encontro nacional de formadores

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encontro nacional de formadores
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OFS – ORDEM FRANCISCANA SECULAR
FRATERNIDADE REGIONAL SANTA CLARA
NEB2 – PE/AL
ENCONTRO NACIONAL DE FORMADORES
O que é a Formação
Natureza da OFS e JUFRA
Vocação Carisma e Missão
Animação Vocacional
A Profissão do Franciscano Secular e seu Sentido de Pertença
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ENCONTRO NACIONAL DE FORMADORES
TEMAS
O que é a Formação
Natureza da OFS e JUFRA
Vocação Carisma e Missão
Animação Vocacional
A Profissão do Franciscano Secular e seu Sentido de Pertença
II - ORAÇÃO INICIAL
ANIMADOR: Iniciemos este Curso de Formação em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
TODOS: Amém
ANIMADOR: O presente mais precioso que Deus nos entrega é a nossa IDENTIDADE. Uma pessoa que
sabe a IDENTIDADE que tem, ela não se perde. Nós, seres humanos, só podemos dar certo assim:
quando estamos no lugar certo. A infelicidade nasce em nossos corações quando insistimos em viver
o que não é para nós. Recordemos aquele rapaz, do Evangelho, que precisou viver aquele momento
de queda, de fragilidade para descobrir que estava no lugar errado; de como precisou mendigar comida
dos porcos e, então ele se recordou de QUEM ELE ERA. É isso que nós precisamos fazer todos os dias:
através da Eucaristia, através dos Sacramentos, através da Palavra e da Oração renovar dentro de nós
a nossa IDENTIDADE.
(...)
Assim como o pai e a mãe precisam olhar nos olhos dos filhos e dizer: “eu amo você porque você é meu
filho”. E essa atitude renova a identidade dentro do coração dos filhos, é isso que hoje Deus quer fazer
conosco. Olhar os nossos olhos, beijar a nossa testa e nos recordar que nós SOMOS FILHOS DELE.
(...)
Se a gente insistir em viver por outros lugares. Se a gente insistir em perder essa IDENTIDADE, nenhuma
felicidade será possível na nossa vida. Por isso, tantas vezes, quanto forem necessárias, nós
precisaremos anunciar quem nós somos.
(...)
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Você só poderá pisar em outros lugares, você só poderá viver o desafio da Missão se você estiver
consciente de QUEM VOCÊ É, da força que você traz no coração. Nós não podemos viver a contradição
de anunciar o amor, mas não sermos portadores do amor; anunciarmos o perdão, mas não sermos
ministros do perdão; não podemos fazer misericórdia se nós não formos o território da misericórdia.
Nós precisamos nos transformar “Naquilo” que nós anunciamos e onde os nossos pés puderem pisar
para levar essa Palavra, para darmos testemunho de Jesus, lá a nossa IDENTIDADE tem que brilhar
antes de nós dizermos quem nós somos. E nós não temos outra coisa para ser nesse mundo se não um
cristão e um cristão franciscano.
(...)
E é nesse lugar que nós colocaremos os nossos pés, na certeza de que a nossa IDENTIDADE nos é dada
por Ele e que eu só posso ser cristão na medida que Jesus é em mim.
ANIMADOR: Rezemos, juntos, esta oração pedindo a Deus A GRAÇA DO AMOR FRATERNO.
TODOS: Senhor Jesus, foi teu grande sonho que fossemos um, como o Pai e Tu e que nossa unidade se
consumasse na vossa unidade.
Foi teu grande mandamento, testamento final e bandeira definitiva para teus seguidores, que nós nos
amássemos como Tu nos havias amado; e Tu nos amaste como o Pai amava a Ti. Essa foi a fonte, a
medida e o modelo.
Com os doze, formaste uma família itinerante. Foste com eles sincero e veraz, exigente e compreensivo
e, principalmente, muito paciente. Como em uma família, alertaste-os para os perigos, estimulaste-os
diante das dificuldades, celebrastes seus êxitos, lavaste-lhes os pés, serviste-os à mesa. Primeiro,
deste-nos o exemplo e, depois, deixaste-nos o preceito: amai-vos como eu vos amei.
Na Fraternidade que aqui formamos em teu nome, acolhemos-Te como dom do Pai e Te integramos
como Irmão nosso, Senhor Jesus.
Tu serás, portanto, a nossa força aglutinante e a nossa alegria.
Se não estiveres vivo entre nós, esta Fraternidade virá abaixo como uma construção artificial. Tu te
repetes e vive em cada membro e por isso nós nos esforçaremos para respeitar-nos uns aos outros
como faríamos contigo. Tua presença nos questionará, quando a unidade e a paz for ameaçada.
Pedimos-te, pois, o favor de permaneceres muito vivo em cada um de nossos corações.
Derruba as altas muralhas levantadas dentro de nós pelo egoísmo, o orgulho e a vaidade. Afasta de
nossa porta as invejas que obstruem e destroem a unidade. Livra-nos das inibições. Acalma os impulsos
agressivos. Purifica as fontes originais. E que cheguemos a sentir como Tu sentias, amar como Tu
amavas. Tu serás nosso modelo e nosso guia, ó Senhor Jesus!
Dá-nos a graça do amor fraterno: que uma corrente sensível, quente e profunda corra em nossas
relações; que nos compreendamos e nos perdoemos; que nos estimulemos e nos celebremos como
filhos de uma mesma mãe; que não haja, em nosso caminho, obstáculos, reticências nem bloqueios,
mas que sejamos abertos e leais, sinceros e afetuosos e, assim, cresça a confiança como árvore
frondosa que cubra com sombra a todos os irmãos nesta casa, Senhor Jesus Cristo.
Conseguiremos, assim, uma vocação ardente e feliz, e nossas Fraternidades se levantarão como uma
cidade na montanha, como sinal profético de que Teu grande sonho se cumpre e de que Tu mesmo,
Senhor Jesus, estás vivo entre nós.
Assim seja!
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III – TEXTOS
FORMAÇÃO NA ORDEM FRANCISCANA SECULAR
O que é, objetivos e desafios
Frei Almir Ribeiro Guimarâes, OFM
A pessoa necessita de um solo vital sobre o qual possa construir com coerência seu próprio relato,
assentar suas fidelidades e compromissos pessoais. Sem isso sua biografia se resume num somatório
de acontecimentos pessoais desconexos e soltos. Fundar a pessoa, ajudá-la a conseguir esse solo
pessoal, deve ser o grande objetivo dos processos educativos.
Patxi Álvares de los Mozos, SJ
1. Em sua origem a palavra “formar” significa dar uma forma, esculpir alguma coisa segundo um
modelo pré-estabelecido. Os objetos copiados de um mesmo modelo são iguais uns aos outros.
As coisas se passam diferentemente quando se trata de pessoas. Não fazemos clones. Cada
pessoa é única em seu patrimônio genético, em sua história, a partir das experiências vividas
ao longo da vida, única aos olhos de Deus. Formar uma pessoa significa, antes de tudo,
acompanhar seu crescimento humano em nosso caso, cristão e franciscano. A formação
demanda tempo. Se queimamos etapas o fruto não amadurece.
2. A formação propõe ao formando instrumentos que permitam seu crescimento. Evidentemente
a formação é transmissão de conhecimentos, mas ela passa também pela vida. Trata-se de
partilhar experiências e viver ou vivenciar encontros. Uma iniciação na oração será
fundamental para que tudo seja interiorizado, assimilado. Assim, o processo formativo da
pessoa, do cristão e do franciscano é complexo e leva tempo para atingir seu objetivo. Não se
resume às tinturas apenas na formação inicial. Deus continua agindo nas pessoas ao longo de
sua vida e será preciso vigilância.
3. Será que se pode definir a formação cristã? Trata-se do conjunto de elementos usados para
que as pessoas façam aflorar as riquezas pessoais que a vida lhes deu, que venham a fazer um
encontro pessoal com o Deus vivo e seu Cristo, que entrem num processo de conversão e de
adesão ao espírito do Evangelho. Formação tem a ver com evangelização da pessoa, catequese,
acompanhamento espiritual, convite à leitura, iniciação na meditação, capacidade de superar
o negativo da vida e respirar no dia a dia o espírito do Evangelho. A formação faz com que a
pessoa viva o presente com os olhos fitos naquilo que ainda não conseguiu. A formação leva a
tornar a pessoa madura e o cristão, um santo.
4. A formação é um processo que dura a vida toda. É obra que precisa sempre ser retomada.
Tem tudo a ver com uma educação permanente. Leva a pessoa a se confrontar com sua
verdade pessoal, detectar entraves e curar feridas do passado. Mostra caminhos que levam a
uma plena realização do educando como pessoa, dona de sua história, como discípula do
Ressuscitado, como seguidora do jeito de viver de Francisco e suscita o desejo ou a urgência
de ser sal da terra, luz do mundo e fermento na massa. A formação nada tem a ver com
devocionalismos laterais. Ela será marcadamente cristocêntrica. Formar uma pessoa, no caso
de um franciscano secular, é acompanha-la em seu crescimento humano, espiritual e
franciscano. A formação comporta ensino, partilha e oração.
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5. Lembramos alguns dos agentes de formação. O primeiro deles é o próprio formando. Os
irmãos precisarão ficar atentos à ação do Espirito em sua vida pessoal, na Igreja e na
Fraternidade. Cada irmão é o primeiro formador de si mesmo. Trata-se de tomar a decisão
de caminhar na trilha cristã-franciscana. Leitura, fidelidade aos encontros da fraternidade,
busca de orientação pessoal e mesmo de uma direção espiritual. Há o formador e sua equipe.
Não é aqui o lugar de traçar demoradamente o perfil do formador: seriedade, competência,
vigilância, saber escutar, corrigir fraternalmente... Formadora é a Fraternidade com o conjunto
dos irmãos que dão o testemunho de busca da santidade. O formando haverá de fazer
constantes revisões de vida para ter a certeza de não perder tempo. Formador ainda é o
assistente espiritual.
6. Busca-se a formação cristã, segundo as orientações do Documento de Aparecida. Ali, com efeito,
se insiste na formação do discípulo missionário: encontro pessoal e profundo com o Cristo
ressuscitado; enveredar pela trilha da conversão (caminho penitencial franciscano); ter senso
de Igreja; sair em missão. Os formadores franciscanos haverão de fazer de sorte que esses
ensinamentos penetrem os irmãos. Não se trata apenas de um empenho a ser feito na
formação inicial, mas em todo o tempo da vida (cf. Documento de Aparecida: O processo da
formação do discípulo missionário, 276-285, particularmente 278).
7. Desnecessário dizer que vivemos um tempo de instabilidade e de mudanças profundas na
sociedade, na Igreja e em nossa Ordem. Ninguém se forma de uma vez por todas. Estamos em
estado de mudança e de permanente revisão da formação. Quais as configurações da
Fraternidade Franciscana Secular amanhã? Hoje as coisas parecem ter o gosto do provisório.
Precisamos aprender a viver na intempérie. José Arregui, OFM refletindo sobre a problemática
da vida consagrada aponta para situações que também vivem os seculares. Nosso destino
nestes tempos fragilizados de transição e de incerteza é aprender a viver a espiritualidade do
êxodo e da intempérie. Nossa atitude de base é de sofrer a incerteza, perseverar na insegurança.
Sinal de maturidade é que aprendamos a suportar a perplexidade, sem adotarmos posição de
defesa, nem incorrer na resignação e na amargura. É sadio aprender a viver na intempérie, na
incerteza sem ceticismo ou desespero. É sinal de maturidade desaprender muitas coisas, deixar
cair o que não tem futuro e não ficar aferrados ao passado. É sadio viver abertos e orientados
para o futuro de Deus no mundo, na Igreja, na vida consagrada. É sadio, sobretudo, reaprender
a simplicidade da confiança simples, a esperança desnudada (cf. JoséArregui, OFM, Ante el
futuro de la vida religiosa, in Lumen - Espanha, 2001, p. 201-202). Não existe festa de
formatura nem diploma para aqueles que fizeram parte da caminhada da formação. Tudo
precisa ser refeito. A formação é permanente. Necessário seguir em frente. Uma palavra forte:
coragem. Uma preocupação: procurar águas mais profundas. Nada de mediocridade e
superficialidade. Quais as características da Ordem nos próximos anos? Para onde os ventos
sopram?
8. Vivemos numa sociedade movediça, que duvida de tudo e de si mesma, que tem visão
“desencantada” do mundo, exprimindo, muitas vezes indiferença para todos e para com tudo.
Vale tudo. As pessoas empurram as coisas para frente sem muita convicção do que estão
fazendo. Será preciso ter confiança no futuro. Os cristãos se contentam com certo verniz de
religiosidade. Será fundamental descobrir a própria intimidade. As pessoas estão por demais
derramadas no exterior. Há perguntas que precisam ser respondidas: Quem sou eu? A quem
pertenço? A quem devo satisfações? O que devo “perseguir” em minha vida? O que significa,
efetivamente, ser franciscano secular? Fala-se de uma desorientação identitária. Não
existimos para sustentar instituições. Um autor escreve: A busca da própria identidade se
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converteu em nossos dias, talvez, na tarefa vitalmente mais relevante para a qual, no entanto,
não nos sentimos preparados. A palavra é personalização. Levar as convicções ao interior. Na
formação se busca levar a processos de interiorização que permitam entrar dentro da própria
pessoa e extrair dali o fonte de seu ser. Por meio da interiorização se gera e se robustece a
pessoa em bases próprias. Esse processo exige ferramentas básicas imprescindíveis:
conhecimento e manejo dos próprios sentimentos, certo grau de contemplação, capacidade de
conviver consigo mesmo, cultivo da dimensão do silêncio. A fundação da pessoa é feita de
pequenos compromissos que devem desembocar num compromisso vital que leva a uma
projeto de vida que, por sua vez, leva à identidade. O primeiro e fundamental dos
compromissos é ser cristão.
9. Faz parte da formação uma vivência e prática da oração pessoal de intimidade com o Senhor
e uma consciente prática da vida litúrgica. Nutriremos uma paixão esponsal pelo Senhor:
oração sólida e suculenta, contato carinhoso com a Palavra do Senhor, sentir a presença do
Senhor quando dois ou três estão reunidos em seu nome, descoberta de mestres de oração,
retiros que sejam acontecimentos espirituais, familiaridade com os salmos, descoberta da
meditação. Necessário que os formandos instaurem o costume da leitura espiritual da vida e
de um regular exame de consciência. Até que ponto podemos ajudar os formandos a fazerem
uma verdadeira experiência de Deus? Neste contexto, iniciação à oração se deveria destacar
elementos da vida e da caminhada de Clara. No final da formação inicial os formandos
deveriam ter adquirido gosto pela vivência do tempo litúrgico.
10. Tentemos aqui fazer um elenco sumário de valores humanos: maturidade, coragem, clara
noção do que vem a ser assumir um compromisso, superar o universo dos melindres e
susceptibilidades, capacidade de conviver com o diferente, capacidade de olhar o que se passa
à sua volta, senso de admiração diante das coisas e das pessoas.
11. A formação franciscana vai na linha da impregnação dos valores que marcaram Francisco e
Clara:
 postura de simplicidade;
 vida despojada;
 sensibilidade para com o fraterno: amar o irmão como uma mãe ama seu filho;
 não querer sobrepor-se aos outros;
 não apagar a ação do Espírito;
 trabalhar e agir sem perder o espírito da santa oração;
 ir pelo mundo e, ao mesmo tempo, ter saudade do eremo;
 exercitar-se na práxis da desapropriação;
 saber extasiar-se diante de coisas simples: a beleza da natureza, a graça de uma criança;
 saber levar as coisas até o fundo do coração;
 saber que estamos convidados a restaurar a Igreja.
12. Queremos aprender a ser irmãos. “A vocação franciscana é um chamamento para se viver o
Evangelho na Fraternidade e no mundo (...). A vida fraterna é resultado de um testemunho
humilde e simples; depende da disponibilidade pessoal de morrer como o grão de trigo; é a
protelação nunca definitivamente atingida, de um constante heroísmo cotidiano. A vida
fraterna se realiza quando deixamos de ser indivíduos e passamos a ser pessoas, ou seja,
quando se entra em relação, porque a pessoa nasce e se desenvolve nos relacionamentos, na
consciência do próprio valor e no valor dos outros, na reciprocidade do dar e receber, no ter
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cuidados e no confiar-se, na partilha e na gratidão . A identidade pessoal se adquire nos
relacionamentos fraternos. À luz destas perspectivas fundamentais se compreende como, para
quem quer fazer parte da Ordem Franciscana Secular, a Fraternidade é um dom que deriva da
Profissão, de viver com particular atenção, porque os recíprocos relacionamentos de
comunhão tornam-se lugar da própria santificação e do testemunho do amor de Deus, que é
revelado e dado em Cristo. Assim, a Fraternidade se torna indiscutível missão. Portanto, como
profissionais da paz e do bem, os Irmãos e Irmãs da Penitência vivem no mundo como fermento
evangélico, de modo que os homens, vendo sua vida fraterna vivida no espírito das bemaventuranças tomem consciência de que já começou em seu meio o Reino de Deus” ( Manual
para Assistência à Ordem Franciscana Secular e Juventude Franciscana, p. 89-92).
13. A formação, desde o começo, insistirá na formação do candidato na linha de um leigo
maduro capaz de dar sua contribuição à missão da Igreja. Os franciscanos seculares são leigos
com os quais a Igreja pode contar. Na medida do possível precisam organizar seu tempo que
possam atuar, ir pelo mundo, ser Igreja em saída. Há tarefas nas Paróquias: catequese,
preparação dos moços para a crisma e para o casamento, assistência aos doentes e pastoral da
esperança. Tem-se a impressão que há certos campos mais aptos para ação de leigos maduros:
a própria família e a evangelização da família educação, desenvolvimento da consciência
política. Já no tempo da iniciação e da formação os candidatos são chamados, de alguma forma,
a fazerem a experiências do leproso: visitas e certo convívio com os mais pobres, os doente, os
presidiários, os rejeitados. Sem a experiência do leproso a formação ficava deficiente.
14. Nossas fraternidades viverão um clima de profunda alegria. A alegria forma: passa confiança,
espanta o desânimo. Esta se manifestará na criação de um espaço de beleza-alegria para a
realização de nossos encontros (imagens e estampas, toalhas, tudo que serve ao altar). Haverá
a alegria de jovens, de música, dos filhos e netos. Não haverá de esquecer o ensinamento da
perfeita alegria.
15. Benedeto Lino: A formação que realiza um formador é transmissão viva de fé, da descoberta
pessoal de Deus que nos transformou em novas criaturas, das verdades que nos abriram os
olhos e deram sentido à nossa vida, experiência de viver com Cristo e de Cristo, a beleza
de nossa vocação comum, ardor de querer realizar o projeto de Deus a nosso respeito. Ela
não é de estilo acadêmico; não é cultura, mas cria. Não é constituída de conferências mais ou
menos bem elaboradas, mas impessoais. Não consiste no papel de um manual nem nas luzes
e movimentos de um audiovisual, nem é catequese embora a suponha. Não é propaganda de
devocionalismos.
16. Perfil do formador segundo um documento Potissimuminstitutioni (Congregação para os
Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica): “Bom conhecimento da
doutrina católica no que se refere à fé e aos costumes; capacidade humana de intuição e
acolhida; experiência de Deus e da oração; sabedoria que seja resultado de atenta e
prolongada escuta da Palavra de Deus; amor pela Liturgia e compreensão de seu papel na
educação espiritual e eclesial; competência cultural necessária; disponibilidade de tempo e
boa vontade para dedicar-se ao cuidado pessoal de cada canditato”.
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Conclusão
Formador, equipe de formação, a própria fraternidade vivem estado de formação. José Antonio
Merino fala de desafios que franciscanos e franciscanas deverão enfrentar:




retorno a um Evangelho mais puro, levando em conta suas exigências, vivenciar
a mensagem de Jesus Cristo, com coragem e alegria;
estabelecer diálogo entre ateísmo e religião a partir da perspectiva franciscana;
oferecer pressupostos para a justiça e paz sociais;
relançar uma cultura e uma mística ecológicas;
 promover valores humanos que levem à ética da frugalidade.
A NATUREZA DA PROFISSÃO
ORDEM FRANCISCANA SECULAR
Benedetto Lino, OFS
Maria Aparecida Crepaldi, OFS
Ana Carolina Miranda, OFS
INTRODUÇÃO
Que se entende por “natureza”, falando da Natureza da OFS?
O dicionário disse: natureza: substância constitutiva dos homens e das coisas, sua índole, caráter.
A natureza, portanto, designa a constituição original, a essência principal que faz a qualquer entidade
o que é e a caracteriza unívocamente. A natureza de um homem é diferente de qualquer animal e a de
uma casa é diferente de uma árvore.
Distinto é o conceito de identidade. Natureza e identidade são, de per si, conceitos diferentes.
Isto é o que disse o dicionário. Identidade: qualificação de uma pessoa, um lugar, de uma coisa, pela
que é ela mesma e não outra (<identidade> de idem =mesmo).
No âmbito da raça humana temos diferentes identidades. Cada homem, ainda que seja por sua própria
natureza um homem, tem sua própria identidade, que difere da de milhões de outros homens.
Em resumo, a natureza e a identidade própria de qualquer pessoa, ou de qualquer coisa, está
estritamente vinculada e determinada por quem, ou que, lhe deu origem e vida. Natureza e identidade
não são, portanto, modificáveis a vontade ou simplesmente pela decisão de alguns ou puro capricho.
Em nosso caso específico, a OFS é o que é em base ao que Deus inspirou a Francisco e que foi
confirmado pela Igreja, através de sua lei.
Qual é a natureza da OFS? Qual é sua identidade?
A resposta mais fácil parece a de encontrar que definição geral do Código de Direito Canônico pode
adaptar-se melhor à OFS e encaixá-la dentro.
Este método é absolutamente incorreto enquanto que uma coisa se define pelo que é e não, ao
contrário, tomando uma definição e adaptar o objeto à designação.
A natureza de qualquer organismo deve buscar-se antes de tudo:
10
• examinando o próprio organismo em profundidade e
• estudando suas características vitais e essenciais.
Em continuação, se verá como e em que medida, estas características se poderão enquadrar mais ou
menos completamente num contexto jurídico pré-fabricado.
Não casualmente utilizei a palavra "pré-fabricado". Não esqueçamos que a OFS está em uma linha de
ininterrupta continuidade com os Penitentes de Assis (dos que Francisco mesmo é o fundador) e que,
portanto, existem desde quase 800 anos! Por isso é muito difícil “encaixar” uma realidade tão complexa
e venerável em uma simples definição de caráter legal, formulada quase 800 anos depois!
A natureza da OFS é definida com precisão em 3 elementos básicos:
1. Sua gênesis e a intenção do fundador, S. Francisco, com base na inspiração recebida de Deus
que quis a fundação.
2. Sua evolução histórica.
3. A vontade explícita da Igreja mediante
a. A legislação que lhe deu1 e
b. O Magistério da mesma Igreja expressado pelos Sumos Pontífices ao largo da história.
Para examinar o primeiro e o segundo ponto, não se pode, prescindir do contexto geral da obra
maravilhosa (Fioretti, Cap. X) que Deus inspira a Francisco e que, depois de Francisco, encontra seu
instrumento não só em uma Ordem senão em toda a Família, a Família Franciscana, articulada em seus
três ramos: a Primeira, a Segunda a Terceira Ordem, a trilogia franciscana.
Mas, o que é esta trilogia franciscana?
A TRILOGIA FRANCISCANA é a primeira (e única) experiência religiosa, pré-orientada para a vida
apostólica, nascida contextualmente e coordenada implicando todos os estados de vida.
Francisco recebe de Cristo indicações muito claras: "vê, repara minha casa…. "
O Papa o confirma e o projeto se explicita: realizar em si mesmos e pregar a conversão (facere et
predicare poenitentiam).
Francisco empreende imediatamente o trabalho e se abandona por completo ao Espírito.
S. Francisco não quis deliberadamente fundar três Ordens. Na ordenação de suas três Ordens Francisco
unicamente se deixa guiar pelo Espírito do Senhor. Ele aceitou esta realidade, a medida que vai
florescendo entre suas mãos, sem nenhum projeto pré-estabelecido.
Deste modo nascem, dele, três Ordens e logo se dá conta Francisco de que estas três Ordens (cada
uma em sua própria condição) se relacionam em sua mesma missão apostólica de restauração da casa
do Senhor e confia a suas três Ordens, na fidelidade
a sua vocação, a corresponsabilidade associada por uma recíproca e fraterna ajuda em seu caminho
para o Senhor.2
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A Regra estabelece a natureza, o fim e o espírito da OFS. Art. 4.2 CC.GG
A. Boni OFM, “Tres Ordines Hic Ordinat”, pag. 27 (TOHO)
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Bem visto, S. Francisco deu a seus três Ordens somente uma regra: uma observância mais perfeita do
Evangelho, em razão de sua condição de vida.
O compromisso de uma permanente conversão ao Evangelho (facere poenitentiam) deve compenetrar
a vida das três Ordens. Na ótica desta pré-orientação apostólica, as três Ordens Franciscanas não se
relacionam entre si em razão de uma valorização hierárquica, mas a nível institucional se encontram,
no mesmo plano de importância, na necessidade de reconhecer-se interdependentes espiritualmente
e necessitados de ajuda mútua.
Na ótica reformadora do Concílio Lateranense IV, São Francisco é o primeiro que foi induzido à
fundação de uma trilogia religiosa.
Pelo fato de não ter podido acolher na instituição de “religião apostólica”3 as comunidades femininas
e os homens e as mulheres que vivem em suas casas, São Francisco se vê obrigado a instituir a Segunda
e sucessivamente a Terceira Ordem, em quanto que estas duas Ordens exigem ser autônomas por sua
própria natureza.
Por esta origem de comunhão entre a Primeira, a Segunda e a Terceira Ordem, a Ordem Franciscana
Secular não é reduzível a uma simples associação pública de fiéis (se tratará mais difusamente
adiante):
PRIMEIRA, A SEGUNDA OU NA TERCEIRA ORDEM FORMA PARTE DE UMA REALIDADE DE COMUNHÃO,
querida por Deus para a restauração da Igreja.
QUEM ENTRA NA
O Concílio Lateranense IV, além de reordenar a problemática da vida religiosa (4 Religiões4) indicou
também o caminho para reordenar a organização comunitária da Ordem dos penitentes.
A Regra de Nicolau IV dá uma ordem legislativa comum legislativo a todas as fraternidades dos
penitentes franciscanos.5
A dos irmãos menores, canonizada por Inocencio III y por el Concilio Lateranense IV.
Com a palavra “Religião”, ao tempo de São Francisco se entendia uma forma básica de compromisso
de vida religiosa consagrada.
5 “A fundação da Terceira Ordem Franciscana foi realizada por São Francisco com base às disposições
do direito penitencial da época, sem a necessidade de uma específica aprovação constitutiva por parte
da Santa Sé.
Os documentos oficiais os tinham sucessivamente, mas não se pode pensar em absoluto que “a
aprovação constitutiva” da Terceira Ordem Franciscana se teve com a Bula “Supra Montem” de 18 de
agosto de 1289 de Nicolau IV, enquanto propiciada pela promulgação da Nova Regra da Terceira Ordem
Secular de São Francisco, sem outros entendimentos de ordem jurídica.
No sentido de uma aprovação, ocorrida com base nos princípios jurídicos vigentes, se entende também
o testemunho da Legenda dos três companheiros, que com referência à aprovação das três Ordens
Franciscanas, se expressam nestes termos: …Cada uma destas três Ordens foi aprovada, em seu momento,
pelo Sumo Pontifice (LTC 60).
Tratou-se de uma aprovação pontifícia que foi direta e indireta ao mesmo tempo: foi indireta,
enquanto que estas três Ordens nasceram em plena conformidade e em virtude do quanto estava
estabelecido no direito comum da Igreja, e foi direta, Enquanto que para estas três Ordens a Sé
Apostólica renovou e concedeu disposições e privilégios em parte novos e em parte renovados, porque
já estavam concedidos anteriormente aos conversos professos e aos poenitentes seculares. (A. Boni OFM,
TOHO).
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4
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Ainda que as três Ordens Franciscanas sejam institucionalmente autônomas e independentes, pelo que
sua subsistência autônoma não está condicionada por seu conjunto, sua vitalidade espiritual necessita
de seu apoio recíproco, rechaçando a ilusão de fáceis auto-suficiências.
Podemos recapitular estes elementos fundamentais de doutrina com três frases latinas que vem bem
a calhar representar a riqueza dos conceitos, usadas pelo P. Andrea Boni em seu precioso e
fundamental livro “Tres Ordines Hic Ordinat”:
1. “Tres Ordines Hic Ordinat” (Ele institui três Ordens)6.
a. Fundador comum
2. Eiusdem corporis membra existentes7 (Existem como membros do mesmo corpo)
a. O mesmo carisma.
b. A mesma missão em diferentes estados de vida, interdependentes e complementares: as
três pela atuação maravilhosa.
3. Funiculus triples difficile rumpitur.8 (A corda trançada não se rompe facilmente)
a. Independência e unidade
b. Interconexão vital
A natureza de nossa Ordem se pode começar a delinear assim:

um grupo de christifideles laici evangélicamente comprometidos em sua própria condição de
vida secular para uma resposta em plenitude à chamada a seguir a Cristo humilde, pobre e
crucificado, como São Francisco.
 Os Franciscanos Seculares, junto aos irmãos e às irmãs da Primeira e da Segunda Ordem, estão
comprometidos a realizar a missão que Deus confia a Francisco de reparar sua casa que é a
Igreja, Corpo de Cristo, em todas suas expressões, para que ela possa realizar sua missão de
salvação anunciando a conversão e o anúncio do Evangelho a toda criatura (convertei-vos e
creiam no Evangelho).
 Os Franciscanos Seculares, ainda que, não sendo “religiosos” em sentido estrito, se
comprometem mediante uma verdadeira Profissão “religiosa” para dar testemunho da
novidade salvífica do Evangelho associando-se ao apostolado dos irmãos da Primeira Ordem e
à contemplação das religiosas Clarissas.9
Mas vamos agora ao 3º ponto básico: a VONTADE DA IGREJA que se expressa na legislação e no Magistério.
Julian de Spira. Ufficio ritmico, Antifona de Laudes.
Urbano IV, Boll. Spiritus Domini, 1. C,671
8 Ecl. 4,12
9 Para que Francisco possa cumprir a missão a ele confiada, Cristo operou nele “uma operação
maravilhosa”, assemelhando-o a Si na vida e na morte, LM Cap. XIV, 4); e para proseguí-la no tempo o
inspirou a dar vida a uma tríplice milícia (os cavaleiros do sono-visão de Espoleto, LM Cap. I, 3).
A 1ª Ordem para fazer reflorescer a vida apostólica;
A 2ª Ordem para voltar a dar vigor à vida contemplativa feita de oração e sacrifício;
A 3ª Orden para restaurar a vida familiar e social desde dentro com personas comprometidas a viver
no mundo os valores evangélicos.
As três Ordens são herdeiras da missão e do carisma para cumpri-la.
A razão de ser de Francisco e da família espiritual está na missão, como afirma Pablo VI: “A visão de
Inocencio III de Francisco que sustenta a Basílica do Latrão, isto é, a Igreja Corpo Místico de Cristo, em sua
expressão histórica e central, hierárquica e romana, profetizou a vocação e a missão da grande família franciscana”
(No Capítulo Geral da OFM, 23/6/1967). –C. Piacitelli, OFM
6
7
13
Ultimamente ouvimos em vários lugares a objeção: Somos Ordem, ou somos Associação? Hoje nos
chamamos Ordem Franciscana Secular, antes nos chamávamos Terceira Ordem Franciscana, e ainda
antes Irmãos e Irmãs da Ordem de Penitentes de São Francisco.
Mas, o que é uma Ordem?
E que significa em particular a Terceira Ordem, nome que tivemos durante quase 6 séculos?
Diante de tudo, comecemos a despejar o campo da difundida crença de que a qualificação de Primeira,
Segunda ou Terceira “Ordem” tenha valor cronológico. Não nos referimos aqui ao movimento
penitencial franciscano como Terceira Ordem porque tenha sido iniciado depois da primeira ou da
segunda, senão por sua estrutura mista.
A Idéia de três ordenes distintas ou estados de vida (leigos cristãos, clérigos dedicados à pastoral,
monjes e monjas dedicadas à contemplação) tinha sido teorizada por São Gregório Magno (535 -604)
com hierarquia ascendente desde os mínimos aos máximos níveis de compromisso de perfeição. Desde
1161 a Ordem cavalheiresca de Santiago (aprovada por Alexandre III), adotou o esquema das três
Ordens para distinguir as categorias dos membros, do mínimo ao máximo:
 Primeira ordem para cavaleiros casados
 Segunda ordem para cavaleiros continentes perpétuos
 Terceira ordem capelães e preceptores.
Desde 1201 os Humilhados lombardos ampliaram a importância das 3 ordens, ou classes, estendendoas a todos e, portanto já não reservado somente aos cavaleiros. Todavia, por desejo do Papa (Inocêncio
III) invertem a hierarquia movendo do máximo ao mínimo:



Primeira ordem para clérigos e monjas;
Segunda irmãos leigos e irmãs convertidas;
Terceira leigos comprometidos homens e mulheres que permanecem em suas casas e são livres
de contrair matrimônio.
A nomenclatura franciscana se inspira nesta realidade histórico-jurídica, mas com alguma variante:



primeira ordem religiosos e clérigos com votos
segunda ordem monjas consagradas
terceira ordem homens e mulheres casados ou celibatário/em idade de casar vivendo em
família e trabalhando no século.
O homem, além disso, do movimento não nasce como “terceira ordem” senão como IRMÃOS E IRMÃS
DA ORDEM DA PENITÊNCIA DE SÃO FRANCISCO e semelhantes. O nome de Terceira Ordem começa a
usar-se mais, não sem contrariedade por parte dos penitentes, a partir do século XIII.
Que sentido tem para nós, hoje, ser chamados Ordem?
Certamente, isto se justifica plenamente com motivo de nossa história e por nossa tradição que são
veneráveis e que levam consigo conteúdos e tradições eclesiais e espirituais de primeiríssima ordem,
os quais deveremos conhecer e dos que deveremos ser conscientes e eficazes portadores.
A Palavra “Ordem”, hoje, não tem já muito significado na linguagem moderna10 e, além disso, vem,
precisamente, associada às Ordens cavalheirescas e às Ordens religiosas tradicionais que nasceram na
época medieval. Basta observar, de fato, que os nomes dos institutos religiosos instituídos depois não
foram já “Ordem” senão “Companhia”, “Congregação”, etc.
10
Exceto para as Ordens profissionais, onde o significado é o de classe, corporação, categoria.
14
É para nós, em qualquer caso, um privilégio podermos definir, todavia como “Ordem” como
testemunho de nosso nascimento e nossa gloriosa história, ainda que isto no deve alimentar infantis
sentidos de superioridade que, de fato, não existem, e não seriam sequer compreensíveis segundo
nosso próprio carisma.
Os Pontífices, nos últimos séculos, precisamente para sublinhar nossa natureza e diferenciar-nos das
simples confraternidades, confrarias y associações laicais, quiseram sempre sublinhar nossa realidade
eclesial definindo-os “verdadeira Ordem”.
Não esqueçamos, todavia, que existem, além desses, outros grupos de fiéis leigos comprometidos
apostólicamente, que não tem nossa antiguidade ou ao menos nossa gênesis e estrutura que se
ostentam também do nome de terceira Ordem, (Carmelita, Agostinha, etc…). O novo CIC, na seção das
Associações de fiéis, reserva um canon específico para as terceiras ordens (303), como associações
particulares (junto às associações clericais) que se diferenciam das simples associações públicas ou
privadas de fiéis.
A ORDEM FRANCISCANA SECULAR
A Ordem Franciscana Secular é na Igreja uma Associação Pública
(Const. Ger. OFS, art. 1.5 – CIC 301 §3; 312; 313)
A OFS, como Associação pública internacional, está ligada com um vínculo particular al Romano
Pontífice de quem teve a aprovação da Regra e a confirmação de sua missão na Igreja e no mundo.
(Const. Ger. OFS, art. 99.2).
As Constituições Gerais da OFS se abrem e se fecham com estas duas afirmações fundamentais que
caracterizam a natureza eclesial da OFS como:
ASSOCIAÇÃO PÚBLICA DE FIÉIS


Internacional
Ligada por um particular vínculo com o Romano Pontífice, que lhe deu:
 A Regra e confirmação
 A Missão na Igreja e no mundo
Que é uma Associação Pública de Fiéis segundo o novo Código de Direito Canônico?
É notório que o Concílio Vaticano II revolucionou a anterior eclesiologia devolvendo espaço ao Povo de
Deus como sujeito primeiro e fundante da Igreja.
Povo de Deus>clérigos-hierarquia-sagrados pastores>leigos>religiosos.
Esta é a sequência na qual se trata dos sujeitos da eclesiologia na Lumen Gentium segundo uma ordem
de sucessão com valorização lógica e teológica, que reflete o forte impulso para uma Eclesiologia total
e de comunhão, baseada na ontologia da graça batismal, que ressalta o papel dos fiéis leigos e em
particular o dos fiéis leigos, desde quando reduzidos a sujeito privado de qualquer subjetividade
substancial e jurídica na Igreja.
Contudo, o CDC reflete tudo isto e reserva amplo espaço à possibilidade (e direito) de associação dos
fiéis e em particular, dos fiéis leigos. O código lhes reserva uma parte de uma certa importância,
certamente, acontecimento sem precedentes no direito da Igreja.
15
A seção das Associações de fiéis leigos ocupa o Título V do CDC, subdividido em 4 capítulos e vai do
Canon 298 ao Canon 329.
Eis aqui a estrutura:




Primeiro capítulo: Normas comuns (298-311),
Segundo capítulo: as Associações públicas dos fiéis (312-320),
Terceiro capítulo: as Associações privadas de fiéis (321-326),
Quarto capítulo: Normas especiais para as Associações laicais (327-32)
De maneira muito sintética agora descrevemos o que é uma Associação Pública de fiéis segundo o CDC.
 Associações erigidas pela hierarquia como corporações de direito.
 A hierarquia lhes atribui uma missão canônica enquanto que os fins destas associações
pressupõem uma participação na missão pastoral da própria hierarquia.
 Atuam em nome da própria hierarquia (nomine Ecclesiae).
 Seus bens são eclesiásticos.
 Estão submetidas em tudo ao governo dos sagrados pastores.
 Intervenção nas nomeações e remoções:
 Nomeação do capelão ou assistente eclesiástico;
 Possibilidade de nomear comissários;
 Estatutos aprovados pela autoridade eclesiástica competente;
 Funções de controle sobre o patrimônio.
O ato de ereção canônica por parte da hierarquia faz com que a Associação erigida seja de per si pública
e tenha, portanto, personalidade jurídica pública na Igreja.
Enquanto associação pública de fiéis, a ORDEM FRANCISCANA SECULAR:



existe por um deliberado ato de vontade da Igreja 11 (é a própria Igreja que a deseja sua
existência, enquanto que a OFS serve a Igreja),
é erigida pela Santa Sé,
está intimamente ligada à vida da Igreja, de quem recebe uma missão específica para
desenvolver em Seu nome.
Todavia, examinando atentamente o Direito próprio da OFS, devemos tomar em consideração algumas
diferenças específicas que distinguem a OFS com respeito a quanto temos lido na definição do Código
sobre as Associações Públicas de Fiéis:
1. A hierarquia não intervém na nomeação e na remoção: a OFS tem, segundo seu direito próprio,
a faculdade de eleger os seus responsáveis, sem a intervenção da hierarquia. A remoção, por
parte da hierarquia, pode obviamente sempre ocorrer, mas em casos extremos.
2. Os assistentes não se identificam exatamente com os assistentes eclesiásticos descritos no
código. Além disso, por um privilégio acordado pela Santa Sé com a OFS, eles são nomeados
11
Expressado e confirmado pela Igreja já fazem 8 séculos.
16
pelos Superiores Maiores ou pelos Ministros Gerais da Primeira Ordem e da TOR, a pedido das
Fraternidades e não por imposição.
3. A Regra e as Constituições Gerais são aprovadas pela Santa Sé. Os Estatutos são aprovados pela
própria OFS.
4. As funções de controle do patrimônio correspondem à própria OFS. Somente em caso de
disputa ou de extinção da Associação em sua totalidade, a hierarquia pode dispor dos bens.
A reflexão sobre esta matéria, tal como está descrita no novo código, projeta nova e importante luz na
auto-compreensão da OFS. Nova luz que revela mais plenamente a natureza de nossa ordem, desde
há muito tempo relegada a uma definição reducionista da Terceira Ordem, com total valorização de
secundariedade e assessoriedade sofrida durante os últimos séculos.
No contexto do CDC, a definição geral de Associação Can. 298 §1 12 indica como finalidade das
associações consentir aos fiéis ser mais ou agir mais.
A definição de Terceira Ordem (Can. 303) se refere a uma associação, na qual os membros levam uma
vida apostólica e tendem à perfeição cristã13, vivendo, de reflexão, da espiritualidade de um instituto
religioso que a dirige. Pode-se deduzir, portanto, que a natureza de uma terceira Ordem, segundo o
CDC , se proponha, sobretudo, com a finalidade de ser mais e no entanto agir mais. (A. Boni, Caderno
Compi N.6, FEDELI LAICI FRANCESCANI, 1990, pag. 54).
Ser definidos pela Igreja mesma Associação Pública nos indica como, de fato, não só nós devemos ser
mais, senão devemos ser para agir mais, agindo na missão canônica que a Igreja atribui às Associações
de Perfeição Cristã e que para nós coincide com a missão própria da Família Franciscana e que encontra
sua explicitação específica na Regra (6, 10, 14, 15, 16, 17, 18, 19) e nas Constituições Gerais. Todo o
Título II das CC.GG. (art.17-27) descreve de modo claríssimo nossa missão, e os artigos do 99 ao 103
completam a descrição.
Antes de iniciar este estudo, não teria pensado nunca que, de fato, a OFS (e portanto. também eu)
fosse objeto de uma missão específica confiada a nós expressamente pela própria Igreja como missão
a cumprir por mandato seu ou em seu nome!
Que responsabilidade, que grande compromisso, que comunhão na Família e com a Igreja!
Além disso, considerando atentamente o magistério dos Papas no que se refere a nós não se pode
esquecer que nos últimos dois séculos os Sumos Pontífices14 fizeram declarações e perguntas muito
explícitas e pontualizaram de forma muito importante sobre a ação da OFS para desenvolver missões
de vital importância na Igreja (desde Leão XIII a Paulo VI e assim seguindo).
Este é um tema importante a sublinhar para fazer desenvolver e crescer nossa consciência.
Can 298. §1. Na Igreja existem associações, diferentes dos institutos de vida consagrada e das
sociedades de vida apostólica, naquelas os fiéis, sejam clérigos, leigos, clérigos e leigos juntos,
tendem, mediante a ação comum, ao incremento de uma vida mais perfeita, ou a promoção do culto
público ou da doutrina cristã, ou a outras obras de apostolado, que são iniciativas de evangelização,
exercício de obras de piedade ou de caridade, animação de ordem temporal mediante o espírito
cristão.
13 Objetivo válido para todos os batizados prescindindo do fato de que formem parte ou não de
qualquer congregação secular ou religiosa.
14 Todos os Franciscanos seculares desde Leão XIII até João XXIII!
12
17
AS TERCEIRAS ORDENS HOJE
Voltamos à definição de Terceira Ordem.
Parece que muitos de nossos irmãos têm dificuldade para entender o que é a OFS.
Alguém teoriza inclusive que, com as novas Constituições, não somos já “uma Ordem” senão que
fomos reduzidos a “pura e simples associação”!!!15
Então, somos ou não somos uma Terceira Ordem, segundo a norma do CDC!
Que temos em comum com as outras Ordens Terceiras?
Evidentemente não se chega a considerar a natureza da OFS pelo que é, e não necessariamente
vinculada a uma definição do Código.16
Como se pode encerrar um movimento:






nascido há 8 séculos
precursor de uma Eclesiologia que só o Vaticano II redescobriu,
carregado de história
membro vital de una trilogia franciscana orientada para um compromisso apostólico conjunto,
portador de uma missão bem precisa desde seu nascimento
herdeira direta de um carisma de seu fundador, junto aos irmãos da Primeira Ordem e das irmãs
da Segunda Ordem, em uma definição e codificação nascida 8 séculos depois com os fins bem
precisos para regulamentar movimentos eclesiais que nascem à sombra dos institutos
religiosos, e que não podem atribuir-se, de per si, atos fundativos diretos de fundadores
específicos, carecendo, portanto, de um carisma e de uma missão específica própria, que
precisamente devem compartilhar com um instituto de vida consagrada?
Pois vejamos a que corresponde exatamente uma terceira Ordem segundo o presente CDC. Antes de
mais nada citamos a versão exata do Canon 303:
“Chamam-se ordens terceiras, ou com outro nome adequado, aquelas associações cujos membros,
vivendo no mundo e participando do espírito de um instituto religioso, se dedicam ao apostolado e
buscam a perfeição cristã sob a alta direção desse instituto”.
A doutrina fornecida pelos experts sobre as características das “terceiras ordens” é a seguinte:
A)
De L. Chiappetta, O Código de Direito Canônico – Comentário jurídico-pastoral, Vol. I, pag.
422, §1697.
Não parece que nossos irmãos religiosos tenham sofrido nenhuma crise de identidade porque o novo
CDC não os define já “ORDEM” senão “só” Institutos de Vida Consagrada.
16 Não esqueçamos, de fato que nem a Regra, nem nas Constituições se faz referencia a uma Terceira
Ordem, ao menos que a OFS seja uma Terceira Ordem, e menos quando se menciona no Canon 303,
que se cita justo para referir-se ao instituto do altius moderamen, ao qual se faz referência, em todo o
CDC, com estas duas precisas palavras só neste canon. E tampouco se podem invocar o par de menções
inseridas nas notas (que não formam parte de nossa legislação), donde se faz uma referência de que
num tempo a OFS se chamava Terceira Ordem ou que a OFS é denominada: (e não: é) também
fraternidade Franciscana Secular ou com a sigla TOF etc.
15
18
As terceiras ordens são associações seculares filiadas a um Instituto religioso. Seus membros:




Vivem no mundo
Dedicam-se ao apostolado e tendem à perfeição cristã, participando do espírito do
Instituto religioso ao qual estão associados
Agindo sob a alta direção do mesmo Instituto (do qual dependem, ndr).
No NOVO ORDENAMENTO DO CIC
a. Qualquer instituto religioso poderá ter sua Terceira Ordem, nem se requer um privilégio da Santa
Sé.
b. A revisão e a aprovação dos estatutos por parte da Santa Sé é necessária só se a Terceira Ordem
tem caráter universal ou internacional.
c. Um religioso membro de um instituto pode formar parte da Terceira Ordem de outro instituto,
sem nenhuma incompatibilidade: se requer só o consentimento do próprio superior (Can.- 307, §
3.).
d. Uma mesma pessoa pode estar inscrita a mais terceiras ordens de Institutos religiosos diversos
sem nenhuma autorização especial Can 307 §2 (ver nota 3).
e. Segundo o novo 303, as Terceiras Ordens seguem as normas estabelecidas para as associações em
geral.
B)
De Luis Navarro – Direito de Associação e Associações de fiéis - Giuffrè editore 1991, pág
192)
1. Dependem de um instituto religioso
2. Seguem a espiritualidade deste
3. Se propõem alcançar fins de apostolado e de perfeição cristã
4. Seus membros vivem no mundo.
Acerca da natureza pública ou privada destas associações não há absoluta concórdia entre os experts.
De fato, a seção onde se encontra o Canon 303 é a geral, e não na das associações públicas ou privadas.
E sua definição precede à distinção das associações de fiéis, entre públicas ou privadas, pondo-se como
caso em si, junto a outro tipo de associação: a clerical. Alguns sustentam que se trata de Associações
públicas, outros, todavia, sustentam que a norma não determina de forma unívoca sua natureza (Da
norma do código não se pode deduzir a natureza pública ou privada das terceiras ordens, W. Aymans,
Kirchliche Vereinigungen, Paderborn, 1988, pag. 42 –referido em nota de L. Navarro, op. cit, pag 193).
Outros, todavia, sustentam que ainda que não sejam, natureza sua, associações públicas, todavia, as
terceiras ordens participam, de algum modo, de caráter público do instituto ao qual estão unidas.
(Martin De Agar, Gerarchia e Associazioni, cit. in nota L. Navarro, op, cit pag.193).
Analisemos nossa Ordem Franciscana Secular, comparando-a com as características fundamentais de
uma “terceira ordem”.
19
TERCEIRAS ORDENS
ORDEM FRANCISCANA SECULAR
Associações seculares filiadas, associadas a um Não associado ou filiado à Primeira Ordem ou
instituto religioso
à TOR
A OFS nasce completamente autônoma e
complementaria das outras duas Ordens da
Família.
Participam do espírito do Instituto religioso ao A OFS é parte da Família religiosa fundada por
qual estão associados
São Francisco, em sua tríplice articulação, e
participa do seu espírito, enquanto depositária
direta do carisma do Pai Seráfico, como a 1ª e a
2ª Ordens.
Dependem de um instituto religioso.
A OFS nasce autônoma.
Um religioso membro de um Instituto pode Notável a diferença com nossa lei que prevê
formar parte da Terceira Ordem de outro exatamente o contrário: art. 2.1 CC.GG.
Instituto, sem nenhuma incompatibilidade.
Uma mesma pessoa pode estar inscrita a mais Isto está em contradição com as CC.GG. (art.
terceiras ordens de Institutos religiosos 2.1): “Vocação específica que informa a vida e a
diferentes.
ação apostólica de seus membros”.
Qualquer instituto religioso poderá ter a sua A OFS é uma Associação pública de fiéis erigida
Terceira Ordem, mesmo se, nem sequer requer pelo Sumo Pontífice. Nenhuma das três
um privilégio particular da Sé apostólica.
Primeiras Ordens nem a TOR, têm a OFS como
“Ordem Terceira própria”.
A OFS é sujeito e objeto do privilégio de estar
assistida, colegialmente, pelos irmãos religiosos
e não pelo Bispo.
Definitivamente, como se vê, são muitas e substanciais as diferenças que nos distinguem de uma
“terceira ordem” assim como está canonizada no Código.
Clara é, no entanto, a intenção do legislador que bem nos define por duas vezes expressamente como
associação pública de fiéis, brevemente.
A partir desta perspectiva, do fato de que uma terceira Ordem não é, natureza sua, necessariamente
uma associação pública de fiéis, e que o legislador, se tivesse querido, teria podido declarar
expressamente, sem nenhuma dúvida, que a OFS é, na Igreja uma Terceira Ordem, me parece evidente
extrair as seguintes conclusões:

A OFS é na Igreja uma Associação Pública de Fiéis de caráter universal constituída por fiéis e
erigida como pessoa jurídica pelo Sumo Pontífice.

Enquanto Associação Pública, a OFS goza de um privilégio que é estar assistida pastoralmente
e espiritualmente pelos seus irmãos da Primeira Ordem e da TOR, antes que pelos Bispos,
ficando clara a dependência destes para as atividades apostólicas realizadas nas respectivas
dioceses (art. 101.2 CC.GG.).
20

A OFS é autônoma (tem sua própria lei) e unitária, vive em plenitude sua secularidade para
servir em plenitude a missão comum da Família Franciscana.

Estas três realidades, a autonomia, a unidade e a secularidade são características essenciais
que formam parte dos elementos constitutivos da própria natureza da OFS.
A OFS tem seu DIREITO PRÓPRIO muito articulado. Inspira mais no direito dos religiosos do que no das
puras e simples associações de fiéis.
A OFS, assemelha-se em certos aspectos a uma terceira ordem, ainda que não tendo as características
essenciais de base, indicadas no CDC.
A OFS segue, essencialmente, as normas das Associações públicas de fiéis, ainda sendo diferente por
muitas particularidades que fazem a uma Associação pública única em seu gênero.
Nossa denominação permanece “Ordem”, quer seja por nossa origem histórica, quer seja para
sublinhar a natureza sui generis e a unicidade de natureza, de carisma e de missão na Igreja e na Família
Franciscana.
Certamente, a OFS é e permanece para sempre “A” Terceira Ordem Franciscana, a mesma de sempre,
em ininterrupta continuidade com a fundada por São Francisco.
A nova definição de código de terceira ordem não mudou a natureza da OFS.
Por esta natureza específica sui generis, não identificável com a de uma terceira ordem, mas
semelhante, a OFS está situada sob a jurisdição da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada
e as Sociedades de Vida Apostólica (pela própria vida interna da OFS) e sob a do Pontifício Conselho
para os Leigos (pela vida apostólica).
Certamente, esta característica de “Associação Pública privilegiada” marcada com especiais
peculiaridades nos coloca em um lugar de grande responsabilidade na Igreja e na Família Franciscana.
O próprio Sumo Pontífice, o Santo João Paulo II de venerada memória, em sua memorável Mensagem
ao Capítulo Geral de 2002, define a OFS “una e única” e nos pede ser “modelo” com clara implicação
a ser modelo também para outras formações eclesiais seculares e leigas que possam tomar de nós
impulso, inspiração e exemplo.
Na mesma mensagem o Santo Padre, como também tantos outros Pontífices, usou por três vezes
expressões do tipo a “Igreja espera de vós”, sinal de que a Igreja e o Papa em particular nos confiam
uma missão e que a Igreja está ansiosa de que nós compreendamos e realizemos com fidelidade este
mandato.
O estudo da natureza da OFS, das associações públicas e das numerosas particularidades da OFS,
enriqueceram nossa compreensão sobre nossa Ordem e sua grandeza que, sem nenhum mérito nosso
(ao contrário), por sua gênesis, história e natureza, supera nossas próprias expectativas.
Trata-se de tomar consciência da natureza diferente, da identidade, especificidade e missão da OFS
com respeito a outros grupos existentes na Igreja. Compreender bem o que somos para entrar melhor
em nosso papel e em nossa identidade na ordem e na missão.
Todos os batizados são chamados a ser testemunhos, a tender à perfeição da caridade e, portanto, à
santidade. Por este motivo, os outros grupos da Igreja merecem todo nosso respeito e carinho. Cada
um de nós, no entanto, deve saber assumir plenamente o próprio papel para realizar fielmente o
projeto de Deus sobre cada um de nós individualmente, como OFS, e como Família Franciscana.
21
A REGRA ANTIGA
Examinar nossas regras antigas é muito importante para descobrir a pureza de nossa vocação e colocarnos em continuidade de pensamento e intenções com os que nos precederam e nos confiaram a
história e a natureza de nossa própria Ordem.
Destas regras é possível, pouco a pouco, assimilar riquezas que devem ser recuperadas para
compreender genuinamente quem somos como franciscanos seculares.
Com o fim de compreender qual foi nosso “status” eclesial nas origens e como este foi se redefinindo
até hoje, desejo fazer uma breve reflexão sobre o que nossa primeira regra bulada estabelecia a
respeito daqueles que eram admitidos à profissão na Ordem:
“Ordenamos além disso e estabelecemos que ninguém, depois de entrar na fraternidade, saia dela para
voltar ao século; que possa, no entanto, ter livre acesso a outra religião aprovada”. (Supra Montem
Cap. 2, pg. 64 il TOF Orizzonti storici, Mannu).
Podem-se extrair algumas conclusões importantíssimas:

Entrar na Ordem e emitir a Profissão constituíam, e, todavia, constituem, um compromisso que
marca e abarca toda a vida17.

A Profissão nos situa num estado que evoca quanto o próprio Francisco nos narra em seu
testamento: ¡sair do século! O Espírito, hoje, é sempre este, segundo o Evangelho: no mundo,
mas não do mundo, Jn 17, 14-18.

Nosso status era semelhante ao dos religiosos, como pessoas eclesiásticas (… a outra religião
aprovada)18. Hoje não se pode fazer o mesmo tipo de discurso, mas nossa profissão fica sempre
como uma consagração que nos constitui, de algum modo, em leigos consagrados para o Reino
(cfr. …me consagro ao serviço do seu Reino… Fórmula da Profissão).
Cito integralmente algumas reflexões do P. Andrea Boni OFM.
“Os juristas que sustentaram a personalidade eclesiástica dos pertencentes à terceira ordem não
ficaram na consideração de uma concessão de favor, senão que examinaram o problema com
base numa realidade ontológica fundada sobre o compromisso de vida cristã, que equiparava os
inscritos na terceira ordem de certo modo aos religiosos em sentido estrito (regulares).
O Concílio de Trento rompe esta concepção de religiosos em sentido amplo e reduz a terceira
ordem a uma associação puramente laical. No entanto, não podia romper a experiência
espiritual, que a terceira ordem tinha conhecido e que a Supra Montem tinha canonizado!
- A profissão incorpora o candidato à Ordem e é de per si um compromisso perpétuo. Reg. 23;
CC.GG. 42.2.
- “…Prometo viver… durante todo o tempo de minha vida…”. Fórmula Profissão, Ritual 31.
18 A nível de compromisso espiritual, S. João de Capistrano, como exímio jurista que era, colocava aos
terciários seculares a meio caminho entre os christifidelis laici e os christifidelis religiosi, com certa
propensão até estes últimos. Com efeito, até o século XVI, os penitentes franciscanos eram, para todos
os efeitos, pessoas eclesiásticas, exoneradas, portanto, do serviço militar e de gravames tarifários
tipicamente civis.
17
22
Depois de tantos séculos de opressão psicológica e jurídica, o passado histórico pré-tridentino da
terceira ordem revive hoje na ótica da vocação universal à santidade de todos os batizados e na
volta às origens para todos os movimentos religiosos (Perfectae caritatis).
O Concílio Vaticano II se negou a aceitar a doutrina tridentina que implicava no estado de
perfeição (perfectionis adquirendae) só aos religiosos (monopólio da santidade), mas, afirmou
que “o estado batismal é um estado de perfeição, enquanto que pode conduzir ao perfeito amor
de Deus e ao perfeito amor ao homem.”
REGIME DA ORDEM – OBEDIÊNCIA – NATUREZA DA AUTORIDADE
O REGIME
A OFS teve uma estrutura descentralizada durante 7 séculos: cada fraternidade era sui juris e tinha
relações com as outras fraternidades só a nível de confederação (sistema monástico).
Hoje a OFS é uma estrutura de regime centralizado: com a consciência de ser uma única fraternidade
e quis superar as divisões verificadas no âmbito da Primeira Ordem.
Estes conceitos se deve ter presentes para adquirir o necessário sentido de pertença sem o qual entrar,
e formar parte seriamente, torna-se um fato marginal e privado de efeitos e consequências.
Não esqueçamos que a Profissão incorpora a pessoa à Ordem (C.G. 42.2 e Ritual, Praenotanda 14. c),
e como quando se é um único corpo não se pode viver sem ter consciência de todos os membros que
o compõem.
É no conhecimento de nosso ser completo que podemos crescer harmoniosamente e desenvolver ao
máximo nossa vocação à fraternidade, à vida do carisma e ao desenvolvimento da missão.
OBEDIÊNCIA E AUTORIDADE
A natureza de nosso regime centralizado ainda que nos pareça ao dos religiosos não é, todavia,
idêntico.
O dos religiosos se funda na autoridade (fraterna-materna) daquele que nos diferentes níveis é eleito
para guiar e servir aos irmãos (obediência ao guardião, ministro provincial, ministro general).
A figura do ministro na vida religiosa é diferente da de um ministro na OFS: os definidores religiosos,
de diversos níveis, se bem, com autoridade, não podem limitar de per si a autoridade de seu Ministro.
Na OFS é outra coisa.
Entre nós está o Conselho com seu Ministro, e não vice-versa. O Ministro está obrigado a fazer o que
o Conselho estabelece.
Os Franciscanos Seculares não fazem voto de OBEDIÊNCIA
A obediência conforme o artigo 10 da Regra, em sua conclusão final19, como na fórmula de profissão
(…prometo viver o Evangelho de Jesus Cristo na OFS observando a Regra), nos mostra que o franciscano
10. “Unindo-se à obediência redentora de Jesus, que depositou sua vontade na do Pai, cumpram
fielmente com os compromissos próprios da condição de cada um nas diversas./. circunstâncias da
19
23
secular vive o espírito do conselho evangélico da obediência, que é obediência ao Evangelho, à Igreja,
à consciência. E, quando são admoestados por faltas para com a Regra por nossos responsáveis, é
sempre desobediência à Regra que tínham prometido observar.
A natureza da autoridade na Ordem, está compreendida também, e sempre, segundo o espírito dos
verbos que se repetem em nossa Regra e Constituições: animar e guiar.
A regra da subsidiariedade é fundamental.
As Fraternidades locais são o ponto de apoio da Ordem e nelas vivem os irmãos e as irmãs. Devem ter
uma ampla capacidade de autodeterminação sobre o que elas podem fazer sem indevidas intrusões
dos níveis superiores.
Os órgãos de governo nacionais e regionais são órgãos de conexão e coordenação e não de mando
absoluto. São estruturas de garantia e de serviço que, como primeira finalidade, têm a de servir,
conectar, coordenar e, sempre, animar e guiar.
Os órgãos de governo estão, certamente, dotados de autoridade e esta se explicita:





na admissão e recebimento da profissão in nomine Ecclesiae,
na PRESIDÊNCIA DOS CAPÍTULOS ELETIVOS das Fraternidades de nível inferior,
na possibilidade de suspensão e demissão da Ordem,
na aprovação dos Estatutos particulares (locais, regionais, nacionais e internacionais) e,
sobretudo,
nas VISITAS FRATERNAS, nas quais o visitador tem a autoridade, e o dever, de sugerir e às vezes
impor medidas, quando a fraternidade é depreciada ou a Regra manifestamente ignorada ou,
em geral, quando existam problemas graves.
RELAÇÃO COM OS RELIGIOSOS E ASSISTÊNCIA
A Primeira Ordem se encontra na situação na qual deve oferecer serviço de assistência espiritual não
por uma norma de São Francisco, nem por própria iniciativa (que não teria sido aceita) senão por uma
explícita disposição por parte da Sé Apostólica.
Antes da Supra Montem houve problemas (não são os primeiros nem os últimos) com a Primeira
Ordem (São Boaventura e as 12 razões pelas quais os frades não devem promover a Ordem dos
Penitentes).
Também no contexto da atual legislação da Igreja não se deve esquecer que fundamentalmente não é
a Primeira Ordem quem obteve o “privilégio” (Can. 315) da jurisdição sobre a Terceira Ordem (altius
moderamen) senão que é a Terceira Ordem a que obteve da Sé Apostólica o privilégio (Can. 312 § 3)
de estar sob a jurisdição da primeira Ordem, por seu próprio bem espiritual.
Nossa Regra se expressa de modo claríssimo e diz que…de modos e formas diversas, mas em comunhão
vital recíproca eles (os irmãos e as irmãs das três Ordens) entendem tornar presente o carisma do
seráfico pai comum São Francisco na vida e na missão da Igreja.
vida, e sigam a Cristo, pobre e crucificado, testemunhando-o também nas dificuldades e
perseguições”.
24
1. RELAÇÃO FRATERNA de paridade, complementaridade, comunhão íntima e vital, reciprocidade de
ajuda e colaboração para um intercâmbio de dons e experiências entre irmãos e irmãs para cumprir
a missão confiada a Francisco por Deus.
2. RELACÃO DE NECESSIDADE por quanto se refere à assistência espiritual e pastoral que a Igreja, por
privilégio, nos concedeu obter de nossos irmãos religiosos, antes que mediante o ministério dos
Bispos: a fraternidade e a solidariedade da missão de família se considera um bem maior a
salvaguardar a respeito da mesma disposição normativa.
3. RELAÇÃO DE GARANTIA E DE OBEDIÊNCIA no caso de vigilância em nome da Igreja, sobre os temas do altius
moderamen, que como bem sabemos se referem à fidelidade ao carisma, à comunhão com a Igreja
e à união com a família franciscana (CC.GG. 85.2).
Este serviço dos religiosos se exercita mediante:



A ereção das Fraternidades locais.
A visita pastoral.
A assistência espiritual nos diferentes níveis
CONCLUSOES GERAIS
1. A OFS, ou Terceira Ordem Franciscana, desde sua origem, é um grupo de christifideles laici
evangelicamente comprometidos na própria condição de vida secular para uma resposta em
plenitude ao chamado para seguir a Cristo humilde, pobre e crucificado, como Francisco.
Esta forma parte integrante e constitutiva da Trilogia Franciscana fundada por São Francisco
e orientada à missão apostólica confiada a ele por Cristo.
2. A missão dos Franciscanos Seculares, bem como da Primeira e da Segunda Ordem, se resume
no mandato do crucifixo a Francisco de reparar sua casa que é a Igreja - Corpo de Cristo, em
toda sua expressão, a fim de anunciar a conversão e o anúncio do Evangelho a toda Criatura.
3. Os Franciscanos Seculares, ainda que não sendo “religiosos” em sentido estrito, se
comprometem mediante uma Profissão “religiosa” a testemunhar o Evangelho associando-se
ao apostolado dos Irmãos da Primeira Ordem e à contemplação das religiosas Clarissas.
A Profissão, verdadeira e própria consagração, perpétua, pública e solene, constitui para os
Franciscanos seculares um compromisso que marca e abarca toda a vida e os constitui como
leigos consagrados para o Reino.
A OFS é na Igreja uma Associação Pública de Fiéis de caráter universal constituída pelos fiéis
e erigida como pessoa jurídica pelo Sumo Pontífice de quem teve a aprovação da Regra e a
confirmação de sua missão na Igreja e no mundo.
A OFS goza do privilégio de estar assistida pastoral e espiritualmente por seus irmãos da
Primeira Ordem e da TOR antes que dos Bispos.
4. A OFS é autônoma (tem sua própria lei) e unitária, vive em plenitude sua secularidade para
servir em plenitude a missão comum da Família Franciscana. Estas três realidades, a autonomia,
a unidade e a secularidade são características essenciais e elementos constitutivos da própria
natureza da OFS.
25
5. Sua natureza específica ainda que não se possa incluir em uma terceira ordem, segundo a
norma do CDC, nos põe (como as “terceiras ordens”) sob a jurisdição da Congregação dos
Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica (para a vida e disciplina
interna) e sob a do Pontifício Conselho para os Leigos (para a atividade apostólica).
6. A OFS não é uma “simples” terceira ordem nem uma “simples” associação pública de fiéis. Sua
natureza se aclara completamente em sua gênesis fundacional, em sua história e em sua
legislação.
A OFS é, e será sempre “a” Terceira Ordem Franciscana, a mesma de sempre em ininterrupta
continuidade com aquela fundada por São Francisco. A nova definição normativa de terceira
ordem não mudou a natureza.
7. A OFS tem uma estrutura de regime centralizado e tomou consciência de ser uma única
Fraternidade de caráter estrutural, superando as divisões verificadas no âmbito da Primeira
Ordem. Esta consciência deve crescer e chegar até as mais remotas Fraternidades locais para
adquirir o necessário sentido de pertença sem o qual entrar em uma Ordem, não tem sentido.
8. A Profissão incorpora a pessoa individual a toda a Ordem e não só a uma fraternidade local.
Só com o conhecimento de nossa pertença a toda a Ordem se pode realizar plenamente nossa
vocação à fraternidade e ter presente o carisma de São Francisco, singularmente e como Ordem
em seu conjunto, na vida e na missão da Igreja.
9. Os Franciscanos Seculares não fazem voto de obediência. O Franciscano Secular vive o espírito
do conselho evangélico da obediência, que é obediência ao Evangelho, à Igreja, à Regra e à
própria consciência. A obediência aos responsáveis da OFS constituídos em autoridade está
sempre unida, e, portanto, dirigida, à obediência da Regra que prometemos observar.
10. Nosso regime centralizado ainda que semelhante a dos religiosos, é substancialmente
diferente e a natureza da autoridade da OFS é diferente da dos religiosos.
A figura do ministro na vida religiosa é diferente da de um ministro na OFS. O Ministro, na OFS
não está dotado de autoridade pessoal de governo nas relações da fraternidade. Dita
autoridade reside primeiramente no Conselho de Fraternidade. Na OFS, está o Conselho com
seu Ministro, e não vice-versa. A eleição de um Ministro não lhe confere poder a ter o que
quer, senão só o poder de servir aos irmãos e de velar por eles e amá-los (cfr 31.2 CC.GG.) e de
por em prática as decisões da Fraternidade e do Conselho (cfr 51.1 CC:GG).
11. A natureza da autoridade na Ordem se entende sempre segundo o espírito dos verbos que se
repetem em nossa Regra e Constituições: animar e guiar.
12. A Regra da subsidiariedade é fundamental: as Fraternidades locais são o ponto de apoio da
Ordem: nelas vivem os irmãos e as irmãs. As Fraternidades têm (deveriam ter) uma ampla
capacidade de auto-determinação e o que elas podem retamente fazer, o devem fazer sem
indevidas intrusões dos níveis superiores.
13. Os órgãos de governos regionais, nacionais e internacionais, são órgãos de conexão e
coordenação. São estruturas de garantia e de serviço que, como finalidade própria têm a de
servir, unir e coordenar e, sempre animar e guiar.
26
Os órgãos de governos da OFS estão dotados de autoridade.
Esta se explicita:
a.
b.
c.
d.
e.
Na admissão e na recepção da Profissão em nomine Ecclesiae.
Na presidência dos capítulos eletivos das Fraternidades de nível inferior.
Nas visitas fraternas.
Na aprovação dos estatutos particulares.
Na possibilidade de suspensão e demissão da Ordem.
14. A relação da OFS com os religiosos franciscanos se funda sobre o quanto indicado em nossa
Regra que disse: …em modos e formas diferentes, mas em comunhão recíproca vital eles (os
irmãos e as irmãs das três ordens) tratam de ter presente o carisma do Seráfico Pai comum São
Francisco na vida e na missão da Igreja.
Em consequência tanto a assistência espiritual quanto o altius moderamen devem estar sempre
dirigidos à reciprocidade vital e olhados com a ótica da Fraternidade que une
indissoluvelmente as três ordens da única Família Franciscana. Desta instância surge, todavia,
a exigência vocacional de uma recíproca dependência espiritual e da mútua assistência.
a. RELAÇÃO FRATERNA de paridade, complementaridade, comunhão íntima e vital,
reciprocidade de ajuda e colaboração para um intercâmbio de dons e experiências entre
irmãos e irmãs para cumprir a missão confiada por Deus a Francisco.
b. RELAÇÃO DE NECESSIDADE por quanto se refere à assistência espiritual e pastoral que a Igreja,
por privilégio, nos concedeu obter de nossos irmãos religiosos, antes que mediante o
ministério dos Bispos: a fraternidade e a solidariedade da missão de família se considera
um bem maior a salvaguardar.
c. RELAÇÃO DE GARANTIA E DE OBEDIÊNCIA no caso de vigilância em nome da Igreja, sobre os temas
do altius moderamen, que como bem sabemos se referem a fidelidade ao carisma, à
comunhão com a Igreja e à união com a Família Franciscana (CC.GG. 85.2).
O conhecimento e a profunda reflexão da natureza da OFS deve nutrir o “ser” dos Franciscanos
Seculares, dar-lhes o conhecimento da grandeza da própria vocação, da missão recebida e do carisma
extraordinário de que são portadores junto aos outros irmãos e irmãs da Família Franciscana.
A Igreja, em todo o tempo, confiou à Ordem Franciscana Secular missões de grande responsabilidade.
A OFS esteve à altura de tal tarefa? Está agora?
Este é um tema sobre o qual a ordem em seu conjunto e cada franciscano secular deve perguntar-se
com seriedade.
27
BIBLIOGRAFIA E LEITURAS SUGERIDAS.
OS TEXTOS DE BASE
1.
2.
3.
4.
5.
6.
A REGRA DA OFS
As CONSTITUIÇÕES GERAIS DA OFS
O RITUAL DA OFS
ESTATUTO PARA A ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL E PASTORAL à Ordem Franciscana Secular
PASTOR BONUS, Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana, B. Juan Pablo II
TESTOS E DOCUMENTOS SOBRE ‘TERZO ORDINE FRANCESCANO’, Lino Temperini et al, Ed. Franciscanum,
1991
SOBRE A HISTÓRIA E O DIREITO DA OFS E DA FAMÍLIA FRANCISCANA
1. ANDREA BONI, Tres Ordines Hic Ordinat, Ed. Porziuncola, 1999
2. ANDREA BONI, La Novitas Francescana nel suo essere e nel suo divenire, 1998
3. ANDREA BONI, L’assistenza spirituale dell’OFS nella legislazione canonica attuale, Fedeli Laici
Francescani, Quaderni COMPI, n. 6, pag. 51-74, 1990
4. FELICE CANGELOSI, Autonomia e Unità dell’Ordine Francescano Secolare, Segr. CIOFS, 2000
5. GABRIELE ANDREOZZI, Storia delle Regole e delle Costituzioni dell’Ordine Francescano Secolare, Ed.
Guerra, 1988
6. Gabriele Andreozzi, San Giovanni da Capestrano e il Terz’Ordine di San Francesco, Ed.
Franciscanum, 1987
7. ROBERT M. STEWART, De illis qui faciunt penitentiam – The Rule of the Secular Franciscan Order:
Origins, development, interpretation, Ist. Storico dei Cappuccini, 1991
8. MARIANO D’ALATRI ET AL, Il movimento Francescano della Penitenza nella società medioevale, Ist.
Storico Capp. 1980
9. MARIANO BIGI, L’universale Salute, Profilo storico dell’Ordine Francescano Secolare, Coll. Tau,
1990
10. PROSPERO RIVI, Le origini dell’OFS, Coll. Tau, 1988
11. PROSPERO RIVI, Francesco d’Assisi e il laicato del suo tempo, Ed. Messaggero Padova, 1989
12. RAFFAELE PAZZELLI, San Francesco d’Assisi e il Terz’Ordine, Ed. Messaggero Padova, 1982
TEXTOS JURÍDICOS
1. LUIGI CHIAPPETTA, Il Codice di Diritto Canonico – Commento giuridico-pastorale, Ed Dehoniane,
1996
2. LUIS NAVARRO, Diritto di Associazione e Associazioni di fedeli, Giuffré Ed. 1991
3. G. FELICIANI, Il Popolo di Dio, Il Mulino 2003
4. DOMINGO J. ANDRES, El derecho de los religiosos, Commentario al Codigo, Ed. Claretianas, 1984
VÁRIOS
1. AMBROGIO PERUFFO, Il Terz’Ordine Francescano nel pensiero dei Papi, Comm. Gen. T.O.F. OFM,
1944
2. MARIANO BIGI, LUIGI MONACO, Magistero dei Papi e Fraternità secolare, Coll. Tau, 1985
3. CRISTOFORO PIACITELLI, Con Francesco nel mondo per il mondo, Coll. Tau, 2004
4. CRISTOFORO PIACITELLI, La Spiritualità del Francescano Secolare, Coll. Tau, Imprimenda, 2008
28
VOCAÇÃO, CARISMA E MISSÃO
César Augusto Galvão, OFS
I - VOCAÇÃO
1) SOMOS CHAMADOS À VIDA
A única vocação abrangente é o "chamado à vida”.
Esta abordagem é fundamental, porque introduzimos o tema do desígnio do Pai Eterno e constitui o
ponto de partida para a fundação e toda a reflexão teológica sobre a vocação, na qual toda a existência
humana adquire o seu pleno significado.
Através da Revelação, sabemos que Deus é AMOR. E isso é tão forte e conclusivo, que sentimos que
essa “definição” do Pai, nos basta. Não existindo necessidade de mais reflexão sobre esse tema. É só
repetir: DEUS É AMOR. E isso, parece preencher todas as lacunas.
Tudo foi pensado no eterno e tudo subsiste em Cristo, na eternidade. Por isso, já estamos na
eternidade, em Deus. Todos nós falamos na morada do Pai, no mundo espiritual, na vida eterna. Ela já
existe. Apesar de não nos sentirmos nela, ou achar que só estaremos nela só depois de morremos,
nossa vida permeia a vida espiritual. E nós a visitamos, mais visivelmente, todas as vezes que entramos
em uma oração profunda, silenciosa. Mas, pelo amor de Deus, nos é permitido viver fora dessa vida e
termos consciência de nós mesmos. Essa permissão nos dá o benefício de que pessoas diversas em
suas vontades, queiram, por essa mesma vontade, compartilhar a vida e viver em plenitude, em
comunhão e harmonia. Deus nos permite que saiamos de “seu pensamento” para nos tornarmos nós
mesmos, em plena consciência, livre e objetiva. Ele nos chama para sermos diferentes Dele. Precisamos
nos definir, abrir à experiência do nosso ser, e definir nossa vida a partir dessa “experiência de si”.
É o Pai que nos chama a essa individualidade. Essa vivência de amor eterno. E a compartilhar essa
experiência com outros. Não pedimos e nem escolhemos. O PAI NOS CHAMA. Essa é a nossa Vocação.
É assim que esse Deus, eterno, infinito, que nos pensa desde a eternidade como objeto de seu amor,
nos chama para existir e partilhar a sua vida para sempre. Com seu filho, Jesus, ele tem toda a nossa
29
humanidade, individualmente e coletivamente. A consciência dessa realidade de NÓS MESMOS, deve
crescer em nós. Precisamos aprofundar essa reflexão e deixar que ela dirija nossa vida, nosso trabalho
de conversão e nossa relação com os irmãos.
2) RECEITA DA SANTIDADE
Somos chamados à santidade. Somos chamados a sermos SANTOS. Isso é definitivo e não negociável.
O que acontece quando respondemos à essa vocação?
Nos tornamos SANTOS.
É isso o que aconteceu com Francisco. Esse nosso pai seráfico teve uma experiência tão profunda de si
mesmo e abriu essa experiência a outras pessoas de seu tempo. Isso foi tão contundente, essa
experiência foi tão arrebatadora, que falamos de Francisco até hoje. E temos um Papa chamado
Francisco. Que também é transformador. Porque? Porque teve uma experiência de si e abriu sua
experiência para o mundo. Abriu sua forma, pessoal, de ser cristão para o mundo.
SER OU NÃO SER? EIS A QUESTÃO!
Será mais nobre em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja?
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais. (Hamlet)
Se Shakespeare fosse um Franciscano da ordem da Penitência, ele teria escrito:
SER SANTO OU NÃO SER SANTO? EIS A QUESTÃO!
Será mais nobre em nosso espírito aceitar
a fortuna enfurecida que esse mundo nos oferece?
Ou, insurgir-nos e buscar uma vida interior tangível,
pondo fim ao egoísmo e abrindo nosso coração ao próximo?
Fraquejar, lamentar… não mais.
Quando assumimos nossa Vocação, nos tornamos parceiros de vida com Deus. Cada criatura, através
de sua história única e irrepetível, é chamada por Deus para exercer uma escolha fundamental: SER
SANTO OU NÃO SER SANTO!
BEATO JOÃO PAULO II MENSAGEM AOS JOVENS
30 nov 1997, XIII Jornada Mundial da Juventude.
"O dom do Espírito torna possível para todos seguir o pedido de Deus ao seu povo:" Sede santos,
porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo "(Lv 19: 2). Tornar-se santo parece uma meta difícil,
reservada para pessoas, completamente, excepcionais, ou destinado a qualquer pessoa que queira
permanecer alheio à vida e à cultura de seu tempo. No entanto, tornar-se santo é um dom e uma tarefa
fundada no Batismo e na Confirmação, confiada a todos na Igreja em todos os tempos. É um dom e
tarefa dos leigos, ministros religiosos e consagrados, em privado e em público, na vida de cada um e
as famílias e comunidades. Mas, dentro desta vocação comum, que chama a todos para não se adaptar
ao mundo, mas para a vontade de Deus (cf. Rm 12, 2), são muitos os estados de vida e muitas vocações
e missões.
3) VOCAÇÃO LEIGA
30
Geralmente, quando falamos de “vocação”, as pessoas pensam em vocação religiosa de monges,
freiras e padres. Raramente, ou nunca, ouvimos falar de vocação leiga como uma verdadeira vocação.
Na realidade, o mundo secular é propício para o afloramento de uma verdadeira vocação. Uma vez que
os leigos se tornem conscientes dessa realidade e aceitem, das mãos de Deus, que nossa vida no estado
secular faz parte de Seu plano, nossa resposta à nossa vocação assegura nossa conversão.
Explicitamente, vamos aceitar a nossa vocação ao estado laical com a mesma consciência e alegria
com que uma pessoa chamada à vida religiosa congratula-se com o seu rigor.
Aqui estou, Senhor, para fazer a tua vontade.
Para São Francisco, estava muito claro que os leigos estavam inseridos nesse processo de santificação.
CARTA AOS FIÉIS
7…são filhos do Pai celeste (cfr. Mt 5,45), cujas obras fazem, e são esposos, irmãos e mães de nosso
Senhor Jesus Cristo (cfr. Mt. 12, 50).
8 Somos esposos, quando pelo Espírito Santo une-se a alma fiel a nosso Senhor Jesus Cristo.
9 Somos seus irmãos quando fazemos a vontade do Pai que está nos céus (Mt 12, 50).
10 Mães, quando o levamos em nosso coração e em nosso corpo (Cfr. 1Cor 6, 20), pelo amor divino e
a consciência pura e sincera; e o damos à luz pela santa operação, que deve iluminar os outros com o
exemplo (cfr. Mt 5, 16).
A constância da vivência da palavra, leva o cristão ao amadurecimento, de forma que ele chega a sua
plenitude, o seu telos, ou seja, perfeitamente. (Τελειων = trazer plenitude) - "Sede perfeitos (teleioi) é
perfeito como o vosso Pai celeste" (Mt 5, 48).
A consagração batismal coloca todos os seguidores de Cristo num processo de sacralidade, por que
cada Christifidelis tem a chance de realizar, plenamente, seu próprio projeto existencial projetado por
Deus (leigos, clero, religiosos). Esse, plenamente realizado, significa realizar, totalmente, o projeto de
vida que Deus pensou para todos os homens desde o início da eternidade. Sendo assim, todos os
batizados devem atender às expectativas de Deus, por causa de sua vocação pessoal: eles executam o
seu próprio projeto de vida existencial (de iniciativa divina), por causa das forças espirituais que têm,
de acordo com o dom que receberam. Cada vocação corresponde a um projeto de Deus para si próprio
e para os outros. A vocação torna-nos instrumentos, de uma forma particular, para aqueles que não
ainda foram chamados.
A vocação vem de Deus e, portanto, deve ser dirigida a Ele. A única maneira em que o homem pode
corresponder a Deus é a disponibilidade total e ilimitada. A vocação requer a vida de cada homem e
requer uma resposta global. Quem colocou condições ou limita a sua participação não teria
minimamente compreendido a base teológica da vocação.
II - CARISMA
Extraordinários ou simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo, que beneficia,
diretamente ou indiretamente, a Igreja. Concedidos afim de edificar a Igreja, para o bem dos homens
e suprir as necessidades do mundo, os carismas devem ser acolhidos com gratidão pela pessoa que os
recebe e por todos os membros da comunidade. Na verdade, eles são uma maravilhosa riqueza de
graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo. Carismas são presentes
que, realmente, vêm do Espírito Santo e são exercidas em plena conformidade com os sussurros
autênticos deste mesmo Espírito, isto é, de acordo com a caridade, verdadeira medida de carisma. Por
esta razão, o discernimento dos carismas é sempre necessário. Nenhum carisma está isento de
31
referência e de submissão aos Pastores da Igreja. A eles compete, especialmente, não extinguir o
Espírito, mas testar tudo; reter o que é bom, de modo que todos os carismas cooperem, na sua
diversidade e complementaridade, o "bem comum”.
Na comunhão dos santos, diversas espiritualidades têm sido desenvolvidas ao longo da história da
Igreja. O carisma pessoal de uma testemunha do amor de Deus para com os homens pode ser
transmitida aos seus discípulos, afim de que eles participem desse espírito.
O fundador recebe um dom especial, dado por Deus que conduz a fundação de um instituto ou
movimento religioso, e que inclui um modo específico de ser, através da experiência espiritual única
que Deus o concedeu.
O carisma do fundador é "transmitido" a seus seguidores. A instituição religiosa oferece esse canal,
que de alguma forma, conduz e tornar disponível e acessível o carisma do fundador na história.
É razoável e acertado pensar, portanto, que o carisma com que o Espírito Santo enriqueceu Francisco
é a experiência vital e totalizante de sentir-se, realmente, filho nas mãos do Pai celestial, como Jesus,
o Filho, com todas as suas conseqüências. Para nós, cristãos, ser filho se realiza com o batismo, que
nos insere na família de Deus. Este dom, especialíssimo, nos faz ter os mesmos sentimentos de CristoFilho, que se fez pobre, assumiu a condição de servo, foi obediente até a morte na cruz, sempre
trabalhando em harmonia com o Pai (Filipenses 2: 5-8).
E Celano nos confirma isso de uma maneira comovente:
Francisco "estava ocupado com Jesus. Ele tinha Jesus no coração, Jesus nos lábios, Jesus nos ouvidos,
Jesus nos olhos, Jesus nas mãos, Jesus em todos os seus membros”.(1Cel IX, 115).
O carisma se repete, se prolonga nos seguidores do carisma do fundador que o Espírito quis
proporcionar a Igreja e para o mundo, para a Desígnio Eterno de DEUS.
Francisco chegou a pensar com a mente de uma criança, vendo com os olhos de uma criança, a amar
com o coração de uma criança, agir com o abandono e dedicação de uma criança. E aqueles que
querem se juntar a ele, tem que dar vida a uma fraternidade como filhos do mesmo Pai celeste.
Seu carisma, na sua essência, é uma experiência forte e radical. Experiência filial que se expressa numa
atitude consciente, alegre, amorosa e confiante, e se concretiza com o comportamento sereno e
responsável sempre pronto para cumprir a vontade do Pai celeste, como Jesus, o Filho.
Com a força deste dom tão particular, que define Jesus como fundador da Igreja, Francisco pode ser
"reparador" da Igreja (sua missão).
O dom (carisma) que Francisco recebeu foi o de perceber e viver de maneira excepcional, a humildade
de Deus. Doou, totalmente, sua vontade em favor do Filho. Francisco percebeu, como nenhum outro,
e numa intensidade totalizante, seu aniquilamento, seu esvaziamento, seu movimento de doação
plena (kenosis), com o coração e fundamento essencial do Projeto Eterno de Deus para as suas
criaturas.
Francisco contempla a sua doação, rebaixamento, auto-esvaziamento por amor a toda Encarnação: no
berço, na cruz, na Eucaristia.
Francisco percebe a Encarnação, a Humanização (humus - humilde). Ele se junta à realidade
constitutiva da própria matéria da criação, como amor, partilha vital de Deus conosco e com todas as
criaturas. E, disso brotam todas as conseqüências típicas Franciscanas: o profundo respeito a todas as
criaturas, animadas e inanimadas
Deus deu o dom de alcançar uma plena conformidade com o Filho, para dar-lhe na carne os sinais da
Paixão de Cristo.
Por esta razão, se considera Francisco como alter Christus, "outro Cristo". Francisco não é Cristo. E
segue sendo, sempre, "alter", mas tornou-se semelhante a Cristo em um nível de perfeição que nunca
ninguém chegou.
Eis o DOM. Eis o CARISMA.
32
"Entre as famílias espirituais suscitados pelo Espírito Santo na Igreja, a Família Franciscana une todos
os membros do Povo de Deus, leigos, religiosos e sacerdotes, que sentem chamados aos seguimentos
de Cristo através dos passos de São Francisco de Assis .
De várias maneiras e formas, mas em comunhão vital, eles pretendem tornar presente o carisma
comum do Seráfico Pai na vida e na missão da Igreja “. (Regra da OFS, art. 1)
É o carisma de Francisco que, como franciscanos, seculares, religiosos e religiosas, devemos fazer
presente para cumprir essa missão que Deus confiou Francisco.
Todos seus filhos (1º, 2º, 3º Ordens), são "chamados" para estender a missão na história, participam
do Dom-Carisma excepcional de São Francisco. Ele é o mestre e modelo para todos. Ainda hoje, ele nos
indica o caminho a percorrer, a viver conscientemente a sua vocação e realizar, responsavelmente e
eficazmente, as tarefas que nos foram confiadas.
Do carisma, vivido por Francisco, emergem algumas práxis, um modo específico de ser, que chamamos
de "franciscano" e que, na verdade, constituem o que chamamos de espiritualidade franciscana,
caracterizada principalmente por:
Uma intensa vida eucarística (kenosis)
A Pobreza (seguindo a kenosis)
A Minoridade - Humildade (consequência da kenosis)
A Simplicidade (compreender a essência, a simplicidade de Deus, e nos deixar transformar)
A Obediência (vontade de me fazer conforme com o projeto de Deus)
A Alegria (a descoberta do amor "kenótico" e participação na vida de Deus)
A Castidade (como atitude espontânea para com todas as coisas e pessoas: Só Deus basta, não há mais
lugar dentro de nós após a erupção da plenitude de Deus em nossas vidas).
A Fraternidade, como elemento específico, também na sua dimensão universal e cósmica.
A radicalidade evangélica franciscana (Francisco quer seguir a Cristo sem reservas).
VOCAÇÃO FRANCISCANA
A verdadeira vocação "específica" exige que eu entenda as razões mais profundas para esse "sentir-se
tomado". Exige que me coloque na busca do "Cristo de Francisco" e que, como ele, encontre nesse
Cristo, as mesmas coisas que ele encontrou, e sobre as quais, ele fundou a sua maneira de ser e servir.
Assim, se temos uma verdadeira vocação franciscana, é essencial conhecer Francisco, confrontar-se
com ele.
Temos de ir além do genérico, do romantismo e sentimentalismo e confrontar-se, existencialmente,
com o projecto de Francisco para entender se o nosso próprio projeto vai nessa direção.
O discernimento da vocação deve estabelecer se o que eu "sinto" corresponde ao que eu quero,
porque é o que Deus me pede. "Tua vontade, não a minha." Assim se define a autenticidade de uma
vocação. É preciso rezar muito e contar com a ajuda de mestres espirituais e pessoas com alguma
experiência e profunda vida de fé.
Ter uma verdadeira vocação franciscana, seja religiosa apostólica, contemplativa ou leiga, significa:
verificar a própria disponibilidade para abraçar, integralmente, esse caminho. Vivendo e fazendo
crescer em nós o carisma de Francisco e vivê-lo no mundo, cada um em seu próprio estado.
Ter uma autêntica vocação franciscana significa, portanto, encontrar uma compatibilidade plena com
o que caracteriza esta forma de vida, este carisma de missão, esta espiritualidade.
Aqueles que, por meio de discernimento adequado, cheguem a reconhecer que seu plano de vida é
seguir os passos de Francisco, devem assumir, inteiramente, suas modalidades, através de um
compromisso público perpétuo, solene (Profissão) diante de Deus e da igreja.
33
Abraçando a forma de vida de Francisco (cada um de acordo com seu estado de vida), através da
profissão, RECEBEMOS seu carisma.
"Receber carisma" significa:
Junto com o carisma de Francisco, nós também recebemos dons fundamentais para realizar
plenamente a nossa vocação e missão:
- Uma graça especial que Deus dá a seus filhos e filhas, para ajudá-los e capacitá-los para este tipo de
seguimento e missão.
Esta é uma forma de graça de estado que flui a partir da profissão, como uma verdadeira aliança de
casamento com Deus para a vida. Essa graça é o dom do Esposo, nós entregamos a nossa vida, Ele
entrega a sua. Profissão é um ato litúrgico: ela percebe o que isso significa.
- A inserção na comunhão vital recíproca de toda a Família Franciscana de hoje e de todos os tempos.
O próprio Jesus indicou a Francisco, a missão quando, na igreja de São Damião, "ouviu com os ouvidos
do corpo: "FRANCISCO repara a minha casa que, como você vê, está toda em RUÍNA"
Neste momento, em Francisco estava toda a família franciscana
Mas o que é a casa? É a Igreja. Ela é o Corpo de Cristo. Nela, Cristo é a cabeça, nós membros.
E como se repara uma casa? Com os mesmos elementos, com os mesmos materiais com os quais foi
construída! Mas se a casa é o Corpo de Cristo, não poderá ser reparada, a não ser pelo próprio Cristo,
através do Seu Espírito! Deus quis constituir Francisco como alter Christus, em uma total conformidade,
porque ele foi habilitado para cumprir, integralmente, e com o material correto, a missão que Deus lhe
confiou.
Esta "missão" de Francisco, aparentemente tão genérica é , na realidade, "específica" para Francisco e
seus seguidores.
Regra - Art. 6
Sepultados e ressuscitados com Cristo no Batismo, que os torna membros vivos da Igreja, e a ela mais
fortemente ligados pela Profissão, tornem-se testemunhas e instrumentos da sua missão entre os
homens, anunciando Cristo pela vida e pela palavra.
Inspirados por São Francisco e com ele chamados a restaurar a Igreja, empenhem-se em viver em
comunhão plena com o Papa, os Bispos e os Sacerdotes, promovendo um confiante e aberto diálogo
de fecundidade e riqueza apostólica.
A fidelidade ao próprio carisma franciscano e a regra, e o testemunho de sincera e aberta fraternidade,
são seu principal serviço a Igreja, que é a comunidade de amor.
Sejam reconhecidos por “ SER ”, de onde emana a Missão. (Const. Gen. 100.3)
Então, para cumprir nossa missão, a qualquer tempo, devemos “SER ”.
MAS … O QUE “DEVEMOS SER”?
Regra - Art. 2
"... Os irmãos e irmãs, impulsionados pelo Espírito a atingir a perfeição da caridade, no próprio estado
secular, são empenhados pela Profissão a viver o Evangelho à maneira de São Francisco e mediante
esta Regra confirmada pela Igreja.”
"SER franciscano", portanto, corresponde a ser bom cristão. Isso, se quisermos atingir a "perfeição da
caridade”, COMO FRANCISCO.
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QUE SIGNIFICA SER “BOM CRISTÃO”?
"Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito".
"Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”.
SÓ DEUS É SANTO.
Somente compartilhando sua vida, podemos alcançar a santidade.
Compartilhar a vida de Deus, significa:
Deixe-O entrar em nós, com toda a confiança e docilidade.
Permita que Ele trabalhe em nós para alcançar a plena conformidade com Ele, para poder exclamar
com São Paulo e de São Francisco:
"Não eu, mas Cristo que vive em mim”. Gal 2, 20.
Esta é a pré-condição para cumprir a missão em todo tempo:
PERMITIR que Deus nos preencha com SEU ESPÍRITO SANTO, com a sua graça, compreender e fazer
Sua vontade.
Francisco é muito claro sobre este ponto:
"... Acima de tudo colocar o seu compromisso de aspirar a possuir o Espírito do Senhor e sua santa
operação”. Regra Bulada, X, 8.
Este é o nosso projeto de vida e missão como Franciscanos professos:
Deixar o Espírito do Senhor viver em nós (Ser)
Cumprir sua Santa Vontade (Fazer)
Como FRANCISCO!
SEMPRE, EM TODO TEMPO E EM TODA LUGAR!
"DEUS É AMOR.
Quem permanece no amor, permanece em Deus e DEUS permanece nele “
Permitindo ao Senhor vir e permanecer em nós, sem reservas ou condições, estaremos preenchidos
por Seu Amor. Sua vontade será a nossa vontade e será para nós fonte de alegria e de garantia de nossa
realização. Sua Santa Presença nos transformará em Criaturas Novas e o que teremos que fazer para
cumprir a “missão”, será a consequência natural de nosso compartilhar a vida em Cristo. "Servir para
a missão" pode-se resumir em uma palavra: AMAR
"Ama e faz o que você quer" (Santo Agostinho, 1Gv 7,8).
III - A MISSÃO
Constituições ART GERAL. 99.1:
“A OFS, como uma associação publica internacional, está unida por um vínculo especial com o Pontífice
Romano, de quem recebeu a aprovação da Regra e a confirmação de sua missão na Igreja e no mundo."
A Regra: Os artigos 13-19.
Nas Constituições Gerais:
Título II: Artigos 17-27.
Título VIII: artigos 98-103.
A missão pode ser muito diversa. Nós não somos
"especialistas" em só uma coisa. Somos chamados a "oferecer o Cristo TOTAL" ao mundo com a Igreja
e no coração da Igreja. Os franciscanos, como Francisco, tem que:
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Viver dentro das realidades Eclesiais do mundo, compreendê-las a fundo, identificar-se com elas,
diante de todos e de tudo com amor e autêntico espírito de fraternidade universal e se oferecer para
"consertar" tudo o que precisa ser reparado, lembrando-se de que somos o primeiro que precisam ser
“reparado". Não existem receitas específicas, a não ser, a de se conformar, inteiramente, a Cristo,
como Francisco, inspirando-nos com a ajuda de carisma, e sobretudo, confiando, totalmente, na ação
do Espírito Santo.
Cristo nos ensinará nossa parte, como ensinou a Francisco. Todos nós, os FILHOS DE FRANCISCO, em
Comunhão Vital e Recíproca, temos que continuar, eficazmente, a sua missão!
ORDEM FRANCISCANA SECULAR DO BRASIL
CONSELHO NACIONAL
Coordenação de Formação
A PROFISSÃO DO FRANCISCANO SECULAR
E SEU SENTIDO DE PERTENÇA A OFS
Rosalvo Mota, OFS
I . INTRODUÇÃO
Vivemos em tempos de profundas transformações sociais, econômicas, culturais e religiosas, tempos
de incertezas e de instabilidades. Nos preguntamos: Quem é quem? Que é que quer cada um de sua
vida?
Nossas Fraternidades Franciscanas Seculares participam das mudanças do mundo atual; respiram o ar
de pós-modernismo; conhecem os tropeços de uma sociedade consumista, imediatista e voltada para
o "materialismo".
Sobre estas fraternidades repousa a missão de fazer que continue vivo o carisma franciscano que foi
dado pelo Espírito para a revitalização da Igreja como força do Evangelho. Nisto consistiria sua
identidade.
Sabemos que as Fraternidades são muito diferentes umas das outras. Há grupos de revelam vigor e
entusiasmo. Por vezes há numerosos irmãos no tempo de formação, surgem simpatizantes,
experimenta-se alegria na convivência fraterna e na realização das tarefas apostólicas. Muitas
Fraternidades são, efetivamente, sacramentos do mandamento do amor.
De outro lado, irmãos isoladamente ou fraternidades isoladamente como um todo, podem denotar
ausência de vigor e de entusiasmo. Há os que perderam a motivação evangélica e franciscana por
diferentes razões: crises pessoais, cansaço, rotina, formação deficiente, ativismo pastoral,
envolvimento com outros movimentos de espiritualidade. Há mesmo os que se perguntam a respeito
do sentido de sua presença na Ordem. Experimentam o incômodo no momento das eleições porque
não desejam assumir cargos. Há os que regularmente estão ausentes das reuniões e de outras
programações.
Por isso se faz necessário refletir sobre a Profissão do Franciscano Secular e seu Sentido de Pertença
a OFS.
Vejamos inicialmente os ritos e o significado da Profissão na OFS.
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II. DESENVOLVIMENTO
A – A PROFISSÃO DO FRANCISCANO SECULAR NA OFS
1. A Profissão: dom do Espírito.Os irmãos e as irmãs chamados à vida franciscana na fraternidade
secular fazem uma Profissão durante uma celebração específica, segundo o Ritual próprio da OFS. Esta
celebração constitui o momento inicial do ser da profissão e simultaneamente é uma premissa de
diálogo para uma resposta a ação de Deus.
A celebração da Profissão testemunha isto, porque é ação de Deus e evento salvífico: é um momento
no qual a salvação auxilia aos que professam, habilitando-os a emitir uma promessa de vida evangélicofranciscana, e produzindo neles efeitos particulares de graça, o que lhes outorga atribuições
específicas no meio do povo de Deus.
2. A graça da Profissão
Quando você Professa na OFS, diz "porque o Senhor me dá esta graça, renovo minhas promessas
batismais e me consagro ao serviço do seu reino" (fórmula da profissão).
A dedicação ao serviço do Reino ocorre porque o Senhor dá graça de consagrar-se à causa do Reino.
Profissão é graça e dom do Espírito. O Espírito Santo é a fonte da vocação dos franciscanos seculares
(CCGG. 11), porque eles são impulsionados pelo Espírito para alcançar a perfeição da caridade no
próprio estado secular (Regra 2), também a Profissão ocorre por obra do mesmo Espírito.
3. A Profissão ato da Igreja
A Profissão acontece por um ato de Deus. Porque Deus atua sempre através de Cristo, cuja humanidade
é um ponto de encontro entre Deus e os homens. E hoje Cristo hoje vive e trabalha através da Igreja,
isto é todo o Corpo de Cristo: a cabeça e os membros. É Significativa, a linguagem das Constituições
(42,1) que definem a Profissão como um ato eclesial solene. E o Ritual (Introdução, n.13), que declara
por sua natureza, é um evento público e eclesial.
4. A Profissão e a Fraternidade.
Vimos que, a Profissão, por sua natureza, é um ato eclesial, uma ação de Cristo e da Igreja. Pergunto
então: como se concebe visível e se manifesta a ação de Cristo e da Igreja?
Por Igreja, o Ritual entende uma assembleia litúrgica concreta, constituída pelo povo e pela a
comunidade de irmãos, ou seja, pela Fraternidade local da OFS. "A Profissão, por sua natureza é um
ato público e eclesial, e deve ser celebrada na presença de fraternidade" (Ritual, Introdução, no. 13).
A razão de tal disposição se encontra na realidade da Fraternidade local: É um sinal visível da Igreja,
comunidade de fé e de amor (cf. Regra 22; Ritual II, 14.).
A Profissão produz a "incorporação na Ordem Franciscana Secular" implica, portanto, a inserção vital
na família franciscana, com todas as consequências de pertencer à mesma família espiritual.
5. Os ministérios (serviços) na celebração da profissão.
A ação da Igreja Fraternidade celebrante se especifica em uma multiplicidade de ministérios, exercidos,
pelas pessoas que, dentro da Assembleia litúrgica são chamados para executar determinadas funções.
5.1. Os candidatos.
A ação de Cristo e da Igreja se expressa na pessoa dos candidatos, que propõem o ato de Profissão
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fazendo a promessa de vida evangélica. Os candidatos fazem o pedido para Professar. De fato, tanto
Batismo, como a Confirmação constituem um pressuposto essencial para a Profissão: chamados a dar
testemunho do Reino de Deus e de construir, com os homens e mulheres de boa vontade, um mundo
mais fraterno e cultivar um espírito de serviço, próprio dos franciscanos Seculares (Ritual 1, 14).
5.2 – O Ministro da Fraternidade.
A Profissão é recebida pelo Ministro da Fraternidade Local. (Const. 42, 3).
A Igreja, através do sacerdote e o Ministro, que representa a fraternidade, aceita Profissão (Ritual).
O Ministro recebe o pedido e o sacerdote preside a cerimônia.
O Ministro da Fraternidade exerce um verdadeiro e próprio ministério litúrgico.
5.3 – O Sacerdote.
O sacerdote, que preside a celebração é definido como testemunha da Igreja e da Ordem (ritual).
Nossas ações litúrgicas sacramentais evidenciam a realidade da Igreja Mãe, que se preocupa com o
destino de seus filhos.
A partir daqui deriva e se justifica o interrogatório aos pais e padrinhos, no batismo, e aos confirmandos
(crismandos), aos ordenandos, e aos noivos, etc.
Com efeito, surgem e se justificam, também, interrogatórios que são feitos para aqueles que
pretendem fazer profissão na OFS.
A Profissão na OFS deve ser confirmada pela Igreja, que é realizada pelo sacerdote, a quem, depois que
os candidatos a leem a fórmula da profissão, diz: “Confirmo suas promessas em nome da Igreja” (Ritual
11, 18).
Consequentemente, o sacerdote é testemunha que garante a idoneidade do candidato e o ratifica em
nome da Igreja.
6. O dom do Espírito na celebração da Profissão.
A função do sacerdote não é somente esta, mas, acima de tudo, a função de santificar, que é em si
uma função litúrgica, para aqueles que são chamados a seguir Cristo nos passos de São Francisco de
Assis.
A santificação é a obra do Pai, que passa pela mediação do Ministro quando ele diz: “a Fraternidade
acolhe o seu pedido e se une a sua oração, para o Espírito Santo confirme em você a obra que Ele
começou”.
Tudo é um dom do Espírito.
7. Profissão e Eucaristia.
Através do sacerdote a Igreja se associa a promessa da Profissão do sacrifício eucarístico. Por isto é
que o rito da Profissão é celebrado durante a Missa.
“Em ação de graças ao Pai (Eucaristia), por Cristo, hoje nós apresentamos uma nova oferta de
agradecimento. Chamados a seguir a Cristo, que se oferece a si mesmo ao Pai, hóstia viva para a vida
do mundo, nós somos constantemente convidados, hoje, em particular, para unir a nossa oferenda a
oferta de Cristo”.
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8. Batismo e Profissão.
As CCGG afirmam (42,1):
“A Profissão é o ato eclesial solene pelo qual o candidato, lembrando-se do chamamento recebido de
Cristo, renova as promessas batismais e afirma publicamente o próprio compromisso de viver o
Evangelho no mundo, segundo o exemplo de São Francisco e seguindo a Regra da OFS”.
Memória do Batismo.
Afirma-se de fato, que a Profissão, por sua natureza, é a renovação da consagração e das promessas
batismais, e no ato de emiti-la, o candidato declara a sua intenção de renovar as promessas batismais.
É como se dissesse que, através da Profissão se pretende trazer a memória da consagração e das
promessas do Batismo. Por tal razão, com absoluta certeza, a Profissão na OFS é definida como
“Memória do Batismo”.
Não é uma recordação, mas que se faz presente. Também gostaria de dizer que é uma atualização do
Batismo.
B – A PROFISSÃO E O SENTIDO DE PERTENÇA DO FRANCISCANO SECULAR A OFS.
A Profissão “incorpora o candidato na Ordem Franciscana Secular” (CCGG 42.2), implica, portanto, a
inserção vital na Família Franciscana, com todas as consequências derivadas de pertencer à mesma
família espiritual.
1. Consagração.
A fórmula da Profissão na Ordem Franciscana Secular diz:
NN... porque o Senhor me deu esta graça, renovo minhas promessas batismais e “me consagro ao
serviço do seu Reino” (Ritual II, 31).
É um compromisso de viver, para toda a vida, o Evangelho a maneira de São Francisco, permanecendo
na vocação secular.
Ainda, sobre a consagração gostaria de comentar mais alguma coisa.
“Eis o que diz o Senhor que te criou, que te formou desde o seio materno e te socorreu: nada temas,
Jacó, meu servo, meu Israel, a quem escolhi!” (Isaías 44, 2. Grifos nossos).
“Lembrando, que: Não fostes vós que me escolhestes, mais fui eu que vos escolhi a vós, e vos destinei
para que vades e deis fruto,...”.
Ainda, no Evangelho de São João, Cap. 17, a “Oração Sacerdotal” de Jesus. No centro desta prece de
intercessão e de expiação a favor dos discípulos encontra-se o pedido de consagração; Jesus diz ao
Pai:
“Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo. Consagra-os na verdade. A tua palavra é verdade.
Como Tu me mandaste para o mundo, também Eu os enviei para o mundo; por eles consagro-me a mim
mesmo, a fim de que também eles sejam consagrados na verdade” (Jo 17, 16-19).
Pergunto: o que significa “consagrar” neste caso? Antes de tudo, é necessário dizer que só Deus é
propriamente “Consagrado”, ou “Santo”. Portanto, consagrar quer dizer transferir uma realidade –
uma pessoa ou coisa – para a propriedade de Deus.
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Precisamente porque é doada a Deus, a realidade, a pessoa consagrada existe “para” os outros, é
doada ao próximo.
Lembrando que, nesta oração sacerdotal Jesus amplia o olhar até ao fim dos tempos:
“Não oro só por estes, mas também por aqueles que acreditarem em mim mediante a sua palavra”.
Jesus reza pela Igreja de todos os tempos, ora também por nós. Portanto, somos “consagrados” desde
a nossa criação. Com a Profissão, renovamos, não somente as promessas do Batismo, mas, também,
estamos respondendo ao chamado de Deus.
Repetindo o que dissemos acima: é como se dissesse que, através da Profissão se pretende trazer a
memória da consagração.
2. Profissão e Promessa.
O valor do termo Profissão e Promessa de vida evangélica, presente na Regra, nas CCGG e no Ritual da
OFS, para indicar o compromisso, o sentido de pertença que os franciscanos seculares assumem na
celebração da Profissão.
2.1 – Profissão.
O significado intrínseco da palavra profissão (lat. Profiteor) é o dizer em voz alta, em público, uma
proclamação, fazer uma declaração, e também, prometer, comprometer-se, doar-se ao próximo.
Em especial, a Profissão de Fé é uma declaração mais séria da religião católica, que é o Credo ou o
Credo dos Apóstolos ou Símbolo niceno- Constantinopolitano.
2.2 - Promessa.
O verbo latino “promittere”, significa empenhar-se, assegurar, garantir, prometer em voto, fazer voto,
etc. Hoje promessa geralmente indica um compromisso assumido livremente e sobre a palavra.
A Sagrada Escritura frequentemente fala de promessa. Promessa Divina que se cumpriu em Jesus Cristo.
Na história da vida religiosa também o termo promessa se une frequentemente ao compromisso de
quem assume uma obrigação religiosa.
3. Os valores da Profissão na OFS.
A profissão na OFS tem seu próprio caráter. Ou seja, existe a Profissão em uma Instituição específica
religiosa e a secular (Laikós, laos, leigo = povo de Deus. Hoje é dado outro sentido). Portanto, Profissão
na OFS tem uma dignidade própria, com um compromisso solene e religioso; é um contrato com Deus
e com a Igreja. Ele não é inferior aos dos "religiosos". Encontra sua origem na motivação e na
diversidade de carismas.
Nós não somos monges ou freiras de segunda categoria. Somos verdadeiros franciscanos seculares.
Nós estamos “ligados” desde o início (1289) a Congregação IVCSVA, e não, a Congregação para os
Leigos.
3.1- Promessa de Vida Evangélica.
É um compromisso pessoal de "viver o evangelho de Jesus Cristo na Ordem Franciscana Secular".
3.2 – A maneira de São Francisco.
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O segundo elemento da Profissão na OFS é uma referência essencial para São Francisco. Promete-se,
de fato, viver o Evangelho à maneira de São Francisco, seguindo os passos e as indicações dadas por
ele.
3.3 – Observando sua Regra.
Regra que nos dá o "modo de vida" (Projeto de Vida). É a medula do Evangelho, dizia
São Francisco.
A Regra define nossa natureza, isto é, a SECULARIDADE.
"Viver no meu estado secular": permanecendo na família, no trabalho, na promoção
da justiça e dos direitos humanos, em defesa da vida, como promotores da paz e da
fraternidade universal.
O professo perpétuo, de acordo com a sua capacidade e disponibilidade, considerados os interesses
superiores da OFS, não devem se eximir da aceitação de encargos, salvo por graves razões, sempre que
indicado para exercer cargos ou funções em órgãos da Fraternidade de qualquer dos níveis ou na
representação dela (EENN 4, § 6).
4. Como alimentar o sentido de pertença a OFS?
Artigo 30.1 das CCGG, diz: "Os irmãos são corresponsáveis pela vida das Fraternidades a que pertencem
e pela OFS como união orgânica de todas as fraternidades espalhadas por todo o mundo". Ou seja, os
franciscanos seculares são membros de uma fraternidade local, mas pertencem a todas, na vida e na
missão de corresponsabilidade.
O compromisso da Profissão é com o Evangelho e com a fraternidade. Portanto, os franciscanos viverão
intensamente as reuniões mensais como um sacramento da fraternidade.
É essencial tomar a decisão de estar presente na vida dos irmãos, alegrando-se com os que chegam,
pensar nos quem não vieram, procurar descobrir as razões pelas quais alguns perderam a motivação.
Os Conselhos saberão criar condições para que as reuniões sejam realmente agradáveis, proveitosas e
enriquecedoras.
Irmãos e irmãs se preocuparão em regularizar as contribuições financeiras, como expressão de
pertença à Ordem e comunhão com as suas necessidades.
Aprofundaremos a nossa identidade na medida em que a Regra seja “vida” (vivida) pessoalmente e na
fraternidade, na leitura assídua dos escritos de São Francisco e Santa Clara, participando dos encontros
espirituais e revisão de vida.
Nunca é demais enfatizar a secularidade dos franciscanos da OFS. Deus nos chama para a santificação
no coração do mundo: “o mundo é o nosso convento e o nosso corpo a cela da alma” (Sacrum
Commercium). Específico para nós é buscar o Reino de Deus, exercendo nossas funções temporais,
orientando-as segundo Deus.
5. Conclusão.
De alguma forma será útil para trazer à mente o nosso passado franciscano. Por que ingressamos na
OFS? O que mais nos marcou nos primeiros tempos de vida franciscana? O que nos entusiasmou? Como
foi o tempo de nossa Formação? Cremos que o sentido de pertença que hoje vivemos, corresponde a
maneira genuína ao que a Ordem é verdadeiramente, a sua natureza e a sua missão? Ou se trata mais
uma coisa pertencente ao passado ou a uma concepção pessoal da Ordem?
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Diante do exposto, fica clara a necessidade de visitar a própria intimidade, para chegar ao fundo de
nós mesmos. Existem algumas ferramentas para esta nova fundação da pessoa, refundação da pessoa,
redescobrindo a nossa identidade, o encontro fraterno e o sentido de pertença. Saber distinguir as
coisas imediatas, das que não passam, ter capacidade de contemplação, reflexão, apreço e silêncio.
A redescoberta da pessoa se constitui de pequenos compromissos que possam levar a um engajamento
mais amplo que se chama "projeto de vida". É um projeto de construção pessoal, familiar, cristã e, no
nosso caso, o projeto de vida franciscana, contido em nossa Regra.
Irmãos e irmãs, como dizia nosso pai São Francisco: "Vamos recomeçar, porque até agora, nada ou
quase nada fizemos”.
Bibliografia
1. “La Professione nell’OFS: Dono e Impegno”. Fr. Felice Cangelosi OFM Cap. – L. Spignolo, Messina,
It. 1995.
2. "Identidade Franciscana Seglar-Sentido de Pertenença a la OFS”, de Fray Almir R. Guimaraes,
OFM, publicada en "Paz e Bem", Brasil, Julho/Agosto 2004.
3. Bento XVI – Escola de Oração: A Vida Interior e a Elevação da Alma. Ecclesiae, 2014.
4. Estatuto Nacional da OFS do Brasil e Constituições Gerais.
5. Apontamentos e observações pessoais do Autor.
ANIMAÇÃO VOCACIONAL
Maria Aparecida Faustino,OFS (Mara)
I - APRESENTAÇÃO
NOSSO ENCONTRO, NOSSO MOMENTO DE FRATERNIDADE
“Eu prometi: fiel serei, por toda vida a santa Regra Franciscana”.
Fidelidade exige bastante coisa da gente. É preciso, essencialmente, muito amor, mas, com
certeza, uma pitada de criatividade ajuda e muito. Precisamos ficar atentos, sempre, para que nossa
vida não caia na rotina, no mesmismo, no “fazer assim porque sempre foi feito”. Claro, existem os Ritos.
Esses são constantes, mas não são, nunca, os mesmos.
Na verdade o que eu quero escrever aqui é algo que nos ajude a refletir, um pouco, sobre as
Reuniões, ou Encontro Mensais das fraternidades da OFS.
A “Reunião Geral” é, em suma, o momento em que nós, seculares, nos tornamos, de fato,
Fraternidade. Nós não vivemos em Fraternidade, diferente de nossos irmãos e irmãs da 1ª, 2ª ou 3ª
Ordem Regular. Sendo assim, esses momentos precisam ser intensos, únicos, capazes de renovar em
nós o desejo de viver e crescer nesse Projeto tão ímpar que é a Espiritualidade Franciscana.
A Fraternidade é o local – a fonte – na qual bebemos da força e da benção de sermos
franciscanos. Por isso, essa fonte deve ser farta, boa e acessível para que todos recebam, em
abundância, da força e da benção necessárias para se trilhar o caminho da santidade, proposto pela
Espiritualidade Franciscana, que termina no céu. Se ela não for assim, farta, boa e acessível, os que
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vivem nessa fraternidade buscarão força e benção em outras fontes e assim, perderão nossa
identidade.
A Espiritualidade Franciscana, o Projeto Franciscano é riquíssimo e completíssimo. Dentro dele
encontramos tudo o que precisamos e desejamos para nos realizar enquanto Povo de Deus que
caminha no Evangelho de Jesus Cristo, seguindo os passos de São Francisco. Vamos aproveitar tudo
isso sem jamais esquecer que nossa força está entre os irmãos, na formação e vida de oração.
Fazendo visitas a algumas das Fraternidades do meu Regional (Sudeste III, SP), observei muita
coisa que usei, mais tarde, para pensar num Projeto de Animação Vocacional.
Quero, de coração, que recebam isso como pontos para reflexão, só isso, pois muitas vezes
estamos tão perto que nem vemos direito as coisas como são.
Escrevi acima que a Fraternidade deve ser uma fonte farta, boa e acessível. Escrevi também,
que quero ser fiel pela minha vida toda. Sendo assim, o acessível, deve ser lembrado até, como a
qualidade do local das reuniões. Quantos irmãos gostariam de continuar participando, mas, não podem
por causa de escadas, por falta de ônibus, por causa dos horários, por não ter alguém que o leve.
Quantos irmãos que não se achegam a nós por não saberem nem que nós existimos. Pessoas da própria
Paróquia onde nos reunimos. Cuidemos para que todos possam se chegar até nós.
Essa fonte deve ser boa. O belo e o bom andam juntos. Uma reunião bem preparada, com
aquele toque de surpresa, de novidade alegra o coração. E quem sai com o coração alegre, com certeza
contagia. Aproveitar o espaço que temos, o tempo que temos, as pessoas que temos. Não desperdiçar
nada. Não improvisar, mas também não engessar. Cuidemos para que nossos encontros sejam
inesquecíveis.
O franciscanismo é um “prato” delicioso e farto. Quanto mais comemos, mais desejamos comer.
Quanta riqueza temos. Aproveitemos disso e ofertemos aos nossos irmãos orações lindas, profundas,
bem preparadas; textos inspirados e inspiradores; cantos proféticos, que nos coloquem em nossos
lugares de origem; enfim preparemos mesa farta. Farta e franciscana. Cuidemos para que o “cheirinho”
bom do franciscanismo transpasse as paredes e atinja a todos que de nós se aproximarem.
Cuidemos, pois, das nossas reuniões. Quanto mais irmãos se envolverem na organização,
melhor será.
Um esquema que ajuda muito em nossas reuniões é o seguinte: determine o tema da reunião
daquele mês. Agora pense no altar que você montará na sala de reuniões – faça isso inspirado no tema.
A acolhida dos irmãos é sempre de muita importância. Uma folha com os cantos, orações e textos que
serão usados pode ser distribuída entre todos. Convide pessoas que estejam ligadas a o tema daquele
mês para participarem com vocês. Antes de começar a formação, leia um conto, uma história ou uma
poesia para preparar os corações, ajuda bastante. Uma lembrancinha – todo mundo gosta. E a hora
fraterna, a confraternização, momento de falarmos de nós, da nossa vida – partilha.
Os cinco sentidos são as portas para o cérebro – nossos encontros e reuniões devem preencher
as necessidades dos nossos cinco sentidos. Cuidar dos símbolos, dos arranjos, das cores diversas;
músicas bem escolhidas, sons de água - de chuva, de mar -, pássaros. Perfumes...enfim, tudo “abre” as
janelas e portas do nosso ser.
A Arte, em suas várias formas, é a grande linguagem universal – usar e abusar da Arte. Além de
encher os olhos, os ouvidos, a mente e o coração, abre espaço para que convidemos para nossos
encontros e reuniões pessoas que nos ajudarão nisso. Uma poesia, uma dança, um teatro, uma obra.
Francisco cantava, fazia poesia, contemplava.
Gosto de lembrar também, fugindo um pouco do assunto, que o ser humano se humaniza nas
suas relações – pequenas e grandes confraternizações. Sentar-se a mesa e partilhar as nossas vidas,
nossos projetos, nossos fracassos e vitórias. Tudo o que lemos, rezamos, estudamos, ser partilhado ali,
em volta da mesa. Criar as “teias”, ou as “redes”, como preferirem. Lanchonetes, sorveterias, pizzarias,
enfim, tudo nos pertencem. Grandes discussões e reflexões são feitas longe de mesas de reuniões
formais, também.
Termino com uma pequena estória que gosto de contar e de ouvir:
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“Havia um viúvo que morava com suas duas filhas que eram muito curiosas e inteligentes. As meninas
estavam o tempo todo fazendo perguntas. Algumas ele sabia responder, outras não. Algumas vezes
não temos realmente a resposta outras preferimos nos abster. Como todo pai, que quer sempre o
melhor para os filhos, ele pretendia oferecer a elas a melhor educação, então mandou as meninas
passarem férias com um sábio que morava no alto de uma colina. O sábio sempre respondia todas as
perguntas sem hesitar. Impacientes com o sábio, as meninas resolveram inventar uma pergunta que
ele não saberia responder. Então, uma delas apareceu com uma linda borboleta azul que usaria para
pregar uma peça no sábio.
- O que você vai fazer? - perguntou a irmã.
- Vou esconder a borboleta em minhas mãos e perguntar se ela está
viva ou morta. Se ele disser que ela está morta, vou abrir minhas mãos e
deixá-la voar. Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la e esmagá-la. E
assim qualquer resposta que o sábio nos der estará errada!
As duas meninas foram então ao encontro do sábio, que estava
meditando.
- Tenho aqui uma borboleta azul. Diga-me sábio, ela está viva ou morta?
Calmamente o sábio sorriu e respondeu:
- Depende de você... ela está em suas mãos.
II- PROJETO DO SERVIÇO DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL
1. Conhecer o serviço da Animação Vocacional
Para esse serviço, é preciso:
 Ter consciência que a Animação Vocacional não é uma coisa isolada da Fraternidade. E nem
pertence somente ao Animador Vocacional.
 Entender que ela faz parte da Formação, assim como a Formação Inicial e Permanente, o SEI e
a Presença no Mundo (antigo CODHJUPIC).
 Saber que o Animador Vocacional é aquele que vai ao encontro, é aquele que acolhe e é aquele
que conduz. Não é aquele que dá a formação.
É preciso ainda...
 realizar um trabalho organizado;
 criar uma cultura vocacional (com a “cara”, o jeito da Fraternidade;
sempre e em todo lugar).
Sem abrir mão...
 do princípio básico: Testemunho
 de acreditar sempre: Fé
 do dom total: Amor.
Semear sempre sem esperar resultados imediatos.
Não se decepcionar com as surpresas.
Nunca esquecer da “promessa” ou “profecia” de Jesus: “Muitos são os chamados, poucos os
escolhidos”.
2. Etapas de um itinerário vocacional
Talvez um bom exercício a ser feito por todos aqueles que desenvolvem o serviço de Animador
Vocacional, ou que foram escolhidos para tal, seja recordar o seu próprio itinerário vocacional:
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 Como foi que percebi, em mim, o desejo de ser franciscano secular?
 Quais as dificuldades, desafios, que eu tive que enfrentar?
 O que foi decisivo para que eu tivesse a certeza de que esta era, de fato, o que eu buscava, o
que “apesar” ou “acima” de todas as dificuldades era o que eu queria, o que eu buscava, o que
eu desejava fazer de todo o coração?
 O que eu faço para manter acesa a chama da minha vocação?
Com esse material pessoal, pense e desenvolva o seu itinerário vocacional.
3. Os passos da Animação Vocacional
O que a sua Fraternidade está fazendo para despertar novas vocações franciscanas seculares?
Observação: Lembro que esse trabalho é da Fraternidade e não só do Animador Vocacional.
 DESPERTAR
O que pode ser feito para despertar novas vocações e animar as já existentes?
a) cursos para a formação de lideranças em nível Nacional, Regional, Distrital e Local;
b) organização de Equipes Distritais;
c) organização de subsídios;
d) palestras, cursos vocacionais, concursos de músicas, poesias e arte franciscana;
e) confecção de cartazes;
f) uso dos meios de comunicação social;
g) encontro de jovens;
h) gincanas com temas vocacionais, bíblicos e carisma franciscano;
i) Semanas Vocacionais;
j) Semana da Família;
l) Semana Franciscana pela Paz;
m) dias de reflexão com questionamentos vocacionais;
n) muita oração;
o) trabalho com grupos de jovens, da catequese, de crisma e grupos de igreja engajados com temas de
formação humana e cristã.
Os próximos passos: Discernir, Cultivar e Acompanhar caminham juntos.
 DISCERNIR
* Depois do despertar, ajudar a quem chega à Fraternidade, a perceber se os sinais são confirmadores
do chamado de Deus para a vocação leiga franciscana.
* O discernir não é estanque. Num certo momento leva à uma opção fundamental.
 CULTIVAR
* os sinais de discernimento, atendimento individualizado, trabalhar as motivações e a falta delas;
* a formação.
 ACOMPANHAR
* encontros periódicos;
* textos para o aprofundamento;
* acompanhamento personalizado;
* recursos audiovisuais, filmes;
* encontros vocacionais, do carisma franciscano e projeto franciscano de vida;
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* Jornada Franciscana;
* correspondências: fichas dos que nos procuram.
 DESAFIOS
* desafio maior: como ter mais jovens?
* falta de apoio e presença dos Párocos.
 ALGUNS EQUÍVOCOS QUE NÃO PODEMOS PERMITIR QUE ACONTEÇAM ENTRE NÓS
* Queimar etapas: desrespeito pelo vocacionado, com “queima” de etapas, não permitindo o tempo
necessário para que ele perceba se é isso mesmo que ele quer para a vida toda.
* Perder o contato: quando alguém, por algum motivo nos procurou, depois de um tempo nos deixa.
* Falta de avaliar os trabalhos já feitos e os que estão em execução.
* Não ter equipe para o Serviço de Animação Vocacional, pois quando acontece a troca da liderança
não há a troca da experiência já feita pelo animador anterior.
* Não confundir o serviço de Animação Vocacional com Formação.
* Desistir
“E todo aquele que isto observar seja repleto no céu da bênção do Altíssimo Pai, e seja, na terra, cumulado
com a bênção do seu dileto Filho, juntamente com o santíssimo Espírito Paráclito”
(Bênção de São Francisco do Testamento)
46
IV - TEMAS COMPLEMENTARES
VISITA FRATERNA E PASTORAL
I - INTRODUÇÃO
As Visitas Fraternas e Pastorais devem ser realizadas anualmente pelo Ministro (a) ou por seu
Delegado (a), em nível Nacional e Local e pelo Assistente Espiritual.
Seus objetivos estão previstos e definidos nas Constituições Gerais da OFS e no Estatuto
Nacional, quais sejam:
De acordo com as Constituições Gerais são:
 reavivar o espírito evangélico franciscano;
 assegurar a fidelidade ao Carisma e a Regra;
 oferecer ajuda à vida da Fraternidade;
 consolidar o vínculo de unidade da Ordem;
 promover a inserção da Família Franciscana na Igreja;
 examinar os livros e documentos de registro e organização da Fraternidade;
 orientar no cumprimento das decisões que são tomadas em nível superior;
 prestar informações e esclarecimentos a todos e dar particular atenção àqueles que tiverem
pedido um encontro pessoal;
 verificar a validade da Formação Inicial e dedicar particular atenção aos programas, aos
métodos e experiências formativas.
De acordo com o Estatuto Nacional são:
 incentivar em tudo a vivência secular franciscana do Evangelho;
 promover o melhor funcionamento da Fraternidade e do Conselho;
 verificar a observância da Regra e das Constituições a que toda Fraternidade está sujeita e
determinar, prudentemente, se necessário, as providências cabíveis;
 examinar os livros e documentos de registro e organização da Fraternidade;
 orientar no cumprimento das decisões que são tomadas em nível superior;
 prestar informações e esclarecimentos a todos e dar particular atenção àqueles que tiverem
pedido um encontro pessoal;
 incentivar a promoção das Fraternidades da JUFRA e zelar para que elas tenham Assistência
Espiritual Fraterna.
II - CUIDADOS ESPECIAIS:
 programar a Visita para o período de um dia ou um dia e meio de atividades;
 abrir ou encerrar, se possível, a Visita com uma Celebração Eucarística;
 no caso da Fraternidade Local, reservar um tempo da visita para os enfermos e idosos (SEI) e
para os vocacionados (aqueles que estão no Tempo de Iniciação e Formação);
 no caso da Fraternidade Local, os visitadores deixem bastante tempo para os irmãos e irmãs se
manifestarem, pois a finalidade da Visita não é dar palestra;
 no caso da Fraternidade Local, a Visita ao Conselho, deve ser feita, de preferência, após o
encontro com toda a Fraternidade;
 a Visita deve ser conduzida em espírito de Fraternidade, mantendo sempre um clima de alegria
e simplicidade;
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 proporcionar um momento de convivência fraterna (almoço, lanche, ...) entre os irmãos da
Fraternidade e os visitadores.
III - CRONOGRAMA
1. Preparação da Visita:
 combinar com a Fraternidade (Regional ou Local) a data, o local, o horário e o endereço da visita.
Lembrar a importância de que toda a Fraternidade deve estar presente, incluindo o Assistente
Espiritual.
 o Ministro e seu Conselho deve definir o Programa da Visita e enviar aos visitadores com trinta
dias de antecedência;
 os visitadores devem enviar para a Fraternidade um Questionário Prévio (modelo abaixo);
 que os Ministros enviem aos visitadores um cópia do último Termo de Visita, para que tomem
conhecimento das recomendações, verificar se foram cumpridas e, evitar que as mesmas se
repitam;
 que os visitadores analisem o REFRAN e o Questionário Prévio, anotando eventuais itens pouco
claros e dificuldades;
 é muito importante que os visitadores levem consigo os Documentos oficiais da OFS (CCGG,
Vida em Fraternidade, Regra da OFS), como também, circulares, cartas e avisos de nível superior.
OBSERVAÇÃO
O elogio para o que está bem em uma Fraternidade pode ser um grande incentivo para prosseguir
na caminhada. Mas também a correção fraterna, se necessária, deve ser aplicada com moderação
e caridade.
2. Visita propriamente dita
Dividir a visita em três momentos específicos:
Primeiro Momento: encontro com toda a Fraternidade, pois é o momento mais importante da visita.
Dar um tempo para os irmãos e irmãs se manifestarem através de perguntas. Dar um breve espaço de
tempo ao Assistente Espiritual para um momento de espiritualidade.
Segundo Momento: no encontro com os membros do Conselho recomenda-se:
 esclarecer eventuais dúvidas em relação ao trabalho de cada serviço (Formação, Animação
Vocacional, Tesouraria, Secretaria, SEI, Presença no Mundo);
 incentivar o trabalho de Animação Vocacional e JUFRA;
 orientar quanto as informações pouco claras do REFRAN;
 comunicar as Prioridades do Capítulo (Nacional ou Regional) e posteriormente, fazer o
acompanhamento quanto o cumprimento das mesmas;
 ajudar a sanar as dificuldades da Fraternidade e dos membros do Conselho, o quanto possível;
 deixar as recomendações de maneira clara, de acordo com a necessidades e dificuldades da
Fraternidade;
 verificar os Livros e dar as devidas orientações quanto a importância de mantê-los em ordem;
 orientar as Fraternidades que possuem personalidade jurídica quanto aos compromissos com
a Receita;
 elaborar o Termo de Visita no livro próprio para isso.
Terceiro Momento: fazer a visita aos enfermos e idosos e programar um encontro específico para os
vocacionados.
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Visita Pastoral e Capitulo Eletivo na
Ordem Franciscana Secular
Papel e missão do Assistente Espiritual Regional
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
1. Na vida de um Regional da Ordem Franciscana Secular há dois momentos muito importantes que
merecem nossa reflexão: a Visita Fraterno-Pastoral e a celebração do Capítulo Eletivo nas
Fraternidades Locais. Normalmente, esses dois eventos contam com a participação do Ministro
Regional (ou seu delegado) e de um Assistente Espiritual. Muitas das visitas, dentro do possível,
deveriam ser feitas pelo próprio Ministro, que tem a última responsabilidade sobre as Fraternidades.
Os Documentos da OFS apresentam as orientações necessárias para que esta tarefa seja realizada a
contento (cf. A Vida em Fraternidade, XI. Visita Fraterno Pastoral, p. 83s).
2. A visita é uma realidade humana de grande alcance. Trata-se de um gesto de manifestação de amor
e de cortesia. Houve tempo em que as pessoas se visitavam com maior freqüência. O domingo era
dedicado às visitas familiares: ver os avós, receber tios e primos, procurar se fazer presente na vida das
pessoas enfermas. Normalmente falando, as visitas se revestem de um cunho de interesse discreto, de
atenção e de alegria. Dizemos aos outros que eles contam aos nossos olhos. Sim, irmãos visitam irmãos,
amigos visitam amigos. Na visita uns dão hospitalidade aos outros. Preparamos a cama mais
confortável para o hóspede, reservamos as melhores toalhas e os lençóis mais novos, limpamos as
vidraças e colocamos flores nos vasos. Os que se visitam têm coisas a se dizer. Não transmitem apenas
regras e ordens, mas falam do que vivem, do que habita seu coração. Normalmente trazem presentes,
pequenos sinais de afeto, pequenos mimos, sendo que o mais importante de todos é a própria
presença de quem chega, pessoa que deixou sua casa, seus afazeres, seu mundo para estar com aquele
a quem veio visitar.
3. No cotidiano de uma Fraternidade Franciscana Secular há muitas visitas: na reunião mensal os
irmãos visitam o coração dos irmãos, irmãos abrem as portas do coração para acolher o irmão que
chega, visita aos doentes, visita do ministro local aos irmãos faltosos.
4. As observações feitas até agora se aplicam também às visitas que fazem Ministro Regional,
Conselheiros dos Distritos e Assistentes Espirituais às Fraternidades Locais. De alguma forma, a
presença de irmãos do Regional no Capítulo Local é um jeito de visitar, de estimular, de fazer de sorte
que os irmãos não se afastem do espírito franciscano. A visita dos Ministros ou Conselheiros e
Assistentes Espirituais às Fraternidades Locais são: momento de encontro, momento de sentir o pulso
da fraternidade, momento de verdade, momento de transmitir entusiasmo, momento de correção
fraterna. Os Ministros que visitam trazem a paz e levam a gratidão. Ela será realizada na verdade e com
caridade.
5. Quando falamos em visita, pensamos naquela que fez Maria a Isabel, sua parenta, visita marcada
pela cortesia e pelo desejo da Virgem de transmitir uma alegria que não lhe cabia no peito. Lucas diz
que ela se dirigiu apressadamente… Duas mulheres de fé que se acolhem e a conclusão, por parte de
Maria, foi o canto do Magnificat. Pensamos também na visita de Jesus a Marta, Maria e Lázaro. Na
casa de seus amigos Jesus se sentia bem, encorajado, aceito. Poucos momentos antes de subir a
Jerusalém para começar sua paixão, Jesus esteve no aconchego da casa destes seus amigos. Pensamos
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naqueles personagens misteriosos que visitaram Abraão e que eram anjos de Deus. Refletimos,
sobretudo, na visita que o Altíssimo nos fez na pessoa do Menino de Belém e do Mártir do Calvário.
Nossas Visitas e os Capítulos eletivos dos quais participamos precisam ter uma mística. Não é possível
que sejam uma tarefa que termine com um relatório que a poucos interessa. Somos embaixadores de
um ideal e de uma mística que é nossa e desejamos que seja também das fraternidades que visitamos
e daqueles que são eleitos para os cargos da fraternidade nos capítulo eletivos.
6. O Conselho Regional da Ordem Franciscana Secular têm a missão de visitar as Fraternidades e ajudálas a crescer. Trata-se de um serviço de caridade e não apenas da realização de uma formalidade. Não
é suficiente assinar livros. Entra em jogo o amor que temos a nossos irmãos e à OFS. Delegados do
Ministro Regional e Assistentes Espirituais se deslocam, por vezes, durante muitas horas e ao longo de
centenas de quilômetros, em viagens cansativas para realizar esta sua missão. Por isso, a Visita deverá
ser realizada com competência e de maneira a produzir frutos. Visitadores e Assistentes precisam
sempre reavaliar seu trabalho. É dever dos Conselhos locais envidarem todos os esforços para que as
Visitas e a celebração do Capítulo não sejam atos triviais e realizados sem empenho e sem paixão. Há
sempre uma pergunta que fica na mente de visitadores: Será que valeu a pena tanto esforço? Será que
no ano que vem esta fraternidade vai dar passos na busca da santidade?
7. Objetivos da Visita Fraterno-Pastoral: reavivar o espírito evangélico franciscano, assegurar a
fidelidade ao carisma e à Regra, oferecer ajuda à vida de fraternidade, consolidar o vínculo de unidade
da Ordem, promover uma sempre maior integração com a Família Franciscana, verificar como está
sendo feita a formação em suas diferentes etapas, zelar pela animação vocacional e pela existência de
grupos de jovens franciscanos, de modo particular da JUFRA (cf. A Vida em Fraternidade- Visita
Fraterno-Pastoral p.83).
8. Vale, neste sentido, lembrar alguns cuidados especiais constantes de nossos documentos: prever
para a visita o tempo de um dia inteiro; abrir ou encerrá-la com a Celebração Eucarística; deixar tempo
suficiente para que a fraternidade se exprima; reservar um tempo para a visita aos doentes e idosos;
visitador e assistente deveriam ter um momento a sós com os formandos; convém que o encontro com
o Conselho se faça após a visita à Fraternidade; manter um clima de simplicidade, fraternidade; se
possível almoçar com os irmãos (cf. p. 90).
9. Os Ministros Gerais da Primeira Ordem e da TOR publicaram novamente em Roma, em 2009, no o
Estatuto da Assistência Espiritual e Pastoral da Ordem Franciscana Secular, que já vigorava desde 2002.
O texto tem algumas poucas modificações. Dele pinçamos alguns elementos para nossa reflexão:
Encarnación del Pozo, Ministra Geral da OFS, no Capítulo Internacional das Esteiras em 16 de abril de
2009, dizia: “O cuidado pastoral e a Assistência Espiritual à OFS, mais do que uma norma jurídica, há
de brotar do amor e da fidelidade à sua própria vocação e do desejo de comunicá-la, levando em
consideração a natureza da Fraternidade secular e dando prioridade ao testemunho de vida franciscana
e mais especialmente ao acompanhamento fraterno” (Introdução).
Sabemos que, de alguma forma, são diferentes as maneiras da assistência local, regional, nacional e
internacional. Há, no entanto, alguns pontos que tocam a todos os Assistentes.
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Eles dão o testemunho de vida franciscana e do afeto dos religiosos pelos franciscanos seculares.
O principal dever do Assistente é levar os irmãos a uma compreensão mais aprofundada da
espiritualidade franciscana; colaborar na formação inicial e permanente,
O Visitador e o Assistente Espiritual verificam se a Fraternidade está se dirigindo para sua
finalidade;
O Assistente Regional cuida que a Assistência local se faça conforme as prescrições das CCGG,
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
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Ajuda o Assistente Local a realizar sua missão; promove, em nível regional, encontros e cursos
de formação para os Assistentes;
“Por ocasião da visita à Fraternidade Local, os visitadores encontrarão as fraternidade com
todos os seus membros e divisões de que é composta. Prestarão uma atenção especial aos
irmãos e irmãs que estão no período da formação e aos que eventualmente precisariam de um
colóquio ou encontro pessoal. Se necessário eles haverão de fazer a devida correção fraterna”
(art. 14,5).
10. Diante do exposto, elencamos alguns pontos que são importantes para o bom andamento do
trabalho de conselheiros e assistentes por ocasião das visitas e dos capítulos:
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As visitas deverão ser feitas pelo Conselheiro e pelo Assistente. Não convém que sejam apenas
Visitas Fraternas. Na medida do possível, os Assistentes precisarão estar presentes e não
apenas uma presença de corpo.
Estes não podem ser apenas uma figura decorativa, mas sua tarefa necessita ser especificada.
Não pode também anular a presença e a missão do Conselheiro. Este por sua vez, não poderá
falar o tempo todo. Ele e o Assistente saberão, com cuidado, sentir de verdade as luzes e as
sombras. No final do encontro, com delicadeza, dirão aos irmãos as impressões da visita.
Convém, quando o Assistente é sacerdote, que seja realizada uma celebração eucarística
apenas com os membros da Fraternidade ou então com a comunidade paroquial. A visita não
é retiro. Não se poderá programar adorações eucarísticas e outros atos piedosos mais longos.
De outro lado fundamental que haja um denso momento de oração onde transpareça o espírito
franciscano.
Seria recomendável que para a celebração ou para todo o desenrolar da Visita Fraterno p
Pastoral estivessem presentes os membros da JUFRA que poderiam merecer uma atenção
especial do Assistente.
Parece fundamental que, por ocasião das Visitas e dos Capítulos, o Assistente local se faça
presente. Importante sua presença, sua palavra, sobretudo na reunião do Conselho. Por que
tão poucos Assistentes comparecem a esses eventos? Será por falta de tempo ou
desmotivação? Até que ponto nossas Fraternidades procuram motivar seus Assistentes?
Um ponto importante, sobretudo nas visitas, é um exame da qualidade da assistência local.
Pode acontecer que esse ponto esteja sendo gravemente negligenciado. O tempo passa
depressa e há Fraternidades que, praticamente, ao longo do ano, contam com a presença do
Assistente apenas em momentos festivos.
No desenrolar da Visita Fraterno Pastoral será importante que o Assistente regional tenha um
tempo razoável para a formação. Não deve este, no entanto, “inventar” seu temário ou ler
umas folhas de assunto geral preparado para outro grupo. Ao menos não de maneira habitual.
Bom seria se ele aprofundasse aqueles temas que o Nacional e o Regional escolheram. No
momento atual parece importante que ele reflita com as Fraternidades sobre o revigoramento
das fraternidades e a revitalização das fraternidades. O desenvolvimento do espírito
missionário e evangelizador e o cuidado pelo meio ambiente na perspectiva franciscana. Todos
os assistentes deveriam poder falar destes temas sem esquecer outros que continuam
importantes: valor da profissão na OFS, presença do leigo franciscano no mundo de hoje. O
ideal seria se pudesse ser feito um debate sobre esses temas.
Que o Assistente Regional verifique bem a questão dos retiros das fraternidades locais: se estão
sendo feitos, como, em que espírito…. Não basta um dia de convivência…
Mais difícil de ser delineada é o papel do Assistente Regional no momento do Capitulo Eletivo
local. Toda a dinâmica das eleições está nas mãos daquele que, em nome do Regional, preside
o capitulo. Que dizer?
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
Sempre que possível sejam feitas prévias que facilitem o trabalho da eleição. Os conselhos
locais precisam motivar os irmãos para a eleição. Cuidar que as prévias não seja, na cabeça de
alguns, cartas marcadas para ganhar…
Antes de começar a dinâmica da eleição cabe uma palavra vigorosa, amiga, firme do Assistente
Regional, mais ou menos nesta linha: irmãos que servem irmãos; ninguém recuse o serviço;
ninguém se apodere do “poder”; bom candidato é o que veste a camisa da OFS, eleger quem
tem amor pela Ordem, que busca a intimidade com Deus, que sabe criar um clima de
fraternismo, que respeita os outros… Insistir no espírito das exortações de Francisco: lavador
de pés dos irmãos e nada mais.
Quem preside a eleição tem que conhecer as regras e não perder tempo. Na medida do possível,
enquanto for permitido, escolher as funções essenciais e deixar que o Conselho eleito nomeie
outros cargos.
No momento da deposição dos cargos cabe uma palavra breve também do Assistente.
Há alguns temas ou assuntos que devem ser mencionados e encorajados tanto pelo Visitador
tanto quanto pelo Assistente: promoção e animação vocacional, criação de grupos de jovens
franciscanos, alimentar uma consciência delicada diante das exigências do evangelho que
levam à santidade.
Perguntas:
1. Quando terminamos as Visitas e voltamos à casa, que sensação experimentamos?
2. Será que as Fraternidades se revigoram depois das Visitas?
3. Por que certas Fraternidades dizem que não quererem Visita?
4. Será que temos condições de aumentar o tempo das Visitas?
5. Que sugestões temos para melhorar a qualidade de nossa presença junto às Fraternidades?
6. Como podemos realizar melhor as sessões referentes aos Capítulo Eletivos?
7. O que podemos fazer para que as Fraternidades tenham Assistência local de qualidade?
I - MODELO DE QUESTIONÁRIO PRÉVIO POR OCASIÃO DA VISITA FRATERNA E
PASTORAL AO REGIONAL
1) Do Termo da última Visita Fraterna e Pastoral, quais as recomendações que não foi possível
realizar? Explicar as dificuldades.
2) Houve encontro de Assistentes Espirituais na Região? Se houve, quantos desde a última Visita?
Como foi a freqüência?
3) Quais as Fraternidades Locais que não receberam a VFP há mais de um ano? Se existem, quais as
sugestões para que isso se resolva?
4) Há Fraternidades Locais que não realizaram seus Capítulos Eletivos no prazo devido? Se existem,
como solucionar isso?
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5) Há Fraternidades que não participam dos Capítulos Regionais ou outros encontros? O que tem sido
feito para sanar essa falha?
6) O Conselho Regional tem conhecimento de que existem Fraternidades sem Mestre de Formação?
O que tem sido feito para ajudar nessa dificuldade?
7) Nas Fraternidades onde o Mestre de Formação exerce suas atividades, o faz regularmente? Caso
isto não esteja acontecendo, que providências podem ser tomadas pelo Conselho Regional?
8) Há Fraternidades que ainda não se conscientizaram do dever da contribuição financeira? Se
existem, que esforços tem sido feitos no âmbito da formação permanente para mudar a
mentalidade dos irmãos e irmãs que não ajudam o desenvolvimento e crescimento de suas
Fraternidades?
9) O Conselho Regional está se preocupando com as Fraternidades envelhecidas e motivando-as a
trabalhar a Animação Vocacional? Como?
10) Como estão acontecendo as mútuas relações entre o Regional da OFS e a JUFRA? O Secretário
Regional e o Animador Fraterno participam das reuniões do Conselho?
11) O Regional conta com a Conferência de Assistentes Espirituais? Como é
realizado o trabalho?
12) Quais os maiores desafios enfrentados pelo Regional?
II - MODELO DE QUESTIONÁRIO PRÉVIO POR OCASIÃO DA
VISITA FRATERNA E PASTORAL À FRATERNIDADE LOCAL
1) Do Termo da última Visita Fraterna e Pastoral, quais as recomendações que não foi possível realizar?
Explicar as dificuldades.
2) A Fraternidade tem Assistente Espiritual? Como tem sido a sua atuação na Fraternidade?
3) A Fraternidade realiza o Capítulo Avaliativo anualmente? Recebe a Visita do Regional regularmente?
4) A Fraternidade participa dos Capítulos Regionais ou outros encontros?
5) Como tem sido trabalhada a Formação Inicial e Permanente? Tem equipe de formação?
6) No caso da Formação Permanente, estão sendo incluídas as prioridades do Capítulo Nacional e
Regional?
7) No caso da Formação Inicial, está sendo incluído o Documento das Mútuas Relações OFS e JUFRA?
8) Os irmãos assinam a revista Paz e Bem e a utilizam como instrumento de formação? Quantos são
assinantes?
9) Como são realizadas as visitas aos irmãos do SEI?
10) O Conselho elabora um programa anual de atividades e de formação?
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11) A Fraternidade tem uma atividade apostólica (Presença no Mundo)?
12) O que a Fraternidade tem feito em relação à Animação Vocacional? E em relação à JUFRA?
13) A Fraternidade é consciente do dever da contribuição financeira?
14) Os irmãos assinam a revista Paz e Bem e a utilizam como instrumento de formação? Quantos são
assinantes.
15) Quais os maiores desafios enfrentados pela Fraternidade.
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