apostila - segmento farma editores

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apostila - segmento farma editores
transtorno depressivo na clínica médica
transtorno depressivo na clínica médica
interface entre depressão e clínic a m é d i c a
Mario R. Louzã Neto
!
VO
NO
Ecaz no tratamento da Depressão, prevenindo quadros
de recorrência,(1) bem como no tratamento do Transtorno
do Pânico e Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).(2)
Posologia:
• Depressão e TOC em adultos: 20 mg/dia podendo ser aumentada para até 60 mg/dia.(3)
• Transtorno do Pânico: iniciar com 10 mg/dia na primeira semana antes de aumentar a dose para 20 mg/dia,
podendo ser aumentada para até 40 mg/dia.(3)
• Depressão em idosos: 20 mg/dia podendo ser aumentada para até 40 mg/dia.(3)
• Transtorno do Pânico em idosos: iniciar com 10 mg/dia na primeira semana antes de aumentar a dose para 20 mg/dia, podendo ser
aumentada para até 40 mg/dia.(3)
Referência 1. Klyner R. Bent-Hansen J. Hansen HL, Lunde M. Pleidrup E, Poulsen DL, Andersen M Petersen, HE. Efficacy of citalopram in the prevention of recurrent depression in elderly patient: placebo-controlled study of maintanance therapy. Br J Psychiatry. 2002 Jul;181:29-35. 2. Pollock BG. Citalopram: a comprehensive review. Expert Opin Pharmacother. 2001 APR;2(4):681-98. 3.
Bula do produto
INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO: MAXAPRAN. citalopram. 20 mg. Comprimidos revestidos. USO ADULTO. USO ORAL. MS – 1.1213.0386. Indicações: no tratamento e prevenção de recaída ou recorrência da depressão; de transtornos do pânico com ou sem agorafobia e do transtorno obsessivo compulsivo. Contra-indicações: É CONTRA-INDICADO EM PACIENTES QUE APRESENTEM
HIPERSENSIBILIDADE AO CITALOPRAM OU A QUALQUER COMPONENTE DA FORMULAÇÃO. O TRATAMENTO CONCOMITANTE COM IMAOS, INCLUINDO SELEGILINA EM DOSES ACIMA DE 10 MG/DIA, É CONTRA-INDICADO. Precauções e advertências: ACONSELHA-SE UMA DOSE INICIAL BAIXA PARA REDUZIR A POSSIBILIDADE DE UM EFEITO ANSIOGÊNICO PARADOXAL. O MAXAPRAN
(CITALOPRAM) DEVE SER USADO COM CUIDADO EM PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GRAVE. HIPONATREMIA TEM SIDO RELATADA COMO UMA REAÇÃO ADVERSA RARA COM O USO DE ISRSS. APÓS A ADMINISTRAÇÃO PROLONGADA, A CESSAÇÃO ABRUPTA DE ISRSS PODE PRODUZIR SINTOMAS DE DESCONTINUAÇÃO, COMO TONTURA, PARESTESIA, TREMOR, ANSIEDADE,
NÁUSEAS E PALPITAÇÃO. RECOMENDA-SE QUE A DESCONTINUAÇÃO DO TRATAMENTO SEJA REALIZADA POR MEIO DE REDUÇÃO GRADUAL DA POSOLOGIA. PACIENTES EM USO DE ANTIDEPRESSIVOS DEVEM SER ATENTAMENTE MONITORADOS QUANTO À PIORA DA DEPRESSÃO, IDEAÇÃO E COMPORTAMENTO SUICIDA, EM ESPECIAL NO INÍCIO DO TRATAMENTO, E EM AUMENTOS OU
DIMINUIÇÕES DE DOSE. DEVE-SE CONSIDERAR A ALTERAÇÃO DO REGIME TERAPÊUTICO, INCLUINDO A INTERRUPÇÃO DA MEDICAÇÃO, EM PACIENTES CUJA DEPRESSÃO PIORA PERSISTENTEMENTE, OU CUJA EMERGÊNCIA DE IDEAÇÃO OU COMPORTAMENTO SUICIDA É GRAVE, DE INÍCIO ABRUPTO, OU NÃO ERA PARTE DO QUADRO INICIAL. PACIENTES POTENCIALMENTE SUICIDAS
NÃO DEVEM TER ACESSO A GRANDES QUANTIDADES DE DROGAS. EM PACIENTES MANÍACO-DEPRESSIVOS, PODE OCORRER UMA MUDANÇA NA FASE MANÍACA. CASO O PACIENTE ENTRE NA FASE MANÍACA, O USO DE MAXAPRAN (CITALOPRAM) DEVERÁ SER INTERROMPIDO. DEVE SER UTILIZADO COM CUIDADO EM PACIENTES COM ANTECEDENTE DE CONVULSÕES. EM PACIENTES
COM DIABETES, MAXAPRAN (CITALOPRAM) PODE MODIFICAR AS RESPOSTAS DE INSULINA E GLICOSE EXIGINDO AJUSTE DA TERAPIA ANTIDIABÉTICA. DURANTE O TRATAMENTO, O PACIENTE NÃO DEVE DIRIGIR VEÍCULOS OU OPERAR MÁQUINAS, POIS SUA HABILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS. Gravidez e lactação: Categoria C: este medicamento não deve ser
utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Interações medicamentosas: IMAOs [não-seletivos, bem como seletivos tipo A (moclobemida)] - risco de “síndrome serotoninérgica”. Assim como outros ISRSs, citalopram não deve ser administrado em pacientes que estão sendo tratados com inibidores da monoaminoxidase (IMAOs), incluindo-se a
selegina em doses acima de 10 mg diários. O tratamento com MAXAPRAN (citalopram) pode ser iniciado 14 dias após a descontinuação de IMAOs não-seletivos e, no mínimo, 1 dia após a descontinuação de moclobemida. O tratamento com IMAOs pode ser iniciado 7 dias após a descontinuação de citalopram. A administração concomitante de citalopram e metoprolol mostrou um
aumento de duas vezes das concentrações de metoprolol, mas nenhum aumento estatisticamente significativo no efeito do metoprolol sobre a pressão arterial ou na freqüência cardíaca em voluntários sadios. A cimetidina causou um aumento moderado dos níveis médios do citalopram. Recomenda-se, portanto, que se tenha cuidado no limite superior do intervalo de variação da dose
de citalopram, quando este for utilizado concomitantemente com altas doses de cimetidina. Reações adversas: SUDORESE AUMENTADA, BOCA SECA, NÁUSEA, AGITAÇÃO, SONOLÊNCIA, DIARRÉIA, NÁUSEA, FADIGA, DISTÚRBIO DE EJACULAÇÃO, INSÔNIA, AGITAÇÃO, APETITE DIMINUÍDO, IMPOTÊNCIA, LIBIDO DIMINUÍDA, BOCEJOS, ANORGASMIA FEMININA E FADIGA. Posologia: os
comprimidos de MAXAPRAN (citalopram) são administrados na forma de uma dose única podendo ser tomados em qualquer momento do dia, com ou sem alimentos. Geralmente, a resposta terapêutica pode ser avaliada somente depois de 2 a 3 semanas de tratamento, quando um possível aumento da dose (em elevações de 10 mg) pode ser realizado em intervalos de 2 a 3 semanas.
Adultos: tratando a depressão - dose oral única de 20 mg por dia podendo ser aumentada até 60 mg por dia. Tratando o transtorno do pânico – uma dose oral única de 10 mg é recomendada na primeira semana, antes de se aumentar a dose para 20 mg por dia. A dose pode ser aumentada adicionalmente até 60 mg por dia. Tratando o transtorno obsessivo compulsivo - dose inicial de
20 mg podendo ser aumentada até 60 mg por dia. Pacientes idosos: (> 65 anos de idade) tratando a depressão - dose oral única de 20 mg por dia podendo ser aumentada até 40 mg por dia. Tratando o transtorno do pânico - uma dose oral única de 10 mg é recomendada na primeira semana, antes de se aumentar a dose para 20 mg por dia. A dose pode ser aumentada adicionalmente
até 40 mg por dia. Função hepática reduzida. Pacientes com função hepática reduzida devem receber doses não superiores a 30 mg/dia. Farm. Resp.: Alberto Jorge Garcia Guimarães CRF-SP 12.449. Documentação científica e informações adicionais estão à disposição da classe médica, mediante solicitação.
VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA.
SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA.
A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
Código: 2904100
I n t eMario
r f a c e R.
e n tLouzã
r e d e pNeto
ressão e clínica médica
Interface entre depressão
e clínica médica
Doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha.
Médico-assistente do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Editor do livro Psiquiatria básica, da Artmed Editora.
1. Depressão e comorbidades clínicas
Muito freqüente na prática clínica, a presença de depressão associada à doença clínica é um importante fator de influência no
tratamento e prognóstico da doença médica. Estima-se que sintomas depressivos estejam presentes em cerca de 30% a 60%
dos pacientes com doenças crônicas acompanhados em consultório e 30% em pacientes hospitalizados, variando conforme a
doença de base (Tabela 1). Esses sintomas depressivos podem estar presentes em qualquer faixa etária, da infância à terceira
idade. Muitas vezes, os sintomas depressivos se confundem com as queixas físicas da doença de base, dificultando o reconhecimento, o diagnóstico e o tratamento da depressão. A depressão pode ainda levar à ideação e ao risco de suicídio, que requerem
atenção e cuidados especiais.
Há uma dupla interação entre depressão e doenças médicas: sabe-se que a depressão é um fator causal para algumas doenças
(como câncer, doença isquêmica miocárdica e acidente vascular cerebral); por outro lado, a presença de depressão em pacientes
com doenças clínicas agrava o prognóstico e o tratamento dessas condições. Pacientes clínicos com depressão comórbida apre-
sentam, ainda, pior adesão aos tratamentos e a outras medidas necessárias à melhora da doença clínica (como dietas e exercícios).
Por vários motivos, há tendência a não se reconhecer os quadros depressivos em pacientes com doenças médicas (Tabela 2).
Com isso, o diagnóstico não é feito, e os pacientes não são tratados do quadro depressivo. Muito freqüentemente o quadro
depressivo é considerado uma “reação normal” à doença crônica, não recebendo o tratamento adequado.
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Tabela 1. Prevalência de depressão em doenças clínicas
Prevalência (%)
17 – 27
14 – 19
30 – 50
4 – 75
20 – 55
3–9
26
9
22 – 29
5 – 20
30 – 54
20 – 30
10,3
Doenças cardíacas
Doenças cerebrovasculares
Doença de Alzheimer
Doença de Parkinson
Epilepsia
Diabetes
Recorrente
Controlada
Auto-relato
Entrevista diagnóstica
Câncer
HIV/aids
Dor crônica
Obesidade
População geral
Adaptado de Evans, et al. (2005).
Tabela 2. Dificuldades no reconhecimento e tratamento de depressão em doentes clínicos
1. Foco nos sintomas somáticos em detrimento das queixas cognitivas (como dificuldade de
concentração) e afetivas.
4. Preocupação com os efeitos colaterais e interações medicamentosas dos antidepressivos.
2. Relutância em estigmatizar o paciente assumindo um diagnóstico psiquiátrico.
5. Noção equivocada de que “depressões reativas” não são patológicas, e os sintomas de
depressão são “reações normais” à condição médica.
3. Sintomas depressivos muito leves ou pouco específicos; sintomas físicos comuns à depressão e às
condições clínicas, tais como: fadiga, diminuição do apetite, dores, alterações do sono e perda de peso.
6. Falta de tempo para uma abordagem psiquiátrica, ou falta de treinamento para tal; dificuldades
pessoais do profissional de saúde em lidar com transtornos mentais.
Adaptado de Teng, et al . (2005).
A avaliação da depressão em pacientes clínicos requer busca ativa dos sintomas atuais, história pessoal prévia de depressão e de antecedentes familiares de transtornos depressivos. A entrevista voltada especificamente à investigação dos sintomas afetivos da depressão é fundamental: queixas de tristeza persistente, sentimento de “vazio”, falta de prazer em atividades
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Interface entre depressão e clínica médica
que anteriormente eram prazerosas. A estes se somam as queixas de apatia, desânimo, dificuldade de concentração, falta de
esperança no futuro, sentimentos de culpa e ruína.
A ideação suicida deve ser investigada ativamente, com perguntas a respeito da falta de esperança, idéias de morte
(“gostaria de dormir e não acordar mais”) ou intenção suicida. Tais queixas devem ser consideradas seriamente, sendo
aconselhável a solicitação de uma interconsulta com o psiquiatra para que medidas de proteção ao paciente possam
ser implementadas.
2. Depressão e doenças cardiovasculares
A depressão aumenta o risco de doença coronariana em cerca de 1,6 vez e o de morte no período pós-infarto do miocárdio
em cerca de 4 vezes. A depressão parece também favorecer a hipertensão arterial, piorar a insuficiência cardíaca e induzir
a coagulação sangüínea, agravando o prognóstico do quadro cardíaco. Acredita-se que a hiperfunção do eixo hipotálamohipófise-adrenal na depressão seria um dos mecanismos envolvidos no aumento do risco cardiovascular.
3. Depressão e doenças cerebrovasculares
A depressão pós-acidente vascular cerebral (AVC) ocorre em cerca de 20% dos pacientes e está associada a pior evolução e maior mortalidade na fase aguda pós-AVC. Alguns estudos associam a localização do AVC à depressão, mas os
resultados são conflitantes. O diagnóstico de depressão pós-AVC é dificultado pelos prejuízos cognitivos e físicos do
paciente. Há associação significativa entre a gravidade da depressão e a gravidade dos prejuízos nas atividades da vida
diária pós-AVC.
3
4. Depressão e diabetes melito
A associação entre diabetes e depressão é muito freqüente. Pacientes com depressão apresentam maior risco de desenvolver diabetes.
A presença de depressão nos pacientes diabéticos piora a percepção dos sintomas do diabetes pelo paciente, agrava o controle dos
níveis glicêmicos e está associada à maior freqüência de complicações, como retinopatia e nefropatia diabéticas. Diabéticos com
depressão têm pior adesão ao tratamento em geral, maior risco de obesidade e estão mais vulneráveis aos estressores psicossociais.
5. Depressão e distúrbios da tireóide
Há uma complexa relação entre alterações da tireóide e depressão. Pacientes deprimidos apresentam freqüentemente alterações (muitas vezes subclínicas) da tireóide, especialmente hipotireoidismo; por outro lado, pacientes com hipo ou hi-
pertireoidismo relatam sintomas depressivos. O funcionamento do eixo hipófise-hipotálamo-tireóide parece estar alterado
em pacientes com depressão (há aumento dos níveis de T4, resposta alterada do TSH pós-estímulo com TRH, presença de
anticorpos antitireoidianos e concentração elevada de TRH no líquido cefalorraquiano). As alterações da tireóide contribuem para pior evolução da depressão e maior resistência a tratamentos antidepressivos.
6. Depressão e dor crônica
Pacientes com depressão podem apresentar queixas de dores e pessoas com dor crônica podem desenvolver depressão. Há
uma relação direta entre a gravidade e a duração da dor e a gravidade da depressão. Muitas vezes portadores de dor crônica
apresentam também uso abusivo ou dependência de álcool. Alguns autores consideram as queixas dolorosas como somatiza-
ções que podem dominar o quadro depressivo. A depressão agrava o quadro de dor crônica e prejudica o paciente do ponto
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Interface entre depressão e clínica médica
de vista funcional. O tratamento da depressão por si só melhora o quadro de dor; antidepressivos agem sobre sistemas de
neurotransmissão que estariam implicados também na dor crônica.
7. Depressão e obesidade
Sobrepeso e obesidade podem ser considerados uma epidemia mundial. Considera-se que cerca de 50% da população tem
sobrepeso (IMC ≥ 25) e cerca de 20% a 25%, obesidade (IMC ≥ 30). A obesidade está associada a diversos distúrbios metabólicos e cardiovasculares, com graves conseqüências sociais e econômicas. A obesidade relaciona-se a diversos transtornos
mentais, entre eles os transtornos alimentares (especialmente bulimia e transtorno da compulsão alimentar periódica) e a
depressão. A obesidade no sexo feminino está especialmente vinculada à depressão. Sabe-se também que a obesidade antecede os quadros depressivos nos adultos; nas crianças e adolescentes, a obesidade é fator de risco para depressão. Obesidade e
depressão teriam, entre outras causas, uma possível raiz fisiopatológica comum que seria a disfunção do eixo hipotálamo-hi-
pófise-adrenal. Embora, em geral, pacientes com depressão apresentem inapetência e perda de peso, em depressões atípicas
pode ocorrer ganho de peso. O tratamento de obesos com depressão requer estratégias farmacológicas diferenciadas, pois
muitos dos antidepressivos induzem ganho de peso. Mais recentemente tem sido salientada a importância de uma rigorosa
avaliação psiquiátrica antes e depois de cirurgias bariátricas, dado que essa população apresenta alta taxa de transtornos
mentais decorrentes desse procedimento cirúrgico.
8. Depressão e doenças renais
Pacientes com doença renal crônica, terminal, que dependem de diálise para sobreviver, apresentam prevalência de depres-
são em 33% a 50% dos casos. Pacientes com insuficiência renal crônica e depressão apresentam maior risco de suicídio e
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piora da qualidade de vida. O tratamento antidepressivo em pacientes com doença renal crônica deve levar em consideração
a eliminação reduzida pela insuficiência renal; por outro lado, pacientes submetidos à diálise podem ter redução da con-
centração da medicação, podendo permanecer submedicados. Há poucos estudos na literatura que abordem esse tema com
resultados variáveis para os diferentes antidepressivos.
9. Depressão e neoplasias
A maioria dos pacientes que recebem diagnóstico de câncer apresenta, em algum momento, sintomas de estresse e depressão. O impacto do diagnóstico, os prejuízos físicos, a perspectiva de intervenções cirúrgicas, as mutilações ou restrições
pós-cirúrgicas e as perspectivas (reais ou imaginárias) sombrias podem levar a um quadro depressivo. Os tratamentos quimioterápico ou imunossupressor também estão freqüentemente associados ao aparecimento de depressão. Por outro lado, a
depressão prejudica a adesão ao tratamento e aumenta o risco de suicídio nessa população. Daí a importância de diagnóstico
e tratamento precoces, pois há melhora significativa da qualidade de vida e do prognóstico desses pacientes.
10. Abordagem farmacológica da depressão em pacientes clínicos
A depressão e a doença clínica exercem entre si um círculo vicioso de agravamento mútuo (por múltiplos motivos), que deve
ser abordado de modo criterioso, visando ao tratamento de ambas as condições (Figura 1).
Vários estudos demonstram que os antidepressivos são eficazes no tratamento da depressão em pacientes clínicos. Os
princípios gerais do tratamento farmacológico dos quadros depressivos devem ser seguidos nesta população: os antidepressivos devem ser utilizados em doses e por tempo adequados. Na ausência de resposta terapêutica ou parcial, estratégias de
potencialização, combinação ou substituição do antidepressivo devem ser utilizadas. Simultaneamente, a doença médica de
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Interface entre depressão e clínica médica
Figura 1. Círculo vicioso de agravamento mútuo entre depressão e doença clínica
agrava
Depressão
Doença clínica
agrava
base deve ser tratada. Uma vez obtida a remissão dos sintomas depressivos, é fundamental manter a medicação por alguns
meses (6 a 12 meses, pelo menos), para evitar recaídas.
Há vários antidepressivos de diferentes classes farmacológicas disponíveis. É preciso, no entanto, conhecer seus efeitos
colaterais, pois podem piorar a doença de base e suas interações medicamentosas, já que os pacientes estarão sempre utilizando outros medicamentos.
Os antidepressivos tricíclicos têm um risco aumentado de provocar alterações do ritmo cardíaco; já os inibidores
seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) apresentam um perfil de tolerabilidade favorável, porém alguns deles (fluo-
xetina, paroxetina e fluvoxamina) inibem diferentes enzimas do sistema do citocromo P450, podendo aumentar o nível
sérico de outros medicamentos. Antidepressivos com ação sobre a serotonina e a noradrenalina (como venlafaxina e duloxetina) podem aumentar a pressão arterial. A bupropiona pode também elevar a pressão arterial e provocar convulsões
em doses elevadas.
Os tratamentos farmacológicos devem ser combinados com abordagens psicoterápicas. A melhor compreensão tanto
da doença de base quanto da depressão e a possibilidade de expressão das preocupações em relação à doença clínica podem
contribuir de modo significativo para uma melhor evolução do paciente. Abordagens cognitivo-comportamentais podem
também ser utilizadas, sendo efetivas na redução da depressão associada a doenças clínicas.
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Leitura recomendada
1. Bahls SC, Carvalho GA. A relação entre a função tireoidiana e a depressão: uma revisão. Rev Bras Psiquiatr 2004; 26(1):41-49.
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Material de distribuição exclusiva à classe médica.
Produzido por Segmento Farma Editores Ltda. Av. Vereador José Diniz, 3.300, 15o andar, Campo Belo 04604-006 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300
www.segmentofarma.com.br • [email protected] • Cód. da publicação: 5375.05.07
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Comprovada atividade antidepressiva e ansiolítica(1,2,3)
Depressão(4)
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)(4)
Transtorno do Pânico(4)
Fobia Social(4)
Referências: 1. Rickels K; Rynn M; Iyengar M; Duff D Remission of generalized anxiety disorder: a review of the paroxetine clinical trials database. J Clin Psychiatry; 67(1):41-7, 2006. 2. Wagstaff AJ, Cheer SM, Matheson AJ, Ormrod D, Goa KLSpotlight on paroxetine in psychiatric disorders in adults. CNS Drugs;
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INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO: PAXAN. cloridrato de paroxetina. comprimidos revestidos 20 mg. USO ORAL. USO ADULTO. M.S. 1.1213.0375. Indicações: tratamento dos sintomas de doença depressiva de todos os tipos, incluindo depressão reativa e grave acompanhada por ansiedade; tratamento
dos sintomas e prevenção de recorrências do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC); tratamento dos sintomas e prevenção de recorrências da Doença do Pânico, com ou sem agorafobia e ainda para o tratamento da Fobia Social/Transtorno da Ansiedade Social – DMS-IV. Contra-indicações: USO CONCOMITANTE DE INIBIDORES DA MAO E PACIENTES COM CONHECIDA HIPERSENSIBILIDADE AO MEDICAMENTO OU QUALQUER COMPONENTE DO PRODUTO. Precauções e Advertências: NÃO USAR EM COMBINAÇÃO COM INIBIDORES DA MAO OU NAS 2 SEMANAS SEGUINTES AO TÉRMINO DO TRATAMENTO COM ESTE
TIPO DE SUBSTÂNCIA. NÃO ADMINISTRAR INIBIDORES DA MAO NAS 2 SEMANAS SEGUINTES AO TÉRMINO DO CLORIDRATO DE PAROXETINA. CAUTELA E MONITORIZAÇÃO NOS CASOS DE RISCO DE SUICÍDIO EM PACIENTES ADULTOS E PEDIÁTRICOS, HISTÓRIA DE MANIA, PROBLEMAS CARDÍACOS, EPILEPSIA,
CONVULSÕES, GLAUCOMA, TERAPIA ELETROCONVULSIVA (TEC), HIPONATREMIA, SANGRAMENTO NA PELE E NAS MEMBRANAS MUCOSAS, CAPACIDADE DE DIRIGIR E OPERAR MÁQUINAS. Gravidez e lactação: categoria C de risco na gravidez. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas
sem orientação médica. Interações medicamentosas: neurolépticos, triptofano, serotoninérgicos, indutores e inibidores do metabolismo enzimático, álcool, haloperidol, lítio, fenitoína e anticonvulsivantes, anticoagulantes orais, antidepressivos tricíclicos e prociclidina. Reações Adversas: MAIS COMUMENTE
OBSERVADAS: NÁUSEA, SONOLÊNCIA, SUDORESE, TREMOR, ASTENIA, BOCA SECA, INSÔNIA, DISFUNÇÃO SEXUAL, SANGRAMENTO ANORMAL CUTÂNEO E MUCOSO, VERTIGEM, CONSTIPAÇÃO, DIARRÉIA E APETITE DIMINUÍDO. AS REAÇÕES ADVERSAS PODEM DIMINUIR DE INTENSIDADE E FREQÜÊNCIA COM
A CONTINUAÇÃO DO TRATAMENTO E, EM GERAL, NÃO LEVAM A INTERRUPÇÃO DO TRATAMENTO. FORAM TAMBÉM RELATADOS RARAMENTE: SÍNDROME SEROTONÉRGICA, CONVULSÕES, HEPATITE, REAÇÕES ALÉRGICAS E DE FOTOSSENSIBILIDADE, HIPONATREMIA, ALTERAÇÕES TRANSITÓRIAS NA PRESSÃO
ARTERIAL, TAQUICARDIA, TROMBOCITOPENIA, GLAUCOMA AGUDO, RETENÇÃO URINÁRIA, EDEMA PERIFÉRICO E VISÃO TURVA. Posologia: Administrar dose única diária, pela manhã, juntamente com alimentos. Não mastigar. Para depressão: 20 mg ao dia, podendo ser necessário aumentar a dose, em
aumentos de 10 mg até 50 mg/dia. Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): 40 mg ao dia. Iniciar com 20 mg ao dia e aumentar semanalmente, em aumentos de 10 mg. Doença do Pânico: 40 mg ao dia. Iniciar com 10 mg ao dia e aumentar semanalmente, em aumentos de 10mg. Fobia Social/Transtorno
de Ansiedade Social: 20 mg/dia. As alterações de dosagem ocorrem em intervalos de pelo menos 1 semana. Se necessário, aumentar semanalmente, em aumentos de 10 mg até o máximo de 50 mg. Em pacientes com insuficiência renal grave (clearence de creatinina < 30 ml/min) ou insuficiência hepática
grave a posologia recomendada é de 20 mg ao dia.
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