Portugal em sobressalto - Universidade da Beira Interior
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Portugal em sobressalto - Universidade da Beira Interior
Portugal em sobressalto: Gerações de mudança, em particular, a de Sessenta do século XX. António dos Santos Pereira Departamento de Letras Universidade da Beira Interior Resumo Este artigo teve por base a oração de sapiência que proferimos em 2011 na Universidade da Beira Interior. Eliminados os excessos da retórica, aqui, deixamos uma síntese sobre um país sempre em crise a que algumas figuras mais dotadas, membros de gerações de mudança, tentam dar solução por via das ideias e opções políticas. Damos particular relevo à que se anunciou na década de sessenta e de certa forma preparou a mudança rápida e pacífica de Abril de 1974. Palavras-chave Crise, Geração, Mudança, “O Tempo e o Modo”. Abstract This article was based on the Oratio Sapientiae, presented in 2011 at the University of Beira Interior. Eliminating the excesses of rhetoric here, we make a synthesis of a country, always in crisis, that some figures, the most gifted members of generations of change, trying to solve. We give particular emphasis to what was announced in the sixties of twentieth century and certainly prepared to peaceful change April 1974. 115 Keywords Crisis, Generation Change, “O Tempo e o Modo”. Há cinquenta e quatro anos, precedendo o movimento, que observaremos adiante, em missiva de dezasseis páginas a Sua Excelência, o Presidente do Conselho, António d’ Oliveira Salazar, o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes (1906-1989), deixava transparecer algumas das suas maiores aflições, em palavras escorreitas, que alguns de nós, então, meninos, agora, no Outono da Vida, corroboramos ao relembrar a crua e cruel realidade: “Não poderei dizer quanto me aflige o já hoje exclusivo privilégio português do mendigo, do pé-descalço, do maltrapilho, do farrapo; nem sequer o nosso triste apanágio das mais altas médias de subalimentados, de crianças enxovalhadas e exangues e de rostos pálidos (da fome e do vício?).” (Igreja Católica. Bispo do Porto, Carta a Salazar, 13 de Julho de 1958). Comentava, ainda, o antístite portuense sobre o mundo do trabalho português sem complacências perante algumas formas de Antigo Regime, demonstrando o arcaísmo da nossa economia: “Em parte alguma, mesmo no Sul da Espanha ou da Itália, se nota como entre nós o ritmo lento do trabalho, um aspeto de desemprego lavrado, a pequena diferenciação ou quase confusão entre as horas de trabalho e o tempo de lazer — ou lazeira, como melhor se diria, com a voz do povo.” (Idem, Ibidem) E concluía, em asserção sociológica, próxima do pensamento marxista, sobre a educação dos trabalhadores, que exasperou o destinatário e acarretou o exílio ao santo prelado: “O mundo operário e o camponês não podem ser educados pelo patronato” (Idem, Ibidem). A atitude do Bispo mereceu-lhe uma sórdida campanha, por parte do governo e de algumas figuras, que quiseram agradar a Salazar, como Manuel Anselmo e os editores de A Voz e do Diário da Manhã, já recenseadas por Luís Salgado de Matos (Matos 1999: 29-90). No entanto, a mesma despertou as consciências em todos os setores da sociedade portuguesa e particularmente numa esfera culta do âmbito católico até então acomodada debaixo do prestígio que Salazar adquirira na gestão financeira do Estado e na solução dos conflitos em que a igreja fora envolvida no decurso da Primeira República. Neste propósito, de imediato, tentaremos demonstrar como um grupo de jovens intelectuais portugueses, à volta da revista O Tempo e o Modo (19631977), continuadores do espírito que tinha informado o círculo do humanismo cristão, na conjuntura da atitude do memorável Bispo do Porto, citado acima, pelas causas “da Verdade e da Justiça”, face ao regime plebiscitário, ao estatismo financista, ao colonialismo, ao corporativismo e ao anti-pluralismo 116 UBILETRAS03 partidário de Salazar, e concretizado no Manifesto dos Cento e um Católicos contra a Ditadura e pela Paz, no dia de S. Francisco de 1965, merece a nossa memória por ter sido relevante na construção do Portugal Contemporâneo. Levantaremos a questão do eventual esgotamento de tal projeto, pela erosão do tempo nos seus elementos, pelas reverências merecidas, mas sempre prejudiciais à ousadia bem-vinda hoje de jovens talentos, no paradigma anteriano. Assim indagaremos a necessidade da conferência de movimento de igual teor perante o aprofundamento das realidades que aqueles previram ou as emergentes como é esta, agora, de um desesperante e anónimo império financeiro internacional, sorvedouro, sem fim, que constrange pela onzena os países, as instituições e as famílias, e humilha a identidade de povos milenares, alguns, como o nosso, responsáveis pela mais sadia modelação do planeta. Ousadamente, procuraremos ainda um novo rumo perante a falência sistemática dos bons propósitos, o aprofundamento da fluidez das vontades, a falta de estabilidade dos afetos individuais, a projeção catastrofista do futuro por parte de alguns, mesmo dos governantes e a incapacidade de mobilização coletiva para o que desde a Antiguidade se designa como Sumo Bem, para além dos grupos restritos de novos interesses corporativos. Com efeito, em situação de profunda, mas inspiradora crise, os membros daquele movimento humanista responderam positivamente aos anseios de Justiça, Verdade, Paz, Liberdade, Saúde e Educação. Havida a materialidade possível dos mesmos, ao longo das últimas quatro décadas, na colheita dos maduros frutos, anunciados pelos cravos de Abril, sobra o desafio permanente da adequação das instituições e do desenvolvimento integral do homem no âmago da nossa sociedade, hoje, mais planetária do que lusa e, portanto, a exigir uma nova alma e um outro fado, sem tão pausada cadência como o antigo. Mas temos a certeza de que, se investirmos na vontade, a mais bela criatura de Deus e a melhor potência do ser humano, no dizer de Kant, preencheremos os vãos do espírito com a beleza das nossas tradições, em acentuado e vivo ritmo, que incorpore o frémito dos espaços mais desenvolvidos do planeta por ideais comprometidos na transformação económica do país. Dito um país semiperiférico ou de dupla face pelo emérito académico, Boaventura de Sousa Santos e aqui confirmado, Portugal não agrega as energias permanentes dos países centrais e urge projetos mobilizadores por parte das suas elites nos diversos âmbitos da Política, da Economia e, sem dúvida, da Administração e da Cultura. António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 117 Dupla face de Portugal segundo Boaventura de Sousa Santos Nova Caduca País, sociológica e historicamente, inteligível. País exótico, idiossincrático, enigmático, desconhecido, com uma elite cultural reduzida, irresponsável e cega, criadora dos seus próprios mitos, com ausência de burguesia, desenvolvimento tardio das ciências sociais e da psicologia social. País único e de desenvolvimento intermédio. País de extremos, autopromovido ou autoflagelado, sem um aparelho teórico de compreensão, de captação e análise das respetivas práticas sociais, económicas, políticas e culturais. País reterritorializado País produto de uma negociação de âmbito internacional, desterritorializado por ter voltado costas ao Brasil e a Angola. País com uma sociedade heterogénea. País com agricultura atrasada, remunerações baixas no setor industrial… e com um certo fascismo social País com um Estado historicamente forte e regulador. País com relações pantanosas: Estado/ sociedade civil; oficial/não oficial; formal/informal; público/ privado e manifestações de corrupção. País com legislação avançada. País com práticas sociais e de aplicação da lei atrasadas e convicções políticas negativistas. País com uma sociedade com manifestações de solidariedade social de forma tradicional. País com práticas políticas de sentido hipócrita. País com passado e presente País projetado em nacionalismos, iberismos, sebastianismos, futurismos, etc. De facto, de tempo a tempo, emergem, em Portugal, grupos à volta de ideários, cujos elementos mais talentosos o arrastam para a linha da frente e o aproximam de movimentos quase sempre iniciados, como diz aquele sábio 118 UBILETRAS03 Conimbricense, nos países do Centro e lhe acentuam os traços da face nova, ainda que, esgotada a energia inicial, logo descole da dianteira e aumente a frustração. A insistência desta tem-se revelado perigosa por deixar o país exposto ao predomínio da face avessa, caduca e triste, pantanosa e corrupta, disfarçada e hipócrita, manifesta em autoflagelação negativista ou em ridículas vaidades pessoais de presumidos salvadores e nos mitos coletivos do nacionalismo, do iberismo, do sebastianismo e de um futurismo, pouco “pessoano”, de um Portugal a cumprir, transformando a pátria de Camões em terra de suicidas, na expressão mais grave de Unamuno, ou de peregrinos desamparados nas veredas sinuosas do planeta, «famintos de pão e de futuro» escrevia, na beleza do texto literário, há oitenta e três anos, Ferreira de Castro em Emigrantes (Castro [1928] 1996: 81). Citamos algumas gerações, os lemas e as figuras respetivas, para enquadramento e apelo às melhores lembranças do passado português. Sabemos que nos programas recorrentes da História, nos diferentes graus de ensino, todos fizeram este percurso no tempo e mais ainda os apaixonados pela leitura das excelentes edições da História Pátria. No entanto, fá-lo-emos, agora, em sentido inverso ao seu decurso normal, com saltos de cinquenta anos. Assim, aproximar-nos-emos mais da noção de ciclo do que da de geração e perspetivaremos as ações e os movimentos, cuja fecundidade intrínseca vai muito para além das conjunturas em que se anunciam: Há cinquenta anos – em contexto internacional de progresso notável, mas de crise portuguesa, de ditadura e guerra colonial, surgiu um grupo de personalidades com um núcleo próximo do seu ponto central onde se encontrava o covilhanense António Alçada Baptista, promotor da revista O Tempo e o Modo. Este grupo era formado por católicos progressistas, em maioria, porém, aberto à colaboração dos mais diversos quadrantes políticos, democratas e socialistas, de mulheres e homens, devotos à causa da transformação do país e sem medo, a que voltaremos para fechar a sucessão de ciclos. A marca filosófica era a do existencialismo, para além de Sartre, por ser cristão, e o lema deles dizia Abertura ao Mundo, Desenvolvimento, Renovação, Dignidade da Pessoa Humana, portanto, Humanismo e, em expressão mais larga e juvenil, animada por novos ritmos, clamavam por Paz, Alegria, Beleza, Tolerância e Amor. Curiosamente, em resposta bem diferente da que dera em séculos passados, a Hierarquia Católica acompanhava o movimento e produzia alguns dos seus mais notáveis textos teológicos: a encíclica Pacem in Terris de João XXIII, em 1963, e a constituição Gaudium et Spes, do concílio Vaticano II, em 1965. No que concerne à Encíclica, notamos a impossibilidade de o Estado Português ficar indiferente perante a questão colonial que ali era abordada de forma venturosa: “Uma vez que todos os povos já proclamaram ou estão para proclamar a sua independência, acontecerá dentro em breve que já não existirão povos dominadores e povos dominados. As pessoas de qualquer parte do mundo são hoje cidadãos de um António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 119 estado autónomo ou estão para o ser. Hoje, comunidade nenhuma, de nenhuma raça, quer estar sujeita ao domínio de outrem” (Igreja Católica 1963: 16). Quanto à constituição conciliar, demonstramos como às duas palavras iniciais, alegria e esperança, que dão o título a este documento, se contrapõem as imediatas, luto e angústia, na expressão latina do original, luctus et angor, que podiam ter substituído gaudium et spes, se os tempos não fossem inspiradores e, no Vaticano II, não tivesse ganho a corrente luminosa. O movimento de há cinquenta anos foi muito para além da conjuntura política, económica, social e cultural e empenhou intelectuais de todos os saberes em dois temas tradicionalmente abordados sobretudo no âmbito teológico: Deus, sem as frivolidades da escolástica, e o casamento, sem as subtilezas do concílio de Trento, percebendo a sua importância na caracterização da civilização ocidental até então. Além destes, o tema da Universidade mereceu o talento de Jorge Sampaio. Apesar da PIDE e da Censura, esta era a primeira geração a pensar e a escrever sem o centenário Index Librorum Prohibitorum a limitá-la e a consequente excomunhão. Ela mesma se confirmava a geração em trânsito entre o tempo da escravidão e o da liberdade, dito do “Advento” por Alçada Baptista e crepuscular-auroral, por Eduardo Lourenço, perspetivando o fim das trevas da noite fascista. Em termos civilizacionais, chegavam ao LNEC os enormes computadores de 1ª (1959), 2ª (1963) e 3ª Gerações (1968) e os homens de então assistiam ao primeiro transplante cardíaco, viam um seu igual pisar o solo lunar e planeavam a dimensão da família na vivência do amor. Mas continuemos o trânsito inverso dos séculos, em analepses luminosas. Há cem anos, vingou a geração concretizadora do projeto do Portugal republicano e laico. A marca filosófica era a do cientismo ou do positivismo de Comte e de Teófilo Braga e o lema dizia: Ressurgimento, Justiça, Instrução, Laicização e Participação Cívica. Os seus arautos clamavam por governantes impolutos e por um Catão que não tardou a revelar-se na forma de um ditador desconfiado da atividade política, que paradoxalmente reservava como feudo exclusivo para a sua iluminada, mas esconsa figura. A multiplicação das fações, a incapacidade de muitos em aceitarem as disciplinas e institucionalizações partidárias, um espaço público ainda arcaico, apertado, nebuloso, sinuoso e rude e também a intolerância, para além de Portugal, provocaram a hecatombe das antigas democracias sustentadas em elites e nas suas influências, deixando a via aberta aos ditadores e aos Senhores da Guerra. Não podemos, todavia, saltar este tempo sem deparar com o vulto de modernidade de dois dos maiores talentos portugueses de todos os tempos: Pessoa e Almada Negreiros. Há cento e cinquenta anos, notamos, em maiúsculas, a Geração de Setenta do século XIX, paradigma de todas as gerações, que se transformou na de Noventa dos Vencidos da Vida, luminares que preencheram o essencial da cultura portuguesa e que inauguraram a nossa contemporaneidade, Antero de Quental, Oliveira Martins, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e outros, com 120 UBILETRAS03 grande semelhança à que agora tratamos porque se conheceram e reuniram à volta de um projeto comum nas célebres Conferências do Casino. Os membros dessa geração acreditaram na Ciência, em todos os seus ramos, particularmente nas ciências sociais como solução para os males que afligiam a humanidade do tempo. A mesma terminou na frustração trágica do programa socialista de Antero, na bancarrota e descrédito do Estado Liberal e no desenho do projeto republicano pequeno-burguês, democrático e laico de Teófilo Braga, mas de feição maçónica, anticlerical, justicialista e intolerante, na versão do senense, amigo da Covilhã, Afonso Costa. Há duzentos anos, com as invasões francesas, a presença do exército inglês, a capital portuguesa fora Reino, no Rio de Janeiro, a atualização maçónica, os emigrantes ilustrados pelas luzes de Paris e os empreendimentos londrinos à velocidade do vapor, nasciam os intelectuais da dimensão de Garrett, de Herculano, de Castilho e do beirão José Silvestre Ribeiro, que desenharam o Portugal liberal. Para estes, a melhor Lei era o lema e uma boa constituição garantiria a Ordem no modelo burguês, parlamentar e liberal. Coube a esta geração o início do movimento vanguardista que levou à abolição da pena de morte em Portugal antes da maioria dos países. Curiosamente, em nome da Liberdade, a mesma desdenhou o celibato e os votos monásticos e pôs em questão o casamento indissolúvel, como a que elegemos por mote. Há duzentos e cinquenta anos, Jacob de Castro Sarmento, Pombal, Ribeiro Sanches, Verney, Pereira de Figueiredo, Eugénio dos Santos, iluminaram o espaço público português. Esta geração testemunhou o grande sismo, o maremoto e o incêndio que destruíram Lisboa no dia de todos os Santos de 1755. Todavia, a mesma não se deixou intimidar pelas forças da natureza e outras. Pombal esforçava-se por industrializar o país como fica demonstrado na Real Fábrica de Lanifícios (1764) que aqui nos deixou e fazia eliminar a escravatura no Reino e na Índia (1761). O seu lema dizia-lhes ilustração, razão, técnica, autonomia do natural face ao sobrenatural e exclusão deste na explicação daquele, mas o mundo português de então estava demasiado distante de tais luzeiros e devemos alargar o passo no balanço dos séculos para não demorar tanto na caminhada. Há trezentos e cinquenta anos, Portugal renascia pela inteligência e pelas palavras sentidas de um dos três maiores portugueses de todos os tempos, o Padre/profeta António Vieira, e pela via do industrialismo proposto por Ribeiro de Macedo e concretizado pelo Conde da Ericeira, na Covilhã, com a primeira das duas Grandes Fábricas Reais. Há quatrocentos e cinquenta anos, Camões e outro covilhanense ilustre, Frei Heitor Pinto davam às gentes lusas as melhores razões para resistir a Castela com as mais bem ditas palavras clássicas, lidas no diálogo da Tranquilidade da Vida, da Imagem da Vida Cristã, em bom português, até aos nossos dias, que deixamos à atenção de todos os governantes, gestores, administradores e autoridades em geral: “nenhuma coisa violenta é perpétua” (Pinto 1572: 8). António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 121 Neste caminho, em saltos ainda maiores sobre os séculos, chegaremos à geração de há seiscentos anos, a de Nuno Álvares Pereira e dos filhos de D. João I e Filipa de Lencastre, os conhecidos, príncipe Duarte e os infantes, Pedro, Henrique e Fernando, leitores continuados do De Officiis, de Cícero, uma das obras clássicas mais marcantes da civilização ocidental. Foram estes que confirmaram o sentido ético e culto do Tempo Português e iniciaram o mítico feito da descoberta do Mundo. Finalmente, terminamos esta retrospetiva, há novecentos anos, no Scriptorium do mítico Johannes Hispalensis et Limiensis, que comportava no nome o mais ocidental eixo Culto de então, de Sevilha ao Lima, por Coimbra e Braga, e traduziu do árabe para latim o Kitab sirr al-asrar ou Secretum Secretorum, primeiro manual de boa governação, na corte da mãe de D. Afonso Henriques, em que o sentido da portugalidade começou, neste pedaço da Jangada de Pedra da Península, capaz de navegar o mundo e de recolher ao cais pirenaico sem nada daquele destruir no iberismo fatalista de Saramago. A característica dominante em todas estas gerações de mudança é a juventude dos seus membros, sobretudo patente nos movimentos fundadores: reluz em D. Afonso Henriques e no seu grupo, parece evidente nos filhos de D. João I, nos oratorianos que acompanham Pombal nas suas reformas, manifesta-se nos liberais, que desembarcaram do vapor Superb no Mindelo, está retratada no grupo à volta de Antero, os promotores das Conferências do Casino etc. etc.. Além do cunho de juventude, estas gerações incorporam veias de cultura em ruturas de civilização e nas artérias principais fazem circular a ética como o sangue da vida e da afirmação do Estado. Com efeito, está hoje razoavelmente bem documentada a dimensão cultural conseguida na teia de instituições eclesiásticas, desde os tempos Afonsinos, e de ensino superior laico, desde a governação dionisíaca, particularmente em Coimbra, em Braga e Guimarães, em Lisboa, Évora, Beja e Silves, em Alcobaça e Tomar, em Ponta Delgada, e também e ali, no covilhanense Convento de Santo António, até à Revolução Liberal, que tudo mudou. Não necessitamos demonstrar a integração de Portugal na cristandade letrada da Europa do Ocidente e reafirmamos a cultura e o sentido ético dos filhos de D. João I; do nosso frei Heitor Pinto e de Camões; de Verney e Ribeiro Sanches; de Garrett e Herculano; de Antero e de Eça; de Mário de Sá Carneiro e de Pessoa; e dos que há cinquenta anos colaboraram em O Tempo e o Modo e nos ocupam de imediato. A Geração de Sessenta do Século XX, dita acima, foi muito para além do grupo polarizador à volta de O Tempo e o Modo e frequentou outros espaços relevantes de pensamento e ação. Porém, em nossa opinião, a que adquiriu a mais bela aura no espaço público português do tempo e posterior, centrouse aqui. Todas as áreas do saber e da expressão artística e literária foram contempladas na revista. A Literatura ganhou a palma com 118 colaboradores, particularmente poetas, romancistas e dramaturgos e nomes tão distintos como Sophia de Mello Breyner Andersen, Jorge Amado, Jorge de Sena, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa-Luís e Fernando Namora. Com cerca de metade, 62 colaboradores, segue-se a Política e o Direito, mas aqui cabem os nomes 122 UBILETRAS03 do futuro que justificam o título: Mário Soares, Jorge Sampaio, Henrique de Barros, Manuela de Azevedo, Jaime Gama, Júlio de Castro Caldas e Helena Vaz da Silva, esta com uma ação decisiva em projetos posteriores do mesmo género como o Expresso. Por seu turno, demonstrando centralidade no entretenimento culto do tempo, o cinema contou, entre realizadores e críticos, 32 nomes. Deles, destacam-se, pelo número de colaborações, António Pedro de Vasconcelos, Alberto Vaz da Silva, Duarte Nuno Simões e Gerard Castello Lopes. O ambiente conciliar fez participar vinte e nove teólogos de que citamos os esquecidos Fr. Mateus Cardoso Peres ou Manuel Frade, o Pe. António Jorge Martins ou Cristóvão Martins da Costa e Luís Moita. Parece-nos que a vigilância eclesial portuguesa, que forçava aos pseudónimos, não permitia a multiplicação das colaborações e os responsáveis da revista viram-se obrigados a inserir textos de eclesiásticos e teólogos estrangeiros de nomeada como D. Hélder da Câmara, um dos bispos mais célebres do seu tempo que abriu o espaço à Teologia da Libertação de Leonard Boff, ouvido, no zénite desta geração, por muitos dos seus membros e de quem nos honramos ter sido confrade e discípulos, no primeiro semestre do ano letivo 1975/1976 na Universidade Católica em Lisboa. A Filosofia contou 28 colaboradores, alguns deles muito distintos de que se destaca o nome de Manuel Lourenço. Fernando Belo háde elaborar a lista das preferências filosóficas que enquadraram este novo humanismo: Karl Jaspers, Martin Heidegger, Gilles Deleuze, Jacques Derrida e Michel Foucault. A economia contou 22 colaboradores, entre eles, Francisco Sarsfield Cabral, Mário Murteira e um engenheiro civil / economista, João Cravinho. Entre os dezoito historiadores, uma palavra de mérito para Vitorino Magalhães Godinho, para Oliveira Marques e para Joel Serrão. A Arquitetura e a Música, a Física, a Medicina, particularmente a Psicanálise, a Pedagogia e o Desporto viram aqui os seus melhores representantes. Destacamos, entre os médicos, pela dimensão humanista da sua figura, o Prof. Pinto Correia, que lançou a ideia do SNS ainda na década de cinquenta. Alguns ensaístas de largo fôlego, como Eduardo Lourenço e José Augusto França, firmaram os seus créditos. Em termos programáticos, esta revista, orientada para a análise da conjuntura mundial, retomava em Portugal um projeto desenhado à volta da Revue Esprit em publicação desde 1932 e em termos ideológicos aproximavase do personalismo cristão com referências a Emmanuel Mounier, aos novos evolucionismos, à teoria da complexidade de Edgar Morin, à psicossomática de Wilhelm Reich, ao espiritualismo finalista de Teilhard de Chardin, ao existencialismo, dito acima cristão, que recusa o absurdo e o agnosticismo de outras expressões. A referência essencial era a soteriologia cristã, todavia, o processo de salvação não se realizava fora da História e deste Mundo, antes se lhe impunha para lhes dar sentido. Repetimos que no centro do núcleo dinamizador desta revista se encontrava o seu fundador, proprietário da Moraes editora, que nela empenhou toda a fortuna familiar: Alçada Baptista. O nome da revista deve-se a Pedro Támen. Figura decisiva foi o recentemente falecido João Bernard da Costa (19352009), que se dedicou de corpo e alma à mesma até meados de 70. O maior número de colaborações coube ao jovem, de então, Vasco Pulido Valente, ao todo sessenta e duas, seguem-se o dito João Bernard da Costa e Nuno António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 123 Bragança, com cinquenta e quatro e já distantes, João Paes e Manuel Lourenço, com vinte e nove e vinte e oito, respetivamente. A nata da intelectualidade portuguesa que manteve acesa a chama da democracia na oposição ou que soube fazer a transição do anterior regime para o pós-25 de Abril colaborou em O Tempo e o Modo. Para além dos já ditos, nomeamos ainda: Adolfo Casais Monteiro, António Pedro, Baptista-Bastos, David Mourão-Ferreira, Eugénio de Andrade, Eduardo Prado Coelho, Herberto Hélder, Irene Lisboa, Jacinto Prado Coelho, José Cardoso Pires, José Gomes Ferreira, José Régio, Lindley Cintra, Luís de Sttau Monteiro, Maria Judite de Carvalho, Mário Dionísio, Nuno Júdice e Ruy Cinatti e que nos perdoem os outros por não dizê-los aqui. A lista perfaz algumas páginas e consta adiante. Em termos globais parece não haver intelectual digno de nota, nascido nas décadas de Vinte, particularmente de Trinta e primeiros anos de Quarenta do século XX, que não tenha deixado algo na revista. Alguns em princípio de carreira, entre os dezanove e os vinte e dois anos corroboram a tese que defendemos de coincidência entre juventude e ideário de mudança. Para Concluir Percorrendo, um a um, os colaboradores de O Tempo e o Modo, ficamos com o espelho de Portugal e do Mundo na década de Sessenta do século XX. O empenho daqueles foi decisivo na tentativa de eliminar os males que afligiam o país e de construir um projeto de transformação da sociedade e do homem portugueses. Todavia, esta geração nascida no seio da burguesia portuguesa, ligada ao catolicismo, fez o trânsito de Abril consciente de que podia ter feito muito mais, muito mais cedo. Coincidindo com o que José Saramago deixou escrito no Manual de Pintura e Caligrafia ([1977]1983: 196), que editou, Alçada Baptista verberou a situação de «uma geração que ficou quieta e muda perante a opressão e a injustiça e que, por fim, deixou imolar os seus filhos numa guerra injusta, sem dar um passo para os tirar de lá» (Baptista 2000: 232-233). Não tanto, ele e os que de mais perto o acompanharam, replicamos nós, e não se pode condenar uma pátria a quem tudo tem sido tão difícil, o pão e as letras. Que aquele não falte e que as Letras saibam corajosamente refletir em verdadeiro espelho, sem manchas de hipocrisia, o país, para que Portugal se cumpra quanto antes numa nova geração com talento, na linha da frente, em todos os ramos do saber e do fazer, envolto no Humanismo de que tem prestado as melhores provas, ainda que só de tempo a tempo, como fica dito. Bibliografia Andrade, Pacheco de (2002). O Bispo Controverso. D. António Ferreira Gomes. Percurso de um Homem Livre, Lisboa. Multinova. Baptista, António Alçada (s.d.). Reflexões sobre o casamento. O Tempo e o Modo. Nº 2: 10-32: 124 UBILETRAS03 Baptista, Alçada Baptista (2000). A Pesca à Linha – Algumas Memórias. 5ª ed. Lisboa: Editorial Presença. Castro, Ferreira de [1928] (1996). Emigrantes. 25ª ed.. Lisboa: Guimarães Editores. Igreja Católica. Bispo do Porto, Carta a Salazar, 13 de Julho de 1958. Igreja Católica. Papa João XXIII (1963). Pacem in Terris. BIP. Nº 24/25. Matos, Luís Salgado de (1999). A Campanha de Imprensa contra o Bispo do Porto como instrumento político do governo português (setembro de 1958outubro de 1959). Análise Social. vol. XXXIX (150), 1999: 29-90. Pinto, Heitor (1572). Imagem da Vida Cristã. Lisboa: João d’Espanha, apud João de Barreira. Saramago, José ([1977] 1983). Manual de Pintura e Caligrafia. 4.ª ed., Lisboa: Caminho. Santos, Boaventura de Sousa (1994). Pela Mão de Alice: o Social e o Político na Pós-Modernidade: Porto: Edições Afrontamento. Apêndice Áreas de atuação dos colaboradores, referências na Porbase e em O Tempo e o Modo Área Nome ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Teresa Cabral Teresa Martins de Carvalho Luís Bernard da Costa Luís de Sousa Costa João Martins Ferreira Laura Graça Júlio Correia Guedes Júlio Vaz Guedes António Rosa Guimarães Maria João Sande e Lemos José Carlos Lima Joaquim Loureiro R. Lowel Teresa Rita António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 1 ? 0 0 ? 0 ? ? ? 0 1 2 4 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 125 Área Actualidade Actualidade Actualidade Agronomia Agronomia Agronomia Agronomia/ Floresta Ambiente Antropologia Antropologia Antropologia Social Arquitectura Arquitectura Arquitectura Arquitectura Arquitectura Arquitectura Arquitectura Arquitectura/ História Arquitectura/ planeamento Arte Arte/ Escultura Artes Artes Ciências Políticas Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema 126 Nome Alfredo Costa Ana Maria Bernard da Costa José Lavradio (?-1965) Eugénio Castro Caldas (19141999) Maria Isabel Mota Carlos Portas (1936-) José Luís Calheiros 1 ? 1 33 1 2 15 1 ? 20 14 2 2 1 Gonçalo Ribeiro Teles (1922) Jorge Dias (1907-1973) Edgar Morin (1921-) José Cutileiro (1934-) 33 157 123 12 1 2 4 2 Carlos S. Duarte Vasco Lobo Kevin Lynch (1918-1984) Henrique E. Mindlin (19111971) Nuno Portas (1934-) Luís Vassalo Rosa Fernando Távora (19232005) Fernando Chueca Goitia (1911-2004) Mário Bruxelas (1930- ? 3 1 1 1 1 1 1 37 1 32 1 1 1 1 1 5 1 Walterr Zannini João Cutileiro (1937-) 0 11 1 2 João Paes Fernando Pernes (1936-2010) Abel Varzim (1902-1964) Padre Lauro António (1942-) Louise Aragon André Bazin (1918-1958) Ricardo Cruz Filipe (1934-) Jean-Luc Godard (1930-) Georges Goldfayn Rui Lima Jorge André S. Labarthe 2 34 7 29 2 1 87 0 9 6 2 0 ? 1 2 1 2 1 1 1 1 1 UBILETRAS03 Área Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema Cinema/ Grafologia Cinema/ Crítica Cinema/ Teatro Cultura Direito Direito Direito Direito Direito Direito/ administração Direito/ Finanças Nome Fernando Lopes (1935-) Gérard Castello Lopes (1925-) Manuel Machado da Luz (1943-1997 António de Macedo (1931-) José Vieira Marques (19342006) Jorge Silva Melo (1948-) João César Monteiro (19392003) Rui Nogueira Manoel de Oliveira (1908-) Sidónio Pais (1925-2006)? Jorge Assis Paixão José Vaz Pereira Jacques Rivette Paulo Rocha (1936-) Eric Rohmer (1920-2010) Carlos Saboga Alberto Seixas Santos (1936-) Duarte Nuno Simões José Maria Torre do Vale António Pedro de Vasconcelos Carlos Vilardebó Alberto Vaz da Silva (1937-) 0 15 1 3 11 2 32 9 1 1 43 3 8 10 ? 8 ? 0 16 0 1 0 1 2 1 0 0 1 10 3 1 4 2 6 1 7 2 2 5 11 4 19 1 14 Manuel Villegas Lopez (19061980) Vasco Morgado (1924-1978) ? 1 1 1 Nicoletta Zalafii Marcelo Caetano (1906-1980) Júlio de Castro Caldas (1943-) Orlando de Carvalho (19262000) António Serra Lopes (1934-) Francisco Salgado Zenha (1923-1993) José Robin de Andrade (1945-) 0 277 1 26 2 1 15 2 1 23 2 1 6 1 Vasco Vieira de Almeida (1932-) 2 4 António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 127 Área Direito/ Política Ecomomia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia Economia agrária Economia/ África Economia/ Agricultura Engenharia Engenharia/ Agronomia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia 128 Nome Mário Brochado Coelho (1939-) Gunnar Myrdal (1898-1987) Manuel Bello (1913-) Francisco Sarsfield Cabral (1939-) A.S. da Costa João Cravinho (1936-) Celso Furtado (1920-2004) John Kenneth Galbraith (1908-2006) Kenneth King (1929-)? Padre L. J. Lebret (18971966) Louis Maire Mário Murteira (1933-) José Tiago de Oliveira Victor Santos Filipe Silva Emanuel Melo Sousa Cláudio Teixeira M. S. Thacker Nelson Trigo Armando Trigo de Abreu (1940- ) Mamadou Dia (1910-2009) 5 4 15 1 16 1 4 7 2 10 28 76 1 13 1 2 2 3 1 1 1 53 70 ? ? 3 6 ? 1 12 1 9 3 1 1 8 1 1 3 1 0 1 Fernando Oliveira Baptista (1942-) ? Francisco Lino Neto (19181997) Henrique de Barros (19042000) António Franco Alexandre (1944-) Manuel dos Santos Lourenço (1936-2009) José Luiz Arangureren (19091996) Fernando Belo (1933-) Mário Sottomayor Cardia (1941-2006) Alberto Ferreira (1920-2000 13 7 4 1 96 1 30 2 30 28 41 1 19 19 1 2 45 1 UBILETRAS03 Área Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia Filosofia/ cinema Filosofia/ Poesia Filosofia/ Política Física Física Geografia História História História História História História Nome Manuel José do Carmo Ferreira (1943-) Michel Foucault (1926-1984) Paulino Garagorri (19162007) Fernando Mendes Gil Karl Jaspers (1883-1969) Francis Jeanson (1922-2009) Eduardo Lourenço (1923-) M. A. S. Lourenço (19362009) Herbert Marcuse (1898-1979) Julian Marias (1914-2005) José Marinho (1904-1975) José Pecegueiro (1925) Paul Ricoeur (1913-2005) Gilbert Ryle (1900-1976) Delfim Santos (1907-1966) Jean-Paul Sartre (19051980) Augusto Saraiva (1900-1975) Agostinho da Silva (19061994) Carlos da Silva João Bernard da Costa (1935-) 49 4 101 4 1 1 ? 70 21 215 30 2 1 1 15 28 74 85 109 15 98 6 64 264 1 1 2 1 1 1 1 1 23 258 1 1 ? 40 1 54 Vitor Matos e Sá (1926-1975) 20 4 Hannah Arendt (1906-1975) 65 1 Albert Einstein (1879-1955) Egídio Namorado (19201976) Orlando Ribeiro João de Freitas Alexandre (?) José Medeiros Ferreira (1942-) Saul Friedländer (1932-) Vitorino Magalhães Godinho (1918-2011 Frederick Allen Lewis (18901954 Joana Lopes (1938-) 85 15 1 2 199 0 38 4 115 1 1 1 1 4 0 1 1 3 António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 129 Área História História História História História História/Arte História/ Ciência e Técnica História/ Económica História/ Jornalismo História/ Literatura História/ Literatura/ Ensaio História/ Política Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo/ Actualidade Jornalista Literatura Linguística Linguística Literatura 130 Nome José António Maravall (19111987) António H. de Oliveira Marques (1933-2007) Fernando Piteira Santos (1918-1992) Joel Serrão (1919-2008) Hugh Thomas (1931-) José Estêvão Sasportes François Russo (1909-1998) 21 1 331 7 28 1 128 10 29 9 7 1 4 1 Armando de Castro (19181999) Jacinto Baptista 80 1 18 1 João Medina (1939-) 148 6 João Palma Ferreira (19311989) 79 1 João Chagas (1863-1925) 56 1 Manuela de Azevedo (1911-) Fancisco C. Pinto Balsemão Alfredo Barroso (1945-) Alberto Villaverde Cabral (1942-1996) Ruben Tristão de Carvalho (1945-) Paulo Castilho (1944-) Cesário Borga Martins (1944-) Helena Vaz da Silva (19392002) Marya Mannes (1904-1990) 40 3 20 1 1 1 4 1 1 1 ? 6 6 5 26 2 0 1 Baptista Bastos (1934-) Jorge de Sousa Luís Lindley Cintra (19251991) José António Meireles Albert Béguin (1898-1953) 99 1 98 3 1 4 3 48 1 1 UBILETRAS03 Área Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura Literatura / Teatro Literatura/ História/ Ensaio Literatura/ Poesia Literatura/ poesia/ensaio Literatura/ Romance Literatura/ conto Literatura/ Conto Literatura/ ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ ensaio Nome Marguerite Durás (19141996) T. S. Eliot (1888-1965) Miguel Castro Henriques (1944-) J. Miguel Fernandes Jorge Irene Lisboa (1892-1958) Óscar Lopes (1917-) Malcolm Lowry, 1909-1957 António Machado Joaquim Magalhães (19091990) Wilson Martins (1921-2010) Rainer Maria Rilke (18751926) Francisco Vilar Helena Maria dos Santos 144 1 128 13 1 15 ? 34 131 8 ? 29 1 1 90 1 3 0 ? 1 1 José Augusto França (1922-) 300 9 Eugénio de Andrade (19232005) Pedro Támen (1934-) 255 2 277 4 Augusto Abelaira (19262003) L. F. Castanheira 88 2 ? 1 Ernesto Leal (1913-2005) 6 2 Samuel Beckett (1906-1990) 86 1 Maria Bello (1938-) 6 1 Belo Belo (1933-1978) 93 6 José Bento (1932-) 84 24 Maurice Blanchot (19072003) António Cândido (1918) (brasileiro) 33 2 44 1 António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 2 1 2 1 131 Área Literatura/ ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ ensaio Literatura/ Ensaio Literatura/ ensaio/ tradução 132 Nome José Luís Cano (1912-1999) 22 1 Eduardo Prado Coelho (19442007) Jacinto do Prado Coelho (1920-1984)) Nelly Novais Coelho 109 4 172 2 32 1 Maria Aliete Galhoz (1929-) 55 9 Luiz Costa Lima (1937-) 5 1 Eugénio Lisboa (1930-) 41 1 José R. Marra-López 0 1 Amélia Pinto Pais (1943- 20 1 Manuel Poppe (1938-) 23 8 António Quadros (1923-1993) 165 2 Álvaro Salema 49 1 António José Saraiva (19171993) Arnaldo Saraiva (1939-) 242 1 82 2 José Augusto-Seabra (19372004) Jorge de Sena (1919-1978) 108 1 349 21 João Gaspar Simões (19031987) Nikias Skapinakis (1931-) 272 3 21 1 João Rui de Sousa (1928-) 36 8 Luís Cardim (1879-1958) 44 1 UBILETRAS03 Área Literatura/ ensaio/ tradução Literatura/ ensaios Literatura/ ensaios Literatura/ ensaísmo Literatura/ ensaísmo Literatura/ História Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ poesia Literatura/ poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Nome José Palla e Carmo (19231995) 24 18 Peter Weiss (1916-1982) 12 1 Nelson de Matos (1945-) 4 3 Antonin Artaud (1896-1948) 47 1 António Alçada Baptismo (1927-2008) Manuel Mendes (1906-1969) 102 17 51 1 Carlos Drumond de Andrade (1902-1987) Sophia de Mello Breyner Andersen (1919-2004) Fiama Hasse Pais Brandão ( 1938-2007) Haroldo de Campos (10092003 Raul de Carvalho (19201964) Gastão Cruz (1941-) 78 1 360 8 60 2 40 1 46 1 40 2 Rui Dinis (1949-) 1 2 Pierre Emmanuel ou Noël Mathieu (1916-1984) Henrique Lima Freire 25 1 7 2 Manuel Gusmão (1945-) 51 7 Herberto Hélder (1930-) 74 3 Juan Ramón Jimenez (18811958) Nuno Júdice (1949-) 48 1 136 4 Gaëtan Lampoo 1 1 Frederico Garcia Lorca (18981936) 75 1 António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 133 Área Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia Literatura/ Poesia e ensaio Literatura/ Poesia/ensaio Literatura/ poesia/ensaio Literatura/ poesia/ensaio Literatura/ Resistência Literatura/ Romace/Conto Literatura/ Romance 134 Nome Hélder de Macedo (1935-) 46 1 Cecília Meireles (1901-1964) 51 1 Murilo Mendes (1901-1975) 17 5 Vasco Miranda (1922-) 36 3 Joaquim Namorado (19141986) António Osório (1933-) 21 1 17 9 Francisco A.L. Flores Bugalho (1933-1968) José Blanc de Portugal (19142000) Ezra Pound (1885-1972) 2 1 54 5 53 2 António Ramos Rosa (1924-) 222 9 Maria Valupi (1905-1977) 5 1 José Carlos de Vasconcelos (1940-) António Manuel Couto Viana (1923-) Luís Filipe Vivanco 21 1 167 1 2 1 António Santiago Areal (1934-1978) Rui Cinatti (1915-1986) 7 1 48 2 João José Cochofel (1919-1982) 34 1 José Fernandes Fafe (1929 28 2 Robert Antelme (1917-1990) 0 1 José Gomes Ferreira (19001985) Jorge Amado (1912-2001) 139 3 352 1 UBILETRAS03 Área Nome Literatura/ romance Literatura/ romance Literatura/ romance Literatura/ Romance Literatura/ Romance Literatura/ Romance Literatura/ Romance Literatura/ Romance Literatura/ Romance Literatura/ Romance Literatura/ Romance Literatura/ Romance Literatura/ romance/ etc Literatura/ Romance/ ensaio Agustina Bessa-Luís (1922-) 314 3 Fernanda Botelho (19292007) Claude Courtot (1939) 65 1 1 1 Mário Dionísio (1916-1993) 69 3 François Mauriac (18851970) José Rodrigues Miguéis (19011980 Adolfo Casais Monteiro (1908-1972) Júlio Moreira (1930-) 168 1 150 1 206 3 17 1 Fernando Namora (19191989) José Cardoso Pires (19251998) Artur Portela Filho (1937-) 313 1 206 6 47 2 Stephen Spender (1909-1995) 23 1 Maria Velho da Costa (1938-) 57 2 Faria, Almeida (1943-) 50 8 Vergílio Ferreira (1916-1996) 339 8 Literatura/ teatro Literatura/ teatro Literatura/ Teatro Literatura/ Teatro Literatura/ Teatro Bertold Brecht (1898-1956) 67 1 Luís Miguel Cintra (1949) 28 6 Costa Ferreira (1918-1997 14 1 Eugène Ionesco (1912-1994) 37 1 José Domingos Morais 12 20 Literatura/ Romance/ Ensaio António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 135 Área Literatura/ Teatro Literatura/ Teatro Literatura/ Teatro Literatura/ Teatro Literatura/ Teatro Literatura/ Teatro Literatura/ Teatro Literatura/ tradução Literatura/ tradução Matemática Matemática Medicina Medicina Medicina Medicina e Literatura Medicina/ Psicanálise Medicina/ Psicanálise Medicina/ Psicanálise Medicina/ Psicologia Medicina/ Teologia Mitologia Música Música Música Música Música 136 Nome João Cabral de Melo Neto (1920-1999) António Pedro (1909-1966) 38 1 53 3 Joel Pontes (1926-1977) 11 1 Glicínia Quartim (19242006) Luís Francisco Rebelo 1 1 136 10 Bernardo Santareno (19201980) Augusto Sobral 72 4 8 1 Maria Judite de Carvalho (1921-1998) Luzia Maria Martins (19262000) Laurent Schwartz (19152002) Eduardo Veloso (1928-) Maria Adelaide Pinto Correia Léonard J. Duhl Miller Guerra (1911-1993) Pedro Mayer Garção (1905-) 57 1 16 1 19 1 24 2 0 99 11 2 1 1 2 1 Sigmund Freud (1856-1939) 304 1 João dos Santos (1913-1987) 51 2 Azevedo e Silva 8 1 Barahona Fernandes (19071992) José Manuel Pinto Correia (1931-1988) Rui Cunha José Atalya (1927-) Airton Lima Barbosa (19421980), brasileiro Francine Benoit (1894-1990) João de Freitas Branco Raul Calado (1931-) 314 1 270 1 ? 4 0 1 2 1 8 49 6 3 4 1 UBILETRAS03 Área Música Música Música Música Música Pedagogia Pedagogia Pedagogia Pedagogia/ desporto Literatura/ Poesia Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Nome Álvaro Cassuto (1938) Fernando Lopes Graça (19061994) Filipe Pires (1934-) Joly Braga Santos (1924-88 Filipe de Sousa (1927-2000) Rui Grácio (1921-1991) Maria Emília Brederote Santos Anísio S. Teixeira José Esteves (1919-) 4 106 2 1 10 8 19 44 13 1 1 2 3 1 ? 11 1 1 Vitor Wengorovius 1 5 Tiago Alenquer (?) José Maria Leite de Faria (Pedro Azurém) Vicente Barreto, brasileiro Lelio Basso (1903-1978, italiano Alexandre Bettencourt João de Sacadura Bote Nuno de Bragança (19291985) Georges Burdeau (1905-1988) 0 0 3 2 1 0 1 1 0 0 24 8 1 54 26 1 Alberto Costa Amadeo Cuito (1936-) Josiah E Dubois JR (19131983 Franz Fanon (1925-1961) Jorge de Almeida Fernandes Xavier Flores Jaime Gama (1947-) António Sousa Gomes (1936-) Bertina Sousa Gomes Francisco Ferreira Gomes (1936-2008) João Gomes André Gorz (1918-) Ilios Jannanakis John F. Kenedy (1917-1963) Claude Julien (1925-) ? 0 ? 2 1 1 12 ? 1 10 2 1 1 1 1 1 6 1 1 5 ? 13 0 7 3 1 2 1 2 1 António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 137 Área Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Política Sociologia Sociologia Sociologia Sociologia Teatro 138 Nome José Pedro Pinto Leite (19321970) António Lettieri Alceu Amoroso Lima (18931983) Manuel dos Santos Loureiro Manuel de Lucena (1938-) Machiavel Fernando Martinez Gérard Mascolo Arnaldo de Matos (1939-) Luís Filipe Salgado de Matos (1946-) Luís Matoso José Sousa Monteiro Rui Cardoso das Neves José Luís Nunes (1941-) Natália Teotónio Pereira (1930-1971) José Manuel Neto Rodrigues Manuel Roque Amadeu Lopes Sabino (1943-) Jorge Sampaio (1939-) Jorge Santos Manuel Sertório (1926-1986) William Shirer (1904-1993) Manuel Tavares da Silva Sérgio Pereira da Silva Paul Singer (1932-) Mário Soares Théodore Sorensen Martine Sudre A. S. Taborda Vasco Pulido Valente (1941-) Bento Vintém José Carlos Ferreira de Almeida (1935-2009) Florestan Fernandes (19201995) C. Wright Mills (1916-1962) Adérito Sedas Nunes (19281991) Glória de Matos (1936-) 1 5 1 29 1 1 0 15 83 ? 0 6 18 4 17 1 1 1 2 22 1 3 ? 2 0 1 2 12 9 1 0 0 15 70 ? 3 6 ? 1 4 126 3 0 ? 55 4 5 1 1 5 6 1 1 1 1 17 1 4 1 1 1 62 1 2 23 1 26 54 1 1 1 1 UBILETRAS03 Área Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia/ Antropologia Teologia/ Ética Teologia/ Mariologia Teologia/ Poesia Nome Rudolph Bultmann (18841976) D. Hélder Câmara (19091999) Jean Cardonnel Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) M. D. Chenu (1895-1990) António Jorge Martins (Padre) Harvey Cox (1929-) Alphonse d’Heilly Charles Davis Jean Pierre Demoulin Jean-Marie Domenach Frei Bento Domingues (1934-) Frei Mateus Cardoso Peres (1933-) Madalena Gerbert (?) J. M. Ruiz-González (1916-) Peter Hebblethwaite (19301994) John Horgan (1940-) João XXIII Hans Kung (1928-) Augustin Léonard Nuno Silva Miguel Marc Oraison (1914-1979) Papa Paulo VI (1897-1978) E. Schillebeeckx (1914-2009) André Vergote Leo Alting Von Geusau (19252002) Luís Moita (1939-) 1 1 3 3 7 73 1 2 23 ? 6 3 1 1 21 17 1 5 1 1 1 1 1 1 4 4 0 3 4 1 1 1 ? 54 29 1 ? 29 220 30 0 3 1 1 1 1 2 1 1 1 1 2 14 2 René Laurentin (1917-) 17 1 Padre Fernando Melro 85 1 António Santos Pereira, Portugal em Sobressalto 139