a definição utilizada como estratégia divulgativa sobre transgênico
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A DEFINIÇÃO UTILIZADA COMO ESTRATÉGIA DIVULGATIVA SOBRE TRANSGÊNICO NA MÍDIA IMPRESSA1 THE DEFINITION USED AS PUBLISHING STRATEGY ABOUT TRANSGENIC IN THE MEDIA Cristiane Cataldi* Resumo Em função de um intenso e controvertido debate público sobre os benefícios e possíveis riscos das plantas, cultivos e alimentos transgênicos, observa-se a existência de um conjunto significativo de informações publicadas na mídia impressa nacional e internacional. Tendo como base essa realidade discursiva, o presente trabalho tem por objetivo analisar a definição a partir da perspectiva da Análise do Discurso. Como parte da metodologia, foi realizada uma busca nos 248 textos, que compõem o corpus de análise, procedentes dos jornais espanhóis El País e La Vanguardia, no decorrer dos anos 1999 e 2000, com o objetivo de identificar as diversas definições utilizadas para divulgar o conhecimento sobre “planta transgênica”. A análise discursiva da definição revela que os jornalistas a utilizam em geral no primeiro ou segundo parágrafo de cada texto, independente do gênero jornalístico, como uma importante estratégia divulgativa para explicar ao grande público em que consiste a modificação genética vegetal, destacando, na maioria das definições analisadas, a finalidade científica e social dessa nova biotecnologia. Isso revela que existe uma ordem didático-cognitiva em relação à apresentação de temas de caráter científico, que tem como objetivo definir, em um primeiro momento, o tema tratado de acordo com as máximas jornalísticas: conhecimento atual, interessante, relevante e que afeta diretamente a vida dos leitores preocupados com o consumo dos alimentos transgênicos. Palavras-chave: Lingüística, Análise do Discurso, Divulgação Científica, Transgênico, Mídia Impressa, Jornalismo Espanhol. Abstract Because of the intense and controversial public debate about possible benefits and hazards of genetically modified food, there has been a significant amount of information published in the national and international media. Within this context, this paper aims at analyzing the definition of Scientific Publication under the perspective of Discourse Analysis. The data consisted of 248 texts from two Spanish newspapers, El País and La Vanguardia, in the years of 1999 and 2000. The aim was to identify the several definitions used to publish knowledge about “genetically modified plants”. The discourse analysis has shown that journalists usually use this expression in the first or second paragraph of the text, regardless of the journalistic genre. The expression is used as an important publishing strategy to explain to the public what genetically modification of plants is and to highlight, in most of the analyzed definitions, the social and scientific aims of this new biotechnology. The results have also shown the existence of a didacticcognitive order of presenting these scientific themes, whose aim is to define first, and then, inform about the theme according to journalism maxims: current, present, interesting and relevant knowledge that directly affects readers who are concerned about genetically modified food. Key words: Linguistics, Discourse Analysis, Scientific Publication,Transgenic, Media, Spanish Newspaper. 1 Introdução No atual contexto da biotecnologia vegetal, observam-se, por um lado, importantes avanços científicos relacionados com a obtenção de novas variedades de plantas transgênicas e, por outro, uma grande discussão sobre as implicações ecológicas da liberação de sementes modificadas geneticamente no meio ambiente, como também as conseqüências para a saúde ao incorporar os produtos transgênicos na cadeia alimentar. Motivada por questões socioeconômicas, essa nova tecnologia está cada dia mais presente na vida diária de muitas pessoas e se constata um amplo debate público sobre os benefícios e os possíveis riscos dos cultivos e alimentos transgênicos. Em função desse intenso debate social, verifica-se a existência de um conjunto significativo de informações sobre plantas, cultivos e alimentos transgênicos publicadas nos jornais tanto da esfera midiática nacional quanto internacional, já que os meios de comunicação, como difusores informativos, têm a função de proporcionar a (in)formação e o conhecimento necessários para que a sociedade possa ampliar sua capacidade de entendimento e decisão frente às novas conquistas científicas, nesse caso específico, sobre o consumo dos alimentos transgênicos. Tendo como base essa realidade discursiva, o presente trabalho tem por objetivo analisar a definição como uma importante estratégia divulgativa referente ao conhecimento “planta transgênica”, considerando o aporte teórico da Análise do Discurso da Divulgação Científica (Calsamiglia e Tusón, 1999; Calsamiglia et al., 2001; Calsamiglia, 2000, 2003; Cassany et al., 2000; Cassany e Martí, 1998; Cataldi, 2003; Van Dijk, 1990, 2000). Observar os procedimentos que determinam a estrutura discursiva dos textos jornalísticos de divulgação científica constitui um campo de investigação interessante e importante no âmbito da análise lingüísticodiscursiva. Assim, a partir de um enfoque lingüístico, a análise discursiva permite observar como as expressões lingüísticas funcionam para construir formas de comunicação e representação do mundo, relacionando o texto com seu contexto a partir de uma intenção comunicativa. Os 248 textos que constituem o corpus de análise procedem dos jornais espanhóis de informação geral El País e La Vanguardia. Esses textos foram selecionados durante os anos 1999 e 2000, já que no decorrer desses anos importantes acontecimentos contribuíram para que os organismos transgênicos tivessem uma repercussão significativa nos jornais espanhóis, como mostra a Figura 1. De acordo com a classificação apresentada por Cataldi (2003), os textos selecionados são de distintos gêneros jornalísticos, entre os que se incluem textos informativos (breve, notícia e informação), textos interpretativos (crônica, reportagem e entrevista) e textos de opinião (editorial, coluna, comentário, artigo e cartas ao diretor/cartas dos leitores). Na Tabela 1, apresenta-se o número de textos publicados nos jornais espanhóis El País e La Vanguardia sobre “planta transgênica” durante os anos 1999 e 2000. Como parte da metodologia, foi realizada uma busca nos 248 textos, que compõem o corpus de análise, com o objetivo de identificar as definições utilizadas para divulgar o conhecimento sobre “planta transgênica” nos jornais espanhóis. A análise discursiva da definição revela que os jornalistas a utilizam como uma importante estratégia divulgativa para explicar ao grande público em que consiste a modificação genética vegetal. Figura 1 – Cronologia das informações sobre os alimentos transgênicos publicada nos jornais espanhóis no período de janeiro de 1997 a dezembro de 2001 Fonte: Ramón et al. (2002, p. 286). Tabela 1 – Número de textos publicados nos jornais espanhóis El País e La Vanguardia sobre o tema “planta transgênica” durante os anos 1999 e 2000 Jornal Ano Total 1999 2000 El País 94 64 158 La Vanguardia 73 17 90 Total 167 81 248 2 Análise do Discurso da Divulgação Científica A Análise do Discurso é um campo de estudo interdisciplinar em pleno desenvolvimento, que tem como objetivo identificar, descrever e analisar os distintos fenômenos lingüísticos implicados no uso da linguagem. Considerando o aporte teórico e metodológico da Análise do Discurso, cada texto, como unidade de análise, deve ser enfocado a partir do seu contexto real de aparição, de acordo com os propósitos e finalidades de cada situação comunicativa (Van Dijk, 1990, 2000; Calsamiglia e Tusón, 1999). Nessa perspectiva, os textos jornalísticos de divulgação científica constituem uma forma de discurso público nos quais se integra uma série de fatores relacionados com o contexto em que surgem. O estudo da divulgação da ciência permite observar o processo de recontextualização de um saber produzido em um círculo social restringido, com propósitos e interesses particulares, em uma esfera discursiva essencialmente ampla, diversificada e dinâmica. O processo de recontextualização do conhecimento científico na mídia impressa caracteriza-se por re-criar esse tipo de conhecimento para cada público (Calsamiglia et al., 2001; Cassany et al., 2000). Nessa concepção, o conhecimento científico está diretamente relacionado com a sua representação discursiva, inserida e dependente de um contexto comunicativo (identidade e status dos interlocutores, circunstâncias temporais, espaciais, econômicas, sociais, culturais etc.). Portanto, a tarefa divulgadora não somente exige a elaboração de uma forma discursiva adequada às novas circunstâncias (conhecimento prévio dos destinatários, interesses, canal comunicativo etc.), mas também à reconstrução – a re-criação – do mesmo conhecimento para um público diferente. De acordo com essa concepção, a divulgação da ciência é enfocada desde uma perspectiva essencialmente discursiva ao considerar a estrutura, organização e reformulação textual, as especificidades léxico-semânticas e as particularidades enunciativas e retóricas, dentre outras, que evidenciam a dinâmica da recontextualização do discurso científico em discurso divulgativo. De acordo com Calsamiglia (2000), os profissionais do jornalismo enfrentam um grande desafio no processo de recontextualização do conhecimento científico para o grande público, que se concretiza a partir das seguintes perguntas: O que dizer? (seleção e relevância), Como dizer? (com termos específicos, substituições léxicas, expressões denominativas ou paráfrases?), Como explicar? (com que procedimentos discursivos, com que recursos expressivos?), Como motivar? (desde que perspectiva vale a pena apresentar o tema para que este tenha sentido na vida social?), Com que intenção? (informar, explicar, divulgar?). Em geral, os meios de comunicação utilizam determinados procedimentos discursivos que têm características específicas devido à sua função social. Ainda que o discurso divulgativo utilize informações procedentes do discurso científico, o modo de elaboração desse novo discurso é específico, pois está determinado por concepções próprias de produção e de difusão. Assim, a atividade de divulgar informações de caráter científico na imprensa escrita diária apresenta-se a partir de uma variedade de estratégias discursivas que compreendem um vasto espectro que vai desde a definição, por um lado, até a metáfora no outro, passando pela aposição explicativa, a paráfrase, a denominação, a exemplificação, a comparação e a analogia, dentre outras. É muito provável que em um mesmo texto se tomem, várias vezes e em momentos distintos, decisões diferentes sobre se usar ou não um determinado conceito e com que recursos expressivos. Cada procedimento discursivo contribui de forma específica para a representação e a difusão da informação de caráter científico. 3 A Definição Utilizada como Estratégia Divulgativa na Mídia Impressa Em relação à tarefa de divulgar o conhecimento científico na mídia impressa, observa-se a necessidade de se elaborar discursos adequados às especificidades de cada situação comunicativa. Esses novos discursos são recontextualizados a partir de estratégias divulgativas (Cassany e Martí, 1998), que são distintos tipos de recursos ou procedimentos verbais que têm como objetivo tornar acessíveis ao público em geral os termos e os conceitos técnicos formulados previamente em um registro especializado próprio de cada disciplina científica. Dentre os vários procedimentos discursivos usados no discurso divulgativo, destaca-se a definição, como uma estratégia léxico-semântica utilizada para explicar o sentido do termo divulgado. Assim, observa-se até que ponto a divulgação prefere utilizar a terminologia específica ou outras denominações mais comuns como sinônimos genéricos ou algum tipo de paráfrase para definir o termo científico em questão. Ao observar o corpus de análise, constata-se que 10% dos textos publicados nos jornais El País e La Vanguardia apresentam algum tipo de definição para referir-se à informação sobre “planta transgênica” (Consultar Anexo). De acordo com Cataldi (2003), para que se possa observar o funcionamento discursivo da estratégia divulgativa definição, será necessário o estabelecimento das seguintes categorias de análise: 1) categorias de caráter identificativo e descritivo, como distribuição mensal, autor, localização no texto, gênero jornalístico; 2) categorias de caráter léxico-semântico, como referente discursivo do termo “transgênico”, seleção lexical, finalidade científica e social da modificação genética, perguntas retóricas, que evidenciam como os jornais espanhóis El País e La Vanguardia utilizam a definição na divulgação do conhecimento científico “planta transgênica”. 3.1 Categorias de Caráter Identificativo e Descritivo 3.1.1 Distribuição Mensal Em geral, a distribuição mensal das definições publicadas está relacionada aos eventos referentes à regularização e ao comércio dos alimentos transgênicos. Dessa forma, cinco definições encontram-se no mês de fevereiro de 1999, período em que foi realizada, em Cartagena de Indias (Colômbia), a Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade. Essa Convenção tinha como objetivo fundamental elaborar um protocolo para regulamentar o comércio internacional dos organismos transgênicos. A cobertura jornalística dada aos transgênicos durante esse mês foi bastante significativa, sendo o período em que mais textos sobre transgênicos foram publicados nos jornais espanhóis entre os anos 1997 e 2001 (observar Figura 1). 3.1.2 Autor Em relação aos autores, não foi identificada nenhuma definição escrita por um científico especialista em biotecnologia. Observa-se, assim, que os jornalistas ou a própria equipe de redação de cada jornal se encarregou de explicar, de forma geral, ao leitor o que é um alimento transgênico. A única definição elaborada por um acadêmico-científico foi a de um catedrático em filosofia, ciência e sociedade do CSIC (Conselho Superior de Investigação Científica) e tem um sentido mais filosófico que explicativo, tendo sido identificada em um artigo de opinião no jornal El País na forma de silogismo: “Se os organismos transgênicos são os que contêm genes de outras espécies incorporados ao seu genoma, todos os organismos são transgênicos, inclusive nós mesmos, pois temos genes procedentes de múltiplas espécies ancestrais” (El País 2000-021). 3.1.3 Localização das Definições no Texto Jornalístico Praticamente todas as definições são apresentadas no primeiro ou no segundo parágrafo de cada texto, independente do tipo de gênero jornalístico. Essa estratégia discursiva revela que existe uma ordem didático-cognitiva em relação à apresentação de temas de caráter científico na mídia impressa, que tem como finalidade definir, em um primeiro momento, para depois informar de acordo com as máximas jornalísticas: conhecimento atual, interessante e relevante e que afeta diretamente a vida dos leitores preocupados em conhecer os benefícios e os possíveis riscos dessa biotecnologia vegetal. 3.1.4 Gênero Jornalístico Em relação ao gênero jornalístico, observa-se que as definições estão presentes em todos os gêneros (informativo, interpretativo e opinativo), com predomínio nos editoriais e nas notícias. As definições identificadas nos editoriais revelam o interesse de cada jornal em interpretar e explicar as informações sobre plantas, cultivos e alimentos transgênicos, para depois manifestar seu ponto de vista, destacando a importância de se conhecer esse tema no atual contexto dos avanços biotecnológicos. 3.2 Categorias de Caráter Léxico-semântico 3.2.1 Referente Discursivo do Termo “Transgênico” Observa-se nas definições que o termo “transgênico”, que no seu contexto de origem funciona discursivamente como adjetivo, tem como principal referente discursivo a palavra “alimento”. Dessa forma, o objetivo dos jornais é explicar ao público o que significa um “alimento transgênico”, ressaltando que esse tipo de alimento é o resultado de uma “modificação” ou “alteração” genética. 3.2.2 Seleção Lexical Em relação ao léxico utilizado nas definições, observa-se que, para se caracterizar um organismo transgênico, foram utilizadas palavras de caráter geral, como “modificação” ou “alteração”, e de caráter específico procedente do âmbito biotecnológico, como “genética” ou que houve “incorporação de genes”. Nos fragmentos a seguir, retirados das definições apresentadas no Anexo, pode-se observar como ocorreu essa seleção lexical: “matérias-primas vegetais ou animais geneticamente modificadas”; “carga genética foi modificada”; [“que incorporam genes de outros organismos”]; (“modificados geneticamente”); “contêm genes de outras espécies incorporados ao seu genoma”; “sofreram alterações em sua dotação genética”; “foram injetados genes de outros organismos”; “incorporam genes procedentes de outra espécie”; “foi introduzido um gene de outra espécie com técnicas de engenharia genética”; “foram introduzidos genes de outras espécies com técnicas de engenharia genética”; “foi realizada uma modificação com genes procedentes de sua mesma espécie ou de qualquer outro ser vivo”; “alterar a informação genética”; “foram incorporados artificialmente genes de outra espécie”. Para que o leitor compreenda o significado de um organismo/produto transgênico, deve conhecer o significado desses termos metalingüísticos que semanticamente estruturam as várias definições identificadas no corpus de análise. Somente em uma definição se explica em que consiste a modificação genética: "Pode-se fazer de duas maneiras: introduzindo um gene de outra espécie por meio da engenharia genética ou mudando a expressão de genes próprios sem introduzir ADN de outra espécie" (El País 1999-007). Em nenhuma definição, observou-se a utilização da palavra “manipulação”, que em determinados contextos discursivos pode ser utilizada com sentido negativo2 em relação ao processo que caracteriza os alimentos transgênicos. 3.2.3 Finalidade Científica e Social da Modificação Genética Na maioria das definições, a finalidade científica e social dos alimentos transgênicos é apresentada ao público, ou seja, mostra-se “para que” serve esse tipo de alimento. Nos fragmentos a seguir, retirados das definições apresentadas no Anexo, pode-se observar a finalidade dos OGMs: “para que apresentem alguma característica desejável, ausente na espécie natural (...)”; “para proteger-lhes contra enfermidades, pragas, produtos químicos ou condições ambientais adversas”; “para despoluir o Guadiamar; para dar-lhes alguma característica que se considera positiva (...)”; “para aumentar a produtividade ou a resistência aos pesticidas”; “para dotar o organismo receptor de umas propriedades que originariamente não possui (...)”; “para torná-las mais resistentes a insetos”; “para controlar sua maturação ou para torná-las mais resistentes a determinados tipos de solo”. Essa forma de definição é própria da divulgação científica e se apóia na função do objeto, seu uso e na apresentação dos benefícios e/ou possíveis riscos, despertando, assim, o interesse do leitor em relação ao tema científico tratado. Gallardo (1998) observa que o leitor está sempre interessado na utilidade social de qualquer novidade científica. Constata-se, nas definições analisadas, que a finalidade dos alimentos transgênicos é sempre benéfica. Esse enfoque contribui para a construção de uma percepção pública positiva em relação às plantas transgênicas na esfera social. 3.2.4 Perguntas Retóricas Algumas definições foram introduzidas a partir de perguntas retóricas utilizadas para introduzir dialeticamente o conhecimento sobre “transgênico”: “O que são os alimentos transgênicos?” (El País 1999007) e “O que é um transgênico" (La Vanguardia 1999-009). O jornal El País identifica o organismo transgênico que se pretende definir a partir da utilização do referente discursivo “alimento”. Por outro lado, no jornal La Vanguardia, a palavra “transgênico” aparece sozinha, não se especifica para o leitor o tipo de organismo transgênico que se pretende definir e não se utiliza o sinal de interrogação ao final da pergunta. Este recurso retórico de chamar o leitor dialeticamente para participar da construção do conhecimento científico é bastante utilizado na divulgação dos conhecimentos científicos na mídia impressa, já que desperta a atenção e o interesse do mesmo para o que está sendo tratado. 4 Considerações Finais Os textos jornalísticos de divulgação científica constituem uma fonte de (in)formação importante e significativa no atual contexto da circulação e integração social do saber. Considerando o aporte teórico referente à Análise do Discurso da Divulgação Científica, a representação e a difusão do conhecimento científico na mídia impressa pressupõem um enfoque que abarca tanto o campo da análise lingüística geral como o processo de recontextualização discursiva a partir da utilização de diversos procedimentos lingüístico-discursivos, destacando a definição como uma importante estratégia divulgativa. A análise das características léxico-semânticas da definição evidencia que a representação e a difusão do conhecimento sobre “planta transgênica” na mídia impressa têm uma finalidade discursiva de caráter divulgativo, objetivando transmitir ao leitor informações relevantes, principalmente sobre o processo e a finalidade científica e social da modificação genética e os benefícios desse tipo de alimento. Constata-se, também, que, em virtude do número reduzido de informações de caráter técnico-científico referentes às investigações sobre as plantas transgênicas, a divulgação na mídia impressa diária tem como finalidade discursiva noticiar os acontecimentos científicos e sociais mais importantes relacionados aos alimentos transgênicos que afetam diretamente a vida das pessoas. Esse tipo de discurso caracteriza-se, assim, como uma intensa e dinâmica divulgação debate, em função da polêmica científica e social que envolve o conhecimento biotecnológico em questão. Notas [1] Este trabalho foi apresentado no II Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade, realizado na PUC-Rio, no período de 7 a 9 de setembro de 2006, no Rio de Janeiro, e é fruto da Tese de Doutorado da referida autora, concluída na Universitat Pompeu Fabra – Barcelona (Espanha) em dezembro de 2003, intitulada Los transgénicos en la prensa española: una propuesta de análisis discursivo. 2 Na análise realizada em relação à estratégia divulgativa denominação (Cataldi, 2003), as organizações ecologistas utilizam a palavra “manipulação” para se referirem aos riscos sanitários e meio-ambientais das plantas, cultivos e alimentos transgênicos, reforçando, assim, uma orientação discursiva negativa referente ao conhecimento científico em questão na mídia impressa. Referências CALSAMIGLIA, H. (Ed.). Decir la ciencia: las prácticas divulgativas en el punto de mira. Discurso y Sociedad, Barcelona: Gedisa, v. 2, n. 2, p. 3-8, 2000. ______ (Ed.). Popularization discourse. 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Puede hacerse de dos maneras: introduciendo un gen de otra especie por medio de la ingeniería genética o cambiando la expresión de genes propios sin introducir ADN de otra especie. do texto EP1999-007 (jornalista, assinou 15 textos) EP1999-020 21/02/199 9 1º parágrafo Redação Editorial Especies transgénicas son aquellas cuya carga genética ha sido modificada para que presenten alguna característica deseable, ausente en la especie natural: animales cuya leche puede contener principios preventivos de enfermedades, cosechas que resisten el frío, los parásitos o los insecticidas, o que maduran en cualquier momento del año. EP1999-029 26/02/199 9 1º parágrafo Redação Editorial (...) en Cartagena de Indias no se ha conseguido sacar adelante un protocolo de bioseguridad que regule el comercio de los alimentos transgénicos, aquellos cuya carga genética ha sido modificada para protegerles contra enfermedades, plagas, productos químicos o condiciones ambientales adversas. EP1999-033 15/03/199 9 4º parágrafo Alejando Bolaños (jornalista, assinou somente este texto) EP1999-034 17/03/199 9 1º parágrafo Hernán Iglesias Notícia Científicos y ecologistas habían cruzado en las últimas semanas declaraciones que alejaban cada vez más sus posiciones sobre alimentos transgénicos (modificados genéticamente). EP2000-021 22/03/200 0 1º parágrafo Jesús Mosterín (catedrático de Filosofia, Ciência e Sociedade – CSIC, assinou somente este texto) Artigo Si los organismos transgénicos son los que contienen genes de otras especies incorporados a su genoma, todos los organismos son transgénicos, incluso nosotros mismos, pues tenemos genes procedentes de múltiples especies ancestrales. Reportagem Una de las conclusiones de aquél foro fue que sería necesario diseñar organismos especializados, plantas transgénicas [que incorporan genes de otros organismos] para descontaminar el Guadiamar. (opinião) EP2000-027 13/04/200 0 1º parágrafo Redação Editorial Los alimentos transgénicos son aquellos que han sufrido alteraciones en su dotación genética para darles alguna característica que se considera positiva: que resistan a las plagas de parásitos o a los insecticidas, que necesiten menos abono o menos agua, que sean más grandes, den mayor rendimiento o se conserven mejor una vez cosechados. Nota: Na unidade de informação Autor/Fonte, apresentam-se o nome do autor, a referência profissional e o número total de textos elaborados por cada um durante os anos 1999 e 2000. Tabela 2 – Definições do termo “transgênico” identificadas no corpus de análise (continuação) Identificaçã o Data Localizaçã o no texto 29/05/200 0 1º parágrafo Autor / Fonte Tipo de Gênero Definição Crônica En la práctica, sin embargo, era un inmenso escaparate de alimentos transgénicos, es decir, productos elaborados a partir de plantas a las que se ha inyectado genes de otros organismos para aumentar la productividad o la resistencia a los pesticidas. Los alimentos transgénicos (también llamados alimentos modificados genéticamente) son productos de una especie animal o vegetal que incorporan genes procedentes de otra especie. no texto EP2000-045 Lola Galán (jornalista, assinou dois textos) LV1999-007 23/02/199 9 2º parágrafo Agências Notícia LV1999-009 23/02/199 9 1º parágrafo Redação Informação Qué es un transgénico Son transgénicos aquellos seres vivos en los que se ha introducido un gen de otra especie con técnicas de ingeniería genética. Por ejemplo, un tomate en el que se ha introducido un gen para que tarde más en madurar es transgénico. Existen también animales transgénicos, muy útiles en la investigación médica. Por extensión, son transgénicos aquellos alimentos que contienen ingredientes procedentes de cultivos transgénicos. LV1999-055 14/07/199 9 2º parágrafo Josep Corbella (jornalista, assinou Notícia Los organismos transgénicos son aquellos en los que se han introducido genes de otras especies con técnicas de ingeniería genética. Por ejemplo, en el Reino Unido se comercializan tomates a los que se ha añadido un gen para que tarden más en madurar. En España están autorizados actualmente, además de este tomate, una variedad de soja y tres variedades de maíz transgénico. Cinco textos) LV1999-056 16/07/199 9 2º parágrafo Bel Bosck (jornalista, assinou somente este texto) Coluna Un cultivo transgénico es aquél en el que utilizan semillas a las que se ha realizado una modificación con genes procedentes de su misma especie o de cualquier otro ser vivo, para dotar al organismo receptor de unas propiedades que originariamente no posee con el fin de ser resistente a herbicidas, plagas, etcétera. LV1999-064 15/10/199 9 1º parágrafo Redação Editorial En el origen de los transgénicos hay objetivos positivos. Consiste en alterar la información genética de las semillas para hacerlas más resistentes a insectos, para controlar su maduración o para hacerlas más adaptables a suelos en malas condiciones. LV1999-066 15/10/199 9 1º parágrafo Josep Corbella Informação Qué es un transgénico Un transgénico es un organismo en el que se han incorporado artificialmente genes de otra especie. No tiene por qué ser sólo un alimento. También puede tratarse de una materia prima como el algodón, un ratón para investigar el cáncer, una vaca que produzca más leche... Dados da autora: Cristiane Cataldi *Doutora em Lingüística – Universitat Pompeu Fabra/Barcelona – e Professora Adjunta – Departamento de Letras/Universidade Federal de Viçosa Endereço para contato: Universidade Federal de Viçosa – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Departamento de Letras Avenida P. H. Rolfs, s/n – Centro 36.570-000 Viçosa/MG – Brasil Endereço eletrônico: [email protected] Data de recebimento: 9 jun. 2008. Data de aprovação: 21 out. 2008