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REVISTA INSEPE | Belo Horizonte | Volume 1 - Número 1 | 1o semestre de 2016 | p. 59 - 64 | http://insepe.org.br/revistainsepe | ISSN 2448-3451
PERCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO DO CORPO NO
VISLUMBRAMENTO DA FESTA DAS ORIXÁS
FEMININAS: Obá, Iansã, Oxum e Iemanjá
Igor Maciel da Silva1
RESUMO: O objetivo deste texto é apresentar como a festa de Candomblé destinada às Orixás Obá, Iansã, Oxum e Iemanjá, fez
perceber que o corpo dos presentes foi educado para manter a ordem da celebração. Para além são apresentados aspectos desta
casa e do momento da cerimônia, em que se pôde refletir muito bem sobre a educação que estes corpos são inseridos. A metodologia
empregada aqui foi a observação ativa no trabalho de campo em uma casa-de-santo, nação Angola, em Contagem (MG).
Palavras-chave: Educação do corpo; Religião; Festa de Obá, Iansã, Oxum e Iemanjá.
INTRODUÇÃO
Falar de educação do corpo é fazer alusão a todos os dispositivos que nos controlam e nos educam para ocupar certo
espaço (MORENO, 2009). As religiões são embasadas por preceitos, restrições e formas muito peculiares de apresentar conceitos de
certo e errado, o que certamente influi na manutenção dos corpos que são adeptos aos diversos cultos religiosos.
Falo de um lugar de pertencimento, um terreiro de Candomblé, nação Angola, localizado na cidade de Contagem, Minas
Gerais, Brasil, cujo culto sou adepto há sete anos e possui duas mulheres como Zeladoras da casa-de-santo, roça ou terreiro.
A diáspora africana fez com que as práticas das diferentes “nações”2 da África, chegassem a América Portuguesa e se fundissem
no que conhecemos como culto afro-brasileiro do Candomblé, ou pelo nome genérico usado até o final do século XVIII para designar
qualquer culto de origem africana: Calundus (PARÉS, 2006), ou outras manifestações afins como o Batuque nos Estados sulistas,
Tambor de Mina do Maranhão, a Umbanda que tem muitos adeptos no Sudeste e ao culto Xangô do Nordeste (SANTOS, 2008).
Não saberemos ao certo, apenas aposto na história como recurso para tentar explicar os fatos. E fico com a crença de
que estes cultos não são íntegros, pois chegando ao país foram influenciados por outras práticas vigentes como a dos ameríndios e
português-cristãos, além da troca de saberes ritualístico entre nativos das diferentes “nações”.
A metodologia empregada aqui se baseia no trabalho de campo, em que fui observador ativo, também apoiado na tradição
oral, responsável pela perpetuação dos cultos afro-brasileiros.
PERCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO DO CORPO DURANTE O XIRÊ
O xirê3 começa com as cantigas de Exu: Ogãs4 nos atabaques5, padê6, vela e uma quartinha7. Zeladoras e Ekedis8 de um
lado e os filhos-de-santo de outro, todos de pé, e os filhos-de-santo de cabeça baixa, a mãe-de-santo diz: “não se deve dançar para
Exu”.
Biolê, Biolê, Bionatan, in bibi kakakô
(Exu Bionatan está rindo)
A comida de Exu é jogada na rua de forma ritualística e dançada. Uma das Zeladoras agora contém um pote branco na
mão, e começa a cantiga para o Orixá Npemba9, algumas cantigas são entoadas, o Ogã canta a primeira frase, os filhos-de-santo e
demais presentes repetem, e assim por três vezes, sempre. Certa cantiga faz a Zeladora começa a soprar o pó que contém neste pote
nos quatro cantos do local da festa (barracão), os filho-de-santo se abaixam, ajoelhados no chão e cabeça apoiada nas mãos, em uma
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posição denominada “surrão”, para que ela possa soprar o pó sobre seus corpos ao chão.
A celebração a Npemba acabou e agora todos se levantam. Todas as mulheres, Ekedis, filhas-de-santo e Zeladoras amarram
panos na cabeça, feito turbantes, conhecidos simplesmente como “panos-de-cabeça”. Mulheres que possuem Orixá masculino podem
deixar uma das partes do nó que sobra do “pano-de-cabeça” para fora, em um detalhe que faz alusão a uma orelha. As de Orixá
feminino podem deixar as duas orelhas do pano-de-cabeça para fora.
É dado início ao xirê. Enquanto os Ogãs cantam a primeira música do Orixá Ogum, em sequência hierárquica, das
Zeladoras aos abiãs10 cumprimentam a porta do barracão11, em seguida um pote disposto bem ao meio do âmbito, representando o
“axé-da-casa”12, depois os atabaque, as Zeladoras e as Ekedis. Tudo isso daquele que tem mais anos de iniciação aos que não tem
nenhum, estes ficam em fila, por ordem de chegada à casa.
Quando todos os filhos-de-santo terminam de “bater cabeça” é dado início oficialmente as danças que compõe as cantigas
do xirê.
Nkongo senzala Nkosi
(Ogum está chamando para a senzala)
O terceiro Orixá do ritual a ser invocada e o primeiro a compor o xirê dançado é sempre Ogum, na sequência vem Ossãe,
associado ao poder curativo das folhas; Oxóssi, associada a fartura e as matas; Logun edé, associado as pescas, as cachoeiras e
florestas, tem por atributo a beleza de sua mãe Oxum, a fartura e perspicácia de seu pai Oxóssi, e as artes como domínio pessoal;
Xangô, associado aos poderes judiciários e a racionalidade; Omolu, a saúde do homem e da terra; Iroko ou Tempo, associado aos
ciclos da natureza e do homem, seu nome já diz muito sobre sua propriedade: o tempo, a paciência em saber esperar. Oxumaré,
Orixá andrógeno, associado à comunicação entre o céu e a terra, seu elemento é o arco-íris; Obá, associada a chuva, considerada
o lado feminino de Oxumaré; Vungi, associado a alegria e fertilidade; Iansã, “senhora das nuvens de chumbo, rainha dos raios”13,
associada ao sentimento de paixão no ser humano; Oxum, tem por domínio o útero e a pele, por isso envolvida diretamente com os
assuntos da vaidade. Dona do amor e do elemento ouro; Iemanjá, dona da imensidão do mar, associada aos cuidados maternos, aos
direitos familiares e das boas ideias. Seu elemento é o mineral prata; Nanã Buruquê, dona da maturidade, da lama e do recomeço,
por isso associada ao estado de morte; Oxaguiã, dono da agricultura, do plantio à colheita; Oxalufã, criador da vida do homem,
envolvido em qualquer processo de nascimento. Associado a elevação espiritual por completo, a leveza, a paz, seu símbolo é o ibirí,
certa espécie de caramujo, representando bem a tranquilidade deste Orixá.
Cada filho-de-santo possui seu Orixá regente. Durante o xirê, começa a saudar cada Orixá e os filhos daquele Orixá que
está sendo saudade deve dar “adobá”14 na porta, no “axé da casa”, nos atabaques e diante os pés das Zeladoras e pedir a benção
delas, beijando suas mãos. Vale ressaltar que os filhos-de-santo que ainda não possuem sete anos de iniciação e que não tenham
passado novamente pelos processos ritualísticos, denominados “obrigação”, quando completou um, três, cinco e sete anos, devem
se agachar no barracão, sem nunca desfazer a roda, quando os atabaques param de tocar durante o xirê. Isso também vale para os
não iniciados.
Quem tem a “obrigação” de sete anos e as demais, que acontecem com quatorze e vinte e um anos completas deve ficar de pé
sempre, e podem permanecer de sapatos durante todo o xirê, o que não vale para os de menos idade ritualística.
PERCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO DO CORPO DURANTE A FESTA DAS AYABÁ
Nenhum outro som no ar
Pra que todo mundo ouça
Eu agora vou cantar
Para todas as moças
Eu agora vou bater
Para todas as moças
Eu agora vou dançar
Para todas as moças
Para todas Ayabás
Para todas elas
Iansã comanda os ventos
E a força dos elementos
Na ponta do seu florim
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É uma menina bonita
Quando o céu se precipita
Sempre o princípio e o fim
Obá, não tem homem que enfrente
Obá, a guerreira mais valente
Obá, não sei se me deixo mudo
Obá, numa mão, rédeas, escudo
Obá, não sei se canto ou se não
Obá, a espada na outra mão
Obá, não sei se canto ou se calo
Obá, de pé sobre o seu cavalo(...)
Oxum, Oxum
Doce mãe dessa gente morena
Oxum, Oxum
Água dourada, lagoa serena
Oxum, Oxum
Beleza da força da beleza da força da beleza
Oxum, Oxum15
Chegamos a casa-de-santo às oito horas da manhã, a festa estava marcada para as nove horas, sábado, 12 de dezembro
de 2015. Primeiro deve tomar banho de erva, trocar a “roupa da rua” por vestes brancas: calça branca e blusa branca para os
homens; mulheres devem se paramentar usando pano de cabeça, blusa, pano-da-costa sobre a blusa, saia, faixa angoleira16 e calça
por baixo da saia, tudo branco – é aconselhável as mulheres entrarem na casa-de-santo trajando saia ou vestido. Entrar de calça é
considerado afronto a sua condição de filha-de-santo, mesmo as que são iniciadas a Orixá masculino, Roupas curtas ou de cor preta
não são permitidas para entrar ou sair da casa.
Depois de tomar o banho, cada um inicia sua tarefa. Um grupo está fumando, outros já varrem o quintal, fazem comida
para servir aos santos referentes à festa – esta festa, mesmo feminina, tem como patrono o Orixá masculino Xangô, pois são suas
mulheres e mãe, Iemanjá, que serão celebradas.
Laços e flores são dispostos em todo o salão, sobre os vasos, em volta dos atabaques, até em vasos de plantas que ficam na
porta do barracão. Deve dar prioridade para panos que contenham elementos e cores que fazem alusão a Obá (vermelho, laranja),
Iansã (cores como marrom, cor-de-terra e vermelho; Borboleta como símbolo do Orixá), Oxum (dourado, amarelo e rosa, como
elemento, as margaridas, girassóis, peixes), Iemanjá (verde escuro, azul claro e prata, elementos como peixes, flores das cores
supracitadas, lua, peixes, algas marinhas), e que de preferência, que o principal enfeite seja decorado fazendo atribuição a Xangô
(cores marrom e branco).
São colocadas três cestas no lugar destinado ao “axé-da-casa”, uma para Iansã, outra para Oxum, e a do meio para Iemanjá,
porque a mãe-de-santo17 tem este Orixá. Nestas cestas devem ser colocados objetos considerados de caráter feminino: brincos, pulseiras,
presilhas de cabeça, batom, creme, perfume, esmaltes, anéis e espelhos. A mãe-de-santo diz, “tudo que remete a vaidade”.
Pratos esmaltados com objetos para a cesta das Ayabás, contendo a semente de Obi18 (arquivo pessoal).
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Não sei ao certo porque não se faz uma cesta para Obá, mesmo sendo uma das mulheres do patrono da festa. Acredito que
possa ser a sua relação com Oxum, contada no mito que diz sobre a má convivência das duas, enquanto em estado polígono com Xangô.
Os filhos-de-santo batem adobá diante as cestas, seguindo a hierarquia. Este adobá acompanha ao final três sequências
de sete palmas ritmadas, conhecido como “paó”. Durante a entrega, a mãe-de-santo diz a uma das crianças que frequenta a casa
que deveria ser rápido, “porque homem tem que ser rápido, se não é mulherzinha”. Depois que todos entregam seus presentes, devem
estar com os fios-de-conta feitos de miçanga referente à seu Orixá no pescoço, “senzala”19 no braço, e pano-de-cabeça, pano-da-costa,
faixa angoleira para as mulheres...
Criança frequentadora da casa-de-santo cuja mãe é adepta, brincando (arquivo pessoal)
O xirê começa, em uma sequência de ritmos, saudações e cantos. Neste momento a entonação do canto é livre, e cada um se
conecta a suas crenças mediante a dança em roda, adobás, até que a mãe-pequena que é do Orixá Iansã entra em transe, o que na
sequência faz com que todos os filhos-de-santo iniciados entrem também.
Nesta casa ainda não se iniciou o Orixá Oxum e Xangô, mas nem por isso a festa deixa de acontecer. As cestas estão prontas,
a iniciada em Iemanjá também em transe, dança com seu Orixá e na sequência hierárquica dos inciados, Logun Edé, Nanã Buruquê,
Ossãe e Ayrá. Há um iniciado em Oxaguiã em transe, mas é necessário que as cestas sejam entregues pelos Ogãs fora do terreiro, em
lugar que tenha água, a de Iemanjá e Oxum. A de Iansã seria bom se fosse deixada em um bambuzal, diz a mãe-de-santo.
Eles voltam sem as cestas, convidam Oxaguiã para dançar e fechar o xirê. As Ekedis fazem com que os Orixás despossuam
seus iniciados. Acordam, voltam para o barracão, pedem a benção dos mais velhos e se abraçam; trocam as roupas e agora celebram
mais um fechamento do calendário festivo da casa-de-santo20.
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CONSIDERAÇÕES
“Se a vida é contra-dança, o folclore é par”
Não pode dançar para Exu, dar adobá, bater paó, pedir a benção das Zeladoras beijando suas mãos, se não tem menos
de sete anos de santo se dança o xirê de cabeça abaixada e quanto para o atabaque, se agacha. Filhas-de-santo e seu arsenal
indumentário, os fios de conta referente ao Orixá e outras ações que se apresentam como regras para a manutenção da ordem
durante as cerimônias do Candomblé, que fazem caracterizar o Candomblé, além dos dispositivos que enfeitam a festa das Ayabás,
fazem do “corpo suporte ritualístico” (TACCA, 2009), sempre.
Corpo que aprende a levantar na hora certa, a abaixar a cabeça durante o xirê porque é a regra e não se questiona.
Aprende o ritmo das palmas no paó, aprende a dançar em roda e a se expressar mediantes os ritmos que compõe o ritual, aprende a
amar o feminino diante da expressividade das Ayabás e que acredita, que para manutenção da fé é preciso o ritual.
Assim, entendo aqui estas regras, esta disciplina, como mantedora da educação do corpo daqueles que são adeptos ao
culto afro-brasileiro do Candomblé, nesta casa de santo.
“Jesus, Maria e José, e os terreiros do Candomblé” (MAUTNER, Jorge)
Filha-de-santo paramentada, iniciada em Iemanjá, com menos de sete anos de iniciação, em prece, momentos antes de dar adobá nas cestas e
entregar seus presentes (arquivo pessoal).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORENO, Andrea et all. Notícias do Minas Gerais: Rastros da Educação do corpo na Escola Normal Modelo da Capital (Belo Horizonte, 1906-1930).In: V Congresso de ensino e
pesquisa de história da educação em Minas Gerais, 2009. Disponível em: http://www.congressods.com.br/vcopehe/images/trabalhos/7.institucoes_educacionais_e_ou_
cientificas/2.Andrea%20Moreno.pdf Acesso em 20 março 2016
PARÉS, Luis Nicolau. Do Calundu ao Candomblé: O processo formativo da religião afro-braileira. In: A formação do Candomblé: História e ritual da nação Jeje na Bahia.
Campinas: Editora da Unicamp, 2006, p.101-121.
SANTOS, Nágila Oliveira dos. Do calundu colonial aos primeiros terreiros de candomblé do Brasil: de culto doméstico à organização político-social-religiosa. Revista África e
Africanidades-Ano I-n.1-Maio 2008-ISSN 1983-2354, p.1. Disponível em: http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/Do_calundu_colonial_aos_primeiros_terreiros_de_
candomble_no_Brasil.pdf Acesso 27 nov. 2015.
TACCA, Fernando Cury de. Imagens do sagrado: entre Paris Match e O Cruzeiro-Campinas, SP: Editora da Unicamp, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009, p.18.
NOTAS DE FIM
1 Graduando em Educação Física pela Universidade do Estado de Minas. Com carinho, para Elaine, Amanda, Ana, Cristina, Pri, Chris, Pedro e Tio “Manel”.
2 As principais regiões, aqui encaradas politicamente e religiosamente como nações que fundiram suas práticas no Brasil são as de origem Iorubá, Jêjênagô e Bantu (Angola).
3 Sequência ritualística de louvação aos orixás dançada em roda, inicia-se cantando para o orixá Exu e se finda no Orixá Oxalá.
4 Responsável por tocar as cantigas e atabaques, fazer sacrifícios e cuidar das funções estruturais de uma casa-de-santo.
5 Instrumento musical/ ritualístico.
6 Comida oferecida para Exu.
7 Tipo de moringa, feita de cerâmica, porém mais estreita e menor. Própria para colocar água nos cultos afro-brasileiros.
8 Responsável por dançar e cuidar da pessoa em transe com o Orixá.
9 Referência ao Divino Espírito Santo dos cultos de matriz cristã.
10 Aqueles que ainda não passaram pelo processo de iniciação no culto oficialmente.
11 Nome dado ao salão que acontece as festas, onde os filhos-de-santo podem dormir quando necessário.
12 O “axé da casa” se baseia em um local, no centro de onde acontecem as cerimônias religiosas, contendo objetos que acredita serem necessários para
fazer a ligação com o divino, fortaleça a casa e os Orixás venham para fazer a transe com seus iniciados.
13 GIL, Gilberto. Iansã. 1973.
14 Ajoelhar-se ao chão e descer ritmado em três tempos com o apoio das mãos sobre o chão até encostar a testa no chão. A sequência para descer é esta,
porém de o filho-de-santo for de santa mulher deve acrescer o detalhe de cruzar uma perna sobre a outra, uma de cada vez e inclinando o corpo ao mesmo
tempo, como se mostrasse o útero para aquele que ela cumprimenta. Quando o adobá é dado as Zeladoras e Zeladores deve se levantar e beijar a mãos
dos mesmos, pedindo bença.
15 VELOSO, Caetano; GIL, Gilberto. As Ayabás. 1976. Disponível em: http://www.vagalume.com.br/doces-barbaros/as-ayabas.html Acesso: 13 dez. 2015.
16 Na África antiga, as mulheres usavam um pano sobre os seios e ventre, creditado a proteção de seus órgãos reprodutores, e também uma faixa de pano
branca sobre o umbigo, para que espíritos ruins não habitassem sua vulva, canal vaginal e útero.
17 A casa-de-santo possui duas Zeladoras, mãe-de-santo e mãe-pequena – pode ser pai-de-santo também- onde na falta de uma a outra pode responder,
mas nunca deve se passar na frente das decisões da mãe-de-santo, por isso é necessário que este par seja de boa convivência.
18 Estas sementes possuem uso peculiar nos cultos afro-brasileiros, estão presentes na maioria dos cultos. Dentre suas funções podemos citar a de ser
considerada a fala do Orixá no jogo ritualístico, para além do jogo de Ifá africano, conhecido como Jogo de Búzios no Brasil.
19 Bracelete de palha-da-costa, búzios e miçangas, que os iniciados com idade menor que a obrigação de sete anos devem usar.
20 O calendário dos terreiros é flexível. As festas acontecem mediante a comemoração de iniciação de um membro, anos de iniciação das Zeladoras, etc.
Mas algumas festas são comuns e adeptas a muitos que não se fazem presente nos cultos, como por exemplo a festa dos Erês, ou popularmente associados
aos santos católicos como Festa de Cosme e Damião e as festas de Preto Velho.
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