A “IRRACIONALIDADE” DA RAZÃO ADMINISTRATIVA Autora Prof.a

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A “IRRACIONALIDADE” DA RAZÃO ADMINISTRATIVA Autora Prof.a
A “IRRACIONALIDADE” DA RAZÃO ADMINISTRATIVA
Autora
Prof.a Fernanda M. Vasconcelos Motta – UFMG
Instituição
Universidade Federal de Minas Gerais
Departamento de Ciências Administrativas
Centro de Pós - Graduação e Pesquisas em Administração – CEPEAD
Resumo
O objetivo do presente trabalho é analisar a influência que a razão instrumental exerce sobre a razão administrativa,
sendo que essa passa a atuar como importante veículo de legitimação dos rituais, mitos e cerimônias daquela. É
empreendida uma análise das teorias organizacionais convencionais, no sentido de se confirmar que são elaboradas
visando legitimar o paradigma da racionalidade funcional das organizações e negam-se, portanto, a um
questionamento mais profundo dos interesses substanciais dos indivíduos inseridos no contexto organizacional.
Mesmo levando-se em consideração que o indivíduo e a organização partilham um conflito por definição dentro do
contexto capitalista de produção, tal conflito vem agravando-se devido a uma falta de sintonia entre os interesses
funcionais do processo produtivo e os interesses substanciais dos indivíduos inseridos no contexto organizacional.
Chega-se à conclusão, portanto, de que as teorias organizacionais desenvolvidas até então estabeleceram-se como
projetos científicos que não têm correspondido às expectativas dos indivíduos. Nesse sentido, novos caminhos
colocam-se para a Teoria Administrativa na medida em que os estudiosos tomem consciência do caráter mítico que
esta vem apresentando e voltem seus esforços para o resgate das dimensões simbólicas das relações humanas,
favorecendo o desenvolvimento da capacidade crítica e do rigor metodológico no estudo dos fenômenos
organizacionais.
A proposta então apresentada nesse estudo é a de que a Teoria Administrativa desenvolva-se no sentido de valorizar
a razão substancial, possibilitando, assim, o atendimento das necessidades de autonomia, educação, desenvolvimento
afetivo e auto – realização dos indivíduos. A efetivação de tal proposta supostamente não comprometeria a lógica de
rentabilidade máxima do capitalismo, e mesmo poderia contribuir para a sobrevivência desse, pois o que se requer
atualmente é pessoal qualificado, capaz de pensar e contribuir efetivamente para o alcance dos objetivos traçados
pela organização e não meros indivíduos passivos e alienados, que trabalham mais em prol de seus interesses do que
em favor da organização como um todo. No entanto, o presente estudo apresenta apenas uma das possíveis
alternativas para o avanço da Teoria Administrativa e, dadas as limitações que possui, deve ser considerado como um
esforço no sentido de se repensar os caminhos que vem seguindo a Teoria da Administração e discutir perspectivas
de direcionamento futuro desta.
Introdução
“ A teoria da organização, tal como tem prevalecido, é ingênua.
Assume esse caráter porque se baseia na racionalidade instrumental inerente à ciência dominante no
ocidente”
(Alberto Guerreiro Ramos, 1981)
A razão administrativa vêm demonstrando-se, ao longo do tempo, incapaz de soluciona o problema da integração
homem - trabalho na moderna sociedade técnico - burocrática. A hipótese central desenvolvida neste estudo é a de
que, uma vez que a razão instrumental exerce um domínio sobre a razão administrativa, essa apenas atua no sentido
de confirmar a lógica funcional da organização, constituindo-se, então, em um importante veículo de legitimação dos
rituais, mitos e cerimônias daquela. Com isso, as teorias organizacionais convencionais deixam de considerar a razão
substancial essencial às necessidades de evolução e emancipação humanas. Essas teorias parecem tentar solucionar o
conflito entre a racionalidade funcional e racionalidade substancial de forma acrítica, por meio de uma razão
administrativa voltada para os imperativos da eficiência do sistema produtivo, moldando os indivíduos aos projetos
de produção, de forma a adotarem uma atitude passiva e alienada em relação ao papel que desempenham nessas
organizações. Assim, preocupam-se apenas em encontrar maneiras pelas quais sejam tão racionais quanto possível,
produzindo um mínimo de conseqüências indesejáveis.
O maior problema, porém, evidencia-se pela constatação de que os seres humanos não aceitam passivamente a
dominação imposta pela razão funcional (processo organizacional que visa alcançar objetivos pré - determinados
pela organização). O conflito entre os interesses dos indivíduos e os interesses das organizações é inerente ao modo
de produção capitalista, uma vez que os trabalhadores passam a não controlar mais os meios de produção, tendo,
portanto, que negociar sua força de trabalho com um seleto grupo de capitalistas que monopolizam esses meios. Na
medida em que essa negociação é feita de forma a prejudicar os interesses da força trabalhista, objetivando moldá-la
a padrões pré - determinados de produção, o conflito torna-se mais acentuado. Parece evidente que não há uma forma
mais simples de se exterminar os conflitos e insatisfações dos indivíduos num ambiente de trabalho em que lhes é
exigido o abandono de suas faculdades críticas, de sua autonomia. O que pretende-se esclarecer é que a razão
administrativa, ao privilegiar apenas a racionalidade funcional em detrimento da racionalidade substancial acaba por
desconsiderar o quão vantajoso seria a consideração dessa última racionalidade, com vistas a uma maior integração
dos funcionários na organização através do estímulo a uma deliberada auto – racionalização do comportamento
destes.
Vários estudiosos empreenderam análises e críticas à razão moderna supostamente inerente ao modo de produção
capitalista e, especificamente, ao contexto organizacional. WEBER (1968) interessou-se por compreender o modo
pelo qual uma sociedade aparentemente informe transforma-se numa sociedade caracterizada pela racionalidade
instrumental. O autor considerou três formas básicas de dominação: a tradicional, a burocrática e a carismática. Ele
também distinguiu quatro tipos de ação social, que são a racional em relação a fins, a racional em relação a valores,
a afetiva e a tradicional. Conforme a teoria Weberiana, a ação racional com relação a fins é a mais apropriada ao
contexto organizacional burocrático, uma vez que é sistemática, consciente e visa adequar condições e recursos a fins
deliberadamente escolhidos pela organização. Essa conceituação contribuiu de forma essencial para o
estabelecimento da distinção entre racionalidade funcional e racionalidade substancial utilizada atualmente, além de
ter proporcionado as bases para a diferenciação entre racionalidade (relacionada ao alcance das metas
organizacionais preestabelecidas dentro dos limites impostos por condições determinadas) e racionalização
(relacionada à utilização de métodos científicos para alcançar uma redução dos custos, maior rapidez no trabalho e,
assim, aumentar a eficiência produtiva). Segundo a análise realizada por WEBER (1968) conclui-se que a
racionalidade funcional estaria baseada na expectativa de resultados, atendendo a fins planejados, enquanto a
racionalidade substancial não estaria vinculada à obtenção de qualquer resultado utilitário no sentido requerido pelas
organizações. Assim, o autor descreve as organizações burocráticas como centradas na racionalidade funcional e não
substancial, uma vez que elas constituem unidades sociais intencionalmente construídas, que visam ao alcance de
fins planejados. WEBER observou, porém, segundo constatou ETZIONI (1989), que as modernas organizações
burocráticas possuem fraquezas em sua estrutura racional. Além de existirem pressões constantes de forças exteriores
para encorajar o funcionário a seguir outras normas que não as organizacionais, também o próprio compromisso do
funcionário com as regras burocráticas é fraco. Assim, para WEBER (1968), a grande racionalidade funcional da
estrutura burocrática é frágil, necessitando sempre de mecanismos que assegurem sua sobrevivência. Uma crítica
realizada por RAMOS (1981:6), à teoria weberiana, portanto, diz respeito exatamente à ausência de uma análise da
organização do ponto-de-vista da racionalidade substancial. Segundo o autor, “...escolheu ele (WEBER) a resignação
como posição metodológica em seus estudos da vida social”.
MANNHEIM (1950) aprofunda a definição dos conceitos de racionalidade funcional e racionalidade substancial de
WEBER. Assim, a racionalidade funcional é constituída por atos que devem relacionar-se uns com os outros visando
o alcance de um objetivo pré - escolhido. Já a racionalidade substancial é analisada pelo autor (1950:53) como “um
ato de pensamento que revela percepções inteligentes das inter-relações de acontecimentos, numa situação
determinada”. O autor considerou a racionalidade substancial como alicerce da vida humana ética, acrescentando que
a racionalidade funcional, como característica predominante da sociedade capitalista e das organizações voltadas
para o modo de produção estabelecido por essa sociedade, acaba por suprimir essa qualidade ética das relações
humanas. Consequentemente, o império da racionalidade funcional, inerente ao processo de desenvolvimento da
industrialização, estaria levando a uma perda da possibilidade de pensamento crítico pelo indivíduo. O que
MANNHEIM (1950) realizou foi um alerta no sentido de que um sistema social não poderia efetivar-se por meio da
força psicológica dos indivíduos. Não apontou, porém, uma alternativa clara para essa situação.
A racionalidade também constituiu um dos focos centrais de estudo da Escola de Frankfurt. Segundo seus
representantes, a racionalidade, na moderna sociedade industrial, teve sua função distorcida, transformando-se em
instrumento de manutenção da repressão social. HORKHEIMER (1947) identificou um processo de corrupção da
linguagem como resultado da assimilação pelo indivíduo dos preceitos do sistema industrial moderno. Na medida em
que o homem não é mais capaz de usar a linguagem de modo correto, de formular significações não viciadas pelo
sistema capitalista, seu comportamento já não baseia-se na verdadeira razão, vinculada aos princípios éticos da
existência. O que prevalece, segundo HORKHEIMER (1947), é uma “Teoria da Razão Objetiva” que prioriza os fins
e sufoca a dimensão ética da razão humana. O autor acaba por realizar, também, apenas uma denúncia da sociedade
moderna guiada pela razão iluminista, não conseguindo apontar, porém, alternativas que possam representar soluções
para os males gerados por esta sociedade.
Já HABERMAS, conforme esclarece ARAGÃO (1992), estabelece uma Teoria da Razão Comunicativa, na qual
apresenta o agir comunicativo como uma proposta de superação do tecnicismo e funcionalismo predominantes na
sociedade moderna. Segundo o autor, o domínio exercido pela racionalidade funcional nas relações capitalistas faz
com que uma comunicação distorcida instale-se entre os indivíduos. Propõe o estabelecimento de uma efetiva
possibilidade de comunicação entre os indivíduos que faça frente à situação de predominância da razão técnica e
dirigida a fins, permitindo a emancipação do indivíduo e o desenvolvimento de suas potencialidades de autoreflexão. HABERMAS determina a necessidade de se restaurarem, na moderna sociedade, as antigas formas de
iteração simbólica, suprimidas pela imposição de condutas racionais com relação a fins. O autor, porém, segundo
argumenta RAMOS (1981), aproxima-se da teoria marxista, uma vez que considerou que a emancipação humana
pudesse ocorrer como um movimento social coletivo, concretizado através de processos de esclarecimento de
alcance generalizado entre as pessoas, o que parece representar uma solução ingênua diante da complexidade das
relações humanas na sociedade moderna.
SIMON (1965), por sua vez, conceituou a racionalidade no que diz respeito ao processo de tomada de decisões nas
organizações, vinculando-a a adjetivos. Ele estabelece a “decisão objetivamente racional”, a decisão subjetivamente
racional”, a “decisão “conscientemente racional”, a “decisão deliberadamente racional” e a “decisão pessoalmente
racional” e a “decisão pessoalmente racional”. O autor constatou que as organizações, embora busquem sempre um
comportamento racional ótimo por parte dos funcionários em relação ao processo de tomada de decisões, não
conseguem obtê-lo. SIMON (1965) argumenta que há limites na racionalidade dos indivíduos, ou seja, que eles são
condicionados por hábitos e reflexos que não pertencem ao domínio de seu consciente e por valores e motivações
pessoais que podem influenciar no processo decisório. Ele portanto considera que o único critério que deve nortear o
planejamento da estrutura administrativa e seu funcionamento é o da eficiência global, ou seja, o critério de assegurar
que os funcionários tomem os caminhos mais rápidos e utilizem os meios mais econômicos para se alcançar os
objetivos preestabelecidos pela organização. As decisões administrativas, então, estariam sujeitas aos limites da
racionalidade humana não devendo ser controladas no sentido de estarem corretas ou não e sim no sentido de
estarem corretas ou não e sim no sentido de estarem compatíveis ou não com os fins determinados pela organização.
RAMOS (1983), porém, considera que SIMON estaria tentando, por meio de sua conceituação das diversas
racionalidades do processo decisório, oferecer uma contribuição efetiva a uma teoria administrativa livre de
“provérbios” e de conceitos ambíguos, mas parece não ter conseguido realizar esse intento, uma vez que as
distinções que fez entre os conceitos de racionalidade são tidas como insatisfatórias ao esclarecimento de dúvidas a
esse respeito. SIMON (1965), em sua análise da ação administrativa e do processo de tomada de decisões, prioriza a
racionalidade funcional em detrimento da racionalidade substancial, desconsiderando, portanto, a existência de um
conflito permanente entre os interesses de emancipação e autonomia dos indivíduos e os interesses organizacionais
de controle da conduta humana em relação ao alcance de fins pré- determinados. ETZIONI (1989:42) confirma a
crítica empreendida por RAMOS ao dizer que “o principal centro de seu (SIMON) estudo continua a ser,
fundamentalmente, a organização formal, o comportamento racional, a procura do instrumento da organização mais
capaz de facilitar a realização de um determinado conjunto de objetivos, e não o instrumento da organização que
mantenha a felicidade de seus participantes”.
Já RAMOS (1981), empreendendo uma pertinente análise crítica da razão moderna, questiona a validade científica
das teorias organizacionais exclusivamente baseadas nessa modalidade de razão. O autor alerta que o perigo é que os
estudiosos, ao determinarem a ação racional, e particularmente a ação racional funcional, como características
básicas das organizações, aproximem-se dos economistas clássicos que consideravam erroneamente a natureza
humana como somente econômica. RAMOS (1983) esclarece que o temor da massificação do comportamento
humano estaria relacionado à predominância, no contexto organizacional, da racionalidade funcional, que gera um
bloqueio à capacidade de compreensão e entendimento dos indivíduos e um reforço ao caráter concentracionário das
organizações em relação aos meios de produção e ao poder de decisão. O autor pretende, então, o estabelecimento de
uma nova ciência das organizações, que não omita o conflito entre interesses da organização e do indivíduo, mas sim
que o considere, buscando o estabelecimento da racionalidade substantiva no contexto das organizações, através do
estimulo à uma deliberada auto- racionalização do comportamento do indivíduo. O que esse autor defende é a
possibilidade de um desenvolvimento da consciência e da compreensão pelos indivíduos do papel que desempenham
nas organizações e, mais amplamente, no contexto das relações capitalistas. Assim, os indivíduos não atuariam mais
como objetos da ação organizacional, não seriam mais “homo -faber” e sim “homo -sapiens”, cuja função principal é
pensar e não executar, uma vez que para a realização dessa segunda função existem máquinas e robôs que substituem
perfeitamente o homem mas, para a realização da primeira, a presença humana ainda se faz necessária. RAMOS
(1981) estabelece como fundamental uma análise social do papel das organizações, partindo do ponto-de-vista da
racionalidade substantiva. Torna-se, portanto, imprescindível um estudo da função que as teorias organizacionais
vêm desempenhando no sentido de confirmação do imperativo da racionalidade funcional no contexto das
organizações modernas.
Teorias organizacionais como confirmadoras da racionalidade funcional
TENÓRIO (1993) questiona a efetividade das teorias organizacionais, dependentes imediatas da racionalidade
instrumental, considerando que elas não passam de mitos do que poderia ter acontecido e não do que realmente
ocorre no funcionamento das organizações. O autor compartilha com CARNEIRO (1995) a crença de que as teorias
organizacionais, como projetos de prescrição e explicação dos fenômenos organizacionais, não conseguem conciliar
o crescente determinismo da racionalidade funcional com a necessidade de emancipação humana. RAMOS (1981)
reforça essa questão esclarecendo que as teorias convencionais da organização fortalecem o paradigma da
racionalidade funcional, uma vez que não contestam a influência ilimitada do sistema de mercado na vida dos
indivíduos. Esse autor (1981:23) coloca que “a teoria da organização atual é, portanto, teoricamente incapaz de
oferecer diretrizes para a criação de espaços sociais em que os indivíduos possam participar de relações interpessoais
verdadeiramente auto - gratificantes”.
Empreendendo-se uma análise crítica dessas teorias pode-se perceber a incapacidade apontada por RAMOS.
A Teoria de Administração Clássica e a Administração Científica representaram a primeira tentativa sistemática de
uniformizar conceitos e de compreender e estabelecer regras para o funcionamento organizacional. Elas centraram-se
em uma melhor forma de organizar, supondo que a organização mais eficiente seria determinada pela velocidade da
produção, pela simplificação de esforços, pela diminuição do prazo para execução das tarefas e pelo estabelecimento
de regras e normas que condicionassem a atuação dos indivíduos na organização. Os indivíduos eram percebidos
pela atuação como homo -economicus, motivados apenas por incentivos financeiros. Assim, representavam peças
manipuláveis que deveriam ser ajustadas para atender melhor aos objetivos da organização. A Teoria Clássica,
portanto, guarda em si os fundamentos da Administração ao vinculá-la com o processo de desenvolvimento do
capitalismo e ao considerá-la como aliada na materialização do “espírito capitalista” que, na concepção weberiana, é
a busca do lucro, por meio da racionalidade funcional.
A Teoria de Relações Humanas surge, então, como uma reação à abordagem formal clássica. Ela enfatiza aspectos
que foram pouco ou totalmente desconsiderados na análise clássica. Como esclarece MAYO (1959), as organizações
passaram a possuir uma função não apenas econômica como também social. A ênfase volta-se para as relações
grupais de trabalho e os esforços administrativos voltam-se para o controle dessas relações. A Teoria de Relações
Humanas estrutura-se a partir do conceito de “cooperação espontânea”, segundo BENDIX & FISHER (1971). Seria
somente por meio dessa cooperação que os funcionários entrariam em sintonia com os objetivos da empresa, o que
resultaria numa relação harmônica e participativa entre eles e a administração, sem a necessidade da existência de
sindicatos trabalhistas. Conforme esclarece PERROW (1991), ao priorizar os grupos sociais e não o trabalho, a
Teoria de Relações Humanas parece deslocar-se do contexto econômico no qual estão inseridas as organizações.
Uma crítica decisiva está relacionada ao questionamento de sua sustentação empírica efetiva, apesar dela ter
significado um esforço pelo melhor entendimento do caráter humano das relações organizacionais, fato que até então
havia sido desconsiderado pelos estudiosos da Teoria da Administração Científica. Além disso, a Escola de Relações
Humanas, em relação à Administração Científica, não consegue romper com a lógica da racionalidade puramente
funcional, uma vez que interessa-se apenas por formas “mais humanas” de sujeição dos indivíduos aos interesses
organizacionais.
A teoria estabelecida por WEBER (1982), conforme dito anteriormente, também confirma o imperativo da
racionalidade funcional nas organizações, uma vez que o autor esclarece que o sistema burocrático pressupõe a
padronização do comportamento humano na esfera organizacional, ao condicioná-lo a normas e regras que o
nortearão. As proposições que regem a organização burocrática, segundo o autor, estão vinculadas às variáveis
controle, disciplina e autoridade. A coerência da administração burocrática encontra-se, assim, alicerçada na
exigência de uma separação entre as atividades determinadas pela esfera pública e as atividades determinadas pela
esfera privada da vida humana. A estrutura burocrática, como esclarece WEBER (1982), opõe-se à patrimonialista,
uma vez que estabelece condutas impessoais e racionais no contexto organizacional. Além disso, a concepção
burocrática pressupõe princípios tais como hierarquia de cargos e níveis de autoridade, divisão do trabalho,
especialização, caráter formal das comunicações organizacional, impessoalidade nos relacionamentos dentro do
contexto organizacional, sistema de remuneração por cargo e não por produtividade, além de um sistema de
recompensas por mérito e por antigüidade do funcionário. Conforme argumenta o autor, a burocratização seria o
princípio de especialização das funções administrativas segundo critérios objetivos, o que levaria à eficiência da
produção e, por conseguinte, ao alcance do fim último das organizações capitalistas, que é a maximização do lucro.
A eficiência burocrática, então, dependeria do processo de “desumanização”, do abono dos elementos irracionais da
conduta humana e da valorização do perito rigorosamente objetivo, o que contribui para a perpetuação da
concentração dos meios de produção e do processo decisório nas mãos de seletos grupos capitalistas. WEBER (1982)
considerou a organização burocrática como ideal para o sistema capitalista de produção. Ele, porém, encarou esse
fato com temor, não percebendo que as características da burocracia referentes à racionalidade apenas funcional e à
estimulação de indivíduos passivos, alienados, não são inerentes à organização burocrática, podendo vir a ser
alteradas por esta no sentido de atender melhor às necessidades humanas, conforme indica RAMOS (1983).
Realizando uma crítica às organizações burocráticas que se apegam unicamente à lógica da racionalidade funcional
MORGAN (1996:41) considera que essas organizações, cujo enfoque é puramente mecanicista, podem gerar
comportamentos por parte dos funcionários que, embora sejam tidos como racionais para a execução de atividades
específicas, podem constituir-se irracionais para o todo da organização. Ele diz que “a construção de império,
carreirismo, defesa de interesses departamentais, projetos favoritos, bem como o conjunto de orçamentos inchados
para criar recursos excedentes podem subverter o trabalho como um todo”.
Desta forma, estebelece-se uma crítica dos Estruturalistas ao enfoque mecanicista das organizações. Segundo eles,
teorias como a da Administração Científica e de Relações Humanas não perceberam como inerentes à organização
conflitos entre a valorização da racionalidade funcional pela organização e a busca de emancipação e evolução pelos
indivíduos. A Teoria Estruturalistas percebe que o indivíduo, no contexto das organizações burocráticas, encontra-se
em permanente luta contra a tentativa de da organização em torná-lo um componente passivo do processo produtivo,
suprimindo-lhe qualquer participação no processo produtivo, suprimindo-lhe qualquer participação no processo de
tomada de decisões. A racionalidade da organização, para GOULDNER (1978) consiste, então, no fato de que não há
uma integração dos funcionários à organização, visando ao alcance dos objetivos traçados por esta. O que existe é
uma permanente reação dos diversos estratos sociais à tentativa alienação determinada pela estrutura burocrática.
Para o autor, esse conflito só seria solucionado quando o controle do processo produtivo fosse democratizado, o que
era improvável de ocorrer no contexto capitalista de produção que se apresentava, e continua sendo no contexto
capitalista atual. Os Estruturalistas consideravam então que, uma vez que os conflitos não poderiam ser eliminados,
eles poderiam ter várias funções sociais e dentre elas incluem-se contribuições positivas para o sistema da
organização. O avanço que a Teoria Estruturalista representou foi o fato de que ela não realizou análises puramente
mecanicistas das organizações. Seus estudos, baseados em interpretações antropológicas e sociológicas da teoria
administrativa e em pesquisas empíricas que abrangeram um amplo universo de organizações, levaram à
consideração das organizações como complexas, onde coexistem vários grupos sociais que nem sempre possuem os
mesmos interesses. Além disso, foram estudados vários aspectos organizacionais, tais como a articulação de
elementos formais e informais nas organizações e a interação entre a organização e seu ambiente. A Teoria
Estruturalista, porém, não rompe como o paradigma da racionalidade funcional na análise organizacional.
A Teoria Sistêmica também não vincula-se a uma análise organizacional no sentido da racionalidade substantiva.
Embora se considere que as organizações devam funcionar como sistemas e não de acordo com as finalidades
racionais estabelecidas por seus líderes, coloca como imprescindíveis os mecanismos de controle que asseguram a
manutenção da unidade das partes da organização, reduzindo assim a variabilidade do comportamento humano e
determinando padrões estáveis de atuação. O avanço dessa teoria em relação às demais estabelece-se na
compreensão das organizações como sistemas abertos que relacionam-se continuamente com o meio ambiente no
qual estão inseridas, utilizando-se de mecanismos de feed-back para regular sua ação em relação ao mercado. Assim,
os insumos de energia, responsáveis pelo processo de retroalimentação do ciclo, adquirem caráter informativo,
fornecendo dados ao sistema sobre o ambiente e sobre os desvios de ajustamento em relação a ele. Esse processo,
porém, não consiste em uma adaptação passiva, uma vez que a organização também interfere no ambiente em que
atua. Segundo VON BERTALANFFY (1973), o sistema aberto tende, assim, a um estado “estacionário” (no sentido
de equilíbrio), pois os intercâmbios de energia efetuados entre o meio e o sistema permitem a este último ajustar-se
continuamente às variações ambientais, o que resulta numa maior probabilidade de sobrevivência. Esse caráter
aberto e cíclico das organizações foi pouco considerado pelas teorias organizacionais desenvolvidas até então, que
deram ênfase apenas aos princípios de funcionamento interno das organizações. Assim os mecanismos de controle e
coordenação constituem nos modelos anteriores fins em si mesmos, o que compromete a flexibilidade necessária à
organização em interação com seu meio ambiente. Trata-se de uma visão global, cujos instrumentos analíticos
possibilitam melhores condições de compreensão e tratamento do fenômeno organizacional e mais ampla percepção
crítica. Essa amplitude analítica da Teoria Sistêmica acaba por gerar, porém, um resultado reducionis ta, na medida
em que a teoria estabelece-se como completa acabada sem limitações. A abordagem sistêmica aniquila leituras da
organização que não a considerem como sistema e, em última instância nega a contradição. É, porém, ilusória essa
consideração empreendida pela Teoria de Sistemas de que a organização é integrada, de que o sistema funciona
harmoniosamente. Ele funciona sim pelo conflito de interesses, pela contradição entre a racionalidade funcional da
organização e o desejo de emancipação dos indivíduos. Essa teoria acaba gerando uma maximização da
racionalidade , um vez que esta é considerada como inerente aos sistemas e não como algo que deve ser elaborado e
controlado visando dinamizar o funcionamento da organização e o alcance dos objetivos globais desta.
No sentido de evolução em relação à abordagem sistêmica estabelece-se a Teoria Contingencial. O enfoque
contingencial, segundo LAWRENCE & LORSH (1973) relaciona-se às maneiras de facilitar a integração sem
comprometer a necessária diferenciação ou tentar mascarar os conflitos inerentes às organizações complexas. A
Teoria Contingencial rejeita, então, as abordagens organizacionais anteriores no que diz respeito ao estabelecimento
único e melhor modo de organizar a empresa em toda e qualquer situação. Ela determina que diferentes estruturas
organizacionais podem alcançar resultados eficazes, dependendo do contexto em que elas se situam. No entanto, na
medida em que a proposta da Teoria da Contingência pode ser reduzida ao esquema “se...então”, acaba vinculada a
uma forma determinista e não contingente, onde também a racionalidade funcional é que é valorizada,
desconsiderando-se a questão da racionalidade substancial, que leva a um processo de auto- racionalização do
comportamento dos indivíduos, permitindo que eles se situem no contexto capitalista de produção como sujeitos de
suas ações e não como objetos da ação organizacional.
A grande vantagem da abordagem contingencial em relação às demais baseia-se no rigor metodológico de seus
estudos, realizados por meio de pesquisas empíricas que objetivaram delimitar a validade dos princípios gerais da
organização a situações específicas. A abordagem contingencial incorpora em sua análise variáveis tais como a
tecnologia, o tamanho da organização, sua localização, os recursos disponíveis, a cultura e os objetivos
organizacionais, a interdependência da organização com o mercado, a história da organização e seus mecanismos de
controle. O valor dessa teoria está em seu esforço em pensar a inter-relação e influência de um conjunto de variáveis
nas formas de estruturação e funcionamento da organização, o que gera um aperfeiçoamento da análise em relação às
teorias anteriores, mas não foge de uma atitude confirmadora do paradigma da racionalidade funcional das
organizações e que não é capaz de atender aos anseios de emancipação e evolução dos indivíduos.
Teoria da Administração: Novos Caminhos ?
“É horrível pensar que o mundo possa um dia tornar-se povoado unicamente por esses pequenos autômatos,
mini-homens agarrados a ínfimos cargos, lutando por postos mais altos, um estado de coisas que se pode
observar, mais uma vez (como nos autos egípcios), desempenhando um papel cada vez mais importante no espírito
do nosso atual sistema administrativo e especialmente no de seus sucessores, os estudantes. Esta paixão pela
burocracia...é suficiente para levar alguém ao desespero. É como se, na política..., nós nos tornássemos
deliberadamente homens que precisam de “ordem” e nada mais, a não ser ordem; que ficam nervosos e covardes
se, por um momento, tal ordem falhar, e vêem-se sem recursos se forem impedidos de continuar totalmente a ela
incorporados. Que o mundo não conheça outros, a não ser tais homens: a evolução é de tal monta que já estamos
presos a ela, e a grande questão não é propriamente de como podemos promovê-la e acelerá-la, mas o que
devemos contrapor a este mecanismo, afim de que seja mantida uma parcela de humanidade livre deste
condicionamento de espírito, o que advém da suprema predominância do modo de viver burocrático ?”.
(Max Weber – In: MOTTA, 1986)
As teoria, da Administração Científica até a contemporânea Teoria Contingencial, têm pautado suas análises no
paradigma da racionalidade funcional das organizações. Essas teorias estabelecem-se por meio de uma lógica de
continuidade em relação às outras, apesar de deslocarem a ênfase de determinados aspectos organizacionais para
outros. Acabam por atuar, porém, dentro de um modelo de “ciência normal”, segundo COELHO (1979), que avança
pelo acúmulo de conhecimento.
O que define o paradigma no qual as teorias organizacionais baseiam seus construtos teóricos é a “racionalidade” da
estrutura e do funcionamento da organização, ou seja, qual a melhor forma de se vincular a tecnologia e os objetivos
da organização permitindo que certas atividades sejam estruturadas de tal forma que matenham a unidade de
propósitos, a coordenação das atividades em relação a fins determinados e sua integração a um sistema maior.
Centra-se foco, segundo COELHO (1979:3), na forma pela qual “as atividades - meio são planejadas de modo que a
tecnologia sempre produza, com a maior economia de recursos (eficiência), os objetivos propostos”. O que se
denuncia é que os teóricos das organizações, considerando como “patológicos” todos os fenômenos que não possam
ser explicados por meio dessa racionalidade. Conforme esclarece COELHO (1979), porém, essa situação vem se
modificando e a etnometodologia e recentes estudos de organizações educacionais têm mostrado que a racionalidade
é propriedade mais do relato que as teorias elaboram sobre o funcionamento das organizações do que do verdadeiro
funcionamento destas. O autor (1979:13) coloca que “racionais são as descrições que damos das organizações, não as
organizações elas mesmas”. Chega-se à conclusão de que teorias convencionais, por atuarem dentro do paradigma da
racionalidade funcional da organização, não questionam esse paradigma, avançando apenas em relação à
consideração de diferentes aspectos do fenômeno organizacional e da utilização de diferentes aparatos metodológicos
em seus estudos.
Desenvolvendo um estudo crítico das teorias organizacionais convencionais, TENÓRIO (1993) utiliza a mesma linha
de análise de COELHO (1979). As teorias organizacionais, segundo TENÓRIO (1993), do advento do taylorismo a
modelos atuais de organização flexível, vêm atuando no sentido de adequar, de “moldar” os indivíduos aos sistemas
produtivos, tanto faz se na produção de bens ou serviços. É nesse sentido que se considera que esses modelos
explicativos das organizações não servem senão a uma razão instrumental, funcional, o que gera um “mito da razão
administrativa”, na medida em que a teoria da administração se exclui da necessidade de pensar em formas de
equacionar o problema da relação homem-trabalho no contexto das organizações burocráticas. A questão que se
coloca, abordada por autores como RAMOS (1981), COELHO (1979) e TENÓRIO (1993), é a de que, no momento
em que a lógica produtiva do sistema capitalista retira do indivíduo o controle da atividade produtiva e o submete a
uma situação de passividade e alienação, retira também sua força de pensamento, fazendo com que o indivíduo perca
a si próprio. Com isso, afasta-se a possibilidade de consideração da racionalidade substancial nas organizações, que,
na concepção de RAMOS (1981:39), “desenvolve-se como um ato de transcendência do ser humano, sua qualidade
de criatura dotada de razão”.
Mesmo as teorias voltadas para a organização flexível, que pretendem tornar as relações de trabalho mais
participativas e integradas, podem estar apenas confirmando a lógica da racionalidade funcional. CLEGG (1992:83)
determina que as organizações são “arenas em cujo interior, bem como à sua volta, várias formas de saber são
utilizadas pelas agências que buscam, com variados graus de eficácia, assegurar o que consideram ser seus
interesses”. O que o autor argumenta é que os agentes, dentro e em volta das organizações, podem construir
racionalidades diversas e simultâneas e é através de processos de poder que as racionalidades possíveis são
negociadas de forma a atenderem aos objetivos organizacionais. Assim, o estabelecimento da “nova onda” de
sistemas flexíveis de produção não resulta necessariamente em um rompimento com o paradigma dominante da
racionalidade funcional. Esses sistemas podem configurar-se simplesmente como mais um instrumento de controle e
alienação dos indivíduos e para isso basta que sejam guiados por uma modalidade neo-taylorista de racionalidade
funcional.
A irracionalidade da razão administrativa estabelece-se, então, pela falta de uma análise crítica em direção ao
fenômeno organizacional. Ao guiarem-se pelo paradigma da racionalidade funcional, as teorias organizacionais
desconsideram as “irracionalidades” que existem no contexto organizacional, uma vez que estas não encaixam-se no
modelo de racionalidade adotado como o correto para o funcionamento das organizações. Assim, teorizações não
convencionais, que optem por paradigmas alternativos de racionalidade, fazem-se necessárias, visando a uma maior
compreensão do que existe de integrado e fragmentado, coerente e ambíguo, consistente e desconexo no fenômeno
organizacional.
Considerações Finais
A conclusão a que se chega é a de que as teorias organizacionais são elaboradas visando confirmar o paradigma da
racionalidade funcional das organizações. Os indivíduos inseridos no contexto organizacional, porém, existem para
cumprir finalidades da vida que eles próprios estabelecem e que não se sujeitam facilmente às imposições da razão
funcional. Assim, indivíduo e organização partilham um conflito por definição, que, dentro do contexto capitalista de
produção, poderá ser maximizado ou minimizado, mas que estará sempre presente. Este conflito ocorre pela falta de
uma sintonia entre os interesses funcionais do processo produtivo e os interesses substanciais dos indivíduos
inseridos no contexto organizacional, que lhes asseguram sua característica de seres dotados de razão.
As teorias organizacionais desenvolvidas até então negaram-se a um questionamento mais profundo dessa questão e,
portanto, estabeleceram-se como projetos científicos que não têm correspondido às expectativas dos indivíduos.
Novos caminhos apresentam-se, então, para a Teoria Administrativa na medida em que os estudiosos tomem
consciência do caráter místico que esta vem apresentando e voltem seus esforços para o resgate da dimensão
simbólica das relações humanas, favorecendo o desenvolvimento da capacidade crítica e do rigor metodológico no
estudo dos fenômenos organizacionais, pois, segundo MOTTA (1986:27), “não se pode falar de fatos novos na
prática desacompanhados por fatos novos na teoria”. Devem-se desenvolver estudos como os realizados nas
organizações educacionais, onde se questionou o relato racional empreendido pelas teorias organizacionais, visando
desvendar as contradições entre irracionalidades e racionalidades presentes no contexto organizacional.
Torna-se essencial a compreensão de que novas formas de organização, como a do tipo flexível, e novos programas
como qualidade total, reengenharia e terceirização, na prática, não mudam nada nas relações homem-trabalho se as
teorias organizacionais não romperem com o paradigma da racionalidade funcional através do qual vêm elaborando
seus estudos. A proposta é de que a teoria administrativa desenvolva-se no sentido de valorizar a razão substancial,
possibilitando, assim, o atendimento das necessidades de autonomia, educação, desenvolvimento afetivo e autorealização dos indivíduos. O avanço nesse sentido não comprometeria a lógica de rentabilidade máxima do
capitalismo, uma vez que o que se requer atualmente é pessoal qualificado , capaz de pensar e contribuir
efetivamente para o alcance dos objetivos traçados pela organização. O que se propõe, porém, não é uma
confirmação da tendência atual de formação de uma “elite do conhecimento”, da qual grande parte dos indivíduos
encontra-se excluído, e sim uma consideração pelo ser humano, de maneira a propiciar a própria sobrevivência e
evolução do sistema capitalista. Em última instância, a teoria administrativa deveria ponderar se realmente é
vantajoso para as organizações a formação de indivíduos alienados e passivos, uma vez que eles trabalham muito
mais contra do que a favor dos objetivos destas.
“A marcha do conhecimento e da técnica continua e, com ela, a luta social e mora. Ninguém pode ter certeza de
que a humanidade sobreviverá a essa trajetória dolorosa, especialmente numa era em que o conhecimento
humano suplantou em muito o conhecimento que o homem tem de si mesmo” (D. Landes, 1969, edição de 1994).
Torna-se fundamental, então, que os teóricos da administração desvinculem suas análise do reducionista paradigma
da racionalidade funcional, abandonando o “olhar míope” que vêm lançando sobre o fenômeno organizacional, na
busca de aproximar-se da razão substancial, que possibilita o alcance de relações sociais mais éticas e significativas
no contexto organizacional.
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