Maio / Agosto - Faculdade de Medicina de Jundiaí

Transcrição

Maio / Agosto - Faculdade de Medicina de Jundiaí
Revista da Faculdade de Medicina de Jundiaí - São Paulo - Brasil
ISSN 0100-2929
Volume 25(2) - Maio / Agosto 2014.
ISSN 0100-2929
PERSPECTIVAS
MÉDICAS
Periódico de publicação científica da Faculdade de Medicina de Jundiaí,
Estado de São Paulo, Brasil, indexada pelas Bases LATINDEX, REDALYC, BIREME/BVS,
IBICT, Qualis - CAPES, Periodica, Index Copernicus. Periodicidade quadrimestral. DOI 10.6006
ÍNDICE ............................................................................................................................................................................1
Editorial ..............................................................................................................................................................................2
Normas de publicação .......................................................................................................................................................3
Artigos Originais
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos. ........................................................5
Uirá Duarte Wisnesky, Suely Lopes Azevedo, André Luiz de Souza Braga, Cristiane Albuquerque de Carvalho e Maria Amália de Lima Cury Cunha.
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação elétrica neuromuscular em
portadores de disfunção femoropatelar. ...................................................................................................................13
Camila Adalgisa Oliveira, Ivan Luiz de Souza Pires, George Azevedo Lemos, Renato Rissi,
Ana Elisa Zuliani Stroppa Marques e Evanisi Teresa Palomari.
Avaliação da hipóxia materna e vitalidade fetal após bloqueio peridural com fentanil ou
clonidina......................................................................................................................................................................22
Daniel de Carli, Karina Fonseca Uehara, José Fernando Amaral Meletti, Renata Vivian Ferreira Pereira,
Evandro Souza Giacomini e César de Araújo Miranda.
Resposta morfológica de células de neuroblastoma após adição de ácido graxo e gangliosídeo..................28
Pedro Augusto da Silva Nogueira, Nayara de Freitas Martins Melo, Daniele Lisboa Ribeiro,
Simone Ramos Deconte, Fernanda de Assis Araújo e Renata Graciele Zanon.
Suplemento - Resumos .............................................................................................................................................35
INDEXAÇÃODAREVISTAPERSPECTIVASMÉDICASNASBASESDEDADOSENABIBLIOTECAVIRTUALEMSAÚDE
1.
PUBMED
2.
REDALYC–Redederevistascientıf́icasdaAmé ricaLatina,Caribe,EspanhaePortugal.
http://www.redalyc.org
Digitar“PerspectivasMé dicas”,selecionaraopçã o“revistas”
Selecionaoartigoemformatopdf,abreumajanelaondeapareceolinkdoartigo.Obtemoartigoartigocompletoatravé sdesselink.Obs.:cada
artigotemumlink.
3.
LATINDEX–SistemaRegionaldeInformaçã oparaRevistasCientıf́icasdaAmé ricalatina,Caribe,EspanhaePortugal.
http://www.latindex.unam.mx-Digitar:Perspectivasmé dicasouatravé sdolink:
http://www.latindex.unam.mx/buscador/ficRev.html?opcion=1&folio=1049
4.
BVS–Portalderevistascientıf́icasemCiê nciasdaSaú de(portaldaBIREME)
Entrarem“Acessoadocumentos”,seleciona“catá logoderevistascientıf́icas”,digitaPerspectivasmé dicaseacessaemformatoeletrô nico.Oacesso
é livreegratuitodesde1998,ouatravé sdolink:http://www.fmj.br/revista_online_revistas.asp
5.ClassificaçãopelaCAPEScomoB-3.
6.FatordeImpacto=5,15(ÍndiceCopernicusInternacional,deacordocomWebofScience).
Volume 25(2)
Mai. / Ago. 2014
2
EDITORIAL
PERSPECTIVAS
MÉDICAS
O BRASIL ESTÁ NA CONTRAMÃO DA MEDICINA MUNDIAL
Coeditor
O atual governo federal brasileiro, que deve se findar proximamente,
instituiu de forma autoritária e equivocada um Programa de criação indiscriminada
de 11.500 vagas novas em Cursos de Medicina, dando um golpe mortal na profissão
que indiscutivelmente é a mais respeitada do mundo. No Brasil do futuro, este
excelente conceito sem dúvida se modificará e estaremos todos nas mãos de
profissionais, em sua maioria, mal formados e incompetentes, tendo em vista que as
pessoas que criaram esse Programa desconsideraram a qualidade, antes exigida com
extremo rigor das Escolas de Medicina, incluindo da nossa Faculdade de Medicina
de Jundiaí (FMJ), a qual é motivo de orgulho institucional na formação profissional e
uma das mais conceituadas do país. O ingresso na Graduação da FMJ sempre
selecionou de verdade e o acompanhamento dos egressos mostrou sempre altos
índices de ingresso em Residências Médicas, Especializações e Pós-Graduações de
qualidade e alto conceito na Medicina Brasileira, com muitos expoentes médicos.
Todavia, tudo isto está com os dias contados, prezado leitor, e caso o novo governo
federal não mude algo e realize correções de rumo, assistiremos a uma vertiginosa
queda da qualidade médica em todo o país, nivelando-a por baixo, a exemplo da
medicina cubana, com a qual nós, população e médicos temos tido contato e
conhecido melhor e é uma farsa, uma mentira eleitoreira, uma forma de promoção
política e de favorecimento financeiro de Cuba, que até um porto construiu com o
nosso dinheiro de impostos.
Edmir Américo Lourenço.
Editor Chefe da Revista Perspectivas Médicas.
Perspectivas Médicas
v.25(2), mai.. / ago. 2014
São Paulo, Faculdade de Medicina de Jundiaí.
21x28 cm
Periódico científico de áreas da Saúde da Faculdade de Medicina de Jundiaí,
Estado de São Paulo, Brasil.
ISSN 0100-2929
1. Medicina - Saúde - Periódicos
Richard W. Light Basic and Clin. Respirat. Research, Vanderbilt University, Nashville, EUA.
Rolando Ulloa Gutiérrez Medicine, Infectología Pediátrica, San José, Costa Rica.
Revista PERSPECTIVAS MÉDICAS
O Periódico Perspectivas Médicas é um órgão de publicação científica da Faculdade de
Medicina de Jundiaí (FMJ), com sede à Rua Francisco Telles, 250, Bairro Vila Arens - Jundiaí,
Estado de São Paulo, Brasil, CEP 13202-550. Fone/Fax: (0xx11) 4587-1095. A Revista não
aceita, em hipótese alguma, matéria científica paga em seu espaço editorial, embora aceite
colaborações financeiras para viabilizar a continuidade de sua publicação, cedendo
eventualmente espaços para anúncios relacionados à Saúde. O exemplar encontra-se na
íntegra no site www.fmj.br, disponível em http://www.fmj.br/revista_online.asp, clicar em
edições já publicadas, que estão disponíveis para downloads desde 1998. É proibida sua
reprodução, total ou parcial, para quaisquer finalidades, sem autorização escrita e assinada
pelo Editor. O conteúdo impresso é o mesmo disponibilizado online.
Virginia Courtney Broaddus Medicine, University of California, San Francisco, EUA.
EXPEDIENTE
Impressão: Gráfica Apollo Ltda. - Fone: 4587-5248 / 4587-8809
E-mail: [email protected]
Diagramação: Thiago Alves - Gráfica Apollo
Jornalista responsável: Cláudia Mello - Mtb 28.835
Tiragem: 500 exemplares
Perspectivas Médicas, 25(2): 2, mai./ago. 2014
3
NORMAS DE PUBLICAÇÃO
ArevistaPerspectivasMédicas,periódicocientíficooficialda
FaculdadedeMedicinadeJundiaí,EstadodeSãoPaulo,Brasil,
temcomoobjetivoapublicaçãodetrabalhosdequalidadena
área experimental básica e das áreas de saúde. Os trabalhos
poderão ser originais, revisões, artigos de atualização,
comunicaçõescurtas,relatosdecaso,cartasaoeditoreoutros.
Recebeartigosemfluxocontínuo,sendoeditadaentrejaneiroe
junho,eentrejulhoedezembrodecadaano,tendoperiodicidade
semestralatéapresenteedição.
The Perspectivas Médicas (Perspect Med.) is the official
journaloftheJundiaíMedicalSchool,SãoPaulo,Brazil.Itsmain
objectiveistocontributefordevelopmentofbasicsciencesand
clinical sciences by publishing high-quality scientific articles
producedbyresearchersallovertheworld.Theworkswillbe
abletobeoriginalpapers,revisions,shortcomunications,case
reports, letters to the editor and others. The Journal receives
articles continuously, edited twice an year until this edition,
betweenJanuarytoJune,andJulytoDecember.
OstrabalhosdevemserencaminhadosaoCorpoEditorial
preferencialmentenaformaeletrônica,apósconferirtodasas
normaseditoriaisatravésdoendereço:
http://www.fmj.br/revista_online.asp
acessando o item "Submissão", ou na forma impressa para o
endereçoabaixocomcópiaemCD:
As normas deverão ser obedecidas com rigor para que o
trabalho seja encaminhado para avaliação com vistas à sua
publicação. Os trabalhos devem ser inéditos, escritos
preferencialmente em português, podendo ser aceitos em
espanholouinglês,todoscomaprovaçãoemComitêdeÉticaem
PesquisaoficialdaInstituiçãodeorigem,eaindanãopublicados
deformacompletaemoutroveículodecomunicaçãocientífica
ou mesmo submetido simultaneamente a outro veículo de
publicação.
ArtigosOriginais:investigaçãoexperimentalbásicaouclínica,
contendotítulo(100caracteresou20palavrasnomáximo)e
palavras-chave (ambos em português e inglês), autor(es) -
máximodeseis(excetoparagrandestrabalhosinvestigativose
de campo ou pesquisa animal), principais titulações e
Departamentos, resumo (até 250 palavras), abstract,
introduçãoeobjetivos,materialemétodos,resultados,discussão
econclusões,agradecimentos,suportefinanceiroereferências
bibliográficas.
Oautorecoautores
Escaneareenviaracópiacom:
- Resumo em português e Abstract em inglês contendo no
máximo 250 palavras, fazendo referência à essência do
assunto num único parágrafo incluindo Introdução,
Objetivo(s), Material ou Casuística e Métodos, Resultados,
DiscussãoeConclusão(ões).
-Introduçãoeobjetivos,MaterialouCasuísticaeMétodosda
pesquisa científica ou do relato, Resultados, Discussão e
Conclusões,seguidosdeagradecimentos,suportefinanceiroe
referências bibliográficas. Todas as referências citadas no
corpo do texto deverão ser numeradas e sobrescritas, por
ordemdeaparecimentonotexto.
Perspectivas Médicas, 25(2): 3-4, mai./ago. 2014
4
Tese/Thesis:
Tannouri AJR. Campanha de prevenção do AVC: doença carotídea
extracerebral na população da grande Florianópolis. [Tese].
Florianópolis:UniversidadeFederaldeSantaCatarina;2005.
ArtigodeperiódiconaInternet/JournalarticleontheIntenet
DunneN,StratfordJ,JonesL,SohampalJ,RobertsonR,BoothMI,etal.
Anatomicalfailurefollowinglaparoscopicantirefluxsurgery;doesit
reallymatter?AnnRCollSurgEngl[Internet].2010[citado2012Fev
2 2 ] ; 9 2 : 1 3 1 - 5 . D i s p o n í v e l e m :
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3025249/pdf/rcse9
202-131.pdf
deverá
mesmasepróximoaelas,
ArtigocomDigitalobjectIdentifier(DOI):
ZhangM,HolmanCD,PriceSD,SanfilippoFM,PreenDB,BulsaraMK.
Comorbidity and repeat admission to hospital for adverse drug
reactionsinolderadults:retrospectivecohortstudy.BMJ.2009Jan
7;338:a2752.doi:10.1136/bmj.a2752.
comoestá
exemplificadoabaixo:
Referências/References
Asreferênciasdevemsernumeradaseapresentadasseguindoaordem
de inclusão no texto, segundo Estilo Vancouver elaborado pelo
International CommitteeofMedicalJournal Editors(ICMJE),com
adaptaçãodaNationalLibraryofMedicinedosEstadosUnidosda
A m é r i c a ( N L M ) . D i s p o n í v e l e m :
<http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html>. É
imprescindível ao enviar seu artigo conferir estas normas, sendo
sujeitoaonãoaceitedeartigossemadevidarevisão.Os títulos de
periódicos devem ser abreviados segundo aabreviaturade
periódicos do Catálogo da NLM para MEDLINE, disponível em:
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=journals> ou,
a l t e r n a t i v a m e n t e e m < f t p : / /
nlmpubs.nlm.nih.gov/online/journals/ljiweb.pdf>,sendoquecolocaseumpontoapósotítuloparasepará-lodoano.Paraabreviaturade
títulos de periódicos nacionais e latino-americanos, consulte o
endereço: http://portal.revistas.bvs.br/, eliminado os pontos de
abreviaturacomexceçãodoúltimopontoparaseparardoano,eas
iniciaisemletrasmaiúsculas.Todasasindicaçõesdereferênciasno
texto devem ser digitadas, separadas por vírgula sem espaço
(exemplo:1,5,9)esobrescritasnocorpodotextoeseforemcitadas
maisdeduasreferênciasemsequência,apenasaprimeiraeaúltima
devemserdigitadas,sendoseparadasporumtraço(exemplo:5-8).É
sugeridoqueascitaçõesdelivros,resumosehomepage,devamser
evitadasejuntasnão ultrapassara10%dototaldasreferênciase
tambémutilizarrevistasindexadas.
Exemplos/Examples:
Periódicos/Journals:
-Até seisautores/uptosixauthors(citam-setodos).
1.NordlanderA,UhlinM,Ringdé nO,KumlienG,HauzenbergerD,
Mattsson J. Immune modulation to prevent antibody-mediated
rejectionafterallogeneichematopoieticstemcelltransplantation.
TransplImmunol.2011Sep;25(2-3):153-8.
-Maisdeseis/morethansix(citam-se6autoresseguidosdeetal).
1.RoseME,HuerbinMB,MelickJ,MarionDW,PalmerAM,Schiding
JK, et al. Regulation of interstitial excitatory amino acid
concentrations after cortical contusion injury. Brain Res.
2002;935(1-2):40-6.
ProgramaseÓrgãos/ProgramsandOrgans:
1. Diabetes Prevention Program Research Group. Hypertension,
insulin, and proinsulin in participants with impaired glucose
tolerance.Hypertension.2002;40(5):679-86.
Livros/Books:
1. Murray PR, Rosenthal KS, Kobayashi GS, Pfaller MA. Medical
microbiology.4ªed.St.Louis:Mosby;2002.
CapítulodeLivro/Chapters:
1. Meltzer PS, Kallioniemi A, Trent JM. Chromosome alterations in
humansolidtumors.In:VogelsteinB,KinzlerKW,editores.Thegenetic
basisofhumancancer.NewYork:McGraw-Hill;2002.p.93-113.
Perspectivas Médicas, 25(2): 3-4, mai./ago. 2014
Arevistadetémtodososdireitos,inclusivedetraduçãoem
todos os países signatários da Convenção Internacional sobre
Direitos Autorais. A reprodução total ou parcial em outros
periódicos deverá mencionar a fonte, preferencialmente com
autorização prévia da revista, sendo proibida para fins
comerciais.Todososartigospublicadosapartirdaedição22(2):
jul./dez.2011encontram-sedisponíveisparaacessodiretopelo
DOI(DigitalObjectIdentifier)number10.6006.
5
ARTIGO ORIGINAL
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos.
Insulin therapy: the reuse of disposable syringes by diabetic patients.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus; insulina; enfermagem; contaminação.
Key words: Diabetes Mellitus; insulin; nursing; contamination.
Uirá Duarte Wisnesky1
Suely Lopes Azevedo2
André Luiz de Souza Braga3
Cristiane Albuquerque de Carvalho4
Maria Amália de Lima Cury Cunha5
1
Enfermeira, Mestre em Ciências Sociais
pela Universidade de Linköping, Suécia.
2
Enfermeira, Mestre em Enfermagem.
Professora Adjunta da Universidade Federal
Fluminense. Isaura Setenta Porto. Enfermeira,
Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta
da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
3
Enfermeiro, Mestre em Ensino de Ciência
da Saúde e do Ambiente. Professor Assistente
da Universidade Federal Fluminense.
4
Médica Veterinária, Doutora em Medicina
Veterinária. Professora assistente da
Universidade Federal Fluminense.
5
Enfermeira, Mestre em Enfermagem.
Enfermeira Responsável pelo Ambulatório de
cateteres de adultos do Hospital do Câncer INCA. Rio de Janeiro. Brasil.
Endereço para correspondência: Uirá Duarte
Wisnesky. Endereço: Rua Bartolomeu Portela
25B - Bairro Botafogo, Rio de Janeiro (RJ),
B r a s i l . C E P 2 2 9 0 - 2 9 0 .
Não há conflitos de interesse.
Todos os direitos editoriais adquiridos.
Artigo recebido em: 08 de Maio de 2014.
Artigo aceito em: 12 de junho de 2014.
RESUMO
Objetivo: caracterizar os clientes diabéticos
de duas instituições públicas de saúde e analisar
a possibilidade de contaminação do frasco
ampola e seringas de insulina reutilizadas.
Método: estudo exploratório prospectivo com
clientes insulinodependentes. Os dados foram
analisados com estatística descritiva, análise
bacteriológica do frasco e das seringas de
insulina reutilizadas. O estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal Fluminense, sob o
número 055/07. Resultados: 76% mulheres,
86% com idade superior a 50 anos, 36% tinha
ensino fundamental incompleto, 84% com
Diabetes tipo II, 60% utilizavam a insulina há
mais de 5 anos, sendo que 76% com mais de uma
autoaplicação por dia. Na análise
bacteriológica, 4% dos frascos ampola e 2% das
seringas revelaram contaminação. Conclusão:
embora a análise bacteriológica não tenha
apresentado um percentual significativo na
amostra, o reuso, prática não recomendada pelo
Ministério da Saúde, coloca em risco a
segurança do cliente.
ABSTRACT
Objective: to characterize the diabetic
clients from two public health institutions and to
examine the possibility of contamination of the
vials and reused syringes of insulin. Method:
this is an exploratory prospective study with
insulin-dependent clients. Data were analyzed
with descriptive statistics, bacteriological
analysis of the insulin's vial and reused syringes.
The study was approved by the Ethics
Committee of Universidade Federal
Fluminense, under the number 055/07. Results:
76% were women, 86% were over 50 years old,
36% had an incomplete primary education, 84%
had type II diabetes, 60% used insulin for over 5
years with 76 % of these ones having more than
one self-administration of insulin per day. In the
bacteriological analysis, 4% of the insulin vials
and 2% of the reused syringes revealed
contamination. Conclusion: although the
bacteriological analysis did not present a
significant percentage in the sample, the syringe
reuse practice, which is not recommended by the
Ministry of Health, endangers the safety of the
client.
Perspectivas Médicas, 25(2): 5-12, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140201.2051128868
6
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos. - Uirá Duarte Wisnesky e cols.
INTRODUÇÃO
A insulinoterapia é especialmente usada no
tratamento do Diabetes Mellitus quando ocorre
uma diminuição ou falta de insulina, tendo como
meta principal o controle glicêmico. Em relação
ao controle e tratamento da doença, estudos
apontam para a importância da insulinoterapia
após o uso prolongado de hipoglicemiantes
orais no diabetes tipo II, pois a introdução da
insulina exógena permite ao cliente alcançar
uma melhor qualidade de vida, reduzindo
consideravelmente as complicações crônicas e
1
limitações impostas pelo avançar da doença .
Sabe-se que a terapia com doses múltiplas
diárias da insulina, no tecido subcutâneo, visa
mimetizar, tanto quanto possível, o perfil
fisiológico da secreção pancreática de insulina,
garantindo um controle glicêmico adequado. Os
níveis de glicemia próximos da normalidade
diminuem drasticamente ou até previnem as
complicações decorrentes do diabetes, quando o
portador da doença é submetido ao tratamento
insulínico intensivo, sob acompanhamento da
equipe de educadores em diabetes.
Entretanto, é observado que alguns fatores
relacionados à insulinoterapia podem interferir
com a busca de uma melhor qualidade de vida2,
3
como por exemplo, o alto custo do tratamento e
a resistência dos clientes ao tratamento via
4
parenteral . Esses fatores são corrobados por
pesquisas que observaram que os clientes que
convivem com diabetes apresentam ansiedade e
medo quando é prescrito o uso de insulina via
parenteral devido às barreiras impelidas pela
doença, entre elas a diminuição da acuidade
visual, o comprometimento da função tátil
decorrente das neuropatias, levando a
dificuldades em manipular os frascos de
insulina e as seringas a serem utilizadas e
também receio e insegurança quanto ao sucesso
5
da nova terapêutica .
No caso de clientes diabéticos submetidos à
insulinoterapia deve-se acrescentar que os
procedimentos para o manuseio, conservação e
manutenção dos materiais necessários
(seringas, agulhas e o frasco-ampola) utilizados
para a autoaplicação de insulina devem ser uma
preocupação em particular da equipe de saúde,
pois todos os aspectos relacionados à prática
necessitam ser trabalhados com mais atenção
junto ao cliente e seus familiares6.
Atente-se também para o fato de que as
seringas descartáveis são para uso único, e, ao
serem reutilizadas, podem teoricamente perder
suas características próprias e oferecer riscos e
danos à saúde dos clientes. Nesse sentido, a
portaria n° 4 da Diretoria da Divisão Nacional
de Medicamentos — DIMED, publicada no
Diário Oficial da União em fevereiro de 1986
proíbe o reprocessamento de materiais
descartáveis, bem como sua reesterilização, pois
podem surtir problemas como: transmissão de
agentes infecciosos; toxicidade decorrente de
resíduos de produtos ou substâncias empregadas
nos usos antecedentes ou no reprocessamento;
alterações nas características físicas, químicas
ou biológicas originais do produto, ou de sua
funcionalidade, em decorrência da fadiga pelos
usos prévios ou do seu reprocessamento.
Todavia, esta prática está sendo revista pelo
Ministério da Saúde, que já construiu
documentos para consulta pública considerando
a possibilidade de reutilização de alguns
7-8
materiais em situações controladas .
Tendo em consideração os riscos potenciais
que podem contribuir para que o cliente
diabético esteja mais propenso a desenvolver
9-11
infecções , foram desencadeadas algumas
pesquisas sobre esta questão, a fim de buscar na
realidade brasileira evidências científicas que
possam dar respaldo aos profissionais de saúde
para realizarem suas atividades assistenciais
com o cliente insulinodependente,
principalmente em relação à prática de
reutilização de seringas e agulhas descartáveis.
A significância de pesquisas deste tipo para
a enfermagem, pode resultar no
aperfeiçoamento de medidas de prevenção e
controle de infecção, que podem ser ensinadas
aos clientes. Desta maneira, os profissionais
poderiam encaminhar recomendações para o
ministério da Saúde, embasados em resultados
de pesquisas, visando a um maior diálogo, com a
finalidade de aprimorar a portaria n° 4/86, além
de garantir maior segurança aos portadores de
diabetes quanto aos riscos e benefícios desta
prática.
OBJETIVO
Caracterizar os clientes diabéticos de duas
instituições públicas de saúde e analisar a
possibilidade de contaminação do frasco
Perspectivas Médicas, 25(2): 5-12, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140201.2051128868
7
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos. - Uirá Duarte Wisnesky e cols.
ampola e seringas de insulina reutilizadas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Pesquisa descritiva e exploratória, com
abordagem quanti-qualitativa, tendo como
cenários duas Unidades Públicas de Saúde: A
Policlínica Doutor Renato Silva, da rede básica
de saúde e o Hospital Universitário Antônio
Pedro (HUAP), ambas no município de Niterói,
Rio de Janeiro, onde são realizadas consultas
ambulatoriais com clientes diabéticos. A
população do estudo foi constituída por clientes
de ambos os sexos, portadores de Diabetes
Mellitus, cadastrados no Programa Hiperdia,
selecionados de acordo com os seguintes
critérios de inclusão: clientes diabéticos, idade
igual ou superior a 18 anos, cadastrados no
Programa Hiperdia do Sistema Único de Saúde
há no mínimo dois anos, que compareciam
regularmente às consultas de enfermagem, em
uso diário de insulina.
O estudo fez parte do projeto de pesquisa
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Medicina do Hospital do
Universitário Antônio Pedro/Universidade
Federal Fluminense, sob o número: 055/07.
A amostra foi por conveniência, de acordo
com a disponibilidade aleatória dos clientes,
sendo estabelecida em duas etapas: Na primeira
seleção houve a abordagem direta aos clientes,
na sala de espera, para identificação dos critérios
de inclusão citados acima. Em caso positivo, os
clientes eram convidados para participar da
pesquisa, sendo apresentados os objetivos e
esclarecidas as dúvidas; uma vez aceito, era
s o l i c i t a d a a a s s i n a t u r a d o Te r m o d e
Consentimento Livre e Esclarecido.
Iniciou-se a aplicação do questionário, com
duração de 30 a 40 minutos, contendo perguntas
abertas e fechadas, sobre as características
sociodemográficas, os aspectos do tratamento
medicamentoso e os procedimentos utilizados
em relação ao autocuidado durante a
insulinoterapia. Na segunda etapa do processo
de seleção da amostra, foram analisados os
questionários pelos pesquisadores e
estabelecidos outros critérios para amostra final
do estudo.
Foram incluídos os seguintes critérios:
perfil socioeconômico, período de
acompanhamento ambulatorial, com frequência
mínima de 70% nas consultas de enfermagem,
participação nos grupos educativos
multidisciplinares, no mínimo, de 10 encontros,
conhecimento sobre o local, armazenamento e
manuseio das seringas e frascos-ampola
incluindo o domínio das técnicas assépticas
durante a autoaplicação. Posteriormente, foram
selecionados 50 clientes, 25 da Policlínica e 25
do Hospital Universitário, que se encontravam
em situação de risco de infecção, relacionados
aos fatores de riscos presentes no perfil do
cliente e nas possibilidades de contaminação das
seringas e frascos-ampola de insulina durante o
autocuidado. Após identificação desses clientes,
supostamente mais expostos à possibilidade de
contaminação, foi solicitado que os frascos de
insulina, as seringas e agulhas utilizadas no
preparo e manuseio da medicação fossem
entregues para a análise bacteriológica dos
materiais. Os dados quantitativos do universo
investigado foram apurados e avaliados através
de análises gráficas e tabelas no programa
informatizado, apresentadas nas variáveis
categóricas expressas com valores absolutos (n)
e relativos (percentual).
METODOLOGIA LABORATORIAL
Para realização de análise de esterilidade
dos frascos-ampola, das agulhas e seringas de
insulina utilizadas pelos clientes selecionados,
foi empregado o método adaptado da vigilância
sanitária para produtos estéreis (RDC nº. 79, de
11 de abril de 2003). Os ensaios de esterilidade
foram conduzidos separadamente para os
descartáveis e para os frascos-ampola. Após
identificação da origem, bem como a
numeração de cada amostra, em condições
assépticas, foram colhidos 0,1 ml de insulina de
cada frasco amostra, com seringas estéreis de
1,0 ml, e cada volume foi adicionado a um tubo
contendo 9,9 ml de meio de cultura caldo
tioglicolato, adicionado de Tween 80, para
inibição dos conservantes fenol e metacresol,
presentes na insulina. De cada frasco também
foram colhidos 0,1 ml para semeadura em agar
sangue, por esgotamento com auxílio de "swab"
estéril. Os meios de cultivo foram incubados em
estufa bacteriológica a 37C, por 24 horas, e
durante as 24 horas seguintes foram observados
quanto à presença de turvação indicativa de
crescimento microbiano. Os meios de cultura
Perspectivas Médicas, 25(2): 5-12, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140201.2051128868
8
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos. - Uirá Duarte Wisnesky e cols.
foram preparados seguindo os protocolos de
controle de qualidade, como esterilidade e
viabilidade, utilizando a pré-incubação de 24
horas e cepas padrão, E. coli ATCC 25922, e S.
aureus ATCC 25923. Após a verificação de
crescimento, os tubos e placas foram
fotografados para eventuais análises e
comparações. Um controle negativo, sem
inóculo e outro positivo, inoculado com a
bactéria padrão E. coli ATCC foram incubados
simultaneamente às amostras.
RESULTADOS
Os dados apontaram que dos 50 clientes
selecionados, 25 da Policlínica Regional de
Saúde e 25 do Hospital Universitário Antônio
Pedro, 38 (76%) eram do sexo feminino, 43
(86%) tinham mais de 50 anos de idade, 18
(36%) tinham o ensino fundamental
incompleto, 33 (66%) renda mensal familiar até
dois salários mínimos e a maioria, 42 (84%)
eram portadores de diabetes tipo II. Em relação
ao uso da insulinoterapia, 30 (60%) dos clientes
utilizavam insulina há mais de 5 anos, sendo que
38 (76%) efetuavam a autoaplicação mais de
uma vez ao dia (Tabela 1).
Quanto à duração do frasco de insulina, em
20 (40%) casos o frasco de insulina durava um
mês, em 13 (26%) casos duravam menos de um
mês, em 7 (14%) casos duravam um mês e
meio, seguido por 2 (4%) casos que duravam
mais de um mês, enquanto 8 (16%) casos não
souberam informar a duração do frasco de
insulina.
Quando foi analisada a distribuição dos
clientes segundo a reutilização das seringas
descartáveis na aplicação da insulina,
constatamos que apenas 8 (16%) faziam o
recomendado pelo DIMED (Figura1).
Em relação aos critérios para a troca da
seringa, 36 (72%) clientes executavam a troca
quando a agulha encontrava-se rombuda, o que
era identificado pela dificuldade de inserção da
agulha na pele (Tabela 2).
Quanto à prática de lavagem das mãos antes
do preparo e da aplicação da insulina, observouse que 33 (66%) dos clientes realizavam
antissepsia das mãos contra 17 (34%) que não o
faziam. No que se refere ao armazenamento do
frasco-ampola de insulina, 39 (78%) clientes
armazenavam o frasco de insulina na porta da
geladeira, 4 (8%) na prateleira superior da
mesma, 3 (6%) na prateleira inferior, e 3 (6%)
clientes armazenavam o frasco de insulina na
prateleira do meio da geladeira.
Em relação aos cuidados com a seringa de
insulina, 27 (54%) dos clientes armazenavam a
seringa para futura reutilização na porta da
geladeira, 11 (22%) no congelador, 5 (10%) fora
da geladeira, 3 (6%) na prateleira superior da
geladeira, seguidos por 2 (4%) clientes que
armazenavam a seringa na prateleira inferior da
geladeira e 2 (4%) que a guardavam na prateleira
do meio da geladeira.
Quando o cliente tinha que se deslocar por
um período mais longo de tempo e precisava
levar o material para a aplicação de insulina, 37
(74%) informaram que efetuavam o transporte
em caixa térmica com gelo, 16 (32%) o faziam
apenas dentro de caixa térmica, 4 (8%) em caixa
térmica com gelo e a insulina dentro de um
invólucro e 3 (6%) transportavam a insulina sem
o uso de nenhum recipiente.
No que se refere aos efeitos adversos da
aplicação de insulina, nos 25 clientes
entrevistados no HUAP, 7 (14%) referiram
algum tipo de reação local em algum momento
da insulinoterapia. Entretanto, nenhum cliente
da Policlínica referiu algum tipo de reação
adversa local. Ao analisarmos os resultados
referentes à análise bacteriológica nos frascos
de insulina cedidos pelos sujeitos da pesquisa,
podemos destacar que em 4% dos frascos
encontramos contaminação da insulina. Ambos
os frascos contaminados foram cedidos por
clientes atendidos no HUAP.
Entretanto, devemos atentar para o fato de
que mesmo com a presença de contaminação na
solução de insulina, não foi observado qualquer
sinal de infecção sistêmica ou local nos clientes
pesquisados. Apesar dos resultados
apresentados apontarem que 7 (14%) clientes
referiram a ocorrência de algum tipo de reação
local com o uso da insulina como, por exemplo,
“caroços” e eritemas, acredita-se que isso possa
ocorrer com qualquer medicamento que
atravesse a barreira da derme.
Ao se analisar as seringas reutilizadas pelos
clientes nos dois cenários da pesquisa, em uma
(2%) seringa, referente à Policlínica, foi
observada contaminação bacteriológica.
Perspectivas Médicas, 25(2): 5-12, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140201.2051128868
9
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos. - Uirá Duarte Wisnesky e cols.
Tabela 1: Distribuição de indivíduos segundo o número
de aplicações de insulina a cada dia.
Figura 1: Distribuição dos indivíduos segundo o número
de usos da seringa antes do descarte (em quantidade de
utilização).
Tabela 2: Distribuição de indivíduos segundo o critério
de troca da seringa.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
A faixa etária mais encontrada, acima dos 50
anos, reforça os dados da literatura que apontam
para o desenvolvimento do Diabetes Mellitus
após os quarenta anos. O aumento da
expectativa de vida, o processo de
industrialização e urbanização, as repercussões
do desenvolvimento científico e tecnológico nas
condições de vida da população são fatores que
contribuem para o aumento da prevalência do
diabetes. De um modo geral o indivíduo quando
envelhece, sofre de inúmeros problemas de
saúde, principalmente de doenças crônicas
degenerativas, o que torna as pessoas com idade
avançada mais suscetíveis em relação às
12
complicações da doença . O fato de ter se
encontrado um número maior de indivíduos
com Diabetes Mellitus tipo 2 é explicado pela
prevalência deste tipo específico de diabetes na
idade adulta12-13.
O esquema de aplicações a serem feitas
diariamente pode variar a fim de imitar ao
máximo a fisiologia normal de secreção da
insulina, contudo o número de aplicações feitas
diariamente pode ser diretamente proporcional
ao risco de contaminação, pois quando se tem
um maior número de aplicações diárias, ocorre
um maior risco de contaminação, ou seja,
quanto maior for o tempo de manipulação,
maior será a probabilidade de infecção pela
exposição.
Apesar do avanço tecnológico em relação ao
instrumental para a aplicação de insulina,
observa-se no Brasil que o instrumental mais
utilizado pela grande maioria dos portadores de
diabetes são as seringas descartáveis e o sistema
frasco-ampola, ou seja, a administração
convencional. Este fato se deve principalmente
ao menor custo, facilidade na aquisição e sua
14-15
disponibilidade no sistema público de saúde .
Deste modo, ao iniciar a prática de
autoaplicação, o portador de diabetes deveria
ser avaliado pela equipe de saúde, com o
objetivo de se estabelecer um plano de cuidados,
considerando-se os diversos critérios que
poderão interferir positivamente ou
negativamente no autocuidado, sejam eles
físicos ou psíquicos. Deve-se avaliar os riscos
para a autoaplicação, se o cliente será capaz de
identificar e controlar as complicações locais e
sistêmicas do tratamento com insulina, o
manuseio adequado das seringas e agulhas,
16
dentre outros . Um destes aspectos é ensinar ao
cliente sobre os cuidados com o seu corpo,
noções de assepsia, manuseio de material
estéril, principalmente quando se tem a prática
de reuso das seringas e agulhas na
insulinoterapia17.
Atualmente, observa-se que a utilização das
insulinas que permitem fazer a autoaplicação
por canetas injetoras é uma ótima opção para
evitar as complicações do manuseio incorreto
do material. Precisamos conscientizar os
serviços e autoridades dos benefícios desta
prática, pois o uso das canetas injetoras de
insulina diminui a complexidade da aplicação, a
duração do processo, o desconforto da
autoaplicação, o risco de infecção, além de
proporcionar maior precisão da dose e a
segurança do indivíduo. Apesar de
aparentemente esta prática poder onerar o
tratamento, deve-se levar em consideração a
Perspectivas Médicas, 25(2): 5-12, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140201.2051128868
10
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos. - Uirá Duarte Wisnesky e cols.
relação de custo e beneficio e a melhoria da
qualidade de vida do indivíduo.
Estudos indicam que as práticas de
higienização das mãos estão abaixo do ideal em
algumas unidades de saúde, o que pode se
refletir no ensino dado aos clientes destas
mesmas unidades, sendo indicada uma maior
apreciação das práticas de higienização das
mãos18. O ensino e a prática eficaz da técnica de
lavagem das mãos deve ser uma meta a ser
alcançada, devido à sua relevância na prática da
autoaplicação da insulina. O agente de saúde e o
educador devem levar em consideração
aspectos culturais de cada indivíduo, com a
finalidade de tornar a lavagem das mãos uma
19
prática rotineira e social .
20
Crisley e Foter estudaram os tipos de
bactérias na pele, classificando-as em
"residentes e transitórias". Os microrganismos
transitórios, representados principalmente pelas
bactérias gram-negativas, são facilmente
removidos pela conscienciosa lavagem das
mãos com bons detergentes. Os microrganismos
residentes, na maioria Gram-positivos,
encontram-se em equilíbrio dinâmico como
parasitas ou saprófitos na pele, embora 10 a 20%
da microbiota esteja concentrada nas
reentrâncias, onde os lipídios e o epitélio
dificultam a sua remoção. Em muitas pessoas,
os estafilococos tornam-se parte significativa da
microbiota residente e, devido à patogenicidade
de algumas cepas e capacidade de produzir
enterotoxinas, é de grande interesse a sua
eliminação nos procedimentos de lavagem das
mãos.
Existem muitos indivíduos diabéticos que
não conseguem fazer a autoaplicação de
insulina alegando insegurança, medo,
desconforto, estilo de vida incompatível com o
tratamento, complicações crônicas que
acometem a integridade física, como baixas
acuidades auditiva e visual, neuropatias,
instabilidade emocional, problemas financeiros,
dentre outras. O desafio diário do enfermeiro é
orientar os clientes diabéticos de modo inovador
e motivador, a fim de que se possam transformar
seus hábitos de vida, em busca de um controle
glicêmico adequado para uma redução
significativa da incidência de possíveis
complicações da doença. A educação
terapêutica é fundamental para informar,
motivar e fortalecer a pessoa e a família para
conviver com a condição crônica em que, a cada
atendimento, deve ser reforçada a percepção de
risco à saúde, o desenvolvimento de habilidades
21
e a motivação para superar esse risco . Neste
sentido, cabe ao enfermeiro identificar estes
fatores para implementar medidas educativas e
de suporte que ajudem ao cliente a vencer mais
este desafio que a doença lhe impõe.
Acreditamos que somente conhecendo melhor a
clientela que é assistida, a equipe de saúde
poderá ajudar o seu cliente na implementação do
autocuidado, garantindo uma assistência de
qualidade.
Metas para o cuidado dos diabéticos devem
ser estudadas e implantadas cuidadosamente
para que profissionais de saúde possam atender
a clientela com uma apropriada educação em
saúde. Neste estudo foi verificada uma
necessidade real das instituições de estimularem
o investimento no aprendizado e no ensino do
autocuidado aos clientes em uso da
insulinoterapia. A assistência de enfermagem a
clientes, com ênfase no autocuidado, tem sido
uma alternativa encontrada no sentido de
maximizar a adesão ao tratamento, melhorar a
qualidade de vida e reduzir os elevados encargos
à família, à sociedade e ao sistema público de
saúde21.
Os achados nesta pesquisa devem ser
analisados por profissionais de saúde tendo em
vista o aperfeiçoamento dos programas de
educação e assistência aos diabéticos nos
serviços públicos e privados. O aumento
alarmante das taxas de incidência e prevalência
do Diabetes Mellitus na população mundial
confirma que a doença deve ser considerada um
problema de saúde pública e políticas de saúde
devem ser adotadas em todos os níveis de saúde
objetivando seu controle e tratamento.
Desta forma, é relevante que mais pesquisas
contemplando esta patologia sejam realizadas, e
que um olhar mais cuidadoso seja dado à
capacitação dos profissionais que atendam os
portadores de Diabetes Mellitus. Observa-se
que há necessidade de se reavaliar a
implementação de práticas de reutilização das
seringas e todos os aspectos que estão
diretamente relacionados, tais como: a técnica
asséptica do procedimento, o manuseio e
descarte do material perfurocortante, a agulha,
caso esta entre em contato com outra superfície
que não a pele, a conservação e armazenamento
Perspectivas Médicas, 25(2): 5-12, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140201.2051128868
11
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos. - Uirá Duarte Wisnesky e cols.
domiciliar dos frascos das insulinas atentando
para as normas dos órgãos reguladores e
recomendação do fabricante, dentre outros.
O estudo tem a limitação de ter sido feito
numa pequena amostra e se aplicar
majoritariamente nos locais onde a mesma foi
feita. Apesar da análise bacteriológica não
apresentar um percentual significativo de
contaminação na amostra, o reuso das seringas e
agulhas descartáveis, prática não recomendada
pelo Ministério da Saúde, coloca em risco a
segurança do cliente, oferecendo danos à saúde,
o que compromete a qualidade da assistência
prestada. Neste sentido, a pesquisa
proporcionou a discussão sobre a prática da
reutilização da seringa e da agulha como
estratégia de diminuição dos gastos públicos,
destacando que a principal meta a ser alcançada
é o bem estar e a segurança do indivíduo.
Pretende-se com o estudo contribuir para a
reflexão sobre esta prática assistencial utilizada
no atendimento ao cliente diabético nos serviços
de saúde.
SUPORTE FINANCEIRO:
Estudo originado do projeto de pesquisa
financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ (Processo
n.: E 26/150.744/2007), desenvolvido no Grupo
de Pesquisa em Fundamentos de Enfermagem
na linha de pesquisa Fundamentos
Metodológicos e Tecnológicos dos Cuidados de
Enfermagem da Universidade Federal
Fluminense.
REFERÊNCIAS
1. Rippon JW. Medical Mycology. The
Pathogenic Fungi and The Pathogenic
Actinomycetes. 3rd ed. Philadelphia: WB
Saunders Co; 1988.
2. Best Practices Reduce Costs of Chronic
Care. Health Management Technology [serial
on the Internet]. (2004, Aug), [cited June 13,
2013]; 25(8): 46. Available from: MasterFILE
Complete.
3. Bolin K, Gip C, Mörk A, Lindgren B.
Diabetes, healthcare cost and loss of
productivity in Sweden 1987 and 2005—a
register-based approach. Diabetic Medicine
2009; 26(9): 928-34.
4. Larkin ME, Capasso VA, Chen CL,
Mahoney EK, Hazard B, Cagliero E et al..
Measuring psychological insulin resistance:
barriers to insulin use. Diabetes Educ. 2008
May-Jun;34(3):511-7
5. Morris AD, Boyle DIR, McMahon D,
MacDonald TM, Newton RW. Adherence to
insulin treatment, glycemic control, and
ketoacidosis in insulin-dependent Diabetes
Mellitus. Lancet 1997; 350:1505–10.
6. Braddock M. Initiating and managing
insulin. Practice Nurse [serial on the Internet].
(2011, Jan 21), [cited March 27, 2011]; 41(1):
34-40. Available from: Business Source
Premier.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Divisão
N a c i o n a l d e Vi g i l â n c i a S a n i t á r i a d e
Medicamentos. Portaria n. 4, de 7 de fevereiro
de 1986. Dispõe sobre a inclusão de artigos
correlatos na definição de artigo médicohospitalar. Diário Oficial da União, Brasília, 12
fev. 1986. Seção 1, p. 23-7.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta
pública n° 17 de 19/03/2004.D.O.U. de
22/03/04. Dispõe sobre o reprocessamento do
grupo de produtos médico-hospitalares de único
uso.
9. Schwartz MD, Pharm D, Scott E, Kincaid.
Infectious Disease Concepts and
Considerations in the Diabetic Patient. Journal
of pharmacy practice. 2009; 22(6):571-4.
10. Tamir E. Treating the diabetic ulcer:
practical approach and general concepts. Isr
Med Assoc J. 2007; 9: 610-5.
11. O'Meara S, Cullum N, Majid M, Sheldon
T. Systematic Reviews of Wound Care
Management: (3) Antimicrobial Agents for
Chronic Wounds; (4) Diabetic Foot Ulceration.
Journal of Health Technology Assessment.
2001; 4 (21).
12. American Diabetes Association.
Standards of Medical Care in Diabetes.
American Diabetes Association: Clinical
Practice Recommendations 2004: Position
Statement. Diabetes Care. 2004; 27(Suppl
1):S15-35.
13. Torquato MTCG, Montenegro RM,
Viana RAHG, Souza RAHG, Lanna CMM,
Lucas JCBatista et al. Prevalence of Diabetes
Perspectivas Médicas, 25(2): 5-12, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140201.2051128868
12
Insulinoterapia: o reuso de seringas descartáveis por pacientes diabéticos. - Uirá Duarte Wisnesky e cols.
Mellitus and impaired glucose tolerance in the
urban population aged 30-69 years in Ribeirão
Preto (São Paulo), Brazil. Sao Paulo Med. J.
[serial on the Internet]. 2003 [cited 2013 Jan 13];
1 2 1 ( 6 ) : 2 2 4 - 2 3 0 . Av a i l a b l e f r o m :
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artt
e x t & p i d = S 1 5 1 6 31802003000600002&lng=en.
http://dx.doi.org/10.1590/S151631802003000600002.
14. Krall, LP. Manual do diabete de Joslin.
São Paulo, Rocca, 1983.
15. Steiner G, Lawrence PA. Educando o
cliente diabético. São Paulo, Andrei, 1992.
16. Peyrot M, Rubin RR, Kruger d F, Travis
LB. Correlates of Insulin Injection Omission.
Diabetes Care [Internet]. 2010 [cited 2013 Jan
2 2 ] ; 3 3 ( 2 ) , 2 4 0 + . Av a i l a b l e f r o m :
http://go.galegroup.com.db16.linccweb.org/ps/
i.do?id=GALE%7CA219141815&v=2.1&u=li
ncclin_mdcc&it=r&p=AONE&sw=w&asid=6
8593aca32f5a6cbb797ef197f1616e7.
17. Souza CR, Zanetti ML. A prática de
utilização de seringas descartáveis na
administração de insulina no domicílio. Rev.
Latino-Am. Enfermagem [serial on the
Internet]. 2001 Jan [cited 2013 Jan 14]; 9(1):39-
4 5 .
Av a i l a b l e
f r o m :
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artt
e x t & p i d = S 0 1 0 4 11692001000100006&lng=en.
http://dx.doi.org/10.1590/S010411692001000100006.
18. Simmons B, Bryant J, Neiman K,
Spencer L, Arheart K. The Role of
Handwashing in Prevention of Endemic
Intensive Care Unit Infections. Infection
Control and Hospital Epidemiology. 1990;
11:589-94.
19. Jumaa PA. Hand hygiene: simple and
complex. Int J Infect Dis. 2005; 9:3–14.
20. Crisley FD, Foter MJ. The use of
antimicrobial soaps and detergents for hand
washing in foodservice establishments. J. Milk
Food Technol. 1965, 28: 278-84.
21- BARROS, A., SOUZA, E. Self-injection
of insulin: attitudes of a group of individuals
with diabetes. Rev enferm UFPE on line.
[DOI: 10.5205/01012007 / Qualis B 2], Recife
(PE), 5, abr. 2011. Disponível em:
http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/
index.php/revista/article/view/1354. Acesso
em: 13 out. 2013.
Perspectivas Médicas, 25(2): 5-12, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140201.2051128868
13
ARTIGO ORIGINAL
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação
elétrica neuromuscular em portadores de disfunção femoropatelar.
Electromyography of the vastus medialis and vastus lateralis muscles after neuromuscular
electrical stimulation in patients with patellofemoral dysfunction.
Palavras-chave: síndrome da dor patelofemoral; músculo quadríceps; eletromiografia.
Key words: patellofemoral pain syndrome; quadriceps muscle; electromyography.
Camila Adalgisa Oliveira1
Ivan Luiz de Souza Pires1
George Azevedo Lemos 2
Renato Rissi 2
Ana Elisa Zuliani Stroppa Marques3
Evanisi Teresa Palomari4
1
Mestre em Biologia Celular e Estrutural,
Instituto de Biologia, Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), Campinas, São Paulo,
Brasil.
2
Mestrandos em Biologia Celular e
Estrutural, Instituto de Biologia, Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas,
São Paulo, Brasil.
3
Doutoranda no Instituto de Biociências
Unesp - Rio Claro- Programa de PósGraduação em Desenvolvimento Humano e
Tecnologias, Rio Claro, São Paulo, Brasil.
4
Professora Doutora responsável pelo
Laboratório de Eletromiografia e
Eletrotermoterapia experimental.
Departamento de Anatomia, Instituto de
Biologia, Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), Campinas, São Paulo, Brasil.
Endereço para correspondência: Camila
Adalgisa Oliveira - Endereço: Rua Al. San
Marino, 114, Jd. Europa, Bragança PaulistaS P. C E P 1 2 9 1 9 - 0 2 5 . e - m a i l :
[email protected]
Não há conflitos de interesse.
Todos os direitos editoriais adquiridos.
Artigo recebido em: 27 de Março de 2014.
Artigo aceito em: 01 de Julho de 2014.
RESUMO
Objetivo: Avaliar o efeito da estimulação
elétrica neuromuscular (EENM) por meio da
atividade eletromiográfica dos músculos vasto
medial oblíquo (VMO) e vasto lateral oblíquo
(VLO) pré e pós-estimulação em indivíduos
normais e portadores de disfunção
femoropatelar (DFP). Método: Participaram do
estudo 28 voluntárias sedentárias (14 saudáveis
e 14 portadores de DFP). A EENM foi realizada
isolada e associada à contração isométrica
voluntária do músculo quadríceps. O grupo
Controle foi subdividido em GCI e GCII e os
portadores de DFP em GDI e GDII. Os
treinamentos foram realizados 3 vezes por
semana, 30 minutos cada um, durante 8 semanas
(90 minutos/semana). A eletromiografia foi
realizada através de protocolo isométrico. Os
testes de Wilcoxon e Mann-Whitney permitiram
a comparação intragrupo e intergrupo,
respectivamente. Resultados: O GD I mostrou
uma redução significativa na frequência média
do sinal elétrico do músculo VMO a 45° e 90° de
flexão da articulação do joelho, póstreinamento. Em relação à frequência mediana
do sinal elétrico dos músculos VMO e VLO,
pré-treinamento, o GC II obteve um maior valor,
a 90° de flexão do joelho para ambos os
músculos, quando comparado ao GD II. Após o
treino, o GC II apresentou uma diminuição na
frequência mediana do sinal elétrico do músculo
VLO a 60° de flexão, assim como o GD I, para os
músculos VMO e VLO, a 90° e 45°. Conclusão:
O treino por meio da EENM ocasionou um
quadro de fadiga muscular nos indivíduos
analisados.
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
14
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação... - Camila Adalgisa Oliveira e cols.
ABSTRACT
Objective: To evaluate the effect of
neuromuscular electrical stimulation (NMES)
through the electromyographic activity of the
vastus medialis oblique muscle (VMOM) and
vastus lateralis obliquus muscle (VLOM) preand post-stimulation in normal subjects and
patients with patellofemoral dysfunction (PFD).
Methods: This study included 28 sedentary
volunteers (14 healthy and 14 with PFD).
NMES were performed isolated and associated
with voluntary isometric contraction of the
quadriceps muscle. The control group was
divided into GCI and GCII and patients with
DFP in GDI and GDII. Training was performed
3 times a week, 30 minutes a day, for 8 weeks (90
minutes / week). The electromyography was
performed using an isometric protocol. The
Wilcoxon and Mann-Whitney's test allowed the
intragroup and intergroup comparison,
respectively. Results: The DGI showed a
significant reduction in the mean frequency of
the electrical signal of the VMO muscle, at 45°
and 90° flexion of the knee joint, post-training
when compared with pre-training. About the
center frequency of the electrical signal of the
VMOM and VLOM, pre-training, GC II had a
higher value at 90° flexion of the knee for both
muscles when compared to GD II. After
training, the GC II showed a decrease in the
median frequency of the electrical signal of the
VLOM at 60° of flexion. Similar results were
obtained in the GD I, for VMOM and VLOM, at
90° and 45°. Conclusion: The NMES training
caused muscle fatigue in the studied subjects.
INTRODUÇÃO
A patela possui função de destaque no
mecanismo de extensão da articulação do
joelho, o que leva a um aumento na força de
1
execução do movimento em 50% . Sua
característica, portanto, é centralizar forças
divergentes do músculo quadríceps,
transmitindo-as de maneira uniforme para o
tendão patelar e o osso subjacente2.
A articulação do joelho possui grande
mobilidade e frequentemente torna-se
suscetível a lesões, devido à grande sobrecarga
imposta e à sua dependência nos componentes
musculares e ligamentares que proporcionam
3
sua estabilização . Uma alteração
musculoesquelética muito comum que envolve
a articulação do joelho é a disfunção
f e m o r o p a t e l a r ( D F P ) . Ve r i f i c a - s e n o s
diagnósticos ortopédicos que 25% dessas
alterações estão relacionadas a esta doença4 e,
geralmente, acometem atletas e indivíduos
sedentários do sexo feminino, principalmente
5, 6
adultos jovens
. A origem básica e a
patogênese exata da DFP são desconhecidas,
mas alguns fatores têm sido apontados,
incluindo: trauma agudo, injúrias ou cirurgias
ligamentares, instabilidade, uso excessivo da
articulação, imobilização, sobrecarga,
predisposição genética, mau alinhamento ou
disfunção no mecanismo extensor da
articulação do joelho, anomalias congênitas na
patela, sinovites prolongadas, hemorragias e
infecções recorrentes na articulação e repetidas
7
infiltrações de corticoides intra-articulares .
O aumento do ângulo Q, patela alta ou
baixa, torção tibial lateral, pronação subtalar
excessiva, joelho valgo ou varo e antiversão
femoral, também são apontados como
8,9
causadores do desalinhamento patelar .
Algumas teorias têm o propósito de explicar a
etiologia da DFP incluindo as biomecânicas,
musculares e de uso excessivo da articulação.
No entanto, a literatura e a experiência clínica
sugerem que a etiologia da DFP seja
multifatorial e com isso, a hipótese mais aceita é
o tracionamento lateral da patela10,11. Esse
deslocamento anormal da patela causa uma
sobrecarga na articulação e subsequente
desgaste na cartilagem articular 12 . Alguns
autores13-15 sugerem que, para o restabelecimento
da biomecânica articular normal da articulação
femoropatelar, seja indicado o tratamento
conservador, com ênfase no fortalecimento
seletivo do músculo vasto medial oblíquo
(VMO). Foram realizados estudos com o
objetivo de fortalecer seletivamente o músculo
VMO13-18.
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
15
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação... - Camila Adalgisa Oliveira e cols.
O fortalecimento do músculo quadríceps
femoral pode ser realizado por meio de
exercícios de extensão do joelho, dentro da
amplitude de movimento 16, 17 . Entretanto,
acredita-se que o músculo VMO estará sendo
ativado do mesmo modo que o músculo vasto
lateral (VL), não havendo uma ativação
seletiva18.
Em vista dessa problemática, a
eletromiografia tem sido utilizada em estudos de
avaliação da função muscular, na avaliação dos
resultados de intervenções ou de uma forma
mais ampla, em estudos básicos de avaliação da
atividade das unidades motoras e sua relação
19
com a tensão muscular . Além disso, a EMG de
superfície tornou-se uma técnica muito utilizada
no campo da pesquisa e no tratamento de
diversas disfunções musculares, por ser de fácil
manuseio e não invasiva, o que lhe dá um
destaque significativo no monitoramento da
atividade elétrica muscular.
OBJETIVOS
O presente estudo teve como objetivo
avaliar o efeito do treinamento por meio da
estimulação elétrica neuromuscular (EENM)
em indivíduos clinicamente normais e
portadores da DFP, analisando a frequência
média e mediana do sinal elétrico dos músculos
vasto medial oblíquo (VMO) e vasto lateral
oblíquo (VLO) pré e pós-estimulação.
MATERIAIS E MÉTODOS
AMOSTRA
Participaram do estudo 28 voluntárias
adultas sedentárias, com idade média de 22,4
anos (±3,9), altura média de 1,62 m (±0,05),
peso médio de 54,6 Kg (± 6,5), prega cutânea da
coxa de 16,2 mm (±3,0) e percentual de gordura
de 21,4% (±3,3). Foram divididas em dois
grupos: clinicamente normais (CN), com 14
voluntárias e também 14 voluntárias portadoras
da DFP.
As voluntárias de ambos os grupos, não
apresentavam fraturas, luxações ou subluxações
da articulação femoropatelar, lesão meniscal
e/ou ligamentar do joelho, qualquer história
prévia de intervenção cirúrgica e não estavam
sob tratamento farmacológico para doenças
osteomioarticulares. O grupo clinicamente
normal não referiu dor ou desconforto, bem
como não apresentou sinais positivos
relacionados com a DFP na avaliação prévia. O
grupo portador da DFP não referiu dor ou
desconforto, principalmente na articulação do
joelho, por um período mínimo de três meses, e
apresentou como sinais clínicos da doença um
aumento do ângulo Q (superior a 16º), patela
alta, presença de crepitação, torção tibial lateral
e pronação subtalar excessiva.
Todas as voluntárias leram e assinaram um
Termo de Consentimento Formal para a
participação na pesquisa, previamente aprovado
pela Comissão de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
sob protocolo nº 192/2006. V RMS e
impedância do sistema de 1010 Ohms. Os canais
são compostos por filtros passa faixa para
eliminação de ruídos de 15 Hz a 1kHz. Os
eletrodos ativos possuem um ganho de 20 vezes,
o ganho do condicionador é programável por
software, sendo este entre 0,625 até 800 vezes.
O eletromiógrafo foi interfaciado com um
notebook Centrino 512 Mb.
Anteriormente às avaliações as áreas da
pele foram tricotomizadas, esfoliadas com lixa
fina e realizada assepsia com álcool etílico
hidratado 70º, diminuindo assim a impedância
da pele.
EQUIPAMENTOS
Foi utilizado um eletromiográfo da marca
D a t a H o m i n i s Te c n o l o g i a ® , m o d e l o
Myosystem-Br1 (Uberlândia, MG), com doze
canais de entradas analógicas. A conversão dos
sinais analógicos para digitais foi realizada por
uma placa A/D com faixa de entrada de 16 bits
de resolução, frequência de amostragem de
2000 Hz, módulo de rejeição comum (IRMC)
maior que 90 dB, taxa de ruído do sinal menor
que 3. Para captação da atividade mioelétrica,
foram utilizados eletrodos ativos compostos de
Ag-AgCl, com distância fixa de 10 mm e
dispostos perpendicularmente em relação à
20
direção das fibras musculares . Os eletrodos
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
16
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação... - Camila Adalgisa Oliveira e cols.
foram posicionados no músculo VMO a 4 cm
acima da borda superomedial da patela, com
21
inclinação de 55° e, para o músculo VLO,
foram fixados a 2 cm acima do epicôndilo lateral
do fêmur com inclinação de 50,4°22 .
Para a correta fixação, foi traçada uma linha
da espinha ilíaca ântero-superior ao centro da
patela, servindo como referência para a medida
dos ângulos de inclinação de todos os eletrodos.
Foi utilizado um eletrodo de referência, untado
com gel eletrocondutor (Lectron II®),
constituído de uma placa metálica circular e
posicionado na tuberosidade anterior da tíbia do
membro a ser avaliado21. Para o fornecimento da
EENM foi utilizado um gerador de pulso,
modelo Neurodyn High Volt da marca
IBRAMED®, com forma de pulso quadrática,
bifásica, duração de pulso de 100 µs, frequência
de 2.500 Hz modulada em 50 Hz. Foram
utilizados eletrodos modelo silicone-carbono e
untados com gel hidrossolúvel e posicionados
sobre o ventre dos músculos VMO e adutor
magno por meio de fitas adesivas. O
posicionamento dos eletrodos foi efetuado a
partir dos ângulos de inclinação das fibras
musculares.
Assim, para o músculo VMO foi realizada a
fixação a 4 centímetros acima da borda
superomedial da patela, com ângulo de
21
inclinação de 55º . Para o músculo adutor
magno o eletrodo foi posicionado a 10 cm da
interlinha articular do joelho na região medial da
23
coxa .
PROTOCOLO EXPERIMENTAL
Inicialmente foi realizada uma linha de base
para determinação do torque isométrico
máximo de cada voluntária e definida,
aleatoriamente, em três diferentes angulações:
joelho com flexão de 90°, 60° e 45° durante três
dias não consecutivos. Após essa etapa, foi
realizada a média da força máxima de cada
voluntária, ou seja, 100% da contração
isométrica voluntária máxima (CIVM). Foram
feitas três contrações a 100% da CIVM de
extensão da perna no membro avaliado durante
8 segundos, com um intervalo de 1 minuto entre
as contrações, sendo excluídos para a análise do
sinal os primeiros 2 segundos e o último
segundo. Este procedimento foi repetido,
aleatoriamente, em diferentes angulações (90°,
60° e 45° de flexão do joelho), com um intervalo
de 2 minutos.
Para a determinação do ângulo da
articulação do joelho, foi utilizado um
goniômetro universal de plástico da marca
CARCI®.
TREINAMENTO DE FORÇA
Foram realizados dois tipos de
treinamentos, um por meio da EENM
isoladamente e outro por meio da EENM
associada ao exercício de contração isométrica
voluntária do músculo quadríceps em banco
extensor. Com isso, houve uma subdivisão nos
grupos Controle (designados por GC I e GC II) e
portadores DFP (designados por GD I e GD II).
Os treinamentos foram realizados 3 vezes na
semana, 30 minutos diários, perfazendo um total
de 90 minutos/semana, durante 8 semanas. A
intensidade da corrente foi dada de acordo com o
limiar motor de cada voluntária e incrementada
a cada 3 minutos de trabalho para proporcionar
uma sobrecarga ao músculo e as adaptações
24
esperadas no sistema neuromuscular . Os
parâmetros Ton - Toff também foram evoluídos a
cada semana de treinamento. O controle da
intensidade foi registrado para consultas prévias
antes do início da sessão seguinte.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Inicialmente a análise estatística foi
realizada pelo teste de normalidade
Kolmogorov-Smirnov; observados dados que
não se apresentavam normais, foram então
aplicados testes não paramétricos nas
comparações. Na análise intragrupo, foi
utilizado um teste não paramétrico de amostras
dependentes, o teste de Wilcoxon, com um nível
de significância de p ≤ 0,05.
Para análise intergrupos, também foi
utilizado teste não paramétrico de amostras
independentes, o teste de Mann-Whitney, com
um nível de significância de p ≤ 0,05.
RESULTADOS
Os resultados referentes à variável de
frequência média do sinal eletromiográfico,
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
17
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação... - Camila Adalgisa Oliveira e cols.
apresentaram diferença estatisticamente
significativa apenas na análise intragrupo, para
o GD I a 45° e 90° de flexão da articulação do
joelho no músculo VMO pós-treinamento
proposto (Tabela 1).
O GD I apresentou uma diminuição na
frequência média do sinal elétrico do músculo
VMO a 45° e 90° de flexão da articulação do
joelho após o treinamento proposto. Na análise
intergrupo, referente à frequência média do sinal
eletromiográfico, foi observada diferença
estatisticamente significativa quando
comparados os GD I e II, a 90° de flexão da
articulação do joelho, no músculo VLO, prétreinamento. O GD I obteve um valor de
frequência média maior em relação ao GD II, a
90° de flexão da articulação do joelho, para o
músculo VLO, pré-treinamento.
Os demais grupos avaliados não
apresentaram diferença estatisticamente
significativa nos diferentes posicionamentos da
articulação do joelho, tanto para o músculo
VMO quanto para o VLO, pré e pós-treinamento
proposto (Tabela 2). Em relação à variável de
frequência mediana do sinal eletromiográfico, o
GC II apresentou uma diminuição
estatisticamente significativa na frequência
mediana do sinal elétrico do músculo VLO a 60°
de flexão da articulação do joelho póstreinamento e o mesmo ocorreu com o GD I nos
músculos VMO e VLO, a 90° e 45° de flexão da
articulação do joelho, respectivamente (Tabela
3). Os demais grupos analisados não
apresentaram diferença estatisticamente
significativa, como mostra a Tabela 3.
Na análise intergrupo, para a variável de
frequência mediana, houve diferença
estatisticamente significativa quando
comparado os GC II e GD II, para os músculos
VMO e VLO a 90° de flexão da articulação do
joelho, pré-treinamento. O GC II obteve um
maior valor de frequência mediana em ambos os
músculos, pré-treinamento. Os demais grupos
avaliados não apresentaram diferença
estatisticamente significativa nos diferentes
posicionamentos da articulação do joelho tanto
para o músculo VMO quanto para o músculo
VLO, pré e pós-treinamento proposto (Tabela
4).
*Valor estatisticamente significativo em relação ao pré-treinamento
Tabela 1: Médias/desvios-padrões e valores de p na
análise intragrupo (Wilcoxon) referentes à frequência
média do sinal elétrico dos músculos VMO e VLO.
* Valor estatisticamente significativo em relação ao pré-treinamento
Tabela 2: Valores de p na análise intergrupos
(Mann-Whitney) para frequência média do sinal
eletromiográfico.
* Valor estatisticamente significativo em relação ao pré-treinamento
Tabela 3: Médias/desvios-padrões e valores de p na
análise intragrupo (Wilcoxon) referentes à frequência
mediana do sinal elétrico dos músculos VMO e VLO.
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
18
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação... - Camila Adalgisa Oliveira e cols.
* Valor estatisticamente significativo em relação ao pré - treinamento
Tabela 4: Valores de p na análise intergrupo (MannWhitney) para a frequência mediana do sinal
eletromiográfico.
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, o
tratamento por meio da EENM promoveu uma
redução estatisticamente significativa na
frequência média do sinal eletromiográfico no
GD I a 45° e 90° de flexão da articulação do
joelho no músculo VMO. Foi observada,
também, uma redução estatisticamente
significativa na frequência mediana do sinal
eletromiográfico nos GC II (músculo VLO, a
60° de flexão da articulação do joelho) e GD I
(músculo VMO a 90°de flexão e músculo VLO a
45° de flexão do joelho da articulação do
joelho).
25,26
Segundo alguns autores a diminuição da
frequência do sinal eletromiográfico, mais
especificamente da frequência mediana, indica
um quadro de fadiga muscular, o que contraria
os resultados esperados pelo grupo de pesquisa,
uma vez que o treinamento para fortalecimento
por meio da EENM deveria aumentar a
frequência do sinal analisado. Esse aumento da
frequência média e mediana indicaria um
aumento na velocidade de condução na fibra
muscular ocasionada pelo aumento do diâmetro
da fibra. Alguns trabalhos clássicos defendem a
hipótese de elevação da amplitude do
eletromiograma nos casos de fadiga localizada
após contrações repetidas25,27.
A elevação na amplitude do sinal ocorreria
por um disparo, de ordem crescente, das
unidades motoras, para compensar a queda da
força de contração das fibras fatigadas na
tentativa de manter o nível de tensão ativa,
sendo evidentes em contrações submáximas28,29.
Por outro lado, a diminuição da frequência do
sinal eletromiográfico pode ser atribuída às
mudanças decorrentes de uma alteração no pH
intracelular pelo acúmulo de íons de hidrogênio,
o que interferiria no funcionamento das bombas
de sódio e potássio e, consequentemente na
permeabilidade da membrana da célula
muscular. Este fenômeno provoca um
desequilíbrio na concentração de íons,
reduzindo a velocidade de condução dos
30,31
potenciais de ação da unidade motora .
A restrição do fluxo sanguíneo também
pode influenciar o controle no acúmulo de
32, 33
metabólitos
. Estas alterações podem
provocar mudanças no processo de acoplamento
entre os miofilamentos e incapacidade do
retículo sarcoplasmático de liberar íons cálcio
no interior da fibra muscular, comprometendo
também a mecânica contrátil, com uma queda na
33,34
capacidade de produção de força . As
variações metabólicas vão depender do tipo de
fibra que será trabalhada, por exemplo, fibras do
tipo IIβ encontram-se com o volume de
mitocôndrias e concentração enzimática
35-37
mitocondrial reduzidas . Alguns autores
afirmam que sustentações prolongadas podem
38,39
levar à fadiga mais facilmente . A fadiga após
o exercício, incluindo os exercícios induzidos
eletricamente, pode ser um estímulo necessário
para o fortalecimento muscular, mas se a
estimulação de um músculo já fatigado é danosa
ou não, ainda não se sabe.
Se a EENM e suas características forem
selecionadas adequadamente com base em uma
avaliação cuidadosa da debilidade
neuromuscular, a sua aplicação poderá alcançar
êxito40,41. A maior limitação da EENM é a queda
precoce da força muscular, devido à fadiga, seja
na estimulação de alta ou de baixa frequência42.
Foi observado que as estimulações de alta
frequência (100 Hz) causam menor fadiga
43
muscular . Por outro lado, foi verificada, após a
aplicação de EENM de 2500 Hz modulada em
50 Hz, a diminuição da frequência mediana e
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
19
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação... - Camila Adalgisa Oliveira e cols.
maior fadiga muscular, quando comparada com
44
a frequência de 50 Hz . Esse mesmo autor
observou que durante o treinamento com a
EENM, a corrente de baixa frequência (50 Hz)
promoveu aumento na frequência mediana, mas
por outro lado, o grupo estimulado com média
frequência (2.500 Hz modulada a 50 Hz)
promoveu decréscimo da frequência mediana,
portanto, maior fadiga muscular comprovada
pelas alterações significativas no espectro de
frequência do sinal eletromiográfico.
Entretanto, estudo posterior relatou que a
EENM de baixa frequência gerou maior fadiga
muscular comparado à EENM de média
frequência e portanto, consequente indicação de
protocolos de média frequência em tratamentos
de reabilitação45.
Neste sentido, foram comparados um
regime de EENM, comercialmente disponível,
com uma nova forma de estimulação para a
reabilitação do músculo quadríceps em
indivíduos com DFP. Os indivíduos recrutados
para este estudo foram avaliados pré e pósestimulação em relação ao torque isocinético e
i s o m é t r i c o , f a d i g a m u s c u l a r, s i n a l
eletromiográfico, área de secção transversa
muscular por imagem de ultrassom,
funcionalidade muscular, análise da dor por
meio da escala analógica visual, além de testes
clínicos. Foi constatado que não houve
diferença significativa entre a força muscular
nos diferentes protocolos de aplicação para os
dois grupos. Entretanto, na avaliação da dor,
houve diferença significativa pré e póstratamento intragrupo e ausência de diferença
46
intergrupo .
Em relação à resistência à fadiga muscular,
também não houve diferença significativa. A
função do mecanismo extensor obteve melhora
para ambos os grupos e a área de secção
transversa obteve diferença significativa para o
grupo de variação da frequência da corrente e de
acordo com outros autores, a terapia física como
regime de tratamento para pacientes com DFP
altera o controle motor do músculo VMO em
relação ao músculo VL em testes funcionais e
47
está associada a resultados clínicos positivos .
Após a terapia física baseada no método
"McConnel", a ativação do músculo VMO foi
anterior ao músculo VL na fase excêntrica e
similar na fase concêntrica durante a subida e
descida no "step". A comparação de nossos
resultados a estudos anteriores é escassa, devido
à ausência de estudos pontuais que demonstrem
o efeito da EENM por meio da estimulação
isolada do músculo VMO associada à contração
voluntária isométrica em condições especificas,
como é o caso do tratamento de indivíduos com
DFP, e a resposta obtida na frequência do sinal
eletromiográfico.
CONCLUSÃO
Considerando os dados obtidos no presente
estudo, verificou-se que o treinamento com a
utilização da EENM gerou níveis de fadiga
muscular na musculatura envolvida, entretanto,
são necessárias maiores investigações a fim de
constatarmos os reais efeitos desse tipo de
treinamento em indivíduos normais e com DFP.
Agradecimentos e Suporte Financeiro: À
Fapesp pelo apoio financeiro e estímulo a
pesquisa. Processo número 2006/61750-3. Ao
serviço de Ressonância Nuclear Magnética, da
Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas (FCMUNICAMP) pelo auxílio na realização dos
exames de ressonância magnética realizados na
segunda parte deste estudo.
REFERÊNCIAS
1. Fulkerson JP, Gossling HR. Anatomy of
the knee joint lateral retinaculum. Clinical
Orthopaedics and Related Research
1980;154:183-8.
2. Van Kampen A, Huiskes R. The threedimensional tracking pattern of the human
patella. J Orthop Res 1990;8(3):372-82.
3. Moore KL, Dalley AF. Anatomia
orientada para a clínica. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro; 2001.
4. Powers CM, Maffucci R, Hampton S.
Rearfoot porture in subjects with patellofemoral
pain. J Orthop Sports Phys Ther 1995;22:15560.
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
20
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação... - Camila Adalgisa Oliveira e cols.
5. Baker V, Bennel K, Stilman B, Cowan S,
Crossley K. Abnormal kneee joint position
sense in individuals with patellofemoral pain
syndrome. J Orthop Res 2002;20:208-14.
6. Nakagawa TH, Muniz TB, Baldon RM,
Fábio Serrão FV. A abordagem funcional dos
músculos do quadril no tratamento da síndrome
d a d o r f e m o r o - p a t e l a r. F i s i o t e r M o v
2008;21(1):65-72.
7. Natri A, Kannus P, Järvinen M. Which
factors predict the long-term outcome in chronic
patellofemoral pain syndrome (chondromalacia
patellae)? Med Sci Sports Exerc
1998;30(11):1572-7.
8. Grossi DB, Pedro VM, Berzin F. Análise
funcional dos estabilizadores patelares. Acta
Ortop Bras 2004;12(2):99-104.
9. Cabral CMN, Melim AMO, Sacco ICN.
Marques AP. Fisioterapia em pacientes com
síndrome fêmoropatelar: comparação de
exercícios em cadeia cinética aberta e fechada.
Acta Ortop Bras 2008;16(3):180-5.
10. Powers CM, Shellock FG, Pfaff M.
Quantification of patellar tracking using
kinematic MRI. J Magn Reson Imaging
1998;8:724-32.
11. Catelli DS, Kuriki HU, Nascimento
PRC. Lesão esportiva: Um estudo sobre a
síndrome dolorosa femoropatelar. Motricidade
2012;8(2): 62-9.
12. Heino Brechter J, Powers CM.
Patellofemroal stress during walking in persons
with and without patellofemoral pain. Med Sci
Sports Phys Ther 2002;33:1582-93.
13. Monteiro-Pedro V, Vitti M, Bérzin F,
Bevilaqua-Grosso D. The effect of free isotonic
and maximal isometric contraction exercises of
the hip adduction on vastus medialis oblique
m u s c l e : a n e l e t r o m y o g r a p h i c s t u d y.
Eletromyographic Clin Neurophysiol
1999;39:435-44.
14. Augusto DD, Ventura PP, Nogueira JFS,
Brasileiro JS. Efeito imediato da estimulação
elétrica neuromuscular seletiva na atividade
eletromiográfica do músculo vasto medial
oblíquo. Rev Bras.Cineantropom Desempenho
Hum 2008;10(2):155-60.
15. Silva L, Fiorentini M, Ferreira LAB,
Pereira WM. Atividade eletromiográfica do
músculo vasto medial oblíquo após estimulação
elétrica neuromuscular. Ter Man 2011;
9(42):119-25.
16. Brownstein BA, Lamb RL, Mangine
RE. Quadríceps torque and integrated
electromyography. Journal of Orthopedic and
Sports Physical Therapy 1985;6:309-14.
17. Moller, B.N.; Jurik, A.G.; Tidemanddal, C.; Krebs, B. Aaris K.. The quadríceps
function in patellofemoral disorders: a
radiographic and electromyographic study.
Arch. Orthop. Trauma Surg 1987;106(3):195-8.
18. Hanten WP, Schulthies SS. Exercise
effect on electromyographic activity of the
vastus medialis oblique and vastus lateralis
muscles. Physical Therapy 1990;70:561-5.
1 9 . S o d e b e r g G L P, C o o k T M .
Electromyography in Biomechanics. Phys Ther
1984;64(12):1813-20.
20. De Luca, CJ. The use of surface
electromyography in biomechanics. Journal of
Applied Biomechanics 1997; 13:135-63.
21. Cowan SM, Bennell KL, Hodges PW,
Crossley KM, Mcconnell J. Delayed onset of
electromyographic activity of vastus medialis
obliquus relative to vastus lateralis in subjects
with patellofemoral pain syndrome. Arch Phy
Med Rehab. 2001;82:183-9.
22. Bevilaqua-Grossi D, Monteiro-Pedro V,
Bérzin F. Análise funcional dos estabilizadores
patelares. Acta Ortop Bras 2004;12:99-104.
23. Hermens DH, Freriks B. European
recommendations for surface
electromyography: results of the Seniam
project. Enschede (The Netherlands):
Seniam/Biomed II/ European Union; 1999
[acesso em 26/01/2014]. Disponível em:
www.seniam.org
24. Guirro R, Nunes CV, Davini R.
Comparação dos efeitos de dois protocolos de
estimulação elétrica neuromuscular sobre a
força muscular isométrica do quadríceps. Rev
Fisioterapia Univ São Paulo. 2000;7(1-2):10-5.
25. Masuda K, Masuda T, Sadoyama T,
Inaki M, Katsuta S. Changes in surface EMG
parameters during static and dynamic fatiguing
contractions. J. Electromyogr. Kinesiol.
1989;9(1):39-46.
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
21
Eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral após estimulação... - Camila Adalgisa Oliveira e cols.
26. Oliveira ASC, Gonçalves M, Cardozo
AC, Barbosa FSS. Electromyographic fatigue
threshold of the biceps brachii muscle during
dynamic contraction. Electromyogr Clin
Neurophysiol 2005;45:167-75.
27. Miyashita M, Kanehisa H, Nemoto I.
EMG related to anaerobic threshold, J Sports
Med 1981;21(3):209-15.
28. Bigland-Ritchie B, Lippold OCJ. The
relation between force, velocity and integrated
electrical activity in human muscles. Journal of
Physiology 1954;123:214-24.
29. Devries HA. Method for evaluation of
muscle fatigue and endurance from
electromyographic fatigue curves. American
Journal of Physical Medicine 1968;47(3):12535.
30. Enoka RM, Stuart DG. Neurobiology of
muscle fatigue. J Appl Physiol 1992;72:163148.
31. Fitts RH. Cellular mechanisms of
muscle fatigue. Physiol Rev 1994;74:49-74.
32. Brody LR, Pollock MT, Roy SH, De
Luca CJ, Celli B. pH-induced effects on median
frequency and conduction velocity of the
myoelectric signal. J Appl Physiol 1991;7:187885.
33. Völlestad NK. Measurement of human
fatigue. J Neurosci Methods 1997;74:219-27.
34. Murthy G, Hargens AR, Lehman S,
Rempel DM. Ischemia causes muscle fatigue. J
Orthop Res 2001;19:436-40.
35. Mackler WD, Katch FI, Katch VI.
Fisiologia do esforço - Energia, nutrição e
desempenho humano. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 1992.
36. Arthur C, Guyton MD. Fisiologia
Humana. Rio de Janeiro: Guanabara; 1996.
37.Scott O. Ativação dos nervos motores e
sensitivos. In: Kitchen S, Bazin S, editores.
Eletroterapia de Clayton. São Paulo: Manole;
1998. p. 69-117.
38. Robinson AJ, Snyder-mackler L.
Eletrofisiologia clínica - Eletroterapia e teste
eletrofisiológico. Porto Alegre: Artmed; 2001.
39. Brasileiro JS. Parâmetros manipuláveis
clinicamente na estimulação elétrica
n e u r o m u s c u l a r. F i s i o t e r a p i a B r a s i l
2002;3(1):20- 5.
40. Evangelista AR, Gravina GA, Borges
F S , Vi l a r d i - J ú n i o r N P. A d a p t a ç ã o d a
característica fisiológica da fibra muscular por
meio de eletroestimulação. Fisioterapia Brasil
2003;4(5):326-34.
41. Santos RL, Souza MLSP, Santos FA.
Estimulação elétrica neuromuscular na
disfunção patelofemoral. revisão de literatura.
Acta Ortop Bras 2013;21(1): 52-8.
42. Mourselas N, Granat MH. Evaluation of
patterned stimulation for use in surface
functional electrical stimulation systems. Med
Eng Phys 1998;20:319-24.
43. Matsunaga T, Shimada Y, Sato K.
Muscle fatigue intermittent stimulation with
low and high frequency electrical pulses. Arch
Phys Med Rehabil 1999;80:48-53.
44. Guirro, A.R. Análise da atividade
elétrica e da força dos músculos flexores da mão
após estimulação neuromuscular. [Doutorado].
Piracicaba: Universidade Estadual de
Campinas, Programa de Pós-Graduação em
Biologia Buco-Dental; 2000.
45. Pires KF. Análise dos efeitos de
diferentes protocolos de eletroestimulação
neuromuscular através da frequência mediana.
Rev Bras Ci e Mov 2004;12(2):25-8.
46. Callaghan MJ, Jaqueline AO. Electric
muscle stimulation of the quadriceps in the
treatment of patellofemoral pain. Arch Phys
Med Rehabil 2004;85:956-62.
47. Cowan SM, Bennel KM, Crossley KM,
Hodges PW, McConnel J. Physical therapy
alters recruitment of the vasti in patellofemoral
pain syndrome. Med Sci Spots Exerc
2002;34(12):1879-85.
Perspectivas Médicas, 25(2): 13-21, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140202.0832147511
22
ARTIGO ORIGINAL
Avaliação da hipóxia materna e vitalidade fetal após
bloqueio peridural com fentanil ou clonidina.
Evaluation of maternal and fetal hypoxia after epidural block with fentanyl or clonidine.
Palavras-chave: trabalho de parto; analgesia; clonidina; fentanila; anestesia epidural.
Key words: labor, obstetric; analgesia; clonidine; fentanyl; anesthesia, epidural.
Daniel de Carli1
Karina Fonseca Uehara2
José Fernando Amaral Meletti3
Renata Vivian Ferreira Pereira2
Evandro Souza Giacomini2
César de Araújo Miranda4
1
Aluno do Programa de Pós Graduação Mestrado Acadêmico da Faculdade de
Medicina de Jundiaí, Instrutor co-responsável
pelo CET-SBA-Residência Médica em
Anestesiologia da Faculdade de Medicina de
Jundiaí, Professor Colaborador da Disciplina
de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de
Jundiaí, São Paulo, Brasil.
2
Membro do Serviço de Anestesiologia do
Hospital Universitário da Faculdade de
Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo,
Brasil.
3
Professor adjunto, chefe da Disciplina de
Anestesiologia da Faculdade de Medicina de
J u n d i a í , re s p o n s á v e l p e l o C E T- S B A Residência Médica em Anestesiologia da
Faculdade de Medicina de Jundiaí, São Paulo,
Brasil.
4
Instrutor co-responsável pelo CET-SBAResidência Médica em Anestesiologia da
Faculdade de Medicina de Jundiaí, Professor
Colaborador da Disciplina de Anestesiologia
da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí,
São Paulo, Brasil.
Endereço para correspondência: Daniel de
Carli - Endereço: Av. Horácio Soares de
Oliveira, 200 - casa 6, Chácara Malota,
Jundiaí, SP, Brasil CEP 13211-534. email:
[email protected]
Não há conflitos de interesse.
Todos os direitos editoriais adquiridos.
Artigo recebido em: 14 de Abril de 2014.
Artigo aceito em: 07 de Julho de 2014.
RESUMO
A analgesia de parto age, não apenas no
controle da dor materna, mas também no
controle das alterações fisiopatológicas
produzidas pelo trabalho de parto, como a
hipoventilação compensatória no intervalo entre
as contrações, dessaturações maternas, e
desacelerações dos batimentos cardíacos fetais.
A peridural pode ser utilizada para analgesia de
todas as fases do trabalho de parto, mas a
hipoventilação materna pode ser exacerbada
pela associação do opioide ao anestésico local.
Este estudo visa avaliar a clonidina, em
comparação ao fentanil, como adjuvante ao
anestésico local na anestesia peridural,
comparando as repercussões materno-fetais. Foi
realizado um ensaio clínico randomizado
duplamente encoberto, onde 50 primigestas
foram submetidas à analgesia peridural,
divididas em dois grupos iguais que receberam
levobupivacaína 0,25% com adrenalina
adicionada a: 150 mcg de clonidina (Grupo A),
ou 100 mcg de fentanil (Grupo B). Avaliou-se
pressão arterial, frequência cardíaca, frequência
respiratória, batimentos cardíacos fetais,
saturação de oxigênio, escala de sedação,
avaliação da dor e bloqueio motor. A variação
dessas medidas durante os primeiros 15 minutos
após a realização do bloqueio não apresentou
diferença significativa, exceto na frequência
respiratória aos 15 minutos, quando se observou
um decréscimo médio de 13,6 % no grupo A,
comparados a 28,33 % no grupo B (p<0,05).
Conclui-se que a clonidina, na dose utilizada,
pode ser boa alternativa como droga adjuvante
Perspectivas Médicas, 25(2): 22-27, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140203.1431515457
23
Avaliação da hipóxia materna e vitalidade fetal após bloqueio peridural com fentanil ou clonidina. - Daniel de Carli e cols.
na analgesia de parto.
ABSTRACT
The labor analgesia acts, not only in the
control of maternal pain, but in control of the
pathophysiological changes produced by labor,
as compensatory hypoventilation in the interval
between contractions, maternal desaturation
and decelerations of the fetal heartbeat. The
epidural analgesia can be used for all stages of
labor, but the maternal hypoventilation may be
exacerbated by the combination of an opioid
with a local anesthetic. This study aims to
evaluate the clonidine, compared to fentanyl as
an adjunct to local anesthetics for epidural
anesthesia, comparing maternal and fetal
repercussions. Conducted a randomized doubleblind study where 50 first labor patients
underwent epidural analgesia. Divided into two
equal groups that levobupivacaine with 0.25%
epinephrine added: 150 mcg clonidine (Group
A) or 100 mcg fentanyl (Group B). We evaluated
blood pressure, heart rate, respiratory rate, fetal
heart rate, oxygen saturation, sedation scale,
pain assessment and motor blockade. The
variation of these measures during the first 15
minutes after the blockade was not significantly
different, except in respiratory rate at 15
minutes, when there was an average decrease of
13.6% in group A, compared to 28.33% in the
group B (p<0.05). We can conclude that
clonidine, in the dose used, can be a good
alternative as adjuvant drug in labor analgesia.
INTRODUÇÃO
A analgesia de parto tem mérito, não só no
controle da dor materna, mas no controle das
alterações fisiopatológicas produzidas pelo
trabalho de parto. O consumo de oxigênio (O2)
eleva-se em até 75% no trabalho de parto, o que
pode ocasionar hipoxemia materna e fetal1,2.
Durante episódios de dor intensa, no pico das
contrações uterinas, o volume minuto pode
2
elevar a 300% dos valores basais , com
consequente hipocarbia e alcalose respiratória
materna. O resultado é uma vasoconstrição
uteroplacentária e acentuado desvio da curva de
dissociação da hemoglobina para esquerda, com
3
menor desprendimento de O2 ao feto .
Entre as contrações uterinas, a gestante pode
apresentar hipoventilação compensatória
inclusive apnéia, suficientes para promover
dessaturações maternas importantes, que
acompanham desacelerações dos batimentos
1
cardíacos fetais (BCF) .
A analgesia de parto iniciou-se no passado
através do uso de agentes inalatórios, há 150
anos. Porém, em virtude do conhecimento
insuficiente dos mecanismos fisiológicos da dor
e do trabalho de parto, as medidas
farmacológicas para analgesia eram rejeitadas
pela Igreja e pelos médicos. Várias substâncias
já foram utilizadas para esse fim: óxido nitroso,
éter, clorofórmio, metoxiflurano, tricloroetileno
e ciclopropano dentre outros. Com os resultados
negativos associados à analgesia por técnica
inalatória, as técnicas de alívio da dor do parto
foram praticamente abandonadas, na primeira
4
metade do século Xx .
Com o advento da anestesia espinhal e o uso
de cateteres, esta via se tornou a preferencial
para aliviar a dor materna, por revelar-se mais
segura para o binômio materno-fetal, devido à
menor transferência placentária de drogas e ao
menor risco de depressão respiratória materna.
Atualmente a analgesia sistêmica ficou
reservada para os casos em que o uso de técnicas
regionais está contraindicado5.
A peridural pode ser utilizada e está indicada
para analgesia de todas as fases do trabalho de
parto. A bupivacaína tem sido o anestésico local
mais utilizado em obstetrícia, por apresentar
elevada ligação protéica, o que limita sua
passagem placentária. Recentemente o
cloridrato de levobupivacaína em excesso
enantiomérico de 50% tem sido preconizado
5
como alternativa de menor cardiotoxicidade .
A concentração ideal do anestésico local tem
sido alvo de muitos estudos. A proposta ideal é
conseguir o alívio da dor materna, com menor
intensidade de bloqueio motor e mínimas
alterações hemodinâmicas. Concentrações de
cloridrato de levobupivacaína em excesso
enantiomérico de 50% em concentrações de
0,25% já foram utilizadas em estudos, inclusive
com possibilidade de deambulação da
Perspectivas Médicas, 25(2): 22-27, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140203.1431515457
24
Avaliação da hipóxia materna e vitalidade fetal após bloqueio peridural com fentanil ou clonidina. - Daniel de Carli e cols.
parturiente6.
O uso de drogas adjuvantes na peridural
permite melhorar a qualidade da analgesia e
consequente diminuição da concentração do
anestésico local. Os opióides, como o fentanil,
são largamente utilizados para esse fim,
havendo várias evidências favoráveis ao seu
uso. Porém, na fase inicial do controle da dor
através do bloqueio peridural, a hipoventilação
materna pode ser exacerbada pela associação do
opióide ao anestésico local1,2.
A associação de clonidina ao anestésico
local por via peridural é uma opção ao opióide. A
clonidina é uma droga agonista α2-adrenérgica
7,8
com propriedades analgésicas
e que
potencializam os efeitos dos anestésicos locais
quando utilizada via peridural2,7,8,9 . Age tanto
diretamente, ao bloquear a condução do
estímulo nas fibras A-delta e C, como
indiretamente, ao reduzir a absorção dos
anestésicos locais, através de efeito
vasoconstritor mediado pelos receptores α2 póssinápticos, localizados na musculatura dos
vasos peridurais. Os efeitos sistêmicos da
clonidina são dose-dependentes, não sendo
observados com dose igual ou menor que 30
10
mcg, na via peridural .
É sabido que os α2-agonistas causam menor
depressão ventilatória que os opióides9,11. A
sedação, hipotensão arterial, bradicardia e
repercussão fetal podem ser efeitos indesejáveis
da clonidina.
OBJETIVO
Este estudo visa avaliar a clonidina, em
comparação ao fentanil, como adjuvante ao
anestésico local na anestesia peridural, para
melhora na qualidade da analgesia de parto,
comparando as repercussões materno-fetais.
MATERIAIS E MÉTODO
O presente estudo foi analisado e aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade
de Medicina de Jundiaí, sendo registrado pelo
Protocolo no. 303/2011. Foi obtido o
consentimento livre e esclarecido dos sujeitos
deste estudo.
Trata-se de um ensaio clínico randomizado
duplamente encoberto. Os critérios de inclusão
foram pacientes do Hospital Universitário da
Faculdade de Medicina de Jundiaí, primigestas,
sem comorbidades associadas, com dilatação
cervical uterina entre 6 e 8 cm. As pacientes com
contraindicação ao bloqueio peridural,
portadoras de comorbidades e as que se
recusaram a participar foram excluídas do
trabalho.
As gestantes incluídas foram submetidas a
analgesia de parto conforme solicitação do
obstetra, sendo escolhido bloqueio peridural
lombar, entre as vértebras lombares L3/L4, com
agulha 17 G, realizando-se a técnica da perda de
resistência (Dogliotti) para localização do
espaço peridural. Em todas as pacientes foi
inserido cateter peridural 18 G, no sentido
cefálico, a 4 cm.
No presente estudo, 50 pacientes foram
avaliadas, no período de 2010 a 2011, divididas
em dois grupos. No Grupo A (clonidina),
administrou-se, via peridural, 25 mg de
cloridrato de levobupivacaína em excesso
enantiomérico de 50% em concentração de
0,25% e adição de adrenalina 1:200.000,
associado a 150 mcg clonidina. No Grupo B
(fentanil), administrou-se, via peridural, 25 mg
de cloridrato de levobupivacaína em excesso
enantiomérico de 50% em concentração de
0,25% e adição de adrenalina 1:200.000,
associado a 100 mcg de fentanil espinhal.
Ambos os grupos, com 25 pacientes, foram
monitorizados com eletrocardioscopia na
derivação DII, oximetria de pulso e pressão
arterial não invasiva. Os valores de BCF foram
obtidos com uso de sonar.
Após a realização da técnica descrita, foram
aferidos antes e depois do bloqueio nos 1º, 5º,
10º e 15º minutos, as seguintes variáveis:
Pressão Arterial (PA), Frequência Cardíaca
Materna (FC), Frequência Respiratória Materna
(FR), BCF, SatO2 materna e avaliada a Escala de
sedação de Ramsay. A Escala Visual Analógica
(EVA) para avaliação da dor materna, a escala
de Bromage para bloqueio motor e a altura do
bloqueio sensitivo foram avaliados após 15
minutos.
As pacientes submetidas a analgesia de
Perspectivas Médicas, 25(2): 22-27, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140203.1431515457
25
Avaliação da hipóxia materna e vitalidade fetal após bloqueio peridural com fentanil ou clonidina. - Daniel de Carli e cols.
parto receberam hidratação com 500ml de
Ringer lactato durante os primeiros 5 minutos.
Foram mantidas em decúbito dorsal horizontal
durante o período observado. Após 15 minutos,
foi adotada a posição de cefaloaclive e decúbito
lateral esquerdo até o período expulsivo. No
final, após o nascimento do concepto, foi
anotado Apgar no 1º e no 5º minuto.
O método estatístico utilizado foi o teste de
Kolmorogv-Smirnov e através de histogramas.
Os dados de PA, FC, FR, SatO2 e BCF foram
avaliados através de frequências absolutas (n) e
relativas (%). As variações percentuais foram
comparadas entre os grupos através dos testes de
Mann-Whitney ou T de Student quando a
variação percentual (e não a variável em si)
apresentou distribuição normal.
O nível de significância assumido foi de 5%
e o software utilizado para análise foi o SAS
versão 9.2.
Os valores da variação de PA, FC, FR, SatO2
e BCF no 1º, 5º, 10º e 15º minutos em relação ao
inicial não apresentaram diferença significativa:
a variação percentual que cada grupo apresentou
em relação ao inicial foi em média, similar,
exceto no que diz respeito à FR, com p = 0,0457
aos 15 minutos. Observou-se um decréscimo
médio de 13,6 ± 26,9% e mediano de 16,67 no
grupo A, enquanto que no grupo B esta variação
foi em média de um decréscimo de 28,33 ±
18,85 %, com mediana de 26,67% em relação ao
inicial (o grupo B teve um decréscimo maior em
relação ao inicial aos 15 minutos).
FR
RESULTADOS
Os grupos foram considerados homogêneos
quanto às variáveis peso, altura e idade (p >
0,05). Em relação à EVA, Escala de Bromage e
altura do nível sensitivo do bloqueio, avaliados
após 15 minutos de bloqueio, não apresentaram
diferenças estatísticas (p > 0,05). Quanto à
escala de sedação de Ramsay, as pacientes nos
dois grupos não apresentaram diferenças
estatísticas clinicamente significantes (p> 0,05).
o
o
O Apgar no 1 e 5 minutos nos dois grupos
também foram estatisticamente semelhantes
(p> 0,05).
Grupo A
Teste de Mann-Whitney / * Teste T de Student.
Tabela 2 – Avaliação dos parâmetros ao longo do tempo.
Grupo B
Figura 1 – Evolução da FR ao longo de 15 minutos em
cada grupo.
DISCUSSÃO
Teste de Mann-Whitney / * Teste T de Student
Tabela 1 – Avaliação dos grupos segundo homogeneidade
de variáveis de controle.
Neste estudo, não houve diferenças
estatísticas (p > 0,05) entre os grupos em relação
à qualidade da analgesia, bloqueio motor e
altura do nível sensitivo do bloqueio, escala de
o
o
sedação de Ramsay e Apgar no 1 e 5 minutos.
Perspectivas Médicas, 25(2): 22-27, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140203.1431515457
26
Avaliação da hipóxia materna e vitalidade fetal após bloqueio peridural com fentanil ou clonidina. - Daniel de Carli e cols.
A queda dos valores de FR observados nos
dois grupos é esperada após analgesia, pela
diminuição do estímulo doloroso. Porém, no 15º
minuto, foi mais intensa no grupo do fentanil do
que com a clonidina (p < 0,05).
10
Em estudo realizado por Alves e col. , a
clonidina via peridural na dose de 300mcg para
cirurgia de abdome inferior não influenciou a
latência (p > 0,05), porém prolongou a duração
dos bloqueios analgésicos e motores (p <
0,0001) e a analgesia pós-operatória, se
comparado com o grupo que recebeu apenas
anestésico local. A proporção de hipotensão
arterial foi pequena e semelhante nos dois
grupos. Houve maior ocorrência de sedação
(p<0,001) e bradicardia (p< 0,02) no grupo que
recebeu clonidina. Em nosso estudo, utilizando
metade da dose da clonidina (150mcg), não
houve diferença estatística em relação às
variáveis sedação e FC, quando comparado com
o grupo controle (fentanil).
Em outro estudo de Nakamura et al.12, dois
grupos de gestantes foram avaliados: analgesia
de parto com 15 ml de ropivacaína a 0,125% ou
15 ml de ropivacaína 0,0625% e clonidina 75
mcg. Não houve diferença estatística quanto à
dor, nível de bloqueio sensitivo, duração da
analgesia peridural e Apgar. Porém, segundo
avaliação do recém-nascido pelo método de
Amiel-Tison, a capacidade de adaptação e
pontuação neurológica dos recém-nascidos das
mães que receberam apenas ropivacaína foi
melhor em comparação com o grupo que
recebeu clonidina. Com o dobro da dose de
clonidina (150 mcg), o Apgar também não
apresentou diferença estatística, porém nosso
estudo não avaliou os recém-nascidos
neurologicamente com o método de AmielTison. Acreditamos que uma avaliação
posterior, incluindo a capacidade de adaptação e
pontuação neurológica dos recém-nascidos com
o método de Amiel-Tison, deva ser feita antes de
sugerir a utilização de clonidina em substituição
ao fentanil para analgesia de parto.
O método utilizado neste estudo apresentou
algumas dificuldades técnicas, como aferição
das medidas antes do bloqueio peridural, já que
algumas pacientes encontravam-se inquietas
com as dores do trabalho de parto, obrigandonos a excluí-las do estudo, quando os dados
necessários não puderam ser colhidos.
Além disso, por se tratar de um público de
hospital universitário, os altos índices de
sedação na escala de Ramsay, a diminuição
esperada da FR e consequente diminuição da
SpO2 não foram observadas, provavelmente,
pelos inquéritos e exames físicos frequentes
realizados por estudantes de medicina,
enfermagem e residentes de obstetrícia. Porém,
consideramos a avaliação constante, condição
essencial na prática da boa medicina, e não foi
desestimulada pelos avaliadores da pesquisa.
CONCLUSÃO
A clonidina na dose utilizada (150mcg) pode
ser boa alternativa como droga adjuvante na
analgesia de parto. As variáveis analisadas
demonstraram que a qualidade da analgesia e as
repercussões clínicas materno-fetais foram
iguais nos dois grupos. A queda dos valores de
FR foi observada nos dois grupos e é esperada
após analgesia, pela diminuição do estímulo
doloroso. Porém foi mais intensa no grupo
fentanil em relação ao grupo clonidina. Na
população estudada, a diminuição da FR não
provocou queda concomitante dos valores de
SpO2maternae BCF.
REFERÊNCIAS
1. C a v a l c a n t i F S . C o n s i d e r a ç õ e s
fisiológicas na gestante e implicações na
anestesia. In: Cangiani LM, Slullitel A, Potério
GMB, Pires OC, Posso IP, Nogueira CS et al,
organizadores. Tratado de Anestesiologia, 7ª ed.
São Paulo: Atheneu; 2011. 2249-82.
2. N o g u e i r a C S . A t u a l i z a ç ã o e m
anestesiologia, volume XII: Anestesia em
obstetrícia. São Caetano do Sul: Editora Yendis;
2011.
3. Siaulys MM, Yamaguchi ET, Khouri
Filho RA. Analgesia para o trabalho de parto. In
Siaulys MM. Condutas em anestesia obstetríca;
2012. 22-39.
4. Viana JT. Anestesiologia: Aspectos
históricos. In: Cangiani LM, Slullitel A, Potério
GMB, Pires OC, Posso IP, Nogueira CS et al,
organizadores. Tratado de anestesiologia, 7ª ed.
São Paulo: Atheneu; 2011. 3-13.
5. Martins CEC. Analgesia para o trabalho
de Parto. In: Cangiani LM, Slullitel A, Potério
GMB, Pires OC, Posso IP, Nogueira CS et al,
organizadores. Tratado de anestesiologia, 7ª ed.
Perspectivas Médicas, 25(2): 22-27, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140203.1431515457
27
Avaliação da hipóxia materna e vitalidade fetal após bloqueio peridural com fentanil ou clonidina. - Daniel de Carli e cols.
São Paulo: Atheneu; 2011. 2283-305.
6. Côrtes CAF, Castro LFL, Serafim MM,
Oliveira AS, Gelmini M, Petri RB. Estudo
comparativo entre bupivacaína racêmica a
0,25% e bupivacaína com excesso
enantiomérico de 50% (S75-R25) a 0,25%,
associadas ao fentanil para analgesia de parto
com deambulação da parturiente. Rev Bras
Anestesiol. 2006;56(1):16-27.
7. Alves TCA, Braz JRC, Vianna PTG. α2Agonistas em anestesiologia: aspectos clínicos e
farmacológicos. Rev Bras Anestesiol.
2000;50(5):396-404.
8. Simonetti MPB, Valinetti EA, Ferreira
FMC. Clonidina: de descongestionante nasal a
analgésico potente: considerações históricas e
farmacológicas. Rev Bras Anestesiol.
1997:47(1):37-47.
9. Vieira AM, Schnaider TB, Brandão
ACA, Pereira FA, Costa ED, Fonseca CEP.
Clonidina e dexmedetomidina por via peridural
para analgesia e sedação pós-operatória de
colecistectomia. Rev Bras Anestesiol.
2004;54(4):473-8.
10. Alves TCA, Braz JRC. Efeitos da
associação da clonidina à ropivacaína na
anestesia peridural. Rev Bras Anestesiol.
2002;52(4):410-9.
11. Smania MC, Garcia PCR. Clonidina
como droga sedativa e analgésica em pediatria.
Sci Med. 2005;15(4):270-3.
12. Nakamura G, Ganem EM, Módolo NSP,
Rugolo LMSS, Castiglia YMM. A analgesia de
parto com ropicavaína associada à clonidina:
pesquisa clínica randomizada. São Paulo Med.
J. [online]. 2008;126(2):102-6. ISSN 15163180.
Perspectivas Médicas, 25(2): 22-27, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140203.1431515457
28
ARTIGO ORIGINAL
Resposta morfológica de células de neuroblastoma após adição de
ácido graxo e gangliosídeo.
Morphological response of neuroblastoma cells after addition of fatty acid and ganglioside.
Palavras-chave: neuroblastoma; gangliosídeo; obesidade; câncer; cultura celular.
Key words: neuroblastoma; ganglioside; obesity; cancer; cell culture.
Pedro Augusto da Silva Nogueira1
Nayara de Freitas Martins Melo2
Daniele Lisboa Ribeiro3
Simone Ramos Deconte2
Fernanda de Assis Araújo3
Renata Graciele Zanon3
1
Graduando do Curso de Fisioterapia da
Faculdade de Educação Física, Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas
Gerais, Brasil.
2
Pós-graduandas do Instituto de Ciências
Biomédicas, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
3
Professoras Doutoras do Instituto de
Ciências Biomédicas, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
Endereço para correspondência: Renata
Graciele Zanon - Setor de Anatomia Humana,
Instituto de Ciências Biomédicas Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
CP 592, CEP 38400-902. Uberlândia, MG,
Brasil. Tel: 55 (34) 3218-2217. e-mail:
[email protected]
Não há conflitos de interesse.
Todos os direitos editoriais adquiridos.
Artigo recebido em: 21 de Junho de 2014.
Artigo aceito em: 27 de Julho de 2014.
RESUMO
Estudos têm mostrado a relação entre
obesidade e alguns tipos de câncer, sendo o
processo inflamatório, decorrente do excesso de
tecido adiposo, um dos vilões que contribuem
com a progressão do tumor. Nesse contexto,
cânceres do tecido neural têm sido
negligenciados. O objetivo desse trabalho foi
estudar a ação de ácidos graxos (AG), que é um
dos promotores da inflamação na obesidade e do
GM1, gangliosídeo que é expresso por algumas
células tumorais e que possivelmente tem papel
benéfico, sozinhos e juntos, sobre as células de
neuroblastoma da linhagem neuro2a. Os
resultados mostraram que as culturas tratadas
com AG se comportaram de forma semelhante
às culturas controles em termos do número de
células, tamanho e presença de neuritos, assim
como a expressão de Ki67 e BcL-2. Enquanto, o
tratamento com GM1, sozinho ou junto com
AG, reduziu todas as variáveis analisadas. As
culturas tratadas apenas com AG, embora
estatisticamente semelhante aos controles,
mostraram tendência de aumento das variáveis.
Apenas o nível de TNF alfa, avaliado por
ELISA, mostrou redução significante para o
grupo tratado com AG. Concluímos que o AG
pode influenciar o comportamento das células
neuro2a e o GM1 de forma significativa
interfere no desenvolvimento dessas culturas
reduzindo as características morfológicas
compatíveis com células tumorais.
ABSTRACT
Studies have shown a relationship between
obesity and some types of cancer, and the
inflammatory process resulting from excess of
adipose tissue one of villain that contribute to
the progression of the tumor. In this context,
cancer from the neural tissue has been
neglected. Therefore, the objective of this work
was to study the action of fatty acids (FA), one of
the promoters of inflammation in obesity and
GM1, ganglioside that is expressed by some
tumor cells and that possibly has beneficial role,
Perspectivas Médicas, 25(2): 28-34, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140204.2224446825
29
Resposta morfológica de células de neuroblastoma após adição de ácido graxo e gangliosídeo. - Pedro Augusto da Silva Nogueira e cols.
alone and together, on the neuroblastoma
lineage neuro2a. The results showed that the
cultures treated with FA behaved in a similar
way to control cultures in terms of the number of
cells, size and presence of neurite outgrowth, as
well as the expression of Ki67 and Bcl-2. While,
the treatment with GM1, alone or in conjunction
with FA, reduced all analyzed variables. The
cultures treated with FA, although statistically
similar to the controls, showed a trend of
increase in variables. Only the level of TNFalpha, assessed by ELISA, showed significant
reduction in the group treated with FA. We
conclude that the FA can influence the behavior
of cells neuro2a and GM1 significantly
interferes with the development of these crops
by reducing the morphological characteristics
compatible with tumor cells.
INTRODUÇÃO
Câncer e obesidade são duas das principais
epidemias globais da atualidade. Quando se
encontram num mesmo indivíduo, os efeitos são
nocivos: a obesidade é o segundo maior fator de
risco evitável para o câncer, perdendo apenas
para o tabagismo, e a mortalidade do câncer é
1
maior na população obesa .
O estudo sobre a obesidade tem mostrado
que dietas ricas em gordura saturada induz
inflamação em vários tecidos do corpo,
incluindo o tecido adiposo2. O tecido adiposo de
pacientes obesos é caracterizado por inflamação
crônica, dessa maneira, os adipócitos secretam
fatores que sustentam esse processo e agride
todo o ambiente e outros tecidos principalmente
mais próximos à região abdominal em que
geralmente se acumula o excesso de gordura nos
indivíduos. O processo inflamatório decorrente
da obesidade contribui para a progressão do
tumor e angiogênese3-5.
Além do mecanismo inflamatório, outros
fatores associados à obesidade, contribuem com
o desenvolvimento do tumor como o aumento
de alguns hormônios, fatores de crescimento e a
resistência à insulina. Atualmente destacam-se
substâncias obesogênicas recentemente
investigadas sobre sua relação com câncer são o
fator de crescimento semelhante à insulina do
tipo 1 (IGF1), adiponectina e leptina6. O nível de
adiponectina é inversamente proporcional à
quantidade de tecido adiposo e apresenta efeito
antiangiogênico e anti-inflamatório, inibindo o
7
crescimento tumoral in vitro e in vivo . Em
contrapartida, a leptina apresenta efeitos
antagonistas à adiponectina, estimulando a
progressão tumoral através da transdução de
sinais via Janus kinase e ativação da via de
transcrição STAT que geralmente encontra-se
desregulada no câncer8.
Embora estudos epidemiológicos
demonstram que a obesidade está associada a
um aumento do risco de desenvolver vários
tipos de câncer, incluindo cânceres de colo,
endométrio, mama, rins, esôfago, pâncreas,
vesícula, fígado e hematológicos 9 poucos
estudos têm se comprometido a investigar a
relação sobre câncer do tecido neural e
obesidade.
Trabalhos in vitro e in vivo, usando ácidos
graxos, observam resposta inflamatória no
tecido nervoso, semelhantes à inflamação
ocasionada em roedores tratados com dietas
ricas em gordura que são usadas para induzir a
obesidade experimental 10,11. Nesse sentido,
nosso trabalho utilizou como ferramenta o
tratamento com uma mistura de ácidos graxos
de cadeia longa característicos de gordura
saturada sobre células tumorais de origem
neural in vitro.
Em uma das situações experimentais,
juntamente com o ácido graxo (AG) foi
adicionado um tratamento com gangliosídeo.
Gangliosídeos são moléculas de glicolipídeos
ligadas a membranas e são altamente expressas
em células tumorais. Alguns estudos têm
mostrado que gangliosídeos, especificamente o
GM1, têm a capacidade de induzir a
diferenciação de células neuro2a em culturas12.
Alta expressão de gangliosídeos complexos,
tais como GM1a e GD1a, tem sido relacionado
com a diferenciação morfológica e também com
a inibição in vitro das atividades que estimulam
o comportamento agressivo das células
tumorais, tais como migração e proliferação
13-15
celular .
O objetivo deste trabalho foi estudar a
morfologia das células neuro2a após tratamento
de GM1 e ácido graxo para verificarmos
possíveis alterações condizentes com
característica de maior ou menor
desenvolvimento das células tumorais.
Perspectivas Médicas, 25(2): 28-34, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140204.2224446825
30
Resposta morfológica de células de neuroblastoma após adição de ácido graxo e gangliosídeo. - Pedro Augusto da Silva Nogueira e cols.
MATERIAL E MÉTODOS
Cultura celular e tratamento
Alíquotas de clones de neuro2a (ATCC
CCL131, Banco de Células do Rio de Janeiro)
foram semeadas em garrafa de cultura de 25 cm2
para expansão celular. Após confluência, as
células foram descoladas com tripsina e
plaqueadas em placas de 24 poços na quantidade
4
de 10 células por poço. As culturas foram
mantidas com DMEM e HAM-F12 (1:1, 10%
SFB) em incubadora com atmosfera de 5% de
CO2 e temperatura de 37°C por 1 semana sendo
tratadas da forma descrita abaixo.
As células foram divididas em 4 grupos:
controle (células tratadas somente com meio de
cultura); tratadas com 70µM de GM1 (SygenGM1, TRB Pharma, Campinas, SP, Brasil);
tratadas com uma mistura de ácidos graxos de
cadeia longa (200µM estereato+ palmitato, 1:1;
conjugados com BSA, Sigma, Saint Louis, MO,
USA); tratadas com a mistura de ácidos graxos
mais o GM1 70µM. Em todas as situações os
meios de cultura foram renovados a cada dois
dias. Todos os experimentos foram realizados
em triplicata.
O tratamento com ácidos graxos in vitro é
uma alternativa de estudo do efeito de gorduras
saturadas presente em alimentos de origem
animal sobre os tecidos do corpo. Os ácidos
graxos de cadeia longa estão presentes em
gordura ditas saturadas que, quando ingeridas,
são processadas no fígado e quebrada em ácidos
graxos. A escolha dos ácidos e da dose utilizados
nesse trabalho foi baseada em experimentos
10
prévios e no trabalho de Milanski et al. . Nesse,
os autores mostraram inflamação em vários
tecidos induzidos pelo contato com ácidos
graxos estereato e palmitato.
Quantidade de células e morfometria dos
neuritos
Após 1 semana de tratamento, as culturas
foram fixadas com 4% de formaldeído e o
número de células quantificados e medidas com
o auxílio do software Image tool 3.0. Foram
feitas 10 fotomicrografias representativas de
cada grupo para as análises e os resultados
foram apresentados como média±dp e
comparados entre si.
A morfometria consistiu na mensuração do
comprimento dos neuritos (dendritos e axônio)
em cada célula selecionada (10 células por
imagem, das 10 imagens de cada grupo).
Posteriormente realizou-se a distribuição de
frequência de diferentes tamanhos de neuritos
bem como a quantificação de total de neurito por
célula.
Imunofluorescência
As culturas fixadas foram incubadas por 1h
com BSA 5% (Amresco, Solon, OH, USA) e,
em seguida, por 3h com anticorpos primários
coelho anti-BcL-2 (1:100, Santa Cruz
Biotecnology, Santa Cruz, CA, USA) e cabra
anti-Ki67 (1:100, Santa Cruz Biotecnology,
Santa Cruz, CA, USA). Após duas lavagens de
cinco minutos com solução tampão, as culturas
foram incubadas por 1h com anticorpos
secundários anti-coelho e anti-cabra conjudados
com Cy-3 (1:250, Jackson Immunoresearch,
West Groove, PA, USA). As células foram
lavadas novamente e nelas foi adicionado, em
cada poço, 300µl de glicerol:PBS (3:1). Todas
as culturas foram observadas e documentadas
em microscópio invertido de fluoscência (Nikon
TS100). Para cada grupo foi feita a
fotomicrografia de 10 imagens representativas
que foram analisadas no software ImageJ 1.33
(National Institute of Mental Heath, Bethesda,
Maryland, USA).
Expressão de TNF alfa por ELISA
A citocina TNF alfa foi quantificada no
sobrenadante retirado de cada cultura através de
kit ELISA conforme instruções do fabricante
(R&D Systems, Minneapolis, MN, USA).
Brevemente, diluições de sobrenadante foram
adicionadas em duplicada nas placas de ELISA
com anticorpo monoclonal para a citocina. Em
seguida, o anticorpo secundário conjugado com
peroxidase foi adicionado. Após lavagens,
foram adicionados a cada poço 50μL de uma
solução contendo 1:1 de peróxido de hidrogênio
e tetrametilbenzidina (10 mg/ml in DMSO).
Posteriormente, adicionou-se, por 20 minutos,
50μL de ácido sulfuric 2N para leitura da cor
resultante em espectofotômetro à 540nm (E
max, Molecular Devices, Sunnyvale, CA,
USA). Os resultados foram expressos em pg de
citocina por mL.
Perspectivas Médicas, 25(2): 28-34, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140204.2224446825
31
Resposta morfológica de células de neuroblastoma após adição de ácido graxo e gangliosídeo. - Pedro Augusto da Silva Nogueira e cols.
RESULTADOS
Em termos do número de células e o
comprimento dos neuritos (Figuras 1 e 2),
observou-se que as culturas tratadas com GM1
(com ou sem ácidos graxos) apresentaram um
menor número de células em comparação ao
grupo controle (p< 0,05) ou com as culturas
tratadas apenas com ácidos graxos (p< 0,01). A
forma de organização das células sobre a
superfície de cultura também se mostrou
diferente entre os grupos sendo que, para os
grupos tratados com GM1, as células
apresentaram-se mais espalhadas não formando
grumos pequenos como visto nos demais
grupos. Adicionalmente, em comparação com o
grupo controle, o tratamento com GM1
aumentou o número de neuritos por célula,
principalmente de neuritos com tamanho mais
reduzido (0-10 µm). Os controles e as culturas
tratadas somente com ácidos graxos mostraram
comportamento muito semelhante entre si, com
maior número de células, presença de grumos
celulares característicos dos tumores, bem como
um menor número total de neuritos.
A imunofluorescência para Bcl-2 (Figura
3) mostrou redução de expressão em células que
haviam sido tratados com GM1 sozinho ou
GM1 em combinação com ácido graxo. No
entanto, não houve qualquer alteração na
expressão de BcL-2 em culturas tratadas
somente com ácido graxo. Em relação à
imunomarcação anti-Ki67 (Figura 4), proteína
presente somente em células mitóticas, houve
tendência ao aumento da expressão de Ki67 em
culturas tratadas com ácidos graxos e uma
redução significativa do Ki67 nas tratadas com
GM1. Já as culturas tratadas com GM1 e ácidos
graxos mostraram expressão de Ki67
semelhantes ao controle.
A concentração de TNF alfa, medida pelo
teste de ELISA (Figura 5), mostrou uma
diminuição significativa nas culturas tratadas
apenas com ácido graxo. O tratamento com
GM1 isoladamente ou em combinação com
ácido graxo não estimulou a produção de TNF
alfa nas células neuro2a.
Figura 1 - Número de células e quantidade de neuritos em
células neuro2a. a) controle; b) GM1; c) A.Graxo; d)
A.Graxo e GM1. Observe nas culturas em a) e c)
organização das células em grumos enquanto nas culturas
em in b) e d) as células se apresentam espalhadas pela
superfície da garrafa de cultura. e) Gráfico e análise
estatística para o número de células e em f) Gráfico e
análise estatística para quantidade de neuritos por célula.
ANOVA 1 critério e pós-teste de Bonferroni. Escala = 20
µm.
Figura 2 - Gráfico mostrando a distribuição dos neuritos
em relação aos diferentes comprimentos. No eixo x a
quantidade de neurito para cada comprimento, de 0 a
>50um, representado no eixo y.
Perspectivas Médicas, 25(2): 28-34, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140204.2224446825
32
Resposta morfológica de células de neuroblastoma após adição de ácido graxo e gangliosídeo. - Pedro Augusto da Silva Nogueira e cols.
Figura 5 - Liberação de TNF alfa (pg/ml) medida através
de ELISA. As colunas mostram em sequencia os grupos:
controle, GM1, A.Graxo e A,Graxo+GM1. Apenas o
grupo tratado com A.Graxo mostrou diferença estatística
em relação aos demais (*). ANOVA 1 critério e pós-teste
de Bonferroni. Escala = 20 µm.
DISCUSSÃO
Figura 3 - Imunomarcação anti-BcL-2 a) controle; b)
GM1; c) A.Graxo; d) A.Graxo e GM1. e) Gráfico
mostrando a densidade de pixel para todos os grupos;
colunas marcadas com a mesma letra (a ou b) não
apresentaram diferença estatística entre si. ANOVA 1
critério e pós-teste de Bonferroni. Escala = 20 µm.
Figura 4 - Imunomarcação anti-Ki67. a) controle; b)
GM1; c) A.Graxo; d) A.Graxo e GM1. e) Gráfico
mostrando a densidade de pixel para todos os grupos;
colunas marcadas com a mesma letra (a, b ou c) não
apresentaram diferença estatística entre si. ANOVA 1
critério e pós-teste de Bonferroni. Escala = 20 µm.
Culturas de células tumorais apresentam
alta taxa de proliferação e tendência de
formação de pequenos grumos sobre a
superfície da garrafa de cultura. Esses grumos
demonstram a capacidade das células formarem
multicamadas que é típica característica do
16
comportamento dessas células in vitro . Nesse
trabalho, pudemos observar esse mesmo
comportamento nas células neuro2a, originadas
de neuroblastoma, um tumor maligno do tecido
nervoso, que geralmente acomete crianças e
bebês17.
As culturas controles e tratadas com
ácidos graxos demonstraram um maior número
de células após o período in vitro, sendo que as
células tratadas com ácidos graxos apresentou
uma tendência de maior densidade celular. Em
ambas as culturas identificaram-se grumos
celulares, diferentemente das células tratadas
com GM1, sozinho ou em contato com ácido
graxo, que se apresentaram espalhadas e
distribuídas pela superfície de cultivo, além
disso, mostraram, comparativamente, um
menor número de células.
Outro aspecto importante de células
tumorais é que são morfologicamente e
funcionalmente células menos diferenciadas, ou
seja, as células dos tumores malignos perdem
suas características, têm graus variados de
diferenciação e, portanto, guardam pouca
semelhança com as células que as originaram.
Quanto menor a diferenciação celular do tumor
Perspectivas Médicas, 25(2): 28-34, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140204.2224446825
33
Resposta morfológica de células de neuroblastoma após adição de ácido graxo e gangliosídeo. - Pedro Augusto da Silva Nogueira e cols.
geralmente maior é a agressividade do mesmo17.
Nesse sentido, utilizamos a quantidade e
tamanho dos neuritos para referirmos a uma
cultura com células mais ou menos
18
diferenciadas . Neurito é a denominação dada
ao conjunto de dendritos e axônios, a densidade
de neurito foi quantificada por célula dos
diferentes grupos. Somente o grupo tratado
apenas com GM1 apresentou maior quantidade
de neurito, principalmente neuritos de
comprimentos mais reduzidos, em relação aos
demais grupos, o que era esperado já que é
conhecido na literatura que o GM1 funciona
como indutor de neuritogênese 1 2 . Esses
resultados aliados aos dados obtidos na
imunofluorescência anti-ki67 e BcL2 nos indica
que a adição de ácido graxo sobre as neuro2a
não interfere no comportamento celular de
forma a considerar alterações que condizem
com maior ou menor agressividade tumoral. No
entanto, não inserimos nenhuma célula
inflamatória ou adipócito neste sistema de
cultivo. Como já referimos, dados
epidemiológicos e laboratoriais mostram que a
conexão entre obesidade e câncer está baseada
na interação de células inflamatórias e do tecido
adiposo com células tumorais. Diante disso não
podemos afirmar que a obesidade não interfere
na resposta celular de tumores do tipo
neuroblastoma como o utilizado nesse trabalho.
Adicionalmente, observamos resultados
interessantes nas culturas tratadas com GM1 em
que obtivemos redução da proliferação celular e
maior densidade de neuritos sendo, portanto,
células neuro2a com maior semelhança aos
neurônios. A literatura mostra um papel
contraditório da interação entre células
tumorais e GM1. Alguns pesquisadores têm
relatado efeitos positivos, tais como a redução
do potencial metastático de células tumorais e a
promoção da diferenciação celular. Por outro
lado, outros estudos têm mostrado efeitos
negativos, incluindo um aumento da taxa de
adesão e proliferação celular. Em nossos
resultados, além das respostas morfológicas
após tratamento com GM1, essa substância
também se apresentou capaz de atenuar a
expressão de BcL-2, que é uma proteína antiapoptótica altamente expressa em células
19-21
cancerosas durante a progressão maligna . O
22
trabalho de Thomas et al. realizou uma revisão
de literatura científica e aponta o BcL-2 como
um possível alvo para o tratamento de câncer
por essa proteína fornecer proteção à apoptose
ao tumor. Nesse sentido, o potencial terapêutico
do GM1 em relação ao câncer ainda precisa ser
explorado.
Outra substância que avaliamos nesse
trabalho foi o fator de necrose tumoral (TNF
alfa). O TNF alfa é uma citocina envolvida com
o controle de infecções e de neoplasias
promovendo morte das células tumorais por
apoptose17. O TNF alfa foi mensurado através de
ELISA nos sobrenadantes extraídos dos
diferentes grupos de culturas, e como resultado,
obtivemos uma redução da liberação desta
citocina por células tratadas com ácidos graxos.
No controle do processo de apoptose, o
TNF participa da via extrínseca contribuindo
para a morte celular, por outro lado, a proteína
BcL-2, que participa da via intrínseca, contribui
para resistência à apoptose23,24. Vinculando a
menor expressão de TNF à maior de BcL-2
observadas por células tratadas com ácidos
graxos tem-se uma condição em que as células
tumorais tendem à resistirem à apoptose e,
consequentemente, apresentarem maior taxa de
multiplicação celular. Nesse contexto, pôde-se
observar nas células neuro-2a a tendência de
maior expressão de Ki-67 e maior número de
células após o período de tratamento com ácidos
graxos. Portanto, apesar de o tratamento com
ácido graxo não mostrar uma contribuição
significativa para alterações celulares
compatíveis com uma piora do prognóstico para
o desenvolvimento do tumor, aparentemente,
pode interferir em respostas, que em conjunto, e,
possivelmente, com o tempo, dispõem um
ambiente favorável à replicação das células de
neuroblastoma.
CONCLUSÕES
Os tratamentos realizados nesse trabalho
sobre as células neuro2a mostraram que os
ácidos graxos podem fornecer um ambiente
mais favorável ao desenvolvimento das células
de neuroblastoma in vitro no que se refere à
proliferação celular, enquanto o GM1 apresenta
potencial terapêutico no tratamento desse tipo
de tumor já que demonstra, sobre as culturas de
neuro2a, a desorganização dos grumos
celulares, com menor proliferação e expressão
de proteína BcL-2 antiapoptótica. No entanto,
esse potencial deve ser melhor explorado.
SUPORTE FINANCEIRO: Fapemig
(processo: F4285/2010) e bolsas CNPq aos
alunos Nogueira, P.A.S. e Martins, N.F.
Perspectivas Médicas, 25(2): 28-34, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140204.2224446825
34
Resposta morfológica de células de neuroblastoma após adição de ácido graxo e gangliosídeo. - Pedro Augusto da Silva Nogueira e cols.
REFERÊNCIAS
1.Wolin KY, Carson K, Colditz GA.
Obesity and cancer. Oncologist. 2010; 15:556.
2. Velloso AL. The brain is the conductor:
diet induction inflammation overlapping
physiological control of body mass and
metabolism. Arq Bras Endocrinol Metab.
200953: 151-8.
3. Balkwill F, Mantovani A. Inflammation
and cancer: back to Virchow? Lancet. 2001;
357: 539–45.
4. Hursting SD, Dunlap SM. Obesity,
metabolic dysregulation, and cancer: a growing
concern and an inflammatory (and
microenvironmental) issue. Ann NY Acad Sci;
2012; 1271:82-7.
5. Nieman KM, Romero IL, Van Houten
B, Lengyel E. Adipose tissue and adipocytes
support tumorigenesis and metastasis. Biochim
Biophys Acta. 2013 Pii; S1388-981.
6. Hursting SD, Smith SM, Lashinger
LM, Harvey AE, Perkins SN. Calories and
carcinogenesis: lessons learned from 30 years of
calorie restriction research. Carcinogenesis.
2010; 31:83–9.
7. Doyle SL, Donohoe CL, Lysaght J,
Reynolds JV. Visceral obesity, metabolic
syndrome, insulin resistance and cancer. Proc
Nutr Soc. 2012; 71:181-9.
8.Villanueva EC, Myers MG. Leptin
receptor signaling and the regulation of
mammalian physiology. Int J Obes. 2008;
32:S8–S12.
9. Vucenik I, Stains JP. Obesity and cancer
risk: evidence, mechanisms, and
recommendations. Ann NY Acad Sci. 2012;
1271:37-43.
10. Milanski M, Degasperi G, Coope A,
Morari J, Denis R, Cintra DE et al. Saturated
fatty acids produce an inflammatory response
predominantly through the activation of TLR4
signaling in hypothalamus: implications for the
pathogenesis of obesity. J Neurosci. 2009;
29:359-70.
11. Moraes JC, Coope A, Morari J, Cintra
DE, Roman EA, Pauli JR et al. High fat induces
apoptosis of the hypothalamic neurons. Plos
one. 2009; 4:(4)e5045.
12. Prinetti A, Iwabuchi K, Hakomori S.
Glycosphingolipid-enriched signaling domain
in mouse neuroblastoma neuro2a cells.
Mechanism of ganglioside-dependent
neuritogenesis. J Biol Chem. 1999; 274:2091624.
13. Leskawa KC, Hogan EL. Quantitation
of the in vitro neuroblastoma response to
exogenous, purified gangliosides. J Neurosci
Res. 1985; 13:539–50.
14. Kanda N, Nakai K, Watanabe S.
Gangliosides GD1b, GT1b, and GQ1b suppress
the growth of human melanoma by inhibiting
interleukin-8 production: the inhibition of
adenylate cyclase. J Invest Dermatol. 2001;
117:284–93.
15. Dong L, Liu Y, Colberg-Poley AM,
Kaucic K, Ladisch S. Induction of GM1a/GD1b
synthase triggers complex ganglioside
expression and alters neuroblastoma cell
behavior; a new tumor cell model of ganglioside
function. Glycoconj J. 2011; 28:137-47.
16. Karp G. Biologia do câncer. In: Karp
G, editores. Biologia celular e molecular:
conceito e experimentos. São Paulo: Manole;
2005. p.673.
17. Kumar V, Abbas AK, Fausto N.
Robbins & Cotran patologia: bases patológicas
das doenças. 7°ed. São Paulo: Elsevier; 2005.
1 8 . J a n k o w s k i M P, C o r n u e t P K ,
McIlwrath S, Koerber HR, Albers KM. SRYbox containing gene 11 (Sox11) transcription
factor is required for neuron survival and neurite
growth. Neurosci. 2006; 143:501-14.
19. Catz SD, Johnson JL. Bcl-2 in prostate
cancer: A minireview. Apoptosis. 2003; 8:2937.
20. Hartman ML, Cyziz M. Antiapoptotic proteins on guard of melanoma cell
survival. Cancer Let. 2013; 331:24–34.
21. Smerage JB, Budd GT, Doyle GV,
Brown M, Paoletti C, Muniz M, et al.
Monitoring apoptosis and Bcl-2 on circulating
tumor cells in patients with metastatic breast
cancer. Mol Oncol. 2013; 7:680-92.
22. Thomas S, Quinn BA, Das SK Dash R,
Emdad L, Dasgupta S, et al. Targeting the Bcl-2
family for cancer therapy. Expert Opin Ther
Targets. 2013; 17:61-75.
23. Gaur U, Aggarwal BB. Regulation of
proliferation, survival and apoptosis by
members of the TNF superfamily. Biochem
Pharmacol. 2003; 66:1403–8.
24. Grivicich I, Regner A, Rocha AB.
Morte Celular por Apoptose. Rev Bras de
Cancerol. 2003; 53(3):335-43.
Perspectivas Médicas, 25(2): 28-34, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed.20140204.2224446825
35
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
SUPLEMENTO
PERSPECTIVAS MÉDICAS
Fórum de Iniciação Científica
ESEF/FMJ
“Prof. Vicente Genovez”
Homenagem ao ilustre Professor, Diretor
e um dos fundadores da ESEFJ.
ABSTRACTS - PIBIC\CNPQ
2013-2014
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
36
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 0557664084
RELAÇÃO ENTRE SATISFAÇÃO COM IMAGEM CORPORAL E AUTOCONCEITO PROFISSIONAL DA EQUIPE DE ENFERMAGEM.
Ana Carolina Cavalheiro; Jéssica Pereira Trentino; Paulo Francisco de Castro; Maria Júlia Paes da Silva; Ana Cláudia Puggina.
Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Introdução: Satisfação com a imagem corporal, autoconceito profissional e a necessidade de adornos são fatores relacionados e
que podem interferir diretamente na dinâmica de trabalho. Na prática de Enfermagem, foi vedado o uso de adornos por profissionais
da saúde durante a jornada de trabalho, trazendo à tona discussões sobre o tema. Objetivo: relacionar a satisfação da imagem
corporal, o autoconceito profissional nos membros da equipe de enfermagem e a sensação de falta de adornos. Materiais e
Métodos: estudo descritivo prospectivo quantitativo. Profissionais da equipe de enfermagem (n=46) responderam a Escala de
Autoconceito Profissional, a Escala de Avaliação da Satisfação da Imagem Corporal e um questionário de caracterização.
Resultados: O escore médio total da Escala de Autoconceito Profissional foi de 111,6 (dp=±13,3) e da Escala Avaliação da
Satisfação com a Imagem Corporal foi de 81,6 (dp=±14,1). Houveram diferenças estatisticamente significativas na comparação da
sensação de falta de adornos nas dimensões Realização (p-valor=0,0074), Autoconfiança (p-valor=0,0386) e Saúde (pvalor=0,0109) da Escala Autoconceito Profissional, e na dimensão Satisfação com a Aparência (p-valor=0,0512) da Escala Avaliação
da Satisfação com a Imagem Corporal. Conclusão: A equipe de enfermagem estudada apresentou bom autoconceito profissional e
está, em geral, satisfeita com a imagem corporal. Os técnicos de enfermagem apresentaram um autoconceito de competência mais
elevado do que os auxiliares de enfermagem e os enfermeiros. Indivíduos mais realizados, mais autoconfiantes, mais saudáveis e
mais satisfeitos com a aparência não sentiram falta de adornos no ambiente hospitalar.
Palavras-chave: imagem corporal; enfermagem; autoimagem.
e-mail do autor principal: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 0815216583
A INFLUÊNCIA DO DESEMPENHO ACADÊMICO NA QUALIDADE DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL DOS ALUNOS DE
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM.
Jéssica Pereira Trentino; Ana Carolina Cavalheiro; Maria Júlia Paes da Silva; Ana Cláudia Puggina.
Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Introdução: Em algumas instituições de ensino superior, melhores desempenhos acadêmicos proporcionam melhores
oportunidades, isto pode ser um fator de conflito entre os estudantes, fazendo surgir problemas de relacionamento, principalmente
quando a competição ocorre de maneira negativa, com estereótipos de superioridade e inferioridade. Objetivo: avaliar se a
percepção do desempenho acadêmico influencia a qualidade do relacionamento interpessoal dos graduandos de enfermagem.
Materiais e Métodos: Estudo descritivo quantitativo. Os participantes responderam um questionário sobre o desempenho
acadêmico em três situações (auto avaliação, amigo com grau máximo de proximidade e as pessoas que não considera ser tão
próximo) e o Inventário dos relacionamentos interpessoais – versão amigo. Resultados: A amostra foi de 26 alunos de enfermagem
com média de idade de 23,1 anos (dp=±4,2). Os alunos referiram que costumam ter um relacionamento mais próximo de pessoas
com o comportamento semelhante (n=22; 84,6%), avaliaram seu próprio desempenho acadêmico como bom (n=21; 80,8%) e
avaliaram o desempenho acadêmico do seu melhor amigo como bom (n=16; 61,5%). O escore médio total das respostas dos
participantes em relação ao Inventário dos Relacionamentos Interpessoais – versão amigo foi de 78,1 (dp=±9,03). Houve diferença
estatisticamente significante na Dimensão Conflito mostrando que mais conflitos nos relacionamentos interpessoais com pessoas
semelhantes (p-valor=0,04). Conclusão: A percepção do próprio desempenho acadêmico e dos outros alunos de graduação em
enfermagem parece interferir diretamente na escolha das amizades na sala de aula, pois a aproximação muitas vezes se dá pela
semelhança; entretanto, o desempenho acadêmico não apareceu como um fator primordial na qualidade dos relacionamentos
interpessoais.
Palavras-chave: relações interpessoais; estudantes de enfermagem; enfermagem.
e-mail do autor principal: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 7452036240
INFLUÊNCIA DO TABAGISMO PASSIVO CRÔNICO EXPERIMENTAL NOS NÍVEIS SÉRICOS E ENCEFÁLICO DE ÓXIDO NÍTRICO.
Avner de Castro Lyra; Larissa Gatto; Everson Robello; Nayara Froio Lima; Mércia Breda Stella; Cesar Alexandre Fabrega Carvalho.
Departamento de Morfologia e Patologia Básica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
O óxido nítrico tem um papel fundamental na proteção endotelial, regulação do fluxo coronariano de sangue através da
vasodilatação, diminuição da resistência vascular e inibição da agregação e adesão plaquetária, levando à prevenção de doenças
coronarianas, trombose a aterosclerose. A disfunção endotelial é provocada por diversos fatores patogênicos, incluindo a fumaça do
cigarro, reconhecida por provocar alteração na síntese de óxido nítrico em fumantes ativos. A cotinina, principal metabólito da
nicotina, permanece na circulação por mais tempo e, por isto, tem um poder toxicológico importante nos vasos sanguíneos.
Portanto, o objetivo do presente projeto foi de avaliar os níveis de óxido nítrico e de cotinina circulantes em ratos submetidos à
fumaça passiva do cigarro. Ratos machos foram divididos nos grupos, controle (GC, n=10) e tabagista (GT, n=10). Os animais do GT
foram expostos, diariamente e por um período de 12 semanas, à fumaça de 20 cigarros (alto teor). Findo o período experimental, o
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
37
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
sangue foi coletado e submetido às análises, bioquímicas, de cotinina e do óxido nítrico. Para a dosagem dos níveis de óxido nítrico, o
soro foi adicionado em tubos eppendorf, homogeneizados, centrifugados e em seguida incubados em banho-maria, depois
transferidos para uma placa de 96 poços para leitura da absorbância em espectrofotômetro. Para a análise dos níveis de cotinina foi
utilizado o teste Directo ELISA. Para a obtenção dos resultados, foi utilizado um leitor de absorbância ELISA. Diferenças significativas
nas concentrações de NO e cotinina foram observadas entre o GC e o GT. No GC, a concentração de cotinina foi de: 0,880ng/mL+0,10/p<0,01. No GT, a concentração de cotinina foi de: 28,545ng/mL+-1,10/p<0,01. Quanto ao NO, a concentração sérica foi de
185,556µM+-38,82/p<0,05 e a concentração de NO tissular foi de 76,696µM/2g tecido SNC+-20,08/p<0,05. No GT, a concentração de
NO sérico foi de 260,079µM+-3,75/p<0,05 e a concentração de NO tissular foi de 155,195 µM/2g tecido SNC+-59,41/p<0,05. É
provável que o tabagismo passivo tenha desencadeado um "stress" oxidativo endotelial sistêmico que pode ter culminado em
inflamação e aumento na produção de radicais livres, incluindo o NO, contrária às descrições na literatura que demonstra
diminuição do NO. No entanto acreditasse que se o tempo de exposição ao tabagismo passivo fosse maior, poderia prolongar a
inflamação com consequente desgaste endotelial, então, provocando a queda na produção de NO, estando, assim, de acordo com a
literatura.
Palavras-chave: cotinina; óxido nítrico; tabagismo; nicotina.
e-mail aluno: [email protected]
e-mail orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 2303360775
AVALIAÇÃO DO RUÍDO EM PRAÇAS DE ALIMENTAÇÃO DE SHOPPING CENTERS DA CIDADE DE SÃO PAULO.
Giovana Scachetti; Edmir Américo Lourenço; Luiz Carlos Scachetti.
Disciplina de Otorrinolaringologia, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
ABSTRACT
Currently, noise levels have been increasing not only in industrial activities, as well as in social and recreational. It is noticed that the
noise is intrinsically linked to the development of cities, being larger, the proportion arising harmful urban facilities and typically new
city entertainment activities. For this reason, there has been concern with controlling the noise level in the field of architectural
acoustics, aiming to eliminate, reduce or control the presence of unwanted sounds inside the buildings. The effects brought by noise
can cause hearing loss from a temporary to severe hearing symptoms. This research aims to quantify sound pressure levels in food
courts of shopping malls in the city of São Paulo in order to assess the risk that professionals and patrons of these establishments are
exposed. For this measurements were performed in the center of the food courts in peak hours. The head of the measuring apparatus
was a decibel meter Minipa ® brand, model MSL - 1352C. At the end, we found that the noise generated in relation to time of exposure
of employees and users are not able to generate irreversible hearing loss, but negatively can affect the metabolic and psychological
health of these, being the managers and health agencies responsible search for measures aimed at improvement of the quality of
these environments, like the sound insulation and separation of food courts in more than one environment.
Key words: noise; noise, pollution; hearing loss.
e-mail do Autor: [email protected]
e-mail do Orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 2125632242
EXAME CITOPATOLÓGICO DO COLO UTERINO EM MULHERES DE UMA COMUNIDADE ACADÊMICA: PREVALÊNCIA E
FATORES ASSOCIADOS A SUA NÃO REALIZAÇÃO.
Ana Elise Lopes Pontes; Juliana Galdeano, Maria Cristina Traldi; Márcia Regina Campos Costa da Fonseca.
Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
O câncer do colo do ultero configura-se um problema de saúde no Brasil, onde para 2014, estima-se 15.590 casos novos da doença. A
principal estratégia para a detecção precoce desse câncer é a realização do exame citopatológico do colo uterino, conhecido como
“Exame de Papanicolaou”. Este estudo teve por objetivo conhecer a prevalência da realização do exame citopatológico, bem como,
os fatores associados à sua não realização. Estudo descritivo, transversal, de natureza quantitativa, desenvolvido com as mulheres da
Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ) em 2013. Às mulheres foi aplicado um questionário contendo aspectos sócio-demográficos;
sexuais e reprodutivos; hábitos e comportamentos e relacionados a prevenção do câncer do colo do útero. Das 191 mulheres que
compuseram a amostra 139 (72,8%) realizaram o exame preventivo do câncer do colo do útero sendo, idade entre 31 a 50 anos
(p<0,0001), mulheres com companheiro (p=0,0037) e de cor branca (p=0,0203) as variáveis sócio-demográficas associadas a
realização; maior número de parceiros sexuais nos últimos seis meses (p<0,0001) e presença de filhos (p=0,0048) as variáveis
sexuais e reprodutivas associadas a realização. A não realização do exame preventivo foi relatada por 30 mulheres (15,7%) sendo os
principais motivos para a não adesão ao exame: “o ginecologista não solicitou” (37,0%) e “não ter problemas ginecológicos” (17,4%).
Conclui-se que a maioria das mulheres da FMJ está desenvolvendo ações de prevenção do câncer do colo do útero através da
realização do exame citopatológico, é importante que esta estratégia atinja e beneficie mulheres de todas as idades e raça/cor.
Palavras-chave: neoplasias do colo do útero; esfregaço vaginal; prevalência; saúde da mulher.
e-mail do Autor: [email protected]
e-mail do Orientador: [email protected]
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
38
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 1040738527
INFLUÊNCIA DO TABAGISMO PASSIVO EXPERIMENTAL NOS NÍVEIS SÉRICOS DE ÁCIDO ÚRICO, TRIGLICERÍDEOS E
GLICEMIA.
Larissa da Silva Gatto; Avner de Castro Lyra; Everson Robelo; Mércia Breda Stella; César Alexandre Fabrega Carvalho.
Departamentos de Biologia e Fisiologia e Morfologia e Patologia Básica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo,
Brasil.
RESUMO
Resistência à insulina e intolerância a glicose levam a graves alterações, como o diabetes tipo 2. O tabagismo é fator que predispõe à
obesidade abdominal, à intolerância a glicose e à resistência à insulina. Degradação de purina nucleotídeos, nucleosídeos e
nucleobases levam à formação de ácido úrico. O aumento sérico de ácido úrico está relacionado diretamente ao aparecimento da
aterosclerose. O aumento de triglicerídeos circulantes está relacionado ao surgimento de dislipidemias, que associadas a outros
fatores como diabetes tipo 2, gordura abdominal e hipertensão arterial, culminam com o aparecimento da síndrome
plurimetabólica. Considerando as alterações metabólicas que culminam em doenças crônicas em tabagistas o objetivo do presente
trabalho foi avaliar os níveis, de glicemia, de ácido úrico e de triglicerídeos circulantes em ratos submetidos à fumaça passiva do
cigarro. Ratos machos foram divididos nos grupos, controle (GC, n=10) e tabagista (GT, n=10). Os animais do GT expostos,
diariamente e por um período de 12 semanas, à fumaça de 20 cigarros. O sangue coletado por punção intra-cardíaca, submetido às
análises bioquímicas de glicemia (GC=189,09±31; GT=205,56±38,p<0,05), ácido úrico (GC=1,93±0,36; GT= 2,38±0,32,p<0,01) e
triglicerídeo (GC=62,83±9,46; GT=39,78±7,16,p<0,05). Podemos inferir que o tabagismo passivo contribui para elevação da
glicemia e ácido úrico favorecendo o aparecimento diabetes e aterosclerose, contudo os triglicerídeos diminuem as comorbidades.
Palavras-chave: tabagismo passivo; glicemia; uricemia; trigliceridemia.
e-mail do Autor: [email protected]
e-mail do Orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 4060310554
CÂNCER DE MAMA: PREVALÊNCIA DOS FATORES DE RISCO E DAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO ENTRE MULHERES DE UMA
COMUNIDADE ACADÊMICA.
Leonardo Munhoz Torres; Billy Joe Morais Mendes de Paula, Maria Cristina Traldi; Márcia Regina Campos Costa da Fonseca.
Departamento de Enfermagem e Medicina, Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
O câncer de mama (CM) configura-se um problema de saúde no Brasil, para 2014, estima-se 57.120 casos novos da doença. Este
estudo teve por objetivo identificar os fatores de risco para o CM e as medidas de prevenção da doença. Estudo descritivo,
transversal, quantitativo, desenvolvido com as mulheres da FMJ em 2013. Às mulheres foi aplicado um questionário com: aspectos
sócio-demográficos, mórbidos familiares, reprodutivos e realização de medidas preventivas primárias e secundárias. Para as
mulheres ≥ 35 anos foi aplicado o risco de Gail, sendo essas classificadas em baixo risco (<1,66%) e alto risco (≥1,66%) e
posteriormente comparadas com as variáveis do estudo. Das 191 mulheres a maioria consumia frutas/legumes/verduras, 78,0%
frituras, 71,2% praticavam exercícios físicos, 188 realizavam consultas ginecológicas, dessas 170 tinham suas mamas examinadas, 76
já haviam realizado ultrassonografia e 45, mamografia. História familiar para CM foi relatada por 65 mulheres (12,3% descendentes 1º
grau). As análises comparativas demostraram que mulheres > 50 anos têm no mínimo 1,54 vezes mais chances de ter alto risco de
CM do que as com idade inferior; mulheres com companheiro têm menos chances de ter alto risco para CM do que as sem
companheiro, mulheres que realizam ultrassonografia têm seu risco diminuído em 3,4 vezes quando comparadas as que não
realizam o exame. Conclui-se que a maioria das mulheres está desenvolvendo ações de prevenção primária e secundária o que
contribui para a diminuição do risco do CM. Ressalta-se o marcador de risco “idade”, um dos mais importantes para a etiologia da
doença.
Palavras-chave: neoplasias da mama; fatores de risco; prevenção e controle; prevalência; saúde da mulher.
e-mail do Autor: [email protected]
e-mail do Orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 1564237710
ESTUDO DA CONTAMINAÇÃO POR HELMINTOS E PROTOZOÁRIOS NAS CÉDULAS DE DINHEIRO CIRCULANTES NA CIDADE
DE JUNDIAÍ.
Jacqueline Kurashima; Susi Sayuri Nishitsuka; Alana Valle Botelho Castelani; Márcia Regina Galdino de Almeida; Maria das
Graças Bezerra Ferreira Evangelista.
Departamento de morfologia e patologia básica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Cidade de Jundiaí, Estado de São Paulo,
Brasil.
RESUMO
Introdução: As enteroparasitoses são doenças causadas pela presença de parasitas no trato intestinal humano. Um dos principais
modos de transmissão são as fômites, e o dinheiro é considerado a fômite que mais está em contato com a população humana.
Objetivos: Determinar a frequência de parasitas em cédulas de dinheiro em diferentes estabelecimentos alimentícios; relacionar o
valor das cédulas com a freqüência de parasitas encontrados; relacionar a idade das cédulas com a quantidade de parasitas
encontrados; evidenciar a possibilidade de contaminação parasitológica indireta através do dinheiro e os riscos para a saúde.
Materiais e métodos:190 cédulas de dinheiro em Jundiaí foram coletadas em padarias, feiras livres, ambulantes, lanchonetes e
restaurantes de diversos bairros, dos quais foram coletadas 40 cédulas, sendo 10 de R$2, 10 de R$5, 10 de R$10 e 10 de R$50 e
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
39
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
analisadas segundo técnica utilizada por Levai EV, 1986 com pequenas alterações. Também foi comparada a idade das cédulas com
a quantidade de parasitas encontrados, utilizando as informações obtidas pelo site do Banco Central do Brasil. Resultados: O total de
contaminação foi de 4,7%. O estabelecimento com maior contaminação foi a lanchonete, com 10% de contaminação. Conclusão:
Acredita-se que não haja um padrão de estabelecimento mais contaminado, precisando considerar-se os hábitos de higiene e
condições sanitárias da população; a maior taxa de contaminação foi encontrada nas cédulas de menores valores monetários; a
idade das cédulas não apresentou relação com as espécies encontradas; as cédulas não são importantes fontes de contaminação e
existem outros fatores associados mais significativos responsáveis pela positividade na população.
Palavras-chave: dinheiro; parasitoses; contaminação.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do Orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n:1717283455
Malassezia spp ISOLADAS EM INDIVÍDUOS COM E SEM CASPA.
Felipe Augusto Gorobets Prado; Walderez Gambale.
Departamento de microbiologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Estima-se que 50% da população adulta tenha caspa, que se caracteriza por descamação excessiva, difusa e visível do couro
cabeludo, normalmente com irritação e coceira local. A correlação entre a atividade glandular sebácea e a predileção de Malassezia
por estas áreas explica-se pela lipodependência da espécie do fungo, que é observado pela incidência da caspa em determinadas
faixas etárias, com aumento de incidência durante a infância, baixa até a puberdade, aumento na adolescência e jovens adultos e
diminuição com o aumento da idade. Este trabalho tem por objetivo estudar a relação de espécies de Malassezia com a caspa a
partir da coleta de amostras de pele do couro cabeludo sem predileções nem restrições de faixa etárias e gênero de indivíduos com e
sem o distúrbio dermatológico em questão. Pudemos concluir que a especie M.furfur é a mais prevalente, sendo que de 22 casos, 7
tinham doença cronica, o que nos leva a crer que essa condição predispõe ao aparecimento da caspa. A maioria das pessoas que
tiveram crescimento do fungo julgavam sua pele como oleosa, o que vai de encontro com a teoria da Malassezia ser um fungo
lipofilico. Pudemos observar também que a prevalência de caspa entre os gêneros masculino e feminino são semelhantes. Embora a
caspa não represente risco vital, sua ocorrência pode levar a uma baixa autoestima, influenciando negativamente a qualidade de
vida do indivíduo. O tratamento baseia-se no uso de produtos para o cuidado dos cabelos, chamados anti-caspa, contendo agentes
antifúngicos.
Palavras-chave: malassezia; couro cabeludo; dermatite seborréica.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 6815838160
ANÁLISE MORFOLÓGICA DA DEPOSIÇÃO DE COLÁGENO NA PLEURODESE EM MODELO EXPERIMENTAL DE
PNEUMOTÓRAX.
Deborah Careta do Carmo; Evaldo Marchi; Marcus H. V. Carvalho; Tiago Ventureli; André Frucchi; Ariane Lazaro.
Departamento de Cirurgia Torácica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Introdução: O pneumotórax espontâneo primário (PTX) recidiva frequentemente, exigindo pleurodese para a sínfise definitiva do
espaço pleural. O método mais eficaz de pleurodese no PTX ainda não está estabelecido. Objetivo: Avaliar em modelo experimental
de PTX a deposição de colágeno pleural nos métodos de pleurodese habitualmente utilizados na prática clínica. Materiais e
Método: Vinte coelhos foram submetidos à videotoracoscopia sem pleurodese (controle) e pleurodese com abrasão por gaze,
márlex, ou por pleurectomia apical. Após 28 dias a cavidade pleural foi aberta para análise de aderência pleural (escore 0-4) e
retirada de fragmentos da pleura visceral para análise de fibrose pleural (HE) e de deposição de colágeno total e fibras finas e grossas
(Sirius Red). Estatística: ANOVA e método de Dunn (p< 0,05). Resultados: Tanto as aderências quanto a fibrose pleural e a deposição
de colágeno foram maiores na pleurectomia em relação à abrasão por gaze ou márlex (p< 0,001). O depósito de colágeno total,
fibras finas e fibras grossas foi maior em todos os grupos em relação ao grupo controle (p< 0,05), sem diferença entre os grupos, com
predomínio de fibras maduras (fibras grossas, tipo I) em comparação às fibras finas imaturas tipo III (p< 0,05). Conclusões: A
pleurectomia apical foi mais eficaz na produção de pleurodese neste modelo de PTX, induzindo maior grau de grau de aderências,
fibrose pleural e deposição de colágeno, principalmente de fibras maduras, quando comparado aos grupos de abrasão por gaze ou
márlex.
Palavras-chave: pneumotórax; pleurodese; colágeno.
e-mail: autora: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
40
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 5044221204
EFEITO DA APREENSÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS NA ANSIEDADE DAS CRIANÇAS NO PRÉ-OPERATÓRIO.
Guirado,F.; Matheus, L.F.; Meletti, D.P.; Silveira, G.R.; Meletti, J.F.A.
Disciplina de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Introdução. A ansiedade está presente na maioria das crianças que passarão por procedimentos cirúrgicos. Os medos dos pais
relacionados ao binômio anestesiologista/anestesia pode agravar a ansiedade pré-operatória das crianças no momento cirúrgico.
Objetivos. Avaliar o grau de ansiedade dos pais no pré-operatório, quais os medos relacionados a anestesia, sua relação com
aspectos socioeconômicos e sua influência no nível de ansiedade das crianças no pré-operatório. Método. Foram arroladas 64
crianças, idade 2 e 6 anos submetidas a cirurgias ambulatoriais. Na avaliação pré-anestésica os pais responderam um questionário
sobre aspectos socioeconômicos e expectativas sobre medos relacionados à anestesia. No final da consulta e no dia da cirurgia, os
pais anotavam o grau de ansiedade (0-10) através da escala visual analógica. As crianças foram avaliadas quanto ao grau de
ansiedade pela escala de Yale no dia cirúrgico. Resultados. A maioria dos pais eram do gênero feminino. Quanto aos tipos de
apreensões, 50% dos pais tinham medo do filho morrer na anestesia e apenas 21,9% não apresentavam apreensões, a maior parte
dos pais expressou que o principal papel do anestesista era monitorar sinais vitais. O grau de ansiedade dos pais foi semelhante para
crianças ansiosas (Yale<30) e não ansiosas (Yale>30). Os pais apresentaram-se mais ansiosos no momento da cirurgia (p=0,035).
Conclusão. As variáveis socioeconômicas e medos da anestesia não influenciaram no grau de ansiedade dos pais. Não houve
relação entre o grau de ansiedade dos pais e a de seus filhos no pré-operatório.
Palavras-chave: ansiedade; escala de Yale; pré-operatório; criança.
e-mail da Autora: [email protected]
e-mail do Orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 7462222210
4 ',5,7 – TRIHYDROXYISOFLAVONETO RECOVERY THE SALIVARY GLANDS IN EXPERIMENTAL HYPERGLYCEMIC CONDITION.
Alana Valle Botelho Castelani; Jacqueline kurashima; Magda Jaciara Andrade de Barros; Raphael Oliveira Ramos Franco Netto;
1
2
Rodrigo Eduardo da Silva; Elaine Minatel; Jamie Pennington ; Eduardo José Caldeira .
1
2
Kerkvliet Laboratory, Environmental and Molecular Toxicology, Oregon State University, USA.
Tissue Morphology Laboratory, Department of Morphology and Basic Pathology, Faculty of Medicine of Jundiaí, FMJ, Jundiaí, São
Paulo, Brazil.
ABSTRACT
Introduction: The diabetes affects the structure and function of various organs and tissues, including the salivary glands. Different
studies show that the antioxidants and estrogens, can be agents with capacity of promoting the cell recovery. Among these, the
isoflavones are phenolic chemical compounds of phyto-estrogen class and, in this way, could be an alternative treatment for this
hyperglycemic condition. Objectives: The present study aims to evaluate the treatment with 4',5,7-trihydroxyisoflavone and the
effects on recovery of cells producing saliva in spontaneously diabetic mice. Methods: Ten female mice with 15 weeks-old were
organized into two sets of 5 animals each: group I (Balb/C controlmice), group II (NOD mice treated with 4',5,7-trihydroxy
isoflavone).The mice were obtained of UNICAMP (CEMIB)with 25g of average weight.The genistein was mixed to the diet at the
dosage of 0.04 g/kg of body weight (Genistein, Cayman Chemical, Ann Arbor, MI, USA) for 5 days. During this time, the animals had
access to food and water ad libitum. After treatment, the samples of submandibular and parotid glands were collected and submitted
to morphometric analysis (ethical process approval: 123/13). ANOVA and nonparametric tests were performed. Results: High levels
of glucose (mg/dl) were observed in treated animals (group II) (563.1±60.52 p≤0.05) when comparing to the control group (group I)
(102.9± 7.40 p≤0.05). Salivary tissue in recovery process was observed in animals of group II. This tissue restructuring was
characterized by cellular volume recovery: nuclear volume of parotid glands (µm3): 63.84 ± 7.52 p≤0.05 and submandibular glands
(µm3): 52.87 ± 4.97 p≤0.05; cytoplasmic volume of parotid glands (µm3): 163.58 ± 8.93 p≤0.05 and submandibular glands(µm3):
116.30± 12.52 p≤0.05). Conclusions: Thus, it was concluded that the dosages of genistein and the treatment period used in this
study, were not sufficient to show improvements in the general metabolism of diabetic animals. However, in relation to salivary
tissue, comparing the healthy group with the treated group, the acinar cells presented recovery in nuclear and cytoplasmic volume.
This phytoestrogen, probably, regulated the local action of insulin, cellular growth factors, and the inflammatory activity, promoting
this morphofunctional recuperation. These results demonstrate the positive properties of genistein in the recovery process of salivary
glands in hyperglycemic conditions.
Key words: genistein; diabetes; treatment; salivary glands.
e-mail da autora: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 800264/2013-4
EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA ASSOCIADO À SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA NAS CONCENTRAÇÕES DE
GLICOGÊNIO INTRAMUSCULAR.
1
Victor Fernandes¹, Bruno Santos Silva², Renato Ferreti ³, Marcelo Conte¹.
2
3
Escola Superior de Educação Física de Jundiaí; Faculdade de Medicina de Jundiaí; ICB, Universidade Estadual de São Paulo,
UNESP-Botucatu.
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
41
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
RESUMO
Introdução: O treinamento resistido (TR) se configura como importante meio para melhorar a aptidão física relacionada saúde ou
performance desportiva. Por outro lado, muitos praticantes de TR procuram incrementar o desempenho físico, através do consumo
de substâncias ergogênicas, tais como a suplementação de Creatina Monoidratada (CM). No entanto, é pouco estudado as
alterações metabólicas da respectiva suplementação. Objetivo: Verificar os efeitos da suplementação de CM associada ao TR, nas
variáveis de força muscular e concentrações de glicogênio intramuscular de ratos Wistar. Método: Quatro grupos (G1: controle; G2:
TR com suplementação de CM; G3: sedentários com suplementação de CM; G4: somente TR) constituídos por cinco animais cada,
foram submetidos ao TR caracterizado pela escalada de uma escada vertical com carga fixada à cauda do animal. A carga foi
estipulada através de teste de força máxima e os treinamentos progressivos realizados três vezes/semana, no período de oito
semanas. A suplementação de CM foi feita através de gavagem nos animais, com seringas adaptadas e seguindo protocolos já
estabelecidos. Como procedimento estatístico foi aplicado o teste t de Student. Resultados Parciais: No G2 houve aumento da força
muscular máxima de 526,56 g, enquanto no G4 observou-se aumento de 522 g, contudo essa diferença não foi significativa. Os dados
referentes às concentrações de glicogênio intramuscular estão em análise. Conclusão: Pode-se observar até o momento que a
suplementação de CM associada ao programa de TR, não promoveu melhora significativa da força muscular em ratos submetidos ao
exercício físico.
Palavras-chave: suplementação de creatina; treinamento resistido; ratos; glicogênio.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 802387/2014-5
CÂNCER E HPSE1: AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO, PROGNÓSTICO E TRATAMENTO DO CÂNCER.
1
1
1
1
2
1
Mylene Anelli ; Luiza Luz ; Isabela Neves ; Denise Shimizu ; Eduardo José Caldeira ; Taize Machado Augusto ; Nilva Karla
Cervigne1
1
Departamento Clínico, Faculdade de Medicina de Jundiai – FMJ, Jundiai, SP, Brasil.
2
Departamento de Morfologia e Patologia Básica, Faculdade de Medicina de Jundiai – FMJ, Jundiai, SP, Brasil.
Resumo
As neoplasias atualmente estão entre as dez doenças que mais matam no mundo, e o incentivo à pesquisa, à biologia e ao
comportamento do microambiente tumoral tem sido um dos principais enfoques na busca de tratamentos para esta doença. Um
dos alvos da pesquisa do câncer são os biomarcadores, ou seja, substâncias secretadas pelo tumor ou por respostas específicas do
organismo frente à presença da neoplasia, e que podem ser utilizados para predição, diagnóstico e prognóstico do câncer. Nesta
revisão, nós focamos em estudos de um biomarcador potencial do câncer: a heparanase1 (HPSE1). A HPSE1 é uma endoglicosidase
que atua tanto na superfície celular, quanto na matriz extracelular, clivando cadeias de heparan sulfato (HS). Sua relevância no
câncer aumenta na medida que esta enzima se mostra com papel regulador da angiogênese, coagulação e metástase tumoral
(passos importantes para a progressão tumoral). Além disto, a HPSE1 também possui papel na regulação do microambiente
tumoral, no qual as interações entre os elementos celulares e moleculares que o compôem são determinantes na progressão
tumoral. Por tudo isso, os trabalhos recentes que investigam a HPSE1 se focam cada vez mais no estudo de inibidores desta enzima,
já que o seu bloqueio poderia ser uma ferramenta terapêutica potencial contra o câncer. Os trabalhos científicos dos últimos cinco
anos compilados nesta revisão apresentam os mais recentes estudos envolvendo a HPSE1 em diversas neoplasias, no intuito de
contribuir para maiores esclarecimentos do seu papel na carcinogênese, e possível identificação de enfoques terapêuticos mais
adequados para os pacientes com câncer.
Palavras-chave: câncer; biomarcador; heparanase 1; inibidores de HPSE1.
e-mail dos autores: [email protected]; [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 8731407340
LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICODOS CASOS DE CÂNCER DE PELE OPERADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA
FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ, DE NOVEMBRO DE 2012 À NOVEMBRO DE 2013.
Priscila Tomy Ribeiro; Rafael Ribeiro de Almeida; Célia Tosello de Oliveira.
Departamento de Clínica Médica, Disciplina de Oncologia, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
O câncer de pele é o tumor mais incidente na população mundial. O melanoma representa uma pequena porcentagem das
neoplasias de pele. O tipo não melanoma, subdividido em basocelular (o mais freqüente) e espinocelular, caracteriza-se por um
crescimento lento, com capacidade de invasão local e rara metástase. O diagnóstico precoce implica menor prejuízo estético e
funcional. Além disso, a habilidade de suspeição diagnóstica por parte dos profissionais de saúde permite, muitas vezes, que o
paciente com múltiplos fatores de risco receba medidas educativas precocemente. Ações de prevenção primária que estimulem a
proteção contra a luz solar são efetivas e de baixo custo. A despeito de seu impacto para saúde pública e das altas taxas de incidência,
o câncer da pele não melanoma permanece subnotificado pela maioria dos registros. O trabalho consiste em realizar um
levantamento dos casos operados no HU/FMJ e alimentar um banco de dados já existente (através de uma listagem do Instituto de
Patologia Cardoso de Almeida), subvencionado por um projeto FAPESP, viabilizando projetos de atenção primária. Na prévia análise
dos dados, nota-se um predomínio de neoplasias malignas no período de maior exposição solar e empecilhos, como prontuários
não preenchidos corretamente. Dessa forma, a manutenção de um banco de dados torna-se de fundamental importância para
estimular campanhas de saúde pública para busca ativa de novos casos. A prevenção e o controle do câncer precisam adquirir o
mesmo foco e a mesma atenção que a área assistencial, visando redução no número de casos através do emponderamento da
população.
Palavras-chave: câncer de pele; epidemiologia; prevenção.
e-mail da autora: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
42
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 3614270558
A RELAÇÃO ENTRE DIABETES MELLITUS E DOENÇAS PERIODONTAIS EM PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE
ESPECIALIDADES DA FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ.
Paula Novais de Oliveira Lopes; Alyssa Yui Eto; Clóvis Antônio Lopes Pinto.
Departamento de Morfologia e Patologia Básica, Faculdade de Medicina de Jundiaí- FMJ, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Introdução: A doença periodontal (DP) no Diabetes Mellitus (DM) está ligada ao controle metabólico bidirecionalmente, pois o
organismo sofre exacerbação de processos inflamatórios e apoptóticos devido à influência do diabetes mellitus, o que afeta o tecido
periodontal. Objetivo: Analisar e correlacionar a gravidade e prevalência das doenças periodontais em pacientes diabéticos.
Materiais e Métodos: Bases de dados eletrônicas foram consultadas,no período de 1994 até 2014,utilizando as palavras-chave:
Relação (relation) entre Diabetes ( Diabetes) e Doença periodontal ( periodontal ) e prevalência ( prevalence), controle (control).
No total foram analisados 61 artigos e identificadas as principais alterações periodontais no DM. Resultados: A DP se mostrou mais
grave no DM 2 e é influenciada pelo tempo de evolução do Diabetes. As principais alterações são bolsas periodontais, perda de
tecido ligamentar, reabsorção óssea alveolar, amolecimento e perda dentária, acúmulo de placa, sangramento da gengiva.
Adrenomedulina está aumentada na DP assim como em diabéticos. IL-6, IL-12 e TNF alfa, produtos de glicação avançada e espécies
reativas de oxigênio também estão aumentados na DM enquanto IL-10 está diminuído. Estas mesmas proporções são encontradas a
nível sistêmico. A DP no DM também está ligada a má higiene oral, tabagismo, estresse, má alimentação e etilismo. Conclusão: A
Doença periodontal e o Diabetes mellitus estão intimamente relacionados ressaltando a necessidade de maior assistência e
informação por parte do odontologista e do clínico, quanto a mudanças nos hábitos alimentares, controle glicêmico e higiene bucal,
sempre apontando para o risco de periodontite, e a importância da adesão ao tratamento.
Palavras-chave: diabetes; periodontal; controle; prevalência; endócrina; relação.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 2028681205
EFEITOS DO TRATAMENTO COM ETINILESTRADIOL E GESTODENO NAS PROPRIEDADES FISICAS E BIOMECÂNICAS DO
FEMUR DE RATAS JOVENS.
Fernanda Frozoni Antonácio; Mariana Oliveira Gonzaga; Rogério Bonassi Machado; Marcelo Rodrigues da Cunha.
Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Os hormônios gonadais, principalmente as doses de estrogênio, desempenham um papel central no desenvolvimento do osso e
importante função na regulação das atividades osteoblásticas e osteoclásticas, portanto, alterações nos seus níveis circulantes tem
um impacto significativo sobre o metabolismo ósseo, assim como na densidade. O desenvolvimento farmacológico da
contracepção hormonal tem alterado as doses de estrogênio e progesterona. Entretanto, essas modificações nas formulações
podem comprometer o metabolismo e densidade óssea. Desta maneira, o objetivo desta pesquisa será avaliar a influência de
anticoncepcionais de ultra-baixa dose e de baixa dose sobre as propriedades mecânicas e físicas do fêmur de ratas jovens. . Para isto
estão sendo utilizadas 15 ratas divididas em 3 grupos sendo um controle que não receberá tratamento hormonal (G1) e os outros
com tratamento diário de 15 µg de etinilestradiol + 60 µg de gestodeno (G2) e com 30 µg de etinilestradiol + 75 µg de gestodeno (G3).
Após 4 meses, os animais serão sacrificados e os fêmures retirados para as análises da resistência e densidade óssea análise
macroscópica, procedimentos histotécnicos, biomecânicos e microtomográficos; visando estudar a influência desses
contraceptivos nas dosagens supracitadas sob a arquitetura óssea de mulheres jovens. Até agora sacrificamos um animal do grupo
controle para poder nos certificar que está tudo dentro da normalidade. As condições físicas e a variação de massa corpórea dos
animais foram analisadas durante todo experimento e o medicamento não trouxe nenhuma alteração significativa nas ratas. Até
agora também não foram observadas alterações macroscópicas do tecido ósseo. Nota-se que esse assunto tem mostrado resultados
controversos e divergentes. Além disso há uma baixa disponibilidade de avaliações e relatos acerca do impacto dos
anticoncepcionais de ultra-baixa dose sobre o tecido ósseo.
Palavras-chave: contraceptivos; densidade óssea; etinilestradiol.
e-mail da autora: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC Junior ESEF/FMJ – Resumo n: 2340554067
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA GENISTEÍNA NA RECUPERAÇÃO DO TECIDO EPITELIAL DE GLÂNDULAS SALIVARES EM
CONDIÇÃO HIPERGLICÊMICA.
Natanael Pereira Batista1; Eduardo José Caldeira2; Joyce Cristina de Souza1
1
Colégio Degraus, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
2
Departamento de Morfologia e Patologia Básica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
O diabetes mellitus é uma síndrome caracterizada por níveis elevados de glicose sanguínea em situações de jejum, de forma
crônica. Além disso, é acompanhado por alterações no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, sendo essas alterações
uma consequência do déficit da secreção ou da ação da insulina, que é o principal hormônio que regula o metabolismo de glicose. A
genisteína é uma isoflavona presente na soja e em seus derivados. Isoflavonas são compostos orgânicos conhecidos como
fitoestrógenos, ou seja, possuem a capacidade de mimetizar a função de um certo hormônio, como por exemplo, a insulina. Assim, o
presente estudo teve como objetivo verificar os efeitos do tratamento com genisteína, na recuperação do tecido epitelial de
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
43
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
glândulas salivares de camundongos espontaneamente diabéticos. Este trabalho fez parte de um projeto de Iniciação Científica
Júnior, e esteve associado às pesquisas em desenvolvimento no Laboratório de Morfologia de Tecidos (LMT-FMJ\FAPESP) da
Faculdade de Medicina de Jundiaí. Desta forma, foram utilizadas amostras obtidas a partir deste projeto e empregou-se como
complemento os resultados da recuperação do tecido epitelial responsável pela secreção de saliva em camundongos
espontaneamente diabéticos (NOD). A avaliação das glândulas apontou que o tecido epitelial dos camundongos saudáveis
apresentaram perfeitas condições, enquanto que nos camundongos diabéticos houve a presença de infiltrados inflamatórios. Em
contrapartida, nos animais diabéticos que receberam o tratamento, observou-se uma redução na média de focos inflamatórios, bem
como de macrófagos e linfócitos, e um aumento do número de neutrófilos, confirmando a eficácia do tratamento proposto.
Palavras-chave: genisteína; diabetes; glândulas salivares; insulina; fitoestrógeno; isoflavonas.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 6228442385
ENSINO DE INTRODUÇÃO À CIRURGIA, TÉCNICA OPERATÓRIA E CIRURGIA EXPERIMENTAL NAS ESCOLAS MÉDICAS
BRASILEIRAS.
Brunno Augusto José Costa; Priscila Tomy Ribeiro; Rafael Ribeiro de Almeida; Marcus Vinícius Henrique de Carvalho.
Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
A evolução científica veloz e a possibilidade de incorporação de novas tecnologias à cirurgia proporcionaram a realização de
tratamentos operatórios antes impossíveis e tornando as operações menos agressivas. Também o aumento da vida média levou à
necessidade de operações para tratar novas doenças. Além disso, o crescimento exponencial do número de novas escolas de
medicina e freqüentes modificações curriculares pelo MEC podem provocar um desencontro entre aquilo que é ensinado e aquilo
que o médico precisa saber. Isto leva ao desejo de se conhecer como está sendo feito o ensino da disciplina de introdução à
cirurgia/técnica operatória nas faculdades de medicina brasileiras. Objetivando conhecer quais são os temas mais abordados nas
aulas e de que maneira eles são abordados e quais são os recursos utilizados para o ensino, foi realizado um estudo observacional,
no período de Agosto de 2013 a Junho de 2014, através de um questionário eletrônico enviado a todas as escolas de medicina do
Brasil. Foram levantados os temas mais abordados: suturas e nós cirúrgicos, acesso venoso central, intubação oro-traqueal e
ventilação mecânica, sondagem gástrica e vesical, pneumotóroax e drenagem torácica, técnica asséptica, choque, etc; o tempo
disponibilizado para o ensino da disciplina: 1 semestre, sendo que em 1 instituição é 1 semestre e meio; os recursos utilizados nas
aulas práticas: animais (porco), partes de animais, vídeo-cirurgia, manequins, etc; trabalhos publicados pela disciplina: 1 escola; o
local das aulas práticas: 9 laboratórios/ 1 sala de operações. Através do projeto é possível verificar que nas instituições de ensino
médico são abordados temas que não dizem respeito exatamente à cirurgia: intubação oro-traqueal, sondagem gástrica e vesical,
choque. São abordados em poucas instituições temas como colostomia, gastrostomias, traqueostomia, citostomia, etc (que são
cada vez mais utilizados devido o envelhecimento da população). A maioria das aulas práticas são ministradas em laboratórios. Há
poucos trabalhos publicados relacionados à disciplina de Técnica Operatória. Queremos que as faculdades médicas ampliem novos
horizontes na qualificação dos discentes uma vez que, atualmente, nossa classe é severamente citada como a responsável pela falta
de Saúde no território brasileiro. Dessa forma, nosso projeto consiste em aperfeiçoamento de uma disciplina e poderá ser modelo
para tal finalidade em outras que componham o aprendizado médico.
Palavras-chave: técnica cirúrgica; formação médica; qualidade de ensino.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 1785120412
ALTERAÇÕES COGNITIVAS PRÉVIAS NOS PACIENTES EM DELIRIUM NO HOSPITAL DE CARIDADE SÃO VICENTE DE PAULO
DO MUNICÍPIO DE JUNDIAÍ-SP.
Camila Bertin; Brunno Augusto José Costa; Débora Stábile Romero Amais; Joana Lugli Tolosa; Vitor Hugo Boso Vachi; Paula
Villela Nunes; José Eduardo Martinelli.
Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
O envelhecimento e o comprometimento cognitivo são fatores de risco para delirium. O objetivo do estudo foi avaliar presença de
alteração cognitiva prévia em pacientes maiores de 60 anos que apresentaram delirium no Hospital de Caridade São Vicente de
Paulo do município de Jundiaí. Aplicou-se um protocolo de dados gerais, o Confusion Assessment Method (CAM), Questionário de
Atividades Funcionais de Pfeffer (QAFP) e o Clinical Dementia Rating (CDR), a fim de confirmar o delirium, avaliar capacidade
funcional e a presença de demência prévia, respectivamente. A análise estatística foi feita através de três testes: teste Exato de Fisher,
teste de Mann-Whitney e teste t de Student. Dos 28 casos, 57,14% apresentaram QAFP>5. Algum grau de demência foi encontrado
em 50% dos pacientes. Dentre os com demência grave (CDR>2), nenhum tinha entre 60-69 anos. Em relação a escolaridade, 87,60%
eram analfabetos ou 1-4 anos (p= 0,3288). Comparando-se o QAFP dos casos e controles, nota-se menor prevalência de
comprometimento funcional nesses. Avaliando-se conjuntamente QAFP e CDR, 50% dos casos (p= 0,0004) tinham algum grau de
demência, já os controles, apenas 10,71% (p= 0,0046). Todos os pacientes com demência tiveram QAFP>5. A baixa escolaridade
associou-se ao diagnóstico de demência. Conclui-se que, pacientes idosos, baixa escolaridade, associados à alteração de
capacidade funcional e presença de algum grau de demência são aqueles que carecem de maior intervenção no que se diz respeito
à prevenção, diagnóstico e tratamento de delirium.
Palavras-chave: delirium; idoso; cognição; demência.
e-mail do Autor: [email protected]
e-mail do Orientador: [email protected]
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
44
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 7501430070
INFORMAÇÃO SOBRE CÂNCER BUCAL: ABORDAGEM E AVALIAÇÃO DE MÍDIAS AUDIOVISUAIS E ESCRITA APLICADAS AOS
FREQÜENTADORES DO AMBULATÓRIO DE ESPECIALIDADES MÉDICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ.
Daniel Schmidt Perez; Caroline von Abel de Sousa; Clóvis Antonio Lopes Pinto.
Departamento de Morfologia e Patologia Básica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
O câncer bucal é o sexto tipo de câncer mais comum no mundo e o sétimo na sociedade brasileira. A etiologia predominante é
ambiental, sendo os fatores de risco majoritários o tabagismo e o etilismo. São importantes ainda outros fatores como vírus
oncogênicos, por exemplo, o HPV. A relação do contágio sexual do HPV com câncer de colo de útero é bastante conhecido da
população brasileira. Entretanto é pouco disseminada a relação do mesmo vírus com o câncer bucal, sendo que seu contágio
também se dá pela relação sexual. O objetivo deste trabalho consiste em avaliar métodos de campanha em saúde pública que
auxiliem a aquisição de informações para a população sobre o tema, bem como promover sua aderência a métodos de prevenção
da doença. Os materiais e métodos utilizados foram a elaboração de um questionário contendo testes de múltipla escolha que
avaliaram o conhecimento prévio da população sobre o tema e nova aplicação do mesmo questionário após a exposição da
população a um meio de campanha, no caso panfletos ou meio audiovisual, analisando também qual meio tem melhor impacto
sobre a população selecionada. Os resultados mais relevantes encontrados foram que mesmo antes do contato com panfleto ou
vídeo houve percentualmente mais acertos em todas as questões do que erros. Sendo que em 7 questões a aquisição de
conhecimento foi maior com o uso do Vídeo, e em 3 com o uso do Panfleto. Conclui-se que a população abordada tem
conhecimentos razoáveis sobre o tema desta pesquisa, e que o meio de informação audiovisual apresenta discreta capacidade
informativa maior em relação ao panfleto.
Palavras-chave: câncer bucal; mídias; Saúde Pública; prevenção.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 158059/2013-1
ÍNDICES DE APTIDÃO FÍSICA EM SAÚDE E FATORES DE RISCOS CORONARIANO EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA CIDADE
DE JUNDIAÍ SÃO PAULO.
Elisângela Bressan Batistela, Cláudio Manuel Horta Duque; Vinícius Hirota.
Escola Superior de Educação Física de Jundiaí (ESEFJ), Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Introdução: Existe uma inter-relação entre a prática da atividade física, os níveis da aptidão física (AF) e o estado de saúde dos
indivíduos, com reflexos na vida de cada cidadão. Os índices de AF influenciam os níveis de atividade física e o estado de saúde dos
indivíduos. Objetivo: Investigar os riscos para doenças aterosclerótica coronariana utilizando índices de AF e limiares dos fatores de
risco de profissionais da área da saúde (AS). Método: Pesquisa observacional, com amostra mista de 57 profissionais da AS
(dentistas, educadores físicos e fisioterapeutas) de Jundiaí-SP. Foram aplicados teste Par-Q, questionário de história de saúde,
composição corporal, teste de degrau de McArdle. Resultados: Em relação ao IMC, no gênero feminino (todas as AS) foi normal, no
masculino pré-obeso (dentistas) e educador físico e fisioterapeuta sobrepeso. Em relação ao RCQ, os dentistas estão com alto risco
e educador físico e fisioterapeuta com risco baixo, já o feminino está com risco moderado. No % de gordura o gênero masculino
dentista está regular, educador físico e fisioterapeuta estão dentro da média, assim como o gênero feminino. Na análise do VO2max o
gênero masculino está acima da média. O gênero feminino dentista está na média e as educadoras físicas e fisioterapeutas acima da
média. Analisando os riscos coronarianos encontramos um dentista, e nenhum educador físico e fisioterapeuta com alto risco.
Conclusão: Os profissionais da AS, como Odontologia, Fisioterapia e Educação Física de Jundiaí-SP apresentam baixo risco de
doenças coronarianas, considerando o nível de AF e os limiares de fatores de risco.
Palavras-chave: aptidão física; atividade física; exercício físico.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 4872431515
INVESTIGAÇÃO DO PERFIL DO DEPENDENTE QUÍMICO E DA EFICÁCIA DE TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA EM
CENTROS DE REABILITAÇÃO DA REGIÃO DE JUNDIAÍ.
João Victor Vezali Costardi; Maria Aparecida Ferreira Ribeiro; Sônia Valéria Pinheiro Malheiros Marques Fernandes.
Departamento de Bioquímica e Fisiologia, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
A adicção é fator comum entre as diversas populações do mundo. Muito se debate sobre o perfil do adicto e os fatores associados
que possam contribuir para o desenvolvimento da dependência química. Essa pesquisa compara dois centros de reabilitação de
Jundiaí-SP com o objetivo de verificar o perfil do adicto e a eficácia do tratamento baseada na terapêutica utilizada. Para tal, foram
selecionados centros de tratamento regulamentados com diferentes abordagens terapêuticas. A coleta de dados foi feita a partir de
questionário estruturado que caracteriza a abordagem ao dependente, o perfil do usuário, o tratamento e sua eficácia. Os dois
centros de tratamento tem proposta terapêutica mista: psicológica e medicamentosa. Ambas são gratuitas, com reabilitação física,
social e de vínculos, embora apresentem divergências em público-alvo, regime e tempo de tratamento, número de especialistas,
terapia de manutenção e índices de recaída e abandono. Entre os adictos, observa-se semelhanças entre os 36 analisados, como
escolaridade, idade, renda, primeiro contato, causas e droga de escolha. Comprovou o álcool como droga de entrada e maior
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
45
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
consumo. A participação familiar foi vista como positiva, reforçando seu papel motivacional na reabilitação e manutenção da
abstinência, assim como mudança de hábitos sociais. Por fim, a análise mostra um usuário jovem, com educação inadeuqada e
problemas familiares, além do papel das amizades na formação do adicto, tendo a curiosidade um papel menos expressivo.
Demonstra-se maior eficácia em regime de tratamento isolado, com maior conscientização do usuário e reforça a necessidade do
envolvimento público no combate e prevenção à dependência.
Palavras-chave: dependência química; abordagem terapêutica; álcool; cocaína.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 1517516733
EFEITO PROTETOR DO CAPTOPRIL EM MIOCARDITES INDUZIDAS POR DOXORRUBICINA EM RATOS.
Náiade da Silva Mulotto; Ana Carolina Ribeiro Pereira; Clóvis Antonio Lopes Pinto.
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA E PATOLOGIA BÁSICA, FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ, JUNDIAÍ - SÃO PAULO.
RESUMO
Introdução: O câncer é uma doença muito comum no Brasil e no mundo. Sendo responsável por mais de 7 milhões de óbitos em
2008. O tratamento pode ser realizado por cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Os quimioterápicos são fármacos antineoplásicos
extremamente heterogêneos, a maioria não possui ação específica no ciclo-celular do DNA. Dentre eles temos a doxorrubicina, da
classe das antraciclinas, que é uma inibidora da DNA-girase. Este antineoplásico tem efeito cumulativo podendo causar miocardite,
que em longo prazo pode evoluir para quadros de insuficiência cardíaca. O melhor diagnóstico para miocardite é o histopatológico,
que indica a presença de atividade inflamatória e agressão miocárdica, definindo o grau desta agressão. O tratamento da
insuficiência cardíaca pode ser feito com o inibidor da enzima de conversão da angiotensina (IECA), como o Captopril que controla o
remodelamento ventricular e tem um fator cardioprotetor. Objetivo: O objetivo do presente estudo será comprovar os efeitos
deletérios da doxorrubicina no coração e também a eficácia cardioprotetora do captopril, a partir de uma revisão sistemática da
literatura. Materiais e métodos: Este estudo é baseado em uma revisão de literatura, no qual artigos pesquisados foram confrontados
quanto ao efeito lesivo da doxorrubicina, bem como efeito cardioprotetor do captopril nesses casos. Resultado e conclusão:
Diversos estudos demonstram a forte ligação entre o uso do quimioterápico doxorrubicina e efeitos lesivos cardíacos como
miocardiopatias e insuficiências do coração enquanto bomba em pacientes com cânceres de diversos tipos.Com relação aos
estudos que comprovaram que uso de captopril nas doenças cardiovasculares em geral, como hipertensão e insuficiência cardíaca,
pode-se observar um grande benefício do uso deste medicamento.
Palavras-chave: câncer; quimioterapia; doxorrubicina; miocardite.
e-mail da autora: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 158063/2013-9
O PADRÃO DA MARCHA COMO MARCA DA IDENTIDADE INDIVIDUAL DO SER HUMANO.
Rene Antônio Pessoto; Bettina Ried.
Escola Superior de Educação Física de Jundiaí (ESEFJ), Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Introdução: No que diz respeito à globalização, é visível o quanto a individualidade se torna cada vez mais acobertada na explosão
de informações e necessidades emergentes, seja no ambiente social ou na necessidade de limitar acesso a informações
particulares, como contas bancárias ou lugares privativos. No caso de sistemas de segurança, as senhas e a posse de objetos, como
cartões limitam o acesso de qualquer outra pessoa as informações, porém, a biometria, que consiste em destacar alguém por suas
características únicas, é muito estudada, pois pode ser mais efetivo do que os demais sistemas. Porém, a marcha tem tido grande
atenção voltada a si, por ser importante sinalizadora da interação entre indivíduo e meio e tem se mostrado altamente proveitosa no
caso de identificar um sujeito por sua maneira de andar, já que esta não pode ser modificada ou copiada com tanta facilidade, por
possuir padrões complexos Objetivo: Identificar a marcha como indicador da individualidade corpórea e psicológica do ser
humano. Método: estudo descritivo transversal, com vinte voluntários de ambos os sexos, vestidos em trajes escuros e justos com a
fixação de dez pontos refletivos dos quais estarão localizados um em cada articulação acromioclavicular, nos cúbitos direito e
esquerdo, no processo estiloide do rádio, na espinha ilíaca anterior superior esquerda e direita e nas patelas. Após edição as
gravações serão apresentadas aos voluntários que responderão ao verem as sequencias individualmente. Para análise dos dados
será calculada a média de acertos de cada observador e de cada participante identificado. Resultados: estudo em andamento.
Palavras-chave: marcha; biomecânica; individualidade.
e-mail da autora: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 7157722476
INVESTIGAÇÃO SOBRE O PERFIL DAS CITOPENIAS NUM HOSPITAL PEDIÁTRICO.
Stefano Cogo Badan; Fernanda Roquette Lopreato; Célia Martins Campanaro.
Departamento de Hematologia Pediátrica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Hospital Universitário de Jundiaí, Jundiaí, São
Paulo, Brasil.
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
46
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
RESUMO
As citopenias estão relacionadas a diversos fatores, como infecções, exposição a substâncias químicas, uso de medicamentos ou
associadas a doenças. O objetivo deste trabalho é identificar a frequência e causas das citopenias em crianças e adolescentes
atendidos no Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Jundiaí, as alterações clínicas associadas às citopenias e as
características epidemiológicas dos pacientes acometidos. Foram incluídas na pesquisa todas as crianças com citopenias, com até
18 anos incompletos, após o responsável assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As crianças com até 3 anos foram
as mais acometidas. Como resultados temos anemia como a citopenia mais prevalente, seguida de plaquetopenia e neutropenia.
Foram observados 81% casos de citopenias isoladas, 13,9% de bicitopenia e apenas 5,1%de pancitopenia. As infecções do trato
respiratório foram as causas mais importantes de citopenias secundárias à infecção. Os casos de dengue representaram a segunda
maior causa de citopenias infecciosas. Dentre o grupo das citopenias não infecciosas foram encontrados diferentes diagnósticos,
incluindo doenças hematológicas, vasculites e parasitológicas. A anemia foi a citopenia mais prevalente entre as causas infecciosas
e não infecciosas. Provavelmente, sua causa principal é por uma dieta deficiente de ferro. Entretanto, não foi realizado perfil do ferro
e um questionário alimentar para que pudéssemos comprovar tal achado. Vale ressaltar que muitos casos de anemia não
esclarecida são causadas por doenças inflamatórias, podendo ser facilmente confundidas com anemia por deficiência alimentar. Os
pacientes com crise álgica, portadores de anemia falciforme, representaram a segunda causa prevalente nesse grupo de não
infecciosas.
Palavras-chave: hematologia; pediatria; anemia; trombocitopenia; leucopenia.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 8566488700
RELAÇÃO ENTRE A APLICAÇÃO DA ACUPUNTURA E A MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES PORTADORAS DE
ÊMESE E HIPERÊMESE GRAVÍDICA NO MUNICÍPIO DE JUNDIAÍ – SP.
Carolina Lyder Noronha; Camila Annicchino de Andrade; Karayna Gil Fernandes; Rodrigo Pauperio Soares de Camargo.
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) consiste num tipo de medicina alternativa baseada em conceitos energéticos e na
observação da natureza mantendo-se em harmonia. A terapêutica objetiva reestabelecer o fluxo da energia vital pelo organismo, e
para isso, lança mão de vários recursos, entre eles, a acupuntura. Esta caracteriza-se um conjunto de técnicas que induzem, por
meio da introdução de agulhas específicas na pele, a estimulação de pontos com a finalidade de liberar substâncias efeito
analgésico, anti-inflamatórios, anti-emético, entre outros. A êmese gravídica é um conjunto de sintomas, principalmente náusea e
vomitos. Aparece mais comumente no primeiro trimestre de gestação e tende a desaparecer antes do final deste período. A
hiperêmese gravídica (HG) caracteriza-se pelo agravamento das náuseas e vômitos, associado a perda de peso, desidratação,
cetose, alterações hidroeletrolíticas. O presente estudo teve por objetivo observar a melhora na qualidade de vida de pacientes
submetidas a aguhamento em relação àquelas em uso de Metrclopramida. Foram encaminhadas 36 pacientes, das quais 20 foram
acomanhadas por todo o período proposto. Todas apresentavam náusea como sintoma principal. Foram selecionadas dezesseis
pacientes para o grupo acupuntura, sendo que apenas uma não apresentou melhora dos sintomas com o tratamento. Do grupo
Metoclopramida, todas elas apresentaram melhora dos sintomas, Dado a ausência de efeitos colaterais da acupuntura e a melhora
completa dos sintomas em duas a três semanas de tratamento, este método pode ser considerado tão eficaz quanto o uso de
medicação na remissão de náusea e vômito em pacientes portadoras de êmese ou hiperêmese gravídicas.
Palavras-chave: acupuntura; êmese gravídica; hiperêmese gravídica; qualidade de vida.
e-mail da autora: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 6450076534
INFLUÊNCIA DO SELANTE DE FIBRINA E DO CIANOACRILATO (GLUBRAN®) NA RUTURA DE ANASTOMOSES COLÔNICAS ESTUDO EXPERIMENTAL EM EX-VIVO.
Caroline von Abel de Sousa; Alexandre Venâncio de Sousa; Daniel Schmidt Perez ; Laís Bernardini; Marcus V. H. de Carvalho.
Departamento de Cirurgia Geral da Faculdade de Medicina de Jundiaí
Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
A lesão traumática da cavidade abdominal com ferimento dos cólons ainda é, nos dias de hoje, um problema de difícil solução por
envolver diversas variáveis como: o local da lesão, o tempo decorrido entre a lesão e o seu tratamento, a extensão, e os diferentes
graus de contaminação e ou infecção. O avanço tecnológico permite, nos dias atuais, a utilização de novos materiais de sutura como
os grampeadores, anéis biodegradáveis, fios de sutura mais inertes e adesivos cirúrgicos. O número de agentes hemostáticos
utilizados para este fim tem aumentando significantemente, e é de extrema importância saber quando indicá-los , conhecendo o
seu mecanismo de ação, eficiência e, também, possíveis efeitos adversos. Considerando que a síntese de estruturas tubulares com
adesivo cirúrgico, inclusive no sistema digestório, vem tendo uma grande aplicabilidade experimental e clínica, considerou- se
pertinente estudar a eficácia destes agentes sobre lesões do colón de porco ex vivo , aplicando os sobre áreas de lesão que foram
anteriormente submetidas a rafia simples com Vicryl 3.0. O objetivo do estudo foi analisar e comparar a força de tensão de rotura na
área da lesão rafiada com os dois diferentes tipos de adesivos biológicos, o custo em dólares para cada tipo de agente bem como a
visualização através de lentes de aumento o grau de penetração dos agentes sobre a parede e mucosa colônica. O estudo foi feito
com animal ex-vivo, devido a Lei n° 11.794/2008 aprovada no município de Jundiaí. Foram adquiridos intestino de suínos fêmea exvivo da raça Landrace,sem restrição de peso, com menos de 6 horas desde o abate dos animais, transportados até o local da
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
47
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
pesquisa em isopor. Foram limpos por dentro e já sem fezes foram selecionado 10 pedaços de 10 centímetros ao do segmento retosigmóide. Grupo controle: 10 pedaços de intestino de suíno (ao longo do segmento retosigmóide) rafiados apenas com sutura.
Grupo 1: 10 pedaços de intestino com sutura + cola veneno de cobra. Grupo 2 : 5 pedaços de intestino com sutura + fibrina. Feitas
incisões padronizadas de 2 centímetros, e posterior sutura com Vicryl 03, com número exato de 5 pontos, em todos os grupos. Em
seguida, aplicação de cola nos grupos 1 e 2, calculando-se intervalo de pelo menos 5 minutos entre aplicação das colas e
continuidade do experimento. No grupo 2, utilizou-se 1 ml de cola Evicel®, que foi suficiente para realizar 5 experimentos. A porção
distal do segmento de intestino foi vedada por uma pinça de Kocher e na extremidade proximal , introduzido um cateter em Y,
vedado com fio de algodão. Introduzida solução fisiológica com azul de metileno pelo cateter, e medida a pressão de
rutura/vazamento do marcador pela sutura. Após, os segmentos intestinais foram abertos com lâmina fria a 1 centímetro das
incisões, medialmente, e avaliado aumento se houve ou não penetração das colas, com uma lente de 2,5 vezes de aumento.
Nenhuma das duas colas biológicas apresentou penetração no lúmen da peça. A fibrina, substância formada pelo fibrinogênio
humano e aprotinina, à qual são acrescentados a trombina e o cloreto de cálcio, se mostrou mais eficiente em relação à cola de
veneno de cobra como hemostático e agente adesivo, contribuindo favoravelmente para a cicatrização da ferida.
Palavras-chave: ex-vivo; ruptura; selante de fibrina; anastomose; cólon.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 1304155886
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ADQUIRIDA APÓS A CESSAÇÃO DO USO DO TABACO ATRAVÉS DO INSTRUMENTO
QUALIDADE – WHOQOL-BREAF.
Graziella Maria Francischinelli Lima; Alessandro Xavier Moura; Evaldo Marchi.
Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Membro do Grupo de Pleura, Pneumologia, InCor,
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
ABSTRACT
Cigarette smoking is one of the most important risk factors for diseases and non- transmissible diseases (NTD), the leading cause of
death and disease in the world, constituting a serious public health problem in Brazil. According to the World Health Organization,
smoking is considered the most common cause of preventable death, besides being a factor responsible for approximately 50
different disabling and fatal diseases. By presenting a multifactorial etiology, and in view of the great influence of environmental,
biological and psychological factors, the control of smoking can be complex. In this sense, information on quality of life have been
included as indicators for evaluating the effectiveness and impact of strategies approach to smoking cessation.
Key words: smoking cessation; quality of life; tobacco use cessation; life style; Whoqol – Breaf.
e-mail da autora: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 5176565461
AVALIAÇÃO CAP EM DOIS GRUPOS DE MULHERES COM DIAGNÓSTICO PRECOCE E TARDIO DE CÂNCER DE MAMA, EM
JUNDIAÍ - SP.
Jessika Endrigo; Maria Cristina Traldi.
Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
ABSTRACT
The accumulated scientific knowledge about risk factors for breast cancer (BC), the most effective measures of primary prevention
and the interventions for treatment are planned to achieve two main aspects: to develop actions of health education for female
population self-care and to effect early diagnosis and treatment. The purpose of this descriptive study was to evaluate knowledge,
attitudes and practice (KAP) of women with breast cancer about the disease. A total of 45 women diagnosed with BC recorded by
Ambulatory SMSJ Jundiai - SP were interviewed, which were 84.9% of diagnoses made effective (53) in 2013. The questionnaire was
applied, with responses on Likert system, to evaluate each of the three domains. The Crombach's alpha calculated for the domains of
the questionnaire KAP showed consistency of the questions (0.876). Only one woman was diagnosed with early breast cancer
(tumour stage T1); in the others (44) stages were T2 (68.2%), T3 (22.7%) and T4 (9.1%). The study showed that women with lower
disease stage and with more than eight years of education presented higher scores in the areas: Knowledge and Attitude, and as the
stage grows and falls the level of education, scores decrease. Statistically, the data show significant differences in: being black or
African descent (p = 0.291) and living with a partner (p = 0.0158), and have a positive attitude toward illness. This study confirms
current public politics that emphasize knowledge and positive attitude about cancer as contributing factors to improve the indicators
for early diagnosis.
Key words: knowledge; KAP; breast cancer; health education.
e-mail da autora: [email protected]
e-mail da orientadora: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 158053/2013-3
ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES DO FLUXO SANGUÍNEO RETINIANO E DA PRESSÃO INTRAOCULAR APÓS O EXERCÍCIO FÍSICO.
Marcos Otavio de Matos; Marcelo Conte.
Escola Superior de Educação Física de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
48
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
RESUMO
Introdução: O exercício físico é utilizado como ferramenta para prevenção de diversos agravos à saúde. Na área da oftalmologia,
uma das maiores contribuições da atividade física é a redução da pressão intraocular (PIO), através do controle da produção e
escoamento do humor aquoso e melhora na saúde vascular da região coroidal. Entretanto, poucos estudos verificaram o fluxo
sanguíneo retiniano (FSR) após o exercício físico. Objetivo: Analisar as alterações no FSR e na PIO após exercício físico. Método:
Seis voluntários foram submetidos a três séries de 15 repetições do exercício desenvolvimento deltoide, realizado com 60% da carga
máxima. Foram realizadas medidas da PIO, através do Tonômetro de Perkins, registradas fotos dos vasos sanguíneos retinianos pelo
Retinal Function Imaging e mensurada a pressão arterial (PA), imediatamente antes e após o exercício. Após o processo, foram
aferidas as velocidades de fluxo sanguíneo (VFS) arterial e venoso da retina e calculada a pressão de perfusão ocular (PPO).
Resultados: Redução da PIO ( %= -31,57% + 0,82, p< 0,0001), aumento da PPO ( %= 11,95% + 3,15, p= 0,0002) e aumento da PAS
( %= 10,60%, + 10,10, p= 0,0028), também verificou-se redução da PAD ( %= -2,04% + 4,20, p= 0,4688) e discreta diminuição da
VFS ocular arterial ( %= -9,03% + 3,06, p= 0,1773) e aumento da VFS ocular venoso ( %= 25,92% + 3,55 p= 0,6640). Conclusão: O
exercício físico com pesos promove redução da PIO, melhora a PPO e aumenta o VFS venoso, esses achados podem contribuir para
a prescrição de exercícios para pessoas com PIO elevada.
Palavras-chave: fluxo sanguíneo retiniano; pressão intraocular; exercício físico.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 340564/2013-4
INFLUÊNCIA DE EDUCATIVOS NA POSIÇÃO DO CORPO NA ÁGUA EM PESSOAS COM DIFICULDADE DE FLUTUAÇÃO NO
NADO COSTAS.
Vanessa Tarini Ferrazzo, Bettina Ried.
Escola Superior de Educação Física de Jundiaí (ESEFJ), Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Introdução: Muitos alunos, ao iniciar o nado costas, sentem dificuldade em realizá-lo adequadamente, mesmo que esse nado tenha
muitas semelhanças com o nado crawl, o qual normalmente aprende primeiro. Entretanto, há um problema frequente dos alunos,
ou seja, as pernas afundam e com isso a eficiência da pernada diminui. Objetivo: Testar e analisar a eficiência de exercícios
educativos propostos pela literatura especializada na melhora da estabilidade do corpo próximo à horizontal no nado costas.
Método: Foram recrutados quatro indivíduos entre 18 e 30 anos que sabem nadar costas, porém que não dominam a técnica. No préteste estes nadaram 25m no nado costas sem instrução, sendo filmados com câmera subaquática, para análise posterior do ângulo
entre o eixo sagital do corpo e a superfície da água. Durante três semanas realizarão os exercícios educativos com o objetivo de
melhorar a posição do corpo na água, uma vez por semana, por 40 minutos. Em seguida, foi aplicado um pós-teste, repetindo o
procedimento do pré-teste. Resultados Parciais: Foi realizado um teste piloto, que permitiu observar alguns pontos a serem
aprimorados. Notou-se que apenas três encontros para aplicação dos educativos não são suficientes, além da necessidade de
melhorar o posicionamento do corpo em relação à câmera. No entanto, notou-se uma pequena melhora em termos de consciência
corporal dos voluntários. Com as modificações implementadas, os procedimentos serão repetidos com outros participantes, cujos
resultados devem estar disponíveis no final do semestre.
Palavras-chave: exercícios educativos; flutuação; nado costas.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 3080768700
PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES EM DELIRIUM NO HOSPITAL DE CARIDADE SÃO VICENTE DE PAULO
DO MUNICÍPIO DE JUNDIAÍ-SP.
Débora Stábile Romero Amais; Brunno Augusto José Costa; Camila Bertin; Joana Lugli Tolosa; Vitor Hugo Boso Vachi; Paula
Villela Nunes; José Eduardo Martinelli.
Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
O delirium está relacionado a diversos fatores de risco, como idade avançada, déficit cognitivo, comorbidades, dentre outros.
Objetivando caracterizar o perfil de pacientes maiores de 60 anos que apresentaram delirium no Hospital de Caridade São Vicente de
Paulo de Jundiaí. Trata-se de estudo transversal, analisando idade, escolaridade, doenças crônicas, tipo de delirium, sinais vitais e
presença de infecção na internação e aplicação do Confusion Assessement Method para diagnóstico. A análise estatística foi feita
através de três testes: teste Exato de Fisher, teste de Mann-Whitney e teste t de Student. Dos 46 casos, a média de idade foi de 80,4
anos (p = 0.1188), 53,6% com escolaridade entre 1 a 4 anos (p =0,0736), 100% possuíam alguma doença crônica, sendo a
hipertensão arterial sistêmica a mais prevalente (84,78%). Os sinais vitais eram normais na maioria. Infecção estava presente em
63,04% dos casos. Anemia ocorreu em 67,39% e 67,39% tinham leucócitos sem alterações. Delirium hiperativo foi o de maior
ocorrência. Assim como a literatura, o presente estudo demonstra um aumento progressivo da incidência de delirium nos idosos,
assim como o delirium hiperativo sendo o mais frequente. A baixa escolaridade está relacionada com maior prevalência de déficit
cognitivo, demência e delirium entre idosos. HAS e a infecção na admissão hospitalar contribuem para delirium. Sinais vitais e
exames laboratoriais, majoritariamente eram normais, contrariando o achado de infecção na maioria dos casos. Conclui-se que,
identificar fatores de risco para o delirium, possibilita uma intervenção precoce, logo, redução da ocorrência e dos agravos
relacionados a este.
Palavras-chave: delirium; idoso; fatores de risco; clínica; epidemiologia.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
49
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 7575017608
ACESSO AO DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE MAMA EM MULHERES ATENDIDAS NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DE JUNDIAÍ –
SP, BRASIL.
Priscila Galvão; Marcia Regina C. C. da Fonseca; Maria Cristina Traldi.
Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Jundiaí – SP.
RESUMO
Há evidências de que aproximadamente 1/3 dos cânceres pode ser curado se detectado e tratado adequada e precocemente. Para o
câncer de mama, a precocidade reduz a mortalidade e aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento. O câncer
de mama é o mais incidente na população feminina brasileira e o acesso aos serviços de saúde visa garantir a atenção básica e a
especializada. Objetivo: analisar o acesso ao diagnóstico de câncer de mama no município de Jundiaí por meio do rastreamento do
percurso realizado pelas mulheres atendidas no Ambulatório de Saúde da Mulher. Método: Estudo descritivo, de corte transversal
com mulheres (45/53) que tiveram diagnóstico de câncer de mama efetivado em 2013. Resultados: Somente uma entre as 45
participantes, teve diagnóstico de câncer de mama detectado precocemente, com a doença no estadio T1; para as demais (44/45), o
diagnóstico foi tardio: 64,4% em estadio T2; 22,2% em estadio T3; e 11,1% em estadio T4. A média de tempo decorrido entre a
primeira consulta médica e a confirmação do diagnóstico foi de 150,42 dias ± 220,30 (12-451 dias), sendo as consultas médicas para
avaliação dos resultados de exame o fator que mais contribuiu na demora. Conclusão: O acesso aos serviços de saúde ainda não
assegura a efetivação do diagnóstico precoce do câncer de mama das usuárias do sistema público de saúde, pois a espera entre o
primeiro atendimento e o diagnóstico é de aproximadamente 5 meses.
Palavras-chave: câncer de mama; sistema de saúde; sistema único de saúde; diagnóstico precoce.
e-mail da autora: galvã[email protected]
e-mail da orientadora: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 7650076676
AVALIAÇÃO COMPARATIVA DA RESISTÊNCIA TÊNSIL DO REPARO ARTERIAL ATRAVÉS DE SUTURA, DO ADESIVO DE
CIANOACRILATO E DO ADESIVO DE FIBRINA.
Fábio Eidi Hirosse; Guilherme Pellisson Favaretto; Diego Guimarães Abe; Marina Correa Viana; Evaldo Marchi; Marcus V. H.
Carvalho.
Departamento de Técnica Cirúrgica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
Suturas arteriais são amplamente usadas em operações vasculares, mas em certos casos elas apresentam problemas de
sangramento. Adesivos tissulares podem ser usados como adjuntos para diminuir ou evitar o sangramento. Objetivo: Verificar a
eficiência de um adesivo de origem biológica e outro de origem sintética para vedar suturas arteriais, comparando as pressões intraarteriais suportadas pela sutura com as pressões após a aplicação dos adesivos sobre essas suturas. Adicionalmente, verificar qual
dos dois adesivos é mais eficaz. Métodos: Em um modelo 'ex-vivo' usando segmentos de aorta abdominal de suínos, fazer uma
arteriografia de 1,00cm. Em seguida, fazer a injeção de solução coloidal no interior dos segmentos de aorta, verificando a pressão
intra-luminal até o momento em que ocorre o vazamento através da região da sutura. Repetir esse procedimento com aplicação de
um dos adesivos sobre a região da sutura. Comparar os resultados para verificar se a aplicação dos adesivos sobre a arteriorrafia traz
um acréscimo na pressão de ruptura da sutura. Resultados: No grupo de cianoacrilato a pressão arterial média(PAM) suportada
apenas pela sutura arterial foi de 81,4+-3,2 mm de Hg. Após a aplicação de AT de cianoacrilato a pressão subiu para 153,4+-18,1 P<
0,0001. A PAM suportada apenas pela sutura foi de 86,9+-9,7 e após a aplicação do AT de fibrina a pressão de ruptura subiu para
102,6+-15,6 p<0,0023. Conclusões: Houve importante acréscimo na pressão de ruptura quando AT foram usados como adjuntos,
maior quando usado o cianoacrilato. Os resultados demonstram que os AT são fortes vedantes em suturas arteriais.
Palavras-chave: hemostasia cirúrgica; cianoacrilatos; vedante de fibrina; adesivos teciduais.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC junior ESEF/FMJ – Resumo n: 1100507073
USO DO ANTI-CD4/CD8 ASSOCIADOS À NAC E AO TREINAMENTO FÍSICO PARA DIMINUIÇÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO
DE GLÂNDULAS SALIVARES EM CONDIÇÃO HIPERGLICÊMICA.
Rafaela Fonseca1; Eduardo José Caldeira2, Clarissa Scolastici Basso1
1
Colégio Degraus, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
2
Departamento de Morfologia e Patologia Básica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
RESUMO
A hiperglicemia crônica do diabetes está associada com danos a longo prazo, disfunção, e falha de vários órgãos, especialmente
olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos. Esta condição hiperglicêmica está relacionada também à produção de espécies
reativas do oxigênio (EROs), que potencializam estes danos teciduais. Dessa forma, alguns estudos têm utilizado antioxidantes,
entre eles a N-acetilcisteína (NAC), na tentativa de amenizar estes processos evitando o comprometimento tecidual. No entanto, de
forma isolada, a NAC parece promover uma maior infiltração de linfócitos, potencializando a condição hiperglicêmica devido a uma
maior destruição das células beta pancreáticas, sendo necessária assim a associação com outros agentes terapêuticos, obtendo
desta forma a ação antioxidante e evitando possivelmente a progressão da doença. Junto a isso, o exercício físico pode também
exercer uma influência na homeostase celular, equilibrando o ataque oxidativo e melhorando ainda mais este mecanismo de defesa
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed
50
RESUMOS DE TRABALHOS - 2013 - 2014
RESUMOS
antioxidante. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos do tratamento prolongado com NAC, associado com anticorpos
anti-CD4 e anti-CD8 e treinamento físico de baixa intensidade na redução das células inflamatórias presentes nas glândulas salivares
em condições hiperglicêmicas. Este trabalho faz parte de uma Iniciação Científica Júnior, e está associada a um projeto de pesquisa
em desenvolvimento no Laboratório de Morfologia dos Tecidos (LMT-FMJ\FAPESP) da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Foi
possível observar, principalmente, a diminuição dos focos inflamatórios nas glândulas salivares submandibulares de animais
espontaneamente diabéticos submetidos ao tratamento proposto.
Palavras-chave: diabetes mellitus; hiperglicemia; inflamação; antioxidantes; anticorpos.
e-mail da autora: Rafaela Fonseca (aluna): [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 8207238374
ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA E MICROTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DA VÉRTEBRA LOMBAR DE RATAS
SUBMETIDAS AO TRATAMENTO COM ETINILESTRADIOL E GESTODENO.
Mariana Oliveira Gonzaga; Fernanda Frozoni Antonácio; Rogério Bonassi Machado; Marcelo Rodrigues da Cunha.
Departamento de tocoginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
Resumo
O osso é um tecido metabolicamente ativo, estando exposto ao remodelamento influenciado por hormônios, tanto endógenos
quanto exógenos. Até os 26 anos, as mulheres adquirem quase que a totalidade de seu conteúdo mineral ósseo, faixa etária que
coincide com o uso muito significativo de contraceptivos orais, os quais por sua vez vêm sofrendo progressivas modificações,
principalmente no que envolve a quantidade de etinilestradiol utilizada diariamente. O objetivo desta pesquisa foi avaliar as
características morfológicas e físicas do tecido ósseo de ratas submetidas ao tratamento com anticoncepcionais de baixa e
ultrabaixa doses. Para isto foram utilizadas 15 ratas jovens, divididas em 3 grupos. O grupo 1 é o controle (não tratado), grupo 2
tratado com 15 µg de etinilestradiol + 60 µg de gestodeno e o grupo 3 tratado com 30 µg de etinilestradiol + 75 µg de gestodeno. Após
4 meses de uso dos anticoncepcionais por via oral, os animais foram sacrificados e as vértebras lombares retiradas para análise
macroscópica, procedimentos histotécnicos e biomecânicos; visando estudar a influência desses contraceptivos nas dosagens
supracitadas sob a arquitetura óssea de mulheres jovens. As análises demonstraram um ganho de massa corpórea maior nos
indivíduos que receberam hormônio, no entanto nenhuma alteração macroscópica foi observada nas vértebras lombares
estudadas. A revisão de literatura é escassa e evidencia conflitos nos resultados obtidos em relação ao comprometimento da
aquisição fisiológica de densidade mineral óssea em mulheres ao usarem contraceptivos orais combinados enquanto jovens;
reforçando a necessidade de estudos adicionais.
Palavras-chave: anticoncepção; histologia; tecido ósseo.
e-mail do autor: [email protected]
e-mail do orientador: [email protected]
PIBIC ESEF/FMJ – Resumo n: 6858276808
EFEITOS DO ALENDRONATO DE SÓDIO E DO CLORIDRATO DE RALOXIFENO NA MICROARQUITETURA DA VÉRTEBRA
LOMBAR DE RATAS ALCOOLIZADAS.
Sérgio Ricardo da Silveira; Marcelo Rodrigues da Cunha.
Departamento de Morfologia e Patologia Básica, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
Resumo
O Objetivo desta pesquisa foi avaliar o desempenho dos fármacos Alendronato de Sódio e Cloridrato de Raloxifeno no tratamento do
tecido ósseo danificado pelos efeitos deletérios do alcoolismo crônico experimental. Para isto, foram utilizadas 16 ratas (Rattus
norvegicus, Wistar) fêmeas, divididas em 4 grupos: G1 (Controle - não alcoolizado), G2 (alcoolizado), G3 (alcoolizado e tratado com
Alendronato de Sódio) e G4 (alcoolizado e tratado com Cloridrato de Raloxifeno). Os animais alcoolizados ingeriram etanol diluído a
20% em água durante 4 meses. Após este período, os grupos G3 e G4 receberam água pura para o início do tratamento com fármacos,
via gavage, por 30 dias. Os animais do grupo G3 receberam uma dose única semanal de 0,70 mg/kg de Alendronato de Sódio. O grupo
G4 recebeu doses diárias na proporção de 3 mg/Kg de Cloridrato de Raloxifeno. Após o período de tratamento, os animais foram
sacrificados com inalação de CO2 e as vértebras foram retiradas para as análises macroscópicas e histológicas. Como resultados,
notou-se que os animais alcoolizados mantiveram a normalidade da condição física. Além disso, houve o consumo constante de
dieta líquida e sólida, além de leve ganho de massa corpórea, não caracterizando assim, um quadro de desnutrição. Com relação ao
estudo morfológico das vértebras lombares, notou-se que houve redução da espessura das trabéculas ósseas do grupo alcoolizado
(G2) e uma recuperação óssea dos grupos G3 e G4, semelhante ao G1. Desta maneira, conclui-se que os fármacos utilizados
proporcionaram benefícios para a homeostase do tecido ósseo lesado pelos efeitos do alcoolismo.
Palavras-chave: osteoporose; alcoolismo; alendronato; raloxifeno.
e-mail do orientador: [email protected]
e-mail do estudante pesquisador: [email protected]
Perspectivas Médicas, 25(2): 35-50, mai./ago. 2014. DOI: 10.6006/perspectmed

Documentos relacionados