Bom dia Cruzeiro2 - Colégio Cruzeiro
Transcrição
Bom dia Cruzeiro2 - Colégio Cruzeiro
Aqui você começa bem Informativo dos alunos do Colégio Cruzeiro - Jacarepaguá . ano II . número 1 . julho de 2007 PAN traz esperança para o hóckei E você, o que faria? Pesquisa do 6º ano revela o que o brasileiro está disposto a fazer para salvar o planeta Páginas 8 e 9 Pouco praticado no Brasil, o esporte ganha destaque com a competição pág 06 Educação na periferia Alunos do 8º ano descobrem a realidade dos estudantes da rede pública pág 16 2 . Bom Dia Cruzeiro E D I T O R I A L Frank Motta Enquete A violência no Rio de Janeiro está muito grande. Perguntamos a diversas pessoas o que elas acham que deve ser feito para trazer de volta a paz ao Rio. Confira as opiniões. Por André Roquette, Breno Goulart e Tomás Pelosi “Primeiro, o povo deve conscientizar-se no período de eleição para que escolha os melhores governantes. E estes governantes precisam fazer projetos que promovam a melhoria não só da segurança, mas de todos os fatores importantes Marcio Luis, 28 anos, inspetor na sociedade.” Lápis e papel podem livrar o mundo da catástrofe ambiental? Talvez não, mas já são um bom Faça começo. Foi com estas duas ferramentas simples e muita curiosidade que nossos pesquisadores do 6º ano foram às ruas perguntar às pessoas: “O que você estaria disposto a fazer para salvar o meio-ambiente?“ Foram ouvidos 331 entrevistados, das mais diversas regiões do Estado. Da Baixada à Zona Sul carioca, observamos que as preocupações ambientais estão presentes no cotidiano da maior parte da população, embora nem todos estejam dispostos a abrir mão do ar-condicionado ou do banho quentinho para salvar o planeta. Mas, além de ouvir, nossos pesquisadores puderam falar e ensinar um pouco do que aprenderam sobre preservação ambiental. Fizeram, sim, a sua parte. Mas há muito ainda a ser feito. O 8º ano também está fazendo sua parte. Depois de uma visita a um colégio público da periferia, nossos repórteres descobriram que há muito mais semelhanças do que diferenças entre os alunos de lá e os daqui. Apesar das dificuldades, os estudantes mais pobres não abrem mão de seus sonhos, esperanças e, antes de tudo, do otimismo. Nesta edição, você confere o resultado destas duas experiências e de muitas outras. E você, já fez a sua parte? Boa leitura e mãos à obra! SUMÁRIO 06 Esporte Hóquei 12 08 03 04 Comportamento Quando a TV vira vício Contos de Fadas Educação Aculturação 10 Matéria de Capa Como salvar o planeta? Tecnologia Robótica Crimes na internet EXPEDIENTE Meio Ambiente Paraty 14 16 Saúde Doenças endêmicas Solidariedade Rio das Pedras COLÉGIO CRUZEIRO - JACAREPAGUÁ Diretor Coordenador do 9º Ano e Ensino Médio Redação Diagramação João Aprígio Fabiana Antonini Valdomiro Dockhorn Vice-Diretora Orientadora Educacional do 9º Ano e Ensino Médio Alunos do 6º ao 9º ano e Ensino Médio Edição Norma Benjamin Maria Cecília Moreira da Costa Carla Baiense Francesco Tarsitano Costa Coordenadora do 6º ao 8º Ano BOM DIA CRUZEIRO é produzido pelos alunos do Colégio Cruzeiro JPA, com a orientação de professores e funcionários Revisão Fotolito e impressão Fátima Lopes Acar Julio Bezerra Projeto Gráfico Tiragem Fabiana Antonini 1.800 exemplares Fátima Lopes Acar Orientadora Educacional do 6º ao 8º Ano Vânia Vasconcelos Ilustração de capa “Tem que botar o exército na rua.” Genildo Leite, 53 anos, segurança “Educar as crianças e os adolescentes através da arte e dos esportes, tirando-os da rua e dandolhes uma ocupação prazerosa.” Rivana, 47 anos, professora de artes “Cada um deve fazer sua parte na sociedade.” Luciano Sales, 37 anos, motorista “Tem que melhorar os homens, o governo, a polícia. Porque desse jeito, está muito triste.” Laura, 55 anos, doméstica “O governo deve começar a investir muito mais dinheiro na educação das crianças, melhorar as escolas, dar treiamento e aumentar o salário dos professores. É um investimento a longo prazo, isto é, o resultado só virá daqui a muitos anos. Também pode-se diminuir a violência investindo na melhoria das condições de moradia e de saúde da população carente.” Eloíza, 53 anos, arquiteta Comportamento Bom Dia Cruzeiro . 3 Loucos por BBB Porque um reality show mobiliza tantos jovens e adolescentes diante da TV? Por Isabella Pasqualette, Cecília Braga, Matheus Martins, Gabriel Guimarães e Lucas Müss Muitos comentam que o reality show de maior sucesso no Brasil, o Big Brother, é um vicio ou uma forma de perder tempo. O certo é que tem muita gente disposta a perder tempo em frente à TV acompanhando os dramas e alegrias que os protagonistas do programa revivem a cada edição. E já são sete edições. Para entender por que programas como estes despertam tanto o interesse dos telespectadores conversamos com a professora Edir Figueiredo, que é pesqui- sadora e doutoranda do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Para a professora, todos nós buscamos determinados padrões de comportamento que nos sirvam de guia, uma espécie de manual de comportamento. “Quando nós espiamos alguém está implícita a idéia de confronto, isto é, a necessidade de confrontarmos nossos próprios costumes e hábitos cotidianos. Através deste contraste pautamos o nosso modo de ser e de agir. Não deixa de ser também uma oportunidade de avaliarmos o nosso próprio desempenho diante das situações e obstáculos impostos pela vida”, explica Edir. Mas não é só a necessidade de confrontar nossos próprios comportamentos que está em jogo no programa. A vontade de saber, a curiosidade é algo incitado em nós constantemente, seja pelos meios de comunicação, seja pela educação ou pelo meio em que estamos inseridos. “Quem conhece, de alguma forma detém uma informação privilegiada sobre algo ou alguém e, neste sentido, possui poder. Então o que passa estar em jogo é o poder: poder de conhecer, de decidir e até de manipular algo”, acrescenta a pesquisadora. Quando o hábito de ver o programa se torna uma necessidade, é preciso ficar alerta. Existem pessoas que nós chamamos de viciados em BBB. São espectadores que assinam canais exclusivos para ver o programa 24 horas e mudam a rotina para acompanhar cada lance da disputa. Nestes casos, Edir recomenda atenção. “Todo e qualquer vício é sempre prejudicial. Seja porque nos torna dependentes ou porque nos retira do convívio social. Se o hábito de ver o programa se constitui em diversão, sem prejuízo de outras atividades, tudo bem. Porém, se torna-se uma necessidade compulsiva, a ponto de prejudicar o convívio em família ou em sociedade, aí é preciso ligar o sinal de alerta”, finaliza. E viveram felizes para sempre Por Júlia Rocha Ao pensarmos na infância, uma das coisas que nos vêm à cabeça são os contos de fadas. Por que eles têm tanta importância? Será que eles têm conseqüências ruins? Por que, na maioria das vezes, só as crianças acreditam neles? Contos de fadas são variações dos contos populares e se caracterizam como uma narrativa em que o herói ou heroína tem que enfrentar grandes obstáculos antes de triunfar contra o mal. Em geral envolvem algum tipo de magia, metamorfose ou encantamento. Este tema tem muita importância porque é uma manifestação das fantasias e histórias coletivas, passadas de geração em geração através da cultura. Ao se identificar com a história ou com os personagens, a criança torna-se capaz de projetar seus medos e sentimentos e de colocar-se no lugar do outro. A pedagoga Rosâne Modesto explica que as crianças da Educação Infantil transitam pelo mundo imaginário e a realidade. Por isto, vivem intensamente as histórias, através dos personagens. E isto é fundamental, pois nesta fase elas conseguem tratar certas questões, favorecendo o crescimento e o amadurecimento de sua psiquê, elaborando as etapas para viver no mundo real dos adultos. É importante ressaltar que ao passarmos de certa idade, aquela visão de mundo tão restrita some e a necessidade de questionar e compreender melhor as relações surge. Isto faz com que a “graça” do conto tome outras conotações e a vontade de aprender coisas novas e reais aumente. Ilustração da aluna Letícia Curi É preciso saber, apenas, que os contos começam com a abertura do livro e terminam quando o livro se fecha. Se não considerarmos esta afirmação, as conseqüências para o imaginário da criança podem ser ruins. Ao pensar que aquele conto fantástico existe na vida real a criança se privará de muitas atividades, com medo de enfrentá-las, já que ainda não tem maturidade para enfrentar certas situações. Mas mesmo considerando que os contos são “coisa de criança”, é possível encontrarmos jovens e adolescentes que vivem, ainda hoje, como os personagens das histórias infantis. Muitas mulheres sofrem da chamada “Síndrome da Cinderela”, que é a ilusão do homem perfeito que chegará num cavalo branco e as salvará. Mas, venhamos e convenhamos, quem busca esse modelo na vida real dificilmente vai ter um final feliz. E não fique pensando que só as mulheres vivem contos de fadas. Muitos homens também sofrem do chamado “Complexo de Pequeno Príncipe”. Não gostam de levar a vida a sério, de fazer planos, vivem o momento e têm um amor à diversão imenso. Saber diferenciar o fantástico e imaginário do real é essencial para se viver bem. Aprender que nada na vida vem de mão beijada é o primeiro passo. Lutar pelo seu objetivo é indispensável. Se você não corre atrás dos seus objetivos, quem vai correr por você? O conto de fadas?!!? Posso garantir que não. Sonhar é bom e possível, mas viver o sonho algumas vezes não é bom nem possível. Por isto, pense antes dos atos. O final feliz da estória está em suas mãos. Educação 4 . Bom Dia Cruzeiro Aculturação é sempre aculturação Desde o descobrimento até os dias atuais, a cultura local sofre a influência – e por que não dizer, a colonização – de países economicamente mais fortes . Nesta matéria, os alunos do 9º ano levantaram a origem e identificaram algumas das conseqüências deste processo* Ontem foi a colonização Por Camila Fontenelle, Carolina Leitão, Edgard Pires Damasceno e Júlia Prestes No ano de 1500, os primeiros portugueses chegaram a uma terra estranha, chamada por eles Terra de Vera Cruz, mas cujo verdadeiro nome era Pindorama. Vieram para ficar e nos séculos seguintes iriam explorar essa rica terra de todas as formas possíveis em benefício próprio. Nesses séculos, os portugueses colonizaram e expandiram o “seu” território adentro do continente. Mas como ocupar e colonizar território tão grande? As formas de ocupação encontradas foram a criação extensiva de gado, as bandeiras e as missões jesuíticas, que avançaram muito por todo o país, especialmente na Amazônia, catequizando índios e formando vilas. Neste contexto, podemos inserir mais uma palavra: aculturação. Com toda essa invasão de terras, como ficaram os índios daqui? Para lançar uma luz sobre esta questão, podemos destacar um trecho do livro “Descaminhos”, de Marcos Caetano Ribas: “A vida ficada ruim para pior com a chegada dos perós de saia comprida, batina ... chegaram, fundaram colégios, criaram problemas. Queriam que todos mudassem. Mudassem de tudo. Mulher, só uma. Casamento, só uma vez. O povo parado nas roças, batendo enxada sem descanso. Nunca mais sumir nos matos até dar vontade de voltar, nunca mais sair pros rios, nunca fazer festas. Dançar três dias, três noites e mais. Mudassem até mesmo de casa, fossem morar na vila deles, queriam. São Paulo.” Esse foi um dos aspectos mais tristes da colonização. A aculturação nacional continuaria por muito tempo ainda. O roubo das nossas riquezas, a destruição das matas. Não mais Pindorama, agora Brasil. Hoje é a neo-colonização Por Beatriz Matafora e Matheus Laveglia Fotos de Edgard Damasceno Se você pensa que hoje não recebemos mais influências de outras culturas, está enganado. Não apenas o Brasil, mas o mundo todo, sofre direta influência da cultura norte-americana. Atualmente, os Estados Unidos são o país mais poderoso politica e economicamente. A todo momento, podemos reparar pequenas peculiaridades americanas em nosso dia-a-dia. Quando as meninas compram Barbies, Kens e seus acessórios (New Beatle da Barbie, casa de praia da Barbie), não percebem, mas estão representando o jeito de viver americano e se deixando influenciar pelo padrão de beleza mais aceito pelos Estados Unidos. Todo dia consumimos produtos que foram criados nos Estados Unidos. Mc Donald´s e a Coca Cola podem causar mal “Estátua da Liberdade” é o símbolo de um shopping da Barra. à saúde, mas todos continuam consumindo-os e contribuindo para a expansão econômica dos Estados Unidos. Um símbolo da influência americana no Brasil pode ser encontrado no Rio de Janeiro: é o famoso shopping New York City Center. Com uma réplica da Estátua da Liberdade em sua fachada, esse local causa revolta a muitas pessoas e até tomates já foram jogados em sua direção. Porém, muitas pessoas, principalmente adolescentes, adoram o local e sempre vão se divertir no Mc Donald´s, Outback, UCI cinemas e muitas outras lojas lá presentes. O Brasil também depende dos Estados Unidos na economia e o presidente Lula não mede esforços para agradar o presidente americano George Bush. Recentemente, em visita do presidente americano a São Paulo, o trânsito da cidade ficou por algumas horas parado para o carro de George Bush passar. A população ficou revoltada e não conseguiu compreender como a vinda de um cidadão estrangeiro consegue parar São Paulo inteira. Isso só nos mostra como os acordos firmados com o governo americano são muito importantes para o Brasil e todos querem agradar a George Bush, mostrar a ele que a cultura de seu povo é muito boa e que todos deveriam segui-la. Será que é mesmo verdade? Será que a cultura americana deveria servir de exemplo para todas as outras? Ou é apenas uma cultura baseada na geração de lucros? As conclusões devem ser tomadas por cada um. Nomes estrangeiros povoam mesmo as lojas nacionais. Algumas das influências políticas, econômicas e culturais dos Estados Unidos sobre o Brasil - Criação de órgão financeiros internacionais, como o FMI, nos quais, Educação Bom Dia Cruzeiro . 5 na maioria das vezes, é o próprio governo norte-americano quem determina as medidas que os demais países são obrigados a adotar, de forma a facilitar a entrada e o crescimento de multinacionais, principalmente as norte-americanas. Porém, quando se trata da própria economia, eles são extremante protecionistas. As tarifas de importação do suco de laranja, por exemplo, aumentam em até 50% o preço do produto estrangeiro no território americano. O açúcar brasileiro entra nos Estados Unidos com uma sobretaxa de 140%, causando queda de 60% das nossas exportações para aquele país. Os arcos do Mc Donald´s são conhecidos mundialmente. - Uso de empresas, revistas e publicidade para impor conceitos de sua cultura isto, no Brasil, o Nordeste havia sido invadido sobre as outras. O jeans, criado na Califórnia, pelos holandeses, pois a Espanha rompeu o tratornou-se uma peça de vestuário quase universal. tado entre Portugal e Holanda, impedindo a enDos 100 filmes mais assistidos de todos os trada dos holandeses no território brasileiro para tempos, 93 são americanos. A Coca-Cola é pegar e refinar o açúcar produzido no país. Em São Vicente (São Paulo), o açúcar havia vendida em mais de 200 países e tem um entrado em decadência, forçando os usineiros a consumo diário de 1,3 bilhão de litros. A rede de lanchonete Mc Donald´s possui lojas em mais procurarem outras opções no interior do país, de 120 países e vende mais de 12,5 milhões de aproveitando o fato de que o Tratado de Tordesilhas não era mais respeitado. Como não tisanduíches por dia. nham mais açúcar, só podiam fazer agricultura de subsistência. Precisavam de dinheiro. Acharam a solução criando “bandeiras de apresamento”, que eram expedições com a finalidade de capturar os índios para depois vendê-los como escravos. Este fato tornou-se “necessário” após a Holanda adquirir o controle das terras Por Victor Tostes, Gabriel Oliveira, portuguesas na África e, com isso, o monopólio Matheus Cesarino e Bruno Pugliese dos escravos daquela região. No Norte brasileiro, as missões jesuíticas estaDurante a União Ibérica, Portugal e Espanha vam ricas, pois utilizavam a mão-de-obra indígena estavam sob o mesmo governo. Mas Portugal para extrair drogas do sertão. E o governo português queria sua independência de volta. Enquanto fundou escolas, vilas e fortes. Em 1640, a União Ibérica acabou e a Espanha não teve como reaver seu território no interior brasileiro, pois Portugal construiu fortes e vilas e no Nordeste havia muitas cidades construídas pelos holandeses invasores. Cada um desses povos, nativos, escravos ou invasores, ao se estabelecer em terras brasileiras, implantava seus costumes e sua cultura. Com o tempo, houve a mistura entre os povos e as culturas, ainda existindo regiões no Brasil com fortes características de cada uma delas. Um pouco de história Depoimentos “Na livraria da Travessa, uma das mais freqüentadas de Ipanema, há várias estantes de livros estrangeiros e apenas algumas prateleiras no fundo da loja com literatura nacional. Está difícil entrar em contato com a nossa cultura”. Camila Fontenelle “Certas formas de aculturação são necessárias. Se tivermos uma posição contrária, podemos gerar conflitos e criar problemas econômicos para o país” Renato Baroni “Por que aos domingos a gente vai à missa e não faz a dança da chuva?” Clara Branco “As pessoas que não se adéquam à aculturação são consideradas estranhas, porque estão fora do padrão” Juliana Passamani “Os empregos que são gerados aqui pelas multinacionais não compensam os empregos que são extintos nas empresas nacionais pela concorrência estrangeira”. Exemplo de aculturação: no idioma do mercado de consumo, ponta de estoque se escreve “off”, liquidação virou “sale”. Muitas outras expressões do inglês invadiram as vitrines do Rio de Janeiro. *Trabalhos apresentados no seminário Aculturação é sempre Aculturação, sob a coordenação da professora Karin Blanco, de História. Juliana Fittipaldi Esporte 6 . Bom Dia Cruzeiro Apaixonados pelo hóquei Carla Baiense Atletas da seleção brasileira preparam-se para disputar um Pan com gosto de estréia para o país Por Rafaella Nogueira de Sá, Vivian Magalhães e Mariah Ferrett * Colaboraram Rodrigo Ávila, JoãoVictor Cury e Bruno Cesar O hóquei é um esporte pouco praticado aqui no Brasil, mas os poucos jogadores são apaixonados pelo que fazem. No Colégio Cruzeiro há um professor de Educação Física que será o técnico do esporte no Pan 2007, Leonardo. Ele trouxe cinco praticantes do esporte para nos dar uma entrevista sobre como é a experiência de ser convocado para participar do Pan. Antes da competição começar ainda haverá um corte de jogadores. Então, não está certo que esses cinco jogadores participarão. Mas, pelo que parece, só o fato de terem chegado até aqui já é motivo de alegria. Ainda virão muitas competições para eles representarem o Brasil. Mas estão torcendo para começar agora. Nesta entrevista, realizada pelas três turmas de 8º ano, eles falam dos sonhos no esporte e dos planos para o futuro. Atletas e comissão técnica Cássio Cássio: 18 anos, é goleiro, joga pela Casa de Macau, de São Paulo. Michele: 19 anos, é lateral direita, joga pela Casa de Macau, de São Paulo. Carlos (Montoia): 21 anos, joga pelo Salesiano, de Niterói. Rogério Rogério: 18 anos, joga pelo Salesiano, de Niterói. Augusto (França): 16 anos, joga pela Casa de Macau, de São Paulo, e é o mais experiente dos cinco. Desde o 16 anos joga pela seleção brasileira. Leonardo: 34 anos, é técnico da seleção que vai disputar o PAN. Cláudio Cláudio: 34 anos, é preparador físico da equipe. Jogadores das seleções masculina e femenina de hóquei e o técnico Léo (ao centro) já sonham com a Olimpíada. BDC - Como vocês começaram a jogar hóckei? Carlos – O hóckei se parece com o futebol. Comecei a jogar meio de brincadeira, em 2005. Com o tempo foi ficando sério. Augusto – Entrei no esporte em 2003 e já comecei a fazer viagens para disputar jogos. BDC - Qual foi o momento mais marcante da sua carreira? Michele – O momento mais marcante foi quando saiu a primeira lista de convocação da seleção para jogar na Argentina. Cássio – Para mim também foi a viagem para a Argentina. Léo – Apesar de ainda ter um corte de 23 para 16 jogadores, o momento mais importante destes atletas será a convocação para ficar entre os que vão representar o Brasil no Pan. Rogério – Quem estava mais próximo da convocação era o França. Para o resto do grupo foi uma surpresa. Eu não esperava. Tem mais um corte, mas eu espero que a gente esteja entre os convocados. BDC - Quando foi a primeira participação do hóckei nas Olimpíadas? Léo – O hóckei participou das primeiras Olimpíadas da Era Moderna, em 1906. Apesar de pouco divulgado aqui no Brasil, ele é o terceiro esporte mais praticado no mundo e o último esporte amador a competir nas Olimpíadas. Não há profissionais neste esporte, todos são amadores. Mesmo lá fora, os atletas que se dedicam ao esporte têm outra profissão: são técnicos, preparadores físicos. Por isto, esperamos que ele continue a ser considerado um esporte olímpico por muito tempo. BDC - Qual o sonho de vocês no esporte? Léo – O meu sonho como jogador era participar do Pan. Tenho 34 anos, parei de jogar aos 32, entre outros motivos, porque eu não podia manter o mesmo ritmo de treino destes atletas. Como técnico, o meu sonho de ir ao Pan está se realizando. O próximo sonho é classificar a equipe brasileira para uma Olimpíada. Carlos – Meu sonho é ganhar o prêmio de melhor atleta do COB, participar de uma Olimpíada e ser treinador. Rogério – Participar de uma Olimpíada, jogar fora do Brasil, e depois continuar a carreira como preparador físico ou técnico. Michele – Participar do Pan e ajudar a divulgar o esporte. Ver vocês jogando vai ser muito gratificante. BDC - Que conselho vocês dariam para quem quer jogar? Cláudio – Trabalhar duro. Rogério – Tudo na vida é questão de determinação. Estamos deixando tudo de lado: deixei de sair, de namorar, de trabalhar e até de estudar para me dedicar ao Pan. Tranquei a faculdade neste período. Mas, tendo esta determinação, você pode ir longe. Esporte BDC - Como é a rotina de treinos de vocês? Léo – Em geral, os atletas treinam de três a quatro vezes por semana. Em época de competição, chegam a treinar dez horas por semana. Na seleção brasileira, os atletas fazem nove sessões de treinos, o que dá 18 horas por semana. Este grupo faz treinos físicos pela manhã, análises técnicas, à tarde, e treinos com bola, à noite, o que dá oito horas de treinamento por dia. BDC - Qual o time mais forte do PAN? Augusto – A Argentina, que é a sexta do mundo. Foi a única no continente a se classificar para uma Olimpíada e será nossa primeira adversária no PAN. BDC- Por que vocês escolheram o hóckei como esporte? Rogério – Já fiz de tudo no esporte. Joguei futebol profissionalmente, mas depois de um tempo desisti. Nadei, joguei tênis de mesa, boliche, desisti de tudo. Até que um dia, joguei hóckei e pensei: é isto que eu quero para mim. Me apaixonei. Parei de jogar futebol, parei tudo. Só jogo pingue-pongue de vez em quando. Léo – Comecei aos 16 anos, no Colégio Cruzeiro do Centro. Um colega de escola, alemão, me chamou para jogar no clube Germânico. Fomos de bicicleta. Joguei e comecei a gostar. Depois do Colégio, resolvi estudar Economia, mas vi que não era aquilo que eu queria. Parei tudo e fui fazer Educação Física. Recomecei tudo, até que cheguei à Seleção Brasileira. BDC - Vocês pretendem chegar ao gol mil? Léo – Pelas minhas contas já cheguei a 4.937 gols, contando com todos os treinos e até com os gols que fiz brincando com meu filho. Chegar ao gol mil é difícil. Só três até agora chegaram lá. Bom Dia Cruzeiro . 7 Existem categorias adultas do esporte, seis a oito times adultos disputam campeonatos. Michele – Léo, Cláudio e todos os que estão ajudando o esporte a crescer. BDC - Há quanto tempo o hóquei é praticado no Brasil? Léo – O hóquei chegou aqui junto com o futebol, em 1910, trazido por Charles Miller, mas começou a ser divulgado na década de 1960. Em 63 foi realizado o PAN em São Paulo, mas a equipe de hóquei brasileira não participou. Em 1990 foi fundada a Federação. A confederação tem oito anos e reúne entre 400 e 500 jogadores. O PAN será o início do hóquei no Brasil. O resto foi infraestrutura, o esporte vai começar agora. BDC – Por que o hóquei sobre patins tem um destaque maior no mundo? Léo – O hóquei sobre patins começou com as Olimpíadas de Inverno. O que chega para nós são os campeonatos americanos, transmitidos pela ESPN,que não é um canal europeu. A visibilidade do hóquei sobre patins é maior por causa da TV. BDC - Onde serão disputados os jogos de hóquei no P AN PAN AN?? Léo – No PAN é disputado o hóquei de campo. Os jogos serão na Vila Militar, em Deodoro. BDC – Qual são seus ídolos esportivos? Augusto – Meu ídolo é o Bruno Patrício, do Rio, que já deixou o esporte. No futebol é o Ronaldinho, como todo mundo. Rogério – Foi o Léo. Hoje, o Oto e o Oliver são os meus espelhos. No futebol é o Cacá. Carlos – No futebol, o Romário é o cara. No hóquei, o Léo é o modelo. França e Oliver são diferenciados. Cássio – São aqueles que estão tentando fazer o esporte crescer no Brasil. Léo – No esporte, de forma geral, é o Oscar Schimit, pelo que ele representa para o esporte brasileiro. Não tinha dinheiro que o fizesse deixar a seleção brasileira. Recebeu oferta de US$ 60 milhões para jogar na NBA e recusou. Foi o jogador que fez mais pontos no basquete no mundo. BDC – Em nome do Brasil desejamos a vocês muita sorte e que vocês arrebentem com a Argentina. Léo – A argentina hoje é mais uma parceira que uma rival. Quando queremos aprender alguma coisa vamos à Argentina. Daqui a alguns anos eles vão começar a preocupar-se conosco. A Venezuela não se preocupava e hoje está preocupada. Para torcer pelo Brasil Uma partida de hóquei sobre grama consiste de dois tempos de 35 minutos cada, durante os quais dois times com onze jogadores tentam marcar o maior número de gols possível. Os gols são marcados quando a bola atravessa totalmente a linha do gol adversário depois de ser tocada pelo taco (“stick”) de um atacante dentro da área de chute. A bola só pode ser tocada com o lado plano do taco. Guilherme Maggessi BDC - Como são as competições de hóquei no Brasil? Léo – As federações do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Santa Catarina têm os seus campeonatos e, como no futebol, os jogos são disputados em todas as categorias. E temos o campeonato brasileiro também. BDC - Qual o resultado que o Brasil con se conse se-guiu nas competições internacionais? Léo – O Brasil está entre as quatro primeiras seleções sul-americanas. No primeiro Pan que o país disputou ficou na nona posição, entre 12 equipes. Cláudio – O número de participantes no Brasil é muito menor, não dá para comparar com outros países. É como comparar o Brasil com outros times sul-americanos no futebol. BDC - Por que o esporte é tão forte na Argentina? Léo – A confederação da Argentina tem 110 anos. Todas as escolas praticam o hóquei. Duzentas mil mulheres são filiadas à confederação de hóquei. Setenta mil homens são filiados. No detalhe, da esquerda para direita: França, Rogério, Carlos, Michele e Cássio durante entrevista aos alunos. Capa 8 . Bom Dia Cruzeiro A escolha é nossa Alunos do 6º ano do Colégio Cruzeiro pesquisaram quais os hábitos que os cidadãos brasileiros estariam dispostos a adquirir para impedir o aquecimento global O que você faria para preservar o meio-ambiente? Esse foi o tema da pesquisa realizada pelos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Cruzeiro. Os entrevistados tiveram grande sinceridade ao responder às perguntas e com isso pudemos tirar conclusões importantes para a nossa pesquisa. Descobrimos, por exemplo, que muitas pessoas estão dispostas a mudar hábitos que requerem uma grande adaptação da rotina, como a opção de substituir o carro por bicicletas ou caminhar. Quase dois terços dos entrevistados se mostraram dispostos a fazer essa mudança. No entanto, pequenos confortos se mostraram difíceis de ser mudados ou substituídos por grande parte dos entrevistados. Entre eles, trocar a água do chuveiro quente por água fria recebeu o maior percentual de respostas “não” da pesquisa: 55%. Em seguida, veio a substituição do ar-condicionado pelo ventilador no verão. Mesmo tendo um custo maior e consumindo mais energia, 49,5% dos entrevistados não abrem mão deste conforto. Observamos, também, que 35% disseram não à coleta de lixo na praia. Em compensação, 89% das pessoas se mostraram dispostas a fazer a coleta seletiva do lixo doméstico, atitude de grande impacto ambiental. A população brasileira precisa se conscientizar que, para impedir o aquecimento global, precisamos mudar e que, se não mudarmos, podemos deixar o planeta inabitável para as próximas gerações. Por Enrique Vazquez Pereira, Maria Eduarda Lacerda e Sabrina Guedes Adegas, turma 64 Ilustração da aluna Ana Luísa Coutinho O que você faria? Pesquisa realizada pelos alunos das quatro turmas de 6º Ano. pesquisa 27 de abril a 04 de maio. Período da pesquisa: 500 questionários foram distribuídos e 331 pesquisas foram apresentadas. Objetivo Objetivo: Entender a contribuição que cada um está disposto a dar para preservar o meio ambiente. Principais eixos da pesquisa: Preservação da qualidade do ar; Consumo de água; Consumo de energia elétrica; Tratamento do lixo; Preservação das águas; Preservação do solo. Metodologia de pesquisa: Questionário fechado com dez perguntas, para as quais o entrevistado respondia sim ou não. Também foram coletadas informações referentes a sexo, idade, escolaridade e bairro de moradia. Seleção da amostra amostra: Os alunos foram incentivados a escolher pessoas de diferentes perfis, a fim de obter uma amostra o mais heterogênea possível. Além de fazer as perguntas, tinham o desafio de explicar a importância das atividades individuais na preservação ambiental, incentivando a mudança de atitude dos entrevistados. Análise dos dados dados: Os dados foram tabulados pela equipe de coordenadores e analisados pelos alunos, que produziram os textos a partir das conclusões. Foram priorizadas as questões cujos resultados mostram algum tipo de resistência em relação à mudança de hábito, a fim de esclarecer o impacto destas atitudes no meio-ambiente. Os alunos realizaram suas conclusões a partir do próprio conteúdo aprendido durante o primeiro trimestre nas aulas de Ciência. Coordenação técnica técnica: professoras de Ciências Rosalina Magalhães e Fátima Regina Vieira. Coordenação Editorial Editorial: Carla Baiense. Tratamento de dados: Vicente Willians, da Informática Educacional. Heróis do meio-ambiente Na pesquisa, encontramos 31 entrevistados (10% da amostra) que responderam sim a todas as perguntas. Deles, 25 já passaram dos 30 anos. Apenas três são jovens ou adolescentes. Nossos heróis moram em diferentes bairros e estudaram pelo menos até o Ensino Médio. Capa Bom Dia Cruzeiro . 9 Chuveiro: vilão do meio ambiente Por Ana Luisa, Carolina Berenger e Thaís Morgado, Tuma 63 Nosso questionário continha dez perguntas, para as quais os entrevistados respondiam sim ou não. A primeira pergunta que fizemos foi: Você estaria disposto a ir para a escola ou trabalho utilizando transporte coletivo? Duzentas e quarenta e sete pessoas andariam de transporte público. Ainda assim, 84 pessoas disseram que não. Estas pessoas podem ter alguma razão se consideramos o risco de assalto ou a falta de linhas de ônibus e metrô em alguns bairros. Mas, se pensassem no meio-ambiente, responderiam que sim. O transporte público polui menos do que o transporte individual. O mesmo vale para a segunda pergunta: Você estaria disposto a caminhar ou utilizar a bicicleta em vez de usar o carro? A maioria – 214 pessoas – respondeu que sim, pois tem conhecimento de que a fumaça que sai dos canos de descarga polui a atmosfera. Mas para andar de bicicleta é preciso vencer a preguiça. Perguntamos também:: Você estaria dis dis-posto a reduzir o tempo do seu banho para economizar água? Duzentas e oitenta e cinco pessoas responderam que sim. Todos nós conhecemos as conseqüências do desperdício da água. Um banho médio de 15 minutos consome 45 litros de água. Reduzir o tempo do banho é uma das formas de evitar a escassez de água. Outra questão importante para a preservação ambiental foi tema da nossa pesquisa: a coleta de lixo. Perguntamos: Você estaria disposto a separar o lixo de acordo com o tipo? Duzentas e noventa e quatro pessoas responderam que sim. Apenas 37 disseram que não, a maioria delas, homens. Os tipos de lixo doméstico que podemos separar sem perigo são: lixo orgânico, papel, plástico, metal e vidro. A maior parte deste lixo pode ser reciclada, reutilizada ou reaproveitada por outras pessoas. Observamos que apenas 148 pessoas disseram sim à pergunta: Você estaria disposto a trocar o banho quente por banho frio? Cento e oitenta e duas pessoas não abririam mão deste conforto.. Em média, uma família de quatro pessoas que toma um banho quente por dia vai gastar 120 Kw/h por mês apenas com o chuveiro elétrico. Ilustração da aluna Thaís Morgado A escassez de água doce Por Pedro Soares, turma 61 Nenhum problema ambiental hoje é maior que os escassos recursos de água doce para as próximas gerações. Dos 70% da água da superfície da Terra, apenas 2,5% são compostos de água doce e 0,01% de água potável. A falta de água doce já é uma realidade e nosso futuro depende dela. A ONU prevê que dois terços da humanidade sofrerão escassez de água. Será preciso que se invistam bilhões de dólares por ano para conseguir água potável. Milhões já morrem por doenças transmitidas pela água impura. Com 17% das reservas de água doce do mundo, o Brasil se encontra numa situação privilegiada. Já se pensa aqui até em exportar água. Nossa imensa riqueza hídrica se dá por que temos imensas bacias hidrográficas, como o Rio Amazonas, o Rio São Francisco e o Rio Paraná. As geleiras são também imensas fontes de água doce. O problema é que boa parte dessa água para o consumo está longe das áreas mais populosas. Só a agricultura consome 70% da água doce do mundo. Precisamos ter, desde pequenos, uma conscientização ambiental séria: nossa casa, nossa rua, bairro, cidade e nosso planeta. Cada habitante da Terra tem que assumir a responsabilidade. Cabe a cada um de nós, diante dessa situação, não desperdiçarmos água, com banhos longos, descargas, lavagens de carros, louças e calçados. Um litro de óleo de cozinha polui 1 milhão de litros de água. Gastamos o dobro da água de que necessitamos. Cabe aos governos não permitir a destruição de florestas, fiscalizar e punir indústrias poluidoras, cuidar do lixo, tratar as águas dos esgotos e criar leis para proteger o meio ambiente. O mundo vai acabar Por Pedro Lopes, turma 61 Hoje em dia, as pessoas estão poluindo os rios, destruindo as matas e produzindo um excesso de lixo. O lixo deveria ser colocado nos aterros sanitários, mas estes locais são caros. A opção é reciclar o maior volume de lixo e colocar o restante nos aterros. Por isso, a coleta seletiva deveria começar em casa. Na minha opinião, a Prefeitura deveria investir muito mais no transporte coletivo. Isso seria bom, pois, assim, poucos veículos trafegariam nas ruas, soltando menos gazes poluentes na atmosfera. Isto evitaria tantas mudanças climáticas, efeito estufa e aquecimento global. A população deveria ficar menos tempo no banho, pois a água doce está acabando. Assim, também economizaria energia, no caso de chuveiros elétricos. Se a água doce acabar, não conseguiremos viver na Terra e teremos que procurar outro planeta para nossa habitação. Capa 10 . Bom Dia Cruzeiro Você estaria disposto... ... a armazenar o óleo usado em garrafas pet? ... a substituir alimentos produzidos com agrotóxicos? ... a recolher o lixo que encontra na praia? ... a substituir o ar-condicionado pelo ventilador? ... a não jogar lixo no chão? ... a trocar o banho quente por banho frio? ... a separar o lixo de acordo com o tipo? ... a reduzir o tempo do banho para economizar água? ... a caminhar ou utilizar a bicicleta em vez do carro? ... a ir para a escola ou trabalho em transporte coletivo? Hábitos simples podem reduzir o impacto ambiental Por Gabriela Valle e Gabriella Moraes, turma 62 Algumas questões abordadas dizem respeito, simplesmente, a coisas que algumas pessoas fazem sem perceber, ou sem avaliar o impacto delas. Perguntamos, por exemplo: Você estaria disposto a não jogar lixo no chão? A maior parte, 321 pessoas, respondeu que sim. Elas têm consciência de que se jogarem lixo no chão vão poluir o meio ambiente, entupir bueiros e sujar as praias. Enquanto as dez pessoas que responderam não ainda precisam se conscientizar de que a ação delas prejudica a vida no planeta. Outro conforto da vida moderna provocou divergência entre os entrevistados. Perguntamos: Você estaria disposto a substituir o ar-condicionado pelo ventilador no verão? Cento e sessenta e sete entrevistados disseram que sim, porque respeitam e amam a vida. Apesar de muito mais confortável que o ventilador, o ar-condicionado aumenta a degradação ambiental, tanto pelo consumo de energia quanto pela emissão de CFC, gás que contribui para aumentar o buraco na camada de ozônio, que protege o planeta dos raios ultravioletas. Cento e sessenta e quatro entrevistados, no entanto, disseram que não abandonariam o arcondicionado. Por egoísmo ou por falta de informação, não se preocupam com o uso do aparelho. Talvez elas não sofram, mas seus descendentes pagarão um alto preço por essa atitude. A coleta do lixo encontrado na praia também provocou polêmica. Começando pela pergunta: Você estaria disposto a recolher o lixo que encontra na praia? Alguns entrevistados deixavam claro que só recolheriam o lixo que eles próprios produzissem. Ainda assim, 215 concordaram em recolher os palitos de picolé, sacos plásticos e garrafas pets que encontrassem na areia. Sabem que este lixo vai para o mar com a chuva e o movimento das marés. Querem saber quanto tempo este lixo leva para se decompor? Garrafas pet – Mais de 400 anos Pontas de cigarro – 5 anos Papéis – de 3 a 6 meses Vidros – Tempo indeterminado Chicletes – 5 anos Latas de alumínio – De 200 a 500 anos Mesmo com todo o tempo gasto para decomposição do lixo, 116 pessoas não concordaram em fazer a coleta. Talvez porque sejam um pouco egoístas e preguiçosas.. Também investigamos o consumo de produtos orgânicos pelos entrevistados. Os orgânicos são cultivados sem agrotóxicos. Com isto, não poluem os lençóis freáticos com pesticidas ou outras substâncias venenosas. Perguntamos a nossos entrevistados: Você estaria disposto a substituir alimentos produzidos com agrotóxicos? Duzentas e setenta e seis pessoas responderam que sim. Além de poluírem o meio ambiente, os agrotóxicos fazem muito mal à saúde. O índice de câncer, alergias e outras doenças está crescendo em todo o mundo e estes produtos são apontados como responsáveis por este crescimento. Ainda assim, 55 pessoas disseram que não trocariam os produtos cultivados com substâncias químicas pelos orgânicos. Talvez por desconhecimento dos benefícios ou pelo preço das verduras, legumes e frutas produzidos sem agrotóxicos. Por fim, perguntamos: Você estaria disposto a armazenar o óleo de cozinha depois de usa usa-do em garrafas pet para recolhimento pela Comlurb? Como sabemos, o óleo e a água não se misturam. Por isto, quando jogamos óleo na pia da cozinha, ele acaba poluindo os rios e formando uma película sobre a água que sufoca os animais e plantas daqueles sistemas. A melhor forma de evitar esta contaminação é armazenando o óleo usado dentro de garrafas pet, que depois serão colocadas no lixo comum. Depois de recolhido, todo o lixo é separado nos galpões da Comlurb e os funcionários são orientados a separar as garrafas pet com óleo. Esse óleo será reaproveitado pela indústria, reduzindo o consumo de produtos e evitando a contaminação da água. Duzentas e sessenta e três pessoas se disseram dispostas a adotar esta atitude ecológica, enquanto 67 disseram que não o fariam. Algumas justificaram a resposta dizendo que a Comlurb não faz a coleta no seu bairro. Na verdade, esta é a coleta comum, que a Comlurb realiza regularmente em todo o Rio de Janeiro. Não tem mais desculpa para deixar de ser ecologicamente correto. Meio Ambiente Bom Dia Cruzeiro . 11 1 A biodiversidade de Paraty Arquivo pessoal Por Camila Marques, Bruna Costa e Letícia Curi Quem já foi a Paraty deve ter se encantado com a arquitetura colonial, o mar deslumbrante que cerca a região, a culinária local. Mas a cidade, que guarda um pedaço da história do Brasil, tem outra riqueza: a biodiversidade. A vegetação predominante na região de Paraty é a mata Atlântica (ou floresta pluvial). Essa floresta, que antigamente ocupava a maior parte do território brasileiro, agora está concentrada em algumas áreas localizadas nas serras do Mar e da Mantiqueira. Esta mudança aconteceu graças aos ciclos da cana, do café e ouro (que poluiu rios e lagos) e ao crescimento das cidades. Em Paraty, a Mata Atlântica chega até o mar, mas não se encontra ilesa. No final do século XVIII havia mais que 150 alambiques na região, ou seja, praticamente toda a região de floresta era, na verdade, plantação de cana. O solo é extremamente pobre e argiloso. Sua fisionomia é alta e densa Há várias associações, dentre elas, o mutualismo, onde indivíduos se associam para se beneficiar. Algumas espécies não vivem separadas, como é o caso das algas e dos fungos.As algas fornecem aos fungos parte do alimento e eles retiram água e sais minerais do meio ambiente, fornecendo-os às algas. A biodiversidade marinha é rica. Há várias espécies de peixes, invertebrados e algas. Na região de Paraty existem vários ecossistemas associados à Mata Atlântica: Restingas: Alguns pedaços de terra, planos e baixos que se alongam até o mar. Sua vegetação é rasteira. Ilhas Costeiras: Vegetação igual à do continente. Em ilhas maiores há fontes de água doce. Campos de altitude: Localizados na Serra do Mar, com altitude elevada. A vegetação é rala e baixa, devido aos ventos fortes e ao clima frio. Exemplos de fauna e flora da região: • Árvores: Jacarandá, Jequitibá, Canela Preta, Palmito, Mangue Bravo e Goiaba; • Arbustos: Feijão da praia, pimentinha, cipó, samambaia e Lírio do Brejo. • Fauna: Jaguatirica, lontra, raposa, veado, gambás, capivara, sabiá, periquito, pica-pau, tucano, cobras e lagartos. Jacarandá, Jequitibá, Canela Preta, Palmito, Mangue Bravo e Goiaba são as principais árvores encontradas na região Mangue: com a maré alta, as águas dos rios são represadas, alagando as planícies costeiras. O local é criadouro de aves, peixes, crustáceos e moluscos. Possui arbustos e árvores com raízes suspensas. Caminho do Ouro: um dos mais conhecidos pontos históricos da cidade. Nas fotos acima, um pouco dos manguezais de Paraty. Além da vegetação rica, esses sistemas abrigam uma variada gama de espécies aquáticas e aves . Mudanças provocadas pelo homem O início do desmatamento da região foi em 1500, quando cortaram uma árvore para fazer uma cruz e rezar uma missa. O ecossistema de Paraty ocorreu graças aos principais ciclos econômicos, o do açúcar e do café (árvores derrubadas para plantação desses gêneros) e do ouro (ciclo que poluiu rios e mananciais) e claro, com o crescimento da vila. No fim do século XVIII, havia mais de 150 alambiques na região. O ciclo da cana fez com que as florestas fossem desmatadas e a maior parte da terra virasse canavial. Já no século XIX, Paraty virou um importante porto que levava ouro de Minas à Metrópole. Isso fez com que vários caminhos fossem abertos no meio da Mata Atlântica para o escoamento do mineral à praia, desmatando mais uma vez a floresta. O mais famoso é o Caminho do Ouro. Hoje essa área foi naturalmente reflorestada formando uma mata secundária que cobre aproximadamente 80% do território paratiense. Porém, a mata secundária nunca será igual à original. Da mata original ou primária restam apenas 7%. Tecnologia 12 . Bom Dia Cruzeiro Diversão dos filhos X terror do pais Por Juliana Ramos, Carolina Salomão e Amanda Espinosa Hoje em dia o maior site de relacionamento é o Orkut, onde adolescentes e adultos podem interagir entre si, fazer amigos e até começar um relacionamento mais íntimo. Porém, existem desvantagens: feaks – orkuts falsos – utilizam um perfil igual a de outras pessoas, com a mesma foto e as mesmas características, para criarem comunidades pornográficas, racistas, que infringem a lei e incentivam o crime e a ilegalidade. Seqüestro e preconceito em comunidades e perfis já foram parar na justiça, por isso, a página possui um link onde podemos denunciá-los. Apesar de tantos problemas, assim como quaisquer outros sites da internet, o Orkut tem suas vantagens: conversar com amigos, conhecer gente nova, relacionar-se com alguém em uma velocidade que só a internet possui. Outro meio de relacionamento virtual muito adotado é o MSN – Messenger –, bate-papo online. A vantagem é que você pode Ilustração da aluna Amanda Espinosa conversar com outras pessoas como num telefone e adicionar quem quiser . A desvantagem é que pode ser raqueado, ou seja, invadido. “Ao enviar, publicar ou exibir quaisquer materiais no serviço orkut.com, você nos como descobrir sua identidade. Para quem pretende saber um pouco mais sobre estes amigos do outro lado do teclado, Cláudio dá a dica. “Prefiro o amigo pessoal. O termo “amigo virtual” é um pouco genérico (avatar, second life e etc.). A melhor forma de tentar descobrir a sua identidade, caso haja interesse, é tentar tornálo amigo real”, ensina o promotor. concede, automaticamente, o direito irrevogável, perpétuo, isento de royalties, transferível, sublicenciável, não-exclusivo e mundial para copiar, distribuir, criar trabalhos derivados, utilizar e exibir publicamente tais materiais”. (direitos de propriedade do orkut.com) Segundo o especialista Cláudio Feijó, promotor e titular da Promotoria de Justiça junto ao XVI Juizado Especial Criminal de Jacarepaguá, o Orkut é uma ferramenta fantástica de interação social. As vantagens são a praticidade e a economia de tempo no acesso e manejo da informação. E os perigos são os mesmos da vida real, isto é, uso indevido da informação ali prestada. “Os cuidados devem ser exatamente os mesmos do cotidiano. Lembrar que qualquer informação pessoal será vista e acessada por qualquer um em qualquer parte do planeta”, diz o especialista. Na internet muitos têm um amigo virtual, porém não sabem O que pensam os pais sobre a internet? “É um instrumento fantástico para a busca e aprimoramento do conhecimento. Não controlo o uso dos meus filhos, apenas tento mostrar os malefícios e benefícios ali existentes.” Claudio Feijó - Promotor de Justiça “É uma ferramenta de comunicação que veio para ficar. Eu controlo meus filhos com confiança e responsabilidade.” Jair Ramos – contador “É uma ferramenta preocupante. Controlo determinando horários.” Rosimary Vianna – protética “É uma ferramenta de busca, comunicação e diversão. Controlo determinando horários.” – Cristina Cavalcanti – Advogada “É uma ferramenta de pesquisa, entreterimento, comunicação e trabalho. Não controlo meus filhos, tento mostrar como a internet deve ser usada.” Marco Salomão – Engenheiro de telecomunicações Não ao crime na internet internet: Ao se deparar com evidências de um crime contra os direitos humanos na internet, o internauta pode acessar o portal da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos www.denunciar.org.br) (www.denunciar.org.br) www.denunciar.org.br), preencher e encaminhar um formulário anônimo de denúncia. Após o envio, o sistema gera automaticamente um número aleatório para que o denunciante possa acompanhar o andamento dado à denúncia, em tempo real e de forma anônima. Os serviços da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos contam com suporte governamental, parcerias com a iniciativa privada, autoridades policiais e judiciais, além dos usuários da internet. Os principais crimes investigados através do portal são: - Pornografia infantil (Pedofilia on-line) - Racismo, xenofobia e intolerância religiosa - Neonazismo - Apologia e incitação a crimes contra a vida - Homofobia - Apologia e incitação a práticas cruéis contra animais Tecnologia Bom Dia Cruzeiro . 13 Brincadeira de criança? Mesmo os jovens reconhecem: a violência dos videogames pode se tornar uma ameaça real para a educação Por Pedro Silva e Nicolas Crespo Substituindo os esportes (para que jogar futebol se você pode fazê-lo sem se cansar nem sair de casa?) e tirando o tempo dos estudos, os videogames podem, sim, ser prejudiciais à vida dos adolescentes. Além disso, podem provocar a obesidade. Para esse último problema já foi encontrada uma solução: a Nintendo desenvolveu um videogame com controles sem fio. Para movimentar o personagem, você deve mover-se junto. O Nintendo Wii já está disponível, mas com um preço alto: R$ 3 mil. Grand Theft Auto incentiva o jogador a cometer diferentes tipos de crimes durante a partida A principal ameaça dos jogos modernos, no entanto, não é para o peso dos adolescentes. É para o cérebro. Jogos como Manhunt trazem toneladas de sangue e violência às telas. Apontado como inspiração para um crime ocorrido na Inglaterra em 2004, Manhunt transforma o jogador num assassino virtual. Nos EUA, foi classificado como apropriado para maiores de 17 anos. O famoso Grand Theft Auto (GTA) é outro exemplo de violência explícita. Nele, você pode aliar-se a gangues, matar Second Life: jogador pode ficar 24 horas conectado no ambiente virtual pessoas, desafiar a lei, assaltar bancos, roubar A novidade, agora, são os jogos que simulam carros (como o nome já diz, “grande ladrão de a vida real, como o famoso Second Life . São carros”) entre outros tipos de crime. Além disso, jogos que recriam situações do cotidiano, onde há macetes inseridos no próprio jogo, como set você escolhe seu personagem (avatar) e age code armas melhores, set de armas explosivas, e mo uma pessoa real. É possível fazer plásticas e set de armas “state of the art”, ou seja, o último até conseguir um emprego como DJ. O second Life movimenta dinheiro, mas do passo em tecnologia a serviço da violência. Há missões em que você deve, por exemplo, mundo real. Você troca alguns dólares por moeexplodir um prédio com um helicóptero de con- das específicas do jogo. Depois, você consegue trole remoto, matar pessoas-chave, matar dinheiro no mundo real. Mas, para conseguir uma boa quantia, é praticamente indispensável traidores de seu mandante e matar inimigos. No Clássico Mortal Kombat , criado em ficar horas e horas no Second Life. 1992 por Ed Boon e John Tobias, você simplesmente pode, após a derrota dele, destroçar seu inimigo, com os famosos fatalities, brutalities, animalities e outros golpes. Há ainda outros jogos, como o GTA e o popular CS (Counter Strike), que incentivam violência. Mas há opções mais instrutivas. Alguns jogos, como os de futebol e basquete, podem incentivar a prática de esportes. Já o Guitar Hero incentiva a prática de uma atividade musical. Para aumentar a emoção, o Guitar Hero pode ser jogado com um controle adaptado para parecer com uma guitarra. Manhunt: tecnologia de ponta a serviço da violência A evolução dos consoles Existem vários tipos de console da nova geração: Playstation 3 (da Sony), Xbox 360 (da Microsoft) e Wii (da Nintendo). Os videogames acima são versões aperfeiçoadas dos anteriores, o Playstation (PS) 2,o Xbox e o Nintendo Gamecube. Os primeiros videogames eram simples, como o Atari, que para a época era um sonho. Os jogos consistiam em atravessar a rua, passando por carros. Depois, a Nintendo nasceu aperfeiçoando o mercado de jogos. A Sega veio de brinde. A Nintendo, então, criou a “Power Glove”, uma luva para auxiliar o jogador. Era muito complicada para ser usada, por isso não fez muito sucesso. A Capcom também surgiu, e essas produtoras trouxeram a nós jogos de filmes, como Sexta-feira 13 e Pesadelo em Elm Street , além de Top Gun e Karate Kid. As famosas Tartarugas Ninja também não ficaram de fora. Então, os videogames evoluíram. Nasceu o Super Nintendo. Depois o Nintendo 64. Então, vieram o Gamecube e o Wii. Para a Sony, Playstation 1, Playstation 2. Em seguida veio o Playstation Portable (PSP) e, então, o Playstation 3. A Microsoft juntou-se a esse mercado há pouco tempo, com o Xbox,e agora com o Xbox 360. Saúde 14 . Bom Dia Cruzeiro Saúde, Rio Velhas e novas doenças estão atacando a população do Rio de Janeiro. Saiba quais são as principais ameaças e como combatê-las* Por Gabriela Mello e Laís Marques Tuberculose Por Pedro Assumpção Brandão e Bruno Cravo de Queiroz O estado do Rio de Janeiro se destaca no quadro nacional por apresentar, a cada ano, a maior incidência de tuberculose do país. O coeficiente de incidência da doença para cada 100 mil habitantes é quase duas vezes a média nacional e o de mortalidade - 5,7 para cada 100 mil habitantes, em 2003 - também é o dobro da média do país, apesar do decréscimo ao longo dos últimos seis anos. São notificados cerca de 17 mil novos casos por ano no estado, correspondendo a 20% dos casos registrados no país. Os sintomas da doença incluem tosse, perda de peso, dor no peito, falta de apetite, febre e sudorese noturna. A tosse pode persistir por semanas e pode produzir escarro com sangue. Mesmo que não haja outros sintomas, a pessoa que tem tosse por mais de um mês deve procurar imediatamente assistência médica. Sem tratamento, 50% dos pacientes com tuberculose irão morrer em cinco anos e a maioria dos demais irá tornar-se seriamente debilitada. Gripe Por Breno Ingwersen, Lucas Mendes e Caio Serra A Gripe é causada pelo vírus influenza. Mas a vacina anual contra a gripe pode prevenir ou amenizar os sintomas da doença. O vírus Influenza se transmite de pessoa a pessoa com extrema facilidade, tendo um período de incubação de um a cinco dias, fato que impossibilita a vacinação de bloqueio. O início da sintomatologia é abrupto: Todas as doenças devem ser bem controladas para vermos o que está aumentando e o que está diminuindo. Mas no município do Rio de Janeiro chamam mais a atenção a dengue, a gripe, a hanseníase, a leishmaniose, a leptospirose, a raiva, as hepatites virais, a AIDS e a tuberculose. A grande concentração urbana e as condições precárias de saneamento vêm contribuindo para que doenças consideradas extintas, como a tuberculose e mesmo a dengue, retornem ao estado, causando grandes estragos à saúde pública. O caso mais sintomático deste quadro talvez seja o da tuberculose. Doença infecciosa causada por um micróbio chamado Bacilo de Koch, é contagiosa, quer dizer, passa de uma pessoa para outra. Quando o doente tosse, fala ou espirra, ele espalha no ar gotas pequenas, mas muito pequenas mesmo, com o micróbio da tuberculose. Aí, uma pessoa com boa saúde, que respire este ar, pode levar este micróbio para o seu pulmão. O micróbio penetra no organismo pela respiração, mas pode atingir vários órgãos. Medidas simples poderiam ajudar a prevenir a doença, como melhorar as condições de habitação, com casas mais ventiladas, vacinar todas as crianças com a BCG no primeiro mês de vida, identificar a doença precocemente e dar o atendimento adequado aos pacientes durante os seis meses do tratamento. febre, calafrio, mialgia, cefaléia, dor abdominal, náuseas, vômitos, mal-estar, anorexia, lombalgia, tosse, obstrução nasal, dor de garganta, fotofobia, conjuntivite, lacrimejamento, ardência e dor nos olhos estão entre as manifestações clínicas. AIDS Por Vitória Branco, Chandra de Melo, Fernanda Koeler e Camila Ferrão O causador da AIDS é o Vírus da Imunodeficiência Humana, conhecido como HIV. AIDS quer dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Não é causada espontaneamente, mas por um fator externo (a infecção pelo HIV). O HIV destrói os linfócitos – células responsáveis pela defesa do nosso organismo – tornando a pessoa vulnerável a outras infecções e doenças oportunistas, chamadas assim por surgirem nos momentos em que o sistema imunológico do indivíduo está enfraquecido. A AIDS não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas, mas os sintomas iniciais geralmente são parecidos: febre, calafrios, dor de cabeça, dor de garganta, dores musculares, manchas na pele, gânglios ou ínguas que podem demorar a desaparecer. Com o progresso, surgem doenças oportunistas, como tuberculose, pneumonia, câncer, candidíase e infecções do sistema nervoso. Os tipos de proteção contra a AIDS são uso da camisinha, acompanhamento pré-natal e uso de seringas descartáveis. Infelizmente, a medicina ainda não encontrou a cura para a AIDS. O que Bairros com maior incidência de AIDS no Rio de Janeiro Nome do bairro Percentual de casos Copacabana 9,42 Centro 5,03 Tijuca 3,79 Bangu 3,22 Botafogo 2,79 Realengo 2,07 Campo Grande 2,07 Flamengo 1,94 Vila Isabel 1,86 Santa Teresa 1,81 Ipanema 1,66 Ramos 1,54 Santa Cruz 1,49 Irajá 1,47 Leblon 1,37 Rio Comprido 1,24 Catete 1,2 Taquara 1,15 Penha Circular 1,14 Madureira 1,04 Olaria 1,04 Penha Circular 1,03 Santo Cristo 1,02 Pavuna 1 Engenho Novo 0,99 Engenho de Dentro 0,99 Laranjeiras 0,99 Brás de Pina 0,98 Saúde Bom Dia Cruzeiro . 15 temos hoje são medicamentos que fazem o controle do vírus no organismo do doente. Cientistas do mundo todo estão trabalhando no desenvolvimento de uma vacina contra a AIDS. Porém, existe uma grande dificuldade, pois o HIV possui uma capacidade de mutação muito grande. Hanseníase Por Matheus Marinho, Daian Mendes, Pedro H. Lourenço,Gabriel Marinho e Jair Braga Doença causada pelo bacilo de Hansen (mycobacterium leprae), ataca normalmente a pele, os olhos e os nervos. Também conhecida como lepra, não é uma doença hereditária, mas transmitida pelo ar. Uma pessoa infectada libera o bacilo e cria a possibilidade de contágio. Porém, a infecção dificilmente acontece depois de um simples encontro social. O contato deve ser íntimo e freqüente. A maioria das pessoas é resistente ao bacilo e, portanto, não adoece. De cada sete doentes, apenas um oferece risco de contaminação. Das oito pessoas que tiveram contato com o paciente com possibilidade de infecção, apenas duas contraem a doença. Entre os sintomas mais comuns da doença estão o aparecimento de caroços ou inchaços no rosto, orelhas, cotovelos e mãos, o entupimento constante no nariz, com um pouco de sangue e feridas, e a redução ou ausência de sensibilidade ao calor, ao frio, à dor e ao tato. Também surgem manchas em qualquer parte do corpo, que podem ser pálidas, esbranquiçadas ou avermelhadas. Algumas partes do corpo podem ficar dormentes ou amortecidas, em especial as regiões cobertas. A hanseníase tem cura e os procedimentos são fornecidos pelos postos de saúde, além do remédio distribuído gratuitamente. A população do Rio não se encontra bem informada e por este motivo ainda temos casos de doenças que já poderiam estar controladas. Dengue no Rio em 2001 Dengue Por Pedro Assumpção e Bruno Cravo de Queiroz Os números da dengue no Rio assustam. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, já são 2.813 casos este ano. A área mais afetada é a Zona Oeste, com mais da metade das ocorrências. No estado, já são 7.290 casos. O causador da dengue é um vírus, mas seus transmissores - chamados de vetores - são as fêmeas do mosquito do gênero aedes. “A TV ensina que o mosquito põe seus ovos em água limpa e parada. Mas a verdade é que os ovos ficam depositados nas bordas das vasilhas e podem permanecer ali por até dois anos. No momento em que a vasilha se encher de água, outra vez, os ovos podem eclodir. É preciso limpar tudo com uma escova, para eliminar os ovos”, ensina a professora de Ciências Rosalina Magalhães. De 8 a 12 dias após ter sugado sangue de pessoa contaminada, o mosquito está apto a transmitir a doença. Não há transmissão por contato direto. “Mas, hoje, sabe-se que uma fêmea contaminada põe ovos contaminados. Ou seja, os mosquitos já nascem portadores do vírus”, esclarece a professora. A dengue provoca febre alta, muitas vezes passando dos 40º, e que demora vários dias. Provoca, ainda, dor de cabeça, dor nos olhos, nos músculos e nas juntas. Surgem manchas avermelhadas pelo corpo e, em alguns casos, é possível que ocorram sangramentos na gengiva e no nariz. A pessoa fica com falta de apetite e sente Dengue no Rio em 1986 muita fraqueza. Da primeira vez em que a pessoa é infectada adquire um dos quatro tipos da doença e não voltará a ter dengue do mesmo tipo, pois ganha imunidade. Previna-se: - Retire a água de vasos de plantas. Encha os pratinhos sob os vasos com areia. - Mantenha baldes e garrafas virados para baixo. - Tampe tonéis e depósitos de água. - Feche e tampe as caixas d’água. - Procure desentupir as calhas. - Retire a água das lajes. - Coloque pneus velhos em local coberto. - Coloque areia em cacos de vidro de muros. - Disque-Dengue: 2575-0007. A Dengue no Brasil Por Brenno Bontempo, Leonardo Dias, Marcelo Brahim, Marcus Aurélio, Maxwell Jânsley e Rafael Costa - Aëdes aegyptis foi erradicado no Brasil na década de 1930 - controle da Febre Amarela. - 1976: transmissor é reintroduzido no país (Salvador - BA) - 1981: epidemias de Dengue (tipos 1 e 4) em Boa Vista (RR). - Atualmente: casos da doença em todo o Brasil. A Dengue no Rio de Janeiro - 1986-87 (vírus 1): mosquito transmissor sofreu mutação passando a procriar em ralos e vasos no interior das habitações. - 1990-91 (vírus 2): surto de dengue hemorrágica. - 2001-02 (vírus 3). - 2007: mais de 7.200 casos no estado e mais de 2.800 casos no município. *Textos produzidos pelos alunos de 7º ano para o Seminário Doenças Endêmicas do Rio de Janeiro, coordenado pelas professoras Rosalina Magalhães e Fátima Regina Vieira. Solidariedade 16 . Bom Dia Cruzeiro Uma aula de cidadania Visita do 8º ano à escola da rede pública mostra o valor da educação para o futuro do país Por Felipe Carvalho e Elis Gama* Para as crianças de bairros populares, a escola significa mais do que um espaço de socialização e aprendizado. Ela representa uma oportunidade de ingressar no mercado de trabalho de maneira tranqüila. Com um diploma na mão, as portas se abrem com mais facilidade e o sonho de ter uma profissão fica mais perto da realidade. Visitando uma escola pública da periferia, descobrimos que a realidade daqueles alunos é muito diferente do que imaginamos. Assistimos a uma parte da aula do professor Jorge Marcelo, que naquela escola leciona Artes. O grupo de alunos do 6º ano nos surpreendeu com a sua receptividade. Fomos recebidos com um caloroso cumprimento de “Boa Tarde!”. Em nossas entrevistas, pudemos fazer novos amigos, com os quais aprendemos a dar valor ao que nos é dado numa bandeja de prata. Geralmente, quando desconhecemos algo, manifestamos alguma insegurança ou até certo preconceito. Isso logo passou, a partir do momento em que eles começaram a responder às nossas Na sala de aula, os estudantes do Colégio Cruzeiro se apresentaram à turma antes de começarem as entrevistas individuais sobre educação: bate-papo animado e descontraído. Fotos de Guilherme Magessi perguntas sem medo ou sem esconderem a verdade. Começamos com perguntas como “Vocês gostam de estudar?” até perguntas como “Vocês acham que podem mudar o mundo ou o local onde vivem?” Como alguns de nós, existem aqueles que gostam de estudar e os que não gostam. Mesmo assim, nenhum deles deseja largar o estudo de forma alguma. A turma é composta por 35 alunos, em média, e a maior dificuldade de professores e Grupo de alunos do Cruzeiro na saída para a visita ao colégio público alunos é conviver com o barulho das outras salas. Todas as salas têm meia parede e aquela mistura de vozes tumultua as aulas. Outro fato que dificulta o aprendizado é a falta de professores. Eles não têm aula de História nem de Geografia desde o inicio do ano. Professor é o que não falta no Rio de Janeiro. Nós perguntamos a eles o que eles gostariam de mudar na escola e muitos deles citaram o banheiro e o refeitório. As meninas principalmente reclamam do banheiro. Encontramos realmente crianças de realidades muito diferente da nossa, cada um com uma história de vida: umas trabalhavam para ajudar em casa, outras tomavam conta dos irmãos e outras apenas estudavam. Uma das meninas entrevistadas nos surpreendeu com sua resposta ao perguntarmos o que ela poderia fazer para mudar o seu futuro. Ela nos respondeu com convicção: “Estudar bastante para não ser doméstica.” L., de 12 anos, também sabe o valor da educação. Ele diz que não gosta muito de estudar, mas sabe que precisa da escola para ter um futuro melhor. Para a maioria dessas crianças, futuro melhor quer dizer um bom emprego. J., de 12 anos, vai mais longe. Ela acredita que a educação pode ajudar a diminuir a violência, o tráfico de drogas, a prostituição de menores. “Educação pode até ajudar a mudar a favela”, diz, muito articulada. Mas quanto maior o número de filhos, maiores as dificuldades para que todos continuem na escola. F., de 11 anos, sonha em ser professora, mas conhece os obstáculos que terá de superar até chegar lá. Na família do menino R, de 11 anos, todos os cinco filhos estão na escola, inclusive o mais velho, de 16. Quando não está na sala de aula, R. ajuda o avô, pedreiro, a construir a casa da família. Mas tem outros planos para o futuro. “Quero ser bombeiro”, diz, com convicção. Chegamos à conclusão que em alguns aspectos eles são diferentes de nós. Mas os pensamentos são praticamente iguais aos nossos. Uma grande lição, sim, para qualquer pessoa que visite uma escola dessas, pois aprende a valorizar sua vida, a dar valor às coisas simples. Lá pudemos aprender que com força de vontade e dedicação todo mundo pode conseguir realizar seu sonho. Não importa o lugar onde more. Matheus Malafaia, Amanda Manso, Carolina Argento, Ana Paula Fernandez, Guilherme Abreu, Alvaro Pessanha, Isabella Brum, Guilherme Magessi, Roberto Germano e Catherine Rezende visitaram os alunos de um colégio da rede pública dentro do Projeto Se Doar.