Edição 56

Transcrição

Edição 56
Ano XXXVIII • Nº 56 • Agosto a Dezembro • 2008
Ele Morre de
amor por
Ela
Ele a amou antes que ela
soubesse que seria a mais feliz de
todas as mulheres.
+
Evangelismo >> De Mulher para Mulher >> Idéia de Trabalho
>>
Perfil
>>
Portal de Oração
>> Comportamento
Editorial
Mulheres Santas para o Deus Santo
Sabe aquela emoção que sentimos ao rever um amigo
muito querido que não encontramos há algum tempo?
Deve ser essa a emoção que muitas de vocês estão
sentindo, neste momento, ao receberem, em suas mãos, a
nossa revista “O Clarim”.
É com grande alegria e muita gratidão a Deus que
voltamos a publicá-la. A ele, rendemos toda a glória e todo
o louvor por esta realização. Cabe também, aqui, o nosso
registro de gratidão a Deus por todas as pessoas que,
nas gestões anteriores da Fesofap, responsabilizaram-se
pelas edições desta revista, levando a cada uma de nós
crescimento, orientação, muita alegria e emoção.
Nesta edição, queremos compartilhar com vocês,
através da matéria de capa, a mais maravilhosa e
real história de amor, com a garantia de um final em
que os noivos vivem “felizes para sempre”!
Em Comportamento, o autor nos traz orientações
importantes sobre como sermos prudentes e fiéis
em tempos de tecnologia tão avançada. Na seção De
mulher pra Mulher, temos um chamado especial para
você, que deseja viver para ser benção, e em Missões,
um verdadeiro desafio é lançado. No Portal de Oração,
encorajamos as mulheres a refletirem e agirem em
favor da conversão dos maridos “não crentes”.
Além das já conhecidas e amadas seções da revista,
como: Vida a Dois, Saúde da Mulher, Nutrição, Idéias
de Trabalho e outras, trazemos novas seções com
novos desafios. Entre elas:
• Perfil, em que, a cada edição, refletiremos, juntas,
sobre o perfil de uma personagem bíblica. Para este
exemplar, foi escolhida Joquebede, a mãe de Moisés.
• A Beleza Ideal abordará, a cada edição, uma
ramificação do “fruto do espírito”.
• Testemunho, em que glorificaremos, juntas, a
Deus pelos milagres que ele continua a realizar em
nossos dias.
• Doutrina, que nos proporcionará um pouco
mais de conhecimento sobre pontos doutrinários de
nossa Igreja.
• Festas Pagãs: numa atitude de vigilância, somos
convidadas a investigar e procurar saber: de onde
vêm todas as práticas ligadas a essas festas? Quais
as suas origens? Qual é a postura recomendada aos
verdadeiros cristãos?
A nossa revista está, portanto, recheada de artigos!
Esperamos que vocês se alegrem com a leitura. Mas, acima
de tudo, esperamos que muitos desses textos nos levem
a refletir sobre a necessidade de santificação em nossas
vidas. Somos a “noiva” tão amada por nosso Deus. O
“noivo”, nosso Senhor Jesus Cristo, vem em breve nos
buscar. Que ele nos encontre prontas para as bodas!
Boa Leitura!
A Redação
A Revista da Mulher Promessista
O Clarim
Ano XXXVIII
Nº 5 6
Agosto a Dezembro – 2008
Diretora Editorial
Ana Maria Ronchete David
Diretor do Departamento de Educação e Cultura
Genilson Soares da Silva
Editora Assistente
Elaine Corrêa Fontana Cunha
Jornalista responsável:
Genilda Murta – MTb 43.761-SP
Conselho Editorial
Ana Maria Ronchete David
Genilson Soares da Silva
Genilda Murta
Elaine Corrêa Fontana Cunha
Meire Barbosa Corrêa
Revisão
Eudoxiana Canto Melo
Capa, projeto gráfico e diagramação
M&W Comunicação Integrada - 11-44930665
Fotografia da capa
Estudio Vision
Impressão
Ipsis Gráfica e Editora
Tiragem
8.000 exemplares
Distribuição
Federação das Sociedades Femininas
Adventista da Promessa
Diretoria da Fesofap
Ana Maria Ronchete David
Elaine C. Fontana Cunha
Eliane Salvador C. da Silva
Jane Goi Victorino Gadara
Maria Aparecida Cordeiro da Silva
Marinete Gonçalves dos Santos José
Meire Barbosa Corrêa
Nadir Brás Mendes
Nilda Quental Pereira
Sandra Eunice Campos Alves Dias
Terezinha Marques do Prado Ferreira
Colaboradores
Alan K. Rocha
Aléssio Gomes de Oliveira
Aline Isidoro
Aynê Sodré Fonseca
Cirlene Corrêa Rocha Bonetti
Clarice Teodoro Quintal
Cláudia Marques
Edmilson Mendes
Enéias Manoel dos Santos
Eudoxiana Canto Melo
Fernanda Costa
Geni Dias de Carvalho
José Lima de Farias Filho
Marta Olivía de Oliveira Santos
Miriam Figueiredo Beda Oliveira
Roberto Oliveira Soares
Sueli Corrêa Rocha de Oliveira
Valdeci Nunes de Oliveira
Virgínia Aparecida Ronchete David
Redação
Rua Boa vista, 314 – Conj. G – 6º andar
01014-010 – Centro – São Paulo – SP. Fone/
fax: (11_ 3104-7980. www.fesofap.com.br –
[email protected]
O Clarim é uma publicação periódica da federação das Sociedades Femininas Adventista da Promessa (Fesofap). Os textos publicados são de responsabilidade de seus autores e
não refletem necessariamente a opinião dos editores. É permitada a reprodução dos artigos publicados, desde que tenha a fonte citada.
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O Clarim 3
PA L AV R A D A D I R E T O R A
O
Espírito Santo moveu e levantou
os pastores para dirigir a igreja,
e, certamente, renovou-os no seu
entendimento para o lema da
gestão: “Uma igreja santa para o Deus santo”.
O apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios,
iluminado pelo mesmo Espírito coloca-se de
joelhos, humildemente, diante do Pai, em oração
e pede a Deus que, da riqueza da sua glória Ele,
por meio do seu Espírito dê a eles poder para
que sejam espiritualmente fortes (Ef 3:16).
Querida mulher promessista, quero fazer essa
mesma oração por você, pois cada uma de nós
é uma igreja, templo do Espírito Santo, e, para
que a Igreja Adventista da Promessa seja santa,
nós temos de ser santas. Portanto,
Peço também que, por meio da fé, Cristo viva
no coração de vocês. E oro para que vocês tenham
raízes e alicerces no amor, para que assim,
junto com todo o povo de Deus, vocês possam
compreender o amor de Cristo em toda a sua
largura, comprimento, altura e profundidade. Sim,
embora seja impossível conhecê-lo perfeitamente
peço que vocês venham a conhecê-lo, para que
assim Deus encha completamente o ser de vocês
com a sua natureza. (Ef 3:17-19)
Como o apóstolo, anseio que você conheça o
amor de Deus em sua plenitude, que nos leva
a saber que não há lugar longe, alto ou baixo
demais para ser atingido. Desejo também que
ele conceda a você dons espirituais e poder de
compreender o seu plano, que ele a estimule e
encoraje a viver em santidade. A mulher que é
santa conduz seu lar em santidade; seu esposo e
seus filhos caminham santos, a família é provida
de bênçãos espirituais; assim, todo o corpo - a
igreja - fortalecido.
Cheia do poder de Deus, você, mulher
promessista, terá poder concedido pelo Espírito
Santo, conhecimento e sabedoria que vem de
Cristo e ultrapassam o entendimento, porque
6 O Clarim
Studio Vision
Um Convite à Santidade
Ana Maria Ronchete David
Diaconisa: Diretora da Fesofap
Deus dá suprimento abundante. Não há limites
para fonte divina, que é a riqueza da sua glória.
Assim, você poderá ser capaz de entender o
grande chamamento divino para o trabalho
cristão. Movida pela força e esperança em
Cristo, você ousará fazer a obra de Deus.
Você, mulher, precisa de plena intimidade com
Deus e do seu poder que produz a iluminação
espiritual a qual transcende todo conhecimento
humano. Esse poder a levará a fazer o que é
preciso ser feito.
Amada,
precisamos
ser
fortalecidas,
tonificadas com esse poder para a boa obra
de Cristo. Sejamos, portanto, transformadas e
renovadas em nossa mente, para realizar toda a
vontade de Deus, que é boa, aceitável e perfeita.
E que o Espírito Santo que habita em nós, nos
faça, através da glória de Deus, participantes
da natureza e santidade divina para a grande
e principal missão de anunciarmos o evangelho
por amor aos perdidos, confiados naquele que é
poderoso para fazer infinitamente mais do que
pedimos ou pensamos.
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Po e s i a
Quem Sou?
Paro para pensar neste instante,
Nesta pergunta intrigante:
Sou alguém que tem tristeza?
Ou alguém que tem incerteza?
Sou firme e confiante,
Naquele que está conosco a todo instante.
Sou alguém que luta para ajudar
Um coxo a caminhar...
Um cego a enxergar...
Uma esposa a se alegrar...
Uma mãe a seu filho abraçar...
Alguém que tem dentro do peito
Um forte e grande desejo:
O mundo desbravar...
Às vezes, tenho medo,
Muitas vezes, insegurança,
Mas, no fundo, uma esperança:
Que Deus me guiará!
Sou filha, esposa e mãe
Tudo isso, benção de Deus.
Sinto-me fraca...
forte...
insegura...
disposta...
triste...
alegre...
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Sou um ser humano frágil
Que deseja ser muito ágil
Para Cristo anunciar!
Porém, no momento mais difícil,
Lembro-me do apóstolo destemido:
“Posso todas as coisas
Naquele que me fortalece”
Na angústia, o salmo 46
Que é, por mim, tão recitado:
“Deus é o meu refúgio e fortaleza,
Socorro bem presente na angústia.”
Mas quem sou?
Sou mulher...
Promessista...
Missionária...
Algo que sempre desejei
E muitas outras coisas planejei,
Mas, o Todo-Poderoso me disse
E disso não posso fugir:
“Eu te escolhi e a minha obra irás cumprir!”
Então disse eu:
Eis-me aqui, envia-me a mim!
Eliane Salvador Corrêa da Silva
Diaconisa
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Dir etoria Fesofap
8 O Clarim
Dsa. Ana Maria Ronchete
Diretora
Dsa. Elaine C. Fontana Cunha
Vice-diretora
Maria Aparecida C. da Silva
Secretária
Eliane Salvador Corrêa da Silva
Vice-secretária
Terezinha M. do Prado Ferreira
Tesoureira
Nilda Quental Pereira
Vice-tesoureira
Meire Barbosa Corrêa
Conselheira
Marinete ...
Departamento Espiritual
Nadir Brás Mendes
Departamento Social
Jane Goi victorino Gandara
Departamento Intelectual
Sandra Eunice C. Alves Dias
Departamento de Evangelismo
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(Da esquerda para direita) •Nilda Quental Pereira - Vice-Tesoureira • Terezinha Marques do Prado Ferreira - Tesoureira• Eliane Salvador Corrêa da Silva
Vice-secretária • Maria Aparecida Cordeiro da Silva - Secretária • Meire Barbosa Corrêa - Conselheira • Ana Maria Ronchete David – Diretora •
Elaine Corrêa Fontana Cunha – Vice-diretora • Jane Goi Victorino Gandara Departamento Intelectual • Sandra Eunice Campos Alves Dias –
Departamento Evangelismo • Nadir Brás Mendes – Departamento Social • Marinete ... – Departamento Espiritual
O Clarim
Matéria de Capa
Ele
Morre de
Amor por
Ela
Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a
santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga,
nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
(Ef 5:25-27)
10 O Clarim
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N
No início
o início, ela era sem formosura,
feia. Quando ele a viu pela primeira
vez, ela tinha rugas e demonstrava
muitos defeitos. Na verdade,
quando ele a valorizou, ela não tinha nenhum
valor. Um de seus primeiros nomes, “povo de
Deus”, era bastante estranho para quem seria a
esposa do mais importante noivo da história. Ele
a viu, mas ela não o percebeu. Desde a primeira
vez, ela insistiu em desprezá-lo (Dt 9:24). Por
sua vez, ele insistiu no olhar e continuou a
cortejá-la; mas ela não lhe deu guarida. Então,
unilateralmente, ele decidiu escolhê-la para ser
somente dele (Dt 7:6).
Ele a amou antes que ela soubesse que seria
a mais feliz de todas as mulheres. Era pequena,
mirrada, oculta, desconhecida, sem expressão. Ela
nunca foi notada, percebida, desejada. Ela mesma se
depreciava, numa atitude típica de quem nunca fora
amada. De fato, ela não era a mulher mais bonita
do mundo; havia outras infinitamente mais fortes,
formosas e belas; mas ele a escolheu, simplesmente
porque a amou desde o princípio (Dt 7:7).
Quando ela se sentiu a pior das mulheres,
quando desceu sua estima ao chão, quando se
entregou ao desamor, quando aceitou a solidão
como um fato consumado, quando declarou
que nunca conheceria o sabor de um amor
verdadeiro, ele apareceu e a amou com a sua
força, e a livrou do poder das suas frustrações
amorosas, das quais era escrava. Ele fez isso
para cumprir o juramento que tinha feito aos seus
antepassados (Dt 7:8). Ele a tomou nos braços e
a amou com o amor que ela julgava impossível.
Contudo, ela não fazia idéia da nobreza e da
realeza dele; sequer imaginava que seu noivo
era incomparável, único, fiel e que mantém
a sua aliança. Ela também não fazia idéia de
que ele continuaria a amá-la, por mil gerações,
e que faria de tudo para que ela o amasse e
correspondesse aos seus valores e desejos mais
elevados (Dt 7:9). Se ela respondesse livremente
e positivamente ao seu amor, teria a satisfação
de se sentir amada, abençoada e poderosa. Ele
lhe daria muitos filhos, boas colheitas de cereais,
uvas e azeitonas e muitas crias de gado e de
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ovelhas. Ele lhe daria os melhores presentes da
terra. Ela seria a mulher mais abençoada do
mundo (Dt 7:14).
No meio
Ele decidiu casar-se com ela. Ela ainda não
demonstrara nenhuma segurança, nem lhe dera
sinal de que seria fiel. Mesmo assim, ele decidiu
arriscar e casar-se com ela. Ele entendeu que
seu amor perfeito a demoveria de possíveis
descaminhos. No começo, ela correspondeu
inteiramente ao seu amor. Ela parecia contente
com o amor dele e ele olhava com otimismo e
esperança para o futuro.
Como prometera, ele deu a ela o primeiro filho
(Os 1:3-4). O casamento chegara ao seu melhor
momento, quando ele percebeu que ela começou
a mudar. Ele a viu um tanto estranha, distante; ela
começou a olhar para ele de forma diferente; um
olhar carregado de sensualidade. “As mulheres
mudam depois que se tornam mães”, pensou ele,
sem fazer idéia do que o aguardava.
A cada dia, seu amor por ela ardia intensamente
no peito; entretanto, quanto mais demonstrava
amor, quanto mais a procurava, mais sentia que
ela se esquivava e se afastava. Ele a viu chegar
com roupas estranhas, curtas e decotadas;
sentiu seus novos perfumes e se espantou com
seus novos enfeites. Incrédulo, viu-a fazer o
filho dormir, e, em seguida, arrumar-se e sair.
Em vão, ele tentou intervir. Ela saía às nove da
noite e voltava pelas seis horas da manhã.
Ele viu os contatos conjugais irem diminuindo
consideravelmente. Foi quando ela engravidou
pela segunda vez (Os 1:6). Era uma linda
menina. Ele não pôde disfarçar o desconforto,
mas seu amor o fez silenciar. Ele se perturbou,
mas seu amor supriu-lhe a angústia. O que mais
lhe perturbava a alma era sentir que a amava
ainda mais. Depois que a filha nasceu, ele
constatou que ela se afastava ainda mais; agora,
ele tinha de se humilhar para tê-la nos braços,
implorar por seu amor, mendigar seu calor. E
foi arrebatado de surpresa, quando ela lhe deu
a notícia de que seria mãe pela terceira vez, de
um menino (Os 1:8).
Assim que deixou de amamentar o terceiro
O Clarim 11
filho, ela agravou o afastamento e se mostrou
rebelde para com o marido. Ele tentou
reconquistá-la de todas as
formas, mas não conseguiu.
No entardecer de um
dia triste, ele a viu ir
embora definitivamente,
deixando-o com as três
crianças. Ela se desviou!
Ele
sempre
soube
desse risco; perturbou
profundamente; agora,
tinha certeza de que
a menina e o último
menino não eram frutos
de seu amor; todavia,
sua alma sangrava de
amor por ela.
Os dias tornaramse difí-ceis, duros demais
para ele. Desesperado, ele a
procura por todos os lugares:
ruas, becos e valados (Lc
14:21). Enquanto procura,
sua respiração é ofegante;
sente seu coração acelerar
de amor. Ele a encontra
num
barraco
com
um
amante,
um
homem que não
12 O Clarim
tinha como sustentá-la. Ele faz de tudo para
reconquistá-la, mas ela despreza todas as suas
súplicas, exalta o amante e declara que este lhe
dará as melhores roupas, perfumes e comida
(Os 2:12-13). Ela lhe virou as costas e se foi na
escuridão, rumo a um novo homem. Incrédulo,
ele vê o desvio consciente dela. Humilhado, volta
sangrando para sua casa e para suas crianças.
E no fim
Muitos anos se passaram. Enquanto ela se
prostituía com seus amantes, ele permanecia
fiel a ela (II Tm 2:13). Ela continuava sendo a
mulher de seus sonhos, o amor de sua vida. Seu
amor era tão grande que ele tinha a sensação de
que ela o havia abandonado ontem.
Certa manhã, quando a primavera enfeitava
os campos, ele sentiu seu coração bater muito
forte; entendeu que deveria sair, sentiu que algo
surpreendente poderia acontecer. Enquanto andava
nas ruas, sentia aquela respiração ofegante de
novo. Seu coração estava convicto. Ela dá passos
firmes. Seus pés param em frente ao mercado
central. Ele vê homens iníquos vendendo pessoas.
Observa. Vê que é a vez de uma mulher.
Ele se estica entre a multidão, procurando
um ângulo melhor. Seu coração quase pára ao
ver mais de perto. “É ela!”, exclama. Ele está
paralisado. Mãos frias, geladas. É ela, mas
já não se parece com ela. Está nua,
como as escravas eram vendidas.
Já não desperta nenhum desejo
nos amantes. Está magra,
esquelética, amarela. Costelas
aparecendo, cabelos brancos,
maltratados! “Ela está muito
ferida!”
Ele se aproxima mais.
Quanto mais se aproxima,
mais sente o coração bater
de amor. Ele vê que, nos
olhos dela, parece haver
certo brilho de loucura (Jr
51:7) “Os amantes não lhe
deram roupa, nem perfume,
nem comida!” Ele treme. “Ela está cheia de
doenças!” (Dt 7:12-15).
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Agora, ele está bem perto do local onde ela
está sendo vendida; está molhado por um suor
gelado. Não é para menos: está em frente à mulher
de sua vida. Ele ouve um lance no valor de treze
moedas de prata; depois, outro de quinze. Fazse silêncio. “Quinze moedas de prata e um ômer
e meio de farinha!”, grita o marido. “Vendida!”
Um valor imenso (Os 3:1-2). Com o que lhe
restou, comprou um vestido branco, o mais caro
do mercado. Gastou tudo o que tinha.
Ele caminha em direção a ela. Mais ofegante
está. Lembra-se do dia em que a viu pela primeira
vez. Sobe as escadas de pedra e, finalmente, fica
frente a frente a sua amada. Ela tem dificuldades
de ficar em pé; não consegue olhar nos olhos
dele. Ele a toma das mãos do mercador. Com
ternura, ele a veste, e lhe diz:
Por muito tempo, você vai esperar por mim.
Durante esse tempo não se torne prostituta, nem
se entregue a um amante. E eu também esperarei
por você (Os 3:3)
Ela não agüentou o amor dele e desmaiou
nos seus braços! Ele a carregou e a levou para
casa. Por ser um marido fiel, ele deu um tempo
para que ela pudesse se curar e se purificar.
Ele a ajudava, cantando com ela a linda música
penitencial que Davi cantava, depois que caiu
em adultério e se arrependeu (Sl 51).
Com o tempo, ela foi curada e purificada; e
o que é mais bonito: tornou-se uma esposa fiel!
De sua boca, nunca mais se ouviu elogios sobre
amantes. Ela olhava para ele e declarava com a
boca cheia: “Meu Marido!” Mais uma vez ela
me chamará de “Meu marido” em vez de me
chamar de “Meu Baal”. (Os 2:16)
ISSO TEM A VER CONOSCO?
Nós somos a esposa de Jesus. Como mulher
dele, infelizmente, muitas vezes, insistimos em
flertar com os amantes deste mundo; vamos além:
praticamos adultério. Às vezes, adulteramos com
uma nova doutrina, uma nova espiritualidade,
uma nova moralidade, uma nova adoração, uma
nova forma de fazer família. Tudo fora da graça,
fora dos pactos, fora da Palavra.
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Às vezes, aprofundamo-nos tanto no adultério
que chegamos a colocar nosso esposo para fora
de casa, e o vemos, humilhando, implorando
por nosso amor (Ap 3:20).
Embevecidos com as novidades do amante,
acreditamos que o outro é quem nos vestirá,
nos perfumará e nos alimentará. Iludidos,
entregamo-nos aos devaneios e nos desviamos
do marido. Ele nos quer no melhor de nossa
forma e de nossa vida (Ec 12:1-7). Mas nós
entregamos nossa juventude, nosso vigor, nosso
melhor aos sedutores encantos do falso amor.
Porém, o marido não desiste: quanto mais o
humilhamos, mais ele morre de amor por nós.
Quando nos vemos sujos, fracos, doentes,
amarelos, “costelas aparecendo” e já não causamos
nenhuma emoção no amante, Jesus vem e nos
encontra, nos veste, nos leva para casa, cuida de
nossas doenças, nos purifica e nos recebe como
sua esposa. Ainda que o desprezemos, ele morre
de amor por nós. Ele ama tanto a sua igreja que
... a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse,
tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela
palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém
santa e sem defeito. (Ef 5:25-27)
Ele morre de amor por ela para que ela seja uma
mulher santa! Ele suporta todas as humilhações
dela para que ela seja uma esposa pura. Ele não
se cansa de esperar pelo amor dela. Ele acredita
que, conforme o tempo passar, ela será curada e
purificada de seus pecados. Por causa do amor
dele, ela acabará aprendendo a ser fiel.
Quando esse dia chegar, ele lhe dirá:
Israel, eu casarei com você, e para sempre você
será minha legítima esposa. Eu a tratarei com
amor e carinho e serei um marido fiel. Então você
se dedicará a mim, o SENHOR. (Os 2:19-20).
Ele verá a fidelidade dela e se alegrará; ela
será santa, não por seus méritos, mas porque
seu Marido é santo (I Pe 1:15-16).
José Lima de Farias Filho
Pastor: Presidente da IAP
O Clarim 13
S É R I E : F E S TA S P A G Ã S
Halloween ou
Dia das Bruxas
A
s crenças e práticas ocultistas
têm ganhado adeptos a cada
dia, na atual sociedade, e
conquistado simpatizantes, até
no meio evangélico. O cristão
verdadeiro tem sua ética
fundamentada na Bíblia, palavra de Deus. É
sua responsabilidade permanecer alerta, num
mundo dominado pelo maligno. O homem pósmoderno aceita, com muita facilidade, as coisas.
Práticas que comprometem a vida espiritual e
contrariam os valores morais ditados por Deus,
são tidas com normais. Dentre tantas práticas,
vamos aqui considerar o Halloween, prática que
parece ser uma diversão simples e inofensiva.
No Brasil, o Halloween é chamado de “Dias
das Bruxas”, festividade importada dos Estados
Unidos. Os imigrantes irlandeses foram os
que levaram para os Estados Unidos essa
14 O Clarim
comemoração, em meados do Século XIX. É uma
festa comemorativa realizada em grande parte
dos países ocidentais, celebrada no dia 31 de
outubro. É recheada por histórias assombrosas
de fantasmas, fantasias e brincadeiras bizarras.
Destaca-se, também, devido à mistura de
elementos religiosos e seculares. Numa atitude
de vigilância, cabe-nos investigar e procurar
saber: de onde vêm todas as práticas ligadas ao
halloween? Quais as suas origens? Qual é a sua
história? Qual é o fundamento dessa tradição?
O significado da palavra e a base
histórica do halloween
A palavra halloween vem de “All Hallows
Even”, cujo significado, em inglês, é “Noite de
Todos os Santos”. A véspera do “Dia de Todos
os Santos” era o “All Hallows Day”. A palavra
“Hallow”, no inglês antigo, designava “pessoa
santa”. O dia de todos os santos era chamado
de o dia de todas as “pessoas santas”. Nesse
dia, os católicos homenageavam todos os santos.
Com o passar do tempo, começou a ser chamada
de “All Hallows Even”, como “Hallowe´em” e,
posteriormente, “Halloween”.
As celebrações pagãs dos antigos povos celtas
deram base para o ”halloween” ou “dia das
bruxas”. Os celtas habitavam a Gália e as Ilhas
da Grã-Bretanha, nos anos 600 a.C. e 800 d.C.
Viveram em uma região da Áustria, perto do sul
da Alemanha. A cultura celta valorizava rituais e
louvores aos deuses da natureza. O ”halloween”
era uma festividade realizada por eles, entre 30
de outubro e 02 de novembro. Marcava o fim
do verão, ou início do ano novo, chamada, de
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samhain,(sou-em), que significa, na língua celta,
“fim de verão”.
O samhain era comemorado no dia 1o de
novembro, com muita alegria e homenagem aos
deuses e aos mortos. Acreditavam que, nessa
data, era estabelecida uma conexão entre o
mundo dos mortos e o mundo dos vivos; espíritos
dos mortos viajavam novamente entre os vivos.
Criam que os espíritos saíam dos cemitérios para
tomar posse dos corpos dos vivos; por isso, nesse
dia, para assustar os fantasmas, colocavam, nas
casas, objetos assustadores: caveiras, abóboras
enfeitadas, ossos decorados e outros.
O Halloween, o Dia de finados e o
Dia de Todos os Santos
Durante a Idade Média, o halloween foi
reconhecido na Europa como festa pagã e
proibida. Foi, então, que passou a ser chamada
como “Dia das Bruxas”. Para diminuir as
influências pagãs na Europa Medieval, a igreja
criou o Dia de Finados, estabelecendo o dia 2
de novembro. O halloween foi camuflado nessa
data. A incorporação de tradições pagãs em suas
festividades foi um meio usado pela igreja para
converter pessoas à fé católica. Ainda hoje, o dia
de finados é celebrado com missas e festividades
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em homenagem aos mortos. Os vivos rezam
pelos cristãos que estão no purgatório (estado
onde as almas são purificadas pós-vida, antes
de irem ao céu). No purgatório, as almas têm de
sofrer para serem purificadas de seus pecados.
O catolicismo tradicional romano chamava
de santos homens e mulheres virtuosos e os
canonizava, depois de sua morte. Ainda se crê
e se ensina que os santos estão próximos de
Deus e são detentores de poderes para realizar
milagres na terra. Além de homenageá-los, fiéis
católicos pedem a eles direção para suas vidas.
Fundamentado nessa crença, o Papa Bonifácio
IV, no Século VIII, oficializou 13 de maio
como “Dia de Todos os Santos”. Essa data foi,
posteriormente, transferida, pelo Papa Gregório
III, para o dia 1o de novembro. As tradições
do Samhain (fim de verão) foram incorporadas
às atividades do dia de todos os santos, o
que motivou alguns descendentes dos antigos
celtas a se tornarem católicos. Houve uma
miscelânea de crenças cristãs (católicas) e pagãs.
É interessante buscarmos a visão bíblica
da palavra “santo”. Encontramos, no Antigo
Testamento, cerca de 116 vezes a palavra
hebraica “QADOSH”, que significa “separado”.
No novo Testamento, aparece 230 vezes a palavra
grega “AGIOS”, que significa “separados pelo
O Clarim 15
Senhor como sua possessão peculiar”. Observe
um texto que é uma premissa: Vós, porém, sois
raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo
de propriedade exclusiva de Deus (I Pe 2:9). Na
igreja primitiva, todos os crentes eram chamados
de “santos” (At 9:13,32, 26:10; Rm 8:27,
12:13, 15:25-26; Ef 4:11-12).
Os perigos do Halloween
para o Cristão
A Bíblia nos esclarece que o ocultismo está
presente em todas religiões e seitas que incluam
em suas crenças e práticas: previsões futurísticas,
comunicação com os mortos e segredos
instigantes. No mundo atual, o ocultismo já
não assusta, não repele; pelo contrário, atrai
multidões. Mas a Bíblia o considera abominável.
O homem do terceiro milênio acredita que “o
mal já não parece ser tão mal assim”. A esse
respeito, Deus diz: Ai dos que ao mal chamam
bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz,
e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce
por amargo! (Is 5:20).
O halloween, em sua origem, está
relacionado à morte e tem como símbolo
figuras e elementos assustadores, tais como
caveiras, monstros, fantasmas, bruxas,
gatos negros e outros. É lamentável que pais
ajudem crianças a participarem do halloween.
Em todos os contos, as bruxas e feiticeiros
apresentam-se como adoradores de demônios,
com poderes mágicos e ocultos. Participar
do halloween é homenagear os mortos, é
crer que eles voltam para se conectar com o
mundo dos vivos. Essa crença é condenada
na Bíblia. Não podemos concordar com isso,
pois servimos a um Deus vivo e verdadeiro.
Confira, na Palavra de Deus, sobre práticas
ocultistas e abomináveis (Dt 18:9-12; Is
8:19-20).
Não tome parte na idolatria! A palavra
“EIDOLOLATRIA”, no grego, significa: “culto
aos falsos deuses” ou “adoração de ídolos”.
Refere-se a ídolos, imagens e tudo que ocupe
lugar de Deus no coração dos homens. Leia um
grande conselho:
16 O Clarim
Antes digo que as coisas que eles sacrificam
sacrificam-nas a demônios, e não a Deus. E não
quero que sejais participantes com os demônios.
Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice
de demônios; não podeis participar da mesa do
Senhor e da mesa de demônios. Ou provocaremos
a zelos o Senhor? Somos, porventura, mais fortes
do que ele?” (I Co 10:20-23)
Alguém poderia dizer: “Halloween é apenas
uma brincadeira; não há mal nenhum”. Em
provérbios, encontramos:
Tomará alguém fogo no seu seio, sem que os
seus vestidos se queimem? Ou andará alguém
sobre as brasas, sem que se queimem os seus
pés? (Pv 6:27-28).
Não podemos agir como ignorantes, ingênuos
e imprudentes. Se temos conhecimento de que
algo tem relação com o ocultismo, devemos nos
abster. Precisamos fugir de todo mal e de toda
aparência do mal.
Os pais cristãos têm a responsabilidade de
ensinar seus filhos e levá-los a entender, desde
pequenos, que o cristão faz uma opção de vida
cujo estilo tem um preço, mas haverá recompensa.
Os pais devem assumir o verdadeiro papel
determinado por Deus para o cristão, sem fugir
dos padrões bíblicos. Orientemos nossos filhos
a respeito do lado oculto dessas festividades.
Bibliografia
- Bíblia Sagrada
- WOODROW, Ralph. Babilônia: a religião dos
mistérios. Edição? Editora? Ano?
- BENTON, H. Hemingway. Enciclopédia Britânica
Barsa. Edição, Editora, ano?
- CHAMPLIN, R. N.; BENTES, J. M. Enciclopédia
de Bíblia e Filosofia. Edição? Editora? Ano?
- GOSPELMAIS. Halloween. Disponível em:
<http://www.gospelmais.com.br>. Acesso em: jun 2008.
Eneias Manoel dos Santos
Pastor
www.fesofap.com.br
Formação Teológica – Uma Responsabilidade da Fatap
Em janeiro de 1994, por ocasião da
Reunião do Presbitério Geral da Igreja
Adventista da Promessa (IAP) foi criada a Faculdade de Teologia
Adventista da Promessa - Fatap. Esta
é uma conquista da igreja.
Por mais de 13 anos a Faculdade de
Teologia contribui para formação
pastoral e de outras lideranças da
igreja. Hoje, a Fatap está presente nas
seguintes regiões: Geral, Paulistana,
Paulistana Leste, Sul, Rio de Janeiro,
Noroeste Paulista e Paranaense.
Neste semestre a Fatap deve alcançar regiões como: Seal, Rondoacre,
Mato-Grossense, Goiás, Bahia,
Mineira, Rio Grande do Sul, Oeste
Paulista, Paulista, Litoral e
Leste Paulista, além do Paraguay.
Os cursos ministrados pela Fatap
são: bacharel em Teologia (4 anos),
curso médio em Teologia (2 anos) e
curso para Consagrandos (1 ano).
A faculdade se prepara para a
implantação de cursos à distância.
Serão eles: curso médio em
Teologia e o curso para consagrados
(diáconos, diaconisas e
presbíteros) ambos com início
previsto para fevereiro de 2009.
Mais informações podem ser obtidas nos escritórios regionais ou pelo
telefone (11) 3104-6457 ou pelo e-mail: [email protected]
www.fesofap.com.br
O Clarim 17
Comportamento
C
Quem
Sabe?
arlos Gomes foi um grande
maestro. Como tal, desfilava
sensibilidade, criatividade e
talento em todos os concertos
que fazia. Por ser filho ilustre de
Campinas, a cada ano, a cidade lembra sua obra.
Também em sua homenagem, foi construído lá o
famoso conservatório Carlos Gomes.
Uma de suas mais conhecidas obras é “O
Guarani”. Mas existe uma obra para a qual quero
lhe chamar à atenção. Ao voltar de uma de suas
excursões, em que belíssimas apresentações
foram feitas, ele ficou sabendo da traição de sua
esposa. Foi no clímax dessa situação que compôs
uma música inesquecível para sua época. Parte
da letra dizia assim: tão longe, de mim distante,
aonde irá, aonde irá teu pensamento? Quisera
saber agora, se esquecestes o juramento. Essa
composição foi feita em 1860, e seu título era
uma pergunta: Quem sabe?
Em 1860, como sabemos, não existia internet,
e-mail, msn, orkut, blog. Aquela sociedade
nem imaginava este momento tecnológico tão
avançado. No entanto, os sentimentos do maestro
Carlos Gomes demonstram que a dor por uma
18 O Clarim
traição era tão aguda quanto hoje. “Quem sabe?”
Reflete a angústia das interrogações daqueles que
são feridos no coração. O que a outra pessoa pensa
longe de mim? Por onde anda sua imaginação na
minha ausência? Quem sabe?
À exceção da trindade, ninguém sabe.
Pensamentos e imaginações são áreas insondáveis
por nós, mortais. Nessas áreas, cada um viaja por
onde quiser, à hora que quiser e com quem quiser.
Os tempos são outros, em relação àqueles
de 1860. São mais preocupantes, uma vez que
pensamentos, imaginações e desejos ganharam
poderosas ferramentas digitais. A traição está
dentro de casa, a apenas uma teclada. “A Internet
criou uma nova maneira de ser infiel. Começa
com mensagens, evolui para confidências; logo
entra no reino das fantasias sexuais. Quando
menos se espera, o marido ou a mulher já estão
teclando sem parar com um desconhecido.
Mesmo que nunca se transfira para a vida real,
a traição machuca do mesmo jeito”, afirma
Daniela Pinheiro (Pinheiro, 2008).
Por causa dessa facilidade, muitos casamentos
estão em frangalhos, desorientados, arrasados e,
em muitos casos, desfeitos. Tanto os consultórios
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médicos e de terapeutas quanto os escritórios
de detetives especializados em investigação
digital estão cada vez mais lotados de homens
e mulheres buscando ajuda. O principal motivo
para o desespero e a preocupação é que, em
60% dos casos, a infidelidade virtual termina
em sexo real, com uma mulher e um homem
ao vivo para consumarem tudo aquilo que já
haviam permitido no computador (idem).
Dependentes virtuais crescem a cada dia.
Trata-se de pessoas que ficam horas e horas
em frente ao computador, madrugadas inteiras,
comprometendo seu rendimento no trabalho,
na família, na vida. E mesmo assim, com
sinais claros das tragédias que se anunciam,
não abandonam a zona de perigo, mas querem
continuar nadando, surfando e navegando
naquela parte do mar onde as placas avisam:
“cuidado; tubarões”.
Às vezes, esses até conseguem ficar um tempo
longe do teclado e da tela. Mas, de repente, uma
vontade incontrolável surge e, o mesmo pensamento
que deu início a este terrível hábito vem e domina,
“vou dar só uma olhadinha”. Nessa hora, o que
fazer? Cristo tem algo a dizer a respeito:
A candeia do corpo são os olhos; de sorte que,
se os teus olhos forem bons todo o teu corpo terá
luz; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o
teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz quem
em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!
(Mt 6:22,23)
Esses dois preciosos versículos do sermão
do monte formam uma pequenina parábola.
Se tivermos o cuidado de olhar os versículos
21 e 24, que cercam os versículos 22 e 23,
perceberemos com mais intensidade a mensagem
de Cristo sobre a luz que deve representar o
nosso olhar.
O versículo 21 nos diz que onde estiver nosso
tesouro, lá estará o nosso coração. O versículo
24 diz que não podemos servir a dois senhores,
porque odiaremos um e amaremos outro. De
forma simples, esses dois versículos podem
ser aplicados a esta reflexão por meio de duas
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Mes a real, mo jeit eiro
mes la Pinh
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ie
Dan
perguntas: Irmã, sua família é seu tesouro? A
irmã odeia ou ama o seu marido?
Voltemos aos versículos 22 e 23. Esse texto
começa dizendo que os olhos iluminam o corpo.
A essência desse iluminar que Cristo propõe é a
saúde dos olhos. A idéia é simples: o olho saudável
capta a luz e guia todos os membros do corpo para
suas respectivas ações. Portanto, “olhos bons” são
usados para exemplificar a alma que só se permite
guiar pela luz espiritual da palavra.
O olho saudável também traz consigo a
vantagem de enxergar uma imagem limpa, sem
duplicidade. Essa imagem limpa deve ser a do
nosso testemunho de vida, sem duplicidade de
comportamento.
Na seqüência, o texto apresenta “olhos
maus”, para contrastar com “olhos bons”.
“Maus”, aqui, representa olhos doentes, cujo
funcionamento é falho, por não captarem uma
imagem limpa. Observe bem: Jesus não fala de
falta de visão, mas de visão ruim, doente. Se o
olho bom nos orienta corretamente, o olho mau,
por suas deficiências, fatalmente nos levará por
caminhos arriscados e perigosos.
Essa interpretação para olho saudável e olho
doente é reforçada pelo texto original do versículo
22. Lá, não aparece a palavra “bom”, mas, sim,
a palavra grega que significa “sem defeito”.
O Clarim 19
Agora que esse texto está claro em nossa
mente, temos uma orientação a receber.
Não teclarás
Algumas coisas na vida são surpresas; outras,
por outro lado, já sabemos exatamente onde
terminarão. Entre as que sabemos, está o
anonimato e o momento secreto na internet.
Via de regra, as coisas começam com a frieza,
a mesmice e a indiferença que já não se consegue
suportar no casamento. Então, por causa da
carência, mulheres e homens casados procuram
alternativas para resolver sua necessidade de
atenção e carinho. A princípio, uma das soluções
mais rápidas, fáceis e seguras que se apresenta
é a internet. Nesse momento, iniciam-se as
tecladas, as conversas. Segundo pesquisas, as
salas de bate-papo, independentemente do tema
ou da faixa etária do internauta, constituem-se,
em 80%, de conversas apimentadas, com duplo
sentido e alto teor sexual.
Num ambiente assim, as fantasias crescem.
Hoje, a Internet leva tudo para dentro dos
lares, e, com a aparência de ser segura, cria a
falsa impressão de que seus usuários podem
brincar à vontade, sem criar nenhum tipo de
envolvimento, sem serem descobertos.
É hora de repetir as perguntas: Seu lar é
seu tesouro? Seu olhar é luz ou trevas para o
seu corpo? Você tem dedicado tempo dos seus
olhos para a tela de um msn secreto, um orkut
proibido? Você tem inventado codinomes,
identidades falsas para navegar “sem riscos”?
Quem sabe suas respostas? Só você e o Espírito
do Senhor.
Entendemos que não seja pecado usufruir os
benefícios da tecnologia, mas ela deve ser uma
escrava, não a senhora de nossas vidas. É nesse
ponto que entra o final do versículo 23 (Mt 6),
o alerta de Jesus, muitíssimo importante: Se,
portanto, a luz que em ti há são trevas, quão
grandes são tais trevas!.
Vamos tentar compreender essa afirmação de
Cristo, exemplificando-a com uma descoberta de
Albert Einstein. Ele foi o descobridor da Teoria
da Relatividade. Sem dúvida, sua descoberta foi
uma grande luz para a humanidade. No entanto,
20 O Clarim
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logo seria usada para a fabricação de bombas
atômicas. Tal situação arrasou o cientista.
Quando Hiroshima e Nagasaki experimentaram
os estragos atômicos, a história assistia à
transformação de luz em trevas.
É exatamente isso que Cristo está nos
dizendo. Conhecemos a palavra, participamos
numa igreja, louvamos, oramos, dizimamos,
ofertamos, guardamos mandamentos, mas,
num súbito de falta de piedade, pensamos
que podemos negar tudo isso e nos entregar a
momentos que ninguém pode saber.
Afinal, quem sabe? Jesus sabe! E é
simplesmente impossível abandoná-lo no templo,
pois ele não habita mais em templos feitos por
mãos de homens. Ele habita em nós, vê tudo,
ouve tudo, conhece todos os nossos pensamentos,
sabe absolutamente tudo. É por isso que a vida
dupla, embaçada, de quem tem visão enferma é
envolta por grandes trevas, maiores que as trevas
naturais. A natureza humana sem Cristo já vive
em trevas. Mas imaginemos o que é viver em
trevas, depois de se ter conhecido e vivido com
Cristo. É um estado desesperador, que corrói o
coração, consome a alma, arrebenta a consciência,
em meio a densas e enormes trevas.
Qual a solução? Não dê a primeira teclada.
Delete de sua vida esse desejo; jogue essa
vontade no abismo, antes que ela jogue você e
sua família.
Seus olhos não foram criados para conduzilo à destruição, mas para conduzi-lo à vocação
em Cristo. Quando for teclar e olhar, perguntese, antes, e tenha certeza da resposta: “O que
vou fazer agora glorifica a Deus?” Faça isso!
Divida sua vida, de seu cônjuge e de seus filhos
com Cristo, aquele que tudo sabe, e para o qual
Paulo orou assim: ... tendo iluminado os olhos do
vosso entendimento, para que saibais qual seja a
esperança da sua vocação e quais as riqueza da
glória da sua herança nos santos (Ef 1: 18).
________________
PINHEIRO, Daniela. Trair e teclar: é só começar. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/250106/p_076.html. Acesso em 24 jul. 2008.
Edmilson Mendes
Pastor
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O Clarim 21
Vida a Dois
Não
se Negue um ao
Outro
“... não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois se unam de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio” (1 Co 7:5)
D
urante muito tempo, o assunto
‘sexualidade’ permaneceu trancado
a sete chaves, tanto na sociedade
em geral, quanto na própria igreja,
apesar de a palavra de Deus tratar dele já no
primeiro capítulo do Gênesis. Ali, vemos que,
ao criar o ser humano, Deus escolheu fazêlo sexuado, pois macho e fêmea os criou (Gn
1:27). Somos, portanto, criaturas literalmente
dotadas de sexualidade.
Ao nos fazer seres sexuados, o sábio
Criador pensou em algo que nos completasse,
que nos fizesse felizes, satisfeitos na nossa
potencialidade, ou seja, em nossa relação de afeto,
companheirismo, proporcionando, também, o
prazer físico, a estabilidade emocional, enfim,
a segurança no relacionamento entre marido e
mulher.
Ao reconhecer que Adão não seria totalmente
feliz sozinho, e dar-lhe uma companheira, Deus
estava cuidando para que aí fosse iniciada a
família, a mais importante instituição para o
desenvolvimento pleno de um ser humano.
22 O Clarim
A sexualidade é essencial para a sustentação
da família, não só por ser a forma escolhida
por Deus para a procriação, mas por ser dada
como uma bênção que pode ser traduzida por
intimidade, sentimento de aceitação e conforto.
Segundo a definição do Pr. Jaime Kemp,
“intimidade é quando a alma se aquieta e se sente
em casa” (Lar Cristão, julho/agosto de 2007),
algo que nos coloca à vontade. E só no casamento,
segundo os padrões divinos, isso é possível.
Quando
as
regras
bíblicas
são
desobedecidas, o que fica é a sensação de
insatisfação, algo mais ou menos como a
invasão de propriedade alheia. Pensando
assim, fica mais fácil compreender o que
Paulo quis dizer, quando escreveu: ... a mulher
não tem autoridade sobre o seu próprio
corpo, mas sim o marido. Da mesma forma,
o marido não tem autoridade sobre o seu
próprio corpo, mas sim a mulher (I Co 7:4).
Assim é a exclusividade que gera segurança,
confiança para que o casal se entregue sem
medo de rejeição, sem frustrações.
www.fesofap.com.br
Não existe palavra que expresse maior intimidade
do que o verbo “conhecer”, que a Bíblia usa para
descrever o sexo matrimonial. Um homem e uma
mulher só podem conhecer-se verdadeiramente
depois da união sexual, segundo o propósito de
Deus para o casamento (Gn 2:24).
O sexo conjugal, segundo os padrões divinos,
é o maior grau de intimidade física e emocional
possível num relacionamento humano; daí o
interesse tão grande de Satanás em deturpá-lo
e corrompê-lo.
Felizmente, hoje, os cristãos já têm recebido
orientações saudáveis e satisfatórias à luz da
palavra de Deus. Isso tem mudado muitos
conceitos errôneos, muitas vezes trazidos
através de gerações e que resultaram em muitos
pecados seguidos por sofrimento.
É preciso dar a devida importância à
nossa sexualidade. Ao lermos os conselhos de
Paulo, uma palavra nos salta aos olhos: respeito.
Quando o amor é presente, o outro cônjuge é
que sempre aparece em primeiro lugar. A sua
satisfação, seu prazer, não é deixado de lado.
Em um mundo tão egoísta, a palavra
“defraudar” não aparece tão comumente relacionada
à sexualidade. O que importa é o próprio prazer, a
superficialidade, o instantâneo, e o resultado disso
são consultórios repletos de depressivos, agressivos
e candidatos à solidão e à morte.
Que Deus nos ajude a lembrar, todos os
dias, que o sexo é criação divina. Busquemos
a capacitação do Senhor para expressarmos a
nossa sexualidade de maneira calma, piedosa,
doando-nos mutuamente, sem restrições, dentro
dos parâmetros estabelecidos pelo próprio
Criador do sexo, na sua mais bela e prazerosa
forma e simplicidade.
Marta Olívia de Oliveira Santos
Diaconisa
“Intimidade é quando a alma se aquieta e se sente em casa”
Latinstock Brasil
Pr. Jaime Kemp
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O Clarim 23
Artigo
Deficiência Intelectual:
Inclusão ou Exclusão Espiritual?
A
ntes de tudo, gostaria de dizer
que tenho profunda admiração
por pessoas com deficiência
mental, e quero também dizer
que elas, com suas famílias, são fonte de inspiração e muito aprendizado. Um dos maiores aprendizados
que obtive no contato com essas pessoas foi que
existe, na diversidade, uma forma de superar
limitações e preconceitos.
A sociedade tem se preocupado com a inclusão do deficiente intelectual (termo mais utilizado, atualmente, para deficiência mental), nos
diversos âmbitos da vida social, sendo que, aos
poucos, ele tem alcançado uma melhoria progressiva na sua qualidade de vida. Temos que refletir
sobre suas verdadeiras capacidades e limitações,
para, então, possibilitar um melhor respeito.
Vamos entender a definição de deficiência. De-
26 O Clarim
ficiência mental caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média, com limitações
associadas a duas ou mais das seguintes áreas de
habilidade adaptativa: comunicação, auto cuidado, vida no lar, habilidades sociais, utilização da
comunidade, autodireção, saúde e segurança, habilidades acadêmicas funcionais, lazer e trabalho.
Há vários fatores que podem levar o sujeito a
uma deficiência intelectual, como por exemplo,
alterações metabólicas; alterações cromossômicas; malformação do sistema nervoso; lesões cerebrais adquiridas e problemas relacionados a
fatores socioculturais.
Não se usam mais as terminologias deficiência
mental leve, moderada, severa e profunda. Atualmente, procura-se fazer uma avaliação detalhada
do indivíduo e dar o apoio específico de que ele
necessita. Esse apoio é importante para favorecer
a independência ou interdependência, a produtiwww.fesofap.com.br
vidade e a participação na sociedade, com o intuito de proporcionar ao indivíduo uma vida pessoal
satisfatória. O apoio é classificado dessa forma:
intermitente, limitado, extenso e generalizado.
Para a família, é muito difícil receber o diagnóstico de que seu filho terá uma deficiência,
pois os pais sempre idealizam o bebê. Com o
nascimento de um filho que tem deficiência
mental, surgem sentimentos muito comuns, de
culpa, frustração, vergonha e raiva. Alguns pais
sentem que erraram e que foram punidos.
Para que não aconteça uma desestruturação
na família, os membros devem tomar consciência da nova realidade, e não pensar que essa
criança terá, necessariamente, um efeito negativo na família. Assim, haverá crescimento no
ambiente familiar, com a conscientização da responsabilidade sobre o cuidado com esta nova
criança, através da dedicação e do auxílio mútuo (Assumpção & Sprovieri, 1987).
Também é fundamental a ajuda de uma equipe
multidisciplinar, composta por médicos, psicólogos,
professores, fisioterapeutas etc., de acordo com a
necessidade. O tratamento ajudará a família a aceitar as limitações do filho e a tentar desenvolver o
máximo de suas potencialidades (Lipp, 1986).
Para os que não têm, em suas famílias, pessoas com
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algum tipo de deficiência, é muito importante obter informações sobre a realidade dessas pessoas, para saberem como agir e não cometerem erros.
Frente a uma pessoa com deficiência, as pessoas devem agir de forma natural, tratando-a
com respeito e consideração. Ao dirigir-se a uma
pessoa com deficiência mental, considere a idade dela, pois, ao contrário do que muitos pensam, ela não será uma eterna criança.
Nunca ignore alguém com deficiência, julgando que não entenderá, mas trate da mesma forma que faria com outra pessoa qualquer. Ouse
aproximar-se para uma eventual conversa; você
poderá ter uma agradável surpresa. Considere a
importância de não subestimar a inteligência de
uma pessoa com deficiência intelectual. Observe que cada pessoa tem sua individualidade, e
não é por ser deficiente que ela perderá a sua.
Imprescindível, também, é abrirmos mão de
alguns mitos que cercam a deficiência intelectual. A pessoa com deficiência não é doente, muito menos morrerá cedo, devido a problemas de
saúde. Ela pode ter algum problema de saúde
como qualquer outra pessoa, mas não necessariamente isso estará relacionado à deficiência.
Também não é por ter deficiência que a pessoa será agressiva, ou muito amável. Este é um
O Clarim 27
dos erros mais comuns: as pessoas tendem a generalizar comportamentos dos deficientes. Ser
mais agressivo ou mais amável está relacionado
com a personalidade, com as particularidades
de cada indivíduo e não com deficiência.
Gostaria de compartilhar, em rápidas palavras, minha breve experiência nessa área, principalmente no que diz respeito à realização do
meu trabalho de conclusão do curso de psicologia, que tratou o tema: Casamento entre pessoas com deficiência mental. Por incrível que
pareça, alguns chegam a casar-se. Investiguei
dois casais de pessoas com deficiência intelectual e obtive resultados muito interessantes com
a pesquisa. Observei que esses casamentos podem ser duradouros e que eles podem atingir
satisfação conjugal. A participação dos pais é
de extrema importância, devido a sua influência
na educação dos filhos para uma vida mais independente. Também percebi que, nesse tipo de
relação, os cônjuges podem suprimir os déficits
um do outro e viver num clima de cooperação.
O que é mais importante, na realidade desses casamentos, é a possibilidade de atingirem
a inclusão em todos os âmbitos de suas vidas,
principalmente na área afetiva. Muitas vezes, a
sociedade luta por uma inclusão em escolas e no
campo profissional, considerando apenas o déficit intelectual e esquecendo as questões emocionais, deixando de compreender o deficiente como
um indivíduo capaz de ter desejos e sentimentos.
A inclusão é completa quando pensamos todas
as áreas da vida, ou melhor, quando trabalhamos
para produzir possibilidades em todos os campos: afetivo, intelectual, etc. Não podemos priválos de usufruir as questões afetivas, porque são
características inerentes ao ser humano.
É importante proporcionar aos deficientes intelectuais uma vida social, porque através dessas atividades, as pessoas têm a possibilidade de interagir
com outras pessoas. Nesses momentos, eles vão
adquirindo habilidades sociais e até aprendem a se
relacionar com o sexo oposto e com seus pares. Isso
produz uma melhora na qualidade de vida.
Vimos, na mídia, um casal com deficiência
intelectual que tentava registrar sua filhinha.
Recentemente, a justiça determinou que eles
poderiam registrar a menina, pois conseguiram
28 O Clarim
provar serem os pais. Eles ainda lutam pela possibilidade de casar-se legalmente, pois, no nosso
país, isso ainda não é permitido.
Posto que algumas dessas pessoas possuem
capacidade até para se relacionar, ter filhos e sua
própria família, o que dizer das questões espirituais? Estamos permitindo que elas cheguem até
Deus? Estamos levando a palavra de salvação a
elas também ou ainda temos uma visão limitada
e preconceituosa sobre que pessoas têm o direito
ou capacidade de conhecer a Cristo?
Vocês estão lembrados de Mefibosete? Sua história está em II Samuel 9. Ele era filho de Jônatas, neto do rei Saul e, aos cinco anos de idade,
sua babá o deixou cair, quando fugia dos inimigos
de seu pai. Ele era de uma linhagem real; porém,
após adquirir essa deficiência física, devido à queda, passou a viver isolado. Ele se sentia abandonado, tinha uma visão muito negativa de si mesmo.
A grande mudança na vida de Mefibosete ocorreu
quando Davi, o rei de Israel, dotado de bondade,
resolveu restituir tudo o que era de Mefibosete
por direito e permitiu que ele participasse, juntamente com sua família, das refeições no palácio.
O amor de Davi por Mefibosete traduz o amor
de Cristo por nós, mesmo sendo pecadores. Ele
usa de misericórdia e graça para conosco. Como
conhecedores desse maravilhoso amor, somos
encorajados por Jesus a demonstrarmos grande
amor às pessoas a nossa volta, independentemente de suas falhas, deficiências e limitações.
Bibliografia
Assumpção Júnior, F.B. e Sprovieri, M.H.S. Sexualidade
e deficiência mental. São Paulo: 1987.
Lipp, M.N. Sexo para deficientes mentais: sexo e excepcional dependente e não dependente. 3 ed. São Paulo:
Cortez, 1986.
_________Valentina, Após dois meses, bebê de mãe
com Síndrome de Down e pai com atraso mental é registrado. Disponível em: http://oglobo.globo.com/sp/
mat/2008/06/13/apos_2_meses_bebe_de_mae_com_
sindrome_de_down_pai_com_atraso_mental_registrado546787643.asp Acesso em: 18 de jun. 2008.
_________Classificação de deficiência mental - Evolução do conceito na história. Disponível em: http://www.
entreamigos.com.br/textos/defmenta/classificacaoDeficienciaMental.pdf Acesso em: 18 de jun. 2008.
Virgínia Aparecida Ronchete David
Psicóloga
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Studio Vision
Te s t e m u n h o
Deus de Milagres
Débora Dias Nascimento
Apresentamos o testemunho das irmãs Geni Dias de Carvalho e Clarice Teodoro Quintal
(diaconisa), que congregam na Igreja Adventista da Promessa, parque Jandaia, em Guarulhos – SP.
É com muito prazer que relatamos esta experiência maravilhosa em nossas vidas. Em junho de
2006, observamos que a pequena Débora Dias
Nascimento, na época, com oito anos, apresentava uma excessiva palidez e a levamos ao posto de
saúde. Os médicos solicitaram exames de sangue,
os quais não apresentaram nenhum problema.
Na última semana do mês de agosto, assustadas com o aparecimento de manchas roxas em suas
pernas, nós a levamos ao pronto socorro. Imediatamente, foi encaminhada para internação, transferida para outro hospital, submetida a exames mais
complexos, que levaram ao diagnóstico de câncer
na medula, do tipo “mielóide”, comum em adultos.
Os médicos nos colocaram a par da gravidade
da situação, uma vez que, para lutar contra essa
doença, a menina seria submetida a um trataO Clarim
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29
mento prolongado e com medicamentos muito
fortes, além das difíceis sessões de quimioterapia. Eles nos alertavam a respeito de que, possivelmente, sua estrutura fragilizada de criança
não resistiria ao tratamento, e só um milagre a
curaria. Naquele instante, dissemos ao médico
que esperaríamos em Deus esse milagre. Fizemos votos ao Senhor. Toda a igreja uniu-se em
oração e clamor a Deus pela vida de Débora.
Ela resistiu por longos seis meses ao tratamento, com a boa mão de Deus por ela, e, no
dia 13 de fevereiro de 2007, Débora recebeu
alta médica. Sua medula estava completamente
limpa. Após a alta hospitalar, a pequena Débora
recuperou peso e voltou a ter uma vida normal.
Testemunhamos sua cura, para honra e glória
do nome do Senhor nosso Deus.
O Clarim 29
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De Mulher para Mulher
Um Chamado Pa
D
esde a sua criação por Deus,
a mulher tem como missão ser
uma auxiliadora (Gn 2:18). Na
Bíblia, temos exemplos de várias
mulheres que foram excelentes auxiliadoras,
sempre se colocando à disposição do chamado
e da vontade do Senhor. No Antigo Testamento,
vemos relatadas histórias de algumas mulheres
que se destacaram, sendo um marco no seu
tempo: Sara, Miriã, Débora, Hulda, Ana, Rute
e Ester.
O mesmo se observa no Novo Testamento.
Num contexto social em que a mulher não
era valorizada, Maria é escolhida para trazer
ao mundo o Salvador da humanidade. Com
30 O Clarim
prontidão, Maria aceita o chamado , dizendo
ao anjo que trouxe as boas novas: Eu sou uma
serva de Deus; que aconteça comigo o que o
senhor acabou de me dizer! (Lc 1:38).
Jesus veio ao mundo, rompeu a tradição e
teve um cuidado todo especial com as mulheres.
Conversou com a mulher samaritana (Jo 4:630), deu-lhe atenção e ofereceu-lhe a água da
vida. Ela entendeu que se tratava de Jesus e,
maravilhada, saiu testemunhando.
Durante o ministério de Jesus, algumas
mulheres o seguiam (Mt 27:55), lhe serviam
com seus próprios recursos e o auxiliavam
(Lc 8:1-3). Estavam perto da cruz, quando
foi morto (Jo 19:25) e foram as primeiras a
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ara Você
chegar ao túmulo, após a ressurreição. Ele
apareceu primeiro a Maria Madalena, depois
que ressuscitou. Ela, feliz pelo acontecimento,
anunciou aos discípulos: Eu vi o Senhor (Jo
20:1-18).
Na igreja irimitiva, existia o trabalho
feminino. Lídia recebia as pessoas em sua
casa, divulgando o evangelho (At 16:15 e
40). Também Priscila era cooperadora de
Paulo. Dedicada ao ensino, oferecia sua casa
para o evangelismo (Rm 16:3-5). Dorcas, por
sua vez, exercia o dom de ajudar, fazendo
assistência social (At 9:36). Desde essa
época, a mulher está servindo ao Senhor,
colocando em prática os dons e talentos
recebidos de Deus.
O trabalho feminino na Igreja Adventista da
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Promessa (IAP) completa 60 anos em Novembro
de 2008, período em que os líderes da igreja
têm lhe dado apoio e incentivo. A Sofap –
Sociedade Feminina Adventista da Promessa –
tem a finalidade de apoiar os trabalhos regulares
da Igreja; levar Jesus às pessoas que precisam
dele; reunir mulheres para o aprendizado;
atender às necessidades espiritual, intelectual
e social das sócias; incentivar o crescimento
espiritual, tendo a palavra de Deus como
orientação e guia, para que tenham firmeza
doutrinária e não sejam levadas por ventos de
doutrina (Ef 4:14).
Este trabalho é realizado num ambiente de
cooperação, unindo idéias, competências e
talentos.
Muitas mulheres estão envolvidas na Sofap,
servindo ao Senhor. Se você, mulher jovem,
ainda não participa, receba este chamado para
servir. A Sofap precisa das qualidades que
você tem: disposição, dinamismo, criatividade
e entusiasmo. Esse potencial todo, aliado à
experiência, à motivação e à garra das mulheres
que já fazem parte da Sofap, certamente farão do
trabalho feminino nas igrejas uma grande força.
Aceite o chamado que é feito a você. Deus a
conhece. Ele a criou, e lhe deu dons e talentos
para que a obra dele fosse realizada. O Senhor
merece seu trabalho, seu tempo e seu talento.
Junte-se a essas mulheres que se colocam nas
mãos do Senhor, sempre em oração, na meditação
da palavra de Deus, sendo instrumentos usados
por Ele. A obra é dele, do Pai amoroso. Ele amou
o mundo de tal forma que deu seu único filho
para morrer também por você (Jo 3:16). Dê a ele
sua adoração, seu louvor e seu reconhecimento,
com seu trabalho.
Assim, como Maria, Lídia, Priscila, Maria
Madalena e outras mulheres que serão
lembradas para sempre, ou até mesmo como
mulheres da IAP, que contribuíram e auxiliaram
para que o trabalho feminino tivesse êxito,
sendo exemplo para as mais jovens (Tt 2:3-5),
que você possa dizer: Usa-me, Senhor! Quero
viver para ser bênção!
Meire Barbosa Corrêa
Diaconisa
O Clarim 31
Artesanato
Insira a agulha com a fita mais
escura no início do primeiro passante.
Pegue os 3 primeiros fios livres.
Realce
com trançado
Miriam Figueiredo Beda Oliveira
Diaconisa
Desça para o segundo passante,
pule os 3 primeiros fios e pegue os
3 seguintes.
MATERIAL NECESSÁRIO
- Tesoura
- Agulha para bordar
- 1 Toalha de mão
branca
- 1 fita nº 1 nas cores
Rosa e Roxo
32 O Clarim
Pegue os 3 fios seguintes.
Como desfiar a Étamine:
Marque o meio do tecido e pule 5
fios para cima. Desfie 5 fios.
Repita o mesmo para baixo do meio do
tecido marcado inicialmente.
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Suba para os primeiros passantes,
pule 6 fios e pegue os 3 próximos.
No segundo passante, pegue os 3
Insira a agulha com a fita mais clara
no início do segundo passante e pegue primeiros fios livres.
os 3 primeiros fios livres.
Pegue os 3 fios seguintes.
Suba para o primeiro passante e
pegue os 3 primeiros fios livres.
Pegue os 3 fios seguintes.
Desça para o segundo passante, pule
6 fios e pegue os 3 seguintes.
Pegue os 3 próximos fios.
Suba para o primeiro passante e
pegue os 3 primeiros fios livres.
Desça para o segundo passante, passando com a agulha por baixo da fita
roxa trabalhando na carreira anterior.
Pegue os 3 fios seguintes e vá
repetindo os passos anteriores até
completar a carreira.
Pegue os 3 fios seguintes. Suba para o
primeiro passante e vá repetindo os passos anteriores até completar a carreira.
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O Clarim 33
Cuidando de quem cuida
Lembrem-se de
Seus Pastores
Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a
fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira e viver (...) Obedecei
a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas,
como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e
não gemendo, porque isso não vos seria útil (Hb 13:7,17)
V
ivemos em uma época marcada por atitudes de desrespeito para com as autoridades,
quaisquer que sejam elas. Essas atitudes
podem ser constatadas na família, na escola, no trabalho e na igreja. Os filhos já
não têm mais a mesma consideração pelos
pais; os alunos já não têm mais a mesma
consideração pelos professores e o mesmo
vem acontecendo também na igreja, em relação à figura pastoral. Ao constatarmos essas coisas, a impressão que temos é a de que
não há consciência clara sobre o que o pastor
representa na igreja. Por isso, passaremos a
tratar, aqui, sobre o pastor, com o propósito
de lembrar o papel que esse homem desempenha na igreja para com os fiéis.
A figura do pastor. Sob muitos aspectos, o
pastor é um crente como qualquer outro, diferente apenas pelo grau de responsabilidade
que lhe foi atribuído e pelos inúmeros deveres
34 O Clarim
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“De uma coisa porém, não podemos esquecer: o pastor é o homem de
Deus encarregado de cuidar da seara ou do rebanho de Deus. Tem
necessidades físicas, sociais e espirituais como qualquer outra pessoa”.
que essa responsabilidade lhe impõe. Dizemos
isto em razão da falsa idéia prevalecente na
maioria dos crentes em Jesus, segundo a qual o
pastor deve ser uma espécie de super-homem,
dotado de fé, santidade, amor, paciência e compreensão acima do normal. Não é ruim que pensem assim, se o desejo maior é o de imitá-lo. Mas
é importante saberem que nem sempre o pastor
possui todas as virtudes e, em um bom número
de casos, possui tantas necessidades como qualquer outro membro do corpo de Cristo. Uma
coisa, porém, não podemos esquecer: o pastor é o
homem de Deus encarregado de cuidar da seara e
de seu rebanho. Tem necessidades físicas, sociais
e espirituais, como qualquer outra pessoa. Porém,
essas necessidades deveriam ser vistas, pelos fiéis,
como decorrentes da função que ele exerce e que o
fazem merecedor da compreensão de todos. A luta
contra as forças do mal, por exemplo, que é tão
comum na vida de qualquer crente, é ainda muito
mais intensa na vida do pastor, em razão do seu
envolvimento com a causa de Deus.
“Lembrai-vos dos vossos pastores”; Diante
da recomendação divina, através do escritor da
carta aos Hebreus, entendemos que o ser humano é muito esquecido. Até mesmo quando
assume compromissos importantes, acaba se
esquecendo. Daí a razão de Deus ter procurado chamar-lhe à atenção para certas coisas que
jamais deveriam ter sido esquecidas. Desde o
princípio, o Senhor vem repetindo: Lembra-te
do dia do sábado, para o santificar (Êx 20:8);
lembrai-vos da mulher de Ló (Lc 17:32); lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos
com eles (He 13:3), e assim por diante. Com a
mesma ênfase, Deus nos diz, ainda hoje: Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a
palavra de Deus (He 13:7). Cada crente, com
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certeza, teve, em sua experiência religiosa, algum que lhe serviu de referência; alguém que
foi usado para ministrar-lhe os ensinamentos de
Deus. Não podemos negar a contribuição dessas pessoas para o crescimento dos fiéis. Até
por isso, estes não devem esquecê-las. Aliás, a
recomendação da palavra de Deus, para esses
casos, é a seguinte: E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que
o instrui (Gl 6:6; cf. Rm 15:27). Portanto, se
nada mais puder fazer em favor dessas pessoas,
ore pela saúde e pela permanência dos pastores
nos caminhos de Deus. Faça-lhes uma ligação
telefônica e fale da afeição que tem por eles e
do quanto se sente agradecido a Deus pela vida
deles. Esqueça as eventuais fraquezas que eles
têm; enfatize apenas o seu lado positivo.
“... a fé dos quais imitai”.
A fé do pastor é demonstrada através de sua
dedicação e constância no trabalho, paciência e
perseverança. Paulo pode ser considerado o melhor exemplo de fé, dedicação e amor à causa de
Deus que poderíamos esperar de um pastor. Por
isso, ninguém há melhor que ele para desenhar
o tipo de pastor que considera ideal do ponto de
vista de Deus. Diz ele:
Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que
o nosso ministério não seja censurado; antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo:
na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas
angustias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos
trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência,
na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo,
no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de
Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por
honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como
enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos,
O Clarim 35
mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados e não mortos; como contristados, mas
sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos;
como nada tendo, e possuindo tudo. (II Co 6:4-10)
As circunstâncias aí mencionadas foram as
que marcaram o ministério de Paulo. Por isso,
ele pode aconselhar: Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam
(Fp 3:17). São suas também as seguintes palavras: Sede meus imitadores, como também eu
de Cristo. E louvo-vos irmãos, porque em tudo
vos lembrais de mim, e retendes os preceitos
como vo-los entreguei (I Co 11:1-2).
“... atentando para a sua maneira de viver”.
Qual a maneira de viver do pastor? De acordo
com o texto bíblico que citamos, no parágrafo anterior, fica fácil imaginar a sua maneira de viver:
resignado, submisso, inteiramente à disposição de
Deus para o que ele determinar, não lhe importando se, para isso, tiver de sacrificar seus interesses
e sua vontade. E, se essa é a sua maneira de viver,
é para isso que o crente fiel deve atentar.
“Obedecei a vossos pastores” (He 13:17).
A palavra “pastores”, que aparece em He
13:7,17, serve, também, para designar guias,
condutores e superiores. O pastor, considerado do ponto de vista de sua missão, é aquele
que guia e conduz o rebanho de Deus. Hierarquicamente, é superior àqueles que estão sob
seus cuidados espirituais. Portanto, a palavra
de Deus recomenda obediência a essas pessoas: Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a
eles. A sua palavra deve ser ouvida, seus conselhos, acatados, e seu bom exemplo, seguido.
A sujeição recomendada pela palavra de Deus
a essas pessoas não deve ser demonstrada por
constrangimento, como algo forçado, obrigatório. Ao contrário disso, deve ser espontânea e
voluntária, marcada pela alegria.
“... porque velam por vossas almas” (He 13:17).
O pastor é um vigilante permanente. A missão que exerce exige, de sua parte, todo o cuidado possível. Ele não pode se descuidar, pois um
pequeno descuido de sua parte pode redundar
em prejuízo, tanto para si como para o rebanho
36 O Clarim
de Deus. Assim está escrito: Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim
de agradar àquele que o alistou para a guerra. E,
se alguém também milita, não é coroado se não
militar legitimamente (II Tm 2:4-5). A principal
tarefa do pastor é cuidar desse rebanho e de cada
uma de suas ovelhas em particular, com dedicação, ou, como diz o próprio texto, como aqueles
que hão de dar conta delas. Para essa atividade,
deve, pois, canalizar todas as suas energias.
“... para que o façam com alegria e não
gemendo”.
O pastor deve demonstrar alegria na prestação do seu serviço a Deus. Pastorear o rebanho
de Deus é uma das atividades que só deve ser
feita por quem tiver absoluta certeza de que foi
chamado para fazê-la. Se o pastor não se identifica com essa atividade, é sinal de que não está
no lugar certo, e bem faria se deixasse que outra pessoa a realizasse. Lembramos que o pastor não é recompensado somente por realizar a
tarefa que a função lhe impôs; é recompensado,
principalmente, por fazer isso com dedicação e
alegria. Só o trabalho feito com alegria é digno
de gratificação. De outra forma, se as ovelhas
do rebanho não reconhecem o trabalho do seu
pastor, não lhe obedecem e não se sujeitam ao
seu comando, este acaba trabalhando sem motivação e até com tristeza. E isso não seria de
nenhum modo útil à igreja.
Diante do que tratamos aqui, fazemos uma
afirmação que já não é novidade para ninguém:
nenhum homem é perfeito; todos têm suas fraquezas e imperfeições. Portanto, se não há, entre os humanos, nenhum perfeito, isso significa
que o nosso pastor também tem algum tipo de
imperfeição. Porém, cada crente precisa admitir
que o pastor consciente de sua responsabilidade
é uma pessoa que se esforça para fazer o que é
certo, de modo a servir de exemplo para o rebanho. Por isso, temos o dever de nos lembrar
dos nossos pastores, pois agem como aqueles
que têm de dar conta de cada ovelha que lhe foi
confiada. Que cada crente ame o seu pastor e o
valorize, lembrando-se sempre dele.
Por Valdeci Nunes de Oliveira
Pastor
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Melhor Idade
A Alegria de ser Avó
Nada é tão sublime quanto ver os anos deslizarem no desfiladeiro do tempo.
No passado, o apóstolo Paulo recomendou a seu
fiel seguidor Timóteo que ensinasse a palavra de
Deus e não se esquecesse da fé sincera que sua avó
Lóide e sua mãe Eunice tinham em Deus. Elas passaram para ele a obediência aos preceitos de Deus.
Que vitória dessas duas mulheres especiais!
Eunice era judia e seu marido, provavelmente,
não era cristão. Veja quanto essa mulher se esforçou
para ensinar ao filho o caminho verdadeiro! Lóide,
avó atuante e fiel serva do Senhor, contribuiu, e
muito, na formação do caráter do neto, Timóteo.
Será que nós, avós de hoje, estamos realmente ajudando nossos netos a terem uma fé
não-fingida? Será que estamos nos esforçando
para lhes indicarmos o verdadeiro sentido da
vida? Os tempos são outros, e, talvez, as avós
de hoje não tenham o mesmo tempo de acesso
aos netos, mas uma coisa podemos fazer: orar
sempre pelos nossos netos e deixar-lhes um bom
exemplo a ser imitado.
Ser avó é ser abençoada. É motivo de grande
alegria quando os anos vividos foram relacionawww.fesofap.com.br
dos com Deus e quando pela estrada da existência, andamos na companhia de Cristo.
Muitas vezes, as asperezas e revezes da vida,
a doença e a penúria, petrificam o coração. A
crueldade dos ímpios, as desilusões do mundo,
os falsos religiosos, os fracassos podem apagar
a lâmpada da esperança e fazer-nos pensar que
nossa jornada foi inútil. Vejo tantas avós desiludidas, espantadas, hipocondríacas, desconfiadas! Nada pensaram de sério. Amaram a tudo: a
carne, os prazeres da vida, o dinheiro, o mundo,
os vícios, mas se esqueceram do melhor: esqueceram-se de Deus! Estas, sim, são infelizes. Mas
as avós cristãs devem ser alegres por terem a
consciência do dever cumprido e por conservarem no coração o Espírito Santo de Deus.
Precisamos conhecer a arte de viver para sabermos ser avós. Saber agir, amar, andar, pensar, sentir, regrar, renunciar, conquistar, adorar!
Ah! Saber adorar é o maior segredo! Adorar a
Deus é alegria, paz, ventura, enlevo!
Aynê Sodré Fonseca
Diaconisa
O Clarim 37
NUTRIÇÃO
Conheça alguns Transtornos Alimentares:
Anorexia e Bulimia
stockxpert
E
stamos no século XXI, e o que
as pessoas buscam é qualidade
de vida, mas, ao mesmo tempo,
lutam contra desafios que o mundo
moderno oferece: pânico, estresse,
depressão, distúrbios ou transtornos, etc.
Dentre os transtornos estão os alimentares.
Tratamos, aqui, mais especificamente, da anorexia
nervosa (AN) e da bulimia nervosa (BN).
Na verdade, a anorexia e a bulimia não surgiram
recentemente. Existem relatos de ocorrência no
Egito antigo e em Roma, mas a incidência tem
sido alarmante, ao longo das últimas décadas. O
excesso de preocupação com o peso, com a comida
e o medo obsessivo de engordar podem ser as
principais causas dos transtornos alimentares.
Mulheres entre 14 a 21 anos são o público-alvo.
No caso dos homens, a ocorrência se dá em menos
de dez por cento dos casos.
São vários os fatores que podem desencadear esses
distúrbios, entre eles está a ligação entre magreza,
beleza, sucesso pessoal, “culto ao corpo” e pressão
social. A sociedade espera que as pessoas sejam
cada vez mais magras em um ambiente em
que a oferta de alimentos é cada vez
maior. A pressão profissional, como
no caso de modelos, bailarinas,
jóqueis e atletas olímpicos também é grande. Indivíduos com
comportamento obsessivo,
depressivo, com baixa autoestima e estressados
também são supostos
candidatos.
Anorexia
Nervosa
A anorexia nervosa
é um distúrbio alimentar
caracterizado pela preocupação exagerada com o peso
corporal. A pessoa se olha
no espelho e, embora esteja
extremamente magra, se vê
obesa.
O termo anorexia deriva do
grego e significa “falta de apetite”,
o que, na verdade, é impróprio, já
que a falta de apetite é rara, pois a
pessoa, muitas vezes, sente fome,
38 O Clarim
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mas procura negá-la ou controlá-la, até se tornar
comum ao organismo. Geralmente, a pessoa nega
a doença, mostrando-se indiferente ao seu péssimo
estado nutricional e, na maioria dos casos, sente-se
gorda, apesar de todas as evidências contrárias. Há
uma distorção de imagem corporal.
O alimento se torna o centro da atenção na
vida do anoréxico. Muitos escondem alimentos em
armários, banheiros e roupas. Às vezes, tornam-se
excelentes cozinheiros, elaborando preparações que
sequer experimentam, colecionam receitas e são
“profundos” conhecedores sobre “dieta” e valor
calórico dos alimentos. Têm rituais obsessivos como,
na hora da refeição, cortar e selecionar os alimentos
para, finalmente, ingerir uma quantidade mínima.
Algumas dietas chegam, no máximo, a 200 calorias
por dia. Convertendo esse número em alimento,
citamos como exemplo três bananas nanicas ou cinco
colheres de sopa de arroz cozido. Isso não é suficiente
para atender nossas necessidades nutricionais.
As conseqüências são gravíssimas. Em pouco
tempo, em média, três meses, os sintomas são visíveis:
o organismo realiza ajustes fisiológicos, como: grande
perda de peso, desnutrição, baixa pressão sanguínea,
bradispnéia (dificuldade na respiração), hipotermia
(baixa temperatura do corpo), constipação, depressão,
desânimo, desidratação, descamação da pele,
cansaço, queda de cabelo, amenorréia (ausência da
menstruação), laguno (fina camada de pelos sobre a
pele), distúrbios do sono, dificuldades de concentração
e raciocínio, fragilidade óssea, atrofia dos músculos,
podendo até chegar à morte.
Bulimia Nervosa
O termo bulimia origina-se do grego e significa
“fome de boi”. É caracterizado como distúrbio
alimentar causado pela ingestão compulsiva e rápida
de grande quantidade de alimento (geralmente, com
alto valor calórico), seguida de comportamentos
compensatórios de eliminação, tais como vômito
auto-induzido, abuso de laxantes e diuréticos
(classificada como bulimia purgativa). Outros
comportamentos são: jejum ou restrição alimentar
por longos períodos, exercícios físicos, uso de drogas
e remédios (classificada como não purgativa).
Veja um exemplo de bulimia: a pessoa come
vários pacotes de bolachas, chocolates e bolos
em apenas duas horas; depois disso, induz o
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vômito, já se sentindo culpada e deprimida.
Apesar de toda essa situação ser extremamente
desconfortável, cria-se um ciclo vicioso que ela não
consegue superar. Com isso, esse padrão caótico
de alimentação instala-se e torna-se hábito.
Esse distúrbio alimentar acontece, geralmente,
com pessoas que estão com o peso adequado ou pouco
acima do adequado, ocorrendo oscilações freqüentes.
A bulimia, diferentemente da anorexia, não é
uma doença com características “visíveis aos olhos”.
As pessoas têm, invariavelmente, peso normal e
as alterações físicas são – pelo menos no início –
sutis e perceptíveis apenas para profissionais que
conhecem as características da doença.
São três os sinais clínicos da bulimia:
crescimento bilateral das glândulas salivares,
lesão de pele no dorso da mão, conhecida como
“sinal de Russell”, causada pela introdução da
mão na boca para estimular o reflexo do vômito e
o desgaste dentário provocado pelo suco gástrico
dos vômitos. Isso pode levar à descalcificação
dos dentes, aumento no desenvolvimento de
cáries, perda de dentes, dilatação gástrica,
herniações de esôfago e constipação crônica.
O tratamento
O primeiro passo para tratar esses distúrbios
deve ser o reconhecimento da doença por familiares
e pelo próprio doente. Depois, deve-se recorrer
à ajuda profissional, com equipe multidisciplinar
(psiquiatra, psicólogo, nutricionista, entre outros).
No caso da anorexia nervosa, a reintrodução
dos alimentos deve ser gradativa, para não
provocar sobrecarga. Não há medicação específica
para este caso. Já para bulimia nervosa, o médico
psiquiatra pode indicar o uso de medicamentos
antidepressivos, especialmente se ocorrerem
distúrbios como depressão e ansiedade.
Em ambas as situações, o tratamento exige a
atuação de equipe multidisciplinar. Infelizmente, não se
conhecem métodos eficazes para prevenir tais doenças.
Seria necessário empenho da sociedade na mudança
de certos valores estéticos ligados ao culto ao corpo e à
magreza. É preciso analisar, com espírito crítico e bom
senso, esses valores e não se deixar levar por eles.
Fernanda Costa de Souza
Nutricionista
O Clarim 39
Pe r f i l : J o q u e b e d e
A Fé que
Produz Justiça
Já ouvimos falar ou já lemos a respeito de
mulheres importantes que fizeram a história.
Podemos mencionar algumas delas: Joana
d´Arc, heroína francesa, que lutou na Guerra
dos Cem Anos e se tornou mártir; Madre Teresa
de Calcutá, missionária católica, que se dedicou
a proteger e recuperar os pobres na Índia;
Eva Perón, líder política argentina; Margaret
Thatcher,
ex-primeira-ministra
britânica,
Hillary Clinton, senadora e atual ex-candidata
à presidência dos Estados Unidos. Todas
essas mulheres tornaram-se mundialmente
conhecidas, por terem feito algo por sua nação,
por terem tomado iniciativas em favor da justiça
social, por terem assumido cargos políticos que
eram reservados unicamente aos homens.
Contudo, a história também está cheia
de heroínas anônimas, cujos nomes jamais
apareceram nas revistas, nos programas de TV
ou nos jornais. Elas nunca foram entrevistadas,
muito menos homenageadas. Só no Brasil, há
um batalhão delas. Quem já leu algo sobre Alceri
Maria Gomes da Silva, operária gaúcha que lutou
contra a ditadura militar e acabou executada?
Quem já ouviu falar de Isabel Dillon, a primeira
mulher a se candidatar ao cargo de deputada, na
Constituinte de 1891? Alguém sabe quem foi
Margarida Maria Alves, que lutou pelos direitos
dos trabalhadores rurais do brejo paraibano?
A lista não pára por aqui; há um sem-número
de anônimas que poderíamos mencionar, sem
contar as da atualidade, que estão por aí,
fazendo sua parte, nas igrejas, nos hospitais, nos
presídios, nas escolas, nos orfanatos, nas casas
de recuperação e em tantas ONG’s que há por
esse Brasil afora. São mulheres que, de alguma
forma, lutaram, ou lutam, pelo bem coletivo,
40 O Clarim
inconformadas com a indiferença de quem pode
e deve fazer alguma coisa e não faz.
A Bíblia também nos apresenta uma mulher
pouco conhecida, pouco comentada, mas que
fez sua parte e ajudou a construir a história
de seu povo. Seu nome é Joquebede. Não é
comum lermos algum texto ou ouvirmos alguma
mensagem sobre essa quase anônima. Sendo
assim, é importante oferecermos algumas
informações a seu respeito, para aqueles que não
a conhecem: Joquebede era uma israelita da tribo
de Levi, esposa de Anrão e mãe de Miriã, Arão
e Moisés. Ela viveu no tempo em que o povo de
Israel era escravo no Egito e teve de enfrentar,
como todas as outras mães israelitas, o decreto
de um Faraó que determinara a matança de todos
os meninos hebreus, assim que nascessem. Esse
fato está relatado em Êxodo 1-2.
Mas nem mesmo no relato de sua luta para
manter escondido, por três meses, seu filho caçula
ela tem seu nome mencionado. Só passamos a
conhecê-lo em Êxodo 6:20, na genealogia de Moisés
e Arão, e em Números 26:59, no recenseamento
da tribo de Levi. Essas são as duas únicas menções
ao nome Joquebede. No relato de Êx 2:1-10, ela é
mencionada apenas como: “uma descendente de
Levi”, “a mulher”, “a mãe do menino”. Porém,
esse texto, apesar de não mencionar seu nome,
nos diz muito sobre ela.
O que faz de Joquebede uma mulher especial?
Ela era desfavorecida, por ser escrava e por viver
numa época em que ser mulher era um grande
desprestígio. Além do mais, não há nenhuma
informação bíblica de que as outras mulheres
hebréias – à exceção das parteiras, que se negaram
a obedecer à ordem do rei – tiveram alguma reação
de inconformismo à sentença de morte dada aos
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seus bebês. Isso seria motivo suficiente para que
ela se resignasse ao decreto injusto do Faraó. Mas,
ao invés de simplesmente aceitar a injustiça como
algo inevitável, a escrava Joquebede resolveu salvar
seu filho. As circunstâncias eram desfavoráveis,
mas havia algo que ela podia fazer, e fez: escondeu
seu menino por três meses. Joquebede, assim como
as parteiras, entendeu que não estava totalmente
limitada.
Porém, depois desse tempo, ela se deparou
com a impossibilidade de manter seu filho
escondido. Novamente, apesar das circunstâncias
contrárias, Joquebede encontrou uma forma
de reagir: calafetou um cesto, para guardar
nele o bebê e deixá-lo às margens do rio. Deus
estava com aquela mulher e fez não somente
que o menino voltasse para ela, mas tornou-o
libertador do povo de Israel da escravidão
do Egito e o maior legislador que o mundo já
conheceu.
Sabemos que tanto Joquebede quanto seu
marido agiram por fé, em reação à injustiça que
lhes era imposta, porque o autor de Hebreus
(11:23) diz o seguinte: Pela fé, Moisés, apenas
nascido, foi ocultado por seus pais, durante três
meses (...) ; também não ficaram amedrontados
pelo decreto do rei. Na NTLH, esse texto está
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traduzido assim: Foi pela fé que os pais de Moisés,
quando ele nasceu, o esconderam durante três
meses, (...) e não tiveram medo de desobedecer à
ordem do rei. A fé que eles depositaram em Deus
moveu-os a lutar pelo direito de criar o próprio
filho. É isto que a fé produz em nós: sede de
justiça, porque querer a justiça é querer que a
vontade de Deus seja feita. A propósito, foi o
próprio Jesus quem gritou, no sermão do monte:
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão fartos (Mt 5:6).
Se professamos a fé em Cristo, devemos
buscar o bem do nosso semelhante, e isso implica
uma atitude de coragem para protestar contra
leis injustas e sistemas opressores. Segundo o
apóstolo Tiago, sem essa atitude, nossa fé é
morta (Tg 1:17). Esse ensino é reforçado pelo
mesmo apóstolo, nestas palavras:
Para Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é
esta: ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições
e não se manchar com as coisas más deste mundo.
(Tg 1:27 – NTLH)
Também, no Antigo Testamento, Deus nos
O Clarim 41
alerta no mesmo sentido:
Porventura, não é este o jejum que escolhi:
que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as
ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e
despedaces todo jugo? Porventura, não é também
que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas
em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu,
o cubras, e não te escondas do teu semelhante? (Is
58:6-7)
O cristão não pode se conformar, de maneira
alguma, com a injustiça. É da igreja que o
mundo precisa ouvir a voz de protesto contra a
desigualdade social; contra o desrespeito à criança,
ao idoso, ao deficiente físico, ao meio-ambiente;
contra a corrupção moral, a desintegração da
família, a banalização da vida. O mundo não pode
ser digno de nós (Hb 11:38); é ele que precisa da
nossa influência, através do evangelho.
Deus nos chama a fazermos nossa parte,
mesmo que nosso trabalho não seja reconhecido de
imediato, mesmo que nosso nome seja esquecido
ou até mesmo que outros levem o mérito que
seria nosso. Lutar pela justiça é, acima de tudo,
ser praticante da justiça, no lar, no trabalho, nos
estudos; também é sentir-se responsável pelos
desfavorecidos, pelo presente e o futuro da igreja,
da nação, do eco-sistema; é tomar as dores dos
injustiçados. Não podemos ignorar a mensagem
de Provérbios 30:8-9: Abre a boca a favor do
mudo, pelo direito de todos os que se acham
desamparados. Abre a boca, julga retamente e faze
justiça aos pobres e aos necessitados.
A vida obscura de Joquebede nos ensina
que, mesmo em circunstâncias desfavoráveis, é
possível lutar pelo que é justo. Não precisamos
de luzes que nos destaquem, de reconhecimento
humano, pois este talvez nunca aconteça. O
nome Joquebede não foi para a galeria da fé,
mas seu significado parece dizer tudo: “Jeová é
glória”. A glória não é dela; é de Deus. Isso nos
leva a concluir que nossas atitudes de fé estão
acima do nosso nome, pois é delas que Deus se
lembra e é por elas que ele é glorificado!
Dica
de
Leitura
Eudoxiana Canto Melo
42 O Clarim
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Po r t a l d e o r a ç ã o
Trazendo nosos amados
Eu e minha casa serviremos ao Senhor. (Js 24:15)
Nós, mulheres promessistas, certamente
conhecemos inúmeras irmãs em Cristo que ainda
não têm seus maridos compartilhando a mesma fé.
Pode ser que esta seja até mesmo a sua situação!
Nós temos uma constante preocupação com
nossa família. Quando nossos maridos estão
distantes, não fisicamente, mas do Senhor, essa
preocupação aumenta.
É tempo de nos unirmos e clamarmos ao
Senhor Jesus pelos maridos não-crentes, a fim de
que o grande amor de Deus os alcance e, assim,
possamos ver nossas igrejas mais bonitas, com
famílias inteiras adorando e celebrando diante
do Rei dos reis e fiel Senhor.
Propostas:
Façamos jejuns para santificação e apresentemos
ao Senhor cada marido não-convertido. Propomos que
as irmãs se mantenham unidas. Aquelas que têm seus
maridos na igreja ajudem aquelas que ainda buscam
essa bênção de Deus. Cada irmã fará um jejum de 12
horas (uma seguida da outra), no mesmo dia, com
três orações específicas (pela manhã, ao meio-dia e ao
pôr-do-sol). Essa prática é apenas para que estejamos
num mesmo momento orando ao Senhor.
Leitura Bíblica:
Propomos que leiam: Efésios 6:10-20. Essa
leitura será feita nos dias de consagração, para
que possamos nos fortalecer em Deus.
Vivendo a Palavra:
Portanto deixará o homem a seu pai e a
sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma
só carne. (Gn 24:2)
• Semelhantemente vós, mulheres, sede
submissas a vossos maridos; para que também,
se alguns deles não obedecem à Palavra, sejam
ganhos sem palavra pelo procedimento de suas
mulheres. (I Pe 3:1)
•
Diante desses ensinamentos, oremos com
confiança ao nosso Deus, para que, no
momento oportuno, ele nos conceda tão
preciosa benção. Assim, que o mesmo
Espírito que habita em nós habite em
nossos amados, também.
Vamos levar salvação para
nossas casas. Somos “pontes”;
por isso, nossos filhos, pais e
irmãos poderão ser os primeiros.
Unidas, lançaremos a semente, e
o Senhor, no tempo oportuno, fará
com que essa semente germine,
cresça e dê frutos.
... o qual te dirá palavras pelas
quais serás salvo, tu e toda a tua
casa. (At 11:14)
Jane Gói Victorino Gadara
Diaconisa
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O Clarim 43
A beleza ideal
Amor:
Essência para a
Santidade
Quem nunca reparou as lágrimas de
uma mãe, no momento do nascimento de
um filho, o brilho no olhar de um jovem
apaixonado ou, ainda, o sorriso de uma criança,
ao entregar um presente ao seu pai? Essas
diferentes cenas possuem algo em comum: o
amor.
Essa palavra de poucas letras, mas de
significado tão expressivo, inspira poesias,
filmes, músicas e muitas palestras em nossas
igrejas. No entanto, às vezes, seu significado
não tem merecido valor em nosso dia a dia. O
“amor” é usado para outros fins, e não para
demonstração de afeto, carinho e tantos outros
sentimentos que o envolvem.
A Bíblia narra uma história que nos apresenta
diferentes formas de amor. Ela se encontra no
livro de Gênesis, e seu personagem principal
é José. Vejamos alguns pontos da história que
demonstram amor.
Na primeira parte de Gênesis 37:3 a Bíblia
diz: E Israel amava a José. Vemos que o amor
de Israel era muito grande por José, e isso era
recíproco, pois tudo que seu pai pedia, ele fazia.
Isso fica claro nos versículos 13-14:
Disse, pois, Israel a José: Não apascentam os
teus irmãos junto de Siquém? Vem, e enviar-te-ei a
eles. E ele respondeu: Eis-me aqui. E ele lhe disse:
44 O Clarim
Ora vai, vê como estão teus irmãos, e como
está o rebanho, e traze-me resposta. Assim o
enviou do vale de Hebrom, e foi a Siquém.
Num primeiro momento, podemos dizer que
essa é uma demonstração apenas de obediência, e
realmente é. No entanto, aqui, José nos ensina que o
respeito ao seu pai também é uma forma de amor.
Como um filho obediente, respeitador e
que amava seu pai, José, um jovem de apenas
dezessete anos, mantinha um relacionamento
de cumplicidade, algo que, em nossos dias,
parece distante. Embora seu relacionamento
com o pai fosse próximo, seus irmãos não
tinham a mesma proximidade, nem com o pai,
nem com José. Eles não os amavam e tão pouco
os respeitavam.
Na última parte dos versículos quatro e do
versículo oito, a Bíblia diz:
Odiaram-no, e não podiam falar com ele
pacificamente. Então lhe disseram seus irmãos:
Tu, pois, deverás reinar sobre nós? Tu deverás ter
domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam
por seus sonhos e por suas palavras.
E os versículos 18-20 dizem:
E viram-no de longe e, antes que chegasse a
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eles, conspiraram contra ele para o matarem. E
disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mor!
Vinde, pois, agora, e matemo-lo, e lancemo-lo
numa destas covas, e diremos: Uma fera o comeu;
e veremos que será dos seus sonhos.
Vemos, aqui, uma família desestruturada,
em que irmãos conspiravam contra seu próprio
irmão, e filhos que não respeitavam o pai.
Os irmãos de José, ao planejar executá-lo,
não pensaram no sofrimento que causariam
a seu pai. Em vez de matá-lo, os seus irmãos
resolveram vendê-lo por vinte moedas de prata
aos mercadores midianitas, que, por sua vez,
venderam-no, no Egito, a Potifar.
José, mesmo com toda dificuldade e vivendo
em terra estranha, não deixou a boa prática e
os ensinamentos que recebeu de seus pais. Não
se vê nele nenhuma atitude de amargura ou
revolta. Continuou amando e temendo a Deus,
em seu coração e em sua conduta.
Em certa ocasião, quando trabalhava na casa
de Potifar, homem temido e oficial de Faraó,
José passou por uma situação muito delicada e
perigosa. A mulher desse capitão de guarda era
muito bela. Ela, porém, parecia não ter atenção
e carinho de seu marido, que, por causa de sua
função, talvez fosse bastante ocupado e ausente.
Assim, ao ver um homem como José dentro
de sua casa, aquela mulher desejou-o em seu
coração. A sua atração foi tão intensa que chegou
a propor-lhe que se deitasse com ela. Não fez
isso somente uma vez, mas ficou perturbando-o
com suas propostas indecentes, diariamente.
José, porém, não lhe deu ouvidos para deitar-se
com ela, e estar com ela (Gn 39:10b).
Ao notar que José não iria ceder, ela, num certo
dia em que ele veio à casa para fazer seu serviço
(Gn 39:11a), o agarrou pela roupa, dizendo:
Deita-te comigo (Gn 39:12a). Qual foi a reação
de José? Ele deixou a sua roupa na mão dela, e
fugiu para fora (Gn 39:12b). As circunstâncias
se inverteram, literalmente. Irada por ter sido
rejeitada, aquela mulher usou a roupa de José
para acusá-lo de tentativa de estupro.
O seu marido acreditou naquela acusação
mentirosa. Como resultado, José foi parar na
cadeia! Ser fiel a Deus, muitas vezes, custa
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muito caro! José poderia aproveitar-se daquela
situação, pois estava diante de uma mulher que,
além de encantadora, era muito poderosa! Ele era
solteiro e podia pensar que “ficar” com aquela
mulher seria lucro. Além do mais, ninguém da
sua família estava vendo. Mas José era fiel,
mesmo quando ninguém estava olhando! Ele era
um homem íntegro; por isso, fugiu!
Hoje, precisamos de mais homens e de mais
mulheres com o caráter de José! Homens e
mulheres que, por amor a Deus, obedeçam de
coração a sua palavra, mesmo quando não estão
sendo observados! Homens e mulheres que
amem o que se deve amar.
Aos nossos olhos, parece difícil deixar de
amar o que muitas vezes se quer amar. Parece
difícil deixar de amar o mundo, mas a palavra
de Deus ordena: não ameis o mundo, nem o que
no mundo há (I Jo 2:15). Às vezes, deixar de
amar a mulher do próximo ou o marido de sua
amiga pode parecer complicado, mas a palavra
de Deus determina: não cobiçaras a mulher do
teu próximo (nem o marido da tua próxima).
Por outro lado, também parece difícil amar o que
muitas vezes não se quer amar. Parece difícil amar
o próximo como a si mesmo, mas esta é uma ordem
divina: amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt
22:39). Não é nada fácil amar os nossos inimigos,
mas essa é uma ordem de Jesus: ... amai os vossos
inimigos (Mt 5:44a). Não é nada fácil amar a Deus,
mas Jesus manda amá-lo de todo o nosso coração, e
de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento,
e de todas as tuas forças (Mc 12:30b).
Ainda que seja aparentemente difícil deixar
de amar o que não se deve amar e amar o que
se deve amar, é preciso lembrar que essa é uma
exigência divina. Além disso, quando estamos
em Deus, a aparente dificuldade torna-se algo
prazeroso, pois, como José, passamos a entender
que Deus tem sempre o melhor para nós, pois
ele é amor. Ame a Deus, ame a família que Deus
lhe deu, ame como Jesus amou; afinal, amar
assim é extremamente necessário para que nos
tornemos cada vez mais uma igreja santa para
o Deus santo.
Cirlene Corrêa Rocha Bonetti
Diaconisa
O Clarim 45
CULINÁRIA
[Berinjela]
[Picanha Assada]
Ingredientes:
6 a 7 berinjelas grandes
1 Kg de Sal grosso
1 garrafa de vinagre
100 gramas de uva passas
Ingredientes:
1 picanha
Sal grosso
Farinha de trigo
Modo de preparo:
Descasque as berinjelas e corte-as em tirinhas bem
finas. Coloque-as em uma vasilha com água e cubra
com o sal grosso. Deixe descansar por 2 horas. Após
lavar bem, coloque água novamente e despeje todo o
vinagre. Deixe descansar novamente por 3 horas. Em
seguida, lave e escorra bem a água. Tempere a gosto
(bastante azeite, azeitonas verdes cortadas em tiras,
cebola, pimenta, orégano e sal, se necessário).
Modo de preparo:
Limpe bem a picanha, deixando a gordura. Em
seguida, passe o sal grosso em toda a carne. Em seguida, envolva toda a picanha com a farinha de trigo. Coloque na forma com a parte da gordura para
cima. Leve ao forno, em temperatura mínima, por,
aproximadamente, 4 horas.
Cardápio
para
[Empadão de palmito]
Ingredientes da Massa:
2 ½ xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de açúcar
1 colher (chá) de fermento em pó
½ colher (chá) de sal
150 gramas de margarina
1 ovo
4 colheres (sopa) de água gelada
huuuumm...
Dia Especial
Ingredientes do Recheio:
1 lata de ervilha
1 vidro de palmito
1 copo de leite
1 colher (sopa) de maisena
Tempero a gosto
Modo de preparo da massa:
Peneire a farinha, o açúcar, o fermento e o sal. Junte a
margarina e faça uma farofa. Bata ligeiramente o ovo,
junte a água e, aos poucos, os ingredientes peneirados. Bata bem e deixe descansar por 15 minutos.
Modo de preparo do Recheio:
Pique o palmito e refogue com os demais ingredientes. Depois acrescente a ervilha e por último a maisena dissolvida no leite.
Montagem:
Divida a massa em duas partes, abra e coloque numa
assadeira pequena. Recheie e cubra com o restante da
massa. Pincele com uma gema batida e asse em temperatura moderada, por 30 minutos
46 O Clarim
Enviado por:
Ana Maria Ronchete David
Diaconisa
[Bombom aberto]
Ingredientes:
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite
250 gramas de chocolate meio amargo
1 colher (sopa) margarina
400 gramas de morangos picados
Modo de preparo:
Faça um brigadeiro branco (1 lata de leite condensado
e 1 colher de sopa de margarina ou manteiga). Leve ao
fogo, até começar desprender do fundo da panela) e
coloque numa refratária. Pique os morangos e coloque
por cima do brigadeiro já frio. Derreta o chocolate no
forno microondas ou em banho-maria, acrescente o
creme de leite e cubra os morangos. Sirva gelado.
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O Clarim 47
REFLEXÃO
À Espera do
Tempo Certo
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para
todo o propósito debaixo do céu. (Ec 3:1)
Q
uando engravidei do Lucas, meu
segundo filho, o filho mais velho, Walter, tinha quatro anos
de idade. Passada a euforia
inicial
da notícia de ter um irmãozinho, a partir do quarto mês de gestação, quando
minha barriga já crescia a olhos vistos, o Waltinho passou a viver dias de muita expectativa e
ansiedade. Diariamente, ao acordar, corria até
mim e perguntava-me: “Mamãe é hoje que meu
irmãozinho vai nascer?” E eu lhe respondia:
“Não meu filho, hoje não!” Esta cena repetiu-se
por vários dias, até que encontrei uma solução:
“Filhinho, o bebê vai nascer no tempo certo!”.
Ele aceitou a resposta e não mais tocou no assunto. Certo dia, ao fazer a arrumação da casa, ouvia
uma rádio gospel. De repente, uma jovem começou
a cantar uma música cuja letra dizia: “O tempo certo chegou!”. Ao ouvi-la, imediatamente o Waltinho
começou a chorar e dizer em alta voz: “Mamãe chame o papai. O bebê vai nascer hoje!!!”
48 O Clarim
Quantas vezes nos deparamos com situações
em nossas vidas diante das quais reagimos como
o pequeno Walter: “É hoje, Senhor? É hoje, Senhor, que encontrarei o emprego que procuro?”;
“É hoje, Senhor, que ‘esbarrarei’ com meu príncipe encantado?”; “É hoje, Senhor, que serei
curada dessa enfermidade?” “É hoje, Senhor,
que meu filho deixará o caminho errado?”; “É
hoje, Senhor, que meu marido se renderá ao Senhor Jesus?”; “É hoje, Senhor, que receberei a
notícia da tão esperada gravidez?”.
Precisamos entender que o Senhor Criador tudo
faz no seu tempo (Ec 3:1). Na sua infantilidade,
o Walter nunca compreenderia que Deus estabeleceu um período definido para cada gestação. Ele
também não entenderia que, mesmo estabelecendo um padrão (que, no caso da gestação humana,
é de, em média, 40 semanas), a última resposta é
sempre de Deus. Daí encontrarmos, eventualmente, crianças que nasceram de partos muito precoces e sobreviveram; crianças que, como o meu
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“Na ânsia de obtermos respostas
rápidas às nossas perguntas, corremos
o risco de agirmos por nossa conta
e risco e nos submetermos às
conseqüências de nossos atos...”
filho Lucas, precisaram de 42 semanas completas
e, muitos outros casos que fugiram à regra, mas
nunca ao controle da soberania de Deus.
Quantas gerações se passaram à espera do Messias prometido, desde Eva até Maria? Mas foi apenas quando chegou o tempo certo, que Deus enviou o seu próprio Filho (Gl 4:4). Quantos homens
e mulheres tementes a Deus desejaram ter a alegria
que foi reservada a Simeão e Ana? (Lc 2:25-37).
Na ânsia de obtermos respostas rápidas às
nossas perguntas, corremos o risco de agirmos
por nossa conta e risco e nos submetermos às
conseqüências de nossos atos.
A Bíblia registra a história de inúmeras pessoas que, como o Waltinho, que imaginara haver
chegado o tempo certo antes da hora, acreditaram
erroneamente que o tempo certo também havia
chegado para elas. Sara, por exemplo, conhecia a
promessa do Senhor a Abraão, de que este teria
um filho (Gn 15:4), mas se precipitou, ao querer
“ajudar Deus”, oferecendo sua escrava Hagar,
para que, com Abraão, tivesse seu filho (Gn 16),
e teve de conviver com incontáveis situações de
desgaste, provenientes de sua atitude.
O Senhor sempre teve o domínio sobre todas as
coisas, e continua tendo! Ele sabe o que está fazendo! Certamente, na aparente demora em responder
nossas orações ou na permissão de dificuldades
que não gostaríamos de passar, Deus tem ensinamentos para nós. É importante sabermos que todas
as coisas trabalham juntas para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles a quem ele chamou
de acordo com o seu plano (Rm 8:28). Quando
estivermos passando por momentos de ansiedade
e nos sentirmos tentados a questionar o Senhor,
leiamos os capítulos 38 a 42 de Jó, a fim de sermos
lembrados da verdadeira posição que Deus ocupa.
Elaine C. Fontana Cunha
Diaconisa
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O Clarim 49
Saúde da mulher
O que você precisa saber
sobre climatério
Fim do período reprodutivo, uma fase
natural na vida da mulher
C
limatério é o momento em que a
mulher deixa seu estado fértil e
inicia uma fase em que seu organismo não estará mais preparado
para gerar uma vida. Esse período é esperado pela maior parte das mulheres com muito
temor. Muitas dúvidas giram em torno desse tema e em torno da menopausa. Mas,
afinal de contas, o que é menopausa?
Menopausa é a última menstruação da
vida da mulher. O período que antecede
a última menstruação e o período de
mudanças após a menopausa é chamado de climatério.
No ventre da mãe, milhares
de “óvulos” são formados
nos ovários do feto feminino, caracterizando uma
reserva
insubstituível
de “óvulos”. Quando a
mulher nasce, cresce e
chega à puberdade, vários desses “óvulos”
são eliminados, mês a
mês, a cada menstruação, juntamente
com a produção
de quantidade
considerável
de hormônio
feminino.
Após os 40
anos, essa
reserva de
50 O Clarim
“óvulos” começa a ficar reduzida e, aproximadamente, entre 47 e 53 anos inicia-se
uma irregularidade menstrual, com falhas na
menstruação. São os primeiros sintomas de
que a menopausa vem aí, nos próximos 1 ou
2 anos.
Com a falta de óvulos nos ovários, a produção de hormônios femininos também fica
insuficiente e é isso que causa toda a sintomatologia tão temida da menopausa. Mas é
bom deixar bem claro que nem todas as mulheres sofrerão desses sintomas. A maioria
das mulheres passará pela menopausa sentindo alguns calores irrelevantes ou outras
queixas menores. Muitas mulheres não sentirão nada.
Para informação e para que todas conheçam os sintomas mais freqüentes, vamos comentá-los, dividindo-os em sinais e sintomas
em curto prazo ou agudos, médio prazo e em
longo prazo.
• Sintomas em curto prazo
Surgem nos primeiros meses da menopausa, podendo durar 2 anos ou mais. Podem ser caracterizados por formigamentos
nas mãos, insônia e os famosos calores (ou
fogachos). Estes fogachos são sensações de
calor sentidas na metade superior do tórax,
pescoço e face; são acompanhadas de rubor,
sudorese e seguidas de calafrios, palpitações
e sensação de ansiedade. São rápidas, porém, podem causar bastante desconforto nas
mulheres. Ocorrem principalmente à noite.
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A menopausa deve ser encarada como uma fase natural da vida
da mulher. Não é uma doença, não é o fim da vida; é só mais
uma fase da vida, de grandes mudanças, mas que vai passar.
Outros sintomas agudos são neuropsíquicos. O estrógeno está relacionado à auto-estima e influencia indiretamente o humor. Déficit de estrógeno, somado a outros fatores,
favorece a depressão e a diminuição da libido
(desejo sexual).
• Sintomas em médio prazo
Surgem 3 a 5 anos após a menopausa e
estão relacionados à atrofia do sistema genital
e urinário. A principal queixa das pacientes
nesse período é de secura vaginal, conseqüentemente, dor e sangramento nas relações sexuais. Outras queixas também comuns são de
prurido (coceira) vaginal e infecções recorrentes de urina.
• Sinais e sintomas em longo prazo
Normalmente, surgem após 5 anos da menopausa e o principal deles é a diminuição da
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massa óssea, levando a redução de sua resistência, com aumento do risco de fraturas. É a
famosa Osteoporose. Não causa dor nas mulheres, porém, os ossos ficam tão fraquinhos
que uma fratura pode acontecer a qualquer
momento, mesmo sem motivo. As fraturas
mais comuns são no quadril, na coluna vertebral e no punho, sendo que mais de 50%
das mulheres maiores de 65 anos sofrerão um
desses tipos de lesão.
É importante repetir que nem todas as
mulheres sofrerão desses sintomas. E quanto mais tranqüila você esperar a menopausa
chegar, melhor. A menopausa deve ser encarada como uma fase natural da vida da mulher. Não é uma doença, não é o fim da vida;
é só mais uma fase da vida, de grandes mudanças, mas que vai passar.
Por não ser uma doença, não precisa de
tratamento, precisa de acompanhamento. Se
O Clarim 51
Você pode me preparar para ter
uma menopausa saudável preocupando-se, desde já, com seu estilo de
vida, e aí vão algumas dicas:
Alimentação
Procure controlar a ingestão de
alimentos gordurosos (frituras, salgados). Não faça refeições com o saleiro
sobre a mesa. Evite o açúcar, doces,
refrigerantes e alimentos industrializados.
Coma, diariamente, no mínimo, 5
porções de hortaliças e frutas, mantendo um cardápio variado. Procure não
comer todos os dias o mesmo tipo de
frutas, verduras e legumes. Consuma
soja e derivados.
Dê preferência a cereais integrais
(arroz integral, aveia, cevada, gérmen
de trigo, sementes de linhaça). Evite
muita carne vermelha; prefira carne
branca. Se possível, fique um dia na
semana sem comer carne alguma. Aumente o consumo dos alimentos que
são fontes de cálcio (leite e iogurte
desnatados, queijos magros, verduras
escuras).
Tome, ao longo do dia, muita água e
chás de folhas verdes.
você apresentar sintomas que comprometem
sua qualidade de vida, não houver contraindicações e seus exames preventivos estiverem em dia, seu ginecologista poderá indicar
o uso de um hormônio. Mas lembre-se de que
reposição hormonal só poderá ser feita com
acompanhamento individual para cada mulher (nem sempre o que é bom para uma é
bom para todas) e, se realmente for necessário, já que todo medicamento pode melhorar
uma coisa e piorar outra. Não faça uso de medicamentos, mesmo os naturais (Isoflavona,
por exemplo), sem acompanhamento de um
médico. Mesmo os medicamentos naturais
têm contra-indicações.
52 O Clarim
Exercício Físico
Associados a uma alimentação
saudável, os exercícios físicos são essenciais para a diminuição do peso.
São ótimos para diminuir o estresse
e melhorar a libido. Uma caminhada de 30 min, 3 vezes na sem a sua
vida. Separe um tempo do seu dia
para ele. Diga-lhe o que está acontecendo, seus medos, seus sonhos,
suas alegrias e suas tristezas. Ele a
criou e a entende.
E seja muito feliz, simplesmente por
pertencer a um Deus Magnífico.
Cláudia Falcão Marques do Amaral
Ginecologista e Obstetra
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PRIMEIROS SOCORROS
Queimaduras
Em nosso dia a dia estamos sujeitos a nos
deparar com acidentes de todos os tipos. No
ambiente doméstico, alguns dos mais comuns
envolvem queimaduras e poderiam ser evitados
com alguns cuidados preventivos, como:
• Ao cozinhar, não deixe os cabos das panelas para fora do fogão; • Não manuseie líquidos
e objetos em temperaturas altas sem proteção;
Se você tem crianças pequenas em casa, o
cuidado precisa ser ainda maior: • Com a temperatura das mamadeiras: coloque sempre uma
gota do leite no dorso da mão antes de levar
a boquinha do bebê; • Experimente também a
água do banho colocand o o cotovelo na água
para saber se a temperatura está adequada,
• Não beba líquidos quentes com a criança
no colo; • Se for usar o forno, mantenha as
crianças afastadas da cozinha;
Outro fator que merece nossa atenção é a
queimadura provocada pela exposição ao sol:
nunca esqueça de usar protetor solar, e quanto
mais clara for a pele, maior o risco de prejuízos.
Lembre-se que, neste caso, as conseqüências
podem não ser imediatas, mas futuras.
Porém, como infelizmente, acidentes acontecem,
algum conhecimento básico em primeiros socorros
com certeza fará diferença, podendo diminuir a dor,
evitar seqüelas futuras e até salvar uma vida.
Existem três graus de queimaduras:
Nas de primeiro grau, o local fica vermelho,
inchado e a vitima sente dor.
Nas queimaduras de segundo grau, a dor é mais
intensa e podem aparecer bolhas na região afetada.
As queimaduras de terceiro grau são mais graves,
pois atingem todas as camadas da pele, podendo chegar
aos músculos e ossos. Geralmente não há dor nesse tipo
de queimadura, pois os nervos da
região são destruídos, a pela fica
escura ou esbranquiçada.
O que não se deve fazer:
Não fure as bolhas, não use
manteiga, creme dental, vina-
gre, nem mesmo gelo ou água gelada para resfriar a
região. Em casos mais graves onde envolva o corpo
todo, não tente desgrudar roupas que estiverem coladas à pele, poderá ferir mais a região.
O que fazer:
Nas queimaduras mais leves, lave com água corrente fria (não gelada). Nas queimaduras por exposição ao sol, deve-se ingerir muita água e refrescar a
pele com compressas frias. Já nas queimaduras de
segundo grau, lave também com água e depois seque
com uma compressa limpa, ou gaze (de preferência),
para que não czontamine a área. Se houver muita
dor, dê a vitima um analgésico e não deixe de procurar um médico para dar seqüência aos cuidados.
Em casos mais graves por queimaduras de terceiro grau, retire acessórios como relógios e anéis,
pois o local vai inchar, e se as roupas estiverem
em chamas, não deixe a pessoa sair correndo;
cubra-a com um cobertor, tapete ou casaco, ou
faça-a rolar no chão, a fim de apagar as chamas,
e procure auxílio médico imediatamente.
Em qualquer dessas situações manter a calma é
muito importante. Preste os primeiros socorros (se tiver segurança nos procedimentos), chame um serviço
de emergência ou encaminhe a vítima ao médico.
Aline Fernanda Santos Izidoro
O Clarim 53
Artigo
Filhos Adolescentes:
Como Lidar com Eles?
U
ma das maiores preocupações
dos pais, atualmente, é
saber como lidar com filhos
adolescentes. O que fazer para
que o filho consiga êxito nos
estudos e no trabalho? Como
garantir que, quando estiver sozinho ou longe da
supervisão direta dos pais, se comporte da maneira
como foi “educado” ou da maneira como se espera?
Como educar o filho para que não se envolva com
bebidas, sexo, cigarros e até mesmo com drogas?
Nos dias atuais, não faltam “técnicas” que
ajudam pais “desesperados” a educar seus filhos, a
fim de lhes garantir um futuro promissor, tanto do
ponto de vista econômico como dos pontos de vista
educacional e moral. Mas, quanto ao evangelho,
será que se tem estudado, de maneira séria e eficaz, o
comportamento de adolescentes, seus antecedentes e
suas conseqüências? Será que a igreja do Senhor tem
encarado essa questão de maneira madura, fazendo
as perguntas certas e tentando responder de maneira
54 O Clarim
idônea, sem medo das respostas obtidas? Como os
pais cristãos lidam com esse “desafio” de educar seu
filho adolescente? Será que utilizam os princípios da
palavra de Deus no processo educacional?
Citaremos, adiante, alguns exemplos de
comportamentos bem característicos (para não
dizer estereotipados) de alguns pais, tanto na igreja
como na psicologia. É importante salientar que
não são rótulos e que não existem pais que agem
somente de acordo com um tipo de comportamento
aqui citado. Na verdade, os pais, como todo o
restante da “humanidade”, apresentam diversas
respostas comportamentais em diferentes contextos
e contextos diferentes entre si. Nosso objetivo, aqui,
é discutir como tais atitudes podem afetar, direta
e indiretamente, o comportamento dos filhos,
mostrando que, na maioria das vezes, o filho age
em reação ao comportamento dos próprios pais.
Um comportamento bem característico é a
“modernização”. Neste caso, os pais tentam se
assemelhar o máximo possível ao filho, para assim
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conseguir sua confiança. Usam tênis de marcas
famosas, bermudões, mini-saias, calças apertadas,
bijuterias, relógios, entre outros acessórios, também
utilizados por seus filhos. Quando não, utilizam
palavras comuns à sua linguagem. Acreditam que,
ao se vestirem como eles, utilizarem as mesmas
expressões – até mesmo gírias – e adotarem o mesmo
cardápio alimentar, “ganharão terreno”, se tornarão
seus confidentes, amigos. Os pais pensam que,
assim, saberão tudo sobre o filho e, dessa forma,
poderão até intervir, quando julgarem necessário.
É possível afirmar que todo esse “esforço”, muito
provavelmente, não tenha o retorno esperado. O que
pode acontecer a esses pais é “caírem no ridículo”
(sem desconfiar disso). Outra conseqüência é o filho
tratá-los como mais um de seus amigos e ouvi-los
como ouve qualquer amigo. Conselhos ou ordens
dos pais podem se tornar facultativos. E, ainda, o
filho pode não os ver como pais.
Por mais que os pais tentem se parecer com os
filhos, eles sempre serão pais, e é importante que o
filho os veja como assim.
Não defendo a seriedade, a distância ou o rigor.
É importante que os filhos vejam e aceitem os pais
como são. Com sua moda, sua fala, e, ainda assim,
devem confiar neles. A confiança e o respeito dos
filhos não são adquiridos com o fato de os pais
“entrarem na turma”, mas sim pelo fato de estarem
presentes. É necessário que sejam vistos como um
porto seguro, alguém de confiança, alguém que os
proteja, que faça a diferença, não somente como
provedores de bens, mas como verdadeiros amigos.
A amizade entre pais e filhos deve partir dos
pais e isso é feito com demonstração de amor
incondicional, independentemente da situação.
Em contrapartida, há pais que tentam fazer
do controle sob seus filhos a sua principal forma
de educação. Utilizam os mais diversos meios
coercitivos e fazem deste controle excessivo a sua
marca. Os filhos são mantidos sob um esquema de
vigilância constante, sendo que todas as atividades,
horários, e até mesmo os amigos são controlados. O
filho é mantido sob as mais diversas ameaças (corte
de dinheiro, perda de bens, agressão, exposição de
defeitos na frente de amigos, etc.).
Algunspais,quedizemprofessaraféemCristo,incutem
em seus filhos, principalmente, quando adolescentes, um
medo extremo do pecado. Nesse contexto, tudo é pecado
(na maioria das vezes, conforme a conveniência dos pais),
e o controle se dá pela absolvição ou acusação do pecado
do filho. A falha está em não mostrar a este que o pecado
está no mundo, mas que Cristo veio para nos livrar do
pecado, através de sua morte.
Para esse caso, devemos explicar um conceito
utilizado na psicologia comportamental chamado de
contracontrole. Este conceito é bem simples: quando
há um controle excessivo sobre um determinado
indivíduo, o indivíduo controlado se comporta a
fim de evitar esse controle. Esse comportamento
pode ser desde uma simples fuga ou esquiva, até a
agressão propriamente dita.
É comum vermos adolescentes que sofrem
esse tipo de coerção dos pais, e, dessa
forma, quando se vêem livres, se
“soltam”, fazem tudo o que os
pais certamente estariam
controlando rigorosamente.
É nesse tipo de situação que
O Clarim 55
podemos ver (e entender) que alguns adolescentes,
filhos de pessoas notáveis de nossa comunidade,
acabam se envolvendo com drogas, prostituição,
álcool, crimes, entre outras coisas. Isso é justamente
o contracontrole anteriormente citado. Esses pais que
sempre dizem “não pode!” e que tudo controlam,
provavelmente, favorecerão que seu filho, ao vir uma
brecha de “liberdade” (viagem dos pais, estudo em
outra cidade, etc.), faça inúmeras coisas que jamais
pensou ser capaz de fazer.
Que os adolescentes precisam de um cuidado
especial dos pais é fato, mas esse cuidado não tem
de ser expresso na forma de controle coercitivo.
Deve ser feito, acima de tudo, com amor e sob a luz
da palavra de Deus. Não vemos nenhum exemplo,
nas Sagradas Escrituras, de controle excessivamente
coercitivo do Senhor sobre seus filhos; pelo contrário,
Deus deixa clara a condição do livre-arbítrio.
Há, também, aqueles pais que são omissos
e simplesmente deixam que seus filhos sigam os
seus caminhos, “confiando” na educação que lhes
deram. Devemos, de fato, confiar na educação
dada aos filhos, mas não podemos nos esquecer
deles. A educação dada pelos pais não é cem por
cento correta e completa; sempre se deixa de falar
ou mostrar algo, durante o processo educacional.
No entanto, é importante dizer que estamos
nos referindo a pessoas, e estas, por sua vez, são
hábeis em aprender novos comportamentos, a partir
de pequenas situações (modelos) e informações.
É preciso verificar que, nos dias atuais, crianças
e adolescentes têm acesso a diversos tipos de
informações e, por mais eficaz que seja a educação
dada pelos pais, não se pode assegurar que os filhos
“filtrarão” toda a informação recebida de outras
fontes que não sejam os pais ou a igreja.
O adolescente tem muitas dúvidas. Acredite!
A adolescência é um período complicado. Afinal,
além de ser uma fase de mudança no corpo
(principalmente nas mulheres), marca o término da
infância e o início da vida adulta. A partir de então,
o ser humano começa a decidir sobre sua própria
vida (como a profissão seguir, por exemplo) e terá de
arcar com as decisões tomadas, sem contar que esse
é o momento em que tanto o rapaz quanto a garota
(também devido às alterações e ao amadurecimento
do sistema endócrino) “descobrem o amor”, e se
vêem apaixonados facilmente. Obviamente, essas
56 O Clarim
mudanças, entre outras, geram grandes dúvidas.
Mesmo que não se goste de admitir dúvidas, essas,
uma vez presentes, precisam ser sanadas, sempre à
luz da palavra do Senhor. Infelizmente, as fontes de
informações disponíveis nem sempre são confiáveis,
sob a ótica do evangelho. Se ninguém estiver por
perto, preferencialmente os pais, quando tais dúvidas
aparecerem, os filhos adolescentes certamente
procurarão outras fontes de informação (internet,
amigos, escola, televisão, etc.) e acabarão tendo suas
dúvidas sanadas; provavelmente, não com respostas
corretas, mas, sim, com respostas que, certamente, os
arrastarão para o mundo.
Por vezes, pais se mostram interessados e
preocupados com o seu filho adolescente, mas, na
verdade, estão tão absorvidos em seus afazeres – seja
em casa, no trabalho ou até mesmo na igreja, com seus
cargos – que essa preocupação fica apenas na teoria.
A adolescência é uma fase maravilhosa da vida.
É quando a maioria das descobertas acontecem
e a motivação para conquistar o próprio mundo
aparece. Mas essa mesma motivação, muito bonita
em um jovem, pode se tornar fonte de problemas,
quando estiver direcionada para o pecado.
Para que isso não aconteça, os pais devem se
posicionar, não como uma “agência de controle”, ou
como um dos membros da “tribo” do filho, nem deixando
que seus filhos caminhem sozinhos, mas, sim, como
pais que são, porque, afinal de contas, esses filhos estão
deixando de ser crianças e estão se tornando homens e
mulheres. Para que possam ter plenas condições para
realizar o seu futuro, precisam ser direcionados.
Quem deve dar essa direção são os pais, mas sob
a orientação do Espírito Santo e através da Bíblia
Sagrada. Os pais devem ser companheiros, acima de
tudo; não devem ter medo de falar com os filhos, nem
de saber o que andam fazendo. Devem participar
da vida de seus filhos, mas com amor, amizade (a
verdadeira amizade que um pai deve ter), respeitandoos como pessoas e respeitando seu espaço. Tudo isso
deve ser feito sob a luz da palavra de Deus. Afinal,
os adolescentes são a igreja de hoje. Portanto, se sua
energia e motivação forem bem trabalhadas, eles
podem fazer com que a única revolução que venham
a realizar seja o “Ide por todo mundo”.
Roberto de Oliveira Soares
Professor de Psicologia
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O Clarim 57
Artigo
O Precioso
Jejum Bíblico
Diante do “evangelho” atual que enfatiza o
sucesso e o bem-estar do crente, atitudes ligadas
à privação ou autonegação estão fora de moda.
Esse é um dos motivos de a prática do jejum
estar tão negligenciada atualmente. Vemos,
também, que muitos cristãos desconhecem o
ensino bíblico a respeito do jejum, não entendem
sua eficácia, sua importância e seu propósito,
e, por isso, ignoram essa prática. Outros, por
terem recebido ensinos distorcidos a respeito do
assunto, acabam por exagerar em sua prática.
Por isso, muitas dúvidas e confusões surgem,
levando pessoas a abandonar essa tão importante
disciplina espiritual.
58 O Clarim
Cremos que Deus deseja despertar o nosso
entendimento sobre esse tema, pois o jejum é
um instrumento de vida e vitória para o cristão;
a prova disso é que, ao longo da história cristã,
vemos importantes homens praticando e dando
seu testemunho. O exemplo deles mostra que o
jejum é um ato devocional importantíssimo que
não pode ser esquecido pela igreja do Senhor.
A prática do jejum é um ensino bíblico e está
presente tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Vários personagens bíblicos jejuaram: Moisés, Davi,
Elias, Ester, Daniel, Ana, Paulo e o próprio Jesus. A
Bíblia tem muito a nos ensinar sobre este tema, e
vale a pena examiná-la e tirar as dúvidas.
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De acordo com o dicionário da língua
portuguesa, jejum é a abstinência ou abstenção
total ou parcial de alimentação, em determinados
dias, por penitência ou prescrição religiosa ou
médica. Mas qual é o significado bíblico para o
jejum? A palavra hebraica para jejum é tsom, que
significa afligir a alma ou negar-se a si mesmo1.
A idéia não é de uma simples abstinência de
alimentos, mas de uma disciplina com finalidades
espirituais, uma prática devocional sempre ligada
à oração, em que abrimos mão de algo que nos
agrada, para, então, agradar a Deus.
O Mestre dos mestres tinha o jejum como
uma prática necessária e fundamental para seus
discípulos. Além de jejuar, Jesus ensinou acerca
da prática correta do jejum, dizendo:
maneira que o Senhor Jesus adotou para jejuar
no deserto, como nos informa o texto bíblico:
Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e
foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante
quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada
comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome.
(Mt 4:1-2)
Em outra ocasião, ele ainda afirma: Dias virão,
contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses
dias hão de jejuar (Mt 9:15). Jesus é o noivo
que foi tirado; nós somos os seus discípulos, e,
portanto, nos dias em que vivemos, até a volta
do noivo, é tempo de jejuar!
Aquele que se dispõe a jejuar precisa estar
atento aos princípios estabelecidos nas Escrituras
Sagradas a respeito da forma e da duração do
jejum. Richard J. Foster,2 importante pesquisador
sobre disciplinas espirituais, mostra que há, na
Bíblia, períodos diferenciados, que pode ser
de um dia (Jz 20:26), três dias (Et 4:16), uma
semana (I Sm 31:13) três semanas (Dn 10:3) e
até quarenta dias (Lc 4:1,2).
Existem, também, diferentes tipos de jejum.
Há, por exemplo, o que esse autor chama de
jejum normal, que é abstinência de alimentos,
mas com o consumo de água. Essa prática era
comum nos tempos bíblicos. Parece que foi essa
Se lermos com atenção esse texto, veremos
que não faz nenhuma menção a abstinência de
água, bem como não afirma que Jesus teve sede.
A ingestão da água, durante o jejum, permitenos alongá-lo por mais dias. Contudo, Elmer L.
Tows, alerta que se deve tomar estremo cuidado
com jejuns mais prolongados, que só podem ser
praticados sob orientação médica.3
Há também diversos exemplos bíblicos do jejum
total ou absoluto, que consiste na abstenção tanto
de alimento quanto de água. Nos dias bíblicos, esse
tipo de jejum era praticado em situações difíceis,
extremas e urgentes. A rainha Ester, após saber
que estava condenada a morte, juntamente com
seu povo, ordenou a Mordecai: Vai, ajunta a todos
os judeus (...) e jejuai por mim, e não comais, nem
bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e
as minhas servas também jejuaremos (Et 4:16). O
apóstolo Paulo fez um jejum total, por três dias,
por ocasião de sua conversão (At 9:9).
É importante dizer que, segundo os
especialistas, o corpo humano consegue resistir
até quarenta dias, sem a ingestão de alimentos
sólidos; entretanto, não resiste mais de três dias
sem o consumo de água.4 Os casos de Moisés e
Elias são especiais (Dt 9:9; I Rs 19:8). Eles só
conseguiram fazer jejuns totais durante quarenta
dias porque estavam no sobrenatural de Deus.
Logo, o jejum total ou absoluto deve ser feito em
períodos curtos, jamais ultrapassando três dias,
para que essa disciplina saudável não passe a
ser um risco para saúde.
Quanto ao tipo e à duração do jejum que
se deve praticar é algo extremamente pessoal,
pois diz respeito ao relacionamento da pessoa
1 PENTECOST, J. Dwight. O Sermão da Montanha. São Paulo:
Vida, 1988, p.126.
2 FOSTER. Richard J. Celebração da Disciplina. São Paulo: Vida,
1983, p. 41
3 TOWNS, Elmer L. Jejuar, uma revolução na vida espiritual. São
Paulo: Atos, p. 24.
4 FOSTER. Richard J. Celebração da Disciplina. São Paulo: Vida,
1983, p. 42.
Quando jejuardes, não vos mostreis contristados
como os hipócritas; (...) Tu, porém, quando
jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim
de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao
teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará. (Mt 6:16-18)
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O Clarim 59
com Deus. Deve ser praticado conforme a
necessidade e a capacidade de cada um. O que
é mais importante é a motivação que nos leva
a jejuar, e, sobre isso, devemos voltar nossa
atenção. O jejum não deve ser praticado como
um sacrifício para a obtenção de bênçãos de
Deus, porque elas já foram garantidas na cruz
de Cristo.
O jejum pode se tornar um ritual vazio, se
não for feito de maneira correta. Isso aconteceu
nos dias do profeta Isaías, quando o povo de
Deus começou a indagar: Por que jejuamos nós,
e não atentas para isto? Por que afligimos a nossa
alma, e tu não o levas em conta? (Is 58:3a). O
motivo, diz o Senhor, é que eles ignoravam que
o modo de jejuar poderia mudar suas vidas:
Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos
próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso
trabalho. Eis que jejuais para contendas e para
rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando
assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no
alto. (Is 58:3b,4).
A devoção deles era falsa e a motivação
estava errada.
Há muitas pessoas que encaram o jejum
como uma forma de “comprar” o favor de
Deus. Elas pensam que o ato do jejum faz com
que Deus mude e faça o que desejam. Isso não
está certo! Deus não é mudado por causa de
nosso jejum, pois ele é sempre o mesmo, antes,
durante e depois do jejum. Quem precisa mudar,
na realidade, é a pessoa que está jejuando,
tornando-se mais sensível às coisas espirituais.
O objetivo do jejum está voltado para nós,
pois visa nos mudar. É nosso caráter que vai
sendo moldado e aperfeiçoado, cada vez que
praticamos o jejum. Ao jejuarmos, os nossos
corpos são colocados sob total dependência do
Senhor, enquanto somos alimentados pelo pão
espiritual (Jo 6:35).
60 O Clarim
O propósito primário do jejum é mortificar a
carne e alimentar o espírito. É negar a própria
vontade e dar lugar à vontade de Senhor.
A palavra de Deus nos mostra que há um
constante embate entre a carne e o espírito que
acontece dentro de nós, e aquele que estiver
mais forte vencerá a batalha. A disciplina do
jejum fortalece o noss0o espírito. O princípio
é simples: enquanto o estômago descansa, o
espírito é alimentado e fortalecido por Deus.
Jesus, o nosso maior exemplo, jejuou por
quarenta dias e venceu o diabo, expulsando-o
de sua presença (Mt 4:1-11).
O jejum é um treinamento espiritual em que
aprendemos a vencer ou a controlar os impulsos
carnais. Ele quebranta e disciplina nossa alma pela
aflição (Ed 8:21; Sl 69:10); é meio de buscar ao
Senhor (II Cr 20:3,4) e nos prepara para a batalha
espiritual (Mt 17:21). Somos impulsionados para
a meditação, a adoração, a oração e a leitura
bíblica; consequentemente, somos levados ao
arrependimento, à purificação, ao refinamento de
nosso caráter e a uma grande edificação espiritual.
Ele é designado a melhorar o nosso relacionamento
com o Senhor, pois nos aproxima deste.
A prática do jejum traz vários resultados
práticos para a vida daquele que o experimenta:
aumento de eficácia na oração intercessora, maior
autoridade espiritual, orientação na tomada
de decisões, maior concentração, aumento do
desejo de orar, bem-estar físico, revelações e
assim por diante. Essas coisas ocorrem não por
causa do jejum em si, mas por causa da nossa
sintonia mais intensa com o Espírito Santo.
Em suma, o jejum, aliado à oração, é meio de
bênção. Quando corretamente exercitado, promove
verdadeiras maravilhas na vida do cristão. Saiba,
portanto, como usá-lo, e, dessa forma, o Senhor
certamente não se apartará de você.
Alan K. Pereira Rocha
Pastor
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I d é i a d e Tr a b a l h o
Um Sonho
Realizado
A Região Paulista adquiriu uma chácara
e construiu nela um grande templo e
um refeitório, com o propósito
de
acolher
bem
os irmãos, nos
eventos regionais.
Essa era a realização
de um antigo sonho! No
entanto, havia ainda
muita coisa a ser feita,
como, por exemplo,
a aquisição de
mesas e cadeiras
para o refeitório.
A
Resofap
Paulista
decidiu cooperar tomando uma
atitude. O exemplo é digno de ser
compartilhado e seguido.
Pensou-se no que poderia ser
feito e foi aí que a Resofap Paulista,
aproveitando
a
realização
de um Simpósio, em que
todas as Sofap’s da Região
O Clarim
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61
estavam presentes,
entregou-lhes
uma
pequena quantia em
dinheiro, num pequeno
bauzinho. Pediu para que
usassem seus talentos e trabalhassem para que
o valor fosse multiplicado. Como resultado do
trabalho, deveriam levar a oferta em seus cestinhos,
no dia marcado. Os cestinhos também deveriam
ser transformados (decorados), representando a
criatividade e dons dados por Deus a cada uma.
O prazo dado foi de dois meses. Era tempo
suficiente para que trabalhassem com a quantia
recebida. As irmãs compraram materiais e
fizeram pães, bordados, pinturas, artesanatos,
etc., cada uma explorando seus dons e talentos.
Com a venda de seus trabalhos, aumentaram
várias vezes o valor recebido. Escolheram a data
e reuniram-se na própria chácara, que recebeu o
nome de Acampamento Canaã, onde realizaram
um Culto, que denominaram Culto dos Talentos.
O Clarim 61
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Nesse dia, todas levaram suas ofertas, além
do louvor e da gratidão ao Senhor. A quantia
arrecada foi suficiente para comprar oitenta e
cinco jogos de mesas com quatro cadeiras, sendo
cinco jogos infantis e mais alguns utensílios para
a cozinha. Para a glória de Deus, mais uma vez,
foram confirmadas as “obras de nossas mãos”.
Texto preparado para ser
utilizado no Culto dos Talentos
Saí pelo campo à procura de uma flor pequena e
singela. Lá, estava ela escondida entre os arbustos. Era
perfumada e linda. Perguntei-lhe: Por que se esconde?
Ela, sorrindo, me respondeu: Sou pequena e simples.
Como posso igualar-me às rosas do seu jardim?
Entretanto, sua beleza e perfume me
impressionaram e eu a colhi. Ela, sozinha, parece
não ter muito valor, mas, somada a tantas outras,
que beleza! Que lindo buquê posso formar!
Assim somos nós. Às vezes, o que temos
parece tão pouco! Mas, se somarmos nossos
dons, nossas forças, realizaremos obras dignas
de serem confirmadas.
É o que está acontecendo hoje, através da
COOPERAÇÃO. Todas nós, unidas, trouxemos
nossas ofertas com muita alegria a este lugar. Isso nos
faz lembrar uma história linda e real: a construção
do Tabernáculo (Êxodo,25), lugar de culto e adoração
ao Deus vivo.Moisés, na liderança, Bezalel, como
mestre de obras, com toda a sabedoria, escolhendo
e separando ouro, prata, pedras preciosas, peles de
animais e outras coisas mais. Todos podiam contribuir:
adultos, jovens e crianças. O povo parecia feliz. Não
murmurava, nem se queixava. As mulheres, alegres,
usavam suas habilidades nos bordados de ouro dos
mantos sacerdotais. Todos trabalhavam de bom
grado, ofertando mais do que o necessário.
Chega! Diz Moisés, já temos de sobra para a
obra do Senhor! Tudo ficou pronto, por dentro e
por fora. Os sacerdotes tomaram seus lugares. A
glória do Senhor encheu todo o tabernáculo.
Assim será com todas as ofertas que
trouxemos hoje, impelidas por um coração bem
disposto para com Deus. Subirão ao trono da
glória, como oferta agradável ao Senhor.
Dica
de
Leitura
Suely Corrêa Rocha de Oliveira
Diaconisa
O Clarim
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62
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Doutrina
Nossa Crença
Aniquilacionista
E aquele que está assentado no trono disse: Eis que
faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, por
que estas palavras são fiéis e verdadeiras”. Ap 21.5.
D
e acordo com a definição
teológica, o aniquilacionismo
é a doutrina que afirma que os
pecadores serão aniquilados,
após a morte, uma vez que,
de acordo com esse ponto de vista, o homem
não possui imortalidade inata. Sendo assim,
os ímpios sucumbirão ao fogo do juízo, a
ponto de serem como se nunca tivessem sido
(Ob 16), ao invés de passarem a eternidade
ardendo nas chamas do inferno.
A Igreja Adventista da Promessa também
é defensora do parecer de que os ímpios
serão exterminados: ... porque o homem
vil já não passará por ti; ele é inteiramente
exterminado (Nm 1:15). Eles deixarão
de existir: (Sl 37:10); Consome-os com
indignação, consome-os de sorte que jamais
existam (Sl 59:13a).
A compreensão dos escritos judaicos das
sagradas Escrituras nos dão a entender que
esse conceito era favorável à crença de que,
morrendo o homem, sua vida permanecia
em inconsciência e finitude. Vemos isso
nos exemplos relatados por Jó:
... antes que me vá para o lugar de onde
não voltarei para a terra da escuridão e da
sombra da morte, para a terra escuríssima
O Clarim
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como a própria escuridão, terra da sombra da
morte e desordem, onde a própria luz é como a
escuridão. (10:21-22)
Isaías também afirma:
... pois não pode louvar-te na sepultura, nem na
morte glorificar-te; não esperarão na tua verdade
os que descem à cova. Os vivos, os vivos, esses te
louvarão como eu hoje faço, o pai aos filhos fará
notória da tua fidelidade. (38:18-19)
O rumo da história, nesse quesito, é forte
e decisivamente influenciado, quando, no
quarto século antes de Cristo, os Gregos
assumem o controle do mundo. Tanto
Alexandre, O Grande, quanto os quatro
generais que lhe sucedem no governo do
vasto império Grego (Lissímaco, Ptolomeu,
Cassandro e Seleuco), quando de sua
morte, em 323 a.C., foram constantes
disseminadores da cultura Grega, por todo
o império, que incluía, sobretudo, a nação
de Israel.
É nesse período que a religião judaica passa
por uma de suas piores crises pós-exílio,
pois a forte opressão cultural dos Gregos
O Clarim 63
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encontra aliado no sumo-sacerdote Sadoque,
que, se tornando simpatizante e defensor
de certas crenças gregas, em detrimento
dos ensinos judaicos, e encontrando apoio
na elite judaica, que não tencionava se
indispor contra as forças do Império, cria
o partido dos “saduceus” (seguidores de
Sadoque). Por outro lado, fazendo frente a
essa influência, surgem, no mesmo contexto,
os “fariseus” – possivelmente, “separados”
ou “separadores” (1), não apenas no
sentido de separados das coisas erradas,
mas, sobretudo, da influência das crenças e
costumes gregos.
Era justa a preocupação dos fariseus
nessa questão, pois a força da cultura
grega se vê em tantas palavras que, ainda
hoje, fazem parte de nosso dia a dia, como:
democracia (gr. governo do povo), pneu (gr.
ar, sopro), pneumonia, cemitério (gr. lugar
de dormir) e tantas outras. Na igreja, temos
a palavra diácono, que é uma transliteração
do grego. O novo testamento foi escrito em
grego; diante disso, não é de se admirar
que o mundo tenha se rendido à crença
grega que ensina “que as pessoas nascem
com uma alma imortal” (2), levando-as a
acreditarem que “quando seu corpo morre,
seu espírito ou alma vai para o céu viver
com Deus ou para um inferno de fogo a
arder eternamente” (3).
No século XIX, o pastor George
Storrs, ministro da igreja Metodista,
nos EUA, reacende o debate sobre a
mortalidade da alma e o aniquilamento.
Seus ensinos conquistaram os pioneiros
da Igreja Adventista do Sétimo Dia,
ampliando a discussão sobre o tema.
Mais recentemente, essa questão veio à
tona nos diversos centros de educação
teológica no Brasil, quando o Dr. James
Packer lançou seu trabalho intitulado:
Reconsiderando o Aniquilacionismo Evangélico: Uma Análise do Pensamento de John
Stott sobre a não-existência do Inferno. O
fato de ter se tornado público que um
teólogo renomado como John Stott tem
tal compreensão sobre o assunto deixou
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muitos professores da área teológica com
certo desconforto.
É preciso pontuar algumas questões. A
primeira é o entendimento que se possa
ter sobre inferno. Originalmente, a palavra
inferno significa “lugar inferior”, “sepultura”,
“abismo”, etc., e não necessariamente um
lugar em chamas, haja vista que Jonas, no
ventre do grande peixe, no fundo do Mar
Mediterrâneo, diz ter clamado do inferno:
Disse ele: Na minha angustia clamei ao
Senhor, e Ele me respondeu. Do fundo do
inferno gritei e tu ouviste a minha voz (Jn
2.2). Há traduções que trazem ainda:
“profundezas da sepultura”, “abismo”,
“sheol”. A correspondente grega para “Sheol”
é “Hades”, que, segundo a mitologia grega,
era um dos seis filhos de Cronos, a quem
coube herdar as regiões dos mortos.
Encontramos, dessa forma, “Hades”
constantemente traduzida por inferno,
o que é correto, entretanto, somente
quando o sentido estiver relacionado
com “o mundo subterrâneo”, “sepultura”.
Associar a tradução de “Hades” como lugar
de tormento distorce o sentido original da
palavra, pois, etimologicamente, a palavra
“provém do prefixo a = alfa grego com
a idéia de negação, privação e do verbo
idein = ver, o que significa “o que não
é visto”, “lugar de onde não se vê”. Por
isso, é sinônimo de sepultura, habitação
dos mortos” (4).
Por outro lado, além de Hades, o
Novo Testamento emprega, pelo menos,
duas outras palavras relacionadas a esse
assunto. A primeira é “Geena” e a outra
é “Tártaros”. Uma se refere ao vale dos
filhos de Hinom, onde havia sempre fogo
aceso, haja vista que o povo o abastecia
com o seu lixo. Jesus usava essa palavra
como símbolo da destruição eterna. A
segunda significa um termo clássico para
indicar a esfera intermediária onde anjos
caídos aguardam o julgamento final,
respectivamente.
Quando Cristo faz menção ao “Geena”,
refere-se a um lugar real, visível e conhecido
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por todos, um lugar que, obviamente, não
existe mais, mas que, em algumas ocasiões,
foi usado por Cristo como ilustração
da destruição final. Um dia, quando
se findar o milênio, os pecadores serão
igualmente lançados num lago de fogo,
onde serão destruídos. Precisamos ter em
mente que, quando as Sagradas Escrituras
se referem a fogo eterno apresentam a
palavra grega “aiônos”, que traduzimos
como “eterno” e que pode significar tanto
espaço de tempo ilimitado quanto um
“tempo limitado”, “finito”, “muito longo”
(4), como encontramos em Jd 7: Assim
como Sodoma, Gomorra e as cidades
circunvizinhas, que fornicaram com elas e
se abandonaram ao prazer infame, foram
postas por escarmento, sofrendo a pena do
fogo eterno.
Temos um caso similar em Jr 17.27b:
... então acenderei fogo nas suas portas o
qual consumirá os palácios de Jerusalém,
e não se apagará. Entretanto, as Sagradas
Escrituras asseguram que os mortos estão
inconscientes:
... por que os vivos sabem que hão
de morrer, mas os mortos não sabem
coisa nenhuma, nem tão pouco terão eles
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recompensa, por que a sua memória jaz
no esquecimento. Amor, ódio, inveja para
eles já pereceram; para sempre não tem
eles parte em coisa alguma do que se faz
debaixo do sol. (Ec 9:5)
Diante disso, concluímos que o
aniquilamento é a única alternativa possível
para que o todo bíblico seja harmonioso.
Isso se comprova quando a Bíblia também
faz referência à promessa de que a morte
não mais existirá, já não haverá luto, nem
pranto, nem dor (Ap 21:4).
________________________
Referências
(1) MACKENZIE, John L. Dicionário bíblico. 2
ed. São Paulo: Paulinas, 1983, p. 339.
(2) KNIGTH, George R. Em busca de Identidade.
2 ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.
p. 73.
(3) SOARES M. Bíblia sagrada. São Paulo:
Paulinas, 1989. Disponível em: <www.advir.com.
br>. Acesso em jun. 2008.
(4) GINGRICH, F. Wilbur. Léxico do Novo
Testamento. 1 ed. São Paulo: Vida Nova, 1991, p.15.
Pr. Aléssio Gomes de Oliveira
Pastor: Segundo Diretor Financeiro
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