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Nanotecnologia, Um Novo Paradigma de
Desenvolvimento Economico: Uma Análise da
Experiência Internacional & Brasileira
Raul Gouvea*
Resumo:
Ca d a ve z m a i s o c re s c i m e n to e o
desenvolvimento econômico de regiões e
países é ditado por sua capacidade de gerar
inovações tecnológicas. Processos inovadores
na forma de tecnologia de produto ou
processos hoje, são os grandes indutores de
crescimento econômico. A nanotecnologia,
com o seu potencial inovador, é a nova
fronteira tecnológica. Aquela que tem maior
potencial como geradora de ganhos em
competitividade para nações e empresas.
A nanotecnologia gera pontos de inflexão
tecnológica em várias indústrias, criando
novos paradigmas de desenvolvimento
econômico e empresarial.
O artigo aborda as estratégias tecnológicas
na área de nanotecnologia de países como
a China, países da “tríade econômica”,
países asiáticos, e a do Brasil. Esses países
oferecem ao Brasil “blueprints” diferenciados
de como a nanotecnologia está sendo usada
para aprofundar e criar novas vantagens
competitivas.
Abstract: A countr y ’s capacity and
determination to innovate is increasingly
determining its global economic
competitiveness standing. Innovative
processes at the product and at the process
level, are currently considered main drivers
of economic growth and development.
Nanotechnology is one of the current
technologies frontiers which carry a promisse
to create new competitiveness inflection
points in countries that are currently
developing nanotechnology innovations.
In the next years, nanotechnology is bound
to create a new competitive paradigm for
nations and industries accross the globe.
This article assess the nanotechnology
strategies being designed and implemented
by developed and emerging economies;
special heed is payed to the Brazilian case.
Keywords: Nanotechnology, emerging
economies, competitiveness, Brazil.
Palavras Chave: nanociencias,
nanotecnologia, inovação, competitividade,
Brasil.
* Professor of International Business, Anderson School of Management - University of New Mexico. E-mail:
<[email protected].>
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Estratégica, vol.9(08), junho.2010
Introdução
Cada vez mais o crescimento e desenvolvimento econômico de regiões e
países está ligado a sua capacidade de gerar inovações tecnológicas. Processos
inovadores na forma de tecnologia de produto ou de processos são hoje, os
grandes indutores de crescimento econômico (CRUZ, 2005; INVERNIZZI, FOLADORI,
E MCLURCAN, 2008; VELLOSO, 2008; POCHMANN, 2008).
A nível global, a economia do conhecimento tem demandado crescentes gastos
em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Nos anos 1980 os países desenvolvidos
gastaram em média 1.5% de seus PIB’s em P&D; hoje esse número cresceu para
2.2%. O Japão, entre os países desenvolvidos é o que mais investe em P&D, com
cerca de 3.2% do seu PIB. O “Global R&D Report” estima que gastos globais com
P&D irão passar de US$ 1,2 trilhões. Entre as economias emergentes e dos BRIC’s,
a China aparece como um dos expoentes globais em gastos em P&D. Em 2008,
os investimentos chineses em P&D chegaram a 18% dos gastos globais em P&D
(BUTCHER, 2008; BATTELLE, 2008; BOUND, 2008; REDIGUIERI, 2009). A China começa
a desafiar a visão tradicional que tem apontado o país não como inovador, mas sim
como um adaptador de tecnologias e know-how estrangeiros.
Tradicionalmente, os Estados Unidos e o Japão tem sido responsáveis pela
grande maioria dos gastos globais em P&D. Em 2005 o Japão e os Estados Unidos
contribuíram com 60% dos gastos em P&D dos países que compõem a OCDE e
48% dos gastos globais. Esses números refletem a grande participação do Japão e
Estados Unidos nos gastos em P&D globais. No entanto, em 1995, essa participação
era ainda maior, ao redor de 56% dos gastos globais em P&D. Uma das razões
desse declínio é o fato de que economias emergentes, como a Índia, a China e o
Brasil, estão investindo cada vez mais em P&D, e transformando-se em parceiros
importantes no esforço tecnológico global (HASSAN, 2005; NATIONAL SCIENCE
BOARD, 2008).
De acordo com um recente relatório da OECD (2008), em 2005, no nível de
patentes na área de Informação e Comunicação (ICT), os Estados Unidos detinham
35% de todas as patentes, o Japão 18.6%, a Alemanha 7.7%, a China 4.2%, a Coréia
4.6%, enquanto o Brasil detinha 0.1%. (OECD, 2008). De acordo com o mesmo
relatório, o registro de patentes de nanotecnologia tem crescido bem acima da
média, ao redor de 18% ao ano. Em 2005, os Estados Unidos detinham 41.8%
das patentes de nanotecnologia, seguido pela União Européia com 25.4%, Japão
com 16.7%. A China detinha 1.4% e o Brasil não aparece na lista. (Metha, 2007;
OECD, 2008). As grande áreas de patente em nanotecnologia em 2005, foram as
de eletrônicos (23.3%), nano materiais (31.3%), ótico-eletrônicos (8.1%), medicina
e biotecnologia (14.8%), meio ambiente e energia (2.2%), e manufatura (20.4%).
(OECD, 2008).
A nanotecnologia é hoje, a nova fronteira tecnológica para a pesquisa e
desenvolvimento (P&D) a nível global. A nanociência e a nanotecnologia estão
redefinindo o que entendemos por inovação tecnológica. Ela é a nova fronteira
tecnológica com o maior potencial estimado em gerar ganhos de competitividade
para nações e empresas (ATKERNEY, 2009; MURRIELO, CONTIER, E KNOBEL, 2009).
Essa revolução tecnológica não está sendo considerada mais uma “onda”, mas sim
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um “tsunami” tecnológica. É um “tsunami”, porque se expande por várias indústrias com
alta velocidade, afetando elos para frente e para trás de vários setores produtivos ao
redor do mundo. Quando esse “tsunami” atinge indústrias as mudanças são radicais.
Ao contrário de “ondas” passadas, a nanotecnologia é considerada uma “plataforma
tecnológica” que irá mudar o “status quo”e o “modus vivendi” de várias industrias (KNOL,
2004, SOUTH CENTRE, 2005).
1 Nanociências & Nanotecnologia
A percepção dos ganhos econômicos induzidos pela nanotecnologia gerou
uma corrida tecnológica em nível global. A tríade econômica, composta pelos
Estados Unidos, Japão e Europa, além da China, India, Tigres Asiáticos, México,
Argentina, e Brasil, estão investindo na nova fronteira tecnológica. Até o
momento bilhões de dólares já foram investidos na indústria que promete mudar
os paradigmas de crescimento econômico e de negócios a nível global. É hoje,
uma das tecnologias mais promissoras deste século. Já se fala na criação de um
novo “divide”, o “nano divide.” (KALLENDER, 2004; ROCO, 2003) . Em outras palavras,
países que detenham controle sobre nanociencias e nanotecnologias irão crescer a
taxas mais rápidas do que países que hoje não investem e ignoram as ramificações
econômicas dessa nova fronteira tecnológica. Em outras palavras, a nanotecnologia
é vista com o potencial de gerar pontos de inflexão tecnológica em várias indústrias,
cadeias de produção, e criar novos paradigmas de desenvolvimento econômico e
empresarial (BAYOT, 2002; FREITAS, 2004; TREDER, 2005).
Em 2007, vários países e empresas gastaram 13.8 bilhões de dólares em
P&D em nanotecnologia, mostrando o potencial dessa tecnologia emergente
(NANOCHINA, 2008). Nos próximos dez anos, a indústria global da nanotecnologia
irá gerar receitas estimadas em 2.6 trilhões de dólares (VICTORIAN GOVERNMENT,
2008).
Hoje, o impacto da nanotecnologia já é evidente nas indústrias de cosméticos,
eletrônicos, têxtil, diagnósticos médicos e terapêuticos, materiais, e produtos de
consumo. Empresas como GE, 3M, IBM, L’Oreal, Lucent, HP, BASF, Dupont, e Merck,
entre outras, já identificaram nanotecnologia como um o potencial de gerar
lucros e crescimento tecnológico. Mais de 60 países têm programas nacionais
de nanotecnologia e centenas de nano produtos já estão disponíveis em vários
mercados ao redor do mundo. Entre 1976 e 2006, o “United States Patent and
Trademark Office (USPTO) registrou 7,406 patentes na área de nanotecnologia.
Essas patentes vieram de 46 países. Desse total, os Estados Unidos contribuíram
com 4,772 patentes. As empresas e instituições que mais registraram patentes
foram: IBM, Eastman Kodak, Xerox, 3M, HP, L’Oreal, Samsung, BASF, Nippon
Eletric, Sony, Seiko, entre outras. Entre as instituições acadêmicas, a University
of California, o MIT, a Rice University, e a Japan Science and Technology Agency,
foram os atores mais visíveis no período 1976-2006. (Chen, Roco, Li., e Lin, 2008).
Esses resultado mostram a natureza global da competição na área de nanociências
e nanotecnologia (KALLENDER 2004, ROCO, 2003).
O tamanho do mercado global de produtos de nano eletrônicos é estimado
em US$ 4.3 trilhões em 2010, nano agricultura perto de US$ 20.4 bilhões, produtos
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têxteis ao redor de US$ 115 bilhões em 2010, e o de nano ferramentas ao redor
de US$ 2.7 bilhões em 2013. (BUSINESSWIRE, 2007). Em 2014 espera-se que 15%
da produção global na indústria manufatureira ou cerca de US$ 3 trilhões sejam
constituídos por nano produtos (A. T. KEARNEY, 2009).
A nanotecnologia deve gerar mais inovações que resultarão em níveis mais
altos de competitividade que, por sua vez, irá gerar novos produtos com impactos
positivos no meio de negócios, no meio ambiente e no meio social (VICTORIAN
GOVERNMENT, 2008). Por exemplo: materiais mais leves e mais resistentes,
plataformas mais eficientes para a administração de remédios, reparação de pele,
químicos e produtos com impacto ambiental menores, membranas que são usadas
para filtrar poluentes nas águas, sensores que podem oferecer melhores níveis de
monitoramento na medicina, computadores menores e mais eficientes, e processos
melhores de manufatura. Na área de saúde espera-se que a nanotecnologia tenha
varias aplicações. Na India, ela está sendo usada na construção de nano kits que
possam detectar turberculose; o Departamento de Energia nos Estados unidos
está pesquisando bio- sensores óticos para detectar a tuberculose (MACLURCAN,
2005).
A nanotecnologia nasceu em uma economia globalizada, já nasceu global
(ROCO, 2001; NANOCHINA, 2007). Os elementos principais da cadeia de valor
e de produção da nanotecnologia são de natureza global. Tanto os principais
elementos dessa cadeia de valor: nano materiais (nano tubos, fullerenes, etc), nano
intermediários (chips de memória, componentes óticos, etc), como os produtos
nano (automóveis, tecidos, aviões, computadores, produtos farmacêuticos, etc)
estão interconectados na cadeia de produção e de valor globais. É importante
lembrar que o potencial econômico da nanotecnologia é maior no início da cadeia
de valor (P&D) e no final da cadeia, isto é, inovação ou comercialização (APPELBAUM,
GEREFFI, PARKER, e ONG, 2006).
A possibilidade de fabricar produtos a nível molecular, átomo, por átomo,
de criar estruturas e produtos com novas propriedades e funções está abrindo
a possibilidade de controlar e entender as propriedades e funções de produtos
naturais ou manufaturados. Abre também, a possibilidade de se fazer uso de
materiais microscópicos para alcançar uma série de tarefas. A nanotecnologia
manipula as propriedades da máteria na escala nano para criar produtos com novas
propriedades na macroescala (GOURDON, 2002; MERKLE, 1996; THE INSTITUTE OF
NANOTECHNOLOGY, 2003a). A nanotecnologia permitira a fabricação de uma nova
geração de produtos que são mais resistentes, mais leves, mais precisos, e mais
limpos (PELLS, 2008). As “small wonders” ganham cada vez mais espaço, abrindo
uma nova fronteira de escala na indústria. Desta maneira cria uma nova fronteira
de conhecimento, e gera novos produtos industriais (SHIMBUN, 2003; WHERRETTT
e YELOVICH, 2004).
A nanotecnologia começou a receber mais atenção na década de 1990. Em
1989 Don Eigler escreveu as letras da IBM com 35 átomos de Xenon, mostrando que
estruturas poderiam ser construídas molécula por molécula, ou átomo por átomo.
Em 1991 o professor Sumio Iijima, da NEC, descobriu os nanotubos de carbono.
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Os nanotunos de carbono podem ser usados como condutores ou
semicondutores e são muito sólidos. A produção desses nanotubos de carbono
mudou radicalmente a percepção da aplicação mais difundida de produtos nanos.
Com esses desenvolvimentos a nanotecnologia estava criada. Espera-se que ela seja
uma das mais importantes fontes de inovação deste século. A indústria molecular,
por exemplo, poderá ser usada para aumentar a qualidade, baixar custos, e fazer
com que o impacto ambiental do processo industrial seja menor.
Nano tubos de carbono estão no centro das revoluções nano tecnológicas,
porque são dez vezes mais eficientes na condução da eletricidade do que o cobre.
Nano tubos tem várias características como: a) grande condutividade elétrica, b)
flexibilidade, c) elasticidade, d) grande dose de resistência. Essas características
abrem um grande número de aplicações, da indústria eletrônica à medicina
(OLIVEIRA, 2005). O termo nanotecnologia cobre um sem número de tecnologias
em áreas como nano partículas, MEM’s, sensores químicos e bioquímicos,
neurofisiologia, semicondutores e eletrônica molecular, entre outras (SCHUMMER,
2007).
Hoje a nanotecnologia atravessa a sua primeira fase de nanoestruturas
passivas, como nano partículas e polímeros, passando em um futuro próximo à
segunda fase, que envolve nano estruturas ativas; à terceira fase, que envolverá
sistemas de nano sistemas e à quarta, que deve ser alcançada em 2020 e que dará
ênfase a nano sistemas moleculares (NSF, 2008).
É de se esperar também que a nanotecnologia mude o perfil do comércio
global. Países que exportarem produtos intensivos em nanotecnologia ocuparão
fatias maiores do mercado global de produtos manufaturados. Alem disso, o
ciclo de vida de produtos que passem a competir com os nano produtos deve ser
interrompido drasticamente. Países que dependem de produtos baseados em
recursos naturais vão sentir os efeitos da nanotecnologia, na medida em que várias
commodities serão substituídas por produtos nano. Assim, esses países sofrerão
uma mudança na quantidade e perfil de demanda por seus produtos.
Estima-se que o mercado para nanotecnologia na indústria global crescerá
33% ao ano, em média, entre 2007 e 2015. Na área de produtos de consumo, o
emprego de nano deverá registrar um crescimento de 9,4% ao ano entre 2007 e
2015 (MARKET RESEARCH.COM, 2008). Mas a nanotecnologia já é uma realidade
em várias indústrias. Em 2003, o mercado para produtos de nanotecnologia nas
áreas de semicondutores, energia, medicina, instrumentação, e materiais, chegou
a US$ 499 milhões. Em 2009, esse mercado deve crescer para US$ 4,5 bilhões.
O mercado americano para nano materiais deve chegar a US$ 1 bilhão em
2007. Suas principais aplicações deverão ocorrer na área de produtos de consumo,
na indústria de defesa, e no setor automotivo. Em 2005, perto de 700 nano produtos
já estavam sendo comercializados (SOUTH CENTRE, 2005). Em 2008, a Intel lançou
a sua nova geração de processadores “Atom” desenhados para a nova geração de
“mobile internet devices – MIDS” e uma nova geração de “internet centric computers”. A HewlettPackard e a Intel estão fazendo pesquisas com circuitos moleculares com o intento
de usar nano tubos de carbono no lugar de silício. A substituição faz com que a
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capacidade de processamento aumente exponencialmente (SOUTH CENTRE, 2005).
Cientistas da empresa Kraft Foods, estão criando “uma língua eletrônica” que
irá identificar patogênicos em produtos alimentícios, alertando consumidores
do seu estado de conservação antes que sejam comprados. Pesquisadores da
Rice University estão pesquisando nano cristais para remover arsênico de águas
contaminadas.
2. Nanociências & Nanotecnologia: A Experiência Internacional
Os países da tríade econômica (Estados Unidos, Europa, e Japão), a China, a
Índia, os Tigres Asiáticos e o Brasil estão desenvolvendo vários programas nas áreas
de nanociências e nanotecnologia.
2.1 Estados Unidos
Os Estados Unidos são os maiores investidores mundiais na nova tecnologia,
e tem o maior número de empresas ligadas à indústria de nanotecnologia, com
cerca de mil empresas. A expectiva é de que o programa de nanotecnologia seja
tão importante como foi o programa espacial americano (ROCO, 2002, ROCO
2003; FREITAS, 2004; NSF, 2008; A. T. KERNEY, 2009). Em 2009, o governo dos
Estados Unidos tem um orçamento de 1.5 bilhoes de dólares em P&D na área de
nanociências e nanotecnologia, bem acima dos 116 milhões de dólares investidos
em 1997 e dos 500 milhões investidos em 2001 (NATIONAL NANOTECHNOLOGY
INITIATIVE, 2009).
Nos Estados Unidos os esforços coordenados começaram com o
Nanotechnology Group, em 1996. Em 2000 foi criada a “National Nanotechnology Initiative
(NNI)” A nano iniciativa é coordenada pelo “Nanoscale Science, Engineering and Technology
(NSET)”, que é um sub comitê do “National Science and Technology Council (NSTC)”. O NNI tem
como foco principal a ênfase na pesquisa básica em nanotecnologia, bem como
em aplicações industriais. O NNI também compreende, alem da pesquisa básica, a
criação de centros e redes de excelência, e promove a criação de uma infraestrutura
de pesquisa, formação de recursos humanos, e estuda o impacto da nanotecnologia
no meio ambiente alem dos impactos sociais.
O crescente orçamento reflete o apoio do Governo e do Congresso dos Estados
Unidos a essa tecnologia. Esses esforços são parte do “American Competitiveness Initiative”,
que foca em tecnologias chaves para o futuro desenvolvimento econômico do
país. Como no passado, o “Department of Defense – DOD”, o National Science
Foundations –NSF”, e o “Department of Energy-DOE” são as agências com os maiores
orçamentos, ilustrando as várias dimensões da nanotecnologia sob a perspectiva
dos Estados Unidos (FREITAS 2004; NATIONAL NANOTECHNOLOGY INITIATIVE, 2009;
ROCO 2002, ROCO 2003, ROCO 2007). Além dessas agências existem também o
“Homeland Security”, Department of Agriculture (USDA), e o “Department of Justice.”
(ROCO, 2003; 2004). Essas agências participam do processo de regulamentação
da área.
O National Science Foundation, Department of Defense e o Department of
Energy correspondem a mais de 2/3 dos investimentos no setor de nanotecnologia
em nível federal. . Em 2003, os Estados Unidos passaram o ato “21st Century
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Nanotechnology Research and Development Act” alocando US$ 3.7 bilhões, para
projetos apoiados pela NNI no período 2005-2008, em subsídios federais para a
NNI. A NNI já tem o seu orçamento estimado em US$ 886 milhões para 2005, o
que corresponde a quase 3% dos gastos de P&D do governo americano. Dentro do
âmbito da NNI, US$ 4.6 bilhões foram autorizados para P&D alem de programas
do National Nanotechnology Coordination Office. Mas o setor privado da América
também investe maciçamente na nova tecnologia. Desde 1999, venture capitalists
investiram mais de US$ 1 bilhão em iniciativas na área de nanotecnologia.
Em 2009, os Estados Unidos tinham perto de quatro mil nano projetos,
com cerca de 500 universidades, 50 laboratórios e o setor privado investindo em
nanotecnologia. Dessas universidades, seis foram designadas como “Nanoscale
Science and Engineering Centers”: Rice, Columbia, Cornell, Harvard, Northwestern
e Rensselaer. Essa presença se estende ao número de trabalhos citados, na
percentagem das patentes na USPTO ( perto de 60%,) e detém 70% das novas
empresas em nano (NSF, 2008).
Em 2007, o setor privado americano gastou perto de 3 bilhões de dólares
em P&D (Sargent, 2008). Em 2007, os Estados Unidos investiram 2.6% de seu PIB
em P&D, ou 129.7 bilhões de dólares (Butcher, 2008). A expectativa é de que a
nanotecnologia contribuirá com 1 trilhão de dólares para a economia americana
em 2015 (Atkearney, 2009).
Desde 2000, o Congresso Americano alocou cerca de 8.4 bilhões para P&D
em nanotecnologia (Sargent, 2008). Em 2003, o Congresso passou o 21st Century
Nanotechnology Research and Development Act” criando um fundação legal para
as atividades do NNI.
A NNI também promoveu a criação de redes regionais de pesquisa na área de
nanotecnologia. Redes regionais como a Nanotechnology Alliance na Southern
Califórnia, o Nanotechnology Franklin Institute, e a Texas Nanotechnology Initiative
são alguns exemplos. Agências como NSET/NNCO funcionam como catalizadores
do encontros entre pesquisadores e o mundo empresarial.
O Laboratório Sandia National Laboratories, Los Alamos National Laboratories,
University of New Mexico, New Mexico Tech and New Mexico State estão
cooperando na área de nanotecnologia com ênfase na comercialização dessas
tecnologias. Sandia está investindo perto de 500 milhões de dólares no projeto
Mesa que resultará no mais avançado laboratório de microtecnologia dos Estados
Unidos.
2.2 Ásia: Japão, China, Taiwan, e Coréia do Sul
As economias asiáticas estão também investindo maciçamente em
nanotecnologia. Paises asiáticos tem sido grandes proponentes da nanotecnologia,
que apóiam através de políticas governamentais, pesquisa, e estratégias
tecnológicas. Essas estratégias materializam-se no apoio a programas “triple
helix” sto é., programas que envolvam colaboração entre a universidade, o
governo e o setor privado. Alem desses programas provererem incentivos para
a comercialização e exportação de nano produtos, a Ásia começa a mostrar
um maior interesse em pesquisa aplicada (Small Times, 2005). A ênfase tem sido
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dada a pesquisas com impacto de mercado, contruindo alianças entre pesquisas
desenvolvidas no setor privado e pesquisas realizados em agências de pesquisa
do governo e universidades.
2.3 Japão
Em 2009, a nanotecnologia é uma das quatro grandes prioridades tecnológicas
do Japão a nível de governo e a nível empresarial. Em 2008, o orçamento da
nanotecnologia deve chegar a US$ 5.2 billion, quando em 1998 foi de US$ 135
milhões. O governo Japonês é o grande financiador do P&D através do Ministério
da Educação e do Ministério da Indústria e Comércio (KALLENDER, 2004; NEWSWIRE
TODAY, 2008; SANO; 2003; SOOD, 2003).
Os esforços na área de nanotecnologia datam de 1992, com as primeiras
iniciativas de se desenvolver as fundações de uma estrutura “bottom-up” para
a indústria de nanaotecnologia japonesa. Em 2002 foi criado o Nanoeletronics
Collaborative Research Center (NCRC), com o propósito de gerar sinergias entre
pesquisas realizadas no setor privado japonês e no setor acadêmico. O NCRC está
localizado na Universidade de Tokio.
O Ministério da Indústria e Comércio é o grande responsável pela fase de
promoção da fase de comercialização da tecnologia e de seu desenvolvimento.
Em 2004 o seu orçamento chegou a US$ 101 milhões na área de nanotecnologia.
Hoje, ela é uma das quatro prioridades tecnológicas do Ministério, assim como IT,
meio ambiente, e ciências da vida. A nanotechnologia já é reconhecida como uma
indústria pelo governo japonês, o que a qualifica para apoio governamental nas
áreas tecnológicas de próxima geração.
O Japão esta atrás dos USA em IT e biotechnologia, mas esta investindo
de maneira substancial em nanotecnologia. Espera-se que nos próximos anos o
governo chegue perto de US$ 50 bilhões para pesquisa em nanotecnologia. O
governo tem enfatizado seus investimentos nas áreas de IT/eletrônica e na área
de nanomateriais. Essas são duas áreas de excelência do Japão.
Mas não é só o governo que está investindo na nanotecnologia. O setor privado
japonês investiu em 2004 cerca de US$ 200 milhões. O Japão tem hoje mais de 21
empresas competindo na área de carbon walled nanotubes. A NEC é a empresa
de maior destaque nessa área.
Companhias japonesas como a Hitachi, Sony, Toray, Fujitsu, e Mitsui estão
investindo grandes somas nessa tecnologia. O grupo Mitsui investiu, entre 2004 e
2008, perto de US$ 800 milhões. O setor privado Japonês vê a nanotecnologia como
um componente vital na restauração de seu momento econômico. O triple helix no
Japão é uma parte importante desse desenvolvimento. Um dos consórcios entre o
setor acadêmico privado e governo, é liderado pela Matsushita Electric Industrial,
Tokyo Institute of Technology, Nara Institute of Science and Technology and Osaka
University and Kyoto University. A Universidade de Kyoto tem laços de pesquisa
com as empresas Pioner, Hitachi, and Mitsubishi Chemicals (FDI, 2004).
Venture Capital (VC), até recentemente uma figura pouco ativa no cenário
tecnológico no Japão, também esta mudando. A partir de 2000, uma série de
mudanças, tem permitdo o surgimento de angels e VCs no Japão. No âmbito da
Nanotecnologia, Um Novo Paradigma de Desenvolvimento..., Raul Gouvea, p. 46-67
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nanotecnologia a “Innovation Engine” é uma importante VC dedicada à área de
nanotecnologia.
2.4 Taiwan
Taiwan é outro ativo participante na indústria de nanotecnologia. O
programa Nacional de Nanociência e Nanotecnologia foi criado em 2003, com um
orcamento de 550 milhões de dólares. O programa de Taiwan premia a aplicação
de nanotecnologia na indústria, visando seu uso comercial . Espera-se que até
2008 Taiwan já esteja vendendo perto de US$ 8.8 bilhões de produtos baseados
em nanotecnologia, com estimativas de US$ 30 bilhões até 2012. As hoje 800
empresas, chegariam a 1,500 empresas até 2012 (CHOI, 2004). As empresas de nano
se concentram, na sua maioria, na área engenharia química e o resto nas áreas de
eletrônicos, metais, e equipamento industrial. Taiwan em 2007 registrou perto de
1,000 patentes, mostrando a grande evolução do setor, comparado com 131 US
patentes entre 1990-1999. O governo de Taiwan espera que até 2012 o país tenha
500 empresas com receita de 30 bilhões de dólares. O país lançou o primeiro sistema
de certificação mundial – Nano Mark – onde empresas que queiram vender os seus
produtos tem que se submeter aos testes de qualidade do governo. O governo de
Taiwan espera começar a usar os princípios da nanotecnologia no ensino médio,
visando a criação de uma mão-de-obra especializada em nanotecnologia (SMALL
TIMES, 2005; THE REPUBLIC OF CHINA, 2008).
2.5 China
A China elegeu a nanotecnologia como uma prioridade tecnológica e tem
enfatizado esforços na área de alta tecnologia como uma estratégia de aceleração
de seu crescimento econômico. No caso chinês, esses investimentos são realizados
ao mesmo tempo que o país explora suas vantagens competitivas em indústrias
intensivas em mão-de-obra. (PARKER, 2008).
O país está investindo em nanociencia com o propósito de aumentar a sua
fatia em um mercado de produtos manufaturados nano, estimado em 3 trilhões
de dólares daqui a uma década. A China também acredita que descobertas nessa
tecnologia na área de pesquisa e no desenvolvimento de produtos dará ao país
um status de superpotência econômica. A nanotecnologia é parte fundamental
da estratégia global chinesa na área de exportação, competitivividade econômica
e crescimento sustentável a longo prazo (PHYSORG, 2007).
Até recentemente, o crescimento econômico chinês era o resultado de uma
combinação de salários baixos e manufatura baseada em baixas densidades
tecnológicas. Mas esse padrão de manufatura está mudando. A China entra no
final da primeira década do ano 2000 enfatizando investimentos crescentes em
P&D e está evoluindo do modelo copiador para o modelo inovador. Nos próximos
anos, a China planeja gastar 2.5% do seu PIB em P&D. O governo chinês, através
do Programa 973 ou “Programa Nacional Chinês de Pesquisa Básica”[...] promove
o renovação do país usando a ciência e a tecnologia através de pesquisa básica
e aplicada. A nanotecnologia será usada na China nas áreas de energia, indústria,
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defesa, meio ambiente, e doenças como SARS e Gripe Aviária (Appelbaum, Gereffi,
Parker, e Ong, 2006). Nos últimos 12 anos os gastos com P&D na China cresceu
a uma taxa de 17% ao ano. Esses gastos são compartilhados pelo setor privado,
governo e universidades.
Os esforços chineses na área de nanotecnologia já resultam em mais de 70
institutos acadêmicos, 50 universidades, 20 institutos de pesquisa, e mais de 100
empresas desenvolvendo nano produtos. O montante de investimentos também
tem aumentado consideravelmente. A China tem orçamentos de US$ 240 milhões
de recursos da área Federal e US$ 250 milhões de fundos estaduais. Isso atesta o
rápido crescimento da indústria na China, não só em P&D mas também sua ênfase
na aplicação industrial dessas inovações e descobertas (INVESTORIDEAS, 2003;
PEOPLE’S DAILY, 2001; WAGA, 2002).
A China capitaliza ainda, nos chineses que trabalham no exterior, facilitando o
desenvolvimento de parcerias com empresas, centros de pesquisa, e universidades
estrangeiras (PARKER, 2008).
Antes de 2000, pouco se falava sobre nanotecnologia na China. Hoje, dezenas
de centros de pesquisa e centenas de empresas estão envolvidas em tecnologias
ligadas a nanotecnologia. A maior parte desses centros e empresas se encontram
nos maiores centros urbanos como Beijing, Shenyang, Shanghai, Hangzhou e
Hong Kong.
O centro em Beijing, The National Center for Nanoscience and Technology
(NCNST) está focado na pesquisa básica. Em Shanghai, The National Engineering
Research Center for Nanotechnology (NERCN), centra seus esforços na área de
pesquisa aplicada e na área de transferência de tecnologia entre outros centros
chineses e estrangeiros. O centro em Tianjin, The Nanotechnology Industrialization
Base of China (NIBC), funciona como uma incubadora para micro empresas alem
de ter como função a comercialização de inovações desenvolvidas nos outros
centros. O centro em Suzhou faz pesquisas nas áreas de nano materiais, nano
biotechnologia, medicina, nano bionics, e tecnologia de nano bioseguranca (Asian
Technology Information Program, 2006).
A nanoindustria recebeu grande apoio do governo, hoje listada como uma
das prioridades tecnológicas Chinesas. Esse apoio foi formalizado com o Plano
Nacional de “Alta Tecnologia 863.” (Nemets, 2004).
Investimentos chines em tecnologia tem focado em áreas, como a
nanotecnologia, onde podem explorar sinergias onde essas tecnologias podem,
também, ter usos militares, isto é, onde a integraçãoo e sinergias de esforços
tecnológicos entre o setor privado e o militar são substanciais. Companhias chinesas
como Huawei, Datang, e Zhongxing interagem com o “People’s Liberation Army
– PLA” na forma de pesquisas conjuntas upgrading a qualidade do hardware e
software militar chinês. O Pentágono estima que em 2007, a China gastou perto
de US$ 139 billhões em projetos militares como nanotecnologia, Tecnologia da
Informação, Células de Hidrogênio, entre outros projetos (Pells, 2008; Vance, 2008).
Nanotecnologia, Um Novo Paradigma de Desenvolvimento..., Raul Gouvea, p. 46-67
55
As principais agências de financiamento chinesas são a Academia Chinesa
de Ciências, a Fundação Nacional de Ciência Chinesa, Ministério da Educação, e o
Ministério de Ciência e Tecnologia. O Ministério de Ciência e Tecnologia tem dado
ênfase a projetos na área de nano-eltrônicos, nano-biotecnologia, nano-meio
ambiente, nano-energia, e nanomaterials.
O governo chinês está criando o Centro de Pesquisa de Nano Ciências
e Tecnologia, que funcionará como o grande integrador de esforços na área
de nanotecnologia no país. O centro vai também coordernar esforços com as
universidades líderes na pesquisa de nanotecnologia como Fudan, Jiaotong,
Nanjing, Beijing, TsingHua, e a East China.
Os esforços de P&D nessa área já começam a dar frutos. A China já encontrase em terceiro lugar no mundo, no número de patentes, atrás dos Estados Unidos
e do Japão. Entre o início dos anos 1990 até 2001, a China tinha perto de 1,000
patentes na área. Nos últimos três anos esse número já deu a China 2,400 patentes
na indústria, perto de 12% do montante mundial De acordo com O Ministério
Chinês de Ciência e Tecnologia, a China começou dando ênfase aos materiais
nanométricos nos anos 1990 e hoje, já compete com as nações mais avançadas na
área de materiais nanométricos e suas aplicações. A China já é o segundo país do
mundo em publicações de artigos na área de nanotecnologia. Os Estados Unidos
estão no primeiro lugar e o Japão em terceiro.
A estratégia Chinesa é a de integrar a indústria de nanotecnologia com o seu
parque industrial manufatureiro, gerando e criando novas vantagens competitivas
na forma de produtos intensivos em conhecimento, e com competitividades globais
. Nesse sentido, a China está montando o Centro de Engenharia e de Base Industrial
e o Centro de Nanotecnologia Industrial em TianJin. Esse centro irá enfatizar o lado
aplicado à manufatura da nanotecnologia. Em 2008, o governo chinês desenvolveu
o “International
Nanotech Innovation Park. O parque é composto de uma incubadora (Biobay)
e Suzhou Nanotech e Nanbionics Instituto.
Cientistas da Academia de Ciências Chinesa desenvolveram aplicações de
nanotecnologia a produtos como seda e tecidos de algodão tornando-os á prova de
água.e óleos. Esses resultados já estão sendo aplicados por fabricantes de gravatas.
por exemplo: as “nanogravatas”. A tecnologia fará com que roupas se mantenham
limpas por mais tempo. No futuro os tecidos inteligentes irão se adaptar a variações
de luminosidade, temperatura, umidade e radiação.
Como outros paises, a China tem procurado criar uma indústria de
nanotecnologia com porosidade tecnológica. Por exemplo: empresas americanas
já começam a desenvolver parcerias estratégicas com essas empresas chinesas. A
empresa Americana Veeco abriu um centro de pesquisas na China, em Beijing. O
centro sera dirigido por cientistas e engenheiros chineses . Esse centro será operado
pelo Instituto de Química da Academia Chinesa de Ciências e é o maior centro de
pesquisa científica da China.
Outro fator a ser considerado no caso chinês, é o crescente investimento
por companhias multinacionais na criação de centros de P&D na China. Esses
investimentos reforçam o esforço tecnológico chinês. A China quer ser reconhecida
56
Estratégica, vol.9(08), junho.2010
como uma economia do conhecimento ate 2020, como um grande reservatório de
conhecimento gerado na própria China e tem tomado medidas para assegurar que
esse cenário se torne uma realidade. Na ultima década, gastos em P&D cresceram à
taxa de 20% ao ano, o dobro do crescimento econômico . De acordo com a OCDE,
a China em 2006 já estava em segundo lugar no mundo em gastos em P&D, atrás
apenas do Japao. Um dos resultados alcançados é o segundo lugar no número de
publicações acadêmicas em nanotecnologia depois dos Estados Unidos. Com cerca
de 40% dos alunos universitários na China estudando engenharia e ciências, o país
consolida seu futuro na nanaotecnologia e em outras novas e pouco desenvolvidas
tecnologias (Hughes, 2008).
2.6 Coreia do Sul
Outro pais asiático que se destaca na nanotecnologia é a Coreia do Sul. O
governo tem atuado direta e indiretamente na área de nanotecnologia. O macro
plano nanotecnológico da Coreia do Sul tem três estágios bem claros: a) criar
infraestrutura, b) formar mão de obra especializada, c) desenvolver estratégias
de comercialização de produtos nanotecnológicos (Nanotechnology Research
Institute, 2004). O governo quer desenvolver pelo menos 10 nanotecnologias até
2010, nas áreas de nano materiais, e nano mechatronics.
O “triple helix” é uma marca do esforço Coreano com os nano projetos no
governo, universidades, e empresas privadas,. criando sinergias e integrados. . A
ênfase tem sido em gerar produtos comercializáveis, baseados na tecnologia.
O país deu ênfase a pesquisas nas áreas nanomateriais, eletrônicos baseados
em tecnologia nano, memórias, e aparelhos lógicos moleculares.
A Coreia do Sul inaugurou em 2005 o “Nano Fab Center (NNFC) “ alojado no
Instituto de Ciência e Tecnologia (KAIST), sob os auspícios do Ministério de Ciência e
Tecnologia. O NanoFab Center é ligado a uma série de laboratórios satélites ao redor
da Coreia. A idéia principal do NNFC é oferecer um nano onde empresas possam
passar do desenvolvimento à manufatura de produtos nanotecnologicos.
O setor privado Coreano teve uma participação expressiva nos esforços na
área de nanotecnologia. Empresas como Daewo, LG, e Samsung tem investido na
área. A empresa Sul Koreana “Hyosung” lançou em 2004 uma fibra sintética com
propriedades antibactericidas para várias pecas de vestuário. Esse é só um exemplo
dos esforços Coreanos nesta área. E a Samsung desde 2002 comercializa “flash
memory chips” baseados em tecnologia de nanotecnologia.
2.7 Europa
Os Europeus também investem na nova fronteira tecnológica e a União
Europeia, através da Comissão Europeia, é o maior investidor público em
nanotecnologia a nível global. Na União Europeia 2/3 dos fundos dirigidos à
nanotecnologia são provenientes do Estado, e um terço e proveniente do setor
privado, mostrando a fragilidade do modelo europeu (NANOCHINA, 2008). Em 2008,
a UE desenvolveu e adotou um código de conduta para nanociência que inclui a
contabilidade e sustentabilidade. A França e a Alemanha são os grandes investidores
Nanotecnologia, Um Novo Paradigma de Desenvolvimento..., Raul Gouvea, p. 46-67
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nessa área. Ainda em 2008, a União Europeia está investindo 5.5 bilhões de euros
em “embedded chips” e nanoctenologia. Esse esforço tecnológico, ARTEMIS, irá
enfatizar a microcomputação. Recursos federais de vários países europeus serão
articulados com universidades e empresas europeias em um típico arranjo de “triple
helix.” (THEREGISTEr, 2008). Os Europeus estabeleceram um código de conduta
para listar princípios que identifiquem as lacunas de conhecimento e os possíveis
impactos em seres humanos e no meio ambiente (EUBUSINESS, 2007). Hoje, a Uniao
Europeia é um dos líderes em nanotecnologia.
A União Europeia apresentou 550 projetos na área entre 2002-2006, investindo
1.4 bilhões de euros na implementacao do “Sixth Framework Programme – FP6.” Os
investimentos deverão aumentar com a implementação do “Seventh Framework
Programme -FP7 (Eubusiness, 2007). Em 2008, um novo programa foi colocado no
lugar do MEDEA, um programa pan europeu na área de microeletrônica - o CATRENE
(Cluster for Aplication and Technology Research in Europe on Nanoeletronics (Solid
State, 2007).
2.8 França
A França tem um bom nível de pesquisa de nanociências, na área de nanoobjetos, magnetismo, e em electrônica molecular. Entre 1991 e 1999, a França
estava em quarto lugar no mundo em número de aplicações de patentes na área.Os
maiores centros de pesquisa encontram-se m Paris, Lille, Grenoble, e Toulouse. Os
atores principais na área de nanotecnologia são Technology Research Department,
Onera, Sciences pour L´Ingenieur e Sciences et Technologies de Ìnformation. A
França também dispõe de programas como o Programme National Nanosciences,
ACI nanotechnologies, Reseau Dês Grandes Centrales em Nanotechnologies, . O
Reseau Micro et Nanotechnologies provê fundos para pesquisa, tanto públicas
como privadas. (British Embassy, 2004; The Institute of Technology 2003ª).
Em 1999 o governo francês reestruturou a pesquisa em nanotecnologia,
com a criação do Reseau National de MicroNano Technologies (RMNT). Essa rede
permite laços entre o setor publico e o privado na área de pesquisa. Em 2003,
mais redes entre os maiores centros de tecnologia franceses foram promovidas.
O RMNT conseguiu fundos de 100 milhões de euros para o período 2003-2006.
Os maiores centros de pesquisa na França são SCS cluster em Sophia Antipolis,
Systematic cluster em Paris, Minalogic em Grenoble, Institut dÉlectronique
Fondamentale em Orsay, Laboratoire de Physique et Nanostructurte, em Paris,
o Institut d´Electronique de Microelectronique et de Nanotechnologies em Lille
(innovations-report, 2007).
2.9 Alemanha
Na Alemanha, em 1998 o Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF)
lançou os Centros de Competência em Nanotecnologia, com o objetivo de
promover uma maior interação entre ciência e indústria. Em 2002 o governo federal
alemão criou a Nanotechnology Initiative. As prioridades são: comercialização da
nanotecnologia, promover a formação de cientistas, promover o estabelecimento
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Estratégica, vol.9(08), junho.2010
de novas empresas da área, e estabelecer redes de pesquisa (Loick, 2003; Roos,
2004; The Institute of Technology, 2003b).
Como em outros países a Alemanha promove o uso de nanotecnologias em
indústrias que sejam competitivas e de interesse para a economia Alemã como
a automotiva, informação e comunicação, química, alem de opticoeletrônicos,
biotechnologia, metrologia, e engenharia médica.
Os maiores centros de nanotecnologia do país são German Research
Foundation (DFG), Leibniz Association (WGL), Helmholtz Association (HGF), Max
Planck Society (MPG), Fraunhofer Society (FhG). Outros centros de competência
na área de nano tecnologia na Alemanha : Nanotechnologie CC-NanoChem,
NanoCLubLateral, Nanomat, NanOp, OpTech-Net, UPOB.
3 Nanotecnologia no Brasil
A pesquisa em nanotecnologia e nanociência (Nano S&T) é de natureza
recente no Brasil. As atividades na área sao na maior parte focadas em pesquisa
básica. Investimentos são feitos a nível federal e estadual .
No plano do PACTI de 2007-2010, a nanotecnologia é parte de esforços
tecnológicos em áreas estratégicas do governo federal. Os objetivos são o de
desenvolver estratégias de médio e longo prazo para o setor, fortalecer a dimensão
educacional, consolidar a infraestrutura, e fortalecer as competências na área.
Com essa intençção, no período de 2007-2010, dez laboratórios serão
consolidados. Esses laboratórios irão manipular sistemas de nanoestruturas. Há
intenção de contemplar-se e apoiar projetos de pesquisa que envolvam o setor
privado, educar perto de 100 profissionais na área de nanotecnologia, e estimular
a cooperação internacional.(Nanoforumeula, 2008). Uma dessas cooperações
internacionais seria com a Argentina e um centro de nanotcnologia foi criado
centralizando os esforcos dos dois países. Esforços de cooperação com Canadá, a
India e Africa do Sul também estão sendo organizados .
Várias agências governamentais e empresas estão engajadas no esforço
nanotecnológico como: Petrobras, Embraer, INMETRO, INPA, Embrapa, Centene.
Estima-se que perto de 40 empresas, no país, tenham projetos na área de
nanotecnologia. Entre elas podemos citar: Petrobras, Natura, Boticario, Braskem,
Santista Textil, Ceramica, entre outras. A Brasken criou uma nano resina
termoplástica que tem maior resistência a calor e maior proteção à luz do sol e
umidade, com grandes aplicações na indústria automobilística.
A Embrapa está centralizando seus esforços em várias áreas críticas para a
agência. Está investindo na produção de nanofibras para aumentar a resistência de
fibras naturais de coco e de sisal. A Embrapa também investe em nanoparticulas
para serem usadas em pesticidas (Science and Development Network, 2009). Um
nano laboratório de 1.9 milhões de dólares está sendo construído para fortalecer
e focar os esforços nanotecnológicos da agência e tem desenvolvido projetos com
universidades nacionais e estrangeiras. A agência desenvolveu a “língua eletrônica”
em cooperação com a USP e a University of Pennsylvania. Esse sensor, permite a
identificação de tipos diferentes de água, vinhos, e café. A “língua eletrônica” vai
ser adaptada para atuar na área de sucos, de frutos e leite (Almeida, 2008).
Nanotecnologia, Um Novo Paradigma de Desenvolvimento..., Raul Gouvea, p. 46-67
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Uma nova geração de nano empresas começa a aparecer no Brasil, como
resultado de programas de incubação em universidades, ou como manifestações
empreendedoras, tais como: Nanobionics, Supranano, Perinova, Ponto Quantico,
e Gaviasensor.
As redes de pesquisa na área da nano no país são bem diversificadas. Decidiuse criar redes nas áreas de: materiais nanoestruturados, nanobiotecnologia,
nanotecnologia molecular e de Interfaces, nanobioestruturas, e nano dispositivos
semicondutores e materiais nano estruturados. Esses redes ficaram sob o controle
das seguintes universidades: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Unicamp,
e a Universidade Federal de Pernambuco. Juntas, essas redes agregam cerca de
300 pesquisadores de 40 instituições de pesquisa e ensino. Hoje o país dispõe de
cursos de mestrado e doutorado na área, garantindo uma oferta interna de técnicos
e cientistas para essa indústria nascente. Até o momento, as rede geraram 17
patentes, e perto de 1,000 artigos acadêmicos. Em Julho de 2004, o Ministério de
Ciência e Tecnologia (MCT) criou a Coordenação Geral de Política e Programas de
Nanotecnologia (Cezar, 2004; Godinho, 2004; Pereira, 2005; Silveira, 2003). Em 2005,
a Universidade Federal de Minas Gerais começou a comercializar nanotubos de
carbono através da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa –Fundep (Oliveira,
2005).
Pode se dizer que a pesquisa em nanociências e nanotecnologia começou
no Brasil em 1999, quando a Universidade Federal de Minas Gerais passou a
pesquisar nanotubos. Em 2001 o CNPq lançou as bases para a criação de redes de
nanotecnologia. Essas redes são formadas por 40 institutos de pesquisa nacionais
e 6 do exterior e estão localizadas em vários estados brasileiros como São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, e Pernambuco
(Foladori, 2006).
Universidades federais e estaduais desenvolvem vários projectos, alguns com
empresas nacionais. A UFRGS atua na área de semicondutores, a UFPE na área
de nanotecnologia molecular, a Unicamp e USP na área de nanobiotechnologia
e nanomateriais, a Coppe atua na área da nanotecnologia molecular, a UFMG
atua na área de nanotubos de carbono, e a Suframa na área de microsistemas.
Nanobiotecnologia e nanoeletronicos, CTA e o INPE tem seu foco na área de nano
para uso espacial, e a Embrapa no uso de nano para a agricultura. A Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, desenvolve junto com a Petrobras nanocatalizadores
que podem ajudar a empresa a proteger o meio ambiente por meio da remoção de
compostos poluidores, resultado de processos de refinação.
O Plano Pluri Anual do governo federal alocou R$ 77.7 milhões no período
2004-2007 para o desenvolvimento de nanociência e nanotecnologia. Segundo
indicações do Ministério da Ciência e Tecnologia, existem possibilidades de fundos
para a nanotecnologia e nanociência serem expandidos consideravelmente nos
próximos anos.
Outro investimento federal em Nano S&T, são os 15 “Millennium Institutes”
, resultado de uma parceria entre o Ministério de Ciência e Tecnologia e o Banco
Mundial, um investimento de R$ 90 milhões (ALMEIDA, 2008). Novos laboratórios
estão sendo construidos com o apoio do MCT, ampliando a infrastructura nacional
de nano (NANOVIP.COM, 2008).
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Estratégica, vol.9(08), junho.2010
Os esforços nanotecnológicos nacionais, já começam a dar frutos. A Petrobrás
trabalha na elaboração de biosensores em nanoescala; a Embrapa desenvolveu
a “língua eletrônica”, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul trabalha na
produção de sistemas inteligentes para a administração de fármacos. No setor
privado, a empresa Nanacore Biotechnology trabalha na área de vacinas utilizando
sistemas micro e nano particulados.
O futuro desenvolvimento da nanotecnologia no país, no entanto, enfrenta
uma série de desafios. Ao contrário de outros países, as redes de nanotecnologia
nacional não têm a participação expressiva do setor privado nacional, os recursos são
escassos e falta um “master plan” nanotecnológico por parte do governo Aos poucos,
no entanto, empresas como a Petrobras começam a desenvolver centros de pesquisa,
como o centro de nanotecnologia na PUC do Rio de Janeiro (NANOFORUMEULA,
2008). O país ainda precisa construir uma infraestrutura nanotecnológica, incentivos
para a criação de nano empresas e centros que promovam uma maior interação
entre o setor privado, acadêmico e estatal. Alem disso, é importante enfatizar o
pragmatismo de outros países em suas pesquisas nanotecnológicas.
A comercialização é um ponto marcante na experiência nanotecnológica
desses países. O Brasil não conseguiu ainda criar um “triple-helix” efetivo, envolvendo
um número maior de empresas do setor privado nacional, governo, e instituições
acadêmicas. E mais, tem um modelo top-down, ao contrário de outros países onde
se dá ênfase ao modelo “bottom-up” consultivo. A política de se criar nichos de
excelência na nanotecnologia é uma
característica marcante da experiência desses países. A nanotecnologia
está sendo usada para criação de novas vantagens competitivas em setores que
já são competitivos ou venham a ser no futuro. Nesse sentido, o Brasil tem que
prestar atenção ao pragmatismo usado por outros países em suas indústrias
nanotecnológicas.
Nossas redes de nanotecnologia deveriam estar construindo pontes com os
setores mais dinâmicos da economia brasileira. O Brasil não pode se dar ao luxo de
criar mais “torres de marfim” tecnológicas no pais. Nossos esforços têm que resultar
em patentes e em produtos comercializáveis com alcance global.
4 Desafios
Vários países estabeleceram regras e políticas para assegurarem a seguranca
da nanotecnologia nas áreas ambientais, de saúde, e segurança. Os nanotubos de
carbono (CNTs) e outras moléculas de carbono têm sido objeto de intensa pesquisa.
Algumas pesquisas em animais mostram lesões causadas por esses elementos,
outras mostram a não toxicidade de CNTs e moléculas de carbono. Alem disso, a
acumulação dessas nano partículas no cérebro e pulmão podem ser fatais (SARGENT,
2008). Estudos com camundongos, mostram que a exposição ao nanocarbono
danificam o coração e a artéria da aorta.
Hoje, mais de 700 nano produtos já estão no mercado, sem uma legislação
específica. Algumas questões terão que ser respondidas. Por exemplo: a) As
regulações existentes são adequadas?, b) Quais são as circumstâncias que irão fazer
com que a nanotecnologia force a mudança nas legislações existentes?
Nanotecnologia, Um Novo Paradigma de Desenvolvimento..., Raul Gouvea, p. 46-67
61
Um dos problemas e desafios presentes é a falta de dados em nível
internacional. É quase imperativo que países que hoje pesquisam nanotecnologia
combinen seus esforços para o design de estratégias regulatórias na área de
nanociência e nanotecnologia.
No entanto, um número crescente de artigos científicos apontam para o fato
de que nano particulas podem criar riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
As nanoparticulas podem ser ingeridas, aspiradas, ou passar através da pele (CRN,
2008).
Esses riscos à saúde em potencial, levantam questões sobre a imposição de
regulações comerciais a nível global, como acordos no âmbito da “SPS Agreement
– Sanitary and Phytosanitary Measures.” Essas são medidas que visam proteger
animais, plantas, ou saúde humana contra riscos associados à importacao de
produtos estrangeiros como toxinas, pestes e outras doenças contagiosas (THAYER,
2005). O “Environmental Protection Agency - EPA” dosEstadosUnidos tem dado
apoio financeiro para pequisas em universidades americanas sobre os impactos da
nonotecnologia sobre o meio ambiente e a saúde humana (THAYER, 2005).
A nível internacional , perto de 80% do comércio global é afetado por standards
e por regulações. A nanotecnologia vai demandar a implementação de standards
que favoreçam o desenvolvimento e a comercialização de novas tecnologias e que
protejam consumidores e o meio ambiente (ANSI, 2007).
No Brasil, a rede Renanosoma, enfatiza o impacto da nanotecnologia na
sociedade e no meio ambiente. Desde 2006, a Fundacentro estuda os impactos da
nanotecnologia em trabalhadores e no meio ambiente. Outras agências como o
DIEESE, DIESAT, também estão envolvidos nesses esforços.
5 Redesenhando Vantagens Competitivas a Nível Global
A avaliação dos impactos de curto, médio,e longo prazo das nanotecnologias
e nano inovações são de fundamental importância para a competitividade de
empresas e crescimento econômico de países.
Hoje, a aplicação de inovações nanotecnologicas já são uma realidade nas
indústrias automobilísticas, de telecomunicações, comésticos, químico, e médicos.
Microsistemas são usados extensivamente na telefonia celular, computadores
pessoais e eletrônicos.
A experiência internacional nos mostra que vários paises já entenderam
as ramificações e importância desse novo ponto de inflexão tecnológico e as
implicações que irão ter sobre o seus modelos de negócios e econômicos vigentes.
A participação do setor estatal, privado e acadêmico, ou a existência do
“triple helix” tem sido o modelo prevalente de mais sucesso. Em todos os países, a
ênfase tem sido não só na pesquisa básica mas também na comercialização desssa
inovações. O número de patentes de países como os Estados Unidos, Japão e China,
por exemplo, mostram o pragmatismo desses paises em relação a nanotecnologia.
Existe ainda um planejamento claro e definido que procura encontrar nichos de
excelência tecnológica e manufatureira. O envolvimento do três setores nesse
planejamento nanotecnólogico é também o ponto em comum dessas experiências.
A crescente alocação de recursos para a indústria, a formação crescente
62
Estratégica, vol.9(08), junho.2010
de profissionais e infra-estrutura é outra característica marcante da experiência
internacional.
O Brasil ainda tem muito a aprender com a experiência internacional. Nossas
universidades não são muito eficientes em transformar pesquisas em produtos
comercializáveis (Albuquerque, 2003; Cruz, 2005). Sem uma participação maior do
setor privado e multinacional no setor de nanotecnologia, o país não vai criar uma
indústria de nanotecnologia.
No México, o Centro de Física Aplicada y Tecnologia Avanzada da Unam criou
a tinta Deletum 3000 que repele água e óleo, fazendo dela uma nanotinta que é
resistente ao graffiti (Azonano, 2004). Esse tipo de nano produto com alto potencial
de comercialização a nível global é de fundamental importância para manter a
expansão desses estudos.
As implicações para o futuro econômico do país podem ser vários. No lado
exportador, fica muito claro que produtos nanotecnológicos irão controlar uma fatia
cada vez maior dos mercados mundiais. Países que não dispuserem de produtos
nanotecnológicos verão o preço de seus produtos caírem e perderem faixas de
mercado.
As experiências Chinesas e Coreanas nos mostram, muito claramente a
estratégia exportadora que já começam a desenvolver. Esses países entenderam
que a sua participação nos mercados mundiais será ditada por seus sucessos na
nanotecnologia.
No lado dos investimentos, empresas começarão a se localizar em países onde
a existência de uma infra estrutura nanotecnológica facilite suas operações. Países
que continuem enfatizando a disponibilidade de mão de obra barata e de recursos
naturais verão o perfil de investimentos mudar radicalmente no futuro, tendo suas
economias afetadas pelo “nano-divide.” As parcerias nanotecnológicas entre países
que investem nessa nova plataforma è uma indicação dessas tendências a nivel
global.
A nanotecnologia também vai afetar países que hoje dependem da exportação
de commodities e produtos intensivos em recursos naturais e vai alterar o perfil de
demanda por esses produtos radicalmente. Hoje, quase cem paises são dependentes
da exportação desses produtos, mostrando a fragilidade dessas economias para
a nanotecnologia. A nanotecnologia vai criar um novo paradigma para o setor
exportador global, mudando os preços relativos de produtos.intensivos em
nanotecnologia e produtos que não tenham essa tecnologia. É muito provável
que países que exportem produtos sem conteúdo nanotecnológico vejam o
preço de seus produtos cairem em relação aos intensivos em nanotecnológicos. É
bem provável também que as taxas de obsolecência e ciclos de vida de produtos
sem nanotecnologia sejam dramaticamente afetados em mercados domésticos e
internacionais.
A nanotecnologia chegou para mudar radicalmente a estrutura de negócios
e economias a nível global. O Brasil já perdeu vários “bondes tecnológicos”. É de
suma importância que nossos dirigentes entendam as implicações tecnológicas,
econômicas e sociais da nanotecnologia.
Nanotecnologia, Um Novo Paradigma de Desenvolvimento..., Raul Gouvea, p. 46-67
63
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