticamente tudo que conhecemos hoje em dia só não o
era por ainda não ter encontrado um direcionamento criativo e temático interessante
e original, que cativasse os fãs com uma proposta diferente desde o primeiro
momento. Este dia, entretanto, logo chegou, partindo da cabeça de um boquiaberto e
risonho Geezer Butler, após uma tão reles sessão de cinema... Quem diria. Mas antes
disso, ainda, a apreensão por causa de um certo namoro Tony Iommi-Jethro Tull
ainda teria que ser experimentada, e os rapazes, apesar de já devidamente
empresariados por um ex-trumpetista de jazz que caiu dos céus (ou teria subido do
inferno?) ainda teriam que acertar os pontos com algumas platéias por aí - dentre
elas, a mais desanimada que eles já enfrentaram.
-
Parte 3 - Satânicos e visionários:
O final do ano de 1968, para a banda, se dá com uma novidade que lhes renderia um susto,
na verdade duplamente chocante: agradável por um lado, mas não muito por outro.
Em uma das recentes gigs do Earth, eles haviam sido vistos por um curioso flautista com
sotaque escocês chamado Ian Anderson. Esta simpática figura, que mais parecia um
fazendeiro do País de Gales fingindo ser um conde de fleuma refinada, apesar dos trajes
boquirrotos, era, na verdade, o vocalista e mentor musical de uma banda que vinha
despontando em Londres naquele finalzinho de 1968, com uma turnê que andava deixando
todo mundo meio embasbacado com o tal de "folk rock pesado" promovido por eles. Se
tratava do Jethro Tull. Dentro do curto espaço de tempo de seis meses, a banda se tornaria o
xodó da imprensa britânica de rock da época, apontada como uma das grandes novas
sensações que chegavam para ficar, diante de um panorama musical que, naquele final de
68, não era dos mais estimulantes: tanto Beatles quanto Rolling Stones enrolados com
projetos incertos e que não desandavam - os primeiros por causa da ruptura cada vez mais
próxima, se acabando enquanto gravavam o álbum/filme Let It Be, e os segundos, perdendo
o guitarrista Brian Jones e meio sem saber o que fazer; o Cream estava morto, extinto, e o
próximo projeto de Eric Clapton, o Blind Faith, ainda iria demorar muito para sair da
incógnita; o Pink Floyd ainda estava se acostumando com a vida sem Syd Barret, e David
Gilmour e Roger Waters ainda demorariam um pouco para se adequarem ao som "espacial"
a que se proporiam a fazer com a banda; e o Led Zeppelin não tinha nem nascido direito
ainda, ou melhor, já existia, com o nome de "New Yardbirds" (que era o jeito que Jimmi
Page tinha arrumado de montar uma nova banda a partir das cinzas dos Yardbirds e cumprir
algumas datas de turnês na Europa) - e entretanto, Plant & Page e cia., mesmo quando
começassem a fazer sucesso, no ano seguinte, seriam prontamente rechaçados pela mídia
musical, sofrendo uma detratação que ainda demoraria muito para assentar e dar-lhes algum
prestígio por parte da crítica.
Foi nesse cenário vago que o Jethro Tull apareceu entusiasmando todos com o seu tal "folk
rock pauleira", enveredando por temas longos e de inspiração céltico-druída, com pitadas
sonoras daquilo que já antecipava em muito o rock progressivo da década seguinte,
passando a receber diversos prêmios de grupo revelação e, já em 1970, figurando entre os
principais protagonistas do Festival da Ilha de Wight, o famoso "Woodstock inglês".
Foto ao lado: Jethro Tull.
Anderson, entusiasmado com o sucesso nascente de seu grupo, andava pensando em
reformulações no seu som e novas propostas para a gravação do primeiro LP deles (que
acabaria sendo lançado no ano seguinte), indo a vários shows e observando diversas bandas
em ação, ele se engraçou com Tony Iommi e a versatilidade aliada à brutalidade nas
guitarradas do rapaz. Na verdade, foi numa das performances do Earth em que Iommi
solava num estilo de blues, bem slide, é que Anderson teve a idéia de chamá-lo para figurar
como guitarrista em algumas apresentações do Jethro Tull, não desconsiderando a idéia de,
caso tudo corresse bem e Iommi se adaptasse bem ao Jethro, incluí-lo definitivamente no
grupo.
Foto ao lado: Rolling Stones Rock and Roll Circus
Se por um lado isso representava um golpe no estômago de Ozzy, Bill e Geezer, - que já
haviam se acostumado àquela formação e que achavam que Iommi, em uma banda em
ascensão como o Jethro, nem pensaria em tocar mais com eles - por outro lado, era a
garantia de dias melhores para o Earth, já que com o dinheiro que Iommi receberia por
aqueles dias excursionando com o Jethro, as muitas contas e gastos pendentes do grupo
poderiam ser pagas, e ainda sobraria um troco para comprar mais equipamento. A banda
tinha que se desdobrar, afinal, se quisesse continuar vivendo de sua própria música, e a vida
não estava fácil mesmo! Foi assim, então, que mesmo correndo o risco, Ozzy e os rapazes
deram um "até mais" a Iommi, mesmo imaginando que, no dia em que ele voltasse para
revê-los, poderia ser para não ensaiar e nem entregar dinheiro algum, mas sim para dar uma
notícia não muito agradável. Talvez fosse o futuro do cara como guitarrista - ninguém
podia se intrometer no destino dele, afinal.
Foto ao lado: Aparição do Jethro Tull no especial de TV "Rock n'Roll Circus" - repare em
Iommi, no cantinho direito, de chapéu.
Foi graças a isso que, hoje em dia, quando assistimos à histórica apresentação dos Rolling
Stones para a TV britânica, intitulada The Rolling Stones Rock and Roll Circus (gravada
nos dias 10, 11 e 12 de dezembro), e que ficou engavetada por muitos e muitos anos antes
que Mick Jagger se convencesse que era um momento realmente importante do rock e que
devia ser lançado para o grande público, é que podemos ver, durante a apresentação do
novato Jethro Tull por lá, um esquálido e tímido Tony Iommi, dublando a guitarra no
cantinho da tela (já que foi tocado um playback para Ian Anderson, somente, cantar em
cima e solar com sua flauta).
Naqueles dias, Iommi estava com o grupo, e com eles permaneceu tocando, em shows e
pequenas apresentações, até meados de janeiro de 1969. Nem registros de gravações do
guitarrista com o grupo parecem existir, a não ser umas duas ou três músicas presentes em
discos piratas, mas só suspeitas. Na verdade, Iommi alega ter permanecido com o grupo só
por duas semanas, e que não teria mesmo gostado do estilo de som a que o Jethro Tull se
propunha, preferindo a sua proposta original (e mais pesada), junto com Ozzy e cia.
"Toquei no Jethro Tull durante duas semanas. Mas eu me sentia mais em casa no Black
Sabbath; no Jethro, eu não tinha certeza de que ia me encaixar". Também o jeitão
sorumbático de Ian Anderson, um beberrão bicho-grilo dado a conversas-cabeça que
soavam a grego para Iommi e que recusava-se a dar qualquer palavra final para qualquer
novo músico que acompanhava a sua banda até que uns bons meses tivessem se passado.
Assim, Iommi retorna a Birmingham com a grana prometida nos burros, reencontra Ozzy,
Bill e Geezer, e todos juntos comemoram a sua volta e o dinheiro recebido com uma bela
cervejada num dos pubs locais após uma noite de show.
Foto ao lado: Jim Simpson, o primeiro empresário do Black Sabbath, em foto mais recente.
Era o início de 1969. E o grupo ainda se chamava Earth. Eles estavam batalhando pesado
no circuito de enfumaçados barzinhos e pubs de Birmingham e cercanias quando um
promotor de shows de bandas pop e rock de algum renome na região, Jim Simpson, foi
bater na porta da casa de Iommi, certa noite. Simpson era um trumpetista de jazz frustrado,
que havia passado por várias bandas do gênero em sua juventude, e agora era o proprietário
do apagado selo Big Bear Records, que gravava novos artistas e revelações em shows no
norte da Inglaterra, a maioria sem grande expressão; ele empresariava alguns grupos
ingleses de pouca ou nenhuma importância, que hoje não entram nem em nota de rodapé de
enciclopédias de rock, e já havia ajudado a promover alguns festivais e turnês de rock em
lugares como Manchester, Glasgow, Blackpool, Liverpool e a própria Birmingham. O cara
tinha inegáveis conhecimentos e contatos com algumas pessoas influentes no meio musical
inglês da época, mas nada muito surpreendente, ou que excedesse a popular rodada de
canecos de cerveja feita antes ou após um show qualquer, entre empresários, músicos e
parasitas de toda a espécie. De tais contatos informais, no entanto, havia nascido uma
invariável notoriedade no circuito de shows Liverpool-Hamburgo, sendo que sempre fez
parte do currículo de estórias pessoais de Simpson alegar que, inclusive, já havia viajado
com os Beatles várias vezes para a Alemanha, em uma das muitas excursões dos garotos de
Liverpool para tocar lá, no posteriormente famoso Star Club. Isso o fazia,
conseqüentemente, ter portas abertas na casa de shows, para levar para lá os artistas que
quisesse.
Esse papo foi, obviamente, jogado em Iommi, que por sua vez, o jogou no resto dos
integrantes da banda. E imagine só o brilho nos olhos de Ozzy quando ele ficou sabendo
que o tal Simpson, que já havia estado com - supremacia das supremacias - os Beatles,
estava querendo assinar com o Earth para uma turnê na Alemanha, justamente em
Hamburgo, no mesmo Star Club onde os Fab Four haviam tocado! Apesar da tradicional
carranca com que o incrédulo e arredio Ozzy recebia os promotores de eventos e
empresários pés-de-chinelo que rondavam o grupo, nos seus primeiros dias, a reação a
Simpson, por conta disso, foi bem diferente.
Foto ao lado: Black Sabbath, nos primeiros tempos.
Bill Ward se lembraria dessa época e a recordaria, em entrevistas anos mais tarde, que
aqueles, apesar de terem sido anos muito difíceis para a banda, foram também dos mais
divertidos - como de praxe em várias bandas que depois se tornam famosas e perdem
aquele gosto pela simplicidade e pelos prazeres sutis da batalha pelo sucesso. Alguns meses
antes de serem contatados por Simpson, o Earth havia arrumado uma van de segunda mão bem, na verdade, parecia ser de décima, ou vigésima... - , concedida com as graças de um
primo de Geezer Butler, que era tão velha e estourada, que o grupo passava mais tempo
fora dela, a empurrando e fazendo pegar no tranco, do que dentro. Com isso, chegavam
todos ofegantes, e às vezes sujos de graxa, aos lugares dos shows. Ozzy conta que "pelo
menos, surtia o efeito de uma bela carroça para carregarmos o nosso equipamento na
época".
Foi no meio destes tempos difíceis, e a apenas quatro dias de caírem nas graças de seu
primeiro empresário, Jim Simpson, que o Earth considerou seriamente a hipótese de mudar
de nome, e acabou o fazendo. Conforme já dito no capítulo anterior, "Earth" era um nome
que parecia estar meio manjado nas redondezas, já utilizado por outra banda e também, em
Londres, pelo novo grupo que Manfred Mann havia montado. Assim, Ozzy e os outros
vinham pensando, nos últimos tempos, em trocar o nome da banda definitivamente para
outro. O estopim para que isso acontecesse, determinando, na verdade, não só uma
mudança de nome de banda, mas também, de todos os rumos da postura que o rock pesado
e a música pop teriam nos anos seguintes, se deveu a vários fatores.
É preciso se lembrar que o ambiente libertário e contracultural dos anos 60 propiciou o
aparecimento de diversas novas ondas e tendências que, fazendo a cabeça da juventude da
época, eram a oferta de modos de vida e de pensamentos alternativos àqueles já
consolidados pelo establishment, pela cultura oficial - que nos EUA, por exemplo, tinham o
seu exemplo mais claro no famoso American way of life nascido da era Roosevelt, após a
Segunda Guerra Mundial. Com os subsídios de uma economia turbinada pelo sucesso nas
campanhas bélicas mundiais dos anos anteriores, e uma administração ágil e dinâmica, os
Estados Unidos da América passaram a exercer, dos anos 40 em diante, uma ditadura
cultural sobre todo o globo terrestre muito evidente, fazendo de sua língua, roupas, música,
cinema, literatura etc. símbolos e parâmetros para tudo que se desenvolvesse no panorama
de cultura dos países ocidentais. Esta ditadura, obviamente, era fundamentada nas
ideologias propagadas pelos WASP - a maioria da população norte-americana de então,
white (brancos), anglo-saxon (anglo-saxões) e protestants (protestantes). De rígidos padrões
morais e éticos conservadores, subservientes às hegemonias existentes da religião
protestante e da figura masculina na sociedade, das hierarquias militares e do respeito às
instituições, os princípios WASP se proliferaram pelo mundo inteiro agregados à cultura
norte-americana, estabelecendo a dita "cultura oficial" ou "dominante". É o que vemos até
hoje, por exemplo, desde em certos regulamentos de edifícios e condomínios até em
novelas e programas de uma Rede Globo, quando verdades sociais como a pobreza, a
homossexualidade, o preconceito racial, a explosão demográfica e outras figuras incômodas
ao pensamento conservador protestante são mascaradas ou simplesmente banidas graças à
ditadura do Ibope e da mídia, tão entremeadas no subconsciente coletivo estão as idéias
WASP.
As leis da física, todavia, já nos ensinavam que para toda uma ação, há uma reação.
Pensadores (dentre eles, filósofos, sociólogos e psicólogos), artistas e religiosos
alternativos, como gurus e líderes espirituais, do mundo inteiro, passaram a perceber esse
alastramento da ideologia WASP no painel ocidental, e passaram a se dedicar em todas as
suas obras e trabalhos, a denunciar esta ampla e irrestrita ditadura cultural, massificada e
onipresente graças aos meios de comunicação cada vez mais poderosos - lembre-se que em
um curto espaço de tempo, do final dos anos 40 ao final dos 50, televisão, rádio, cinema,
discos e imprensa escrita se desenvolveram de uma forma tal que todo o globo terrestre já
estava sendo coberto. Como uma década de libertação dos dogmas e padrões impostos que
foram, os anos 60, obviamente, dariam chance a todas estas pessoas que vinham
trabalhando contra a cultura oficial estabelecida de se expressarem melhor - e isso veio não
somente por elas, mas também por toda uma nova geração que já estava ouvindo
atentamente as suas orientações. Foi assim, então, que os beatniks dos anos 40 e 50, os
cantores folclóricos de protesto, os gurus indianos e líderes espirituais do Oriente, e
escritores, filósofos, políticos e críticos de renome, como Bertrand Russel, Freud, Jung,
Marcus, Che Guevara, e muitos outros, seriam todos introduzidos e eternizados no
pensamento da geração jovem dos anos 60 - e que logo se desdobraria no grande
movimento contracultural da nação hippie.
Como um movimento, entretanto, tão geral e pancultural que era (no sentido de juntar
diversas correntes e tendências culturais), os hippies acabariam não só atraindo forças
bastante positivistas para este contexto, como também, forças bem negativas. Assim como
tudo que era experimentação e novidade era válido, como uma forma de quebrar as regras
impostas pela cultura ocidental viciada e conservadora, de "romper as barreiras" e
"ultrapassar os limites", em um linguajar bem típico da época (e que celebrizou as letras de
Jim Morrison, dos Doors, em canções como Break on Through, por exemplo), várias
propostas alternativas de vida, provenientes de religiões fora do eixo protestantismo-
catolicismo ocidental, vieram à tona. Foi assim que diversas seitas e religiões como
budismo, xamanismo, hinduísmo - até mesmo o messianismo muçulmano - começaram a
repentinamente aparecer de norte a sul do continente americano. E, junto a elas, também
veio o satanismo.
Foto ao lado: Anton LaVey
Não se sabe ao certo de onde se originam as raízes do satanismo ocidental, mas têm muito a
ver com os ritos pagãos e cultos que sobrevivem em diversas comunidades ancestrais,
desde épocas imemoriais, de regiões da Europa como a Noruega, Groenlândia, Nova
Zelândia, Suécia e Grã-Bretanha. Tido por sociedades secretas de ocultismo como um
desvio na vertente das seitas celtas e druidas que originariam a hoje popular Wicca, ou seita
dos bruxos e bruxas, o satanismo começou a crescer na América em pequenas comunidades
rurais de imigrantes, que teriam trazido os costumes e tradições de fazer oferendas e
cerimônias a Belzebu da Europa Central, como uma forma de ter prosperidade e bons
resultados nas colheitas. Rezam as lendas que, nas antigas florestas norueguesas, banquetes
cheios de vinho, frutas, carnes e sangue de animais mortos em sacrifício eram oferecidos a
um representante do demônio sobre a Terra, designado durante certo período pela
comunidade de camponeses como cornudo, por se paramentar de uma vestimenta em que
era obrigatório o uso de uma máscara, feita de couro de alces e imitando as feições do
diabo, ostentando longos chifres. Quando estavam próximos os períodos do plantio,
geralmente em meados de maio, que era um dos quatro feriados chamados de "meio
trimestre" pelos celtas (dias em que os bruxos e bruxas se punham a festejar e descansar),
chamado de Beltrane, geralmente as comunidades satanistas davam início aos preparativos
para estas celebrações em que oferendas eram entregues ao Belzebu para que a colheita do
ano fosse próspera. Daí nasceu a palavra Sabbath, ou "sabá", em português, que é o nome
dado a esta cerimônia secreta em que os pagãos da Europa Central invocavam o Senhor das
Trevas. O nome origina-se de um dia de descanso religioso, que Moisés havia mandado os
homens terem, no sétimo dia da semana. Subvertido pelas ordens ocultas de bruxaria, na
Idade Média, o sabá acabou se agregando ao feriado de Beltrane, tido como uma
oportunidade festiva para bruxos e bruxas se reunirem e celebrarem seus feitos, sempre em
um dia de sábado, à meia-noite, sob a presidência de Satanás. E assim, foi gradativamente
sendo incorporado pelas comunidades ocultistas da Europa Central, mantendo a tradição:
sendo realizado na época de Beltrane, antes do início do plantio, em um sábado à meianoite, com um líder escolhido para representar o demônio, vestido como tal, e a quem eram
feitas oferendas, em um clima de grande depravação, um verdadeiro bacanal repleto de
vinho, comida e sexo. Detalhe interessante sobre os sabás originais que ocorriam nas
florestas da Europa Central, contados por vários historiadores, é que quando mostrava ser
muito infrutífera a terra a ser cultivada, era necessário que uma noiva da comunidade
prestes a se casar, devidamente virgem, fosse oferecida ao Belzebu, para que este a
deflorasse, restituindo a fertilidade do solo a ser cultivado. Relatos acerca de outros cultos
falam na morte de crianças, o que, queiramos ou não, ainda é noticiado por vários informes
sobre fatos ocultos e sobrenaturais até os dias de hoje.
A questão é que, na loucura libertária e de extensa diversidade de propostas dos anos 60
para se fugir da mesmice WASP, cultos arraigados em certas comunidades ocultas como o
satanismo acabaram chegando à América, ou mesmo ganhando força onde já existiam, na
Europa mesmo. De repente, por mais estranho e maligno que isso parecesse, ficou "in" ser
satânico, ou ter um ar meio decadente e "do mal", estava na moda - influência clara das
seitas satanistas que passaram a se proliferar no circuito underground das artes, a partir da
segunda metade dos anos 60. Devido a isso, começamos a ver gente como Anton LaVey, o
auto-denominado "sacerdote de Satã", fundar a sua Igreja Satânica, nos anos 60, com vários
adeptos famosos do jet-set internacional; o cineasta de vanguarda Kenneth Anger, que
entraria para a história do cinema marginal com as suas "obras-primas", filmes cabeça de
estética altamente lisérgica e visual decadente, encenando rituais de bruxaria e cenas de
seitas malditas, como Invocation of My Demon Brother e Lucifer Rising, esta última com
trilha sonora originalmente composta por Jimmi Page, outra figurinha tarimbada no meio
satânico e estudioso das ciências ocultas de Aleister Crowley, assim como Anger; o músico
Bobby Beausoleil, outro doido, amigo de Arthur Lee, do Love, que acabou se envolvendo
com Kenneth Anger, atuando em seus filmes e, enlouquecido pela filosofia satanista,
cometendo assassinato; além, obviamente, de todas as outras personalidades que, em maior
ou menor grau, acabaram ajudando a promover o culto ao chifrudo: o já citado Jimmi Page,
Mick Jagger e os Rolling Stones (com discos como Their Satanic Majesties Request e a
música "Sympathy for the Devil" - ele próprio amiguinho de Kenneth Anger e cogitado
diversas vezes para atuar em seus filmes e compor suas trilhas sonoras), as amantes de
Jagger, Keith Richard e Brian Jones (a cantora Marianne Faithful e a devassa modelo e atriz
Anita Pallenberg - ambas estudiosas de magia negra), e o artista performático londrino
Arthur Brown (do grupo psicodélico Crazy World of Arthur Brown, de grande sucesso em
1967 com uma música inspirada no soul de James Brown que exaltava o inferno! - "Fire").
Também o cineasta Roman Polanski entrou na onda, com aquele que é, para muitos, o
primeiro filme sério sobre satanismo na sociedade ocidental: O Bebê de Rosemary, de
1968. Polanski, aliás, que na época era casado com a atriz Sharon Tate, que foi uma das
vítimas trágicas diretas da proliferação de seitas dos anos 60, morta pelo bando de lunáticos
de Charles Manson - que, inclusive, possuía em suas fileiras alguns ex-membros de seitas
satânicas americanas.
Foto ao lado: O "cineasta bruxo" Kenneth Anger
Para a maioria dessa galera do cenário pop, o satanismo, assim como várias outras
tendências naqueles efervescentes anos 60, não acabariam passando de mais um "embalo de
verão", e logo muitos deles acabariam abandonando a brincadeira por coisas mais sérias com a honrosa exceção, é claro, de Jimmi Page, que continuou mais enfronhado no negócio
ainda, a ponto até de comprar aquele castelo, que pertenceu a todo-mundo-sabe-quem, em
1972.
Como se vê, a contracultura acabou provocando uma grande aproximação do satanismo
com a mídia e o grande público, ainda que a níveis bem superficiais e inocentes (talvez...),
e quando ela foi finalmente engolida pela cultura ocidental oficial, o que acabou
acontecendo mesmo contra a vontade dos hippies (já que o establishment, desde então,
aprendeu a absorver tudo e subvertê-lo aos seus interesses, por causa do dinheiro, of
course), o satanismo foi junto, sendo incorporado ao mundo pop. E não adiantariam nada as
críticas de grupos fundamentalistas cristãos, ou mesmo a chacina promovida pela Família
Manson, naquele ano de 1969 - o estrago da introdução do satanismo no mundo das artes
pop já estava feito.
Foto ao lado: O Exorcista (1973): grande sucesso do cinema de horror "satânico"
Sintomas do grande ibope que o satanismo deu, do início dos anos 70 em diante, são os
sucessos cinematográficos de O Exorcista e A Profecia, e na área da música, tudo quanto é
estória que começou a circular acerca do Led Zeppelin, AC-DC, Kiss, ou mesmo os nossos
focalizados, o Black Sabbath. Até grupos mais xarope, como os Eagles, tiveram a sua
venda de discos aumentada quando se cogitou que alguns deles, como o guitarrista Joe
Walsh, tinham composto o grande hit da banda, "Hotel Califórnia", inspirados em um dos
hotéis pertencentes à seita satanista de Anton LaVey (em 1976). Se hoje algum moleque
acha simpáticas algumas capas de discos do Iron Maiden ou do Deicide, curte as lendas em
torno do Led Zeppelin, ou filmes de terror como Stigmata e Advogado do Diabo (que, em
uma de suas cenas finais, no discurso de Al Pacino como Lúcifer, faz uma menção bem
direta a essa atração que o Mal exerce na humanidade), é por causa dessa grande
capacidade que a mídia teve de capitalizar em cima do satanismo e torna-lo atraente e
familiar.
Pois é, foi no meio de todo esse clima altamente propício a que o horror e as trevas
imperassem no meio artístico, que Geezer Butler (e não Ozzy, ao contrário do que reza a
lenda), em um belo dia de sábado (exatamente!), à noite, vai a um cinema de Birmingham
que ficava quase em frente de sua casa, onde estava sendo exibido um filme chamado,
justamente, Black Sabbath (O Sabá Negro), uma produção inglesa da Hammer, famosa
produtora de filmes B de terror de Londres que já havia dado a luz a sucessos como
Drácula (com Christopher Lee), Castelo da Morte, O Solar Maldito e astros do gênero,
como Vincent Price, Peter Cushing e o já citado Lee. Black Sabbath (1963), o filme,
estrelava uma lenda do gênero, o veterano Boris Karloff (que havia sido o primeiro ator a
encarnar o monstro Frankenstein no cinema, em 1932), e falava, justamente, sobre os tais
rituais satânicos ocorridos à meia-noite, organizados por bruxos para invocar o tinhoso.
Geezer saiu do cinema assombrado, pois sempre fora vidrado em coisas sobrenaturais mas, ao mesmo tempo, ria da galerinha que formava fila para assistir à próxima sessão, uns
fazendo "buuu" e outros se borrando de medo. Aquilo era engraçado - pessoas pagando
para sentirem medo - e, já pressentindo o clima da época e sentindo a reação dos jovens que
estavam indo ao cinema, vidrados com as cenas horripilantes dos rituais, o jovem baixista
viu uma idéia germinar rapidamente em sua cabeça.
Foto ao lado: Pôster original do filme 'Black Sabbath', que deu origem ao nome da banda.
Primeiro, ele foi para casa e, já há alguns dias tentando compor alguma coisa própria para a
banda (que, segundo Simpson, tinha que criar repertório se quisesse fazer sucesso, não
podia só ficar mais presa a covers), sem nenhum sucesso, começou a fantasiar em cima das
cenas que havia visto horas antes no filme de Karloff, e começou a rascunhar algo, em cima
do nome: "Black Sabbath". Nos ensaios do dia seguinte, Geezer começou a conversar com
os rapazes sobre o filme que havia visto, e como aquilo tudo o havia impressionado. Iommi
perguntara o preço do ingresso, que Ozzy achara caro. "Por que um bando de garotos
pagaria, então, uma boa grana simplesmente para sentir calafrios?", indagou Geezer. Ozzy
se impressionou, e começou a pegar ali a linha de raciocínio a que Geezer queria chegar. O
tal negócio de fazer horror e falar no capeta andava fazendo sucesso. Todos ficaram
encucados: como, então, fazer horror na linha musical, como uma banda? No cinema era
outra coisa. Geezer, então, tirou do bolso o rascunho da noite anterior, escrito com o
mesmo nome do filme, e mostrou para os caras. Ozzy pegou o papel, coçou a cabeça...
"Acho que podemos fazer algo aqui assim...", e aos poucos uma letra bastante original (e
polêmica, para a época) foi surgindo:
Estávamos em abril de 1969. Em poucos dias, para o orgulho de papai Thomas e mamãe
Lilian, Ozzy estaria embarcando para a sua primeira turnê internacional com a banda.
Dinheiro que era bom, entretanto, nada. Mas Ozzy já havia se comprometido a entregar
todo o cascalho que ganhasse nos shows para ajudar a pagar as despesas de casa. "Eu tenho
certeza que, se você não torrar tudo nos canecos, você trará", alfinetou o bonachão Sr.
Thomas. A banda ainda se chamava Earth, pois os quatro rapazes ainda não haviam se
decidido se o lance de pôr um nome como "Black Sabbath" no grupo e começar a tocar no
assunto magia negra seria realmente legal - por isso, pelo menos para a primeiras gigs em
Hamburgo, resolveram deixar tudo como estava.
Datam dos dias 25, 27 e 28 de abril, 3, 10 e 20 de maio as primeiras apresentações da banda
de Ozzy e Iommi na cidade onde os Beatles começaram a realmente ser o que seriam. E ali,
também, o Earth deu tudo de si e consolidou uma fama que já vinha sendo construída em
várias cidades inglesas por onde passavam. O peso e a intensidade da cozinha de Geezer e
Ward, unidas aos vocais desesperados e selvagens de Ozzy, mais a guitarra cortante e
mastodôntica de Iommi, levaram ao êxtase as platéias alemãs desde o primeiro momento.
Vendo que o público estava em suas mãos, o grupo consegue novas datas e shows com a
ajuda de Jim Simpson, que se revela realmente eficiente. Arrasam em sua passagem pelo
notório Henry's Blues Club, de Carlisle (por onde já havia passado gente como o Savoy
Brown), e durante todo o mês de maio, seguem por gigs em pequenas cidades alemãs, da
fronteira, e mais passagens por Edinburgh, Cambridge, Glasgow, e outras cidades inglesas.
Chegam a participar de um pequeno festival nos subúrbios de Londres - lá, inclusive, têm a
sua primeira experiência com um estúdio de gravação, ainda que amador. Bancados por
Simpson, só para ver como é que seu som estava saindo, gravam uma fita demo com cinco
canções (incluindo uma que é somente uma improvisação jazz, bem ao estilo de Wes
Montgomery, de sete minutos) em uma máquina monaural, de somente dois canais, ao vivo
mesmo: duas das canções são "The Rebel", que eles já tocavam desde os primeiros tempos
em Birmingham, e uma outra, composta recentemente, e ainda sem nome, que eles
resolveram batizar de "A Song for Jim", em homenagem ao empresário, já que ele estava
custeando, do seu próprio bolso, aquela primeira sessão. Essas raríssimas canções, só
disponíveis em discos piratas hoje difíceis de encontrar, podem ser ouvidas, em trechos, na
primeira parte de uma coletânea em vídeo sobre a história do Black Sabbath lançada em
1992: The Black Sabbath Story.
Apesar do crescente sucesso do grupo em pequenos palcos e salões, nem tudo eram rosas
ainda para os rapazes do Earth. Alguns dias depois da passagem por Londres, em um show
em Cardiff (terra natal de outra banda pesada que iria beber muito na fonte do Black
Sabbath - o Budgie), a platéia de teor universitário, jovens estudantes ingleses tipicamente
snobbish, resolve não prestar muita atenção ao Earth no pequeno concerto que eles estavam
dando em um pub local. Era o que bastava para atrair a ira de Ozzy, enfurecido com o nariz
empinado de muitos daqueles filhinhos-de-papai que preferiam folk songs e um bom papocabeça enquanto bebericavam seus lagers.
- Direito para o céu! - berrou ele aos músicos da banda, num código para que elevassem os
volumes dos PA's de seus instrumentos ao máximo. Bill emendou com uma ruidosa
introdução, espancando violentamente a batera a ponto de quebrar a ponta de uma das
baquetas - e continuando com a mesma, como se nada tivesse acontecido! Iommi dava
início, então, àquela famosa passagem pauleira de "Warning", a longa música que fecharia
o primeiro álbum do grupo, então em gestação. Funcionou de introdução para que o grupo
atacasse "Blue Suede Shoes", um cover que Ozzy adorava, nos primeiros tempos, e
mandassem quarenta minutos ininterruptos do melhor que o repertório deles continha, na
época. E nada. Entre uma música e outra, nas poucas paradas que o grupo fez, Ozzy
rosnava uma piadinha ou outra ao microfone com desdém, numa espécie de zombaria pela
falta de atenção do público. Mas não obtinha nenhuma vaia em resposta, apenas silêncio não havia nenhuma reação, nada! Ao final de tudo, todo o sangue que o grupo deu, e todo o
volume, e a platéia do lugar permanecia impassível, como se ninguém estivesse tocando na
frente deles. Para Ozzy, aquilo era inacreditável. Todo aquele som, todo aquele rock, e os
boyzinhos cabeludos com cara de comedores de mingau se comportavam como se tudo
fosse apenas muzak (música de elevador).
Houve uma pausa de meia-hora para que os músicos descansassem e se reabastecessem
com alguma cerveja, e o dono do lugar chegou neles, meio que sacaneando, perguntandolhes se era sempre assim no lugar de onde eles vinham ou se realmente não haviam pago
ninguém para espalhar o boato de que eles eram quentes. O esquelético Geezer mal se
agüentava em pé de cansaço, e mal segurava o seu caneco, de tão estourados que estavam
seus dedos, enquanto Iommi observava o público do local, rindo no meio das cervejadas e
ficando tontos como um bando de bêbados idiotas, com um olhar quase contemplativo,
lacônico e tentando analisar matematicamente a situação, sem beber nada. Bill e Ozzy,
enquanto isso, no auge da ira, haviam dado uma saída por alguns minutos, alegando que
iam buscar cigarros em outro lugar, pois os dali eram "pura merda de vaca enrolada", numa
justificativa bem cortês ao barman para recusarem uma cartela. Na verdade, haviam era
saído, sem que o atônito Jim Simpson percebesse, em busca de algo, no mínimo, inusitado
para chamar a atenção daquele público difícil de cativar.
Às 10:45 da noite, de volta ao palco, Iommi e Geezer afinam seus instrumentos e olham de
modo indagador para Bill, que vai tomando seu lugar no assento da bateria. Sem que
tenham nem tempo de lhe dirigir uma palavra, Bill começa uns toques e repiques,
chamando a primeira música do segundo set, e quando Geezer começa a deslizar os seus
magoados dedos sobre as quatro cordas, ele olha para trás e tem um choque!
Um Ozzy completamente pintado de tinta roxa, da cabeça aos pés, adentra o palco, uivando
como um louco e pulando, em headbangin' acelerado, como se estivesse sofrendo de um
acesso perigosíssimo e em seus minutos finais de vida. Iommi mal pode conter o riso, mas
dá início ao som, e eles atacam novamente. E a platéia - pasmem! - fica assustada e presta
atenção em Ozzy somente nos primeiros segundos, e depois... volta a beber e a conversar
ruidosamente de novo, pouco se lixando para o esforço do vocalista e sua banda em
esquentar o ambiente.
Ao final daquela noite, tida para sempre pela banda como uma de suas mais estranhas,
fracassadas, e engraçadas, ao mesmo tempo, Ozzy, totalmente pintado, esgotado e exausto,
puxa um caneco de cerveja do balcão do bar enquanto a banda desmonta o equipamento,
avista um rapazinho saindo trôpego de bêbado em direção à rua, e se apóia em seus ombros,
os dois quase se estatelando juntos no chão ao cruzarem a porta de saída.
- Nunca mais quero cantar para um bando de merdinhas como vocês - sussurra ele ao pobre
indivíduo enquanto lhe empurra mais uns goles de cerveja... Bill Ward testemunharia que o
vocalista ficaria o resto da noite pintado, e apenas na manhã do dia seguinte, após sessões
de banho ininterruptas, ele conseguiria se livrar da "maldita tinta púrpura", após 4 horas!
Foto ao lado: O lendário Star Club, em Hamburgo (Alemanha).
Na verdade, este incidente no início da carreira da banda serve para mostrar bem uma
divisão de gostos que se tornaria muito clara no decorrer dos anos, não só para o Black
Sabbath como para outros grupos de rock pesado que se tornariam populares: a recusa de
certas parcelas de público em reconhecer ou mesmo tentar apreciar um rock mais
amplificado, denotando a primeira grande onda de preconceito que ocorreria com esta nova
tendência que começava a despontar.
Em junho, novo retorno a Hamburgo. E nos shows dos dias 12 e 16 de junho, a banda
resolve tirar o às da manga e testar o que eles vinham mais cogitando: a nova postura
satânica. Talvez por puro experimentalismo, ou até mesmo por uma revolta com o que
havia acontecido em Cardiff, Ozzy e os rapazes resolvem testar o "lance" urdido por
Geezer naquelas duas datas que eles tinham na Alemanha.
No final do primeiro show, Ozzy anuncia uma nova música, que irá deixar todos
ensandecidos. E emendam com os primeiros acordes, macabros e tonitruantes, de "Black
Sabbath". De início, a platéia parecia mesmerizada, hipnotizada. Aos primeiros trechos da
letra horripilante, cantada por Ozzy, ouvem-se "uaus" assustados na platéia e alguns berros
de delírio de fãs já meio chapados. Em um dos momentos, Ozzy, por instinto, resolve
assumir o seu lado ator e encarnar o próprio demônio, soltando uma risada diabólica e
galhofeira no final da parte lenta da canção. É o sinal para que a platéia urre em um dos
mais ensurdecedores gritos que o Star Club já presenciou. Enquanto tocam, Geezer e
Iommi se entreolham sacando que o lance realmente funciona. De repente, uma súbita
parada. Iommi começa a golpear a guitarra com aqueles riffs frenéticos e nervosos que
anunciam a parte mais rápida e pesada da música. Entra a bateria - Ward começa a espancála como um louco. O ritmo acelere e Ozzy anuncia a chegada de todos ao reino dos
infernos. O público pula, agita, delira e berra alucinadamente, principalmente após Ozzy:
"No, no, please... no!!!", numa imprecação aterradora, como se estivesse realmente se
afogando em um dos lagos de fogo ferventes de Dante. É o clímax. A guitarra de Iommi
reverbera assustadoramente, e o lugar todo parece estar se agitando junto, balançando como
se houvesse um terremoto naquela verdadeira panela de pressão humana. Era uma fria noite
de apenas doze graus centígrados, mas ali dentro do Star Club parecia que todos estavam,
realmente, nos quintos dos infernos queimando, pulando e gritando! Ao final de tudo, a
platéia pede por bis clamorosamente. Do backstage, Jim Simpson sorri sarcasticamente
para eles, lhes acenando sinais de vitória com as duas mãos: o caminho é esse, está
escolhido e não há mais o que esperar. De agora em diante, o Earth vai se chamar Black
Sabbath, e assumirá uma nova postura, inédita para qualquer banda até então: um visual
escuro, macabro e sério. A primeira banda realmente dark da história do rock - já que os
Doors não contam, só Morrison é que era mais sombrio...
É em julho de 1969 que ocorre a mudança de postura definitiva da banda - esta é uma foto
promocional que acabaria ficando de fora do primeiro compacto do grupo, em 1970,
denunciando a ligação com os temas macabros que faria a discutida fama do grupo.
Reza a lenda que, quatro meses de shows depois, já sob o novo nome, e angariando uma
verdadeira legião de fãs de roupas escuras e cabelos desgrenhados que começava a se
formar em torno da banda aonde quer que fossem, receberam, no escritório de Simpson, em
Birmingham, a visita de um olheiro da Vertigo Records, um selo de porte médio mas com
muita gana de entrar pra valer no mercado de rock inglês, para assinarem o seu primeiro
contrato para a gravação de um disco. Era a concretização de um sonho antigo pelo qual
tiveram que batalhar arduamente e com muita originalidade, seguindo seus instintos e
sempre enfrentando toda a sorte de adversidades do destino com o intuito de se imporem.
Ozzy, após assinar a folha com a caneta de Simpson, hesitou em entrega-la de volta ao
empresário: "Peraí, deixa eu me picar todo com ela pra sacar que eu não estou sonhando!".
Era final de novembro de 1969, e dali a poucos dias, no início de dezembro, todos os quatro
cavaleiros do apocalipse deveriam estar em Londres, em um pequeno estúdio no centro da
cidade, alugado pela Vertigo, para começarem as gravações do seu primeiro single e do LP.
Para o compacto, uma decisão ainda essencial naqueles dias em que o mercado fonográfico
todo se dirigia para o sucesso imediato ou o fracasso retumbante de uma banda pelo
desempenho de um disquinho simples nos charts, era consenso de todos que uma música
composta dois meses antes, e que vinha tendo boa receptividade ao vivo, chamada "Wicked
World", devia figurar como carro-chefe do disco. A música que dava título à banda e ao
primeiro LP também era uma pérola, mas alguns executivos da Vertigo simplesmente
ficaram receosos de lançar uma música com uma letra daquelas como primeiro compacto
de um grupo estreante. Era o primeiro imbróglio do Black Sabbath com os problemas
burocráticos das gravadoras...
Voz num Pedaço de Plástico (Parte 04)
Sexta-feira 13: dia do azar? Não para a maior banda de heavy metal do mundo... Um
espetacular golpe promocional e muita polêmica marcam o lançamento de um disco
que iria abalar todas as estruturas do rock como forma de arte popular, chamando a
atenção de fãs, críticos furiosos, jornalistas, e certos grupos radicais que ainda iriam
dar muita dor de cabeça aos 4 rapazes de Birmingham. E os EUA já começavam a
ficar de olho! Dali para a eternidade, agora, era só um passo. Do interior da
Inglaterra para Londres e o mundo; do inferno para as alturas: assim foi o Black
Sabbath no início do ano de 1970.
Parte 4 - Voz num Pedaço de Plástico
O primeiro registro em LP de uma das maiores bandas de heavy metal do mundo não
gastou mais do que 1.200 dólares (na época, o equivalente a uma mixaria: 600 libras
inglesas) e três dias em um pequeno estúdio alugado pela Vertigo para ser finalizado. Esta
pequena grande obra-prima do rock, sumarizada em apenas 7 faixas (se você não contar
"Wicked World", que apenas recentemente, com o advento do CD, seria incluída como
bonus track), foi o resultado de sucessivas jams em estúdio feitas com o intuito de
aprimorar e dar um acabamento final a várias canções e idéias que o Black Sabbath já vinha
até mesmo apresentando em shows, ou ensaiando repetidamente, até encontrar um tom
certo, ou a letra ideal. Recentemente, fãs do mundo todo puderam ouvir, em uma coletânea
lançada por Ozzy Osbourne em carreira solo, Ozzmosis, as versões originais de músicas
como "N.I.B." e "Behind the Wall of Sleep", oriundas de demos gravadas naqueles dias
históricos, que são dois dos clássicos presentes no disco. Para a introdução da sorumbática
"The Wizard", por exemplo, o clima de total improvisação nos estúdios levou Ozzy a
surrupiar a gaitinha de um dos funcionários do local e assoprá-la desleixadamente, a ponto
de Geezer e Tony gostarem do som e o pedirem para incluí-lo na música. E, tirando o pau
absoluto que é a música-título, aquele hino eterno que batizou a banda e que sempre foi
presença cativa em qualquer show que eles dessem, a conclusão do álbum é composta de
dois momentos bem típicos do início de carreira jazz-bluesístico da banda: "Sleeping
Village" e "Warning" eram duas viagens que eles já vinham tocando muito ao vivo, e que
faziam parte dos longos momentos de improvisação nos palcos - ou porque Ozzy já estava
muito bêbado e cansado, e precisava se recompor um pouco, ou porque o repertório não era
muito extenso mesmo, e não estava lá essas coisas.
De qualquer forma, para a platéia mais purista e radical do Black Sabbath, o som destes
primeiros registros sempre será o mais preferido entre todos, e o que melhor tiraram: a
inexperiência do grupo em gravações e o senso novato de experimentalismo de Roger Bain
(que produziu as sessões e os acompanharia nos discos seguintes, tornando-se um dos
membros da "máfia" da banda) deu luz a um polimento cru e estilizado que ainda não tinha
precedentes na história do rock, gravado amadoristicamente dentro de 8 horas em duas
antiquadas máquinas de 4 canais! Tudo bem que grupos como Cream, Led Zeppelin e Jimi
Hendrix Experience já estavam delineando uma equalização mais clara para baixo-guitarrabateria - mas ninguém os havia feito soar tão secos e primais como Bain e o Sabbath
naquele petardo gravado em fins de 1969. Para o caro leitor ter uma idéia do que eu estou
falando, experimente pôr "Black Sabbath", a música, para rolar exatamente na parte em que
ela fica mais pesada, e contraste a aparição da guitarra e do baixo nesta gravação com as
aparições dos mesmos instrumentos em outros clássicos do mesmo período, como "Dazed
and Confused", do Led Zeppelin, ou "Born to be Wild", do Steppenwolf (ambos sendo os
grupos heavy que mais estavam fazendo sucesso na época). A mixagem é bem mais radical
- a ênfase nas distorções é outra coisa. O conceito de gravar o rock pesado mudou
totalmente com o primeiro álbum do Black Sabbath, não havendo como negar que muita
gente na Londres da época - e, por conseguinte, no resto do mundo - ficou boquiaberta
quando retirou o vinil preto de sua embalagem macabra e o colocou em contato com a
agulha do toca-discos. Obviamente, a maioria das reações, como veremos logo a seguir,
seria da maior negatividade possível, exatamente por causa de tamanha estranheza.
Um breve descanso no Hyde Park de Londres (1970).
Finalmente, após alguns dias de discussão com Jim Simpson e membros da Vertigo
Records, ficou definido qual seria o primeiro compacto a ser lançado, para puxar as vendas
do LP: iria conter "Evil Woman (Don't Play your Games with Me)", um cover de WegandWaggoner que era um sucesso pop nos anos 60. Já uma das preferidas da banda, "Wicked
World", seria relegada a um medíocre lado B no compacto. Resta dizer que, como os
executivos da gravadora pressionavam Simpson e os rapazes para que ao menos UMA
cançãozinha mais pop fosse gravada para o álbum (que já ia ter tanta coisa pauleira e fora
da estética "paz e amor" daqueles tempos), Ozzy e cia. gravaram bem que a contragosto
"Evil Woman", e mesmo numa performance desanimada - ainda hoje, pode-se ouvir,
especialmente na edição remasterizada digitalmente do álbum, como Ozzy praticamente
"mastiga" as letras, resmungando-as sem muita empolgação, e Tony realiza um dos mais
soporíferos solos de sua carreira, contribuindo para quebrar totalmente o clímax da faixa.
Ainda como uma doce vingança, e em atitude de real protesto, pois não queriam mesmo
gravar a tal música, o Black Sabbath jamais a tocaria ao vivo, detonando sempre "Wicked
World" em todas as apresentações, e toda vez que algum fã abria a boca para pedir "Evil
Woman", nem sequer davam muito ouvido a tal requerimento.
Uma das fotos promocionais tiradas para o lançamento do primeiro LP (1970).
Pois bem. Foi dito logo atrás, e já por muitos sugerido, em inúmeras outras biografias da
banda e artigos sobre eles, que o mundo, no final de 1969 / início de 1970, estava
absolutamente despreparado para o impacto do Black Sabbath: a proposta estética do
grupo, o som, as letras etc. Até os próprios homens dentro da Vertigo, em sua maioria,
torciam o nariz para o que o grupo estava fazendo - lembremo-nos que era ainda final dos
anos 60: Woodstock tinha acabado de rolar, o princípio do prazer da filosofia bicho-grilo
estava em alta, era tudo na base do slogan "paz e amor", a Era de Aquário e o homem
pousando na Lua, tudo parecendo querer anunciar uma nova fase para a humanidade, com o
homem no centro de grandes revoluções mentais que, a bem ou mal da verdade (violentos
protestos estudantis, drogas e o sangrento festival de Altamont, dos Rolling Stones,
estavam no meio do caminho...), pretendiam trazer uma nova concepção de sociedade, mais
harmoniosa, a todo o globo terrestre. Pelo menos era isso que grande parte da mídia da
época, completa e lisergicamente desbundada com os novos acontecimentos (ou
happenings, um termo tão caro a uma década de tantas inovações) parecia querer transmitir.
Salvo alguns casos isolados aqui ou ali, de vozes mais inconformistas que não acreditavam
que a roda da História teria seus rumos mudados por meio de tanta "festa" e libertação, o
clima da época era, realmente, o das letras dos Beatles em "All You Need is Love" e
"Yellow Submarine". Inclusive, para os membros das grandes gravadoras e conglomerados
da comunicação, as indústrias do entretenimento, que, com a maior paz e amor também,
enchiam seus bolsos com todo este movimento...
Registro dos ensaios para a gravação do primeiro disco: Ward discute com os
companheiros o ritmo de "N.I.B." e "Behind the Wall of Sleep".
Acontece que - e aí deve-se notar a grande importância de bons empresários no ramo da
música - a capacidade de persuasão de Jim Simpson foi vital na hora de apostar na
credibilidade da proposta macabra e soturna do Black Sabbath dentro da Vertigo,
convencendo muitos lá dentro (inclusive os mais empedernidos "executivos hippies" da
gravadora, mais fãs de jazz, música folk e progressiva do que tudo) de que era algo novo a
ser tentar e extremamente válido. Foi neste contexto que foi urdida a também histórica e
imprescindível capa do disco: a lendária bruxa que sai de sua casa mal assombrada,
caminhando em meio a um bosque noturno!
O interessante é que a arte de capa ainda traria um notável detalhe, presente apenas nas
primeiras edições, originais, do vinil, e sobre o qual o Black Sabbath, surpreso, não havia
nem sido consultado: a figura de uma cruz invertida, na contracapa do disco, com o tétrico
poema tradicional "Still Falls the Rain", inscrito no corpo da cruz - uma propaganda pra lá
de convincente da postura satânica da banda que nem Simpson esperava conseguir dos
empresários da Vertigo! Na verdade, após alguns meses negociando com o grupo, a
gravadora havia finalmente se decidido a apostar na tal tendência de "horror" deles. Pode
ser que muito mais como um lance kitsch mesmo, na base da brincadeira, soando como um
divertido filme B que chamaria a atenção de todos - mas o importante é que colou. E como
colou.
Segue a íntegra do poema colocado na inscrição da cruz invertida, para se ter uma idéia da
imagem do Black Sabbath que estava sendo exposta ao grande público. Este poema seria
retirado da contracapa do disco nas edições seguintes:
"AINDA CAI A CHUVA"
Os vestígios da escuridão se amoldam às árvores escurecidas
Que, contorcidas por uma violência desconhecida
Deitam suas folhas cansadas, e dobram seus galhos
Frente à Terra decadente, repleta de asas de pássaros
Entre as folhagens, cães sangram diante da morte gesticulante
E jovens coelhos, nascidos mortos em armadilhas
Permanecem imóveis, como se guardando o silêncio
Que ecoa e ameaça engulir
Todos aqueles que se atrevem a escutá-lo
Pássaros mudos, cansados de repetir os horrores de ontem
Gorjeiam juntos no recesso das colheitas malditas
De cabeças retornadas dos mortos,
Do cisne negro que flutua desvanecido em uma pequena poça na choça
Dali emerge uma inebalável e misteriosa bruma
Que traça seu caminho em direção a circundar os pés
Da estátua degolada de um máritr
Cuja única realização foi morrer muito cedo,
E que não poderia esperar a derrota
A catarata da escuridão se forma densa
E a longa noite macabra se inicia,
Ainda perto da lagoa, uma jovem garota espera,
Ainda que ela acredite ser ela mesma etérea
Ela sorri tenebrosamente ao tocar de sinos distantes,
... E a chuva continua caindo.
Como se pode perceber, foi uma obra escolhida a dedo pelo pessoal da Vertigo para
incrementar o LP, e que tinha TUDO a ver com a faixa-título do disco, propiciando o clima
ideal para que qualquer roqueiro desavisado que se atrevesse a escutar "Black Sabbath"
sentisse aquele frio na espinha... Além disso, como de praxe no rock a partir dos anos 60, a
notória capa da bruxa foi de um êxito incrível ao não apenas dar um suporte visual à
postura da banda, como também a incrementar as rodas de discussão sobre mensagens
ocultas em capas de álbuns de rock - fãs do grupo, entorpecidos de ácido, "viajaram" na tal
ilustração, e passaram a espalhar, aos quatro cantos, que era só prestar atenção e, como nas
famosas imagens tridimensionais, você poderia ver figuras fantásticas e criaturas
fantasmagóricas no bosque da bruxa. Uma lenda que só ajudou ainda mais a fama do Black
Sabbath e que se perpetua até hoje, ainda que muitos desesperados tenham que apelar para
lupas nestes dias atuais de minúsculas capinhas de CD...
Lançado em plena sexta-feira 13, do mês de fevereiro de 1970 (isso todo mundo já sabe...),
o primeiro disco do Black Sabbath fez mesmo história. E não apenas pelos diversos fatos
polêmicos que geraria e nem pelo impacto da novidade, mas também por fatores
extremamente comerciais: quem diria que aquele disco, precariamente produzido e
definido, por certos críticos musicais de então, como "música primária, feita por e para
macacos", iria simplesmente desbancar das paradas inglesas o último álbum dos Beatles, o
póstumo Let it Be, que já vinha há seis semanas na liderança absoluta? Pode parecer
brincadeira, mas foi o que realmente aconteceu. E você pode imaginar a cara de Ozzy - um
ex-fã babão de Beatles cujo destino parecia ser o de mendigo ou batedor de carteiras quando a gravadora deu a notícia a ele e seus colegas.
Black Sabbath (1970) - o primeiro LP.
Apenas alguns dias antes, ele havia chegado em sua casa, em Birmingham, parecendo o
Coringa, inimigo do Batman: mais sorrindo do que tudo, as pontas da boca indo até as
orelhas, carregando uma das primeiras cópias prensadas do álbum Black Sabbath, para
mostrar à sua orgulhosa família. Já entrou para o reino da mitologia pop a frase que ele
falou assim que abriu a porta: "PAI! MÃE! Olha só: É MINHA VOZ NUM PEDAÇO DE
PLÁSTICO!!!" (apesar da lenda dizer que ele ligou para sua mãe e, por telefone, disse algo
parecido). Após as risadas de praxe, seguiu-se a surpresa... e, é óbvio, a perplexidade, que
parecia marcar tudo que o Black Sabbath fazia naquele tempo. Ao colocar o disco na vitrola
para ouvir, o pai de Ozzy começou a ficar encucado com a voz do filho na gravação - ele
não a reconhecia em momento algum. Primeiro, levantou-se da poltrona, foi até o aparelho
e o observou detidamente, para ver se não estava com nenhum defeito de rotação. Olhou,
olhou... e depois virou a cara para um desconcertado Ozzy e, em um típico tom zombeteiro,
perguntou-lhe: "Você tem certeza que anda fumando só cigarros?". Apesar do tom de
galhofa, era uma evidente premonição: se desdobrando em gigs intermináveis por toda a
Inglaterra e outros países da Europa, como Alemanha, Suécia, Dinamarca e Holanda, em
franco e crescente sucesso, Ozzy e cia. já começavam a travar contato com as substâncias
químicas que os fariam perpetrar verdadeiras loucuras nos anos seguintes, direto do
submundo dos backstages.
Por outro lado, nem tudo eram risos e deboche: Geezer Butler, na opinião de seus
familiares, retornando para casa após a gravação do disco e alguns shows para promovê-lo,
não parecia estar tão alegre ou satisfeito. Só que muito mais por problemas de convicção
íntima e de ordem religiosa do que por qualquer outra coisa: o baixista, já bastante ligado
em misticismo desde antes de sequer ouvir falar em Tony Iommi ou Ozzy Osbourne, e
principal responsável pela mudança do nome do grupo, andava bastante "amarelado" com a
imensa projeção que a aura de "magia negra" em torno de sua banda começava a tomar um problema que iria aumentar em torno dos meses e anos seguintes em proporções
estratosféricas. Sempre que um muito sério Geezer comparecia a shows e ensaios da banda
e Ozzy o fitava na cara, a partir de então, não faltavam motivos ao vocalista para fazer
piadinhas sobre Geezer: "Geezo inventou esse nome, mas agora fica aí se cagando de
medo, hahahahaha...". Entretanto, as coisas ficariam tão sérias a partir do sucesso do
primeiro disco do grupo, que logo todos os seus quatro membros começariam a ficar
arrepiados.
As estórias ao redor do Black Sabbath nestes seus primeiros anos de prestígio e
desbravamento do gênero "heavy metal satânico" são tantas e tão fantásticas que seria
realmente preciso um livro só, inteiro, para relatar todas elas. Mas vamos tentar resumir
tudo aos principais fatos.
Logo a partir dos primeiros shows que marcaram o lançamento do álbum Black Sabbath,
um sem-número de pessoas vestidas de preto e ostentando enormes cruzes invertidas
penduradas no pescoço começou a marcar presença com constantes aparições nas platéias,
como se fosse um verdadeiro movimento. Inicialmente, o fato passou desapercebido pelos
membros e empresário do Black Sabbath - entretanto, no decorrer das numerosas e bemsucedidas gigs que se seguiriam, estas misteriosas figuras começariam a ser notadas.
Sobretudo, em certos momentos: na execução ao vivo de "N.I.B.", por exemplo, até hoje
um dos maiores hinos do Sabbath, no momento em que Ozzy cantava "My name's Lucifer /
Please, take my hand" (Meu nome é Lúcifer / Por favor, tome minha mão), flashes de rostos
ensandecidos em exaltação e berrando alucinadamente, com punhos levantados,
começariam a se destacar no meio de público. Em uma reação anormal e cada vez mais
estereotipada, também eram percebidos vociferando imprecações ao belzebu em meio a
números como "The Wizard" ou a própria "Black Sabbath", especialmente no momento em
que Ozzy se atrevia a repetir aquela famosa risada em tom diabólico que marcava um dos
momentos lentos da canção. Certa noite, Tony inclusive comentou com Simpson, após uma
apresentação em Kiel, em uma das noites do "Progressive Pop Festival" que lá estava
ocorrendo: "Acho que estamos sendo levados a sério um pouco demais." Logo, tais
suspeitas iriam ser mais do que confirmadas.
As datas marcadas não paravam: de uma só vez, fariam todo o circuito nobre do showbiz
europeu, com apresentações no Marquee (ao lado do Gentle Giant em uma noite histórica),
no Mothers Festival de Edinburgh, no Arts Centre de Cardiff (onde, já com um nome em
alta, se redimiriam depois daquele fiasco de início de carreira), no Dunstable Civic de
Essex e, logo mais adiante, no segundo semestre daquele ano, já estavam confirmadas duas
apresentações no célebre Olympia, em Paris (performance esta que seria eternizada como
um dos primeiros shows filmados do grupo). Não importava aonde fossem: onde quer que
estivessem tocando, lá estavam as seitas ocultistas com os mesmos olhares vidrados, as
mesmas roupas e cruzes de cabeça para baixo, prestando homenagens especiais ao som da
banda em meio a toda a ovação geral. Conforme relatado no capítulo anterior, o final dos
anos 60, com seu espírito libertário de novas tendências místico-religiosas e
experimentalismos, havia abrido uma brecha virtuosa para que estilos de vida alternativos,
indo contra os padrões estabelecidos, proliferassem. E se por causa disso tantas seitas
satânicas despontavam, principalmente na Europa, agora, que surgia uma banda que tratava
abertamente de temas melindrosos, como a presença do demônio sobre a Terra, e as
influências de bruxos, magos e forças ocultas em plena ação no cotidiano, parecia que tudo
se encaixava. Em suma, o Black Sabbath passava a ser tido como uma trilha sonora ideal
para tal movimento!
Apesar de todos os calafrios que isso pudesse causar à primeira vista, um mérito deve ser
dado aos satanistas que começaram a seguir o Black Sabbath aonde quer que fossem: foram
eles os primeiros responsáveis pela projeção da banda na mídia e nas grandes manchetes da
imprensa pois, até então, estavam restritos ainda somente às fiéis e numerosas hordas de fãs
particulares, ao mesmo estilo de outra banda cult da época, o Led Zeppelin. Em maio de
1970, um artigo publicado no semanário musical Sounds, de Londres, chama a atenção para
uma jovem bruxa, não identificada, que vai a todos os shows do Black Sabbath, os
perseguindo por toda a turnê, pois os considera "guias espirituais" e "pregadores da palavra
de uma nova ordem". Logo outras matérias na imprensa pipocam, atraindo amplamente a
atenção de todo o Reino Unido e, por conseguinte, da Europa. Já em junho, em outra nota
publicada no caderno de música de de um jornal especializado, o Disc, o correspondente
Mark Stevens relata com galhardia o clima em torno da participação do Black Sabbath no
famoso programa de rádio de John Peel, da BBC:
"Havia um sem-número de jovens senhoras do lado de fora dos estúdios Paris (onde o
programa era gravado) aguardando a aparição dos "cavaleiros das trevas", e que me
contavam, animadamente, que as cruzes invertidas desenhadas em suas testas eram uma
indicação perfeita de como elas eram devotas do diabo. De revolucionárias de fim-desemana a devotas do diabo de fim-de-semana... pode imaginar? No espírito da pesquisa
que motiva cada movimento que faço em busca da notícia, irei entrevistar uma dessas
devotas do diabo para esta coluna na semana que vem. E quem sabe ela tenha um "Eu amo
Belzebu" tatoado nela? Descubra na próxima semana, aqui na DISC."
De uma forma irônica, Stevens relata a diferença entre o espírito revolucionário do final
dos anos 60, em que protestos estudantis e hippies apareciam a toda hora (a referência a
"revolucionários de fim-de-semana" ) e o espírito sem rumo dos novos tempos, em que a
tônica parecia ser a divisão da juventude em grupos com interesses específicos, como o
satanismo ("devotas do diabo de fim-de-semana"), nos dando um belo retrato daquela
geração e da época em questão: a ascensão mal-assombrada do Black Sabbath ao topo da
música pop.
Bem, poderia ser a maior propaganda negativa que um grupo de rock já tivesse conseguido
- nem os Rolling Stones, com a sua "Sympathy for the Devil", de 1968, anos-luz mais
ingênua que os sons do Sabbath, haviam chegado perto disso. Mas era propaganda: e
passou a veder bem, no melhor estilo "falem mal, mas falem de mim". Logo, foi preparado
o lançamento do primeiro álbum nos EUA - o Black Sabbath estava prestes a fazer a sua
"invasão britânica". E, em meio a todos os boatos em torno da magia negra que girava
sobre a banda, o disco Black Sabbath chegaria às lojas americanas com uma bela campanha
promocional da Vertigo, sustentada pelos buchichos das revistas musicais inglesas, e
vendendo muito bem para uma banda estreante. No final de 1970, chegaria a 5.º lugar na
Billboard. Só um pequeno detalhe: no velho estilo conservador americano, a capa da bruxa
havia sido barrada, e as primeiras tiragens americanas do disco sairiam com uma capa
escura, só com uma cruz , o nome da banda e das músicas. Apenas nas reedições dos anos
seguintes é que os americanos conheceriam o trabalho de arte original do LP.
Promo da banda tirado em agosto de 1970 - eles se preparavam para entrar em estúdio
para as gravações do segundo álbum.
Enquanto isso, para a banda, a barra começa a ficar cada vez mais pesada...
Em uma tranquila noite de agosto, após tocarem para um público de 1.200 pessoas em
Leicester, o empresário Jim Simpson recebe, em seu escritório, um misterioso telefonema
de uma senhora que se intitula "Madame Svetla". De forte sotaque germânico, a tal Mme.
comenta o quão excitante é o som do Black Sabbath e como a performance dos rapazes é
insuperável, logo se pronunciando a líder de uma seita satânica que gostaria muito de tê-los
tocando em um evento a ser promovido - uma espécie de encontro em Hamburgo dali a um
mês, uma reunião de grupos ocultistas de várias partes do mundo. Em outras palavras, uma
"convenção de bruxos" mesmo. Simpson fica meio espantado com o tal convite, mas como
empresário que é, se prontifica a contatar o grupo para marcar a data. E quem disse que eles
topariam ir...
Geezer é o primeiro a esbravejar com Simpson. Irritado, o baixista argumenta que "esse
negócio já está indo longe demais", seguido por Tony. Bill fica mais na dele, mas
perguntado, mostra também certo descontentamento em aceitar a proposta. Ozzy, assustado
com aquilo tudo, e um pouco travado por causa de inúmeros brandies que ele vinha
bebendo com Bill desde a passagem de som à tarde, se limita a dizer: "É, não acho que seja
legal." Para meninos pobres de Birmingham, vindos de um lugar conservador e humilde
como aquele, era uma idéia que realmente soava um pouco forte demais à primeira vista serem levados a sério como porta-vozes dos adoradores do diabo! A bem da verdade,
tinham todo um visual desleixado (roupas, cabelos, barbas e bigodes) típico da época, mas
nem bichos-grilos eles eram! "Acho que nossa música é uma reação a toda essa merda de
paz e amor que ficam falando por aí. Se você olhar bem, o mundo não é bem isso!", havia
dito Ozzy, em uma de sua primeiras e famosas declarações abertas, na semana de
lançamento do primeiro LP.
Diante da recusa da banda, noticiada por Simpson a Mme. Svetla, o inferno estava traçado.
Possessa (sem trocadilhos!), a bruxona mandou ver uma terrível maldição a todos os
membros da banda, primeiramente passada por telefone a Simpson mesmo, e
posteriormente, aos seus próprios integrantes, já que seguidores da seita descobriram seus
números de telefone e passaram a ligar incessantemente. Diziam que todos eles iriam
morrer em acidentes horríveis na estrada. Que perderiam para sempre o talento para fazer
música. Que seriam abatidos por desgraças terríveis - familiares, inclusive. Em suma, que
iriam muito brevemente encontrar a danação total, por haverem tido coragem de recusar tal
oferta de renderem um tributo a seu senhor Satã, o Lorde da Trevas...
Aquilo deixou os nervos da banda em frangalhos. Apesar da vida continuar, e todos terem
que prosseguir em ensaios, shows, entrevistas e o escambau, era visível a situação tensa que
os integrantes da banda passaram a viver. Geezer começou a se aprofundar ainda mais em
seus estudos sobre misticismo, chegando a concorrer com Jimmi Page e Ritchie Blackmore,
outros supersticiosos famosos, em manias e simpatias de camarim. Não menos que umas
trinta vezes foi visto caregando sacos de velas e incensos aonde quer que a banda fosse
tocar, ao ponto de sua patética obsessão em realizar orações e intenções para afastar as
influências do mal sobre a banda chegasse às raias da paranóia. Bill foi outro que ficou
sobressaltado - o baterista se lembra de ter ficado quase quatro noites ligado direto naqueles
dias, sem dormir um só segundo, achando estar ouvindo barulhos estranhos e com medo de
adormecer e morrer durante o sono, vítima de uma causa qualquer. Assombrado, ele se
encharcava de drogas ainda mais do que qualquer de seus colegas, numa inútil e malfadada
tentativa de amainar o medo que sentia. Como todos devem saber, o consumo de
entorpecentes, como a maconha (que passou a ser a droga n.º 1 no cardápio da banda, a
partir de então) e certas pílulas downers (tranquilizantes) podem intensificar, ao invés de
amenizar, os efeitos alucinógenos de uma bad trip induzida pelo estado de pânico. Bill
passou a ser visto por todos, princpalmente nessa época, como uma "chaminé de marijuana
ambulante" nos backstages...
Tony, o mais frio e calmo de todos, era o que procurava menos se preocupar com as más
impressões deixadas pela tal seita. Concentrava-se logicamente em todas as possibilidades
de maus acontecimentos, tentando descartá-las, ao mesmo tempo em que fumava unzinho
pra relaxar entre um show e outro e, obcecado, buscava riffs na guitarra para o novo
repertório da banda. A cada telefonema, no entanto, a tranquilidade ia embora, e o
guitarrista só voltava a respirar aliviado uns cinco segundos depois de titubeantemente
atender a chamada.
Para Ozzy, no quesito telefone, a situação havia ficado bem mais dramática. Apesar de ser
eternamente considerado o "doidão", o "porra-louca" da banda, o lado sensível do vocalista
aflorou bastante nesta época, e as crises de choro por conta do medo vivido diante das
ameaças que passaram a rondar a banda não foram poucas. Chegou a ficar várias semanas
longe de telefones, sofrendo uma verdadeira crise do pânico. Em uma crise etílica, após
chegar em um quarto de hotel para um show do Sabbath em Brighton, arrancou o aparelho
da parede e o atirou longe pela janela, quase acertando em cheio um transeunte que
passeava por ali com sua cadelinha. O consumo de drogas do cantor também aumentara
assustadoramente.
Durante uma de suas visitas à casa dos pais, em Birmingham, o papai John Thomas não
pôde deixar denotar o estado lastimável em que se encontrava o seu filho mais querido e
sentou-se com ele para uma conversa, perguntando seriamente o que estava acontecendo.
Após o relato transtornado do filho, ele se levantou e disse: "Vocês têm que ter fé. Precisam
claramente de uma proteção, mas nada vai adiantar se não tiverem fé", e saiu. Dali a
algumas horas, ele voltou de dentro da pequena oficina particular que ele havia montado
em sua casa, trazendo um reluzente presente para Ozzy: uma pesada cruz de alumínio, feita
para ser carregada em uma corrente, no pescoço, e segundo John Thomas, "para afastar
todos os espírito maus que se atreverem a se aproximar". Dali a alguns dias, os outros
membros do Black Sabbath estariam voltando a Birmingham, para uma visitinha à casa dos
pais de Ozzy, onde ganhariam também, cada um deles, uma cruz igual, no mesmo estilo,
para defendê-los de todo o mal e fortificarem sua fé. Em uma recente entrevista, Bill Ward
revelou: "Foi um dos melhores presentes que já ganhei em minha vida. Estávamos
passando por um estado tal de paranóia que eu simplesmente não sei o que poderia
acontecer se continuássemos daquele jeito. Até hoje eu tenho a minha cruz, guardada ainda a que o pai de Ozzy fez pra gente! Se transformou em uma espécie de amuleto, para
todos nós, acredito... Já o Ozzy, bem, ele apanhou uma mania tão grande de usar cruzes no
pescoço, que agora ele já anda por aí com umas cruzes de 14 quilates!".
Foto de culto de uma seita de adoradores do diabo na Europa.
As perseguições das seitas satânicas, entretanto, não paráram por aí, e ainda iriam se
intensificar mais, como veremos a seguir - especialmente após o lançamento do álbum
seguinte, que a Vertigo já vinha cobrando, para capitalizar em cima do sucesso crescente da
banda. No comecinho de agosto, o Black Sabbath entraria no estúdio para começar as
sessões de gravação de seu segundo LP, aquele que se tornaria o seu mais famoso trabalho,
e considerado, até hoje, a sua "obra-prima".
Antes disso, no entanto, um outro incidente marcaria a memória dos membros da banda, a
ponto de ser imortalizado em uma das próximas canções: após um concerto em Dusseldorf,
na Alemanha, ao deixarem o salão onde haviam se apresentado, foram abordados por um
grupo de jovens skinheads que passaram a olhá-los desafiadoramente. No melhor estilo
"carecas do subúrbio", a gangue toda calçava botas militares, coturnões mesmo, e
ameaçava hostilizar os membros da banda, debochando dos cabelos e indumentária deles é notório o ódio que os skinheads sempre tiveram dos hippies, e esse era exatamente o
visual que o Black Sabbath ostentava na época, com suas longas cabeleiras desgrenhadas.
"Aposto como ao rasparmos essas jubas com lâmina enferrujada eles vão gemer e chorar
como as verdadeiras mariquinhas que são!", arrotava um dos líderes da gangue, enquanto
Bill, em ponto de bala, já levava a mão ao bolso onde estava uma velha corrente que ele
carregava. Geezer também olhava furiosamente os caras e Tony tentava contornar a
situação sem dar muita atenção para as ofensas. Entretanto, quando Ozzy chegou lá fora, a
usual garrafa de Chivas Regal em uma das mãos, a confusão estava armada: foi aquela
enxurrada de palavrões de corar até um Eddie Murphy...
A esta altura, Simpson já havia notado a confusão e saiu correndo para o local com dois
road managers brutamontes que estavam com eles na época, enquanto o dono do salão
ligava para a polícia. No final das contas, depois de algum "deixa disso", as sirenes das
viaturas ao longe já se faziam ouvir e a turma de neonazistas se dissipou - mas não sem ter
arrastado, em meio a toda a confusão, parte do equipamento do Black Sabbath, enquanto
eles se distraíam com a confusão. "Nazistas filhos da puta, então é isso na verdade que eles
queriam mesmo: era só pegar uns amplificadores pras suas farrinhas em ode a Hitler!",
berrara Ozzy.
Semanas depois, em um pub em Londres, enquanto derramava uns goles em companhia de
amigos, Ozzy contara o caso, obviamente aumentando todas e quaisquer vantagens para o
seu lado, numa verdadeira narrativa de pescador: ele havia esfaqueado um e quebrado a
cara do outro ao mesmo tempo, enquanto pisava no pescoço de um terceiro e etc.
Claramente mamado, foi alvo das risadas de toda a roda que se juntava diante dele para
ouvir a estória, e recebeu o seguinte comentário de alguém: "Quié isso, Ozzy? Isso não
existe! Esses caras não existem! É tudo pura mentira!". Ao que Ozzy prontamente retrucou:
"Claro que existem! Eles existem, tudo existe! Até duendes existem, e vou te contar: eles
usam botas...".
No próximo capítulo: o Black Sabbath se consagra definitivamente no estrelato com o
álbum 'Paranoid', entrando para o panteão dos deuses do rock. Além disso, as pirações
em torno das gravações de 'Masters of Reality', e a tomada da América pelos reis do
heavy metal, prestes a viverem todos os excessos até o limite da loucura. Não perca!
-
Reis da América (Parte 05)
O álbum Paranoid marca o início de uma série de acontecimentos que acabariam por
definir de forma decisiva os rumos do Black Sabbath. Foi a partir daquela
aparentemente despretensiosa bolacha de vinil, com um soldado paranóico pulando na
capa, que a banda mor do nascente heavy metal, tal qual ele, saltou da mera condição de
novidade underground dos subúrbios ingleses para o posto de hitmakers n.1 na América,
prontos a desbancar muita estrela dos escalões pop de uma Billboard, por exemplo. A
seguir, a consagração na estrada os levaria a experimentarem toda a sorte de excessos e
loucuras-esses mesmos que você está imaginando....
Parte 5 - Reis da América
"Nunca vou me esquecer do adiantamento que recebemos pelo primeiro disco. Foram 105
pounds, e eu nunca havia ganhado tanto dinheiro em toda minha vida. Fui direto comprar
uma camisa nova e a maior garrafa de Brut que encontrei. E o resto do dinheiro dei para
meus pais."
Assim um bem-humorado Ozzy Osbourne descreveria a sensação que o primeiro álbum do
grupo desencadeara, a um semanário inglês em 1972 - não só nele, mas em todos os outros
membros da banda. Black Sabbath, o disco, era um monstro que havia criado vida própria
nas paradas de sucesso inglesas e européias, e relegado dinheiro e alguma fama - não muito
ilustre, a bem da verdade - àqueles quatro garotos miseráveis de Birmingham, em uma
escala bem maior do que eles jamais poderiam imaginar.
"De repente, recebíamos da Vertigo um adiantamento que era mais libras em nossos bolsos
do que jamais poderíamos juntar em seis meses de apresentações - seis meses das piores e
mais duras turnês que fazíamos no começo!" - diz Tony - "Aquilo tudo era como um sonho,
que estava se realizando ali, na nossa frente."
Paranoid, o 2.º LP da banda.
Exatamente por isso, por causa da realização desse sonho, e para que se desse a sua
perpetuação, é que a banda não podia parar - e tinha que continuar com gás total. Foi no
clima de sucesso e alta polêmica que o primeiro LP estava gerando que foram marcadas e
executadas as históricas sessões de gravação do disco seguinte.
Programado para se chamar War Pigs, o segundo LP do Black Sabbath se concentrava ao
redor de uma enorme peça do mesmo nome, quase uma suíte metálica com diversas
mudanças de andamento, formada por uma sólida marcação de ritmo marcial (lembrando as
marchas militares tocadas nos quartéis), que a certa altura descambava para uma
elucubração de inspiração jazzística tocada com uma garra e peso sem precedentes,
enquanto Ozzy lançava seus lamentos berrados em cima de tudo. Em certo momento, todo
o caos sonoro dava lugar a um feixe repleto dos solos mais hipnóticos que Tony Iommi já
produziu - psicodélicos e sorumbáticos como tudo de melhor que a banda fazia naqueles
dias, e que determinava o clima de pesadelo em que se desenvolvia essa música, prevista
para ser, portanto, a faixa central do álbum. Vinha sendo testada já nos últimos cinco shows
ao vivo do Sabbath, embora a letra ainda fosse um enigma a ser desvendado em estúdio
mesmo, horas antes da gravação, pois ainda não havia sido definida e Ozzy cantava algo
diferente em cima da música a cada momento - algo que, mesmo após todo o sucesso da
canção, não mudaria muito em diversos shows realizados durante o período 1970-1975,
dada a mente do madman estar sempre torpedeada pelas mais diversas substâncias
imagináveis, tornando impossível a memorização de tudo aquilo que se eternizaria em vinil.
De qualquer forma, e com qualquer letra que fosse, "War Pigs" (Porcos de guerra) era uma
crítica aos senhores da guerra, aos homens que comandam milhares em pelotões lançados à
morte nas linhas de frente enquanto eles mesmos, protegidos pela hierarquia do exércitos,
se mantêm resguardados nas elites militares e em seus quartéis. Em determinado ponto da
música, a letra pega pesado, e não só nos oferece visões de generais se arrastando pelos
campos de batalha ("On their knees war pigs crawling...") e implorando perdão enquanto
são subjugados pelo demônio ("Satan, laughing, spreads his wings..."), como também
critica as tropas, consideradas reles peões de xadrez na mão dos poderosos ("Treating
people just like pawns in chess"... ).
Lembremo-nos de toda a situação política da época, com o conflito envolvendo Estados
Unidos e Vietnã, e notaremos que um Black Sabbath bem politizado estava vindo à tona
nesta canção, criticando duramente as engrenagens do poder e da guerra, e fazendo uma
clara alusão a todo o sentimento coletivo e contracultural de milhares de jovens que
estavam já indo às ruas, fosse no Tio Sam ou em qualquer outro lugar, com cartazes de
protesto nas mãos e palavras de ordem nas bocas, clamando pela paz e pelo fim da guerra.
Neste sentido, podemos dizer que, mesmo indo na contramão da História, e de todos da
fauna e flora bicho-grilo que protestava de uma forma mais cândida e serena no meio de
todo aquele clima de confusão do início dos anos 70, o Black Sabbath estava protestando
do seu jeito, disparando sobre tudo uma visão bastante ácida e crítica dos acontecimentos
da época. Tony Iommi mesmo confessaria, anos depois:
"Muitas pessoas vivem me perguntando o que significa a figura na capa do disco. O que
aconteceu foi que o ábum era para ser chamado de War Pigs, então tínhamos feito esta capa
com um cara munido de escudo, capacete e espada, um verdadeiro soldado partindo para o
ataque com uma expressão alucinada no rosto, representando tudo que está lá, na música.
No entanto, depois, o título foi proibido, e tivemos que manter a capa original. Todos
sabem, todos se lembram... na época, o negócio do Vietnã era um assunto tabu, um lance
meio que proibido de se falar... todo mundo queria estar presente no mercado americano, e
ele ainda nem havia abrido suas portas direito para nós. Mas nós realmente QUERÍAMOS
muito que o álbum tivesse sido batizado em sua concepção original, queríamos meter o
dedo na ferida e fazer aquela crítica. Era o que todos queriam na época: dar sua posição
sobre o que estava acontecendo, oferecer o seu ponto de vista."
É isso aí. Ainda que "War Pigs" pertencesse à famosa vertente de músicas do Black
Sabbath que tocam no nome do "chifrudo" e possuem referências à influência maligna das
forças das trevas sobre o nosso mundo, esse não era, nem de longe, o verdadeiro motivo
para que fosse censurada pelo pessoal da gravadora.
Bill Ward, no estúdio em 1970: preparando a batera para a gravação de mais um clássico
do Black Sabbath.
A Vertigo Records, inicialmente, tentou fazer a cabeça dos rapazes para que "War Pigs"
não fosse nem lançada. Entretanto, isso era demais: era consenso entre todos que aquela era
uma das melhores e mais fortes composições que eles já haviam feito, e só pensar em
propôr tal coisa a Ozzy iria certamente resultar no fim prematuro do Sabbath na Vertigo
(que, com todo o sucesso deles, definitivamente não desejava isso). O próprio produtor da
banda, Roger Bain, se rebelou, tachando tal atitude de "crime artístico". Bem, então como
não dava pra tirar a música, que o seu destaque fosse ao menos minimizado. Além de retirar
o seu nome da capa do LP, que ela fosse jogada para uma posição de terceira ou quarta
faixa no lado B do vinil, com um outro nome, talvez - algo diferente, um pouco mais
"ameno". "Nem pensar - o lugar dela é abrindo o disco, no lado A", foi o posicionamento
de Jim Simpson, representando Tony e Ozzy, em uma reunião com alguns executivos da
Vertigo, duas semanas antes do lançamento do álbum. E, depois de muita discussão, afinal,
foi decidido que tudo bem, mas com uma ressalva: se nas primeiras três semanas de
vendagem nos EUA, o álbum não fosse além de um certo número "X" de cópias previsto
numa cláusula pela Vertigo, então todas as tiragens seguintes do disco seriam prensadas do
modo deles, fazendo as alterações (censuras) necessárias.
Durante as gravações do LP, no entanto, ficou bem claro que o disco não seria só "War
Pigs", no entanto. Muito pelo contrário: é o disco, até hoje, que concentra o mais brilhante
conjunto de composições do catálogo da banda. Estão lá clássico após clássico: "Iron Man",
"Fairies Wear Boots", "Planet Caravan", "Electric Funeral", "Hands of Doom"... além, é
claro, de "Paranoid".
A estória por trás desta bombástica pequena obra-prima - com os seus 2:45, foge totalmente
aos padrões das grandes viagens do heavy metal! - é folclórica. Iommi gosta de brincar, até
hoje, que se o primeiro álbum do Black Sabbath não gastou mais de dois dias para ser
gravado, o segundo demorou "bem mais": quatro dias. O que acontece é que o esquema de
trabalho da banda, naqueles tempos, era o mesmo sempre que se reuniam para gravar: Tony
e Geezer chegavam com alguma coisa que tinham em mente e passavam a Bill e Ozzy, para
eles irem pensando em percussão e letra, respectivamente. Poucas horas (ou mesmo
minutos) depois, as idéias eram discutidas, as peças iam se encaixando, e começavam
longas jam sessions em que as contribuições dos quatro iam tomando forma e lugar, até que
todos gostassem do que estavam ouvindo. "Paranoid" foi o resultado de uma dessas jams,
justamente a última que realizaram para o disco, originada de uma parte rápida em que
Tony e Geezer vinham trabalhando e na qual foi acrescentada uma levada acelerada e
estonteante de Bill. Ozzy começou a improvisar em cima, com uma letra que era a
reminiscência do que ele havia sentido ao romper com uma garota com quem tivera um
pequeno caso ainda em Birmingham, um pouco antes da segunda turnê do Earth a
Hamburgo - um fim de namoro que deixara o vocalista abalado, e o fizera tomar um porre
sensacional quando da chegada a Hamburgo, deixando todos que o viam com a impressão
de que estava "paranóico", e realmente transtornado. Suzy, a moça em questão, vivia
reclamando que Ozzy "não se acertava" nunca, e com um comportamento animalesco
daqueles, nunca chegaria a ser um pop star, deixando o vocalista profundamente magoado.
"Finished with my woman / 'Cause she couldn't help me with my mind..." (Terminei com
minha mulher / Pois ela não podia me ajudar com minha mente...) começava a letra, que era
uma transposição, feita para o relacionamento marido / esposa, deste antigo relacionamento
de Ozzy.
A tal "parte rápida" da jam, já apelidada de "Paranoid" por todos assim que Ozzy terminou
de cantar, foi composta em não mais que cinco minutos apenas, e o engenheiro de som que
pilotava a mesa naquela noite, Tony Allom, propôs que a tocassem novamente para que ele
pudesse gravá-la de modo adequado, mas só a tal parte rápida, fazendo dela uma "canção
inteira", separada do resto da jam e das improvisações. Assim deveria ser pois já tinham
muito material para o álbum, e talvez aquilo pudesse ser usado só para preencher um
espaço - "sabe como é, uma brincadeirinha só pra encher lingüiça em um dos lados, A ou
B", disse Allom. Tony e Geezer, então, bolaram rapidamente aquela esperta introdução,
fizeram sinal para a entrada da batera de Bill, e... PAU!
Saiu como saiu. Em menos de três minutos, a "brincadeirinha" estava gravada e pronta para
ser, para toda a posteridade, um dos mais célebres clássicos eternos do rock pesado.
Black Sabbath, em 1970.
"Paranoid", a música, exerceria uma influência tão grande sobre a música pop, em geral,
que até bandas punk, como toda aquela geração revoltada e "básica" do final dos anos 70,
reverenciaria o Black Sabbath (pelo menos o daqueles primeiros discos) como uma banda
"legal", e acima de qualquer suspeita, sem qualquer estrelismo... gente como The Damned e
outros chegavam mesmo a tocá-la como aquecimento, nas passagens de som de suas
apresentações e em shows, tal a energia que a música passa.
No final das contas, terminado antes da metade de setembro de 1970, o disco foi ouvido
pelos cabeças da Vertigo e, diante de toda a briga por causa da faixa-título, a maioria deles
se apaixonou por "Paranoid", e a elegeu o carro-chefe do LP e a música a dar título para o
mesmo. Num primeiro momento, Geezer, ao ser informado da decisão, levou tudo em tom
de galhofa, falando para Ozzy: "O quê?!? Estão brincando? Agora, se fizermos "hip-hiphurrah" no estúdio, eles vão querer lançar como single também???".
A verdade foi essa. Apesar de ser uma espécie de "hino oficial" do Black Sabbath, meio
que a contragosto deles - como Bill que, por exemplo, considera "Black Sabbath" a música
oficial da banda - "Paranoid", na época, foi considerada meio "simples" demais e até
ridícula para ser lançada como faixa-título do segundo trabalho da banda. Houve até quem
achasse que era uma canção "comercialóide" demais para os padrões do Black Sabbath como Tony Iommi, fumando mais erva do que tudo e então imerso nos climas alucinógenos
e sombrios de coisas como "Planet Caravan" e "Electric Funeral". "Penso que estão
querendo nos fazer de banda do Top of the Pops", disse Tony, num comentário irônico, a
um dos donos da Vertigo antes do lançamento do disco, numa referência ao programa da
TV inglesa que lembrava o antigo Globo de Ouro da televisão brasileira, em que os astros
populares consagrados dublavam os seus sucessos numa apresentação bem cafona... Mal
imaginava Tony que o compacto de "Paranoid" os levaria, justamente, para a sua primeira
apresentação diante do grande público inglês na TV, em novembro daquele ano, justamente
no... Top of the Pops!!!
Chega outubro de 1970, e Paranoid, o segundo álbum do grupo, é lançado. E que
lançamento: o disco praticamente escoa das prateleiras de todas as lojas do mundo para os
toca-discos de milhares de fãs no mundo inteiro. Nos EUA, a reação não é diferente, e já
sinalizando o interesse que os americanos teriam pela banda, da qual já vinham ouvindo
falar através dos rumorosos buchichos da imprensa britânica, consomem Paranoid como se
fosse Coke: chega a disco duplo de platina na América, pouco após atingir a mesma
posição na Inglaterra, conquistando o nunca antes imaginado primeiro lugar da Billboard.
Pronto, o mercado americano estava conquistado. Até o final daquele ano, o primeiro
álbum da banda seria lançado também em sua versão americana, e até dezembro, receberia
também a primeira posição, e o disco duplo de platina, confirmando a inevitável ascensão
do Black Sabbath na terra de Tio Sam - e, por conseguinte, no mundo inteiro. De repente,
não havia mais Led Zeppelin, não havia mais Blind Faith, ou Deep Purple. O lance do
momento era o Black Sabbath - só se falava neles. Todo mundo comentava era sobre eles.
Ozzy, Tony, Bill e Geezer foram à loucura. Aquilo era demais - eles estavam, por assim
dizer, realmente no topo do mundo. Datas marcadas em todos os lugares: de Boston a Los
Angeles; de Estocolmo a Paris; de Londres a Nova Iorque. Nos palcos, a banda prossegue
imbatível, com performances avassaladoras. O dia 20 de dezembro está marcado no
Olympia de Paris, com um contrato com a rede de TV inglesa Granada para que o show
fosse filmado, focalizando a clássica apresentação da banda, enérgica e visceral, naqueles
tempos áureos - o que originaria o filme Black Sabbath - Live in Paris, o primeiro
documento visual do quarteto.
Como eles, igualmente estupefatas e orgulhosas estavam as suas famílias. Afinal, aqueles
quatro garotos maltrapilhos, imundos, fadados ao fracasso e à pobreza, estavam agora em
uma posição de inigualável prestígio que gente como eles, da cinzenta Birmingham, nunca
sonharia ter um dia.
Ozzy, cada vez mais em Londres com os outros integrantes, e portanto cada vez mais
distante de sua querida família, ao saber do êxito de Paranoid nos charts americanos, sai
com dois amigos, enche a cara com três doses duplas de White Horse, e liga para seus pais:
"Somos reis na América agora!!!". Em seguida, liga para uma atônita secretária dos
escritórios da Vertigo, em Londres mesmo: "E aí, amorzinho, que tal sair com o rei do
mundo agora? Ah, aproveite e diga aos bundões aí que eles PODEM COMER AQUELE
CONTRATO COM A CLÁUSULA DA PRENSAGEM...". Era a bastante peculiar
vingança de Ozzy da tal cláusula que previa a reestruturação estratégica do álbum Paranoid
caso fracassasse em solo americano...
A tal capa do soldado de espada ainda estava lá, no entanto. Ozzy não deixa por menos e,
em uma entrevista concedida após a cerimônia de entrega do disco duplo de platina pelas
vendas de Paranoid ele comenta sarcasticamente: "O que diabos um cara vestido de
soldado tem a ver com estar paranóico (Paranoid), eu não sei. Acontece que a banda não
teve muita interferência no processo de criação da capa do disco, apenas reprovando ou
aprovando a arte final. Só que não houve tempo de mudar." A mensagem, entretanto, estava
bem clara - bastava ao ouvinte abrir o invólucro de plástico do LP e pôr a bolacha preta
para rodar, já ali, em sua primeira faixa. "War Pigs" se tornaria uma das preferidas do
público em todos os shows seguintes da banda, e outra presença constante e obrigatória em
todas as suas apresentações, fazendo com que até nos esqueçamos que o disco não se
chama War Pigs. Black Sabbath, 1 X gravadora, 0.
Êxtase em um show do Black Sabbath em Amsterdam (Holanda, 1970).
As tais zicas com seitas satânicas continuavam. Entretanto, em proporção menor. E agora,
pelo menos, a atitude da banda já era outra, sem aquela inocência de antes, quando haviam
sido pegos de surpresa pelo impacto da fama. Era uma atitude mais madura - para não dizer
maliciosa e extremamente sacana, galhofeira. Após um dos shows de lançamento de
Paranoid, em Bath, na Inglaterra, por exemplo, Ozzy se retira para as coxias e é
interceptado por duas groupies de look devasso, que têm cruzes invertidas inscritas em suas
têmporas. Ambas o fitam assustadoramente, com olhares vidrados. Ozzy pensa na hora:
"esse maldito speed ainda mata essas meninas uma hora. Pobres coitadinhas, vítimas do
ácido...". Uma das garotas lhe dirige a palavra: "Somos duas enviadas da seita de Azrath, de
posse do poderoso e glorioso Lúcifer, e estamos aqui, em nome do Senhor das Trevas, para
lhe reverenciar, ó astro maravilhoso!". Ozzy dá uma boa olhada para a moçoila, de cima
para baixo: belos cabelos, que olhos, que peitinhos... e que ancas, essas pernas
maravilhosas... Ele olha para a outra, uma loira apetitosa. O mesmo esquema. Não lhe
restam dúvidas. "Pois bem, garotas. Venham comigo para a reverência, então...".
A partir dessa época, não são poucos os relatos de orgias mil na estrada: o Black Sabbath
adentra o mundo libidinoso do rock setentista, a ponto de competir com o Led Zeppelin e
outras sumidades nesta categoria durante os anos seguintes. Várias "bruxinhas" como
aquelas de Bath - invariavelmente tietes loucas de erva ou que topavam tudo para passar
algum tempo com seus ídolos - passariam a ser vistas fazendo alguns belos "trabalhos de
sopro" em Ozzy antes e após os concertos da banda, nos bastidores. Isso quando o vocalista
não resolvia levar duas, três, ou mais delas, para verdadeiros bacanais alucinados em
quartos de hotéis. Esse acabou sendo, na esmagadora maioria das vezes, o destino que as
tão conclamadas "adoradoras de Satã" que seguiam o Black Sabbath acabaram tendo, ao
longo da década de 70.
Logo, a banda estaria lotando as principais casas de show da América, como o Fillmore
East, de Bill Graham.
Noutra feita, uma garota histérica ligou para o escritório da banda em Londres. Bill
atendeu. Ela se dizia uma maga que gostaria de fazer parte da "doutrina sombria" do grupo.
"Pois não. Tens amigas que também queiram fazer parte?", perguntou Bill. Positivo.
"Venha cá então. O endereço é tal, tal... Ah, e não se esqueça de trazer as velas!". Meia
hora depois, dois táxis estacionam na frente do QG montado pela Vertigo para a banda, um
após o outro. Deles saltam sete beldades dispostas a tudo. Roupas todas de couro, escuras "bruxinhas" com pinta de ninfomaníacas. São recebidas por Bill, Ozzy, Geezer, e um
assistente de publicidade do grupo, que andava com eles na época. Bill encara uma das
garotas e lhe pergunta: "E aí, se lembraram de trazer velas?". As luzes do local são
apagadas e apenas luzes de velas iluminam o ambiente, enquanto os quatro vão bolinando
as garotas, uma a uma, já quase totalmente despidas, dando início a um verdadeiro "ritual".
Bill pega uma vela, uma das mais grossas, e põe na mão de uma das meninas. "Agora
mostra aí pra gente... como se enfia direito uma vela no...". Ozzy e os outros ficam
alucinados vendo a cena ali, à meia-luz, a garota se masturbando com aquela vela grossa,
enquanto as outras boqueteiam todo mundo. Após a "introdução" do culto ali feita, Geezer
pega a garota que fez a performance da vela e se retira para um dos recintos, se propondo a
desempenhar o papel que fora da vela. Todos riem, dando belas gargalhadas e volumosos
goles de Martini. Anos 70, sem dúvida...
A banda desembarca nos EUA e, durante a investida em solo ianque, percorrem Nova
Iorque, San Francisco, Los Angeles, Long Island, Cincinatti e Boston, entre outras. Ficam
impressionados, especialmente Ozzy e Bill (irmanados na beberragem e na porra-louquice),
com o despojamento das groupies americanas, que já vão transando sem qualquer
cerimônia. Uma dessas animadas garotas, após fazer sexo com Ozzy em pé, detrás de um
amplificador enquanto a banda passava o som para o show da noite, tira da bolsa um
baseado grosso como um charuto cubano e o oferece a Ozzy, alegando que é a melhor erva
que ele jamais fumou em sua vida. "Uaaaaau!" - o vocalista quase enlouquece com o
tamanho e a pureza daquele joint descomunal.
Black Sabbath, ao vivo num show em San Francisco (1970): detonando!
Se por um lado, as coisas iam bem no sentido fama-mulheres, o mesmo não podia ser dito
do quesito dinheiro. Bem, não exatamente no tocante à parte lucrativa, pois os membros do
Black Sabbath estavam a um passo, ou menos do que isso, de se tornarem os novos
milionários ingleses do rock. O problema era o empresariamento - uma pedra no sapato da
banda durante toda a sua carreira.
Um pouco após o lançamento de Paranoid, Tony é aconselhado por um amigo a pedir de
Jim Simpson uma prestação de contas formal de tudo o que já havia sido ganho e gasto pela
banda até ali. Ao se deparar com toda a papelada, ele se surpreende ao notar que uma
grande parte dos gastos ali descritos com roadies e equipamentos não condizem com a
realidade, e mostra as notas a Geezer, que também fica atônito. Então, uma noite, após um
concerto em Bristol, os quatro resolvem ter uma reuniãozinha com Simpson para discutir os
negócios. A desculpa é a de que querem traçar planos para os próximos discos e turnês entretanto, Tony, Ozzy, Bill e Geezer já sabem, ao adentrarem com Simpson o pequeno
salão do hotel onde estão hospedados, que estão decididos a dispensar os seus serviços,
conforme a desculpa que ele dê para o sumiço de uma grande soma de dinheiro dos cofres
da banda. O esquema amador - e nebuloso - de agenciamento de Jim Simpson estava agora
difícil de ser suportado.
O empresário tenta sair pela tangente várias vezes, e com a sua típica diplomacia ferina e
conversa calma, tenta enrolar os rapazes da banda com explicações sobre os custos de se
agenciar uma banda como o Black Sabbath - sobre ter que viajar daqui para ali, arcar com
despesas de pessoal, manter uma assessoria de imprensa etc. Em suma: além de justificar
todo a alta grana que vinha consumindo do income do Sabbath, Simpson ainda aproveita
para alertar os rapazes sobre o aumento de sua fatia no bolo, que julgava ser inevitável com
o crescente sucesso do grupo! Aquilo revoltou Ozzy, que no final das contas, já não estava
mais com a cabeça para tanto papo furado e começou a agredir Simpson verbalmente,
iniciando uma pequena confusão. Pelo menos Bill e Geezer ainda mantiveram a cabeça no
lugar, e seguraram o cantor, impedindo que ele avançasse em Simpson. Este, irritado, berra
com eles: "Vocês nunca vão arranjar alguém como eu!", ao que Tony responde:
"Encerrado, Jim. Fim de conversa: você está fora." Até o final de novembro, eles chegariam
a um acordo financeiro sobre a saída de Jim Simpson de cena, com a ajuda de advogados.
O empresário, no entanto, ainda acabaria levando a banda à corte no ano seguinte, alegando
ter sido prejudicado nas negociações. Era só o começo das longas dores de cabeça que o
Black Sabbath ainda teria por causa não do heavy metal, mas do vil metal.
São contratados, então, para cuidar dos negócios da banda, Patrick Meehan e Wilf Pine,
dois profissionais que já haviam trabalhado com diversas bandas pop e rock inglesas, e que
eram conhecidos do pessoal do Savoy Brown, uma banda de blues pesado de quem Ozzy e
cia. haviam ficado amigos desde uma digressão conjunta, ainda no início de 1970, em
Edmonton. O audacioso Meehan seria um dos responsáveis por tornar conhecido, no
mundo do rock, o esquema "Black Sabbath" de se trabalhar: turnês incessantes e
intermináveis, o direcionamento total de interesse nos álbuns, relegando singles a um plano
inferior (assim como o Le zeppelin fazia), e a promoção baseada na imagem satânica da
banda, mas não de um modo explícito, escancarado - mas sim, simplesmente sugerido, o
que se pode notar a partir dos trabalhos gráficos do logo da banda e da capa de Sabbath
Bloody Sabbath, de 1973.
Cartaz do show do grupo em San Francisco - tocando ao lado de feras como Love e James
Gang.
Uma das primeiras atitudes de Meehan ao assumir o cargo é providenciar alguns promos
para o Black Sabbath, os chamados "vídeos promocionais", que seriam os avós dos
videoclips como hoje os conhecemos - pequenos filmes com imagens da banda tocando
alguns de seus sucessos, para serem veiculados pelos grandes canais de TV de todo o
mundo. Uma idéia arrojada para a época, bancada apenas pelos astros de música que
tinham mais dinheiro, mas já bastante eficiente para um artista se fazer presente em terras
bem além de suas fronteiras, onde dificilmente teria chances de ser chamado para tocar.
Como sustentava Meehan, a divulgação da imagem de um grupo é algo importante - o que
ficaria claro com a gravação do show em Paris no mês seguinte, ainda que em esquema
amador, com câmeras Super-8. Logo após a apresentação do Sabbath tocando "Paranoid"
no Top of the Pops do canal da BBC, que teve uma excelente audiência no Reino Unido,
Meehan escolheu duas canções do álbum para produzir os clipes: a própria "Paranoid" e a
fantástica "Iron Man" - uma canção inspirada em contos de ficção científica que, com seu
riff cortante, falava sobre a incrível saga de um homem que prevê o apocalipse e, após ser
desprezado por todos à sua volta, domina o mundo e se revela o próprio causador da
destruição. Poucos sabem, mas a idéia original de Tony ao compor "Iron Man" era a de se
produzir, em cima da canção, uma verdadeira ópera rock, aos moldes de Tommy, do The
Who, ou a suíte Atom Heart Mother, do Pink Floyd. A idéia, no entanto, diante do gritante
desinteresse de Ozzy, bem como da gravadora, não vingou.
No final de novembro, então, são exibidos em rede nacional, na Inglaterra, Alemanha e nos
Estados Unidos, os vídeos promocionais de "Paranoid" e "Iron Man", em diversos
programas de variedades e musicais. Ao assistirem ao resultado, os integrantes da banda se
surpreendem: exibidos até os dias atuais na MTV e conhecidos como "os clipes
psicodélicos do Black Sabbath", os vídeos haviam sido gravados com a então novíssima
tecnologia do vídeo-tape, e mostram a banda tocando sobre um fundo repleto de imagens
lisérgicas em movimento, como banhos de cores e uma modelo de feições andróginas, bem
ao estilão da época. Ozzy veste roupas de couro, enquanto Bill esmurra um kit-miniatura de
bateria que causa risos e espanto nos que hoje assistem a estas "jóias". Apesar da reação
inicial de estranhamento ao acabamento dos clipes, que nada têm a ver com o que as letras
das músicas falam (bem, "Penny Lane" e "Strawberry Fields Forever", dos Beatles, também
não tinham!), Ozzy dá o seu aval e comenta com Geezer: "Legal. Imagina só a bela trip que
os pirralhos por aí podem ter assistindo a isso após umas belas tragadas...".
Em dezembro, se dá o histórico show em Paris eternizado no filme Black Sabbath - Live in
Paris (até hoje, distribuído como um pirata), em que um alucinado Ozzy celebriza, para o
mundo inteiro, o headbangin' como expressão corporal típica do rock pauleira e eles tocam,
em uma sequência tonitruante e perfeita, todos os seus clássicos, levando o público francês
ao êxtase absoluto, e após isso, passam todo o início do ano seguinte, 1971, dando mais
uma rodada pelos EUA, numa tour fenomenal e de bilhetes esgotados, apenas
posteriormente voltando à Inglaterra para iniciar os trabalhos do próximo álbum. Como se
percebe, a máquina não pode parar - e com Patrick Meehan no comando, ela girará ainda
mais depressa, levando os rapazes da banda ao quase esgotamento físico-emocional.
Bill Ward live.
Abril de 1971: de volta aos estúdios da Regent Sounds em Londres, os quatro integrantes
da banda começam a ensaiar as canções para o que seria o próximo álbum, que dura ainda
mais tempo que os outros para ser produzido: aproximadamente uma semana! Apesar de
ainda estarem sob a produção de Roger Bain, chama a atenção o fato de Tony e seus
asseclas estarem bastante conscientes acerca de todos os processos de gravação e já
haverem acumulado algum bom conhecimento sobre o que está sendo feito, sabendo
absolutamente o que querem, e a ordem estava dada: aquele era para ser o mais pesado
álbum da banda já gravado até então! Tal direcionamento se devia não somente à overdose
de shows e êxtase em público pelos quais o grupo estava passando, fazendo com que
quisessem retratar fielmente em vinil todo o peso e loucura do som deles, como também se
devia ao ritmo intenso e inesgotável da vida deles, assim restando aos rapazes optarem por
um som, no disco, extremamente simples e despojado, direto. Sem dúvida, é essa a
sensação que temos ainda ao ouvir o 3º disco do Black Sabbath, até hoje.
Algumas novas composições são notáveis - sobretudo uma nascida de uma idéia bastante
crítica de Geezer e Ozzy, de como a "tia marijuana" andava tomando conta das mentes de
todos por ali... "Sweet Leaf" nascera de um riffzinho bacana que Geezer havia urdido em
seu baixo, e que Tony logo tratou de refazer em sua guitarra. E como um dia Ozzy,
baratinado com o alto consumo de maconha entre todos, vira Bill Ward adentrar os estúdios
da Regent Sounds com uma nuvem rodopiando ao redor de sua cabeça - resultado da erva
que Bill ou que o próprio Ozzy estavam fumando! -, ele resolveu escrever algo a respeito,
mas em tom bastante irônico, como se fosse uma love song que, só no último momento, o
ouvinte desavisado consegue relacionar à tal folhinha.
O interessante é que, durante as gravações, enquanto o grupo ainda estava tocando versões
experimentais da música para treinar, o tape foi deixado rodando, e por acidente, foi
gravada uma brutal tosse de Tony Iommi próxima ao microfone de Ozzy - resultado não do
consumo da própria "erva doce", como muitos fãs insistem em relatar atualmente, mas,
simplesmente, de uma forte gripe que o guitarrista estava enfrentando, naqueles frios dias
do início de 1971 em Londres. Depois do término das sessões daquele dia, ouvindo o
resultado do que havia sido gravado, o engenheiro de som Brian Humphries chamou a
atenção de Ozzy para a tosse de Tony no meio da jam e achou a sonoridade legal, sugerindo
separá-la, colocá-la mais alto e como se fosse uma espécie de efeito para "Sweet Leaf".
"Tem tudo a ver com a música", dizia Ozzy, rindo. No dia seguinte, quando Ozzy e Tony
chegaram ao estúdio, eles se depararam com o resultado: um rápido loop de dois segundos
da tal tosse que o engenheiro de som havia produzido, e que poderia ser usado no início ou
no fim da gravação. Tony gostou da idéia, e após algumas gargalhadas, optaram por colocar
o "coff coff" como uma introdução da canção, preparando o espírito do ouvinte para o que
viria depois.
Outras canções interessantes figurarão no novo LP. "Children of the Grave" é outra
importante declaração política da banda, sobre o destino das crianças do mundo após uma
hipotética guerra nuclear (fruto, obviamente, do fantasma da Guerra Fria, que ainda
rondava o mundo). "After Forever", composição de Tony, é uma crítica direta a todos que
relacionam a banda diretamente ao satanismo, tentando mostrar que o Black Sabbath não se
resume a isso (ainda que seja o que Patrick Meehan queira...). A letra, de teor bastante
religioso, faz inclusive uma ácida observação acerca de todos aqueles falsos cristãos que se
escondem atrás da hipocrisia ("Is Christ just a name that you read in a book when you were
at school?" / Cristo é apenas um nome que você viu em um livro quando você estava na
escola?; ou "They should realize before they criticise that God is the only way to love" /
Eles deviam imaginar antes de criticar que Deus é o único caminho para o amor). A faixa,
inclusive, irá despertar bastante polêmica novamente na relação do Black Sabbath com
grupos religiosos, como ainda veremos adiante.
Ticket do show do Black Sabbath no lendário Royal Albert Hall (Londres, 1971).
Outro excelente momento do álbum será a faixa "Into the Void", que deu um trabalho
imenso para ser gravada, tendo consumido um dia inteiro de trabalho dos seis dias que o
Black Sabbath gastou para gravar o disco. Tudo por causa de Bill, que primeiro não
conseguia de modo algum acertar o tempo da canção, e depois, se atrapalhou todo nas
viradas antes do solo de Tony. O baterista, traumatizado a partir de então, dificilmente se
arriscaria a tocar esta canção ao vivo e, surpreendentemente, abriu uma exceção
recentemente, em 1999, quando do retorno do Black Sabbath, tocando-a novamente nos
shows da turnê Reunion, em Birmingham, e não decepcionando...
Na verdade, grande parte da dificuldade de Bill em estúdio, nesta época, acontecia devido
ao problema do baterista de se envolver demais com os seus vícios. Desligadão na maior
parte do tempo e tendo dificuldades para se concentrar em certas sessões, Bill começou a
ser encorajado pelos outros membros da banda a parar um pouco com a loucura e se
sintonizar mais... pelo menos até a próxima noitada com Ozzy! O próprio vocalista,
inebriado com o clima de loucura constante e excessos pelo qual a banda atravessava
naqueles dias psicodélicos, deu a "Solitude", uma balada em tom depressivo composta por
Geezer, uma performance totalmente incomum aos seus típicos vocais insanos e
desesperados, límpida e bastante sensível, emoldurando o clima triste e desolador da
música, o que levou centenas de fãs do grupo a pensarem, ao longo de vários anos, que na
verdade tratava-se da interpretação de outro integrante da banda, de tão diferente que a voz
de Ozzy estava. Gravada em uma noite totalmente zen - após meia dúzia de joints mágicos,
tragados até o fim! -, terminou por estabelecer uma "ponte direta" entre a trip de seu
intérprete e a de seus ouvintes, se tornando uma das músicas do Sabbath mais ouvidas por
fãs "doidões" de erva ao longo dos anos 70.
Enquanto isso, o LP Paranoid já estava atingindo a marca dos 4 milhões de cópias
vendidas só nos EUA! Além da súbita unanimidade, o Sabbath ainda se depararia com
outra surpresa: o coração de seu fanfarrão vocalista, quem diria, havia sido flechado...
No próximo capítulo: em meio a toda a confusão, Ozzy ainda arruma tempo para o
seu primeiro casamento, o grupo acaba assumindo os EUA como o seu segundo lar
(onde será gravado o Vol. 4), e acontecimentos escabrosos ainda rondam um tenso e
fadigado Black Sabbath... Confira!!!
Os novos reis de L.A. (Parte 06)
Certa feita, em uma entrevista em abril de 1971, Tony Iommi havia sido perguntado o
que havia achado do último disco que o Led Zeppelin havia lançado (o Led Zeppelin
III, àquela altura). Lacônico, o guitarrista não quis tecer muitas críticas ao trabalho,
apenas se referindo a ele como uma mudança de rumos a que o Led devia estar se
sentindo inclinado a fazer - o LP do grupo de Jimmi Page vinha sendo bastante
detratado por alguns admiradores mais radicais, por enveredar por sonoridades
bastante adversas ao hard rock blueseiro que costumavam fazer. Iommi terminou
dizendo que, pelo lado do Black Sabbath, o pessoal poderia aguardar tranquilo, que o
próximo trabalho da banda, a ser lançado dali a alguns meses, iria ser o mais pesado
que eles jamais haviam feito. Tão contrastante com isso, no entanto, era o fato de que
o porra-louca mor da banda, Mr. Ozzy "Madman" Osbourne, havia se enrolado
matrimonialmente de modo irreversível! Além disso, o período que se seguiria
marcaria a transição do Black Sabbath de uma banda britânica meramente
underground, e odiada pela imprensa, para autênticos hitmakers americanos
milionários, com direito a baladinha oficial na FM ("Changes") e mansões
ensolaradas em Los Angeles...
-
Parte 6 - Os novos reis de L.A.
Thelma e sua prole: Elliot à esquerda, o pequeno Louis Osbourne no colo, e Jessica, à
direita.
O nome da "felizarda" - se é que este é o termo apropriado - que fisgou o coração de Ozzy
era Thelma Mayfair, um antiga fã, conhecida do circuito inglês de shows do grupo. Após
uma semana de shows no final de 1970 em localidades próximas a Londres, Ozzy
reecontraria a garota, e o que era apenas uma atração física mútua entre ambos logo se
tornou algo mais sério. Thelma gostava do jeito alucinado de Ozzy, e ele se sentia mais
seguro diante da postura decidida de Thelma em estar firmemente do seu lado, sem se
mostrar como mais uma groupie fugaz da jornada do cantor rumo ao mega-estrelato. Logo
decidiram se juntar, a despeito de Thelma já possuir um filho de um relacionamento
anterior, do qual ela já era divorciada: Elliot Kingsley, nascido em 1966 do primeiro
casamento de Thelma, e que seria criado ao longo dos anos por Ozzy como se fosse o seu
próprio filho, tamanha era a afeição do vocalista (já revelando os traços "família" que os
espectadores de The Osbournes tão bem conhecem) pela criança.
Durante os anos seguintes, até 1975, mais dois filhos, desta vez legítimos do cantor,
nasceriam de seu casamento com Thelma: Jessica, em 1973 (que, de relacionamento
conturbado com o pai, nunca foi muito próxima a ele), e Louis, em 1975 (atualmente,
ganhando a vida como DJ). Para comemorar a união, Ozzy e Thelma fecham um pequeno
pub em Londres e chamam os amigos mais íntimos, incluindo os colegas de banda dele,
para uma pequena festa, que em nada lembrava os verdadeiros "rebus" orgiásticos que o
grupo estava se acostumando a promover durante suas excursões... A ingênua Thelma mal
imaginava que algo que começava tão bem e de forma tão cândida com aquele brincalhão
garoto de olhos esverdeados que estava começando a brincar de "superstar" iria se
deteriorar tanto ao longo dos anos, assim que ela descorbrisse a outra faceta de Ozzy aquela revelada à base de muito álcool e drogas, o que inevitavelmente geraria confusões e
mal entendidos.
Ozzy e sua primeira esposa, Thelma Mayfair (foto de 1973).
O ano de 1971 representa a verdadeira tomada da América pelo Black Sabbath, que
efetivaria o grande sucesso por toda a região dos EUA e os levaria a ficar mundialmente
famosos a partir de então. O plano de Patrick Meehan era consolidar o sucesso estrondoso
do LP Paranoid, do ano anterior, e ele consegue - até hoje, pessoas comuns, ou que se
tornariam futuros medalhões do rock pesado, como James Hetfield, se lembram, ainda
meninos, do momento marcante em que conseguiram uma cópia roubada do álbum Black
Sabbath (relançado a partir de então no Novo Mundo) ou do momento em que ouviram o
compacto "Paranoid / The Wizard" na casa de algum coleguinha de escola.
Apresentações avassaladoras por toda a Costa Oeste americana se seguem, bem como datas
históricas em lugares como Chicago e Nova Iorque, lotados até a tampa. Um novo e ousado
figurino para os shows era usado pela banda, fruto do dinheiro que ia entrando em caixa e
os deixando cada vez mais distantes dos trapos de Birmingham, e ia se tornar cada vez mais
extravagante ao longo dos anos, com roupas psicodélicas, bocas-de-sino esvoaçantes e as
clássicas blusas com franjas enormes de Ozzy nos shows. No início de 1971, o vocalista
havia deixado crescer uma barbinha, almejando acompanhar os colegas de banda, todos
"peludos", e apesar de ser bem rala, lhe conferia um visual ainda mais selvagem nas
apresentações - era a moda entre as bandas pesadas da época, de Pink Floyd e Led Zeppelin
a Deep Purple, todos estavam deixando o visual bem desgrenhado e cabeludaço. Apesar do
visual com barba de Ozzy ter sido deixado de lado após alguns meses, só tendo sido
utilizado posteriormente por Bill (Tony e Geezer ostentavam já seus famosos bigodes), algo
que chama bastante a atenção a partir deste ano é a adoção, por Ozzy, de uma postura de
palco dinâmica e contagiante que iria se estender por toda a sua carreira: nos palcos, o
vocalista passava a assumir um canal direto de comunicação com o público, bastante
carismático, batendo cabeça, agitando intensamente e constantemente conclamando todos a
que pulassem, batessem palmas e extravasassem o mais que pudessem, tudo ao som
pesadíssimo da banda - aquilo era um show de rock! Adrenalina e pique máximos,
pontuados por palavras de ordem do mestre-de-cerimônias Ozzy - "Come on, louder!",
"Let's get higher, and higher!", "Let's go fuckin'crazeee... come on!", e o mais carinhoso e
conquistador berro característico de Ozzy: "WE LOVE YOU ALL!", estabelecendo uma
ponte direta entre a devoção dos fãs e da banda por eles, e seguido da forma de expressão
corporal mais conhecido dos anos 70, que Ozzy passou a utilizar ad nauseum: braços
levantados para a multidão, esticados ao alto, os dedos em "V", sinalizando paz e amor para
todos. Era um gesto que não tinha nada a ver com a tal imagem malvada do grupo, mas que
hipnotizava pra burro e caiu como uma luva na comunicação entre banda e platéia, muito
mais eficiente do que os papos bicho-grilo de Robert Plant ou os malabarísticos trinados
assustadores de Ian Gillan. O sinal do "V" de Ozzy tornou-se tão famoso, e é uma imagem
tão típica do Black Sabbath nos anos 70 no imaginário coletivo, que a banda ainda a usaria
como capa de um de seus próximos LPs.
Ozzy e seu típico cumprimento (show no Hollywood Bowl, 1971).
É bem verdade que a imprensa (sempre ela...), que já não se dava muito bem com os novos
sons pesados que vinham aparecendo no horizonte do mundo pop, e preferia ainda se
debruçar em coisas mais palatáveis ao gosto médio do norte-americano médio, como o soft
rock ou algo jazzy-progressivo, fazia de tudo para que os planos dos rapazes de
Birmingham fracassassem, irrompendo em furiosas críticas nos jornais e revistas da época
com o intuito de que qualquer fã do bom e velho rock and roll se afastasse daquele
"espetáculo grosseiro de macacos tocando guitarras e emitindo sons guturais que nos
fazem querer gritar que a Idade da Pedra já terminou" - como escreveu, certa vez, um
jornalista espumante do caderno cultural do Los Angeles Times. Se não havia sido fácil
para o Led Zeppelin, que era bem mais refinado intelectual e musicalmente do que o Black
Sabbath, imagine como a crítica americana reagiu a eles - com muito mais ira e intensidade
ainda do que a irônica imprensa britânica, que pelo menos tinha uma atitude mais
nonchalant, de desdém e indiferença, tipicamente inglesa. Certas vezes, entretanto, algumas
vozes positivas se levantavam no meio de todo o ataque, como a de Pete York, ex-baterista
do grupo pop Spencer Davis Group, que havia feito bastante sucesso nos anos 60 com hits
como "I'm a Man", "Gimme Some Lovin'" e "Keep on Running" - e de onde havia saído,
aliás, o virtuoso Stevie Winwood, do Traffic. Pois é, Pete, agora convertido em jornalista,
andava fazendo algumas resenhas de shows para a Rolling Stone e, no final de 1971, apesar
desta lendária publicação já haver malhado impiedosamente o Black Sabbath quando dos
lançamentos do 1.º e do 2.º álbuns da banda, olha só o que o cara escreveu após ver Ozzy e
cia. ao vivo:
"Esqueçam os burburinhos sobre rituais de magia negra e missas satânicas on stage,
senhoras e senhores! Ao vivo a coisa realmente esquenta com um som inacreditável - o
Black Sabbath causa um tremendo impacto como conjunto de rock. É assim que merecem
ser vistos. Ozzy Osbourne é a figura de frente, sem ser uma estrela, sem frescuras ou
maneirismos. Bill Ward, por sua vez, toca tão bem com as baquetas quebradas que é
melhor que nem deixem ele comprar novos pares!"
É... mas nem tudo eram flores nesta relva de informações desencontradas que a imprensa
americana andava promovendo. Simplesmente impressionadíssima (desde o início) com os
rumores do suposto envolvimento do grupo com seitas obscuras, os jornalistas da mídia
made in USA afogaram tudo no mais completo sensacionalismo, numa atitude "ianque"
bem usual. Conforme Robert Plant já comentou uma vez em uma entrevista, tudo que a
imprensa britânica tratava com certa acidez e humor, a imprensa americana vinha e fazia o
maior caso sobre a coisa, levando TUDO muito a sério.
E este foi o grande problema do início da carreira americana do Sabbath - ou, talvez, a
grande solução, como Patrick Meehan tanto desejava para a promoção do grupo. Não foram
poucos os lugares, especialmente os mais do interior da Costa Oeste americana, que
passaram a barrar veementemente a chegada dos "reis do rock satânico" em seus domínios.
Em lugarejos como Ohio, por exemplo, a pressão dos pastores de igrejas presbiterianas era
tão forte e tão politicamente influente, que nenhum empresário do ramo do entretenimento
sequer se atrevia a abrir a boca para citar o nome Black Sabbath. A propaganda negativa
podia causar uma má repercussão, é verdade, mas por outro lado, em outros lugares mais
mente aberta, como Connecticut, Boston, Philadelphia e outros, aumentava
consideravelmente a venda de discos. Especialmente para jovens revoltados com todo o
sistema - escola, Vietnam, caretice... - e que viam, agora, no nascente gênero heavy metal e
suas tendências endiabradas, uma boa forma de protestar e de externar toda a sua fúria e
inconformismo.
Geezer Butler: as raízes da magia negra no rock pesado.
Mas o que incomodava mesmo a banda, antes de qualquer boicote promovido pelas
autoridades caipiras dos EUA, eram, na verdade, as novas investidas dos grupos ocultistas,
que diante do enorme sucesso do outro lado do Atlântico, haviam recomeçado com força
total. Logo, não só seitas satânicas européias estavam os convidando e os conclamando
para missas negras - mas americanas também! Obviamente, isso dava diretamente nos
nervos de Geezer Butler, que nunca aprendeu a controlar bem o misto de medo e fascínio
que as forças sobrenaturais exerciam sobre ele desde tenra idade.
Eleito o letrista oficial do Black Sabbath desde o começo do grupo (Tony certa vez disse
em uma entrevista: "O Sabbath, sem Geezer, não tem nada a dizer. Ele fala pelo grupo,
através de suas letras. O que a banda quer dizer... está tudo lá"), Geezer nunca escondeu
para ninguém que a sua bagagem para tratar do sobrenatural com tanta desenvoltura,
desenvolvendo os temas do grupo, veio de várias experiências e acontecimentos estranhos o
envolvendo desde que era apenas um garoto. Sempre foi interessado em literatura fantástica
("Behind the Wall of Sleep", do primeiro LP, por exemplo, era um tema inspirado em H. P.
Lovecraft, um dos autores preferidos de Geezer), e ainda criança, alegava ter sonhos que,
nos dias seguintes, constantemente se tornavam realidade. Uma vez sua mãe o flagrara em
seu quarto, em profunda concentração. Sobre sua cama, várias cartas de baralho, cortadas
em montes. Ao ser perguntado sobre o que estava fazendo, Geezer alegou que, um dia
antes, havia conseguido antever todas as cartas que retirava do baralho, de olhos fechados...
Pode-se dizer, portanto, que Geezer Butler era o "Jimmi Page do Black Sabbath", e apesar
dos sustos iniciais gerados pelos primeiros convites e chamados de grupos satânicos feitos à
banda, logo o baixista estava se sentindo bem mais confortável em sua condição de
"explorador de mundos paralelos" e letrista do grupo, estudando mais sobre ocultismo e
indo cada vez mais a fundo em suas leituras sobre fatos paranormais, coisas assombradas e
etc. De vez em quando, no entanto, coisas inexplicáveis aconteciam e grandes calafrios se
faziam sentir, agindo como presságios de que forças muito poderosas não deveriam ser
importunadas... e estavam sendo!
Como em um dos primeiros shows da turnê americana de 1971, por exemplo, em Michigan.
O grupo havia terminado o seu set regular e havia ido se refrescar com algumas beers no
backstage, antes do bis. Ao chegarem nos camarins, se deparam com uma cena altamente
inusitada: sobre os móveis do recinto, sofá, cadeiras, freezer - o local está repleto de cruzes
invertidas, feitas de madeira, e o pior: pintadas com o que parece ser sangue. Sangue real,
de verdade.
Os móveis estão todos manchados, e aquela bagunça de cruzes invertidas logo deixa Ozzy
meio inquieto. "Quem aprontou essa zona aqui?" - no início, Tony e Geezer pensam tudo
tratar-se de uma brincadeira de fãs americanos, ou dos roadies, que aprontaram aquilo só
para testar os nervos dos "senhores das trevas". Mas não. Geezer, irado, manda chamar
Patrick Meehan, e o empresário, para surpresa de todos, não sabe de nada, e interroga um a
um da equipe da banda. Nada. Ninguém, absolutamente ninguém, tinha idéia do que estava
acontecendo, ou de quem poderia ter feito uma coisa daquelas. Entradas e saídas são
verificadas, mas está tudo sob controle, sem nenhuma suspeita de arrombamento nem nada.
Todo o material da banda está intacto também - a experiência e o dinheiro os havia
ensinado a se cercarem de cuidados especiais durante os shows para que não fossem
novamente vítimas de larápios e fanáticos, como quando foram atacados por skinheads na
Alemanha. Até hoje, ao comentar o fato - uma das poucas coisas de que consegue se
lembrar das turnês iniciais do Black Sabbath, justamente por ter sido tão estranho - Ozzy
arregala os olhos o bastante para exclamar: "Fuckin' arrepiante, cara! Uma das coisas mais
esquisitas que já aconteceu com a gente... dentre várias outras que ainda iriam nos deixar
com grilos na cuca". De fato, apesar de suspeitas sobre roadies mais engraçadinhos terem
sempre existido, nunca ninguém conseguiu descobrir quem aprontou a tal brincadeira
macabra das cruzes invertidas e ensaguentadas no camarim. O sangue era legítimo mesmo -
só não se sabe se era humano ou de animais, pois o grupo não teve a curiosidade de levar
amostras para uma análise, e foi tudo jogado fora.
Os telefonemas bizarros e as cartas estranhas, com símbolos de ocultismo e também
devidamente manchadas de sangue, continuavam desnorteando a banda, e não paravam de
chegar. Foi neste clima aterrador e alucinante que foi gravado o álbum "Master of Reality",
e que deu vazão, afinal, à tal mudança de conceitos a que este trabalho se propõe. O próprio
título sugere um direcionamento de temas mais ligados com a realidade e os problemas
atuais do mundo, deixando de lado as estórias satânicas. Nenhum single é escolhido para o
disco, pois o grupo resolve não lhe dar nenhuma espécie de tratamento comercial. Tido
como o mais pesado trabalho feito pela banda nos anos 70, exatamente como Tony falara, e
também o com a produção mais pífia (por exigência do grupo, o trabalho de Roger Bain foi
quase "anulado", deixando o som bem cru), o disco é considerado, por muitos, o que fecha
a chamada trilogia de ouro do Black Sabbath, pois após ele o grupo passaria a incorporar
novas sonoridades e instrumentos ao seu som, perceptivelmente mudando a sua direção
musical, e deixando para sempre de ser a "principal banda underground" da primeira
geração do heavy metal inglês. Conforme comentamos no capítulo anterior, foi um disco
gravado às pressas e sem muitas firulas, justamente como os anteriores, e na base do
"tapinha" sem parar, criando uma verdadeira fog ("névoa") de marijuana na Island Studios,
onde foi gravado, totalmente no clima da faixa que abre o LP - "Sweet Leaf". As folhinhas
verdes queimadas à exaustão também incentivaram um clima criativo interminável,
estimulando o grupo a dar luz a alguns dos maiores clássicos do rock pesado: "After
Forever" (uma elegia a Deus!), "Lord of This World", a apocalíptica "Children of the
Grave" (mais uma crítica às guerras, dessa vez nucleares), e a difícil (para Bill Ward) "Into
the Void", que inova, criando o crossover heavy metal-rap e algumas viradas típicas do
thrash metal, depois explorados por inúmeras bandas dezenove anos depois, graças ao
andamento rítmico doido e ao vocal neurótico que Ozzy imprime à música.
O álbum é lançado em agosto de 1971. Nada de fotos ou ilustrações na capa - só o nome do
disco, em letras enormes. Tudo muito simples e direto, na cabeça. Com ele, cada membro
da banda, nas entrevistas que concedem, passa a dar declarações no sentido de mudar um
pouco a imagem deles na mídia, contribuindo para despertar a atenção das pessoas de que o
Black Sabbath é bem mais do que simplesmente estórias de horror e ritos de bruxaria,
dando justificativas para os temas do novo álbum. "Nossa música parece ser mais maligna
do que a de outras bandas, mas essa coisa de magia negra está saindo do controle.
Estamos meio interessados nisso, e o pessoal nos dá crucifixos, mas é só", havia já
declarado Geezer, certa vez, em 1970. As coisas agora, no entanto, estavam seguindo
passos bem diferentes - a julgar pelos crucifixos ensanguentados do show em Michigan.
Para o lançamento do novo LP, por exemplo, Bil Ward declara à Sounds: "Muitas pessoas
estão sempre numa pior, mas não se tocam disso. Nas novas canções, estamos tentando
transmitir um pouco disso às pessoas, ver se elas entendem que têm de enfrentar os
problemas que cercam suas realidades". Tony Iommi, por sua vez, diria: "Muitas pessoas
estão nos deixando pra baixo com essa cobrança de que somos uma banda deidicada à
magia negra. Acho que elas estão nos confundindo com feiticeiros. A verdade é que não
fazemos nenhum sacríficio no palco, e não estamos nessa de magia negra." E Geezer
comenta: "De fato nós temos uns dois ou três números que são músicas sobre magia negra.
Mas eles são mais contra do que a favor disso!".
Ozzy em show feito em Cincinatti, 1971 (foto da colecionadora Sandy Pabgear).
Enquanto tentavam negar a fama que os elevou às alturas das paradas pop do ano anterior,
o Black Sabbath prosseguia impassível em sua turnê de lançamento do "Master of Reality",
muitas vezes realizando cinco shows por final de semana! O ritmo incessante das
excursões, nos EUA, logo fez os membros da banda começarem a pirar, e a se sentirem
inclinados a utilizar alguma substância que os deixasse ligadões a ponto de terem energia
suficiente para cumprir todas as datas. Foi assim que o grupo deu boas vindas ao que eles
passaram a carinhosamente apelidar de snow ("neve"), com a prestimosa ajuda de alguns
roadies mais malandros, e de toda uma rede de "traficas" que recebeu a banda de braços
abertos a partir do momento em que desembarcaram no aeroporto de New York - welcome,
cocaine! Do novo vício, um poderosíssimo e perigoso estimulante conseguido em doses
puríssimas, graças a conexões que Patrick Meehan e seus asseclas haviam estabelecido com
gangues que traziam a coisa direto da América do Sul, surgiria um dos próximos sucessos
da banda, a figurar em seu LP seguinte.
Ozzy, após snifar carreiras quilométricas da droga, se jão não era muito correto da cabeça,
aí despirocava de vez. Uma noite, em Salt Lake City, ele e dois roadies, um deles
improvisado (Greg, um americano que havia se juntado à trupe sabática), saem em um
Mustang alugado, desenfreados pelas estradas dos subúrbios, com três garotas a bordo
fazendo toda a espécie de loucuras possíveis. Uma delas, sentada ao lado de Ozzy, no
volante (o que fazia com que a viagem parecesse um autêntico suicídio), se propõe a pagarlhe um belo "trabalho de sopro". A menina cai de boca, e Ozzy, de narinas tão
enbranquecidas quanto molhadas de whisky, que ele já estava jogando na cara a esmo, sem
nem mais abrir a boca, simplesmente delira, berrando ensandecidamente e perdendo o
controle da direção. Alguns latões de lixo em um beco escuro amortecem a estrondosa
batida que poderia ter sido mortal. Sem ferimentos graves, mas apenas alguns arranhões, os
roadies e as garotas saem esbaforidos do veículo, enquanto Ozzy jaz desacordado, caído
sobre o volante. Greg, com o mínimo de consiciência que lhe restara, pega uma ficha em
seu bolso e corre tropeçando até o telefone público mais próximo, a duas esquinas dali.
"Pat, socorro! Vem voando até aqui, senão a polícia vai engaiolar Ozzy!", ouve Patrick
Meehan do outro lado da linha, num telefone de hotel. Quando a primeira viatura passa por
ali, por volta da uma da manhã, já não há mais um passageiro sequer nos bancos do
Mustang arregaçado - Greg havia arrastado Ozzy para detrás do latão de lixo de um
depósito a cinco metros dali, enquanto o "resgate" não chegava.
Muitas loucuras aconteceram durante esta tour americana de 1971, e o próprio vocalista,
semanas depois do incidente, comentaria a um jornalista americano: "Olha, cara,
precisamos de um descanso urgente. Nós nunca viajamos tanto quanto nessa turnê". O
preço da fama, no entanto, ainda iria ser bem mais alto no decorrer dos anos seguintes.
Falando em arruaças de bandas pesadas dos anos setenta, uma coisa que pouca gente sabe,
só os fãs mais antenados mesmo, é que os membros do Black Sabbath, a partir de 1971,
acabariam estreitando relacionamento com o pessoal do Led Zeppelin, chegando a se tornar
grandes amigos - especialmente os fanfarrões bateras Bill Ward e John Bonham, muito
parecidos em vários aspectos (exceto que Ward, quando enchia a cara, era menos violento e
explosivo que o brutal Bonham), e que chegaram a sair juntos para bebedeiras e farras
homéricas várias noites. Os dois grupos teriam até mesmo chegado a gravar um hoje
lendário material que já entrou para o terreno da mitologia rock faz tempo, mas que gente
como Roger Bain insiste em dizer até hoje que realmente existe, e que raríssimas cópias
devem estar nas mãos de algum engenheiro de som maluco que circulou por aqueles
estúdios na época. O nome deste verdadeiro artefato é conhecido, pelos colecionadores de
material do grupo, como "Black Zeppelin Jam", e reuniria cerca de seis músicas - todas, na
verdade, versões de sons de ambas as bandas, mas intercaladas por longos intermezzos
instrumentais e improvisados. Segundo algumas fontes, Jimmi Page, Tony Iommi, John
Paul Jones, John Bonham, Bill Ward e Ozzy teriam dividido os microfones em duas noites
de brincadeiras e drinks em um estúdio próximo ao bairro londrino de Surrey, em meados
de novembro daquele ano.
A banda dá uma paradinha na maratona de shows para o Natal no final do ano, e Ozzy
aproveita para passá-lo junto com sua nova família e seus pais, fazendo uma bela festa em
família como nunca antes haviam tido - agora "Johnny" era famoso, o orgulho roqueiro de
papai e mamãe Osbourne, e havia se tornado um pai de família, trazendo Thelma consigo.
As primeiras crises entre o casal já começavam, fruto do ciúme de Thelma motivado pelo
sem-número de estórias que rondavam o lar do casal sobre as groupies da estrada, mas
durante as celebrações natalinas tudo parecia estar bem... até que papai Thomas Osbourne
viu os olhos do filho. Ozzy estava sem dormir há dois dias e tragando um joint após o
outro, ou seja: profundas olheiras e olhos vermelhos. "Meu Deus! Você tem certeza de que
realmente está bem?", e Ozzy: "Não. Não mesmo."
1972 começa avassalador, com novas datas e apresentações por toda a Europa e EUA. Gigs
para festivais com algumas das mais famosas bandas de rock estavam surgindo, e toda uma
nova cena se criava diante do Black Sabbath e do mundo naquele ano que se iniciava: além
do hard rock tomando definitivamente a mídia musical do mundo todo, o rock progressivo
é uma nova realidade, e bandas como King Crimson, Yes, Pink Floyd, Genesis, Emerson,
Lake & Palmer, além dos já velhos conhecidos Jethro Tull, passam a dividir com os pesos
pesados a atenção dos fãs de "sonzeira" em vitrolas e concertos ao redor do globo. Uma
delas, o Gentle Giant, é headline de um evento dedicado ao rock pesado e progressivo no
Lyceum Ballroom ao lado do Black Sabbath que dá o pontapé inicial para um grande ano
para a banda, importante por vários motivos. Alguns contadores alertam Tony e os outros
para o fato de que, caso não quisessem ver suas economias indo pelo ralo, tinham que achar
uma maneira de burlar o sempre pesado fisco inglês - muito mais pesado do que o som do
Sabbath. Assim, seria legal que a banda, excursionando tanto para os EUA, arranjasse suas
datas na terra de Tio Sam de modo que pudessem passar uns tempos morando por lá. Isso
implicava na gravação do novo disco, que os rapazes estavam decididos a fazer para ser
lançado logo no início do segundo semestre do ano, seguindo uma linha de trabalho que
parecia estar se tornando fixa: estrada, reciclagem nos palcos da vida, uma paradinha nos
estúdios no meio do ano, novo disco, e aí tudo de novo: turnê de lançamento, estrada...
Patrick foi encarregado de arrumar tudo e pôr as coisas em ordem para que, já a partir de
março, quando o Black Sabbath fechasse suas malas para enfrentar os yankees novamente,
já ficassem por lá durante uma boa temporada.
Numa bela tarde de fevereiro, um galhofeiro e mamado Bill Ward, se desmanchando em
gargalhadas, estaciona seu carro em frente ao consultório do Dr. William Leivehart Perkins.
De dentro do carro, sai um esbaforido e assustado Ozzy Osbourne, que ainda não havia
passado em casa para reencontrar Thelma. Para todos os efeitos, ele ainda estava viajando.
De volta de alguns concertos da pequena tour inglesa, feita em cidades por onde o grupo
havia passado em seu início de carreira (como Sheffield, Newcastle, Bradford e outras),
Ozzy pelo jeito havia "matado as saudades" de algumas velhas admiradoras, porém, alguma
(ou algumas) delas haviam lhe deixado lembranças: "Olha só, doutor. O senhor tem que
dar um jeito nisso aqui! Eu sinto fogo nos pentelhos, estão a me matar!!!". O cantor havia
pego um dos piores ataques de "chato" (ou o popular "piolho de saco") de que a equipe
sabática tinha notícia, e já estava ficando cheio de feridas de tanto se coçar...
As datas americanas começaram na Carolina do Sul, em Fayatteville, no dia 1.º de março
de 1972, e mais um sorumbático acontecimento marcaria a banda após essa apresentação.
Enquanto estavam hospedados num pequeno hotel da cidade, começaram a ouvir,
inicialmente, um murmurar coletivo, como se várias pessoas estivessem entrando em
transe. A seguir, várias vozes femininas começaram a se levantar de modo macabro,
entoando uma espécie de cântico. Ozzy, já desmaiado de brandy a uma altura dessas,
acordou apavorado com a cantoria, assim como Tony. Geezer ficou ensandecido com
aquilo - parecia que as pirações em torno da imagem de "banda satânica" não cessavam
nunca! Algumas batidas em paredes foram ouvidas, e os cânticos ficavam cada vez mais
altos, mais assustadores. Bill exclamou: "Pronto, é isso - vieram nos pegar! Agora acabou
mesmo. Fomos mexer com o que não devíamos e vieram nos buscar. Estou até vendo as
manchetes: banda satânica sacrificada em ritual maligno retorna ao inferno, de onde
vieram!". Geezer vai até a porta do quarto em que estava e olha pelo buraco da fechadura,
enquanto os outros hóspedes, todos da equipe da banda, já vão acordando e se perguntando
o que diabos está acontecendo. Parecia que um grande número de bruxas, segurando velas e
vestidas de batas e túnicas pretas, havia começado a cantar do lado de fora dos quartos.
Faziam uma fila ao longo do corredor, do lado de fora dos quartos, e havia desde moças
mais novas até mulheres de idade, bem mais velhas. Todas com um visual pra lá de
arrepiante... Preocupado com a sua segurança, Geezer criou coragem e destrancou a porta,
indo lá fora. Ouviram-se alguns berros e imprecações, e a voz de Geezer, num atípico tom
de ódio, vociferando algo.
Após alguns instantes, os barulhos começaram a desaparecer. Quando o silêncio se instalou
por completo, todos abriram as suas portas mais aliviados e ali estava Geezer, parado no
corredor, conversando nervosamente com um dos guardinhas do hotel, inquirindo o homem
sobre como aquela legião havia entrado ali. Patrick só chegaria no dia seguinte. Tony,
assustado, pergunta a Geezer o que houve. "Uma legião de bruxas que vieram nos
atormentar. Mas não se preocupem: eu as assustei de um modo que nunca mais irão
voltar!".
Não se sabe exatamente o que Geezer aprontou para afugentar as tais bruxas. Os mais
sérios, como Tony, dizem que o baixista recorreu a uma das preces contra bruxarias de seu
repertório pessoal, a recitando até que as feiticeiras desistissem de seus planos e fossem
embora. Outros, como Ozzy, espalharam boatos maldosos, dizendo que Geezer, na verdade,
mostrou seu pênis para elas, o que as fez cair fora de medo. Apesar dos vários risos
posteriormente, na hora, pelo menos, a situação não foi nada engraçada, mas bastante
tétrica mesmo.
Logo, a banda estaria experimentando um estilo de vida muito diferente daquele que
costumavam ter em sua terra natal.
Durante as digressões norte-americanas, Patrick Meehan acerta todos os preparativos para
as gravações do novo álbum, a se iniciarem em julho. Várias fotos do grupo são tiradas
durante as apresentações na terra de Tio Sam, para compor as ilustrações do próximo
álbum, e Tony Iommi, em Los Angeles para alguns dias de descanso, visita algumas casas
com um corretor de imóveis que se tornara seu amigo, e que lhe apresenta várias das mais
luxuosas mansões de Beverly Hills. Uma delas, um imenso imóvel com vinte e sete
cômodos e uma gigantesca piscina e salão de jogos, deixa fascinado o guitarrista, que vai
correndo contar para seus colegas que aquele seria um fantástico lugar para ficarem durante
sua estadia nos EUA e ensaiarem as músicas para o novo LP. Após visitarem o lugar, Bill,
Ozzy e Geezer, também fascinados, propõem uma idéia estonteante para o pessoal da
Vertigo: já que eles iriam alugar a mansão e ficar lá, por que não já levar todo o
equipamento de gravação dos estúdios direto para dentro do lugar, e gravar tudo lá mesmo?
Afinal, o Deep Purple havia gravado o clássico "Machine Head" em um hotelzinho de
Montreaux utilizando a unidade móvel dos Rolling Stones, e os próprios, por sua vez,
haviam gravado todo o sensacional álbum "Exile on Main Street" na residência francesa de
Keith Richard, não é mesmo? Um lance bem típico das extravagâncias das bandas dos anos
70, que demandava grandes gastos e mordomias sui generis, como pagar transportes de
engenheiros de som e maquinário milionários, só para satisfazer os caprichos de ficarem
alguns dias curtindo um solzinho e vida mansa enquanto a fita rolava. Tony se lembra das
manhas: "Quando se tem dinheiro e se está no topo, é tudo muito fácil. Você diz para os
executivos da gravadora que isso é o mínimo de que você necessita para estimular o seu
potencial criativo, e lá vão eles te satisfazer: compram o que for preciso para você,
organizam todos os detalhes necessários para que eles tenham o próximo sucesso, o
próximo disco sold-out em mãos".
É óbvio que o Black Sabbath havia já mudado bastante desde os dias miseráveis de
bandinha de blues e jazz rock de Birmingham. Pouco importava que o polêmico "Master of
Reality", ainda que fosse um grande sucesso, não tivesse atingido as vendas milionárias de
"Paranoid": rock pauleira era o que estava mandando, e gravar gente como Deep Purple,
Grand Funk Railroad e Cactus havia se transformado em um negócio milionário. Há anosluz dos tempos de dificuldade, Ozzy e seus asseclas eram agora ídolos do rock full-time,
reverenciados nos palcos e perseguidos nas ruas por tietes como quaisquer outras grandes
estrelas do passado (Geezer comentaria sobre isso: "Apesar do que você pode imaginar,
não somos apenas mais um grupo pop teenie - nosso público não é só formado por
garotinhas puberbas"). E agora, aqueles garotos ingleses, expostos 24 horas por dia às
fantasias e facilidades da rica e faraônica vida de popstars nos EUA, pareciam realmente
estar querendo curtir um pouco mais a vida. Tanto é que, quando exigiram da gravadora o
aluguel e a gravação do novo disco em uma das mais belas mansões de Los Angeles na
época, foi exigido que, em troca, disponibilizassem pelo menos algum material do novo
álbum para que pudesse ser utilizado como single, em vista da recusa do grupo em fazer tal
coisa para o disco anterior - e não titubearam. Não importava que soassem um pouco mais
comerciais, tudo bem. Estavam na terra prometida da glória e das riquezas mesmo, tudo o
que viesse era lucro. As prostitutas mais caras e inacessíveis da cidade estavam agora os
visitando, sete noites por semana, fazendo exatamente tudo o que quisessem. As drogas
mais puras e procuradas do continente estavam chegando para eles nas bandejas do café da
manhã, com canudinhos de ouro e papel de seda turco. Todas as empresas de aluguéis de
carros, hóteis, agências de shows, colegas de outras bandas e empresários do show business
desejavam alguns minutos perto deles e os apludiam de pé. Às favas com a seriedade e a
integridade underground: os caras do Black Sabbath, em pleno reinado do Led Zeppelin,
haviam se tornado os novos "reis de L.A.".
Foi em meio a essa atmosfera dionisíaca que o álbum "Black Sabbath - Vol. 4" foi gravado.
Já no primeiro dia de trabalho do novo disco, a sessão inicial registra uma canção
totalmente diferente de tudo que o grupo já havia feito antes, composta em cima de uma
brincadeirinha de Tony Iommi ao enorme piano de cauda colocado no hall de festas da
mansão - mais uma exigência absurda de Tony, que, ao ser perguntado pelos empresários
da Vertigo o que diabos um guitarrista como ele iria fazer com um piano daqueles,
simplesmente respondeu: "Vou tocar, ora essa!". Foi utilizada uma letrinha rabiscada em
um guardanapo que Ozzy usou ao tomar um coquetel enquanto relaxava na piscina, e que
era uma variação em torno de um tema que a banda sempre tocava ao vivo durante a
execução da música "Wicked World", e que se chamava "Sometimes I'm Happy" - um tema
que nunca chegou a ser oficialmente gravado pelo grupo, mas que aparece na longa versão
de "Wicked World" presente no disco ao vivo Live at Last. Do início da letra original
("Sometimes I'm happy / Sometimes I'm sad..."), Geezer mudou para "I feel so happy / I
feel so sad...", e foi feito um lamento lírico típico das mais melosas canções de soft rock,
estilo James Taylor e Bread, que infestavam o dial das rádios da época. Tony gostou do
resultado final, e Ozzy, apesar de um certo estranhamento por estarem dispostos a gravar
AQUELE tipo de música, entrou na viagem, relaxou com uns três baseados, e encarou as
notas, vocalizando a música. Assim nasceu "Changes", a balada oficial do Black Sabbath,
que até hoje faz parte de todas as sessões nostalgia e flash back de rádios FM, justamente
por ser uma contrafação tão bem feita das canções românticas típicas da época. Ozzy
admitiria, depois, que foi uma trip bem comercial mesmo, no sentido de produzir algo que
vendesse, pois era isso que todos os "homens da grana", os produtores e executivos de
gravadora, queriam.
Na próxima "sessão": a volta à Inglaterra para o "Sabbath Bloody Sabbath"; o
famoso castelo mal-assombrado da banda; loucuras mil na estrada e California Jam
'74; e o início do fim com o término da era Patrick Meehan e a neurótica gravação do
álbum "Sabotage".
-
Consagração e estafa (Parte 07)
Com os álbuns Vol. IV e Sabbath Bloody Sabbath, os garotos de Birmingham
alcançam a maturidade musical e o prestígio como nunca haviam desfrutado antes,
mas pelo lado pessoal, as coisas já começavam a piorar, gerando os primeiros sinais de
desgaste que apontariam uma prematura decadência do grupo. Uma temporada
"animal" nos EUA, turnês estafantes e um senso brutal de exposição do empresário
Patrick Meehan faziam com que a banda simplesmente fosse seguindo em frente,
"cega pela neve" e muitas vezes sem nem olhar internamente e perceber os problemas
pelos quais estava passando. E quando tudo parecia estar bem e apontar para um
descanso para todos, eis que surgia um novo grande compromisso - como o lendário
California Jam de 1974. O fim da festa se aproximava lentamente, mas ninguém se
dava conta disso...
Parte 7 - Consagração e estafa
Preparado com capricho para ter um belo desempenho nas paradas, o quarto álbum do
Black Sabbath encontraria alguns medalhões pela frente. Naquele início de década, 1972, o
heavy metal já estava fazendo história graças a nomes hoje lendários, sobretudo o heavy
metal inspirado no próprio estilo criado pelo Black Sabbath - bandas como Lucifer's Friend
(com sua "Ride the Sky") e o Uriah Heep (amigos de Tony e dos outros, e cujo som, desde
o primeiro álbum, lembrava muito o Sabbath) estavam adicionando elementos de magia e
bruxaria na temática de seus mais recentes LPs. Diante de tudo isto, os nossos heróis,
apesar de vez ou outra voltarem a seus temas habituais, muito por influência de Geezer (o
que aconteceria no ano seguinte, com o Sabbath Bloody Sabbath), estavam mais maduros e
antenados com os dias atuais, desenvolvendo canções que, apesar de usarem fatos e estórias
ancestrais, remetiam aos tempos contemporâneos de maneira metafórica. "Cornucopia", por
exemplo, uma das músicas também registradas nos primeiros dias de gravação do Vol. 4,
era uma parábola antiga sobre a fertilidade, transposta para a atualidade como uma crítica à
prosperidade moderna. Além das letras, o som da banda continuava contagiante, como se
podia constatar pelas excelentes "Wheels of Confusion", "St. Vitus Dance" e a fantástica
"Under the Sun", repletas de passagens sonoras estratosféricas, mudanças e viradas rítmicas
alucinantes e envolventes. Era uma criatividade musical surpreendente. A banda estava em
sua melhor fase instrumental, com Tony se esmerando em suas influências de jazz e toda a
banda o seguindo em jams ensandecidas que resultavam nos novos sons. "A maioria das
músicas nasce de um riff de guitarra inicial, depois trabalhado e explorado musicalmente
entre nós", contou ele certa vez. Mas havia espaço também para a destreza lírica do
guitarrista, e um dos melhores momentos do novo disco, inspirado pela beleza dos
horizontes e paisagens de Los Angeles, seria a linda "Laguna Sunrise", um momento
instrumental que chamaria a atenção da crítica musical e começaria a mudar os olhares da
imprensa para a banda; havia sido composto por Tony após passar uma noite inteira
acordado e, ao amanhecer, ficar enbevecido com as belas visões da praia de Laguna que lhe
eram proporcionadas do alto de seu quarto na mansão.
Outros momentos marcantes neste quarto trabalho da banda seriam "Tomorrow's Dream"
(que seria escolhida para o compacto que alavancaria as vendas do álbum), a estonteante
"Supernaut", e a ode da banda à cocaína "Snowblind", além da já comentada "Changes",
com suas austeras e soturnas intervenções de piano e mellotron - tocados por Tony e
Geezer, respectivamente. Após o lançamento do disco, inclusive, boatos surgiriam de que
teria sido o virtuoso tecladista do Yes, o famigerado Rick Wakeman, que estaria tocando
teclados com o Black Sabbath em suas últimas gravações de estúdio, como um convidado
especial "secreto", por razões contratuais; tudo porque o músico havia sido visto com Tony
e Ozzy em algumas noitadas em pubs ingleses recentemente. Wakeman, no entanto, só
prestaria o seu grandiloquente auxílio aos rapazes em seus álbuns seguintes, Sabbath
Bloody Sabbath e Sabotage, sob a alcunha de Spock Wall.
Envolta em grande polêmica, desde a sua gestação, estava a canção "Snowblind", um
arrebatador blues metálico, bem pesadão, no qual Ozzy, lá pelas tantas, após uma sumária
descrição dos efeitos do pozinho branco apelidado por todos de "snow" (neve), gritava de
modo zombeteiro nos mics: "Cocaine!". Era uma espécie de confirmação dada a todos que,
ao pegarem a capa do novo LP e ali vissem escrito o nome da música, pensassem no que
deveria se tratar o tal título "cego pela neve". Mais uma vez, o setor mais conservador dos
executivos da Vertigo pôs seus empecilhos à inclusão de um tema polêmico no próximo
disco da banda. A real intenção do grupo, na verdade, era colocar o título de Snowblind no
quarto LP deles!
De repente, telefonemas furiosos começaram a cobrar de Patrick Meehan uma solução ao
tal problema: caso o grupo resolvesse mesmo cometer uma loucura daquelas, que
estivessem prontos para enfrentar um tremendo boicote das redes de lojas mais tradicionais
dos EUA, onde o sucesso da banda estava indo de vento em popa e estavam pretendendo
fixar residência. O "suicídio fonográfico", provavelmente, seria seguido pelo cancelamento
de vários shows da próxima turnê e uma quase inevitável dispensa da gravadora, que não
suportaria ter, em sua lista de pagamentos, quatro caras notoriamente tidos como satanistas,
sexistas e, agora, toxicômanos declarados. Assim já era demais. A imprensa marrom já
andava de olho na banda e em seu farto repertório de escândalos havia tempo, apenas
fomentando o culto à polêmica que se instaurara, desde os primeiros tenpos, ao redor do
Black Sabbath.
É preciso entender, além de tudo, que a situação política e cultural da época era outra, bem
diferente dos dias atuais, em que um Marilyn Manson, por exemplo, choca todos um
pouquinho e já vende milhares de discos: os EUA viviam um período conturbado de
repressão moral e social, com o republicano Richard Nixon no poder e suas "patrulhas" dos
bons costumes em seu ponto máximo de vigília pelo país inteiro - as mesmas que já haviam
motivado a perseguição a muita gente importante no meio artístico por suas idéias
contraculturais, como a liberação da maconha e o protesto contra a Guerra do Vietnam.
Basta lembrar que "subversivos" do porte de Jimi Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin e
John Lennon já haviam sido vigiados por agentes do FBI e da CIA por suas idéias de paz e
amor livre anos antes, e este último, Lennon, pela intensificação de sua atuação na área
política americana, nos anos de 1971-1972, andava enfrentando um pesado processo de
deportação. Tudo parecia querer ir contra a mensagem do Black Sabbath sobre a coca,
mesmo após terem lançado "Sweet Leaf", que era sobre a maconha, no LP anterior.
A cocaína, no entanto, era uma ferida política e social na qual certos setores da sociedade
do início dos anos 70 se negavam a tocar. Tida como o sintoma mais claro da infiltração
dos tóxicos na América organizada, era a mais nova "droga dos ricos" (título que ainda
persistiria até a década seguinte), trazida de países da América do Sul, como a Colômbia (e
fazendo a fortuna de gente como Pablo Escobar, dentro de poucos anos), e era tida como a
grande fonte da evasão de dólares para os países baixos. Estudos ao longo dos anos
demonstrariam que o farto dinheiro dos EUA é que financiara o gigantesco fortalecimento
da indústria das drogas em toda a América Latina e, por consequência, no resto do mundo.
E não só por causa do enorme mercado consumidor: investigações desvendariam o
escabroso envolvimento de agentes da CIA com este negócio sujo, subvencionando o
consumo de soldados americanos no front de batalha vietcongue (como forma de
"resistirem", dopados, às pressões da guerra), e financiando transações milionárias de
veteranos que voltavam desiludidos ou mutilados aos EUA, e que só encontrariam a
sobrevivência, a partir de então, no tráfico de drogas, tornando-se os chefões americanos do
ramo ao lado de ex-agentes da CIA.
Por essas e outras é que, durante as sessões de gravação do Vol. 4, quando a banda estava
tentando gravar "Snowblind", todos no hall da mansão que servia como estúdio
improvisado se entreolhavam nervosamente quando sabiam que a parte em que Ozzy
berraria "cocaine" estava chegando. Os técnicos de som estavam a postos, prontos para
limar o take e voltar a fita caso o vocalista, desrespeitando as ordens dos "superiores", se
atrevesse a jogar tudo pelos ares e, em mais um de seus arroubos etílicos, gritasse a tal
palavrinha a plenos pulmões.
Entretanto, no dia de finalizarem as gravações de "Under the Sun" e "Snowblind", com
Ozzy já lá pelas tantas bêbado até a tampa, todos se impressionaram quando, no instante
fatídico, o vocalista simplesmente cantou as estrofes iniciais da letra e emendou com um
sussurrado "cocaine". Apesar da insistência do pessoal da Vertigo para nem mencionar o
nome da "coisa" na música, foi o take que ficou, quisessem ou não, e que se tornaria um
dos clássicos das banda e da história do heavy metal. "Snowblind", aliás, tinha um refrão
sinuoso e envolvente, e seu ritmo pauleira e truncado logo conquistou admiradores entre os
manda-chuvas da gravadora. Com Ozzy havendo apenas cochichado a palavrinha mágica
na gravação, ficava tudo bem também - era um lance mais sugestivo e elegante, e de menos
impacto imediato, na opinião de tudos. O único "não" categórico que ficou foi a imposição,
pra valer mesmo, de que o nome do disco não poderia ser Snowblind. Se quisessem até
colocar a canção abrindo o álbum (como já haviam feito com "War Pigs", em Paranoid),
tudo bem. Mas o título do álbum deveria ser outro.
Assim, o grupo, na birra mesmo, decidiu pelo nada. Ou seja: nenhum nome seria dado ao
quarto disco da banda, num lance bem parecido com o tal "álbum sem nome" do Led
Zeppelin, que todos conhecem como Led Zeppelin IV. Diante da recusa de darem um nome
para o LP, a gravadora apelou para um recurso bem típico dos álbuns lançados nos anos 60
e 70, e o batizou de Vol. IV. Uma pontinha da fina e típica ironia inglesa, inerente aos
membros da banda, no entanto, não poderia faltar: caso você tenha o Vol. IV em uma edição
com o encarte original, dê uma olhadinha na parte em que se encontra a ficha técnica do
disco e você verá lá uma frase assim: "We wish to thank the great COKE-Cola Company of
Los Angeles". O agradecimento à "grande companhia de COCA-Cola de Los Angeles" era,
na verdade, mais uma pista, a todos que bem entendessem, que a "neve" estava mandando
no pedaço, e havia sido escrita assim mesmo, "COKE-Cola", ao invés da grafia normal
americana ("Coca-Cola"), numa alusiva piada com a Vertigo de que não poderia haver nada
mesmo referente à cocaína na capa do LP. A mensagem passou despercebida para muita
gente, mas um belo dia, um agente de publicidade da Vertigo notou a coisa e, esbarrando
em Bill Ward em um dos estúdios de gravação, o interpelou sobre aquilo. "Ora, meu chapa,
convenhamos... Como não poderíamos agradecer os caras que constantemente levavam
aquelas caixas todas para não faltar Coca em nossos copos de Rum?", respondeu
zombeteiramente o baterista.
A mensagem, entretanto, ainda tinha um outro sentido, este bem mais evidente para quem
estava em contato direto com a banda naqueles dias. Realmente, muita gente andava
fornecendo aos montes para o Black Sabbath, e não era exatamente Coca-Cola... Como dito
no capítulo anterior, 1972 foi o ano em que a banda chutou o pau da barraca e assumiu seu
lado "estrelas", com inúmeras exigências com a gravadora, hotéis, camarins etc. Era demais
para as cabeças de todos - um grupo que havia começado em minúsculos pubs de repente
estava lotando salões e estádios com capacidade para 20 mil pessoas ou mais, como dizia
Tony Iommi! Evidentemente, se entregaram a toda a espécie de exageros e devaneios. E se
até os outros, que eram mais comedidos em suas atitudes, assim fizeram, o que dizer então
de um bagunceiro inveterado como Ozzy Osbourne? Dali em diante, o cantor consagraria
definitivamente a imagem pública que fizeram dele por todos os anos seguintes...
São lendárias e burlescas as estórias que se contam sobre aqueles dias do Black Sabbath em
Los Angeles. Ozzy, com uma turma de amigos e roadies da pesada, passaria a ser figura
presente em toda a espécie de relatos absurdos. Afinal, ele estava em L. A., a cidade dos
sonhos, a meca dos exageros e da megalomania. Cenas grotescas, como o cantor enfiando
quatro charutões de maconha na boca enquanto cumprimentava celebridades no clube
Trombadour, ou escatológicas, como ele defecando com três amigos do topo do edifício do
lendário hotel Hyatt, em Hollywood Boulevard, para ver quem conseguia acertar mais
transeuntes lá embaixo, tornam-se folclóricas, e povoam boatos horrorizados de Sunset
Strip até o alto das colinas californianas. Também, o fenomenal consumo de bebidas do
vocalista tornaria-se sua marca registrada, e logo seria tratado como notoriedade: quanto
mais ingeria, mais parecia predisposto a beber mais, e sempre mais, desenvolvendo uma
capacidade e resistência física para o álcool simplesmente impressionantes.
Pelo menos uma estória contada na famosa comédia Wayne's World 2 (no Brasil, "Quanto
Mais Idiota Melhor"), acerca de Ozzy, é verdadeira, ou quase: no filme, um caricato roadie
inglês, que teria acompanhado inúmeras bandas lendárias do rock em suas turnês e
excursões nos anos 70, conta para os protagonistas que ele foi levado a arrombar uma loja
de bebidas certa noite devido ao irrefreável desejo de Ozzy tomar um bom brandy. O
PRÓPRIO Ozzy, no entanto, talvez até para relembrar seus dias marginais em Birmingham
e sentir aquela velha adrenalina de larápio nas veias, arrombou algumas lojas em L. A. com
alguns amigos para pegar alguns drinks...
Outra mania do vocalista que logo se tornou famosa, também, foi sua fixação por armas de
fogo. Isso, diante da paixão americana por tais objetos, nem soa tão estranho: Elvis mesmo
só fez aumentar a sua lenda após dar uns belos disparos em aparelhos de televisão em
Graceland. Para uma mente perturbada que nem a de Ozzy, no entanto, o fato de estar
vivendo em um país que tem verdadeira idolatria por armas, e onde a cada esquina podem
ser encontradas lojas com as mais diversas variedades, opções e modelos, deixou o cantor
birutinha. Do dia para a noite, Ozzy torraria mais de 80% dos royalties adiantados que
recebera da gravadora só aumentando, em cerca de 35 itens, o seu arsenal pessoal. No dia
em que viu a compra que o cantor havia acabado de fazer em uma das mais especializadas
casas de armas de Los Angeles, Geezer comentou, em tom de galhofa: "Você vai para a
guerra, Ozzy?". Era pistola automática, fuzil, escopeta, diversos tipos e marcas de
revólveres - inclusive um Magnum 44, aquele usado por Clint Eastwood na série Dirty
Harry, e que se tornaria a peça de estimação de Ozzy durante muitos anos. Enfim, toda a
sorte de armas que você possa imaginar, Ozzy havia adquirido. E onde usar tudo aquilo?
Bem, primeiramente o cantor começou a frequentar algumas boas casas de tiro ao alvo de
Los Angeles, treinando normalmente como qualquer pessoa e aprimorando gradativamente
a sua pontaria. Entretanto, logo depois, a brincadeira de atirar em alvos de papel marcados
começou a ficar sem graça, e Ozzy, devidamente abastecido de rum, tequila, whisky, e toda
a sorte de coisas fortes que você possa imaginar, começou a partir para as ruas de L. A.
mesmo, onde pudesse encontrar alvos mais interessantes em que atirar. Não é preciso nem
mencionar o susto que Patrick Meehan levou quando ficou sabendo que Ozzy estava
andando pela cidade à noite como se fosse um serial killer: pistolas e revólveres
camuflados em sua jaqueta, suas botas... Ozzy, no entanto, sempre foi um fanfarrão.
Mesmo quando o irritavam com alguma espécie de ofensa pessoal, ele, mais do que ébrio
ou doidão, procurava fazer uma brincadeira como resposta. Nas ruas de L. A., os seus alvos
preferidos não passavam de tampas de latões de lixo, postes, garrafas, e latas de Budweiser
(milhares delas, aliás), atiradas ao ar por amigos.
Uma vez, no entanto, o cantor quase se dá mal: tentando acertar a lâmpada de um poste em
uma esquina vazia, de madrugada, Ozzy, já turbinado por duas carreirinhas de "neve", sete
latinhas de Budweiser, e quase metade de um Buchanan's, dispara uma projétil que vai
pegar na janela de um escritório de publicidade que havia ali perto, e onde havia um senhor
(um dos proprietários) ainda trabalhando, fazendo serão. Por pouco, o vocalista não se torna
um dos pioneiros do gênero "bala perdida", hoje tão popular. O barulho de vidros
quebrando e de um carro batendo em retirada no maior estardalhaço, com Ozzy e dois
amigos apavorados, acorda todos, enquanto o homem quase atingido liga para a polícia
escondido debaixo de uma das mesas de seus escritórios... Talvez uma explicação para esta
anormal paixão do "Madman" por armas pode estar ligada à sua mais tenra idade, quando
ele ainda era criança - em 1992, em uma entrevista dada a um jornalista americano, Ozzy
comentou que muitas vezes ele saía com o pai e os irmãos para caçar em florestas e
bosques próximos a Birmingham, inclusive para poder ter o que comer, diante da miséria
em que viviam. "Fui acostumado desde cedo a correr atrás daqueles esquilinhos de
Sherwood", disse o cantor sorrindo.
Embora o desastrado Ozzy, em suas arruaças, tivesse a sorte de muitas vezes se safar da
polícia americana, nas vezes em que era pego durante as suas peripécias nas ruas a coisa
não ficava boa, e lá ia Meehan e uma entourage de advogados contratados pela Vertigo para
limpar a última merda que o cantor havia atirado em cheio no ventilador. Logo, ficou bem
claro que a banda tinha que terminar logo as gravações do álbum, sair dali e pôr os traseiros
na estrada, trabalhar - pelo menos, então, não teriam tanto tempo vago para continuarem
trilhando o caminho da insanidade. Entre os outros membros, também, a coisa não estava
muito boa: entre Bill e Tony, por exemplo, havia se desenvolvido uma desagradável
competição em termos de "pegadinhas" que um aplicava no outro, desde a vez em que
Tony, poucos dias após a chegada deles em Los Angeles, jogou fluído de isqueiro nas
pernas de Bill e tocou fogo nelas. A "gozação" podia ter sido mais séria, e custou ao
baterista um dos seus mais preferidos pares de calças jeans. Bill, como revanche, aplicou
várias peças inesperadas em Tony durante a estadia deles na mansão, e o clima também não
ficou bom entre eles quando, uma bela noite, o guitarrista estava voltando para casa com
duas estonteantes beldades californianas com quem pretendia se aquecer. Ao entrarem os
três no nababesco quarto de Tony, foram surpreendidos com um volumoso balde de urina
que caiu de cima da porta, e que molhou, principalmente, o guitarrista. Tony ficou puto, e
algumas semanas sem nem olhar para a cara de Bill foram o resultado da brincadeirinha.
Isso tudo ilustra muito bem como pode se dar o início da decadência de uma banda: Los
Angeles era despojamento e fascinação, e todas as suas maravilhas e possibilidades
inebriavam os caras do Black Sabbath. Mas, no clima de loucuras e paranóia que criava nas
mentes de todos, levando-os a curtirem intensamente cada minuto como se fosse o último,
indicava, também, os rumos que estreitariam o grupo com a sua ruptura. Logo, de maneira
bem implícita, a banda começou a se polarizar em duas extremidades distintas: de um lado,
Tony e Geezer, mais compenetrados e sérios em suas posturas, predispostos a serem os
"mandões", e de outro, Ozzy e Bill, mais leves e descontraídos, brincalhões e anárquicos, e
claramente irreverentes diante daquela nova realidade que parecia querer se impor. Algo
que sempre existiu, aliás: mas que só agora, diante dos efeitos de várias substâncias
químicas e oportunidades, se tornava mais claro aos olhos de todos. A democracia, a paz e
a estabilidade da banda passariam a ser ameaçadas, dali em diante.
As gravações do Vol. IV estavam praticamente terminadas, e o Black Sabbath estava já se
preparando para cair na estrada, quando, numa bela tarde, aparece na mansão do grupo uma
visita surpresa, que Ozzy não estava nem esperando: proibida de aparecer em Los Angeles
enquanto a banda estivesse realizando as gravações (para "não quebrar o clima"), a mulher
de Ozzy, Thelma, pede ao motorista da limusine para descarregar a bagagem e ajudá-la a
levar para dentro da enorme casa. Ao entrarem, a moça já vai achando muito estranho o tal
"clima" que devia ser o propício para as gravações: a mais variada fauna de tipos humanos
ocupa o lugar, vários deles de aparência gritantemente agressiva: traficantes, promotores de
shows picaretas, junkies desocupados - todos "amigos" da banda. Enquanto isso, Tony, que
nem percebera a chegada de Thelma, estava num dos cantos da sala de jogos, conversando
expansivamente ao telefone, enquanto uma gangue de Hell's Angels jogava sinuca e uma
garota seminua andava entre eles abastecendo constantemente seus copos. Thelma olha
para a piscina, procurando Ozzy. Ele não está lá, mas um exército de garotas de topless,
agarradas aos roadies da banda, está - todos bebendo, cheirando, rindo e conversando
descontraidamente. O motorista pergunta a um dos rapazes onde fica o quarto de Ozzy, ao
que ele responde, com um sorriso malicioso, "lá em cima, o primeiro virando o corredor à
direita". Ao chegarem lá, Thelma empurra sem nenhuma cerimônia, e já bastante irritada, a
colossal porta de madeira, e se depara com duas garotas loiras, nuas e totalmente apagadas,
em cima da cama do marido. Horas depois, após chegar, Ozzy alegaria que as garotas eram
de Geezer, mas estavam ali pois a cama dele tinha quebrado, lamentaria, berraria, choraria,
e prometeria que aquilo nunca mais aconteceria, o que passou a ser uma constante na vida
do cantor. Ozzy passaria longos anos de sua vida promotendo, fosse para um amigo, um
empresário, uma esposa, ou quem quer que ouvisse seus desabafos, que ele nunca mais
cometeria um tal erro, nunca mais "pisaria na bola"... - para voltar a fazer tudo de novo no
minuto seguinte: mulheres, drogas, bebidas... Mais uma característica marcante do mito que
acompanharia o vocalista.
Tão logo conseguiu se reconciliar com a esposa, aproveitando o belo cenário de Los
Angeles para armar uma segunda lua-de-mel (e de onde sairia a gravidez de sua primeira
criança legítima, Jessica), Ozzy cai na estrada com o Sabbath, e passarão o resto do ano
numa turnê avassaladora de ponta a ponta na América, promovendo o lançamento do quarto
álbum.
Figurino espalhafatoso e êxtase: Black Sabbath ao vivo em 1972.
Aquele era o ano do "rock glamouroso", o glitter rock de gente como David Bowie, Alice
Cooper e Mott the Hoople estava surgindo e subindo nas paradas - uma modalidade de som
ousada e "bichesca", para muita gente que via naqueles novos rebeldes transgressores o
signo da androginia e da efeminação no rock. Na verdade, estavam nada mais, nada menos,
do que seguindo as propostas de pioneiros na postura desafiadora de palco de gente como
Mick Jagger, Lou Reed e Iggy Pop, e acabaram por definir todo um estilo que continuaria
reinando no mundo pop por muitos anos afora, de Queen e Sweet até as bandas pouseur dos
anos 80, como Motley Crue e Faster Pussycat. O glitter rock, com seus artistas soltadores
de franga e performances super decoradas e teatrais em concertos, acabou por sua vez
definindo toda uma nova tendência de figurinos no rock, e até bandas que não eram glitter
estavam entrando nessa, com suas novas e arrojadas roupas e atitudes extravagantes em
palco, cada uma procurando impressionar mais do que a outra. Foi assim, por exemplo, que
o Led Zeppelin começou a caprichar nas roupas com detalhes místicos e colocar iluminação
a laser nos seus shows; que o Emerson, Lake and Palmer, o mais tresloucado e
megalomaníaco de todos os grupos progressivos, começou a se caprichar também no visual
e promover verdadeiros festivais de luzes e fogos em seus concertos. O Black Sabbath não
iria tão longe, mas visualmente, e depois de banhos de lojas em Los Angeles, estava
vestindo figurinos bem diferentes daquelas surradas roupas de início de carreira. A partir de
agora, popularizavam-se, nos palcos, as as enoooormes calças boca-de-sino e as blusas
reluzentes de Geezer, o visual negro e repleto de crucifixos e penduricalhos de Tony, as
batas enormes e cafonérrimas de Bill, e as também batas e camisas com franjas enormes,
caraterísticas de Ozzy, que o próprio vocalista estaria representando na capa do Vol. IV.
Obviamente, além do visual mais "moderninho" (para os padrões da época, diga-se de
passagem), a banda ainda punha mesmo para quebrar era no som vigoroso - som esse que,
apesar de tudo, não escondia a ousadia das letras que, vez ou outra, ainda eram motivo de
dor de cabeça para a banda. Embora já não estivessem mais sendo tão perseguidos e
assediados por seitas ocultas, de vez em quando algum lunático mais exacerbado pregava
um susto na banda, como em um show da turnê ocorrido em Memphis, Tenessee, em que
um fanático conseguiu romper a barreira da segurança e subir ao palco no meio da
apresentação, armado com uma faca e se atirando em direção a Tony, na tentativa de
golpeá-lo. O maníaco foi detido a tempo, mas por muito pouco Tony não teria caído
sangrando ali mesmo, no meio de uma execução de "N.I.B." : como sempre, a péssima
reputação da banda a acompanhava e motivava incidentes desagradáveis como esse,
especialmente em locais mais interioranos e de mentalidade retrógrada, como em Memphis,
"terra de Elvis e de caipiras".
Algumas dessas apresentações do final de 1972 seriam gravadas, pois estava nos planos da
banda, caso dessem uma parada para descansar e poderem se concentrar um pouco mais em
suas vidas pessoais e familiares, - praticamente nulas com toda aquela loucura da carreira o provável lançamento de um registro ao vivo em disco, que era algo que muitos fãs
reinvindicavam já há algum tempo. O espetacular Made in Japan, do Deep Purple, havia
batido recordes em vendas, e mostrava o quão boa e enérgica podia ser uma gravação ao
vivo de uma banda de rock, dando uma boa idéia do seu real poder de fogo e da emoção
dos shows. Bem, o Deep Purple era uma banda virtuosíssima, de integrantes afinadíssimos
com os longos improvisos e firulas sonoras - o que, vamos e convenhamos, não era bem o
caso do Black Sabbath, que sempre atingiu mais e provocou impacto com o seu peso
simples e maciço, direto, sem enrolações. Riffs precisos e cortantes da guitarra de Tony,
lamentos e berros paranóicos de Ozzy, e a cozinha metálica e precisa de Geezer e Bill: o
Black Sabbath, em suma, era isso, e era a pura competência no assunto, ainda que os
críticos inicialmente chiassem para a proposta. Qualquer um que já tenha ouvido lances
mais progressivos do Black Sabbath em gravações piratas dos anos 70, como eles tentando
executar "Sabbra Cadabra", "Junior's Eyes" ou "Megalomania" ao vivo, sabe como eles
acabavam se atrapalhando um pouco na coisa.
Entretanto, para Tony, parece que não estava bom o suficiente ainda, e isso foi o motivo de
um outro ponto de desgaste que passou a incomodar a banda, por dentro. Durante as
apresentações ao vivo, diante de toda a mega-ostentação sonora e virtuosismo de músicos
da época, como os próprios caras do Deep Purple, do Led Zeppelin, e todos os grupos
progressivos, o guitarrista passou a querer incrementar mais o som do Sabbath com
mudanças de ritmo, viradas, e passagens sonoras incementadas - e ainda interligando tudo
com vários solos e improvisações, nas apresentações ao vivo. É uma característica da banda
que pode ser bastante sentida nas músicas e shows do grupo a partir de 1972 - e que passou
a irritar Ozzy. Com o passar dos anos, a coisa foi se agravando de tal modo que, em seus
últimos concertos na década, cerca de 40 minutos de uma apresentação do Sabbath, de um
total de 90 minutos, em média, eram compostos, basicamente, de jams jazzísticas e
instrumentais do grupo, com Tony solando, esfomeado de guitarra, no meio de várias
músicas do grupo, enquanto Ozzy ficava olhando de soslaio e rancorosamente num canto
do palco, e tentava, em vão, agitar a galera com o mesmo pique de antigamente. O próprio
vocalista argumentaria, depois que saiu da banda e iniciou sua carreira solo: "Nos últimos
shows o Tony ficava lá, fazendo enormes solos de jazz de bocejar, e eu lá, só olhando ele
de um canto do palco, quase implorando para ele parar e voltar a tocar um rock. Não
importa o que pensem, cara: o Black Sabbath não é jazz; pra mim, o Black Sabbath sempre
foi rock, cara, rock!".
Pois é, dá pra sentir como o clima de briga em gravações e ensaios começaria a ficar
intenso a partir do final de 72, né?
Black Sabbath em 1973: de volta à Inglaterra, mas rodando o mundo inteiro .
Devido a isso, as coisas só pioram em 1973, deixando os nervos e neuras de todos os
membros da banda expostos: o ano começa e termina com pouquíssimos dias de descanso
para todos. Excursionando de janeiro a setembro daquele ano, por diversas cidades da
Inglaterra, EUA, Canadá, Austrália, Japão e o escambau, numa verdadeira tour-de-forcemundial, o Black Sabbath começa a sentir na pele o real significado da palavra "estafa", e
durante os concertos, os sinais do cansaço e do estresse são mais do que visíveis. Em uma
apresentação em Vancouver, Canadá, Ozzy esquece as letras de metade das músicas exatamente as mais recentes, e uma ruidosa vaia se faz ouvir quando o vocalista, de saco
cheio, começa a atirar baldes de água fria preparados pelos roadies nas pessoas mais
descontentes nas fileiras da frente. Faria pior em Illinois, EUA, bêbado e totalmente
indisposto, mostrando a bunda para um público de 12.000 pagantes. No início do ano, na
Suécia, seria a vez de Bill Ward, atrasando a apresentação do grupo em mais de uma hora
por ter "apagado" nos fundos de um bar onde tinha ido beber ainda durante o dia, quase não
tendo sido encontrado. Por sinal, tanto ele quanto Ozzy, devido às suas rotinas de excessos
monstruosos, começavam já a ostentar portentosas barriguinhas de cerveja, que
aumentariam ainda mais as suas já parrudas silhuetas. Certa vez, nos bastidores de um show
em San Diego, uma das groupies que estava com Geezer começa a tirar sarro do vocalista,
cada vez mais gordo e inchado. A reação do vocalista é agarrar a garota enquanto Geezer
não estava vendo e lançar uma série de arrotos na cara dela... e mais uma briga estava
formada.
Se naqueles dias, um dos grandes responsáveis por esfriar a cuca de todos e ainda manter a
banda unida era o empresário, Patrick Meehan, por outro lado, pessoas chegadas a Tony e
Ozzy começam a fustigá-los a que pesquisem, mais a fundo, como estão indo as finanças da
banda. Tantos shows e tantas turnês, para uma banda que não gastava tanto quanto um Led
Zeppelin ou um Pink Floyd, por exemplo, em termos de produção, e ainda tinha um lucro
mais modesto do que estas celebridades do rock, demonstravam que algo andava errado nos
cofres. Era muito trabalho e correria para uma receita não muito condizente. Entretanto,
Meehan era esperto e sabia manter seus rapazes dispersos em relação a isto, sempre
arranjando novos shows e novas datas com o intuito de que ficassem sempre muito
ocupados para se ligarem nos negócios. Outro ponto polêmico que surgia era a questão do
tal disco ao vivo, que o grupo queria lançar ainda em 1973 - entretanto, parte do material
gravado nos últimos shows de 1972 havia sido considerado fraco pela própria banda.
E agora, de seis apresentações gravadas entre fevereiro e maio de 1973, Meehan desprezara
a maioria do material, e, sempre visando o lucro acima de tudo, alegou aos membros da
banda que era melhor aguardarem um pouco mais o término da tour em andamento para já
se concentrarem em um disco novo, que poderia ter um melhor desempenho nas paradas do
que uma simples coletânea de músicas ao vivo - Black Sabbath era um nome em voga, e
todos sempre aguardavam com ansiedade por novidades da banda. Tony e Ozzy, entretanto,
já haviam maquinado com alguns técnicos de som a mixagem de algumas gravações
daqueles shows, para que ficassem já "no calibre" caso a gravadora se decidisse pelo
lançamento do álbum. Foram escolhidas duas apresentações gravadas no mês de março, no
clube Hard Rock, de Manchester (a 11 de março daquele ano), e no lendário Rainbow, de
Londres (no dia 16 de março). Mais uma vez, o álbum ao vivo teria que esperar, ainda que,
na opinião de Ozzy, era mais do que conveniente lançar o disco para que ele e os outros
pudessem ter ao menos um tempo maior para descansar antes de gravarem outro LP...
Para o próximo álbum do grupo, todos concordavam em voltar a L. A. e gravá-lo nos
mesmos moldes do Vol. IV, inclusive na mesma mansão. Porém, o local já havia sido
ocupado por novos inquilinos, e a Vertigo não estava disposta a arcar com os pesados
gastos dos estúdios californianos, já que tudo podia ser feito na Inglaterra mesmo. Foi
assim que, talvez, procurando um pouco mais de tranquilidade e um clima mais bucólico e
pastoral para registrarem as novas composições, em outubro de 1973, Geezer propôs a
todos a estadia do grupo, durante alguns dias, em um velho castelo na região norte da
Inglaterra - que, por sinal, não ficava muito distante do local onde havia sido tirada a
famosa foto da "casa da bruxa", para o primeiro LP da banda. O lance era fugirem um
pouco da correria das grandes cidades, à qual estavam condicionados desde o ano anterior
(e especialmente após a temporada em Los Angeles), e conseguirem encontrar um maior
clima de paz e isolamento para gravarem o novo disco, só entre eles mesmo, voltando às
raízes. Todos os membros toparam de cara.
O visual do grupo no final de 1973 - os brincalhões Bill e Ozzy, e Tony, sem bigode e
tomando uma "coca"... a bebida!.
Nenhum dos rapazes, entretanto, imaginava que as sessões de gravação do próximo álbum,
a serem registradas no tal castelo, se tornariam as mais famosas da história do grupo - e
justamente por fatores que eles forçavam e eles mesmos a esquecer. Mais do que nunca, o
sobrenatural continuava a rondar os passos do grupo.
Na primeira noite de estadia no enorme recinto, a banda ensaiou e tocou um pouco do novo
material, como sempre faziam. Como sempre, também, Ozzy se fazia acompanhar por
enormes garrafas de Chivas Regal ou qualquer bom whisky que o deixasse "no clima".
Após o término da sessão, músicos e técnicos foram retirando os instrumentos e a
aparelhagem, enquanto Ozzy foi ficando por ali mesmo, estirado em um sofá enorme, ao
estilo vitoriano, que estava no mesmo salão. O pessoal da gravadora tinha compromissos no
dia seguinte, e como ainda estava relativamente cedo para pegar a estrada (oito horas da
noite), resolveram puxar o carro e partir para Londres ainda naquela hora. Ficaram no
castelo, portanto, só os membros da banda mesmo. Enquanto Tony, Geezer e Bill
arrumavam suas coisas na parte superior do lugar, Ozzy cochilava a sono solto no salão
central que, como todo castelo que se preze, não possuía iluminação elétrica: era tudo na
base dos candelabros e tochas mesmo. Também seguindo a estética tradicional do lugar, o
chão era forrado por enormes tapetes repletos de signos medievais, e tudo contribuía para
dar ao ambiente um aspecto ainda mais sinistro do que a escuridão imperante poderia
sugerir.
Subitamente, uma grossa faísca de um dos candelabros, sem qualquer explicação aparente,
cai no tapete do salão onde Ozzy está dormindo, e a propagação do fogo é rápida e
espontânea, atingindo também os ancestrais móveis de madeira nobre. Em dois minutos, o
lugar inteiro está ardendo em chamas! Um ainda tonto e sonado Ozzy acorda, mas somente
por causa da densa fumaça que toma o recinto inteiro e lhe causa tosse. Levanta-se
totalmente baratinado com aquilo, e o primeiro pensamento que tem, ainda inebriado de
álcool, é: "Bem, morri sem perceber e agora cheguei aqui mesmo. Esse é o tal lugar...". De
repente, em meio às chamas, ouve-se a voz de Tony gritando. Geezer destampa um extintor
e começa a jogar a espuma por todo o lugar, desesperado como um louco. Ozzy sai
correndo em meio às chamas, chamuscando as suas calças, e em menos de um minuto, ele
pode enxergar o perigo do qual escapou por pouco, observando o reino de cinzas em que se
transformou o salão...
Aquilo não foi tudo, no entanto. Ainda na mesma noite, apenas meia hora após o estranho
incidente do incêndio, que já deixara todos com a pulga atrás da orelha, os quatro estão
subindo a infindável escadaria que conduz aos aposentos do segundo andar, se
entreolhando cheios de dúvidas e doidos para falar uns com os outros o que todo mundo
está pensando mas, que depois do incidente com Ozzy, ninguém tem a coragem de dizer: o
castelo tem um clima muito estranho. Ao chegarem ao corredor principal do segundo andar,
Geezer está comentando algo com Bill sobre uma nova música, e Ozzy e Tony vêm logo
atrás, quando de repente todos param subitamente arrepiados, uns se encostando nos outros
no maior susto: um vulto é visto entrando em um dos salões do segundo andar. A cena foi
muito rápida, e ninguém consegue notar se é um homem ou uma mulher ou que roupa
estava vestindo - eles apenas podem jurar que aquela pessoa estranha estava ali e que, ao
contrário do que eles estavam pensando, eles não eram as únicas pessoas que estavam
dentro daquele castelo!
Apesar dos calafrios e de toda a desagradável sensação que começa a tomar conta deles,
Ozzy toma a frente e conclama aos colegas: "Isso não está certo. Vamos ver quem é!". O
grupo segue em passos rápidos rumo ao salão onde o vulto adentrara. A gigantesca porta de
entrada estava escancarada, mas ao chegarem lá dentro, notam que a porta de saída do
salão, que dava para outro recinto do castelo, está trancada. Detalhe: por dentro. Nenhum
barulho, dadas as proporções da porta e de sua pesada chave de ferro, fora ouvido. E não há
ninguém no salão. Tony, Bill, Ozzy e Geezer procuram em todos os cantos, não acreditando
no que seus olhos estavam os mostrando, e nada: não havia uma partícula de ser humano
naquele salão, apesar de terem visto o vulto ali entrar. E a porta de saída estava lacrada com
uma enorme chave por dentro, do outro lado não havia nada - era impossível que a tal
pessoa tivesse saído por ali, se não poderia voltar e trancar a porta com aquela mesma
chave, do lado de dentro. A menos que... mas essa era uma opção na qual nenhum dos
membros da banda queria pensar, naquele momento. Entretanto, inevitavelmente, já
estavam pensando.
Bill, exasperado, foi o primeiro a dizer: "Isso não é deste mundo!", seguido por Ozzy.
Geezer, então, começou a contar a história dos antigos habitantes do castelo, e de tudo
aquilo que já havia ouvido falar dos inquilinos anteriores. Coisas estranhas, ruídos
assombrosos e fatos inexplicáveis, várias vezes. Tony o interpela: "E só agora você vem
nos dizer isso então?", ao que Geezer responde: "Pensei que fosse tudo só lenda". E bem ao
seu estilo fanfarrão, Ozzy é o primeiro a manifestar a batida em retirada: "Bom, lenda ou
não, o negócio é o seguinte: estou caindo fora daqui. Não quero fazer nas calças quando
menos esperar. Quem quiser, que me acompanhe!". Nem é preciso dizer que todos
abandonaram o castelo na mesma noite.
Ainda que estivessem horrorizados pela experiência macabra daquela noite, na semana
seguinte o Black Sabbath acabou alugando um outro castelo, a duas milhas dali, mas com
melhores "antecedentes", e devidamente habitado por uma criadagem animada que
dissipasse qualquer sombra fantasmagórica mais suspeita. Em duas semanas, os trabalhos
de gravação do novo disco estavam terminados. E fatos realmente estranhos vinham
acontecendo durante a concepção do álbum - inclusive um, pouco comentado até hoje:
Ozzy dera de presente a Geezer um livro de poesias celtas, que era uma verdadeira peça de
colecionador, um item de museu que somava já 400 anos de idade. Geezer contaria que, ao
levar o tal livro para casa, ele teve aquela que ele descreve como "a experiência mais
aterrorizante de sua vida". Ao chegar e colocar o livro sobre uma estante, Geezer se lembra
de ter virado e, no mesmo minuto, ter visto um horripilante gato preto na sua frente.
Aparecido do nada. O gato o fitou fixamente, saiu correndo e pulou sobre uma das janelas
de sua mansão. Ao se virar, olhando novamente para a estante, Geezer notou que o belo
presente que ganhara de Ozzy não estava mais ali. O livro de 400 anos havia
misteriosamente desaparecido, de forma inexplicável, para nunca mais ser encontrado.
O clima fantástico de mistérios e castelos que envolvia o Sabbath naqueles dias ajudou a
banda a novamente se inspirar em temáticas bastante místicas para as novas canções, e o
resultado acabaria sendo aquele que é considerado por muitos, até hoje, o melhor e mais
bem desenvolvido trabalho gravado pelo grupo até hoje. A peça principal do álbum,
"Sabbath Bloody Sabbath", era uma viagem alucinante que sondava os mistérios da mente
humana e da escravidão cerebral, com um refrão lírico cativante. Outras músicas, como
"National Acrobat" e "Killing Yourself to Live" traziam o velho peso de sempre, mas com
muito mais técnica e espontaneidade. E em faixas como "Sabbra Cadabra" e "Looking for
Today", por exemplo, a porradaria maciça da banda se casava perfeitamente com sutis
intervenções de cordas e passagens orquestrais, que davam um toque ainda mais mágico e
onírico ao som da banda, evocando imagens surreais de castelos e contos assombrados, em
uma perfeita síntese sonora das letras enlouquecidas de Geezer. Nesta aventura
extremamente bem produzida e que cativou definitivamente os críticos musicais de então,
que já vinham esperando desde o Vol. IV a redenção do heavy metal sabático ao bom gosto
progressivo e melódico, foram muito bem recebidos lances mais experimentais, como
"Who Are You" - agora sim, Rick Wakeman, sob o pseudônimo de Spock Wall para evitar
problemas contratuais entre gravadoras, participava com todo o poderio grandiloquente de
seus teclados estratosféricos - e também a mais bela faixa instrumental já produzida por
Tony e sua banda: "Fluff", uma terna e emotiva suíte de violões e guitarras em diferentes
tonações.
Mas talvez o trabalho que mais tenha surpreendido os críticos e agradado em cheio os fãs
de rock da época tenha sido a balada pesada "Spiral Architect", com toques eruditos e
passagens soturnas e inebriantes, típicas do melhor que o Sabbath tinha para oferecer.
Começou muito simples: havia uma introdução dedilhada ao violão por Tony desde o início
das gravações do álbum, chamada "Prelude to a Project". Pouco tempo depois, Geezer
apareceu com o riff que dominava o corpo da música, e a partir daí sentaram-se juntos e
desenvolveram o tema principal, já pensando em colocar algumas cordas e violinos para
realçar o som da canção. Logo, a pequena e melancólica introdução foi adicionada ao
início, dando uma entrada perfeita para o delírio sonoro que se desenrolaria a partir dali.
Acabaria sendo o fecho de ouro para um LP que seria o mais vendido da banda, desde
Paranoid. O disco seria lançado com um belíssimo trabalho de arte de Drew Struzen, que
anos mais tarde seria o responsável pelos primeiros cartazes de lançamento do clássico
filme Star Wars (Guerra nas Estrelas), de George Lucas.
Prevendo o sucesso de seu lançamento, Patrick Meehan organiza com a ITV inglesa a
produção de mais um clipe promocional, a ser veiculado durante o Top of the Pops e outros
programas musicais de sucesso da época, na Europa e EUA. Aqui no Brasil, foi um delírio,
quando foi exibido em edições do Sábado Som e outros programas de TV de "música
jovem", que passavam na Rede Globo e na TV Cultura dos anos 70. Os jovens brasileiros,
vivendo um atraso de cerca de dois anos em relação às novidades musicais do mundo
(quem diria que um dia haveria MTV e Internet...), e sufocados por um regime militar e
uma sociedade quadrada e castradora durante muito tempo, deliravam vendo na telinha as
imagens de Ozzy, Tony (estranhíssimo sem o seu bigode usual), Geezer e Bill brincando
em bosques ingleses com a câmera e viajando a anos-luz de velocidade pelas estradas de
Londres nas imagems nonsense do clipe da música-título do novo disco, "Sabbath Bloody
Sabbath". Também podia-se notar como Bill já se encaminhava aos recordes da balança
com uma cara de bebum gozadíssima e uma pança enorme, demonstrando no vídeoclipe o
tamanho dos canecões de cerveja a que ele andava se dedicando...
Cenas das brincadeiras da banda no clipe de "Sabbath Bloody Sabbath".
Lançado no finalzinho de 1973, Sabbath Bloody Sabbath foi a consagração definitiva de
uma banda que, já havia muito tempo, estava lutando para garantir o seu lugar ao sol... ou
nas sombras! Mas que, de qualquer forma, agora estava definitivamente inscrita no panteão
sagrado das lendas do rock. Dessa forma, 1974, após a usual turnê de lançamento do novo
disco, finalmente foi um ano mais tranquilo para a banda, com os seus membros
descansando mais, curtindo suas famílias e os afazeres de suas vidas particulares e viajando
menos. Ozzy inclusive encontrou tempo para descansar em sua grande propriedade rural
em Leicester e provocar a boataria da imprensa marrom e a ira de sua vizinhança, ao
promover um polêmico tiroteio durante uma tarde de beberrança no enorme cercado onde
ficavam as galinhas e os chiqueiros com porcos. Aparentemente, após uma discussão com
Thelma, o vocalista se refugiou nos fundos de seu sítio com o seu arsenal bélico, e despejou
a sua fúria em forma de chumbo nos pobres animais. O barulho fez a vizinha da
propriedade ao lado pensar que se tratava de um bando de marginais invadindo o local, e
chamou a polícia, que prontamente apareceu já carregando a tiracolo equipes de jornalistas
e repórteres de TV. Na época, Ozzy deu uma declaração sarcástica ao sempre escandaloso
semanário inglês The Sun: "Você já atirou em gatos? Eu não... Uma vez atirei em um
cavalo, pois simplesmente gosto de atirar, mas acho que é algo completamente diferente de
atirar em gente. Gosto de atirar, só isso... relaxa. Tenho uma coleção de armas em casa".
Os fãs, sempre sedentos pela presença estonteante do grupo nos palcos, no entanto, sempre
exigiam o retorno do Black Sabbath ao seu habitat natural, e lá iam eles novamente. Em 6
de abril de 1974, um grande compromisso esperava a banda: promovido pela rede de tevê
americana ABC, o festival California Jam tinha como proposta a tentativa de reeditar
alguns dos grandes festivais de música dos anos 60, mas com a tecnologia e os grupos que
estavam fazendo sucesso nos 70, e transmitir tudo ao vivo e sem cortes, em um dia inteiro
de shows, pela primeira vez, pelo então novo sistema via satélite para mais de 10 milhões
de pessoas. Era, simplesmente, O EVENTO naquela altura da década, quase uma espécie
de "Woodstock" televisionado, e milhares de ingressos já haviam sido vendidos para o
local, o circuito de corridas Ontario Motor Speedway, especialmente preparado para o
concerto. Antes disso, apenas o show de Elvis Presley ao vivo do Hawaii, também pelo
novo sistema via satélite, havia provocado tanto frisson. Tristemente, mais um fato que
marcaria o estresse da banda com o seu empresário se deveu a este evento: Patrick já havia
fechado meses antes um acordo com a ABC da participação do grupo no show (que tinha o
Deep Purple e o Emerson, Lake and Palmer como headliners), mas o Sabbath queria
descansar, aquele deveria ser um ano de pausa para a banda. Como no entanto havia uma
multa de cem mil dólares prevista contratualmente, caso a banda terminantemente se
recusasse a tocar no California Jam, lá foram eles novamente, e bastante aborrecidos já pela
maneira como Patrick ia conduzindo os negócios. Aos poucos, o grupo começou a se sentir
realmente escravizado pelo seu empresário.
Cartaz do California Jam' 74, publicado no Los Angeles Times.
Todos os grandes da época, simplesmente, iriam estar no California Jam: Emerson, Lake
and Palmer, Earth, Wind and Fire, Eagles, Deep Purple... A banda de Ritchie Blackmore
estaria estreando ali a sua nova formação, com David Coverdale e Glenn Hughes no lugar
dos dissidentes Ian Gillan e Roger Glover, coincidindo com o lançamento de seu novo LP
Burn.
A conexão Black Sabbath-Deep Purple sempre foi lendária no mundo do rock pesado.
Inclusive, membros do Deep Purple, como Gillan e Hughes, já fizeram história também
participando nas fileiras de fomações do Sabbath que se seguiriam ao longo dos anos 80.
Mas, durante muito tempo, e bastante graças ao notório e irascível temperamento muito
peculiar do guitarrista e líder do Purple, Ritchie Blackmore, se imaginou que o escândalo
no show do Deep Purple naquela noite do California Jam' 74 se devia a uma animosidade
entre ambas as bandas. O que não é verdade. No backstage do concerto, integrantes das
duas bandas conversam animadamente sobre carros, garotas e sobre o evento. Só
Blackmore mesmo, com suas manias e superstições que deram luz a históricos quebra-paus
com Ian Gillan, é que se preservava trancado no seu quarto de hotel, aguardando a hora do
show como se tivesse alguma doença contaminosa
Deep Purple em 1974: David Coverdale, Ritchie Blackmore, Ian Paice, Jon Lord e Glenn
Hughes (da esquerda p/ a direita).
O que aconteceu foi que, como disse certa vez Roger Glover, do Purple, em uma entrevista,
usualmente os grandes shows e concertos de rock sempre atrasam. Pois com o California
Jam aconteceu exatamente o inverso: tudo adiantou. Por um erro de organização da ABC,
pressionada por seus afoitos anunciantes, o show começou mais cedo. Bandas estariam se
apresentando desde a manhã daquele dia, e o Sabbath, inclusive, subiu ao palco com o
maior sol, às 4 da tarde - uma hora antes da prevista para o início de seu show.
Ozzy no California Jam.
O grupo botou fogo na platéia com um set perfeito: estava tudo lá, "Black Sabbath", "War
Pigs", "Supernaut", "Children of the Grave" e algumas do novo disco, como "Killing
Yourself to Live" e a própria "Sabbath Bloody Sabbath", tocadas no maior pique, com
Ozzy exibindo o seu novo corte de cabelo (madeixas mais curtas) e pulando e agitando
como um louco no palco enquanto a banda dava o sangue. Foi, sem dúvida, para todos que
assistiram e para quem pode conferir no vídeo pirata do show, uma apresentação
irrepreensível. Tanto é que muitos imaginariam que a raiva de Blackmore, com o seu
"surto" particular durante a apresentação do Deep Purple, se daria por inveja da
performance do Sabbath, e insegurança e insatisfação diante da nova formação do Purple,
tocando ao vivo pela primeira vez. Nada disso.
Com o Black Sabbath cumprindo perfeitamente o seu set e terminando uma hora antes do
previsto, o cronograma do evento continuava adiantado, e havia uma cláusula no contrato
do Deep Purple de que eles só subiriam ao palco assim que o céu estivesse já escuro o
suficiente para a megalomaníaca aparelhagem de luz e som da banda poder funcionar com
toda a potência. O sempre caprichoso Blackmore, entretanto, ao ser avisado de que já
estava chegando a hora do grupo subir ao palco, sendo ainda apenas cinco e meia da tarde,
simplesmente se trancou no seu quarto, e não havia membro do Purple, autoridade ou santo
que o tirassem de lá! Um executivo do grupo ABC ficou possesso e começou a xingar
todos os caras do Deep Purple, chamando-os de irresponsáveis, um oficial da polícia de Los
Angeles foi chamado para tentar fazer a banda começar o show à força, e o público,
esperando sem fim sob o escaldante sol californiano por uma apresentação que não
começava, começou a chiar.
A célebre explosão dos amplificadores no show do Deep Purple (California Jam' 74)
No final das contas, Ian Paice e Jon Lord, respectivamente baterista e tecladista do Purple,
arrombaram a porta do quarto onde Blackmore estava e praticamente o levaram escoltado,
na marra, para o palco do California Jam, onde todos já o esperavam impacientemente para
começar o show. Toda esta confusão foi a senha para aquilo que vemos no final da
apresentação do Deep Purple naquela noite, no vídeo do California Jam' 74: Blackmore
praticamente possesso no final do concerto, esmurrando sua guitarra contra duas câmeras
em estilhaços da TV ABC, que filmava tudo sem parar! Como se não bastasse, o guitarrista
ainda ordenou a um dos roadies da banda que, no final de "Space Truckin'", ateasse fogo
aos amplificadores da guitarra com dois litros de combustível que haviam sido guardados
no fundo do palco com esse intuito. A loucura foi tão grande que, após a ordem do
enlouquecido Blackmore, a explosão que se seguiu arremessou o guitarrista longe, e quase
fere gravemente Hughes e Lord, que chegaram a sentir o calor do fogo chegando neles do
outro lado do palco! Aquele foi o dia em que, para muito roqueiro, o exibicionismo
piromaníaco de Blackmore rivalizou com a apresentação bombástica do Sabbath...
Após um certo tempo de descanso, agosto de 1974 anunciava o início de mais datas de
gravação para um novo álbum de estúdio da banda. O tão esperado ao vivo, para
desapontamento de Ozzy e de boa parte de fãs... nada mesmo. Estava emperrado devido às
sempre ditatoriais negociações de Patrick Meehan com a gravadora. Aos poucos, o clima de
cansaço dentro da banda, e entre os seus membros - que realmente preferiam descansar um
pouquinho mais - começa a surtir rumores na imprensa de que algo realmente não vai bem.
Não são poucos os boatos de que estariam pensando em gravar discos solo, e uma nota de
um jornal londrino chega a dar como certa a saída de Ozzy do grupo, já que este não vem
sendo mais visto com eles. Na verdade, grande parte do desgaste se devia mesmo a Patrick.
Gradualmente, a banda vai se desiludindo com as manobras cada vez mais interesseiras
financeiramente do empresário, de ficar sempre faturando, sem se interessar pelo bem-estar
do grupo. Tony e ele começam a discutir violentamente certa tarde sobre o real lucro da
banda. O ambiente fica pesado. Uma das músicas na qual o Sabbath começaria a trabalhar,
"The Writ", retrata bem isso. Pouco a pouco, durante as gravações do que será o disco
Sabotage, o rompimento entre a banda e seu empresário começa a se mostrar inevitável.
Uma estrada difícil (Parte 08)
Finalmente, chegamos ao final de nossa jornada... naquilo que não seria exatamente o
final para alguns, mas sim, para muitos que acreditam que a fase clássica do Sabbath
reside nos lendários anos 70.O ano de 1975 vê o lançamento de Sabotage, o primeiro
álbum da banda criticado pelo grupo... e por seus próprios fãs! O sentimento de estafa
que tomava conta de todos demandava muito do vigor e da dedicação pessoal de cada
um, e logo o a banda se precipita contra o seu próprio empresário, preferindo se
produzir sozinha. O resultado é um disco considerado pífio por muitos (Technical
Ecstasy), lançado em 1976, e que antecipa o astral desanimado com que o grupo
entraria em estúdio, no final de 1977, para gravar aquele que deveria ser a sua megavolta à boa forma: Never Say Die, um LP que abriria a turnê comemorativa de 10
anos da banda - mas que estava predestinado a acabar carregando o triste estigma de
último álbum de Ozzy com a banda.
Nas palavras calmas e muitas vezes hesitantes do pensativo Tony Iommi, Sabotage foi um
disco que saiu simplesmente 30% do jeito que a banda queria... e não mais do que isso!
"A capa ficou um horror!", queixaria-se o guitarrista, em uma entrevista dada em 1991. "A
idéia de nós de costas para um espelho na capa e olhando para ele pela parte de trás parecia
ótima, um lance super-surreal, mas acabou não dando certo. Algumas das músicas,
obviamente, ficaram melhores do que a capa."
Quando Iommi fala "algumas", ele, claramente, está se referindo àquelas que são
consideradas as melhores faixas do disco - não só por ele como por uma parte considerável
dos fãs do grupo, que responderam expressivamente, nos números das vendas do álbum, em
agosto de 1975, o que haviam achado do trabalho mais recentemente do grupo. Uma queda
acentuada em relação às vendas do anterior, Sabbath Bloody Sabbath, até hoje tido como
um dos melhores trabalhos do grupo nos anos 70, mostrava isso. Como Iommi diria ainda,
na mesma entrevista, aquela estava sendo uma época muito difícil para a banda, pois após a
enorme variedade e vigor musicais do 'Sabbath Bloody...', o grupo se sentia incomodado
em seguir caminhos mais óbvios, e havia resolvido testar tudo o que pudessem no novo LP.
Foi assim, por exemplo, que surgiu a idéia de colocar uma faixa inteira com coral e harpas
como "Supertzar", ou de deixar Ozzy testar seus talentos de compositor e até mesmo de
tecladista (!) na canção "Am I Going Insane", escrita por ele próprio e onde ele "arranha"
um sintetizador, e que foi inclusive lançada em compacto, mesmo não tendo muito a ver
com o som da banda! Em outros momentos, a versatilidade instrumental pretendida por
todos abria brechas para que voltassem a trabalhar em coisas mais pesadas e próximas do
Sabbath antigo, como "The Thrill of it All", mas sem a mesma criatividade de tempos idos.
Em suma, o que acabou acontecendo foi a centralização dos talentos do grupo nas três
músicas que dominavam o lado A do vinil original, estas sim, obras-primas que atestam o
verdadeiro legado musical do Black Sabbath com grande peso e intensidade: o super-blues
estratosférico "Hole in the Sky", uma porrada letal que já abre o disco não deixando pedra
sobre pedra, a supersônica "Sympton of the Universe", considerada o carro-chefe do álbum,
e que se tornou um clássico do grupo, já coverizada inclusive pelo nosso Sepultura, e a
semi-progressiva "Megalomania" que, com os seus 11 minutos de loucura sonora e
reviravoltas inesperadas, dá a qualquer um uma boa noção do que é a bad trip amplificada e
enlouquecida de uma banda de rock que já experimentou tudo o que podia, e está no topo
do mundo, com os vocais de Ozzy e a guitarra de Tony atingindo os seus momentos mais
épicos e ensandecidos.
Havia, ainda, a faixa que encerrava a bolacha: a psicótica "The Writ", que começa com um
berro choroso tétrico e introduz um hard rock melancólico e sincopado, e que é, na verdade,
muito mais um desabafo musical exótico e desesperado do que um típico hino sabático.
Ozzy comentaria sobre ela: "Estávamos com tantos problemas com nosso empresário na
época que a neurose tomava conta de tudo o que envolvesse o nome dele - contratos, turnês,
novos compromissos... Diante desse clima de colapso mental, resolvemos gravar aquela
faixa como uma forma de dizermos: basta, estamos cansados dessa merda toda!". Mas não
demorou muito para que os membros da banda dissessem isso diretamente mesmo a Patrick
Meehan, sem metáforas ou rodeios.
Live at Last: disco ao vivo que se tornaria o primeiro "pirata oficial" do Black Sabbath.
Numa manhã de setembro de 1975, Tony, Ozzy e alguns amigos chamaram Meehan ao
escritório da banda para uma reunião para tratar da compra de novos equipamentos para a
próxima turnê - e o despediram nos primeiros dez minutos do encontro. Tony e os outros já
haviam confirmado com os contadores várias artimanhas sujas de Meehan, uma delas sendo
o desvio dos royalties a banda para o seu próprio bolso, de 1.000 dólares cada um, pelo
show no California Jam. Apesar de tudo, preferiram não comentar isso com Meehan, para
não começarem um quebra-pau. Os argumentos levantados foram os de que os integrantes
do Black Sabbath não achavam que estavam mais em posição de ter que se matarem atrás
de grana e sucesso após tantos anos de amadurecimento e hit parade, e queriam se produzir
sozinhos. A discussão foi formal e polida, ninguém estava a fim de brigar. Mas Meehan
abandonou os escritórios e a vida da banda levando não só uma das mais polpudas boladas
por rescisão de contrato da época, como também tapes e mais tapes de material nunca antes
lançado pelo grupo, e que a partir de então passaria a fazer grana pelos próximos dez anos
seguintes no mundo da pirataria, além, é claro, de um álbum que se tornaria notório, em
1981, por ter sido lançado em um esquema semi-oficial, por um pequeno selo inglês,
através de um acordo com a Castle Communications, que passaria a ser a detentora dos
direitos de edição de discos da banda: o famoso Live at Last, o mesmo disco ao vivo com as
apresentações do Black Sabbath em 1973 que o grupo tanto havia lutado para editar e
lançar naquela época ainda. Pois o mesmo Meehan que barrou o seu lançamento, agora,
após o final da jogada, aproveitava para pô-lo no mercado, fazendo aumentar um
pouquinho mais o lucro do que restava de seu "caça-níqueis Black Sabbath". Foi o
lançamento de Live at Last, na década de 80, vendido em vinil com uma péssima qualidade
sonora e com tiragem limitada (que se esgotou instantaneamente - uma prova de como a
galera sempre quis ter um registro ao vivo do Sabbath nos anos 70), que motivou o Black
Sabbath, já na era Dio, a lançar o seu álbum ao vivo oficial em 1982, o Live Evil, com o
novo vocalista dando interpretações tidas como sacrílegas para alguns dos clássicos da
banda. Por sinal, Ozzy Osbourne, já em carreira solo, lançou no mesmo ano um álbum ao
vivo em resposta ao Live Evil, chamado Speak of the Devil, que pelo simples fato de conter
a sua voz se entregando somente a pérolas do Sabbath, no disco inteiro, vendeu como água
e desbancou em apenas três dias o álbum ao vivo de sua ex-banda.
De qualquer forma, o Live at Last acabaria sendo legalizado e reeditado em CD nos anos
90, com uma sensível melhora de qualidade, e acabaria se tornando o registro definitivo do
Black Sabbath original em seu poder de fogo diante de uma platéia. Mas acabaria, também,
se tornando apenas mais uma prova de como o grupo sempre foi explorado e sugado por
seus empresários desde a mais tenra idade. Agora, no final de 1975, estavam sem
empresário, estressados, esgotados, e prestes a tornarem-se, para poder sobreviver na selva
de pedra do show business, aquilo que menos ou nenhum talento tinham para ser: homens
de negócio
É Ozzy que comenta:
"O fato de não termos empresário foi muito cansativo, e nos afastou totalmente daquilo que
sempre fomos. Passamos a cuidar de todos os negócios envolvendo o nome 'Black Sabbath'
e a ficarmos longe dos palcos, mas eu não queria saber de nada disso. Eu só queria me
livrar daquela responsabilidade toda o mais rápido possivel. Eu nunca fui um business
man!".
Acima: dois discos ao vivo que rivalizaram nas paradas, ambos enfrentando o pirata 'Live
at Last': o Live Evil (1982), do próprio Black Sabbath, e o Speak of the Devil (1983), de
Ozzy.
Entediado até os ossos com toda a papelada que passaram a lhe dar para ler e assinar todos
os dias, Ozzy, como já se percebe, foi o primeiro a pular fora do barco "Black Sabbath
Incorporated", e a sua ausência dos escritórios da banda, se distanciando cada vez mais não
só fisicamente como social e psicologicamente dos seus companheiros de banda, não
poderia deixar de render consequências, aumentando ainda mais o já existente poço entre
eles. Logo, o cantor arranjou um consultor que poderia ajudá-lo a resolver os problemas
burocráticos que o grupo tivesse, ficando no seu lugar - o escolhido para essa tarefa foi o
advogado americano Don Arden, que já havia trabalhado com o agenciamento de várias
estrelas do showbiz. Sem saber, Ozzy estava estreitando relacionamento com aquele que
seria o seu futuro sogro - a filha de Don, Sharon Arden, um belo dia, enquanto arrumava
alguns papéis no escritótio do pai, começaria a trocar olhares com aquele tímido e
desajeitado cantor inglês que conversava exasperadamente com o seu pai, já começando a
dar sinais de obesidade enquanto tomava uns goles de brandy. Mal imaginava ela que um
dia iria ser mundialmente conhecida como Sharon Osbourne.
Acima e ao lado: fotos do casamento de Ozzy e Sharon Osbourne, que ocorreria em 1980,
um ano após se separar de Thelma Mayfair.
Não só Ozzy andava mais interessado em cuidar de sua vida mais do que do Black Sabbath.
Bill Ward, com o início dos seus problemas de saúde advindos de crises estomacais
originadas dos seus lendários anos de excessos, também começava a dar sinais de desgaste,
e Geezer, sempre um cara muito mais musical e interessado em tocar, invariavelmente
deixava Tony sozinho no barco de tentar pôr os negócios da banda em ordem e os
compromissos financeiros em dia. O inicial alívio por estarem longe dos palcos e terem de
agora em diante alguns meses de descanso foi gradualmente se transformando em tédio, por
terem agora, à frente deles, não milhares de fãs ávidos pela sua música, mas milhares de
papéis a serem estudados e assinados - aquilo nem era um descanso, na verdade! O
ambiente natural do Black Sabbath, de certa forma, assim como acontecera com todas as
outras grandes bandas pesadas de seu tempo, era a estrada e, longe dela, todos sentiam que
havia pouco a fazer e a ser revitalizado no som do grupo.
Assim, quando Tony noticiou a todos que novas datas de gravação estavam a ser marcadas,
no início de 1976, o ânimo geral se fez presente de novo... em partes. Pelo menos para
Ozzy, cujo processo de desintegração mental após anos de desvario, estava simplesmente
em progresso: seu casamento ia mal, o seu pai não estava bem de saúde (algo que muito lhe
preocupava, pois ele era afetivamente muito ligado a Mr. Thomas), e ele pouco a pouco
descobria que como chefe de família ele havia sido uma merda até aquele exato momento,
pois simplesmente não havia tido tempo e manejo para aprender tal ofício, com todos
aqueles anos vivendo fora, na estrada do rock - problema esse já vivido por inúmeros
superstars, e que Ozzy tentaria (e conseguiria) consertar em seu casamento posterior, com
Sharon. Como consequência disso, suas discussões com Thelma se avolumavam
consideravelmente, e isso só deixava o rei do metal propício a se transformar no rei da
insanidade, aumentando ainda mais a sua lista de porcos e galinhas mortos a tiros em sua
propriedade rural, enquanto morria de tédio e dissabor.
As gravações daquele que seria o álbum seguinte do grupo, Technical Ecstasy, dadas de
julho a agosto de 1976, entretanto, acabariam surtindo o efeito contrário ao esperado por
todos da banda. No lugar da empolgação e criatividade que costumavam tomar conta dos
estúdios em outras ocasiões, apareceram um indeciso Geezer, com menos composições do
que o usual, um Ozzy absolutamente desinteressado em tudo que lhe era mostrado - e que
só com o passar dos dias foi se animando mais -, e um Tony Iommi extremamente
perfeccionista com tudo, com uma tremenda fome de guitarra fruto dos inúmeros dias que
passou bancando o homem de negócios da banda, mas que, justamente por causa disso,
entediava todos no estúdio com as suas egotrips de jazz. Isso acabou causando alguma
confusão entre os membros do grupo, especialmente no processo de criação e
desenvolvimento de músicas como "All Moving Parts" e "She's Gone", com Geezer e os
outros batendo a maior boca com Tony sobre o direcionamento dado ao trabalho
instrumental em tais faixas.
Subitamente, Tony queria regravar takes e mais takes de cada canção só para mudar uma
nota aqui ou ali com a qual ele insistentemente não concordava. Parecia que a inspiração,
fluída e constante, de momentos do passado, de uma hora para outra, já não estava mais
presente.
No final das contas, "Technical..." acabou sendo um disco mediano, gravado por uma
banda meio desnorteada e sem grande orientação, mas que conseguiu, mesmo assim, atingir
bons resultados em alguns momentos. "You Won't Change Me", apesar de ser uma típica
baladona chorosa de Ozzy, que poderia emular o clima da sua prima "Changes" (do Vol. 4),
tinha boas pegadas e apresentava os bons teclados de Gerald Woodruffe, que substituíra
"Spock Wall" (leia-se: Rick Wakeman) de última hora. "Backstreet Kids", faixa que abria o
álbum, e "Rock n' Roll Doctor", também, eram dois arrasa-quarteirões vigorosos, que
traziam de volta aquela sonzeira detonante do velho Black Sabbath. E havia, também, o
primeiro trabalho vocal de Bill Ward, que acabou se tornando a faixa mais célebre do LP e
chamou a atenção de todos não só pela bela performance do baterista, mas também por ser
uma linda balada com sabor tipicamente "beatle": "It's Alright", que chegou a ganhar um
clipe semi-amador para a TV e se tornou peça constante no repertório dos Guns N' Roses
em seus shows nos anos 90, aumentando a sua notoriedade e fazendo parte do disco ao vivo
do grupo. Curiosamente, nunca foi executada ao vivo pelo próprio Black Sabbath, cujos
integrantes sempre se referiram a ela como "uma dessas canções feitas de brincadeira, para
desanuviar no estúdio". Realmente, não tinha muito a ver com o Sabbath característico, e
Ozzy só não a cantou porque estava simplesmente indisposto no dia da gravação, dando-a
de bandeja para Bill.
Sem querer, o processo de criação do álbum deixou à mostra as chagas que minavam o
poder criativo do grupo, e intensificou a crise interna que jogava Ozzy contra Tony, e viceversa. O cantor, sempre enciumado pelo controle com que o guitarrista exercia o seu
domínio e suas idéias na banda, logo passou a ver em Tony não um companheiro mas,
novamente, aquele garoto antipático com quem rivalizava em tempos de escola, e isso
aumentava cada vez mais à medida em que Tony ficava mais exigente e "jazzístico" dentro
dos estúdios e nos palcos. O guitarrista se recorda, sobre Technical Ecstasy, de ter sido um
disco bom de fazer, em que o grupo ensaiava todos os dias, parava, ia a um pub tomar umas
belas cervejas, e no dia seguinte recomeçava tudo. Foi isso mesmo - mas sob a ótica de
Tony, que estava em pleno comando e dava as ordens como se fosse um técnico de time,
dizendo para refazer tudo mais uma vez caso fosse do seu agrado.
Atritos entre Ozzy e Tony não aconteceram durante as gravações, mas assim que o disco foi
lançado, a reação do vocalista, indo contra todas as convenções dos integrantes da banda de
sempre fazerem de tudo para promover bem seus álbuns, foi das mais inusitadas. Em uma
entrevista concedida a uma rádio inglesa, o cantor, perguntado sobre como haviam sido as
gravações do Technical Ecstasy, simplesmente se saiu com essa: "Olha, foi um disco bom
de fazer... Para o Tony, pelo menos. Ele fez o disco." A declaração foi parar em alguns
jornais no dia seguinte, e Tony obviamente não achou muito bom, mas decidiu não discutir
com Ozzy e guardar para si mesmo suas impressões. Nos anos seguintes, no entanto,
sempre que tinha alguma oportunidade, o cantor novamente voltava a alfinetar Tony por
causa do álbum: de todos os LPs lançados pela banda, "Technical..." foi o que teve a mais
baixa vendagem até hoje - outro fato que irritou Ozzy e os outros profundamente - e, em
uma entrevista em 1978, às vésperas de deixar o Black Sabbath, quando perguntado por
uma repórter sobre o que achava que havia acontecido com o desempenho do álbum nas
paradas, o cantor se saiu ironicamente: "Olha, eu acho que ele atingiu a posição 301 nas
paradas da Mongólia"...
De resto, 1976 foi o ano de We Sold Our Soul to Rock n' Roll, a primeira coletânea lançada
oficialmente pela banda, em vinil duplo e com um título sugestivo que aludia aos velhos
dias das polêmicas sobre bruxaria e magia negra, e que apresentava uma primorosa seleção
de faixas que iam do primeiro LP até o Sabotage. Acabou vendendo bem mais que o
Technical Ecstasy...
No ano de 1977, dedicado quase que exclusivamente à turnê do Technical Ecstasy, os
problemas se aprofundaram. Com toda a fome de tocar com que o Black Sabbath estava,
todos imaginavam que um simples regresso à estrada iria resolver todos os impasses
criativos e pessoais dentro da banda. No início da tour, tudo bem - foi no decorrer dela que
as coisas ficaram graves. Primeiro, porque Tony, como sempre, insistia em levar
extremamente a sério as suas viagens jazzísticas em longos vôos guitarrísticos e solos
improvisados, ao longo das músicas. E segundo, pois, como todos sabem, aquele foi o ano
do punk, da explosão do movimento de bandas novas e cheias de sangue para dar, como
Sex Pistols e Damned, cuspindo na cara da velha geração e criticando a acomodação dos
velhos astros e pop stars. O Black Sabbath, assim como outros pretensos "dinossauros"
(Led Zeppelin, Deep Purple, Yes...) tinha entrado nesta modalidade aos olhos de muitos
que se bandearam para a legião de cabelos espetados e correntes nas jaquetas. E, para pavor
de Ozzy que, assim como muitos dos velhos astros, pressentia a revolta da nova geração,
não fazia nada para mudar, se afundando cada vez mais no jazz e abandonando o
verdadeiro som pesado, forte e direto, de outrora. Essa passou a ser a opinião fixa de Ozzy
Osbourne.
Veja bem que, tecnicamente, como grupo musical de rock, o Black Sabbath passava por
aquele que tenha sido, talvez, o seu melhor momento, o mais versátil e competente. Mas o
punch de que Ozzy sentia falta, a agressividade primária das letras e riffs simples e diretos,
de melodias rudes e primárias que formavam o som básico do grupo em seus primeiros
anos, se fazia sentir apenas em alguns momentos agora. E on stage, a egotrip de Tony,
conduzindo a banda a longos solos improvisados, irritava o cantor e fazia tudo parecer mais
aborrecido ainda. Tanto é que, quando Ozzy foi montar a sua banda solo, em 1979, louco
para voltar ao cenário e mostrar ao mundo a sua versão do que era heavy metal adrenalínico
e direto, ele enfrentou uma série quase interminável de audições para guitarristas, e só
escolheu o exímio Randy Rhoads por um único e sutil motivo: não ter imitado o estilo
Tony Iommi de tocar, evitando solos longos, arrastados e repletos de influências de jazz...
Ao final da tour de 1977, em outubro, Ozzy chegou para Tony a fim de ter uma conversa
séria com ele, e desabafou: "Olha, não dá mais". Já haviam tido algumas discussões
barulhentas ao longo da turnê, mas como dizia Tony, "era mais uma coisa tipo liga/desliga,
nada muito sério". Agora, no entretanto, a diversidade de pontos de vista era tão grande que
não dava mais para escapar. Ozzy expunha o que era a sua visão de rock n' roll, e um
soturno e convicto Tony Iommi simplesmente olhava para ele, balançava um pouco a
cabeça... e não concordava. Conversando em um dia em que nenhum dos dois estava
propenso a falar besteiras por causa de alguma "substância química" na cabeça,
simplesmente chegaram à conclusão de que Ozzy não cabia mais na banda. Tony não
baixou a retaguarda para as acusações de Ozzy em nenhum momento, mas assim que este
foi embora, se sentiu apavorado, repetindo para si mesmo: "E agora... a banda sem o Ozzy".
Foi a primeira vez que Ozzy abandonou a banda. Ele estava arrasado, psicologicamente
deteriorado, e emocionalmente em cacos. O seu pai, Mr. Thomas Osbourne, havia falecido
recentemente, deixando uma lacuna de instabilidade em Ozzy, que tinha a sua figura como
um exemplo - a família Osbourne estava de luto, enquanto o cantor ainda lutava para
terminar as datas da turnê de 1977, com todas as drogas, o álcool, os problemas musicais
que o frustravam profundamente, e a terrível dor da perda em seu coração. Tudo isso
afetava Ozzy profundamente, e foi no meio de todo esse turbilhão que ele não aguentou e
pediu as contas, a caminho de uma séria crise depressiva. Perto da virada do ano de 1978, o
cantor se isolou de tudo e de todos, mantendo-se recluso em um pequeno quarto de hotel
nos EUA, até ser encontrado por alguns amigos e mandado de volta para casa - abatido,
totalmente inerte, e sem dizer uma palavra.
A banda, por sua vez, na concepção de Tony, não podia parar. Para Bill, o guitarrista se
recusava a enxergar a verdade: que era hora de todos darem um tempo. Mas bastava o
baterista acender alguns cigarros e tomar uns tragos que estava tudo bem novamente.
Geezer procurava entender Tony e, no fundo, sabia do receio do colega de ver um barco
que eles lutaram tanto para pôr no mar se afundando repentinamente. Resultado:
começaram, ambos, a busca por um novo vocalista para o grupo.
Encontraram-no na figura de Dave Walker, um veterano egresso de bandas como Savoy
Brown (velhos amigos do Black Sabbath) e Fleetwood Mac, e que tinha uma formação bem
blueseira. O estilo de Walker, na verdade, era bem diferente de Ozzy: sua voz rouca e
grave, curtida em anos a fio cantando Muddy Waters e Albert King, em nada lembrava seu
antecessor. No início de 1978, havia ainda alguns compromissos pendentes a serem
cumpridos, e precisavam urgentemente de um vocalista para dar conta do recado. Um deles
era a aparição num programa de TV da BBC Midlands, chamado "Look Here!", que todo
final de semana apresentava variedades musicais. Como notaram, desde os primeiros
ensaios com Walker, que haveria uma série dificuldade do cantor se acostumar com o
material gravado com Ozzy, pelo menos até que estivesse bem treinado e integrado ao som
da banda, preferiram partir já para a produção de material novo, bem ao estilo da "política
Tony Iommi" mesmo - ou seja, estar produzindo sem pensar, e nem parar para olhar para
trás. Assim, as novas músicas, além de renderem algo para ser utilizado nas apresentações
do grupo a serem feitas no início do ano, poderiam ser utilizadas no próximo álbum da
banda. Ficaram em uma pequena propriedade rural, numa área próxima de Birmingham,
chamada Field Farm, onde, dentro de uma semana, produziram algo em torno de dez ou
onze canções. Nada foi gravado, apesar de existirem boatos de piratarias do material com
Dave Walker - a verdade é que o grupo estava mais interessado em compor material novo
rapidamente e não levaram nenhum equipamento de gravação para field Farm que pudesse
registrar alguma coisa. Canções como "Johnny Blade" e "Break Out", que fariam parte do
próximo LP do grupo, foram compostas ali, todas com andamentos e letras diferentes
daquelas que conhecemos, e uma das novas músicas, "Junior's Eyes", foi a escolhida para a
apresentação no "Look Here!".
Esta rara foto é um dos únicos registros de Dave Walker (de boné, entre Tony e Bill) com a
banda, minutos antes da participação no programa "Look Here" da BBC.
A estória por trás de "Junior's Eyes" é curiosa, pois era uma música que, de acordo com
uma entrevista dada em 2001 por Bill Ward, havia sido composta previamente pelo próprio
Ozzy, anteriormente à época da ruptura, enquanto ainda estavam na turnê Technical
Ecstasy, e era uma espécie de homenagem a seu pai, já bastante doente na época.
Entretanto, com a saída do cantor, tentaram aproveitar a canção com o rascunho da letra
que havia sido deixada por Ozzy mais alguns versos alterados, de autoria de Geezer. Esta
foi a versão apresentada, com Dave Walker nos vocais, no horário de almoço para a região
de Birmingham no programa "Look Here!", que era regional, em janeiro de 1978. Walker
havia voado de San Francisco, onde estava com o projeto de uma banda, para Field Farm,
fazia apenas algumas semanas, e ali estava ele, já fazendo parte do primeiro line-up que se
seguiria à formação clássica do Black Sabbath, para então... sair logo após três dias! O som
definitivamente não estava bom - aquilo, para todos que ouviam, não era nem de longe o
popular Sabbath que todos conheciam. E foi o insatisfeito Bill, novamente, em suas
próprias palavras concedidas na entrevista de 2001, que tratou de "fazer as malas" do pobre
Walker, que estava, simplesmente, no lugar errado, na hora errada: "Infelizmente, fui eu
que fiz o trabalho sujo; fui eu que tive que falar para Dave que as coisas não estavam
funcionando. Eu me voluntariei novamente, assim como no dia em que conversei com
Ozzy e disse a ele que se estava de bode com Tony, deveria esclarecer as coisas com ele.
Eu me senti muito chateado e desconfortável tendo que fazer isso com Dave,
principalmente porque eu já o conhecia de longa data, e gostava muito dele como ser
humano."
A recepção dos fãs à aparição da banda no "Look Here!" com outro vocalista, e tão
diferente de Ozzy em estilo e voz, como era de se esperar, não foi das mais positivas. Logo
após a partida de Dave, Tony se sentou para uma conversa com Bill e Geezer, ponderou
sobre toda a situação, e entregou os pontos, reconhecendo a situação: seria o melhor chamar
Ozzy novamente. Fez seu "mea culpa" - Ozzy era um doido, um porra-louca e insano que
não sabia medir consequências e, aparentemente, nunca seria capaz de apresentar algum
tipo de evolução musical para o grupo, mas, apesar de tudo isso, tinha carisma e fazia as
coisas acontecerem, mais do que qualquer um. Além disso, havia sido pego em uma
situação estressante e super-desconfortável durante a última turnê, que era o esgotamento
nervoso devido à morte de seu pai e ao fato de não ser ouvido. Agora, as opiniões de Ozzy
eram muito valiosas, e deveriam ser ouvidas... e isso custaria um belo preço à banda. Mais
exatamente, no valor de muitas horas de estúdio a mais!
Black Sabbath, em uma de suas últimas fotos promocionais (1978).
"Quando chamamos Ozzy de volta e lhe pedimos desculpas por tudo", conta Tony,
"mostramos a ele o material que havíamos treinado com Dave. Ele detonou tudo. Disse que
o som estava uma bosta, que aquilo não era nem de longe o que ele esperava de nós, se
propôs a reescrever uma grande parte das letras, e foi bem direto em suas condições de
voltar para a banda: só gravaria outro disco com a gente caso retrabalhassemos tudo aquilo
novamente." Em suma: Ozzy não foi nada humilde em seu regresso ao grupo, fator esse
que, apesar da vontade de todos continuarem bem, mais uma vez deixou Tony rangendo os
dentes e remoendo aquela dorzinha-de-cotovelo costumeira em relação ao companheiro.
Programado para ser lançado em junho daquele ano, o novo álbum de estúdio do Black
Sabbath deveria ser a volta ao topo da banda, que estaria naquele ano comemorando os seus
primeiros dez anos de estrada com uma turnê monumental que varreria EUA e Europa. As
gravações, entretanto, como relembra Tony mais uma vez, foram complicadas: "Não havia
tempo para parar e refletir sobre nada que estava sendo feito! Never Say Die foi um disco
difícil, muito difícil... feito às pressas. Tínhamos que compor e tocar todas as partes no
estúdio porque o trabalho todo estava sendo refeito, e no final da tarde era preciso
abandonar tudo e só recomeçar no dia seguinte, porque o estúdio já tinha sido alugado para
outra banda. Foi um caos!".
O local escolhido para as gravações de Never Say Die foi o Sound Interchange Studios, em
Toronto, Canadá, e o grupo gravou (ou pelo menos tentou) o mais depressa que pôde, pois
queriam que o LP ficasse pronto ainda a tempo da turnê comemorativa, que começaria em
16 de maio, na cidade inglesa de Sheffield. Para a capa e o trabalho de arte, havia sido
contratada novamente a célebre empresa Hipgnosis, responsável também pelo trabalho
realizado em Technical Ecstasy, e que havia sido considerado detestável por muitos,
inclusive por Ozzy, que quando pegou a capa do disco, pela primeira vez, teve a mesma
espécie de reação que a maioria dos fãs: "Mas que DIABOS É ISSO?".
Dessa vez, por exigência dos próprios músicos, os vôos de imaginação da equipe de criação
do pessoal da Hipgnosis deveriam ser mais concretos, e menos abstratos. E, de fato, foram:
realizaram um belo trabalho de toques futuristas, com ênfase na arte bélica aérea, chegando
a desenvolver uma série de ilustrações gráficas arrojadas com fotos sinistras de pilotos e
seus apetrechos e paramentos (parte desse trabalho pode ser vislumbrada com maior
precisão na capa interna do CD Never Say Die, na edição remasterizada).
Chegava, afinal, a hora de pôr o pé na estrada. A fase de pós-produção do álbum ainda não
estava nem perto de terminar, mas dane-se: haviam feito tudo para respeitar o cronograma,
agora era chegada a hora do show! Para abrirem os shows da tour que se aproximava,
escolheram, numa decisão ainda considerada errada por muitos até hoje, uma banda que
estava ainda no comecinho, e cujo LP de estréia havia batido recordes de vendagem nos
EUA: o Van Halen, de quem acabariam ficando grandes amigos. O grande problema, como
o tempo acabaria revelando, seria justamente o de ficarem parecendo dinossauros datados,
no palco, após a aparição de estrelas jovens e supersônicas, em pleno gás, como era o Van
Halen naqueles dias. Inevitavelmente, foi o que acabou acontecendo, em grande parte dos
shows, gerando uma grande frustração para o Sabbath - muitos dos jovens que iriam aos
shows da turnê, iriam somente para ver o Van Halen tocar, em todo o vigor daquele novo
tipo de hard rock, mais veloz, dinâmico e moderno, que estava surgindo, nos dedos
inacreditáveis de Eddie Van Halen e nos trinados roucos e alucinados de Dave Lee Roth.
Em certos lugares dos EUA, Ozzy e os outros começaram a se aborrecer assim que notaram
que uma parcela considerável da platéia ia embora após o show do Van Halen, inicialmente
feito só para esquentar o público antes do grande e mítico Black Sabbath, mas que agora,
parecia se tornar a atração principal. Uma verdadeira atitude de desrespeito com os mestres
de um gênero, um estilo que dura já há mais de trinta anos, como o heavy metal, mas que
infelizmente indicava uma verdade nua e crua difícil de encarar: a mudança dos tempos.
Como se nota, toda grande banda de uma época acaba se deparando com realidades muito
tristes em seu final.
Black Sabbath com o Van Halen no 'backstage' em dois momentos de descontração inclusive com um horroroso 'bundão' por parte de Lee Roth, Ozzy, e Eddie Van Halen (em
ordem).
Ozzy, mais do que os outros, começou a perceber todos estes detalhes, e a formar uma
concepção bem clara, em sua cabeça, do que a sua banda estava se tornando. Aos poucos,
ele começou a pensar: "Ou eu caio fora de vez, ou sou arrastado para o fundo com eles... Já
era." O som ainda era forte e pesado como sempre. Ao vivo, ainda tinham muito o que dar.
Mas, fisicamente, os sinais do desgaste teimavam em aparecer, deixando todos
desconcertados: a decadência de um Bill Ward cada vez mais bêbado e obeso, chegando
aos ensaios quase caindo; um Ozzy com a barriga cada vez mais saliente também, e
esquecendo as letras das novas canções cada vez mais frequentemente. Além de todos estes
fatos, a droga, mais do que nunca, sendo consumida em quantidades cada vez maiores, no
alvorecer de uma nova turnê: os managers, roadies, groupies, e todo mundo só querendo
ficar doidão, chapação demais, loucura no limite! Tudo começava a se tornar muito chato e
entediante - principalmente em estúdio, mas agora, o que era pior, nos palcos também.
Nessa época, já, o revolucionário Ozzy começa a formar, em cima de todos estes
pensamentos, as sementes do que seria o som moderno e alucinado dos primeiros anos de
sua carreira solo, com a Blizzard of Ozz, e que iria totalmente na direção oposta do que o
Black Sabbath propunha.
Com um mês de turnê já, finalmente algo do novo LP sai: o single da faixa-título, "Never
Say Die", que, pra surpresa de todos, acaba se tornando o mais vendido compacto da
carreira do Black Sabbath após o lendário "Paranoid", de 1970. Como resultado, são
chamados para apresentarem a canção, em playback, no popular programa de TV da BBC
inglesa Top of the Pops, numa aparição bem ao estilo da atração: pra lá de cafona, num
cenário que, em plano auge da disco music e do Saturday Night Fever de John Travolta e
Bee Gees, se assemelha a uma discoteca com uma turba de adolescentes alucinados.
O álbum mesmo, no entanto, atrasa cada vez mais para sair, devido a problemas de
produção, e a turnê continua, com altos e baixos: Ozzy, ébrio, esquecendo quase todas as
letras em um show em Connecticut, ou cambaleando drogado em direção a Tony em outro,
em Boston, quase impedindo-o de fazer um solo, mais uma vez no veneno com o
guitarrista. A velha rivalidade e as discussões se acentuam ainda mais. Em outros
momentos, tudo parece querer dar certo: como no concerto no Hammersmith Odeon,
filmado e posterizado para a eternidade - uma performance brilhante e energética, com um
Ozzy que, se já não tem mais aquela voz e vigor físico do início da década, após tanto pó e
exageros, pelo menos agora tem uma postura de palco cada vez mais eficiente e hipnótica,
capitaneando exemplarmente a melhor banda de heavy metal que já se viu.
Finalmente, o novo álbum sai, mas já muito atrasado para promover a turnê, que está
afundando com cada vez menos público e disposição por parte da banda - Never Say Die, o
LP, é lançado em outubro de 1978. Traz composições maduras e vigorosas, como a faixatítulo, "Johnny Blade", a já citada "Junior's Eyes", "Over to You", e a belíssima "Air
Dance", com um clima mágico e atemporal, sem dúvida um dos melhores trabalhos
melódicos da banda. No disco, o grupo conta com um excepcional trabalho de teclados de
Don Airey - músico primoroso que substituíra "Spock Wall" (leia-se: Rick Wakeman) de
última hora, e que iria acompanhar Ozzy em sua carreira solo por vários anos e, mais
recentemente, ocupar a vaga deixada por Jon Lord no Deep Purple. É considerado, a
despeito de algumas críticas por parte de certos órgãos da imprensa (os eternos
detratores...), um dos melhores trabalhos do grupo em anos. Outra faixa fantástica, a balada
heavy "Hard Road", é escolhida para ser o segundo single do disco, e é lançada para puxar
as vendas, atingindo um respeitável lugar 33 nas paradas no mesmo mês. Um vídeo
promocional é feito para a música que, curiosamente, ao descrever uma "estrada difícil",
parece ser uma metáfora da vida da banda e de tudo aquilo por que o Black Sabbath já
passara em sua carreira. Era, estranhamente, e sem que ninguém notasse, uma espécie de
epitáfio do grupo... ou de Ozzy com eles.
Black Sabbath numa "festinha" de aniversário, com o bolo comemorativo da turne de 10
anos da banda.
Por fim, em novembro de 1978, acontece a ruptura definitiva: um concerto em Nashville
para 12.000 fãs tem que ser cancelado pois Ozzy, simplesmente, desaparece. Durante quase
dois dias, os membros da banda, roadies e familiares ficam doidos atrás do vocalista que,
desconfia-se, possa até ter sido sequestrado. Entretanto, milagrosamente, uma chamada de
um pequeno hotel da cidade é feita, e o gerente manda chamar Tony e os outros às pressas:
Mr. Ozzy Osbourne, após uma "festinha" e "alguns" drinques a mais, duas noites antes,
havia entrado no quarto errado e trancado a porta e, bêbado e provavelmente bastante
drogado, ele caíra no sono e só fora encontrado ali, completamente apagado, graças a uma
das faxineiras do hotel.
Para Tony, era a gota d'água, o fim. Ele não suportava mais aquilo. Até hoje, as
testemunhas oculares de toda a história são controversas em dizer se o que houve foi a real
dispensa de Ozzy por parte de Tony, ou se eles brigaram mais uma vez e o próprio Ozzy
mandou tudo às favas, se demitindo. Nenhum deles gosta de comentar o assunto, e
provavelmente nunca revelarão os verdadeiros acontecimentos sobre a saída de Ozzy.
A verdade é que, após um certo tempo de recesso para descanso, Ozzy montaria, no ano
seguinte, a sua banda solo Blizzard of Ozz, com o lendário Randy Rhoads na guitarra, e o
Black Sabbath, se reagrupando em torno da figura do vocalista Ronnie James Dio (egresso
do Rainbow, de Ritchie Blackmore), passaria por diversas reformulações, não só de som
como de formação, sendo as primeiras delas as saídas de Geezer (por pouco tempo - logo
ele voltaria para tocar com Tony e Dio) e Bill (que seria substituído pelo exímio Cozy
Powell), e tentaria, emulando os novos sons do heavy metal nos anos 80 (influenciados já
pela New Wave of British Heavy Metal de Iron Maiden, Saxon, Motorhead etc.), e se
adaptando aos novos tempos, manter acesa a velha chama de sua lenda pelas décadas
seguintes, mesmo que isso custasse à banda a perda quase total de sua identidade original.
Após um sucessivo e impertinente troca-troca de músicos e vocalistas (mais de cinco já
passaram pelo grupo depois de Ozzy!), o Black Sabbath, ao final dos anos 90, se mostraria
uma banda totalmente descaracterizada, e em débito com o seu passado glorioso e mítico.
Apenas a volta temporária de Ozzy com os velhos companheiros, fazendo as pazes e se
reunindo para uma série de shows comemorativos no final do século (e que dariam luz ao
espetacular álbum ao vivo Reunion), é que devolveria à banda o seu status de lenda
imbatível do rock pesado que eles tanto merecem, e do qual são detentores absolutos,
conforme mais e mais provam os imitadores e detratores, a cada dia que se passa. A
influência do Black Sabbath é sentida aonde quer que se ouçam aqueles três acordes
básicos do rock, tocados de forma básica, nua e crua, com o devido peso e amplificação.
E, como uma forma de despedida e agradecimento a você, caro leitor, que esteve
acompanhando durante todo este looongo tempo a looonga história do Black Sabbath e,
assim como eu, é um fã de carteirinha da banda, principalmente em sua fase clássica, nada
melhor, para terminarmos, do que mais uma vez relembrar a bela letra de "Hard Road" - o
que se segue é não só, em vários trechos, uma elegia ao que aconteceu na carreira do grupo,
como também, é uma bela mensagem sobre a vida, em seus aspectos bons e maus. Sim, foi
uma estrada difícil. Foi isso que os rapazes de Birmingham seguiram. Mas foi também o
resultado de muito esforço, determinação, e amor pela música, legando a todos nós,
admiradores do rock pesado, uma gigantesca contribuição que será sentida eternamente.
"HARD ROAD"
Old men crying young men dying
World still turns as Father Time looks on
On and on
Children playing dreamers praying
Laughter turns to tear as love has gone
Has it gone?
Oh it's a hard road
Oh it's a hard road
Poets yearning lovers learning
On this path of life we can't back down
Is it wrong?
Widows weeping babies sleeping
Life becomes the singer and the song
Sing along
Oh it's a hard road
Carry your own load
Why make the hard road?
Why can't we be friends?
No need to hurry
We'll meet in the end
Why make the hard road?
Why can't we be friends?
No need to worry
Let's sing it again
Brother's sharing mother's caring
Night time falling victim to the dawn
Shadows small
Days are crawling time is calling
To the Earth that another life is born
Love lies drawn
Oh it's a hard road
Carry your own load
Oh it's a hard road
Oh it's a hard road
Forget all your sorrow
Don't live in the past
And look to the future
'Cause life goes too fast, you know...
"ESTRADA DIFÍCIL"
Velhos chorando, jovens morrendo
O mundo continua girando enquanto o tempo
Pai de tudo observa, e continua sempre
Crianças brincando, sonhadores orando
Risadas se transformam em lágrimas
O amor se foi, se foi mesmo?
Oh, é uma estrada difícil
Oh, é uma estrada difícil
Poetas se desesperando, amantes aprendendo
Nesse caminho da vida nós passamos adiante
Isso é errado?
Viúvas em prantos, bebês dormindo
A vida se torna o cantor e a canção
Cantemos juntos
Oh, é uma estrada difícil
Carregue o seu próprio peso
Por que trilhar a estrada difícil?
Por que não podemos ser amigos?
Não precisa se preocupar
Nós nos encontraremos no fim
Por que trilhar a estrada difícil?
Por que não podemos ser amigos?
Não precisa se preocupar
Vamos cantar novamente
Irmãos compartilhando, mães carinhando
A vítima tombada da noite até o amanhecer
Sombras lamentam,
Os dias são decadentes, o tempo está chamando
À terra outra vida é dada a luz
O amor termina esvaído
Oh, é uma estrada difícil
Oh, é uma estrada difícil
Carregue o seu próprio peso
Oh, é uma estrada difícil
Esqueça suas tristezas
Não viva no passado
E olhe para o futuro
Pois a vida passa muito rápido, você sabe...
-
Black Sabbath: A Trajetória Brasileira
Por Tiago Marion
Mais uma vez o verão no hemisfério norte se aproxima, e com isso os grandes festivais
europeus começam a dar as caras. Especialmente este ano, o cast de festivais como
Sweden Rock Festival (Suécia), Download (Inglaterra), Roskilde (Dinamarca) e
Wacken (Alemanha) estão prometendo atrações surpreendentes tais como Iron
Maiden executando um set referente aos primeiros quatro discos, Dio que
aparentemente havia terminado a sua ultima turnê também irá pisar em palcos
europeus, e até mesmo o Accept volta apenas para se apresentar na Europa e Japão.
Agora o que realmente me pegou de surpresa este final de semana foi ver que os pais
do Heavy Metal decidiram voltar aos palcos com uma turnê que promete ser a maior
da banda em muitos anos. O Black Sabbath estará se apresentando com sua formação
original não só nestes festivais europeus mas também em diversas datas pelos EUA.
Fica então uma pergunta no ar para os fãs brasileiros: Será que desta vez eles se
apresentam no Brasil ? Caso alguma promotora decida trazer a banda para cá com
certeza o sucesso seria inevitável. Nas próximas linhas vocês terão a chance de ler um
levantamento a respeito das duas vezes em que a banda se apresentou no Brasil e
também de todos os seus ex-integrantes que já tocaram por aqui! Eu espero não ter
esquecido ninguém, pois ao fazer esta pesquisa, pude verificar que a banda já contou
com muito mais gente do que imaginamos....
Como já é conhecido, foram poucas as bandas de peso que vieram ao Brasil antes dos anos
80, e foi apenas em janeiro de 1985 que tivemos a oportunidade de assistir a um exintegrante do Black Sabbath em terras tupiniquins. Ozzy Osbourne foi uma das principais
atrações do fantástico Rock In Rio I, e apesar de estar no auge de sua carreira solo,
obviamente interpretou grandes clássicos de sua antiga banda como "Paranoid" e "Iron
Man". É possível encontrar vídeos e CDs destas apresentações de Ozzy entre os
colecionadores. Vale a pena conferir!
Foi no mesmo Rock In Rio I que Cozy Powell e Neil Murray também passaram por solo
brasileiro pela primeira e única vez, no entanto ambos ainda faziam parte do Whitesnake e
ainda nem pensavam em entrar para o Black Sabbath. Mais tarde esses músicos gravariam
álbuns como "Headless Cross", "TYR" e "Forbidden", que na opinião de muitos não
soavam como Black Sabbath, mas na opinião de outros são trabalhos maravilhosos...
O segundo ex-vocalista do Sabbath a passar em nosso país foi Ian Gillan , que visitou o
Brasil com sua banda solo em 1989; no entanto, suas apresentações não contaram com
nenhuma música do Black Sabbath. Aliás até onde sabemos, Gillan não gosta do álbum
"Born Again" e aparentemente nunca interpretou músicas desse disco em seus shows como
artista solo. Uma pena!
Gillan também retornou ao país em 1997, 1999, 2000 e 2003 tocando com o Deep Purple.
Em uma entrevista ao SBT em 2003, ele até mesmo contou que somente aceitou entrar para
o Sabbath porque estava bêbado no momento em que foi convidado por Geezer Butler e
Tonny Iommi!
Foi então que finalmente em 1992, o milagre aconteceu! Após um encontro entre Ronnie
James Dio e Geezer Butler em 1991, o Black Sabbath volta a gravar um álbum com a
mesma formação de "Mob Rules". Com três shows realizados em São Paulo, dois no Rio de
Janeiro e um em Porto Alegre, a passagem da banda deixou saudades.
O repertório totalmente voltado para a fase Dio fez com que os fãs delirassem. O set list
apresentado nesses shows foi o seguinte: "Mob Rules"/ "Computer God"/ "Children Of The
Sea"/ "Time Machine"/ "War Pigs"/ "Black Sabbath"/ "Master Of Insanity"/ "After All
(The Dead)"/ "Iron Man"/ "Heaven And Hell"/ "I"/ "Die Young"/ "Guitar Solo"/ "Orchid "/
"TV Crimes"/ "Drum Solo"/ "Sabbath Bloody Sabbath (Instrumental)" e "Neon Knights".
O ano de 1994 foi também especial para os fãs da banda, pois para a edição de estréia do
Philips Monsters of Rock, o Sabbath foi escolhido como uma das atrações principais. Desta
vez sem Dio nos vocais, mas sim Tony Martin e Bill Ward na bateria, o quarteto mostrou
um repertório variado que agradou a todos os presentes. Nesta ocasião a banda fez apenas
um único show em nosso país, embora tenha tocado também na Argentina e Chile. Estes
shows pela América do Sul foram únicos, pois foram poucas as vezes que a banda se
apresentou com esta formação.
O set list foi: "Supertzar"/ "Time Machine"/ "Children Of The Grave"/ "Children Of The
Sea"/ "I"/ "Witness"/ "The Mob Rules"/ "Into The Void"/ "Black Sabbath (with guitar
intro)"/ "Neon Knights"/ "War Pigs"/ "Headless Cross"/ "Guitar Solo"/ "Paranoid/Heaven
and Hell"/ "Iron Man" e "Sabbath Bloody Sabbath".
Ainda no Monsters Of Rock de 1994 o baterista Eric Singer, responsável pelas baquetas
dos álbuns "Seventh Star" e "Eternal Idol", se apresentou com o Kiss, banda que fechou o
festival. Eric Singer também foi integrante da banda Badlands, que contava com o também
ex-Sabbath Ray Gillen e o ex-Ozzy Osbourne Jack E. Lee.
E a presença do Sabbath em terras brasileiras continuava! Na segunda edição do Monsters
of Rock em 1995, Ozzy Osbourne foi escolhido como a atração principal, tendo o baixista
Geezer Butler em sua banda. Com um set list matador e uma performance devastadora, a
apresentação deixou ótimas lembranças! Já se passavam 10 anos da primeira apresentação
de Ozzy no Brasil...
No mesmo ano de 1995, Dio tocaria pela primeira vez no Brasil com sua banda solo. O
baixinho voltaria ao país em 1997, 2000 (como convidado do Deep Purple), 2001 e 2004,
esta última com uma formação pra lá de especial contando com Craig Goldie na guitarra e
Rudy Sarzo no baixo. Vale lembrar que nas apresentações de 1995 e 1997, o baterista era
Vinnie Appice, o mesmo que gravou "Mob Rules", "Dehumanizer" e o ao vivo "Live Evil".
Appice era também o baterista na passagem do Sabbath pelo Brasil em 1992.
Um outro ex-integrante que passou rapidamente pelo Black Sabbath e também tocou no
Brasil em 1994, 1998 (quarta edição do Monster of Rock) , em 1999 e 2001 foi Glenn
Hughes. O cantor até hoje apresenta algumas músicas do único disco que gravou com a
banda, "Seventh Star". Vale a pena lembrar que Hughes também cantou no recente álbum
solo de Tonny Iommi, "1996 Dep Sessions", e recentemente Tonny anunciou que já está
gravando um novo álbum de estúdio com o vocalista. Para quem não sabe o responsável
pelo reencontro da dupla em 1996 foi ninguém mais ninguém menos que o apresentador do
programa Backstage, sr. Vitão Bonesso!
Ao olhar este histórico, percebemos que muita da história do Sabbath já passou pelo nosso
país, no entanto nunca tivemos a chance de assistir Ozzy, Tonny, Geezer e Bill no mesmo
palco. Fica aqui a nossa esperança de que em 2005 isso possa se realizar! Contamos aí com
a atuação dos nossos empresários e patrocinadores para a realização do que pode ser o
maior show de heavy metal que já passou por este país!
Vamos aguardar...
Consolo dos fãs: Electric Funeral
Para aqueles que nunca tiveram a chance de assistir ao Sabbath, ou mesmo morrem de
saudades dos shows da banda por aqui, uma ótima opção de consolo é assistir uma
apresentação da banda Electric Funeral. Tendo como líder o lendário apresentador do
programa Backstage, Vitão Bonesso na bateria, a banda apresenta um set-list que passa por
todas as fases do Sabbath, e já contou com músicos como Hélcio Aguiarra (guitarra) e
Andria Busic (baixo). Atualmente a banda, além de Vitão Bonesso na bateria, conta com
César Manólio (baixo), Marcelo Schevano (guitarra) e João Luiz (vocal). Esta formação já
dura 3 anos e apresenta de forma impecável os clássicos da banda de Birmingham. Vale a
pena destacar o vocalista João Luiz (também Dio Cover e King Bird) que conta com uma
voz que faz muitos fãs acharem que estão escutando ao próprio Dio.
Ian Gillan no Black Sabbath
Por Bento Araújo
Ian Gillan no Black Sabbath – 20 anos depois, essa notícia ainda causa espanto. As
opiniões ainda divergem bastante quanto a essa reunião; uns amam, outros odeiam e
outros simplesmente acham graça. Passados 20 anos dessa inusitada reunião, resolvi
passar a limpo esse importante período na carreira do glorioso Black Sabbath.
-
O ano de 1982 foi bastante conturbado na carreira do Sabbath. Os problemas entre Ronnie
James Dio e Tony Iommi começaram a ficar críticos durante a mixagem do disco “Live
Evil”. Esse seria então o primeiro disco ao vivo lançado perante total concessão do grupo (o
“Live at Last” de 1980, foi uma trapaça do antigo empresário da banda). “Live Evil”
também era a resposta do Sabbath ao “Speak of The Devil” de Ozzy, onde ele desfilava
também em formato “live”, somente clássicos de sua época com o Black Sabbath. Além
disso, ambos os lados se atacavam na imprensa, e o disco ao vivo do Sabbath causou uma
expectativa grandiosa nos fãs e críticos da época.
Toda essa tensão acabou afetando os membros da banda, que na mixagem final do disco,
literalmente quebravam o pau dentro do estúdio. A verdade é que Dio aumentava sua voz
na mixagem, para que ela se sobressaísse perante os instrumentos. Era só o baixinho sair do
estúdio que Iommi vinha e fazia o mesmo com sua guitarra; criando uma situação
constrangedora. É lógico que “a corda estourou do lado mais frágil”, pois Iommi sempre foi
o “manda-chuva” do Sabbath, e acabou sobrando para Dio, que levou um belo pé na bunda.
Para não deixar barato, o vocalista ainda “arrastou” consigo o batera Vinny Appice. O
último show com essa formação foi realizado no Poplar Creek de Illinois, no dia 30 de
agosto de 1982.
O Sabbath se via sem vocalista e sem baterista, justamente numa época em que o Heavy
Metal era grande no mundo inteiro novamente – graças à explosão do Metal Britânico com
a New Wave Of British Heavy Metal. Era o auge de bandas como o Iron Maiden, o Saxon e
o Def Leppard. O atraente mercado norte americano também estava ávido por bandas
pesadas.
O Sabbath precisaria renascer das próprias cinzas - de preferência mais pesado do que
nunca - precisaria conquistar uma nova geração sedenta por Heavy Metal, e essa passou a
ser a meta da banda dali em diante...
Tony Iommi e Geezer Butler andavam meio que desanimados quando sem querer acabaram
encontrando com Ian Gillan num daqueles pubs enfumaçados, típicos bares ingleses.
Gillan tinha acabado de “implodir” sua banda Gillan, que havia lançado uma série de
pesados e excelentes discos (vide o essencial Mr. Universe de 1979), mas que infelizmente
não venderam nada. Já se iam 10 anos de sua debandada do Deep Purple, e não precisa nem
dizer que ele estava salivando por turnês grandiosas, grana, groupies, fama, enfim - tudo
aquilo que costuma acompanhar os grandes nomes do Rock N’ Roll. Naquele início de
1983, já era bastante comentada uma volta do Deep Purple com a formação clássica da
Mark II (com Gillan, Glover, Paice, Lord e Blackmore), só que como o Rainbow de
Blackmore (contando com Glover também nessa altura) tinha uma série de compromissos e
contratos a serem cumpridos, a reunião acabou ficando na geladeira por mais um ano.
Gillan estava então livre para encarar qualquer parada.
Gillan, Iommi e Geezer perceberam de cara naquele casual encontro no boteco (oops,
desculpe, Pub), que tinham algo especial em comum – os caras simplesmente viravam
todas – eram bebuns nato, e depois de muito álcool surge a idéia de Gillan ser o então novo
vocalista do Black Sabbath. “O bom é que se não der certo, a gente fala que foi papo de
bêbado, viagem de pinguço...”(deve ter pensado os rapazes na ocasião). Anos depois, o
próprio Gillan declarou que sua entrada no Sabbath foi um “acidente”, algo precipitado,
fruto de uma decisão não muito pensada. (Realmente é bem difícil pensar quando se está de
“cara cheia”). Ele também ressaltou que o convite de Iommi foi feito para ambos criarem
um projeto “Gillan/Iommi”, e não uma volta do Black Sabbath, como veio a ocorrer.
Apesar do vocalista não ter muito o estilo do Sabbath tradicional, tudo pareceu ser uma
ótima idéia para ambas as partes na época. Em entrevistas, a banda chegou até a cogitar
uma mudança de nome para Deep Sabbath – o que na realidade não passou de uma
brincadeira.
Resolvem chamar Bill Ward novamente para a bateria, que topa logo de cara. Os três
membros originais do Sabbath mais Gillan se trancam no Manor Estúdio no interior da
Inglaterra, e de lá saem com um novo disco batizado de “Born Again”.
Gillan de início não queria se vestir de couro, nem de roupa preta. Muito menos ostentar
enormes crucifixos como o restante da banda sempre fez. Com a tour se aproximando, o
vocalista percebeu que tudo isso era bobagem, e que ele poderia se apresentar do seu
próprio jeito, como lhe era de costume.
O disco foi lançado em 7 de agosto de 1983 e foi direto para o 4o posto da parada britânica,
coisa que eles não conseguiam desde o “Sabbath Bloody Sabbath”, lançado exatos 10 anos
antes. O disco tinha uma gravação bem “estranha”, o som é propositalmente abafado, com a
guitarra de Iommi soando meio ”estourada” e estridente. O próprio já declarou que
simplesmente odeia o disco: “Fomos obrigados a gravar o disco com os amplificadores
estourados, eles foram danificados durante as gravações e ninguém percebeu!”.
Gillan por sua vez, simplesmente arregaçou com uma atuação impressionante, cantou como
nunca tinha cantado antes, literalmente colocando os miolos pra fora em cada canção.
Agudos desesperados e vocais matadores, tanto que ao vivo o vocalista nunca conseguiu
repetir a performance do disco. Essa excelente atuação do “Silver Voice” deixou seus excompanheiros de Gillan Band muito putos. Afinal de contas, um dos principais motivos
para Gillan acabar com sua própria banda, foi uma alegação de um grave problema em suas
cordas vocais, que realmente aconteceu, mas funcionou mais como uma desculpa, pois
Gillan estava levando muitos prejuízos com a banda, e sua entrada para o Sabbath
certamente aliviaria suas dívidas. Se esses problemas vocais fossem tão sérios assim, como
ele cantou daquele jeito no Born Again?
Ouvindo o álbum, a abertura com “Trashed” era pau puro. Vigorosa e empolgante,
chegando até a merecer um clip hilário, tipo “A volta dos Mortos Vivos”. “Disturbing the
Priest” era de assustar, pesadíssima, harmonias de guitarra dissonantes, berros endiabrados
e letra diabólica – tudo o que o Sabbath precisava nesse novo e difícil parto. Outro clip
promocional foi rodado para “Zero the Hero”, que também é um ponto alto do disco, com
seu riff super plagiado (até pelo Guns N’ Roses em Paradise City). Mais pancadaria em
“Digital Bitch” e “Hot Line”, e uma pequena obra prima – a linda balada “Born Again”,
cheia de clima e emoção – uma das melhores composições da banda. Já a capa é de extremo
mau gosto, causando repulsão até hoje. Ela foi desenhada por Steve “Krusher” Joule, que
na época fazia as capas dos discos de Ozzy e as ilustrações para a revista Kerrang. Ele
ofereceu a capa para Tony Iommi, crente que o guitarrista recusaria a arte. Ledo engano,
pois Iommi adorou o desenho, ao contrário de Gillan que declarou posteriormente:
“Quando eu vi aquela capa fiquei com vontade de vomitar! Assim como quando ouvi a
mixagem final do disco”.
A Tour de promoção teve mais baixos do que altos e durou de agosto de 1983 até março de
1984. Para começar, Bill Ward estava totalmente impossibilitado de sair em turnê. Sua
saúde piorava cada vez mais, e o cara estava sem pique para fazer um show inteiro com o
Sabbath na época. Dizem as más línguas, que ele até usou a ajuda de uma bateria eletrônica
durante a gravação do disco. Para os shows, Bev Bevan – o experiente baterista do Electric
Light Orchestra – foi convocado.
O repertório trazia além de algumas faixas do então lançamento, clássicos da era Ozzy, que
há muito tempo eles não faziam ao vivo – como “Supernaut” e “Rock N’ Roll Doctor”. Da
era Dio somente um trecho de “Heaven and Hell” era executada (no fim da tour, eles
acabaram incluindo Neon Knights também). A surpresa ficava para a “encore” dos shows,
onde o Sabbath detonava “Smoke on The Water” do Deep Purple, uma banda que chegou a
rivalizar com o próprio Sabbath no início dos anos 70 pela liderança do rock Pesado
mundial. Ainda bem que eles decidiram não colocar nada do ELO no repertório, nada
contra o supergrupo de Jeff Lynne, mas já pensou o Sabbath tocando “Living Thing” ou
“Last Train to London”?
O show mais importante daquela tour foi sem dúvida o do festival de Reading, na
Inglaterra, onde o Sabbath foi o headliner da principal noite do festival. O Thin Lizzy
também estava tocando no Reading, inclusive fazendo um de seus shows de despedida.
Outras bandas que se apresentaram também naquele Reading: Ten Years After, Suzy
Quatro, Stevie Ray Vaughan e Marillion.
Quanto ao show do Sabbath, o palco do Reading foi um dos únicos que conseguiu abrigar o
imenso palco “Stonehenge” que a banda havia preparado para aquela turnê. Em arenas e
outras casas de show, ficava simplesmente inviável montar aquela geringonça toda.
O show impressionou os presentes e até virou um belo bootleg, pois foi transmitido via
rádio para toda a Inglaterra.
Infelizmente, o projeto não vingou e logo tudo estava acabado, com Gillan voltando para o
Deep Purple em 1984 e gravando o disco “Perfect Strangers”. Os fãs do vocalista
costumam dizer que nos shows com o Sabbath ele berrou tanto, que em menos de um ano
acabou com sua voz, e não sobrou quase nada do antigo Gillan nos shows da turnê do
“Perfect Strangers”.
Born Again é considerado uma baixa na carreira do Sabbath por fãs e crítica do mundo
inteiro. Tanto Gillan, como Iommi e Geezer, simplesmente odeiam o disco, e nunca fizeram
questão de esconder isso. Já no Brasil a estória é diferente. O disco já nasceu com estatus
de “cult”, pois era Sabbath com Ian Gillan nos vocais. O álbum foi cultuado por toda uma
geração que cresceu ouvindo o Metal do início dos anos 80, como o pessoal do Sepultura
(inclusive eles até chegaram a tocar um trecho de “Zero the Hero” em alguns shows no
início de carreira, e o Andreas aparece no clip da Roots Bloody Roots com uma camiseta
do Born Again).
Agora se você quiser saber minha opinião, eu simplesmente acho o Born Again o melhor
disco do Sabbath. Antes que eu seja crucificado, gostaria de deixar claro que adoro também
a fase Ozzy, Dio e até a fase com Glenn Hughes. Sempre curti muito também esses álbuns,
mas que o Born Again é especial, isso ninguém pode negar...
Set List básico da tour de 1983
# Children of the Grave
# Hot Line
# War Pigs
# Disturbing the Priest
# Supernaut
# Drum Solo
# Rock N’ Roll Doctor
# Iron Man
# Zero the Hero
# Heaven and Hell (só a primeira parte)
# Guitar Solo
# Digital Bitch
# Black Sabbath
# Smoke on the Water
# Paranoid
Em alguns shows a banda chegou a tocar também Keep It Warm e Neon Knights.
Reviews de CDs
Por Ben Ami Scopinho
EVIL LIVES – A True Metal Tribute to Black Sabbath
(2004 - MV8 Music)
Me lembro que no ano de 1994 saiu o primeiro e ótimo tributo ao Black Sabbath e também
o que seria o início de uma onda de tributos para tudo quanto é banda que invadiria as
prateleiras das lojas do mundo todo. Obviamente uma grande parcela destes lançamentos
era de qualidade bastante duvidosa, servindo para a autopromoção de bandas ou puro caçaníqueis mesmo. E esta mania já vem durando mais de uma década...
Agora este “Evil Lives” consegue ser relevante em meio aos registros do gênero, pois a
idéia aqui são bandas de True Metal tocar músicas do Black Sabbath. O primeiro ponto
positivo é que as músicas que compõem este tributo são de todas as fases da banda, ótimas
canções que não são clássicos absolutos também estão aqui, sejam com Dio, Ian Gillan,
Tony Martin ou ainda Glenn Hughes.
O álbum possui bandas que simplesmente tocam um cover e também conjuntos que tiveram
as manhas de deixar transparecer as características de sua banda original nas músicas do
Sabbath. E, na opinião deste que vos escreve, estes são os grupos que se enquadram melhor
no termo “tributo”, pois mostram a influência do Black Sabbath em sua música.
Dentre as que se destacam e que optaram por seguir uma versão mais fiel às originais temos
o Iced Earth ainda com Matthew Barlow na canção Black Sabbath. Jag Panzer também
impressiona numa versão ao pé da risca, com destaque ao cantor Harry Conklin com seu
desempenho cheio de energia. Vince Neil/George Lynch (ué?! Não seriam somente bandas
de metal?) se enfiaram neste tributo com “Paranoid”, que ficou bem simples, um mero
cover.
Um destaque para uma banda desconhecida é o conjunto Icarus Witch, que tem um
vocalista-clone de Bruce Dickinson, tocando uma boa “Falling Off The Edge Of The
World”. Steel Prophet detonou “Neon Knights”, idêntica e tão empolgante quanto a original
e uma das melhores deste tributo.
As bandas que deixam a marca de seu conjunto na versão em que tocam são o Primal Fear,
com um instrumental que fez bonito em “Die Young”; a voz de Ralf Scheepers é muito
forte, conseguindo se impor neste disco. Racer X não fica atrás, os trabalhos das guitarras
estão estupendos na faixa “Children Of The Grave”. Agent Steel transforma “Hole In the
Sky” em quase thrash, sendo a faixa que ficou mais diferente da original.
E como nem tudo são maravilhas, o Order Of Nine conseguiu avacalhar “Disturbing The
Priest”, cantada originalmente por Ian Gillan e uma das canções mais tétricas do Sabbath.
Os gritos avassaladores de Gillan foram substituídos por uns resmungos irritantes, o que
prejudicou muito o bom instrumental do resto da banda. October 31 também não foi feliz
em "Danger Zone". Também, para se sair bem numa música cantada por Glenn Hughes em
Seventh Star...
Outro detalhe que honra ainda mais o termo Tributo é o fato de o encarte conter uma
pequena biografia e também um box com todos os músicos que passaram pelo Black
Sabbath, além de informações e fotos das bandas que aqui participam.
Evil Lives não é o primeiro e nem será o último tributo aos pais do Heavy Metal, mas é um
bom disco que pode ser conferido sem receios.
EVIL LIVES – A True Metal Tribute to Black Sabbath
(2004 - MV8 Music)
01. Black Sabbath - Iced Earth
02. Die Young - Primal Fear
03. Children Of The Sea - Jag Panzer
04. Children Of The Grave - Racer X
05. Paranoid - Lynch/Neil
06. Falling Off The Edge Of The World - Icarus Witch
07. Sabbath Bloody Sabbath - Forever Say Die!
08. Disturbing The Priest - Order Of Nine
09. Neon Knights - Steel Prophet
10. Hole In The Sky - Agent Steel
11. N.I.B. - Dofka
12. Glory Ride - Twisted Tower Dire
13. Danger Zone - October 31
Sabbath Bloody Sabbath
Por Maurício Gomes Angelo
1973. Ano de estafa total para os pais do heavy metal. Turnês gigantescas e intermináveis
em seqüência estavam deixando Ozzy e Cia. ainda mais pirados do que o normal. Egos lá
em cima, drogas à toda e o caldeirão mercadológico que cercavam a banda também não
contribuíam para manter a mente sã dos prolíficos rapazes de Birmingham.
Pois para tudo há solução, e no caso, o jeito era botar as idéias no lugar e procurar um
refúgio tranqüilo para as gravações. A malfadada experiência no castelo ao norte da
Inglaterra escolhido para ser o tal refúgio (em que a fama mística voltava a se tornar real e
assustar até os próprios integrantes) era o sinal de que a palavra “convencional”
definitivamente não faz parte da história do Sabbath e aquelas duas semanas dentro do
estúdio (um outro castelo mais “comportado”) entrariam para a história.
No entanto, mais uma vez fugindo do que era esperado, a sonoridade do álbum estava
mudada. As guitarras se distanciando da afinação baixa, uso grandiloqüente de teclados,
órgãos, cordas e violões, experimentalismo em evidência, melodia em alta - inclusive na
voz de Ozzy – visual diferente, técnica e magia num casamento apuradíssimo. Era o
sorumbático Sabbath se rendendo á progressividade tão em alta na época? Sim,
surpreendentemente era. E o fizeram com extrema sapiência e propriedade, sem jamais
sequer arranhar sua identidade própria.
Não à toa o álbum em questão é considerado por muitos o melhor e mais bem produzido da
longa carreira do grupo. Curioso notar que o Black Sabbath é talvez a única banda em todos
os tempos que tem 5 ou 6 álbuns que podem ser considerados “o melhor” e que há
defensores ferrenhos para cada um deles. Sorte nossa que ganhamos obras e mais obras
magníficas para saciar nossa sede de boa música pesada.
Ao mesmo tempo em que trazia inovações, “Sabbath Bloody Sabbath” – um nome perfeito,
ressaltemos - evocava uma volta às raízes em se tratando de sua temática ocultista, mística
e mágica, de arte gráfica (um trabalho primoroso de Drew Struzen) e musicalidade idem.
Por vezes “alegre” demais, outras, introspectivo. Ainda assim, vigoroso e eficaz. E é essa
mistura de harmonias, sentimentos, climas, alma, progressividade, heavy metal, blues e
genialidade que faz de “Sabbath Bloody Sabbath” algo especial. Seu tema título, clássico
rapidamente imortalizado, demonstra essa variedade perfeitamente, indo da letargia onírica
ao clímax em transe, complementado pelo peso característico, seu riff central alucinante e
os berros paranóicos de Ozzy.
“A National Acrobat”, rítmica, empolgante, com todo o charme do blues e o peso do heavy
metal fundidos, que se eleva nas vigorosas suítes instrumentais proporcionadas, dotadas de
rara pegada e senso melódico e harmônico.
A linda e emotiva instrumental “Fluff”, carregada de tenros arpejos por parte de Tony
Iommi consagra-se como uma das composições mais expressivas melódica e
sentimentalmente que a banda já fez.
E ainda a deliciosamente bluesy “Sabbra Cadabra”, daquelas que quando você percebe, está
dançando igual um louco pela sala, outro clássico que uma vez incorporado ao repertório ao
vivo do grupo não saiu mais, fácil de entender pela sensação que causa na platéia, o típico
heavy-rock que a banda faz tão bem, dessa vez incrementado pelos lapsos do progressivo.
A ousadia experimental – para se ter uma idéia foram usados percussão, piano, órgão,
sintetizadores, mellotrons, flauta, gaita de foles, tímpano, espineta e diferentes tipos de
baixo, violão e guitarra – é sentida durante todo o play, mas fica principalmente evidente na
faixa “Who Are You?”, lacônica música cantada soturnamente por Ozzy e dona da letra
mais “assombrosa” da bolacha.
Não podemos deixar de citar as contribuições de Rick Wakeman, tecladista do Yes, sob o
pseudônimo de Spock Wall e que também deixaria sua marca no próximo LP, o
“Sabotage”.
Ozzy Osbourne sabidamente não era um músico dos mais apegados á teoria e técnica, mas
que intérprete fantástico, que frontman único, que entrega tudo de si á música alcançando
resultados inimagináveis com isso, louco, insano, imprevisível e por último, dono de uma
voz inimitável, enfim, o homem perfeito para ser "a" cara e "a" voz do heavy metal.
Não que eu não queira, ou que sejam de menor importância, mas não é preciso comentar
“Killing Yourself To Live” e “Looking For Today”, dois cultos ao bom gosto, duas pérolas
de refino metálico. Descrevê-las é tirar o impacto da descoberta, desnudar o prazer de
encontrar algo novo, porque é isso que acontece a cada vez que se ouve “Sabbath Bloody
Sabbath”, o típico álbum que a cada nova audição se gosta mais, acha-se coisas novas,
detalhes, peculiaridades de uma grande banda. Por isso dê-se ao prazeroso trabalho de
descobrir as canções por conta própria e senti-las com a individualidade que é necessária.
Por fim, "Spiral Architect" emociona com sua introdução dedilhada ao violão para depois
explodir em técnica e virtuose sadia, se valendo de passagens eruditas, cordas e violinos, no
melhor estilo progressivo-setentista, uma das melhores e mais trabalhadas composições do
Black Sabbath.
Até os críticos gostaram, eles, metidos e acostumados a serem refinados, eles que sempre
detestaram a banda, foram obrigados a se render e derramaram-se em elogios; também
pudera, fica difícil achar o que criticar neste material. O álbum acabou sendo o mais
vendido da banda desde Paranoid.
Não é um tratado sobre a complexidade, nem tem pretensão de ser, não tem ostentações
megalomaníacas e não foi feito para disputar quem é mais rápido ou toca mais difícil, mas
quem disse que não há magia e genialidade na pureza?
Simples quando preciso, belo, sutil e agressivo num mesmo espaço, empolga, toca, diverte,
encanta. “Sabbath Bloody Sabbath” mostra os mestres se reinventado, produzindo mais
uma obra atemporal e influente, fruto da criatividade, técnica e competência que talvez nem
os próprios rapazes sabiam que tinham.
Está aí a graça da coisa, o segredo: eram tão espontâneos, sinceros e originais no que
faziam, que nenhuma outra banda poderia imitar, de repercussão e importância
incalculáveis á época, mas que o tempo se encarregou de imortalizar, criando uma
infindável geração de admiradores.
“Sabbath Bloody Sabbath” – que nome fabuloso! Que discaço de heavy metal! Um marco
para a banda, um marco para a boa música. Nossos extasiados sentidos agradecem.
Os Mestres:
Ozzy Osbourne (Vocais/Sintetizadores)
Tony Iommi (Guitarras/Violões/Sintetizadores/Piano/Espineta/Flauta/Órgão/Gaita de
Foles)
Geezer Butler (Baixo/Sintetizadores/Mellotrons)
Bill Ward (Bateria/Percussão/Tímpano)
Headless Cross
Por Jeferson Alan
Durante a carreira do Black sabbath sempre existiu aquela discussão saudável sobre quem
ocupou melhor o posto de vocalista da banda.
Muitos não gostam nem de ouvir falar no nome de Tony Martin, o que considero uma
tremenda injustiça.
Ouvindo o que o cara cantou, e olha que não foi pouco em HEADLESS CROSS, fica claro
a sua competência e inegável qualidade vocal, pois trata-se de um ótimo músico de
“estúdio”.
The Gates of Hell - ouvindo essa introdução em um quarto escuro em uma noite de sextafeira e com fone de ouvido temos a impressão de realmente estarmos nos portões do
inferno, não me lembro de algo assim nem na era Ozzy.
Headless Cross - Nos dá a oportunidade de conferir umas das melhores introduções de
batera feitas pela banda e a cargo do saudoso mestre Cozy Powell, os pedais do bumbo da
batera depois dessa música tiveram que ser trocados com certeza.
Tony Martin demonstra nessa música do é capaz com seu gogó afinadíssimo, fazendo com
que a mesma se tornasse um verdadeiro clássico dos anos 80.
Devil & Daughter - Outra paulada com a banda mostrando estar bem afinada e sedenta em
gravar um grande trabalho.
When Death Calls - De cair o queixo! seu clima é sombrio, meio moroso no inicio, ao ouvila você parece estar mesmo na fronteira entre a vida e a morte, para sair do transe só
mesmo quando Tony Martin põe suas cordas vocais p/ trabalhar pesado nos refrões super
pesados dessa obra., é maravilhoso!!!
A melodia da voz de Tony lembra muito a voz de Ronnie James Dio, nos transportando de
volta a Sign of the Southern Cross, e o que fez inclusive com que alguns fãs mais saudosos
taxassem o cara de cópia mal feita de Dio, uma injustiça !
Kill in the Spirit World - Tem uma levada mais maneira, parece que foi composta p/
promover o disco nas rádios, mas, uma boa música.
Call of the Wild - Tem uma pegada forte, uma linha de baixo e bateria perfeita
acompanhada da entrada certeira e pesada de Tony Iommy, demais !!!, e tome orgasmo!!!
Black Moon, começa com Tony Iommi mostrando que seus riffs matadores estão todos lá,
os mesmos que fizeram a glória do Black Sabbath, deixando o outro Tony a vontade para
fazer o diabo nos microfones, inclusive ao pé da letra, já que este CD do Sabbath é o que
mais faz referência ao Demo, as letras falam o tempo todo sobre o mal, se você tiver tempo,
traduza e veja por si mesmo.
Black Moon - Foi gravada durante as sessões do álbum Eternal Idol, mas ficou de fora,
recebendo novos arranjos posteriormente para ser encaixada com sucesso neste CD.
Nightwing - Nos proporciona um clima até meio dramático e também sombrio p/ variar, e
nos deixa a clara impressão de que o CD está chegando ao seu final , mostrando que, com
essa formação, a banda estava afiadíssima para muitos outros trabalhos.
Vale destacar nas músicas, o trabalho feito pelo baixista Lawrence Cottle que apesar de
desconhecido deu conta do recado, participando do clima pesado e sombrio do CD.
Este CD ( p/ mim o melhor da banda com Tony Martin ) serve como um verdadeiro
testamento, ou seja um registro digno da passagem dos músicos Cozy Powell, Neil Murray
e principalmente, Tony Martin, pelo grande Sabbath.
Se ele ainda não faz parte de sua coleção, o que é um fato lamentável, principalmente se
você for fã do Black Sabbath, corra p/ comprá-lo pois irá descobrir que a banda, para
sobreviver, nunca precisou única e exclusivamente de Ozzy Osbourne.
Ainda há tempo de descobrir do que Tony Martin era capaz principalmente quando juntava
forças com músicos do quilate dos envolvidos neste trabalho, e o que dizer de Tony
Iommy!!!????!. Obrigado pela insistência!
Black Sabbath
Por Beto Guzzo
Yeah! O fim do "paz e amor" tinha sido consumado com a apresentação dos Rolling Stones
no circuito de Altamont, quando os Hells Angels mataram a porrada um espectador. A
Inglaterra vivia a ressaca lisérgica quando algumas bandas começaram a explorar novos
sons e temas... uma delas era formada por Ozzy Osbourne (vocais), Tony Iommi (guitarra),
Bill Ward (bateria) e Geezer Butler (baixo), garotos de Birmingham, que acharam por bem
fazer um disco com guitarras distorcidas, sons guturais e letras um tanto quanto macabras:
Black Sabbath.
Sim, o Sabbath fez o primeiro álbum de heavy metal da história, a despeito de o termo ter
sido utilizado pela primeira vez para definir o som do Led Zeppelin. Black Sabbath é um
álbum hipnotizante, com riffs vigorosos e vocais, bem, vocais a la Ozzym, my friend.
Quando o Black Sabbath lançou seu primeiro álbum, é bom lembrarmos que nada parecido
tinha sido feito em termos sonoros antes. Muito menos com letras tipo “satan siting there
he’s smiling / watch the flames get higher and higher".
Por isso quando o sino badala e o som da chuva surge, anunciando a primeira música do
álbum, é bom acender a luz do pico onde você está... eheheh. Black Sabbath (a música) é
simples e extremamente envolvente, deixando você vidrado pelo som. Pena que a mixagem
do solo do Iommi é feita em volume baixo. Na sequência, um dos riffs mais pesados do
álbum em The Wizard, com uma gaitinha show de fundo.
Outro ponto alto do play é N.I.B., quarto som do álbum que começa com um baixo bem
sacado do Butler e provavelmente é a segunda música que se tenta tirar quando se forma a
primeira banda de rock.*
Como não poderia deixar de ser para o padrão da época, o Sabbath também traz uma
canção quilométrica. Sleeping Village não é uma obra-prima mas tem boa introdução (a
voz de Ozzy dá arrepio até em defunto) e solos bem trabalhados. E Warning, uma espécie
de continuação de Sleeping Village, sonzera de primeira
Rolam também Evil Woman, música legalzinha feita para as rádios e Behind the Walls of
Sleep, simplezinha mas bonitinha.
Vale a pena ter este álbum em sua discoteca básica, por mais instável que seja sua relação
com a voz esganiçada do Ozzy... é um grande marco na carreira da banda e, com certeza,
para a história do rock.
* A primeira ? Demorou, hein... que moleque não se vê no palco depois que consegue tocar
o riff de Smoke on the Water e, sinceramente, achar que está arrasando?
Curiosidades :
1. A banda recebeu cerca de 600 libras pelo seu primeiro trabalho e, como não poderia
deixar de ser, foi lançado numa sexta-feira. 13.
2. O mais comum numa banda é lançar o “hit” pelo single e ele ajudar a vender o álbum
inteiro. O single de lançamento da banda, com Evil Woman e Wicked World, não chegou a
lugar nenhum. O Sabbath fez o contrário, pois o álbum foi direto para o Top Ten inglês.
Sabbath Basicão: Black Sabbath (1970)
Sabbath Legets: Basicão + Paranoid (1970) + Mob Rules (1981) + Born Again (1983)
Sabbath Fanzaço: Legets + Wheels of Confusion + Reunion (1999)
Long Live Rock’n’Roll
Paranoid
Por Raul Branco
No começo era o riff. E no começo do riff era o Black Sabbath.
Depois de uma estréia brilhante com o disco ”Black Sabbath“ (ao menos para o público - a
crítica da época odiou, apesar de ter alcançado o Top Ten). Tony Iommi (guitarra), Ozzy
Osborne (vocais), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) compuseram um time
vencedor de canções que formariam um segundo álbum com mais esmero e com muito
mais peso, produzido por Roger Bain.
A obra que se tornaria um referencial para diversas gerações de músicos foi batizada
”Paranoid“ em substituição ao título original, ”War Pigs“, censura motivada pela possível
relação com a Guerra do Vietnã. Suas oito faixas dinamitam o ouvinte com riffs violentos
de guitarra e baixo, pratos estourando para todos os lados; fundindo esta pedrada toda, a
voz inconfundível de Ozzy Osbourne, cujos vocais parecem sempre estar neste disco
beirando a histeria e a paranóia.
O disco abre com ”War Pigs“, já dando uma mostra (e que mostra!) do que vem pela frente:
a guitarra Gibson SG de Iommi distorcida, o baixo Fender de Butler estalando e a bateria de
Ward marcando os tempos fortes, com uma sirene cortando seus ouvidos ao fundo. Depois
que Ozzy começa a cantar, a música explode por quase oito minutos, até acabar numa
distorção generalizada. Em seguida, a faixa título, ”Paranoid“, um das mais famosas de
toda a carreira do Sabbath, que pode ser vista às vezes num clip psicodélico na MTV.
Confesse: você não sente um arrepio quando Ozzy grita : ”Can you help me?“.
”Planet Caravan“, a terceira faixa, a mais ”suave“ do disco, tem um arranjo que parece
saído da cabeça dos Mutantes e Rogério Duprat. É a pausa que você necessita para agüentar
o que vem pela frente, e o que vem são jóias intituladas ”Iron Man“, ”Electric Funeral“,
”Hand of Doom“, ”Rat Salad“ e ”Fairies Wear Boots“.
Quem ouviu ”Paranoid“ na época em que foi lançado (1970) e quem ouve hoje pela
primeira vez, percebe de cara o quanto este quarteto estava afinado entre si.
Se a capa de ”Paranoid“ não é lá uma obra prima, com aquele cruzamento bizarro de
motoqueiro/super-herói/guerreiro saindo de trás de uma árvore à noite, te ”ameaçando“
com um sabre na mão esquerda (referência ao canhoto Tony Iommi?) o selo original da
Vertigo era uma viagem, que infelizmente se perdeu ao ser lançado em CD.
Não vai ser de estranhar se mais álbuns do Black Sabbath ainda aparecerecerem nesta
Discografia Básica (como já foi o caso de “Master of Reality”), mas com certeza nenhum
outro foi mais influente e tão formador de um estilo do que ”Paranoid“.
Vol 4
Por Marcos A. M. Cruz
Uma vez um cara me disse que quem gostava de Rock "pesado" na década de 70 optava por
uma das duas opções: ou adotava o estilo meio "hippie/folk" do Led Zeppelin, ou o
virtuosismo do pessoal do Deep Purple. Perguntei: "e o Black Sabbath"? ele respondeu:
"bem, eles eram muito undergrounds para a época, só os malucos gostavam deles". Mas o
tempo provou que os "malucos" não eram tão doidos assim, pois inegavelmente a
sonoridade/atitude do Sabbath influenciou praticamente todo mundo que veio depois.
Difícil destacar algum dos discos da fase inicial deles, por isso escolhí aleatoriamente o
Vol.4. A idéia inicial era que seu título fosse "Snowblind", porém a gravadora vetou devido
à alusão com drogas. Nesta época (1972) vamos encontrar os "Quatro Cavaleiros do
Apocalipse" em sua fase áurea, pois já haviam atingido o estrelato e com isso veio toda a
consequência do sucesso (dinheiro, mulheres, loucuras mil). As letras refletiam o estado de
espírito do pessoal na época, pois tratavam de temas como solidão, desespero, drogas
(chegam à agradecer à COKE-Cola de Los Angeles!) e até desejo de mudanças! Sim,
embora "Changes" pareça a início uma "tola canção de amor" totalmente deslocada no
álbum, se analisarmos a letra veremos que expõe uma certa saturação de tudo (me sinto
infeliz/me sinto tão cansado/perdí os melhores amigos/que eu sempre tive), e o consequente
anseio por coisas novas. Diz a lenda que quem tocava piano era o próprio Iommi, porém
depois ficou comprovado que se tratava de Don Airey, velho amigo da banda. Esta faixa se
tornou o maior (e único) sucesso popular da banda, até hoje toca nos "flashbacks" da vida...
Musicalmente falando a banda estava em seu ápice, Iommi como sempre despejando
toneladas de riffs, Butler e Ward fazendo uma cozinha precisa e muito bem integrada à
sonoridade da banda, e Ozzy, figura indispensável à banda na época, que embora de acordo
com seus detratores nunca tenha sido um excelente vocalista, possuía (até hoje possui) um
excepcional carisma, inclusive a capa deste disco imortalizou a imagem dele com sua
saudação característica!
Indispensável para qualquer pessoa que tenha ligação com Hard-Rock, Heavy-Metal ou
alguma coisa semelhante...
Track List:
Wheels Of Confusion/The Straightener
Tomorrow's Dream
Changes
FX
Supernaut
Snowblind
Cornucopia
Laguna Sunrise
St.Vitus Dance
Under The Sun/Every
Day Comes & Goes
Ozzy Osbourne (vocals)
Tony Iommi (lead guitar)
Terry "Geezer" Butler (bass guitar)
Bill Ward (drums)
Seventh Star
Por Paulo Finatto Jr.
Quando tudo parecia estar perdido após o lançamento de “Born Again”, que contava com
um Black Sabbath bastante modificado em relação à formação clássica (que contava com
Ozzy, Iommi, Buttler e Ward), após a passagens de grandes vocalistas pela banda como
Ronnie James Dio e Ian Gillan, em 1986 foi a vez de Tony Iommi reformar o Black
Sabbath, e por isso, colocar como título do que seria o próximo álbum o nome da banda
modificado para Black Sabbath – Featuring Tony Iommi.
Mesmo tendo apenas o guitarrista como membro original, sem sombras de dúvidas
“Seventh Star” é um disco do Sabbath. Glenn Hughes (vocal, já havia tocado no Deep
Purple – também baixista), Dave “The Beast” Spitz (baixo), Geoff Nichols (teclado, já
havia trabalhado com a banda em dois discos anteriores, “Heaven and Hell” e “Mob
Rules”), Eric Singer (bateria, tocara com o Kiss), além de Tony Iommi (guitarra), formaram
o Black Sabbath nesta época, formação que gravou junta somente neste disco.
Para a época pode-se dizer que a produção do disco ficou muito bem feita, mas o que
chama mais a atenção é o fato de a banda fazer um tipo de rock bem diferente da época de
discos como “Master of Reality” e “Vol. 4”, diferente do hard/heavy da época de “Heaven
and Hell”, algo fortemente influenciado pelo progressivo (Deep Purple), e bandas como
AC/DC e Led Zeppelin.
A escolha dos músicos por parte de Iommi foi muito bem feita. Hughes é um dos maiores
vocalistas da história quando se fala de hard/rock. Eric Singer... bem... sobre esse basta
vermos seu currículo ao lado de Alice Cooper e Kiss.
Abrindo com a rápida e pesada “In For the Kill”, uma das melhores do álbum, o CD já vai
para a balada “No Stranger to Love”, que mais tarde viraria videoclipe. Para quebrar o
tempo cadenciado, o disco segue com a certeira “Turn to Stone”, com um show de Eric
Singer, ao contrário da primeira, em que o destaque vai na sua quase totalidade para Glenn
Hughes. Em uma linha mais rock 70’ está a faixa “Danger Zone”, assim como “Heart Like
a Wheel”, uma faixa destinada exclusivamente à virtuose de Tony Iommi com uma
invejável interpretação de Hughes.
Pena que em nove faixas (oito músicas – “Sphinx The Gardian” é apenas uma introdução)
não há nem 35 minutos de música. O disco prometia, as músicas mais pesadas são
realmente boas, mas o que acabou “estragando” foi a alta quantidade de músicas paradas,
baladas ou não.
Line-up:
Glenn Hughes (vocal);
Tony Iommi (guitarra);
Dave “The Beast” Spitz (baixo);
Geoff Nichols (teclado);
Eric Singer (bateria).
Track-list:
01. In For the Kill
02. No Stranger to Love
03. Turn to Stone
04. Sphinx (The Guardian)
05. Seventh Star
06. Danger Zone
07. Heart Like a Wheel
08. Angry Heart
09. In Memory...
Past Lives
Por Rafael Carnovale
É difícil ouvir esse cd e não sentir o cheiro de um bom caça níqueis. Aproveitando que o
Sabbath está de molho (se é permanente só o tempo dirá), e que seus integrantes
(principalmente OZZY) se dedicam a projetos solo, a gravadora Sanctuary lança um cd
duplo contendo gravações feitas entre 1970 e 1972, em sua maioria, a fase de ouro do
Sabbath, com Ozzy, Iommi, Butler, Ward, em forma, detonando vários clássicos. Seria
apenas uma forma de juntar mais uns cobres? Ou uma boa inciativa de lançar gravações
antigas de uma banda fundamental para o heavy metal?
Ouvindo o primeiro cd, a impressão de caça níqueis se reforça, pois o mesmo não passa do
cd “Live at Last” (lançado no Brasil pela Abril Music a preço camarada) remasterizado.
Porém.... que cd. As versões são matadoras e o Sabbath mostra porque com Ozzy os shows
eram sempre bombásticos. Clássicos como “Tomorrow’s Dream”, “Children of the Grave”,
“Snowblind”, “War Pigs” e a mais matadora versão de “Paranoid” já lançada ao vivo pelo
quarteto fazem o “Reunion” ficar no chinelo, além das surpreendentes “Cornucopia” e
“Wicked World”. É um grande cd, sem dúvida, mas fica aquela dúvida: porque não
procurar outro show?
Já o segundo cd traz gravações feitas “durante os anos 70” (como reza o encarte), mais
precisamente de 1970 a 1972. O grande problema é que a diferença entre as qualidades da
gravação de cada música, por serem de shows diferentes, ficou muito evidente. Algumas
estão com produção razoável, enquanto que outras ficaram bem aquém do que se espera de
um lançamento oficial do Black Sabbath, mas de qualquer maneira é revigorante ouvir
“Black Sabbath”, “NIB”, “Symptom of the Universe”, “Iron Man” e as mágicas “Behind
the Wall of Sleep” e “Fairies Wear Boots” executadas pelo quarteto em plena forma. Até os
erros de Ozzy eram mais legais, assim como sua voz mais afinada. A guitarra de Iommi era
perfeita e a cozinha de Geezer e Bill Ward massacrante.
O grande problema deste cd, que possui um encarte altamente informativo e cheio de fotos
interessantíssimas é que se você possuir o cd “Live at Last” e algum pirata do Sabbath anos
70 pode esbarrar com quase 50% do material aqui apresentado. Mas que ficou tudo muito
bem feito não há como negar.
A conclusão: sim... é um caça níqueis.... vai vender bem... afinal é o Sabbath dando show
numa época aonde os caras detonavam mais do que podiam (Ozzy até hoje sofre com
isso)... mas esse caça níqueis vale umas apostas... pode comprar sem medo.
Lançado nos Eua / Europa pela Sanctuary/Divine Records.
Paranoid
Por Carlos Frederico
Ozzy Osbourne -> vocais, gaita
Tony Iommi -> guitarras
Geezer Butler -> baixo
Bill Ward -> bateria
Depois do seu antológico disco de estréia, o Black Sabbath se supera e lança Paranoid.
Pode-se dizer que essa obra-prima de 1971 é o disco de rock pesado mais coverizado de
todos os tempos, sendo a mais duradoura fonte de influencia para os artistas do
estilo...nomes como Faith No More, Metallica, Pantera, Megadeth confirmam isso.
Também é o trabalho mais popular da banda, vendendo mais de 4 milhões de cópias só nos
EUA, graças a faixas (presentes até hoje nos shows da banda e de Ozzy Osbourne) como
War Pigs, Paranoid e Iron Man. O melhor da carreira do Sabbath não deixa de ser,
provavelmente, o melhor disco do gênero.
Faixas:
WAR PIGS -> Um dos mais perfeitos e antológicos riffs de Tony Iommi somado aos
versos incisivos, anti-belicistas, cantados pela voz inclemente de Ozzy. O solo dessa
música, um dos melhores (e mais famosos) do Black Sabbath, é o grande destaque.
PARANOID -> Lendária. Mitológica. Contém um riff fabuloso, considerado o Melhor de
Todos os Tempos do Rock n Roll. A letra encarna perfeitamente Ozzy
Osbourne...Paranoid, certamente, é definitiva e eterna. O mais impressionante é que foi
feita em 5 minutos, apenas para finalizar o disco!!!
PLANET CARAVAN -> Faixa acústica, algo psicodélica mas muito, muito triste. Ozzy
canta com toda a angústia e distanciamento desse mundo, sua voz parece vir de outras eras.
Os discretos efeitos de guitarra dão a ela uma beleza singela e melancólica.
IRON MAN -> Mais uma música antológica. Jamais uma banda de rock compôs uma
"sinfonia de riffs" tão perfeita quanto ela. Os solos, incrivelmente pesados e cativantes,
fazem cair o queixo. O ponto alto da carreira de Tony Iommi, sem dúvida! Uma versão
insuperável.
ELECTRIC FUNERAL -> Lenta, arrastada, perturbadora. Uma das faixas mais macabras
do disco e da carreira do Sabbath. Ozzy faz vocais verdadeiramente monstruosos. O lado
mais pesado e sombrio da banda está mostrado por inteiro, incluindo a letra que narra os
horrores de um mundo devastado pela radiação atômica.
HAND OF DOOM -> violenta crítica à Guerra do Vietnã, seria perfeita para o filme
"Apocalipse Now", já que fala de soldados se drogando para esquecer os horrores do
conflito. Com várias partes diferentes, é a música mais sofisticada do disco.
RAT SALAD -> instrumental que é a cara da banda. Bill Ward, em um momento "John
Boham", solta as mãos com precisão e peso. Os vocais não fazem falta, em 5 segundos se
percebe que é uma música Sabbath...
FAIRIES WEAR BOOTS -> letra bem humorada, que narra o incidente onde o
equipamento (o primeiro) do Sabbath foi roubado por uma gangue de skinheads (as "fadas
de botas" do título da canção). Canção despretensiosa, flui bem e agrada com facilidade. É
a faixa musicalmente mais simples, mas têm seus adoradores, não compromete a qualidade
excepcional do disco.
Sabotage
Por Paulo Finatto Jr.
Em 1975, quando as coisas começaram a ficar meio complicadas para Ozzy Osbourne no
Black Sabbath, seja pela sua personalidade forte dentro da banda focalizando todo o
sucesso do Sabbath nas suas costas, ou melhor, na sua voz – motivo de problemas (ciúmes)
internos – seja pela sua vida lado a lado às drogas e álcool, a sua saída da banda já estava
certa para breve. Além de Ozzy, Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward
(bateria), os membros originais do Sabbath continuavam na banda, mas por tantos
problemas seus direcionamentos musicais estavam bem diferentes se compararmos
“Sabotage” com “Black Sabbath”, o primeiro LP.
Com um som mais pesado e sombrio, “Sabotage” pode ser considerado como um dos
marcos da história do hard/heavy metal, onde pela primeira vez os riffs de guitarras
estavam ainda mais distorcidos e pesados, acompanhados de melodias vocais igualmente
agressivas. Apesar de não ser um grande fã do estilo de cantar de Ozzy Osbourne, acredito
que em “Sabotage” ele tenha alcançado a sua melhor perfomance no Sabbath, ajudado pelas
músicas pesadas que já foram citadas anteriormente.
Com a hard/heavy “Hole in Sky” o LP (versão em CD lançada posteriormente, claro) abre;
mesmo tendo uma participação de Ozzy na voz, pode incomodar alguns ouvintes que não
estejam habituados ao seu estilo de “gritar”. Após a curta introdução em violão (“Don’t
Start”), “Sabotage” passa para a música que na minha opinião é a melhor do álbum,
“Symptom of the Universe”, simplesmente perfeita! Uma faixa muitíssima bem composta,
que na sua parte lenta poderá levar o ouvinte aos discos do Led Zeppelin (pela similaridade
das melodias). “Megalomania” começa com uma parte mais cadenciada e até certo ponto
psicodélica, mas na hora que começa a ser um “rockzão” fica muito boa. Para fechar o
disco, “The Wirt” é uma música um pouco diferente das citadas anteriormente, por
provavelmente ser a composição mais parecida com os trabalhos anteriores do Black
Sabbath.
Você encontra este CD facilmente nas lojas em versão remasterizada. Pouca coisa muda no
som. O encarte foi refeito (novas fotos e um pequeno relato de Hugh Gilmour sobre tudo
que cercou os quatros ingleses na época do lançamento deste LP). E o melhor, os preços
desta série de ‘remasters’ do Sabbath costuma ser mais em conta do que os CD’s normais.
Corra atrás do seu, já que a responsável por esta série é a falida Abril Music).
Line-up:
Ozzy Osbourne (vocal);
Tony Iommi (guitarra);
Geezer Butler (baixo);
Bill Ward (bateria).
Track-list:
01. Hole in the Sky
02. Don’t Star (Too Late)
03. Symptom of the Universe
04. Megalomania
05. Thrill of It All
06. Supertzar
07. Am I Going Insane (Radio)
08. The Writ
Perguntas e Respostas
Esta é a tradução de parte do FAQ oficial sobre a banda Black Sabbath organizado
por [email protected].
Quais as datas de aniversário e locais de nascimento dos membros da
banda?
Ozzy Osbourne (John Miachael Osbourne) 3 de dezembro de 1948
Tony Iommi (Frank Anthony Iommi) 19de fevereiro de 1948
Bill Ward (William Ward) 5 de maio 1948
Geezer Butler (Terence Butler) 17 de julho de 1949
Ronnie James Dio (Ronald James Padovana) 10 de julho de 1940/1952 (?)
Ian Gillan 19 de agosto de 1945
Glenn Hughes 18 de julho de 1950
Ray Gillen 12 de julho de 1960
Cozy Powell 29 de dezembro de 1947
Geoff Nicholls 29 de fevereiro
Tony Martin 19 de abril
Neil Murray 27 de agosto
Quais os motivos das saídas de Ozzy?
Ozzy deixou o Sabbath pela primeira vez em setembro de 1977. Nos últimos anos ele bebia
muito. Devido aos seus problemas com drogas e à morte de seu pai e não teve mais
condições de ficar na banda. Ele deixou o Black Sabbath para dar um novo rumo à sua
vida.
Em maio de 1979 houve o segundo desentendimento entre Ozzy e o Sabbath. Boatos dizem
que a turnê de "Never Say Die" deveria ser a despedida da banda. Tonny Iommi pretendia
se juntar a Ronnie James Dio em outro projeto. Mais tarde Geezer Butler e Bill Ward se
juntaram a Iommi e a banda manteve o nome Black Sabbath. Também se cogita que Iommi
estava tão cansado dos problemas de Ozzy com as drogas que simplesmente o despediu da
banda.
Quais os motivos das saídas de Dio?
Da primeira vez, em 1982, Dio deixou o Sabbath juntamente com o baterista Vinny Appice.
Em várias entrevistas Geezer Butler (baixista) e Tony Iommi (guitarrista) contaram que
Ronnie e Vinny entraram à noite, sorrateiramente, no estúdio onde estava sendo mixado
"Live Evil" para diminuir o volume do baixo e principalmente da guitarra, destacando
assim o vocal e a bateria. Mais tarde Tony Iommi desmentiu as acusações. Ronnie e Vinny
não gostaram dos boatos e saíram juntos para formar a banda Dio.
Dio voltou ao Sabbath e saiu novamente em 1992. O Sabbath pretendia gravar com ele
apenas o álbum "Dehumanizer" e fazer a subsequente turnê. A reunião não devia ser nada
mais que isso. Quando do lançamento de "Dehumanizer" porém a banda chegou a cogitar
uma reunião permanente. Durante a turnê ficou claro que ainda haviam desentendimentos
antigos na banda. Entre outras coisas, após os shows, Tonny e Geezer voltavam
imediatamente para o tour bus e ficavam esperando Dio e Vinnie, que gastavam horas
conversando com os fãs no backstage.
Quando Ozzy convidou o Sabbath para abrir os seus dois "últimos" shows Ronnie James
Dio informou que não abriria shows para ninguém, muito menos para Ozzy Osbourne, e
que ele estava fora do Sabbath.
Tony Iommi participou do Jethro Tull?
Tony Iommi deixou o Black Sabbath durante um curto período de tempo em 1969 para se
juntar à banda Jethro Tull. Iommi tocou com o Jethro Tull no famoso show "Rock'n'Roll
Circus" capitaneado pelos Rolling Stones e apresentando todas as bandas que eram
apreciadas pelos Stones. Tocaram também Janis Joplin, Jimi Hendrix e The Who. O show
deveria ser lançado no vídeo "Kids are Alright", mas não o foi porque as bandas convidadas
sobrepujavam em técnica e garra a performance dos Stones. Existem gravações piratas
deste show, em vídeo e vinil, bem como fotos. A música cantada pelo Jethro Tull com
Iommi na guitarra foi "Song For Jeffrey". Existem ainda algumas outras gravações piratas
do Jethro Tull com Tony Iommi, que passou cerca de um mês na banda. Visto o Jethro Tull
ter um líder, Ian Anderson, Iommi voltou ao Sabbath.
Quais as bandas famosas que abriram para o Black Sabbath?
Montrose, Kiss, Ramones, Reo Speedwagon, Van Halen, Blue Oyster Cult, Lita ford, Quiet
Riot, Anthrax, W.A.S.P., Girlschool, Metal Church, Testament, Exodus, Danzig, Prong,
Helloween, Slayer, The Almighty, Sepultura, Cathedral, Godspeed, Morbid Angel,
Motorhead.
O que houve com os dedos da mão direita de Tony Iommi?
Tony Iommi trabalhava em uma fábrica. Seu trabalho era passar chapas de metal para um
colega que usava uma máquina para cortar as chapas. Um dia, quando seu companheiro
faltou, Tony tentou operar sozinho a máquina e cortou a ponta de seus dedos. Ele juntou os
pedaços e levou ao hospital, mas não foi possível fazer o reimplante.
O que é aquela faixa misteriosa em "Sabotage"?
A música aparece no final de "The Writ" no álbum "Sabotage". Dura cerca de 20 segundos
e é um pouco parecida com Sgt Peppers dos Beatles. A música existe apenas em algumas
versões americanas e inglesas. O nome da canção é "Blowing On A Jug" e é tocada e
cantada por Bill Ward. Foi gravada originalmente pela Nitty Gtritty Dirt Band.
Quem canta "Swinging The Chain"?
Os vocais de "Swinging The Chain" ("Never Say Die", 1978) foram feitos por Bill Ward.
Origem dos títulos e conteúdo das músicas do Black Sabbath.
After All The Dead (Após Tudo, a Morte): vida após a morte. Existe o paraíso? Existe o
inferno? O que acontece com a alma? Fala também sobre comunicação com o além.
After Forever (Depois de Tudo): a opinião da banda sobre Deus. É engraçado que a banda
tenha sido acusada de blasfema por causa desta música. Trata-se de uma música prócristianismo.
Back Street Kids (Garotos de Subúrbio): Rock and Roll como única filosofia.
Buried Alive (Enterrado Vivo): sobre uma pessoa que apenas obedece ordens. A ela é
ordenado o que fazer e o que não fazer. O mundo para ela se torna um caixão que será
fechado em breve.
Cardinal Sin (Pecado Original): sobre líderes religiosos que pregam uma coisa e praticam
outra.
Computer God (Deus Computador): o mundo controlado por computadores. A máquina se
torna Deus e nomes se tornam números.
Cornucopia: a cornucópia é uma metáfora para saúde e fertilidade. A música critica a
prosperidade moderna.
Cross Of Thorns (Coroa de Espinhos): a frustração e raiva sentida pela juventude irlandesa
frente à intolerância religiosa.
Dirty Woman (Mulher Vulgar): A busca incansável por sexo.
Disturbing The Priest (Incomodando o Padre): a idéia para o título veio durante as
gravações de "Born Again", em um estúdio que ficava próximo a uma igreja. Todos os dias
pessoas reclamavam da música alta.
Dying For Love (Morrendo de Amor): a dor sentida pelas pessoas na Iugoslávia em guerra.
Evil Eye (Olho Demoníaco): na sociedade moderna ninguém está a salvo de intrusões em
suas vidas privadas.
Fairies Wear Boots (Louros de Botas): uma música que foi escrita depois que o Black
Sabbath foi espancado por um grupo de skinheads.
Headless Cross: uma história real da idade média, quando a peste assolava a Europa. O
povo de uma pequena vila chamada "Headles Cross", amedrontado pela doença, ao invés
de tentar evitá-la, subiram todos a uma montanha onde ficaram rezando à espera de um
milagre. Morreram todos.
I (Eu): uma declaração de independência. Não preciso de ninguém. Sou invencível.
I Witness (Eu a Testemunha): trata sobre a maneira como a juventude é manipulada pelos
fanáticos religiosos.
Into The Void (Dentro do Vazio): sobre o meio ambiente degradado pela sociedade
moderna.
Iron Man (Homem de Ferro): um homem viaja ao futuro e assiste o apocalipse. Quando ele
volta tenta avisar a humanidade mas ninguém acredita nele. Ele se torna insano e se vinga
da humanidade. No fim se torna claro que ele é a razão do apocalipse.
Letters From Earth (Cartas da Terra): música inspirada por diversas cartas que o Sabbath
recebeu, cartas de pessoas que estavam na prisão, que viviam no mundo real.
N.I.B.: o demônio se apaixona por uma humana e se torna uma "pessoa" diferente. O título
não tem nada a ver com a letra.
Paranoid (Paranóico): a história de um perdedor que não consegue viver o mundo real.
Sabbath Bloody Sabbath (Sabbath Sangrento Sabbath): a execução de uma alma.
Sins Of The Father (Os Pecados do Pai): uma criança que ama seu pai acima de tudo.
Infelizmente seu pai fez coisas erradas. A criança tem de aprender a viver sozinha, ser ela
mesma e sair da sombra de seu pai. Voar com suas próprias asas.
Supernaut (Super Viajante): o grande sonho da humanidade, algum dia alcançar as estrelas.
The Hand That Rocks The Cradle (A Mão que Balança o Berço): a terrível história da
enfermeira Beverly Allit, responsável pela morte de dezenas de crianças.
The Seventh Star (A Sétima Estrela): uma velha idéia sobre como o mundo funciona.
Coisas vêm e vão, num ciclo infinito. A sétima estrela marca a sétima passagem do mundo.
Time Machine (Máquina do Tempo): não faça apenas o que os outros dizem. Tome suas
próprias decisões. Sonhe um pouco mais.
Too Late (Tarde Demais): sobre uma pessoa que fez um pacto com o demônio. Ele pode ter
tudo o que quiser, mas no fim ter de pagar. Ele tenta escapar do destino mas é tarde demais.
Trashed (Despedaçado): a letra é de Ian Gillan e descreve um acidente de carro que ele
sofreu durante as gravações de "Born Again". Ele estava bêbado.
TV Crimes (Crimes da TV): música sobre pregadores da televisão que tiram a maior
quantidade possível de dinheiro das pessoas.
War Pigs (Porcos da Guerra): a prestação de contas dos políticos que enviam cidadãos
inocentes para a guerra.
Zero The Hero (Zero o Heroi): A história de um perdedor.
Outros fatos curiosos sobre a banda.
O Sabbath pretendia fazer uma ópera rock baseada em "Iron Man".
Uma vez, por brincadeira, Tony jogou fluido de isqueiro nas pernas de Bill Ward e tocou
fogo nelas.
Tony foi atacado com uma faca durante uma apresentação em Memphis.
"Blood God" foi o primeiro título cogitado para "The Eternal Idol".
Tony Iommi era o manager de diversas bandas nos anos 70, inclusive Judas Priest e
Medicine Head.
O artista principal de Jesus Christ Superstar, Geoff Fenolt, foi cogitado por Tony Iommi
antes de Glenn Hughes para os vocais de "Seventh Star".
Para algumas informações sobre as acusações de envolvimento da banda Black Sabbath
com satanismo visite a página Ocultismo no Rock.
Algumas citações famosas dos membros do Black Sabbath.
"Sim, eu estive com o Jethro Tull durante três semanas! E daí?" Tony - 1971
"Sim, eu realmente gosto dele sim. Mas Tony roubou todos os meus álbuns do Sinatra. De
onde você acha que vem aqueles riffs?" Geezer - 1980 Geezer - 1975
"Nós éramos pobres. Literalmente pobres. Se não fosse pela mãe de Tony acho que não
teríamos conseguido. Ela costumava fazer sanduíches e nos dava cigarros." Ozzy - 1985
"Eu entrei na banda para viajar, não para ser um rockstar. Eu nem pensava em gravar um
disco quando fizemos o primeiro álbum. Depois eu só queria dizer 'olha mãe, olha o que
fizemos - minha voz em um pedaço de plástico para sempre'." Ozzy - 1985
"A única decisão de Geezer é no restaurante, entre um sanduíche ou uma cerveja." Dio 1983
"Eu frequentei um pisiquiatra por algum tempo. Ele fazia jogos com minha mente. Ele
perguntava coisas como 'você se masturba'? E eu perguntava 'você respira'?" Ozzy - 1975
Curiosidades
Diz a lenda que a tosse na introdução de 'Sweet Leaf', faixa de abertura do Master of
Reality do Black Sabbath, é de Tony Iommi, engasgando com um baseado fornecido por
Ozzy.
O artista principal de Jesus Christ Superstar, Geoff Fenolt, foi cogitado por Tony Iommi
antes de Glenn Hughes para os vocais de "Seventh Star" do Black Sabbath.
Tony Iommi, guitarrista do Black Sabbath, perdeu a ponta de dois dedos da mão direita em
um acidente. Ele trabalhava em uma fábrica. Seu trabalho era passar chapas de metal para
um colega que usava uma máquina para cortar as chapas. Um dia, quando seu companheiro
faltou, Tony tentou operar sozinho a máquina e cortou a ponta de seus dedos. Ele juntou os
pedaços e levou ao hospital, mas não foi possível fazer o reimplante. A princípio não
haveria muito problemas na hora de tocar, mas Tony é canhoto e sua mão direita trabalha
no braço do instrumento, por isso ele usa cilindros de metal no lugar da ponta dos dedos.
Em 1977, depois um show em Helsinki (Finlândia) e de uma bebedeira generalizada no
backstage, Geezer Butler (Black Sabbath) ameaçou Malcom Young (AC/DC) com uma
faca automática, após uma briga fenomenal. Apesar das desculpas de Malcolm e da
intermediação de Ozzy, o AC/DC teve de regressar a Londres (Inglaterra), deixando de ser
a banda de abertura.
"Quase matei Bill Ward", afirma Tony Iommi
Por Anderson Ferret
Em uma entrevista recente com Mel Bradman do U.K.'s Times Online, o guitarrista do
BLACK SABBATH, Tony Iommi, 58 anos, relembrou das piadas absurdas praticadas por
ele com seus colegas de banda e frequentemente, com consequências quase fatais:
"Eu era travesso nos meus tempos de escola e eu levei isso pra banda. Bill Ward, nosso
baterista, era o centro das piadas. Se eu não aprontasse com ele, ele dizia: 'Você está bem?
Você não fez nada comigo hoje. ' Ele adorava, mas garanto que nem tudo que nós fazíamos
com ele.”
"Em 1973 nós fomos gravar um álbum em Beverly Hills. Nós alugamos a casa do John
DuPont [herdeiro da fortuna oriunda da indústria química DuPont]. Era um lugar
maravilhoso — sala de jogos e tudo mais. Nós estávamos mexendo pela casa e achamos
um spray de tinta de ouro na garagem. Eu pensei: ‘Vamos pegar Bill com isso. Nós
esperamos até que ele bebesse um pouco e ficasse inconsciente, tiramos suas roupas e aí
jogamos spray no corpo todo, da cabeça aos pés. Aí nós achamos um balde de verniz e
passamos nele também. Ele ficou muito doente depois disso.”
"Então nós chamamos uma ambulância. Você pode imaginar o que eles pensaram quando
chegaram — vendo aquele sujeito deitado, pelado e todo cheio de spray de ouro. Eles
perguntaram pra gente se tínhamos noção do que havíamos feito, dizendo que poderíamos
ter causado sua morte por bloquear os poros de sua pele. Estavam realmente putos!.
Aplicaram nele uma injeção e disseram pra gente limpa-lo. Então voltamos na garagem e
achamos um removedor de tinta. A pele dele estava incrivelmente vermelha, bem
machucada. Nós rimos disso no dia seguinte, mas por Deus, não foi engraçado naquela
noite”.
Iommi continua: "Bill e eu tínhamos um costume de tacar foto no corpo dele em festas! Eu
tinha que passar álcool nele – o álcool que tinha no estúdio que nós usávamos para limpar
os equipamentos. Tinha que passar na mão dele, tacar fogo e apagar em seguida. O efeito
era completamente superficial – sem causar nada. Um dia eu quis fazer isso com nosso
produtor. Eu disse pro Bill: ‘Posso tacar fogo em você?’ ‘Não, ainda não’ ele disse. ‘Estou
ocupado.’ Algumas horas depois ele disse: 'Estou indo pra casa agora. Você quer tacar
fogo em mim ou não? 'Peguei o álcool, passei nele e assim que eu acendi, ele deu um grito.
Todo o cabelo, sua barba, tudo pegou fogo. Ele caiu no chão, eu achei que ele estava rindo
mas ele estava gritando – e eu ainda estava passando o produto nele. Ele teve queimaduras
de terceiro grau. A mãe dele me ligou e disse: 'Seu maluco desgraçado! Tá na hora de você
crescer. Bill quase que teve que amputar as pernas’. Eu me senti mal.”
E a coisa prossegue: "O fato de eu ser o único que podia dirigir, eu que tinha que levar e
buscar a banda nos shows. Mas leva-los de volta pra casa era um saco porque todo mundo
dormia no caminho. Uma noite, eu achei um rua em Birmingham que era idêntica a da rua
em que Ozzy morava, e decidi deixa-lo lá. Eu fiquei observando enquanto ele saia da van
meio sonolento e tentabs entrar na casa de alguém às 4 da madrugada. Aí eu fui embora.
Ozzy morava a mais ou menos 1km e meio dali. Eu fiz a mesma coisa nas noites seguintes
até que um dia ele reclamou. Então eu parei por um mês, depois ele caiu de novo nessa.”
Novamente a coisa é com Bill: "Num vôo, a língua do Bill estava bem afiada. A mulher que
estava sentada na frente dele virou pra trás e disse: ‘Lave sua boca com sabão.’ Então ele
foi no banheiro, pegou um sabonete e voltou com a boca espumando. 'Tudo bem assim?'
ele perguntou pra ela. Em outra vez, dirigindo pelo deserto dos EUA, nós chegamos perto
de uma casa de madeira com o escrito ‘Fogos de artifícios’ na porta. Ozzy entrou e
comprou todos os fogos da loja. Naquela noite, depois que todos nós fomos dormir no hotel
– estava quase tudo embaçado — eu acordei e vi uma fumaça vindo pela minha porta. Eu
olhei pelo olho-mágico e vi Ozzy no final do corredor, acendendo os foguetes. Ele causou
um estrago imenso! A polícia veio, mas ele não parava. Ele estava louco, ainda acendendo
os fogos. Pegaram os extintores e todos os hóspedes correram para a recepção de pijamas,
pensando que estava pegando fogo no hotel. A polícia prendeu Ozzy. Eles me disseram que
se a gente quisesse que ele saísse da delegacia nós tínhamos que pagar fiança. Eu disse
pra eles manterem ele lá por uma noite, queria dormir um pouco.”
No final, Iommi justifica: "Mas você tem que se divertir quando se tem uma banda. Se você
não fizer isso, você explode. Você precisa de algo pra relaxar. Muitas coisas que
acontecem são causadas pelo convívio – um novo dia, uma nova piada. Isso é somente uma
amostra do que a gente já passou. Mas essa banda é como uma vizinhança. Nós temos
nossos altos e baixos, mas tentamos fazer de tudo, agradável. Nós temos sorte, na nossa
idade, de ainda poder fazer isso. É fantástico. Especialmente desde que nós paramos de
beber e continuamos fazendo isso sem cair."
Citações
A única decisão de Geezer é no restaurante, entre um sanduíche ou uma cerveja. - Dio,
Black Sabbath, 1983
Acho que não copio ninguém. Toco o que sinto, e minha influência principal é o jazz. Tony Iommi, em 1969
As pessoas dizem que lidamos com magia negra. Não fazemos sacrificios no palco.
Queremos fazer números mais pesados, e as frases de guitarras têm mais a ver com coisas
demoníacas do que com amor. Tocamos músicas que falam sobre magia negra, mas elas
são mais contra isso que a favor disso. - Tony Iommi, Black Sabbath, 1969
Eu e Bill não podiamos sair ao mesmo tempo, a gente dividia um único par de sapatos. Ozzy Osbourne, Black Sabbath, 1970
Eu entrei na banda para viajar, não para ser um rockstar. Eu nem pensava em gravar um
disco quando fizemos o primeiro álbum. Depois eu só queria dizer 'olha mãe, olha o que
fizemos - minha voz em um pedaço de plástico para sempre'. - Ozzy Osbourne, Black
Sabbath, 1985
Muitas pessoas estão sempre numa pior, mas não se tocam disso. Estamos tentando
transmitir isso às pessoas. - Bill Ward, Black Sabbath, no lançamento de Masters of
Reality, 1971
Ninguem gosta do Sabbath, a não ser o público. - Tony Iommi, Black Sabbath, 1972
No palco, Tony fazia solos enormes que pareciam Jazz. Qer dizer: Jazz num show do Black
Sabbath - ridículo. Eu ficava olhando do lado do palco, rangendo os dentes. - Ozzy
Osbourne, Black Sabbath, 1981
Nossa música parece ser mais maligna que a de outras bandas. Mas essa coisa de magia
negra está saindo do controle. Estamos meio interessados nisso, e o pessoal nos dá
crucifixos, mas é só. - Geezer Buttler, Black Sabbath, 1970
Não achava legal cantar sobre paz quando eu vivia numa bosta de cidade (Birmingham),
poluída e violenta, onde todo mundo ganhava mal e passava as noites enchendo a cara.
Nossa música refletia nossa raiva. Depois que misturamos temas de bruxaria e satanismo, o
som da banda mudou para uma coisa totalmente nova, que foi chamada de Heavy Metal. Ozzy Osbourne
Nós frequentamos os mesmos bares e temos o mesmo senso de humor. Espero anos e anos
de união produtiva e excitante - Ian Gillan, ao entrar no Sabbath, 1983
Nós éramos pobres. Literalmente pobres. Se não fosse pela mãe de Tony acho que não
teríamos conseguido. Ela costumava fazer sanduíches e nos dava cigarros. - Ozzy
Osbourne, Black Sabbath, 1985
O Deep Purple vai voltar com tudo. E eu devo muito ao Tony e ao Geezer pela força que
me deram - Ian Gillan, ao sair do Sabbath, 1984
O Sabbath foi uma reação contra aquela merda toda de paz, amor e felicidade. Era só olhar
em volta e ver que bosta de mundo a gente vivia. - Ozzy Osbourne, Black Sabbath, 1970
Oh, não, eu nunca atirei em gatos ! Uma vez, atirei num cavalo, pois eu gosto de atirar.
Tenho várias armas em minha casa. - Ozzy Osbourne, Black Sabbath, 1976
Quando entra alguem novo na banda, tem que competir com o passado, o que é muito
difícil. Mas ele se deu bem. Alguns dos cantores que ele substituiu são os melhores do
mundo. - Tony Iommi, Black Sabbath, fala sobre o vocalista Tony Martin, 1990
Quando fizemos a primeira turnê pelos Estados Unidos, havia o medo de que aquela coisa
de magia negra atrapalhasse. Lá, a capa do disco teria só a foto do grupo, nada de bruxarias
e cruzes invertidas - Geezer Buttler, Black Sabbath, 1970
Sim, eu estive com o Jethro Tull durante três semanas! E daí? - Tony Iommi, Black
Sabbath, 1971
Sim, eu realmente gosto dele sim. Mas Tony roubou todos os meus álbuns do Sinatra. De
onde você acha que vem aqueles riffs? - Geezer Buttler, Black Sabbath, 1980
Tivemos que usar o nome Earth por algum tempo, pois alguns lugares não aprovavam o
nome Black Sabbath e não faziam propaganda. Só adotamos o nome em julho de 1969. Tony Iommi, Black Sabbath, 1970
Tocávamos em bares, dávamos o maior sangue e os caras ficavam conversando. Então
aumentamos o volume até ser impossível conversar. E acho que funcionou! - Bill Ward,
Black Sabbath, 1970
Todos os discos de 1983 até hoje eram pra ter sido trabalhos próprios, mas a gravadora quis
que eu usasse o nome Black Sabbath. Era muita pressão, e eu estava muito a fim de gravar,
então... - Tony Iommi, Black Sabbath, 1990
toquei no Jethro Tull durante duas semanas. Mas eu me sentia mais em casa no Black
Sabbath; no Jethro eu não tinha certeza de que ia me encaixar. - Tony Iommi, Black
Sabbath, 1971
Uma vez eu fiz o sinal da paz e todo o público fez também. Então passei a fazê-lo sempre. Ozzy Osbourne, Black Sabbath, 1976
Uma vez, durante um show em 1970, o Ozzy sumiu de repente. Quando voltou pro palco,
estava pintado de cor de rosa dos pés à cabeça. A gente fazia umas coisas esquisitas na
época. - Geezer Butler, Black Sabbath
Eu frequentei um psiquiatra por algum tempo. Ele fazia jogos com minha mente. Ele
perguntava coisas como 'você se masturba'? E eu perguntava 'você respira'? - Ozzy
Osbourne, Black Sabbath, 1975
Discografia
Álbuns oficiais
Lançamento
Título
Gravadora
Posições
Atingidas
1970
Black Sabbath
Warner Bros.
#8 UK
#23 US
1970
Paranoid
Warner Bros.
#1 UK
#12 US
1971
Master of Reality
Warner Bros.
#5 UK
#8 US
1972
Black Sabbath, Vol. 4
Warner Bros.
#8 UK
#13 US
1973
Sabbath Bloody Sabbath
Warner Bros.
#4 UK
#11 US
1975
Sabotage
Warner Bros.
#7 UK
#28 US
1976
Technical Ecstasy
Warner Bros.
#13 UK
#51 US
1978
Never Say Die!
Warner Bros.
#12 UK
#69 US
1980
Heaven and Hell
Warner Bros.
#9 UK
#28 US
1981
Mob Rules
Warner Bros.
#12 UK
#29 US
1982
Live Evil
Warner Bros.
#13 UK
#37 US
1983
Born Again
Warner Bros.
#4 UK
#39 US
1986
Seventh Star
Warner Bros.
#27 UK
#78 US
1987
The Eternal Idol
Warner Bros.
#66 UK
#168 US
1989
Headless Cross
I.R.S.
#31 UK
#115 US
1990
TYR
I.R.S.
#24 UK
1992
Dehumanizer
Warner Bros.
#28 UK
#44 US
1994
Cross Purposes
I.R.S.
#41 UK
#122 US
1995
Cross Purposes Live
I.R.S.
-
1995
Forbidden
EMI
#71 UK
1998
Reunion
Epic Records
#41 UK
#11 US
2002 (gravado em
1970-1975)
Past Lives
Sanctuary Records #114 US
Álbums não oficiais e tributos
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1980 Live at Last
1995 Between Heaven & Hell
1997 Masters of Misery Tribute
1999 Hell Rules - A Sabbath Tribute
2000 Hell Rules II
1994 Nativity in Black Tribute
2000 Nativity in Black II Tribute
2000 The Best of (Limited Deluxe)
2000 Dehumanized Witch - A Mk2 Sabbath Tribute
2002 The String Quartet Tribute to Black Sabbath
2002 Sabbatum
2002 Bhangra Bloody Bhangra Tribute
2002 Hail Stonehenge Gods Tribute
2004 Sabbath Crosses: Tribute to Black Sabbath
2004 Evil Lives: True Metal Tribute to Black Sabbath
2005 Everything Comes & Goes: A Tribute to Black Sabbath
Álbuns Traduzidos
Tyr
Traduzido por Ricardo V. Copini
ANNO MUNDI
Can you see me, are you near me?
Can you hear me crying out for life?
Can you tell me, where's the glory?
Ride the days and sail the nights
When it's over you'll find the answer
Running in the whispering rain
Anno Mundi? Can you wonder!
Truth or thunder, life or blame
Do you see a vision of a perfect place?
Does it make you laugh
Put a smile on your face?
Do you need a mirror, do you see it well?
Does the hand of God still toll the bell?
There are people laughing
They're all laughing at you
If only they could see
What you're saying is true
Still generals fighting
Making war on the world
Don't they know, don't they know?
No, no, no
CHORUS
The wind in the night blows cold
Your eyes are burning
As the sands of our time grow old
Anno Mundi
Do you follow the path that so many tread?
Are you among the blind so easily lead?
Do you join the war, do you fight for the cause?
Depend on another to fight it alone
CHORUS
Can you see me now, can you hear me now?
Can you tell me where's the glory?
Ride the days and sail the nights
When it's over, you'll find the answer
Running in the rain
There's a hope that's growing
And a vision too
All those angry hearts now reach out for you
Do you look to the dawn
See a new day begun?
No longer the fool, the vision is done
ANO DO MUNDO
Você pode me ver, você está perto de mim?
Você pode me ouvir gritando pela vida?
Você pode-me dizer onde está a glória?
Cavalgue os dias e veleje as noites
Quando tiver acabado você achará a resposta
Correndo na chuva sussurrante
Ano do Mundo? Você consegue imaginar!?
Verdade ou trovão, vida ou culpa
Você tem a visão de um lugar perfeito?
Isso te faz rir?
Coloca um sorriso em seu rosto?
Você precisa de um espelho, você a vê bem?
A mão de Deus ainda toca o sino?
Há pessoas rindo
Estão todas rindo de você
Se ao menos elas pudessem ver (que)
O que você está dizendo é verdade
Os generais ainda lutando
Fazendo guerra no mundo
Eles não sabem, eles não sabem?
Não, não, não
REFRÃO:
Os ventos na noite sopram frios
Seus olhos estão queimando
Enquanto as areias do nosso tempo envelhecem
Ano do Mundo
Você segue o caminho que tantos trilharam?
Você está entre os cegos tão facilmente guiados?
Você participa da guerra, você luta pela causa?
Depende dos outros para combatê-la sozinho
REFRÃO
Você pode me ver agora, pode me ouvir agora?
Você pode me dizer onde está a glória?
Cavalgue os dias e veleje as noites
Quando tiver acabado você achará a resposta
Correndo na chuva
Há uma esperança que está crescendo
E uma visão também
Todos aqueles corações famintos anseiam por você
Você olha para a aurora
Vê que um novo dia começou?
Não mais o tolo, a visão está acabada
* Anno Mundi = Expressão em Latim que significa "o ano do mundo". Refere-se ao ano
que alguns calendários consideram como o da criação do mundo. Um exemplo é o
calendário Hebreu, que estabelece seu anno mundi em 3761 AC.
THE LAW MAKER
The horizon breaks
Where a figure stands
Close your eyes and pray
It's a vision of God's command
CHORUS:
He's evil and mysterious
People fear his name
He's not here for deliverance, no
He's the Lawmaker
He never speaks
But his task we're told
To seek out souls of the sinners
He'll trade for gold
CHORUS
Silver mountains
Won't save you from hell
The prince of darkness
Inside you will dwell
Oh your weakness your past
The Lawmaker comes
He's evil and mysterious
People fear his name
He's not here for deliverance, no
He's the Lawmaker
He's the Lawmaker
O LEGISLADOR
O horizonte desponta
Onde uma figura está
Feche seus olhos e reze
É uma visão do poder de Deus
REFRÃO:
Ele é maligno e misterioso
As pessoas temem seu nome
Ele não está lá por libertação, não
Ele é o Legislador
Ele nunca fala
Mas suas tarefas foram ditas
Para procurar as almas dos pecadores
Ele vai negociar por ouro
REFRÃO
Montanhas de prata
Não vão te salvar do inferno
O príncipe das trevas
Lá dentro onde você vai morar
Oh, sua fraqueza é seu passado
O Legislador chega
Ele é maligno e misterioso
As pessoas temem seu nome
Ele não está lá por libertação, não
Ele é o Legislador
Ele é o Legislador
JERUSALEM
The highway's screamin', callin' out your name
Cause every road that you travel on
There's a price to pay
A thousand eyes are starin'
But the blind still lead the blind
CHORUS:
Where will you turn if it all goes wrong
And you're on the run
Jerusalem?
You say you walked through the valley
You say you've seen the signs
Echoes call you from a distant age
Or is it in your mind?
Then a thousand souls rise from the sea
Holding up the sun
And an angel cries 'beware your lies'
It could be the end of it all
CHORUS
Everybody knows your name
Every road leads to anger
Will it always be the same
Is there reason to return?
When an angel cries - Jerusalem
Better watch your lies - Jerusalem
When an angel cries - Jerusalem
JERUSALÉM
A estrada está gritando, chamando seu nome
Pois em cada estrada que você viaja
Há um preço a pagar
Mil olhos estão encarando
Mas o cego ainda conduz o cego
REFRÃO:
Pra onde você vai virar se tudo der errado?
E você está em fuga
Jerusalém?
Você diz que caminhou pelo vale
Você diz que viu os sinais
Ecos te chamam de uma era distante
Ou estão em sua mente?
Então mil almas erguem-se do mar
Agarrando o sol
E um anjo grita 'cuidado com suas mentiras'
Poderia ser o fim de tudo
REFRÃO
Todos sabem seu nome
Toda estrada leva à ira
Será que será sempre assim
Há alguma razão para retornar?
Quando um anjo chora - Jerusalém
Melhor ter cuidado com suas mentiras - Jerusalém
Quando um anjo chora – Jerusalém
THE SABBATH STONES
Fire and water, wind and rain
Wings that carry hell in every vein
World possessions, endless tears
Truth and knowledge
Stolen all their years
World turns slowly, sun don't shine
Silence stills the air and kills the chime
Words are poison, passion bleeds
2000 years on earth has sown the seeds
The time of dreams has turned
The night is gone and light shines on
Where darkness once would hide
With spirits high, our fears were born
CHORUS:
Receiver of light
The kingdom of God will guide you
Keep you from a restless heart
Deceiver of night, the stranger that laughs
Within you, the reason for the restless heart
Is the keeper of the Sabbath Stones
Fire and water, wind and rain
Wings that carry hell in every vein
World turns slowly, sun don't shine
Silence stills the air and kills the chime
Can faith destroy desire?
Each breath a prayer
Each step brings fear
The eyes of they that see
Have evil stare
Watch over me
Receiver of light
The kingdom of God will guide you
Keep you from a restless heart
Deceiver of night, the stranger that laughs
Within you, the reason for the restless heart
Is the keeper of the Sabbath Stones
And He's the keeper of the Sabbath Stones
What God is this that stands to hear his people cry?
What hand would strike and watch his people die?
What life that takes, what future did we earn?
It's our mistakes, take heed the Sabbath Stones
What life that takes, what future did we earn?
It's our mistakes
AS PEDRAS DO SABÁ
Fogo e água, vento e chuva
Asas que carregam o inferno em cada veia
Possessões do mundo, lágrimas sem fim
Verdade e conhecimento
Roubaram todos os seus anos
O mundo gira lentamente, o sol não brilha
O silêncio acalma o ar e mata os carrilhões
Palavras são veneno, a paixão sangra
2000 anos na terra plantaram as sementes
O tempo dos sonhos mudou
A noite se foi e a luz continua a brilhar
Aonde a escuridão se esconderia
Com espíritos elevados, nossos medos nasceram
REFRÃO:
Receptor da luz
O reino de Deus o guiará
Guardá-lo de um coração sem descanso
Enganador da noite, o estranho que ri
Dentro de você, a razão para o coração sem descanso
É o guardião das Pedras do Sabá
Fogo e água, vento e chuva
Asas que carregam o inferno em cada veia
O mundo gira lentamente, o sol não brilha
O silêncio acalma o ar e mata os carrilhões
Pode a fé destruir o desejo?
Cada suspiro uma oração
Cada passo traz medo
Os olhos daqueles que vêem
Tem maldade em cada olhar
Cuide de mim
Receptor da luz
O reino de Deus o guiará
Guardá-lo de um coração sem descanso
Enganador da noite, o estranho que ri
Dentro de você, a razão para o coração sem descanso
É o guardião das Pedras do Sabá
E ele é o guardião das Pedras do Sabá
Que Deus é esse que pára para ouvir seu povo chorar?
Que mão golpearia e veria seu povo morrer?
Qual a vida que leva, que futuro ganharemos?
São nossos erros, atente-se com as Pedras do Sabá
Qual a vida que leva, que futuro ganharemos?
São nossos erros
THE BATTLE OF TYR
(Instrumental)
A BATALHA DE TYR *
(Instrumental)
* Tyr = Deus germânico original da guerra e patrono da justiça, precursor de Odin. Ao
tempo dos Vikings, Tyr abriu caminho para Odin, que se tornou ele próprio o deus da
Guerra. Tyr passou a ser considerado filho de Odin, inspirando coragem e heroísmo em
batalha, representado por um homem sem a mão direita, arrancada pelo deus-lobo Fenrir.
Seu símbolo é a lança, na mitologia nórdica tanto uma arma como um símbolo de justiça.
ODIN'S COURT
As you walk alone
The night surrounds you like a shroud
The dreams you had
Were once of love and being proud
Misty horizons block your vision of the world
But the raven's eyes will show you
All you need to know
The land you loved is now so barren and so cold
The name of God rings out so high in your soul
This time the masters will lead us by the sword
And should we fail then all prevails
In Odin's court
A CORTE DE ODIN *
Enquanto você caminha sozinho
A noite o cerca como uma mortalha
Os sonhos que você tinha antigamente
Eram sobre amor e sobre ser orgulhoso
Horizontes nebulosos bloqueiam sua visão do mundo
Mas os olhos do corvo irão lhe mostrar
Tudo o que você precisa saber
A terra que você amou agora é tão árida e tão fria
O nome de Deus soa tão alto em sua alma
Desta vez os mestres nos guiarão pela espada
E nós falharíamos, então tudo prevalece
Na corte de Odin
*Na Mitologia Nórdica, Odin era o maior dos deuses Vikings, governante de Asgard e
senhor de todas as magias. Possuía a lança Gungnir, que nunca errava o alvo e em cujo
cabo havia runas que ditavam a preservação da lei. Possuía igualmente um cavalo de oito
patas.
VALHALLA
Leading us on, to the land of eternity
Riding the cold cold winds of Valhalla
The Kingdom of Odin
Is the Kingdom of Gods
Where only souls of the brave
May rest in peace
But someone among them
Had the skill of deceit
And raised the hand that would open
The road to Hell
CHORUS:
When the winds of Valhalla run cold
Be sure that the blood will start to flow
When the winds of Valhalla run cold
Valhalla - Valhalla
The ring has been broken
And a soul must be saved
Among the bravest of men
Who rides to Hell
The longships are sailing
And the chariots ride
And yes the anger of Thor will serve you well
CHORUS
Raise your hands
Reach and Valhalla will save your soul
Raise your eyes
And Odin will lead us on
They say that history repeats itself
Upon the year of the seventh century
Well nobody knows, no you never can tell
So you'd better run now and hide away
CHORUS
VALHALLA *
Guiando-nos para a terra da eternidade
Cavalgando os frios ventos de Valhalla
O Reino de Odin
É o Reino dos Deuses
Onde apenas as almas dos bravos
Podem descansar em paz
Mas alguém entre eles
Tinha a habilidade da mentira
E ergueu a mão que abriria
A estrada para o inferno
REFRÃO:
Quando os ventos de Valhalla sopram frios
Esteja certo de que o sangue vai começar a fluir
Quando os ventos de Valhalla sopram frios
Valhalla – Valhalla
O anel foi quebrado
E uma alma deve ser salva
Entre os homens mais bravos
Quem cavalga ao inferno
As chalupas estão navegando
E as carruagens andando
E sim, a ira de Thor o irá servir bem
REFRÃO
Erga suas mãos
Alcance e Valhalla salvará sua alma
Erga seus olhos
E Odin nos guiará
Dizem que a história repete a si mesma
Próximo do ano do sétimo século
Bem, ninguém sabe, não, você nunca pode dizer
Então é melhor você correr agora e se esconder
REFRÃO
* Valhala, Valhalla ou Walhala (há, ainda, quem use a forma original, Valhol) na mitologia
nórdica é o local onde os guerreiros Vikings eram recebidos após terem morrido, com
honra, em batalha.
FEELS GOOD TO ME
The chapter is opened
And the pages are turned
The writings say many things
But who was concerned
Where can we run to now
When will we learn?
When it's lost it's gone forever
For years they told me what I should do
Down to the places to go
And who should I talk to
But that don't matter no more
Since I found out the truth
And it feels good to me
The world is turnin'
Forever turnin'
Forever yearnin'
For the love of life
And you're wrong if you think
That I'm afraid to love
I wonder
I wonder does it not seem strange to you
Just how the tables have turned on me and you?
How long can we go on livin'
Livin' the way we do?
When it's lost it's gone forever
It feels good to me.....
PARECE BOM PARA MIM
O capítulo está aberto
E as páginas estão viradas
As escrituras dizem muitas coisas
Mas quem foi inquieto
Para onde podemos correr agora
Quando iremos aprender?
Quando está perdido, se foi pra sempre
Por anos me disseram o que eu deveria fazer
A que lugares ir
E com quem eu deveria falar
Mas isso não importa mais
Já que eu descobri a verdade
E isso parece bom para mim
O mundo está mudando
Mudando para sempre
Sofrendo para sempre
Pelo amor da vida
E você está errado se pensa
Que eu tenho medo do amor
Eu imagino
Eu imagino se não parece estranho para você
Como os feitiços viraram contra mim e contra você?
Quanto tempo podemos continuar vivendo
Vivendo desse jeito?
Quando está perdido, se foi pra sempre
Isso parece bom para mim.....
HEAVEN IN BLACK
Rising with the sun, the work has been done
But people are starting to stare
Called from afar to the court of the Czar
Could it be something is wrong?
You stand face to face
And your heart gathers pace
For the answer to a question a prize
If only you had known
To be honest was wrong
For the work that you've done
You will pay with your eyes
CHORUS:
Into the black where the night
Never ends and the light
Leaves a scar on your soul
Where your heart used to hold
Your love here!
Heaven in Black
Inside there's a voice
saying was there a choice
you'd still be entombed in the night
Lucifer's to blame, the reason for the flame
They've taken your sight
But they'll not take your God
CHORUS
PARAÍSO DE LUTO
Surgindo com o sol, o trabalho foi feito
Mas as pessoas estão começando a ver
Chamadas de bem longe para a corte do Czar
Poderia algo estar errado?
Você fica face a face
E seu coração dispara
Para a resposta a uma pergunta, um prêmio
Se ao menos você soubesse que
Ser honesto era errado
Pelo trabalho que você fez
Você pagará com seus olhos
REFRÃO:
No escuro onde a noite
Nunca acaba e a luz
Deixa uma cicatriz em sua alma
Onde o seu coração costumava guardar
Seu amor aqui!
Paraíso de Luto
Lá dentro há uma voz
Dizendo que há uma chance
Você ainda estaria sepultado na noite
Lúcifer a culpar, a razão para as chamas
Tiraram sua visão
Mas não vão tirar seu Deus
REFRÃO
BLACK SABBATH:
Tony Martin – Vocais
Tony Iommi – Guitarra
Neil Murray – Baixo
Geoff Nicholls – Teclados
Cozy Powell – Bateria
Cross Purposes
Traduzido por Fernando P. Silva
I Witness
Across the desert of the burning dark
A darkness which illuminates you
There's a place you've always wanted to be
Whose pleasures always did escape you
It's always been so out of reach
Nothing, so near, ever felt so far
And now it's here within your grasp
A never ending burning says it all
CHORUS
As you drive into the darkness
In front the future, behind you history
Caught alone in the dark night, do you think
That's the way it's supposed to be
You don't believe your eyes
‘cos all they see is
Lies, oh yeah
You better run from the holy man
The eyes that will are set up on you
Listen not to verse and prayer
Songs that thrill and voices tempt you
The inner flame has fear of death
Never has light ever seemed so dark
Pilgrims of sabbocracy*
Hear the hounds of heaven
As they bark
CHORUS
I witness a time and a place that never dies
Still frozen in time
This darkness the only place that I can hide
I witness, a dream
Eu Testemunho
Pelo deserto da escuridão ardente
Uma escuridão que te ilumina
Há um lugar que você sempre quis estar
Cujos prazeres sempre te escaparam
Sempre estiveram fora de alcance
Nada, muito próximo, sempre tão distante
E agora está aqui em suas mãos
Uma chama infinita diz tudo
REFRÃO
Enquanto você se dirige às trevas
Na frente o futuro, atrás de você a história
Pego sozinho na escuridão da noite, você acha
Que é assim que deveria ser?
Você não acredita em seus olhos
Pois tudo que eles vêem são
Mentiras, oh yeah
Melhor você fugir do homem santo
Os olhos que irão cravar em você
Não escute o verso e a oração
Canções que impressionam e vozes que te tentam
A chama interior tem medo da morte
Nunca a luz pareceu tão escura
Peregrinos da sabácracia*
Ouçam os cães-de-caça do paraíso
Enquanto eles ladram
REFRÃO
Eu testemunho um tempo e um lugar que nunca morre
Ainda congelados no tempo
Esta escuridão, o único lugar que posso me esconder
Eu testemunho, um sonho
* Sabbocracy = Junção de Sabbath (Sabá) com o sufixo Cracy (Cracia). É um termo criado
por Geezer Butler, no qual ‘peregrinos’ é uma referência aos fãs da banda.
Cross Of Thorns
Don't come closer, cos it ain't safe here
Just turn around now and walk away
I've gotta tell you, there are no rules here
Sometimes I wonder, what goes on there
Behind those eyes
CHORUS
When a promise is broken
And no one trusts you
Young ones crying with their heads in their hands
When you talk about saving
The souls of the faithful
You can't help thinking
You've got blood on your hands
From a cross of thorns
Tongues of fire always talking
Wasted words that ring in my ears
We're still waiting, losing patience
Will all the lies of 400 years
I've got to tell you, there are no rules here
Sometimes I wonder
What goes on there, behind those eyes
CHORUS
We gave you yesterdays
And now you want today
Oh, from the hands of death
We take our daily bread
Now all we do is choke
And the words that you once spoke
Fade away
Look at what you've done
Oh, it's a cross of thorns
Take away, this cross of thorns
Look at what you've done
It's a cross of thorns, cross of thorns.
When a promise is broken
And no one trusts you
You've got blood on your hands
From a cross of thorns
Cruz de Espinhos
Não se aproxime, pois não é seguro aqui
Apenas vire-se e vá embora
Eu tenho que lhe contar, não há regras aqui
Às vezes eu me pergunto, o que acontece lá
Atrás daqueles olhos
REFRÃO
Quando uma promessa é quebrada
E ninguém confia em você
Jovens chorando com as mãos no rosto
Quando você fala em salvar
As almas dos fiéis
Você não consegue parar de pensar (que)
Você tem sangue em suas mãos
De uma cruz de espinhos
Línguas de fogo sempre falando
Palavras perdidas que soam em meus ouvidos
Nós ainda estamos esperando, perdendo a paciência
Todas as mentiras de 400 anos
Eu tenho que lhe contar, não há regras aqui
Às vezes eu me pergunto
O que acontece lá, atrás daqueles olhos
REFRÃO
Nós te demos o ontem
E agora você quer o hoje
Oh, das mãos da morte
Nós tiramos nosso pão de cada dia
Agora tudo que fazemos é engasgar
E as palavras que você uma vez dissera
Desaparecem
Olha o que você fez
Oh, é uma cruz de espinhos
Jogue fora, esta cruz de espinhos
Olha o que você fez
É uma cruz de espinhos, cruz de espinhos
Quando uma promessa é quebrada
E ninguém confia em você
Você tem sangue em suas mãos
De uma cruz de espinhos
Psychophobia
Mortal eyes, looking through a veil of dreams
Hypnotized, and ever living soul with wings
Think you're god, but you never had control
Think you're loved, but there's no one there at all
CHORUS
My colours all ran dry
And now I see the world in black and white
It's too late now, it's time to kiss the rainbow
Goodbye
Poison tears running from a palsied face
Satan nears, descending on the human race
Think you're god, but you never had control
Think you're loved, but there's no one there at all
CHORUS
Listen to the wind, hear the gospel blows
Tell me that you don't hear what I'm hearing
And I will let you go
Look up to the sky, put your trust in me
Tell me that you ain't feelin' what I'm feelin'
And I will set you free
Look into the flame, see the embers glow
Tell me that you don't see what I'm seein'
And I will let you go
Look up at the sky, put your trust in me
Tell me that you ain't feelin' what I'm feelin' and I
Will set you free
Look into the flame, see the embers glow
Tell me that you don't see what I'm seein'
And I will let you go
Taste the holy blood, runnin from my veins
Tell me that you ain't feelin' what I'm feelin' and
I'll take away the pain
Yes I will now, oh yes I will
It's time to kiss the rainbow, goodbye
Psicofobia
Olhos mortais, olhando através de um véu de sonhos
Hipnotizados, e eternamente uma alma viva com asas
Acho que você é deus, mas você nunca teve controle
Acho que você é amado, mas não há ninguém lá afinal
REFRÃO
Minhas cores secaram todas
E agora eu vejo o mundo em preto e branco
Agora é tarde demais, é hora de beijar o arco-íris e
Adeus
Lágrimas venenosas escorrendo de um rosto paralisado
Satã se aproxima, lançando-se sobre a raça humana
Acho que você é deus, mas você nunca teve controle
Acho que você é amado, mas não há ninguém lá afinal
REFRÃO
Escute o vento, ouça o evangelho soprar
Diga-me que você não ouve o que eu estou ouvindo
E eu lhe deixarei ir
Olhe para o céu, deposite sua confiança em mim
Diga-me que você não está sentindo o que eu estou
E eu irei te libertar
Olhe dentro da chama, veja as brasas arderem
Diga-me que você não vê o que eu estou vendo
E eu lhe deixarei ir
Olhe para o céu, deposite sua confiança em mim
Diga-me que você não está sentindo o que eu estou
E eu irei te libertar
Olhe dentro da chama, veja as brasas arderem
Diga-me que você não vê o que eu estou vendo
E eu lhe deixarei ir
Prove o sangue sagrado, correndo de minhas veias
Diga-me que você não está sentindo o que eu estou
E eu irei tirar sua dor
Sim eu irei agora, oh sim eu irei
É hora de beijar o arco-íris, e adeus
Virtual Death
Reach out and take for me
Fruit of the poison tree
Give me your body and your soul
My youth is fading fast
Years melt into the past
This mortal life will take its toll
CHORUS:
I'm sick and tired of losing
You find this so amusing
It's all I have to keep myself
In this state I'm in
This park of nature’s fire, my only one desire
This world is hanging by a thread
CHORUS:
I'm sick and tired of losing
You find this so amusing
It's all I have to keep myself
In this state I'm in
People always tried to change me
Alter everything I am
Though you find this so amusing
You left me in this state I'm in
Virtual death
You may think this existence
Is just a human weakness
Inside my mind it's near the end
Virtual death
I'm losing, I'm fading fast
I'm dying, virtual death
Morte Virtual
Estenda a mão e pegue para mim
O fruto da árvore venenosa
Me dê seu corpo e sua alma
Minha juventude está esmorecendo depressa
Os anos se desmancham no passado
Esta vida mortal cobrará seu preço
REFRÃO:
Eu estou cansado de perder
Você acha isto tão divertido
É tudo que tenho para me manter
Neste estado em que me encontro
Este incêndio da natureza, meu único desejo
Este mundo está pendurado por um fio
REFRÃO:
Eu estou cansado de perder
Você acha isto tão divertido
É tudo que tenho para me manter
Neste estado em que me encontro
As pessoas sempre tentaram me mudar
Alterar tudo que sou
Embora você ache isto tão divertido
Você me deixou neste estado em que estou
Morte virtual
Você pode pensar que esta existência
É apenas uma fraqueza humana
Dentro de minha mente o fim está próximo
Morte virtual
Eu estou perdendo, estou esmorecendo depressa
Eu estou morrendo, morte virtual
Immaculate Deception
In the daylight, comes darkness
On the verge of night a fear is born
Sweeter than the dream, the reality of you
Immaculate, deception
From the spirit runs poison
And the wheel of fortune is ever still
Sweeter than the light
The darkness of your soul
Immaculate, deception
Something has touched the spirit inside
Once there was love now there's a void
Nights of deception, ghosts in my mind
Am I bewitched, slave to desire
It's knowing that times keeps rolling on
Night after day, day after night
It's knowing that feeling of coming home
To where my spirit lies
It's knowing that feeling of coming home
To where my spirit lies
Imaculada Decepção
Na luz do dia, vem a escuridão
No limiar da noite um medo nasce
Mais doce do que o sonho, a sua realidade
Imaculada, decepção
Do espírito corre o veneno
E a roda da fortuna está sempre parada
Mais doce que a luz
A escuridão de sua alma
Imaculada, decepção
Algo tocou o espírito por dentro
Onde outrora havia amor agora há um vazio
Noites de decepção, fantasmas em minha mente
Estou enfeitiçado, escravo do desejo?
Ciente de que os tempos continuam transcorrendo
Noite após dia, dia após noite
Ciente daquela sensação de voltar pra casa
Para onde meu espírito jaz
Ciente daquela sensação de voltar pra casa
Para onde meu espírito jaz
Dying For Love
Can you hear, the people sing their song
To tunes of glory, they move as one
Refugees of liberation marching on
Sing your song, rock the nation
Write of wrongs
When you take a life and steal its shadow
All that's left is humanity
It's getting closer, change is bound to come
There's someone out there
Holding candles to the sun
Then an answer
Says that peace will come around
Stand in line, take your time and be proud
When you take a life and steal its shadow
All that's left is humanity
Take a man and steal tomorrow
All that's left is you and me
Hear them call you, soldiers all in the field of love
Brothers, sisters, children all dying for love
Refugees of liberation marching on
Sing your song, rock the nation
Write of wrongs
When you take a life and steal its shadow
All that's left is humanity
Take a man and steal tomorrow
All that's left is you and me
Hear them call you, soldiers all in the field of love
Brothers, sisters, children all dying for love
Hear them call you, dying for love
Those who know you, dying for love
Brothers, sisters, dying for love
Saints and sinners
Dying for love
Dying for love
Morrendo Por Amor
Consegue ouvir as pessoas cantando suas canções?
Para melodias de glória, elas se movem feito um só
Refugiadas da libertação, marchando adiante
Cante sua canção, sacuda a nação
Escreva sobre injustiças
Quando você tira uma vida e rouba sua sombra
Tudo que resta é a humanidade
Está se aproximando, a mudança está chegando
Há alguém lá fora
Segurando velas ao sol
Então uma resposta
Diz que a paz chegará
Fiquem em fila, não se apressem e fiquem orgulhosos
Quando você tira uma vida e rouba sua sombra
Tudo que resta é a humanidade
Pega um homem e rouba o amanhã
Tudo que resta é você e eu
Ouça-os te chamar, soldados todos no campo do amor
Irmãos, irmãs, crianças, todos morrendo por amor
Refugiadas da libertação, marchando adiante
Cante sua canção, sacuda a nação
Escreva sobre injustiças
Quando você tira uma vida e rouba sua sombra
Tudo que resta é a humanidade
Pega um homem e rouba o amanhã
Tudo que resta é você e eu
Ouça-os te chamar, soldados todos no campo do amor
Irmãos, irmãs, crianças, todos morrendo por amor
Ouça-os te chamar, morrendo por amor
Aqueles que te conhecem, morrendo por amor
Irmãos, irmãs, morrendo por amor
Santos e pecadores
Morrendo por amor
Morrendo por amor
Back To Eden
We are the star demons
Reaching out yeah
We want to touch your world
We are the dream makers, pure and sweet
We're gonna change your world
CHORUS:
When you're tired of giving reasons
And freedom fighting freedom
If you're searching for an answer
We can bring you back to Eden
There's no need for pain and anger
The power of peace can destroy the gun
Leave behind man's vanity yeah
And living life on the run
CHORUS
Is god forgiving, is this the final warning
Watching as the future turns
Science fiction, real life addiction
The human race will never learn
De Volta Ao Éden
Nós somos os demônios das estrelas
Estendendo as mãos, sim
Nós queremos tocar o seu mundo
Nós somos os criadores do sonho, puro e doce
Nós vamos mudar seu mundo
REFRÃO:
Quando você está cansado de dar explicações
E liberdade combatendo liberdade
Se você está procurando uma resposta
Nós podemos trazer você de volta ao Éden
Não há necessidade para dor e raiva
O poder da paz pode destruir a arma
Deixe para trás a vaidade do homem, sim
E viva a vida pra valer
REFRÃO
Deus perdoa? Este é o aviso final?
Observando enquanto o futuro transforma
Ficção científica, vício da vida real
A raça humana nunca aprenderá
The Hand That Rocks The Cradle
Young life, too young
Whose eyes are choking
Can't rest, can't sleep
For dreams that set you falling
Don't feel the hunger
Can't drink no holy water
No light in these eyes
No place for dreams at all
Tonight
When the hand that rocks the cradle
Is the hand that holds the knife
And the knife that cuts the cable
Kills the spark that feeds the life
CHORUS:
No grave could be deep enough
Down to hell if we were able
The veil of life was pushed aside
By the hand that rocks the cradle
The oath you take is sacred
To save not steel a life
Like the passing of the sweetest soul
That looked through human eyes
CHORUS
Young life, too young
Whose eyes are choking
Can't rest, can't sleep
For dreams that set you falling
Don't feel the hunger
Can't drink no holy water
No light in these eyes
No place for dreams at all
Tonight
CHORUS
It's the hand that rocks the cradle
Is the hand that steels the life
A Mão Que Balança O Berço
Vida jovem, jovem demais
Cujos olhos estão sufocando
Não consegue descansar, não consegue dormir
Pois os sonhos que te puseram em queda
Não sentem fome
Não conseguem beber nenhuma água-benta
Sem luz nestes olhos
Sem espaço para sonhos
Esta noite
Quando a mão que balança o berço
É a mão que segura a faca
E a faca que corta o cabo
Mata a centelha que alimenta a vida
REFRÃO:
Nenhum túmulo poderia ser profundo o bastante
Até o inferno se fôssemos capazes
O véu da vida foi posto de lado
Pela mão que balança o berço
O juramento que você fez é sagrado
Não para salvar uma vida
Como a passagem da mais doce alma
Que olhou através de olhos humanos
REFRÃO
Vida jovem, jovem demais
Cujos olhos estão sufocando
Não consegue descansar, não consegue dormir
Pois os sonhos que te puseram em queda
Não sentem fome
Não conseguem beber nenhuma água-benta
Sem luz nestes olhos
Sem espaço para sonhos
Esta noite
REFRÃO
É a mão que balança o berço
É a mão que acera a vida
Cardinal Sin
Where do you go
When your conscience takes over
Do you crawl to your corner and cry
Did you imagine that no one would notice
Just a secret to take when you die
All the world is watching you
Every tongue is screaming sinner
How are your dreams, do they claw at your sleep
Making darkness a place you despise
Where is the god, that once was your strength
Are you sure he was there from the start.
All the world is watching you
Nowhere you can hide
Every tongue is screaming sinner
Only satan hears your cries
When you sin cardinal sin
You make your bed and on it you must lie
And your futures looking grim
But did you ever give a damn about the child
He's running wild*
When you sin cardinal sin
Don't you expect the world will treat you well
We say oh, go to hell
We point the finger, sin cardinal sin
Laugh in your face, sin
Cardinal sin
We point the finger, laugh in your face
Cos you're no better
Than the rest of the human race
Oh sin cardinal sin, oh sin cardinal sin
Pecado Cardeal
Aonde você vai
Quando sua consciência te domina?
Você se arrasta para um canto e chora?
Você imaginou que ninguém notaria?
Apenas um segredo a arrancar quando você morrer
O mundo todo está te observando
Toda língua está gritando pecador
Como estão seus sonhos, eles se agarram em seu sono?
Fazendo da escuridão um lugar que você despreza
Onde está o deus que uma vez era a sua força?
Você tem certeza que ele estava lá desde o início?
O mundo todo está te observando
Em nenhuma parte você pode se esconder
Toda língua está gritando pecador
Só satã ouve seus gritos
Quando você peca, pecado cardeal
Você arruma sua cama e nela você tem que deitar
E seus futuros olhares macabros
Mas você se importava com o menino?
Ele age sem controle*
Quando você peca, pecado cardeal
Não espere que o mundo te trate bem
Nós dizemos oh, vá para o inferno
Nós apontamos o dedo, pecado cardeal
Rimos na sua cara, pecado
Pecado cardeal
Nós apontamos o dedo, rimos na sua cara
Pois você não é melhor
Que o resto da humanidade
Oh pecado pecado cardeal, oh pecado pecado cardeal
* Running wild = Expressão idiomática. Se enfurecer, perder o juízo, agir sem controle,
fazer tudo o que lhe der na telha.
Evil Eye
Something about the way that you look on me
You watch every move
Every word, every fantasy
Got no time for love
There's something on your mind
Got the face of an angel
But the stare of a devil inside
CHORUS
Got hell looking up, heaven looking down
People say the woman's got an evil eye
Got hell looking up, heaven looking down
Free me from the woman with the evil eye
I turn away but still I see that evil stare
Trapped inside my dreams
I know you're there
Thoughts of happiness
You destroyed them all
First inside my head
Then inside my soul
CHORUS
Got hell looking up, heaven looking down
People say the woman's got an evil eye
Got hell looking up, heaven looking down
Free me from the woman with the evil eye
Mau Olhado
Algo de estranho da maneira como você me observa
Você observa cada movimento
Cada palavra, cada fantasia
Não tem tempo para o amor
Há algo em sua mente
Tem o rosto de um anjo
Mas o fitar de olhos de um demônio por dentro
REFRÃO
O inferno olhando pra cima, o paraíso olhando pra baixo
As pessoas dizem que esta mulher tem um mau olhado
O inferno olhando pra cima, o paraíso olhando pra baixo
Me livre desta mulher com o mau olhado
Eu me afasto mas ainda vejo aquele olhar diabólico
Aprisionado dentro de meus sonhos
Eu sei que você está lá
Pensamentos de felicidade
Você destruiu todos
Primeiro dentro da minha cabeça
Depois dentro de minha alma
REFRÃO
O inferno olhando pra cima, o paraíso olhando pra baixo
As pessoas dizem que a mulher tem um mau olhado
O inferno olhando pra cima, o paraíso olhando pra baixo
Me livre desta mulher com o mau olhado
Born Again
Traduzido por Ingrid Almeida
Colaboração: Márcio Ribeiro e Fernando P. Silva
TRASHED
It really was a meeting
The bottle took a beating
The ladies of the manor
Watched me climb into my car
And I was going down the track
About a hundred and five
They had the stopwatch rolling
And the headlights blazing I was really alive
And yet my mind was blowing
I drank a bottle of tequila and I felt real good
I had the tape deck roaring
But on the twenty-fifth lap at the canal turn
I went off exploring
I knew I wouldn't make it
The car just wouldn't take it
I was turning the tires burning
The ground was in my sky
I was laughing the bitch was trashed
And death was in my eye
I had started pretty good
And I was feeling my way
I had the wheels in motion
There was Peter and the Greenfly
Laughing like drains
Inebriation
The crowd was roaring
I was at Brands Hatch in my imagination
But at the canal turn I hit an oily patch
Inebriation
Ooh Mr. Miracle, you saved me from some pain
I thank you Mr. Miracle, I won't get trashed again
Ooh, can you hear my lies
Don't you bother with this fool
Just laugh into my eyes
So we went back to the bar
And hit the bottle again
But there was no tequila
Then we started on the whiskey
Just to steady our brains
'Cause there was no tequila
And as we drank a little faster
At the top of our hill
We began to roll
And as we got trashed
We were laughing still
Oh bless my soul
DETONADO
Realmente foi um encontro
A garrafa levou uma surra (1)
As damas do solar
Me viram subir em meu carro
E eu estava descendo a pista
Aproximadamente a cento e cinco (milhas por hora)
Eles estavam com o cronômetro rodando
E os faróis iluminando, eu estava realmente vivo
E no entanto minha cabeça estava estourando
Eu bebi uma garrafa de tequila e me sentia bem de verdade
Eu estava com o tape deck urrando
Mas na vigésima quinta volta na curva do canal
Eu saí (do prumo) explorando
Eu sabia que não ia conseguir
O carro simplesmente não ia agüentar
Eu estava virando, os pneus cantando
O chão estava no meu céu
Eu estava rindo, a cadela estava detonada
E a morte estava em meus olhos
Eu tinha começado muito bem
E eu estava examinando o meu caminho (2)
Eu tinha as rodas em movimento (3)
Lá estavam Peter e o Greenfly
Rindo alto feito calha na chuva (4)
Embriaguez
A multidão estava urrando
Eu estava em Brands Hatch (5) na minha imaginação
Mas na curva do canal eu acertei um trecho oleoso
Embriaguez
Ooh Sr. Milagre, você me salvou de uma certa dor
Eu te agradeço Sr. Milagre, eu não ficarei detonado outra vez
Ooh, você pode ouvir minhas mentiras
Não se incomode com este tolo
Apenas ri em meus olhos (6)
Então retornamos para o bar
E atacamos a garrafa mais uma vez (7)
Mas não havia tequila
Então partimos pro uísque
Só para firmar nossos pensamentos
Pois não havia tequila
E enquanto bebíamos um pouco mais depressa
No alto do nosso morro
Nós começamos a rolar
E enquanto ficávamos detonados
Ainda continuávamos rindo
Oh abençoe minha alma
(1) The bottle took a beating (a garrafa apanhou) – expressão idiomática significando que
se bebeu muito.
(2) Feelin’ my way = Tateando o meu caminho. Expressão idiomática que significa 'agir
com cautela diante de alguma situação, examinar ou estudar intuitivamente suas ações".
(3) Wheels in motion (as rodas em movimento) - expressão idiomática, o mesmo que ter as
coisas andando, acontecendo.
(4) Laughing like drains (rindo alto feito calhas na chuva) - expressão idiomática
equivalente ao dizer “rindo de forma barulhenta” (5) Brands Hatch - Autódromo inglês
localizado na cidade de Kent. Já serviu a Fórmula 1 até a temporada de 1986. Para os
brasileiros, o autódromo foi palco de uma vitória de Emerson Fittipaldi e local onde Ayrton
Senna conseguiu sua primeira pole da carreira.
(6) Laugh into my eyes (ri em meus olhos) – expressão idiomática equivalente ao dizer “ri
na minha cara” (7) Hit the bottle (atacamos a garrafa) – expressão idiomática equivalente
ao dizer “passamos a beber”.
DISTURBING THE PRIEST
Let's try getting to the sky
Hang on or you're going to die
Sour life can turn sweet
It's laying at your feet
Sweet child with an innocent smile
Watches closely all the while
Don't be fooled when he cries
Keep looking at the eyes
Good life is contradiction
Because of the crucifixion
If you're ready and have the need
I will take your soul and plant my seed
You just gotta listen to the night
At the ending of the day
You just gotta listen to the night
As safety slips away
Moving out of sight are the things
You need to see to feel
And as they slip away becoming so unreal unreal
You just gotta listen to the night
As you're going up the stairs
You just gotta listen to the night
And don't forget to say your prayers
And as you lose control to the eyes
In dark disguise
And icy fingers send electric lies
We're disturbing the priest
Won't you please come to our feast
Do we mind disturbing the priest
Not at all, not at all, not in the least
ahhhh, Do we mind disturbing the priest
aahhhh, not at all, not at all, not in the least
The force of the devil
Is the darkness the priest has to face
The force of the night
Will destroy him but will not disgrace
To get into his mind and to his soul
You gotta set alight
The flames of doubt so deep inside inside
The devil and the priest can't exist
If one goes away
It's just like the battle of the sun and the moon
And night and day
The force of the devil
That's what we're all told to fear
Watch out for religion
When he gets too near too near
We're disturbing the priest
Won't you please come to our feast
Do we mind disturbing the priest
Not at all, not at all, not in the least
Good life is contradiction
Because of the crucifixion
If you're ready and have the need
I will take your soul and plant my seed
aahhhh, ahhhh, ah ha ha ha haaa!
Let's try getting to the sky
Hang on or you're going to die
Sour life can turn sweet
It's laying at your feet
Sweet child with an innocent smile
Watches closely all the while
Don't be fooled when he cries
Keep looking at the eyes
Oh, disturbing the priest!
PERTURBANDO O PADRE
Vamos tentar chegar ao céu
Persista ou você vai morrer
(Uma) Vida azeda pode ficar doce
Ela está colocada a seus pés
Doce criança com um sorriso inocente
Observa com atenção o tempo todo
Não seja enganado quando ele grita
Continue olhando para os olhos
Vida boa é contradição
Por causa da crucificação
Se você estiver pronto e tiver a necessidade
Eu levarei sua alma e plantarei minha semente
Você só precisa ouvir a noite
Ao findar do dia
Você só precisa ouvir a noite
Enquanto a segurança vai escapando
Movendo-se fora do campo de visão estão as coisas
Que você necessita ver para sentir
E enquanto elas desvencilham se tornando tão irreais, irreais
Você só precisa ouvir a noite
Enquanto você está subindo as escadas
Você só precisa ouvir a noite
E não se esquecer de dizer suas orações
E enquanto você perde o (seu) controle para os olhos
Em disfarce sombrio
E dedos gelados emitem mentiras elétricas
Nós estamos perturbando o padre
Por favor, você não vem ao nosso festim?
Se nos incomodamos em perturbar o padre?
De modo algum, de modo algum, nem um pouco
Ahhh, Se nos incomodamos em perturbar o padre?
ahhh, de jeito algum, de jeito algum, nem um pouco
A força do diabo
São as trevas que o padre precisa encarar
A força da noite
Irá destruí-lo mas não irá desgraçá-lo
Para entrar dentro de sua mente e sua alma
Você precisa acender
As chamas da dúvida bem lá no fundo, no fundo
O diabo e o padre não podem existir
Se um se afastar
É como a batalha do sol e da lua
E da noite e do dia
A força do diabo
É o que somos ensinados a temer
Tenha cuidado com a religião
Quando ele chega perto demais, perto demais
Nós estamos perturbando o padre
Por favor, você não vem ao nosso festim?
Se nos incomodamos em perturbar o padre?
De modo algum, de modo algum, nem um pouco
Vida boa é contradição
Por causa da crucificação
Se você estiver pronto e tiver a necessidade
Eu levarei sua alma e plantarei minha semente
aahhhh, ahhhh, ah ha ha ha haaa!
Vamos tentar chegar ao céu
Persista ou você vai morrer
(Uma) Vida azeda pode ficar doce
Ela está colocada a seus pés
Doce criança com um sorriso inocente
Observa com atenção o tempo todo
Não seja enganado quando ele grita
Continue olhando para os olhos
Oh, perturbando o padre!
ZERO THE HERO
Accept the fact that you're second rate
Life is easy for you
It's all served up on a gold plated plate
And we don't even have to talk to you
Your face is normal, that's the way you were bred
And that's the way you're going to stay
Your head is firmly nailed to your TV channel
But someone else's finger's on the control panel
What you gonna be, what you gonna be brother
Zero the Hero
Don't you wanna be, don't you wanna be brother
Zero the Hero
When you gonna be, when you gonna be brother
Zero the Hero
Impossibility impissibolity* mother
Really a Hero
You sit there watch it all burn down
It's easy and breezy for you
You play your life to a different sound
No edge no edge you got no knife have you
Your life is a six-lane highway to nowhere
You're going so fast
You're never ever gonna get down there
Where the heroes sit by the river
With a magic in their music as they eat raw liver
What you gonna be, what you gonna be brother
Zero the Hero
Don't you wanna be, don't you wanna be brother
Zero the Hero
When you gonna be, when you gonna be brother
Zero the Hero
Impossibility impissibolity mother*
Really a Hero
You stand there captain we all look
You really are mediocre
You are the champion in the Acme form book
But I think you're just a joker
Your facedown life ain't so much of a pity
But the luv-a-duckin' way
You're walkin' around the city
With your balls and your head full of nothing
It's easy for you sucker
But you really need stuffing
What you gonna be, what you gonna be brother
Zero the Hero
Don't you wanna be, don't you wanna be brother
Zero the Hero
When you gonna be, when you gonna be brother
Zero the Hero
Impossibility impissibolity mother
Really a Hero
ZERO O HERÓI
Aceite o fato que você é de segunda linha
A vida é fácil pra você
Tudo é servido em uma baixela de ouro
E nós nem precisamos falar com você
Seu rosto é normal, é assim que você foi criado
E é assim que você vai continuar
Sua cabeça é pregada firmemente ao seu canal de TV
Mas o dedo de outra pessoa está no painel de controle
O que você será, o que você será irmão
Zero o Herói
Você não quer ser, você não quer ser irmão?
Zero o Herói
Quando você será, quando você será irmão
Zero o Herói
Impossibilidade, impossibilidade filho da puta*
Realmente um Herói
Você senta e assiste tudo queimar
É fácil e divertido pra você
Você toca sua vida em um som diferente
Sem fibra, sem fibra você não tem uma faca, tem?
Sua vida é uma estrada de seis pistas para lugar algum
Você está indo tão rápido
Você jamais chegará lá embaixo
Onde os heróis se sentam à beira do rio
Com magia em sua música enquanto comem fígado cru
O que você será, o que você será irmão
Zero o Herói
Você não quer ser, você não quer ser irmão?
Zero o Herói
Quando você será, quando você será irmão
Zero o Herói
Impossibilidade, impossibilidade filho da puta*
Realmente um herói
Você se posiciona feito um capitão e nós olhamos
Você é mesmo medíocre
Você é o campeão no livro de formas Acme
Mas eu acho que você é só um bobo da corte
Sua vida virada pra baixo não é tanto de dar pena
Mas o jeito levar-a-vida-na-flauta (que)
Você está andando pela cidade
Com seus bagos e sua cabeça cheia de nada
É fácil pra você otário
Mas você realmente precisa de conteúdo
O que você será, o que você será irmão
Zero o Herói
Você não quer ser, você não quer ser irmão?
Zero o Herói
Quando você será, quando você será irmão
Zero o Herói
Impossibilidade, impossibilidade mãe
Realmente um herói
* Zero the Hero = Refere-se a uma pessoa que vive às escondidas, misteriosa, enigmática.
* Impissibolity – trocadilho com as palavras “impossibility” (impossibilidade) e "piss off",
expressão que pode tanto querer dizer "não enche o saco" quando se referindo a outra
pessoa, quanto exprimir o sentimento de estar “irritado”, “fulo”, “puto”, etc. quando se
referindo a si mesmo.
* Mother – forma reduzida para motherfucker, literalmente fudedor da mãe, palavrão mais
baixo de origem americana sem equivalente no Brasil. Para efeito de tradução, utilizaremos
filho-da-puta, palavrão mais baixo da nossa língua.
DIGITAL BITCH
She wears her leather just to satisfy
She really throws it around
There ain't one thing she can't afford to buy
She's the richest bitch in town
Her big fat daddy was a money machine
He made a fortune from computers
She's got more money than I've ever seen
But she's a greedy emotional looter
Keep away from the digital bitch
Keep away from the digital bitch
Keep away from the digital bitch
She's so rich, the digital bitch
She's got five rollers and a fine estate
A big house up on the hill
She throws parties just to celebrate
Her life is just one enormous thrill
She buys poor people just to have around
She has a trophy for each lover
The bitch is rich but baby pound for pound
She's got a lot more to discover
Maybe she could please me
If I saw beneath her veil
But she's just an imitation woman up for sale
She got so famous that she's on TV
She's got a professional smile
But I switch over 'cos she ain't for me
She disturbs me all the while
She looks so happy but she's got it wrong
She's always going faster
She sings her life to such a different song
She needs a loving and dominant master
CADELA DIGITAL
Ela usa seu couro só para satisfazer
Ela realmente o atira por aí
Não há nada que ela não possa comprar
Ela é a cadela mais rica da cidade
Seu pai gorducho era uma máquina de dinheiro
Fez fortuna com computadores
Ela tem mais dinheiro do que eu jamais vi
Mas ela é uma gananciosa usurpadora emocional
Fique longe da cadela digital
Fique longe da cadela digital
Fique longe da cadela digital
Ela é tão rica, a cadela digital
Ela tem cinco rollers* e uma bela propriedade
Uma casa grande no alto da colina
Ela dá festas só para celebrar
Sua vida é apenas um grande barato
Ela compra pessoas pobres só para ter por perto
Ela tem um troféu para cada amante
A cadela é rica mas baby libra por libra
Ela tem muito mais a descobrir
Talvez ela poderia me satisfazer
Se eu visse por baixo de seu véu
Mas ela é apenas uma imitação de uma mulher à venda
Ela ficou tão famosa que está na TV
Ela tem um sorriso profissional
Mas eu troquei (de canal) porque ela não é para mim
Ela me perturba o tempo todo
Ela parece tão feliz mas ela entendeu tudo errado
Ela está sempre indo mais rápido
Ela canta sua vida em uma música tão diferente
Ela necessita de um mestre dominante e amoroso
* Rollers (rollerblades) - Patins compostos de bota e quatro rodas enfileiradas no centro,
diferente do modelo clássico dos antigos patins que ofereciam duas rodas paralelas
dianteiras e outras duas traseiras. Extremamente populares na década de oitenta.
BORN AGAIN
As you look through my window
Deep into my room
At the tapestries all faded
Their vague and distant glories
Concealed in the gloom
The icy fingers of forgotten passions
Softly brushing my lips
At the tips of my primitive soul
As you look through my door
Deep into my room
Can you feel the mighty wall of power
It's waiting, waiting in the gloom
The distant shadows of forgotten champions
Those who live in me still
And will rise when we challenge and kill
Born again
You'll be born again
Look at this prince of evil
Fighting for your mind
Fighting all the priests of shame
For the thrust of my challenge is aimed
At the hearts of mutant gods
Who think we're all the same
They're controlling our minds
And they use us for fortune and fame
As you look through my window
Deep into my room
At your future and freedom
The grey and plastic retards all floating in circles
And as you taste the fruits of new sensations
Softly brushing your lips
As we rise when we challenge and kill
Born again
You'll be born again
If you want to be king for a day
Just do what I say
Everybody's got to think like a hunter
Just search for your prey
Be alive through the night and the day
Just do it my way
NASCER OUTRA VEZ
Ao olhar através da minha janela
No fundo do meu quarto
As tapeçarias, todas desbotadas
Suas glórias vagas e distantes
Escondidas na penumbra
Os dedos gelados de paixões esquecidas
Levemente tocando meus lábios
Nas pontas de minha alma primitiva
Ao olhar através da minha janela
No fundo do meu quarto
Consegues sentir a poderosa parede do poder?
Ela está esperando, esperando na penumbra
As sombras distantes de campeões esquecidos
Aqueles que vivem em mim ainda
E irão se levantar quando desafiarmos e matarmos
Nascer outra vez
Você nascerá outra vez
Olhe para este príncipe do mal
Lutando por sua mente
Lutando contra todos os padres da vergonha
Pois o ímpeto do meu desafio é apontado
Para os corações de deuses mutantes
Quem pensa que somos todos iguais
Eles estão controlando nossas mentes
E eles nos usam para a fortuna e a fama
Ao olhar através da minha janela
No fundo do meu quarto
Para o seu futuro e liberdade
Os retardados cinzas e plásticos estão flutuando em círculos
E ao provar os frutos de novas sensações
Levemente tocando em meus lábios
Enquanto nos levantamos quando desafiamos e matamos
Nascer outra vez
Você nascerá outra vez
Se você quer ser rei por um dia
Apenas faça o que eu digo
Todos têm que pensar como um caçador
Apenas à procura de sua presa
Seja vivaz durante a noite e o dia
Apenas faça da minha maneira
HOT LINE
Take me to the river baby drink my wine
When I'm going down won't you throw me a line
Lead me to religion take me up the stairs
When I take a tumble
Will you say me some prayers
When will you show me a sign
When will you throw me a line
Help me to the answer baby set me free
I'm torn between the devil and the deep blue sea
Maybe if you wanted you could save my face
Keep me out of trouble and I'm a living disgrace
Show me to a sucker and you'll see my name
Standing in a line with the shadows of fame
Lead me to a legend take me up the stairs
When I take a tumble
Will you say me some prayers
LINHA QUENTE
Leve-me ao rio amor, beba meu vinho
Quando eu estiver caindo você não vai me jogar uma corda?
Conduza-me à religião, leve-me para o alto das escadarias
Quando eu levar um tombo
Você rezará algumas orações por mim?
Quando você me mostrará um sinal?
Quando você me jogará uma corda?
Ajude-me com a resposta amor, me liberte
Eu oscilo entre o demônio e o profundo mar azul*
Talvez se você quisesse você teria salvado o meu rosto
Mantenha-me fora de apuros e eu sou uma desgraça em vida
Mostre-me a um otário e você verá meu nome
Esperando em uma fila com as sombras da fama
Conduza-me a uma lenda, leve-me para o alto das escadarias
Quando eu levar um tombo
Você rezará algumas orações por mim?
*Between devil and the deep blue sea – Literalmente ‘entre o demônio e o profundo mar
azul’. Expressão idiomática tipicamente inglesa, significa o mesmo que estar num dilema,
em situação crítica, sem saber como se livrar. Sua aplicação seria semelhante ao nosso
‘entre a cruz e a espada.’
KEEP IT WARM
Sweet woman are you feeling right
What was it that you did last night
You made me crazy you made me fly
I can't forget the hungry look in your eye
Ooh what's the matter with me
I'm just a runner I was born free
But since I met you I can't leave you alone
I'm leaving now but I'll be coming home
Keep it warm at the place by your side
Nobody's gonna take away our magical ride
Keep it warm for me when we talk on the phone
Don't forget, will you pretty one
That your man is coming home
D'you hear the rumor that is going around
Say I'm ruined 'cos I'm settled down
It's not true well maybe half and half
You know I love you but I still like a laugh
Ooh I'm feeling fine
I got it right for the first time
Sweet woman I can't stay for long
But every one will be proved wrong
I'm like a gypsy, I need to roam
But don't worry I'll be coming home
I need the danger I need the thrill
I need to know what is over each hill
Ooh I'm a different man
I'm still running but you understand
Since I met you I can't leave you alone
I'm leaving now but I'll be coming home
MANTENHA-O MORNO
Doce mulher você está se sentindo bem?
O que foi aquilo que você fez ontem à noite?
Você me deixou louco você me fez voar
Não consigo esquecer o olhar faminto em seus olhos
Ooh qual é o problema comigo
Eu sou apenas um corredor, eu nasci livre
Mas desde que te conheci não consigo te deixar em paz
Estou saindo agora mas voltarei para casa
Mantenha morno o lugar ao seu lado
Ninguém vai levar embora nosso passeio mágico
Mantenha-o morno para mim quando falarmos ao telefone
Não esquecerá, não é minha linda?
Que seu homem está voltando para casa
Você ouviu o boato que está circulando?
Diz que estou arruinado porque estou sossegado
Não é verdade, bem talvez meio a meio
Você sabe que eu te amo mas ainda gosto de uma farra
Ooh estou me sentindo ótimo
Me dei conta disso pela primeira vez
Doce mulher eu não posso ficar muito tempo
Mas todos terão seu erro comprovado
Eu sou como um cigano, eu necessito vagar
Mas não se preocupe, eu voltarei para casa
Eu preciso do perigo, eu preciso da emoção
Eu necessito saber o que está sobre cada colina
Ooh eu sou um homem diferente
Eu ainda estou correndo mas você entende
Desde que te conheci não consigo te deixar em paz
Estou saindo agora mas voltarei para casa
Dehumanizer
Traduzido por Rodrigo Chaves
Computer God
Waiting for the revolution
New clear vision - genocide
Computerize god - it's the new religion
Program the brain - not the heartbeat
Onward all you crystal soldiers
Touch tomorrow - energize
Digital dreams
And you're the next correction
Man's a mistake so we'll fix it, yeah
Take a look at your own reflection
Right before your eyes
It turns to steel
There's another side of heaven
This way - to technical paradise
Find it on the other side
When the walls fall down
Love is automatic pleasure
Virtual reality
Terminal hate - it's a calculation
Send in the child for connection
Take a look at the toys around you
Right before your eyes
The toys are real
There's another side of heaven
This way - to technical paradise
Find it on the other side
When the walls fall down
Midnight confessions
Never heal the soul
What you believe is fantasy
Your past is your future
Left behind
Lost in time
Will you surrender
Waiting for the revolution
Program the brain
Not the heartbeat
Deliver us to evil
Deny us of our faith
Robotic hearts bleed poison
On the world we populate
Virtual existence
With a superhuman mind
The ultimate creation
Destroyer of mankind
Termination of our youth
For we do not compute
No
Deus Computador
Esperando pela revolução
Visão nova e clara - genocídio
Computadorize deus - é a nova religião
Programe o cérebro - não as batidas do coração
Avante todos vocês soldados de cristal
Toquem o amanhã – energizemSonhos digitais
E você é a próxima correção
O homem é um erro então resolveremos isso, yeah
Dê uma olhada no seu próprio reflexo
Logo diante de seus olhos
Ele vira aço
Há um outro lado do céu
Este caminho - para o paraíso técnico
Encontre-o no outro lado
Quando as paredes desabam
O amor é um prazer automático
Realidade virtual
Ódio terminal - é um cálculo
Enviado para dentro da criança por conexão
Dê uma olhada nos brinquedos a sua volta
Logo diante de seus olhos
Eles são reais
Há um outro lado do céu
Este caminho - para o paraíso técnico
Encontre-o no outro lado
Quando as paredes desabam
Confissões da meia-noite
Nunca curam a alma
O que você acredita é fantasia
Seu passado é o seu futuro
Deixado pra trás
Perdido no tempo
Você se renderá?
Esperando a revolução
Programe o cérebro
Não as batidas do coração
Entregue-nos pro diabo
Negue-nos nossa fé
Corações robóticos sagram veneno
No mundo em que povoamos
Existência virtual
Com uma mente super-humana
A última criação
Destruidor da humanidade
Término de nossa juventude
Para não computarmos
Não!
After All (The Dead)
What do you say to the dead?
Will you forgive me for living?
Can't believe the things that they said
Wonderful day for a killing
It's killing me
What do they do with your soul?
Is it just lying there busted?
When did you lose all control?
Is there someone to be trusted
With my mind
Oh there's insufficient evidence
Of what just might come after
But sometimes out of nowhere
There's demented sounds of laughter
Are we all haunted
By the ghost - imagination
It just can't be
I've seen them there
Howling at the moon
Is it just me?
Or does somebody else believe this
Well I'm not alone
And I'm not afraid
There's just one way to see
After all etc.
What do you say to the dead?
Is there a place where it's burning?
It says in a book I once read
Yes there's a chance of returning
Turn to me
The fundamental principles
Say nothing of forever
But those are voices that I hear
Or I'm just not so clever
It can't be me
I know somebody else believes this
Well I'm not alone
I'm not afraid
Just one way to see
After all etc.
Depois de Tudo (Os Mortos)
O que você diz para os mortos?
Você me perdoará por viver?
Não consegue acreditar nas coisas que eles dizem
Dia maravilhoso para uma matança
Isto está me matando
O que eles fazem com sua alma?
Ela está lá apenas deitada e batida?
Quando você perdeu todo o controle?
Há alguém para confiar
Com minha mente?
Oh há evidências insuficientes
Do que pode vir depois
Mas às vezes do nada
Aparecem sons dementes de risos
Todos nós estamos assombrados?
Pelo fantasma - imaginação
Não pode ser
Eu os vi lá
Uivando para a lua
Apenas eu?
Ou alguém mais acredita nisto?
Bem, eu não estou sozinho
E eu não estou com medo
Só há uma forma de ver
Depois de tudo, etc.
O que você diz para os mortos?
Há um lugar onde isto está queimando?
Isto estava em um livro que eu li uma vez
Sim, há uma chance de retornar
De volta pra mim
Os princípios fundamentais
Não dizem nada de para sempre
Mas aquelas são vozes que eu ouço
Ou eu não sou tão esperto
Não pode ser eu
Eu conheço alguém mais que acredita nisto
Bem, eu não estou sozinho
Eu não tenho medo
Apenas um modo de ver
Depois de tudo etc.
TV Crimes
One day in the life of the lonely
Another day on the round about
What do they need
Somebody to love
One night in the life of the lonely
There's a miracle on the screen
What did they see
Somebody to love
He guarantees you instant glory
Get your money on the line
Gotta send me a plastic Jesus
There's a check in the mail today
That's what I need
Somebody to love
We just won't eat on Sunday
Gotta buy him a limousine
Somewhere to live
Somewhere to pray
Every penny from the people
Keeps the wolf outside the door
Shop around and find forgiveness for yourself
But he'll give you more, yeah
Holy father, holy ghost
Who's the one who pays the most
Rock the cradle don't you cry
Buy another lullaby
Jack is nimble, Jack is quick
Pick your pocket, turn a trick
Slow and steady, he's got time
To commit another TV crime
TV crime
One day in the life of the lonely
Back again on the round about
What do they need
Somebody to love
Yeah
One night in the life of the lonely
Another miracle on the screen
What did they see
Somebody to love again
A supermarket of salvation
Take a look inside the store
Shop around and find forgiveness for yourself
But he gives more
Holy father, holy ghost
Who's the one who hurts you most
Rock the cradle when you cry
Scream another lullaby
Jack be nimble, Jack be slick
Take the money, get out quick
Slow and steady, so much time
To commit another
TV Crime, TV Crime
Crimes da TV
Um dia na vida do solitário
Outro dia na direção contrária
O que eles precisam?
Alguém para amar
Uma noite na vida do solitário
Há um milagre na tela
O que eles viram?
Alguém para amar
Ele garante a você glória imediata
Coloca o seu dinheiro em risco
Tem que me mandar um Jesus de plástico
Há um cheque na correspondência de hoje
É o que eu preciso
Alguém para amar
Nós não comeremos no domingo
Tem que lhe comprar uma limusine
Algum lugar para viver
Algum lugar para rezar
Cada centavo das pessoas
Mantêm o lobo pra fora da porta
Pesquise nas lojas e encontre perdão para si mesmo
Mas ele dará mais a você, sim
O Santo Padre, Espírito Santo
Quem é aquele que paga mais
Balance o berço, não chore
Compre outra canção de ninar
Jack é ágil, Jack é rápido
Assalta seu bolso, transforma em trapaça
Devagar e constante, ele tem tempo
Para cometer outro crime de TV
Crime de TV
Um dia na vida de um solitário
Volta novamente na direção contrária
O que eles precisam?
Alguém para amar
Yeah
Uma noite na vida de um solitário
Outro milagre na tela
O que eles viram?
Alguém para amar novamente
Um supermercado da salvação
Dê uma olhada dentro da loja
Pesquise nas lojas e encontre perdão para si mesmo
Mas ele oferece mais
O Santo Padre, Espírito Santo
Quem é aquele que magoa você mais
Balança o berço quando você chora
Grita outra canção de ninar
Jack é ágil, Jack é esperto
Pega o dinheiro, se manda rápido
Devagar e constante, tanto tempo
Para cometer outro
Crime de TV, crime de TV
Letters From Earth
Well it's a cold world
And I'm in the middle
Caught in the in-between
I don't belong here
So I'm writing to you
It's wrong here
Where I'm sending you some
Letters from earth, yeah
Well it's a new world
And now I'm a stranger
Stranger than you know
I don't belong here
And I'm writing to you
With blood on my hands
What if I send you madness
What if I send you pain
And letters from earth, ooh
All right
Come on it's another game
But you gotta play on
Cause they say it's just pretend
Ask them why they
Say you'll never, never die
Come on - the game is called the end
Well it's a cold world
And I'm in the middle
Caught in the in-between
I don't belong here
So I'm writing to you
Hey let me explain
What if I send you confusion
What is the time and the pain worth
Oh no no
I'm only sending
Letters from the earth
Letters from earth
Cartas da Terra
Bem este é um mundo frio
E eu estou no meio
Preso no meio disto
Eu não pertenço a isto aqui
Então estou escrevendo para você
Isto aqui é errado
Onde eu estou enviando pra você algumas
Cartas da Terra, yeah
Bem, este é um novo mundo
E agora eu sou um estranho
Mais estranho do que você conhece
Eu não pertenço a isto aqui
E eu estou escrevendo para você
Com sangue em minhas mãos
O que aconteceria se eu te enviasse loucura?
O que aconteceria se eu te enviasse dor?
E cartas da Terra, ooh
Tudo certo
Vamos lá, este é outro jogo
Mas você tem que jogá-lo
Porque eles dizem que é apenas fingimento
Pergunte a eles porque eles
Dizem que você nunca, nunca morrerá
Vamos lá - o jogo chama-se o fim
Bem, este é um mundo frio
E eu estou no meio
Preso no meio disto
Eu não pertenço a isto aqui
Então estou escrevendo para você
Hei, deixe-me explicar
O que aconteceria se eu te enviasse confusão?
Qual é o tempo e quanto vale a dor
Oh não, não
Estou sozinho enviando
Cartas da Terra
Cartas da Terra
Master of Insanity
Look all around
Can't you open your eyes
Voices are calling
Killing rain falling down from the sky
Crying with nightmare tears
Out on the street
You'll see blood on the ground
Cities are burning
Feeling the pain cutting right to your soul
Goodbye now
You're caught in his spell
Your freedom is gone
He's taken everything
You ever had
But if you're strong you'll survive
You've got to hold on
Open your eyes
Behind the lies you will see
The master of insanity
Under the mask there will be
The master of insanity
Innocent minds
They're the victims of shame
Staring in sorrow
Promises lying there
Broken and crushed
Confusion-just disappear
What can you give
To be left all alone
When there's nothing at all
Your freedom is gone
He's taken everything
You ever had
But if you're strong you'll survive
You've got to hold on
Open your eyes
Behind the lies you will see
The master of insanity
Under the mask there will be
The master of insanity
Behind the lies you will find
He's trying to get inside you
Just open your eyes and you will see
The master of insanity
Behind the lies you will see
The master of insanity
Under the mask there will be
The master of insanity
Between the lies you will find
That he's trying to get inside you
Out of the night into your mind
He's always right beside you
Yeah, between the lies you will see
The master of insanity
Open your eyes or you will be
The master of insanity
Mestre da Insanidade
Olhe ao redor
Não consegue abrir seus olhos?
Vozes estão chamando
A chuva mortal caindo do céu
Chorando com lágrimas de pesadelo
Lá fora na rua
Você verá sangue no chão
Cidades estão queimando
Sentindo a dor cortando direto em sua alma
Adeus agora
Você está preso no feitiço dele
Sua liberdade já não existe
Ele tomou tudo
Que você sempre teve
Mas se você for forte você sobreviverá
Você tem apenas que esperar
Abra seus olhos
Atrás das mentiras você verá
O mestre da insanidade
Sob a mascara irá estar
O mestre da insanidade
Mentes inocentes
Eles são vítimas da vergonha
Concentrados na tristeza
Promessas deixadas lá
Quebradas e esmagadas
A confusão apenas desaparece
O que você pode dar
Para abandonar tudo
Quando não há nada?
Sua liberdade já não existe
Ele tomou tudo
Que você sempre teve
Mas se você for forte você sobreviverá
Você tem apenas que esperar
Abra seus olhos
Atrás das mentiras você verá
O mestre da insanidade
Sob a mascara irá estar
O mestre da insanidade
Atrás das mentiras você descobrirá (que)
Ele está tentando entrar dentro de você
Apenas abra seus olhos e você verá
O mestre da insanidade
Atrás das mentiras você verá
O mestre da insanidade
Sob a mascara irá estar
O mestre da insanidade
Entre as mentiras você descobrirá
Que ele está tentando entrar dentro de você
Fora da noite dentro de sua mente
Ele sempre estará exatamente ao seu lado
Yeah, entre as mentiras você verá
O mestre da insanidade
Abra seus olhos ou você será
O mestre da insanidade
Time Machine
Oh what are you gonna do
When there's a part of you
That needs to run with the wind
And the fire of burning yesterdays
Can only light the way
To lead you from
The garden of the dark
Stay out of shadows
Now look like the change is on
Tomorrow's never gone
Today just never comes
Go on and jump, yeah
Into the hurricane
You will forget the pain
It's only there
To exorcise your mind
Looking at the world
When you've open up your eyes
You've got to see the promises they've made
They're bloody lies and broken dreams
Your silence screams
You're living in a time machine
And you can choose just who you are
Someone that you've never seen
Somewhere you've never been
You're living in a time machine
Oh what are you gonna do
When every part of you
Just needs to catch the wind
And the fire of burning yesterdays
Can only light the way
To lead you from
The garden of the dark
Looking for the world
When you've opened up your eyes
You'll see you've got invisible chains
They're only lies
Not what it seems
I hear your silent screams
You're living in a time machine
Nobody cares just where you go
Taken where you've never been going
?? Somewhere you don't know
You're living in a time machine
Why do you stay who you are
Be what you've never been
Someone you've never seen
You're living in a time machine, Yeah
Máquina do Tempo
Oh o que você vai fazer
Quando há uma parte de você
Que precisa correr com o vento?
E o fogo que queima dos dias passados
Pode apenas iluminar o caminho
Para guiar você do
Jardim da escuridão
Para ficar fora das sombras
Agora olhe como a mudança começa
O amanhã que nunca se foi
O hoje que nunca veio
Continue e pule, sim
Dentro do furacão
Você esquecerá a dor
Está apenas lá
Para exorcizar sua mente
Olhando para o mundo
Quando você abrir os olhos
Você precisa ver as promessas que eles fizeram
Elas são mentiras sangrentas e sonhos partidos
Seu grito de silêncio
Você está vivendo em uma máquina do tempo
E você pode escolher apenas quem você é
Alguém que você nunca viu
Em algum lugar que você nunca esteve
Você está vivendo em uma máquina do tempo
Oh o que você vai fazer
Quando uma parte de você
Apenas precisa alcançar o vento?
E o fogo que queima dos dias passados
Pode apenas iluminar o caminho
Para guiá-lo do
Jardim da escuridão
Procurando pelo mundo
Quando você abrir os olhos
Você verá que você tinha algemas invisíveis
Elas são apenas mentiras
Não o que parece
Eu ouvi seu grito de silêncio
Você está vivendo em uma máquina do tempo
Ninguém se preocupa aonde você vai
Pego onde você nunca esteve
?? Algum lugar que você não conhece
Você está vivendo em uma máquina do tempo
Por que você permanece, quem você é
Seja o que você nunca foi
Alguém que você nunca viu
Você está vivendo em uma máquina do tempo, Yeah
Sins of The Father
I am the crazy man
Who lives inside your head
But I think I'm breaking through the wall
You are the innocent
Convicted of the crime
No one was ever there
To catch you when you fall
I see the diamonds
But you only see the rock
I need to run
But you only crawl
It's time to open up
All the doors that you keep locked
Nobody gives without a take
Let's take it all
You've been twisted into pieces
By the hands of your emotions
How much longer are you gonna pay
For yesterday
Sins of the father
One more crucifixion
One more cross to bear
You're a hole in a photograph
Go on - lose it in the city
The city can feel no shame
See the world with electric eye
They call it mystery
But any fool could see
You thought he walked on the water
And if the pain was gone
And you were free to run away
And get out
Would you get out of there
Or do you really care
It's not safe or easy
And maybe when you're gone
You just won't belong at all
You're the only witness
To the murder of an angel
How much longer are you gonna pay
For yesterday
Sins of the father
It's just another crucifixion
One more cross to bear
Go on lose it in the city
Take a look at the world
You've got electric eyes
Pecados do Pai
Eu sou o homem louco
Que vive na sua cabeça
Mas acho que estou abrindo caminho nas paredes
Você é o inocente
Culpado pelo crime
Ninguém estava lá
Para te apanhar quando você caiu
Eu vejo os diamantes
Mas você apenas vê a rocha
Eu preciso correr
Mas você apenas vai lentamente
É hora de tornar acessível
Todas as portas que estavam trancadas
Ninguém dá sem pegar algo
Vamos apenas aceitar tudo
Você estava escangalhado em pedaços
Pelas mãos de suas emoções
Até quando você pagará
Pelo ontem?
Pecados do pai
Mais uma crucificação
Mas uma cruz pra carregar
Você é um buraco em uma fotografia
Continue – perca-se pela cidade
A cidade não pode sentir vergonha
Olhe o mundo com olhos elétricos
Eles chamam isto de mistério
Mas qualquer tolo pode ver
Você achava que ele caminhava sobre a água
E se a dor se foi
E se você estava livre para correr
E se mandar
Você cairia fora daqui
Ou você realmente se importa?
Isto não é seguro ou fácil
E talvez quando você tiver partido
Você não fará parte afinal
Você é a única testemunha
Do assassinato de um anjo
Até quando você pagará
Pelo ontem?
Pecados do pai
É apenas outra crucificação
Mais uma cruz pra carregar
Continue, perca-se na cidade
Dê uma olhada no mundo
Você tem olhos elétricos
Too Late
Soon it's never more
When you've got to pay for
Promises - made in the night
Call the magic one
And with the magic comes
Forever chained to the flame
It's too late
Too late - for tears
Too late - And no one hears you
Do you feel a touch of evil
(then) It's too late
To wish and make it so
To feel the power growing
Stronger - blessed by the dark
And when the candle fades
You can say it was a joke you played
So you must let me go - no
It's too late
You've said the word
Too late - something heard you
Too late - now the race is on
And you're run out of road
Too late - for tears
Too late - and no one hears you
Can you feel the touch of evil
It's too late
Oh oh oh save me
I believe in your name
Oh oh I've fallen down
But now I've found
Nobody to take the blame
Misery
It's come to drag me away
And when the hunter cries
No alibis
Get ready for judgement day
As the candle fades
You can say it was a game you made
So you must let me go, let me go
It's too late - you've said the word
Too late - something heard you
Too late - the spell is gone
And this time you're the fool
It's too late for tears
Too late - and no one hears you
Welcome to forever
Welcome it's too late
Too late
Tarde Demais
Logo é nunca mais
Quando você precisa pagar por
Promessas - feitas na noite
Chame a mágica
E com a mágica vem
Para sempre presa nas chamas
É muito tarde
Tarde demais - Para lágrimas
Tarde demais - e ninguém ouve você
Você sente um pouco de maldade?
(então) É tarde demais
Desejar e fazer tanto
Sentir o poder crescendo
Mais forte - abençoado pela escuridão
E quando as velas enfraquecem
Você pode dizer que isto era uma piada que você fez
Então você deve me deixar ir - não
É tarde demais
Você disse a palavra
Tarde demais - Alguma coisa te ouviu
Tarde demais - agora a corrida já começou
E você corre para fora da estrada
Tarde demais - Para lágrimas
Tarde demais - E ninguém te ouve
Você pode sentir um pouco de maldade?
É tarde demais
Oh oh oh salve-me
Eu acredito no seu nome
Oh oh eu caí
Mas agora eu não encontrei
Ninguém para culpar
Miséria
Veio para me levar contra minha vontade
E quando o caçador chora
Não há desculpas
Esteja pronto para o dia do julgamento
Enquanto as velas se apagam
Você pode dizer que isto é um jogo que você criou
Então você deve me deixar ir, me deixar ir
É Tarde demais- você disse a palavra
Tarde demais- alguma coisa te ouviu
Tarde demais- o feitiço já era
E desta vez você é o tolo
É Tarde demais para lágrimas
Tarde demais - e ninguém te ouve
Bem vindo ao "para sempre"
Bem vindo, é tarde demais
Tarde demais
I
I am anger
Under pressure
Lost it cages
A prisoner
The first to escape
I am wicked
I am legion
Strength in numbers
A lie
The number is one
I-I-I
Everything that I see is for me
Yes, I am giant
I'm a monster
Breaking windows
In houses
Buildings of glass
Rebel rebel
Holy outlaw
Ride together
Don't try it
The power's in one
I-I-I
I am standing alone
But I can rock you
I-I-I
On the edge of the blade
But the knife can't cut the hero down
I am virgin
I'm a whore
Giving nothing
The taker
The maker of war
I'll smash your face in
But with a smile
All together
You'll never
Be stronger than me
I-I-I
Right here on my own
But I still rock you
I-I-I
Don't follow behind
Just leave me on the outside
I-I-I
I am standing alone
But I can shock you
I-I-I
On the edge of the blade
But no one makes the hero bleed
( No, no , no )
I am hunger
Feed my head
All together
You'll never
Never make the hero bleed
( No, no, no )
Eu
Eu sou ódio
Sob pressão
Perdido e preso
Um prisioneiro
O primeiro a escapar
Eu sou perverso
Eu sou a multidão
A força em números
Uma mentira
O número é um
Eu - eu - eu
Tudo que vejo é para mim
Sim, eu sou gigantesco
Eu sou um monstro
Quebrando janelas
Nas casas
Construções de vidro
Rebelde, rebelde
Criminoso sagrado
Andar acompanhado
Não tente isto
O poder está em um
Eu - eu - eu
Eu estou ficando sozinho
Mas eu posso sacudir você
Eu - eu - eu
No fio da espada
Mas a faca não pode ferir o herói
Eu sou virgem
Eu sou uma prostituta
Não dando nada
O comprador
O fabricante da guerra
Eu vou arrebentar sua cara
Mas com um sorriso
Todos juntos
Você nunca
Será mais forte que eu
Eu - eu - eu
Bem aqui na minha
Mas eu ainda sacudo você
Eu - eu - eu
Não siga atrás
Apenas deixe-me do lado de fora
Eu - eu - eu
Estou ficando sozinho
Mas eu posso escandalizar você
Eu - eu - eu
No fio da espada
Mas ninguém faz o herói sangrar
(Não, não, não)
Eu sou fome
Alimente minha cabeça
Todos juntos
Você nunca
Nunca fará o herói sangrar
(Não, não, não)
Buried Alive
Once upon a nightmare
Once upon a time
You're running from temptation
You got lost
And found that you don't
Belong to anybody
You're all the same
Just another number
Cross it out
Whenever you don't behave
Someone got the doctor
He knows what to do
Throw some bones and mumble
The devil's inside of you
It might be contagious
It might change the plan
Get back in your tiny boxes
Even if you can't
We say you can
Join the congregation
Everybody's got to get in line and
We never justify
The choir sings a never-ending lie
When you thought you were free
You didn't need a reason
No reason to survive
As the big door closes
And you waiting for the nail
Somebody tell the world
You're buried alive
Once upon a nightmare
Once upon a time
You're running from tomorrow
You got lost
And found that another
Day has turned to ashes
Taken by the wind
Frozen seeds of sorrow
Never to begin
Join the celebration
And everybody's got to get in line and
We never justify
The choir sings a never-ending lie
When you thought you were free
You did not need a reason
No reason to survive
As the big door closes
And you waiting for the nail
Somebody tell the world
You're buried alive
One more nightmare
Just one more time
Join the congregation
Everybody get in line
Celebration
The choir sings a lie
As you call
The hammer falls
And no one hears you cry
I'm buried alive
Sepultado Vivo
Era uma vez um pesadelo
Era uma vez
Você está fugindo da tentação
Você se perdeu
E achou que você não
Pertence a qualquer um
Você é a mesma coisa
Apenas um outro número
Risque isto
Sempre que você não se comportar
Alguém precisou de um médico
Ele sabe o que fazer
Arremessa alguns ossos e murmura
O diabo está dentro de você
Isto poderia ser contagioso
Isto poderia mudar os planos
Volte em suas minúsculas caixas
Mesmo se você não puder
Nós falamos que você pode
Una-se a congregação
Todos precisam ficar em linha e
Nós nunca justificamos
O coro canta uma mentira que não tem fim
Quando você pensou que estava livre
Você não precisou de razão
Nenhuma razão para sobreviver
Enquanto a grande porta se fecha
E você espera pelo prego
Alguém conta ao mundo (que)
Você está enterrado vivo
Era uma vez um pesadelo
Era uma vez
Você está fugindo do amanhã
Você se perdeu
E descobriu que outro
Dia se tornou cinzas
Levadas pelo vento
Sementes de sofrimento congeladas
Nunca para começar
Una-se a celebração
Todos precisam ficar em linha e
Nós nunca justificamos
O coro canta uma mentira que não tem fim
Quando você pensou que estava livre
Você não precisou de razão
Nenhuma razão para sobreviver
Enquanto a grande porta se fecha
E você espera pelo prego
Alguém conta ao mundo (que)
Você está enterrado vivo
Mais um pesadelo
Apenas mais uma vez
Una-se a congregação
Todo mundo fica em linha
Celebração
O coro canta uma mentira
Enquanto você chama
O martelo bate
E ninguém ouve você chorar
Eu estou sepultado vivo
Mob Rules
Traduzido por Fernando P. Silva
TURN UP THE NIGHT
A rumble of thunder
I'm suddenly under your spell
No rhyme or reason
Or time of the season, but oh well
The darkened deliver
I shake and I shiver down your soul
You know what to cover
I think for another it's a story told
So get a good hold, yeah
Virgin of voodoo
You thought that you knew who you are
A simple equation, that's the relation
But that's gone too far
A time of suspicion
A special condition that we all know
So let it all go, yeah
Turn up the night
Turn up the night
Turn up the night, it feels so right
Nighttime sorrow, taken like a pain
Black will not become a white, it's all the same
Evil lurks in twilight, dances in the dark
Makes you need the movement
Like a fire needs a spark to burn
A rumble of thunder
I'm suddenly under your spell
No rhyme or reason
Or time of the season but oh well
The darkened deliver
I shake and I shiver down your soul
So get a good hold, yeah
Turn up the night
Turn up the night
Turn up the night, it feels so right
Gotta turn up the night
Turn up the night
Turn up the night, it feels so right
Turn up the night
Turn up the night
Turn up the night
Turn up the night
If it feels right
Turn off the light
If it feels right
Shut up the light
Turn up the night
CURTIR A NOITE
O barulho do trovão
De repente estou sob seu feitiço
Nenhuma rima ou razão
Ou a época da estação, mas oh, pois é
O obscuro faz a entrega
Eu agito e chacoalho sua alma
Você sabe o que cobrir
Eu acho que é uma história contada
Então se segure, yeah
Virgem de vodu
Você achava que você sabia quem você é
Uma simples equação, essa é a relação
Mas isso já foi longe demais
Um tempo de suspeita
Uma condição especial que todos nós conhecemos
Então se segure, yeah
Curtir a noite
Curtir a noite
Curtir a noite, sinta-se bem melhor
Aflição noturna, aprisionada como uma dor
Um negro não se tornará um branco, é tudo a mesma coisa
O mal se esconde no crepúsculo, ele dança na escuridão
Faz você precisar do movimento
Assim como um fogo precisa de uma faísca para queimar
O estrondo do trovão
De repente estou sob seu feitiço
Nenhuma rima ou razão
Ou época da estação, mas oh, pois é
O obscuro faz a entrega
Eu agito e chacoalho sua alma
Então se segure, yeah
Curtir a noite
Curtir a noite
Curtir a noite, sinta-se bem melhor
Precisamos curtir a noite
Curtir a noite
Curtir a noite, sinta-se bem melhor
Curtir a noite
Curtir a noite
Curtir a noite
Curtir a noite
Sinta-se bem melhor
Apague a luz
Sinta-se bem melhor
Apague a luz
E curta a noite
VOODOO
Say you don't love me, you'll burn
You can refuse, but you'll lose, it's by me
Say you don't want me, you'll learn
Nothing you do will be renew, 'cause I'm through
Call me a liar, you knew
You were a fool, but that's cool, it's all right
Call me the devil, it's true
Some can't accept but I crept inside you
So if a stranger calls you
Don't let him whisper his name
Cause it's voodoo, oh
Fade into shadow, you'll burn
Your fortune is free, I can see it's no good
Never look back, never turn
It's a question of time 'till your mine and you learn
So if a stranger sees you
Don't look in his eyes
'Cause he's voodoo, oh
Say you don't love me, you'll burn
You can refuse, but you'll lose, it's by me
Say you don't want me, you'll learn
Nothing you do will be renew, 'cause I'm through
Voodoo
Right
Bring me your children, they'll burn
Never look back, never turn
Cry me a river, you'll learn
Voodoo
VODU
Diga que você não me ama, você queimará
Você pode recusar, mas você perderá, é por mim
Diga que você não me quer, você aprenderá
Nada que você faz irá se renovar, pois eu estou acabado
Me chame de mentiroso, você sabia
Você foi uma idiota, mas está legal, está certo
Me chame de demônio, é verdade
Uns não conseguem aceitar mas eu rastejei dentro de você
Então se um estranho te chamar
Não o deixe sussurrar o nome dele
Pois ele é vodu, oh
Esmoreça na sombra, você queimará
Sua fortuna é livre, eu posso ver que ela não tem utilidade
Nunca olhe para trás, nunca vire
É uma pergunta do tempo até você aprender
Portanto se um estranho olhar para você
Não olhe nos olhos dele
Pois ele é vodu, oh
Diga que você não me ama, você queimará
Você pode recusar, mas você perderá, é por mim
Diga que você não me quer, você aprenderá
Nada que você faz irá se renovar, pois eu estou acabado
Vodu
Certo
Traga suas crianças para mim, elas queimarão
Nunca olhe para trás, nunca volte
Chore-me um rio, você aprenderá
Vodu
SIGN OF THE SOUTHERN CROSS
If there isn't light when no one sees
Then how can I know what you might believe?
A story told that can't be real
Somehow must reflect the truth we feel, yeah
Fade away, fade away
Vanish into small
Fade away, fade away
Break the crystal ball
Oh
It's the sign
Feels like the time
On a small world, west of wonder
Somewhere, nowhere all
There's a rainbow that will shimmer
When the summer falls
If an echo doesn't answer
When it hears a certain song
Then the beast is free to wander
But never is seen around
And it's the sign of the southern cross
It's the sign of the southern cross
All right
Sail away
To the sign
Ohh
From the book the word is spoken
Whispers from forgotten psalms
Gather all around the young ones
They will make us strong
Reach above your dreams of pleasure
Given life to those who died
Look beyond your own horizons
Sail the ship of signs
And it's the sign of the southern cross
It's the sign of the southern cross
Fade away, fade away
Break the crystal ball
Fade away, fade away
I can't accept it anymore
Ohh
On a real world, west of wonder
Somewhere, nowhere all
There's a rainbow, see it shimmer
When the summer falls
From the book the word is spoken
Whispers from forgotten psalms
Gather all around the young ones
They will make us strong
It's the sign of the southern cross
It's the sign of the southern cross
Don't live for pleasure
Make life your treasure
Fade away
Eight miles high, about to fall
And no one there to catch you
Look for the sign, the time
The sign of the southern cross, yeah
O SINAL DA CRUZ DO SUL*
Se não há luz quando ninguém enxerga
Então como eu posso saber no que você pode acreditar?
Uma história contada que não pode ser verdadeira
De algum modo pode refletir a verdade que nós sentimos
Desapareça, desapareça
Desapareça aos poucos
Desapareça, desapareça
Quebre a bola de cristal
Oh
É o sinal
Como o tempo
Num mundo pequeno, oeste da maravilha
Em algum lugar, em nenhum lugar
Há um arco-íris que brilhará
Quando o verão passar
Se um eco não responder
Quando ouvir uma certa canção
Então a besta estará livre para vagar
Mas nunca será vista por aí
E é o sinal da cruz do sul
É o sinal da cruz do sul
Certo
Velejemos
Ao sinal
Ohh
Do livro é dito a palavra
Murmurando os salmos esquecidos
Os jovens se reúnem todos em volta
Eles nos farão fortes
Alcançar seus sonhos de prazer
Entregaram a vida para aqueles que morreram
Olhe além do seu próprio horizonte
Navegue no navio dos signos
E é o sinal da cruz do sul
É o sinal da cruz do sul
Desapareça, desapareça
Quebre a bola de cristal
Desapareça, desapareça
Eu não posso aceitar mais isso
Ohh
Num mundo real, oeste da maravilha
Em algum lugar, em nenhum lugar
Há um arco-íris, veja-o brilhar
Quando o verão passar
Do livro é dito a palavra
Murmurando os salmos esquecidos
Os jovens se reúnem todos em volta
Eles nos farão fortes
É o sinal da cruz do sul
É o sinal da cruz do sul
Não viva por prazer
Faça da vida seu tesouro
Desapareça
Oito milhas de altura, prestes a cair
E ninguém lá pra te pegar
Procure o sinal, o tempo
O sinal da cruz do sul, sim
* Cruz do sul = constelação de estrelas que formam uma cruz.
E5-150
(Instrumental)
E5-150 *
(Instrumental)
Em algarismos romanos, 5 é "V", 1 é "I" e 50 é "L". O título na verdade é uma maneira
diferente de escrever a palavra "EVIL".
MOB RULES*
Oh come on
Close the city and tell the people
That something's coming to call
Death and darkness are rushing forward
To take a bite from the wall, oh
You've nothing to say
They're breaking away
If you listen to fools
The mob rules
The mob rules
Kill the spirit and you'll be blinded
The end is always the same
Play with fire you burn your fingers
And lose your hold of the flame, oh
It's over, it's done
The ending began
If you listen to fools
The mob rules
You've nothing to say
Oh, they're breaking away
If you listen to fools
Break the circle and stop the movement
The wheel is thrown to the ground
Just remember it might start rolling
And take you right back around
You're all fools, fools, fools, fools
The mob rules
O POVO GOVERNA *
Oh, vamos lá
Feche a cidade e diga para as pessoas
Que algo está vindo chamá-las
Morte e escuridão estão correndo
Para dar uma mordida na parede
Você não tem nada a dizer
Eles estão fugindo
Se você dá ouvidos aos tolos
O povo governa
O povo governa
Mate o espírito e você ficará cego
O fim é o mesmo de sempre
Brinque com fogo, você queima seus dedos
E perde o controle das chamas
Está terminado, está feito
O fim começou
Se você escuta os tolos
O povo governa
Você não tem nada a dizer
Eles estão fugindo
Se você dá ouvidos aos tolos
Quebre o círculo e pare o movimento
A roda é lançada ao chão
Apenas lembre-se que ela poderia começar a rolar
E pegar você de surpresa outra vez
Vocês são todos uns tolos, uns idiotas, uns idiotas
O povo governa
Mob Rules = é uma Oclocracia, termo que significa Governo do Povo, o poder nas mãos do
povo, governo das multidões.
COUNTRY GIRL
Fell in love with a country girl, morning sunshine
She was up from a nether world
Just to bust another soul
Her eyes were an endless flame, holy lightning
Desire with a special name
Made to snatch your soul away, yeah
Ooh, yeah
We sailed away on a crimson tide, gone forever
Left my heart on the other side
All to break it into bits
Her smile was a winter song, a Sabbath ending
Don't sleep or you'll find me gone
Just an image in the air
Oh yeah
In dreams I think of you
I don't know what to do with myself
Time has let me down
She brings broken dreams, fallen stars
The endless search for where you are
Sail on, sail on, sail on, sail on
I fell in love with a country girl, morning sunshine
She was up from a nether world
Just to bust another soul
Her eyes were an endless flame, unholy lady
Desire with a special name
Made to snatch your soul away, oh
Don't sail away on a crimson tide
Don't leave your heart on the other side
Her eyes are an endless flame
Oh, desire with a special name
Don't ever fall in love
Don't give your heart away
No never, never fall in love with a country girl
GAROTA DO CAMPO
Eu me apaixonei por uma garota do campo, ao raiar do sol
Ela veio de um mundo inferior
Apenas para partir outra alma
Os olhos dela eram uma chama infinita, santo relâmpago
O desejo com um nome especial
Feito para arrebatar sua alma
Ooh, sim
Nós velejamos numa maré vermelha, partimos para sempre
Deixei meu coração do outro lado
Para que quebrem-no em pedacinhos
O sorriso dela era uma canção de inverno, o fim do sábado
Não durma ou você não me encontrará mais aqui
Encontrará apenas uma imagem no ar
Oh sim
Sonhando eu penso em você
Eu não sei o que faço comigo mesmo
O tempo tem me desapontado
Ela traz sonhos partidos, estrelas caídas
A procura infinita para saber onde você está
Veleje, navegue, reme, veleje
Eu me apaixonei por uma garota do campo, ao raiar do sol
Ela veio de um mundo inferior
Apenas para partir outra alma
Os olhos dela eram uma chama infinita, maldita mulher
O desejo com um nome especial
Para arrebatar sua alma
Não veleje numa maré vermelha
Não deixe seu coração do outro lado
Os olhos dela são uma chama infinita
Oh, o desejo com um nome especial
Não se apaixone
Não entregue seu coração
Não, nunca, nunca se apaixone por uma garota do campo
SLIPPING AWAY
Oh, slipping away
Just a heartbeat from disaster
Nothing could make me stay
Close your eyes and I'll be gone
Turn the page, yeah
Time to start another story
Slipping away, slipping away
Time to move along
No reason to stay
Oh, when I'm slipping away
Take a look at yourself
You've been running in a circle
Round and round you go
You're a start without an end
Start a new life, yeah
From the city of the gypsies
Breaking away, slipping away
Right behind the clown
Slipping away
Slipping away
Nobody to pay
Look out, 'cause I'm slipping away
Rocking the glass
I won't leave you my reflection
A future without a past
No more road to take me back
Come if you will, yeah
Just don't question my direction
Breaking away, slipping away
We can find the sun
Slipping away
Slipping away
Got nobody to pay
So, and you're slippin' away
No more running in a circle
It's time to move along
Round, round, round we go
A start without an end
So I'm slipping away
Slipping away
ESCAPULINDO
Oh escapulindo
Apenas um batimento cardíaco do desastre
Nada poderia me fazer ficar
Feche seus olhos e eu terei partido
Vire a página, sim
Hora de começar outra história
Escapulindo, escapulindo
Hora de seguir adiante
Nenhum motivo para ficar
Oh, quando eu estiver escapulindo
Dê uma olhada em você
Você tem corrido em um círculo
Dando voltas e voltas
Você é um começo sem um fim
Comece uma vida nova, sim
Da cidade dos ciganos
Fugindo, escapulindo
Logo atrás do palhaço
Escapulindo
Escapulindo
Ninguém para pagar
Preste atenção, pois eu estou escapulindo
Balançando o copo
Eu não deixarei minha reflexão pra você
Um futuro sem um passado
Nenhuma estrada para me levar de volta
Venha se você for, sim
Só não pergunte minha direção
Fugindo, escapulindo
Nós podemos encontrar o sol
Escapulindo
Escapulindo
Não tem ninguém para pagar
Por isso você está escapulindo
Não mais correndo em um círculo
É hora de seguir adiante
Dando voltas, voltas, lá vamos nós
Um começo sem um fim
Por isso eu estou escapulindo
Escapulindo
FALLING OFF
THE EDGE OF THE WORLD
I think about closing the door
And lately I think of it more
I'm living well out of my time
I feel like I'm losing my mind
I should be at the table round
A servant of the crown
The keeper of the sign
To sparkle and to shine
Never, no never again
Listen to me and believe what I say if you can
Never, this is the end
You know I've seen the faces of doom
And I'm only a man
Help me, tell me I'm sane
I feel a change in the earth
In the wind and the rain
Save me, oh take me away
You know I've seen some creatures from hell
And I've heard what they say
I've got to be strong
Oh, I'm falling off the edge of the world
Uh
Think you're safe, but you're wrong
We are falling off the edge of the world
Look out there's danger
Nowhere to run
It seems like desperate measures but sometimes
It’s gotta be done
Over, it's over at last
And a message's inside
As we build a new life from the past
We're falling off the edge of the world
Yes, the edge of the world
It's the end of the world
CAINDO
PRA FORA DO MUNDO
Penso em fechar a porta
E ultimamente tenho pensado mais sobre isso
Eu vivo feliz fora do meu tempo
Sinto como se estivesse perdendo minha cabeça
Eu deveria estar na távola redonda
Um empregado da Coroa
O guardião do sinal
Para cintilar e brilhar
Nunca, nunca mais
Escute-me e acredite no que te digo, se você pode
Não, este é o fim
Você sabe que eu vi as faces da destruição
E sou apenas um homem
Me ajude, diga-me que estou são
Eu sinto uma mudança na terra
No vento e na chuva
Salve-me, oh me leve embora
Você sabe que vi algumas criaturas do inferno
E ouvi o que eles diziam
Eu tenho que ser forte
Oh, eu estou caindo pra fora do mundo
Oh
Você acha que está seguro, mas você está errado
Nós estamos caindo pra fora do mundo
Preste atenção no perigo
Nenhum lugar para correr
Parecem medidas desesperadas mas às vezes
É isso que precisa ser feito
Acabou, finalmente acabou
E uma mensagem está lá dentro
Enquanto construímos uma vida nova
Nós estamos caindo pra fora do mundo
Sim, pra fora do mundo
É o fim do mundo
OVER AND OVER
Sometimes I feel like I'm dying at dawn
And sometimes I'm warm as fire
But lately I feel like I'm just gonna rain
And it goes over, and over, and over again
Too many flames, with too much to burn
And life's only made of paper
Oh, how I need to be free of this pain
But it goes over, and over, and over again
Oh, sometimes I cry for the lost and alone
And for their dreams that will all be ashes
But lately I feel like I'm just gonna rain
And it goes over, and over, and over again
Over, and over, and over again
Over, and over again
Over, and over, and over again
Over, and over again
Over, and over, and over again
Over, and over again
Over, and over, and over again
Over, and over again
Over, and over, and over again
MUITAS VEZES
Às vezes sinto-me como se estivesse morrendo ao amanhecer
E às vezes estou quente como o fogo
Mas ultimamente me sinto como se eu fosse chover
E isso acontece, muitas e muitas vezes
Muitas chamas, com muito a queimar
E a vida é feita de papel
Oh, como eu preciso me livrar desta dor!
Mas isso acontece, muitas e muitas vezes
Oh, às vezes eu choro por estar perdido e sozinho
E pelos sonhos deles que vão se tornar cinzas
Mas ultimamente me sinto como se eu fosse chover
E isso acontece, muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes, muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes, muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes, muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes, muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes
Muitas e muitas vezes, muitas e muitas vezes
Paranoid
Traduzido por Fernando P. Silva
WAR PIGS
Generals gathered in their masses
Just like witches at black masses
Evil minds that plot destruction
Sorcerers of death's construction
In the fields the bodies burning
As the war machine keeps turning
Death and hatred to mankind
Poisoning their brainwashed minds,
Oh lord yeah!
Politicians hide themselves away
They only started the war
Why should they go out to fight?
They leave that role to the poor
Time will tell on their power minds
Making war just for fun
Treating people just like pawns in chess
Wait 'till their judgment day comes, yeah!
Now in darkness, world stops turning
As the war machine keeps burning
No more war pigs of the power
Hand of god has struck the hour
Day of judgment, god is calling
On their knees, the war pigs crawling
Begging mercy for their sins
Satan, laughing, spreads his wings
PORCOS DE GUERRA
Generais liderando suas massas
Como bruxas em uma missa negra
Mentes demoníacas arquitetando destruição
Feiticeiros da construção da morte
Nos campos os corpos queimam
Enquanto a máquina da guerra continua rodando
Morte e ódio para a humanidade
Envenenando suas mentes lavadas
Sim, senhor!
Políticos se escondem
Eles apenas começaram a guerra
Porque deveriam sair para lutar?
Eles deixam isto para os pobres
O tempo vai julgar suas mentes poderosas
Fazendo guerras apenas por diversão
Tratando pessoas como peões em jogo de xadrez
Esperem até que venha o dia do julgamento.
Agora nas trevas o mundo parou de girar
Enquanto a máquina da guerra continua rodando
Os porcos da guerra não têm mais o poder
A mão de Deus marcou a hora
Dia do julgamento, Deus chama
De joelhos os porcos da guerra rastejam
Pedindo perdão pelos seus pecados
Satã gargalhando abre suas asas
PARANOID
Finished with my woman
'Cause she couldn't help me with my mind
People think I’m insane
Because I am frowning all the time
All day long I think of things
But nothing seems to satisfy
Think I'll lose my mind
If I don't find something to pacify
Can you help me occupy my brain?
Oh yeah
I need someone to show me
The things in life that I can't find
I can't see the things that make true happiness
I must be blind
Make a joke and I will sigh
And you will laugh and I will cry
Happiness I cannot feel
And love to me us so unreal
And so as you hear these words
Telling you now of my state
I tell you to enjoy life
I wish I could but it's too late
PARANÓICO
Terminei com a minha mulher
Pois ela não podia me ajudar com minha mente
As pessoas pensam que estou louco
Pois estou olhando com cara feia o tempo todo
Durante o dia todo eu penso em coisas
Mas nada parece me satisfazer
Acho que vou perder minha cabeça
Se eu não encontrar alguma coisa que me acalme
Você pode me ajudar a ocupar o meu cérebro?
Oh sim
Preciso de alguém para me mostrar
As coisas na vida que eu não consigo encontrar
Eu não consigo ver as coisas que tornam a felicidade real
Eu devo estar cego
Faça uma graça e eu darei um suspiro
E você zombará e eu chorarei
Felicidade, eu não consigo senti-la
E amar para mim é tão ilusório
E para que você ouça essas palavras
Que eu te digo agora no meu estado
Eu digo a você que desfrute a vida
Eu desejo isso pra mim mas é tarde demais
PLANET CARAVAN
We sail through endless skies
Stars shine like eyes
The black night sighs
The moon in silver trees
Falls down in tears
Light of the night
The Earth, a purple blaze
Of sapphire haze
In orbit always
While down below the trees
Bathed in cool breeze
Silver starlight breaks down the night
And so we pass on by the crimson eye
Of great god Mars
As we travel the universe
PLANETA CARAVANA
Nós velejamos por céus infinitos
As estrelas brilham como os olhos
A noite escura suspira
A lua em árvores prateadas
Cai em lágrimas
A luz da noite
A Terra, uma chama púrpura
De uma neblina cor de safira
Sempre em órbita
Enquanto descemos das árvores
Tomamos banho na brisa fresca
A luz prateada das estrelas rompe a noite
E então nós passamos perto do olho vermelho
Do grande deus Marte
Enquanto viajamos pelo universo
IRON MAN
Has he lost his mind?
Can he see or is he blind?
Can he walk at all
Or if he moves will he fall?
Is he alive or dead?
Has he thoughts within his head?
We'll just pass him there
Why should we even care?
He was turned to steel
In the great magnetic field
Where he traveled time
For the future of mankind
Nobody wants him
He just stares at the world
Planning his vengeance
That he will soon unfold
Now the time is here
For Iron Man to spread fear
Vengeance from the grave
Kills the people he once saved
Nobody wants him
They just turn their heads
Nobody helps him
Now he has his revenge
Heavy boots of lead
Fills his victims full of dread
Running as fast as they can
Iron Man lives again!
HOMEM DE FERRO
Ele perdeu a cabeça?
Ele pode ver ou ele está cego?
Ele pode caminhar
Ou se ele se mover, ele cairá?
Ele está vivo ou morto?
Ele tem pensamentos dentro da cabeça?
Nós apenas passaremos perto dele
Então por que deveríamos nos preocupar?
Ele se transformou em aço
No grande campo magnético
Onde ele viajou no tempo
Pelo futuro da humanidade
Ninguém o quer
Ele precisa encarar o mundo
Planejando a vingança
Que ele logo revelará
Agora a hora chegou
Para o homem de ferro espalhar o medo
Vingança vinda da sepultura
Matar as pessoas que ele uma vez salvou
Ninguém o quer
Eles apenas viram suas cabeças
Ninguém o ajuda
Agora ele tem a sua vingança
Botas pesadas de chumbo
Deixam as suas vítimas, cheias de medo
Correndo o mais rápido que eles podem
O Homem de ferro vive novamente!
ELECTRIC FUNERAL
Reflex in the sky
Warn you you're gonna die
Storm coming
You’d better hide from the atomic tide
Flashes in the sky turn houses into sties
Turns people into clay
Radiation minds decay
Robot minds of robot slaves
Lead them to atomic rage
Plastic flowers, melting sun
Fading moon falls upon
Dying world of radiation
Victims of mad frustration
Burning globe of onyx fire
Like electric funeral pyre
Buildings crashing down to a cracking ground
Rivers turn to wood, ice melting to flood
Earth lies in death bed
Clouds cry water dead
Tearing life away
Here's the burning pay
Electric Funeral
Electric Funeral
Electric Funeral
Electric Funeral
And so in the sky shines the electric eye
Supernatural king takes earth under his wing
Heaven's golden chorus sings
Hell's angels flap their wings
Evil souls fall to Hell
Ever trapped in burning cells!
FUNERAL ELÉTRICO
Reflexo no céu
Avisa que você irá morrer
A tempestade está vindo
É melhor se esconder da maré atômica
Relâmpagos no céu transformam casas em chiqueiros
Transforma pessoas em barro
Mentes radiantes se decompõem
Mentes robóticas de robôs escravos
Conduzem-nos a raiva atômica
Flores de plástico, derretem o sol
Enfraquecendo a lua que cai sobre o
Mundo que agoniza em radiação
Vítimas de uma frustração violenta
O globo em chamas pelo fogo multicolorido
Como a pira funerária do funeral elétrico
Edifícios desabam em um solo rachado
Rios viram madeiras, o gelo derrete para inundar
A Terra deita na cama da morte
Nuvens choram águas paradas
Rompendo a vida
Aqui está o pagamento em chamas
Funeral elétrico
Funeral elétrico
Funeral elétrico
Funeral elétrico
E então brilha no céu, o olho elétrico
O Rei sobrenatural coloca a terra debaixo de sua asa
O coral de ouro do paraíso canta
Os anjos do Inferno batem suas asas
Almas perversas descem pro Inferno
Sempre aprisionadas em celas em chamas!
FAIRIES WEAR BOOTS
Going' home, late last night
Suddenly I got a fright
Yeah I looked through the window
And surprised what I saw
Fairy boots were dancing with a dwarf
All right now!
Fairies wear boots and you gotta believe me
Yeah I saw it, I saw it, I tell you no lies
Yeah Fairies wear boots and you gotta believe me
I saw it; I saw it with my own two eyes
Well all right now!
So I went to the doctor, see what he could give me
He said "Son, son, you've gone too far
'Cause smokin' and tripping' is all that you do."
FADAS USAM BOTAS
Estava indo pra casa, ontem tarde da noite
De repente levei um susto
Sim eu olhei pela janela
E fiquei espantado com o que vi
Fadas de botas estavam dançando com um anão
Está tudo bem agora!
Fadas usam botas e você tem que acreditar em mim
Sim eu vi isto, eu vi, não é mentira
Sim Fadas usam botas e você tem que acreditar em mim
Eu vi isto, eu vi isto com meus próprios olhos
Bem está tudo certo agora!
Então eu fui ao médico, ver o que ele poderia me dar
Ele disse “Filho, filho, você foi longe demais
Pois fumar e dar mancadas é tudo aquilo que você faz "
HAND OF DOOM
What you gonna do? Time's caught up with you
Now you wait your turn, you know there's no return
Take your written rules, you join the other fools
Turn to something new, now it's killing you
First it was the bomb, Vietnam napalm
Disillusioning, you push the needle in
From life you escape, reality's that way
Colours in your mind satisfy your time
Oh you, you know you must be blind
To do something like this
To take the sleep that you don't know
You're giving Death a kiss
Oh, little fool now
Your mind is full of pleasure
Your body's looking ill
To you it's shallow leisure
So drop the acid pill, don't stop to think now
You're having a good time baby
But that won't last
Your mind's all full of things
You're living too fast
Go out enjoy yourself
Don't bottle it in
You need someone to help you
To stick the needle in, yeah
Now you know the scene
Your skin starts turning green
Your eyes no longer seeing life's reality
Push the needle in, face death's sickly grin
Holes are in your skin, caused by deadly pin
Head starts spinning 'round
You fall down to the ground
Feel your body heave
Death's hands starts to weave
It's too late to turn, you don't want to learn
Price of life you cry, now you're gonna die!
A MÃO DO DESTINO
O que você vai fazer? O tempo te alcançou
Agora você espera a sua vez, você sabe que não haverá volta
Pegue suas regras escritas, você se juntará aos outros trouxas
Transformar em algo novo, agora isto está te matando
Primeiro foi a bomba, napalm do Vietnã
Desiludido, você injeta as agulhas
Da vida você escapa, a realidade é assim
As cores em sua mente satisfazem seu tempo
Oh você sabe que você deve estar cego
Para fazer algo assim
Para pegar no sono que você não conhece
Você está dando um beijo na Morte
Oh, seu tolinho!
Sua mente está cheia de prazer
Seu corpo parece que está doente
Pra você é um descanso superficial
Então jogue fora a pílula ácida, não pare para pensar agora
Você está tendo um divertimento, baby
Mas que não durará
Sua mente está cheia de coisas
Você está vivendo muito rápido
Saia para se divertir
Não perca a coragem
Você precisa de alguém para te ajudar
A injetar a agulha
Agora você conhece a cena (você sabe o que acontecerá)
Sua pele começa a ficar verde
Seus olhos já não estão vendo a realidade da vida
Injete a agulha, o sorriso doentio da face da morte
Buracos estão em sua pele, causados pelo alfinete mortal
A cabeça começa a girar, girar
Você cai no chão
Sente seu corpo nausear
As mãos da Morte começam a trabalhar
Tarde demais para voltar, você não quer aprender
O preço da vida que você chora, agora você vai morrer
Black Sabbath
Traduzido por Fernando P. Silva
Este é o álbum de estréia do Black Sabbath, lançado em 1970.
THE WIZARD
Misty morning, clouds in the sky
Without warning, the wizard walks by
Casting his shadow, weaving his spell
Funny clothes, tinkling bell
Never talking
Just keeps walking
Spreading his magic
Evil power disappears
Demons worry when the wizard is near
He turns tears into joy
Everyone's happy when the wizard walks by
Never talking
Just keeps walking
Spreading his magic
Sun is shining clouds have gone by
All the people give a happy sigh
He has passed by, giving his sign
Left all the people feeling so fine
Never talking
Just keeps walking
Spreading his magic
O MAGO
Manhã nublada, nuvens no céu
Sem aviso, o mago caminha por perto
Espalhando sua sombra, tecendo seu feitiço
Roupas engraçadas, tocando o sino
Nunca conversando
Apenas caminhando
Espalhando sua magia
O poder do mal desaparece
Demônios se afligem quando o mago está próximo
Ele transforma lágrimas em alegria
Todo mundo fica feliz quando o mago caminha por perto
Nunca conversando
Apenas caminhando
Espalhando sua magia
O sol está brilhando, as nuvens passaram
Todas as pessoas dão um suspiro de felicidade
Ele passou deixando seu sinal
Deixou todas as pessoas se sentindo muito bem
Nunca conversando
Apenas caminhando
Espalhando sua magia
BLACK SABBATH
What is this that stands before me?
Figure in black which points at me
Turn around quick, and start to run
Find out I'm the chosen one
Oh nooo!
Big black shape with eyes of fire
Telling people their desire
Satan's sitting there, he's smiling
Watches those flames get higher and higher
Oh no, no, please God help me!
Is it the end, my friend?
Satan's coming 'round the bend
People running 'cause they're scared
The people better go and beware!
No, no, please, no!
SABÁ NEGRO
O que é isso que se levanta a minha frente?
Um vulto preto que aponta para mim
Viro rapidamente, e começo a correr
Descobri que sou o escolhido
Oh não!
Uma grande figura negra com olhos de fogo
Dizendo às pessoas seus desejos
Satã está sentado lá, ele está sorrindo
Observem aquelas chamas crescendo cada vez mais
Oh não, não, por favor Deus me ajude!
Esse é o fim, meu amigo?
Satã está vindo lá na curva
As pessoas correm pois estão assustadas
Pessoal, é melhor correr e tomar cuidado!
Não, não, por favor, não!
* Black Sabbath = Segundo relatos, na Idade Média, as bruxas se reuniam com demônios e
com o próprio Satanás num ritual satânico chamado "Sabbath", daí o nome "Black
Sabbath".
BEHIND THE WALL OF SLEEP
Precious cups within the flower
Deadly petals with strange power
Faces shine a deadly smile
Back up on you at your trial
Chill and numbs from head to toe
Icy sun with frosty glow
Why'd you go reaching your sorrow?
Why’d you go read no tomorrow?
Feel your spirit rise with the priest
Feel your body falling to its knees
Take your walk of remorse
Take your body to a corpse
Take your body to a corpse
Take your body to a corpse
If you want all remorse
Take your body to a corpse
Now from darkness, there springs light
Wall of Sleep is cold and bright
Wall of Sleep is lying broken
Sun shines in, you are awoken
ATRÁS DA PAREDE DO SONO
Copos preciosos no interior da flor
Pétalas mortais com estranho poder
Brilha nos rostos um sorriso mortal
Apóia você na sua tentativa
Calafrio da cabeça aos pés
Sol gelado com um brilho frio
Por que você iria atrás da sua aflição?
Por que você não iria ler amanhã?
Sinta seu espírito se levantar com o padre
Sinta seu corpo caindo aos seus joelhos
Dê sua caminhada de remorso
Leve seu corpo a um cadáver
Leve seu corpo a um cadáver
Leve seu corpo a um cadáver
Se você quer todo o remorso
Leve seu corpo a um cadáver
Agora na escuridão, aparece a luz
A Parede do Sono é fria e luminosa
A Parede do Sono está quebrada
O sol brilha, você está acordado
WICKED WORLD
The world today is such a wicked thing
Fighting going on between the human race
People go to work just to earn their bread
While people just across the sea
Are counting the dead
A politician's job they say is very high
For he has to choose who's got to go and die
They can put a man on the moon quite easy
While people here on earth
Are dying of old diseases
A woman goes to work every day after day
She just goes to work just to earn her pay
Child sitting crying by a life that's harder
He doesn't even know who is his father
MUNDO MALVADO
O mundo hoje é semelhante a algo perverso
A luta continuará entre a raça humana
As pessoas vão trabalhar apenas para ganhar dinheiro
Enquanto as pessoas do outro lado do mar
Estão contando os mortos
O trabalho de um político, dizem, é muito gratificante
Pois ele tem de escolher quem deve ir e morrer
Eles podem pôr um homem na lua facilmente
Enquanto pessoas aqui na terra
Estão morrendo de velhas doenças
Uma mulher trabalha dia após dia
Ela vai trabalhar apenas para ganhar o salário dela
O garotinho se senta, chorando por uma vida que é dura
Ele nem mesmo sabe quem é o pai dele
N.I.B.
Oh yeah!
Some people say my love cannot be true
Please believe me, my love, and I'll show you
I will give you those things you thought unreal
The sun, the moon, the stars all bear my seal
Oh yeah!
Follow me now and you will not regret
Leaving the life you led before we met
You are the first to have this love of mine
Forever with me 'till the end of time
Your love for me has just got to be real
Before you know the way I'm going to feel
I'm going to feel
I'm going to feel
Oh yeah!
Now I have you with me, under my power
Our love grows stronger now with every hour
Look into my eyes, you will see who I am
My name is Lucifer, please take my hand
Oh yeah!
Follow me now and you will not regret
Leaving the life you led before we met
You are the first to have this love of mine
Forever with me 'till the end of time
Your love for me has just got to be real
Before you know the way I'm going to feel
I'm going to feel
I'm going to feel
Oh yeah!
Now I have you with me, under my power
Our love grows stronger now with every hour
Look into my eyes, you will see who I am
My name is Lucifer, please take my hand
N.I.B.
Oh sim!
Algumas pessoas dizem que meu amor não pode ser real
Por favor acredite em mim, meu amor, e vou te mostrar
Vou te dar as coisas que você julgava impossíveis
O sol, a lua, as estrelas, todas trazem meu selo
Oh sim
Siga-me agora e você não vai se arrepender
Deixando a vida que tinha antes de nos encontrarmos
Você é a primeira que teve este meu amor
Sempre comigo até o fim dos tempos
Seu amor por mim tem que ser real
Antes que você entenda a maneira como sinto
Eu vou sentir
Eu vou sentir
Oh, sim
Agora tenho você comigo, sob meu poder
Nosso amor se fortalece a cada hora
Olhe em meus olhos, você verá quem eu sou
Meu nome é Lúcifer, por favor segure minha mão
Oh sim!
Siga-me agora e você não vai se arrepender
Deixando a vida que tinha antes de nos encontrarmos
Você é a primeira que teve este meu amor
Sempre comigo até o fim dos tempos
Seu amor por mim tem que ser real
Antes que você entenda a maneira como sinto
Eu vou sentir
Eu vou sentir
Oh sim!
Agora tenho você comigo, sob meu poder
Nosso amor se fortalece a cada hora
Olhe em meus olhos, você verá quem eu sou
Meu nome é Lúcifer, por favor segure minha mão
* N.I.B = Nativity In Black (Natividade de preto)
SLEEPING VILLAGE
Red sun rising in the sky
Sleeping village, cockerels cry
Soft breeze blowing in the trees
Peace of mind, feel at ease
ALDEIA ADORMECIDA
Sol vermelho nasce no céu
Aldeia adormecida, os galos cantam
Brisa suave ventando nas árvores
Paz de espírito, sinta-se à vontade
WARNING
Now the first day that I met ya
I was looking in the sky
When the sun turned all a blur
And the thunderclouds rolled by
The sea began to shiver
And the wind began to moan
It must've been a sign for me
To leave you well alone
I was born without you, baby
But my feelings were a little bit too strong
You never said you love me
And I don't believe you can
'Cause I saw you in a dream
And you were with another man
You looked so cool and casual
And I tried to look the same
But now I've got to know ya
Tell me who am I to blame?
I was born without you, baby
But my feelings were a little bit too strong
Now the whole wide world is moving
Because there's iron in my heart
I just can't keep from crying
'Cause you say we've got to part
Sorrow grips my voice as I stand here all-alone
And watch you slowly take away
A love I've never known
I was born without you, baby
But my feelings were a little bit too strong
AVISO
No primeiro dia em que te encontrei
Eu estava olhando para o céu
Quando o sol tornou-se uma mancha escura
E as nuvens de trovoada passaram
O mar começou a se agitar
E o vento começou a soprar
Deveria ter sido um sinal
Para eu te deixar bem sozinha
Eu nasci sem você, baby
Mas meus sentimentos foram um pouco fortes demais
Você nunca disse que me ama
E eu não acredito que você possa
Pois eu te vi num sonho
E você estava com outro homem
Você parecia tão fria e casual
E eu tentei olhar assim mesmo
Mas agora eu tenho que saber
Diga-me quem sou eu para culpar?
Eu nasci sem você, baby
Mas meus sentimentos foram um pouco fortes demais
Agora o mundo todo está se movendo
Porque há ferro em meu coração
Eu não consigo parar de chorar
Pois você diz que temos que nos separar
A aflição aperta a minha voz enquanto estou aqui sozinho
E vejo você indo embora lentamente
Um amor que eu nunca conheci
Eu nasci sem você, baby
Mas meus sentimentos foram um pouco fortes demais
EVIL WOMAN
I've seen a look of evil in your eyes
You've been filling me all full of lies
Sorrow will not change your shameful deeds
Do well best, someone else has better seen
Evil Woman, don't you play your games with me
Evil Woman, don't you play your games with me
Now I know just what you're looking for
You want me to claim that child you bore
Well you know that it must he not be
And you know the way it got to be
Evil Woman, don't you play your games with me
Evil Woman, don't you play your games with me
Evil Woman, don't you play your games with me
Evil Woman, don't you play your games with me
Wickedness lies in your moisten lips
Your body moves just like the crack of a whip
Blackness sleeps on top of your stray bed
Do you wish that you could see me dead?
Evil Woman, don't you play your games with me
Evil Woman, don't you play your games with me
Evil Woman, don't you play your games with me
Evil Woman, don't you play your games with me
MULHER DIABÓLICA
Eu tenho visto um semblante do mal em seus olhos
Você tem me enchido de mentiras
A dor não mudará suas atitudes vergonhosas
É melhor mostrá-las para outra pessoa
Mulher diabólica, não brinque comigo
Mulher diabólica, não brinque comigo
Agora eu sei exatamente o que você está procurando
Você me quer para exigir aquele filho que você deu a luz
Bem, você sabe que ele não existe
E você sabe como ele teria que ser
Mulher diabólica, não brinque comigo
Mulher diabólica, não brinque comigo
Mulher diabólica, não brinque comigo
Mulher diabólica, não brinque comigo
A maldade repousa nos seus lábios molhados
Seu corpo se move exatamente como o açoite de um chicote
A escuridão dorme em cima de sua cama perdida
Você deseja me ver morto?
Mulher diabólica, não brinque comigo
Mulher diabólica, não brinque comigo
Mulher diabólica, não brinque comigo
Mulher diabólica, não brinque comigo
Never Say Die
Traduzido por Fernando P. Silva
Agradecimentos a Gustavo Coimbra de Porto Alegre, por sua colaboração!
NEVER SAY DIE!
People going nowhere, taken for a ride
Looking for the answers that they know inside
Searching for a reason, looking for a rhyme
Snow White's mirror said "partners in crime!"
Don't they ever have to worry?
Don't you ever wonder why?
It's a part of me that tells you
Oh, don't you ever, don't ever say die
Never, never, never say die again
Sunday's satisfaction, Monday's home and dry
Truth is on the doorstep, welcome in the lie
All dressed up in sorrow, got no place to go
Hold back, till it's ready, taking it slow
Don't they ever have to worry?
Don't you ever wonder why?
It's a part of me that tells you
Oh, don't you ever, don't ever say die
Never, never, never say die again
Don't you ever say die
Don't you ever say die
Never say die
Panic, silver lining, writing's on the wall
Children get together, you can save us all
Future's on the corner, throwing us a die
Slow down, turn around, everything's fine
There's no need to have a reason
There's no need to wonder why
It's a part of me that tells you
Oh, don't you ever, don't ever say die
Never, never, never say die again
NÃO DESISTA!
Pessoas indo a lugar algum, te conduzem à morte
Procurando pelas respostas que eles conhecem por dentro
Procurando uma razão, procurando uma rima
O espelho da Branca de Neve disse "parceiros no crime!"
Eles têm sempre que se aborrecer?
Você não quer saber o por quê?
É uma parte de mim que conversa com você
Oh, não, não desista
Nunca, nunca, nunca mais desista
A satisfação de domingo, ir para casa segunda-feira e secar
A verdade está ali fora, boas-vindas à mentira
Toda vestida de tristeza, não tem nenhum lugar para ir
Segure, até que esteja pronto, vá com calma
Eles têm sempre que se aborrecer?
Você não quer saber o por quê?
É uma parte de mim que conversa com você
Oh, não, não desista
Nunca, nunca, nunca mais desista
Não desista
Não desista
Nunca desista
Pânico, raio de esperança, a escrita na parede
As crianças ficam juntas, você pode salvar a todos nós
O futuro no canto, nos lançando um dado
Devagar, vire-se, está tudo bem
Não há nenhuma necessidade para se ter uma razão
Não há nenhuma necessidade de se saber o por quê
É uma parte de mim que conversa com você
Oh, não, não desista
Nunca, nunca, nunca mais desista
JOHNNY BLADE
Tortured and twisted, he walks the streets alone
People avoid him, they know the street's his own
Cold blade of silver, his eyes they burn so wild
Mean as a tiger, society's own child
Go the tiger, burn in hate
You know you have to, Johnny Blade
He's the meanest guy around his town
One look and he will cut you down
Johnny Blade, Johnny Blade
Life has no meaning, and Death's his only friend
Will fate surprise him, where will he meet his end?
He feels so bitter, yes he's so full of hate
To die in the gutter, I guess that's Johnny's fate
Rivals all across the land
He kills them with his knife in hand
He's the meanest guy around his town
One look and he will cut you down
Johnny Blade, Johnny Blade
Johnny Blade, Johnny Blade
Well you know that Johnny's a spider
And his web is the city at night
He's a victim of modern frustration
That's the reason he's so ready to fight
He's the one that should be afraid
What will happen to you, Johnny Blade?
Oh he knows his future's decided
And he ain't gonna change it, no way
He was born to die in the gutter
He'll keep fighting till the end of his days
Been alone all through his life
His only friend is a switchblade knife
He's the one who should be afraid
What will happen to you, Johnny Blade?
You fool the people
Who's fooling who?
It's time to listen
Who's fool are you?
JOHNNY BLADE
Torturado e bêbado, ele anda sozinho pelas ruas
As pessoas o evitam, elas sabem que a rua é dele
Lâmina de prata, os olhos dele queimam selvagemente
Malvado como um tigre, a própria criança da sociedade
Vá tigre, queime em ódio
Você sabe que você tem, Johnny Blade
Ele é o pior cara da cidade onde vive
Um olhar e ele te estraçalhará
Johnny Blade, Johnny Blade
A vida não tem significado, e a Morte é a única amiga dele
Irá o destino surpreendê-lo, onde ele conhecerá o seu fim?
Ele se sente tão amargo, sim ele está cheio de ódio
Morrer na sarjeta, acho que esse é o destino de Johnny
Rivais por toda a terra
Ele os mata com a faca em sua mão
Ele é o pior cara da cidade onde vive
Um olhar e ele te estraçalhará
Johnny Blade, Johnny Blade
Johnny Blade, Johnny Blade
Bem você sabe que Johnny é uma aranha
E a teia dele é a cidade à noite
Ele é uma vítima da frustração moderna
Esta é a razão por ele estar tão disposto a lutar
Ele é o único que deveria ter medo
O que acontecerá com você, Johnny Blade?
Oh ele sabe que o seu futuro está decidido
E ele não vai mudá-lo, de jeito algum
Ele nasceu para morrer na sarjeta
Ele continuará lutando até o fim dos seus dias
Ele esteve sozinho por toda a vida
O seu único amigo é um canivete
Ele é o único que deveria ter medo
O que acontecerá com você, Johnny Blade?
Você engana as pessoas
Quem está enganando quem?
É hora de escutar
Quem é bobo, você?
JUNIOR'S EYES
Junior's eyes looked up to the skies in tears
He prayed that his maker
The giver and taker, would appear
Junior sighed, as his hands reached out to the sky
Junior cried, the day that his best friend died
Yeah!
They're coming home again tomorrow
I'm sorry it won't be for long
With all the pain I've watched you live within
I'll try my hardest not to cry
When it is time to say goodbye
Junior's eyes, they couldn't disguise the pain
His father was leaving, and Junior's grieving again
Innocent eyes watched the man
who had gave everything
Junior's sorrow, who knew
what tomorrow would bring?
Yeah!
They're coming home again tomorrow
I'm sorry it won't be for long
With all the pain I've watched you live within
I'll try my hardest not to cry
When it is time to say goodbye
Junior's eyes looked into the skies once more
Now he knew well, this life was hell for sure
He desperately tried
His fingertips stretched to the stars
Reaching for reason,
along with the time and the scars
Yeah!
They're coming home again tomorrow
I'm sorry it won't be for long
With all the pain I've watched you live within
I'll try my hardest not to cry
When it is time to say goodbye
OS OLHOS DE JÚNIOR
Os olhos de Júnior olharam para o céu aos prantos
Ele rezou para que o seu criador
O seu doador e o seu comprador, aparecessem
Júnior suspirou, enquanto suas mãos estendiam ao céu
Júnior chorou, no dia em que seu melhor amigo morreu
Sim!
Eles estão voltando pra casa novamente, amanhã
Eu estou triste, isso não vai demorar pra acontecer
Com toda a dor eu vi você viver por dentro
Eu tentarei firmemente não chorar
Quando chegar a hora de dizer adeus
Os olhos de Júnior, não puderam disfarçar a dor
O pai dele partiu, e Junior está sofrendo novamente
Os olhos inocentes viam
o homem que deu tudo
A dor de Júnior, quem ia saber
o que o amanhã traria?
Sim!
Eles estão voltando pra casa novamente, amanhã
Eu estou triste, isso não vai demorar pra acontecer
Com toda a dor eu vi você viver por dentro
Eu tentarei firmemente não chorar
Quando chegar a hora de dizer adeus
Os olhos de Júnior olharam mais uma vez para os céus
Agora ele bem sabia, esta vida foi um inferno com certeza
Ele tentou desesperadamente
A ponta dos seus dedos se esticou às estrelas
Tentando alcançar a razão,
junto com o tempo e as cicatrizes
Sim!
Eles estão voltando pra casa novamente, amanhã
Eu estou triste, isso não vai demorar pra acontecer
Com toda a dor eu vi você viver por dentro
Eu tentarei firmemente não chorar
Quando chegar a hora de dizer adeus
HARD ROAD
Old men crying, young men dying
World still turns
as Father Time looks on, on and on
Children playing, dreamers praying
Laughter turns to tear as love has gone
Has it gone?
Oh, it's a hard road
Oh, it's a hard road
Whirlwind churning, lovers learning
On this path of life we can't back down, is it wrong?
Widows weeping, babies sleeping
Life becomes the singer and the song,
sing along
Oh, it's a hard road
Carry your own load
Why make the hard road?
Why can't we be friends?
No need to hurry
We'll meet in the end
Why make the hard road?
Why can't we be friends?
No need to worry
Let's sing it again
Brother's sharing mother's caring
Nighttime falling victim to the dawn
Shadows small
Days are crawling time is calling
To the Earth that not that life has gone,
love line drawn
Oh, it's a hard road
Carry your own load
Oh, it's a hard road
Oh, it's a hard road...
We're living in sorrow, we're living the best
And look to the future
Cause life goes together now
We're living in sorrow, we're living the best
And look to the future
Cause life goes together now
We're living in sorrow, we're living the best
And look to the future
Cause life goes together now...
CAMINHO DIFÍCIL
Homens velhos chorando, homens jovens morrendo
O mundo ainda gira
enquanto o Tempo Pai observa, continuamente
As crianças brincam, sonhadoras rezando
Os risos se tornam lágrimas à medida que o amor se foi
Ele se foi?
Oh, é um caminho difícil
Oh, é um caminho difícil
Redemoinhos turbulentos, amantes aprendizes
A esta altura da vida não podemos desistir, é errado isso?
Viúvas chorando, bebês dormindo
A vida se torna o cantor e a canção,
e os dois cantam juntos
Oh, é um caminho difícil
Carregue sua própria carga
Por que a estrada se torna difícil?
Por que não podemos ser amigos?
Não há motivo para se ter pressa
Nos encontraremos no final
Por que o caminho se torna difícil?
Por que não podemos ser amigos?
Não há motivo para se preocupar
Cantemos novamente
Irmãos partilhando, a mãe se preocupando
As horas da noite passam, vítimas ao amanhecer
Pequenas sombras
Os dias estão rastejando, o tempo está chamando
Para a Terra pois a vida não se foi,
a linha do amor desenhada
Oh, é um caminho difícil
Carregue sua própria carga
Oh, é um caminho difícil
Oh, é um caminho difícil ...
Estamos vivendo em dor, estamos vivendo o melhor
E olhe para o futuro
Pois a vida segue unida agora
Estamos vivendo em dor, estamos vivendo o melhor
E olhe para o futuro
Pois a vida segue unida agora
Estamos vivendo em dor, estamos vivendo o melhor
E olhe para o futuro
Pois a vida segue unida agora...
SHOCK WAVE
There's no reason for you to run
You can't escape the fate of the chosen one
Black moon rising, in a blood red sky
This time you realize that you're gonna die
Drinking your blood brew is your answer
That's what you plan to do
No dreaming, time you cheat this master
You're on your own going through
Wind of mist has taken over your mind
And you think you're on your own
Don't believe you are the only one here
Look around you're not alone
Feel the forces from another world
Ghostly shadows fill your mind
Evil power hanging over you
As you freeze, you're like a child
Look behind you!
Somebody's calling
Someone is near
Feel yourself falling
Falling with fear
You tell yourself you're dreaming
You realize you're screaming
You know that this shouldn't happen to you
You tell yourself that it's scary too
But there is nothing you can do, oh!
Ghostly shadows from the other world
Evil forces in your mind
Trapped between the worlds of life and death
Frozen in the realms of time
Look behind you!
You feel yourself falling you're at the end of the line
Your body is crawling, but your senses are blind
Cold, cold feelings are running through your brains
Ice cold fingers, running through your veins
ONDA DE CHOQUE
Não há nenhum motivo para você correr
Você não pode escapar, o destino do escolhido
A Lua negra se levantando, num céu vermelho de sangue
Desta vez você percebe que vai morrer
Beber sua bebida fermentada de sangue, é a sua resposta
É isso o que você planeja fazer
Sem sonhar, hora de você enganar este mestre
Você enfrenta tudo sozinho
A névoa tomou conta da sua mente
E você acha que está sozinho
Não acredite que você é o único por aqui
Dê uma olhada, você não está sozinho
Sinta as forças do outro mundo
Sombras fantasmagóricas enchem sua mente
O poder do mal pairando sobre você
Enquanto você congela, você é como uma criança
Olhe atrás de você!
Alguém está chamando
Alguém está próximo
Sinto você caindo
Caindo de medo
Você diz a si mesmo que está sonhando
Você percebe que está gritando
Você sabe que isso não deveria acontecer com você
Você diz para si mesmo que isto também é assustador
Mas não há nada que você possa fazer, oh!
Sombras fantasmagóricas do outro mundo
A força do mal em sua mente
Preso entre os mundos, da vida e da morte
Congelado nos reinos do tempo
Olhe atrás de você!
Você se sente caindo, você está no fim da linha
Seu corpo está rastejando, mas seus sentidos estão cegos
Sentimentos frios, estão transpassando seus miolos
Dedos frios de gelo, transpassando suas veias
AIR DANCE
She sits in silence, in her midnight world
Her faded pictures, of her dancing girls
Her, distant dreamer, on the seas of time
Her happy memories, dancing through her mind
In days of romance
She was the queen of dance
She'd dance the night away
And as the seasons turn the days to years
She holds her pictures, hears the silent cheers
The days grow lonely for the dancing queen
And now she dances only in her dreams
In days of romance
She was the queen of dance
She'd dance the night away, away, away, away
AIR DANCE
Ela se senta em silêncio, no seu mundo da meia-noite
Suas fotos esmorecidas, dela dançando com as garotas
O distante sonhador dela, nos mares do tempo
Suas recordações felizes, dançando através da própria mente
Em dias de romance
Ela era a rainha da dança
Ela dançaria noite afora
E enquanto as estações transformam os dias em anos
Ela segura suas fotos, e ouve os prazeres silenciosos
Os dias crescem solitários para a rainha do baile
E agora ela só dança nos próprios sonhos
Em dias de romance
Ela era a rainha da dança
Ela dançaria a noite, afora, afora, afora, afora
SWINGING THE CHAIN
It's against my uniform
To be a civil judge
All the songs are history now
‘Bout rock stars and their grudge
Let us cast our minds back
To thirty years or more
You took up all the vandals
Will Hitler beat’em all?
And we're sad and sorry
Really sorry that it happened that way
Yes we're sad and sorry
But why'd you have to treat us that way?
Compare ourselves with others
And cover them in sin
Oh, God what a terrible
A terrible state we're in
There must be some way out of here
A compromise that's right
If we cannot work it out
We're gonna have to fight
Yes we're sad and sorry
Really sorry that it happened that way
Yes we're sad and sorry
We cannot go on in those days
I'm talking about my brothers
Yeah, I'm talking `bout sisters as well
I wish you good luck
Good luck!
Oh, but the world's still on fire
Chain the hope you take on, liar
This fire
We're on fire, we're on fire, yeah...
BALANÇANDO A CORRENTE
É contra o meu uniforme
Ser um juiz civil
Todas as canções são agora, história
Sobre as estrelas do rock e os seus rancores
Deixe-nos imaginar nossas mentes
Há trinta anos atrás ou mais
Você levou todos os vândalos
Hitler baterá em todos eles?
E nós estamos tristes e arrependidos
Realmente arrependidos da forma que aconteceu aquilo
Sim nós estamos tristes e arrependidos
Mas porque você tem que nos tratar desse jeito?
Compare-nos com os outros
E cubra-os com pecado
Oh Deus, que terrível
Que estado terrível nós estamos
Deve haver alguma saída daqui
Uma coisa é certa
Se não pudermos sair dessa
Nós vamos ter que lutar
Sim nós estamos tristes e arrependidos
Realmente arrependidos da forma que aconteceu aquilo
Sim nós estamos tristes e arrependidos
Não podemos continuar naqueles dias
Eu estou falando sobre os meus irmãos
Sim, estou falando sobre as minhas irmãs também
Eu lhes desejo boa sorte
Boa sorte!
Oh, mas o mundo ainda está em chamas
Aprisione a esperança que você enfrenta, mentiroso
Este fogo
Nós estamos pegando fogo, nós estamos pegando fogo, sim...
OVER TO YOU
Born in the window
Cold-blooded spoof
Raised in the prison
You called the school
Taught young in legends
Told what to do
I handed my childhood
Over to you
Traveling endlessly, I'm searching for mind
I'm almost afraid of what I will find
Wandering aimlessly, oh what can I do?
I handed my future over to you, to you
Over to you
Future looks blue
What can I do?
Watching for freedom
Fighting our wars
Feeding our children
Keeping your laws
Someday you'll suffer
And what I'll do
I'll hand all your promises
Over to you
Standing inside myself, I'm losing control
You made me believe in the stories you told
Waiting impatiently, what else can I do?
I handed my future over to you, to you
Over to you
Future looks blue
What can I do?
Tears filled of sadness
Stealing myself
Which burning secrets?
What to they tell?
Mad politicians
Can tell it true
I handed my children
Over to you
All over, over to you
All over, over to you
All over, over to you...
PARA VOCÊ
Nascido na janela
Uma gozação a sangue frio
Educado na prisão
Você chamou pela escola
Ensinou os jovens com lendas
Explicou o que fazer
Eu dei minha infância
Para você
Viajando eternamente, estou à procura da mente
Eu tenho quase medo do que irei encontrar
Perambulei sem ter o que fazer, oh o que eu posso fazer?
Entreguei meu futuro para você, para você
Para você
O futuro parece triste
O que eu posso fazer?
Vigiando a liberdade
Disputando nossas guerras
Alimentando nossas crianças
Cumprindo suas leis
Algum dia você sofrerá
E o que eu farei?
Eu lhe darei todas as suas promessas
Para você
Dentro de mim mesmo, estou perdendo o controle
Você me fez acreditar nas histórias que contastes
Esperando impacientemente, o que mais posso fazer?
Eu entreguei o meu futuro para você, para você
Para você
O futuro parece triste
O que eu posso fazer?
Lágrimas cheias de tristezas
Roubando a mim mesmo
Quais segredos ardentes?
Dizer o que para eles?
Políticos malucos
Podem dizer que é verdade
Eu entreguei minhas crianças
Para você
Tudo para, para você
Tudo para, para você
Tudo para, para você...
BREAKOUT
(Instrumental)
FUGA
(Instrumental)
Sabotage
Traduzido por Fernando P. Silva
HOLE IN THE SKY
I'm looking through a hole in the sky
I'm seeing nowhere through the eyes of a lie
I'm getting closer to the end of the line
I'm living easy where the sun doesn't shine
I'm living in a room without any view
I'm living free because the rent's never due
The synonyms of all the things that I've said
Are just the riddles that are built in my head?
Hole in the sky, take me to heaven
Window in time, through it I fly
I've seen the stars disappear in the sun
The shooting's easy if you've got the right gun
And even though I'm sitting waiting for Mars
I don't believe there's any future in cause
Hole in the sky, take me to heaven
Window in time, through it I fly
Yeah
I've watched the dogs of war enjoying their feast
I've seen the western world go down in the east
The food of love became the greed of our time
But now I'm living on the profits of pride
BURACO NO CÉU
Estou olhando por um buraco no céu
Não vejo lugar algum pelos olhos de uma mentira
Estou ficando mais próximo do fim da linha
Estou vivendo fácil aonde o sol não brilha
Estou morando num quarto sem qualquer visão
Estou vivendo livre pois o aluguel nunca está vencido
Os sinônimos de todas as coisas que eu disse
São apenas os enigmas construídos em minha cabeça?
Buraco no céu, me leva ao paraíso
Uma janela no tempo, e através dela eu vôo
Eu vi as estrelas desaparecerem no sol
A caçada é fácil se você tem a arma certa
E embora eu esteja sentado esperando por Marte
Eu não acredito que haja algum futuro
Buraco no céu, me leva ao paraíso
Uma janela no tempo, e através dela eu vôo
Sim
Eu vi os cães de guerra desfrutando o banquete deles
Eu vi o mundo ocidental descer em direção ao oriente
O alimento do amor se tornou a cobiça do nosso tempo
Mas agora estou vivendo nos lucros do orgulho
AM I GOING INSANE (RADIO)
Everybody's looking at me
Feeling paranoid inside
When I step outside I feel free
Think I'll find a place to hide
Tell me people am I going insane?
Tell me people am I going insane?
Every day I sit and wonder how my life it used to be
Now I feel like going under
Now my life is hard to see
So tell me people, am I going insane?
Tell me people am I going insane?
So I'm telling all you people
Listen while I sing again
If I don't sound very cheerful
I think that I'm a schizo brain
So tell me people, am I going insane?
Tell me people am I going insane?
ESTOU FICANDO LOUCO (RÁDIO)?
Todo mundo está me olhando
Estou me sentindo um paranóico por dentro
Quando eu ando lá fora eu me sinto livre
Acho que irei encontrar um lugar para me esconder
Diga-me pessoal, eu estou ficando louco?
Diga-me pessoal, eu estou ficando louco?
Todos os dias eu sento e desejo saber como era a minha vida
Agora eu tenho vontade de afundar
Agora minha vida é dura de se ver
Então me diga pessoal, eu estou ficando louco?
Diga-me pessoal, eu estou ficando louco?
Então pessoal, eu digo a todos vocês
Ouçam enquanto eu canto novamente
Se eu não pareço muito alegre
Então eu acho que estou sofrendo de esquizofrenia
Então me diga pessoal, eu estou ficando louco?
Diga-me pessoal, eu estou ficando louco?
SYMPTOM OF THE UNIVERSE
Take me through the centuries to supersonic years
Electrifying enemy is drowning in his tears
All I have to give you is a love that never dies
The symptom of the universe is written in your eyes
Yeah
Mother mooch is calling me back to her silver womb
Father of creation takes me from my stolen tomb
Seventh night the unicorn is waiting in the skies
A symptom of the universe, a love that never dies
Yeah
Take my hand, my child of love
Come step inside my tears
Swim the magic ocean
I've been crying all these years
When our love will ride away into eternal skies
A symptom of the universe, a love that never dies
Yeah
Oh my child of love's creation
Come and step inside my dreams
In your eyes I see no sadness
You are all that loving means
Take my hand and we'll go riding
Through the sunshine from above
We'll find happiness together
In the summer skies of love
SINTOMA DO UNIVERSO
Me leve através dos séculos para os anos supersônicos
Eletrificando, o inimigo está se afogando em suas lágrimas
Tudo que tenho para te dar, é um amor que nunca morre
O sintoma do universo está escrito em seus olhos
Sim
Mamãe está me chamando de volta ao seu útero prateado
O pai da criação me leva de volta ao meu túmulo roubado
Sétima noite, o unicórnio está esperando nos céus
Um sintoma do universo, um amor que nunca morre
Sim
Pegue minha mão, minha criança do amor
Venha pisar dentro das minhas lágrimas
Nade no oceano mágico (que)
Tenho chorado todos estes anos
Quando nosso amor partirá em céus eternos
Um sintoma do universo, um amor que nunca morre
Sim
Oh minha criança da criação do amor
Venha e pise dentro dos meus sonhos
Em seus olhos eu não vejo nenhuma tristeza
Você é, todos aqueles meios amorosos
Pegue minha mão e nós iremos cavalgando
Pelos raios de sol lá de cima
Encontraremos a felicidade, juntos
Nos céus de verão do amor
MEGALOMANIA
I hide myself inside the shadows of shame
The silent symphonies were playing their game
My body echoed to the dreams of my soul
This God is something that I could not control
Where can I run to now?
The joke is on me
No sympathizing god is insanity, yeah
Why don't you just get out of my life, yeah?
Why don't you just get out of my life now?
Why doesn't everybody leave me alone now?
Why doesn't everybody leave me alone, yeah?
Obsessed with fantasy, possessed with my schemes
I mixed reality with pseudogod dreams
The ghost of violence was something I seen
I sold my soul to be the human obscene
How could it poison me?
The dream of my soul
How did my fantasies take complete control, yeah?
Why don't you just get out of my life, yeah?
Why don't you just get out of my life now?
Why doesn't everybody leave me alone now?
Why doesn't everybody leave me alone, yeah?
Well I feel something's taken me I don't know where
It's like a trip inside a separate mind
The ghost of tomorrow from my favorite dream
Is telling me to leave it all behind
Feel it slipping away, slipping in tomorrow
Got to get to happiness, want no more of sorrow
How I lied, went to hide
How I tried to get away from you now
Am I right if I fight?
That I might just get away from you now
Sting me!
Well I feel something's giving me
The chance to return
It's giving me the chance of saving my soul
Beating the demigod, I'm fading away
I'm going backwards but I'm in control
Feel it slipping away, slipping in tomorrow
Getting back to sanity, providence of sorrow
Was it wise to disguise
How I tried to get away from you now
Is there a way that I could pay?
Or is it true I have to stay with you now?
How I lied, went to hide
How I tried to get away from you now
Am I right if I fight?
That I might just get away from you now
Suck me!
I'm really digging schizophrenia
The best of the earth
I've seized my soul in the fires of hell
Peace of mind eluded me, but now it's all mine
I simply try, but he wants me to fail
Feel it slipping away, slipping in tomorrow
Now I've found my happiness, providence of sorrow
No more lies, I got wise
I despise the way I worshipped you yeah
Now I'm free, can't you see?
And now instead I won't be led by you now
Free!
MEGALOMANIA
Eu me escondo dentro das sombras da vergonha
As sinfonias silenciosas estavam jogando os seus jogos
Meu corpo ecoou para os sonhos da minha alma
Esse Deus é algo que eu não pude controlar
Para onde posso correr agora?
A piada é comigo
Nenhum deus simpatizante é insanidade
Por que você não sai da minha vida?
Por que você não sai da minha vida neste momento?
Por que todo mundo não me deixa em paz agora?
Por que todo mundo não me deixa em paz?
Obcecado com a fantasia, possesso com meus planos
Eu misturei realidade com sonhos de um falso deus
O fantasma da violência foi algo que eu vi
Eu vendi minha alma para ser um ser humano obsceno
Como isso pôde me envenenar?
O sonho da minha alma
Como minhas fantasias tomaram o controle total?
Por que você não se manda da minha vida?
Por que você não sai da minha vida agora?
Por que todo mundo não me deixa em paz agora?
Por que todo mundo não me deixa em paz?
Bem eu sinto que alguma coisa me levou, não sei pra onde
É como uma viagem para dentro de uma mente separada
O fantasma do amanhã do meu sonho favorito
Está me dizendo para deixar tudo isso para trás
Eu o sinto escapulindo, escapulindo no amanhã
Preciso ter a felicidade, não quero mais a tristeza
Como eu menti, fui me esconder
Como eu tentei fugir de você agora
Estou certo em lutar?
Até que eu poderia apenas fugir de você agora
Me dê uma picada!
Bem eu sinto que algo está me dando
A chance de voltar
Está me dando a chance de salvar minha alma
Derrotando o ídolo, eu estou esmorecendo
Estou regredindo mas tenho o controle
Eu o sinto escapulindo, escapulindo no amanhã
De volta à sanidade, providência da tristeza
Foi inteligente disfarçar?
Como eu tentei fugir de você agora
Existe uma forma que eu poderia pagar?
Ou é verdade, eu tenho que ficar com você agora?
Como eu menti, fui me esconder
Como eu tentei fugir de você agora
Estou certo em lutar?
Até que eu poderia apenas fugir de você agora
Me dê uma picada!
Realmente estou buscando esquizofrenia
O melhor da terra
Eu aprisionei minha alma nos quintos do inferno
A paz de espírito me iludiu, mas agora ela é toda minha
Eu simplesmente tento, mas ele quer que eu falhe
Eu o sinto escapulindo, escapulindo no amanhã
Agora encontrei minha felicidade, providência da tristeza
Chega de mentiras, eu tenho bom senso
Eu menosprezo a maneira como eu te adorava
Agora estou livre, você não vê?
E agora ao contrário, eu não serei conduzido por você
Livre!
THE THRILL OF IT ALL
Inclination of direction
Walk the turned and twisted rift
With the children of creation
Futuristic dreams we sift
Clutching violently
We whisper with a liquefying cry
Any deadly final answers
That is surely doomed to die
Won't you help me Mr. Jesus
Won’t you tell me if you can?
When you see this world we live in
Do you still believe in Man?
If my songs become my freedom
And my freedom turns to gold
Then I'll ask the final question
If the answer could be sold
Well, that's my story and I'm sticking to it
'Cause I've got no reason to lie, yeah
Forget your problems that don't even exist
And I'll show you a way to get high, oh yeah
Oh yeah!
So come along, you know you matter to me
Remember freedom is not hard to find, yeah
Time to stop all your messing around
Don't you think that I know my own mind, oh yeah
Oh yeah!
Why can't you believe, it's not here to perceive?
Do you always have to be told, yeah?
For you have been taught
That if your mind has been bought
Life's entire answer was sold, oh yeah
Oh yeah!
A EMOÇÃO DISSO TUDO
Inclinação da direção
Ande pela fenda virada e distorcida
Com as crianças da criação
Sonhos futurísticos que peneiramos
Apertando violentamente
Sussurramos com um grito líquido
Qualquer resposta decisiva e mortal
Que certamente é condenada a morte
Você não me ajudará Sr. Jesus
Você não vai me dizer se pode?
Quando você olha este mundo em que vivemos
Você ainda acredita no Homem?
Se minhas canções se transformam em minha liberdade
E a minha liberdade se transforma em ouro
Então eu farei a pergunta final
Se a resposta pode ser vendida
Bem, essa é a minha história e eu estou preso a ela
Pois não tenho nenhum motivo para mentir, sim
Esqueça os seus problemas que nem mesmo existem
E eu lhe mostrarei um jeito de se extasiar, oh yeah
Oh yeah!
Então venha, você sabe que você é importante pra mim
Relembrar a liberdade não é difícil
É hora de parar com todos os seus fingimentos
Você não acha que conheço a minha própria mente?
Oh yeah!
Por que você não pode acreditar, não dá pra perceber?
Você tem sempre que ser orientado?
Pois você foi ensinado
Que se sua mente foi comprada
A resposta da vida inteira foi vendida, oh yeah
Oh yeah!
THE WRIT
The way I feel is the way I am
I wish I'd walked before I started to run to you
Just to you
What kind of people do you think we are?
Another joker who's a rock and roll star for you
Just for you
The faithful image of another man
The endless ocean of emotion I swam for you
Yeah for you
The shot troopers lying down on the floor
I wish they'd put an end
To my running war with you
Yeah with you
Are you metal, are you man?
You've changed in life since you began
Yeah began
Ladies digging gold from you
Will they still dig now you're through?
Yeah you're through
You bought and sold me with your lying words
The voices in the deck
That you never heard came through
Yeah came through
Your folly finally got to spend with a gun
A poisoned father who has poisoned his son
That's you yeah that's you
I beg you please don't let it get any worse
The anger I once had has turned to a curse on you
Yeah curse you
All of the promises that never came true
You're gonna get what is coming to you, that's true
Ah, that's true
Are you Satan, are you man?
You've changed in life since it began
It began
Vultures sucking gold from you
Will they still suck now you're through?
(Cats, Rats)
The search is on, so you just better run
And find yourself another way
Probably dead, they don't feel a thing
To keep them living for another day
(Rats, Rat)
You are nonentity you have no destiny
You are a victim of a thing unknown
A mantle picture of a stolen soul
A fornication of your golden throne
A smiling face, it means the world to me
So tired of sadness and of misery
My life it started some time ago
Where it will end, I don't know
I thought I was so good
I thought I was fine
I feel my world is out of time
But everything is gonna work out fine
If it don't I think I'll lose my mind
I know, I know, I know, yeah yeah I know
Listen to me while I sing this song
You might just think the words are wrong
Too many people advising me
But they don't know what my eyes see
But everything is gonna work out fine
A ESCRITA
A maneira como me sinto é a maneira como eu sou
Eu gostaria de ter andado antes que eu corresse para você
Só para você
Que tipo de pessoas você acha que somos?
Outro palhaço que é uma estrela de rock and roll por você
Só por você
A imagem fiel de outro homem
O oceano infinito de emoção que eu nadei por você
Sim por você
Os cavaleiros da tropa, deitados no chão
Gostaria que eles pusessem um fim
Ao meu movimento de guerra com você
Sim com você
Você é metal, você é homem?
Você mudou na vida desde que nasceu
Sim nasceu
Mulheres que extraem o ouro de você
Elas ainda irão cavar, agora que você está acabado?
Sim você está acabado
Você comprou e me vendeu com suas palavras mentirosas
As vozes no convés
Que você nunca ouviu, passaram
Sim passaram
Sua estupidez finalmente conseguiu se divertir com uma arma
Um pai envenenado que envenenou o próprio filho
Que é você, sim que é você
Eu te imploro por favor não deixe isto ficar ainda pior
A raiva que eu tive uma vez, virou uma maldição em você
Sim uma maldição em você
Todas as promessas que nunca foram cumpridas
Você vai ter o que merece, é verdade
Ah é verdade
Você é Satanás, você é homem?
Você mudou na vida desde que ele nasceu
Nasceu
Abutres que chupam o ouro de você
Eles ainda irão chupar, agora que você está acabado?
(Gatos, Ratos)
A busca continua, então é melhor você correr
E encontrar a si mesmo de outra maneira
Provavelmente mortos, eles não sentem uma coisa
Para mantê-los vivos durante outro dia
(Ratos, Rato)
Você é um insignificante, você não tem nenhum destino
Você é uma vítima de uma coisa desconhecida
Um retrato de um manto de uma alma roubada
Uma fornicação do seu trono de ouro
Um rosto sorridente, significa o mundo para mim
Tão cansado de tristeza e miséria
Minha vida começou há um tempo atrás
Onde ela terminará, eu não sei
Eu achava que estivesse bem
Eu achava que estivesse legal
Eu sinto o meu mundo fora do tempo
Mas tudo acabará bem
Caso contrário, acho que perderei minha mente
Eu sei, eu sei, eu sei, sim eu sei
Escute-me enquanto eu canto esta canção
Você poderia pensar que as palavras estão erradas
Muitas pessoas me aconselham
Mas elas não sabem o que meus olhos vêem
Mas tudo acabará bem
Sabbath Bloody Sabbath
Traduzido por Fernando P. Silva
SABBATH BLOODY SABBATH
You've seen life through distorted eyes
You know you had to learn
The execution of your mind
You really had to turn
The race is run the book is read
The end begins to show
The truth is out, the lies are old
But you don't want to know
Nobody will ever let you know
When you ask the reasons why
They just tell you that you're on your own
Fill your head all-full of lies
The people who have crippled you
You want to see them burn
The gates of life have closed on you
And now there's just no return
You're wishing that the hands of doom
Could take your mind away
And you don't care if you don't see again
The light of day
Nobody will ever let you know
When you ask the reasons why
They just tell you that you're on your own
Fill your head all-full of lies
Where can you run?
What more can you do?
No more tomorrow
Life is killing you
Dreams turn to nightmares
Heaven turns to hell
Burned out confusion
Nothing more to tell
Everything around you
What's it coming to
God knows as your dog knows
Bog blast all of you
Sabbath Bloody Sabbath
Nothing more to do
Living just for dying
Dying just for you
SABÁ SANGRENTO SABÁ
Você tem visto a vida por olhos destorcidos
Você sabe que você tem que aprender
A execução da sua mente
Você realmente tem que mudar
A corrida é iniciada e o livro é lido
O fim começa a mostrar que
A verdade está lá fora, as mentiras são velhas
Mas você não quer saber
Ninguém jamais vai te deixar saber
Quando você pergunta as razões, o por quê
Eles apenas dizem que você está na sua
Enchem sua cabeça de mentiras
As pessoas que te aleijaram
Você quer vê-las queimando
Os portões da vida fecharam para você
E agora não há nenhum retorno
Você está desejando que as mãos da destruição
Possam levar sua mente embora
E você nem liga se você não vê novamente
A luz do dia
Ninguém jamais vai te deixar saber
Quando você pergunta as razões, o por quê
Eles apenas dizem que você está na sua
Enchem sua cabeça de mentiras
Pra onde você pode correr?
O que mais você pode fazer?
Não mais amanhã
A vida está te matando
Os sonhos viram pesadelos
O paraíso vira inferno
Desiludido, confusão
Nada mais a dizer
Tudo ao seu redor
O que virá
Deus sabe como seu cachorro sabe
Malditos, todos vocês
Sabá Sangrento Sabá
Nada mais a fazer
Vivendo apenas para morrer
Morrendo apenas por você
A NATIONAL ACROBAT
I am the world that hides
The universal secret of all time
Destruction of the empty spaces
Is my one and only crime
I've lived a thousand times
I found out what it means to be believed
The thoughts and images
The unborn child that never was conceived
When little worlds collide
I'm trapped inside my embryonic cell
And flashing memories
Are cast into the never ending well
The name that scorns the face
The child that never sees the cause of man
The deathly darkness that
Belies the fate of those who never ran
Well I know it’s hard for you
To know the reason why
And I know you'll understand
More when it's time to die
Don't believe the life you have
Will be the only one
You have to let your body sleep
To let your soul live on
Love has given life to you
And now it's your concern
Unseen eyes of inner life
Will make your soul return
Still I look but not to touch
The seeds of life are sown
Curtain of the future falls
The secret stays unknown
Just remember love is life
And hate is living death
Treat your life for what it's worth
And live for every breath
Looking back I've lived and learned
But now I'm wondering
Here I wait and only guess
What this next life will bring
UM ACROBATA NACIONAL
Eu sou o mundo que esconde
O segredo universal de todos os tempos
A destruição dos espaços vazios
É o meu primeiro e único crime
Vivi milhares de vezes
E descobri o que significa ser acreditado
Os pensamentos e as imagens
Da criança que está por nascer que nunca foi concebida
Quando pequenos mundos colidem
Eu fico preso dentro da minha célula embrionária
E as recordações lampejam
Sendo lançadas dentro de um poço sem fim
O nome que despreza o rosto
A criança que nunca enxerga a causa do homem
A escuridão mortal que
Esconde o destino daqueles que nunca fugiram
Bem eu sei que é duro para você
Saber a razão e o por quê
E eu sei que você entenderá
Quando chegar a hora de morrer
Não acredito que a vida que você tem
Será a única
Você tem que deixar seu corpo dormir
Para deixar sua alma se manter viva
O amor tem dado vida á você
E agora ele é a sua preocupação
Os olhos invisíveis da vida íntima
Farão sua alma retornar
Eu ainda olho mas não toco
As sementes da vida estão semeadas
A cortina do futuro cai
O segredo permanece desconhecido
Apenas lembre-se que, amor é vida
E o ódio é a vida pior do que a morte
Trate a sua vida dignamente
E viva cada suspiro
Olhando para trás eu vivi e aprendi
Mas agora estou desejando saber
Aqui eu espero e somente imagino
O que esta próxima vida, irá trazer
SABBRA CADABRA
Feel so good I feel so fine
Love that little lady always on my mind
She gives me loving every night and day
Never gonna leave her
Never going away
Someone to love me
You know she makes me feel all right
Someone who needs me
Love me every single night
Feel so happy since I met that girl
When we're making love
It's something out of this world
Feels so good to know that she's all mine
Going to love that woman till the end of time
Someone to live for
Love me till the end of time
Makes me feel happy
Good to know that she's all mine
Lovely lady make love all night long
Lovely lady never do me no wrong
I don't wanna leave ya
I never wanna leave ya
Anymore no more
Lovely lady
Mystifying eyes
Lovely lady
She don't tell me no lies
I know I'll never leave ya
I'm never gonna leave ya
Anymore no more
SABBRA CADABRA
Me sinto tão bem me sinto muito bem
Amo aquela donzela sempre presente em minha mente
Ela me dá amor dia e noite
Nunca a deixarei
Nunca irei embora
Alguém para me amar
Você sabe que ela me faz se sentir bem
Alguém que precisa de mim
Me ama toda noite
Me sinto tão feliz desde que encontrei aquela garota
Quando estamos fazendo amor
É coisa de outro mundo
Me sinto tão bem por saber que ela é toda minha
Vou amar aquela mulher por toda a eternidade
Alguém que vive para
Me amar por toda a eternidade
Ela me faz se sentir feliz
É bom saber que ela é toda minha
Querida, vamos fazer amor a noite toda
Querida nunca me faça nenhuma injustiça
Eu não quero te deixar
Eu jamais quero te deixar
Nunca mais
Querida
Mistificando os olhos
Querida
Ela não me conta nenhuma mentira
Eu sei que nunca a deixarei
Jamais a deixarei
Nunca mais
KILLING YOURSELF TO LIVE
Well people look and people stare
Well I don't think that I even care
You work your life away and what do they give?
You're only killing yourself to live
Killing yourself to live
Killing yourself to live
Just take a look around you, what do you see
Pain, suffering, and misery
It's not the way that the world was meant
It's a pity you don't understand
Killing yourself to live
Killing yourself to live
I'm telling you
Believe in me
Nobody else will tell you
Open your eyes
And see the lies, oh yeah
You think I'm crazy
And baby I know that it's true
Before that you know it I think
That you'll go crazy too
I don't know if I'm up or down
Whether black is white or blue is brown
The colors of my life are all different somehow
Little boy blue's a big girl now
So you think it's me who's strange
But you've never had to make the change
Never give your trust away
You'll end up paying till your dying day
SE MATANDO PARA VIVER
Bem as pessoas olham e encaram
Bem eu não acho que devo me importar
Você trabalha duro na sua vida e o que eles dão?
Você apenas está se matando para viver
Se matando para viver
Se matando para viver
Apenas dê uma olhada por aí, o que você vê?
Dor, sofrimento, e miséria
Não era bem isso o que o mundo significava
É uma pena você não entender
Se matando para viver
Se matando para viver
Estou lhe dizendo
Acredite em mim
Ninguém mais irá te dizer
Abra seus olhos
E veja as mentiras
Você pensa que estou louco
E baby, eu sei que é verdade
Antes que você saiba disso, eu acho
Que você enlouquecerá também
Não sei se estou pra cima ou pra baixo
Se o preto é branco ou se o azul é marrom
As cores da minha vida são de certo modo todas diferentes
O garotinho de azul é uma grande garota agora
Então você acha que eu, é que sou estranho
Mas você nunca teve que fazer uma mudança
Nunca dê sua confiança
Você vai acabar pagando até o dia da sua morte
WHO ARE YOU?
Yes I know the secret
That's within your mind
You think all the people
Who worship you, are blind
You're just like Big Brother
Giving us your trust
And when you have played enough
You'll just cast our souls
Into the dust
Into the dust
You thought that it would be easy
From the very start
Now I've found you out
I don't think you're so smart
I only have one more question
Before my time is through
Please I beg you tell me
In the name of hell
Who are you?
Who are you?
QUEM É VOCÊ?
Sim eu sei o segredo
Que há dentro da sua mente
Você pensa que todas as pessoas
Que cultuam você, estão cegas
Você é apenas como um Grande Irmão
Nos dando sua confiança
E quando você tiver brincado o bastante
Você apenas jogará nossas almas
No pó
No pó
Você achou que seria fácil
Desde o começo
Agora que descobri você
Eu não acho que você seja tão esperto
Eu só tenho mais uma pergunta
Antes que meu tempo acabe
Por favor eu imploro para que você me diga
Em nome do inferno
Quem é você?
Quem é você?
LOOKING FOR TODAY
It's complete but obsolete
All tomorrow's become yesterday
In demand but second hand
It's been heard before you even play
Up to date but came too late
Better get yourself another name
You're so right but overnight
You're the one who has to take the blame
Everyone just gets on top of you
The pain begins to eat your pride
You can't believe in anything you knew
When was the last time that you cried?
Don't delay you're in today
But tomorrow is another dream
Sunday's star is Monday's scar
Out of date before you're even seen
At the top so quick to flop
You're so new but rotting in decay
Like butterfly so quick to die
But you're only looking for today
Everyone just gets on top of you
The pain begins to eat your pride
You can't believe in anything you knew
When was the last time that you cried?
Looking for today
Glamour trip so soon to slip
Easy come but oh how quick it goes
Ten foot tall but what to fall
Hard to open yet so easy to close
Front page news but so abused
You just want to hide yourself away
Over-paid, but soon you fade
Because you're only looking for today
Looking for today
PROCURANDO PELO DIA DE HOJE
Está completo mas obsoleto
Todo amanhã se torna ontem
Em demanda mas usado
Isso já foi ouvido, antes mesmo de você tocar
Atualizado porém atrasado
È melhor conseguir para você mesmo um outro nome
Você tem razão, mas durante a noite
Você é o único que acaba levando a culpa
Todo mundo sobe em cima de você
A dor começa a comer o seu orgulho
Você não pode acreditar em nada daquilo que você sabia
Quando foi a última vez que você chorou?
Não demore você está vivendo o dia de hoje
Porém amanhã é outro sonho
A estrela de domingo é a cicatriz de segunda-feira
Sem validade antes mesmo de verem você
Quanto mais alto, maior é a queda
Você é tão novo mas está apodrecendo em decomposição
Como uma borboleta tão ligeira para morrer
Mas você só está procurando pelo dia de hoje
Todo mundo sobe em cima de você
A dor começa a comer o seu orgulho
Você não pode acreditar em nada daquilo que você sabia
Quando foi a última vez que você chorou?
Procurando pelo dia de hoje
Viagem glamourosa tão logo deslize
De maneira fácil vem mas de maneira fácil vai
Dez pés no alto mas o que cai
É difícil de se abrir porém fácil de se fechar
As notícias da primeira página mas tão abusadas
Você apenas quer se esconder
Pagou caro demais, mas logo você esmorece
Porque você só está procurando pelo dia de hoje
Procurando pelo dia de hoje
SPIRAL ARCHITECT
Sorcerers of madness
Selling me their time
Child of god sitting in the sun
Giving peace of mind
Fictional seduction
On a black snow sky
Sadness kills the superman
Even fathers cry
Of all the things I value most of all
I look inside myself and see
My world and know that it is good
You know that I should
Superstitious century
Didn't time go slow?
Separating sanity
Watching children grow
Synchronated undertaker
Spiral skies
Silver ships on plasmic oceans
In disguise
Of all the things I value most in life
I see my memories and feel their warmth
And know that they are good
You know that I should
Watching eyes of celluloid
Tell you how to live
Metaphoric motor-replay
Give, give, give!
Laughter, kissing love
Is showing me the way
Spiral city architect
I build you pay
Of all the things I value most of all
I look upon my earth and feel the warmth
And know that it is good
ARQUITETO ESPIRAL
Feiticeiros da loucura
Vendendo-me o tempo deles
Filho de deus que se senta ao sol
Dando paz a mente
Sedução imaginária
Num céu escuro e com neve
A tristeza mata o super-homem
Até mesmo o pai chora
De todas as coisas eu dou valor a muitas delas
Eu olho dentro de mim e vejo
Meu mundo e sei que ele está bem
Você sabe que eu deveria
Século supersticioso
O tempo passou muito devagar?
Separando a sanidade
Vendo as crianças crescerem
Coveiro sincronizado
Céus espirais
Navios prateados em oceanos plasmáticos
Em disfarce
De todas as coisas eu dou valor a muitas na vida
Eu vejo minhas lembranças e sinto o calor delas
E sei que elas estão bem
Você sabe que eu deveria
Olhos de celulóide atentos
Contam á você como viver
Motor metafórico
Dê, dê, dê!
Um sorriso, um beijo de amor
Estão me mostrando a forma
Arquiteto da cidade espiral
Eu construo, você paga
De todas as coisas eu dou valor a muitas delas
Eu olho para a minha terra e sinto o calor
E sei que ela está bem
Heaven And Hell
Traduzido por Fernando P. Silva
NEON KNIGHTS
Oh no, here it comes again
Can’t remember when we came
So close to love before
Hold on, good things never last
Nothing’s in the past
It always seems to come again
Again and again and again
Cry out to legions of the brave
Time again to save us from the jackals of the street
Ride out, protectors of the realm
Captain’s at the helm, sail across the sea of lights
Circles and rings, dragons and kings
Weaving a charm and a spell
Blessed by the night, holy and bright
Called by the toll of the bell
Bloodied angels fast descending
Moving on a never-bending light
Phantom figures free forever
Out of shadows, shining ever-bright
Neon Knights!
Neon Knights! All right!
Cry out to legions of the brave
Time again to save us from the jackals of the street
Ride out, protectors of the realm
Captain’s at the helm, sail across the sea of lights
Again and again, again and again and again
Neon Knights!
Neon Knights!
All right!
CAVALEIROS DE NÉON
Oh não, lá isso vem novamente
Não consigo me lembrar quando foi que chegamos
Tão perto do amor antes
Persista, as coisas boas nunca duram
Nada está no passado
Sempre parece vir novamente
Novamente, novamente
Grite para as legiões dos valentes
Hora de nos salvar novamente dos chacais da rua
Vá, protetores do reino
O Capitão está no leme, naveguem pelo mar de luzes
Círculos e anéis, dragões e reis
Tecendo um encanto e um feitiço
Abençoado pela noite, sagrada e luminosa
Chamado pelo toque dos sinos
Anjos ensangüentados descem rapidamente
Movendo-se sobre uma luz em linha reta
Vulto de fantasmas livres para sempre
Fora das sombras, brilhando luminosamente
Cavaleiros de néon!
Cavaleiros de néon! Certo!
Grite para as legiões dos valentes
Hora de nos salvar novamente dos chacais da rua
Vá, protetores do reino
O Capitão está no leme, naveguem pelo mar de luzes
Mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez ...
Cavaleiros de néon!
Cavaleiros de néon!
Certo!
CHILDREN OF THE SEA
In the misty morning, on the edge of time
We've lost the rising sun, a final sign
As the misty morning rolls away to die
Reaching for the stars, we blind the sky
We sailed across the air before we learned to fly
We thought that it could never end
We'd glide above the ground
Before we learned to run
Now it seems our world has come undone
Oh they say that it's over
And it just had to be
Ooh they say that it's over
We're lost children of the sea, oh
We made the mountains shake
With laughter as we played
Hiding in our corner of the world
Then we did the demon dance
And rushed to nevermore
Threw away the key and locked the door
Oh they say that it's over, yeah
And it just had to be
Yes they say that it's over
We’re lost children of the sea
In the misty morning, on the edge of time
We've lost the rising sun, a final sign
As the misty morning rolls away to die
Reaching for the stars, we blind the sky
Oh they say that it's over, yeah
And it just had to be
Oh they say that it's over
Poor lost children of the sea, yeah
Look out! The sky is falling down!
Look out! The world is spinning round and round!
Look out! The sun is going black, black
Look out! It's never, never coming back, look out!
CRIANÇAS DO MAR
Numa manhã nublada, na rabeira do tempo
Nós perdemos o sol nascente, um último sinal
Enquanto a manhã nublada passa distante para morrer
Tentando alcançar as estrelas, nós encobrimos o céu
Navegamos pelo ar antes que aprendêssemos a voar
Nós achávamos que isso nunca pudesse terminar
Pisamos com firmeza sobre o chão
Antes que aprendêssemos a correr
Agora parece que o nosso mundo veio destruído
Oh eles dizem que acabou
E tem que ser assim
Ooh eles dizem que acabou
Nós somos as crianças perdidas do mar
Fizemos as montanhas tremerem
Com o nosso sorriso enquanto brincávamos
Escondendo-se no nosso cantinho do mundo
Então fizemos a dança do demônio
E bem apressados para nunca mais se repetir
Jogamos fora a chave e trancamos a porta
Oh eles dizem que acabou
E tem que ser assim
Ooh eles dizem que acabou
Nós somos as crianças perdidas do mar
Numa manhã nublada, na rabeira do tempo
Perdemos o sol nascente, um último sinal
Enquanto a manhã nublada passa distante para morrer
Tentando alcançar as estrelas, nós encobrimos o céu
Oh eles dizem que acabou
E tem que ser assim
Ooh eles dizem que acabou
Pobres crianças perdidas do mar
Preste atenção! o céu está desabando!
Preste atenção! O mundo está girando, girando, girando!
Preste atenção! O sol está ficando escuro, escuro
Preste atenção! Isso nunca, nunca voltará, preste atenção!
LADY EVIL
There's a place just south of Witches' Valley
Where they say the wind won't blow
And they only speak in whispers of her name
There's a lady they say who feeds the darkness
It eats right from her hand
With a crying shout she'll search you out
And freeze you where you stand
Lady Evil, evil
She’s a magical, mystical woman
Lady Evil, evil in my mind
She's queen of the night
All right!
In a place just south of Witches' Valley
Where they say the rain won't fall
Thunder cracks the sky, it makes you bleed, yeah
There's a lady they say who needs the darkness
She can't face the light
With an awful shout, she'll find you out
And have you for the night
Lady Evil, evil
She’s a magical, mystical woman
Lady Evil, evil on my mind
She's queen of the night
So if you ever get to Witches' Valley
Don't dream or close your eyes
And never trust your shadow in the dark
'Cause there's a lady I know
Who takes your vision and turns it all around
The things you see are what to be
Lost and never found
Lady Evil, evil
She’s a magical, mystical woman
Lady Evil, evil on my mind
She's queen of the night
She's the queen of sin
Look out, she'll pull you in!
Lady wonder!
SENHORA MALDADE
Há um lugar exatamente no sul do Vale das Bruxas
Onde eles dizem que o vento não soprará
E eles só falam sussurrando o nome dela
Existe uma mulher que eles dizem que alimenta a escuridão
Que come diretamente da mão dela
Com um grito ela te procurará
E te congelará onde você estiver
Senhora Maldade, Senhora Maldade
Ela é uma mulher mágica, mística
Senhora Maldade, o mal em minha mente
Ela é a rainha da noite
Certo!
Em um lugar exatamente no sul do Vale das Bruxas
Onde eles dizem que a chuva não cairá
O trovão racha o céu, que te faz sangrar, sim
Existe uma mulher que eles dizem que precisa da escuridão
Ela não pode enfrentar a luz
Com um grito terrível, ela te descobrirá
E te possuirá durante a noite
Senhora Maldade, maldade
Ela é uma mulher mágica, mística
Senhora Maldade, o mal em minha mente
Ela é a rainha da noite
Então se você alguma vez chegar ao Vale das Bruxas
Não sonhe ou feche seus olhos
E nunca confie na sua sombra na escuridão
Pois há uma mulher que eu conheço
Que leva a sua visão e vira tudo de pernas pro ar
As coisas que você vê, são elas de fato
Perdidas e jamais encontradas
Senhora Maldade, maldade
Ela é uma mulher mágica, mística
Senhora Maldade, o mal em minha mente
Ela é a rainha da noite
Ela é a rainha do pecado
Preste atenção, ela te puxará!
Senhora mistério!
HEAVEN AND HELL
Sing me a song, you're a singer
Do me a wrong, you're a bringer of evil
The Devil is never a maker
The less that you give, you're a taker
So it's on and on and on
It's Heaven and Hell, oh well
The lover of life's not a sinner
The ending is just a beginner
The closer you get to the meaning
The sooner you'll know that you're dreaming
So it's on and on and on, oh it's on and on and on
It goes on and on and on, Heaven and Hell
I can tell, fool, fool!
Well if it seems to be real, it's illusion
For every moment of truth
There's confusion in life
Love can be seen as the answer
But nobody bleeds for the dancer
And it's on and on, on and on and on...
They say that life's a carousel
Spinning fast, you've got to ride it well
The world is full of Kings and Queens
Who blind your eyes and steal your dreams
It's Heaven and Hell, oh well
And they'll tell you black is really white
The moon is just the sun at night
And when you walk in golden halls
You get to keep the gold that falls
It's Heaven and Hell, oh no!
Fool, fool!
You've got to bleed for the dancer!
Fool, fool!
Look for the answer!
Fool, fool, fool!
CÉU E INFERNO
Cante uma canção para mim, você é um cantor
Faça-me uma maldade, você é um portador do mal
O Demônio nunca é um criador
A menos que você conceda, você é um comprador
Então isto segue continuamente
É o Céu e o Inferno, oh bem
O amante da vida não é um pecador
O fim é apenas um iniciante
Quanto mais perto você chegar do sentido
Mais cedo você saberá que você está sonhando
Então isto segue adiante, sem parar, sem parar
Sem parar, sem parar, o Céu e o Inferno
Eu posso dizer, tolo, tolo!
Bem se isto parece ser real, é ilusão
Para cada momento da verdade
Há confusão na vida
O amor pode ser visto como uma resposta
Mas ninguém sangra para o dançarino
E isto segue adiante, sem parar, sem parar...
Eles dizem que a vida é um carrossel
Girando velozmente, você tem que saber montá-la
O mundo está cheio de Reis e Rainhas
Que cegam os seus olhos e roubam os seus sonhos
É o Céu e o Inferno, oh bem
E eles irão te dizer que o preto é de fato branco
A lua é apenas o sol à noite
E quando você entra em salões de ouro
Você tem a chance de segurar o ouro que cai
É o Céu e o Inferno, oh não!
Tolo, tolo!
Você tem que sangrar para o dançarino!
Tolo, tolo!
Procure a resposta!
Tolo, tolo, tolo!
WISHING WELL
Throw me a penny and I'll make you a dream
You find that life's not always what it seems, no no
Then think of a rainbow and I'll make it come real
Roll me, I'm a never ending wheel
I'll give you a star
So you know just where you are
Don't you know that I might be?
Your wishing well
Your wishing well
Look in the water, tell me what do you see
Reflections of the love you give to me
Love isn't money, it's not something you buy
So let me fill myself
With tears you cry, why?
Time is a never-ending journey
Love is a never-ending smile
Give me a sign to build a dream on
Dream on...
Throw me a penny and I'll make you a dream
You find that life's not always what it seems
Love isn't money, it's not something you buy
So let me fill myself
With tears you cry
I'll give you a star
So you know just where you are
Someday, some way
You'll feel the things I say
Dream for a while
Of the things that make you smile
'Cause you know
Don’t you know
Oh, you know
That I'm your wishing well
Your wishing well
Your wishing well
I wish you well
I'm your wishing well
POÇO DOS DESEJOS
Jogue-me uma moeda e eu farei um sonho se realizar
Você acha que a vida não é sempre o que parece
Então pense num arco-íris e eu o farei se tornar real
Rode-me, eu sou uma roda infinita
Eu te darei uma estrela
Para que você saiba onde você está
Você não sabe que eu poderia ser
O seu poço dos desejos
O seu poço dos desejos
Olhe na água, me diga o que você vê
As reflexões do amor que você me deu
Amor não é dinheiro, não é algo que você compra
Então me deixe se encher
Com as lágrimas que você chora, por quê?
O tempo é uma jornada infinita
O amor é um sorriso infinito
Me dê um sinal para construir um sonho
Um sonho...
Jogue-me uma moeda e eu lhe farei um sonho se realizar
Você acha que a vida não é sempre o que parece
Amor não é dinheiro, não é algo que você compra
Então me deixe se encher
Com as lágrimas que você chora
Eu te darei uma estrela
Para que você saiba onde você está
Algum dia, de um jeito ou de outro
Você sentirá as coisas que eu digo
Sonhe durante algum tempo
Sobre as coisas que te fazem sorrir
Pois você sabe
Você não sabe?
Oh, você sabe
Que eu sou o seu poço dos desejos
O seu poço dos desejos
O seu poço dos desejos
Eu lhe desejo o bem
Eu sou o seu poço dos desejos
DIE YOUNG
Yell with the wind, though the wind won't help you
Fly at all your back's to the wall
Chain the sun, and it tears away and it breaks you
As you run, you run, you run!
Behind the smile, there's danger and
A promise to be told: you'll never get old - ha!
Life's fantasy - to be locked away and still
To think you're free you're free, you're free!
So live for today
Tomorrow never comes
Die young, die young
Can’t you see the writing on the wall?
Die young, gonna die young
Someone stopped the fall
Yell with the wind, though the wind won't help you
Fly at all your back's to the wall
Chain the sun, and it tears away and it breaks you
As you run, you run, you run!
So live for today
Tomorrow never comes
Die young, young!
Die young, die young!
Die young, die young, young!
Die young, die young, die young, die young!
MORRA JOVEM
Grite com o vento, embora o vento não lhe ajudará
A lançar suas costas contra a parede
Acorrente o sol, e ele te racha e te quebra
Enquanto você corre, corre, corre!
Atrás do sorriso, existe o perigo e
Uma promessa a ser dita: você nunca envelhecerá - ha!
A fantasia da vida - ser trancafiado e ainda
Pensar que você é livre, que você é livre, livre!
Então viva pelo dia de hoje
O amanhã nunca virá
Morra jovem, morra jovem
Você não consegue ver a escrita na parede?
Morra jovem, morra jovem
Alguém parou a queda
Grite com o vento, embora o vento não lhe ajudará
A lançar suas costas contra a parede
Acorrente o sol, e ele te racha e te quebra
Enquanto você corre, corre, corre!
Então viva pelo dia de hoje
O amanhã nunca virá
Morra jovem, jovem!
Morra jovem, morra jovem!
Morra jovem, morra jovem, jovem!
Morra jovem, morra jovem, morra jovem, morra jovem!
LONELY IS THE WORD
It's a long way to nowhere
And I'm leaving very soon
On the way we pass so close
To the back side of the moon
Hey join the traveler if you got nowhere to go
Hang your head and take my hand
It’s the only road I know
Oh! Lonely is the word, yeah yeah yeah!
I've been higher than stardust
I've been seen upon the sun
I used to count in millions then
But now I only count in one
Come on join the traveler
If you got nowhere to go
Hang your head and take my hand
It’s the only road I know
Yeah, Lonely is the word
Got to be the saddest song I ever heard
Yeah, Lonely is the name
SOLITÁRIO É A PALAVRA
Este é um longo caminho para lugar algum
E eu estou partindo muito cedo
A caminho, nós passamos tão perto
Do lado de trás da lua
Ei junte-se ao viajante se você não tem para onde ir
Deixe sua cabeça de lado e pegue minha mão
É a única estrada que eu conheço
Oh! Solitário é a palavra, sim sim sim!
Eu fui mais alto do que o pó cósmico
Eu fui visto sobre o sol
Eu contava em milhões
Mas agora eu só conto de um em um
Venha se juntar ao viajante
Se você não tem para onde ir
Deixe sua cabeça de lado e pegue minha mão
É a única estrada que eu conheço
Sim, Solitário é a palavra
Tinha que ser a mais triste canção que eu já ouvi
Sim, Solitário é o nome
WALK AWAY
Lord she's handsome
As she flows across the floor
Nothing I've seen in my life
Has ever pleased me more
She's got the look of freedom
And it makes you think she's wild
But I can see right through it all
It’s the way to have a child
Oh, walk away
She’s looking to love you
There’s nothing to say
Just turn your head and walk away
Walk away, walk on
She moves in sunlight
Never seen the night at all
Like a star in the midnight sky
Burns before it falls
I've never been lonely
And I can't imagine why
Maybe she could be the one to tell me
I guess it's do or die
Can't see her fire
But I can feel her heat, all right!
It's rising higher
I'm walking the wire
Walk on by!
Oh! Walk away!
She’s looking to love you
There’s nothing to say
Just turn your head and walk away
Oh, walk on by, walk away!
Walk on!
You’ll feel her fire, she'll lift you higher
But don't be fooled!
Just turn your head and walk away!
VÁ EMBORA
Senhor, ela é tão formosa
Enquanto ela escorre pelo chão
Nada do que vi em minha vida
Me agradou tanto
Ela tem o olhar de liberdade
E isso te faz pensar que ela é selvagem
Mas eu posso ver através disso tudo
É o caminho para se ter uma criança
Oh, vá embora
Ela está olhando para te amar
Não há nada a dizer
Apenas vire sua cabeça e vá embora
Vá embora, vá embora
Ela se move na luz do sol
Nunca foi vista à noite
Como uma estrela no céu da meia-noite
Queima antes de cair
Eu nunca estive só
E não consigo imaginar por que
Talvez ela poderia ser a única que me dissesse
Acho que de um jeito ou de outro
Não consigo ver o fogo dela
Mas eu posso sentir o seu calor, certo!
Está aumentando
Eu estou caminhando no arame
Caminhe!
Oh! Vá embora!
Ela está olhando para te amar
Não há nada a dizer
Apenas vire sua cabeça e vá embora
Oh, caminhe, vá embora!
Vá embora!
Você sentirá o fogo dela, ela te deixará a mil
Mas não se engane!
Apenas vire sua cabeça e vá embora
Master Of Reality
Traduzido por Fernando P. Silva
SWEET LEAF
Alright now!!
Won't you listen?
When I first met you, didn't realize
I can't forget you, for your surprise
You introduced me to my mind
And left me wanting, you and your kind
I love you, oh you know it
My life was empty forever on a down
Until you took me, showed me around
My life is free now, my life is clear
I love you sweet leaf, though you can't hear
Come on now, try it out
Straight people don't know, what your about
They put you down and shut you out
You gave to me a new belief
And soon the world will love you sweet leaf
ERVA DOCE*
Está tudo bem, agora!!
Você não vai ouvir?
Quando eu te conheci, não percebi que
Não consigo te esquecer, para sua surpresa
Você me introduziu à minha mente
E me deixou querendo, você e seu tipo
Eu te amo, oh você sabe disso
Minha vida estava vazia e deprimente
Até que você me levou, para dar uma volta
Minha vida agora está livre, minha vida está clara
Eu te amo erva doce, apesar de não poderes me ouvir
Vamos lá, experimente
Pessoas honestas não entendem, o que você pensa
Eles te humilham e te excluem
Você me deu uma nova fé
E logo o mundo te amará, erva doce
* Erva Doce = pseudônimo para maconha.
CHILDREN OF THE GRAVE
Revolution in their minds
The children start to march
Against the world in which they have to live
And all the hate that's in their hearts
They're tired of being pushed around
And told just what to do
They'll fight the world until they've won
And love comes flowing through
Children of tomorrow live in the tears that fall today
Will the sun rise up tomorrow
Bringing peace any way?
Must the world live in the shadow of atomic fear?
Can they win the fight for peace
Or will they disappear?
So you children of the world
Listen to what I say
If you want a better place to live in
Spread the words today
Show the world that love is still alive
You must be brave
Or you children of today are
Children of the Grave, Yeah!
CRIANÇAS DA SEPULTURA
Revolução na mente deles
As crianças começam a marchar
Contra o mundo na qual elas têm de viver
E todo ódio que está no coração delas
Elas estão cansadas de serem empurradas
E apenas ouvir e obedecer
Elas enfrentarão o mundo até que elas vençam
E o amor venha a fluir
As crianças do amanhã vivem nas lágrimas que caem hoje
O sol se erguerá amanhã
Trazendo a paz de alguma forma?
O mundo tem que viver na sombra do medo atômico?
Elas conseguirão ganhar a batalha pela paz
Ou elas irão desaparecer?
Então vocês, crianças do mundo
Ouçam o que eu digo
Se vocês querem um lugar melhor para viver
Espalhem as palavras hoje
Mostrem ao mundo que o amor ainda está vivo
Vocês devem ser valentes
Ou vocês, crianças de hoje são
Crianças da Sepultura!
AFTER FOREVER
Have you ever thought about your soul
Can it be saved?
Or perhaps you think that when you're dead
You just stay in your grave
Is God just a thought within your head
Or is he a part of you?
Is Christ just a name that you read in a book
When you were in school?
When you think about death
Do you lose your breath
Or do you keep your cool?
Would you like to see the Pope
On the end of a rope
- Do you think he's a fool?
Well I have seen the truth, yes
I've seen the light and I've changed my ways
And I'll be prepared when you're lonely
And scared at the end of our days
Could it be you're afraid
Of what your friends might say
If they knew you believe in God above?
They should realize before they criticize
That God is the only way to love
Is your mind so small that you have to fall?
In with the pack wherever they run
Will you still sneer when death is near
And say they may as well worship the sun?
I think it was true it was people like you
That crucified Christ
I think it is sad the opinion
You'd was only one voiced
Will you be so sure
When your day is near?
Say you don't believe
You had the chance
But you turned it down
Now you can't retrieve
Perhaps you'll think before you say that
God is dead and gone
Open your eyes, just realize that he's the one
The only one who can save you now
From all this sin and hate
Or will you still jeer at all you hear? Yes!
I think it's too late
APÓS A ETERNIDADE
Você já chegou a pensar que sua alma
Pode ser salva?
Ou talvez você pense que quando você está morto
Você precisa ficar na sua sepultura
Deus é só um pensamento dentro da sua cabeça
Ou ele faz parte de você?
Cristo é só um nome que você leu em um livro
Quando você estava na escola?
Quando você pensa na morte
Você perde o fôlego
Ou você se mantém calmo?
Você gostaria de ver o Papa
Na ponta de uma corda
- Você acha que ele é bobo?
Bem eu tenho visto a verdade, sim
Eu vi a luz e eu mudei meus hábitos
E estarei preparado quando você estiver sozinho
E assustado no fim dos nossos dias
Talvez você esteja com medo
Do que seus amigos poderiam dizer
Se eles soubessem que você acredita no Deus acima?
Eles deveriam compreender antes de criticar
Que Deus é a única maneira de se amar
Sua mente é tão pequena para você cair?
Com a turma onde quer que eles corram
Você ainda zombará quando a morte estiver próxima
E dizer que eles também podem adorar o sol?
Acho que era verdade, que foram pessoas como você
Que crucificaram Cristo
Acho que é uma triste opinião
Você era uma voz isolada
Você estará tão seguro assim
Quando seu dia estiver próximo?
Diga que você não acredita
Você teve a chance
Mas você a jogou fora
Agora não pode recuperá-la
Talvez você pensará, antes de dizer que
Deus está morto e enterrado
Abra seus olhos, apenas perceba que ele é o único
O único que pode te salvar agora
De todo esse pecado e ódio
Ou você ainda zombará de tudo que você ouve? Sim!
Eu acho que é tarde demais
LORD OF THIS WORLD
You're searching for your mind
Don't know where to start
Can’t find the key
To fit the lock on your heart
You think you know but you are never quite sure
Your soul is ill but you will not find a cure
Your world was made for you by someone above
But you chose evil ways
Instead of love
You made me master of the world where you exist
The soul I took from you was not even missed
Lord of this world
Evil possessor
Lord of this world
He's your confessor now!
SENHOR DESTE MUNDO
Você está procurando sua mente
E não sabe por onde começar
Não consegue achar a chave
Que entra na fechadura do seu coração
Você acha que sabe mas nunca está totalmente seguro
Sua alma está doente mas você não encontrará uma cura
Seu mundo foi feito para você por alguém lá de cima
Mas você escolheu o caminho do mal
Em vez do amor
Você me fez mestre do mundo onde você existe
A alma que tomei de você nem ao menos estava perdida
Senhor deste mundo
Dono do mal
Senhor deste mundo
Ele é o seu confidente!
SOLITUDE
My name it means nothing
My fortune is less
My future is shrouded in dark wilderness
Sunshine is far away, clouds linger on
Everything I possessed - Now they are gone
Oh where can I go to and what can I do?
Nothing can please me only thoughts are of you
You just laughed when I begged you to stay
I've not stopped crying since you went away
The world is a lonely place - you're on your own
Guess I will go home - sit down and moan
Crying and thinking is all that I do
Memories I have remind me of you
SOLIDÃO
Meu nome não significa nada
Minha fortuna menos ainda
Meu futuro é amortalhado numa vasta escuridão
Os raios de sol estão longes, as nuvens demoram
Tudo o que possuí - Agora eles se foram
Oh aonde eu posso ir e o que eu posso fazer?
Nada pode me satisfazer, a não ser pensar em você
Você apenas riu quando lhe implorei que ficasse
Eu não parei de chorar desde que você partiu
O mundo é um lugar solitário - você está sozinho
Acho que vou pra casa - sentar e lamentar
Chorar e pensar, é tudo aquilo que eu faço
As recordações que tenho me fazem lembrar de você
INTO THE VOID
Rocket engines burning fuel so fast
Up into the night sky they blast
Through the universe the engines whine
Could it be the end of man and time?
Back on earth the flame of life burns low
Everywhere is misery and woe
Pollution kills the air, the land and sea
Man prepares to meet his destiny
Rocket engines burning fuel so fast
Up into the night sky so vast
Burning metal through the atmosphere
Earth remains in worry, hate and fear
With the hateful battles raging on
Rockets flying to the glowing sun
Through the empires of eternal void
Freedom from the final suicide
Freedom fighters sent out to the sun
Escape from brainwashed minds and pollution
Leave the earth to all its sin and hate
Find another world where freedom waits
Past the stars in fields of ancient void
Through the shields of darkness where they find
Love upon a land a world unknown
Where the sons of freedom make their home
Leave the earth to Satan and his slaves
Leave them to their future in the grave
Make a home where love is there to stay
DENTRO DO VAZIO
Motores de foguetes queimam o combustível ligeiramente
Subindo ao céu noturno, eles explodem
Pelo universo, o ronco dos motores
Esse poderia ser o fim do homem e o fim dos tempos?
De volta á terra a chama da vida queima lentamente
Em todos os lugares, miséria e aflição
A poluição mata o ar, a terra e o mar
O homem se prepara para conhecer o seu destino
Motores de foguetes queimam o combustível ligeiramente
Subindo ao céu noturno tão vasto
Metal ardente atravessando a atmosfera
A Terra permanece com preocupação, ódio e medo
Com as batalhas cheias de ódio e enfurecidas
Foguetes que voam em direção ao sol incandescente
Pelos impérios do vazio eterno
Liberdade do suicídio final
Combatentes da liberdade foram mandados para o sol
Fuja das mentes lavadas e da poluição
Deixe a terra, com todo o pecado e o ódio dela
Encontre outro mundo onde a liberdade espera
Além das estrelas em campos vazios inexplorados
Pelas proteções da escuridão onde eles encontram
Amor sobre uma terra, um mundo desconhecido
Onde os filhos da liberdade fazem a casa deles
Deixe a terra para Satã e os escravos dele
Deixe-os para o futuro deles na sepultura
Faça uma casa onde exista amor duradouro

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