Um quarto de século de história

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Um quarto de século de história
UM QUARTO DE SÉCULO DE HISTÓRIA
TRÊS GERAÇÕES MICRA RECONHECIDAS PELA FIABILIDADE E ELEVADA TECNOLOGIA
Ao longo de 25 anos, o Nissan Micra tornou-se numa presença familiar nas estradas europeias. No
último quarto de século, três gerações de Micra proporcionaram uma forma distinta de transporte
para a cidade e uma mecânica automóvel fiável, a milhões de pessoas. Foi também o primeiro
automóvel japonês a vencer o prémio Carro do Ano.
“O Micra tornou-se numa espécie de ícone da Nissan. Desde que foi lançado há um quarto de
século, tem vindo a estabelecer uma reputação que o associa à oferta de um produto mais
inovador e moderno do que a sua concorrência no mercado europeu. Parabéns Micra!”
Simon Thomas, Vice-presidente Sénior de Vendas e Marketing da Nissan na Europa
Em síntese
• Três gerações comercializadas na Europa nos últimos 25 anos
• O primeiro Carro Europeu do Ano com a insígnia de “automóvel japonês”
• Originalmente conhecido como o Datsun-Nissan Micra na Europa…
• … mas sempre denominado Nissan March no Japão
• Os Micra europeus estão presentes no Reino Unido desde 1992
• A fábrica de Sunderland da Nissan construiu o Micra número 1 milhão em 1998
• Mais de 2,2 milhões de Micra foram fabricados no Reino Unido até hoje
Faz hoje 25 anos…
Voltemos ao ano de 1983. Entre as novidades desse ano estavam os primeiros relógios fabricados
pela Swatch e os astronautas americanos Story Musgrave e Donald H Peterson, que davam os
primeiros passos no espaço a partir do Challenger.
Tóquio recebeu a abertura da primeira Disneylândia fora da América, enquanto Gandhi era
premiado como melhor filme nos Óscares. No Reino Unido, Margaret Thatcher vencia de modo
retumbante as eleições gerais, enquanto o britânico Richard Noble obtinha o recorde de velocidade
em terra no Thrust 2, a mais de 1.000 km/h.
As bombas de ataques terroristas matam 63 pessoas na Embaixada dos EUA em Beirute e seis
pessoas no exterior do Harrods, em Londres. Lech Walesa, o activista de direitos humanos da
Polónia e co-fundador do Solidariedade vence o Prémio Nobel, Michael Jackson lança o álbum
Thriller e o mundo despede-se da cantora Karen Carpenter e do dramaturgo Tennessee Williams.
Entre os nascimentos mais importantes do ano de 1983, inclui-se o da cantora Amy Winehouse…
e o do Nissan Micra, lançado no mercado Europeu. O Micra, conhecido internamente como o
modelo K10, viu pela primeira vez a luz do dia em Outubro de 1982, quando foi lançado no
mercado Japonês como Nissan March.
O March pretendia ser uma substituição do Datsun Cherry, já com vários anos de fabrico por essa
altura, um modelo que foi crescendo de tamanho ao longo de sucessivas gerações.
No princípio dos anos 80, no entanto, a empresa sentiu que tinha chegado o momento de utilizar o
nome Nissan em tudo, tendo assim ocorrido a mudança do nome Datsun… mesmo que, para
clarificar quaisquer confusões, o novo Micra tenha sido lançado em alguns mercados com a
designação Datsun-Nissan. Em 1984, contudo, o nome Datsun ficou confinado aos livros de
História.
O Micra K10 acabaria por ser um automóvel bastante convencional. Possuía tracção dianteira e
um estilo conservador, de linhas rectas, que não quebrava quaisquer limites e por essa mesma
razão, estava longe de se tornar desagradável.
Inicialmente disponível apenas na versão de três portas, o K10 encontrou imediatamente
receptividade nos compradores de automóveis que procuravam um automóvel simples, fiável e de
fácil condução.
E reflectindo o tipo de inovação que viria a caracterizar o Micra, sob o capot encontrava-se um
avançado motor de quatro cilindros em linha com árvore de cames à cabeça, em alumínio. Embora
tivesse um motor de apenas 1.0 litro, o seu baixo peso e elevadas rotações tornaram-no uma
revelação para uma geração de proprietários de automóveis pequenos, que crescera habituada a
utilizar motores com uma tecnologia superior a 30 anos.
Talvez por isso em 1985 o Micra tenha sido eleito como o primeiro Carro do Ano em Portugal (feito
que viria a ser repetido em 1991 pelo Nissan Primera e em 2008 pelo Qashqai).
No início de 1989, surgiu a versão de cinco portas e a imagem de ambas as versões beneficiou
igualmente de uma nova grelha, novos faróis, pára-choques mais profundos e outras alterações
menores a nível visual.
Mas, uma vez mais, as principais alterações encontravam-se sob o capot. Foi disponibilizada uma
versão de 1.2 litros do motor da série MA de liga leve, introduzindo assim o Micra uma outra
inovação no seu segmento: a adopção de controlo electrónico para o carburador único.
Utilizando a plataforma March/Micra como base, a Nissan produziu uma gama de modelos limitada
e exclusiva para o Japão, tal como o Be-1 de características arredondadas (lançado no Salão
Automóvel de Tóquio, em 1985) e o utilitário Pao (1987). A Nissan chegou mesmo a utilizar o Micra
como base para uma pequena carrinha: com um estilo de características arredondadas, inspirado
no caracol normal existente em jardins, a Nissan designou humoristicamente o produto como SCargo.
Possivelmente, o mais conhecido na Europa é o Figaro, de capota em tela, apresentado no Salão
de Tóquio em 1989 e que foi comercializado dois anos depois. Foram construídos apenas 20.000
Figaro com visual retro, mas como o modelo era tão popular foram sorteados bilhetes que eram o
equivalente a uma encomenda registada.
E tal é o seu charme que um bom exemplar em segunda mão continua a ser considerado uma
escolha popular entre os habitantes de Londres e Paris, proporcionando excelentes oportunidades
de negócio para indivíduos empreendedores que traziam os veículos do Japão como importações
particulares.
Na Europa, porém, o K10 ainda estava a fazer novos amigos graças, em boa parte, à sua
fiabilidade imaculada: em 2006, a revista de automóveis britânica Auto Express descobriu que dos
340.000 Micra K10 vendidos no Reino Unido entre 1983 e 1992, quase 30% – cerca de 96.000 –
ainda circulavam, o que é um número notável para um automóvel cujo fabrico foi descontinuado há
14 anos.
Micra Mk 2: o melhor da Europa
Na realidade, a Nissan construiu os últimos K10 em 21 de Dezembro de 1992, coincidindo com a
assinatura do Tratado de Maastricht que iria fundar a União Europeia; a inauguração da
Disneyland Paris, a antiga Euro Disney; um incêndio que deflagrou durante 15 horas e destruiu
uma parte considerável do Castelo de Windsor, em Inglaterra; e a morte da lenda do grande ecrã,
Marlene Dietrich.
Mas se, por um lado, o K10 desapareceu, o nome Micra estava vivo e de boa saúde, agora
rebaptizado de K11. O fabrico da segunda geração Micra, disponível nas versões de três e cinco
portas desde o início, arrancou no Japão em meados de 1992, mas o modelo apenas foi lançado
na Europa perto do final do ano.
Enquanto o K10 tinha linhas conservadoras, o K11 era um automóvel com design divertido. Uma
vez que o K11 se tornou uma presença tão familiar na estrada, é difícil imaginar a reacção que
recolheu quando apareceu na Europa, mas o seu estilo arredondado, amigável, tornou-se popular
entre o público mais jovem, cimentando a reputação do Micra como um automóvel urbano
sofisticado.
Em termos de inovação, as especificações técnicas do K11 mudaram dramaticamente, com um
par de novos e avançados motores de 16 válvulas DOHC totalmente em liga, com 1.0 e 1.3 litros.
Os motores desenvolviam 55 cv e 75 cv, respectivamente, proporcionando ganhos de
desempenho superiores ao K10 bem como um nível de sofisticação mecânica sem rival.
O modelo também cresceu em termos de equipamento e, principalmente, em termos de
segurança. Estava disponível um leque de características como equipamento de série ou opcional
que normalmente só encontrávamos em veículos de segmentos superiores e virtualmente nunca
no sector dos citadinos. O equipamento de série incluía cintos de segurança com pré-tensores e
limitadores de carga, enquanto que os travões anti-bloqueio, airbags, vidros eléctricos, fecho
centralizado e até ar condicionado tornaram-se disponíveis nos dez anos em que existiu.
Esta combinação de preço-qualidade, inovação, estilo e equipamento, condução e joie de vivre
conseguiram conquistar mais do que apenas clientes. Um grupo de jornalistas altamente
conceituados da área automóvel gostou tanto do automóvel que o elegeu como Carro do Ano
1993, o que fez com que o Micra se tornasse no primeiro automóvel japonês a arrecadar este
importante prémio. Este reconhecimento é importante, pois o K11 não era um automóvel japonês
tradicional num aspecto: era fabricado na Europa.
A Nissan iniciou a sua produção automóvel na Europa em 1984 quando os kits Complete Knock
Down (CKD) do Bluebird começaram a ser montados na nova unidade fabril no norte de Inglaterra
pela Nissan Motor Manufacturing UK (NMUK). A produção local foi aumentando gradualmente para
que quando a substituição do Bluebird – pelo Primera – tivesse lugar na unidade de Tyne and
Wear, a montagem fosse 100% europeia.
A qualidade do produto final e a produtividade dos operários de Sunderland eram de tal forma
excelentes que, em 1992, foi acordado que uma segunda linha de produção fosse adicionada à
unidade, para o fabrico do novo Micra.
Foi uma acção tremendamente bem sucedida. Em 1998, a NMUK tinha construído um milhão de
Micra e mais de 2.2 milhões saíram da fábrica até hoje, com exemplares exportados em toda a
Europa e outros continentes.
O prémio CoTY europeu atribuído ao K11 não foi um triunfo isolado. No Japão, o modelo ganhou
um importante prémio de design – no âmbito do design industrial, não exclusivo do sector
automóvel – angariando ainda a distinção de Carro Japonês do Ano. Estes troféus deram origem a
uma versão de edição limitada do March designada de Prémio V3.
Ajudado pela aclamação da crítica e pelo seu novo estilo, o K11 apelou a um público ainda mais
vasto do que o K10. Não só proporcionava uma condução fácil, como também possuía uma
sofisticação aperfeiçoada e um design mais moderno e sedutor, o que contribuiu para atrair
compradores mais jovens. Nas cidades, o Micra começou a ser alvo de um culto por parte do
público feminino mais jovem.
A segunda geração Micra seguia um padrão que era agora familiar. Em 1996, surgiu um pequeno
face-lift. Dois anos mais tarde, em 1998, o automóvel conheceu importantes modificações. A chapa
de metal praticamente não foi alterada, mas o visual do veículo foi modificado graças ao inteligente
restyling da frente e traseira, bem como a adição dos invulgares frisos de borracha em padrão
ondulado nas portas.
Mais uma vez, as grandes novidades estavam debaixo do capot, onde um motor turbodiesel de 1.5
litros PSA foi implantado como parte das alterações de 1998. A chegada do diesel conferiu ao
modelo um incremento real na Europa continental onde as vendas destes motores foram sempre
significativas, particularmente nos segmentos mais baixos do mercado.
As variações a este nível continuaram a surgir no Japão. A Nissan produziu a versão carrinha
designada de Box, bem como diversas versões de visual retro com nomes como Tango, Bolero,
Juke, Rumba e Polka. A Nissan também produziu um Micra descapotável, enquanto empresas de
tuning usaram o Micra como base para modelos singulares, com linhas que imitavam os familiares
clássicos britânicos dos anos 60.
O K11 continuou a ser produzido durante dez anos, recebendo um face-lift final e um novo motor
de 1.4 litros em 2000.
Micra Mk 3: a tornar-se radical
Conhecido, de forma lógica, como o modelo K12, o novo Micra chegou em 2002 quando Jacques
Chirac foi reeleito Presidente de França e a Grã-Bretanha se despediu da Rainha-mãe e da
Princesa Margarida. Enquanto o panorama musical chorava a perda do baixista dos Who, John
Entwistle e do vocalista dos Clash, Joe Strummer, tanto os consumidores como a indústria
discográfica começavam a habituar-se à introdução do primeiro iPod, que havia sido colocado à
venda 12 meses antes. Fez-se história no desporto quando Serena Williams bateu a irmã Venus e
venceu o Open de França.
A combinação de design arredondado, altamente característico, faróis proeminentes e linha de
cintura acentuada do K12 garantiu que este se destacava quando comparado com alguns dos
designs pouco imaginativos e sem originalidade existente no mercado nessa altura. O seu estilo
arrojado reflectia a intenção da Nissan de apelar a uma clientela mais jovem que se sentiria atraída
por algo mais radical.
Mas desde o seu lançamento, seria um erro não considerar o Micra como um automóvel da
"moda". As suas características de “topo de gama” reforçaram a merecida reputação do Micra
como um automóvel urbano sério e inovador, que era fácil de conduzir e no qual era óptimo ser
visto.
Itens como limpa pára-brisas sensíveis à chuva e Chave Inteligente não eram características
típicas de um automóvel urbano, um outro exemplo da arrojada filosofia da Nissan de introdução
de tecnologia realmente útil.
As características práticas incluem um amplo armazenamento interior – com um inovador
compartimento de armazenamento sob o banco do passageiro dianteiro – enquanto o computador
de bordo poderia até ser programado para desejar ao seu proprietário um feliz aniversário.
Com base numa plataforma 70 mm mais longa desenvolvida em conjunto com a Renault, parceira
de Aliança desde 1999, o K12 definiu o padrão para os superminis que se seguiram. O aspecto
mais notável do design era o seu visual de habitáculo avançado que, quando aliado a uma
carroçaria comparativamente mais alta e larga, criou um amplo espaço interior.
A partir do lançamento, o Micra foi disponibilizado com quatro motores – 1.0 (disponível
brevemente), 1.2 (mais tarde disponibilizado em dois níveis de potência, 65 e 80 cv) e unidades
1.4 a gasolina de 88 cv, mais um 1.5 turbodiesel de 86 cv.
O galardoado realizador David Lynch foi encarregado de dirigir os anúncios televisivos europeus
para o lançamento do Micra e o seu estilo inconfundível e ecléctico enfatizava o elegante design
do automóvel, enquanto chamava a atenção para as qualidades aparentemente contraditórias do
mesmo. Por exemplo, sublinhava a sensação moderna e retro do design descrevendo-o como
"Modtro".
Tal era a contínua popularidade do automóvel que, em meados de 2004, apenas 20 meses após o
lançamento, a NMUK havia já construído 250.000 exemplares e exportava o automóvel para 44
mercados fora do Reino Unido. O estudo de clientes demonstrou que a combinação de design
arrojado, espaço interior e as suas características de automóvel topo de gama eram as principais
razões por detrás das decisões de compra dos clientes. O facto do Micra também proporcionar
uma "condução divertida" era uma recompensa para muitos clientes que estavam habituados a
automóveis urbanos dinamicamente pouco inspiradores.
Em 2005, um pequeno face-lift apresentou uma ligeira modificação do aspecto do automóvel
juntamente com materiais interiores melhorados e bancos com maior apoio. No exterior, foram
acrescentados novos pára-choques mais resistentes, para responder às tendências de parking by
touch do típico condutor urbano em Paris, Roma, Madrid e, cada vez mais, de Londres.
Mas, como também seria de esperar, a principal novidade estava reservada para o que poderia ser
encontrado no compartimento do motor. Finalmente as excelentes características de
manuseamento do pequeno Micra poderiam ser melhor exploradas por uma versão mais potente,
o 160 SR. Alimentado por um novo motor de 1.6 litros com 110 cv e abençoado com uma
suspensão desportiva revista, proporcionando um manuseamento de “pocket-rocket” ágil e
divertido, demonstrando que era possível apreciar a condução do Micra num dia-a-dia mais veloz.
Em 2005, a família Micra foi aumentada com um terceiro tipo de carroçaria para completar as
carroçarias compactas de três e cinco portas. Concebido na Europa pela recentemente criada
Nissan Design Europe (NDE), o Micra C+C foi introduzido em 2005 e transformou o compacto num
coupé/descapotável de capota rígida.
Construído em Sunderland juntamente com o automóvel convencional, o C+C – o seu complexo
mecanismo de abertura do tejadilho foi desenvolvido pelos engenheiros do Centro Técnico da
Nissan Europa (NTCE) e concebido pelos especialistas da Karmann – tornou-se o primeiro Micra
construído na Europa a ser vendido no Japão.
O que é que se segue?
Pode ter chegado aos 25 anos de idade, mas ainda existe muita vida no Micra. Foi criado um
modelo especial 25.º Aniversário que é imediatamente reconhecível pela sua cor exterior única
“Nightshade” e puxadores da porta com efeitos “Prateados”. O modelo mantém-se em sintonia com
o seu público jovem com a adição ao equipamento de série de um iPod nano especial e
personalizado, que se encontra integrado no sistema áudio e pode ser utilizado através dos
controlos no volante.
E o futuro? O K12 irá continuar a ser construído na NMUK até 2010, quando for introduzida a
próxima geração Micra.
Se os próximos 25 anos provarem ser tão interessantes e variados para o Micra como foi o último
quarto de século, quem sabe que forma irá ter o Micra em 2037? Alimentado pela tecnologia
híbrida? Motor eléctrico? Energia nuclear? Quem sabe?
Uma coisa é certa, é difícil imaginar as nossas estradas sem o Micra.
Parabéns Micra e brindemos aos próximos 25 anos: Saúde!
Informação extra
Variações num tema
No princípio era o Micra, um automóvel de três portas simples, com algumas ilusões de grandeza.
Mas porque foi abençoado com um chassis de comportamento dinâmico e com um motor e
transmissão avançados, não demorou muito até que os transformadores de veículos (“tuners”) e
especialistas começassem a reinterpretar o novo bebé da Nissan.
E entre os primeiros encontrava-se a própria Nissan. Apercebendo-se de que o chassis poderia
lidar com mais potência, a Nissan desenvolveu o March Turbo para satisfazer as exigências da
brigada veloz. Dois anos mais tarde surgiu o Superturbo, um concentrado de potência que
rapidamente colocou a sua marca nas pistas de corrida do Japão.
Mas foram os outros modelos que sugeriram que os designers da Nissan estivessem talvez a
viciar-se em algo mais forte do que chá verde. O Be-1 cobriu o chassis do Micra com uma
carroçaria maior, mais arredondada e foi seguido pelo Pao – um design industrial funcional que
repercutia aquelas carrinhas antigas e de carroçaria ondulada. O S-Cargo, semelhante ao caracol,
apelava às empresas modernas que procuravam uma carrinha de entregas diferente, mas a
versão de maior sucesso em termos de vendas, foi o Figaro em tons pastel com a capota macia e
que foi lançado dois anos mais tarde.
Quando o Micra K11 chegou, a Nissan continuou – principalmente através do seu apoio à Autech –
a produzir variações invulgares no tema Micra. O Bolero, por exemplo, continha faróis grandes e
redondos e uma grelha distinta que repercutia os clássicos familiares britânicos dos anos 60.
O tema retro continuou com modelos modificados de edição limitada tais como o Juke, o Rumba e
o Polka, mas a Nissan também introduziu variantes comerciais, como a carrinha Box e um
descapotável.
Mas foram os modelos retro que inspiraram não só os clientes, mas também outras empresas
especialistas. Um dos Micra com mais sucesso e mais excêntrico foi o Viewt, elaborado pela
Mitsuoka. Enquanto a secção central permaneceu como a Nissan tinha planeado, a Mitsuoka fez
enxertos numa traseira e dianteira novas que imitavam as linhas do Jaguar Mk II dos anos 60 do
século XX: o artigo final era um modelo em escala fiel ao grande Jaguar e ficou completo com pele
sofisticada e interior em folheado de nogueira.
De menor sucesso, pelo menos aos olhos confusos dos europeus, foram os March modificados de
empresas como a Copel, a Mooku e a Lotas que, por razões por eles melhor conhecidas, criaram
versões reduzidas de “clássicos” do Reino Unido como o Vanden Plas 1100.
A Autech, empresa da Nissan, continuou a modificar o modelo K12 com modelos retro como o
Bolero e o Rafeet, pois a própria Nissan criou dois modelos diferentes – o Cube e o Note –
utilizando a plataforma do Micra K12.
Mas talvez a modificação mais excessiva do Micra tenha chegado do Reino Unido. A pequena mas
proeminente equipa Ray Mallock Racing do Reino Unido criou um Micra como nenhum outro. A
RMR agradou com o Micra R.
Deixando o esquema da pintura ousada de parte, este Micra poderia ter passado por vulgar à
distância, mas na verdade era outra coisa. O motor convencional foi retirado e a área sob o capot
passou a alojar um depósito de combustível e várias caixas de controlo electrónico.
A potência deste Micra nascia num motor de 2.0 litros altamente modificado que tinha sido
anteriormente utilizado num Primera que competiu no Campeonato Britânico de Carros de
Turismo. Foi colocado na parte traseira do automóvel e movia as rodas traseiras, tornando o Micra
num veículo de dois lugares que estava agora completamente desprovido de espaço na bagageira.
Com 265 cv, este Micra podia agora atingir os 240 km/h e chegar aos 100 km/h em menos de 5
segundos!
Inteiramente concebido como um protótipo, salientava o potencial desportivo do Micra – a sua
chegada coincidia com o lançamento do 160 SR – e, como resultado, criava um grande interesse
na imprensa automóvel.
Mas ainda estava mais para vir. Com um motor de competição ruidoso virtualmente alojado e
situado no local onde seriam os bancos traseiros, o Micra R estava longe de ser confortável… por
isso, a RMR utilizou a sua perícia para criar o Micra 350 SR, desta vez integrando um motor V6 de
3.5 litros do recentemente introduzido Nissan 350Z na parte de trás do Micra inofensivo.
Com 310 cv mais controláveis, o desempenho era igualmente bom mas, desta vez, o automóvel
podia ser utilizado no dia-a-dia… como descobriram os jornalistas da Evo, um dos nomes líderes
da imprensa automóvel do Reino Unido, quando pediram o automóvel emprestado para efectuar
um teste de longa duração.
Micra de corrida
Poderia ter sido concebido como um simples automóvel para idas às compras, mas o Micra
proporcionou a muitos a sua primeira "prova" de um desporto motorizado.
O primeiro March Turbo foi criado no Japão para proporcionar a base perfeita para um troféu, o
March Cup, que decorre desde o princípio dos anos 80. O troféu, que inclui uma competição
feminina, decorre em todo o país com pilotos de topo que se juntam para a Final do Troféu no fim
da temporada.
O March K10 era também o automóvel preferido dos recém-chegados ao Campeonato de Ralis
Japonês, enquanto na Europa o K11 apresentou aos principiantes os eventos de competição. O
Micra de segunda geração definiu as bases do Micra Challenge, uma introdução de baixo custo às
corridas de rali que era disputada como uma série de campeonatos isolados por toda a Europa,
entre os quais Portugal onde o Troféu Micra foi fórmula de sucesso nos Ralis de Iniciados durante
3 épocas. Os automóveis baseavam-se no modelo 1.3 L e quase não eram alterados a nível
mecânico, para além dos equipamentos de segurança.
Em França, o Micra K11 foi também utilizado numa competição de celebridades, mas sugerindo o
Micra 350SR do futuro, foi criada uma versão V6 3.0 litros com tracção integral e motor entre eixos
para o campeonato de corridas no gelo do Troféu Andros, conduzido por estrelas francesas
incluindo Erik Comas, Philippe Gache e Emmanuel Collard.
Para um construtor, vencer uma corrida ou um título de ralis é extremamente fácil quando é o
único automóvel em competição. Mas o Micra deixou a sua marca no panorama internacional de
ralis, também. Apesar do seu pequeno motor, do chassis com tracção a duas rodas e dos
concorrentes maiores e mais potentes, um veterano Sueco colocou um Micra K10 num sólido 21.º
lugar no Rali RAC de 1988 e num impressionante 10.º lugar da geral do Rali da Acrópole de 1989.
Mas isso descreve o Micra na perfeição: um automóvel com uma força superior ao seu peso.