discipulado baseado na parábola do semeador

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discipulado baseado na parábola do semeador
DISCIPULADO BASEADO NA PARÁBOLA DO SEMEADOR
(Pr. Henrique de Aguiar Alves - 2013)
Mateus 13.1-8,19-23 ; Mc.4.1-9; Lc.8.4-8
 Semeador: Jesus Cristo e seus discípulos/as;
 Semente: Evangelho do Reino de Deus;
 Semear: Proclamação, ensino do Evangelho do Reino de Deus;
 Solo-terra: Pessoas que ouvem a Palavra de Deus e as condições de suas vidas;
Quando Jesus fala de terra, ele está falando de pessoas, e, nesta parábola a
situação em que se encontram estas pessoas.
O ensino de discipulado: vamos encontrar em nosso caminho pessoas que estão
passando por situações adversas e que precisam de cuidado diferenciado. Cada pessoa
é um mundo à parte e dependendo de sua situação precisamos agir diferentemente com
cada uma para que possam gerar bons frutos eternos em suas vidas. É muito importante
que entendamos que o Senhor Jesus não quis descartar nenhuma pessoa por estar
nestas situações, e, sim, ao meu entender pastoral, quis demonstrar o modo como
podemos trabalhar com elas e torna-las terra fértil.
Somente para elucidar, neste contexto não existe terra ruim, má, existe terra.
Precisamos entender que esta parábola não é o fim de tudo, mas o início de um árduo
caminho de discipulado a trilhar com estas pessoas. A pessoa em si, é uma pessoa pela
qual Jesus morreu para que possa viver o seu propósito. Não existe terra que não possa
ser trabalhada e transformada em terra que produza muito fruto.
TERRA À BEIRA DO CAMINHO
- pisada pelas pessoas;
- dura, socada, cheia de pedras;
- seca, improdutiva;
- impermeável, escorregadia;
- não adianta lançar sementes porque serão pisadas, ficarão soltas, não adiantar molhar
porque é dura, socada;
- estão à mercê de pássaros e outros animais;
PESSOAS NESTA SITUAÇÃO DE VIDA
- pessoas sofridas, abandonadas, rejeitadas, pisadas por outras pessoas;
- desiludidas consigo mesmo, não acredita que nada de bom pode acontecer a ela;
- secou o seu amor próprio, não consegue produzir mais sentimentos bons e nem
compartilhar mais nada de sua vida, a não ser amargura, tristeza, desilusão;
- os sofrimentos com família, trabalho, igreja, namoro, noivado ou casamento lhe
deixaram seca de emoções boas, assim ficou impermeável, escorregadia, não se
consegue chegar nesta pessoa;
- pessoas que estão à mercê do inimigo, de exploradores, de qualquer pessoa que possa
explorar seus sentimentos;
- pessoas desprotegidas, carentes, fracas, sem iniciativas, deprimidas;
- pessoa que fica dependendo de outras pessoas para viver;
- perdeu a sua razão, emoção e por isso não consegue entender a Palavra de Deus.
DISCIPULADO COM ESTAS PESSOAS
- mesmo estando à beira do caminho, precisamos cercar estas pessoas. Colocar uma
cerca de proteção nesta terra à beira do caminho. A primeira proteção é AMAR esta
pessoa; depois ORAR por ela abençoando-a com tudo o que desejamos que o Senhor
faça na vida dela; logo precisamos ter um COMPROMISSO REAL em assumirmos esta
vida para cuidar e ENSINAR A PALAVRA DE DEUS. São cercas que vão inicialmente
ajudar esta pessoa a retomar a sua dignidade;
- esta pessoa precisa ser retirada da beira do caminho, ser transplantada para longe de
seu antigo convívio de ser pisada, maltratada pelos outros. Ela não pode permanecer à
beira do caminho, este processo não é fácil, ela precisa de ajuda, força do discipulador/a
para sair daquela situação;
- esta pessoa precisa de um tratamento de AMOR, ACEITAÇÃO, VALORIZAÇÃO E
INCENTIVO pessoal até que ela fique curada emocionalmente e comece a produzir frutos
abençoados no Senhor Jesus e vem a ser: tornar-se discipuladora também gerando
novas vidas em Jesus, este é o fruto de que ela está em condições saudáveis;
- isto pode levar tempo, mas o discipulado é para toda a vida, sempre precisamos que
alguém esteja em aliança conosco. O compromisso com esta pessoa de não desistir dela
e tampouco larga-la no meio do processo achando que já está curada;
- para as que se consideram cristãs e estão na situação de dureza de coração e que a
Palavra de Deus já não faz tanto sentido. Estas pessoas precisam de cura interior ou
participar de algum retiro espiritual e rever todos os seus conceitos novamente.
TERRA COM PEDRAS
- pouca terra;
- sem profundidade;
- sem proteção;
- crescimento rápido e morte rápida
por causa do calor gerado pelo sol;
- sem raiz ;
- muitas pedras na sua área de
produção;
- terreno difícil de trabalhar, porque os instrumentos normais normalmente não podem ser
aplicados porque vão se quebrar devido a quantidade de pedra, ou por ser um terreno
somente com uma grande pedra com pouca terra em cima;
- terreno que se precisa de ajuda de outros para trabalhar nesta terra.
PESSOAS NESTA SITUAÇÃO DE VIDA
- pessoas que tem pouca experiências positivas, significativas, duradouras;
- não conseguem ir até o fim nos seus projetos pessoais e familiares;
- não conseguem um conhecimento mais profundo de sua fé ou espiritualidade;
- se sentem desprotegidas, abandonadas, como se estivessem sozinhas no mundo;
- não conseguem se firmar, crescer ou dar frutos significativos;
- pessoas que aceitam a Cristo, se alegram, ficam eufóricos, mas logo em seguida
desistem ou se tornam crentes sem vida, às vezes vão à igreja, às vezes participam e não
conseguem se firmar;
- no início da vida cristã as emoções crescem rapidamente, oram, jejuam, louvam,
participam ativamente, mas depois começam a retroceder;
- não conseguem estudar a Palavra de Deus seguidamente, somente nos momentos de
euforia;
“A maioria se identifica com certa facilidade com o segundo ou terceiro tipo de solo. Em
termos gerais, o segundo tipo de solo parece estar limpo e bom, mas tem problemas
abaixo da superfície que ninguém vê. O terceiro tem bom solo por debaixo, mas tem
problemas visíveis, acima da superfície. Vejamos estes dois com mais detalhes.
O coração com o segundo solo reconhece a Palavra de Deus pelo que é: poderosa e
eficaz para transformar vidas, trazendo vida. Esse reconhecimento traz alegria. A pessoa
se entusiasma, parecido aos que respondiam a Jesus no relatório de João citado acima.
Esta pessoa realmente recebe a Palavra, pode ser que faz anotações ou até usa um
diário espiritual.
DISCIPULADO COM ESTAS PESSOAS
- o procedimento do discipulador/a com pessoas nesta situação de vida também é um
desafio devido a pouca energia que elas desprendem do seu interior;
- por ser uma pessoa com pouca reação positiva duradoura, ela vai precisar dos
incentivos certos, ou de mais terra adubada pela Palavra de Deus e por sua experiência
com a família, amigos, igreja – a sua experiência profunda de vida vai ajudar muito esta
pessoa, ela vai ter em quem se espelhar no início;
- as pedras do seu caminho – são as experiências negativas – podem servir de exemplos
para que possam ir com mais tranquilidade, com mais calma, não esperando que tudo se
resolva de uma vez – ensinar que a vida cristã é uma longa caminhada em direção ao
Reino de Deus em sua plenitude e isto não se adquire em pouco tempo- o caminhar com
Jesus é constante e indo sempre em frente;
- as pedras no caminho – podem servir de caminhos por onde elas podem pisar – ou seja,
são as suas experiências que lhe trazem uma referência de como proceder, elas podem
também servir de cerca para lhe mostrar que a sua maneira de agir poder estar
atrapalhando o seu crescimento por desejar tudo mais rápido e com isso a desilusão e a
desistência de seus projetos;
- vamos também precisar de ajuda de outros irmãos/as que passaram por situações
semelhantes e suas experiências de vida sem impor, mas como um meio de iluminar que
existe um crescimento, uma saída mesmo em meio a todas as crises;
- podemos até mesmo encaminhar estas pessoas para um acompanhamento psicológico
cristão que pode ser de grande ajuda para todos os que sofrem perdas e danos;
- o acompanhamento do discipulador é ser facilitador desta pessoa através de estudos
bíblicos que servirão de terra abençoada onde ela poderá crescer e permanecer.
TERRA COM ESPINHOS
- preocupação exagerada com as
coisas de valor deste mundo;
- desejo angustiante de ficar rico;
- preocupação com casa, trabalho,
estudo, carro, negócios além do
normal – excluem o Reino de Deus
em primeiro lugar;
- deixam de ir à Igreja por causa de seus bens, trabalho, casa, chácara, negócios, lazer,
família – estas são as suas maiores preocupações;
- os espinhos, preocupações com os valores deste mundo, acabam impedindo o seu
crescimento espiritual – podem até ir à igreja, mas não se pode contar muito com esta
pessoa e elas não conseguem progredir na fé e no conhecimento da Palavra de Deus;
- pessoas que dificilmente serão dizimistas, ofertantes ou fazem algum investimento
financeiro na obra de Deus.
PESSOAS NESTA SITUAÇÃO
- Como Jesus explicou, são pessoas que estão na comunidade cristã ou fora dela, que o
seu foco de vida são os bens materiais;
- Invertem a Palavra de Deus: Buscam as outras coisas em primeiro lugar esperando que
o Reino de Deus seja acrescentado às suas vidas;
- Andam no seu próprio caminho e esperam que Jesus faça parte dele, eles não entram
no Caminho de Jesus, eles querem que Jesus entre no seu caminho, nos seus planos de
conquistas, etc.
“O terceiro tipo de solo, o espinhoso, é aquele onde tem boa terra, sem empecilhos
para as raízes descerem e se firmarem. Esta pessoa é razoavelmente resolvida,
saudável, curada, equilibrada. Mas este solo fica sufocado por duas coisas, a primeira
sendo as preocupações ou cuidados desta vida. Nossa vida simplesmente é cheia
demais. Não tem espaço para quase nada. A Palavra chega, entra bem em nosso
coração, brota de forma saudável e morre por falta de ar, sol e água.
Esta pessoa não tem uma vida simples. Sua vida está cheia de responsabilidades e
atividades. Não sabe dizer “não”. Não sabe se podar. Ao não ser podado, acaba não
dando fruto. Pode até ser uma árvore ou videira de linda aparência, mas a energia toda
vai para manter as atividades; não sobra energia para dirigir-se para os frutos que
permanecem. O próprio ativismo ministerial pode ser nosso Inimigo Número Um. Nos
enchemos com as preocupações ministeriais e não temos espaço para deixar Deus nos
guiar, orientar, nortear.
O segundo fator sufocador é o engano das riquezas. Muitos nos perdemos na procura de
melhorar nossas condições econômicas. Este mundo se torna bem mais real do que o
mundo espiritual e eterno. Dois empregos. Trabalhar de dia e estudar a noite. Correr
atrás de novo carro. De uma casa maior. Claro que tem um tempo para tudo. Mas se
não nos cuidamos, focalizar em coisas materiais pode ser um “tempo” que nunca
termina. Nos descobrimos investindo fundo nas coisas que estão aqui hoje e amanhã
sumiram. Coisas que enferrujam; que são roubadas. Nosso coração se perde nelas.
Fazemos delas nosso tesouro, o alvo de nossos maiores empreendimentos.
A Palavra de Deus, a voz dele, o eterno não tem espaço para crescer e frutificar em tal
ambiente. Temos frutos sim, mas não aqueles que são eternos. Todas essas coisas são
importantes: emprego, renda, estudos, carro, casa. Mas precisam ser vistos claramente
como meios para um fim maior, o fim de nos liberar para ter mais tempo e energia para as
coisas eternas, para dar fruto que permanece”.( www.nimbusoft.com)
DISCIPULADO PARA ESTAS PESSOAS
- o foco do discipulado para estas pessoas é ir substituindo paulatinamente o desejo de
bens materiais para os bens espirituais;
- a vontade , o vigor , a ânsia pelo poder precisa ser direcionado para fazer a vontade de
Deus e adquirir os tesouros espirituais que Deus tem para os seus filhos;
- entender e seguidamente conversar sobre a confiança em Jesus como provedor de
nossas necessidades espirituais, materiais;
- enfatizar sempre a confiança em Jesus e a busca do Reino de Deus em primeiro lugar e
as outras coisas serão acrescentadas.
TERRA FÉRTIL
- terra fértil porque
condições de crescer;
possui
- terra adubada, cuidada;
- terra que produz em diferentes
níveis;
- terra que se deixa trabalhar ;
- terra onde é possível usar os instrumentos do agricultor para prepara-la;
- terra que produz diferentes frutos que serão benéficos.
PESSOAS NESTA SITUAÇÃO
- pessoas que ouvem e entendem a mensagem ;
- tomam uma decisão bem consciente por Cristo;
- começam imediatamente a frequentar a igreja e grupo de discipulado;
- pessoas que tiveram um lar maduro, equilibrado, cristão;
- pessoas que passaram pelas situações de vida estudada anteriormente e que agora
começam a frutificar na vida cristã de maneira saudável e eterna.
“Queremos ser o quarto tipo de solo. Lucas acaba descrevendo esse solo com
detalhes. Ele indica seis características (8.15). Ele é:
1. Bom (grego: kalos): formoso, atraente, virtuoso, seja em aparência ou utilidade,
harmonioso. Essa harmonia é traduzida por “honesta” pela KJV e NAS em inglês.
Esta pessoa é atraente com uma vida harmoniosa. O fruto do Espírito se
manifesta naturalmente porque as fontes de água viva fluem nela.
2. Generoso (grego: agathos): bom por dentro, caráter interno, integridade que produz
resultados. Barnabé é descrito por esta palavra (At 11.24), um homem íntegro que
faz uma diferença. Esta pessoa tem frutos internos, os do Espírito, e externos, os
resultados na formação de vidas que multiplicam.
3. Ouvinte da Palavra: discerne a voz de Deus, tem um encontro divino, deixa a
Palavra agir de forma sobrenatural, penetrando até dividir alma e espírito, juntas e
medulas, e julgar os pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12). Esta pessoa
é sedenta, faminta para as coisas de Deus. Procura a voz dele, presta atenção e
modifica sua vida baseado nisso.
4. Retentor da Palavra (grego: katechó): agarra, possui, se apega. Nas palavras de
Paulo, põe à prova todas as coisas e fica com o que é bom (1 Ts 5.21). Não abre
mão. Um diário espiritual ajuda tremendamente quanto a reter o que Deus fala
para nós. Quase todos nós esquecemos o que recebemos de Deus dentro de uns
dias, se não dentro de umas horas. Um diário espiritual e o repasse do que
escrevemos pode fazer uma diferença notória em reter a Palavra e em reconhecer
quando estamos falhando nisso.
Esta pessoa tem uma solidez, uma profundidade que quando for arranhada, a graça de
Deus se revela, a Palavra de Deus se manifesta. Está pessoa não apenas lê a Palavra,
mas medita nela, a estuda, a memoriza.
5.
Frutífero: pratica o que recebe (Tg 1.22-25) e se multiplica. Uma tradução
descreve essa qualidade assim: “Contando constantemente aos outros, que também logo
creem” (BV). Lembra-nos da multiplicação das quatro gerações em 2 Tm 2.1,2. Esta
pessoa tem discípulos. Acredita que o Pai lhe deu certas pessoas para investir fundo
nelas e ver a vida de Jesus se multiplicar nelas.
Este quarto tipo de solo se destaca por ser frutífero. Existem frutos do Espírito (interno) e
frutos de discipulado, multiplicando a vida de Jesus em outras pessoas (externo). Na
verdade, um fruto acaba se demonstrando no outro. Nenhum permanece sem o outro. O
fruto do Espírito é a vida invisível que produz mudanças de vida visíveis.
As mudanças mais objetivas e visíveis se demonstram em sermos um discípulo de Jesus
e nos multiplicar em fazer discípulos, pessoas nas quais Jesus se multiplica através de
nós. Passamos de ser simples solo para sermos semeadores! Nos importamos não
apenas com o solo de nosso coração e sim com nutrir, limpar e regar o solo dos corações
de outras pessoas. Nós nos tornamos discipuladores.
6.
Perseverante (grego: hupomoné): não desistindo em circunstanciais adversas ou
provações. Fiel (BV). Esta pessoa estabelece certos projetos de vida, tanto vocacional
como ministerial, tanto externo como interno. Ela começa, caminha e finaliza. Ela tem
relacionamentos sólidos, de longa duração. Ela não pula de igreja em igreja. Ela é firme,
seja em áreas internas, seja no compromisso de discipular outras pessoas. Esta pessoa
tem a satisfação de dizer em diversos mo-mentos o que Jesus falou, “Completei a obra
que me deste para fazer” (Jo 17.4).
Para concluir, dificilmente alguém consegue ter esse perfil sozinho. Precisamos de
alguém que cuide de nosso coração, o nutra e o regue. Paulo diz que ele semeou, Apolo
regou e Deus deu o crescimento. Ele enxerga a si mesmo e a Apolo como cooperadores
de Deus (1 Co 3.5-9). Todos precisamos dessas pessoas, sejam companheiros num
grupo
pastoral,
um companheiro
de
oração ou um
mentor.
Sozinho não!”(
www.nimbusoft.com)
DISCIPULADO PARA ESTAS PESSOAS
- a condição de vida que estas pessoas se encontram facilita o aprendizado da Palavra de
Deus – são pessoas que tem motivação espiritual para o crescimento;
- o ensino da Palavra no discipulado vai imediatamente produzir a vontade de Deus;
- embora sejam terra fértil para a Palavra de Deus – podem ser terra fértil para outros
ensinos que o mundo oferece – por isso é muito importante que se comece logo o
discipulado para que haja através da Palavra uma libertação de outros conceitos que
seguramente o mundo os ensinou;
- O cuidado no discipulado é essencial para frutificar qualquer terra.
Reverendo Henrique de Aguiar Alves( Pastor Metodista em Carazinho.RS