entrevista de bobby fischer na prisão

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entrevista de bobby fischer na prisão
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ENTREVISTA DE BOBBY FISCHER
NA PRISÃO
Entrevista feita em agosto de 2004
Bobby Fischer sendo
levado para a prisão, em
Tóquio, na data de 13 de
julho de 2004.
Através de emotivas ligações telefônicas de sua cela, onde está preso em Tóquio, o excampeão mundial Bobby Fischer concedeu para uma estação de rádio das Filipinas
duas longas entrevistas. Fischer está enfrentando um processo de deportação e prisão
nos Estados Unidos e fala sobre seus medos: "Eu vou ser julgado, condenado, preso,
torturado e assassinado". Temos transcrições resumidas e arquivos de áudio.
O que se segue são trechos de duas entrevistas por telefone realizadas pela Bombo
Radyo, uma pequena estação pública de rádio da cidade de Baguio, nas Filipinas, com
o ex-campeão Bobby Fischer preso no centro de detenção de Tóquio. O tempo total da
entrevista, que está disponível no Portal da rádio, é de aproximadamente uma hora e
quarenta minutos e contém uma grande quantidade de anti-semitismo, antiamericanismo e igualmente uma boa quantidade de obscenidades.
A primeira entrevista foi conduzida pelo gerente da estação de rádio, Pablo Mercado,
em 12 de agosto de 2004 e tem 33 minutos de duração. Nas transcrições abaixo foram
feitas breves edições e reagrupadas algumas passagens para manter os mesmos
assuntos e temas sempre juntos. A entrevista é fornecida com algumas gravações de
voz para que você possa ouvir a voz de Fischer e ter uma idéia do seu estado de
espírito e modo de pensar.
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12ago2004
Bombo Radyo: Estamos no ar com Bombo Radyo. Primeiro de tudo Bobby, como
você está?
Bobby Fischer: Não estou muito bem. Fui preso ilegalmente em 13 de julho quando
estava pegando um vôo para Manila. Estou na prisão desde então. Eles estão se
preparando para me deportar para os Estados Unidos para ser assassinado.
Eles alegaram que o meu passaporte foi revogado, o que é uma mentira descarada.
Meu passaporte estava perfeitamente válido. Eles o entregaram para a embaixada
americana e fizeram buracos nele. Agora eles estão se preparando para me deportar
por ter utilizado um passaporte inválido.
Por que eles não te deportaram ainda?
Eles estão esperando pelas pessoas que estão coladas aos seus aparelhos de TV
assistindo aos Jogos Olímpicos. Será uma pequenina história e ninguém vai ficar muito
chateado. É apenas uma questão de tempo: eu vou ser julgado, condenado, preso,
torturado e assassinado.
Você tem vivido por um longo tempo no Japão. Esta é a primeira vez que algo
assim aconteceu?
Sim, é uma traição perversa. Eles me apunhalaram pelas costas. Eles receberam uma
ligação da embaixada dos Estados Unidos e estão prontos para me jogar rio abaixo. Eu
gastei cerca de 350.000 dólares aqui no Japão, eu dei a eles o meu tempo, eu dei a
eles o meu dinheiro, gastei uma fortuna aqui em produtos eletrônicos japoneses, gastei
uma fortuna indo para estâncias de banhos minerais japoneses. Mas apenas um
telefonema da embaixada dos Estados Unidos e eles estão me mandando para a
prisão nos Estados Unidos para morrer. É realmente uma perversidade. País
desgraçado!
O processo inteiro é totalmente ilegal, é todo baseado numa carta da embaixada dos
Estados Unidos nas Filipinas, de 11 de dezembro de 2003, que dizia que o meu
passaporte foi revogado. Eles nunca mandaram essa carta para mim, eles apenas
fizeram ela aparecer. É um longo processo onde eles tentam revogar seu passaporte,
você tem o direito de recorrer. Mas agora eles alegam que eu estava viajando com um
passaporte revogado, o que é uma absoluta mentira. Eu estava na embaixada dos
Estados Unidos, em Berna, Suíça, algumas semanas antes, e eles deram páginas
extras para o meu passaporte, que estava tão cheio de carimbos. Isso foi em 27 de
outubro de 2003. Em 06 de novembro eles anexaram as páginas extras. Assim, a carta
de 11 de dezembro é uma farsa total. Na época, eu ainda estava na Suíça e eles
tinham o meu número de celular. Foi uma armação. Eles confiscaram todas as minhas
coisas, incluindo uma propriedade que eu tinha na Flórida, onde alegaram que eu não
tinha pago para aparar a grama, roubaram todos os direitos sobre os meus livros,
roubaram o meu nome, fizeram filmes ilegais, roubaram minhas coisas armazenadas
em Nova York e agora eles querem me colocar na prisão.
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Fischer em uma estância de águas termais, no Japão
Quais são os seus pontos de vista sobre o Iraque?
Os Estados Unidos estão completamente errados. É criminoso o que eles estão
fazendo lá. Eles estão matando dezenas ou centenas de milhares de pessoas,
roubando o seu petróleo, dezenas de milhões, eu não sei, talvez até centenas de
milhões de dólares de petróleo por dia. É absolutamente criminoso em todos os
sentidos e todo mundo sabe disso. Eles foram para lá por causa do petróleo e eles
foram para lá para dominar o Oriente Médio. E eles pretendem tomar o petróleo do Irã
também. E então chamam as pessoas que estão lutando contra eles de terroristas.
Você está preparado para enfrentar os tribunais norte-americanos?
Não há justiça lá. Vai ser um tribunal de fachada e eles vão me matar. É difícil me
deportar porque o suposto "crime" que cometi em 1992 não é crime em nenhum outro
lugar. Então eles fizeram essa deturpação em torno dele, alegando que eu tinha um
passaporte ilegal. Eles não me importunaram na Suíça, que é um país neutro, mas
esperaram até que eu estivesse no Japão, onde os Estados Unidos estão no controle.
Então, o que vamos fazer agora?
Acho que as pessoas devem sair na frente da embaixada do Japão em Manila, e da
embaixada dos Estados Unidos, com cartazes sobre a trama entre os Estados Unidos
e o Japão para me assassinar na América. As pessoas devem sair em massa. Faça o
que for preciso para mostrar às pessoas a sua raiva. Uma vez que eu esteja nos
Estados Unidos eu nunca mais vou sair da cadeia, eu vou ficar na prisão o resto da
minha vida. Minha amiga Miyoko está tentando fazer de tudo. Ela não pode acreditar
em quão sujos são os seus compatriotas, o seu governo. Ela fica chocada e
envergonhada. Eu pedi para ser tido como refugiado, mas eles dizem: “como você
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pode pedir algo que vá contra os Estados Unidos, que é o maior país do mundo, a
democracia mais perfeita?” Eles nunca iriam proteger ninguém, então eu não espero
obter o status de refugiado. Eles se recusaram a me deixar sair sob fiança. Eles podem
me levar a qualquer minuto para a minha morte nos Estados Unidos.
Miyoko Watai, amiga de Bobby, com a qual dizem
que se casou, ainda em agosto de 2004
--------------------------------------------------------------------A segunda entrevista, que tem pouco mais de uma hora de duração, foi gravada em 20
de agosto de 2004, às 20:40h, no horário japonês. Ela foi conduzida pelo GM Eugene
Torre, um velho amigo de Fischer, Boy Pobre, presidente da Associação Filipina de
Aficionados de Xadrez e Associação dos Mestres, um âncora do estúdio e outros
convidados.
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20ago2004
Torre, Âncora: Como vai você, Bobby?
Bobby Fischer: Bem. Eu tenho algumas boas notícias hoje. Os Estados Unidos
disseram que estão dispostos a vir ao centro de detenção para que eu possa renunciar
à minha cidadania, fazer o juramento oficial. Isso é um bom sinal. Esperemos que isto
satisfaça os Estados Unidos e que eles digam para os japoneses me libertarem. Então
eu poderei tentar reconstruir minha vida civil e obter documentos e passaporte de
algum outro país.
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Boy Pobre: Há poucos dias tivemos uma caravana de carros com cartazes
dizendo "Libertem Bobby Fischer" e nós escrevemos uma carta para o governo
dos Estados Unidos e do Japão, pedindo-lhes para libertar Bobby Fischer e
permitir-lhe procurar asilo em um país da sua escolha. [Lê]: "Sua contínua
detenção e deportação seria uma violação de seus direitos humanos básicos,
considerando que ele não cometeu nenhum crime. Bobby Fischer é o maior
jogador de Xadrez de todos os tempos. Ele é um tesouro internacional e
nenhuma nação pode possui-lo sozinho." Mas as embaixadas de ambos os
países se recusaram a aceitar a carta. Na verdade, fomos perseguidos por
guardas e militares da embaixada dos Estados Unidos. Nós também estamos
pedindo ao nosso próprio governo para que tome medidas e convide-o para ficar
nas Filipinas, como um cidadão de honra.
Fischer: Obrigado. Você sabe, quando eu estive na Hungria, no final dos anos
noventa, o governo dos Estados Unidos fez um comunicado dizendo que todos os
cidadãos americanos na Hungria e Budapeste não poderiam ir a um determinado hotel
em Budapeste para comer ou gastar qualquer dinheiro, porque este hotel era de
propriedade do governo líbio. "Se você for lá, nós vamos descobrir, nós vamos
processá-lo e colocá-lo na prisão." Você pode imaginar isso, dizendo aos americanos
em Budapeste que eles não podem comer em um determinado restaurante?
Âncora: Foi-me dito que você realmente é um "super grande mestre" que vence
os seus adversários, todos grandes mestres, em 20 partidas seguidas.
Fischer: Eu não gosto de viver no passado. Estou interessado agora no Xadrez
Randômico de Fischer. Eu estou trabalhando em um novo relógio, eu estou tentando
fazer do Xadrez hoje um jogo mais emocionante. Eu não estou interessado em sentar
na minha cadeira de balanço pensando no que eu fiz 10, 20 ou 30 anos atrás.
Boy Pobre: Quais são seus planos se você sair dessa? Jogar Xadrez com as
super-estrelas?
Fischer: Não, eu não jogo mais Xadrez, eu jogo o Fischer Randômico. É um jogo muito
melhor, mais desafiador. O Xadrez é um jogo morto, ele é ultrapassado. Fischer
Randômico é uma versão do Xadrez que eu desenvolvi, ou inventei, você poderia dizer,
onde você embaralha a carreira de trás de peças, não a de peões. Cada lado tem uma
posição aleatória idêntica, de modo que tudo é simétrico, assim como no antigo
Xadrez. Há apenas um par de regras: uma Torre tem que estar à esquerda do Rei,
outra tem que estar à direita do Rei, um Bispo tem que estar em uma casa branca e
outro em uma casa preta. É basicamente isso. Você pode aprender as regras em dois
minutos. É um grande jogo e pode se tornar o padrão para o Xadrez.
Âncora: Como é o seu relógio de Xadrez?
Fischer: Tudo estava andando muito bem, finalmente ficando perto da conclusão, até a
prisão ilegal e toda essa brutalização. Talvez tenha sido uma das razões que
contribuíram. Veja bem, sempre que eu estou prestes a completar algum tipo de
projeto, como o livro no qual eu estava trabalhando, sobre o match de 1984-1985 entre
Karpov e Kasparov, eles roubam todos os meus arquivos.
Âncora: O governo dos Estados Unidos admitiu que revogou seu passaporte,
mas eles não foram capazes de alertá-lo sobre essa revogação.
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Fischer: Sim, eles deveriam ter me avisado da revogação e eu tenho o direito de
recorrer da mesma. Eles não podem fazer nada enquanto eu estiver no processo de
apelação. No trecho da lei 51.76, página 254, 22 cfrch.1 4197 Edição do Departamento
de Estado, "a entrega de passaporte", diz: "O portador do passaporte que é revogado
deve entregá-lo para o Departamento ou seu representante autorizado, mediante
solicitação, e havendo recusa em fazê-lo tal passaporte pode ser invalidado, mediante
notificação ao portador, por escrito, sobre sua nulidade." Eles não podem sequer tocar
o passaporte, e muito menos destruí-lo, de acordo com suas próprias leis, seus
próprios regulamentos.
Passaporte americano de Fischer, emitido em 1987
Boy Pobre: O que aconteceu com as suas valiosas recordações, seus livros,
royalties?
Fischer: Eles roubaram tudo, todas as minhas coisas guardadas, um grande cômodo
com os meus pertences, até o teto, centenas de caixas, armários, estátuas, jogos de
Xadrez, minhas correspondências pessoais, minhas partidas anotadas, cadernos
escritos à mão, roupas, moedas de ouro, dinheiro, tudo o que você pode pensar. Eles
só roubaram tudo... Aquilo valeria uma fortuna. Quero dizer centenas de milhões de
dólares. Digo que apenas o filme usando o meu nome - ["Procurando por Bobby
Fischer"] - trouxe centenas de milhões de dólares para a Viacom, Paramount Filmes.
Quanto mais eles vão ganhar com todas essas outras coisas? Eles têm fotografias, um
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telefone esculpido à mão que adquiri em Cuba com todas as assinaturas, o meu jogo
de Xadrez que estava na capa da revista Life, meus jogos de bolso, fotos pessoais que
tirei do presidente Marcos, telegramas e cartas de líderes mundiais, meus livros,
correspondências pessoais, cartas de fãs, meus arquivos oficiais, minhas roupas, uma
lista interminável. Um tesouro da memória de Fischer.
Capa da revista Life, de 12 de novembro de 1971
Boy Pobre: Você não está pensando em entrar com um processo contra eles por
tudo o que eles fizeram contra você?
Fischer: Eu impetrei uma série de processos judiciais na América, anos atrás. Eu
nunca recebi um centavo, eu nunca recebi um pedido de desculpas, eu nunca recebi
nada. O sistema judiciário é uma farsa.
Âncora: Bobby, Eugene me mostrou uma carta escrita por uma senhora nos
Estados Unidos implorando por você.
Fischer: Você não deve negociar com os Estados Unidos, você tem que condenar os
Estados Unidos!
Âncora: Bobby, o que acha da carta escrita por Boris Spassky em seu nome?
Fischer: Eu vi, eu não gostei. Eu não gostei do tom. Ele estava tentando me fazer
passar como um perturbado. E ele está implorando a Bush por misericórdia? O que é
isso?
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Âncora: Ele disse que se você tivesse feito algo errado, ele teria feito o mesmo e
deveria ser colocado na sua cela junto com você.
Fischer: Eu não quero ele na minha cela. Eu quero uma garota! Que tal aquela garota
russa, qual o nome dela? Kosteniuk? Esse Spassky, ele é um grande "amigo da onça",
um amigo e um inimigo.
Âncora: Você está em busca de asilo em um terceiro país. Que país em
particular?
Fischer: Em um país amigo. A Suíça é um bom país, mas é muito difícil conseguir um
passaporte lá. Você tem que esperar uns dez anos.
Boy Pobre: Nós escrevemos uma carta para ambas as casas do nosso congresso
pedindo-lhes para aprovar uma resolução que garanta que quando, e se, você
pedir asilo para as Filipinas o governo deve concedê-lo.
Fischer: Isso seria muito bom, mas eu me sinto um pouco mal em ir pra lá porque o Sr.
Estrada foi arrancado do governo ilegalmente.
Âncora: Se você tivesse permissão, você retornaria para os Estados Unidos?
Fischer: Não, de jeito nenhum. Você sabe que, além da corrupção, os esteróides na
carne, a poluição, são apenas alguns dos incômodos. Um país vazio. Ele não tem
cultura, não tem sabor, sem gosto.
Âncora: E sobre as Filipinas?
Fischer: As Filipinas são exatamente o oposto, é cheia de vida. O único problema é
que você tem um quadro de criminalidade realmente sério.
Âncora: E você ainda quer viver nas Filipinas?
Fischer: Sim, eu realmente viveria. Eu tenho apenas um pouco de medo, para dizer a
verdade. Você tem que ter o crime sob controle, você tem que ter mais justiça e menos
corrupção. Mas, deixando isso de lado, é um país maravilhoso. Eu amo o clima, a
comida, as pessoas, as colunas de jornais, as mulheres, o humor, tudo. Há muito
humor, as pessoas sorriem muito para você, sorrisos de verdade, não amarelos.
Eu amo suas estações de rádio. Você tem 30, ou mais, de banda AM na região
metropolitana de Manila. Você sabe quantas estações eles têm em Tóquio? Eu digo
que este é um país muito avançado, com as melhores rádios do mundo. Sete! Incluindo
a estação americana chamada "Águia Oito Dez". Aqui as rádios são muito bem
controladas, são mortas. Em Manila você tem tudo em suas estações. Você tem
religião, música, notícias. O povo de vocês é livre. Também não há usinas nucleares
nas Filipinas. Ela é um dos poucos países modernos sem usinas nucleares. Essa é
uma grande vantagem para mim. O Japão é um grande país, mas eles têm sessenta
usinas nucleares. O Japão é um acidente esperando para acontecer. Eles até tiveram
um acidente outro dia. Eles dizem que nenhuma radiação foi liberada, mas quatro
pessoas morreram. Além disso, o Japão está cometendo um erro terrível ao se
envolver na guerra do Iraque. Quase todas as usinas nucleares do Japão estão sendo
resfriadas com água do oceano, elas são construídas na costa e são alvos fáceis para
alguém acertá-las com um míssil. Além disso, este é um país de grandes terremotos.
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Você pode ter um grande terremoto que poderia esmagar as usinas nucleares e liberar
radioatividade.
Boy Pobre: As Filipinas deixaram o Iraque com Angelo Della Cruz ...
Fischer: Essa foi uma decisão muito sábia. Estou muito orgulhoso da presidente Gloria
Macapagal-Arroyo, quero felicitá-la por isso.
Torre: Na foto dos jornais, que mostra a briga no aeroporto de Narita, parece que
você perdeu um par de dentes?
Fischer: Eles foram quebrados. Eu não tenho verificado adequadamente porque eu
não gosto de me olhar no espelho. Como Muhammad Ali, eu não estou mais tão bonito.
Âncora: Bobby, é verdade que, quando você estava na escola, uma de suas
colegas de classe era Barbra Streisand?
Fischer: Eu já ouvi isso. Eu me lembro de uma garota de aparência tímida. Talvez
essa fosse ela, eu não sei.
Âncora: Como que você e Eugene [Torre] são tão próximos?
Fischer: Eu conheci Eugene em 1973, quando eu fui como convidado do presidente
Marcos para um torneio de Xadrez.
Torre: Sim, nós fomos apresentados, mas você disse que eu parecia um hippie
ou um cantor de banda de rock.
Fischer: É, você tinha sapatos de salto alto e um visual com cabelos longos nesse
período.
Boy Pobre: Voltando para a sua situação atual, aparentemente, os japoneses
estão começando a seguir as leis?
Fischer: Eu acho que os Estados Unidos estavam esperando para me levarem após
uns dois dias, depois do tumulto da prisão. Eles estavam tentando fazer parecer que eu
era um fugitivo, correndo, me escondendo, com um passaporte ilegal, e que eu fui
pego. Mais tarde, todo mundo iria descobrir que era uma mentira, mas eu já estaria em
uma prisão americana. Mas, felizmente, haviam algumas pessoas honestas, que não
jogam no mesmo time dos Estados Unidos.
Âncora: Bobby, você está em uma prisão japonesa, como você pode conversar
conosco com essa liberdade?
Fischer: Isso é a única coisa boa aqui, eles permitem que você fale ao telefone. Há
uma câmera me vigiando agora, existem microfones em todo o lugar. É realmente
como [George Orwell] em 1984. Mas, fora isso, eles são realmente muito bons aqui.
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Em outubro de 2004, Bobby Fischer escreveu uma carta para o governo da
Islândia solicitando asilo político. O governo da Islândia lhe concedeu cidadania para
tentar ajudá-lo a sair da prisão no Japão, retribuindo a grande projeção internacional
dada ao país por conta do famoso match lá disputado contra Spassky, em 1972.
Em 24 de março de 2005 Fischer deixa o
Japão rumo à Islândia. Na foto, ele no
aeroporto internacional de Narita, Japão.
Foi recebido na Islândia sob aplausos de
cerca de 200 pessoas, que o
aguardavam no desembarque.
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Em 2005, numa entrevista para um semanário russo, desafiou Karpov e Kasparov
a enfrentá-lo num match na modalidade Fischer Randômica, criada por ele.
>>
Bobby Fischer faleceu em 17 de janeiro de 2008, aos 64 anos, em Reikjavik,
capital da Islândia.
--------------------------------------------------------------------Tradução para o português: Equipe P4R
Fonte: Adaptação de Chessbase
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