Diabetes Mellitus - 35o Edição

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Diabetes Mellitus - 35o Edição
Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT
Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina
Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem
Publicação Científica do Curso de Bacharelado em Enfermagem do CEUT. Ano 2010 (19). Edição 35
Daniel Nascimento Queiroz 1
Eliane Maria Barros Silva Paz 1
Liliana Soares Viana 1
Selônia Patrícia Oliveira Sousa 2
Márcia Andrea Lial Sertão 3
O Diabetes Mellitus configura-se hoje como uma epidemia mundial, traduzindo-se em grande
desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhecimento da população, a urbanização
crescente e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada e
obesidade são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência da doença. A partir
da publicação da matéria No futuro, a cura para Diabetes Mellitus pode estar em uma nanovacina,
vejamos as características, bases conceituais além de um breve panorama epidemiológico da doença
no Mundo, Brasil e Piauí.
No futuro, a cura para Diabetes Mellitus pode estar em uma
nanovacina4
A mais jovem promessa contra a Diabetes do tipo I vem da dimensão do bilionésimo de
metro. Vacina usa nanotecnologia para curar ratos com diabetes tipo I e diminuir a aceleração da
doença naqueles que apresentam riscos. O estudo foi conduzido na Univeridade de Calgary Em
Alberta, Canadá e publicado na Immunity.
A diabetes tipo I é causada quando certas células brancas do sistema imunológico (chamadas
de células T) atacam por engano e destroem as células produtoras de insulina no pâncreas. Sem este
hormônio, a taxa de açúcar no sangue fica muito alta, pois ele é quem permite a entrada da glicose
nas células do corpo. Por isso, quem sofre da doença fica, na maioria das vezes, condicionado a
injeções de insulina diárias e á restrição da alimentação.
Os pesquisadores canadenses procuravam parar justamente o que é chamada de resposta
autoimune (quando o corpo ataca a si mesmo) sem danificar as células brancas, que também
fornecem proteção contra infecções.
As nanopartículas da vacina estão cobertas com fragmentos de proteínas (peptídeos)
específicos para o diabetes tipo I. O produto funciona aumentando o número de células específicas
que desligam o ataque autoimune por impedir que as células T seja estimuladas.
A boa notícia é que as nanopartículas que continham moléculas relacionadas à diabetes em
humanos puderam restaurar níveis normais de açúcar em um modelo de testes. A tecnologia precisa
de aprimoramento, mas já foi licenciada pela empresa de biotecnologia Parvus Therapeutics, Inc.
1
Acadêmicos do 3º Período de Enfermagem do CEUT
Acadêmica do 8º período de Enfermagem do CEUT e monitora do Observatório Epidemiológico
3
Professora da disciplina de epidemiologia do CEUT e orientadora do Observatório Epidemiológico
4
Fonte: www.ciênciahoje.com.br em 14 de novembro de 2010.
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Figura 1 – Círculo azul “Unidos pelo Diabetes” - símbolo global da campanha
Figura 2 – Dia Mundial do Diabetes. Definida em 1991, pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), entidade
vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), como resposta ao alarmante crescimento do diabetes no mundo.
Aspectos Clínicos e Epidemiológicos

Conceito: Grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a
complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos,
cérebro, coração e vasos sangüíneos.

Casuísticas: Defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos
específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina),
resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros.

Classificação etiológica: - Diabetes Tipo I ou juvenil: indica destruição da célula beta
(processo autoimune) que leva ao estágio de deficiência absoluta de insulina. O
desenvolvimento é rápido e progressivo quando administração de insulina é necessária para
prevenir cetoacidose, coma e morte. Representa 10% total dos casos.
- Diabetes Tipo II ou adulto: designar uma deficiência relativa de
insulina. A administração de insulina nesses casos, quando efetuada, visa alcançar controle
do quadro hiperglicêmico. Representa 80% dos casos.
- Diabetes Gestacional: É a hiperglicemia diagnosticada na gravidez,
de intensidade variada, geralmente se resolvendo no período pós-parto, mas retornando anos
depois em grande parte dos casos.
- Diabetes associado a outras doenças – Doenças como pancreatite
alcoólica ou medicamentosa podem comprometer a produção de insulina e provocar
aumento das taxas de glicose no sangue.
- Pré-diabetes – situação em que o valor da glicemia não é normal,
mas não é alto o suficiente para que seja feito o diagnóstico de diabetes.

Classificação em estágios: É reconhecida em seu desenvolvimento na figura 3.
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Figura 3 - Estágio do desenvolvimento do diabetes
Aspectos Clínicos e Laboratoriais

Manifestações Clínicas: Os clássicos como: poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária
de peso. Além de: fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções
de repetição.

Diagnóstico Clínico: Complicações crônicas como neuropatia, retinopatia ou doença
cardiovascular aterosclerótica.

Diagnóstico Diferencial:

Diagnóstico Laboratorial: Os testes laboratoriais mais comumente utilizados para suspeita
de diabetes ou regulação glicêmica alterada são:
- Glicemia de jejum: nível de glicose sangüínea após um jejum de 8 a 12 horas;
- Teste oral de tolerância à glicose (TTG-75g): O paciente recebe uma carga de
75 g de glicose, em jejum, e a glicemia é medida antes e 120 minutos após a ingestão;
- Glicemia casual: tomada sem padronização do tempo desde a última refeição.

Prevenção e Tratamento: Pode ser não-farmacológico, com mudanças de estilo de vida
reduzem 58% da incidência de diabetes em 3 anos. Essas mudanças visam discreta redução de
peso (5-10% do peso), manutenção do peso perdido, aumento da ingestão de fibras, restrição
energética moderada, restrição de gorduras, especialmente as saturadas, e aumento de atividade
física regular. E intervenções farmacológicas (figura 4), p.ex., alguns medicamentos utilizados
no tratamento do diabetes, como a metformina, também são eficazes, reduzindo em 31% a
incidência de diabetes em 3 anos. Esse efeito foi mais acentuado em pacientes com IMC > 35
kg/m2.
Figura 4 - Fármacos para o tratamento da hiperglicemia do diabetes tipo 2
Situação epidemiológica da Diabetes no Mundo
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2006 havia cerca de 171 milhões de
pessoas doentes da Diabetes, e esse índice aumenta rapidamente. É estimado que em 2030 esse
número dobre. A Diabetes Mellitus ocorre em todo o mundo, mas é mais comum (especialmente a
tipo II) nos países mais desenvolvidos. O maior aumento atualmente é esperado na Ásia e na África,
onde a maioria dos diabéticos será visto em 2030 (figura 5). De acordo com a American Diabetes
Association existem cerca de 6.2 milhões de pessoas não diagnosticadas e cerca de 41 milhões de
pessoas que poderiam ser consideradas pré-diabéticas.
Figura 5 – Prevalência comparativa de proporção de pessoas com diabetes (20-79 anos), 2010.
Tendências da mortalidade por diabetes no Brasil
O Diabetes afeta cerca de 12% da população no Brasil (aproximadamente 22 milhões de
pessoas). Um indicador macroeconômico a ser considerado é que o diabetes cresce mais
rapidamente em países pobres e em desenvolvimento e isso impacta de forma muito negativa
devido à morbi-mortalidade precoce que atinge pessoas ainda em plena vida produtiva, onera a
previdência social e contribui para a continuidade do ciclo vicioso da pobreza e da exclusão social.
Dados de 2008 mostram a aumento das taxas de mortalidade por diabetes de 1990 a 2006, e
a estabilização nos últimos anos em algumas regiões do país. A taxa entre adultos de 20 a 74 anos
evoluiu de 16,3 por 100mil habitantes em 190 para 24,0 em 2006. O aumento ocorreu também em
todas as regiões, sendo que após o ano de 2000 há certa tendência de estabilização das taxas para
Brasil e regiões, exceto a região nordeste, onde o crescimento é contínuo em todos os anos (figura
6).
As taxas de mortalidade por diabetes reduziram na faixa etária de 20 a 39 anos e
aumentaram nas demais faixas em ambos os sexos no Brasil, entre 1990 e 2006. Com a maior
prevalência no nordeste.
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Figura 6 - Taxas ajustadas de mortalidade por Diabetes Mellitus para a população adulta de 20 a 74 noas, Brasil e
regiões, 1990 a 2006.
Política de Atenção ao Diabetes no SUS
O diabetes representa um alto índice de morte e incidência da doença, além de ter alto custo
social e financeiro para a sociedade e os sistemas de saúde. O reconhecimento desse impacto
crescente vem determinando a necessidade dos serviços públicos de saúde se estruturarem adequada
e criativamente para conseguir enfrentar o problema com eficácia e eficiência.
O Ministério da Saúde vêm implementando diversas estratégias de saúde pública,
economicamente eficazes, para prevenir o diabetes e suas complicações, por meio do cuidado
integral a esse agravo de forma resolutiva e com qualidade.
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui um conjunto de ações de promoção de saúde,
prevenção, diagnóstico, tratamento, capacitação de profissionais, vigilância e assistência
farmacêutica, além de pesquisas voltadas para o cuidado ao diabetes. São ações pactuadas,
financiadas e executadas pelos gestores dos três níveis de governo: federal, estadual e municipal. As
ações de assistência são, na maioria, executadas nos municípios, sobretudo por meio da rede básica
de Saúde.
A ênfase na rede básica se dá através de protocolos clínicos, capacitação de profissionais de
saúde, assistência farmacêutica com fornecimento gratuito dos medicamentos essenciais, incluindo
as insulinas NPH e Regular e também pelo fornecimento de insumos para auto-monitoramento da
glicemia capilar (lancetas e seringas para aplicação de insulina). É importante destacar a ampliação
do acesso aos serviços de saúde dos portadores de diabetes por meio das equipes da Estratégia
Saúde da Família.
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O SIS-Hiperdia, programa informatizado de cadastro e acompanhamento de portadores de
Diabetes e Hipertensão na rede básica de saúde, aponta cerca de 1.900.000 portadores cadastrados e
acompanhados na rede básica do SUS.
O diabetes está se tornando a epidemia do século e já afeta cerca de 246 milhões de pessoas
em todo o mundo. Até 2025, a previsão é de que esse número chegue a 380 milhões. Estima-se que
boa parte das pessoas que têm diabetes, doença que pode atingir crianças de qualquer idade,
desconhece a sua própria condição.
Tendências da mortalidade por diabetes em Teresina
O município de Teresina apresenta oscilação de sua curva entre 1996 (63,2/100 mil) e 2005
(109,5/100 mil). O estado tem aumento da taxa de mortalidade por diabetes, que em 1996 foi de
23,2/100 mil e em 2005, de 69,5/100 mil. A região Nordeste (1996 – 48,3/100 mil e 2005 –
83,8/100 mil) e o Brasil (1996 – 63,6/100 mil e 2005 – 78,1/100 mil) mantêm aumento constante
das taxas no período (figura 7).
Figura 7 - Taxa padronizada (por 100 mil hab.) da mortalidade por diabetes na idade de 40 anos e mais, 1996-2005
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
______. Ministério da Saúde. SAÚDE BRASIL 2008: 20 Anos de Sistema Único de Saúde (SUS)
Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de Vigilância
em Saúde : relatório de situação : Piauí. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
______. Dia Mundial do Diabetes. Disponível em: www.saude.gov.br. Acessado em 14 nov. 2010.
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______. World Diabetes Day. Disponível. International Daibetes Federation - IDF em:
www.idf.gov. Acessado em 14 nov. 2010.
VARELLA,D.; JARDIM, C. Coleção Doutor Drauzio Varella: Guia Prático de saúde e bem-estar.
Hipertensão e Diabetes. ed. Gold. Barueri-SP, 2009.
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