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Mídia locativa e teorias “Materialidades da Comunicação e “AtorRede”.
André Lemos2
Resumo: As mídias locativas colocam em marcha processos infocomunicacionais
que utilizam serviços e tecnologias baseados em localização. Elas estão em
expansão no Brasil e no mundo, caracterizando a fase da atual internet of things
onde a informação é sensível a lugares e objetos. Propomos uma abordagem
teórico-metodológica para análise do processo de espacialização a partir das
teorias das “Materialidades da Comunicação” (Materialities of Communication) e
do “Ator-Rede” (Actor-Network Theory). Partimos da proposição de que as mídias
locativas desenvolvem modos de mediação locativos: escrita, escuta, visibilidade,
sociabilidade, acesso e lúdico.
Palavras-Chave: Comunicação. Cibercultura. Ator-Rede. Materialidades.
1. Introdução
Tecnologias e serviços baseados em localização como smart phones, GPS, redes sem
fio (Wi-Fi, 3G ou Bluetooth), realidade aumentada, etiquetas de radiofreqüência (RFID),
entre outros, estão transformando a forma como a sociedade consume, produz e distribui
informação. Esse conjunto é chamado de “mídia locativa”. Ele produz uma relação específica
entre informação, mobilidade e espaço urbano. Os exemplos são inúmeros: localizar um
ponto de interesse com o celular, navegação automotiva com GPS, anotação eletrônica,
mensagens via Bluetooth, ligar um objeto à internet por RFID, etc. Estamos passando por
uma virada espacial no estudo da comunicação (LENZ, 2007; HEMMET, et. al., 2006;
RUSSEL, 1999; SANTAELLA, 2008; TUTERS e VARNELIS, 2006, LEMOS, 2007,
LEMOS e JOSGRILBERG, 2009; NOVA, 2009, entre outros).
As mídias locativas são mídias de localização e da mobilidade. O fluxo
comunicacional se dá localmente, identificando a posição do usuário propondo serviços
locais. Lugar e o contexto são elementos essenciais, exigindo a copresença de usuário,
dispositivos, lugares, softwares. Isso favorece novos usos do espaço. Estamos acostumados a
1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Comunicação e Sociabilidade”, do XIX Encontro da Compós, na
UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, em junho de 2010.
2 Professor Associado da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Pesquisador 1B do
CNPq. http://andrelemos.info
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acessar a internet de qualquer lugar. Aqui o lugar é apenas um fundo ou resíduo3. Na atual
fase móvel e locativa a informação está diretamente vinculada ao contexto local. O usuário
serviço só é acessado localmente. Chamei a primeira fase da internet de “upload de
informação e virtualização para o ciberespaço”, onde o lugar tem uma importância relativa.
Como os sistemas locativos atuais, a função do lugar é crucial, caracterizando o “download
do ciberespaço para objetos e lugares” (LEMOS, 2009). Aqui o lugar é um sujeito da ação: a
informação “emana” e reage de/a partir dele.
Com a popularização atual dos telefones celulares e dos serviços baseados em
localização, estamos em meio a uma virada espacial nos estudos das mídias. Passamos do “no
sense of place” (MEYROWITZ, 1985), onde o lugar é superado pela comunicação massiva e
pelo ciberespaço em sua fase de “upload”, para um
“new sense of place”, onde relações
comunicacionais se dão diretamente com lugares e objetos do espaço urbano, potencializando
apropriação e ressignificação. Alguns exemplos reforçam essa tese: redes sociais móveis
como o “Google Latitude”, “Foursquare” ou “Brightkite”; criação de histórias sobre bairros e
comunidades como “MurMur” ou “Pensinula Voices”; jogos de rua como “Can You See Me
Now; acesso a informações via Bluetooth; realidade aumentada com “Layar” ou “Wikitude”;
uso de GPS automotivo; monitoramento de produtos com RFID4... Para estudar essa virada
espacial precisamos de um modelo teórico-metodológico.
2. Modos de Mediação Locativos
Com a internet móvel e locativa não se trata de investigar as relações
desmaterializadas do ciberespaço. Como tudo se passa em um contexto local, concreto e
material, temos que olhar como uma rede de atores (redes, dispositivos, sujeitos, contexto)
alteram o processo comunicacional no espaço urbano; como eles tensionam comunicação e
espacialização. Para tanto, escolhemos uma abordagem teórica tomando por base as teorias
Ator-Rede (Actor-Network Theory) e Materialidades da Comunicação (Materialities of
Communication). Ambas permitem pensar nas formas materiais de mediação envolvidas nos
3 O lugar da recepção é sempre importante, mas não é um elemento vinculado à informação. Toda comunicação
é locativa e o lugar sempre importa, mas em determinados contextos ele é apenas fundo.
4 http://www.google.com/latitude, http://playfoursquare.com/, http://brightkite.com/, http://murmurtoronto.ca/,
http://www.planbperformance.net/dan/locative.htm#peninsula,
http://www.canyouseemenow.co.uk/
,
http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1011058-7822TECNOLOGIA+BLUETOOTH+NO+ESTADIO+DE+FUTEBOL,00.html,
http://www.layar.com,
http://www.wikitude.org
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processos comunicativos de espacialização das mídias locativas. Esses modo são a forma
como se dá a produção social do espaço. Propomos assim cinco modos: escrita, escuta,
visibilidade, sociabilidade, acesso e lúdico. Esta escolha leva em conta a materialidade da
comunicação e os diversos híbridos formados por humanos e não-humanos, permitindo
investigar as redes formadas e o uso do espaço urbano.
Como todo processo sociotécnico, as mídias locativas são um conjunto híbrido de
atores humanos e não-humanos em meio a uma contexto local. Desta interrelação podemos,
em tese, inferir um novo status ontológico do lugar que passa a ser dotado de características
informacionais pela intersecção de suas dimensões físicas, imaginárias, históricas, culturais,
econômicas com a nova camada informacional. Tenho chamado esse espaço híbrido de
“território informacional” (LEMOS, 2007, 2008). O desafio é descrever e analisar os
processos comunicacionais entre os diversos atores (humanos e não-humanos) e tentar
compreender como o lugar pode ou não ganhar novos sentidos5.
Esta hipótese de pesquisa ilumina as formas de espacialização em marcha com as
tecnologias digitais. Trata-se não de uma novidade, mas de uma linhagem histórica dos
processos de espacialização criados pelas mídias de comunicação, desde a escrita, passando
pelos correios, telégrafo, rádio, TV, internet e, agora, as mídias de localização e mobilidade.
Mostramos em outros trabalhos os diversos aspectos e tipologias das mídias locativas
(LEMOS, 2008, 2009). O que pretendemos aqui é levantar a hipótese de que as tecnologias e
o serviços baseados em localização implicam em modos específicos de mediação, e que essa
caracteriza o relacionamento comunicacional como espaço, redefinindo os usos dos lugares.
A aplicação do modelo teórico-metodológico retira a visão centrada apenas no usuário ou do
receptor, propondo considerar tanto humanos como não-humanos engajados em um processo
comunicacional baseado em contexto local. O lugar é assim um “actante material nãohumano”. A seguir explicamos os modos de mediação e depois as teorias. Na conclusão
aplicamos o modelo de análise a alguns projetos com mídias locativas.
3. Modo e Mediação
Modo designa a forma, a maneira como algo se relaciona com o mundo, as formas de
interação e comunicação. Pelo modo podemos identificar como determinado conjunto de
5 A hipótese é que podemos pensar o lugar não mais como fundo (destruído pela globalização e pelas mídias
eletrônicas) mas como agente ativo.
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tecnologias se relaciona com o lugar e como os agentes humanos e não humanos criam
processos de significação6. Os diferentes modos de mediação nos fornecem possibilidades
investigativas sobre os processos de espacialização em jogo.
Mediação é o diálogo ou a ação entre os diversos atores onde não há causalidade
facilmente identificável. Ela se dá de acordo com os modos, ou seja, ela é uma ação a partir
da maneira pela qual se dá o processamento, a troca, o consumo e a produção
infocomunicacional local entre os atores. A noção de mediação aqui é próxima das noções de
Barbeiro (contexto) e de Latour (causalidade). Com as mídias locativas, a espacialização se
dá pelos modos de mediação, pelas formas de ação entre agentes (humanos, artefatos,
lugares) a fim de oferecer serviços (navegação, localização, etiquetagem, mapeamento, redes
sociais, jogo, acesso, etc.). Para Martín-Barbero7, mediação remete aos contextos, aos usos e
às apropriações. A mediação deve ser vista aqui como entendimento da ação dos agentes
interferindo na percepção e uso do espaço (LATOUR) e na ressignificação do mesmo
(MARTÍN-BARBERO).
No debate sobre as mídias locativas pensa-se, normalmente, nos dispositivos, sensores
e tecnologias como infra-estrutura técnica e os sujeitos humanos como agentes intencionais e
causais. O lugar é um mero reservatório e palco da experiência. O híbrido aparece, mas é
negado. Propomos ressaltar as materialidades do processo e os “atores-rede” em modos de
mediação a partir de uma visão não simplificada ou dicotômica das relações sociais. Os
modos de mediação implicam em formas materiais específicas e abertas entre os sujeitos
(humanos e artefatos). É a relação (social e moral) que daí emerge que produz o espaço.
4. Modos de mediação
A relação homem-mundo é mediada pela técnica. Os mass media do século XX nos
jogaram em uma cultura planetária onde nossa visão de mundo é agendada e enquadrada.
Eles são o centro da circulação da informação pelo controle da emissão e distribuição. Hoje,
com as novas tecnologias infocomunicacionais, este modelo passa por reconfigurações com
formatos pós-massivos (abertos, bi-direcionais, com o pólo da emissão livre) que permitem a
livre e ampla produção, consumo e circulação de informação. Para o que nos interessa aqui, é
6 Não estamos preocupados com os “modos de endereçamento” de análise fílmica ou telesiviva.
7 “Mediação significava que entre estímulo e resposta há um espesso espaço de crenças, costumes, sonhos,
medos, tudo o que configura a cultura cotidiana.” (Martín-Barbero, J., Barcelos, C., 2000, p.154).
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importante reconhecer que toda mediação, seja ela massiva ou pós-massiva, nos joga no
cerne da cultura material. Nossa relação com o mundo passa sempre por um mediador
artificial (linguagem, instituições, artefatos).
Para o estudo das mídias locativas propomos pensar seis modos de mediação. São eles
os modos de escuta (sonoro); de escrita (textual); de visibilidade (mapeamento); lúdico
(jogo); de acesso (conexão) e; de sociabilidade (rede social). Um projeto com mídia locativa
tem vários modos.
Por exemplo, projetos de anotações eletrônicas como Yellow Arrow8 ou
GPS Drawing9 privilegia o modo de escrita. Sonic City10, Buenos Aires Sonora11 e Montreal
Sound12 convocam o modo de escuta. Neighbornode13, Peuplade14, Barcelona Accessible15
colocam em ação o modo de visibilidade. Redes sociais móveis como Imity16, Dodgeball17 e
Citysense18 funcionam sob o modo de sociabilidade. Nos jogos Geocaching19 ou Uncle Roy
All Around You20 é o modo lúdico que se sobressai. Em áreas de acesso Wi-Fi o modo de
acesso é evidente. Em todos os projetos, um ou outro modo de mediação locativo também
estará em jogo.
5. Materialidades da Comunicação e Teoria Ator-Rede
Para a análise dos modos de mediação locativos utilizaremos como enquadramento
teórico-metodológico as teorias Ator-Rede (Actor-Network Theory - ANT, proposta por
LATOUR e CALLON nos anos 1980) e Materialidades da Comunicação (Materiality of
Communication, proposta por GUMBRECHT na década de 1990).
5.1. Materialidades
O instrumental tecnológico (...) ‘exerce influência’ ou de fato ‘determina’ o
que se apresenta como mundos semânticos, simbólicos, espirituais.
8 http://yellowarrow.net/index2.php
9 http://www.gpsdrawing.com/
10 http://www.tii.se/reform/projects/pps/soniccity/index.html
11 http://www.buenosairessonora.com.ar/
12 http://cessa.music.concordia.ca/soundmap/en/
13 http://www.neighbornode.net/
14 http://www.peuplade.fr/home/
15 http://www.megafone.net/BARCELONA/barcelona.php?can_actual=74&qt=7.2
16 http://www.imity.com
17 http://www.dodgeball.com/
18 http://www.citysense.com/
19 http://www.geocaching.com/
20 http://www.uncleroyallaroundyou.co.uk/street.php
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K. L. Pfeiffer
O conceito de materialidades visa tratar as mídias para além de uma hermenêutica da
comunicação. A teoria parte do princípio que toda forma de comunicação é feita a partir de
suportes materiais. Estes devem ser analisados antes de serem interpretados ou abstraídos de
suas características materiais. O antecedente encontra-se em Derrida, no seu De la
Grammatologie (1973), onde o filósofo mostra como o logocentrismo é uma forma de anular
o significante e o sensível. A teoria das materialidades da comunicação só será estruturada
em 1990 nos EUA com Gumbrecht (1994) a partir de estudos literários com o objetivo de
equilibrar as análises de contexto (FELINTO, 2001, HANKE, 2005, PEREIRA DE SÁ,
2004). Podemos encontrar ecos também na teoria “ecológica” de McLuhan. Pela teoria das
materialidades devemos reconhecer o papel dos artefatos e dos atores na comunicação. É
portanto contra a imaterialidade da comunicação que essa teoria surge21. Para Gumbrecht, o
sentido não deve se sobrepor ao suporte e à materialidade. Isso, no entanto, não significa que
seja impossível uma interpretação do processo comunicacional.
Buscamos aqui chamar atenção para a materialidade dos processos com as mídias
locativas, mas não abriremos mão de formas interpretativas da espacialização. Nos interessa
enfrentar o problema da materialidade para incluir a mediação técnica no cerne do processo e
avaliar o papel que os lugares concretos passam a desempenhar. Aceitaremos, para a nossa
pesquisa,
três
premissas
dessa
teoria:
destemporalização,
destotalização
e
desreferencialização. Isso significa dizer que compreender as mídias locativa é pensar fora de
um fluxo progressivo e linear do tempo que aponta para um futuro já dado; é saber que eles
não podem ser vistos como totalizantes ou universais; e que devemos ir além dos referenciais
constituídos.
5.2. Ator-Rede
ANT is an approach to structuring and explaining the links between society and
technology. (…) For example: How do mobile phones become widely accepted?
McBride
21 Há sempre interpretação e não devemos buscar evitá-la, mas reforçar o caráter material dos meios.
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Como a teoria das materialidades, a teoria Ator-Rede compreende a relação homem –
técnica de forma global e complexa, para além da separação sujeito - objeto22. Partindo da
filosofia da técnica de Heidegger (1958) e Simondon (1958) e da antropologia de LeroiGourhan (1964) podemos dizer que a existência humana é intrinsecamente ligada ao
desenvolvimento da técnica e é pela relação com os artefatos que o homem constrói o seu
lugar no mundo. O homem é um ser da técnica que precisa construir para habitar
(HEIDEGGER, 1958) e essa construção se dá pela potência da techné. A cibercultura é hoje
o ápice dessa história (LEMOS, 2002). A máxima da TAR e a recursividade sujeito-objeto.
Leroi-Gourhan (1964) ao afirmar que não sabemos se o homem inventou a técnica ou a
técnica o homem já apontava para o papel ativo dos artefatos como sujeitos sociais. Esse
pressuposto é a base da TAR e será útil para análise das mídias locativas.
Mídia locativa é um híbrido (sujeitos, lugares, objetos, redes, sensores, servidores,
bancos de dados, software...) e, como tal, convoca uma análise complexa dos atores-rede
envolvidos nos seus modos de mediação. Podemos defini-la como um conjunto híbrido de
atores que age no processamento de informação sensível aos contextos locais. Para Latour
nossa relação com o mundo se dá a partir de híbridos. A modernidade nada mais é do que a
“proliferação dos híbridos cuja existência – e mesmo a possibilidade – ela nega” (LATOUR,
1994, p. 40). A TAR aponta que, em uma determinada ação, sujeitos humanos e não
humanos, assim como a rede que os compõem, são atores, actantes23 na produção da
experiência. Law (1992) define a TAR como uma abordagem sociológica onde atores
humanos e não-humanos agem em rede e constituem-se eles mesmo como rede. Não há
claramente sujeito e objeto, nem causa ou efeito predeterminados. Cada nó de uma rede de
ação, como por exemplo dirigir um carro, ver TV, usar um celular ou um laptop, convoca um
série de atores humanos e não-humanos. As relações sociais, morais ou éticas que daí
emergem não podem ser avaliadas a priori ou a partir de um elemento central causal.
Considerar as ações na vida social é considerar os diversos fatores como agentes e as
ações como parte de uma rede de relações. Se dirijo um carro sem o cinto de segurança, passo
por um quebra-molas lentamente, ou abro um porta, há uma relação que convoca uma rede de
22 Diversos objetos têm sido estudados à luz dessa teoria: escolas, empresas, hospitais, etc. Ver McBride, 2000,
Czarniawska e Hermes, 2005, Brooks e Atkinson, 2004, Sanchez e Heene, 1997, Fox 2000, Iansiti, 1998, Sidle e
Warzynski, 2003, Tatnall e Gilding, 1999, Vidgen e MacMaster 1996, 2005.
23 Termo criado por Lucien Tesnière e usado na semiótica para designar o participante (pessoa, animal ou coisa)
em uma narrativa literária. Para Greimas (1974), o actante é quem ou o que realiza a ação.
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atores complexa (regras de trânsito, segurança, moral, hábitos, etc.). O opção por um tipo de
porta, se uso ou não o cinto de segurança ou se diminuo ou não a velocidade ao ver um
quebra-molas representa uma dimensão política (social, ética e moral) instituída pela minha
relação com outros actantes. A TAR inibe que tomemos de antemão o humano como centro
da intencionalidade. Os conceitos de mediação (LATOUR, 1994) e de delegação (LATOUR,
1993) ajudam a ver mais claramente os atores e as redes que aí se formam. Pela noção de
mediação devemos abolir a simples causalidade, a separação sujeito - objeto e evitar alocar a
intencionalidade apenas ao sujeito humano. Os objetos técnicos não são passivos,
obedecendo a ordens de um sujeito humano. A mediação é um elo que coloca os sujeitos em
relação, humanos e não humanos. São eles que agenciam e produzem transformações nas
redes sociotécnicas.
A noção de delegação está ligada à mediação. Ela implica entender que artefatos atuam
transformando a ação humana, como o cinto, a porta ou o quebra-molas. Os artefatos não
seriam apenas extensões do corpo, mas sujeitos ativos em uma ação que cria, a posteriori, o
social. O social não deve ser visto como um a priori que enquadra os fenômenos. Por isso
Latour fala de uma “sociologia das associações” em detrimento de uma “sociologia do
social” (2005). A ação moral e social se realiza como híbrido, na mediação e na delegação
entre actantes.
Devemos reconhecer que nem sempre instrumentos metodológicos reconhecem esse
estado de coisas e postulam artefatos como agentes para a ação24. A TAR parte de uma
abordagem construtivista dos fenômenos sociais, pensando a dimensão da técnica de uma
forma que nos parece útil para estudar as mídias locativas e seus modos de mediação. Para
avaliá-los temos que partir de uma análise de todos os actantes, incluindo aí, tecnologias,
redes25, sensores, lugares e sujeitos.
Outros conceitos chaves são importantes para compreender a TAR: translação, a
ponctualização e as caixas-pretas (WARZYNSKI, 2006). A relação entre os actantes se dá
pelo processo de translação26 ou tradução; capacidade de um actante manter um outro
24 “Computer as Theater” de Brenda Laurel (1993) já fazia alusão aos softwares e os usuários como “agentes
para ação”.
25 Rede aqui não deve ser entendida como rede telemática, mas como interrelações, locais e não-hierárquicas.
A TAR não deve ser exatamente uma análise de redes sociais, já que estas são formadas basicamente por agentes
humanos. A TAR se preocupa com as redes de relações entre diversos agentes.
26 Podemos dizer que o principal processo na TAR é a translação, os processos comunicacionais e interativos
entre os actantes Callon (1986b).
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envolvido, traduzindo e interpretando seus interesses. Tradução é comunicação: produção de
sentido, mediação, percepção, interpretação e apropriação (LATOUR, 2000). Para Callon
(1986), traduzir gera comprometimento dos actantes frente a determinado ato, podendo ser
individual ou coletivo. O engajamento dos actantes gera ponctualização; surgimento de uma
entidade ou evento, tendo o poder de se auto(re)produzir. Já as caixas pretas são criadas
quando os diversos elementos de um processo agem como se fossem um só. Para Latour, as
caixas-pretas “cannot be easily disassociated, disconnected, or dismantled, renegotiated or
re-appropriated” (LATOUR, 1987).
Nosso desafio é pensar as mídias locativas a partir da TAR levando em conta esses
elementos. Lugares, dispositivos, redes e sensores, além dos humanos, são actantes em
sistemas e tecnologias baseados em localização com formas específicas de translação e
ponctualização. A partir da TAR podemos ressaltar o papel de cada actante, as translações
(mobilização, comprometimento, alocação, problematização) e identificar os modos de
mediação em marcha e os eventos, ou ponctualizações, que daí emergem. Por exemplo,
receber informação de um museu no celular ao passar pela sua porta coloca em ação uma
rede de actantes (museu, lugar, usuário, celular, banco de dados, serviço oferecido, redes sem
fio, software), criando translações (consumo, produção e distribuição de informações pelo
usuário), ponctualizações (novo “museu” e uso do lugar) e a caixa-preta (o sistema criado).
Podemos assim compreender melhor os modos de mediação.
6. Metodologia
Adaptamos alguns indicadores para projetos com mídias locativas e exemplificamos, de
forma bastante simplificada, com algumas experiências.
6.1. Atores
Podemos elencar o seguinte grupo de atores. 1. Dispositivos Tecnológicos –
artefatos, redes e sensores; aplicativos; servidores e bases de dados (DIAMANTAKI, et. al.,
2007); 2. Serviços Baseados em Localização – mapas, anotação, localização, navegação,
pontos de interesse, redes sociais, jogos, acesso; 3. Sujeitos/Usuários - actantes humanos; 4.
Lugar/Espaço/Objeto - o contexto geográfico.
6.2. Etapas de análise
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De acordo com McBride (2000) e Brooks & Atkinson (2004) podemos adaptar as
seguintes etapas para a análise das mídias locativas: 1. Identificar atores (humanos e nãohumanos); 2. Investigar os Atores e ver como age cada um deles; 3. Interações entre os
atores, descrevendo as relações em termos de mediação, delegação, traduções e
ponctualizações; 4. Construir um modelo que possibilite entender as relações e as conexões
fortes e fracas e avaliar a complexidade das interrelações; 5. Identificar irreversibilidades
dos eventos (qual a função, a necessidade, quem decide, etc.); 6. Identificar inibidores e
promotores que podem surgir da tecnologia, dos usuários, do lugar; 7. Identificar ações
para uma melhor interrelação entre os atores.
7. Aplicação Preliminar do Modelo
Vamos aplicar o modelo a alguns projetos apenas com a identificação dos atores e a dos
modos de mediação27.
7.1. Modos de Visibilidade – Mapeamentos
Wikimapas28 é um projeto brasileiro de mapeamento de pontos de interesse em
comunidades de baixa renda no Rio de Janeiro. WikiCrimes29 e Citix30 são projetos
brasileiros de mapeamentos de crimes em cidades brasileiras. Em todos, os usuários anexam
informação a um mapa sobre a sua cidade.
Temos como atores os mapas, os lugares da cidade, os softwares e banco de dados, os
participantes, as redes e o serviço oferecido. Os modos de mediação são: escrita (alimentar os
mapas), visibilidade (olhar para o espaço urbano) e sociabilidade (participação e
colaboração). A produção do espaço se dá pela conjunção desses modos de mediação. O
modo de escrita se dá pela produção de conteúdo com etiquetagem geográfica de informações
(fotos, textos, vídeos) sobre o espaço. O modo de sociabilidade se dá pela participação e
colaboração, criando um sentimento de identidade, engajamento social e político. A cidade
não é apenas um lugar de passagem e de apatia, mas um lugar praticado pela identificação de
27 Os detalhes da aplicação da metodologia estão sendo desenvolvidos na pesquisa realizada com apoio do
CNPq, iniciada em março de 2010.
28 http://wikimapas.org.br
29 http://wikicrimes.com.br
30 http://citix.com.br
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seus pontos para fins específicos. O modo de visibilidade atua como um olhar panóptico que
controla e monitora o espaço. Esse regime produz também o espaço social.
7.2. Modo de Escrita – Realidade Aumentada
Vejamos três projetos de realidade aumentada31: Layar32, Wikitude33 e Sekai
Camera34. Eles inscrevem o espaço físico com informações eletrônicas e através da tela do
celular é possível visualizar a “realidade aumentada”. Layar e Wikitude tem banco de dados
pronto que o usuário ativa ao apontar o dispositivo para o objeto (prédio, monumento, café,
metrô, etc.). Já Sekai Camera permite que qualquer pessoa possa deixar informações
eletrônicas que se tornam visíveis para outros usuários. Nos dois primeiros vemos os modos
de escrita e visibilidade e no terceiro também o de sociabilidade.
Os atores envolvidos são o lugar, o banco de dados, os smart phones, as imagens
virtuais, as redes sem fio, os softwares utilizados, os usuários, o serviço oferecido
(informações sobre empresas, da Wikipédia, do metrô, etc.). A mediação e a delegação criam
a produção do espaço. Há uma narrativa escrita eletronicamente sobre os espaços físicos que
implicam em formas de narrar (delegação) e de consumir essa narrativa (mediação). Ao
ressaltar esse ou aquele objeto, com essa ou aquela informação, o sistema produz uma forma
de consumo do espaço que é uma forma de produção de um espaço informatizado que
destaca coisas de um fundo pelo modo de escrita, visibilidade. O mais aberto, Sekai Câmera,
oferece formas de produção de informação e compartilhamento, implicando aqui o modo de
sociabilidade. A produção do espaço se dá por uma narrativa interpolada por lentes e telas,
pela intenção do serviço (histórico, social, comercial, artístico), pela escolha dos lugares. Os
modos de escrita, visibilidade e sociabilidade ativam relações específicas entre o sujeito e o
mundo.
7.3. Modo de Escuta – Anotações Sonoras
31 RA é um sistema informacional que permite que o usuário olhe, através da lente da câmera e da tela de um
celular (ou dispositivo similar), o "mundo real" "aumentado” com informação eletrônica relevante sobre o
mesmo (histórica, turística, comercial). Ver http://en.wikipedia.org/wiki/Augmented_reality
32 http://layar.com
33 http://www.wikitude.org
34 http://www.tonchidot.com/
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Projetos como Murmur – hear you are35, Peninsula Voices36 e Defina sua
Cidade37 propõem uma leitura sonora do espaço. Peninsula Voices, projeto em Bristol - GB,
permite que usuários possam ouvir histórias associadas aos locais por onde passam. O lugar é
aqui não apenas o percurso, mas um "disparador" de histórias. O que emana dos lugares é o
conteúdo criado por moradores em entrevistas sobre o local. Os autores envolvidos nessa
mediação são: os usuários, o software Mobile Bristol, o lugar, o dispositivo, o GPS, os
contadores de história. Já MurMur é um projeto similar canadense que consiste em gravações
sonoras deixadas por pessoas sobre determinados lugares. Ao passar por um lugar, o usuário
vê uma placa com uma imagem e um número de telefone. Ao ligar para o número, o usuário
ouve a história do lugar onde está. Já o projeto Defina a Sua Cidade38 (2009) usou um texto
em áudio do poeta baiano do século XVII, Gregório de Matos, indexado em QR Codes
espalhados por pontos turísticos de Salvador. Ao clicar no celular com um leitor de QR Code,
o usuário é levado a ouvir39 o poema homônimo que questiona as belezas e a "alegria" da
cidade. O objetivo é aqui artístico e político, ao instaurar um estranhamento local e
problematizar a visão idílica instituída pelos poderes públicos, principalmente pelo turismo.
A espacialização se dá pela apropriação narrativa sonora dos lugares. Ao associar a história
de um com histórias de outros cria-se um vínculo social mobilizando o modo de mediação de
sociabilidade e um reforço de pertencimento ao lugar, propondo uma ressignificação social,
cultural e história.
7.4. Modo de Jogo – Jogos Locativos de Rua.
Como exemplo utilizaremos o jogo “Can You See Me Now”40, do grupo britânico
“Blast Theory”, realizado em BH41 durante o evento “ArteMov” de 2009. O jogo é
considerado um clássico, vencedor do prêmio “Ars Eletronica”, sendo um jogo de “realidade
mista” que funde jogadores on-line e no espaço urbano. Os atores são os computadores,
celulares, palms, GPS, rádio, redes 3G e internet. A mediação e delegação se dão de acordo
com as regras do jogo e o uso dos dispositivos. Os corredores no espaço urbano (os runners)
35 http://murmurtoronto.ca
36 http://www.planbperformance.net/dan/locative.htm#peninsula
37 http://www.andrelemos.info/midialocativa/2009/06/defina-sua-cidade.html
38 http://www.andrelemos.info/midialocativa/2009/06/defina-sua-cidade.html
39 http://www.mediafire.com/?mh9wbjtzpio
40 http://www.canyouseemenow.co.uk/
41 http://www.andrelemos.info/2008/12/mdia-locativa-no-artemov.html
www.compos.org.br
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tem como objetivo “pegar” os jogadores virtuais (quando chegam perto da representação
virtual dos jogadores on-line). Os runners fotografam o local real onde "está" o jogador online.Estes aparecem nos dispositivos móveis em um mapa representando a praça onde os
runners estão. Os jogadores on-line vêem os runners nos computadores como avatares
correndo no mapa representativo da praça real. A espacialização se dá pela mediação dos
atores-rede pelos modos de visibilidade, de acesso, de sociabilidade e lúdico. A forma lúdica
de apropriação do lugar se dá na produção social do espaço como nos velhos jogos de rua
(amarelinha, futebol ou “pega-pega”).
7.5. Modo de Sociabilidade – Rede Social Móvel
O Google Latitude42 permite que o usuário, através de um smart phone dotado de
mapas e GPS, localize amigos em um mapa. O serviço cria possibilidades de interação social
através das tecnologias digitais mas, diferente dos chats on-line, o objetivo é promover o
encontro face a face nos espaços urbanos. Os modos de visibilidade e de acesso estão
presentes aqui pelo monitoramento dos conhecidos e pelo acesso as redes 3G e internet. Os
atores envolvidos são os usuários, o espaço urbano, o serviço de mapas, o GPS, as redes 3G e
Wi-Fi, as ferramentas de troca de mensagens. A mediação se dá pela visibilidade e
sociabilidade no espaço urbano. A mediação e a delegação promovem uma inserção do
usuário no espaço físico valorizando os encontros presenciais. O sistema também produz uma
visão do espaço em que sociabilidade e privacidade são tensionadas.
7.6. Modo de Acesso – Zonas Wi-Fi
Vou usar aqui o exemplo da zona Wi-Fi gratuita do Shopping Barra em Salvador. A
praça de alimentação é dotada de uma zona Wi-Fi e é freqüente ver o seu uso para acesso à
internet (entretenimento, informação, estudo ou trabalho). Os atores são os dispositivos
móveis, a rede Wi-Fi, o lugar (praça de alimentação), os serviços acessados, os usuários. A
modificação espacial é tão evidente que os administradores do Shopping afixaram uma placa
informando que o sistema estará sempre indisponível de 12 às 14h, para que as mesas da
praça não sejam ocupadas apenas pelos que buscam acesso. A mediação e a delegação
implicaram em um conflito em um espaço semi-público, conflito esse resolvido pela
proibição do uso e pelo corte do sistema.
42 http://www.google.com/latitude
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8. Conclusão
Propomos nesse artigo uma abordagem teórico-metodológica que ajude na
compreensão dos processos de espacialização em marcha com as tecnologias e serviços
baseados em localização. Os estudos das mídias de comunicação colocam sempre em tensão
deslocamento e lugar. Alguns trabalhos afirmam o caráter destrutivo das tecnologias e do
processo global em relação à dimensão local. No entanto, o uso das mídias locativas podem
trazer um reforço da dimensão local e novas apropriações e ressignificações. Para além de
suas características sociais, culturais, econômicas, devemos ver os lugares em suas
características informacionais, dotado de
“territorialização informacional”. A teoria da
materialidade aliada à TAR pode ajudar a discernir os atores e compreender os modos de
mediação, sejam eles sonoros, escritos, de visibilidade, lúdico, de acesso ou de sociabilidade.
Mostramos alguns exemplos e uma aplicação preliminar da metodologia. O objetivo é
enfrentar teoricamente a virada espacial no uso das mídias em uma perspectiva que não tome
o espaço urbano como vazio ou sem sentido.
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