“A Musicoterapia no Serviço de Pediatria do Hospital Araújo Jorge
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“A Musicoterapia no Serviço de Pediatria do Hospital Araújo Jorge
XII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia VI Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia II Encontro Nacional de Docência em Musicoterapia 06 a 09/set/2006 - Goiânia-GO Tema Livre – Pôster “A Musicoterapia no Serviço de Pediatria do Hospital Araújo Jorge: um histórico de implantação, manutenção e ampliação” FERREIRA, Eliamar Apª B. F.1 KARST, Lara T.2 O Serviço de Musicoterapia da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) iniciou-se em 19983. Como Projeto4 de Estágio, o campo foi aberto no Albergue Filhinha Nogueira/ACCG, oferecendo atendimentos musicoterápicos a pacientes que, vindos de outras cidades ou regiões, recebiam atendimento médico no Hospital Araújo Jorge/ACCG. No ano seguinte este serviço foi estendido à unidade pediátrica do referido hospital, que é caracterizada pela proposta de humanização na assistência ao paciente pediátrico. Inicialmente foi feito um diagnóstico da unidade com o objetivo de compreender de que forma a musicoterapia poderia ser aí inserida. Em 2000, os atendimentos foram iniciados nas enfermarias. Várias dificuldades foram enfrentadas, uma vez que o musicoterapeuta era um novo membro da equipe, mobilizando com sua atuação sonoro-musical os demais, em especial a equipe de enfermagem, levando-os à necessidade da aquisição de novos comportamentos e modificações nas relações interpessoais. Flexibilidade por parte do musicoterapeuta tornou-se necessário na adequação da proposta musicoterápica à realidade daquele universo. Parceria com o Serviço de Psicologia, através da psicóloga desta unidade, mostrou-se de grande relevância na assistência às demandas advindas da equipe de enfermagem, uma vez que esta era a que mais sofria as conseqüências das alterações ocorridas na rotina, com a inserção desse profissional. Gradativamente o setting nas enfermarias foi se configurando e os atendimentos musicoterápicos fazendo parte da rotina. Paralelamente ia se configurando também a própria rotina da musicoterapia. Em seguida, iniciaram-se os atendimentos em grupo aberto na sala de ludoterapia, amplo espaço físico, que possibilita a reunião de várias crianças, adolescentes e seus acompanhantes. Reflexões sobre o desenvolvimento dessa proposta e a forma como ela estava se delineando a partir da realidade institucional, possibilitou a observação de algumas características nessa forma de atendimento: grupo aberto, atendendo às necessidades do serviço e da clientela; a presença de pacientes de diferente faixa etária e a necessidade da presença constante do acompanhante de crianças pequenas. Diante desta configuração, procurava-se através das “experiências musicais” (BRUSCIA, 2000), oferecer um continente seguro, pouco invasivo e com intervenções cuidadosas, possibilitando a auto-expressão e o fortalecimento no enfrentamento da doença e da hospitalização. Assim delineava-se o que foi então chamado de “Atividade Musicoterápica”, naquele contexto hospitalar. 1 Musicoterapeuta. Mestre em Música. Área de Concentração: Música na Contemporaneidade. Bacharel em Piano. Licenciada em Música. Professora efetiva do Curso de Musicoterapia/EMAC/UFG. Autora do projeto de implantação da Musicoterapia na Pediatria do Hospital Araújo Jorge. Coordenadora/Supervisora de campo de estágio em Musicoterapia neste hospital. [email protected] 2 Bacharel em Musicoterapia pela Universidade Federal de Goiás. Musicoterapeuta do Hospital Araújo Jorge/ACCG. Diretora Cultural da Sociedade Goiana de Musicoterapia. [email protected] 3 Por ocasião do “Curso de Especialização em Musicoterapia. Área de Concentração Saúde Mental”, oferecido pela Universidade Federal de Goiás. 4 De autoria das musicoterapeutas Eliamar Apª de B. Fleury e Ferreira e Lilian Pinheiro da Fonseca, então alunas do Curso de Especialização em Musicoterapia da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 1998. XII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia VI Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia II Encontro Nacional de Docência em Musicoterapia 06 a 09/set/2006 - Goiânia-GO Tema Livre – Pôster Paralelamente estendiam-se os atendimentos musicoterápicos às crianças inicialmente atendidas no Serviço de Pediatria e que, devido ao quadro clínico, eram encaminhadas a UTI. Percebia-se, nesse novo espaço, a necessidade de esclarecimentos a membros da equipe daquela unidade, sobre as especificidades da musicoterapia, sobre o uso da linguagem sonoromusical pelo musicoterapeuta, numa visão de homem como ser bio-psico-socio-espiritual, favorecendo também, em alguns casos, uma melhor qualidade de morte. Com uma rotina musicoterápica já bem estabelecida, em 2002, abria-se o campo para estágio aos acadêmicos do Curso de Musicoterapia/EMAC/UFG. Essa ação possibilitou a ampliação do Serviço de Musicoterapia com inclusão em outros espaços hospitalares. Posteriormente, elaborou-se um projeto de atendimento à equipe de enfermagem, iniciando-se pelo corpo de enfermagem de maior atuação na pediatria, sendo, em seguida, solicitado pela chefia de enfermagem, a ampliação do atendimento a demais técnicos e auxiliares de outras unidades do hospital. O objetivo deste concentra-se em minimizar as tensões vividas pela equipe de enfermagem, advindas do contexto hospitalar (FERREIRA, 2003). Este projeto foi inicialmente operacionalizado e mostrou-se efetivo por determinado período, entretanto, necessita ser reativado. No Serviço de TMO, inaugurado em 2000 com o objetivo de “aumentar a possibilidade de cura dos pacientes portadores de alguns tipos de leucemia passíveis de transplante” (ACCG, 2005, p. 80), os encaminhamentos iniciaram-se através da psicologia, sendo o musicoterapeuta, percebido como um elemento de referências positivas ao paciente. Diferentes objetivos são traçados para os pacientes neste setting, dentre eles, propiciar através de experiências musicais (BRUSCIA, 2000), meios de expressão para que paciente e acompanhante possam desenvolver recursos internos para lidar com os diversos sentimentos surgidos neste período. Em 2003, os atendimentos foram estendidos a pacientes da quimioterapia ambulatorial, proposta esta realizada na forma de grupo aberto devido à rotatividade própria do contexto e contando ainda com a diversidade em relação a idade, a presença de acompanhantes e de enfermeiras do serviço. No delineamento de aspectos pertinentes a atuação do musicoterapeuta neste contexto, observa-se que o uso terapêutico da música no fazer aqui-e-agora, possibilita a potencialização de atitudes positivas e de comportamentos de enfrentamento necessários naquele ambiente. Em 2004 foi dado início aos atendimentos específicos aos acompanhantes de pacientes internados pelo SUS. Possuindo uma configuração própria, estes atendimentos possibilitam ao acompanhante, através das “experiências musicais” (op.cit), um espaço único para expressão do sofrimento, medos, angústias, dúvidas e liberação do stress advindo do tratamento e da hospitalização. É também, um espaço que reafirma ao acompanhante a possibilidade de cantar, sorrir, tocar instrumentos musicais, viver momentos de prazer em grupo e perceber que, mesmo diante da dor e do sofrimento existem potenciais internos que podem ser ativados como recursos de enfrentamento. São realizados em grupo, que varia entre 3 a 10 participantes, semanalmente, com a duração aproximada de 60 minutos. Na realização desta proposta, há também o apoio dos membros da equipe de enfermagem na ampliação da atenção àqueles pacientes que, durante este período, não contam com a presença de seu acompanhante na enfermaria. Desde 2002, há a elaboração de trabalhos de iniciação científica através de monografias de conclusão de curso da Universidade Federal de Goiás, pelos acadêmicos estagiários em Musicoterapia, que realizam estágios no referido Serviço. Os projetos são devidamente encaminhados ao Comitê de Ética em Pesquisa, sendo realizados somente após a sua aprovação. Atualmente o Curso de Musicoterapia/UFG, conta com um acervo bibliográfico advindos destas pesquisas. XII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia VI Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia II Encontro Nacional de Docência em Musicoterapia 06 a 09/set/2006 - Goiânia-GO Tema Livre – Pôster Enfim, a Musicoterapia Hospitalar é uma área emergente que está se configurando pouco a pouco. Na implantação, manutenção e ampliação dos serviços prestados pela musicoterapia na pediatria do Hospital Araújo Jorge, a presença do musicoterapeuta como integrante da equipe de atendimento e a visão de assistência humanizada iniciada pela Chefe do Serviço de Oncologia Pediátrica e abarcada pela equipe, possibilitou o alargamento das fronteiras e a ampliação do número de crianças e adolescentes com câncer que recebem este atendimento, bem como seus acompanhantes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACCG. ASSOCIAÇÃO DE COMBATE AO CÂNCER EM GOIÁS. Relatório Anual 2005. ACCG. Uma História de Solidariedade. Goiânia, 2005. BRUSCIA, Keneth E. Definindo Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000. FERREIRA, Eliamar Apª de B. F. A Musicoterapia Como Co-adjuvante na Diminuição da Tensão em Ambiente Hospitalar. Trabalho apresentado no 1º Congresso Goiano de Musicoterapia. Opinião e Prática. Sociedade Goiana de Musicoterapia. Goiânia, 2003.
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