Será por aqui!
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Será por aqui!
ANO 1 - Nº 12 • Edição Mensal - Abril/2014 • O Jornal de Santa Rosa de Lima - A Capital da Agroecologia • Distribuição gratuita. Venda Proibida. Será por aqui! Pág. 6 Deinfra definiu traçado da SC 108 entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis 2 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Reportagem ESPECIAL Mariza Vandresen O Aldo Câmara pode estar dando uma boa lição ao município “No colégio, os professores não ficam mais fazendo fofoca e falando da vida dos outros na sala de aula; agora a gente estuda de verdade, aproveita melhor o tempo”. “No Aldo Câmara, à noite, dá pra ouvir os grilos, mesmo no intervalo”. “A escola está passando por uma revolução educacional”. “Nossa escola estava seca, agora ela tem vida”. “Sabemos que isso é para o nosso bem.” “Estamos aprendendo coisas que nem pensávamos que os professores tinham capacidade para ensinar”. Estes são apenas alguns dos muitos depoimentos que a reportagem do Canal SRL recolheu entre estudantes da Escola Básica Professor Aldo Câmara. Eles refletem uma mudança total no ambiente de trabalho, estudo e participação dos pais, ocorrida no início deste ano escolar de 2014. O nosso Colégio mostra, assim, que mudanças positivas acontecem quando se consegue superar a pobre divisão em lados e quando se prioriza efetivamente o interesse da coletividade. É importante recordar que, no ano passado, parecia que qualquer mudança era impossível. Uma faísca – a adesão a um programa do Governo Federal – desencadeou, contudo, uma onda de otimismo. E parece ter varrido o clima improdutivo de fofoca e diz-que-diz. Educadores, familiares e os próprios alunos parecem respirar um novo ar. Esse pode ser um rico ensinamento para todo o município e para todos os munícipes. Um sopro de vida Na última reunião de pais e mestres, a lista de presença teve cento e dez assinaturas. Trata-se de um recorde. Em outros tempos, este número raramente chegava a cinquenta. Todos na comunidade escolar dizem que isso é fruto de “uma onda de otimismo” e de “mudanças para melhor” que se instalou no Colégio. Os próprios professores dizem que estão se dedicando mais e melhor ao planejamento das aulas. Que fazem isso porque a escola é outra em relação a que eles deixaram quando saíram de férias no final do ano passado. Antes, afirmam os educadores, o ambiente entre eles era “pesado”, “opressivo”, “quase doentio”. Não havia um clima de cooperação. Ao contrário, o fato de “alguns procurarem prejudicar o trabalho e a vida de outros”, gerava “um clima de desconfiança”, “constantes disputas”, “descontentamentos” e, até, “depressões”. Os educadores, estudantes e servidores ouvidos pela reportagem atribuíram essa verdadeira transformação do “clima” no Aldo Câmara à implantação do Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI), um trabalho que vem sendo desenvolvido em conjunto com toda a comunidade escolar neste início de ano letivo (leia box pág.4). Muitos deles têm certeza que um papel especial foi desempenhado pelas Professoras Marilúcia da Silva Uliano (Mari) e Shirlei Rodrigues (ver perfis), que foram contratadas para atuar exclusivamente no ProEMI. Elas, contudo, não se restringiram ao programa e estenderam sua ação a toda a escola. Convicção e dedicação As Professoras Mari e Shirlei justificam: “Não tem como ficar parada, se na escola faltam profissionais da educação. Vamos ficar sentadas, enquanto os alunos se matam ali fora? Vendo que eles não se respeitam, não respeitam os professores, nem a direção? Também não podemos ver o portão aberto e deixar. Há o risco de que um dos nossos alunos seja atropelado. E esse risco precisa ser evitado por todos. As regras não devem ser apenas para alguns. As mudanças devem atingir a todos”. Esse envolvimento das professoras impressiona. Contratadas para o período matutino e vespertino, as duas estão quase todas as noites na escola. “Não temos este compromisso. Não recebemos por isso. Mas a gente faz porque a escola está precisando, os alunos estão precisando, os pais e professores estão precisando. E porque nós também estávamos precisando”. Mari foi contratada como coordenadora de leitura. Shirlei como coordenadora de convivência. As duas dizem, em conjunto, que desde o início essas “funções” se fundiram: “Nem sabemos mais quem é da leitura e quem é da convivência. A gente é uma coisa só!” Com relação às consequência do esforço feito até agora, elas se mostram prudentes e dizem que esperam “mais resultados para adiante”. Ao mesmo tempo, são otimistas e avaliam que já veem “alguns efeitos positivos”. A reportagem as questiona, confrontando-as a uma avaliação muito mais positiva de outros professores, de estudantes e de pais. O que se diz é que elas “conseguiram impor respeito”, “fazem cumprir regras e aplicar as devidas punições”, “motivam os pais a participar da vida escolar e os professores, do planejamento pedagógico”. Escola inovadora. E pública! Mari conta que ao chegar não tinha conhecimento da realidade da escola e ficou muito assustada na primeira reunião de professores: “Quando me falaram que a escola estava assim, eu falei: gente, o que é isso? Vocês estão me assustando”. O susto não a paralisou. Ao contrário, viu que precisava passar à ação, por acreditar que podia “dar a cara a tapa” por não ter o peso das relações de quem sempre viveu Reunião mobilizou mais de uma centena de pais e mâes de alunos do Aldo Câmara. em Santa Rosa de Lima. “Aqui, ninguém se expôs, para ser firme na disciplina, na cobrança, na punição. Assim, quem precisou dar o passo principal fui eu, que não conhecia ninguém. Fui aquela que teve coragem de dizer: Celular? Não! Sem conhecer os alunos tomei providências por igual”. E completa com uma análise sobre a escola publica e republicana: “Aluno entrou do portão pra cá, é aluno. Todos são iguais. E todos devem ser tratados da mesma maneira. Não é por que é filho de profissionais que atuam na escola, que tem que ter regalias, privilégios. Não tem! Temos filhos de três vereadores, de vice-prefeito, de ex-prefeito... Aqui é tudo igual! E, olhando pelo lado político, querendo ou não, sei que alguns professores e servidores da escola se sentiriam prejudicados profissionalmente. Como eu não tenho vínculos partidários...”. Já Shirlei avalia que a escola e os próprios professores e servidores estavam “muito apagados”. “Era muito fácil as pessoas falarem ‘ninguém faz nada nessa escola’. E ninguém tinha coragem de dar a cara a tapa, de se impor e de fazer com que regras mínimas de convivência fossem cumpridas. Agora, nós começamos a fazer isso”. Normas comuns O portão do Colégio fica fechado. Não se pode comer doces. O uso de celular, tablete ou notebook não é permitido. Essas são as regras. E valem também para os professores. O uso do celular apenas é permitido à diretora, ao secretário e à assessora. “Fizemos um trabalho com todos os demais profissionais – merendeiras, pessoal de serviços gerais, professores. O aluno tem o dever de cumprir e tem o direito de punir quem não cumpre a regra. Tanto que três professores tiveram problemas. E olha que usaram o aparelho apenas para ver a hora. Os alunos cha- Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL mam atenção. É um direito deles porque também serão punidos se não cumprirem seus deveres”. As boas surpresas indicam resultados já alcançados: “Um de nossos acordos é que o portão fique fechado. Ontem, ele ficou aberto por um momento e nenhum dos alunos se deu conta. Ou, se viram, escolheram permanecer dentro do pátio da escola”. O “teste” do celular Uma semana após o carnaval, houve o alerta de que alguns alunos planejavam comprar um celular velho com o objetivo de “testar as sargentonas”. Uma destas relata: “Soubemos até de um comentário triste em forma de bullyng: ‘vamos ver se a aquela gorda, aquela tatuzona, vai ter coragem de fazer valer a regra’. O celular foi comprado e um grupinho se acercou dele. Eles fizeram mesmo para afrontar. Eu peguei firme. Eu disse chega, basta. Um deles jogou o celular contra a parede. Fui lá. Juntei e continuei firme. Alguns deste grupo estavam só rindo. Realmente, foi uma combinação. Mas a gente conseguiu controlar muito bem. Em momento algum eu tive medo”. Os pais dos envolvidos foram, então, convocados para ir à escola. Todos compareceram, com exceção de uma mãe que afirmou não poder fazê-lo. Mas enviou para a direção a advertência ao filho assinada, declarando que tinha conhecimento do fato e da posição da escola. As ameaças Depois vieram problemas maiores. Tentativas de atemorizar. “Um grupo de alunos nos avisou. Pais nos ligaram para alertar: ‘estudantes estavam afirmando que atentariam contra nossas vidas’, ‘que não saíssemos com os nossos carros ou motos sem observar parafusos, pneus e cabos de freios’. De fato, a moto da professora Luciane [Boeing] foi sabotada aqui na frente da escola”. A necessidade de proteção policial Neste quadro, a escola teve que tomar providências judiciais. “Nós fizemos um Boletim de Ocorrência e informamos a todos os pais. Se havia insegurança é porque a escola parecia sozinha. Agora, contamos com o apoio dos pais e com a ação ostensiva da polícia militar”. Segundo as professoras ameaçadas o que tem contribuído muito para a melhoria significativa na disciplina é a presença dos pais: “Eles estão vindo na escola. Vêm sem nos avisar, chegam, batem no portão, a gente abre e eles entram. Isso está nos ajudando muito”. Quanto à PM, é algo sem antecedentes no município. Nas horas de “entrada”, nos intervalos, e nas “saídas” de aula há sempre uma ou duas guarnições, com os giroflex dos carros ligados. A atuação é mais forte no período noturno, no qual a escola é frequentada por alunos que são (ou querem parecer) mais rebeldes. Todos pegando juntos As professoras Shirlei e Mari do Programa Ensino Médio Inovador fazem questão de afirmar que os resultados positivos só foram possíveis porque “todos se uniram para mudar a situação”. Agradecem aos professores por terem começado o ano letivo unidos. E pedem que continuem assim. Aos pais, são muito gratas pela compreensão e pela ajuda. E reforçam o convite para que eles participem da escola a qualquer momento. Sem aviso prévio, porque o Colégio precisa da ajuda dos familiares de seus alunos. “A escola e a família é que vão preparar nossas crianças e nossos adolescentes para a vida lá fora. É esse valor que todos temos que resgatar. Que todas as picuinhas fiquem fora do portão. Que todos pensem, em primeiro lugar, na formação educacional dos seus filhos”. ALUNOS 3 Depoimentos Em rede, mas sem internet “Alexandre Oenning Bittencourt (colunista do Canal SRL) é um dos tantos alunos que logo se integrou em atividades desenvolvidas pelo ProEMI. Ele estuda no “terceirão” e lamenta que 2014 seja seu último ano no Aldo Câmara, “porque a escola mudou muito”: “Antes, a escola estava seca. Houve uma revolução educacional. Dá pra ver a disciplina, o aprendizado. É um conjunto de coisas que mudou. O recreio, por exemplo, era um grupinho aqui, outro grupinho ali. Agora, todos se juntam. Conversamos, fazemos brincadeiras... Envolve todo mundo. Estamos em rede, mas sem internet. Os professores também estão participando mais. Muitos não ficam mais plantados lá dentro e se aproximaram mais da gente”.” Demônios ou anjos No primeiro dia de aula, Patrícia Torquato chegou em casa e falou para a mãe que “uma carrasca” havia chegado à escola. “A mulher cortou celular e fechou o portão”. A mãe argumentou que “pessoas podem fazer a diferença”. Um tempo depois, a estudante disse à mãe que precisava pedir desculpas à Professora Mari. “Ela não é o demônio. Ela é o anjo da nossa escola”. Mais a sério “Agora, tem menos confusão no intervalo. Isso melhorou bastante. Tinha muita confusão no pin- gue-pongue... E tem o lance do celular... A gente gostou muito. Assim a gente leva a aula mais a sério. Não tira nossa atenção. Agora, bate o sinal e vai todo mundo para sala. Junior Warmling, Victor Schmoeller, Tainá Laurindo e Arthur Hermesmeyer” Tudo mudou “Vai ser bem diferente. Quando a gente entrar [no ProEMI], a gente vai aprender bem mais. Porque vamos ficar mais tempo na escola, ter aulas diferentes. Mudou muito a educação. O ensino inovador é um diferencial no nosso aprendizado. Mas ainda tem gente que reclama. Nunca percebemos que ela [Mari] era brava. Ela é uma pessoa legal. Tudo mudou depois que ela entrou. Antes, os alunos ficavam nas portas. Agora, está bem diferente”. André Benedet, Joice Kuhnen, Marileia da Silva e Guilherme A. C. Defrein.” Mais rígido “Na questão do celular, eles diziam que não podia usar, mas não tinha cobrança. Sempre era usado. Até os professores usavam na sala. A Mari chegou e impôs. Mas não foi só ela não. Se não fosse o grupo todo, não aconteceria. A gente viu que isso é melhor pra gente. Paula Eduarda Defrein, Morgana Schlickmann, Caroline S. Heidemann e Jussara Jacinto.” PROFESSORES “Está melhor de trabalhar. Estamos todos unidos, pegando junto. Eu acho que vai dar resultados.” “Tem mais gente para ajudar a trabalhar fora de sala. Tem o planejamento das aulas. Agora a gente para. Vai vendo. Diz: ‘olha, falhou aqui, melhorou ali. Então, vamos combinar assim’.” “Mesmo os alunos repetentes estão bem interessados. Em outros anos, eles não estavam nem aí. Eles agora estão mais seguros. Mudou a própria ligação deles com os professores.” “Como tem a Mari e a Shirlei para ajudar, o Colégio todo mudou. Agora os alunos têm mais disciplina. A diferença ficou grande para trabalhar. Não tem aluno circulando. Não tem segundo recreio.” “Agora, todos pegamos juntos. Antes a gente tentava, mas de repente um professor cedia. E, então, outro também afrouxava. Outro, para não passar por ruim, acabava cedendo. E assim os alunos iam tomando as rédeas do professor. Agora, é não. Não e pronto! E os alunos também estão colocando na cabeça que isso é muito importante para eles, para a vida deles. As regras abrem as cabeças deles. Não é uma punição.” “Estava faltando muita disciplina. Eles estão tendo limites. Na questão do celular, nós também não podemos usar. Nós temos filhos, possíveis emergências... E eles viram que a gente abriu mão [do celular], por eles.” “Não tem o que dar errado. Estamos muito impressionados com muitos alunos.” segue Diretor: Sebastião Vanderlinde Diretora: Mariza Vandresen Estrada Geral Águas Mornas, s/n. CEP 88763-000 Santa Rosa de Lima - SC. Tel. (48) 9944-6161 / 9621-5497 E-mail: [email protected] Fundado em 10 de maio de 2013, dia do 51º aniversário de Santa Rosa de Lima Jornalista Responsável: Mariza Vandresen Diretor-executivo (Circulação, Comercial, Financeiro, Publicidade e Planejamento): Sebastião Vanderlinde Publisher (voluntário): Wilson (Feijão) Schmidt. O Canal SRL é uma publicação mensal da Editora O ronco do bugio. Só têm autorização para falar em nome do Canal SRL os responsáveis pela Editora que constam deste expediente. Diagramação e Arte: Qi NetCom - Anselmo Dandolini Distribuição: Editora O ronco do bugio Tiragem desta edição: 1000 exemplares Circulação: Santa Rosa de Lima (entrega gratuita em domicílio). Dirigida, também, a prefeituras, câmaras e veículos de comunicação do Território das Encostas da Serra Geral e a órgãos do Executivo e Legislativo estadual e federal. 4 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL segue Reportagem ESPECIAL Querer-se bem e a inclusão da família Falando calmamente, a Professora Mari pondera que todos seus colegas do Aldo Câmara concordam que “a escola também precisa ensinar a viver”. Por isso, se surpreendeu ao observar que o Colégio parecia não estar percebendo que “a autoestima dos alunos estava lá embaixo”. “Eu notei que os alunos daqui dizem muito assim: ‘eu não posso’, ‘eu não consigo’, ‘eu não sei’, ‘eu sou burro’, ‘eu sou gordo’, ‘eu sou feio’. É uma questão de leitura de vida. Se você entrar no facebook, você vai ver muita coisa que os alunos colocam lá. Mas muita gente vê por ver. Não lê! Não interpreta! Não entende! E, assim, não tira proveito para trabalhar a questão da falta de autoestima aqui na escola”. Para a professora essa atenção não deve ser, contudo, apenas da escola. “A família está sendo esquecida dentro da própria família. São pais dizendo que não dão mais conta dos filhos”. E pensativa, pergunta à repórter, ou a si mesma: “Onde é que nós vamos parar se mães vêm aqui na escola e nos dizem ‘quando meu filho chega perto eu já digo vai, vai, some daqui”. E quase automaticamente responde: “Isso não tem cabimento na fala de uma mãe”. E como se dirigisse a essa mãe, recomenda: “Ao invés de afastar, de excluir, inclua o seu filho”. Ela afirma que a escola também estava falhando neste sentido. “Nós, enquanto escola, somos pais e mães emprestados. E nesta condição não queremos impor medo, mas impor respeito”. As “sargentonas” O apelido veio primeiro para a professora Mari. Ela confessa que no início se sentiu magoada. Atualmente, elas se divertem com a alcunha. “Hoje, o apelido é para a Shirlei também. Eu não a conhecia profissionalmente. Mas ela está pegando junto comigo. Então quando eles nos veem chegando no corredor, avisam: ‘A Shirlei e a Mari tão vindo, atenção com as sargentonas”. Marilúcia da Silva Uliano tem cinquenta anos, não gosta do nome e prefere ser chamada de Professora Mari. Fala com uma voz tranquila e rouca. Talvez a rouquidão seja consequência do cigarro, mas dá a ela um ar de mestra zen. Mari é viúva. Ao relatar sua trajetória de vida, ela se emocionou em diversos momentos. Principalmente, quando falou de sua infância e de sua família. Filha de pai alcóolico, compara-se a um fruto carregado por um pássaro. “Dizem que fruta não cai longe do pé. Cai sim! Pode ser levada por uma gralha, gerar uma árvore bem viçosa, que, por sua vez, vai dar sombra, flores e novos frutos.” Mari é bem falante e nos relatou inúmeras histórias de sua vida pessoal e profissional. O papel atual no Aldo Câmara é visto como mais um grande desafio na trajetória dela. Até 2000 trabalhava em escolas como faxineira. Como tinha o Magistério, sempre que alguém faltava, lá estava ela na sala de aula. Decidiu que precisava continuar os estudos. Prestou vestibular e cursou Letras com habilitação em Inglês. Depois de formada, lecionou em diversos municípios, conforme se apresentavam os processos de seleção para ACT (admissão em caráter temporário). Nesta caminhada como educadora, diz que seu foco sempre foi a família. “A família foi esquecida pela escola. Parece que houve um atrito entre estas duas instituições. Eu vejo, hoje, que a educação e a escola deixam a desejar. A gente sabe que a responsabilidade na educação das crianças e adolescentes é dividida entre a escola e a família. Mas eu vejo que a escola abandonou a família”. Profª Shirlei Shirlei Rodrigues é da nova geração de professores. Tem apenas 22 anos e formação em Pedagogia e História, com especialização em História da Arte. Ao pedido de que falasse um pouquinho de si, anuncia: “vou ficar vermelha”. E, imediatamente, enrubesce. É mais econômica nas palavras. Conta que nasceu no Rio Santo Antônio, mas já mora “mais na praça do que lá”, Faz questão de dizer que tem muito orgulho de ser daquela comunidade e que nunca quer deixar de morar lá. Shirlei tem bem claro o que quer fazer como coordenadora de convivência do ProEMI no Aldo Câmara. “Muita gente vem me dizer ‘por que não desistes? Tu só vais te incomodar!’. Mas estou muito otimista e realizada com o trabalho que estamos desenvolvendo junto com a comunidade escolar. Agora eu não largo mais!” Referindo a colega de ProEMI, ela afirma: “A Mari me ajuda muito e passou a ser um exemplo para mim. Se não fosse ela, metendo a cara a tapa, eu não teria coragem de fazer metade do que eu faço. Eu sei que tem alguém que está à frente, me dando o apoio que eu preciso. Por isso, vou continuar fazendo. Se em tão pouco tempo já estamos colhendo alguns bons resultados, imagina com a continuidade”. O Programa Ensino Médio Inovador O ProEMI é uma das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, uma estratégia do Governo Dilma para melhorar a qualidade do ensino. A ideia é apoiar e fortalecer propostas curriculares inovadoras, que permitam atender às expectativas dos estudantes e às demandas da sociedade atual. Além disso, há a ampliação da jornada escolar, buscando a formação integral, aumentando o tempo dos estudantes na escola e inserindo atividades mais dinâmicas no currículo. As escolas que aderem ao ProEMI recebem apoio técnico e financeiro, através do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE, também do Governo Dilma. Perfis Profª Mari A adesão do Aldo Câmara Eliete May da Rosa, diretora da escola conta que “a adesão a esse programa do Governo Federal veio como uma surpresa”: “A Gerência de Educação de Braço do Norte, a qual pertencemos, nos chamou para uma reunião para apresentar a oportunidade de adesão ao ProEMI e nos deram o prazo de uma semana para decidir. Reuni-me com os professores e apresentei as orientações. Como não tinha nenhuma escola com esse programa na Gered a qual pertencemos, com o consentimento de todos, acordamos em fazer a adesão de uma turma. Para ver como iria funcionar”. São 25 alunos no primeiro ano do Ensino Médio. Com o horário na mão, Eliete mostra que a ampliação do atendimento para as tardes de terças e quintas aumentou a carga horária dessa turma de 25 para 35 aulas semanais. Como consequência, “todas as disciplinas obrigatórias tiveram acréscimos de carga horária”. “Além disso, foram implantadas no currículo aulas de artesanato, informática, educação física e natação. E temos ainda a participação na rádio comunitária.” A Diretora diz que as mudanças são bem perceptíveis e que os benefícios vindos com o ProEMI se estenderam para toda a comunidade escolar. “Está sendo bom para a escola, para os alunos, para os pais e para os professores”. Eliete acredita que, no futuro, os alunos terão um desempenho muito melhor em avaliações como o Enem e os vestibulares. E julga que já são visíveis as mudanças no comportamento e nas relações de convivência. “Esta onda de mudanças tem con- tagiado toda a comunidade escolar. Os professores estão com tempo para planejamento. Os pais têm nos telefonado. Têm nos mandado recados. Sempre nos estimulando para que continuemos nos mantendo firmes”. Para o coordenador do programa, Volnei Luiz Heidemann o ProEMI trouxe realmente uma inovação na escola, pois não é apenas a turma do Inovador que é beneficiada. “Toda escola evoluiu no dinamismo e o espírito coletivo. Os primeiros depoimentos dos pais e alunos já demonstram os efeitos no comportamento da aprendizagem, mas podemos avançar muito mais.” Neste quadro, a ideia é que o ProEMI seja mantido na escola. Mais do que isso, que seja ampliado progressivamente, até que todo o ensino médio se transforme em inovador. Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL 5 6 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL INFRAESTRUTURA É pelo Rio do Sul! Definido traçado para projeto da SC 108 entre SRL e Anitápolis. Estrada turística será alternativa a BR 101. A estrada que liga Santa Rosa de Lima à Anitápolis permaneceu por décadas no esquecimento. Antigamente, teve importante papel como primeira e precária ligação rodoviária litorânea entre o Rio Grande do Sul e o restante do país. Conta a história que na Revolução de 1930 as tropas de Getúlio Vargas passaram por ela (leia box 1 ). Mas logo vieram a “Estrada da Mata” (BR 2, depois 116) e a BR 101. O trecho da então denominada SC 407 (leia box 2 ) passou a ser digno de lembranças apenas nos curtos períodos eleitorais. A pavimentação ou simples melhorias desses pouco mais de vinte quilômetros foram promessas de muitas campanhas políticas. Em 26 de novembro de 2012, o governo estadual anunciou a liberação de recursos para a elaboração de estudos para um projeto de traçado e pavimentação desse trecho. Tal estudo deve ser concluído em breve. Alto dirigente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) esclareceu ao Canal SRL que tal projeto não garante que haverá a pavimentação. Segundo essa fonte, trata-se apenas de um primeiro passo e que o asfaltamento “vai depender, exclusivamente, de vontade política”. A licitação para a elaboração desse estudo foi vencida pela empresa Engevix. No dia 8 de março de 2013, foi assinada a ordem de serviço para início dos trabalhos. O valor empenhado foi de R$ 1.332.467,71 e o prazo de 360 dias. Transcorrido esse período nossa reportagem buscou fazer um balanço da situação. rio. E, ali, era impossível. Avaliamos que, com toda a certeza, não conseguiríamos o licenciamento ambiental junto à Fatma [Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina] e aos órgãos ambientais. O que mais pesou foram os problemas ambientais”. Traçado inicial foi julgado inviável Segundo o gerente de estudo e projetos do Deinfra, Engenheiro Carlos Alberto Simone Ferrari, percebeu-se “a inviabilidade deste corredor” em maio de 2013, depois de concluída a pré-análise do traçado inicialmente proposto. O tráfego não vai puxar a viabilidade econômica Ferrari dá mais detalhes: “A ideia inicial do projeto era levar o traçado sempre pela margem esquerda do rio [Varginha]. Para avaliar a viabilidade de um projeto, nós usamos um programa que chamamos de HDM. Nele, inserimos os dados de tráfego e os dados econômicos dos municípios. Fazendo isso com os dados deste trajeto, chegamos a um número muito assustador e o programa acusou a inviabilidade da rodovia”. Segundo os levantamentos do Deinfra, circulam por esta “seção de rodovia”, uma média diária de 213 carros, sendo 132 carros pequenos, 78 caminhões e 3 ônibus. “Nós já esperávamos que este volume de tráfego fosse pequeno. Então, fizemos uma simulação, com uma projeção caso a rodovia fosse pavimentada. A gente pergunta ao programa: quantos carros poderiam migrar para ela? Vindos da BR 282? Vindos de Tubarão? De outras rodovias? O sistema lê possíveis rotas alternativas. Mas também chegou a números muito baixos. O tráfego não vai puxar a viabilidade econômica”. O que mais pesou foram os problemas ambientais Além desses dados econômicos, impactos ambientais foram considerados: “Nós vimos que havia muitas dificuldades, principalmente por causa da topografia da região. Tinha muita coisa perto do rio. A legislação diz que temos que trabalhar com trinta metros afastados do leito do Temos que fazer alguma coisa Com essa constatação, a Secretaria Estadual de Infraestrutura emitiu uma ordem de paralização do contrato, segundo Ferrari, “para que a empresa não perdesse tempo, dentro do prazo contratual, até que os engenheiros definissem um novo corredor”. O gerente de estudo e projetos do Deinfra afirma que tem uma leitura técnica das obras e que analisa principalmente a rota dos veículos e o fluxo turístico que uma ligação asfáltica pode gerar. “O turista, ao invés de ir para a [BR]101, vai passear em uma estrada mais agradável, mais tranquila, vendo a natureza. Então esse fluxo turístico se torna atrativo. O engenheiro abre um mapa e mostra, com vigor, a importância da rodovia: “A SC 108 é uma continuidade que vem desde o Norte do estado. É um corredor alternativo, paralelo a BR 101. Nós o consideramos, num todo, um segmento de rodovia muito importante. Nós sentimos que é um ponto de ligação”. E com o dedo indicador correndo o mapa, vai apontando: “Liga com [a Serra do] Corvo Branco, que está sendo feita agora. Com São Bonifácio. Com Tubarão. Todo este tráfego pode migrar por aqui”, pousando o dedo sobre o trecho entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis. E Ferrari finaliza: “Olhando a malha rodoviária catarinense como um todo, vemos que aqui nesta região tem um vazio. Temos que fazer alguma coisa. Uma estradinha do outro lado do rio O Deinfra passou a buscar um novo traçado. E a solução não veio de imagens de satélite ou de programas de computador. Um funcionário do Deinfra de Tubarão é que deu a “pista”: “Ele nos disse, ‘tem uma estradinha lá pelo outro lado do rio, que sai de Santa Rosa, lá por cima’. Então fomos lá [no Rio do Sul] dar uma olhada. E, para nossa surpresa, nos agradou. Pelo menos não existem rios próximos. Então, vimos ali o traçado que iríamos estudar”. Uma estrada mais modesta A empresa Engevix, mesmo sem o contrato, fez alguns estudos preliminares para este novo traçado. A primeira análise apontou que, de novo, “a topografia era muito ruim”: “As rampas seriam muito altas e seria preciso fazer faixas adicionais [terceira pista]. Isso inviabilizaria economicamente o projeto. Aí, nós avaliamos... Vamos fazer uma estrada com uma sessão mais modesta em largura de pista. Era a única solução para tentar fazer alguma coisa”. Só terá viabilidade passando pelo Rio do Sul. Então, será pelo Rio do Sul! A equipe de engenharia decidiu: o traçado passará pela comunidade de Rio do Sul. No dia 25 de março último, a Secretaria Estadual de Infraestrutura emitiu a ordem para o reinício do contrato com a Gerente de estudos de projetos do DEINFRA explica os motivos do novo trajeto. Engevix. Ferrari descreve: “Para estimar a viabilidade econômica, o programa HDM já está sendo alimentado. Agora, com esta nova sessão transversal [largura de pista] e com este novo segmento [traçado pelo Rio do Sul]. E conclui enfático: “Eu acredito que vai dar. Pela experiência que a gente tem e pelos dados que já lançamos de tráfego, de investimento em terraplanagem, que vai ser o grande volume da obra... Eu acredito que vai dar”. O engenheiro disse que soube que essa opção enfrenta resistência de uma das duas prefeituras: “Não sei se é do prefeito de Anitápolis, ou se é do de Santa Rosa de Lima. Mas ou é por ali, ou não vai sair. O que o estudo apontou foi o outro lado do rio. E estamos trabalhando com isso”. Sem contornos viários O estudo inicial previa a análise de vinte e seis quilômetros de rodovia, três a mais que a distância entre um município e outro. Segundo Ferrari esta diferença existia porque se pretendia fazer contornos viários na entrada das duas cidades. Esta opção foi, contudo, descartada: “Existe a possibilidade de algum contorno viário na saída de Anitápolis, mas em Santa Rosa não vai dar. Já descartamos porque é inviável. Encareceria muito o custo da obra. É preferível trabalhar o projeto sem isso. Quando a gente fechar [o projeto], deve diminuir esta distância”. A conclusão do estudo A empresa Engevix terá, a partir do dia 25 de março, nove meses para concluir a elaboração do projeto. Ferrari acredita que este prazo pode ser encurtado em três ou quatro meses: “Como a empresa não parou com os estudos, com a reativação do contrato eles devem nos entregar documentos, estudos e dados. E nisso ganhamos tempo. Se não houver, é claro, mais algum entrave, principalmente ambiental. E pode ser que tenha... É uma estrada que passa por meio de mata virgem, por nascentes, por comunidades. Ao encaminharmos o nosso pedido de licença para a Fatma, pode ser que ela nos exija um levantamento ambiental mais elaborado. Talvez, até, um estudo de impacto Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL ambiental. Mas é cedo para dizer. Só que para outras rodovias semelhantes, isso aconteceu”. É papel! Depende de vontade política Depois que aprovar o projeto, o departamento que o Engenheiro Carlos Alberto Simone Ferrari gerencia no Deinfra comunicará ao Governo estadual que “o trecho estará disponível para ser licitado”. “Nesta fase não dependerá mais da gente. Aí, depende de vontade política. É provável que ele seja incluído nas verbas do Pacto por Santa Catarina. Parece haver um interesse em viabilizar esta obra. Pediram que a gente acelerasse o projeto, pra ver o que aconteceria. Está sendo feito por isso. O projeto está em andamento. E nossa intenção é concluí-lo ainda este ano”. Não tem como criar uma expectativa A reportagem questionou se essa perspectiva não levaria a certo otimismo e perguntou quando a população poderá contar com esta obra. Após se afirmar “realista e técnico”, o engenheiro pondera que “não tem como ser preciso”: “Se eu dissesse que seria daqui a dois anos ou três anos, eu estaria mentindo. Isso vai depender muito de vontade política. Não tem como criar uma expectativa junto à população”. A gente sabe que vai ter pressão, mas não existe dúvida sobre o novo trajeto Sobre a possibilidade, levantada pela reportagem, do projeto ser barrado por não contentar forças políticas da região, Ferrari é direto: “Eu sou funcionário de carreira. Eu defendo a avaliação técnica. Esse é um dos grandes problemas que enfrentamos... Às vezes, vêm pessoas que são cargos comissionados, que vêm fazer política. Mas aí, ele vai ter que bater na porta de meu diretor... Lá em cima, na do presidente do Deinfra. Mas, conhecendo nosso presidente [Paulo Meller], posso dizer que ele dá muito ouvido à parte técnica. E se a gente recomenda que é isso, é isso o que vai ser. Porque, nesse caso, se for pelo outro lado do rio, não sai. Se o prefeito chegar e disser ‘tem que ser por aqui’, nós vamos dizer: ‘então não vai ter obra’. Porque a hora que o projeto chegar na Fatma, não vai sair. A gente sabe que pode ter pressão de prefeito. É um direito dele, defender seus eleitores. Mas, se a gente analisar tecnicamente, não existe dúvida nenhuma sobre o novo trajeto”. Agora, é unir esforços Tendo apurado com outras fontes que a resistência mencionada pelo gerente de estudo e projetos do Deinfra vinha de Anitápolis, a reportagem do Canal SRL procurou ouvir o Prefeito Marco Antônio Medeiros Junior. Ele afirmou que, de fato, se opôs ao traçado pelo Rio do Sul, mas que já aceita a avaliação técnica feita pelo Deinfra. “Eu não queria aquele traçado [do Rio do Sul]. Assim como eu, também tem muitas pessoas que estão chateadas com essa mudança. Mas, como os estudos apontaram que seria impossível a viabilidade da obra pela margem esquerda [Varginha], nós agora temos que aceitar. Estou convencido que pelo traçado original seria inviável e a obra não sairia. Vamos respeitar a avaliação técnica. Não é o ideal. Não é o que queríamos. Mas, agora, não podemos bater de frente. Ou é por ali ou não sai. Então, é melhor que saia pelo Rio do Sul mesmo. Eu vou unir esforços para que a rodovia seja pavimentada, mesmo não sendo o ideal que queríamos”. Um pouquinho de história Zé Nei: a obra mais importante na região No depoimento do gerente de estudo e projetos do Deinfra, a vontade política do governo estadual apareceu como determinante na viabilização do asfaltamento do trecho da SC 108 entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis. Essa decisão deverá acontecer somente em 2015, depois, portanto, das eleições para o Executivo e o Legislativo estaduais, que ocorrem este ano. A reportagem do Canal SRL foi à Assembleia Legislativa para ouvir o deputado José Nei Ascari, um dos representantes da região e grande defensor da obra. A bola da vez Inicialmente, ele fez questão de precisar: “Vencidas as prioridades que eram concluir Pinheiral, Pedras Grandes/Orleans e o Corvo Branco, passamos a focar nossa ação nesta pavimentação. Ela passou a ser, na minha concepção, a obra mais importante. Então, tendem a se concentrar nela todos os esforços do nosso gabinete e de outros representantes da região. Há um reconhecimento regional. E tem também um grupo importante de lideranças do ‘outro lado’. Falo de Anitápolis, aqui da Grande Florianópolis... Que também entendem a importância desta obra. Então nós vamos juntar os esforços destas duas regiões para tentar, na medida em que o projeto fique pronto, sensibilizar o governo estadual para incluí-lo em um destes pacotes que surgem para obras de infraestrutura”. Sem oba-oba eleitoral Para Ascari, cumprir esta primeira etapa de elaboração do projeto é um grande passo. “Sem ter um projeto com viabilidade ambiental e econômica, não adianta fazer ‘oba-oba’ eleitoral.. Isso tem que ser feito com muita responsabilidade. Não dá mais para tratar a coisa pública desse jeito. Repito, com o projeto em mãos, aí sim poderemos fazer a ação política para tentar alavancar os recursos”. Sobre a viabilidade econômica, o parlamentar considera que ela “não conta para a decisão final do governo”: “O governa- dor Colombo decidiu pavimentar todos os acessos aos municípios. Esta é a decisão política dele”. Seria muita irresponsabilidade falar em prazos Em relação aos prazos, o Deputado “Zé Nei” afirmou que não tem como ser afirmativo. “Falar em prazos para uma obra que nem tem o projeto concluído seria muita irresponsabilidade. Será irresponsabilidade de quem fizer isso. O Paulo [Meller] me deu a garantia de que [o projeto] termina em julho. Mas não podemos falar em prazos. O que nós estamos fazendo é sensibilizar o pessoal [do governo de estado] da importância da obra. E perseguindo a agilização da conclusão do projeto. Com o projeto em mãos, nós vamos fazer uma ação. Com a unidade dos deputados. Estamos muito conscientes da importância de estarmos juntos”. Motta apoia cem por cento A reportagem conseguiu ouvir também, ainda que rapidamente em um dos corredores da Assembléia, o Deputado Manoel Motta. Perguntado sobre os esforços que faz para a realização da obra, ele afirmou: “Nós vamos marcar uma reunião com o governador. É uma obra importante que tem que estar, ali, mastigadinha. Ela tem cem por cento do meu apoio. Eu vou trabalhar para que nós possamos sentar com o governo estadual e apoiar esta decisão fundamental”. Novidades na manutenção Enquanto a pavimentação não chega, os motoristas e os veículos que trafegam entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis estarão submetidos às consequências das muitas e frequentes chuvas combinadas com as poucas e infrequentes verbas para a conservação da estrada. Em regra geral, buraco é o que não falta. Ação inédita A Secretaria de Desenvolvimento Regional de Braço do Norte (SDR-BN) é hoje a responsável pela conservação do trecho da estrada estadual que fica na área de Santa Rosa de Lima. O Secretário Roberto Kuerten Marcelino informou que, neste mês de abril, “em uma ação inédita, o governo estadual, através da SDR-BN deverá repassar recursos diretamente para as prefeituras, para que elas façam a manutenção das rodovias estaduais não pavimentadas em seus limites. Receberão recursos para isso os municípios de Santa Rosa de Lima, Grão Pará, São Martinho e Rio Fortuna”. A prefeitura de 7 1 A chamada Revolução de 1930 é interpretada como o movimento que pôs fim ao domínio das oligarquias no cenário político brasileiro. Entre os objetivos da insatisfação dos revoltosos estavam o rompimento da chamada política do café com leite, que culminou com a eleição de Júlio Prestes e o assassinato de João Pessoa. Como parte desse movimento, a “Coluna do Litoral” saiu do Rio Grande do Sul em direção a Florianópolis. Em Tubarão, como não havia estrada seguindo pela costa, a tropa revolucionária se afastou da borda do mar e seguiu por Gravatal, Braço do Norte, Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima, até chegar em Anitápolis. Ali, ocorreu o “Combate da Serra da Garganta”. Ele é considerado por diversos historiadores um dos episódios mais sangrentos da Revolução de 1930. 2 Apenas um caminho de terra A estrada que liga Santa Rosa de Lima e Anitápolis era considerada anteriormente parte da SC 407. O traçado dessa rodovia era São José, São Pedro de Alcântara, Angelina, Anitápolis, Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna e São Martinho. Mais tarde, passou a ser considerada parte da SC 108, rodovia estadual com uma extensão de 361 quilômetros, que liga o Sul [Criciúma] ao Norte [Joinville] do estado. Ao olhar o mapa rodoviário de Santa Catarina, constata-se que de todo esse traçado, apenas 45Km não apresentam qualquer tipo de pavimentação. São os trechos entre Angelina e Major Gercino (22Km) e entre Santa Rosa de Lima a Anitápolis (23Km). Interessante que os GPS (geoposicionamento por satélite) instalados em automóveis e caminhões indicam esse trecho como pavimentado. Por isso, muitos motoristas, estando em Braço do Norte e querendo se dirigir a Florianópolis, escolhem passar por aqui. As carretas, acabam ficando “engalhadas”. SRL deverá receber sessenta mil reais e o Secretário de Desenvolvimento Regional esclarece os critérios para a dotação de verbas: “Adotamos uma forma de repasse pela quilometragem a ser mantida. Santa Rosa de Lima deve receber mais, pois faz um tempo que o município nos informou que vem mantendo esta rodovia”. “Beto Marcelino” esclareceu, ainda, que tais recursos serão destinados exclusivamente à aquisição de óleo diesel e que o contrato vigorará da data de sua assinatura, ainda não marcada, até dezembro de 2014. 8 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL COMUNIDADE RIO DOS ÍNDIOS Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra | Milena Dutra O consenso é geral: acabou o nosso sossego! No inicio do mês de março, foram reiniciadas as operações para a extração de argila na comunidade vizinha de Santa Bárbara. Lá, há o grande impacto ambiental e visual naquela linda paisagem serrana. Aqui na nossa comunidade, nós sofremos com os caminhões da Fontanela. Estar na rota dessa atividade extrativista é também sentir os impactos negativos dela. São dezenas de caminhões caçamba circulando diariamente por nossa estrada. E em altas velocidades. Quando dizemos altas velocidades, queremos dizer altas mesmo. Totalmente impróprias para este tipo de trajeto. Colocando em risco a vida de quem trafega, anda ou trabalha por este caminho. Além desse risco enorme, há outro problema grave: o incômodo com as nuvens de poeira. Os moradores não suportam mais. Quem mais sofre são os idosos que vivem por aqui. Eles sempre tiveram o interior como o seu “cantinho de paz”. Com a chegada da Fontanella, tudo mudou. Às vezes, nem são seis horas da manhã e as caçambas já estão a pleno vapor, fazendo muito barulho, muita lama ou muita poeira. Um leito cada vez mais inseguro A topografia da estrada faz com que se formem pontos críticos em relação à segurança. Nesse aspecto, avaliamos que se continuar assim, algo mais grave pode acontecer. E quando não é poeira, é lama. Se nada for feito, é provável que em breve alguns lugares devam ficar intransitáveis. O peso elevado dos caminhões danifica muito o leito da estrada e, em alguns pontos, basta chover um pouco para que exista muita lama. Respeito é bom e nós gostamos A grande queixa da maioria dos habitantes de nossa comunidade é a falta de educação de alguns motoristas. Sem respeito nenhum, eles passam em frente às nossas casas em alta velocidade. E quando encontram um carro ou uma moto praticam direção agressiva e a lei do maior e mais forte. Gentileza com quem vive e trabalha por aqui, nem pensar. Que tal ir um pouco para o lado para ceder espaço também para que o outro veículo possa passar? Por aqui, pelo menos, nós aprendemos que temos que ser educados também no trânsito. Os prejuízos do pó Nossa comunidade tem empresas perto da estrada. Nas serrarias, todos reclamam da poeira. No laticínio, já não se consegue a mesma higiene por causa do pó. Também há pessoas sofrendo com alergia e precisando de cuidados médicos e de remédios. Essa conta ninguém faz? Apelo às autoridades Fica o nosso chamamento às autoridades competentes: façam alguma coisa para, pelo menos, amenizar estes graves problemas. Sabemos que não se pode tirar o direito de ir e vir de ninguém, mas vamos conversar com o poder público para ver até aonde vão os nossos direitos. Pensamos que vivemos em um lugar civilizado e podemos conviver nos respeitando. Até o ônibus escolar está saindo um pouco mais cedo. Caso contrário, chega atrasado à escola, pois é ele quem tem que dar marcha ré e fazer todas as manobras para dar passagem livre às caçambas da Fontanella. O que gostaríamos de saber E os motoristas desta empresa? De onde eles vieram? Lá as pessoas costumam se respeitar? Por que eles se fazem donos da estrada? Dar ré ou passagem para algum veículo não faz parte da formação que a empresa dá a eles? Em relação ao pó, por que a Fontanella nunca cogita molhar a estrada? Não seria conveniente que o fizessem? O que queremos é o nosso sossego de volta Vamos tentar resolver amigavelmente. Se não adiantar, faremos manifestações e veremos até aonde teremos que ir. Tudo para ter a nossa qualidade de vida de volta! Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL 9 SAÚDE Programa Mais Médicos também em Santa Rosa de Lima A partir do mês de março, a população do nosso município passou a se beneficiar de mais essa política pública do Governo Federal. Nos últimos seis meses, o Mais Médicos distribuiu quase dez mil profissionais pelo interior do Brasil e pelas periferias das capitais. Lançado em julho de 2013 pela presidente Dilma Rousseff, o programa prevê a vinda emergencial, por três anos, de profissionais do exterior. Nesse período de funcionamento do Mais Médicos, o Datafolha constatou que 14 milhões de brasileiros, ou 10% de toda a população com mais de dezesseis anos, foram atendidos por algum médico estrangeiro. Organizações cartoriais ligadas à profissão no Brasil, como o Conselho Federal de Medicina, questionam tal opção. Dizem que o aumento, que julgam sem critérios, da oferta de médicos não é capaz de resolver os problemas do SUS. O Ministério da Saúde, por outro lado, afirma que 80% dos problemas de saúde no país podem ser resolvidos com atenção básica. Satisfação por ter médicos estrangeiros Juntamente com o Minha Casa, Minha Vida e o Pronatec, o Mais Médicos é um programa estratégico do Governo Federal que atende aos municípios brasileiros de forma republicana. Ou seja, não importa o partido que esteja à frente da prefeitura, os interesses e as necessidades da população são postos em primeiro lugar. O Ministério da Saúde considera essa ação fundamental porque dos mais de 370 mil médicos que atuam no país hoje, apenas 34 mil atuam como médico de família e servem nos postos de saúde. A meta do Governo Federal é ter 50 mil médicos nessa área, para ter pelo menos um médico de família para cada três mil habitantes a fim de suprir a demanda dos pacientes do SUS, que está em torno de 150 milhões de pessoas. Segundo pesquisa de opinião realizada pelo instituto de pesquisa da Folha de São Paulo, 67% dos brasileiros se declaram favoráveis à presença de médicos estrangeiros no país. Agora, há uma forte possibilidade de que os pouco mais de dois mil habitantes de Santa Rosa de Lima passem a ter a mesma posição, com o trabalho da médica cubana Marilin Mayeta Govea. Exclusivas Para tratar da chegada do programa e da médica ao município e para ajudar nossos leitores a se posicionarem neste debate cheio de controvérsias, o Canal SRL solicitou uma coluna exclusiva ao Dr. Murilo Leandro Marques. E para falar da medicina em Cuba, conseguiu entrevistar com exclusividade, por internet, o jovem brasileiro Otávio Dutra, que finaliza seu curso na Escola Latino Americana de Medicina, em Havana, capital daquele país. segue 10 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL segue Promoção da SAÚDE - ESPECIAL Murilo Leandro Marcos Bem vinda Marilin! Santa Rosa de Lima tem gente nova na saúde. No dia 14 de março, a nova médica foi apresentada ao município. A cubana Marilin Mayeta Govea foi contratada pelo programa Mais Médicos, do governo federal. Junto dos mais de vinte anos de experiência na profissão, Marilin deverá apresentar aos santarosalimenses a visão humanista e de grande qualidade técnica da medicina cubana. É importante destacar que os cubanos compreendem a saúde exatamente como está escrito na Constituição Brasileira de 1988: como um direito universal. Nas condições de profissional da medicina que já atuou em Santa Rosa de Lima e de colunista do Canal SRL, desejo um ótimo trabalho para a colega Marilin. Creio que pode ser mais um passo para que a Capital da Agroecologia “cultive” também, com atenção e cuidado, saúde e qualidade de vida! Seja muito bem vinda Doutora Marilin! E conte com meu respeito e com meu apoio! Para celebrar essa chegada especial e para esclarecer o santarosalimense sobre o Programa Mais Médicos e sobre a medicina cubana é que, atendendo à solicitação da Editora O ronco do Bugio, escrevi esta coluna também especial. Mais médicos... E tome cubano! “Os cubanos já atendem uns 35 milhões de brasileiros em uns 6 meses de programa. Que sirva de lição à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) que, em 100 anos, não fez muito mais do que ignorar o médico generalista e a Atenção Primária à Saúde e ensinar os médicos formados a nutrir um desprezo por essas duas áreas. [...] Na ânsia de copiar a “alta tecnologia americana”, [os professores de medicina da USP] esqueceram de estudar o alfabeto que começa sempre com a letra A de Atenção Primária à Saúde e de acesso. E tome cubano! Eles merecem todo respeito. Não tem culpa de nada. Nós somos responsáveis pelas nossas mazelas.” É assim que Gustavo Gusso, professor de medicina da USP (Universidade de São Paulo) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, compreende a importância da vinda de médicos estrangeiros para trabalhar nas periferias e no interior do país, pelo programa Mais Médicos. O Mais Médicos surgiu como uma das respostas do governo federal às manifestações ocorridas em junho do ano passado. As multidões de brasileiros que foram às ruas em muitas cidades, exigindo saúde e serviços públicos de qualidade, expressam a necessidade e a possibilidade de novos pactos sociais, que privilegiem o interesse público e não os interesses econômicos. O Programa do governo federal Lançado em 8 de julho de 2013, o programa faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS, com o objetivo de ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país e acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde. Os profissionais do programa recebem bolsa de R$ 10 mil por mês e ajuda de custo pagos pelo Ministério da Saúde. Os municípios ficam responsáveis por garantir alimentação e moradia aos selecionados. Médicos brasileiros e estrangeiros Como definido desde o lançamento do programa, os médicos brasileiros têm prioridade no preenchimento dos postos apontados e as vagas remanescentes são oferecidas aos estrangeiros. O Brasil tem perto de 400 mil médicos e forma aproximadamente mais 15.000 a cada ano. Em média, possui 18 médicos para cada 10.000 habitantes. Esse índice é menor do que em outros países, como a Argentina (32), ou Portugal (40) e Espanha (40). A título de ilustração, Cuba tem mais de 60 médicos para cada 10.000 habitantes. Além disso, o país sofre com uma distribuição desigual de médicos nas regiões: 22 estados estão abaixo da média nacional. “Existem brasileiros que nunca tiveram acesso a um médico. E quando tem, só pagando”, relata Augusto César, médico brasileiro formado em Cuba. Santa Catarina, por exemplo, tem 15 médicos por 10.000 habitantes, ao passo que no norte do país há entre 6 e 9 médicos para cada dez mil pessoas. Praticamente todos os médicos brasileiros possuem um ou mais empregos. Trabalham em média 42 horas por semana e ganham, aproximadamente, R$ 8.500,00 por mês, o que os coloca no topo de rendimentos entre as profissões de nível superior. Público X Privado O dado mais marcante, no entanto, é que 67% dos médicos trabalham no setor privado. Tal constatação apresenta talvez o problema elementar da saúde no Brasil: a subordinação do setor saúde à lógica de mercado. Sabemos que a assistência à saúde é dependente de todos os trabalhadores da saúde (e não somente de médicos) e de sua capacidade de produzir um cuidado de qualidade. Contudo, é consenso entre os gestores que, entre todas as categorias profissionais da saúde, os médicos são os profissionais mais difíceis de prover nos serviços públicos. A população também reconhece esse problema quando responde a pesquisas que o principal problema do SUS é a falta de médicos. Deficiências da estrutura pública As más condições de estrutura e trabalho no setor público de saúde explicam em parte o fato dos médicos optarem por trabalhar no privado. Soma-se a falta de um plano de carreira para o trabalhador do SUS. Assim a média brasileira de médicos por habitante (18/10.000) esconde uma distorção: médico até tem, mas, como é preciso pagar, “só pra quem pode”. O Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Atenção Básica, tem buscado sanar parte dessas deficiências estruturais. São mais de 3 mil novas Unidades de Saúde e mais de 20 mil reformadas, ampliadas e informatizadas. Houve a inclusão das Equipes de Atenção Básica para a população de rua. Ampliou-se o número de municípios que podem ter os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Serão implantados mais de 4 mil pólos da Academia da Saúde. Está ocorrendo a universalização do Programa Saúde na Escola (PSE). São, assim, muitas as medidas estruturantes. A mais polêmica delas tem sido, sem dúvidas, o Programa Mais Médicos. Os primeiros resultados são positivos Mesmo com toda controvérsia nesses seis primeiros meses de programa, os números mostram resultados iniciais positivos: 14 milhões de brasileiros já foram atendidos pelos médicos do programa, sendo que 69% das pessoas atendidas por médicos estrangeiros considerou o atendimento como ótimo ou bom. Treze mil médicos espalhados pelo Brasil. Cento e noventa e oito, por Santa Catarina Em março deste ano, após a quarta etapa do Mais Médicos, o programa contabilizou mais de 13.000 médicos. Atualmente, Santa Catarina conta com 198 profissionais (176 estrangeiros), distribuídos por mais de 50 municípios. Doutores cubanos e medicina cubana Os médicos formados em Cuba são 11.400 (ou 82% do total de treze mil). E, mesmo sendo o grupo mais numeroso, os cubanos ainda sofrem muitas críticas. Grande parte delas surge de preconceitos e de desconhecimento sobre a medicina daquele pequeno país (leia Depoimento Especial). Coragem e desprendimento Entendo que a vinda dos médicos estrangeiros é uma medida pontual e imediatista. Ela deve ser acompanhada de outras iniciativas complementares. No entanto, emergencialmente é a melhor maneira para resolver a falta de médicos, principalmente no interior e nas periferias das grandes cidades. Como é sabido, poucos médicos abrem mão das condições de vida dos centros urbanos e/ou da alta remuneração que neles podem obter para ir para pequenos município rurais. Os médicos contratados pelo programa do governo federal têm tido coragem e desprendimento pouco exercitados pelos médicos brasileiros há muito tempo. Por trás desse fato, há uma questão que é pouco comentada: uma das grandes motivações dos médicos brasileiros é ganhar dinheiro. Saúde é direito de todos; o que fazer? É preciso entender a urgência de ter médicos em todas as regiões carentes do Brasil. Também é preciso pensar no futuro do SUS. Porque esses são pontos essenciais para a efetivação da saúde enquanto um bem universal, o que quer dizer como direito que não se pode negar a ninguém, ou como um bem a que todos devem ter acesso. Por isso, é fundamental aumentar o gasto federal na saúde. Hoje, ele representa 3,8% do Produto Interno Bruto e se defende que ele chegue a 10%. Ao mesmo tempo, é indispensável retirar os incentivos e as renúncias fiscais aos planos e seguros privados de saúde. O desembolso das famílias com planos privados, remédios e outros serviços equivale a 4,8% da renda nacional. Além disso, há a necessidade de ampliar as vagas nos cursos da saúde e formar mais profissionais com perfil ético e humano, dentro da lógica do SUS, integrados às Redes de Atenção à Saúde, de forma a garantir a integralidade e universalidade da assistência. Por fim, da mesma forma como várias profissões carecem, há necessidade urgente da criação de um Plano Nacional de Cargos, Carreiras e Salários para os trabalhadores do SUS. Do que a saúde precisa? Que os médicos brasileiros, os políticos e os gestores tenham a mesma coragem e ousadia que muitos médicos estrangeiros têm demonstrado. A saúde precisa “de Mais”! Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Depoimento Especial COMUNIDADE RIO SANTO ANTÔNIO Mariléia Torquato | Carol Rodrigues Beleza sem igual Para apreciar lindas paisagens e belezas naturais não há necessidade de se distanciar de Santa Rosa de Lima. Pelo contrário, precisa é interiorizar-se mais por este nosso pequeno, mas magnífico município. Turistas que já percorreram o mundo afirmam: “nunca estive num lugar tão lindo”. O destaque mais que especial nesta paisagem toda é, com certeza, nossa imponente Serra Geral. Grande, bela, senhora, emoldura este cenário suntuoso em que nossas vidas acontecem. Otávio Dutra é brasileiro e está terminando seus estudos de medicina em Cuba. Direto de lá, por internet, ele fez um retrato da medicina cubana para o Canal SRL. Transformações Em Cuba, desde o triunfo popular de 1º de janeiro de 1959, conhecido como Revolução Cubana, o panorama da saúde no país modificou-se completamente. Ao mesmo tempo em que se edificava uma nova forma de organização social – com coletivização dos meios de produção, do trabalho, das riquezas e do poder – se transformava profundamente o padrão de saúde e doença do povo cubano. Resultados Passados cinquenta e quatro anos, hoje Cuba é indiscutivelmente uma potência nas áreas da medicina e da biotecnologia. Sobre a primeira, basta dizer que tem os melhores indicadores de saúde de nosso continente. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a mortalidade infantil é de 4,6 por cada mil nascidos vivos (no Brasil está em 15,7 para mil nascidos) e a expectativa média de vida ao nascer é de 78,9 anos (no Brasil, é de 73,4 anos). Cuba hoje é considerada, por um estudo da organização britânica Save the Children [Salvem as crianças], como um dos melhores países para a maternidade do mundo (o melhor da América Latina), pelo seu exemplar programa materno-infantil e pelos direitos garantidos à mãe e à criança. Na área da biotecnologia, mesmo sendo um país de apenas 11 milhões de habitantes (para lembrar, o Brasil tem mais de 200 milhões), pobre em recursos naturais e bloqueado economicamente pelo maior e mais sanguinário império já existente na humanidade, produz mais de 80% dos medicamentos que consome, exporta medicamentos e vacinas para mais de 50 países, desenvolve pesquisas de ponta nas áreas de câncer, células tronco, úlcera diabetes, catarata, vitiligo e HIV/AIDS; para resumir alguns dos avanços técnicocientíficos na área da saúde. Modelo de saúde padrão exportação E como se não bastasse, Cuba exporta esse modelo de saúde para o mundo. Isso é feito através de missões médicas em territórios devastados por desastres e epidemias na Ásia, África e América Latina. Destaque-se que essas ações de solidariedade interna- 11 cional tiveram início nos primeiros anos que seguiram a Revolução Cubana e nunca foram interrompidas. A exportação do modelo de saúde também é feito pela formação de profissionais de saúde em todos os continentes, principalmente pela Escola Latino Americana de Medicina – ELAM. Hoje são mais de 30 mil médicos cubanos colaborando em missões internacionalistas e um contingente de mais de 20 mil estudantes de 116 países estudando em Cuba. A grande maioria deles nas áreas da saúde. Formação em medicina em Cuba O ensino de medicina em Cuba busca uma formação integral dos profissionais da área, fundamentada na saúde como direito universal e não negociável, na atenção integral e na solidariedade entre os povos. Para isso, ela equilibra um alto nível de preparação técnica e científica, em todos os níveis de atenção em saúde, com a formação de valores humanos e princípios. Atuação dos médicos cubanos Ainda que existam quase trinta mil médicos cubanos fora do país, não existe sequer um consultório de saúde de família (unidade básica de saúde cubana) em que o médico atenda mais de 300 famílias. No Brasil, não seria fato incomum encontrar um só médico atendendo três ou quatro mil famílias em uma Unidade Básica de Saúde. Para se ter uma ideia das diferenças entre o sistema de saúde brasileiro e o cubano, basta analisarmos que em Cuba há um médico para cada 148 habitantes, enquanto que a média do Brasil é de um médico para 555 habitantes. Com a diferença que aí no Brasil eles estão distribuídos caoticamente. No Rio de Janeiro, é de um médico para 295 habitantes; e no Maranhão é de um médico para 1.638 habitantes. Vale ressaltar que no Brasil, diferentemente de Cuba, a assistência à saúde não é igual para todos. Isso faz com que essa relação entre médico e número de habitantes fique ainda pior se considerarmos que a maioria da população não pode pagar por serviços privados de saúde, onde estão mais de dois terços dos médicos, e dependem exclusivamente do SUS. Cultivando amizades No último final de semana de março, um grupo de amigos do Santo Antônio e do município de Anitápolis, resolveu “fazer” uma trilha pelo pé da Serra. Montados em seus cavalos, o grupo resolveu visitá-la e vê-la de baixo e de perto. A realização de encontros deste tipo sempre foi o sonho dos irmãos Jeferson, Tiago e Jean Steffens e, a cada dia, mais se consolida. Os objetivos são cultivar as tradições e valorizar o campo e a simplicidade. A palavra de ordem neste grupo de cavaleiros é amizade e companheirismo, valores que não podem se perder com o tempo. Durante a trilha pequenos gestos e atitudes dos cavaleiros, independente da idade, mostraram esse caráter. Cavalgada pelas Encostas da Serra Geral. Impressões Quem participou do passeio voltou mais que satisfeito. A avaliação é de que foi um momento de profundo lazer e de convívio respeitosos entre homens, cavalos e o meio ambiente. A sensação de praticar uma relação de verdadeira amizade, coisa tão rara atualmente, também foi mencionada. Segundo os cavaleiros: “A paisagem do lugar é tão linda que se soubessem, muitos dariam tudo pra vê-la de perto”. E se redimem: “Nós a temos aqui tão perto e não a valorizamos”. São Marcos junto a Santo Antônio Com aproximação da festa em honra a São Marcos, que acontece no seu dia, 25 de abril, o santo padroeiro de nossa paróquia visitou todas as comunidades de Santa Rosa de Lima. No dia 23 de março, a imagem veio para nossa comunidade, acompanhada pelos moradores de Nova Esperança. Após a celebração da santa missa, todos se confraternizaram no salão comunitário em torno de um delicioso jantar, com risoto, sopa e saladas. São Marcos permaneceu em nossa igreja até o dia vinte e cinco. Foi a nossa vez de levá-lo, agora para a comunidade de Santa Bárbara. Lá participamos da missa e depois fomos agraciados com um saboroso café oferecido pelos moradores daquela comunidade. Estas visitas foram muito divertidas e interessantes, pois promoveram o encontro das pessoas pela fé. Gostaríamos de apresentar nosso mais sincero agradecimento à comunidade de Nova Esperança, que veio nos visitar, e à comunidade de Santa Bárbara, que nos acolheu tão bem. Muito obrigado! Que São Marcos e Santo Antônio os protejam. 12 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE Os antigos diziam, esse é o Solo alemão. Mas é só mais uns que sabem. Na entrevista para produzir esta sessão da edição anterior, Seu Renato Vandresen mencionou um grupo de quatro idosos que jogava Solo, nas tardes das quintas feiras, “na parte de baixo do salão velho”. Pareceu interessante ao Canal SRL que houvesse, ainda, “resistentes” que davam prosseguimento a esse jogo de cartas que foi tão importante no lazer dos homens nos primeiros tempos da Santa Rosa. Primeiro, localizamos o “encarregado” do grupo, Bertino Wiemes, que nos explicou que suas funções se resumem a ter uma cópia da chave da sala onde jogam e assegurar o baralho. Procuramos saber a composição do grupo e as idades de seus membros: “Somos eu, que tenho 73; meu irmão Huberto, com 80; o Aluísio Heidemann, 78; e o Gabriel Roecker, 89”. Fomos informados, ainda, que Huberto vem do Rio dos Índios, onde mora, com o transporte escolar e passa a manhã na casa de Bertino. Normalmente, jogando uma caixeta, os dois aguardam o almoço. Que é servido cedo, para que eles possam estar no salão velho às 12h30min, momento em que chegam os outros dois. Propusemos, então, uma conversa com o “encarregado” e seu irmão na quinta seguinte e que, depois disso, fossemos ao local do jogo para acompanhá-lo. A proposta foi aceita e é o resultado desse convívio que procuramos apresentar a seguir. A preparação Nove e trinta da manhã, horário combinado para a chegada à casa do mais jovem do quarteto. Nunca tinha notado, logo no comecinho da subida para a prefeitura, aquela construção recuada e simpática, feita de madeira de lei como eram todas as de antigamente. Bertino e Huberto já estavam “garrados numa caixeta”. O acolhimento é caloroso. Além dos dois, Dona Alvina – esposa de Bertino – está presente com sua energia, suas falas, o bolo tradicional aprendido com a mota tcheca, os biscoitos, o chazinho e até o bitter de receita própria. Eles têm pressa em discorrer sobre o jogo. O meu pedido é para que, primeiro, falem um pouco deles próprios. Seu Huberto é nascido na “praça”. Morava com os pais e trabalhava na roça: “era lavoura, engenho de farinha, engenho de cana...” Depois, quando se casou com Leopoldina, comprou uma terrinha no Rio dos Índios e foi morar lá. A propriedade ficava perto da de um irmão dele, casado com uma irmã da esposa. Ele tinha “achado” Leopoldina Henck na comunidade de Anta Gorda, município de Anitápolis, numa festa de comunidade. Bertino esclarece: “O primeiro baile no salão de lá, fomos nós que tocamos”. Como assim? Pergunto. “Nós tínhamos um conjunto”. Huberto tocava cavaquinho. Bertino era bamba no pandeiro. Alvina afirma que “ninguém faz um tamborilado no pandeiro como ele faz”. O Fredolino era o gaiteiro. Mas, quan- A caixeta matinal entre os três irmãos Wiemes é só para esperar o Solo da tarde. do precisava, Huberto também “puxava a gaita”. Na aproximação com a pretendida, além da festa, ainda tem a história do cunhado que empreitou construção de uma atafona na casa dela e o jovem Huberto deu um jeito de entrar na equipe. “E ela gostou do serviço e de quem fez o serviço”, diz ele rindo. Seu Bertino teve um início de vida parecido. Mas, foi solteiro para o Rio dos Índios: “porque o falecido pai comprou terra, ele também, pra nós, lá em cima, no Rio dos Índios. Aí, fui, indo... Depois, busquei a Alvina, na comunidade de Santa Maria, vizinha à Anta Gorda”. Alvina diz, rindo, que “os ‘Wima’ eram contratados pra tocar os bailes por lá, e aí... Foi numa festa de padroeira de agosto... Depois da festa, ele veio atrás de mim, veio pro meu lado e ‘fez o carete’.” Perguntada sobre o que era isso, ela explica: “O rapaz vinha atrás da moça... Acompanhava a moça, conversando... E ia até uma altura do caminho com ela. Era quase a largura da estrada, um de cada lado, cada um numa beirinha” [risos]. Assim, era o primeiro namoro”. Seu Huberto completa, também rindo: “Aí a moça convidava o rapaz para passear na casa dela. Aí, tinha um uma caixa ou um baú na sala e os dois sentavam ali, pra namorar, com a família circulando...” O gosto pelo Solo O jogo, eles aprenderam com o pai e os irmãos mais velhos. Um com dez anos, outro com doze. “O Solo se jogava em casa. Domingo à tarde não tinha outro divertimento. O pai chamava e o ‘pau pegava’...” “Fora, jogava na casa dos outros. Uns iam visitar os outros para jogar Solo. Domingo de meio dia, todo mundo almoçava e ia em casa de um vizinho ou de outro, passear. Se era um lugar mais longe já ia sábado de tarde ou domingo de madrugada. As famílias se visitavam na- Seu Huberto Wiemes. quele tempo.” “E aí jogavam... Tudo junto, velhos e jovens. Os mais velhos ensinavam os mais jovens. Por isso, muita gente jogava Solo”. Lembram que quando foram morar no Rio dos Índios, “só quando vinha algum parente, dava um Solo. Ou vinha visitar os parentes da praça, só para jogar” Os colegas do tempo de praça também se visitavam lá no interior. Porque lá não tinha parceiro para o Solo. Lá a maior parte era de ‘brasileiro’ e não sabia jogar o Solo. Eles jogavam pife. Dos que moravam lá, só o falecido Pedro Picker, que trabalhava nas terras dos Westphal, jogava Cabeça de carneiro e Solo. Depois, ele faltou e acabou... Quando, lá no interior, não teve mais gente pra Solo, aí a gente começou a jogar canastra”. Os irmãos Wiemes afirmam que, apesar disso, “o gosto pelo Solo ficou, porque é o melhor jogo”. Perguntamos por que. Huberto responde rapidamente: “Porque é um divertimento tão bom!”. E Bertino completa: “O divertimento mais alegre que tem é o do Solo. Porque tu jogas em quatro e toda vida não é o mesmo parceiro. Depende do jogo, muda o parceiro.” E, de novo, Huberto esclarece: “Se eu tenho Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Roecker diz com uma ironia no canto dos lábios: “Ih, pra aprender, só jogando”. Acompanho o jogo e as contínuas batidas que eles dão com os nós dos dedos na mesa quando largam uma carta “mais forte” e puxam para si a “Stich” (vaza). O parceiros de cada quinta, mantendo uma tradição. uma pergunta, eu tenho que chamar um Ás. Só que, dos outros três, eu não sei quem tem esse Ás. Só depois de jogado... Aí sabe quem é o parceiro”. A pergunta, pelo que entendi, é anunciar o naipe que é trunfo e o naipe do Ás que definirá o parceiro. Os quatro resistentes: “Solo” no subsolo No salão velho, a reunião de cada quinta dos idosos. Nesta vez, parece que não tem conjunto e baile. Mas o movimento é grande. Na passagem que leva ao subsolo, o ruído característico de crianças no pátio do Núcleo. Uma porta entreaberta. Vozes de homens que falam o tempo todo e um barulho frequente de nó de dedo batendo em madeira. Entro, procurando não atrapalhar. É um espaço grande. Ao longo das duas paredes que não têm janelas, velhas carteiras escolares, umas de pernas para o alto apoiadas sobre outras em posição normal. Aquelas casinhas usadas para a loteria do coelho nas festas de igreja repousam, também amontoadas, ao fundo. No canto, tambores com faixas verdes e amarelas. Provavelmente da fanfarra, para o sete de setembro. Ao lado, um velho armário. Nada na parede com muitas janelas, por onde a luz tênue de uma tarde nublada invade o ambiente. Bem no centro dessa ampla sala que tem um piso frio de cerâmica, em torno de uma mesa redonda sob duas lâmpadas fluorescentes que lembram um rabo de porco, cinco homens sentados. Quatro têm um leque de cartas às mãos e sorrisos matreiros nos rostos. Um deles pita um palheiro. Eles me dizem que estão se divertindo. E transmitem esse sentimento. À frente de cada um, muitas moedas de dez centavos e uma ou outra de um real. Eles explicam: “é para o caso raro de um tudo anunciado”, que paga R$ 1,60. Na maioria do tempo o que se vê são dez ou vinte centavos passando daqui para lá e de lá para cá, conforme se ganha ou se perde. Dizem que o dinheiro também é só para se divertir e lembram que quando jogavam nas famílias, nas tardes dos domingos, as “moedas” eram grãos de feijão. Todos se orgulham de terem vivido da roça. E alguns de ainda trabalhar a terra. Explico que vim para ver o Solo. Gabriel Tentando entender o jogo O Solo é jogado com “as folhas de sete para cima”. Jogando em quatro, cada um recebe oito cartas. A Kreuz Dame (dama de paus) é a “Velha”, a carta mais forte. Depois, vem o sete do trunfo anunciado na pergunta. A terceira é a “Bastiona”, que é a dama de espadas. No restante, o valor das cartas vai caindo do Ás até o oito. O nome parece vir das situações em que um dos jogadores joga sozinho (Solo) contra os outros três. Para ganhar, tem que fazer cinco vazas. Tento seguir os lances, mas me perco constantemente. Comento que o jogo tem muitas variações. Eles me explicam que a formação dos parceiros depende da “pergunta”, que é feita pelo “mão” ou por outro, se este passa, podendo chegar até ao “pé”. Da mesma forma a força das cartas que cada um recebeu, vai depender da pergunta anunciada. Por exemplo: “Paus é trunfo e Ás de Copas”. E tem ainda o einmol (uma vez), o sweinmol (duas vezes), o “bater cego”... E o “solo branco”, anunciado no começo do jogo, quando não há nenhuma figura entre as oito cartas recebidas. Aluísio Heidemann, sem perder sua concentração no jogo que tem às mãos, comenta: “Como se diz, é um jogo cheio de frescura. E aí é que está... O cara pode estar meio estressado, mas passou a jogar o baralho que já sai tudo”. A fala é seguida quase de um coro dos outros três: “É divertido!” Bertino, em seguida, considera: “É um jogo cheio de mistério”. Idioma Comento que havia pensado que eles falassem mais alemão durante o jogo. Sorriem e me dizem que, na verdade, quando estão sozinhos é o que fazem. “Falavam As histórias ouvidas ao longo da conversa fazem pensar Refletir sobre as recordações que eles têm do período em que eram solteiros e jogavam Solo na igreja velha. “Depois que a igreja mudou, a antiga virou um salão. Ali, era bastante jogador. A juventude... os casados...” Da mesma forma, a forma a que se referem aos “antigos que eram medonhos para jogar Solo: o Henrique Siebert, o Antônio Schmidt, o Henrique Heidemann, o Adolfo Vandresen, o Gregório Heidemann...” Lembram que o Henrique Siebert era reinador: “quando começava a perder, reinava”. O Antônio Schmidt também era reinento... O falecido Becker, também... E que o falecido Henrique Heidemann gozava deles todos dizendo: “Vocês é que não sabem aproveitar as cartas. Ganham o mesmo tanto de cartas e não sabem aproveitar... O Henrique Heidemann era medonho...” [risos] Os falecidos Adolfo Vandresen e Gregório Heidemann são lembrados porque gostavam de blefar. “Não tinham o Ás da pergunta e jogavam o trunfo”. Faziam isso para enganar os outros três e fazer o Solo, ou seja ganhar sozinho. E confirmam: “A história que o Renato contou no jornal era assim mesmo. A turma passava a noite jogando a luz de querosene e amanhecia com as caras pretas. Nós, uma vez, lá no Rio dos Índios, jogamos um dia e uma noite. Chegaram uns parentes lá, sábado ao meio dia. Nós fomos lá e começamos a jogar. E fomos até o domingo, às quatro horas da tarde. Só dava umas paradas para comer e continuava pra frente. Passamos a noite toda. A querosene também. Botava duas lâmpadas de querosene, uma em cada ponta da mesa, encima duma coisa mais alta, uma latinha... e o pau pegava. Tomava uma caipirinha. Naquela época, cerveja não... As mulheres, era o papo delas... E os homens era o Solo. Era o maior divertimento”. segue 13 português” por minha causa. Para que eu entendesse. Agradeci, constrangido, e pedi que então fizessem algumas rodadas em alemão. Pareceu-me que, com a mudança de “língua”, o ritmo do jogo passou a ser outro. E até que o prazer deles em jogar era muito maior. São quatro! Permaneço ali, com o gravador ligado, acompanhando. A bateria da filmadora já tinha acabado. Fico pensando... São quatro os jogadores de um jogo que se joga em quatro ou em seis. Hoje, excepcionalmente, há um quinto jogador e solidariamente houve um arranjo. De forma rotativa, quem dá as cartas não participa da rodada. Assim, todos jogam. O quinto, Rodolfo, mais um dos irmãos Wiemes, não é um parceiro frequente. Na maioria das vezes prefere dançar no salão de cima. Por isso, está meio enferrujado no jogo. O quarteto demonstra que é compreensivo e acolhedor. Ouso perguntar aos quatro: e quando um de vocês faltar? Quase em coro vem a resposta: aí vai acabar! Explicam que os filhos e os mais novos não quiseram aprender. Que já tentaram formar novos jogadores, mas não tiveram sucesso. Fazem a ressalva de que “no Rio Bravo Alto, muita gente ainda joga. No Rio Bravo Baixo, também. E no Rio Areia tem jogador”. Lembram também que na praça tem uns que jogam, “mas preferem dançar no grupo dos idosos. Porque, quem joga não dança...”. E Bertino diz em tom quase religioso: “Porque o Solo no meio daquela turma toda, com aquele barulho, não dá! O Solo é uma coisa calma...” Comento o que Dona Alvina havia me dito pela manhã: “Barulha, né? Bate na mesa, quase quebra a mesa... Quando faz um tudo, quase quebra a mesa...” E Huberto recorda: “Hoje não faz mais tanto. Antigamente, os velhos ficavam com os dedos inchados de tanto bater na mesa [risos].Hoje não é mais tanto, mas naquele tempo era um soco que quase quebrava mesmo a mesa”. Esse conjunto dá uma forte ideia de que algo está se perdendo. São tempos e conhecimentos que se vão. Nossos jogadores acham “uma pena”, afinal “é um jogo que veio da Alemanha com nossos antigos”. Huberto lembra do tempo que sua comunidade tinha sessenta e poucas famílias. “Hoje, tem seis. Não dá nem vinte pessoas. Foram saindo... saindo”. Tudo isso deveria nos fazer pensar. E quem sabe resistir. Como esse quarteto, que lamenta o desinteresse dos jovens. 14 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL segue PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE Gabriel Roecker Aluísio Heidemann Enquanto puder... Seu Gabriel me diz, com uma voz cheia de energia e de orgulho: “Sou o homem mais idoso do município”. Lembro a ele que o entrevistado da edição anterior do Canal SRL logo vai fazer noventa. Ele rebate de pronto: “O Renato? Um mês e dezoito dias depois de mim. Sou o mais velho”. Pergunto sobre o jogo: “Os antigos diziam, esse é o Solo alemão. Mas é só mais uns que sabem. Tem alguns que sabem, mas aqui é só mais nós quatro. Eu nem me lembro mais quando aprendi. Mas faz tempo... [risos] Eu já era adulto e aprendi com a turma que jogava. Eu tenho dois rapazes mais novos, mas aqueles não querem aprender. O meu irmão jogava, com nós aqui... Mas ele já faleceu. Eu vou jogar enquanto puder. Não sei quando vou morrer, mas não tenho nenhuma pressa”. Aprendizagem Eu aprendi com o meu pai, Henrique Heidemann. Esses que o Renato falou no jornal, os antigos, jogavam muito na casa do meu pai. Porque o sogro do Renato morava lá perto no Rio dos Índios... Mata Verde. Aí jogavam o Henrique Heidemann, o Alberto Becker, o Henrique Siebert e o Antônio Schmidt. Eram os quatro vizinhos. E um dia faltou um e foi quando eu aprendi a jogar com eles. Botaram na mesa e aprendi na marra. Eu ia observando. Eles iam dizendo... E eu logo aprendi. Eu tinha uma base de dezessete, dezoito anos. E desde aquela época eu sei jogar. Naquele tempo Alvina Zezulka Wiemes Na Santa Maria, onde nós nos criamos e eles foram buscar nós – eu e minha irmã, que somos esposas desses dois irmãos – lá era só começar o baile e não demora já tinha alguém com um revólver e pow e pow e pow... E outros já pulavam a cavalo e paravam o cavalo em pé. A gente era solteiro tudo no mesmo tempo. Eles e o outro meu cunhado Evaldo, irmão do falecido André Wiggers, iam lá e os rapazes de lá ficavam sapateando atrás deles. Ficavam brabos. A gente perguntava pra eles por que eles provocavam. E eles diziam: Ah, porque os rapazes de fora não tem nada que vir tirar as gurias daqui. Naquele tempo um casal de namorados não podia dançar duas marcas a fio juntos. A comissão das festas não aceitava. Ela podia dançar uma marca com o namorado e a seguinte tinha que dançar com outro rapaz. Se dançasse duas seguidas, quem era da comissão da festa já vinha e botava ela pra rua. Se ela negasse uma marca pra outro – podia ser velho, feio, barbudo, como fosse – se chegasse, tirasse a moça pra dançar e ela não fosse, ela era botada pra rua. E em todo lugar era assim. E o rapaz podia reclamar. Podia dar queixa pra comissão, que eram os fabriqueiros da festa. No dia 10 de maio, completamos 1 ano. Valorizando nossa terra, nossa cultura e nossa gente. Canal SRL e Gemüse Fest, tudo a ver! Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL ANO 1 - Nº 10 • Edição Mensal - Abril/2014 • Jornal da Criança de Santa Rosa de Lima - A Capital da Agroecologia 15 • Distribuição gratuita. Venda Proibida. CARTILHAS NOSSO AMBIENTE NESTA EDIÇÃO, CONTINUAMOS A PUBLICAR AS CARTILHAS QUE TÊM FEITO TANTO SUCESSO ENTRE OS NOSSOS LEITORES. NÃO CUSTA LEMBRAR QUE ELAS SÃO ESCRITAS E DESENHADAS PELO TALENTOSO ALEXANDRE BECK E SÃO PUBLICADAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL E PELA FATMA. NESSE MÊS, NOSSAS PÁGINAS CENTRAIS TRAZEM DUAS DELAS. “UMA PISTA PARA A NATUREZA” INVASORAS A PRIMEIRA SOBRE É SOBRE CORREDORES ECOLÓGICOS. TEMOS CERTEZA QUE VOCÊ SABE QUE SANTA ROSA DE LIMA É UM IMPORTANTE CORREDOR ECOLÓGICO. AS ÁREAS NATURAIS DO NOSSO MUNICÍPIO SERVEM PARA CONECTAR AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DE SÃO JOAQUIM E DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO TABULEIRO. ASSIM, PRECISAMOS TRATAR BEM A NATUREZA POR AQUI PARA EVITAR QUE PLANTAS E BICHOS DA MATA ATLÂNTICA DESAPAREÇAM. OU SEJA, QUE ESPÉCIES SEJAM EXTINTAS PORQUE NÃO ESTAMOS FAZENDO A NOSSA PARTE EM CUIDAR DA NATUREZA. A SEGUNDA CARTILHA É SOBRE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS. EM NOSSO MUNICÍPIO, PRECISAMOS PENSAR ESPECIALMENTE NA FLORA, OU SEJA, NA DIVERSIDADE DE PLANTAS. UMA PLANTA QUE NÃO É NATIVA DO BIOMA (VER BOX) PODE SE TORNAR INVASORA E CAUSAR GRANDES DANOS ÀS ESPÉCIES NATURAIS DO LOCAL. EM SANTA ROSA DE LIMA, PRECISAMOS PENSAR SOBRE O PLANTIO CRESCENTE DE PINUS E EUCALIPTO, QUE SÃO ESPÉCIES EXÓTICAS. O PINUS É UMA PLANTA ORIGINÁRIA DA AMÉRICA DO NORTE (CANADÁ E ESTADOS UNIDOS) E O EUCALIPTO É DA AUSTRÁLIA. VOCÊ JÁ DEVE TER OBSERVADO COMO NAS ÁREAS DE PLANTIO DESSAS ESPÉCIES EXÓTICAS HÁ UMA GRANDE PERDA DE BIODIVERSIDADE. QUASE NÃO HÁ OUTRAS PLANTAS E OS ANIMAIS E PASSAROS PRATICAMENTE DESAPARECEM. VAMOS PENSAR SOBRE ISSO? BIOMA: É UMA UNIDADE BIOLÓGICA OU UM LUGAR (ESPAÇO GEOGRÁFICO) CARACTERIZADO DE ACORDO COM O CLIMA, OS ASPECTOS DA VEGETAÇÃO, O SOLO E A ALTITUDE. ÁGUA: UM BEM QUE DEVE SER USADO DE FORMA RACIONAL NO DIA 22 DE MARÇO, FOI COMEMORADO MAIS UM DIA INTERNACIONAL DA ÁGUA. ISSO ACONTECE DESDE 1993, DEPOIS DE UM ENCONTRO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE REALIZADO NO RIO DE JANEIRO, EM 1992 – A ECO92. A ÁGUA É UM RECURSO NATURAL ESCASSO, FINITO E CADA VEZ MAIS IMPORTANTE PARA OS HABITANTES DO NOSSO PLANETA. POR ISSO, NOSSO MUNICÍPIO É “RICO”. AFINAL, DIZEM QUE AQUI TEM MAIS NESCENTES QUE HABITANTES. É PRECISO, ENTRETANTO, CUIDAR DESSAS NASCENTES. É NECESSÁRIO PRESERVÁ-LAS. SENÃO, LOGO, LOGO, PERDEREMOS ESSE TESOURO. PORQUE AS NASCENTES PODEM DESAPARECER. ÁGUA E ENERGIA NESSE ANO, A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) DEFINIU QUE AS CELEBRAÇÕES DO DIA INTERNACIONAL DA ÁGUA DEVERIAM GIRAR EM TORNO DO TEMA “ÁGUA E ENERGIA”. EM SANTA ROSA DE LIMA, ISSO NOS FAZ PENSAR SOBRE AS MUITAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELETRICAS (PCH) CONSTRÚIDAS AQUI. E SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS QUE ELAS ESTÃO TRAZENDO SOBRE A VIDA DO NOSSO RIO BRAÇO DO NORTE E SOBRE AS VIDAS DAS NOSSAS COMUNIDADES E DAS NOSSAS FAMÍLIAS. DISCUTA ISSO NA ESCOLA. CONVERSE COM OS COLEGAS E COM OS PROFESSORES. 16 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL 1 2 3 FIM Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL 1 2 3 FIM 4 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL 15 Meine Meinung Minha Opinião Wilson Feijão Schmidt Desde a última edição, esta humilde coluna de opinião teve a demonstração clara que também é lida pela atual mesa da Câmara de Vereadores. E agradece a preferência. Afinal, depois de ter juntado as palavras impressas neste espaço, dois dos seus ocupantes fizeram, durante os trabalhos daquela casa, menções ao que conseguiram entender. Uma nem merece ser comentada. Por tão ridícula! Para a outra, é bom fazer esclarecimentos. Infelizmente, como essa Câmara é “meia boca” e não se consegue sequer a gravação de uma reunião que deveria ser pública, vamos ter que reconstituir a fala do nobre edil pela memória de alguns bons ouvintes. Que me afirmaram, inclusive, que a manifestação foi baseada em anotações feitas em uma folha de caderno, não se sabe escritas por quem. A fala do presidente “Já que temos aqui o editor do ‘O Ronco’, eu gostaria de fazer um pedido. Não é uma crítica. É um pedido. Porque tem um colunista que no ano passado debateu muito sobre esta casa. [...] E agora ele voltou a chamar as nossas lideranças de bode, de hiena, de peixe e até de pinguim manco. [...] Convido ele para vir nessa casa para dar esclarecimentos sobre isso”. Leitura ou raciocínio mancos Cortei dois trechos. O primeiro porque não tinha nada de relevante. O segundo, para não repetir a associação, completamente infeliz e simplória, que o membro da mesa da Câmara fez entre pinguim manco e uma determinada pessoa. O bullying é dele! Já que se ele tivesse lido bem a coluna veria que, primeiro, não me referi especificamente a nenhum lugar. Eu escrevi: “A leitura desta obra literária (A Festa do Bode) torna impossível não se lembrar de certos ‘Chefes’ de municípios espalhados pelo Brasil”. Se vestiram a carapuça, o problema não é meu. Segundo, porque eu descrevi as características de um Chefe. Ele manda, intimida ou constrange tanto que extirpa dos homens o livre-arbítrio. Ora se pinguim manco era apelido para Chefes, como estaria eu fazendo referência a alguém que não manda nada e que, ao contrário, foi bastante marginalizado até há pouco? Os bichos e os possíveis apelidos Pinguim manco: a ideia inicial era usar pato manco. Como se sabe, esse termo é usado para um chefe de executivo que fica em posição politicamente enfraquecida devido ao término iminente de seu mandato. Desta forma, pato manco não seria associado àqueles Chefes de municípios espalhados pelo país que, por exemplo, não puderam se candidatar por serem fichas suja. E que precisam, hoje, ocupar uma boquinha em uma ou outra secretariazinha. Além disso, em geral é difícil achar um Chefe de municípios espalhados pelo país que pareça muito com patos. Com pinguins, nem tanto! (ver imagem). Peixe: Por que não? Tem Chefe de municípios espalhados pelo país que poderia ter a alcunha de Bagre, porque é liso; de Robalo, porque se você vacilar ele vai fazê-lo; ou de Traíra, porque é traíra. Hiena: Só acha que não há Chefes de municípios espalhados pelo país que poderiam ser apelidados de hienas aqueles que não conhecem as hienas. São bichos que comem merda, mas vivem rindo. São predadoras de extrema habilidade e crueldade. Relegadas ao segundo plano na hierarquia da caça, esses animais também se fazem de vítima. As hienas só se unem na hora de caçar, mas brigam quando vão repartir a carniça. Vivem em bando, mas é só aparência. No final das contas, a hiena bem-sucedida é aquela que tem o monte de merda só para ela. As hienas são egoístas e vivem o seu dia como se fosse o último. Elas têm uma disposição incrível para aproveitar os momentos de fraquezas dos outros. São capazes de matar e comer vivo a própria líder. Talvez seja o único mamífero que se alimenta de sua própria espécie. Ao pé da letra É de se estranhar que a coluna tenha sido interpretada como foi. É como se eu tivesse escrito que o Chefe “come com os olhos” e o nobre edil solicitasse que eu fosse à Câmara explicar porque eu disse que fulano ou sicrano tem uma deficiência na boca. Bastaria pensar um pouco para se dar conta de que se trata de uma expressão popular que significa comer uma quantidade superior àquela necessária para passar a fome. Mas, é preciso ser capaz de pensar... Quanto ao convite para ir àquela casa Grato pela solicitação para que eu vá à Câmara. Irei sim. Apresento apenas algumas condições, simples e normais em uma democracia. Irei quando puder gravar e fotografar ou filmar as sessões. Irei quando todos os vereadores tiverem atendidas solicitações de acesso aos registros de som e às atas das sessões, de modo a poder exercer plenamente os mandatos que receberam de seus eleitores. Irei quando não se anunciar mais o chamamento de claques, para aplaudir ou vaiar no plenário. Em suma, irei quando a Câmara deixar de ser, “bonitinha, mas ordinária”, para usar o nome de uma peça de teatro de Nelson Rodrigues. Não é uma crítica. É um pedido. Senhor Presidente, eu escrevi neste mesmo espaço que o senhor é um homem de sorte. “Afinal, sua gestão será comparada com a anterior, que foi marcada por um cumprimento muito pobre das importantes tarefas do poder legislativo municipal (legislar e fiscalizar), pela falta de transparência, pela postura antidemocrática e, de forma geral, pela mediocridade”. O meu pedido é para que o Senhor não faça o que parecia impossível: ser ainda pior! Mais livros e animais Neste mês, li outro livro. Ele também me fez pensar em certos lugares do Brasil. O autor agora é brasileiro: Antônio Olavo Pereira. E o título da obra é Marcoré. Publicado pela primeira vez em 1957, o livro retrata, pelo olhar do dono do cartório local, o dia a dia de uma pequena cidade do interior de São Paulo. Na edição da Arqueiro, de 2013, na página 174, pode-se ler: “Uma Câmara presidida por um jumento dessa ordem, que não sabe ligar duas frases! Lugar infeliz! É por isso que não vamos para diante”. Fique bem claro que o personagem fala de uma pequena cidade do interior de São Paulo, em 1957. E não seria só por isso que não se vai para diante... Frase do mês “Quando alguém diz ‘sobre mim, só podem falar o que eu quero’, temos um problema sério. Essa ideia é incompatível com a sociedade democrática”. Maria Celina D’Araújo, Cientista política, Professora da PUC-RJ 16 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Anote aí ! Espaço d’Acolhida Cleuza e Remir Boeing Pousada Boeing 14ª Gemüse Fest Estão abertas as inscrições para o Concurso de Rainha e Princesas da 14ª Gemüse Fest. A ficha de inscrição, o termo de concordância e responsabilidade, assim como a autorização dos pais e responsáveis – para candidatas com menos de 18 anos – e cópia do regulamento do concurso, podem ser baixados diretamente no site da prefeitura (www.santarosadelima.sc.gov. br). O concurso será realizado no dia 11 de Maio [domingo]. A casa onde hoje funciona nossa pousada foi construída há mais de trinta anos pelos pais de Remir, Seu Silvestre e Dona Vitória. Recentemente nós a restauramos com recursos do Projeto SC Rural e começamos a receber turistas. Queremos que nossos visitantes desfrutem da nossa vida no campo, da nossa cozinha colonial e das belezas naturais que estão a nossa volta. Nossa pousada tem quatro quartos, sala, cozinha, dois banheiros e uma varanda, estando localizada na cabeceira do Rio do Meio, mais precisamente no conhecido Morro dos Roecker, no caminho que leva a Anitápolis. Ao gosto do turista Nossa pousada é especial para quem está em busca de privacidade. Ela é alugada com exclusividade para pequenos grupos. Deixamos nossos hóspedes bem à vontade. Quem quiser participar das atividades diárias com nossa família poderá nos acompanhar. Mas quem preferir ficar longe desses afazeres, pode curtir o descanso na casa, pescar no lago ou tomar banho na cachoeira. também, mais a frente, à Pousada Vitória e, seguindo um pouco mais, até a agroindústria onde é beneficiado o mel, principal produto de nossa família. Trilha e atrações A pousada possui uma bela cachoeira que propicia banhos deliciosos. A trilha que leva à queda d’água leva Leve para casa Novos visitantes podem adquirir no local, para levar para casa, muitas dessas especialidades da roça. Produção agrícola Além do mel, há uma produção bastante diversificada. Criamos galinhas, ovelhas, vacas de leite, porcos, peixes orgânicos. E cultivamos aipim, batata, milho e verduras. Contato Acolhida na Colônia Central de Reservas e Informações Fones: (48) 3654.0186 / 9627.9380 Email:[email protected] Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL 17 18 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Rede AGRECO COMUNIDADE NOVA FÁTIMA Alexandre Oenning Bittencourt | Valesca Weber Peregrinação de São Marcos Nesta edição, trataremos exclusivamente de um evento religioso inovador e que gerou grande mobilização. A ideia partiu dos Padres Pedrinho e Marcelo e foi vista como uma forma de promover a interação entre as famílias de toda a nossa Paróquia. Eles propuseram que a imagem de São Marcos, padroeiro da Paróquia de Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima, peregrinasse por todas as igrejas católicas existentes nas comunidades dos dois municípios. Encontros de fé A peregrinação começou no dia 9 de março, quando a imagem do santo foi levada de sua igreja Matriz até a gruta Nossa Senhora de Lurdes, em Rio Fortuna. Lá foi realizada a missa marcando o início da romaria. Na noite desse mesmo dia, o santo veio para Santa Rosa de Lima, trazido pelos moradores de Rio Fortuna. Aqui, foi recepcionado calorosamente pelas famílias de nossa comunidade na igreja de Nossa Senhora de Fátima. São Marcos permaneceu ao lado de nossa padroeira durante uma semana e, no dia 15 de março, fizemos o traslado da imagem até a vizinha Rio Bravo Baixo. Registramos e agradecemos aqui àquela comunidade pela maravilhosa recepção que tivemos. De volta a Santa Rosa de Lima, naquele mesmo dia 15, a imagem passou a percorrer as demais igrejas do município. Em cada comunidade, a chegada de São Marcos era marcada com a celebração de uma missa. Os visitantes que acompanhavam a imagem eram convidados pela comunidade anfitriã, para um jantar ou um almoço de confraternização. Destacamos aqui o clima de fé, alegria e comunhão entre as famílias e as comunidades. O bom filho a casa torna Santa Rosa de Lima já se despediu da imagem de São Marcos. Neste mês de abril, ele continua sua peregrinação. Agora, pelas comunidades de Rio Fortuna. No dia 25, dia de São Marcos, um grande encontro está marcado para a volta da imagem a sua igreja matriz. Ela sairá da comunidade de São Maurício, às nove e meia da manhã. Quando chegar a Matriz, será recepcionada pelas imagens de todos os santos e santas padroeiros das igrejas por onde passou. Convite Todos estão convidados para esta grande celebração em honra ao padroeiro São Marcos. A missa solene será celebrada pelo bispo da diocese de Tubarão, Dom João Francisco Salm. Volnei Luiz Heidemann | Adilson Maia Lunardi Assembleia Geral No dia 26 de março, a Agreco e a CooperAgreco realizaram sua Assembleia Geral Ordinária. Os trabalhos se iniciaram com uma apresentação das atividades realizadas em 2013. Em seguida, foram debatidos e aprovados os encaminhamentos sobre a reorganização da estrutura administrativa. Finalmente, um momento de congraçamento e reconhecimento: a entrega a cada associado dos diplomas de produtores orgânicos da Rede Agreco. Nosso desempenho e nossos desafios O faturamento da Cooperagreco tem evoluído ao longo dos anos. A comercialização em supermercados tem sustentado um crescimento acima de 10% ao ano. Os sinais do mercado são de que, para continuar ampliando suas vendas e a presença nas prateleiras dos diferentes circuitos de comercialização, os associados da CooperAgreco precisam realizar investimentos nas suas agroindústrias. Por isso, a partir deste ano, um projeto de ampliação será implementado para aumentar a capacidade de processamento e a variedade das linhas de produtos. Histórico de vendas dos últimos quatro anos: 2010 R$ 1.881.009,00 2011 R$ 2.736.615,00 2012 R$ 3.853.570,00 2013 R$ 4.222.736,00 Nossos números: Mantendo os princípios de transparência e de bom relacionamento com os associados e com a sociedade em geral, apresentamos publicamente nossas contas e resultados. Prestação de contas 2013 – CooperAgreco Item Faturamento bruto total Pagamentos aos associados Taxa Administração* Devoluções Contratos Clientes Custo de Transporte Repositores Impostos Representantes Comerciais Salários + Encargos Despesas Administrativas Saldo Dezembro 2013 Celebração com a presença da imagem de São Marcos na Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Valor (em Reais) 4.229.736,15 2.747.969,39 42.297,36 89.780,16 120.503,14 318.835,43 40.119,34 280.123,54 90.738,80 290.862,50 207.496,56 1.009,94 (%) 100 65 1 2,1 2,85 7,5 1 6,6 2,1 6,9 4,9 * Do total das vendas da CooperAgreco, 1% é repassado para a Agreco para a manutenção da marca Agreco. Prestação de contas 2013 – Agreco ITEM SALDO INICIAL CRÉDITOS DÉBITOS SALDO FINAL VALOR (em Reais) 6.883,00 41.521,58 46.158,67 2.245,91 Detalhamento dos Débitos: ITEM VALOR (em Reais) Honorários da Contabilidade 2.421,11 Ressarcimento despesas e diárias da Coord. 6.096,64 Energia/água 495,45 Placa Identificação Escritório 1.380,00 Encargos Sociais 1.267,76 Salário / faxina 8.534,79 Outros 365,00 Cartório 468,00 Assinatura de jornal 600,00 Impostos da Cooperativa Aliar 8.434,67 Custos do Centro de Formação 589,40 Pagamento de prestação de serviços 14.000,00 Despesas com assessórios para caminhão 1.050,00 Alimentação Assembleia 2013 455,85 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL 19 Família SRL Adolfo Wiemes COMUNIDADE RIO BRAVO Soube que apesar do Canal SRL sair nos primeiros dias do mês, esta coluna tem sido lida ao longo de todo o período que antecede a chegada da nova edição. Por isso, agora em abril, optei por chamar atenção para o mês seguinte, que eu considero especial. Afinal, no segundo domingo de maio é comemorado o dia das mães. É também o mês de Maria, Nossa Senhora, Mãe das mães, Rainha e Modelo de todos os cristãos. É, por isso, o período das Orações Marianas. É um momento especial para lembrarmos o extraordinário amor de Maria, a mãe de Jesus e mãe nossa, que jamais abandona seus filhos em suas necessidades. Peço, assim, que meus queridos leitores se preparem para maio. Amor e instinto de mãe O Caro leitor e a cara leitora conhecem a história de uma festa de Bodas em Caná da Galiléia (Jo 2,111). Jesus, sua mãe e os discípulos foram convidados. Maria, sempre atenta às necessidades de seus filhos, percebe que o vinho havia terminado e que a festa certamente perderia a alegria. Então, diligente como toda a mãe que ama a seu filho, aproxima-se de Jesus e simplesmente diz: “Filho, eles não tem mais vinho”. E, apesar da resposta lacônica de Jesus – “Minha hora ainda não chegou”, Maria se dirige ao mestre de cerimônia e lhe diz: “Façam tudo o que ele mandar”. É que Maria sabia como toda boa mãe sabe que o amor de filho jamais deixará de atender a nenhum apelo de mãe, por mais velado que ele seja. O instinto de mãe, jamais se engana, assim como o recíproco amor do filho, jamais deixa sem resposta a expectativa de uma mãe, quaisquer que sejam as circunstâncias do momento. Não se recorre em vão Maria é chamada “onipotência suplicante”. Isto significa que ela obtém de Deus tudo o que pede para seus filhos pelos méritos de Jesus. Um santo disse que jamais ouviu dizer que alguém tenha recorrido a Maria em vão. De fato, quem a invoca não fica sem ser, em tempo, socorrido por ela. Sem dúvida, é daí que nasceu este novo modo de o cristão dizer: “Peça à Mãe que o Filho atende!” Corpo de gente ao verbo Os cristãos tem um amor muito grande a Maria e por justas razões. Nenhum cristão vê em Maria uma deusa nem a põe em pé de igualdade com Deus. Quem pensa o contrário dos cristãos se engana. Ela é criatura como todos nós. Os cristãos a veneram com um amor especial por ser ela a Mãe de Cristo. Ela foi escolhida por Deus para dar um corpo de gente ao verbo que se encarnou em seu seio por obra do Espírito Santo. Eis o que, em resumo, significa o mistério da Encarnação: o verbo se encarnou para que Deus pudesse ter um lugar na terra e para que o céu pudesse caber no coração do homem! Razão maior Nas bodas de Caná, Maria apenas comunicou ao Filho: “Eles não tem mais vinho”. Aos serventes. Porém ela mandou: “Fazei tudo o que ele vos disser!”. Quem fez o milagre foi Jesus. Certo! Mas o milagre teria acontecido se Maria não tivesse dito nada a seu Filho? Sem dúvida, há uma razão mais forte para amarmos Maria: ela nos deu Jesus e, solidária conosco, deixou que ele fosse sacrificado na cruz. Depois de tanto e de tamanho amor, não pode haver nenhum outro bem que ela não queira obter para nós. Então, veja, fica bem que eu lhe diga: Ame a Maria! Devoção verdadeira Mas invocar Maria sob todos os títulos, multiplicar promessas, fazer-lhes romarias e recitar mil orações e ladainhas etc., tudo isto não é o que basta para alguém ser verdadeiro devoto de Maria. O verdadeiro devoto de Maria faz o que ela disse aos serventes nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser!”. Isso implica fé, obras, testemunho e serviços. Numa palavra, isso significa vida em Cristo para a glória do Pai. Karla Folster | Júnior Alberton | Ana Paula Vanderlinde Transporte escolar A partir de 1998, com a nucleação das escolas isoladas, que nossos alunos passaram a enfrentar o transporte escolar e duras viagens a cada dia. Muitos, para chegar à escola, precisam percorrer longos trajetos até o centro de Santa Rosa de Lima. É o caso, em especial das crianças e adolescentes que vivem no Campo do Rio Bravo. Gratuito e de qualidade A lei assegura o direito de todos os estudantes dos ensinos infantil fundamental a terem acesso ao transporte escolar gratuito e de qualidade. Quer seja de ônibus, van, metrô, barco, trem ou, até, bicicleta, todo estudante da Educação Básica que mora em área rural ou distante de sua escola tem esse direito. Repetimos: transporte gratuito e de boa qualidade. Analisamos que aqui na comunidade do Campo do Rio Bravo parece que esse direito passou a ser esquecido no que se refere à qualidade. Era assim... Ficou assim... Até o final do ano letivo de 2012, o transporte escolar do Campo do Rio Bravo era realizado por uma empresa particular contratada pela prefeitura. O veículo, uma van, cumpria as normas do INMETRO e atendia a todos os requisitos para transporte de alunos. Depois do início das atividades escolares de 2013, esse transporte passou a ser realizado por uma Kombi da prefeitura. O motorista particular é contratado pelo poder executivo municipal. Tal mudança foi marcada por interesses políticos e pelo pagamento de promessas de campanha e geraram – e geram – descontentamento. O fator principal é a preocupação dos pais e familiares dos estudantes, pois a segurança das crianças ficou bastante comprometida. As condições da Kombi O veículo que faz o transporte dos alunos da linha do Campo do Rio Bravo não possui cintos de segurança para os alunos. A porta por onde embarcam e desembarcam os alunos tem um equipamento de “segurança” especial: uma corda. Amarrada no interior do veículo, é ela que impede a porta de se abrir. Alguns bancos não possuem encostos. Várias vezes, alunos se machucaram com algum parafuso exposto dentro do veículo. As roupas ficam manchadas de graxa e poeira, que ficam acumuladas dentro da Kombi. Como se não fosse o suficiente, nota-se que, diversas vezes, alunos estão com partes do corpo – mãos, braços e cabeças – para fora da janela. Isso só aumenta ainda mais o risco de algum acidente. Conta-se, inclusive, que o motorista já deixou que alunos trocassem a marcha do veículo. E que, entre uma parada e outra, muitas vezes, a porta da Kombi já permaneceu aberta. Uma solução, urgente! Primeiro, houve a chegada de três ônibus novos, através do programa “Caminhos da escola”, do Governo Federal. Depois, mais recentemente, foi anunciada a chegada de mais um veículo pelo secretário municipal de educação, Rudinei Pacheco. Então, nós por aqui gostaríamos de saber: por que o transporte escolar na comunidade do Campo continua passando por este descaso? Onde está o transporte de qualidade discursado pelo secretário? Até quando continuará esse desprezo? Toda a comunidade espera, há mais de um ano, que a situação seja resolvida ou que haja algum posicionamento claro. Frente a esse quadro, só podemos dizer que continuamos na mesma: sem respostas e sem melhorias. Os pais e as crianças já não aguentam mais essa situação. Granizo... de novo! Na edição de fevereiro, noticiamos os estragos causados pelo granizo em algumas propriedades rurais, no fatídico 15 de janeiro. Menos de dois meses depois, na tarde do dia 8 de março, uma nova e mais forte tempestade destruiu as lavouras no Rio Bravo. Boa parte das plantas mal haviam se recuperado e foram outra vez destruídas pelas pedras de gelo. A tempestade durou apenas cerca de quinze minutos e foi acompanhada de ventos fortes e que mudavam bruscamente de direção. Foi destruidor! É preciso ser persistente! 20 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL SRL: Eu conheço e Valorizo! Alvaro Carrasco Lera Gerente da Associação País Românico – Espanha Sorte de conhecer Cada um de nós carrega na imaginação a imagem do paraíso. Do nosso paraíso! Ao longo da vida levamos na mente a imagem idílica de onde gostaríamos de viver para sempre. Para mim, desde pequeno, este lugar sempre foi vinculado às montanhas. Uma imagem construída, seguramente, pelas leituras da infância. Por isso, e por outras casualidades, vivo na Montanha Palentina, aqui na Espanha. Nosso paraíso imaginário vai mudando em função dos valores que vamos adotando em cada momento da vida, em função dos próprios conhecimentos que a vida vai nos trazendo. Provavelmente, por isso, acabamos tendo vários paraísos. Há mais de vinte anos, conheci Fátima Cruz. Ela foi a pessoa que me apresentou (e fixou em mim) as primeiras imagens do Brasil, de Santa Catarina, de Florianópolis e do seu entorno, e de Santa Rosa de Lima. Esta relação pessoal me levou pela primeira vez a estas terras, no ano de 1998. Depois, por motivos profissionais, voltei outras tantas vezes, como parte de atividades do Projeto de Desenvolvimento Rural País Românico. Foi assim que tive a sorte de conhecer com detalhes os projetos desenvolvidos neste território das Encostas da Serra Geral. E o prazer de encontrar as pessoas que os tornaram possíveis. Lamentavelmente não consigo lembrar de todas. Algumas delas, contudo, deixaram uma marca profunda em mim e guardam meu carinho e minha admiração. Entre elas, Wilson Schmidt, Marcos Ferreira, Silvia Zanol, Mariza Vandresen, Celso Heidemann e a Dida. Tempo e mundo distantes A primeira vez em que eu pisei por aquelas terras, vivi uma experiência que me mostrou um pouco da realidade social do território. Nosso carro “quebrou” na estrada e fomos socorridos por um desconhecido: o Sr. Weiss. Muito bondoso, esse homem nos levou, no carro dele, para Rancho Queimado. Ainda sou grato a ele. Tenho a lembrança da Festa do Morango, porque foi uma enorme surpresa. Impressionaram-me as apresentações culturais, as roupas típicas, o ambiente, as pessoas, a comida... Tudo evocava outro tempo e outro mundo distantes: a Europa do século XIX. Prosseguindo a viagem para o interior, conheci Santa Rosa de Lima. Lembro as imagens das comunidades distantes uma das outras, da água em abundância, da impressionante Mata Atlântica, da diversidade dos cultivos agrícolas. Era muito mais do que eu havia imaginado. Cooperação entre Montanhas Anos depois, como resultado do projeto de cooperação Eco Solidarie- dade entre Montanhas, tive nova oportunidade de conhecer, então com mais detalhes, as Encostas da Serra Geral e sua gente. Neste projeto participavam dois grupos espanhóis: um da Zona Central de Navarra e o nosso, do País Românico. A parceria era com as várias entidades que constroem o desenvolvimento sustentável nas Encostas da Serra Geral, especialmente a Agreco. Impressionaram-me, no decorrer das visitas que realizamos, as diferentes experiências, as propriedades rurais, os empreendimentos, as diversas entidades, o apoio das prefeituras. Olhando a paisagem, eu pensava: como foi enorme o esforço dos colonizadores frente às asperezas do território. Na prefeitura de Santa Rosa de Lima, vimos um painel com fotografias do início da colonização. Elas são muito eloquentes. Não é difícil imaginar as gigantescas dificuldades superadas pelas gerações que iniciaram a aventura de viver neste território. E, conhecendo a história europeia, meditei sobre o curto espaço de tempo – em torno de cem anos – em que se desenvolveram. Uma identidade Eu e meus colegas espanhóis pudemos ver em Santa Rosa de Lima a adaptação das propriedades ao meio ambiente. Pudemos conversar com agricultores que manejam sistemas de produção agrícola que funcionam de forma sustentável e integram elementos naturais. Para nós, foi um exemplo verdadeiro de boas práticas e de formação de identidade em um território. Destaco a harmonia com a paisagem, a integração dos cultivos, a diversidade de produção e, sobretudo, o alto nível de autoestima dos jovens locais. Neste aspecto, gostaria de destacar o trabalho do Cedejor e a impressão positiva que tivemos ouvindo os jovens e monitores daquele Centro. Para nós, compartilhar experiências diretamente com quem faz o projeto de desenvolvimento foi sumamente enriquecedor. A soma das iniciativas compondo uma ação articulada de desenvolvimento territorial no meio rural tem, sob o nosso olhar espanhol, alto valor demonstrativo. A Agreco e outras organizações integram experiências muito interessantes, como a Associação Acolhida na Colônia e a Cooperativa de profissionais de desenvolvimento sustentável. Impressionounos o importante número de pessoas envolvidas no projeto. Mais do que isso, a dedicação dessas pessoas, que vai muito além das obrigações institucionais. Refletindo sobre o nosso futuro As experiências de Santa Rosa de Lima nos exigem uma reflexão sobre conceitos que já trabalhamos, mas que devemos incorporar mais fortemente, nos próximos anos, em nossos territórios espanhóis. Isso, se quisermos avançar em nossa capacidade de criar e empreender de forma sustentável e solidária dentro do programa europeu de desenvolvimento rural. As visitas que fizemos a Santa Rosa de Lima foram, para nós, “um balão de oxigênio”. Tivemos ensinamentos que nos fizeram refletir sobre o futuro de nosso território aqui na Espanha: a sustentabilidade, a produção e o consumo responsáveis, as inovações e, sobretudo, a participação real das organizações sociais nos processos de desenvolvimento, somada a um papel protagonista assumido pelos jovens. Muchas gracias! (Muito obrigado) Por último, quero fazer um agradecimento especial às pessoas que tão generosamente nos ajudaram a conhecer com profundidade o território e sua gente. Sem a bondade e a paciência delas, nada disso teria sido possível. Foi uma experiência inesquecível. As imagens deste pequeno rincão no mundo ficaram para sempre guardadas. Com a certeza de que ele tem todos os ingredientes para ser o paraíso imaginário de muita gente. Muchas gracias às pessoas que cuidam dele e que contribuem para que seja conhecido por todos. 21 COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA Jaqueline Tonn Visita santíssima No dia 21 de março, recepcionamos em nossa comunidade a peregrinação da imagem de São Marcos, o santo padroeiro de nossa paróquia. Nossa comunidade vizinha, a do Rio do Meio, foi quem trouxe o santo até a Nova Esperança. A devoção de nosso povo foi proclamada com um missa celebrada pelo Padre Pedrinho. Depois das reverências a São Marcos, os presentes saborearam uma deliciosa janta preparada pelos moradores daqui. Peregrinação No dia seguinte (22 de março), nos despedimos da imagem de São Marcos e fizemos o traslado do padroeiro até a vizinha Santo Antônio. A peregrinação de São Marcos deve passar por todas as comunidades e o retorno para sua igreja matriz em Rio Fortuna está previsto para o dia 25 de Abril. Páscoa. Para celebrar a vida Passou o Carnaval. Acabaram o verão e o seu horário. Nesse tempo de calor, unidos como sempre, fizemos muitas festas. No carnaval, todo mundo caiu na folia. Agora, as aulas voltaram. É hora de sossegar, de voltar à rotina. Estamos na Quaresma, que é tempo de penitências, de reflexão, de conversão espiritual. É momento para rezarmos mais e irmos à igreja. A Páscoa logo vem aí. Ela não pode se resumir a lembrar da morte e do sacrifício de Cristo na Sexta-feira Santa. Deve, também, ser uma celebração de alegria e vitória pela ressurreição de Jesus. E, como em cada dia do ano, devemos agradecer a Deus pela vida e pedir a Ele que nos dê muita saúde, paz e felicidade. Que nossa fé seja revigorada pela certeza de que Cristo ressuscitou e está entre nós! Para pensar Valorizamos muito os acontecimentos dos últimos meses. Eles nos fazem refletir sobre as coisas que pensamos ou que fizemos. Precisamos sempre crer em Deus e torcer para que tudo saia como planejamos. A vida é feita de escolhas, mas sempre podemos mudá-las, para que tudo se torne mais fácil. Os obstáculos servem para nos testar. Nada é de graça. Precisamos batalhar por nossos sonhos. Assim, caro leitor, lute a cada dia para aperfeiçoar suas qualidades, pois são elas que te levarão às conquistas. Há situações que resumem a passagem de nossas vidas. Há variações de sentimentos, de emoções. Há alegrias e tristezas. O fundamental é que em nosso mundo podemos sonhar, brincar e realizar. Como será o amanhã? Ora, prever o futuro é difícil. O que podemos é pensar e refletir sobre nossa vida. Precisamos criar hoje o que desejamos ter no futuro. Para isso, é preciso parar alguns minutos, em cada dia, para pensar se o que estamos fazendo tem importância e para descobrir o caminho certo a seguir. Estação e paisagem Bem se vê que chegou o Outono. Ele chega como quem não quer nada, de mansinho. Mas já trouxe consigo um ar mais fresco, fazendo a transição do calor de verão para o frio do inverno. As quaresmeiras em flor, nesta época do ano, são espetáculos à parte. Todos os caminhos por onde passamos parecem enfeitados para nós, alegrando nossos dias. 22 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Educação COMUNIDADE SANTA BÁRBARA Rodinei Beckhauser Rumo ao Tetra A equipe de Santa Bárbara vem com tudo para buscar o título de tetracampeão no Campeonato Rural de Futsal. Jogando bem nas primeiras rodadas, nossos atletas têm conseguido resultados que aumentam a expectativa da torcida. Lutaremos para a conquista de mais uma taça. Fica o convite para todos os torcedores que prestigiem o campeonato e incentivem equipe da comunidade. As rodadas acontecem sempre domingo à noite no Ginásio Municipal Edson Bez Oliveira Filho, na praça. Festas, era tão simples... Talvez os mais moços nem saibam. Talvez alguns não se lembrem. Antigamente, as festas nas comunidades rurais eram mais ou menos assim: uma “churrasqueira” era feita no meio de um pasto e o almoço era servido em compridas mesas coletivas, montadas embaixo de barracões armados com lona. Tempos simples e bons aqueles. As festas eram bem mais divertidas. ...e está tão complicado Hoje em dia, enfrentamos grandes obstáculos para a realização de festas em nossa comunidade. E o problema não atinge só Santa Bárbara, mas cem por cento das comunidades rurais de Santa Rosa de Lima. Realizar uma festa está cada vez mais difícil. São alvarás, licenças e outras tantas exigências que acabam por impedir que as comunidades realizem seus eventos. Renda e vida Para uma comunidade ou uma igreja, as festas são as únicas fontes de renda. Assim, são as festas que permitem investimentos em benfeitorias e melhorias nas áreas de lazer dos habitantes do interior. Então, eu me pergunto: com as exigências cada vez maiores e com o rigor crescente, como vamos manter a vida nas nossas comunidades? Entre as exigências está a licença do Corpo de Bombeiros. Temos verificado que por um ou dois centímetros, a mais ou a menos, em uma porta, ela não é concedida. Há também o alvará sanitário, que exige tantas coisas e, na prática, impede que sejam preparadas nossas tradicionais refeições. Se exige, ainda, a contratação de equipes de segurança, o que aumenta os custos. Enfim, há uma infinidade de requisitos. Muitos dos quais que as comunidades não têm condições de atender. Sensatez Entendemos que normas de segurança são necessárias. Que temos que ter muito cuidado, sim! Mas olhemos a história das festas aqui na Santa Bárbara. As comidas preparadas e servidas por nossas motas, mães ou vizinhas nesses eventos nunca fizeram mal a alguém. Se teve gente que passou mal, foi porque não resistiu à delícia dos pratos e comeu demais. Da mesma forma, somos uma comunidade tranquila e nunca tivemos problemas graves de brigas ou com outros incidentes que colocassem em risco a vida das pessoas. Saudades Hoje, os mais velhos sentem saudades do tempo dos almoços em barracões de lona, dos bailes em salõezinhos apertados e a luz de lampião de querosene, ao som de uma boa e velha gaita. Penso que, logo, seremos nós a sentir saudades deste tempo de agora, em que ainda “tínhamos” festas na comunidade. O “passeio” de São Marcos Nos últimos dias, São Marcos, o padroeiro de nossa paróquia, tem visitado todas as comunidades do município. A imagem foi trazida para Santa Bárbara pela comunidade de Santo Antônio e foi recebida pelas famílias daqui ao entardecer do dia 25 de março. Esta peregrinação foi uma grande ideia, que tem agradado à todos. Por onde passa, a comitiva que acompanha São Marcos traz um convite para que, no dia 25 de abril, todos os santos padroeiros das comunidades estejam presentes na grande festa na igreja matriz de Rio Fortuna. Santo Antônio, padroeiro de nossa comunidade, já confirmou presença e estará na “casa” de São Marcos. Mais do que o lançamento de um livro, o reconhecimento de uma trajetória Os convidados, o local e a data do lançamento do livro “Municipalização: Democratização?” foram escolhidos com cuidado pelo seu autor: familiares, amigos e “companheiros de estrada”; a igreja da Santa Catarina; o dia internacional da Mulher. O professor santarosalimense Wilson Schmidt queria promover uma comunhão entre as pessoas que ama, estar no meio rural de que tanto gosta e homenagear as suas “inspiradoras”. Cerca de duzentas pessoas estiveram presentes e, mais do que o lançamento de uma obra editada pelo Núcleo de Publicações do Centro de Educação da UFSC, viveram, juntos, um grande encontro, com homenagens e muita emoção. Momento de homenagens No ato, pouco se falou do livro. Um estudo sobre o processo de municipalização da educação nos municípios de Santa Rosa de Lima e Anitápolis, que segundo Wilson Schmidt “refletiam, à época da pesquisa, as características da maioria dos municípios catarinenses”. Inicialmente, o professor preferiu homenagear pessoas importantes no caminhar dele, sempre com a entrega de uma orquídea “que logo dará flores”. Começou por suas professoras no “primário”, Dona Nelza e Tia Rosa, que estavam presentes e encheram a nave da igreja com seus ares de plena felicidade. Em seguida, as “professoras normalista regional”, Dona Valda e Dona Zita Schmidt, receberam uma demonstração da veneração que Wilson guarda pelos educadores. Da mesma forma, o professor manifestou seu reconhecimento às “colegas e companheiras de jornada” do Centro de Educação da UFSC, Olinda Evangelista e Vera Bazzo. Depois, destacou o trabalho de restauração da Igreja Santa Catarina, relembrou Odair Baumann e homenageou a família dele, representada por três gerações de mulheres: Dida, Paula e Maria Vitória. Lembrou também do papel que tiveram os “parceiros urbanos”, fazendo uma menção especial à Cida, que estava num cantinho, ao fundo da igreja que tanto ajudou a restaurar. As homenagens que seguiram foram para Sonia, em agradecimento ao colega de militâncias Miguel Ximenes, e a “Dona” Inês, esposa de seu grande amigo Egídio Lochs. Afirmou que estes dois casais são os grandes responsáveis pela realização da primeira Gemüsefest. Para um tributo às mulheres que inspiram e são encantos no sul, entregou uma orquídea para a presidente da “Encantos do Sul”, Marta Régis Fogaça. Ao final, tomou uma bela orquídea florida em suas mãos e chamou sua mãe. Agradeceu a ela pela luta, pelo carinho e pelo apoio constantes. Estendeu seu reconhecimento a toda a família, com uma palavra especial à irmã mais velha, que não pode estudar, para trabalhar a terra e garantir que todos os irmãos menores fossem à escola. Por último, relembrou “Seu” Tino, o pai já falecido, e uma história que julga especial: “No tempo em que éramos crianças, o pai comprou três bicicletas para que tivéssemos mais comodidade para ir e voltar à escola. E os vizinhos diziam: Fazendo essas extravagâncias, o Tino Schmidt vai é falir!” Celebração à vida O momento seguinte era para apresentar o livro que estava sendo lançado. A convidada para realizar essa tarefa foi a Professora Olinda Evangelista, também da UFSC. Uma vez mais, contudo, a publicação não ganhou o primeiro plano. Olinda pediu licença aos presentes, desculpou-se com o autor, mas disse que não apresentaria a obra, porque julgava que aquele momento deveria servir “para celebrar a vida”. Ela passou, então, à leitura de um texto bem humorado, que detalhava a “trajetória de lutas do amigo”. Um dos trechos da fala ilustra a emoção que ela provocou: (...) Wilson, meu querido amigo e, às vezes, impossível arranjador de serviços para os outros, creio que o que estamos celebrando é a vida. Essa que você viveu e que não admitiu, em nenhum momento, que lhe fosse tira- da. O encontro entre tantas pessoas que o amam, o afeto e as conquistas que partilhamos alegremente com você, a presença dos que lhe deram não apenas sangue e sobrenome, mas visão de mundo e capacidade de luta – como Seu Tino e Dona Ida, como seus irmãos, como seus amigos – é, para mim, de fato o que estamos celebrando. É a sua vida, mas também as nossas. São os seus acertos e desacertos, mas também os nossos. E se estamos comemorando a vida, desconfio, quase com certeza, que o encontraremos perto das vacas das Encostas perguntando a elas se seria possível levarem à escola pública da cidade um leite sem lactose! (...). Encontro especial Ao final, procurado pela reportagem do Canal SRL, Wilson Schmidt afirmou que “o mais marcante foi o encontro em si”. “Foi um dia muito especial. Primeiro, por reunir os familiares, amigos e parceiros do Projeto de desenvolvimento sustentável das Encostas da Serra Geral, aqui na comunidade de Santa Catarina. Segundo, por ser o dia internacional da mulher e serem elas que nos inspiram”. E com uma piscada de olho, fez questão de citar que as orquídeas entregues a elas, nas homenagens que fez, tinham sido “cultivadas e bem cuidadas pela Norma”, que havia sido tema da coluna Patrimônio em uma edição anterior do Canal SRL. Esse é o nosso Wilson... Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL ESTUDANTINA Rodrigo Eller cursa Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina. Concluirá sua formação em dezembro de 2014 e define, agora, os primeiros desafios da vida profissional. Com muito humor, ele nos faz pensar a partir de sua trajetória estudantil. pouco antes de querer fazer esse curso. Depois de concluir o ensino médio, influenciado talvez pelos radicalismos e teimosias da juventude, decidi que queria passar na “Federal”. Olhando retrospectivamente, acredito que foi um ato de autoafirmação, uma necessidade intrínseca de se provar útil pra alguma coisa. Bullying e esquecimento Lembro-me muito pouco da minha infância. Por isso, não raro, acredito ter problemas de memorização. É sério... Vivi grande parte dos meus primeiros anos de vida como uma criança qualquer, sem desvios de comportamento ou outras diferenças. Brincava com amigos, ia à escola, pedia frequentemente doçuras pros meus pais, falava palavreados. Simples assim, deixava a vida me levar. Pensando bem, talvez eu fosse um pouco diferente. Afinal, eu sofria “bullying”. O tempo todo! Não que isso me incomodasse demais. Mas, não tenho dúvidas de que, inconscientemente, isso repercutia na minha autoestima. Autoafirmação e desafios Ao longo do ensino fundamental, fui um aluno “meia boca”. Percebia que eu ficava amarrado em alguns exercícios. Volta e meia me via olhando a resolução de tarefas de alguns colegas. Obrigavame a perguntar pros colegas suas notas e confesso que ficava mal quando tiravam melhores. Era um comportamento que eu não conseguia evitar. Se eu não perguntasse, ficaria com aquela ideia martelando o dia todo. Nunca tive pretensões ambiciosas. Na realidade, queria viver a minha vida de maneira pacata e tranquila, sem muitas preocupações ou inconveniências. Nem cogitava Medicina. Só fui fazê-lo Incerteza, escolhas e prováveis pesos e azedumes Estive por três anos “de galho em galho”. E sempre estudando muito. Naquele período, desisti de dois cursos. E, sem exageros, cogitei cursar no mínimo umas quinze coisas diferentes: cinema, odonto, farmácia, engenharias, direito, contábeis, administração, economia, meteorologia... E a lista seguia. Sobrava incerteza, o que é comum pra um jovem à beira dos vinte anos. Creio que se não fosse essa obrigação que a gente tem de escolher a profissão “pro resto da vida”, numa faixa etária em que se é tão inexperiente, o trabalho não seria encarado com tanto pesadume. As pessoas, mais maduras, fariam escolhas mais sensatas e assim teriam mais prazer com suas atividades profissionais. Os piores – e os melhores – anos Quando você passa no vestibular pra medicina, você mal sabe a enrascada em que se meteu. Tudo é festa e descontração até que chega o desprazer da primeira noite em claro com a cara nos livros. Depois, a segunda, a terceira, a octogésima nona... Você faria qualquer coisa por uma hora a mais de cama, mas não adianta, a rotina árdua te chama. O engraçado é que todos os seus colegas sofrem junto com você, e isso de certa forma é um fator de alívio, pois você não está sozinho. É um Sintonize na sua rádio do coração CONFIRA NOSSA PROGRAMÇÃO www.santarosafm.wix.com/digital facebook.com/santarosa.delima “estar na merda” coletivo. Mas, felizmente, no final todos sobrevivem às maratonas do terror, com sete provas em cinco dias. Entrou na universidade, tem que aguentar. Estudantes de medicina não podem reclamar, tem que “engolir o sapo inteiro” e depois agradecer. Seis anos em um Parece que tudo começou ontem. Mas como diz o velho ditado, as aparências enganam. Nossa, quantos clichês! Isso não pegaria bem na redação do vestibular, mas ele já passou faz tempo... Então, continuemos: ao fim da graduação, você ganhou no mínimo quatro rugas, cinquenta fios de cabelo brancos e dezesseis anos de vida a menos. Sim, os seis de faculdade e mais dez de brinde. Afinal, velhas pesquisas dizem que a expectativa de vida do médico é dez anos menor do que a da população em geral. Mais desagradável ainda é você ter que ouvir aqueles comentários de que a vida de médico é boa. Boa só se for pra chutar o balde mais cedo. Pena que descobri isso só depois de entrar no curso... Brincadeiras à parte, o importante é gostar do que se faz. E, hoje, não me vejo trabalhando em outra coisa. Se não se gosta do que se faz, o ônus cai sobre a gente, não tem jeito. Agora é seguir em frente E assim a vida segue. O importante é encarar cada momento de dificuldade com um aprendizado novo pra amadurecer. Tem horas em que reflito se a medicina realmente vale a pena. Nestes momentos, me obrigo a pensar que o que é meu deve estar guardado em algum lugar. Afinal de contas, acreditar em algo é preciso. Viver sem rumo não dá! 23 COMUNIDADE MATA VERDE Kátia Vandresen | Ronaldo Michels Reivindicação produtiva Na edição de março do Canal SRL, relatamos a situação caótica das pontes de madeira aqui na Mata Verde. Ao fazermos isso, tínhamos a plena certeza de que estávamos desempenhando plenamente nosso papel de cidadãos e de correspondentes de nossa comunidade neste veículo de comunicação. Naquela mesma ocasião, também reivindicamos, às autoridades competentes, que tomassem devidas providências. Para nossa grata satisfação, nossa reivindicação foi atendida pela Secretaria de Obras do Município. Antes que um mal maior viesse a acontecer, nossas pontes começaram a receber as necessárias melhorias. Entendemos que o espaço que ocupamos neste jornal deve ser usado para contemplar os anseios e necessidades do nosso povo. Alguns, é claro, pensam diferente. Pilotos “da terra” Santa Rosa de Lima é reconhecida em todo o estado e no Brasil. E não só pela agroecologia. Também por ter excelentes pilotos de motocross. Tal imagem é fruto do trabalho e desempenho de Germano Vandresen (Botinha) e Eduardo Rosing (Dudu). Estes dois esportistas já conquistaram muitos títulos dentro desta modalidade que é pura adrenalina. Todos os santarosalimenses sabem que Botinha e Dudu são dois grandes pilotos e que poderiam ir bem mais longe, não fosse a falta de apoio local. Em função dos custos, eles não conseguem participar de muitas provas e competições. Trata-se de um esporte caro, que exige a aquisição e a manutenção das motocicletas, de inúmeros equipamentos de segurança; que implica em longas viagens, além da disponibilidade de tempo para os treinos. Mesmo assim, Botinha e Dudu já subiram centenas de vezes ao pódio. Inclusive em provas do Campeonato Brasileiro. E têm uma torcida afinada! Excelente iniciativa Acreditando no potencial dos pilotos já consagrados e também na formação de futuros campeões, o casal Solange e Robson, da Pousada EcoSol/ Estância Frio da Serra, resolveu inovar a sua já diversificada propriedade. Construíram, aqui na comunidade da Mata Verde, uma pista de Motocross/Velo Cross. “É para que os amantes desse esporte possam ter um espaço para competições, treinos, ou simplesmente pra se divertir. Além de ser uma solicitação de alguns pilotos e amigos, pensamos em mais esta atividade para incrementar os atrativos de nossa propriedade. Para isso, contamos com o apoio de alguns colaboradores”, diz o jovem casal. Que acrescenta pretender, no futuro, promover alguns eventos ou competições. Cem por cento Nossa comunidade está representada no Campeonato de Futsal do Meio Rural pela nossa equipe de atletas e pelos nossos torcedores. Estamos indo muito bem! Até agora, com três jogos disputados, é 100% de aproveitamento. Vamos lá craques da Mata Verde, em busca de mais um título. Vamos lá torcida, vestir nossa camisa e apoiar o nosso time do coração. Sempre pensando, contudo, que o esporte não é só competição e resultados. É um meio de integração, de se fazer amigos e de mostrar espírito de grupo e união de uma comunidade. 24 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Maratcha Edésio Willemann M&M Mentira Edson Baumann Parabéns a Madalena que completou mais um ano de vida. Os votos são de toda sua família e dos amigos. Com um abraço especial de sua neta Franciny. Os casais Aloísio e Bernadete e Gregório e Elma comemoram, juntos, suas bodas de ouro, no dia 5 de abril de 2014. Felicidades e muita saúde é o que desejam seus filhos, genros, noras, netos e amigos. Parabéns para nossa amiga Luciana Petry Siebert que, no dia 27 de março, esteve de aniversário. Toda a “galera do agito”, especialmente seu marido Robison (Xaveta) e suas filhas, desejam, para você, muitos anos de uma vida repleta de conquistas e alegrias! Alvina Wiemes Eller festeja mais um ano de vida no dia 14 de abril. As homenagens são de seu esposo, Paulo, e de seus filhos, Flávio e Fabiano. Desejamos felicidades e muitos anos de vida! Luiza Stüepp Heidemann fez aniversário no dia 23 de março. Os amigos e familiares desejam a você muitas felicidades. E sucesso, sempre! No dia 7 de março Dona Lucia completou mais um ano de vida. A homenagem é de toda a família, especialmente dos netos Milena e Carlos Eduardo que mandam um recado, “Vó, parabéns pelo seu aniversário, continue sendo essa pessoa maravilhosa que você é, te amamos muito!” E nosso colega de jornal, o colunista Ronaldo Michels, tem que fazer o emplacamento 2014. No dia 11 de abril, esse paizão, bom companheiro e profissional dedicado completa mais um ano de vida. Parabéns, Sola! Seus colegas, amigos e familiares desejam muito sucesso e muita saúde para você! Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Felicitações para Diana Feldhaus. No dia 10 de abril nossa querida amiga completa mais um ano em uma vida feita de muitas lutas e de várias conquistas. Mantenha-se firme. Sempre com esse astral maravilhoso. No dia primeiro de abril, a gatinha Eduarda Rodrigues (direita) completou doze anos. De seus pais, Jaime e Eliane, e todos os familiares: “Esperamos que você continue sendo esta menina educada, dedicada e que valoriza tanto sua família”. Uma grande saudação para nosso amigo Ivo Schmidt, que, em 23 de abril vai soprar muitas velinhas. Seus filhos Pedro e João Lucas e sua esposa Edna pediram para escrever aqui que você é muito especial. E uma penca de pessoas que te querem bem manda abraços. Orlandi Israel, nosso radialista campeão de audiência, comemorou mais uma ano de vida, no dia 28 de março. Alles Gute zum Geburtstag! (Feliz Aniversário!) Thiago Fortcamp completará mais um aninho de vida. Que tenha muitas alegrias! Este é o desejo de todos os familiares. Tia Silvana e tio Matheus mandam dizer que gostam muito de você e querem te ver sempre com muita saúde e feliz. Felicidades e muitos anos de vida Isalde Nack. A homenagem especial vem de sua filha Pérola. Nós, os amigos, “compartilhamos”. Felicidades e muitos anos de vida! 25 Luciana Pickler Philippi trocou de idade no dia primeiro de abril. Parabéns! Seu esposo e sua filha desejam muitas alegrias, saúde e paz! A melhor coisa do mundo é ter família unida e amigos por perto. Melhor ainda quando todos conspiram para uma festa surpresa. Felicidades à Nivaldo Roecker, que no dia 29 de março comemorou mais um ano de vida no dia. A festa foi animada com viola, gaita e muita cantoria. Sua família presta uma homenagem mais que especial. Erone Roecker comemorou duplamente no dia 8 de março o seu aniversário e o dia internacional da mulher. A homenagem é da filha Solange e do neto Djonathan. Felicidades! Ronaldo Carvalho completou dez aninhos no dia 23 de março. Sua mãe Zenita Schlickmann, envia um recado mais que especial: “Filho, você é o maior amor da minha vida. Por você existir, sou uma pessoa muito mais feliz. Te amo!” 26 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL PUBLICIDADE COMUNIDADE RIO DO MEIO Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel Lançamento do livro Nossa comunidade se sentiu muito honrada por ter sido a escolhida para sediar o lançamento do livro do professor Wilson Schmidt (leia matéria nesta edição). Como mulheres, também gostamos da homenagem que ele nos fez, ao escolher para este evento o dia oito de março: Dia Internacional da Mulher. O professor nos contou que suas escolhas foram estratégicas. Primeiro, para valorizar as comunidades rurais e, depois, para homenagear as mulheres; para ele: “as grandes inspiradoras do Universo”. Nossa comunidade agradece. E reafirmamos que estaremos sempre de portas abertas para ser palco de lindos encontros como este, que celebrem a vida, os amigos e o jeito simples do interior. Cerca de duzentas pessoas estavam presentes no evento e puderam, além de tudo, saborear um almoço delicioso feito por mulheres guerreiras. Um cardápio de comidas típicas, com: gemüse, arroz, aipim, saladas, frutas e sopa. Um destaque todo especial foi a galinha desossada e recheada, assada no forno à lenha. Professor Wilson, nossa comunidade está muito grata por sua consideração. Recepcionando São Marcos Recebemos por aqui a visita da imagem São Marcos, que está peregrinando por todas as comunidades do interior. Trazido pela comunidade da praça [Santa Rosa de Lima], a imagem chegou aqui no dia 16 de março, um Domingo, às vinte horas. Nossas famílias recepcionaram o santo padroeiro de nossa paróquia com fogos, balões e a celebração da missa na igreja de Rio do Meio. Após as homenagens ao santo, foi servido um risotão, acompanhado de uma deliciosa sopa de galinha caipira. São Marcos permaneceu ao lado de nossa padroeira Nossa Senhora Aparecida até o dia 21 [março], quando acompanhamos a imagem até a comunidade de Nova Esperança. Dia, mês, ano... das mulheres Estas colunistas da comunidade de Rio do Meio e Santa Catarina parabenizam todas as mulheres pela passagem do dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. Reforçamos que se este dia, simbolicamente, nos homenageia, precisamos lembrar e saber que “todo dia é dia da mulher”!. Parabéns às mulheres guerreiras. Principalmente para as da nossa comunidade. Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL 27 Esporte Total Ana Maria Vandresen Veteranos No mês de março a nossa equipe de Veteranos fez três jogos. Foram dois jogos fora, com dois bons empates: 2 X 2 com o Bragantino, em Rio Fortuna; e 3 X 3 com o Rio Bonito, em Braço do Norte. Na partida em Santa Rosa, os nossos “guris” não fizeram o dever de casa e tomaram 3 X 1 do Atlas. Espera-se que esses jogos tenham servido para desenferrujar as articulações e que os jogos de abril tragam bons resultados. EQUIPE RESULTADOS EQUIPE LOCAL TABELA PROXIMAS RODADAS DOS CAMPEONATOS MEIO RURAL E INDÚSTRIA E COMERCIO (PRAÇA) 5ª RODADA 06-04-14 (DOMINGO) Horário Equipes X Equipes 17:00 INFOCENTER X CONSTRULIMA Bragantino 02 X 02 Santa Rosa Rio Fortuna Santa Rosa 01 X 03 Atlas Santa Rosa 18:00 RIO DOS ÍNDIOS X RIO DO MEIO Rio Bonito 03 X 03 Santa Rosa Braço do Norte 19:00 NOVA FÁTIMA X MATA VERDE 20:00 RIO BRAVO ALTO X SANTA BÁRBARA 21:00 MERCADO HEIDEMANN X OPÇAO MODAS FOLGA AGUÁS MORNAS Santa Rosa na ADESC A Liga Esportiva ADESC dará início às competições das categorias de base no final de abril. Santa Rosa estará representada apenas no naipe masculino e tem jogo no dia 26. Todos os atletas dessas categorias estão sendo convidados para treinar. Os que já estavam participando das equipes e os que, neste ano, querem fazer parte do escrete e da CME. Os treinos acontecem às segundas feiras para a categoria sub 11; às terças feiras, para o sub 13 e o sub 15; e às quintas feiras para o sub 09. As meninas que tiveram interesse também podem treinar. Para elas as atividades acontecem às quartas-feiras para o sub15; e às sextas-feiras para o sub12. Sempre das 17:20 às 19:00hs. Campeonato do Meio Rural No último domingo o Ginásio Edson Bez de Oliveira Filho lotou. Muita gente foi prestigiar o Campeonato do Meio Rural. E foi premiada com jogos muito disputados. No primeiro confronto da noite, a equipe das Águas Mornas atropelou o time do Rio dos Índios. Antecipando a Páscoa, deu um chocolate de 6 x 1. O segundo jogo era dos “desesperados” e a “molecada” do Rio do Meio fez bonito e ganhou do Rio Bravo Alto pelo placar de 7 x 4. O último jogo da noite envolvia a Nova Fátima, que estava na briga pela liderança, e a Santa Bárbara. Não deu pra ninguém e o jogo acabou com um empate cheio de gols: 4 x 4. Na rodada, folgou a Mata Verde. A pontuação do Campeonato do Meio Rural ficou assim: Pontos 9 7 5 4 0 Campeonato Indústria e Comércio (Praça) O Campeonato “Indústria e Comércio” está sendo disputado por cinco equipes: Construlima, Opção Modas, AH Pinturas, Mercado Heidemann e Infocenter. Os jogos são disputados junto com aqueles do Meio Rural (Veja a tabela). Na última rodada, em um jogo apertadíssimo e em que a rede balançou muito a AH Pinturas ganhou da Opção Modas por 5 x 4. O jogo seguinte foi um verdadeiro confronto, com duas expulsões, mas de novo a rede não teve descanso. Foram oito gols: 4 para a Construlima e 4 para o Mercado Heidemann, sacramentando o empate. A equipe da Infocenter ficou na arquibancada, sacando os segredos dos adversários para buscar a recuperação nas próximas rodadas. Com estes resultados, a pontuação do Campeonato Indústria e Comércio (Praça) é a seguinte: Equipes Mercado Heidemann e AH Pinturas Construlima Infocenter e Opção Modas X XX AH PINTURAS 6ª RODADA 13-04-14 (DOMINGO) Convocação Equipes Mata Verde e Águas Mornas Nova Fatima Santa Barbara Rio do Meio Rio dos Índios e Rio Bravo Alto XX Pontos 4 2 0 Horário Equipes X Equipes 17:00 AH PINTURAS X MERCADO HEIDEMANN 18:00 RIO DO MEIO X AGUÁS MORNAS 19:00 RIO DOS ÍNDIOS X MATA VERDE 20:00 RIO BRAVO ALTO X NOVA FÁTIMA 21:00 OPÇAO MODAS X INFOCENTER FOLGA SANTA BÁRBARA XX X XX CONSTRULIMA 7ª RODADA 20-04-14 (DOMINGO) Horário Equipes X Equipes 17:00 CONSTRULIMA X OPÇAO MODAS 18:00 MATA VERDE X SANTA BÁRBARA 19:00 RIO DOS ÍNDIOS X RIO BRAVO ALTO 20:00 AGUÁS MORNAS X NOVA FÁTIMA 21:00 INFOCENTER X AH PINTURAS FOLGA RIO DO MEIO XX X XX MERCADO HEIDEMANN SEMI-FINAL 26-04-14 (SÁBADO) Horário Equipes 18:00 1º COLOCADO (PRAÇA) 4º COLOCADO (PRAÇA) 19:00 1º COLOCADO (RURAL) 4º COLOCADO (RURAL) 20:00 2º COLOCADO (RURAL) 3º COLOCADO (RURAL) 21:00 2º COLOCADO (PRAÇA) 3º COLOCADO (PRAÇA) FINAL 03-05-14 (SÁBADO) Horário Equipes 18:00 3º COLOCADO (PRAÇA) 4º COLOCADO (PRAÇA) 19:00 3º COLOCADO (RURAL) 4º COLOCADO (RURAL) 20:00 1º COLOCADO (PRAÇA) 2º COLOCADO (PRAÇA) 21:00 1º COLOCADO (RURAL) 2º COLOCADO (RURAL) 28 Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL Informações negadas Na sessão de onze de março, o vereador Salésio Wiemes solicitou, através de requerimento regimental, uma cópia do áudio da sessão anterior. A solicitação foi rejeitada por 5 votos contra 4. Na sessão seguinte, do dia dezoito, o mesmo vereador apresentou novo requerimento, desta vez solicitando cópia da ata da sessão precedente. Mais uma vez o mesmo placar: rejeição por 5 votos contra 4. Ao que se sabe, esta é a única Câmara em toda a região em que informações indispensáveis para a ação dos próprios vereadores são negadas. Na maioria das casas legislativas, a solicitação é feita diretamente à Mesa. Ou até, à secretaria. Só por aqui vai à votação do plenário. Por que será? Até quando isso vai continuar? Este Macau não é estudado e não é assessor jurídico. Pensa, contudo, que até um porco banha pode ver que é um absurdo o que acontece na Câmara. Isso é sonegação de informações. Isso é impedir um representante do povo de atuar. O acesso à informação é um direito de todo cidadão e um dever dos órgãos públicos. A Lei 12.527, de 2011, garante este direito. E não só aos vereadores, mas a todos os cidadãos. Difícil é entender porque aqui o “regimento interno” garante o “sigilo” das informações. Será que ele vale mais que a lei federal? Dois desafios Como a bancada de oposição é sempre “esmagada” pela de situação quando se trata de acesso às informações, este Macau quer oferecer duas modestas contribuições e ajudar no debate. Primeira: senhores vereadores de oposição, não estaria na hora de mudar de estratégia? Ficar “batendo em ferro frio” parece não resolver. Então, por que não acionar o judiciário? Segunda: senhores cidadãos, não seria essa a hora para participar mais das sessões? E de começar, também, a solicitar informações. Este Macau soube que a editora O Ronco do Bugio, que teve sua publicação – Canal SRL – citada recentemente em sessões, vai começar a fazê-lo. Cada um no seu quadrado Recentemente, cena cômica na Câmara: um vereador usa a palavra para “querer” definir a pauta do Canal SRL. Disse o vereador: “por que colocar isso no jornal? e não aquilo...” Queria ele determinar o que o Jornal de Santa Rosa de Lima deve tratar, enquanto, ele próprio, normalmente se esquece das funções elementares e constitucionais que tem como vereador: legislar e fiscalizar. Como reagiria esse nobre edil se os editores do Canal SRL usassem a tribuna para apresentar projetos, votar e emitir opiniões sobre os assuntos tratados nas sessões da Câmara? Tem gente confundindo Jesus com Genésio... Aos amigos, tudo. Aos outros o rigor da lei... As intervenções da assessoria jurídica nas sessões da Câmara tem causado certo espanto. Toda vez que é solicitada, ela “produz”, muito rapidamente, um parecer. Algumas vezes, bem “estranhos”. Apenas um exemplo: É de praxe em todos os projetos apresentados em regime de urgência urgentíssima, que ocorra a apreciação prévia pelo plenário do regime. Ou seja, primeiro se vota a urgência, para, somente depois, votar o projeto. Recentemente, o presidente colocou em votação um projeto e se esqueceu do regime de urgência. Depois de apurados os votos, um vereador da oposição questionou. O presidente chamou o assessor jurídico. De pronto, o consistente parecer foi parido: “Não precisa!”. Surpresa? Na sessão de 25 de março, deu entrada na Câmara um projeto de lei vindo do Executivo visando à suplementação de recursos para a Gemüsefest. Como quase sempre, o projeto veio com regime de urgência. Desta vez, “precisou” a votação prévia do regime de urgência. A novidade foi ele não ter sido aprovado. Nesta legislatura, é a primeira vez que isso acontece. Será o inicio de um novo período? Será que a Câmara começaria a mostrar autonomia? Ou é apenas “indignação” momentânea de um membro da bancada de situação? É aguardar e conferir. Como diz o Zé Simão... O que esse humorista diz para o Congresso Nacional pode estar valendo para algumas casas legislativas municipais espalhadas pelo país: “Base aliada só funciona naquela ba$e”. Mais um Riscomóvel Em um convênio com a prefeitura, a Cidasc coloca um veículo à disposição para o trabalho dos médicos veterinários. O carro (um Fiat Uno) é usado no atendimento clínico e na inspeção sanitária no município. Cabe à administração municipal assegurar as despesas de manutenção daquele veículo. O problema é que isto não viria sendo cumprido. Pelo menos, informações dão conta de que, em função dos altos riscos, os médicos veterinários se recusam, atualmente, a usar o veículo. Mais um sinal de que este ano a prioridade é da agricultura... Não era bem assim... Na sessão de 25 de fevereiro, anunciou-se na Câmara de Vereadores que “em poucos dias” sairia um laudo técnico que “condenaria” a obra inacabada do Centro de Atendimento ao Turista – CAT. De fato, dias depois, chegou àquela casa o tal relatório. Só que ele não continha qualquer condenação. O laudo apontou que praticamente toda a obra está em conformidade com o projeto. Indicou, ainda, que a estrutura está adequada e não oferece qualquer risco. Apenas uma viga está fora das especificações exigidas. Quem perdeu apoio e sustentação foi a “ideia fixa” que alguns têm de demolir aquela obra. Agora é esperar que se dê continuidade à obra, que as adequações seja feitas e que ela seja concluída para atender aos turistas. Agora vai! Na última sessão da Câmara, assuntos da mais alta relevância foram finalmente debatidos. Parece que se instaurou um clima produtivo e de harmonia momentânea no legislativo municipal. O primeiro tema: a regularização dos terrenos urbanos que não possuem escritura pública. Como é sabido pelos santarosalimenses, a falta da documentação dos terrenos tem prejudicado muitos moradores que perdem a possibilidade de acessar projetos de habitação. O segundo, acreditem, a elaboração do plano diretor. Deste, muito se fala há muito tempo, mas nada é feito. Este Macau tá pra ver se dessa vez as coisas avançam Armadilha Louvável a preocupação levantada pelo vereador Luiz Schmidt em relação ao trânsito de carretas e caminhões de grande porte no trajeto entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis. Em Anitápolis também há esta preocupação. Muitos caminhoneiros têm usado este trajeto por orientação dos GPS. Depois de entrar no “trecho”, não há jeito... Nem pra frente, nem pra trás. De quando em vez, fica uma carreta “pendurada”. É urgente que sejam tomadas providências para uma sinalização de alerta.
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