a internet dos produtos

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A INTERNET DOS PRODUTOS
Por Ariel Kostman
A tecnologia RFID (identificação por rádio freqüência) –já usada no pára-brisa do carro para pagar
o pedágio sem parar e rastrear de cabeças de gado a malas em aeroportos– começa a viver uma
nova revolução. E essa revolução já tem um nome: EPC (Electronic Product Code, ou em
português, código eletrônico de produtos), um sistema que utiliza a tecnologia de rádiofrequência
para criar uma espécie de "internet dos produtos".
Com o sistema EPC cada item fabricado terá o seu próprio número individual codificado em uma
etiqueta RFID com um padrão único em todo o mundo. Os leitores farão a captura dessa
identificação e serão capazes de indicar onde o item está e em quais condições, comunicando-se
com bancos de dados remotos pela internet. Com isso, consegue-se a identificação e a localização
automática de produtos em tempo real, desde a fabricação até o comprador final. E é isso que vai
acarretar uma verdadeira revolução na cadeia de abastecimento do varejo nos próximos três anos.
"Com o código de barras, você sabe apenas que a mercadoria saiu de um lugar e chegou ao
outro", diz Ana Paula Vendramini Maniero, assessora de soluções de negócios da GS1, entidade
encarregada do controle da numeração do código de barras e também da normatização e
desenvolvimento dos padrões baseados nas especificações do sistema EPC. "Com a etiqueta
inteligente, você acompanha todo o trajeto, e de forma individual. No caso de um produto
refrigerado, por exemplo, é possível acompanhar até a temperatura."
Vantagem – Outra vantagem importante do EPC é a reposição imediata das mercadorias. Estudos
mostram que, ao não encontrar a marca de sua preferência na loja, metade dos consumidores
acaba optando por outra. Além disso, estima-se que os supermercados percam 8% das vendas por
causa da falta de produtos.
Apesar de ainda pouco visível ao consumidor, essa revolução já está começando pela chamada
"porta dos fundos", os depósitos dos grandes supermercados. Nos Estados Unidos, a gigante
americana Wal-Mart passou a exigir que seus cem principais fornecedores enviem os produtos já
equipados com o EPC (Código Eletrônico de Produtos). Grandes redes européias, como Metro
(Alemanha) e Tesco (Reino Unido) também começaram a colocar o sistema em prática.
A etiqueta inteligente, também chamada smart label, e-tag e transponder, possui um microcircuito
eletrônico e carrega um minúsculo dispositivo de rádio que envia e recebe sinais para fornecer
informação. Não requer o uso de scanner ou de dispositivos de leitura eletrônica e pode armazenar
inúmeras informações como marca, data e local de fabricação.
No mercado brasileiro – No Brasil, algumas empresas que estão testando o sistema dizem que a
redução de custos e o ganho em eficiência são impressionantes. A Unilever lançou o Projeto Smart
Tags na fábrica do sabão em pó OMO e em dois centros de distribuição.
Num dos testes, 1,5 mil paletes receberam as etiquetas e, para a leitura das informações contidas
neles, a empresa instalou antenas e sensores de identificação por radiofreqüência nas
empilhadeiras. Depois de três meses, o ganho de produtividade nos processos de distribuição foi
superior a 10%.
"O EPC permite o rastreamento total, ágil e seguro de cada produto individualmente em toda a
cadeia de suprimentos", diz Cláudio Czapski, superintendente da Associação ECR Brasil, entidade
que acompanha e trabalha no desenvolvimento da tecnologia e congrega cem empresas, entre
elas gigantes como Unilever, Nestlé, Ambev, Coca-Cola e Grupo Pão de Açúcar.
De acordo com Czapski, daqui a três anos muitas empresas de varejo estarão usando as etiquetas
nas áreas de logística e recebimento. O prazo para a chegada às prateleiras, no entanto, será bem
maior. "Acredito que serão necessários mais de 10 anos para produtos de valor baixo utilizarem
essa tecnologia", diz. "Além dos custos, ainda existem barreiras tecnológicas a serem resolvidas."
Por isso, ele aposta que a extinção do código de barras está distante e que as duas tecnologias
vão conviver por muito tempo. A razão é simples: o código de barras tem um custo muito menor.
Tecnologia nasceu na Segunda Guerra Mundial
A etiqueta inteligente é um chip conectado a antenas que pode ser encapsulado em diferentes
materiais (papel, cartões plásticos, vidro, CD-ROM etc.). O chip, que armazena as informações
sobre o item a ser identificado, é integrado às antenas, que por sua vez são responsáveis pela
transmissão dessas informações, via ondas de rádio, para um leitor. O leitor envia as informações
para uma base de dados, onde elas serão processadas. Na tecnologia RFID, as etiquetas podem
ser ativas, quando têm uma fonte de energia própria (como uma bateria), ou passivas, sem essa
fonte própria. Essa segunda categoria é a que está sendo utilizada pelo padrão EPC.
As smarts labels passivas têm duas antenas: uma se encarrega de capturar as ondas de rádio que
estão no ar e, a partir delas, gerar a energia necessária para que a segunda antena transmita ao
leitor o sinal que está sendo gravado no chip. O sinal RFID é, na verdade, um código numérico
transmitido por faixas de freqüência já definidas pelos fabricantes: entre 125 KHz e 134 KHz, baixa
freqüência; 13.56 MHz, freqüência alta, já consolidada para o smart card, por exemplo; UHF, entre
860 MHz e 930 MHz; e 2.45 GHz, que é a de microondas.
Os sistemas RFID surgiram na década de 40 do século passado, quando os aliados utilizaram a
tecnologia para conseguir distinguir seus próprios aviões dos inimigos. A invenção só saltou do
campo militar para o industrial na década de 90, quando o MIT (Massachussets Institute of
Technology) o aperfeiçoou e elaborou o código com o qual as informações são armazenadas em
chips.
O superintendente da ECR Brasil, Claudio Czapski, diz que o RFID funciona como se a antena
dissesse o tempo todo "estou aqui, estou aqui". "Quando a etiqueta está no campo de leitura, o
leitor apenas registra este 'estou aqui', que é aquele sinal de 96 bits gravados no chip. O leitor não
faz mais nada do que captar essa seqüência de números e enviá-las para um computador, ao qual
está conectado", detalha o superintendente da ECR Brasil, acrescentando que, no computador, um
software específico decodifica esse número, desencadeando então as ações gerenciais, entre as
quais estão a reposição automática e em tempo real de mercadorias numa gôndola de
supermercado. ( AK )
Anvisa exige código de barras até abril
Apesar dos avanços na tecnologia da etiqueta inteligente no Brasil, muitas empresas ainda não
possuem sequer o código de barras em seus produtos. Por isso, na semana passada a Anvisa
determinou que, até abril, todos os produtos de higiene pessoal e cosméticos terão que ser
identificados com o código de barras. Encarregada de fornecer o número do código de barras para
as empresas, a GS1 Brasil diz que a resolução tem a finalidade de auxiliar o controle sanitário e a
rastreabilidade das informações relativas à regularização dos produtos desse segmento junto à
Anvisa.
"Essa portaria é de extrema importância para a cadeia de suprimentos, uma vez que trata de
produtos de uso pessoal. A obrigatoriedade do código de barras, além de aumentar a segurança
desses itens, trará mais confiança ao consumidor", afirma a assessora de soluções de negócios da
GS1, Ana Paula Vendramini Maniero.
A entidade deve publicar até março o "Guia de Identificação por Código de Barras para Produtos
de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos". Os interessados poderão acessá-lo, gratuitamente,
no endereço eletrônico www.gs1brasil.org.br .
Criado inicialmente para identificar e controlar vagões de mercadorias em trens, o código de barras
começou a ser utilizado no comércio e na indústria dos Estados Unidos a partir da 1970. Em pouco
mais de 30 anos, conseguiu se transformar em um padrão mundial capaz de dominar a distribuição
comercial nos supermercados e armazéns ao permitir o controle e a movimen-tação de estoques
de forma rápida e barata. Por isso, apesar das promessas da etiqueta inteligente, o código de
barras ainda deve permanecer em uso por muito tempo. ( AK )
http://www.dcomercio.com.br/noticias_online/552020.htm
http://www.dcomercio.com.br/noticias_online/552019.htm
http://www.dcomercio.com.br/noticias_online/552021.htm

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