Alimentação, Nutrição e HIV
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Alimentação, Nutrição e HIV
2007 Vol. 13. Números 1&2 e-mail: [email protected] 1 web: www.safaids.org.zw Alimentação,Nutrição e HIV: O que vem a seguir depois da UNGASS 2006? O acesso à alimentação e nutrição adequadas mitiga significantemente os impactos de HIV e SIDA. Esta realidade é bem acente e cada vez mais reconhecida. Até à data, porém, foi feito um progresso limitado em integrar as intervenções de nutrição em programas e políticas de HIV/SIDA. Uma razão principal disto é a falta de colaboração inter-sectorial. Tipicamente, o sector de alimentação e agricultura interage pouco com o sector de saúde. Por outro lado, foi tomado um grande passo à frente em Junho de 2006, com a inclusão do Artigo 28 na Declaração do Comprometimento pela UNGASS. O Artigo destaca o papel essencial da alimentação e nutrição na resposta compreensiva ao HIV/SIDA. Providencia, a longo prazo, o endosso internacional de alto perfil necessário pelas campanhas para assegurar uma vigorosa acção dos doadores e fazedores de políticas sobre a alimentação e HIV/SIDA. Este resumo apresenta as várias formas em que a segurança alimentar e nutricional é essencial na resposta de HIV/SIDA. Apresenta alguma informação sobre o Artigo 28 e a sua implicação. Termina examinando algumas acções possíveis, em ambos os níveis de programa e política para integrar a alimentação e nutrição na resposta ao HIV/SIDA. A comunicação não discute as possíveis intervenções nutricionais em detalhe, ou tais assuntos como se as Kate Greenaway, Livelihoods Recovery through Agriculture Programme Resumo de Fiona Samuels (ODI), Sara Simon (Care International) transferências monetárias poderão ser mais adequadas do que o apoio alimentar. Estes são tópicos cruciais. Porém, é importante primeiro estabelecer o papel que a segurança alimentar e nutricional poderia desempenhar na resposta de HIV, porque houve uma acção limitada até aqui e porque o Artigo 28 representa um marco chave que deve ser capitalizado. Porquê a alimentação e nutrição são importantes na política sobre o HIV e SIDA É óbvio que o HIV/SIDA causa insegurança alimentar e nutricional as pessoas estão doentes e incapazes de trabalhar e isto ameaça a sua sobrevivência. Menos entendido é que a insegurança alimentar e nutricional pode também precipitar o HIV/SIDA, previne o tratamento eficaz e mina os esforços para prestar cuidados e assistência. Já foram feitas muitas avaliações académicas. Por exemplo, a Caixa 2 apresenta l A TAR Universal Poderá Reduzir a Prevalência até 2050 l OMS mete a cabeça na areia sobre alto custo de medicamentos mais recentes de SIDA l Feito no Inferno Em Especial em África l OMS entra para resolver a falta de trabalhadores de saúde algumas das formas em que, de acordo com a pesquisa, a insegurança alimentar e nutricional contribui para a propagação de HIV. Foram concebidas abordagens de políticas para lidar com o HIV/SIDA como um contínuo da prevenção; para tratamento; para cuidados e assistência. As políticas para cada parte do contínuo juntamente providenciam uma resposta compreensiva para o HIV/SIDA. As etapas do contínuo são também adequadas para compreender o papel crucial que desempenham a alimentação e anutrição. O papel da alimentação e nutrição na prevenção Com o furor da chegada dos medicamentos antiretrovirais (ARVs) criados no mundo de HIV/SIDA, existe a tendência de colocar a prevenção no aquecedor de trás. Esta relativa negligência veio como algo de alívio para os muitos programas de Ver a Caixa 1 na página 2. l Na linha da frente: trabalhadores quenianos de saúde enfrentam desafios relativos ao HIV no trabalho e em casa l Comentário: Quem irá proteger a rapariga africana? l Drenagem de Cérebros Africanos O papel da alimentação e nutrição no tratamento A Terapia Antiretroviral (TAR) está agora a tornar-se cada vez mais disponível a pessoas pobres nos países em desenvolvimento. Os custos estão a baixar, em alguns casos os medicamentos são distribuídos gratuitamente (embora outros custos, tais como transporte e outras taxas ainda representem barreiras insuperáveis para muitas pessoas) e existe uma vontade política e comprometimento crescentes no aumento do acesso. Agora sabemos que a aderência à TAR e a sua eficácia são influenciadas pelo acesso à alimentação e nutrição adequadas. Os medicamentos são fortes e muitos devem ser tomados com o estómago cheio, que é difícil para as pessoas em zonas de poucos recursos (os médicos não se interessam se não teve nada para comer!). A evidência está a emergir que as pessoas em TAR que recebem 2 Photos credit: Kate Greenaway, Livelihoods Recovery through Agriculture Programme prevenção de HIV/SIDA em todo o mundo que pareceram ter pouco efeito sobre a pandemia - Catherine Campbell (2003), Letting them die Why HIV/AIDS Prevention Programmes Fail. Porém, mais recentemente, o crescente conhecimento sobre os efeitos e comportamento associados com a Terapia Antiretroviral (TAR) tinha conduzido muitos doadores e organizações da sociedade civil para renovarem a sua ênfase sobre a prevenção. A segurança alimentar e nutricional é crucial para o sucesso dos programas de prevenção. Como a Caixa 1 sugere, as pessoas que não têm acesso à alimentação (e rendimento) adequados, especialmente as mulheres e raparigas estão mais propensas à vulnerabilidade de se esporem à infecção de HIV por serem forçadas a situações de alto risco. Estas situações incluem o envolvimento em sexo transaccional e/ou comercial, terem relações sexuais de alto risco e abusivas devido à dependência económica e social, e terem de emigrar ou terem um estilo de vida móvel (por exemplo: mineiros, pescadores). As comunidades emigrantes e móveis geralmente têm um fraco acesso (mais fraco) aos cuidados de saúde em relação às populações estáveis, e assim enfrentam um duplo desafio. Sabemos que a falta de alimentação e a malnutrição enfraquecem o sistema imune e geralmente tornam a pessoa mais susceptível a infecções, incluindo o HIV, segundo R.K Chandra, Nutrition and the immune system: an introduction, American Journal of Clinical Nutrition, 1997 Aug, 66(2): 460S-463S; Suneetha Kadiyala e Stuart Gillespie, FCND Discussion Paper Briefs, Discussion Paper 159, Rethinking Food Aid to Fight HIV/AIDS, Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar (IFPRI) Divisão de Consumo Alimentar e Nutrição. Sabemos também que uma dieta equilibrada e nutricional pode fortalecer o sistema imune da pessoa, tornando-a menos propensa a adquirir infecções oportunistas que depois permitem uma transmissão mais fácil de HIV/SIDA. A falta duma nutrição adequada também compromete o estágio de saúde das mães grávidas e a amamentar, assim aumentando a oportunidade da transmissão do vírus de mãe para o bebé durante o parto e durante a amamentação. Finalmente, os estudos em curso mostram que uma boa dieta para uma pessoa infectada com HIV pode retardar o início duma doença relacionada com SIDA1, segundo o Foreign Development Institute, HIV/AIDS, Food security and humanitarian action: a resource guide. Caixa 1: Como a insegurança alimentar e nutricional podem contribuir para o HIV ¢ A segurança alimentar e nutricional aumenta a mobilidade e migração a curto prazo a procura de alimentação coloca as pessoas em situações de risco fora das casas. ¢ A insegurança alimentar e nutricional exacerba a desigualdade do género quando há uma alimentação limitada na família, as mulheres geralmente são as que sofrem mais, levando que elas procurem alimentação noutros lugares. ¢ Para sobreviverem, as pessoas famintas poderão ser forçadas a situações de alto risco, por exemplo, sexo transaccional ou comercial. ¢ Em famílias com insegurança alimentar,o HIV/SIDA torna-se um perigo doméstico com a propagação intra-familiar da infecção e a possibilidade duma infestação parasítica quando estiver a acarretar água. ¢ Geralmente as famílias pobres e com insegurança alimentar são propensas a enfrentar o acesso reduzido, a capacidade de usar, informação acerca da prevenção de HIV. ¢ A insegurança alimentar aumenta o risco de malnutrição, que poderá aumentar o risco de infecção. Adaptado de Gillespie, S. 2006. suplementação alimentar recuperam mais rapidamente, segundo Kate Sadler, Nutrition and HIV/AIDS, Valid International, Conferência sobre a Segurança Alimentar, Nutrição, HIV/SIDA, PCI, Junho de 2006. Um organismo mais forte e saudável pode também aumentar a resistência a infecções oportunistas, que são perigosas para as pessoas vivendo com HIV, especialmente em zonas de poucos recursos onde os cuidados de saúde preventiva não são disponíveis. Uma alimentação e nutrição melhores, fazendo a TAR mais eficiente, tem um efeito de poupança de custos, não apenas para as famílias e dependentes mas também para a economia nacional. O papel da alimentação e nutrição nos cuidados e assistência Enquanto a TAR está a ser promovida para atingir as pessoas mais necessitadas, é necessário um período de sobrevivência da vida positiva para muitas outras pessoas vivendo com HIV. Uma alimentação adequada e nutritiva desempenha um papel central nos cuidados e assistência das pessoas com HIV. De facto, sabemos que uma pessoa HIV positivo tem necessidades mais altas de energia do que uma pessoa saudável não infectada da mesma idade, sexo e o nível de actividade física2. Estas necessidades de energia podem variar de 1030% mais alta, dependendo se a pessoa apresenta sintomas de SIDA. Uma alimentação adequada é assim essencial para prolongar o período de vida positiva e retardar o momento quando a TAR deve ser iniciada. Esta é uma fonte adicional de poupança de custos para as famílias e programas. A integração da segurança alimentar com o acesso universal para a prestação de cuidados de HIV/SIDA não iria apenas significar uma vida mais longa para muitas pessoas mas poderia ter importantes efeitos colaterais por permitir mais pessoas com HIV positivo para continuarem vidas activas e produtivas; 2007 Vol 13 No 1&2 contribuindo para o rendimento familiar, prestando cuidados para as famílias e acrescentando o bem-estar geral das suas comunidades. Porque não há acção? Existe agora uma sensibilização alargada dos factos apresentados acima. Porém, esta sensibilização não foi traduzida em acção. As razões para a falta de acção incluem uma interface limitada e ineficiente em muitas zonas de poucos recursos entre as autoridades e agências responsáveis pela saúde, e aquelas responsáveis pela agricultura e alimentação/nutrição. Também não está a conduzir à integração da nutrição e alimentação na programação do HIV. Os doadores e fazedores de políticas nacionais também têm um comprometimento limitado para apoiar as iniciativas necessárias para o alcance da integração. Surpreendentemente, a pressão da sociedade civil está a faltar nestes debates. As parcerias entre o governo e a sociedade civil são cada vez mais reconhecidas como um aspecto chave na programação e intervenções de políticas para o HIV/SIDA. Isto é particularmente relevante para diminuir a divisão entre os aspectos de saúde pública de HIV/SIDA e a sobrevivência e alimentação e aspectos de segurança de rendimentos. A falta da pressão da sociedade civil neste assunto foi parcialmente devido à falta de alavancas poderosas e ferramentas de influência com as quais para exercer pressão nos governos e agências oficiais para atender a estas ligações cruciais. Com o Artigo 28 da Declaração da UNGASS de 2006, uma ferramenta adequada foi disponibilizada. Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas e o Artigo 28 Na anterior UNGASS (Junho de 2001), os Chefes de Estado e Representantes dos Governos participantes emitiram a primeira Declaração do Comprometimento sobre o HIV/SIDA. A Declaração descreveu a magnitude da epidemia, os efeitos que teve e as formas para o seu combate. Depois indicou o que os governos prometeram fazer (em parcerias internacionais e regionais e com o apoio da sociedade civil) para fazer recuar a epidemia. Apesar de não ser um documento legalmente vinculativo, a Declaração foi uma ferramenta poderosa para guiar e assegurar a acção por aqueles que lutam contra a epidemia, tanto dentro e fora do governo. A UNGASS de 2006 deu enfoque ao acordo duma declaração política para dinamizar o acesso universal para a prevenção, tratamento, prestação de cuidados e assistência. Foi geralmente aceite que o HIV/SIDA é um assunto de pobreza, mas os impactos da insegurança alimentar não foram priorizados. Entretanto, a Declaração final não conteve uma inovação. O Artigo 28 reconhece a necessidade de integrar a ajuda alimentar como parte duma resposta compreensiva ao HIV e SIDA. Indica que todas as pessoas em todo o tempo, terão acesso à alimentação suficiente, segura e nutritiva para satisfazer as suas necessidades de dieta e as preferências alimentares para uma 2007 Vol 13 No 1&2 vida activa e saudável, como parte da resposta compreensiva em relação ao HIV/SIDA. Este é um importante marco para a política de HIV/SIDA. Isto não é para minimizar os esforços feitos por muitos para pôr a agenda de alimentação/HIV na mesa, incluindo dois recentes fora internacionais, que fizeram recomendações concretas clamando por acção a OMS conduziu o fórum de Durban em Abril de 2005 sobre a nutrição e HIV/SIDA e o Project Concern International conduziu um fórum em Lusaka em maio de 2006 sobre a segurança alimentar, nutrição e HIV. Porém, nenhuma destas iniciativas tem o peso internacional que a Declaração da ONU faz. A sociedade civil pode usar o Artigo 28 como uma fonte poderosa de persuasão em advocacia para os governos nacionais adoptarem os artigos incluídos na Declaração. Em teoria, os governos já acordaram com os seus conteúdos. Eles são portanto obrigados a integrar artigos chave nas suas próprias políticas nacionais, ou podem ser responsabilizados. O que vem depois? A evidência é clara e já existe uma ferramenta efeiciente de campanha. Entretanto, permanecem desafios. O trabalho deve ser feito primeiro para elevar a consciência sobre a existência do Artigo A integração da segurança alimentar com o acesso universal aos cuidados de HIV/SIDA não iria apenas significar uma vida mais longa para muitas pessoas 28, e depois para explorar o potencial para usálo a assegurar a acção. As seguintes acções são algumas para os doadores e fazedores de políticas tomarem e a sociedade civil para pressionar no campo da alimentação/nutrição e HIV/SIDA: Muitas recomentações de políticas vêm dos Informes da CARE para a UNGASS de 2006, com especiais agradecimentos a Dan Mullins, Michelle Munro, e Karen Tibbo. ¢ Programação das necessidades para serem holíticas e compreensivas. As respostas não devem ser limitadas para o sector de saúde. ¢ Programação e política que abrem oportunidades para sobrevivências com menos riscos, menos susceptíveis são uma parte essencial da prevenção, tratamento e prestação de cuiddos e assistência. HIV é uma doença motivada pela desigualdade e pobreza. Deve ser abordada e financiada com isto em consideração. ¢ Deve ser reconhecido que onde a TAR é necessária, a alimentação é um elemento chave nas estratégias para promover a aderência à ela e à sua eficácia. ¢ Os doadores e os governos necessitam de fazer o melhor uso dos mecanismos disponíveis para fortalecer as ligações entre as políticas sectoriais. Isto significa usar as estratégias de redução da pobreza e os planos sectoriais em novas formas. Espera-se que todos os sectores trabalhem para minimizar o risco da transmissão de HIV e fortalecer a resistência para a SIDA. ¢ Um mecanismo harmonizado é necessário na planificação estratégica, em linha com os Princípios deTrês Uns(Um quadro acordado de acção de SIDA, Uma autoridade nacional de coordenação de SIDA, Um sistema acordado de monitoria e avaliação a nível do país). Tendo um plano nacional que tome em conta as sinergias entre os sectores apoia uma resposta holística. A descentralização pode também ser usada para apoiar a facilitação de sinergias, com os planos locais e distritais usados para fazer ligações entre HIV e alimentação e segurança de rendimentos. ¢ Uma nutrição adequada e indicadores de impacto devem ser incluídos na avaliação clínica e comunitária e no relatório de progresso nacional, regional e internacional. ¢ Os governos devem trabalhar em parceria com a sociedade civil e outros actores relevantes para assegurar a integração da atenção do Artigo 28 à medida que determina as metas nacionais para a promoção do acesso universal deste ano.¢ Publicado originalmente como um informe da ODI/CARE International. O texto completo pode ser visto em http://www.odi.org.uk/publications/briefing/bp_aug06 _hiv_nutrition.pdf Referências: Catherine Campbell (2003), Letting them die Why HIV/AIDS Prevention Programmes Fail. R.K Chandra, Nutrition and the immune system: an introduction, American Journal of Clinical Nutrition, 1997 Aug, 66(2): 460S-463S; Suneetha Kadiyala and Stuart Gillespie, FCND Discussion paper Briefs, Discussion paper 159, Rethinking Food Aid to Fight HIV/AIDS, International Food Policy Research Institute (IFPRI) - Food Consumption and Nutrition Division, Foreign Development Institute, HIV/AIDS, Food Security and Humanitarian Action: a resource guide http://www.odi.org.uk/hpg/ aidsresources.html# nutrição. Kate Sadler, Nutrition and HIV/AIDS, Valid International, Conferênce on Food Security, Nutrition, HIV/AIDS, PCI, June 2006. WHO (2005), Consultation on Nutrition and HIV/AIDS in Africa - Evidence, Lessons and Recommendations for Action; FANTA (2001), HIV/AIDS: A guide for nutrition, care and support. Muitas recomendações de políticas vêm dos informes da CARE para UNGASS 2006, com agradecimentos especiais a Dan Mullins, Michelle Munro, e Karen Tibbo. 1 http://www.wfp.org/food_aid/food_for_hiv/ index.asp?section=12&sub_section=2 2 HIV/AIDS : A guide for Nutritional Care and Support 2004, FANTA, p. 15. Estas directrizes também indicam que as pessoas infectadas com HIV não necessitam de mais proteinas em relação ao nivel recomendado para as pessoas saudáveis não-infectadas com HIV da mesma idade, sexo e nível de actividade física. Isto foi desde então confirmado pela OMS. Esta é a correcção da primeira versão desta comunicação, que referiu às directrizes da FANTA de 2001, clamando pelo consumo crescente de proteinas. 3 HIV/AIDS information: the power to make a difference Southern Africa HIV/AIDS Information Dissemination Service Manter a Promessa mas mudar os postes da baliza A notícia desastrosa, mas não inteiramente inesperada da Actualização Epidémica sobre SIDA da ONUSIDA/OMS de 2006 é que a epidemia de SIDA continua a crescer. Isto era previsível, dado que durante todo o ano de 2006, não houve nenhumas descobertas dramáticas, mudanças significativas no financiamento, ou coordenação global fortalecida. O 2006 foi um ano de reflexão, discussão e debate, bem como todos foram recordados que há promessas para manter. Esperançosamente, criou fundações para um comprometimento rejuvenescido e ACÇÃO para abordar o HIV e SIDA. A nível mundial, estima-se que 39,5 milhões de pessoas estão a viver com HIV. Em 2006, existiam 4,3 milhões de novas infecções em todo o mundo, das quais 2,8 milhões (65%) ocorreram na África ao sul do Sahara. A África Austral continua a ser o epicentro, com 1,6 milhões (1,4 -1,8 milhões) de pessoas recém-infectadas com o HIV, representando mais de 37% de novas infecções em todo o mundo. Enquanto houve progresso em alguns países, a epidemia reemergiu noutros. Como uma sociedade global, estamos a falhar fazer a diferença. O 2006 também marcou o 25º aniversário da descoberta da SIDA uma descoberta que mudou o mundo. A epidemia da SIDA amoldou a presente geração através da inversão das tendências de desenvolvimento, rompendo famílias e comunidades, aumentando a pobreza e criando pobreza e milhões de órfãos. Sem precedentes, a epidemia acendeu um reflector nas desigualdades, especialmente aquelas entre mulheres e homens. Chamou as pessoas para reavaliarem os seus comportamentos e para os líderes em todos os níveis da sociedade reconsiderarem as suas prioridades. Infelizmente, o 2006 também viu a morte de um dos grandes campeões do tratamento de HIV, com a morte de Lee Jon-Wook, Secretário Geral da OMS que liderou a iniciativa 3 x 5, mudando a realidade do HIV no mundo em desenvolvimento. Um Ano de Prevenção A decisão dos Ministros Africanos de Saúde de declarar o ano de 2006 como o Ano para a Aceleração do Acesso à Prevenção de HIV foi baseada na 4 necesssidade de abordar os números crescentes das novas infecções. Os programas de prevenção de HIV ainda não atingem as pessoas que estão mais em risco de infecção, tais como jovens, mulheres e raparigas, homens que têm sexo com homens, trabalhadoras de sexo e os seus clientes, utentes de drogas injectadas e minorias étnicas e culturais. É imperioso que continuemos a aumentar o investimento na prevenção de HIV bem como no serviços de tratamento para reduzir mortes desncessárias e doenças a partir desta doença, disse o Director Geral Interino da OMS, Dr. Anders Nordstrom. Enquanto a sensibilização sobre o HIV na África Austral é relativamente alta, os que estão em risco de infecção de HIV não poderão saber como, ou ser capazes de se proteger usando preservativos ou ter acesso aos serviços de prevenção, tais como tratamento para as doenças de transmissão sexual (DTS) ou aconselhamento e avaliação. Os níveis de conhecimento sobre o sexo mais seguro permanecem baixos em muitos países. Há uma necessidade urgente para acelerar os esforços de prevenção, enquanto mantendo o ritmo de tratamento, porque estão intimamente ligados. Manter a Promessa mas mudar os postes da baliza Em 2001, a Declaração do Comprometimento sobre HIV/SIDA foi assinada pelos líderes de 189 países. Foi a primeira vez na história em que um conjunto de metas com prazos definidos foram adoptadas para promover uma acção global acerca de HIV e SIDA. Para marcar o quinto aniversário desta Declaração em Junho de 2006, todos os Estados Membros da ONU encontraram-se em Nova Iorque para uma Reunião de Revisão de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas. Nesta reunião, os estados membros passaram em revista as promessas que fizeram e o progresso atingido rumo às metas apresentadas na Sessão Especial da Assembleia Geral das ONU em 2001 sobre a Declaração de HIV/SIDA (UNGASS). Durante toda a reunião de cinco dias em Nova Iorque, a sociedade civil exortou os governos para fazerem o comprometimento de que fariam um passo real e mensurável à frente dum acordo alcançado na UNGASS 2001. Enquanto havia muita antecipação de que seria feito progresso até ao fim da Reunião de Revisão de Alto Nível das Nações Unidas, os estados membros tinham negociado uma declaração política de que os activistas Africanos descreveram como totalmente regressiva e uma fraude. Uma causa chave para a preocupação foi de que não foram incluídas metas ou calendários claramente definidos no relatório de alto nível. Os activistas africanos exprimiram desilusão de que os seus líderes tinham falhado em ser firmes nas prioridades e comprometimentos regionais que tinham anteriormente estabelecido na reunião da União Africana (UA) em Abuja, Nigéria. A Nigéria e a Namíbia foram saudadas no mesmo documento por falarem em apoio aos comprometimentos de Abuja, enquanto o Egipto, a África do Sul e o Gabão bloquearam as referências para a Posição Comum Africana e apoiaram a remoção das referências para as populações vulneráveis específicas, tais como mulheres e raparigas, trabalhadoras de sexo e homens que têm sexo com homens. Enquanto desapontados com o resultado final, os activistas e os líderes igualmente aplaudiram o forte reconhecimento da crescente feminização da epidemia. Na declaração, os comprometimentos foram feitos para assegurar que as mulheres exerçam o seu direito de controlar a sua sexualidade e para a meta de atingir o acesso universal para a saúde reprodutiva até 2015. Outro sucesso foi de que a sociedade civil desempenhou um papel mais forte no processo, o mesmo foi feito pelas pessoas vivendo com HIV. A Khensani Mavasa da África do Sul tornou-se a primeira pessoa com HIV-positivo a discursar numa sessão especial da Assembleia Geral da ONU. No seu discurso na sessão de abertura, Mavasa apelou para acção ao invés de promessas vazias sobre a epidemia: Apelo aos líderes Africanos sentados aqui para protegerem os direitos humanos de todas as pessoas em grupos vulneráveis, especialmente as mulheres e raparigas. Kofi Annan reforçou a importância do envolvimento da sociedade civil e de pessoas vivendo com HIV quando ele as descreveu como o coração dos esforços, e apelou aos líderes para continuarem a forjar uma frente verdadeiramente colectiva e envolver uma vasta gama de grupos da sociedade civil. Conferência Internacional sobre SIDA, Toronto Por poucos dias, a XVl Conferência Internacional sobre SIDA (IAC) realizada em Toronto, acelerou a batida do coração do activismo de HIV na África Austral e depois desapareceu. Trinta mil pessoas juntaram-se para discutir a acção necessária para abordar eficientemente a epidemia internacional de HIV. Mas enquanto foi acordado que há necessidade de promover a prevenção, prestação de cuidados e tratamento, não 2007 Vol 13 No 1&2 Vozes de 2006 Penso que a [o anteprojecto de] declaração é muito fraca e o que mais desaponta é a falta de metas. Os nossos governos africanos envergonharam-nos e [a ironia é que] é o nosso continente que é o mais afectado Emma Tuahepa, coordenadora da Associação Nacional de Pessoas Vivendo com SIDA (Plus News, Junho de 2006) Quando olho para trás sobre os últimos cinco anos, o único dilema mais intratável é a dolorosa vulnerabilidade das mulheres, os números grandes e desproporcionais de mortes que enfrentam, as suas extraordinárias responsabilidades pelo doente e órfão, e a aparente incapacidade dos governos africanos ou da comunidade internacional para fazer algo decisivo sobre a mesma. Stephen Lewis, Discurso do Dia Mundial de SIDA (2006). As pessoas que prestam cuidados, prevenção e tratamento nas linhas de frente da epidemia são a espinha dorsal da resposta global. Com vista a avançar rumo ao acesso universal, a declaração política da UNGASS deve identificar claramente como os estados membros e o sistema da ONU irão fortalecer e expandir a força de trabalho dos cuidados de saúde no mundo em desenvolvimento. Dr. Helene Gayle, Presidente da Sociedade Internacional de SIDA (2006). Não faz sentido investir imensamente em programas de ARV se os doentes vão morrer em poucas semanas de XDR TB. Paul Nunn, Chefe da equipa de resistência de TB da OMS 2007 Vol 13 No 1&2 houve nenhum mapa mostrando como isto seria atingido na escala necessária. Em Toronto, o Director Geral Interino da Organização Mundial de Saúde enfatizou três assuntos: Dinheiro, Medicamentos e Força de Trabalho Motivada. Foi anagariado Dinheiro para HIV e SIDA. Em 2005, foi atingida a meta de financiamento da Declaração de Comprometimento da UNGASS (2001) entre $7 biliões e $10 biliões por ano, com aproximadamente $8,3 biliões gastos em programas sobre SIDA em países de baixa e média rendas. De forma preocupante, é improvável que sejam atingidas as metas para a Ronda 6, elas próprias demasiado baixas. Na última ronda das concessões do Fundo Global, que totalizaram US $846 milhões, mais de metade irá para HIV e SIDA. Os líderes políticos e populares todos enfatizaram a necessidade para um comprometimento contínuo para o financiamento de HIV, bem como a necessidade para o dinheiro ser gasto bem em programas que irão produzir os melhores resultados possíveis. São necessários medicamentos para atingir o acesso universal e enquanto a necessidade de promover o acesso a ARVs foi enfantizado em Toronto a África ao sul do Sahara representa 70% da necessidade global não atingida para o tratamento existe também uma meia voz que indicou que os ARVs sozinhos não irão resolver a epidemia de HIV. Muitos outros desafios foram levantados como barreiras adicionais para o acesso universal, tais como a estigmatização e discriminação, segurança alimentar e desigualdades de género. A pergunta é até que ponto foram ouvidos claramente? Como Warren Feek descreve na sua análise da Conferência de Toronto, pareceu que os dois tipos de participantes, os de sapatos com saltos altos e os descalços, com duas linhas de pensamento. Os de sapatos com saltos altos foram ouvidos em voz alta e clara através de anúncios e comunicados de imprensa do novo financiamento, e as estratégias técnicas para abordar o HIV. Entretanto, os grupos do pé descalço criaram estrondos no seio da Global Village sobre a necessidade dum mecanismo holístico que aborde os ambientes sociais, culturais, económicos e políticos que afectem directa e imediatamente as vidas das pessoas afectadas pelo HIV e SIDA. Vamos esperar que em 2007, estas duas linhas de pensamento irão de alguma forma fundir num mecanismo mais consolidado para a mitigação da epidemia Global de SIDA. Talvez também, seja tempo de considerar se as enormes conferências, tais como a XVI IAC, são a forma mais eficiente de partilha de informação e recursos. Pela primeira vez, a conferência tornou-se algo de matéria de celebridade, com as duas Contas a dominarem mas, como Richard Horton de Lancet disse, a oportunidade de produzir um roteiro para atingir a meta de 2010 de acesso universal a ser dissipada. Raramente houve uma reunião considerada muito desembaraçada do predicamento global de tais proporções históricas. Cuidados de Saúde sem Trabalhadores de Saúde A necessidade duma Força de Trabalho Motivada qualificada ressurgiu em todas as grandes conferências em 2006. As actuais carências de cuidados de saúde nas nações em desenvolvimento, agravadas pela epidemia, não foram adequadamente abordadas. Mesmo a declaração apresentada na reunião de alto nível sobre SIDA (UNGASS) foi criticada por não ter abordado adequadamente os direitos dos trabalhadores dos cuidados de saúde e outros profissionais de HIV. O Acesso universal irá permanecer um sonho se a crise nos sistemas de cuidados de saúde e força de trabalho não for atendida. De acordo com o Relatório Mundial de Saúde da Organização Mundial de Saúde de 2006, nas Américas, o rácio do trabalhador de saúde é de 24,8 por 1.000. Em África, existem apenas 2,3 trabalhadores de cuidados de saúde para cada 1.000 pessoas. O plano da OMS de Tratar, Treinar e Reter tem em vista apoiar e fortalecer a força de trabalho dos cuidados de saúde. Mas, dada a urgente necessidade de fortalecer os sistemas existentes de cuidados de saúde, há também necessidade de advogar para um maior cometimento para apoiar as respostas direccionadas à comunidade, incluindo os grupos de cuidados comunitários bem como os mecanismos de perito-doente para os cuidados de HIV. Ligando a TB e o HIV Durante todo o ano, houve um apelo crescente para os fazedores de políticas e implementadores de programas tomarem em consideração a ligação entre o HIV e a tuberculose (TB). A emergência dum tipo de TB extremamente resistente a medicamento tornou urgente a necessidade para um controlo melhorado de TB e a sua rápida integração com os cuidados de HIV. Para as 3 milhões de mortes todos os anos devido ao HIV, a TB causa aproximadamente 2 milhões de mortes muitas das quais são pessoas vivendo com HIV, que são altamente susceptíveis. Esta é outra instância onde as duas linhas separadas de pensamento devem ser combinadas num mecanismo comum. Em geral, enquanto existem vislumbres ocasionais de promessa, o 2006 viu a consolidação da pandemia numa em que está no seu pior entre os mais pobres e menos empoderados. Queremos aceitar o fosso cada vez maior entre o rico e o pobre, entre os homens e as mulheres, ou iremos responder o desafio de HIV com um cometimento genuino para o empoderamento das mulheres, a prestação de cuidados para os mais vulneráveis, e regras verdadeiramente universais de acesso, tratamento, prestação de cuidados e assistência? ¢ 1 Perpsective: A Prescription for AIDS 2006 by Richard Horton, The Lancet 26 August 2006 5 A Falta de Trabalhadores da Saúde é Grande Obstáculo para para o Tratamento Universal - Redes Internacionais Exigem financiamento para os Trabalhadores Africanos de Saúde HORIZONS Os representantes da Oxfam Internacional, Médicos dos Direitos Humanos e Health GAP chamaram hoje a falta de trabalhadores de saúde nos países em desenvolvimento "um grande desafio para alcançar a promessa do acesso universal ao tratamento." Eles exigiram um novo investimento massivo do governo para treinar e reter os trabalhadores de saúde. A África irá provavelmente perder 20 por cento dos seus trabalhadores de saúde devido à SIDA ao longo dos próximos poucos anos. E muitos mais irão emigrar à procura de melhores salários e condições de trabalho. "As campanhas para cumprir o direito de saúde trouxeram medicamentos antiretrovirais para centenas de milhar de pessoas. Mas sem os trabalhadores de saúde e sistemas de saúde para administrar estes medicamentos, esse direito permanenece irrealístico para milhões," disse Leonard Rubenstein, JD, Director Executivo dos Médicos para os Direitos Humanos. 6 "O mundo em desenvolvimento tem falta de pelo menos um milhão de profissionais de saúde neste preciso momento," disse o Dr. Mohga Kamal-Yanni, da Oxfam Internacional. "Mas a África irá provavelmente perder 20 por cento dos seus trabalhadores de saúde devido à SIDA ao longo dos próximos poucos anos. E muitos mais irão emigrar à procura de melhores salários e condições de trabalho." As trabalhadoras de saúde, que desempenham um papel crucial na prestação de cuidados para as mulheres, enfrentam condições de trabalho especialmente difíceis. De acordo com a União Africana, os países de baixa renda estão a subsidiar os países ricos para terem os $500 milhões por ano através da perda dos seus trabalhadores de saúde formados. Baseado no padrão mínimo da OMS de 2,5 trabalhadores de saúde por mil pessoas, a Oxfam calcula que 53 países têm menos de metade de trabalhadores de saúde qualificados necessários e em 10 países os trabalhadores de saúde qualificados podem apenas cobrir 10 por cento da população. "Importantes iniciativas para lutar contra a SIDA, TB e Malária, tais como PEPFAR, não podem sair bem sucedidas enquanto continuarem a contratar trabalhadores públicos de saúde duma equipa que é demasiado pequena," disse Paul Davis, director das relações governamentais dos EUA para Health GAP."Os doadores devem trabalhar com os países em desenvolvimento para aumentar dramaticamente o fornecimento de trabalhadores de saúde e providenciar salários de forma a ficarem onde forem desperadamente necessitadas." "Nós necessitamos dum plano dos EUA para abordar esta terrível necessidade," disse Leonard Rubenstein dos Médicos para os Direitos Humanos. "O relatório recente da PEPFAR falhou em providenciar o roteiro necessário pelo Congresso para acabar a crise da força de trabalho em África." Os grupos também apelaram os países Africanos para alocar significativas proporções dos seus orçamentos para a formação e aperfeiçoamento dos trabalhadores de saúde, particularmente as trabalhadoras de saúde. Os países africanos devem ainda fazer bem as suas solicitações para gastar pelo menos 15% dos orçamentos nacionais na saúde. "Os países pobres estão a criar hemorragia nos trabalhadores de saúde," disse Dr. Kamal-Yanni, da Oxfam. "A não ser que os doadores façam comprometimentos sérios para investir nos trabalhadores de cuidados de saúde, iremos continuar a perder o terreno contra a epidemia." ¢ CONTACTOS: Kate Krauss, Médicos para os Direitos Humanos, Mark Fried, Oxfam Internacional, Taylor Thompson, Oxfam Internacional, Paul Davis, Health GAP. Fonte:. AF-AIDS eForum 2006: [email protected] org 2007 Vol 13 No 1&2 A TAR Universal Poderá Reduzir a Prevalência até 2050 Por Keith Alcorn A provisão da terapia antiretroviral a toda a gente infectada com o HIV no mundo iria parar a epidemia de HIV no seu caminho dentro de 50 anos num custo médio de $7 biliões por ano, de acordo com a modelação matemática feita pelo British Columbia Centre for Excellence em HIV/SIDA, publicada no The Lancet. Os pesquisadores dizem que o seu modelo pressupõe que pouca ou nenhuma transmissão irá ocorrer nas pessoas em tratamento antiretroviral, baseado nos resultados de Uganda, Espanha e Taiwan. O modelo também pressupõe que em vez de tratar apenas aqueles com as quantidades baixas de células CD4, todas as pessoas com HIV positivo iriam receber o tratamento a partir do tempo do diagnóstico e esse tratamento iria custar $365 por ano, aumentando em 3% por ano. Os autores, liderados pelo Professor Julio Montaner, dizem que o seu modelo mostra que a prevalência do HIV poderia sr reduzida 70 vezes, a partir de 7 casos em cada 1.000 pessoas para 0,1 caso em cada 1.000 até 2050. Nos primeiros anos o tratamento iria custar mais de $15 biliões por ano, mas este custo iria baixar à medida que os números das pessoas recém-infectadas diminuíssem. O modelo não inclui quaisquer custos para o sistema mais geral de cuidados de saúde, tais como monitoria, trabalhadores de cuidados de saúde e conjuntos de avaliação. Os autores dizem que o status quo não é mais aceite se esperarmos controlar o 2007 Vol 13 No 1&2 crescimento continuado da pandemia global de HIV. Eles notam que em 2005, dobro das pessoas ficaram infectadas quando começaram o tratamento em todo o mundo. Eles exortam o seu modelo a ser testado amplamente pela monitoria de integração da incidência de HIV em todos os programas de tratamento. No Uganda, entre os parceiros das pessoas recebendo a terapia antiretroviral através dum programa de cuidados domiciliários, apenas uma pessoa contraiu o HIV num grupo de 454 pessoas no primeiro ano de tratamento. Porém, o estudo da British Columbia reportou hoje que não toma em consideração o efeito das intervenções adicionais. No estudo ugandês, fortes tentativas foram feitas para encorajar os parceiros a conhecerem o seu estado através de deslocação casa à casa e administração do teste. Os casais foram aconselhados juntos sobre a redução do risco, e receberam tratamento contra doenças de transmissão sexual. Todos estes factores contribuiram também para uma grande redução na transmissão. ¢ Cortesia de AIDSMAP: o artigo completo, referenciado pode ser visto em: 7 OMS METE A CABEÇA NA AREIA SOBRE ALTO CUSTO DE MEDICAMENTOS MAIS RECENTES DE SIDA Medecins Sans Frontieres (MSF) Depois de quase seis anos de provisão de tratamento antiretroviral nos países em desenvolvimento, a organização humanitária médica internacional, Medecins Sans Frontieres (MSF), expressou espanto pela complacência política à volta da necessidade de assegurar que os medicamentos mais recentes contra SIDA sejam acessíveis para as pessoas vivendo com HIV/SIDA nos países em desenvolvimento. Os dados disponibilizados pela MSF na XVI Conferência Internacional sobre SIDA em Toronto mostram claramente como os altos preços dos medicamentos mais recentes elevam o custo do tratamento e ameaçam a sustentabilidade dos programas de tratamento: ¢ No programa apoiado pela MSF em Khayelitsha, África do Sul, 10% dos doentes há 3 anos e 16% há 4 anos necessitam de mudar para o tratamento da segunda linha; porém, o tratamento da segunda linha é cinco vezes mais caro em relação ao da primeira linha. ¢ Na Nigéria, 8% dos doentes em tratamento por 18 meses necessitam do tratamento da segunda linha, que custa sete vezes mais em relação do da primeira linha ($US200 vs $US1.473). ¢ Na Guatemala, o regime de segunda linha custa US$6,500 28 vezes mais em relação ao da primeira linha. As directrizes mais recentes do tratamento antiretroviral da Organização Mundial da Saúde para as zonas de poucos recursos apresentadas na Conferência de Toronto recomendam os ARVs da geração mais recente para ambas as terapias da primeira linha e da segunda. Devido a questões de patente, muitos destes medicamentos não existem nas indústrias genéricas. Como resultado, as empresas originárias são capazes de cobrar preços proibitivamente altos e são geralmente lentas em disponibilizar os medicamentos nos países em desenvolvimento. "Aplaudimos o facto de que a OMS expandiu o formulário dos medicamentos para incluir os medicamentos mais recentes nas suas directrizes. Porém, não existe nenhum Aceleração da Prevenção Na Região da África Austral Lesley Lawson · Preparar uma potencial realização nacional de circuncisão masculina · Abordar assuntos sobre o género da perspectiva do envolvimento e responsabilidade do homem · Continuar e dinamizar programas de prevenção que promovam retardar o início do sexo bem como o uso consistente e correcto do preservativo masculino e feminino. A África ao sul do Sahara permanece a região mais afectada pelo HIV. No fim de 2005, a ONUSIDA (2006) estimava que 24,5 milhões de pessoas na África ao sul do Sahara viviam com HIV. A nível mundial, 64% de todas as pessoas vivendo com HIV vivem na África ao sul do Sahara. Enquanto o acesso aos serviços de cuidados e tratamento estão a aumentar, embora lentamente, há uma necessidade cada vez mais presente de fortificar a prevenção da infecção de HIV. A pergunta é: Como melhor acelerar a prevenção de HIV? Em Maio de 2006, a SADC e a ONUSIDA 8 realizaram uma reunião de Recolha de Ideias sobre a Prevenção de HIV na África Austral. O objectivo da reunião era de explorar a evidência existente sobre o que está a conduzir a epidemia de HIV e para debater e analisar os mecanismos de prevenção existentes. Os participantes na Recolha de Ideias recomendaram intervenções prioritárias para acelerar a prevenção de HIV, dentre as quais as seguintes: · A necessidade de reduzir significativamente as parcerias múltiplas concorrentes para ambos os homens e mulheres Para ser verdadeiramente eficiente, há necessidade para as comunidades, sociedade civil e liderança nacional continuarem a aprender, discutir e partilhar a informação sobre as estratégias de prevenção. As vozes das pessoas vivendo com HIV necessitam de ser ouvidas a nível nacional e regional, participando nas discussões sobre a prevenção de HIV. Num esforço de criar uma plataforma para todos debaterem e partilharem os seus conhecimentos e experiências, o Serviço de Disseminação de Informação sobre HIV e SIDA na África Austral (SAfAIDS), ONUSIDA e Redes de Desenvolvimento e Saúde (HDN) irão acolher uma e-discussão estruturada sobre a prevenção de HIV. A ediscussão online e moderada será lançada nos princípios de Fevereiro de 2007. Se conhecer um colega ou amigo que estiver interessado em seguir esta discussão, por favor de se sentir livre de contactar a SAfAIDS ([email protected]) ¢ 2007 Vol 13 No 1&2 mecanismo para fazer com que esses medicamentos sejam disponíveis a nível do país", disse a Drª Alexandra Calmy, da Campanha para o Acesso aos Medicamentos Essenciais da MSF". É da responsabilidade da OMS encorajar os governos para usarem as flexibilidades no Acordo dos TRIPS da OMC, incluindo a emissão de licenças obrigatórias para o acesso aos medicamentos genéricos. Os outros actores, incluindo o Fundo Global da ONUSIDA, devem ser sérios sobre o facto de que estamos a enfrentar uma crise potencialmente grande a não ser que actuem agora para baixar o custo do tratamento." A competição genérica foi um grande motor para baixar o preço dos medicamentos da primeira linha de mais de $US10.000 por doente por ano para menos de $US140. Hoje, 50% de pessoas no mundo em desenvolvimento em tratamento de ARVs dependem de medicamentos genéricos da Índia. Porém, agora que os países tais como Índia têm de conceder patentes sobre medicamentos, estão em risco de secar as fontes de medicamentos genéricos. A garantia de acessibilidade de medicamentos mais recentes é a única forma de assegurar a prestação de cuidados de qualidade a longo prazo para as pessoas com HIV e SIDA no mundo em desenvolvimento. "Não estaria vivo hoje se não tivesse acesso aos medicamentos da segunda linha", diz Ibrahim Umoru, um educador de pares a trabalhar para a MSF em Lagos, Nigéria, que teve de mudar de tratamento em 2006 depois de ter desenvolvido a resistência à primeira linha. "Estou na minoria com muita sorte. A maioria dos doentes cujas vidas foram salvas pelo tratamento da primeira linha será abandonada no momento que necessitarem dos medicamentos da segunda linha a não ser que os governos tirem as suas cabeças da areia e comecem a abordar esta questão." ¢ Tratamento de ARV gratuito disponível. Solicite o número do tratamento aqui. Tempo estimado de espera: 4 anos Documento de Informe da MSF: TOO LITTLE FOR TOO FEW: Challenges for effective and acessoible antiretroviral therapy disponível em e África: Nações Ricas Voam com Imposto de SIDA das Linhas Aéreas A iniciativa foi anunciada durante a 61ª Sessão da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, e tem o objectivo de ajudar cerca de 200.000 crianças com HIV positivo, 150.000 doentes de TB e 28 milhões de pessoas com malária. A Unitaid, uma nova organização baseada em Genebra, irá administrar o esquema, que foi estruturado para dar soluções de tratamento permanente a pessoas vivendo com qualquer das três doenças. "Através desta iniciativa teremos uma forma sustentável de assegurar o fornecimento de medicamentos e testes a longo prazo," Ira Magaziner, um exassistente Presidencial dos EUA que chefia o programa de HIV/SIDA da Unitaid, segundo repórteres. ¢ 2007 Vol 13 No 1&2 Getty Images O Brasil, Chile, Noruega e GB concordaram esta semana com o plano francês de US$300 milhões de angariar fundos contra o HIV/SIDA, tuberculose (TB) e malária em África através dum imposto adicional nos bilhetes das linhas aéreas. [Este relatório não reflecte necessariamente o ponto de vista das Nações Unidas] © Redes de Informação Regional Integrada da ONU, 2006. 9 Feito no Inferno Em Especial em África A TB e o HIV actuam um com o outro com força fatal uma combinação feita no inferno. Stephen Lewis, Enviado Especial do Secretário Geral da ONU sobre HIV e SIDA em África. Por Vivienne Kernohan Getty Images Mesmo agora que estamos a reportar em Março, o Dr Tim Francis, destacando o Dia Mundial de TB, e apontando que o maior desafio de HIV para 2006 e para a próxima década é a TB, um conjunto de tuberculose (XDR TB) extremamente resistente a medicamentos estava a ser investigado em Kwazulu Natal. Mas as raizes reais desta história podem ser seguidas para a indiferença do mundo desenvolvido para o sofrimento dos países com poucos recursos e a descoberta inicial dos medicamentos que poderiam efectivamente tratar a TB, cerca de quarenta anos atrás. Para os países desenvolvidos, a TB como um problema de saúde pública pareceu ter acabado e tornouse uma doença para os pobres, da mesma maneira que o HIV está rapidamente a tornar. Porque o tratamento de TB era relativamente fácil e barato, o reservatório da TB em países com recursos limitados era amplamente ignorado, embora na última década a incidência da TB nos países desenvolvidos tenha também estado a subir lentamente. Mais para ponto talvez, o dinheiro parou de ser gasto na pesquisa do novo medicamento da TB, para que o tratamento da TB ainda exija grandes números e quantidades de medicamentos para serem tomados por períodos de tempo prolongados, aumentando a dificuldade da aderência e assim a probabilidade de desenvolvimento da resistência ao medicamento. Pouca pesquisa foi feita para melhorar os testes originais de cuspe para confirmar a TB. Enquanto os medicamentos da TB eram relativamente baratos, eles permaneceram difíceis de obter e administrar em zonas de recursos limitados. A TB resistente a multi-medicamentos (MDR) começou a estabelecer-se, com a ajuda 10 de deslocações por via aérea e as populações cada vez mais móveis, lentamente a propagar em todo o mundo. De acordo com a Médecins Sans Frontières (Médicos Sem Fronteiras), há aproximadamente 250.000-400.000 novos casos de MDR-TB em cada ano a nível mundial. A MDR TB é resistente a dois dos tratamentos de TB da primeira linha rifampicina e isoniazida e os doentes devem ser dados quatro dos seis medicamentos existentes da segunda linha, aumentando enormemente o custo do tratamento. As novas manifestações da XDR TB são resistentes a pelo menos três dos actuais medicamentos da segunda linha também. Os novos medicamentos retardamente desenvolvidos na linha de tratamento de TB serão usáveis dentro de seis anos. Combine isto com o facto de que o HIV é um assistente disposto no aumento da TB em todo o mundo os que têm HIV são 30 vezes mais propensas a desenvolver uma TB activa do que o resto da população. A TB é um grande assassino de pessoas com HIV. Dos 53 doentes identificados com XDR TB, 52 morreram dentro de 25 dias depois de serem internados no hospital e todos os que puderam ser testados, tinham HIV positivo. A ligação com HIV resultou também no aumento da estigmatização da TB em muitas partes da África, causando relutância para se apresentarem ao diagnóstico e tratamento. A maioria dos sítios de testagem de HIV não presta serviços de diagnóstico e tratamento de TB. De qualquer modo, o actual teste de cuspe é cada vez mais incerto em pessoas com HIV positivo e nem toda a TB é pulmonar. Onde as taxas de infecção de HIV são altas, a XDR TB tem o potencial de se tornar uma epidemia incontrolável, criando uma ameaça grave da saúde pública nas regiões tais como a África Austral. Ominosamente, Paul Nunn, chefe da equipa de resistência de TB da OMS, disse: Não há necessidade de investir grandemente em programas de ARV se os doentes vão morrer dentro de poucas semanas de XDR TB. Isto é particularmente irónico, dado que ainda não vimos uma massificação significativa de ARVs na África Austral no seu todo. As implicações da XDR TB devem ser analisadas cuidadosamente por aqueles que trabalham na prevenção de HIV, tratamento e prestação de cuidados. São necessárias melhores ferramentas, juntamente com uma coordenação cuidada e uma rápida expansão de programas de HIV e TB, e o estabelecimento de centros que possam tratar simultaneamente ambas as doenças. Se a TB (e por implicação o HIV) começa a ser vista outra vez como intratável, então tudo de bom que foi atingido até aqui em trazer o HIV fora do seu armário poderá ser desfeito e a porta rapidamente fechada e parafusada. ¢ 2007 Vol 13 No 1&2 OMS entra para resolver a falta de trabalhadores de saúde O novo plano da Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfrentar a falta de trabalhadores de saúde relacionada com HIV a iniciativa de Tratar, Treinar, Reter deve ser acolhido. A grande pergunta é se irá receber o financiamento e comprometimento necessários, especialmente daqueles países desenvolvidos que estão a subtreinar os trabalhadores dos cuidados de saúde sob o pressuposto de que serão capazes de recrutar pessoal qualificado adicional doutros países mais pobres. Foi desenvolvido em resposta à crise em recursos humanos para a saúde que agora constitui um obstáculo significativo para a prevenção e tratamento globais de HIV e SIDA, com mais de 4 milhões de trabalhadores de saúde necessários para preencher vagas em 57 países. Em colaboração com a Organização Internacional de Trabalho e a Organização Internacional de Migração, o plano é uma componente dos esforços gerais da OMS para fortalecer os recursos humanos para a saúde e para promover o acesso universal aos serviços de HIV e SIDA. A África ao sul de Sahara enfrenta os maiores desafios; com 11% da população mundial e quase 64% de todas as pessoas vivendo com HIV, a região tem apenas 3% dos trabalhadores de saúde do mundo. O plano de Tratar, Treinar, Reter será implementado sob a capa da Aliança Global dos Trabalhadores de Saúde, uma parceria dos governos, agências de apoio, grupos da sociedade civil e organizações multilaterais estabelecidos em Maio de 2006. Irá dar enfoque naqueles países mais severamente afectados pelo HIV e SIDA, e integra um menu de opções que os países podem adaptar para as suas necessidades específicas a um custo mínimo de US$7,2 biliões ao longo dos próximos anos. O aspecto de Tratar tem o objectivo na ironia de que embora os trabalhadores de saúde estejam na linha da frente dos programas nacionais de HIV e SIDA, eles próprios não têm geralmente acesso adequado aos serviços de HIV e SIDA. A componente do plano de Tratar representa o pacote total dos serviços de prevenção, tratamento e prestação de cuidados de HIV e SIDA que devem ser disponibilizados aos trabalhadores de saúde na base de prioridade, incluindo: ¢ Campanhas especialmente concebidas de sensibilização e estigmatização e discriminação ¢ Serviços de testagem e aconselhamento ¢ Acesso prioritário ao tratamento antiretroviral para os trabalhadores de saúde e suas famílias ¢ Protecção da transmissão de HIV no ambiente dos cuidados de saúde, incluindo 2007 Vol 13 No 1&2 o acesso à profilaxia pós-exposição TREINAR envolve estratégias para os países expandirem os números dos poucos trabalhadores de saúde e maximizarem a eficiência da actual força de trabalho, tais como: ¢ Recrutamento e formação de trabalhadores adicionais de saúde ¢ Transferência de tarefas dos trabalhadores de saúde mais especializados para os menos especializados (por exemplo, de especialistas para médicos, de médicos para enfermeiros, e de enfermeiros para trabalhadores comunitários de saúde e provedores simples, incluindo pessoas vivendo com HIV) ¢ Aumento do número de graduados através do melhoramento e expansão de acções de reciclagem nas escolas de medicina e de enfermagem e a integração de formação específica de SIDA ¢ Realização de formação em exercício para os trabalhadores de saúde já no sistema de saúde para empoderá-los e equipá-los melhor com competências necessárias para cuidados mais eficientes para os doentes vivendo com HIV/SIDA RETER relaciona-se com as intervenções para ajudar a assegurar que os países sejam capazes de manter os actuais trabalhadores empregues no sistema de saúde e inclui: ¢ Instituir mudanças de políticas, códigos de conduta e directrizes éticas para minimizar a migração dos trabalhadores de saúde dos países de baixa renda para os países desenvolvidos ¢ Diminuir a concepção dos programas de HIV e SIDA do sector privado e ONGs sobre os trabalhadores nos sistemas de saúde pública ¢ Melhorar a qualidade do ambiente do local de trabalho, incluindo o estabelecimento de procedimentos de saúde e segurança de saúde ocupacional, reduzindo a contracção de HIV e outras doenças derivadas de sangue e abordar questões do local de trabalho, tais como, pressão e fadiga ¢ Apoiar os trabalhadores e famílias com HIV, garantindo segurança de trabalho, proibição de discriminação, providência de benefícios sociais e ajustamento de exigências de trabalho ¢ Providência de incentivos financeiros bem como incentivos não-financeiros, tais como oportunidades de formação, transport e acesso ao tratamento de HIV para os membros da família A OMS identificou as seguintes etapas de acção prioritárias para assegurar o sucesso do programa. ¢ Estabelecer um comité executivo especial que irá advogar o plano de Tratar, Treinar, Reter, guiar a implementação das suas actividades e monitorar o progresso ¢ Prestar orientação e assistência técnica aos governos nacionais para a implementação das actividades apresentadas no plano de Tratar, Treinar, Reter ¢ Promover o reconhecimento internacional da força de trabalho de saúde como um grupo vulnerável, com campanhas direccionadas especificamente ao bem-estar dos trabalhadores de saúde dentro dum contexto da epidemia de HIV ¢ Conceber e facilitar a implementação duma agenda global da troca de tarefas para expedir a resposta mundial à crise dos recursos humanos ¢ Advogar para incentivos financeiros para reter os trabalhadores de saúde e pesquisar potenciais opções para incentivos não-financeiros. ¢ Para informação adicional, contacte: Toronto: Anne Winter, WHO, Telephone: +41 79 440 6011, E-mail: [email protected] Cathy Bartley, WHO, Telephone: +44 7958 561 671, E-mail: [email protected] Genebra:, Iqbal Nandra, WHO, Telephone: +41 22 791 5589, Mobile phone: +41 79 509 062, E-mail: [email protected] Tunga Namjilsuren, WHO, Telephone: +44 22 791 1073, E-mail: [email protected] 11 Na linha da frente: trabalhadores quenianos de saúde enfrentam desafios relativos ao HIV no trabalho e em casa ONS HORIZ HORIZ ONS Por Hena Khan Os trabalhadores de saúde estão na revelaram que os trabalhadores quenianos de entre os membros próximos da família. espinha dorsal dos serviços de HIV e cruciais saúde geralmente tinham falta de elementos Apesar de trabalharem no campo de saúde para a sua prestação com sucesso. básicos de controlo da infecção nos seus locais e frequentes ligações pessoais à doença, quase Mas os resultados dum estudo nacional de trabalho, uma outra possível causa de um terço dos trabalhadores de saúde em Quénia dos trabalhadores de saúde no Quénia preocupação em ser infectado no trabalho. nunca tinham sido testados para HIV. Isto inclui revelam que muitos estão mal equipados para Uma terceira ou mais da amostra reportou um metade dos enfermeiros inscritos, que enfrentar com êxito a exposição ocupacional abastecimento inadequado de água, sabão e representavam o grosso dos provedores dos ao HIV e as exigências dos cuidados dos desinfectante no seu local de trabalho. Cerca cuidados de saúde no país. doentes de HIV no trabalho e em casa. de um quarto dos trabalhadores de Os baixos níveis de testagem não eram devido O estudo, conduzido pelo Programa de saúde também indicaram à falta de existência de serviços de testagem. De Controlo de SIDA e de DTS do Ministério a falta de facto, os trabalhadores de saúde acreditavam da Saúde do Quénia, com a assistência da fortemente que poderiam fazer um teste Horizons e CDC Kenya, consistiu em confidencial de HIV no serviço. Porém, dentre entrevistas com uma amostra nacionalmente aqueles que não tinham sido testados, a maioria representativa de 1.897 trabalhadores médicos (42%) disse que era porque não tinha pensado em 245 unidades de saúde localizadas em sobre isso. Quase um quarto dos respondentes 28 distritos no Quénia. Além disso, os tinham medo dos resultados e outros tinham pesquisadores realizaram 24 discussões de medo da estigmatização associada com a doença. grupos focais com trabalhadores de saúde Talvez devido à estigamatização e preocupações em unidades seleccionadas. sobre a confidencialidade, 73% dos respondentes A vasta maioria dos trabalhadores de estavam interessados em auto-testagem. saúde no Quénia está preocupada sobre a Entre os trabalhadores de saúde exposição ocupacional ao HIV. Noventa envolvidos na testagem de HIV, os que tinham e três por cento reportaram que estavam testado reportaram mais confiança em muito preocupados em ficar infectados recomendar um teste de HV, e administrar com HIV no trabalho. Isto pode ser aconselhamento pré e pós-teste e um devido ao facto de para muitos deles ser aconselhamento e testagem aos casais. uma realidade que já enfrentaram. Recomendações Quase um em cada cinco Os dados deste estudo nacional sugerem trabalhadores de saúde uma necessidade urgene de se fortalecer o reportou um evento recente fornecimento, procedimento e directrizes do onde poderia ter sido exposto controlo da infecção nas unidades de cuidados ao HIV no trabalho, e entre eles, de saúde quenianos. Isto inclui a necessidade de metade tinha tido experiências de educar os trabalhadores de saúde sobre a PEP, exposições múltiplas. Para incluindo como usá-la e acessá-la bem como adicionar às suas preocupações, ultrapassar o medo de participar nela. Para além mais de metade dos trabalhadores de abordar os riscos de exposição ocupacional, de saúde indicou que o seu local de os trabalhadores de saúde com familiares trabalho não tinha directrizes escritas infectados com HIV necessitam de ser apoiados sobre o que fazer em caso da utensílios para lidar com êxito com a preocupação adicional exposição ocupacional ao HIV. cortantes e luvas nas de prestar cuidados a pessoas infectadas com É um recurso importante uma suas unidades de saúde. profilaxia pós-exposição (PEP) para os Para além de prestar cuidados aos doentes HIV dentro e fora do seu local de trabalho. Finalmente, há necessidade de apoiar e trabalhadores de saúde que forem de HIV positivo no seu local de trabalho, muitos inadvertidamente expostos ao HIV. Mas apesar trabalhadores de saúde devem enfrentar a doença encorajar a testagem de HIV entre os trabalhadores de saúde, que poderá incluir a de 61% dos trabalhadores de saúde terem dito nas suas próprias vidas também. Cerca de um exploração das possibilidades de auto-testagem que sabem o que significa a PEP, apenas 40% terço dos trabalhadores de saúde inquiridos como uma opção. eram capazes de descrevê-la correctamente. tinham um membro próximo da família Como Karusa Kiragu, da Horizons/PATH, Porém, mesmo entre os que tinham infectado com HIV ou que tivesse morrido conhecimento, daqueles que também reportaram de SIDA. Para além disso, um em cada cinco um investigador principal do estudo resumiu: O sistema de cuidados de saúde não deve um incidente duma potencial exposição ao HIV, trabalhadores de saúde estava a prestar apenas prestar cuidados aos doentes mas também apenas 45% procurou por ela. As principais cuidados a um membro próximo da família razões para não procurarem a PEP no seio infectado com HIV no momento do inquérito. garantir que a sua capacidade humana permaneça forte e motivada. Os profissionais dos cuidados deste grupo foram a falta de informação A maior preocupação foi na província de de saúde necessitam dum ambiente de trabalho suficiente (37%) seguido do medo do processo Nyanza, a província com a prevalência mais seguro e acolhedor se for para serem parceiros e o que poderia seguir (28%). alta de HIV no país, onde 59% dos Os resultados do inquérito também respondentes reportaram a infecção de HIV eficientes no combate à epidemia de HIV. ¢ Para informação adicional sobre este estudo, por favoe de contactar: Karusa Kiragu ([email protected]). Este artigo foi patrocinado pela Horizons. O Programa da Horizons do Conselho da População é apoiado pelo Plano de Emergência do Presidente para o Alívio à SIDA através da Agência dos EUA paa o Desenvolvimento Internacional. 12 2007 Vol 13 No 1&2 Comentário: Quem irá proteger a rapariga africana? Por Timothy Mbugua Durante a recente Conferência Internacional sobre SIDA (IAC), as crianças foram geralmente destacadas como a cara que falta da pandemia de SIDA. À medida que os activistas, cientistas e médicos lutam para a prevenção, prestação de cuidados e acesso ao tratamento raramente mencionam que as crianças são igualmente afectadas e infectadas. A XVI Conferência Internacional sobre SIDA em Toronto ilustrou claramente que a agenda das crianças ainda está para ter a raíz. Mas mais preocupante ainda é que no seio desse grupo esquecido de crianças, o desequilíbrio e a discriminação do género é ainda dominate. Uma rapariga vivendo com HIV classifica-se muito abaixo na escada. Se ela for da África, a sua situação frequentemente piora pelas crenças e tradições culturais. A rapariga é a primeira a desistir da escola para tomar cuidado do pai ou mãe doente. Ela poderá ser arrancada da escola para se casar, algumas vezes com um homem tão velho para ser o seu avô. Pior ainda, ela poderá estar a namorar inconscientemente com um parceiro vivendo com HIV. Se ainda não estiver infectado, os costumes e tradições amplamente aceites permitem-no dormir com outras e trazer o vírus de volta para a sua esposa. Se ela tiver sorte de escapar isto, ela poderá acabar por ser vítima de violação por um homem infectado. Uma tendência mesmo mais preocupante nos países com uma alta prevalência de HIV em África é o mito ridículo e exorbitante de que dormir com uma rapariga virgem cura a SIDA. Um número crescente de raparigas, algumas tão pequenas como dum ano, estão a ser infectadas através deste comportamento cruel. Em muitas famílias chefiadas por crianças nos países da África ao sul do Sahara devastadas por SIDA, as raparigas são deixadas particularmente vulneráveis para todos os tipos de abuso e mau trato. Betty Makoni, da Girl Child Network, estima que existem 40.000 casos de abuso sexual de raparigas no Zimbabwe apenas. A sua organização está na vanguarda de empoderar as raparigas para perceberem os seus direitos. O seu argumento é que os assuntos da rapariga não devem ser agrupados juntamente com os das mulheres ou outras crianças, mas devem ser abordados como um grupo distinto que necessita duma atenção e assistência especiais. Isto é particularmente importante na presença de HIV e SIDA que está a levar um pedágio excessivo nas raparigas africanas. Através do seu Girl Child Club, a organização tornou-se a voz para que as raparigas possam agora falar sobre assuntos sensíveis tais como violação sexual, casamentos forçados, HIV e SIDA e sexo antes do casamento, e comunicar a sua posição de forma eficiente. Devido à complexidade dos problemas que afectam as raparigas em face à SIDA, são necessárias medidas inovadoras, iniciadas pela comunidade e compreensivas que possam proteger as raparigas e assegurar que permaneçam na escola e protegidas contra os predadores masculinos. A mantra frequentemente cantada de Abstinência, Ser fiel e usar o Preservativo não é tão simples como ABC. As raparigas têm pouca escolha mesmo se quiserem ser fiéis, abster ou assegurar que os homens usem preservativos. De acordo com Brenda Siajunza, da Law and Development Association (LADA) da Zâmbia, envolver a rapariga na avaliação de programas é crucial para o sucesso da implementação. No simpósio da préconferência intitulado Prevendo o Futuro, ela apresentou o Programa Crianças Paralegais que a sua organização desennvolveu para lutar pelos direitos da rapariga na Zâmbia. O aspecto mais notável do programa é o papel central que as próprias crianças desempenham em determinar o seu destino. As próprias crianças formam o Clube Paralegal das Crianças, onde são sensibilizadas e são capazes de regressar para as suas escolas para consciencializar os outros alunos sobre os seus direitos legais. As próprias crianças estão agora na vanguarda de reportar o abuso e casamentos precoces às autoridades e poderão tornarse membros poderosos da sociedade civil. Estas iniciativas inovadoras, vistas como funcionando no Zimbabwe e Zâmbia, deveriam ser encorajadas, fortalecidas e melhoradas noutros países africanos enfrentando problemas semelhantes. Depois talvez as nossas raparigas africanas serão livres para crescer num ambiente seguro e acolhedor. ¢ [email protected], [email protected] Reproduced courtesy of Af-AIDS Betty Makoni 2007 Vol 13 No 1&2 Getty Images Os assuntos da rapariga não devem ser agrupados juntamente com os das mulheres ou outras crianças, mas devem ser abordados como um grupo distinto que necessita duma atenção e assistência especiais. 13 TAG Manifesta-se contra sub-financiamento Chocante da Pesquisa sobre TB Um novo relatório do Treatment Action Group documenta uma queda dramática em Financiamento de Pesquisa e Desenvolvimento (R&D) para novas e melhoradas ferramentas na luta contra a Tuberculose e apela para um aumento anual totalizando $2biliões. 14 melhorados, poupando milhões de vidas desde 1986." Entre os governos nacionais, o relatório mostra que os financiadores principais eram EUA, GB, França e Índia. Os doadores institucionais de topo eram os Institutos necessária para atingir as metas definidas no Plano Global para Parar a TB. Este plano deve abordar a necessidade para uma grande expansão das fundações de pesquisa básica e operacional que apoie o desenvolvimento da nova ferramenta. Ø Financiadores do Topo 40 gastaram apenas $400 milhões em R&D de TB em 2005 Ø Menos de 5% de Investimentos em R&D de HIV/SIDA Getty Images Um aumento anual de cinco vezes de menos de $400 milhões gastos em 2005 em R&D de TB é necessário para atingir as metas globais da OMS de reduzir a incidência de TB e taxas de mortalidade ao longo da próxima década. O relatório sem precedentes do Treatment Action Group, Pesquisa & Desenvolvimento de Tuberculose: Uma Análise Crítica, faz seguimento dos grandes financiadores da pesquisa básica, direccionada e operacional de TB, revelando uma linha de base mais baixa do que esperada de investimento em ferramentas novas e melhoradas para controlar a TB numa altura de escalada ameaça da TB (MDR) susceptível a medicamento e resistente a multimedicamentos e TB (XDR) extensivamente resistente a medicamento. "O dinheiro necessário irá apenas vir com o movimento mundial de advocacia de TB que eleva o perfil político da tuberculose", disse Javid Syed, Director do Projecto de TB/HIV do Treatment Action Group. A TAG entrevistou 100 instituições e documentou os investidores de topo em R&D de TB em 2005. Os resultados destacados no relatório mostraram que as novas ferramentas, incluindo os diagnósticos, medicamentos e vacinas recebidos totalizam um financiamento de $206 milhões em 2005 diagnóstico: $16 milhões; medicamentos: $120 milhões; e vacinas: $70 milhões. Nesta taxa, apenas $2 biliões serão disponíveis ao longo da próxima década, enquanto o Plano Global para Parar a TB, 2006-2015, estima que $9 biliões serão necessários, revelando um novo fosso de financiamento de ferramentas de TB de $7 biliões. A ciência básica e pesquisa operacional receberam $94 milhões e $50 milhões, respectivamente, mas não existem metas globais a partir das quais para comparar os investimentos em pesquisa básica e operacional. "Claramente, as actuais ferramentas estão a falhar, como evidenciado pelo total anual de mortes por TB de 2 milhões e a contínua propagação da TB (XDR) extensivamente rsistente a medicamentos, disse Mark Harrington, Director Executivo do Treatment Action Group. "Sem um grande dinamismo de investimento em R&D de TB seremos incapazes de prevenir os 20 milhões de mortes ao longo da próxima década. A TB deve aprender as lições da SIDA, onde activistas e cientistas juntaram forças para exigir mais recursos rumo a diagnóstico e tratamento Nacionais de Saúde dos EUA ($158 milhões), Bill & Melinda Gates Foundation ($57 milhões), Conselho de Pesquisa Médica da GB ($31 milhões) e Centros dos EUA para o Controlo de Doenças ($20 milhões). O sector privado foi responsável por 11% dos investimentos totais em 2005. Para melhorar a tecnologia de décadas e emparelhar a urgência com a necessidade, o Treatment Action Group precisa de doadores de R&D de TB em todo o mundo incluindo o G8 e os países em desenvolvimento para aumentar cinco vezes o seu investimento, de menos de $400 milhões por ano para $2 biliões por ano, com $1,05 biliões direccionados rumo à pesquisa de novas ferramentas e $950 milhões direccionados rumo à ciência básica, desenvolvimento de infra-estruturas e pesquisa operacional em cada ano, para um total de $20 biliões em R&D de TB ao longo da próxima década. Além disso, a TAG apela para o desenvolvimento duma agenda de pesquisa de TB compreensiva e global para incorporar o espectro total da pesquisa que for Ø Activistas apelam para $2 biliões por ano em R&D de TB, um aumento de cinco vezes A TAG também insta para a padronização dos sistemas de seguimento interno dos doadores, de acordo com a doença, categoria da pesquisa e fase da pesquisa para permitir o seguimento anual mais compreensivo dos investimentos de R&D em todas as doenças de importância de saúde global. As empresas farmacêuticas e biotecnológicas são instadas a providenciar transparência acerca dos seus investimentos em R&D de TB. Isto irá ajudar a informar os esforços feitos pelos fazedores de políticas, financiadores de pesquisa e programadores de controlo de TB em todo o mundo para coordenar os seus investimentos em pesquisa de TB. ¢ TB R&D: A Critical Analysis está online em http://www.treatmentactiongroup.org. Contactar: Mark Harrington, Email: [email protected] Sobre o Treatment Action Group. O Treatment Action Group (TAG), baseado nos EUA, foi fundado em 1992 e é a primeira e única organização de SIDA dedicada exclusivamente para advogar os esforços mais amplos e eficientes de pesquisa pública e privada rumo ao financiamento duma cura para a SIDA. O Projecto de TAG TB/HIV funciona para combater a co-infecção de TB/HIV através da combinação da advocacia comunitária, esforços de educação e mobilização, envolvendo activistas de SIDA nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. 2007 Vol 13 No 1&2 Aconselhamento e Testagem Voluntários de HIV: Os Desafios e Barreiras Enfrentados por Mulheres Participantes na Pesquisa de Prevenção de HIV em Kwazulu Natal, África do Sul. Neetha S Morar (MMedSci) e Gita Ramjee (PhD) Objectivo: Avaliar os desafios e barreiras enfrentados entre as mulheres que foram parte do estudo da pesquisa da Prevenção de HIV depois participantes no Aconselhamento e Testagem Voluntário de HIV (VCT). Métodos: Os conselheiros administraram um guião de entrevista durante o processo de aconselhamento para 1.221 mulheres entre 2003 e 2004. Foram recolhidos dados durante as sessões de pré e pós-aconselhamento de HIV sobre a sensibilização de HIV, uso do preservativo, aceitação e divulgação dos resultados do teste de HIV. Resultados: As mulheres tiveram conceitos errados dos modos de Transmissão de HIV. Poucas mulheres reportaram o uso regular de preservativo com os parceiros do sexo masculino. Apesar de as mulheres receberem aconselhamento permanente sobre a redução do risco de HIV e uma compreensão da importância da adopção de práticas de sexo seguro, muitas enfrentavam desafios e barreiras na implementação de comportamentos de saúde preventiva e mensagens de sexo seguro. As barreiras incluiam mulheres que não revelavam os resultados dos seus testes de HIV positivo para os parceiros do sexo masculino e famílias por medo de estigmatização e violência. Conclusão: A estigmatização e discriminação permanecem barreiras significativas, prevenindo as mulheres de viver abertamente com a infecção de HIV. Os serviços de VCT desempenharam o papel múltiplo durante as sessões de aconselhamento na definição da pesquisa porque as mulheres receberam educação, assistência psico-social, promoção de saúde e mensagens de prevenção. As mulheres necessitam de competências de negociação para discutir assuntos sexuais com os seus parceiros. Vol.4 2007 No.1&2 Introdução A África do Sul está actualmente a enfrentar muitos desafios em tentar controlar a epidemia de HIV que está a crescer rapidamente. Os actuais esforços para reduzir a propagação de HIV e outras doenças de transmissão sexual (DTS) incluem uma ampla promoção do uso de preservativo conjuntamente com a educação e masculino. Um estudo entre o coorte das mulheres ruandesas mostrou que as taxas de seroconversão de HIV-1 baixaram em mulheres seronegativas cujos parceiros foram testados, mas não nas mulheres cujos parceiros não foram testados [3]. Actualmente, a pesquisa foi direccionada rumo às intervenções de prevenção de HIV para as mulheres que incluem a avaliação aconselhamento sobre outras práticas existentes de sexo seguro. A pesquisa mostrou que o a testagem e aconselhamento voluntários (VCT) pode reduzir o comportamento sexual de risco reportado entre os que testam HIV negativo e positivo [1]. Porém muitas barreiras sociais, económicas e culturais impedem a implementação das estratégias de redução do risco de HIV entre as mulheres, incluindo a negociação de preservativo [1]. De acordo com Ramjee et al. [2], as mulheres acham que estão em risco de infecção de HIV de agravidezes indesejadas porque os homens são geralmente responsáveis pelas decisões sobre o uso dos preservativos durante o sexo e as mulheres poderão ter falta de capacidade para negociar o uso do preservativo com os parceiros do sexo preliminar e testagem para o HIV. O papel de VCT na pesquisa é essencial na prevenção de novas infecções e redução de comportamento de risco. O objectivo do presente estudo foi de avaliar os desafios e barreiras enfrentados pelas mulheres participantes na testagem e aconselhamento regulares de HIV providenciados durante o estudo de viabilidade de microbicida entre as mulheres em Kwa-Zulu Natal (KZN). Getty Images Abstracto Métodos Antecedentes do estudo O estudo de viabilidade de microbicida foi conduzido em Verulam e Tongaat, duas zonas peri-urbanas no norte de Durban, como parte do estudo de preparação para uma avaliação preliminar da eficiência da microbicida. Muitas 1 Tabela 1: Diferentes níveis de educação entre as mulheres participantes na avaliação preliminar microbicidas estão actualmente em desenvolvimento e a sua principal função seria de prevenir a infecção por HIV e outras doenças de transmissão sexual quando aplicada na vagina e no reto. O objectivo do estudo de viabilidade era de determinar a prevalência de HIV e DTS e as taxas de incidência para avaliar a viabilidade e aceitação dos procedimentos do estudo entre as mulheres. As mulheres participantes nas clínicas de planificacão pós-natal e família em Tongaat e Verulam foram recrutadas e submetidas à avaliação preliminar de HIV e DTS como parte dos critérios de inclusão, onde apenas as mulheres com HIV negativo estavam inscritas no estudo. O teste de ELISA foi usado na testagem de HIV-1 e os resultados do teste positivo foram confirmados com o segundo ELISA. Todas as mulheres foram submetidas ao aconselhamento pré- e pósteste e as mulheres inscritas receberam um aconselhamento e testagem mensal de HIV durante o período do estudo de 12 meses. 5 31 59 5 Mulheres sem Educação Formal (%) Nível de Ensino Primário (%) Nível de Ensino Secundário (%) Nível de Ensino Terciário (%) sensibilidade de HIV, aceitação dos resultados de HIV, divulgação e uso do preservativo. Os dados demográficos eram obtidos a partir do estudo de viabilidade. Permissão ética O Comité de Conduta de Pesquisa Biomédica da Universidade de KwaZulu Natal aprovou o estudo no dia 5 de Julho de 2002. Foi obtido um consentimento escrito informado dos participantes antes de quaisquer procedimentos do estudo, incluindo a realização de aconselhamento, testagem de HIV e observação. Concepção do estudo e recolha de dados Neste estudo descritivo trans-sectorial, os métodos de recolha de dados incluíram uma documentação estruturada sobre o guião da entrevista das sessões de aconselhamento pelos conselheiros. Todas as sessões de das 1.221 mulheres testadas, 47% (574) eram HIV positivo e 53% (647) eram HIV negativo. Sensibilização e Compreensão das mulheres sobre HIV, SIDA e DTS As mulheres reportaram muitos conceitos errados sobre HIV, SIDA, DTS e uso de preservativo. Elas tinham uma má compreensão das diferenças entre HIV e SIDA e reportavam que os preservativos masculinos previnem apenas DTS. Mais de metade das mulheres usam os termos HIV e SIDA sinonimamente e não entendiam que o HIV é o vírus que causa a doença de SIDA. Poucas mulheres acreditavam Elas tinham uma má compreensão das diferenças entre HIV e SIDA e reportaram que os preservativos masculinos previnem apenas as DTS. Resultados Demografia A idade média das mulheres nas zonas de Verulam (variação: 16-56 anos) e Tongaat (1873 anos) foi de 30 anos. Ver Tabela 1. Diferentes níveis de educação entre as mulheres participantes na avaliação preliminar. aconselhamento de pré- e pós-teste foram documentadas para a avaliação preliminar e visitas de seguimento que incluiram um total de 1.221 mulheres recrutadas a partir de Verulam (n=513) e Tongaat (n=708). As mulheres assinaram um formulário de consentimento no início do estudo de viabilidade que incluia sessões de testagem e aconselhamento de HIV. Nas visitas de seguimento, as mulheres foram recordadas verbalmente dos procedimentos de testagem e aconselhamento de HIV. Os conselheiros foram treinados para registar as notas semanalmente usando um guião estruturado onde foram documentados os assuntos de práticas de sexo seguro, divulgação dos resultados, sistemas de assistência existentes e uso de preservativo. 2 Aceitação dos resultados do teste de HIV Muitas mulheres confiavam os seus parceiros estáveis e acreditavam que não podiam contrair Getty Images O guião de entrevista para o aconselhamento de pré-teste registava informação sobre a sensibilização de HIV das mulheres, reacção de possíveis resultados e o actual uso do preservativo. Durante o aconselhamento do pós-teste, os conselheiros registavam informação sobre a aceitação e divulgação dos resultados do teste e as mulheres eram referidas aos serviços disponíveis para aconselhamento permanente. As sessões de aconselhamento eram concebidas de acordo com as necessidades das mulheres e suas respostas aos resultados do teste de HIV. Os dados eram também registados sobre o número de mulheres que recebiam o VCT, as experiências das mulheres de sexo seguro, preocupações e desafios durante as sesões de aconselhamento de pré- e pós-teste. Todas as sessões de aconselhamento eram conduzidas na língua local dos participantes e os registos escritos eram submetidos em inglês. A duração média das sessões de aconselhamento era de 20 minutos. Usando a análise do conteúdo, os dados dos relatórios semanais dos conselheiros eram analisados e divididos em temas com base nas respostas das mulheres sobre a 5% das mulheres não tinham uma educação formal, 31% tinham o nível de ensino primário, 59% no ensino secundário e 5% no nível terciário. A maioria das mulheres era de solteiras (85%), com 7% e 11% de mulheres sendo casadas, em Verulam e Tongaat, respectivamente. Noventa e nove por cento de mulheres nas zonas de Tongaat e Verulam reportaram tendo um parceiro estável, enquanto 3% e 5% reportaram tendo mais de um parceiro estável em Tongaat e Verulam, respectivamente. Uma que existe uma cura para a infecção de HIV. A maioria das mulheres estava sensibilizada que o HIV é transmitido sexualmente e através de sangue infectado mas não sabiam a transmissão de HIV através de agulhas infectadas e através de mãe para o bebé. Muitos conceitos errados relativos à transmissão de HIV eram muito evidentes; com poucas mulheres pensando que o vírus era transmitido através de mosquitos, partilha de objectos, abraçar, beijar, tocar uma pessoa com HIV positivo e partilhar a mesma sanita. Foi evidente que muitas mulheres necessitavam de mais educação e informação em relação ao HIV. Durante o aconselhamento e testagem voluntários, as mulheres eram dadas educação e informação sobre a diferença entre HIV, SIDA e DTS. 2007 Vol. 4 No.1&2 HIV ou DTS a partir deles. Nem todas as mulheres estavam dispostas a receber os seus resultados de HIV. Algumas das razões apresentadas para não aceitar os seus resultados de HIV incluiam: 1) o conhecimento do seu estado de HIV irá resultar numa angústia mental e depressão, 2) dado que não existia nenhum tratamento ou cura disponível, seria insensato conhecer o meu resultado do teste de HIV. As mulheres que receberam um resultado de HIV positivo eram emocionalmente traumatizadas e ficavam inúteis quando os conselheiros não podiam providenciar a elas tratamento e medicamento gratuitos contra o HIV. As mulheres que recebiam resultados de HIV negativo responderam com excitação e alívio mas expressavam preocupação de que a recusa dos seus parceiros de usar preservativos tornaria difícil para elas permanecerem HIV negativo. Muitas mulheres reportaram que os seus parceiros do sexo masculino tinham parceiros sexuais múltiplos mas recusavam usar preservativos. As mulheres não estavam dispostas a deixar os seus parceiros que recusavam usar preservativos a fim de permanecerem HIV negativo devido à dependência económica. Devido à natureza individual, centrada ao cliente das sessões de aconselhamento pré- e pós-teste, os conselheiros foram capazes de prestar o meu estado de HIV ao meu namorado para manter a nossa confiança. Porém, a maioria das mulheres explicou que elas não iriam divulgar um resultado positivo devido ao medo da rejeição da sua família, amigos e parceiros sexuais. As mulheres, que tiverem um resultado positivo, enfrentavam um desafio imediato da divulgação voluntária aos parceiros e a principal preocupação pela saúde do seu parceiro e filhos. Os conselheiros reportaram que prestavam aconselhamento às mulheres não apenas sobre práticas de sexo seguro mas também sobre a importância da vida positiva em relação à boa nutrição, exercícios físicos e atitude mental positiva. As outras não estavam dispostas a divulgar a ninguém os resultados do seu teste de HIV porque eles eram os provedores primários de rendimentos das suas famílias e estavam preocupadas sobre quem iria ajudar a sua família se ficassem doentes e morressem. Uso de preservativo e negociação com os parceiros do sexo masculino Embora poucas mulheres reportaram o não uso de preservativo para se proteger contra a infecção de HIV e DTS, os preservativos eram usados primariamente para a prevenção contra gravidezes indesejadas. A maioria das mulheres reportou o uso de preservativo mas este era inconsistente; poucas mulheres que queriam usar os de HIV entre 47% de mulheres. Uma taxa similar de alta prevalência de HIV foi reportada entre jovens do sexo feminino na África ao sul de Sahara [5]. O nosso estudo mostrou que o aconselhamento e testagem voluntários tinha uma valiosa componente educacional onde a informação era prestada e os conceitos errados eram rectificados durante o aconselhamento. As mulheres ganhavam informação e conhecimento dos conselheiros sobre a diferença entre HIV e SIDA, grupos de assistência social e acesso aos programas de acção social do governo. Um desafio para muitos estudos sobre a presquisa de prevenção de HIV seria de monitorar o nível de consciencialização de HIV entre as mulheres e sua capacidade de implementar as mensagens de prevenção de HIV, incluindo o uso regular de preservativo com os parceiros do sexo masculino. Em países onde existe uma alta prevalência de HIV, os casais que forem discordantes de HIV (com um parceiro sendo infectado de HIV e o outro nãoinfectado), o aconselhamento de HIV presta informação de promoção de saúde [3]. Similarmente, o aconselhamento e testagem voluntários era capaz de abordar as preocupações das mulheres em relação à vida positiva com HIV, e prestavam informação sobre planos de alimentação saudável para família e para ela, com vista a aumentar o período de As mulheres que receberam um resultado de HIV positivo eram emocionalmente traumatizadas e sentiam-se inúteis quando os conselheiros não podiam providenciar a elas o tratamento e medicamento gratuitos para HIV. assistência emocional e informação às mulheres sobre a importância de conhecer o seu estado de HIV. Divulgação: Teste de HIV e estado de HIV Foi reportada uma mistura de reacções por mulheres em relação à divulgação do seu estado de HIV aos parceiros, família e amigos. As mulheres que testaram HIV negativo estavam dispostas a informar as outras que tinham feito teste de HIV. As mulheres que saissem HIV negativo eram dadas informação sobre como manter o seu estado de HIV negativo; isto destaca a promoção do papel da saúde de aconselhamento e testagem voluntários. As mulheres que tinham uma relação de confiança com os seus parceiros do sexo masculino achavam que não teriam nenhum problema em divulgar o seu estado aos seus parceiros e algumas reportavam que é meu dever divulgar preservativos reportaram que os seus parceiros recusavam usá-los dado que os homens achavam que os preservativos diminuíam o prazer sexual. Algumas mulheres usavam produtos caseiros tais como líquidos antissépticos (Savlon e Dettol) para se proteger contra as DTS ou para fins de higiene. As mulheres tinham medo de que os seus parceiros do sexo masculino iriam achar que existe infidelidade pela parte delas se insistissem no uso de preservativo. Os conselheiros discutiram as estratégias de negociação de preservativo com as mulheres e encorajaram-nas para persuadir os seus parceiros para usarem preservativos. Discussão As mulheres reportaram muitos conceitos errados sobre os modos de Transmissão de HIV que poderão conduzir a práticas de sexo inseguro e comportamento de risco, que é também destacado por uma alta prevalência vida e a qualidade da vida. O medo de rejeição pela família e parceiros era uma preocupação entre as mulheres que recebiam um resultado de HIV positivo. Os estudos revelam que as pessoas com HIV enfrentam muitas dificuldades de divulgar a sua infecção aos seus cónjuges ou parceiros sexuais [6]. Enquanto muitas pessoas resistem inicialmente de divulgar o seu estado de HIV aos outros, a maioria eventualmente escolhe divulgar a pelo menos uma outra pessoa [7]. A maioria das pessoas que divulgam o seu estado de HIV enfrentam poucos resultados desfavoráveis, com um grupo de estudo de pessoas com HIV indicando que os benefícios positivos da divulgação ultrapassam significativamente os negativos [8]. Nalguns casos, porém, especialmente quando uma mulher casada tiver testado HIV positivo, pode haver um significativo risco de violência ou perda de apoio económico. É óbvio a partir destas respostas das mulheres neste estudo que a divulgação para os seus parceiros e família é um grande desafio. Assim, o papel do aconselhamento de HIV na prestação de apoio social e educação é vital na manutenção do bem-estar mental da mulher até ao tempo em que ela estiver disposta a divulgar o seu estado de HIV. Mais assistência é necessária depois disso a fim de lidar com as repercussões da divulgação de HIV. A estigmatização associada ao ser HIV positivo influencia fortemente a vontade das mulheres para divulgar o seu estado de HIV. Algumas achavam que ser HIV positivo seria o fim do mundo para elas enquanto as outras achavam que ser HIV positivo estava associado com a promiscuidade. A estigmatização impede a circulação da informação da salvação da vida sobre a prevenção de HIV no seio das comunidades, desencoraja os grupos com base na fé e outras instituções sociais em se envolver nos esforços para impedir a transmissão, e inibe as pessoas de ter acesso à prevenção de serviços de HIV. A estigmatização associada com o HIV 1&2 ol. 4 No. 2007 V 3 irá provavelmente começar apenas a diminuir logo que o tratamento se tornar mais amplamente disponível. Para encorajar uma maior divulgação da infecção de HIV para os parceiros sexuais, as pessoas com HIV frequentemente necessitam de aconselhamento centrado ao cliente para abordar os seus medos e ansiedades. Embora alguns estudos indiquem que as pessoas que testarem HIV positivo são propensas a procurar cuidados médicos [9] e reduzir comportamento de sexo de risco [10], as mulheres no nosso estudo enfrentaram desafios no acesso à prestação de cuidados ou adopção de práticas de sexo seguro devido à negação do resultado de HIV positivo. A evidência nos países desenvolvidos indica que uma notável parte das pessoas com a infecção de HIV tem dificuldade em implementar e suster um comportamento mais seguro [10,11]. Enquanto se espera que o uso de preservativo iria aumentar depois do aconselhamento e testagem, o uso consistente/regular de preservativo entre as mulheres neste estudo era mínimo. A razão mais forte para a não adopção de práticas de sexo seguro era o medo da rejeição, violência e perda de rendimento. prevenção de HIV estão dispostas a fazer aconselhamento e testagem de HIV mas menos de metade queriam os seus resultados de HIV positivo divulgados a elas durante o aconselhamento de pós-teste. As mulheres que recebem os seus resultados de HIV positivo estavam preocupadas de que a divulgação poderá prejudicar as suas relações com os seus parceiros e famílias. A promoção de aconselhamento de casais e encorajamento de divulgação poderão contribuir para as intervenções de prevenção serem mais eficientes, desde que as mulheres tenham um ambiente seguro para a comunicação. O aconselhamento de HIV está limitado a aconselhar as mulheres para se aproximarem aos seus parceiros em relação a práticas de sexo seguro. Porém, as mulheres necessitam de competências de negociação para lhes permitir discutirem assuntos sexuais com parceiros. Enquanto algumas mulheres poderão ser bem sucedidas em persuadir os seus parceiros para usarem preservativos, aquelas mulheres que estiverem em relações abusivas, ou envolvidas em trabalho de sexo, poderiam potencialmente beneficiar de métodos de prevenção de HIV controlados pelas mulheres, tais como microbicidas. ¢ A evidência nos países desenvolvidos indica que uma notável parte de pessoas com infecção de HIV tem dificuldade de implementar e suster um comportamento mais seguro. Conclusão As mulheres participantes na pesquisa da Agradecimentos Os autores agradecem às mulheres pela sua participação no projecto e aos conselheiros pela recolha de dados e registo de informação. O principal estudo foi financiado pela DfID através do Conselho Britânico de Pesquisa Médica (G0100137). Neetha S Morar tem mais de nove anos de experiência em triagens clínicas de microbicida como coinvestigador e está baseada na Prevention of HIV Research Unit, Medical Research Council,Durban, South Africa, Tel: +27 31 242 3600. Referências 1. Weinhardt LS, Carey MP, Johnson BT, Bickham NL. Effects of HIV counselling and testing on sexual risk behaviour: A meta-analytic review of published research, 1985-1997. Am J Public Health 1999;89:1397-405. 2. Ramjee G, Gouws E, Andrews A, Myer L, Weber AE. The Acceptability of a Vaginal Microbicide among South African Men. International Family Planning Perspectives 2001;27(4). 3. The voluntary HIV-1 Counseling and Testing Efficacy Study Group. Efficacy of voluntary HIV-1 counseling and testing in individuals and couples in Kenya, Tanzania and Trinidad: a randomised trial. Lancet 2000; 356:103-112 4. Microbicide Research and Development: Whats in the pipeline? Global Campaign 4 5. 6. 7. 8. for Microbicides. 2002. http://www.global-campaign/org. Buve A, Carael M, Hayes RJ, Auret B, Ferry B, Robinson NJ et al. Multi-centre study on factors determining differences in rate of spread of HIV in sub-Saharan Africa: methods and prevalence of HIV infection. AIDS 2001;5 Supp4:S5-S14. Dube S, Machekano R, McFarland W, Mandel J, HIV Voluntary Counseling and Testing of couples in Harare: Problems and prospects, XIII International Conference on HIV/AIDS, Durban, South Africa, 2000. De Cock KM, Marum E, Mbori-Ngacha D. A serostatus-based approach to HIV/AIDS prevention and care in Africa. Lancet 2003;362:1847-1849. Meursing K, Sibindi F. HIV counseling Getty Images Limitação Os relatórios escritos dos conselheiros de HIV foram uma fonte valiosa de informação e destacou as barreiras e desafios que as mulheres enfrentaram para a prevenção de HIV e negociação de preservativo com os parceiros do sexo masculino. Porém, os dados nos relatórios poderão ser limitados à avaliação subjectiva dos conselheiros das sessões. a luxury or necessity? Health Policy and Planning 2000;15(1):1723. 9. Kilmarx PH, Hampers FF, Peterman TA. Living with HIV: Experiences and perspectives of HIV-infected sexually transmitted disease clinic patients after post-test counseling. Sexually Transmitted Diseases 1998;25:28-37. 10. Wilkins A; Oelman B; Pepin J; Cham K; Corrah T; Hughes A; Manneh K; Manneh K; Njai R; Rolfe M; et al. Trends in HIV-1 and HIV-2 infection in The Gambia. AIDS 1991; 5(12):1529-1530. 11. Higgins DL, Galavotti C, O'Reilly KR, Schnell DJ, Moore M, Rugg DL, Johnson R. Evidence for the effects of HIV antibody counseling and testing on risk behaviours. Journal of the American Medical Association 1991;266:2419-29. 2007 Vol. 4 No. 1&2 Lutar contra a estigmatização em divulgar o estado de HIV Por Henry Kabwe Mesmo com a taxa de prevalência de dos ritos de limpeza sexual (nos quais os 16% (Inquérito Demográfico de Saúde da homens têm sexo com uma virgem na Zâmbia), muitos zambianos ainda crença ridícula de que irá curá-los contra consideram a pandemia como uma doença o HIV) e que as mulheres geralmente para pessoas imorais e a estigmatização carregam a culpa logo que se descobre é predominante. que um casal está vivendo com HIV. De acordo com o Director de Programas A Zulu, que começou uma do Conselho Nacional de SIDA (NAC) na organização chamada Eternity Foundation Zâmbia, Dr Maxwell Simwinga, a Política nas vilas da cintura de cobre de Luanshya Nacional de SIDA aborda os assuntos de e Kitwe diz que em vez de acusar as estigmatização. Numa entrevista na pessoas de estigmatização, devemos conferência, ele disse que a política espera encontrar formas de avançar para a frente assegurar que as pessoas vivendo com HIV na abordagem do problema. (PVHS) sejam colocadas em posições de Quando fui dito que era HIV autoridade para elas contribuirem no positivo, usei a oportunidade para ir às desenvolvimento da nação. Dessa forma, empresas e comecei a pedir boleias nos as pessoas irão saber que as pessoas vivendo camionistas que pensavam que eu era com o vírus têm cérebros e podem trabalhadora de sexo, e dei-lhes educação contribuir para a nação. O problema da sexual. Tendo vivido com HIV durante 10 anos estigmatização na Zâmbia agora, a Zulu diz que deve a sua divulgação origina da noção de que as Tendo vivido com HIV durante a várias oportunidades que teve na vida. pessoas que têm HIV Ela encontrou-se com presidentes, obtiveram-no a partir do sexo, 10 anos agora, a Zulu diz que pessoas de negócios e líderes mundiais de disse o Dr Maxwell. alto nível tais como George Bush e Stephen De acordo com a Iniciativa deve a sua divulgação a várias Lewis. Ela agora trabalha com a Visão Regional de Assistência PsicoMundial, que tornou possível para ela se oportunidades que teve na vida. social (REPSSI), uma rede mudar para os Estados Unidos onde está regional do sul do Sahara radicada com os seus dois filhos. baseada em 13 países que Tinha como alvo os homens porque Quando fui descoberta que era HIV trabalham para mitigar o impacto do HIV logo que um homem estiver protegido, a positivo em 1997, tinha apenas 21 anos de e SIDA nas crianças através da assistência esposa em casa estará protegida e os seus idade e não muitas pessoas estavam dispostas psico-social, a estigmatizaçãotem um sério parceiros, ela diz. a falar sobre HIV/SIDA. O Dr. Masauso impacto na juventude. Muitos apresentadores de alta categoria Phiri [um activista zambiano de SIDA] Principalmente, a nossa cultura na IAC condenaram fortemente a apresentava um programa de rádio que não encoraja os jovens para falarem mal sobre estigmatização e a experiência enfrentadas era popular devido à estigmatização e aqueles que são infectados através de pelas PVHS. É a responsabilidade de todos quando fui encorajada a ir ao público, as fofoca ou simplesmente falar contra a nós é assegurar que isto tenha significado pessoas pensaram que eu queria fazer pandemia em contos e outras nas suas vidas. O que falta é o seguimento dinheiro mas o que fiz possibilitou para os aglomerações. Logo que um deles no para as resoluções feitas na conferência outros se revelarem grupo descobrir que o têm, começam a para assegurar que as populações agora, diz a sentir vergonha para dizer aos outros ou negligenciadas do mundo beneficiem do Zulu. vão para o aconselhamento e testagem encontro que atraiu mais de 20.000 voluntários por causa daquilo que eles delegados. ¢ acreditavam sobre o que foi dito, diz o Director Executivo Adjunto de REPSSI, Henry Kabwe é Correspondente Principal Daphtone Siame. de HDN, Zâmbia, EA Princess Kasune Zulu acredita que mail:[email protected] Web: a cultura desempenhou o papel www.healthdev.org/kc positivo bem como negativo na luta http://www.healthdev.org/kc contra o HIV na Zâmbia. Tendo perdido a sua mãe em 1993 e o Este artigo foi extraído de Lifting the veil - Shedding seu pai em 1994, ela teve o light on HIV Stigma and Discrimination, a new encargo de tomar conta de advocacy document from Health & Development nove irmãos (três irmãos, uma Networks (HDN). Esta colecção de escritas e irmã e sobrinhos e sobrinhas), relatórios descreve vários aspectos e visões sobre a estigmatização relacionada com o HIV que veio à a Zulu diz que a capacidade superfície durante a XVI Conferência Internacional de estarem juntos como uma sobre SIDA em Toronto, Agosto de 2006. Escrito família no meio da por uma equipa de Correspondentes Principais de estigmatização foi como renome (KCs) da Índia, Irlanda, Namíbia, Tailândia, resultado dos fortes valores Uganda,Reino Unido, Vietname, Zâmbia e culturais. Zimbabwe, esta colecção oferece uma diversidade real Ela também aponta que Ex-Chefe de Estado Zambiano, Kenneth Kaunda, de perspectivas e opiniões sobre a maioria dos fenómenos as atitudes culturais também destrutivos da epidemia de HIV. Lifting the veil está revelou que o seu filho morreu de SIDA expuseram as mulheres num disponível a partir de 1 de Dezembro de 2006 em: www.hdnet.org risco incrementado através Lesley Lawson À medida que a SIDA atingia a sociedade zambiana na década 90, a Princess Kasune Zulu levantou-se contra a cultura de estigmatização para declarar que era HIV positivo. A Zulu disse numa entrevista na Conferência Internacional sobre SIDA (IAC) em Toronto, que a sua decisão de divulgar o seu estado custou-a que muitas pessoas começassem a estigmatizá-la mas ela estava determinada para ganhar a batalha porque ela sabia que mesmo as pessoas que estavam a estigmatizar contra ela poderiam ser HIV positivo. 2007 Vol 13 No 1&2 15 Linhas de SIDA Por Warren Feek Participar no Congresso Mundial sobre SIDA em Toronto tinhas que gostar de andar. Foi uma grande conferência (mais de 25.000 pessoas) num imenso centro de conferências. Assim, todos nós marchámos, de sessão a sessão, de South Tower para o North Tower do centro de Imprensa para a Global Village e de volta outra vez. Onde quer que fosses existiam duas colunas constituídas por uma porção substancial da comunidade mundial da acção de HIV/SIDA, movimentando em direcções bem ordenadas e opostas. O enfoque estratégico do Congresso tinha as mesmas características. A linha dominante e oficial no Congresso sobre SIDA de Toronto era sobre a prevenção médica da tecnologia. As grandes plenárias, oradores de alto nível e famosos e comunicados de imprensa tinham um pedaço de tecnologia por algum lado gel microbicidal, dispositivo de corte de circunsição (seja o que ele for) e o fornecimento incrementado de ARVs (antiretrovirais). Mesmo esta lista era limitada com pouco enfoque em duas outras tecnologias, uma básica e outra complicada, o preservativo e a vacina uma demasiado "cheia de valores" e a outra talvez demasiado perto dum horizonte muito distante. Neste método de tecnologia, o HIV/SIDA é um assunto distinto e separado, técnico e apolítico. Agora toda a gente gosta duma solução simples para um problema muito complexo. A pandemia de SIDA é complexa independentemente de que ângulo é dissecada. Se um parceiro sexual controlasse o gel que neutraliza a transmissão seria uma solução muito simples. Da mesma maneira seria bom haver ARVs para todos. E, se apenas pudéssemos, como foi citado como uma possibilidade baseada em alguns dados iniciais, 16 reduzir a transmissão através de circuncisão em massa. A linha bem curada em Toronto os que põem avultadas somas de dinheiro, possuem grandes agências e têm um papel sénior nas Nações Unidas expressaram esta agenda marcadamente coerente. A linha de pé descalço em Toronto tinha uma realidade diferente. As pessoas que trabalham no terreno, África, Ásia, Caraibas, América Latina, Europa do Leste, o Pacífico, comunidades significativas na Europa e América do Norte expressaram e debateram a sua análise, ideias e experiências à margem do Congresso em sessões satélites, informais e em cartazes, e em conversas informais na Global Village, corredores e outros locais mais sociais. Dados os números e tendências de SIDA- mortes e infecções os "de pé descalço" compreendem as barreiras severas de tempo para soluções simples que estão a ser propostas. Um gel microbicidal aparecerá no mínimo dentro de 5 anos. As realidades do lado do fornecimento para os ARVs, com a necessidade de 60 biliões de dólares ao longo de 10 anos [The Economist] e taxas de cobertura muito baixas até ao momento espreitam a linha do pé descalço exactamente nos seus olhos todos os dias da semana. Quando a circuncisão em massa é posta como uma possível solução simples, Os "desafios" culturais são todos demasiado claros da perspectiva dos de pé descalço. Esta linha sabe que o HIV e SIDA é um assunto político derivado inextricavelmente e ligado à pobreza, género, educação, direitos humanos, cultura, governação, outros assuntos básicos de desenvolvimento e prioridades políticas e recursos. Porque o ponto de partida para esta linha de SIDA com os seus pés no chão são as pessoas e comunidades directamente afectadas pelo HIV e SIDA não os campos médicos, o imediato não o distante, e complexo não o simples. Elas trabalham perto desta viciosa doença social e política, nos seus diferentes países e comunidades, tentando aumentar o diálogo e debate sobre o HIV; fazem campanha para o aumento dos medicamentos e melhores serviços; aumento do uso de preservativo; reduzir a estigmatização; priorizar o HIV e SIDA para atenção no seio das suas instituições nacionais e locais; organizar melhor as suas respostas; procurar e manter mais altos os níveis de informação, conhecimento e consciencialização; 2007 Vol 13 No 1&2 empoderar as mulheres e encorajar mais homens respeitosos; influenciar a política pública; e assegurar que as pessoas estejam sensibilizadas das possíveis acções preventivas pessoais que podem tomar e que sejam encorajadas e ajudadas a tomar tais acções. Elas procuram estas importantes mudanças através de smorgasbord completos de acções e estratégias contextualmente relevantes do fortalecimento do sistema de saúde, entretenimentos radiofónicos, trocas de agulhas, promoção e fornecimento de preservativos para pessoas vivendo com grupos de HIV/SIDA, desafios legais contra empresas farmacêuticas, letras de música e currícula escolares (apenas para mencionar alguns). As pessoas do pé descalço estão a ficar cada vez mais cansadas e com os pés cansados em prosseguir este caminho, o que é estranho, como era o conjunto de acções apresentadas acima que eram tão aparentemente bem sucedidas na abordagem do HIV e SIDA em Uganda, Tailândia e comunidades de homossexuais na primeira década da epidemia bem como a mais recentemente abertura das possibilidades dos medicamentos genéricos. Mas agora, a ênfase global mudou muito significativamente para o método de tecnologia médica. Isto teve dois efeitos. Os sonhos à volta de gel especial, ARVs, vacinas e agora a circuncisão podem prejudicar as realidades das respostas locais. Quando as grandes agências não só priorizam a sua voz para o método de tecnologia global mas também priorizam o seu financiamento de alto nível na mesma ...os "de pé descalço" compreendem as barreiras severas de tempo para soluções "simples" que estão a ser propostas. direcção, então isto retira o impulso da acção local e nacional para a ciência e tecnologia globais serem mais compostas. E os sem sapatos aqui sabem que mesmo que se desenvolvam tecnologias, os ARVs e o gel sejam disponibilizados a nível mundial, a circuncisão e talvez as vacinas funcionem e sejam disponíveis dentro de 5 a 10 anos, então os assuntos de cultura, normas sociais, comportamentos, estigmatização, pobreza, género e educação irão constituir barreiras consideráveis para a sua aplicação. Temos todos de esperar que dentro de dois anos, entre agora e o próximo Congresso Mundial sobre SIDA na Cidade de México em 2008, seja concebida uma linha de financiamento estratégica melhor equilibrada entre os de sapatos com saltos altos e os de pé descalço, as intervenções sociais e técnicas, médicas e de comunicação. Talvez então, na Cidade de México, possamos todos andar numa linha produtiva. Certamente necessitamos disso. ¢ [email protected] Cortesia da página da Internet da Communication Initiative de 25 de Agosto de 2006. http://www.comminit.com/conundrums/conund rums/conundrums-17.html Negócio na África Austral Deve Apreciar o seu Ambiente de Funcionamento O impacto de HIV e SIDA na economia global nos próximos cinco anos irá provavelmente causar perdas severas, de acordo com o Relatório do Fórum Económico Mundial de 2006. "A futura preocupação está a surgir sobre o impacto esperado de HIV/SIDA nas operações das empresas ao longo dos próximos cinco anos," Relatório do Fórum Económico (WEF) de 2006, intitulado: Business & HIV/AIDS: A Healthier Partnership. As perdas de negócio estão previstas a 46 por cento em 2005 comparados com 37 por cento em 2004. O que uma vez pensávamos como uma doença que apenas afectava os sectores estigmatizados da sociedade é agora entendido como sendo uma crise de desenvolvimento, especialmente para a África Austral. A OIT desenvolveu um código de conduta sobre o HIV e SIDA, e a SADC desenvolveu o seu próprio, enquanto cada país desenvolveu os seus próprios estatutos nacionais no local de trabalho. Os governos e a sociedade civil tomaram consciência em relação ao problema através da colocação de 2007 Vol 13 No 1&2 antecedentes legislativos para permitir o sector empresarial para ajudar a virar a maré da epidemia. É imperioso que o sector empresarial na África Austral comece a compreender o ambiente em que está a operar e se envolver na prestação de cuidados e assistência da prevenção de HIV. Os Programas de HIV e SIDA no Local de Trabalho oferecem ao sector privado a oportunidade de integrar o HIV, bem como fazer uma grande contribuição na redução do impacto da epidemia, especialmente na África Austral. Os assuntos e desafios chave para uma implementação eficiente do programa são: falta de apoio e cometimento do topo dos directores; luta contra a estigmatização e discriminação; recursos financeiros limitados; apropriação dos trabalhadores; mobilização de recursos, conhecimento e consciencialização. O CD-Rom que estamos a avaliar no verso apresenta muitas percepções sobre como o HIV pode ser integrado no seio do local de trabalho, para a melhoria dos trabalhadores e do próprio negócio. 17 Experiências & Lições de desenvolvimento e implementação duma política de HIV e SIDA no local de trabalho Avaliação do CDROM conjuntamente produzido por CARE e Oxfam Internacional Godsway Shumba and AbigailMazh O CD Rom do Local de Trabalho é um recurso rico cheio de experiências, ideias e informação práticas sobre como gerir e elevar a consciência sobre o HIV e SIDA no local de trabalho. Os recursos no CD Rom incluem um documento sobre Bons Doadores nos Tempos de SIDA apresentando algumas directrizes para as contrapartes da Oxfam Novib na gestão de HIV e SIDA no local de trabalho. A Oxfam Novib demonstra o seu comprometimento em satisfazer as necessidades financeiras das contrapartes durante o processo de desenvolvimento da política sobre HIV e SIDA no local de trabalho e reconhece o HIV e SIDA como um problema crítico e crescente que ameaça a produtividade, rentabilidade e bem-estar de todos os trabalhadores e as suas famílias. Este pacote de informação contém informes com algumas experiências e recomendações práticas sobre a integração de HIV e SIDA no local de trabalho, que surgiram dum workshop facilitado pela CARE na África do Sul em 2005, com os participantes dos escritórios nacionais da CARE que desenvolveram políticas sobre o HIV e SIDA no local de trabalho. O CD Rom também apresenta resumos da política sobre o HIV e SIDA no local de trabalho desenvolvida pela Oxfam Grã-Bretanha (GB) e a Oxfam Acção Comunitária no Estrangeiro (OCAA). O Manual sobre HIV e SIDA dos Trabalhadores da Oxfam, também inclusa, é uma excelente ferramenta para a elevação da consciência sobre assuntos de HIV e SIDA entre os trabalhadores. Enquanto existe um acordo geral que os detalhes da política do local de trabalho devem ser baseados no contexto local, o CD Rom conclui que existem entretanto 18 padrões básicos para todas as políticas bem sucedidas. Tais políticas incluem princípios chave de boas práticas extraídas das leis nacionais e internacionais de trabalho, tais como aquelas da Organização Internacional de Trabalho (OIT) e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). A política deverá ser capaz de abordar os quatro grandes objectivos de prevenção, vida positiva, acesso e aderência ao tratamento e mitigação dos impactos sociais e económicos. A política sobre o HIV e SIDA no local de trabalho da Oxfam GB implementa a educação, actividades de sensibilização e prevenção e advoga para material local adicional sobre o HIV e SIDA nos cartazes, boletins informativos e brochuras em cada escritório. As intervenções de emergência são também tomadas em consideração com políticas, incluindo cláusulas para o fornecimento de preservativos masculinos e femininos, tratamento profiláctico pósexposição (PEP), aconselhamento e testagem gratuito, confidencial e voluntário e tratamento médico para as condições relacionadas com o HIV e SIDA. O CD Rom discute opções para o desenvolvimento duma política independente sobre HIV e SIDA ou aplicação duma política geral de saúde e bem-estar. Como o Informe da CARE observa, em ambas as situações é vital assegurar que os aspectos da política que abordam o HIV e SIDA e aquela que lida com outros assuntos de saúde e bem-estar dos trabalhadores sejam consistentes uma com outra a partir do início. Esta abordagem também assegura que o HIV e SIDA não desloque a atenção justificável para outras condições tais como diabetes e cancro. Também no CD existem formas de lidar com a confidencialidade enquanto tendo acesso aos serviços de HIV e SIDA. Os participantes no workshop da CARE notaram que muitos trabalhadores são relutantes de usar os serviços disponíveis por medo de que os outros irão descobrir que eles estão vivendo com HIV. Para dissipar este medo, a política sobre HIV e SIDA no local de trabalho da OXFAM GB impede a existência duma condição de HIV e SIDA de influenciar as decisões à volta de promoção, transferência e destacamento de trabalhadores; mesmo na situação onde o trabalhador revela o seu estado de HIV, a informação deve ser tratada com o maior sigilo. As outras componentes críticas da política sobre o HIV e SIDA na política do local de trabalho discutidas no CD Rom incluem assuntos sobre quem devia ser incluído na política e o que vai acontecer para os trabalhadores no tratamento depois deles se demitirem, ou quando o seu emprego tiver sido rescindido. A edição de Dezembro de 2005 de Exchange é também um dos materiais de recurso do CD Rom no local de trabalho. A revista oferece experiências de vida real de Phindile, uma pessoa vivendo com HIV num local de trabalho de HIV negativo e a Rose, que mostra que é possível viver saudavelmente e uma vida produtiva numa organização de HIV positivo. A Rose foi capaz de ter acesso a medicamentos antiretrovirais e outros serviços essenciais para as pessoas vivendo com HIV devido à sua política do local de trabalho. As experiências do Fórum de SIDA do Género na África do Sul e a Organização de Serviços de SIDA de Midlands oferecem lições úteis sobre o desenvolvimento e implementação de políticas do local de trabalho. Uma das lições chave tirada da sua experiência é a necessidade para a flexibilidade com vista a ser responsivo para as situações que estiveres a enfrentar e que não emparelham necessariamente à política. Este CD ROM é um recurso útil para qualquer organização pensando em desenvolver uma política do local de trabalho, bem como para aquelas que já possuem uma. Destaca que as políticas de HIV no local de trabalho são dinâmicas e não apenas uma actividade que acontece uma vez. ¢ 2007 Vol 13 No 1&2 Estigmatização Mata Também A organização dos direitos humanos, Human Rights Watch, destacou a importância de abordagem da estigmatização nos esforços para controlar a epidemia de HIV, que diz ser alimentada pelos abusos dos direitos humanos. Nas apresentações na XVI Conferência sobre SIDA em Toronto, o grupo destacou apenas alguns dos muitos abusos dos direitos humanos directamente relacionados com o HIV. Estes abusos incluiram o assassinato da mulher ugandesa Vivian Kavuma pelo seu amante depois dela divulgar o seu estado de prevalência; um rapaz queniano de 15 anos de idade, esfaqueado pelo seu tio porque era HIV positivo; a detenção de cinco activistas zimbabweanos de SIDA enquanto comemoravam o Dia Mundial de SIDA e a colocação sob prisão domiciliária de 23 pessoas vivendo com HIV na China, para prevení-los de apresentar uma petição ao Congresso da China. Nos 25 anos desde a sua identificação, o HIV já ceifou 22 milhões de vidas e infectou mais de 60 milhões de pessoas. Poucos países tiveram sucesso no controlo da epidemia, mas os que o fizeram, seguiram o agora identificável caminho. Embarcaram em campanhas de educação compreensiva, assegurando que as suas populações saibam como a doença é transmitida e dando o acesso pronto aos preservativos e onde for apropriado, agulhas limpas e metadone. Igualmente importante, criaram acesso à TAR e abordaram as vulnerabilidades especiais das mulheres e raparigas para a violência e abuso com base no género. A documentação e punição dos abusos de direitos humanos relativos ao HIV são elementos essenciais na luta contra a epidemia, juntamente com a educação sobre a prevenção informada por evidência científica. A vulnerabilidade ao HIV está ligada à marginalização social dos mais afectados pelo vírus. Noutras palavras, prospera em condições de pobreza e desigualdade, entre as mesmas pessoas que são frequentemente vítimas de abusos dos direitos humanos; raparigas e mulheres, trabalhadoras de sexo, emigrantes, prisioneiros e homens que têm sexo com homens. 2007 Vol 13 No 1&2 Lesley Lawson Por SAfAIDS Staff Os níveis de ressurgimento de doenças de transmissão sexual na Tailândia podem estar ligados ao fracasso do governo de lidar com os reservatórios da infecção entre os utilizadores de drogas injectáveis e os trabalhadores emigrantes e a bandeira da campanha do uso de preservativo em 100%. A adopção de leis que especificamente banem a discriminação contra pessoas vivendo com HIV é uma das chaves para conter a epidemia, embora poucos países no sul do Sahara tenham implementado a legislação, o banimento da discriminação contra essas populações mais em risco de exposição ao HIV. Uma outra tendência preocupante para os observadores dos direitos humanos é a mudança do aconselhamento e testagem voluntários rumo ao sistema de testagem de rotina ou opção. Isto foi justificado pelo número crescente daqueles que não estão atentos sobre o seu estado de HIV positivo e é visto como uma forma de protecção às mulheres afro-americanas, que têm a taxa mais alta de novas infecções nos EUA. Este método novo e prescritivo substitui os anteriores programas que encorajam as comunidades para reconhecer a sua vulnerabilidade e aprenderem como se proteger. Também está contra as noções de encorajamento de maior prestação de contas pelos governos e melhoramento da cooperação entre eles e a sociedade civil. A abordagem de HIV dos direitos humanos é que pode ser direccionada através duma ampla educação de prevenção e pelo empoderamento das comunidades para reconhecerem a sua vulnerabilidade e responder condignamente. Como a política para prevenção com base na evidência argumenta, tais intervenções devem ser baseadas em evidência, em vez de promover estratégias tais como ABC que são culturalmente insensíveis e não têm nenhuma eficácia provada. Isto é evidenciado pelo aumento da taxa de prevalência no Uganda, que acontece depois da adopção das mensagens de abstinência e a baixa disponibilidade de preservativos. Assim, na África Austral, a falta de protecção para as mulheres em termos de direitos de propriedade e as frequentes contradições entre a lei civil e consuetudinária mantêm e aumentam a desigualdade das mulheres e, assim, a sua susceptibilidade ao HIV. Existem também insuficiências legais nos países desenvolvidos. A GB criminalizou recentemente a transmissão deliberada de HIV e num caso recente que causou ondas de choque entre os defensores dos direitos humanos, a polícia seguiu os ex-parceiros sexuais duma mulher para determinar se ela tinha transmitido HIV a eles. A mulher foi encarcerada como resultado. Os defensores dos direitos humanos argumentam que a criminalização irá provavelmente agravar a já existente estigmatização contra o infectado. Então há países, o mais notável e chocante sendo os próprios EUA, que impõem restrições de viagem e imigração para as pessoas vivendo com o vírus, forçando as pessoas afectadas a irem clandestinamente e fora da lei. A aplicação arbitrária das leis como estas aumenta a probabilidade da discriminação contra as pessoas vivendo com HIV. A não ser que estes assuntos sejam resolvidos, o HIV irá continuar a saciar a devastação. O desempenho desapontador das nações mais ricas do mundo na reunião mesmo as suas próprias metas, não vaticina bem para as realizações do progresso tangível até 2010 proposto na recente cimeira do Grupo dos Oito em St Petersburg. ¢ 19 CIMEIRA INFANTIL DO DISTRITO DE THABO MOFUTSANYANA 16-18 DE JUNHO DE 2006 FIKA PATSO, ESTADO LIVRE Por Fungai Machirori A epidemia de HIV e SIDA cada vez pior aumenta o grande peso e desafio para o desenvolvimento da democracia de 12 anos de idade da África do Sul, numa altura em que a nação está ainda a tentar revertir o legado da era do apartheid da desigualdade e pobreza. Dos 18 milhões de pessoas da África do Sul com menos de 18 anos de idade, um total de 60% estão a viver debaixo da pobreza um estado exacerbado e geralmente causado por HIV e SIDA. Mais de um décimo dos jovens sul africanos no grupo etário de 2-14 anos perderam a mãe, o pai ou ambos os pais. Estas perdas, que geralmente tornam as crianças provedores de cuidados e chefes de famílias, são amplamente atribuíveis à epidemia. 20 e mais importante ainda, as crianças destas áreas. Isto assegurou que as crianças tivessem acesso aos fazedores das suas próprias decisões, que iriam depois tomar em consideração os seus pontos de vista e acomodar as suas diversas circunstâncias. A Cimeira tinha também o objectivo de criar A Cimeira estava estruturada de forma que minimizasse a influência dos adultos para assegurar a apropriação total das crianças. No primeiro dia, as crianças foram agrupadas por idades e atribuídas facilitadores com quem realizar as actividades e preparar as apresentações. Antes das sessões de trabalho, os facilitadores e os relatores receberam informes sobre as orientações éticas e técnicas envolvidas na participação da criança. As crianças foram também informadas para determinar até que ponto elas compreendiam o objectivo e os processos da Cimeira. No seio dos seus grupos, as crianças discutiram o que tinham entendido sobre os direitos e responsabilidades da criança. O objectivo deste exercício foi de encorajar as crianças para se conhecerem umas às outras, bem como avaliar os seus níveis de compreensão e conhecimento dos seus direitos. Sessões de retorno, principalmente em forma de simulações, teatro, desenho e recitação de poemas mostraram o grande nível de consciencializaão das crianças dos seus direitos e até que ponto achavam que estes estavam a ser violados. As crianças destacaram as principais preocupações, tais como o absentismo dos pais devido à migração laboral, que resultava em prestação comprometida dos cuidados. Também mencionaram a necessidade para serem confiadas ren e Child Save Th Depois da Conferência Nacional da Criança Órfã e Vulnerável (OVC) de 2002, foram desenvolvidos um Quadro de Política Nacional (NPF) e um plano de acção para a OVC pelo Comité Nacional para a Criança Afectada por HIV e SIDA (NACCA). A protecção e promoção dos direitos humanos e da criança foram identificadas como princípio orientador para o NPF. Um outro assunto chave foi o de assegurar que as comunidades e partes interessadas, incluindo OVCs e os seus provedores de cuidados primários e famílias sejam envolvidos na planificação, tomada de decisão, implementação e monitoria de políticas e programas. Percebendo que as crianças em particular têm falta de voz política e representação para participar na sociedade, e assim actuam como cidadãos para influenciar as decisões que as afecta, a Cimeira da Criança do Distrito de Thabo Mofutsanyana / Save the Children da GB foi convocada para experimentar emendar isto e muitos outros assuntos. A Cimeira de três dias, financiada por Ajuda Irlandesa e Fundo Global de Oportunidades do Alto Comissariado da Grã Bretanha na África do Sul, teve lugar de 16-18 de Junho de 2006, juntando Membros dos Comités Municipais do Ditrito de Thabo Mofutsanyana, vereadores dos municípios locais, espaço para as crianças expressarem os seus pontos de vista, formular opiniões e fazer recomendações sobre como os serviços para eles poderiam ser melhorados. Finalmente, estes pontos de vista iriam ajudar a Save the Children da GB, e por extensão, outras ONGs e organizações comunitárias para avaliarem o seu impacto sobre as vidas das crianças no seio dos seus municípios. 2007 Vol 13 No 1&2 representadas e o seu papel no seio da comunidade. Os adultos assim tentaram vender os serviços que prestam com vista a responder as necessidades e assuntos identificados pelas crianças. À noite, as crianças realizaram um concerto por si próprias concebido, planificado, dirigido e executado. Isto claramente descreveu os assuntos que acharam afectá-las diariamente. Muito comum entre estes foi o medo da vida de rua e a vadiagem resultando em condições familiares instáveis. No último dia, as crianças juntaram-se para identificar assuntos a partir do dia anterior. Depois, as crianças foram reorganizadas em grupos de acordo com os seus municípios. Elas foram juntadas na segunda sessão pelos vários representantes das organizações que têm programas nos seus respectivos municípios a fim de desenvolver actividades chave para ajudá-los a levar o processo de desenvolvimento avante depois da cimeira. Os direitos discutidos Save Th e Child ren pelos pais e a dificuldade que encontravam em ter os documentos de cidadania na morte dos seus provedors de cuidados. Tais dificuldades significavam que eram incapazes de ter acesso à concessão da segurança social para a educação e outros serviços sociais. Mas em vez de meramente avaliar a consciencialização sobre estes assuntos, o exercício desenvolveu isto mais em sensibilização sobre os direitos. Depois as sessões de retorno, os facilitadores organizaram um mini-workshop para sensibilizar as crianças sobre os vários instrumentos dos direitos que a África do Sul é signatária. Estes incluiram a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, a Lei dos Direitos Constitucionais da África do Sul e a Carta da Criança da África do Sul. O segundo dia da Cimeira foi dividido em duas sessões, uma para crianças, e a outra para adultos. O grupo de crianças trabalhou em tópicos tais como direitos que deviam ter, os direitos que estavam realmente a ter e os que não estavam a ter, e quem deve cumprir estes direitos. Notados entre os direitos que as crianças deveriam ter incluiam o direito de ser escutado e ouvido, abrigo adequado, acesso aos serviços de saúde e educação gratuita, e o direito a serviços de aconselhamento e testagem para HIV e SIDA. Foi porém notado que estes direitos não foram sempre satisfeitos, como participantes contribuiram exemplos de violações de direitos que incluiram a negligência do dever da prestação de cuidados pelos provedores de cuidados primários de pessoas que abusam o álcool, frequência escolar irregular devido à negligência dos pais, difíceis condições de vida em famílias adoptivas e crimes de violação sexual, assalto e sequestro. Elas recomendaram o fortalecimento da assistência aos Fora de Cuidados à Criança para permitílas aprestarem mais serviços a crianças. Os Fora de Cuidados à Criança de todos os municípios eram responsáveis pela selecção e acompanhamento das crianças à Cimeira. O grupo de adultos para as sessões do segundo dia era composto por convidados de ONGs, CBOs, FBOs, Departamentos de Estado e Vereadores Municipais. Eles foram divididos em grupos e levaram o dia todo nas actividades de sensibilização da participação da criança em actividades familiares e comunitárias. O processo de retorno para o dia foi organizado em duas formas. Primeiro, as crianças prepararam uma galeria de arte contendo as deliberações do seu grupo. Depois o grupo dos adultos tinha que passar pela galeria, tomar notas, fazer comentários e fazer perguntas, depois disso eles montaram uma barraca a partir da sua compreensão das necessidades das crianças. As barracas deram nomes das organizações no segundo dia foram priorizados e depois submetidos ao Executivo do Município Distrital, representado pelo Membro do Comité Municipal responsável pelos Assuntos Sociais. As crianças também se juntaram para acordar um conjunto de recomendações chave que queriam para serem apresentadas à Conferência Nacional de OVC posteriormente nesse ano. As recomendações foram agrupadas em cinco categorias educação, ambientes seguros e higiénicos, saúde, segurança social e participação da criança. Algumas das recomendações incluiam o acesso à educação, serviços de saúde básicos, seguros e gratuitos e programas com enfoque no comportamento dos jovens e estilos de vida saudáveis. Foi também recomendado que fossem abertos mais serviços para o aconselhamento e testagem voluntários para os jovens. Foi também destacado o papel dos trabalhadores sociais na monitoria do bem-estar de OVCs nos cuidados de adopção. As crianças acharam fortemente que sejam realizados workshops similares ao nível de municípios para dar uma oportunidade à audiência mais ampla de crianças bem como os seus pontos de vista. Também solicitaram retornos regulares de organismos relevantes sobre as recomendações que fizeram bem como o retorno a nível distrital pelas crianças que iriam participar na Conferência Nacional de OVC. Uma observação importante feita pelos facilitadores foi de que enquanto as crianças reconheciam o trabalho feito pelas ONGS, CBOs, FBOs e os departamentos governamentais nas suas comunidades, o seu primeiro ponto de referência eram os Fora de Cuidados da Criança. Os facilitadores apelaram fortemente para mais apoio ser prestado pelos municípios e governos a estes fora. Uma importante lição aprendida a partir da Cimeira foi de que as crianças não são simples receptores passivos de cuidados ou de decisões dos adultos, mas ao contrário, são importantes contribuintes nos processos de tomada de decisão e actores no processo das reformas relevantes para as suas famílias, escolas e comunidades. Para tal, as relações entre os adultos (pais, professores, provedores de cuidados e outros que interagem com as crianças) e as crianças deverão evoluir de simples provedores, protectores e defensores para serem negociadores e facilitadores. Houve um consenso geral de que continua o desafio de assegurar que as recomendações sejam levadas mais avante e sejam amplamente criadas oportunidades para as crianças se envolverem nos processos que visem melhorar a sua qualidade de vida. Assim iria envolver a integração da participação da criança em todos os níveis, por todas as organizações que prestem serviços à criança. ¢ Uma importante lição aprendida a partir da Cimeira foi de que as crianças não são simples receptores passivos de cuidados ou de decisões dos adultos, mas ao contrário, são importantes contribuintes nos processos de tomada de decisão e actores no processo das reformas relevantes para as suas famílias, escolas e comunidades. Este artigo foi patrocinado pela Save the Children (GB). 2007 Vol 13 No 1&2 21 Getty Images Adherence is also affected by poverty, through lack of funds to travel to health centres. Dificuldades Enfrentadas por Mulheres da África Austral no Acesso ao Tratamento Mapeado Por ICW No início da identificação e destaque das barreiras que as mulheres enfrentam no acesso aos cuidados de tratamento de qualidade e apoio para a infecção de HIV, ICW (Comunidade Internacional de Mulheres Vivendo com HIV/SIDA) realizou três mapeamentos das experiências de cuidados, tratamento e apoio das mulheres com HIV positivo vivendo na Namíbia, Quénia e Tanzânia. Os mapeamentos da Tanzânia e Quénia são pequenas apresentações dos resultados, e incluem os resultados dos grupos focais de provedores unissexos e de serviços. Porém, o maior destaque de cada relatório é dos resultados dos grupos focais só de mulheres e de questionários. O relatório da Namíbia é um pouco diferente porque é uma descrição pessoal das experiências dos pesquisadores da condução do mapeamento, enquanto as respostas das mulheres às perguntas são apresentadas como um anexo. Esta perspectiva foi incluida com vista a mostrar uma imagem mais rica do processo e dos resultados. Dentre outros assuntos, os estudos revelaram os tipos de pressão (incluindo violência) que as mulheres enfrentam, para partilhar os seus medicamentos com os que não foram testados, bem como os seus problemas em assegurar a permissão dos membros da família do sexo masculino para ter acesso aos serviços. A aderência é também afectada pela pobreza, através da falta do acesso à boa nutrição, pressão para vender os medicamentos e problemas para conseguir fundos para a deslocação aos centros de saúde e pagamento dos serviços. Mesmo quando 22 a TAR é dada gratuitamente, são sempre necessários subornos e cobranças feitas para o tratamento conexo para OIs e DTS. Os estudos mostram que a maioria dos participantes enfrentou rotura de medicamentos e inexistência de serviços conexos. Algumas mulheres são ditas para usar contraceptivos se quiserem ter acesso ao tratamento. Quase todos já enfrentaram a discriminação dos trabalhadores dos cuidados de saúde ou violações dos seus direitos à confidencialidade. Isto claramente afecta a eficiência dos serviços e algumas vezes previne as mulheres de divulgarem o seu estado de saúde aos trabalhadores dos cuidados de saúde. A falta de apreciação pelos trabalhadores de saúde das barreiras enfrentadas pelas mulheres com HIV positivo no acesso e aderência ao tratamento levou-os a acharem que os clientes são difíceis de gerir. O ICW espera que as constatações irão contribuir para a advocacia para o aumento do apoio político e recursos para abordar as barreiras relativas ao género para prestação de cuidados, tratamento e apoio e uma compreensão crescente de que a ligação entre o tratamento e um bem-estar melhorado não pode ser avaliado simplesmente através dos números de mulheres e homens que têm acesso a ARVs. O acesso à prestação de cuidados, tratamento e apoio não é apenas sobre a obtenção de medicamentos. É sobre o apoio de qualidade, aconselhamento e opções alcanáveis para todos. Mas é também sobre a mudança das condições das vidas das mulheres para que as mulheres com HIV positivo possam usar os tratamentos essenciais com sucesso. ¢ Os mapeamentos podem ser vistos na página da Internet da ICW; Namibia: http://www.icw.org/files/ Namibia%20ACTS%20mapping.doc Tanzania: http://www.icw.org/files/ Tanzania%20ACTS%20mapping.doc Kenya: http://www.icw.org/files/ Kenya%20ACTS%20mapping.doc 2007 Vol 13 No 1&2 Drenagem de Cérebros Africanos Por Caroline Hooper-Box Os serviços públicos de saúde da África Austral encontram-se num estado de emergência. Os maus vencimentos e condições de trabalho, mais o impacto do HIV e SIDA estão a sangrar o sistema do seu mais valioso recurso: pessoas. Com o custo da formação dum médico de medicina geral estimado em $60.000, e a formação auxiliar do médico em $12.000, a União Africana estima que os países de baixa renda subsidiam os países de alta renda na ordem de $500 milhões por ano através da perda dos seus trabalhadores de saúde. Nem todos vão para o norte. A Namíbia importa enfermeiros a partir de Quénia e a África do Sul recebe grandes números de trabalhadores de cuidados de saúde a partir da região. Os governos africanos estão a fazer o que podem para parar o êxodo. Em Malawi, por exemplo, o Ministério da Saúde concebeu um programa de emergência dos recursos humanos de $278 milhões. Inclui um suplementosalarial de 50% para trabalhadores essenciais de saúde, suportado por fundos do governo britânico, e a provisão de médicos e formadores de enfermeiros voluntários de emergência de parar com o fosso provenientes do estrangeiro. Na Zâmbia, os trabalhadores de saúde afectos nas zonas rurais recebem um subsídio de isolamento embora o Alex Mulala, um funcionário da clínica no Centro de Saúde Rural de Chipapa, diga que mesmo com o Getty Images Desde o ano 2000 em Malawi, mais de 100 enfermeiros requereram cada ano o registo para trabalhar no estrangeiro. Outros foram ao estrangeiro sem os papéis oficiais, e mais ainda demitiram-se para trabalhar em clínicas privadas ou para ONGs em Malawi. Com 28,6 enfermeiros para 100.000 pessoas, o país tem um dos piores rácios de enfermeiro-para-doente em África. No Zimbabwe, Botswana, África do Sul, Namíbia e Zâmbia, os enfermeiros estão a sair numa velocidade similar. "Tornámo-nos um campo de formação para outros países", disse Martin Mwalukanga, funcionário da clínica responsável pelo centro de saúde rural de Ngwerere. "Se me fosse dado a oportunidade para trabalhar no estrangeiro onde iria ser reumerado adequadamente, iria definitavmente partir. subsídio, o salário é "um escárnio". Ele acrescenta: "O governo sabe que o dinheiro que estamos a receber não é nada. Não permite que a pessoa use do início até ao fim do mês. Em Maio deste ano, o Jesuit College for Theological Reflection em Lusaka estimou que o custo mensal das necessidades básicas para a sobrevivência duma família de seis é de 1.4 milhões de kwachas ($410). O salário médio dum enfermeiro é de 1.2 milhões de kwachas ($351). Mas os salários não são tudo, disse Ibrahim Idana, Director do Hospital Central Queen Elizabeth em Blantyre, Malawi. "A razão mais óbvia para o abandono é que as suas remunerações não são suficientes. Eles são ditos, Não se preocupem, vocês vão ter os pacotes de reforma. A esperança de vida do Malawi é de 37, mas a idade de reforma é de 65 quem vai viver até completar 65 anos? As pessoas querem viver uma vida feliz agora". Entretanto, os países do norte continuam a recrutar proactivamente os trabalhadores de saúde a partir dos países pobres para suportar os seus próprios serviços públicos. Um em cada quatro médicos no Canadá e nos Estados Unidos vem do estrangeiro. E enquanto o governo britânico gasta milhões para suplementar os salários dos trabalhadores em Malawi, recruta simultaneamente quase um terço dos seus médicos a partir do estrangeiro muitos a partir de Malawi e outros Países Africanos de Expressão Inglesa. O HIV e a SIDA redobram o desafio. A África irá provavelmente perder 20% dos seus trabalhadores de saúde de doença ao longo dos próximos anos, com os que vão restar a enfrentar cargas de trabalho e pressão crescentes. Isto prejudica os esforços para expandir a provisão do tratamento antiretroviral para as pessoas vivendo com HIV e SIDA. "Embora queiramos dinamizar, não está ninguém", disse Biswick Mwale, chefe da Comissão Nacional de SIDA de Malawi. "As pessoas não podem traduzir o dinheiro em acção quando não existem pessoas." ¢ * Caroline Hooper-Box é Coodenadora de Imprensa para a Oxfam na África Austral. Reportagem adicional por Helen Palmer e Nicky Wimble. "Se eu fosse dado a oportunidade de trabalhar no estrangeiro onde seria remunerado adequadamente, poderia definitivamente ir." Martin Mwalukanga, responsável clínico, Ngwerere, Malawi 2007 Vol 13 No 1&2 23 Desenvolvimento e Partilha de Melhores Práticas sobre HIV e SIDA Enquanto a Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC) é uma região rica em experiências e exemplos de prevenção de HIV de alta qualidade, programas e projectos de tratamento e prestação de cuidados, estas intervenções são raramente documentadas, partilhadas e trocadas para a réplica na região. Até ao presente momento, ainda não houve nenhuma tentativa sistemática para destacar as melhores práticas dos estados membros da SADC. Também, até recentemente, não existiu uma metodologia padronizada para documentar e partilhar propositadamente estas experiências em toda a região. Com base nos antecedentes da Declaração de Maseru, a SADC desenvolveu um quadro para o desenvolvimento e partilha das melhores práticas sobre o HIV e SIDA. Componentes essenciais das Melhores Práticas do HIV e SIDA ¢ Corpo de conhecimento ¢ Experiências e lições práticas aprendidas ¢ Réplica ¢ Mitigação seus objectivos. Isto significa que uma intervenção deve ter uma linha de base clara para mostrar como as suas actividades tiveram um impacto discernível. 2. Solidez ética: uma intervenção não pode ser uma melhor prática se violar os direitos humanos ou se não satisfizer os padrões éticos universalmente aceites. 3. Custo-Eficácia: uma melhor prática deve mostrar que é eficiente e não gasta recursos. De forma ideal, uma melhor prática seria custo-eficaz porque através da poupança das vidas, iria prevenir o custo das futuras infecções do HIV. 4. Relevância: todas as intervenções de HIV devem tomar em conta o contexto específico em que acontecem e tomar em consideração outras normas culturais e religiosas. Uma intervenção que for rejeitada ou não compreendida pela comunidade não será relevante ou sustentável. Isto não significa que as intervenções de HIV devem sempre aceitar as normas culturais, tais como desigualdade de género ou estigmatização, mas que devem compreender estas norms e onde for necessário, ter uma estratégia para a sua de dados, os estados membros acordaram identificar e documentar essas melhores práticas que satisfazem os critérios estipulados no quadro. Recomenda-se que uma das formas mais eficientes para fazer isto é através dos Conselhos Nacionais de SIDA (NAC). Os NACs deverão prestar assistência às comunidades locais, ONGs e CBOs e escritórios do governo com a identificação e documentação das melhores práticas. De facto, o processo da identificação das melhores práticas será valioso por si porque irá prestar assistência com a vigilância, mobilização de recursos e avaliação de intervenções chave. Enquanto a base de dados irá facilitar a colecção das melhores práticas, o quadro propõe o uso das melhores práticas noutras actividades de disseminação tais como excursões de estudo, conferências, reuniões temáticas e informes de políticas entre outros. Finalmente, o quadro das melhores práticas da SADC reconhece que a iniciativa de melhores práticas para maximizar os seus benfícios, necessita de recursos permanentes para a sua implementação. É assim proposto que os recursos sejam mobilizados para este objectivo a nível do país, regional e internacional. A melhor prática sobre o HIV e SIDA é um corpo de conhecimentos sobre um aspecto da prevenção de HIV, tratamento, ou prestação de cuidados que é baseado das experiências e lições práticas aprendidas num campo maduro que pode ser replicado para melhorar a qualidade duma intervenção que tem como seu objectivo a mitigação dum dos aspectos da epidemia de HIV. Quadro da SADC para o desenvolvimento e partilha das melhores práticas sobre o HIV e SIDA (2006) De acordo com o quadro da SADC, o primeiro objectivo da Melhor Prática é providenciar um instrumento prático que facilite a partilha de informação valiosa no seio de e entre os Estados Membros para prestar assistência às autoridades para promover as intervenções baseadas no que é sabido como funcional. O objectivo da Melhor Prática é resumido como: ¢ documentar, compreender e apreciar boas experiências ¢ facilitar a aprendizagem sobre o que é funcional e o que não funciona ¢ partilhar experiências ¢ prestar assistência à réplica das pequenas intervenções e bem sucedidas numa escala mais ampla Para ser classificado como uma melhor prática de HIV e SIDA, o quadro da SADC sugere que a prática deve demonstrar os seguintes critérios: 1. Eficiência: uma melhor prática deve ter objectivos claros e mostrar que atinge os 24 mudança. 5. Replicabilidade: Inerente à melhor prática é o facto de que pode ser copiado, bem como a necessidade de descobrir intervenções que definam um exemplo. Isto poderá significar que algo que for um modelo nos Estados Unidos não pode ser modelo em África, porque o contexto é amplamente diferente. 6. Inovação: A Melhor prática poderá mostrar uma nova forma de implementação dum programa que é mais eficiente ou poupa recursos. 7. Sustentabilidade: uma melhor prática deve ser sustentável. A epidemia de HIV e SIDA vai afectar a os estados membros da SADC ao longo de décadas e assim as nossas respostas devem ser sustentáveis. Uma melhor prática deve ser capaz de mostrar que será capaz de continuar a providenciar benefícios. O plano de negócios da SADC prevê o desenvolvimento duma base de dados das melhores práticas. Com vista a criar uma base A utlização do Quadro da SADC para o desenvolvimento e partilha das melhores práticas sobre o HIV e SIDA é integrante para o alcance do desafio do tratamento, prevenção e prestação de cuidados de HIV. Os estados membros bem como todas as outras partes interessadas (ONGs, organizações religiosas, sector privado e pessoas vivendo com HIV) devem tratar isto como um instrumento vivo e evolutivo capaz de assistir directamente na implementação e avaliaçãp de estratégias. Neste espírito, a Unidade de HIV e SIDA da SADC encoraja uma interacção permanente com o Quadro bem como com a base de dados das melhores práticas. ¢ Fonte: Artigo adaptado a partir da brochura intitulada Framework of SADC for Developing and Sharing Best Practices on HIV/AIDS (May 2006). Unidade de HIV e SIDA da SADC Email: [email protected] 2007 Vol 13 No 1&2 DA ACELERAÇÃO À INTENSIFICAÇÃO PARA O ACESSO UNIVERSAL À PREVENÇÃO DO HIV, PRESTAÇÃO DE CUIDADOS E ASSISTÊNCIA E TRATAMENTO NA ÁFRICA ORIENTAL E AUSTRAL Os Ministros de Saúde de África declararam em Outubro de 2005 o 2006 como o Ano para a Aceleração do Acesso para a Prevenção do HIV em África. Esta declaração veio aumentar o reconhecimento de que a prevenção tinha saído da agenda como uma estratégia viável para restringir os números crescentes de novas infecções. Também reconheceu que a prevenção das novas infecções iria assegurar a sustentabilidade do tratamento a longo prazo. A Actualização da Epidemia de SIDA de 2006, lançada pela ONUSIDA em Novembro, recorda-nos outra vez a necessidade para dinamizar e intensificar o acesso para a prevenção de HIV. Sessenta e sete por cento dos 2,8 milhões de novas infecções na África ao sul de Sahara ocorreram na África Oriental e Austral. O relatório também manda uma recordação arrepiante de que o número de mortes irá continuar a aumentar a não ser que a região seja capaz de assegurar o acesso ao tratamento para 75% das pessoas necessitadas que não estiverem a receber o tratamento. Em apoio ao Ano para a Aceleração do Acesso à Prevenção de HIV, a Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC), com o apoio do Grupo de Trabalho da Prevenção de HIV das Nações Unidas, convocada pela Reunião da Equipa de Peritos sobre a prevalência de HIV nos países de alta prevalência da África Austral. Esta Equipa concluiu que os factores chave da epidemia nestes países são parcerias concorrentes múltiplas, combinadas com os baixos níveis do uso consistente e correcto de preservativos, no contexto de baixos níveis de circuncisão masculina. As parcerias concorrentes neste contexto referem aos parceiros a longo prazo em vez de parceiros sexuais. A Actualização da Epidemia de SIDA reporta que a prevalência de HIV nos adultos baixou no Quénia, nos centros semi-urbanos e urbanos de Malawi e Zimbabwe. Pequenos declínios na prevalência também aconteceram entre os jovens em Botswana, Malawi, Ruanda, Tanzânia e Zimbabwe. Nestes países, as razões citadas para os declínios na prevalência de HIV que espelham as constatações da Reunião da Equipa dos Peritos são nomeadamente: redução nas relações sexuais com parceiros não regulares; aumento do uso do preservativo e relações sexuais retardadas. Porém, a Actualização da Epidemia de SIDA de 2006 indica que existem muitos 2007 Vol 13 No 1&2 desafios que ainda confrontam a região na dinamização da prevenção. Enquanto a maioria das pessoas sabe o que o HIV é, muitas ainda não sabem como prevení-la. No Botswana, um país que fez importante progresso no tratamento, menos que um em cada três jovens poderia identificar correctamente as formas de prevenção da transmissão sexual de HIV e rejeitou os conceitos errados sobre o HIV. No Malawi apenas um em cada quatro raparigas poderia identificar correctamente as formas de prevenção de HIV e em Madagáscar apenas uma em cada cinco poderia identificar correctamente duas formas para prevenir a transmissão sexual do HIV. O uso do preservativo tem estado a aumentar no seio dos jovens na África do Sul, Tanzânia, Uganda, Malawi (no seio de jovens do sexo masculino), Quénia e Zâmbia (no seio de jovens do sexo feminino). Porém, no caso da África do Sul, a prevalência do HIV continua a aumentar e não parece estar a baixar. Em muitos países, os jovens continuam a envolver-se em comportamentos sexuais de alto risco. De forma perturbada, a prevalência de HIV em Uganda poderá estar a aumentar outra vez devido ao aumento dos números de parceiros sexuais e uso errado de preservativo no seio dos homens, desfazendo os esforços do início dos anos 90, que viu o Uganda tornarse o primeiro país na África Oriental e Austral a reduzir a sua prevalência de HIV. Em Madagáscar apenas um em cada dez jovens do sexo masculino e uma em cada vinte raparigas reportaram que usaram o preservativo na última vez que tiveram relações sexuais. Na região, muitas pessoas ainda não conhecem o seu estado de HIV. Na África do Sul, um inquérito descobriu que mais de dois milhões de pessoas que testaram HIV positivo não conheciam o seu estado de HIV e não achavam que estavam em risco da infecção de HIV. Porém, em Botswana, o sistema de aconselhamento e testagem voluntário opcional introduzido em 2003 parece estar a fazer uma acção humana significante, com um em cada Did you know that: 67% dos 2,8 milhões de novas infecções na África ao sul do Sahara em 2006 ocorreram na África Oriental e Austral. A prevalência de HIV nos adultos (15 49) é stimada em 8,9% na África Oriental e Austral ao contrário de 5,9% para a África ao sul do Sahara e 1% a nível mundial. 70,8% dos 24,7 milhões de pessoas vivendo com HIV na África ao sul do Sahara vivem na África Oriental e Austral. Jovens do sexo feminino com idades entre 15 24 na África Oriental e Austral são três vezes mais propensas a estar a viver com HIV do que os homens da mesma idade. 71% dos 2,1 milhões de mortes relacionadas com SIDA na África ao sul do Sahara em 2006 ocorreram na África Oriental e Austral. Os jovens oferecem um brilho frouxo de esperança com os declínios na prevalência de HIV entre jovens em Botswana, Quénia, Malawi, Ruanda, Tanzânia e Zimbabwe. 25 A reunião recomendou que a limitação dos parceiros deveria ser o enfoque chave para as intervenções das comunicações ao longo dos próximos cinco anos. Recomendou que, a curto prazo, as actuais intervenções deverão integrar mensagens sobre a limitação dos parceiros enquanto os parceiros exploram as possibilidades a longo prazo da campanha regional. Os participantes acordaram sobre as componentes do quadro da SADC da Comunicação de Mudança Social para guiar o desenvolvimento de programas de Comunicações de Mudança Social na região. Os participantes irão colaborar para estabelecer um centro regional de recursos para facilitar a partilha de informação e programas regionais de formação para fortalecer a capacidade do governo e comunicadores da sociedade civil na concepção, implementação e monitoria das Comunicação de Mudança Social. Progresso feito mas mais deve ser feito Inquérito sobre a Definição da Meta do Acesso universal na África Oriental e Austral Na Declaração de Brazzaville sobre o Acesso Universal adoptada pelos estados membros de África e a Declaração Política sobre o HIV e SIDA adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, os países comprometeram-se a definir metas nacionais para assegurar o acesso universal à prevenção de HIV, prestação de cuidados e assistência e tratamento até o ano 2010. O processo de definição nacional de metas tem em vista assegurar que as metas sejam alinhadas a prioridades nacionais em conformidade com o Quadro Estratégico Nacional e para responsabilizar os países para alcançarem as metas que tiverem definido para eles mesmos. Foi feita uma avaliação rápida pela UNAIDS RST-ESA nos meados de Setembro para determinar o progresso dos países na Definição de Metas do Acesso Universal na três adultos em Botswana conhecendo o seu estado de HIV. Uma observação preocupante da Actualização da Epidemia de SIDA é dos níveis crescentes de HIV no seio dos utilizadores de droga injectável em Quénia, Maurícias, Madagáscar, África do Sul, Tanzânia e Zanzibar. A Actualização da Epidemia de SIDA de 2006 recorda-nos que há factores múltiplos que promovem a epidemia na região. As jovens continuam a permanecer particularmente vulneráveis à infecção de HIV como das populações móveis evidenciadas pelos níveis mais altos de prevalência de HIV nas regiões onde há muitos movimentos de pessoas, tais como vilas e zonas transfronteiriças. O Ano para a Aceleração do Acesso à Prevenção de HIV aumentou o enfoque na prevenção e trouxe uma maior compreensão dos factores chave da epidemia na região. Também é importante para os países compreenderem as suas próprias epidemias e assegurar as intervenções com base na evidência que lhes permite intensificar os seus esforços em sua resposta. Um enfoque de duração dum ano na Prevenção de HIV não é suficiente se a região for para trazer mudanças na epidemia o que se exige é um esforço intensificado a longo prazo em assegurar o acesso universal à prevenção, prestação de cuidados e assistência e tratamento. A Actualização da Epidemia de SIDA está disponível em: www.unaids.org. Cópias da Reunião da Equipa de Peritos da SADC sobre a Prevenção de HIV podem ser extraídas a partir de www.sadc.int. O Grupo de Trabalho de Prevenção Regional de HIV das Nações Unidas composto por FNUAP, UNICEF, OMS e ONUSIDA, em parceria com a Unidade de HIV e SIDA do Secretariado da SADC convocou uma Consulta Regional sobre Comunicação de Mudança Social, na Swazilânda, 3-4 de Outubro. A Consulta juntou representantes dos estados membros da SADC, peritos importantes que trabalham na Prevenção de HIV e comunicações de mudança social e organizaçõs da sociedade civil, para: ¢ Examinar a evidência sobre a Prevenção de HIV e a sua implicação para as intervenções da Comunicação de Mudança Social (SCC). ¢ Partilhar lições aprendidas em relação à SCC no contexto dos factores chave na região ¢ Explorar formas em que as intervenções de SCC poderiam ser fortificadas para abordar os factores chave da epidemia. ¢ Explorar fontes técnicas para assistência na região 26 For more information contact Masauso Nzima, M&E Adviser, [email protected] Getty Images Consulta Regional sobre a comunicação de Mudança Social para a Prevenção de HIV África Oriental e Austral. A avaliação concluiu que os processos de definição de metas estão em curso em 14 dos 20 países no seio da região com a maioria dos países a reportar uma participação activa e o envolvimento das organizações da sociedade civil. Seis países já concluiram as suas metas enquanto outros oito irão fazê-lo até ao fim de 2006. Quatro países provavelmente não conseguirão alcançar as suas metas. O inquérito notou que nenhum país alcançou as metas em todos os sete indicadores básicos de Acesso Universal. Metade dos vinte países inquiridos definiu metas fortes em relação ao acesso ao tratamento. As metas sobre a prevenção e comprometimento nacional são geralmente fracas com apenas quatro dos vinte países tendo definido metas fortes em relação à prevenção e apenas dois em relação ao comprometimento nacional. O inquérito recomendou que há necessidade de haver uma advocacia equilibrada pelas Equipas da ONU no País com as autoridades nacionais, para estabelecer as metas até ao fim de 2006, e que as Equipas do País deverão explorar e prestar assistência técnica para os Conselhos Nacionais de SIDA para assegurar a definição das metas de acesso universal e planos de trabalho para 2007. Em relação aos co-patrocinadores, o inquérito recomendou que o PNUD e o Banco Mundial intensifiquem a sua assistência aos países para fortalecer a definição em relação ao comprometimento nacional; a OMS sobre o acesso ao tratamento; a UNICEF sobre PMTCT e assistência aos órfãos; FNUAP sobre a distribuição de preservativos e grupos vuleráveis; e todos os co-patrocinadores sobre a prevenção de HIV. ¢ 2007 Vol 13 No 1&2 Novas Publicações no Centro de Recursos de SAfAIDS 1. Child Marriage: A Guide for Global Policy Action. International Planned Parenthood Federation. 2006. New York: The Forum on Marriage and the Rights of Women and Girls. Um guia dos fazedores de política para melhorar a qualidade da vida de milhões de raparigas e jovens do sexo feminino forçadas a casamentos infantis. Faz um caso forte para uma acção internacional e fortalece os esforços de advocacia de praticantes de desenvolvimento e activistas de mulheres e crianças para acabar com os casamentos infantis. 2. Literature Review on the Impact of Education Levels on HIV/AIDS Prevalence Rates. World Food Programme. 2006. Rome: World Food Programme. www.wfp.org Esta avaliação explora a pesquisa quantitativa através de argumentos qualitativos que suportam a alegação de que a educação poderá ser a única vacina contra o HIV. Olha para diversas fontes, tais como comunicações políticas, boletins científicos, declarações de ONG e outras comunicações escritas para agências de desenvolvimento governamentais e multilaterais. 3. Scaling up Access to HIV Prevention, Treatment, Care and Support: The Next Steps. UNAIDS. 2006.Geneva: UNAIDS. Este boletim conta a história de homens e mulheres que têm estado a trabalhar rumo ao acesso universal. Explica a necessiade para o acesso universal, que inclui todas as iniciativas anteriores, mas avança mais um passo por ousar sonhar que um dia todos os que precisam dele terão acesso à prevenção, tratamento, prestação de cuidados e assistência. 4. Live Long and Prosper 2: Staying Healthy: Long Term Survival, Age and HIV. Cairns, Gus. 2006.London: UK Coalition for People Living with HIV www.ukcoalition.org 2007 Vol 13 No 1&2 Um boletim que aborda problemas de saúde comuns enfrentados por pessoas vivendo com HIV e recomenda formas para a sua abordagem. 5. Joining Hands: Integrating Gender and HIV/AIDS: Report of an ACORD Project using Stepping Stones in Angola, Tanzania and Uganda. Hadjipateras, Angela [et al]. 2006. Kampala: ACORD. www.acord.org Este relatório documenta a experiência da Agência para ar Pesquisa e Cooperação em Desenvolvimento (ACORD) da implementação de Stepping Stones um método participativo e centrado na comunidade para abordar o género e HIV e SIDA em 3 países: Angola, Uganda e Tanzânia. O corpo principal do relatório está dedicado à descrição da forma em que foi implementado e os resultados do projecto em cada um dos três países. 6. Africa's Orphaned and Vulnerable Generations: Children Affected by AIDS. UNICEF. 2006. Geneva: UNICEF. www.unicef.org Uma actualização do relatório de 2003 Áfricas Orphaned Generations. Integra novas e refinadas estimativas do número de crianças órfãs no sul de Sahara bem como a actual pesquisa sobre o impacto de SIDA e orfandade. 7. Gender Violence and HIV/AIDS: Break the Cycle Break the Silence. Kehler, Johanna(ed). 2006. Bishopsgate: KZN Network on Violence Against Women and AIDS Legal Network, 2006. Um manual de formação com o objectivo de providenciar um inestimável recurso e ferramenta prática para criar a capacidade e elevar a consciência sobre as ligações entre género, violência com base no género e HIV e SIDA. O manual pode ser aplicado em ambientes diversos de formação. 8. The Positive Side. Canadian AIDS Treatment Information Exchange. 2006. Toronto: Canadian AIDS Treatment Information Exchange. www.catie.ca Uma revista para pessoas vivendo com HIV e SIDA. Aborda muitos aspectos de HIV desde tratamento, assistência, prestação de cuidados e prevenção. Também cobre artigos que falam sobre a XVI Conferência Internacional sobre SIDA que foi realizada recentemente no Canadá. 9. Capacity Building in Times of HIV and AIDS. Mudler, Arjen. 2006. Pretoria: VSORAISA. www.vso.org.uk/raisa Esta publicação está baseada nas avaliações externas das intervenções da capacitação institucional no seio da iniciativa regional de SIDA da África Austral (RAISA). Está longe dum empreendimento convencional, que se estende para além do que era visto na capacitação institucional. A pandemia de HIV conduz a desafios específicos para as organizações parceiras relativas à expansão de serviços e organizações, adaptando o seu negócio básico para o HIV e SIDA, desenvolvimento de sistemas para a aprendizagem, partilha de boas práticas e criação de efeitos multiplicadores para contrariar a pandemia. 10. HIV/AIDS Stigma Resource Pack. Siyam'kela. 2006. Pretoria: The Policy Project. www.políticaproject.com Um pacote de recursos desenvolvido para criar a consciencialização e informar os esforços de mitigação de estigmatização. Destina-se a formadores, líderes de opiniões, pessoas vivendo com HIV e SIDA, líderes comunitários e qualquer pessoa interessada em obter informação sobre a estigmatização de HIV e como reduzí-la no seu campo de trabalho ou comunidade. ¢ 27 Avaliação do Livro Corrida Contra o Tempo Por Stephen Lewis Analisado por Vivienne Kernohan Na XVI Conferência Internacional sobre SIDA em Toronto no início deste ano, Bill Clinton disse ao Stephen Lewis, o Enviado Especial do Secretário Geral da ONU sobre SIDA, O mundo está na tua dívida. Bem sucedido como foi na sua paixão para ter o mundo prestar atenção à calamidade da África e especialmente para a situação das suas mulheres, está claro a partir deste livro que Stephen Lewis, um grande humanitário, sente que não atingiu quase o suficiente. O livro está organizado em discursos que cobrem o contexto da pandemia de HIV e SIDA; a sua relação de amor permanente com África que começou quando a África era um continente de países esperançosos e recém-independentes e não a pobreza em que está mergulhada hoje; a importância da educação (gratuita) e o papel dos organismos da ONU e do Banco Mundial; a subrepresentação e a negligência das mulheres e dos assuntos das mulheres no seio do sistema global e a sua batalha para a criação dum organismo mundial verdadeiramente orientado à mulher; e finalmente a sua lista de desejos de propostas, que zumbe através da perfídia de garantias governamentais internacionais e a necessidade de dar enfoque na produção alimentar, microbicidas e vacinas, e muito mais. Se não tens estado a seguir os eventos sobre o HIV e SIDA em África, então há muito por aprender nesta série de palestras sobre temas chave que acendem a paixão do Lewis. Mas o tema penetrante (e também a mais deprimente) é a sua franca crítica do sistema da ONU e os seus constrangimentos e a sua reflexão no sistema inteiro de governação mundial. A mudança genuina é claramente necessária e apenas verdadeiramente determinada e talentosa poderia ter feito o impacto que o Lewis tem, contra o grande peso da inércia que é a ONU e estruturas mundiais de governação. A edição em análise inclui um posfácio em que o Lewis descreve a sua descrença de que o Presidente dos Estados Unidos não poderia participar numa importante reunião se o Lewis fizesse quaisquer declarações desagradáveis sobre a influência dos EUA. Esta é a trsite realidade das políticas mundiais não muito mais sofisticadas do que os andamentos em muitos pátios de escolas, mas com muito a ser ganho ou perdido, especialmene para aqueles nos países com poucos recursos, que sofrem o que o capim faz quando os elefantes lutam. Lewis conclui falando da estúpida carnagem das jovens de África e apela uma vez mais para uma agência de mulheres genuinamente poderosas e sem muita esperança, para o fim da injustiça em que todos nós enlameamos. Stephen Lewis é um orador inspirador e apaixonado e tem muitas coisas interessantes para dizer sobre o mundo, e especialmente sobre África. Vale a pena ler, mesmo se fores uma mão velha sobre SIDA e África. ¢ CBC Massey Lectures Series, 2nd edition 2005. ISBN-13: 978-088784-753-0 ISBN 10: 0-088784-753-6 O que continua a faltar é o sentido de emergência, o fogo duma lidernça eficiente, paixão de consumo para cortar as estagnações cerebrais ...a iniciativa multilateral mais importante durante os últimos cinco anos foi a recomendação anunciada no dia 9 de Novembro, por um Painel de Alto Nível sobre a reforma da ONU, para criar a agência nova, independente, internacional para as mulheres. Vejo isso como um passo a frente sem paralelo na marcha contra a pandemia... isto poderia ser a inovação mais dramática para as mulheres na história das Nações Unidas. Stephen Lewis, Enviado Especial da ONU, HIV/SIDA em África, 1 de Dezembro de 2006 SAfAIDS News é publicado trimestralmene pelos Serviços de Disseminação de Informação sobre HIV/SIDA na África Austral, SAfAIDS. Os artigos poderão ser fotocopiados, reimpressos ou abreviados, desde que não seja para venda e que o reconhecimento total seja feito ao SAfAIDS e à fonte e o autor originais (onde for aplicável). SAfAIDS solicita uma cópia de todo o material usado. Assinaturas: Uma assinatura anual custa Z$2.000 (para 4 edições) para assinantes residentes no Zimbabwe, US$60 para África apenas (2 anos); Noutros lugares, US$80 (2 anos). Dinheiro e cheques de encomendas devem ser pagáveis a SAfAIDS. As organizações locais, os singulares em África que não podem pagar poderão solicitar cópias suplementares ou subsídios gratuitos. 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