UM MUNDO MAIS PERIGOSO
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UM MUNDO MAIS PERIGOSO
~ MAKRON Books CAPÍTULO 14 UM MUNDO MAIS PERIGOSO m um número crescente de nações industrializadas e emergentes, o deslocamento tecnológico e o desemprego estão levando a um dramático ªumen.to.de criminali~ de violência aleatória, dando um claro presságio dos tempos de ~aQjI!d-ªd.§ que estão por v~ntes têm demonstrado uma correlação inquietante entre o aumento do desemprego e o de crimes violentos. No estudo de Merva e Fowles, citado anteriormente, os pesquisadores descobriram que, nos Estados Unidos, um aumento de 1% no desemprego resulta num aumento de 6,7% em homicídios, aumento de 3,4% em crimes violentos e aumento de 2,4% em crime contra a propriedade. Nas 30 principais áreas metropolitanas abrangi das em seu estudo, os economistas da Universidade de Utah estimam que entre meados de 1900 a meados de 1992, o aumento de 5,5% para 7,5% no desemprego resultou no acréscimo de 1.459 homicídios, 62.607 crimes violentos (incluindo arrombamentos, assalto e assassinato), e 223.500 crimes contra a propriedade (incluindo roubo, furto e roubo de veículos motorizados).' E O estudo de Merva e Fowles mostrou também uma correlação impressionante entre a desigualdade crescente de salários e a maior atividade criminal. Entre 1979 e 1988, as 30 áreas metropolitanas estudadas tiveram um aumento de 5% na desigualdade salarial. A distância crescente entre os possuidores e os não possuidores foi acompanhada por um aumento de 2,05% em crimes violentos, aumento de 1,87% em invasões de propriedade, aumento de 4,21% em assassinatos, aumento de 1,79% em roubos, aumento de 3,1% em 1 Merva, Mary e Fowles, Richard. Eftects of Diminished Economic Opportunites Washington, D.e.: Economic Policy Institute, 16 de outubro, 1992, pp. 1-2. on Social Stress. 231 232 O Fim dos Empregos Capo14 assaltos à mão armada, aumento de 1,95% em furto e roubo, e aumento de 2,21 % em roubo de veículos. Ao final de 1992, mais de 833.593 americanos estavam encarcerados em prisões estaduais e federais, um aumento de 59.460 sobre o ano anterior.ê George Dismukes, que cumpre atualmente pena de 16 anos por assassinato. expressou a raiva e frustração de muitos entre a população carcerária, num depoimento contundente publicado na revista Newsweek na primavera de 1994. Dismukes lembrou ao restante da América: Nós, os prisioneiros, somos a vergonha da América. O verdadeiro crime aqui é o de vossa insensatez. Milhões de pessoas neste país definham desperdiçadas, ociosas ... A sociedade não tem utilidade para elas lá fora, por isso paga para prendê-Ias, sem oportunidades ou reabilitação espiritual... Digo-vos, presunçosos e satisfeitos: Cuidado ... Nosso número está crescendo, seus custos aumentando rapidamente. Construir prisões maiores e melhores... não soluciona as razões por trás dos problemas e da loucura. Apenas torna o vozerio mais alto e as eventuais conseqüências mais terríveis pàfã lõfios, quando elas finalmente ocorrem.Í x- o deslocamento tecnológico e a perda de oportunidades de emprego afetou principalínente os jovens do país, contribuindo para a proliferação de uma violenta nova subcultura criminal. Os índices de desemprego entre os adolescentes da cidade de Nova lorque subiram para 40% no primeiro trimestre de 1993. Os números foram o dobro do registra dos dois anos antes e os piores dos 25 anos em que as estatísticas foram levantadas. No restante do país, o desemprego entre adolescentes foi de quase 20% em 1993.4 Grande parte do aumento do desemprego entre os adolescentes pode ser atribuído à introdução das novas tecnologias que estão substituindo os cargos tradicionalmente ocupados por eles. O crescente desemprego e a perda de esperança num futuro melhor estão entre as razões pelas quais dezenas de milhares de adolescentes estão se voltando para uma vida de crime e de violência. A polícia estima que mais de 270 mil estudantes portam armas nas escolas diariamente nos Estados Unidos e um estudo recente realizado pela Escola de Saúde Pública de Harvard descobriu que 59% das crianças da sexta até a décima segunda séries afirmaram que "conseguiriam uma arma, se quisessem". Muitas crianças armam-se po medo. Mais de três milhões de crimes ocorrem a cada ano nas escolas. As escolas de noss país estão transformando-se rapidamente em fortalezas armadas, com corredores patrulhados por forças de segurança e monitorados por equipamento de vigilância de alta tecnolo- 2 Ibid., p. 11; "Natiou's Prison Population Rises 7,2%", Washington Post, 10 de maio, 1993. 3 "Life on the Shelf', Newsweek, 2 de maio, 1994, p. 14. 4 "Youth Joblessness Is at Record Higb in New York City", New York Times, 4 de junho, 1993, seçã metropolitana. _.oteger-se rumento do . duramente . tema de e -~gurança d maior pr olescente milhão ssaltados, Capo14 mroubos ados em ~to, poimento mbrou ao Um mundo mais perigoso 233 gia. Câmeras ocultas, máquinas de raios-X e detectores de metal estão tomando-se rotina em muitas escolas. Com o aumento dramático de assassinatos a esmo, algumas escolas começaram a incluir "alertas de código amarelo" no treinamento contra incêndios, desde o jardim de infância até a décima segunda séries. "Precisamos ensinar aos alunos como proteger-se quando as balas começam a voar", diz um especialista em segurança escolar. O aumento dos custos da segurança está colocando sérias restrições no orçamento do ensino, já duramente atingido pelo déficit orçamentário e pela diminuição da receita de impostos. O sistema de ensino da cidade de Nova Iorque atualmente opera a décima primeira força de segurança dos Estados Unidos, com mais de 2.400 seguranças.' A atual Secretária de Justiça, Janet Reno, chamou a violência entre adolescentes "o maior problema criminal atualmente na América". Entre 1987 e 1991, o número de adolescentes presos por assassinato nos Estados Unidos aumentou 85%. Em 1992, quase um milhão de jovens entre as idades de 12 e 14 anos foram "estuprados, roubados ou assaltados, muitas vezes por seus próprios colegas"." afetou nta nova de Nova obro dos antadas. _ •.! Grande ução das eles. :,0 armas nas de Saúde da séries -se por de nosso patrulhatecnolo- _993, seção Em Washington, D.e., onde várias centenas de jovens foram assassinados a tiros nos últimos cinco anos e onde assassinatos a esmo nas escolas e nas ruas é uma ocorrência comum, um número crescente de jovens está planejando seu próprio funeral - um novo fenômeno macabro que está preocupando pais, dirigentes de escolas e psiquiatras. Jessica, com 11 anos de idade, já disse a seus pais e amigos o que gostaria de usar em seu próprio funeral. "Acho que o vestido do meu baile na escola é o mais bonito de todos", disse a jovem durante uma entrevista a um repórter do Washington Posto "Quando eu morrer, quero estar bem vestida para a minha família." Pais e orientadores pedagógicos das escolas dizem que crianças na faixa de dez anos, têm dado instruções sobre o que querem usar e as músicas que gostariam que fossem tocadas em seus funerais". Algumas até mesmo já informaram aos parentes e amigos o tipo de coroas de flores que gostariam de ter. Douglas Marlowe, psiquiatra do hospital da Universidade Hahnemann, na Filadélfia, diz que "quando elas (as crianças) começam a planejar seus próprios funerais, é porque perderam as esperanças"." Ocasionalmente, a atividade criminal adolescente passa de atos individuais de terrorismo a tumultos em larga escala, como foi o caso em Los Angeles, em 1992. Muitos dos delinqüentes, que incendiaram centenas de casas e lojas, que espancaram transeuntes inocentes e que lutaram com a polícia, eram membros de gangues de adolescentes de rua. 5 "Shootout in the Schools", Time, 20 de novembro, 1989, p. 116; "Reading, Writing and Intervention", Security Management, agosto, 1992, p. 32. 6 "Wild in the Streets", Newsweek, 2 de agosto, 1993, p. 43. 7 "Getting Ready to Die Young", WashingtonPost, 1· de novembro, 1993, p. AI. 234 O Fim dos Empregos Capo 14 Estima-se que mais de 130 mil adolescentes na grande Los Angeles são membro gangues." Analfabetos, desempregados e nas ruas, esses jovens tornaram-se uma poder, força social, capaz de aterrorizar a vizinhança e comunidades inteiras. Los Angeles tem sido duramente atingida pela reestruturação corporativa, pe automação, por transferência de fábricas e por perda de empregos no setor da defesa. distrito Centro-Sul, epicentro dos distúrbios, perdeu mais de 70 mil empregos nas décadas 1970 e 1980, elevando o índice de pobreza a níveis recordes." Atualmente, o desemprego em 10,4% no condado de Los Angeles, enquanto entre os negros chega a 50% nos arredores Embora o fator desencadeadar dos distúrbios em Los Angeles tenha sido o veredicto de culpado aos quatro policiais, pelo vergonhoso espancamento do afro-americano Rodn . King, documentado em videoteipe, foi o crescente desemprego, a pobreza e a sensação impotência que insuflou a fúria coletiva dos residentes no centro da cidade. Um observa político ressaltou que, "o primeiro tumulto multirracial do país ocorreu tanto em função fome e de frustrações, quanto pelos cassetetes e por Rodney King". 10 Gangues de adolescentes começam a proliferar nos subúrbios do país e, da m forma, a incidência de crimes violentos. Comunidades outrora seguras, estão tornando-se agora zonas de guerra, com registros de estupros, tiroteios, tráfico de drogas e roubos. Y próspero condado de Westchester, vizinho da cidade de Nova lorque, a polícia registra surgimento de mais de 70 gangues de classe média rivais nos últimos anos." Gangue adolescentes suburbanas estão surgindo com crescente freqüência em todo o país. aumento do índice de criminalidade está assustando a população suburbana. Segundo pesquisa realizada em 1993 pela TIME/CNN, 30% dos pesquisados "consideram o c . suburbano no mínimo tão sério quanto o crime urbano - o dobro do número de entrevis dos que fizeram essa afirmação cinco anos antes".12 Residentes nos subúrbios estão reagindo ao aumento da criminalidade com me das de segurança cada vez maiores. Só em 1992, mais de 16% de todos os proprietário residências nos Estados Unidos instalaram sistemas de segurança eletrônicos. Proprietári de classe média estão instalando até mesmo detectares de movimento e circuitos interno TV, outrora considerados itens de segurança de alta tecnologia e caros, restritos às residê: cias dos muito ricos. Alguns estão instalando "campainhas de vídeo", para avisar sobre presença de intrusos.P 8 "Unhealed Wounds", Time, 19 de abril, 1993, p. 30. 9 Ibid., p. 28. 10 Wacquant, Loic. ''When Cities Run Riot", UNESCO Courier, fevereiro 1993, p. 10. 11 "Gang Membership Grows in Middle-Class Suburbs", New York Times, 24 de julho, 1993, p. 25, metropolitana. 12 "Danger in the Safety Zone", Time, 23 de agosto, 1993, p. 29. 13 IDid., p. 32. Cap.14 tiva, pela defesa. O décadas de rego está arredores. icto de não Rodney nsação de bservador função de .damesma mando-se ubos. No registra o gues de o país. O gundo uma com mediíetários de rietários temos de residênsobre a Um mundo mais perigoso 235 A arquitetura suburbana também está começando a mudar, refletindo a nova preocupação com segurança pessoal. "Estamos falando sobre o desenvolvimento de1Qnalezas particulares", diz Mark Boldassare, professor de Planejamento Urbano e Regional na } Universidade da Califórnia, em Irvine. Boldassare e outros arquitetos dizem que o aço e concreto estão tomando-se rapidamente os materiais preferidos, juntamente com janelas de 12 polegadas, cercas de três metros e meio e sistemas de câmeras de segurança giratórias. "Construções mascaradas", casas com fachadas simples, até mesmo soturnas, disfarçando um interior opulento, tãffibém estão tomando-se populares entre os moradores preocupados com sua segurança." Muitas comunidades suburbanas estão aumentando a segurança residencial com a contratação de guardas de segurança particulares para a vigilância dos bairros. Um número crescente de bairros estão sendo murados, com uma única via de acesso com guarita. Os residentes precisam mostrar cartões de identificação para poder entrar. Em outros bairros, os residentes literalmente compraram suas ruas da prefeitura e bloquearam-nas com portões de ferro e guardas de segurança. Ainda em outras cidades, os bairros residenciais estão sendo cercados com a construção de "cul-de-sacs" de concreto". 16 Edward Blakely, professor do Departamento de Planejamento Urbano e Regional na Universidade da Califórnia, em Berkeley, estima que entre três a quatro milhões de pessoas já vivem dentro de comunidades residenciais muradas. Já chega a 500 mil o número de californianos vivendo atualmente em comunidades fechadas e 50 novas estão em construção, segundo Blakely. Muitas das comunidades muradas têm instalados sistemas de segurança de última geração para afastar intrusos. Em Santa Clarita, Califórnia, ao norte de Los Angeles, qualquer automóvel que tente atravessar a entrada sem autorização, é parado por cilindros de metal ejetados do chão para o fundo do carro. Blakely diz que o crescimento de comunidades fechadas reflete ranto uma preocupação com a segurança pessoal, quanto "uma omissão da responsabilidade cívica". Para um número cada vez maior de americanos ricos, viver em comunidades fechadas é uma forma de "intemalizar suas posições e privilégios econômicos, sem permirir que outros compartilhem"P Salários reduzidos, desemprego crescendo continuamente e aumento da polarização de ricos e pobres está transformando partes do país numa cultura fora-da-lei. Enquanto a maior parte dos americanos vê o desemprego e o crime como as questões mais urgentes que o país precisa enfrentar, poucos estão dispostos a admitir a relação inseparável que existe entre ambos. À medida que a Terceira Revolução Industrial se dissemina na econo14 "A City Behind Walls", Newsweek, 5 de outubro, 1992. p. 69. 15 N. T.: Do francês, beco sem saída. 16 Louv, Richard, America Il. Boston: Houghton Mifflin, 1983, p. 233. 17 "Enclosed Communities: Havens, ar Worse?". Washington Post, 9 de abril, 1994, p. El. 236 O Fim dos Empregos Capo 14 mia, automatizando cada vez mais os setores industrial e de serviços, forçando milhões operários e de trabalhadores administrativos ao desemprego, a criminalidade e prin palmente o crime violento, vai aumentar. Presos em uma espiral descendente e com men redes de segurança para amortecer sua queda, um número crescente de americanos dese pregados e não empregáveis, voltar-se-âo ao crime por necessidade de sobrevivênci Excluídos da nova aldeia global de alta tecnologia, encontrarão maneiras de voltar furtiv mente e tomar pela força o que lhes está sendo negado pelas forças do mercado. Desde 1987, segundo um Relatório do FBI sobre criminalidade, o furto em loj de conveniência aumentou 27%, roubos a bancos aumentaram 50%, roubos a empreendimentos comerciais aumentaram 31% e os crimes violentos aumentaram 24%.18 Não é de estranhar que a indústria da segurança no país esteja entre os setores que mais crescem na economia. Com ocnme ecõiiOr:õ.i~almente beirando a assombrosa cifra de US$ L ) bilhões por ano, os proprietários de residências e a indústria estão desembolsando bilhõ __ em segurança.'? Atualmente, o setor de segurança particular gasta mais do que a polícia e segurança pública e emprega duas vezes e meia mais funcionários. Estima-se que, até fin da década, o setor da segurança particular crescerá a uma taxa anual de 2,3%, o que equival a mais do dobro do índice de crescimento na segurança pública. Atualmente, a indústria segurança particular está entre as dez maiores no setor de serviços, juntamente co sistemas de informação eletrônica, software de computador, serviços profissionais d computador e processamento de dados. Por volta do ano 2000, estima-se que os gastos co segurança particular superem os US$ 100 bilhóes.P UM PROBLEMA GLOBAL A crescente violência que acontece nas ruas dos Estados Unidos está sendo vivenciada por outros países industrializados em todo o mundo. Em outubro de 1990, em Vaux-en-Velin, cidade de trabalhadores de baixa renda, próxima a Lyon, centenas de jovens tomaram as ruas, enfrentando a polícia e as tropas de choque, durante mais de três dias. Embora tumulto tivesse se iniciado com a morte de um adolescente atropelado por um carro da polícia, tanto os residentes locais quanto funcionários do governo atribuíram a culpa pel 18 "Reengineering 19 "Security Industry Trends: 1993 and Beyond", Security Management, dezembro, 1992, p. 29. Security's Role", Security Management, novembro, 1993, p. 38. 20 Ibid. zaioria são ção de u -- 'acquant, -:as capit .. -~ção, o im zosão dos Europa - te :xplorando :=.m recente star preoc testos p ~emães. Alemanha. que líde =~.Em 19 Capo14 Um mundo mais perigoso 237 tumulto ao desemprego crescente e à pobreza. Os jovens atiraram pedras nos carros, incendiaram estabelecimentos comerciais e feriram várias pessoas. Quando o tumulto acabou, os prejuízos somavam US$ 120 milhões." Em Bristol, Inglaterra, em julho de 1992, a violência irrompeu em decorrência de um acidente estranhamente similar àquele ocorrido em Vaux-en-Velin. Um carro da polícia havia atropelado e matado dois adolescentes que haviam roubado uma motocicleta da polícia. Centenas de jovens tumultuaram a área comercial, destruindo propriedades comeriais. Mais de 500 soldados das tropas de elite tiveram de ser chamados para conter os revoltosos.F rescem na e US$ 120 do bilhõe O sociólogo francês Loic Wacquant. que fez um estudo minucioso dos distúrbiQs urbanos em cidades do primeiro mundo, diz que, em praticamente todos os casos, as omunidades onde ocorrem os distúrbios compartilham de um mesmo -Eerfil soc~o. A maioria são antigas comunidades de trabalhadores que foram deixadas para trás na tranição de uma sociedade antes manufatureira para outra baseada na informação. Segundo wãCqUa~~s residentes de áreas operárias esmorecidas, a reorganização das economias capitalistas - visível na mudança da manufatura para os serviços baseados na informação, o impacto das tecnologias eletrônica e de automação nas fábricas e escritórios e a TOsãodos sindicatos ... têm se traduzido em índices anormalmente altos de desemprego e regressão nas condições materíais'"> Wacquant acrescenta que o fluxo crescente de imigrantes para comunidades pobres restringe ainda mais as oportunidades de emprego e os erviços públicos, aumentando as tensões entre os residentes que são forçados a competir por uma fatia menor do bolo econômico. - o polícia em e, até final e equivale indústria da ente com ionais de gastos com ornaram as Embora o carro da culpa pelo '- _ Um número crescente de políticos e de partidos políticos - principalmente na Europa - tem alimentado a preocupação da classe trabalhadora e das comunidades pobres, explorando seus receios xenofóbicos de que os imigrantes tomem seus preciosos empregos. Em recente pesquisa realizada na Alemanha.. onde 76% dos estudantes do colegial disseram estar preocupados em ficar desempregados, os jovens estão tomando as ruas em violentos protestos políticos dirigidos a grupos imigrantes, a quem acusam de tomar os empregos aos alemães. Liderados por gangues neo-nazistas, a violência tem se espalhado por toda a Alemanha. Em 1992, 17 pessoas foram mortas em dois mil incidentes violentos distintos, em que líderes neo-nazistas culpavam os imigrantes e os judeus pelo aumento do desemprego. Em 1992, dois partidos neo-fascistas de direita, a União do Povo Alemão e o Partido .1 "When Cities Run Riot", p. 8. ~2 lbid. zs lbid., p. 11. I f I \ 238 O Fim dos Empregos Capo 14 Republicano, cujo líder foi um ex-oficial da SS, no Terceiro Reich de Hitler, ganharam assentos em dois parlamentos estaduais, pela primeira vez, apelando para receios xenofóbicos e ao anti-semitismo." Na Itália, o Partido Neo-Fascista da Aliança Nacional obteve inesperados 13,5o/é dos votos na eleição nacional em março de 1994, tornando-se o terceiro partido mais forte na Itália. O líder do partido, Gianfranco Fini, foi saudado com gritos de "Duce! Duce: Duce!" por centenas de jovens na comemoração pela vitória, evocando imagens sombria: da era Mussolini nas décadas de 1930 e 1940. Pesquisadores políticos na Itália afirmam que grande parte do apoio desse partido vem de jovens desempregados e revoltados." Na Rússia, o partido neo-fascista de VIadimir Zhirinovsky, os Democratas Liberais, teve surpreendentes 25% dos votos na primeira eleição pós-soviética para escolher o parlamento nacional. Na França, os seguidores de Jean-Marie Le Pen obtiveram vitórias políticas similares, alimentando os receios xenofóbicos de que imigrantes possam tomar o empregos dos franceses natos." Raramente, em seus pronunciamentos públicos, qualquer líder de extrema direita levanta a questão do desemprego em função dos avanços tecnológicos. Mesmo assim, são as forças da reengenharia, do downsizing e da automação que estão acarretando os maiore efeitos na eliminação dos empregos nas comunidades operárias em todo país industrializado. A crescente maré migratória do leste para o oeste na Europa e do sul para o norte nas Américas reflete em parte a mudança na dinâmica da economia global e o surgimento de uma nova ordem mundial, que está forçando milhões de trabalhadores a atravessarem fronteiras nacionais à procura de um suprimento cada vez menor de empregos nos setores industrial e de serviços. A combinação de deslocamento tecnológico e de pressão da população continua a onerar a capacidade de sustentação das inúmeras comunidades urbanas. As crescente dificuldades e tensões crescentes estão levando a convulsões sociais espontâneas e ato coletivos de violência aleatória. Os habitantes dos núcleos centrais de cidades em paíse industrializados agora têm mais em comum com os habitantes de cortiços dos países em desenvolvimento do que com os novos trabalhadores cosmopolitas que vivem nos subúrbios e regiões serni-rurais a apenas algumas milhas de distância. Nathan Gardels, editor do New Perspectives Quarterly, resumiu a disposição de ânimos reinante em termos extraordinariamente similares aos argumentos usados para caracterizar o sofrimento dos negros urbanos há apenas 30 anos, quando foram erradicados, primeiro pelas novas tecnologias agrícolas no Sul e, depois, por tecnologias mecânicas e de Furies", Newsweek, 7 de dezembro, 1992, p. 3l. 24 "Germany's 25 "Italy's Neo-Fascists Gain Dramatically", 26 "Every Man a Tsar", The New Yorker, 27 de dezembro, 1993. Washington Post, 31 de março, 1994, p. A25. .:ontrole n iiIeiras cr. elevância ue eles tê -ezmais oandemôni goso perf dade: co Martin van esmo d líticas, biente se-ão cada forças classes de ossas fi timistas, guarda, a curvas cr mercados' ara aquel sionantes econômico. e não de e para intervi global da lorçados a 28 Capo 14 erados 13,5~ .do mais fone "Duce! Duce. ens sombrias 'a afirmam qu OS.25 ocratas Libea escolher . 'eram vitórias am tomar os o assim, são do os maiores país induspara o norte o surgimento atravessarem nos setore Um mundo mais perigoso 239 ntrole numérico nas fábricas do norte. "Do ponto de vista do mercado ,diz Gardels, "as - eiras crescentes de desempregados enfrentam um destino pior do que no colonialismo: a elevância econômica." Tudo se resume, ustenta Gardels, a que "nós não precisamos do e eles têm e eles não podem comprar o que nós vendemos". Gardels prevê um futuro cada 'ez mais anárquico e sombrio - um mundo habitado por "fragmentos de ordem e fileiras de andemônio't." Alguns especialistas militar acreditam que estamos entrando num novo e perigoso período da história, caracterizado pelo que eles chamam de conflito de baixa intensidade: conflitos entre gangues de terroristas. bandidos, guerrilhas etc. O historiador militar _ artin van Creveld diz que as distinçõe entre guerra e crime vão ficar mescladas e até mesmo desmoronar, à medida que o bandos de proscritos, alguns com vagas metas líticas, ameaçarem a aldeia global com atentados, seqüestros e massacres." No novo ambiente de conflito de baixa intensidade, o exército e as forças policiais nacionais tomar- -ão cada vez mais impotentes para dominar ou até mesmo coibir a violência e darão lugar forças de segurança particulare que serão pagas para garantir zonas seguras para as lasses de elite da aldeia global da alta tecnologia. A transição para a Terceira Revolução Industrial coloca em questão muitas de nossas noções tão bem-cuidadas sobre o ignificado e direção do progresso. Para os otimistas, presidentes das corporaçõe . profissionais futuristas e líderes políticos de vanguarda, a aurora da Era da Informação inatiza uma era dourada de produção ilimitada e urvas crescentes de consumo, de novo e mais rápidos avanços na ciência e tecnologia, de mercados integrados e gratificaçõe imediatas. Para outros, o triunfo da tecnologia parece mais uma praga amarga, um réquiem para aqueles que serão forçados à redundância pela nova economia global e pelos impresionantes avanços na auto mação que estão eliminando tantos seres humanos do processo econômico. Para eles, o futuro está repleto de medo e não de esperança, de fúria crescente e não de expectativas. Sentem que o mundo está passando por eles, e sentem-se impotentes para intervir em seu próprio benefício. para exigir sua inclusão legítima na nova ordem global da alta tecnologia. São os párias da aldeia lobal. Rejeitados pelas forças em ação e forçados a definhar à margem da existência terrena, são as hordas cuja índole coletiva é tão isposição de . usados para erradicado cânicas e de 27 Gardels, Nathan. "Capitalism's New Order", Washington Post, 11 de abril, 1993, p. C4. 28 Van Creveld, Martin. The Transformation ofWar .. ova Iorque: Free Press, 1991. Numa entrevista, em 24 de março de 1994, o assessor da Lincoln E1ectric para o CEO, Richard Solow, adverte que o maior problema que os Estados Unidos vão enfrentar é a crescente polarização do país em dois países - um, uma próspera sociedade de primeiro mundo e o outro, uma cultura pauperizada de terceiro mundo. Ele diz que melhorar a educação da crescente ubclasse sem proporcionar empregos, poderia tão facilmente levar a revoltas como a reformas, argumentando que com a educação vem liderança e com a liderança vem o potencial para uma resistência organizada. Sobow diz que "eventualmente veremos uma revolução", e acrescenta, "e acredito que será sangrenta". 240 O Fim dos Empregos Capo 14 imprevisível quanto os ventos políticos em mutação - uma massa humana cuja sorte e cuj destino tendem cada vez mais à convulsão e à revolta sociais, contra um sistema que os tornou praticamente invisíveis. Às vésperas do terceiro milênio, a civilização encontra-se vacilante entre dois mundos muito diferentes, um utópico e cheio de promessas, o outro real e repleto de perigo. Em debate está o próprio conceito do trabalho. Como pode a humanidade começar a preparar para um futuro no qual a maior parte do trabalho formal terá sido transferido de seres humanos para máquinas? Nossas instituições políticas, convenções sociais e relaçõ __ econômicas baseiam-se em seres humanos vendendo seu trabalho como um bem no mercado aberto. Agora que o valor de mercadoria desse trabalho está se tornando cada vez menos importante na produção e na distribuição de bens e serviços, novas abordagens pa garantir a renda e o poder aquisitivo terão de ser implementadas. Alternativas ao trabalh formal precisarão ser encontradas para empregar energias e talentos das gerações futuras. No período de transição para uma nova ordem, as centenas de milhões de trabalhador afetados pela reengenharia da economia global precisarão ser aconselhados e cuidado Suas dificuldades exigirão atenção imediata e constante, se quisermos evitar conflitos sociais em escala global. Dois cursos específicos de ação terão de ser vigorosamente trilhados, se as naçõ __ industrializadas quiserem ser bem-sucedidas na transição para uma economia pós-mercad no século XXI. Primeiro, os ganhos de produtividade decorrentes da logias de racionalização do tempo e do trabalho terão de ser trabalhadores. Avanços dramáticos em produtividade precisarão ções igualmente dramáticas no número de horas trabalhadas salários para assegurar uma demanda eficaz pela produção e frutos do progresso tecnológico. introdução de novas tecnorepartidas com milhões dê ser compensados por redue aumentos constantes de uma distribuição justa dos Segundo, a diminuição da massa de emprego na economia do mercado formal e redução dos gastos do governo no setor público exigirão que se dê mais atenção ao tercei setor: a economia de não-mercado. É ao terceiro setor - a economia social- que as pessoas irão voltar-se no próximo século, para ajudar a administrar necessidades pessoais e sociais que já não podem mais ser administradas nem pelo mercado nem por decretos legislativo Esta é a arena em que homens e mulheres explorarão novos papéis e responsabilidades encontrarão novos significados para suas vidas, agora que o valor de mercado de seu tem está desaparecendo. A transferência parcial de lealdades e de comprometimentos pessoais para longe do mercado e do setor público, rumo à economia informal pressagia mudança! fundamentais em alinhamentos institucionais e um novo pacto social, tão diferentes daquele que tem governado a era de mercado quanto este que, por sua vez, é diferente da organização feudal da era medieval que a precedeu. ~ I.\KRON Books MAKRON Books te entre doi to de perigo. começar a se ansferido de is e relaçõe bem no merdo cada vez rdagens para ao trabalho ções futuras. trabalhadores e cuidado. _vitar conflito _ novas tecno_ m milhões de dos por reduconstantes de .ção justa do :cado formal e a ção ao terceiro - que as pessoas oais e sociais _tos legislativo . nsabilidades e o de seu tempo entos pessoais - agia mudanças .c erentes daquele erente da organi- P TEV AA RADA ERA PÓS- ERCADO