Fluido de freio e embreagem
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Fluido de freio e embreagem
Fluido de freio e embreagem Relatório Técnico É muito comum ocorrerem problemas precoces no funcionamento de determinados conjuntos como o Servo Embreagem, o Cilindro de Embreagem ou de Freio em decorrência do uso de fluido inadequado ou de má qualidade. Para auxiliá-lo a evitar isso e garantir a qualidade de nossos produtos, relacionamos algumas dicas e propriedades desse importantíssimo componente do sistema de freio e embreagem dos veículos. Fluido de Freio/Embreagem Cuidados Essenciais O fluido de freio/embreagem tem como função transmitir ao sistema a pressão hidráulica gerada no cilindro mestre. Para que ele funcione perfeitamente são necessários alguns cuidados: · Utilize somente fluido que atenda rigorosamente as normas nacionais e internacionais. A especificação do fluido para veículos pesados é ABNT EB tipo 4 (SAE J 1703 - DOT 4). · Substitua o fluido a cada um ano ou a cada 10.000 km rodados. · Evite contaminar o fluido com água nas operações de lavagem, troca de fluido, etc. · Armazene o fluido sempre na embalagem fechada e em ambiente seco. · Não utilize fluido que já tenha circulado pelo sistema de freio/embreagem. Esses poucos e simples cuidados são suficientes para garantir que nenhuma falha no sistema de freio ocorra devido ao uso de fluido inadequado. Principais Propriedades A qualidade de um fluido de freio/embreagem é determinada através de suas propriedades. A seguir comentamos as principais características desejáveis de um fluido de freio/embreagem. Ponto de Ebulição É a temperatura na qual o fluido começa a ferver, liberando vapores (gases). Obviamente, dentro do circuito hidráulico, a presença de gases é muito prejudicial, pois as bolhas que se formam são comprimidas durante o acionamento e podem absorver todo o curso do pedal sem produzir suficiente pressão. Um ponto de ebulição muito baixo pode causar ainda outros problemas, tais como: · Formação de gases inflamáveis que podem causar incêndio. · Evaporação, que em grande quantidade pode causar a falta de fluido e conseqüente falta de pressão. Viscosidade É a capacidade de escoamento do fluido (fluidez). Quanto mais frio, mais denso (grosso) fica o fluido, podendo retardar ou mesmo interromper a transmissão de pressão dentro do circuito hidráulico. Em conseqüência, pode ocorrer um atraso na resposta ou até mesmo a inoperância total do sistema quando for solicitado. O fluido muito quente, por sua vez, pode provocar uma grande diminuição da viscosidade, fazendo com que o fluido vaze pelo sistema de vedação e causando a perda de pressão no circuito hidráulico. Ação Sobre as Vedações Parte da vedação no sistema de freio/embreagem é feita com o uso de peças de borracha muito sensíveis a produtos químicos como os que existem em fluidos de má qualidade ou contaminados. Entre os principais defeitos que podem ser causados pelo fluido destacamos alguns a seguir. · Inchamento: As gaxetas aumento de tamanho, chegando a provocar o travamento dos êmbolos. · Contração: As gaxetas internas diminuem de tamanho e provocam vazamento de fluido e perda de pressão. · Aumento da dureza: As gaxetas perdem a flexibilidade e a vedação, provocando vazamento ou dificultando a passagem do fluido durante o retorno do êmbolo no cilindro mestre. · Diminuição da dureza: As gaxetas sem a dureza ideal passam a ter maior desgaste, apresentando vazamentos precoces. · Desintegração: A reação química sobre as borrachas pode desintegrá-las, fazendo com que ocorra vazamento e falta de fluido ou ainda a obstrução do circuito por resíduos e conseqüente perda de pressão. · Lubricidade: A lubricidade dos componentes internos dos circuitos hidráulicos é muito importante pois eles trabalham constantemente com atrito (fricção). A falta de lubricidade pode provocar desgaste prematuro das peças, causando vazamentos e perda de pressão ou ainda emperramento dos êmbolos pela aderência das gaxetas nas superfícies. · Oxidação: Os componentes metálicos estão sujeitos a sofrer corrosão e esta é a causa mais freqüente da pouca durabilidade dos cilindros ou componentes, quando ferrosos. Além disso, a corrosão pode causar vazamento, emperramento ou resposta lenta na frenagem. · Congelamento: No Brasil, foi especificado que o fluido deve resistir a baixa temperatura até 10ºC. No exterior, há exigências que atingem -40ºC. O congelamento do fluido impede a transmissão da pressão hidráulica tornando o freio inoperante. · Estabilidade Térmica: Um fluido não deve perder suas características originais, mesmo sob a ação do calor. Se ele for aquecido até seu ponto de ebulição (por exemplo, 210ºC), a seguir, resfriado, e novamente aquecido, se o ponto de ebulição diminuir (por exemplo, para 150ºC), então ele não é estável termicamente. · Evaporação: A evaporação excessiva pode ser a causa de falta de fluido no reservatório, desta forma pode ocorrer a entrada de ar no cilindro mestre ocasionando a perda de pressão devido ao longo do curso do pedal. O reabastecimento constante de novos fluidos proporciona a concentração de certos elementos na sua composição, o que pode alterar a qualidade original além de algumas reações, provocando a sedimentação e conseqüente obstrução devido a formação de cristais (precipitáculos). · Presença de água: A entrada de água no circuito hidráulico pode ocorrer devido à má vedação dos cilindros de roda, pinça, ou mesmo pelo contato do fluido com a atmosfera, pois ela contém vapor de água. A água é uma das principais causas de oxidação nos componentes ferrosos. Além disso, ao atingir cerca de 100ºC vaporiza-se produzindo bolhas de gás no circuito hidráulico. O fluido, por ser hidroscópico, absorve a umidade do ar, contudo, as gotículas de água devem ser dissolvidas por substâncias químicas presentes no fluido para que a solução fique homogênea. Com a ação do tempo (mais de 12 meses) ou pela excessiva quantidade de água, o fluido perde a propriedade de dissolver a água e passa a danificar os cilindros. A água também tem efeito sobre o ponto de ebulição, diminuindo-o consideravelmente. Departamento Técnico Marcos Antonio Ramassotti