Será por aqui!

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Será por aqui!
ANO 1 - Nº 12 • Edição Mensal - Abril/2014 • O Jornal de Santa Rosa de Lima - A Capital da Agroecologia
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Distribuição gratuita. Venda Proibida.
Será por aqui!
Pág. 6
Deinfra definiu traçado da SC 108
entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis
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Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Reportagem ESPECIAL
Mariza Vandresen
O Aldo Câmara pode estar dando
uma boa lição ao município
“No colégio, os professores não ficam mais fazendo fofoca e falando da vida dos outros na sala de aula; agora a gente estuda de verdade, aproveita melhor o tempo”. “No Aldo Câmara, à noite, dá pra ouvir os grilos, mesmo no intervalo”. “A escola
está passando por uma revolução educacional”. “Nossa escola estava seca, agora ela tem vida”. “Sabemos que isso é para
o nosso bem.” “Estamos aprendendo coisas que nem pensávamos que os professores tinham capacidade para ensinar”.
Estes são apenas alguns dos muitos depoimentos que a reportagem do Canal SRL recolheu entre estudantes da Escola
Básica Professor Aldo Câmara. Eles refletem uma mudança total no ambiente de trabalho, estudo e participação dos pais,
ocorrida no início deste ano escolar de 2014.
O nosso Colégio mostra, assim, que mudanças positivas acontecem quando se consegue superar a pobre divisão em
lados e quando se prioriza efetivamente o interesse da coletividade. É importante recordar que, no ano passado, parecia que
qualquer mudança era impossível. Uma faísca – a adesão a um programa do Governo Federal – desencadeou, contudo,
uma onda de otimismo. E parece ter varrido o clima improdutivo de fofoca e diz-que-diz. Educadores, familiares e os próprios
alunos parecem respirar um novo ar. Esse pode ser um rico ensinamento para todo o município e para todos os munícipes.
Um sopro de vida
Na última reunião de pais e mestres, a
lista de presença teve cento e dez assinaturas. Trata-se de um recorde. Em outros
tempos, este número raramente chegava
a cinquenta. Todos na comunidade escolar dizem que isso é fruto de “uma onda
de otimismo” e de “mudanças para melhor” que se instalou no Colégio. Os próprios professores dizem que estão se dedicando mais e melhor ao planejamento
das aulas. Que fazem isso porque a escola
é outra em relação a que eles deixaram
quando saíram de férias no final do ano
passado. Antes, afirmam os educadores, o
ambiente entre eles era “pesado”, “opressivo”, “quase doentio”. Não havia um clima
de cooperação. Ao contrário, o fato de
“alguns procurarem prejudicar o trabalho
e a vida de outros”, gerava “um clima de
desconfiança”, “constantes disputas”, “descontentamentos” e, até, “depressões”.
Os educadores, estudantes e servidores ouvidos pela reportagem atribuíram
essa verdadeira transformação do “clima”
no Aldo Câmara à implantação do Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI), um
trabalho que vem sendo desenvolvido em
conjunto com toda a comunidade escolar
neste início de ano letivo (leia box pág.4).
Muitos deles têm certeza que um papel
especial foi desempenhado pelas Professoras Marilúcia da Silva Uliano (Mari) e
Shirlei Rodrigues (ver perfis), que foram
contratadas para atuar exclusivamente no
ProEMI. Elas, contudo, não se restringiram
ao programa e estenderam sua ação a
toda a escola.
Convicção e dedicação
As Professoras Mari e Shirlei justificam:
“Não tem como ficar parada, se na escola
faltam profissionais da educação. Vamos
ficar sentadas, enquanto os alunos se matam ali fora? Vendo que eles não se respeitam, não respeitam os professores, nem a
direção? Também não podemos ver o portão aberto e deixar. Há o risco de que um
dos nossos alunos seja atropelado. E esse
risco precisa ser evitado por todos. As regras não devem ser apenas para alguns.
As mudanças devem atingir a todos”.
Esse envolvimento das professoras
impressiona. Contratadas para o período
matutino e vespertino, as duas estão quase todas as noites na escola. “Não temos
este compromisso. Não recebemos por
isso. Mas a gente faz porque a escola está
precisando, os alunos estão precisando,
os pais e professores estão precisando. E
porque nós também estávamos precisando”.
Mari foi contratada como coordenadora de leitura. Shirlei como coordenadora
de convivência. As duas dizem, em conjunto, que desde o início essas “funções” se
fundiram: “Nem sabemos mais quem é da
leitura e quem é da convivência. A gente é
uma coisa só!”
Com relação às consequência do esforço feito até agora, elas se mostram
prudentes e dizem que esperam “mais
resultados para adiante”. Ao mesmo tempo, são otimistas e avaliam que já veem
“alguns efeitos positivos”.
A reportagem as questiona, confrontando-as a uma avaliação muito mais positiva de outros professores, de estudantes
e de pais. O que se diz é que elas “conseguiram impor respeito”, “fazem cumprir
regras e aplicar as devidas punições”, “motivam os pais a participar da vida escolar
e os professores, do planejamento pedagógico”.
Escola inovadora. E pública!
Mari conta que ao chegar não tinha
conhecimento da realidade da escola e ficou muito assustada na primeira reunião
de professores: “Quando me falaram que
a escola estava assim, eu falei: gente, o
que é isso? Vocês estão me assustando”.
O susto não a paralisou. Ao contrário, viu
que precisava passar à ação, por acreditar
que podia “dar a cara a tapa” por não ter o
peso das relações de quem sempre viveu
Reunião mobilizou mais de uma centena de pais e mâes de alunos do Aldo Câmara.
em Santa Rosa de Lima. “Aqui, ninguém se
expôs, para ser firme na disciplina, na cobrança, na punição. Assim, quem precisou
dar o passo principal fui eu, que não conhecia ninguém. Fui aquela que teve coragem de dizer: Celular? Não! Sem conhecer
os alunos tomei providências por igual”. E
completa com uma análise sobre a escola
publica e republicana: “Aluno entrou do
portão pra cá, é aluno. Todos são iguais.
E todos devem ser tratados da mesma
maneira. Não é por que é filho de profissionais que atuam na escola, que tem que
ter regalias, privilégios. Não tem! Temos
filhos de três vereadores, de vice-prefeito,
de ex-prefeito... Aqui é tudo igual! E, olhando pelo lado político, querendo ou não, sei
que alguns professores e servidores da
escola se sentiriam prejudicados profissionalmente. Como eu não tenho vínculos
partidários...”.
Já Shirlei avalia que a escola e os próprios professores e servidores estavam
“muito apagados”. “Era muito fácil as pessoas falarem ‘ninguém faz nada nessa escola’. E ninguém tinha coragem de dar a
cara a tapa, de se impor e de fazer com
que regras mínimas de convivência fossem cumpridas. Agora, nós começamos a
fazer isso”.
Normas comuns
O portão do Colégio fica fechado. Não
se pode comer doces. O uso de celular,
tablete ou notebook não é permitido. Essas são as regras. E valem também para
os professores. O uso do celular apenas é
permitido à diretora, ao secretário e à assessora. “Fizemos um trabalho com todos
os demais profissionais – merendeiras,
pessoal de serviços gerais, professores.
O aluno tem o dever de cumprir e tem o
direito de punir quem não cumpre a regra. Tanto que três professores tiveram
problemas. E olha que usaram o aparelho
apenas para ver a hora. Os alunos cha-
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
mam atenção. É um direito deles porque também serão
punidos se não cumprirem seus deveres”.
As boas surpresas indicam resultados já alcançados:
“Um de nossos acordos é que o portão fique fechado.
Ontem, ele ficou aberto por um momento e nenhum dos
alunos se deu conta. Ou, se viram, escolheram permanecer dentro do pátio da escola”.
O “teste” do celular
Uma semana após o carnaval, houve o alerta de que
alguns alunos planejavam comprar um celular velho com
o objetivo de “testar as sargentonas”. Uma destas relata: “Soubemos até de um comentário triste em forma de
bullyng: ‘vamos ver se a aquela gorda, aquela tatuzona,
vai ter coragem de fazer valer a regra’. O celular foi comprado e um grupinho se acercou dele. Eles fizeram mesmo para afrontar. Eu peguei firme. Eu disse chega, basta.
Um deles jogou o celular contra a parede. Fui lá. Juntei
e continuei firme. Alguns deste grupo estavam só rindo.
Realmente, foi uma combinação. Mas a gente conseguiu
controlar muito bem. Em momento algum eu tive medo”.
Os pais dos envolvidos foram, então, convocados para ir à
escola. Todos compareceram, com exceção de uma mãe
que afirmou não poder fazê-lo. Mas enviou para a direção
a advertência ao filho assinada, declarando que tinha conhecimento do fato e da posição da escola.
As ameaças
Depois vieram problemas maiores. Tentativas de atemorizar. “Um grupo de alunos nos avisou. Pais nos ligaram para alertar: ‘estudantes estavam afirmando que
atentariam contra nossas vidas’, ‘que não saíssemos com
os nossos carros ou motos sem observar parafusos,
pneus e cabos de freios’. De fato, a moto da professora
Luciane [Boeing] foi sabotada aqui na frente da escola”.
A necessidade de proteção policial
Neste quadro, a escola teve que tomar providências
judiciais. “Nós fizemos um Boletim de Ocorrência e informamos a todos os pais. Se havia insegurança é porque a
escola parecia sozinha. Agora, contamos com o apoio dos
pais e com a ação ostensiva da polícia militar”. Segundo
as professoras ameaçadas o que tem contribuído muito para a melhoria significativa na disciplina é a presença
dos pais: “Eles estão vindo na escola. Vêm sem nos avisar,
chegam, batem no portão, a gente abre e eles entram.
Isso está nos ajudando muito”. Quanto à PM, é algo sem
antecedentes no município. Nas horas de “entrada”, nos
intervalos, e nas “saídas” de aula há sempre uma ou duas
guarnições, com os giroflex dos carros ligados. A atuação
é mais forte no período noturno, no qual a escola é frequentada por alunos que são (ou querem parecer) mais
rebeldes.
Todos pegando juntos
As professoras Shirlei e Mari do Programa Ensino Médio Inovador fazem questão de afirmar que os resultados positivos só foram possíveis porque “todos se uniram
para mudar a situação”. Agradecem aos professores por
terem começado o ano letivo unidos. E pedem que continuem assim. Aos pais, são muito gratas pela compreensão e pela ajuda. E reforçam o convite para que eles
participem da escola a qualquer momento. Sem aviso
prévio, porque o Colégio precisa da ajuda dos familiares
de seus alunos. “A escola e a família é que vão preparar
nossas crianças e nossos adolescentes para a vida lá fora.
É esse valor que todos temos que resgatar. Que todas as
picuinhas fiquem fora do portão. Que todos pensem, em
primeiro lugar, na formação educacional dos seus filhos”.
ALUNOS
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Depoimentos
Em rede, mas sem internet
“Alexandre Oenning Bittencourt (colunista do
Canal SRL) é um dos tantos alunos que logo se integrou em atividades desenvolvidas pelo ProEMI.
Ele estuda no “terceirão” e lamenta que 2014 seja
seu último ano no Aldo Câmara, “porque a escola
mudou muito”: “Antes, a escola estava seca. Houve
uma revolução educacional. Dá pra ver a disciplina,
o aprendizado. É um conjunto de coisas que mudou. O recreio, por exemplo, era um grupinho aqui,
outro grupinho ali. Agora, todos se juntam. Conversamos, fazemos brincadeiras... Envolve todo mundo. Estamos em rede, mas sem internet. Os professores também estão participando mais. Muitos não
ficam mais plantados lá dentro e se aproximaram
mais da gente”.”
Demônios ou anjos
No primeiro dia de aula, Patrícia Torquato chegou em casa e falou para a mãe que “uma carrasca”
havia chegado à escola. “A mulher cortou celular e
fechou o portão”. A mãe argumentou que “pessoas
podem fazer a diferença”. Um tempo depois, a estudante disse à mãe que precisava pedir desculpas à
Professora Mari. “Ela não é o demônio. Ela é o anjo
da nossa escola”.
Mais a sério
“Agora, tem menos confusão no intervalo. Isso
melhorou bastante. Tinha muita confusão no pin-
gue-pongue... E tem o lance do celular... A gente
gostou muito. Assim a gente leva a aula mais a sério. Não tira nossa atenção. Agora, bate o sinal e vai
todo mundo para sala.
Junior Warmling, Victor Schmoeller, Tainá Laurindo e Arthur Hermesmeyer”
Tudo mudou
“Vai ser bem diferente. Quando a gente entrar
[no ProEMI], a gente vai aprender bem mais. Porque
vamos ficar mais tempo na escola, ter aulas diferentes. Mudou muito a educação. O ensino inovador
é um diferencial no nosso aprendizado. Mas ainda
tem gente que reclama. Nunca percebemos que ela
[Mari] era brava. Ela é uma pessoa legal. Tudo mudou depois que ela entrou. Antes, os alunos ficavam
nas portas. Agora, está bem diferente”.
André Benedet, Joice Kuhnen, Marileia da Silva e
Guilherme A. C. Defrein.”
Mais rígido
“Na questão do celular, eles diziam que não podia usar, mas não tinha cobrança. Sempre era usado. Até os professores usavam na sala. A Mari chegou e impôs. Mas não foi só ela não. Se não fosse o
grupo todo, não aconteceria. A gente viu que isso é
melhor pra gente.
Paula Eduarda Defrein, Morgana Schlickmann,
Caroline S. Heidemann e Jussara Jacinto.”
PROFESSORES
“Está melhor de trabalhar. Estamos todos unidos, pegando junto. Eu acho que vai dar resultados.”
“Tem mais gente para ajudar a trabalhar fora de
sala. Tem o planejamento das aulas. Agora a gente
para. Vai vendo. Diz: ‘olha, falhou aqui, melhorou ali.
Então, vamos combinar assim’.”
“Mesmo os alunos repetentes estão bem interessados. Em outros anos, eles não estavam nem aí.
Eles agora estão mais seguros.
Mudou a própria ligação deles com os professores.”
“Como tem a Mari e a Shirlei para ajudar, o Colégio todo mudou. Agora os alunos têm mais disciplina. A diferença ficou grande para trabalhar. Não
tem aluno circulando. Não tem segundo recreio.”
“Agora, todos pegamos juntos. Antes a gente
tentava, mas de repente um professor cedia. E, então, outro também afrouxava. Outro, para não passar por ruim, acabava cedendo. E assim os alunos
iam tomando as rédeas do professor. Agora, é não.
Não e pronto! E os alunos também estão colocando
na cabeça que isso é muito importante para eles,
para a vida deles. As regras abrem as cabeças deles.
Não é uma punição.”
“Estava faltando muita disciplina. Eles estão tendo limites. Na questão do celular, nós também não
podemos usar. Nós temos filhos, possíveis emergências... E eles viram que a gente abriu mão [do
celular], por eles.”
“Não tem o que dar errado. Estamos muito impressionados com muitos alunos.”
segue
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Executivo e Legislativo estadual e federal.
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Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
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Reportagem ESPECIAL
Querer-se bem e a inclusão da família
Falando calmamente, a Professora Mari pondera que
todos seus colegas do Aldo Câmara concordam que “a
escola também precisa ensinar a viver”. Por isso, se surpreendeu ao observar que o Colégio parecia não estar
percebendo que “a autoestima dos alunos estava lá embaixo”. “Eu notei que os alunos daqui dizem muito assim:
‘eu não posso’, ‘eu não consigo’, ‘eu não sei’, ‘eu sou burro’,
‘eu sou gordo’, ‘eu sou feio’. É uma questão de leitura de
vida. Se você entrar no facebook, você vai ver muita coisa
que os alunos colocam lá. Mas muita gente vê por ver.
Não lê! Não interpreta! Não entende! E, assim, não tira
proveito para trabalhar a questão da falta de autoestima
aqui na escola”.
Para a professora essa atenção não deve ser, contudo,
apenas da escola. “A família está sendo esquecida dentro
da própria família. São pais dizendo que não dão mais
conta dos filhos”. E pensativa, pergunta à repórter, ou a si
mesma: “Onde é que nós vamos parar se mães vêm aqui
na escola e nos dizem ‘quando meu filho chega perto eu
já digo vai, vai, some daqui”. E quase automaticamente
responde: “Isso não tem cabimento na fala de uma mãe”.
E como se dirigisse a essa mãe, recomenda: “Ao invés de
afastar, de excluir, inclua o seu filho”.
Ela afirma que a escola também estava falhando neste
sentido. “Nós, enquanto escola, somos pais e mães emprestados. E nesta condição não queremos impor medo,
mas impor respeito”.
As “sargentonas”
O apelido veio primeiro para a professora Mari. Ela
confessa que no início se sentiu magoada. Atualmente,
elas se divertem com a alcunha. “Hoje, o apelido é para
a Shirlei também. Eu não a conhecia profissionalmente. Mas ela está pegando junto comigo. Então quando
eles nos veem chegando no corredor, avisam: ‘A Shirlei
e a Mari tão vindo, atenção com as sargentonas”.
Marilúcia da Silva Uliano tem cinquenta anos, não gosta do nome e
prefere ser chamada de Professora Mari. Fala com uma voz tranquila e rouca. Talvez a rouquidão seja consequência do cigarro, mas dá a ela um ar de
mestra zen. Mari é viúva. Ao relatar sua trajetória de vida, ela se emocionou
em diversos momentos. Principalmente, quando falou de sua infância e de
sua família. Filha de pai alcóolico, compara-se a um fruto carregado por um
pássaro. “Dizem que fruta não cai longe do pé. Cai sim! Pode ser levada por
uma gralha, gerar uma árvore bem viçosa, que, por sua vez, vai dar sombra,
flores e novos frutos.” Mari é bem falante e nos relatou inúmeras histórias de
sua vida pessoal e profissional. O papel atual no Aldo Câmara é visto como
mais um grande desafio na trajetória dela. Até 2000 trabalhava em escolas
como faxineira. Como tinha o Magistério, sempre que alguém faltava, lá estava ela na sala de aula. Decidiu que precisava continuar os estudos. Prestou
vestibular e cursou Letras com habilitação em Inglês. Depois de formada, lecionou em diversos municípios,
conforme se apresentavam os processos de seleção para ACT (admissão em caráter temporário). Nesta
caminhada como educadora, diz que seu foco sempre foi a família. “A família foi esquecida pela escola.
Parece que houve um atrito entre estas duas instituições. Eu vejo, hoje, que a educação e a escola deixam
a desejar. A gente sabe que a responsabilidade na educação das crianças e adolescentes é dividida entre
a escola e a família. Mas eu vejo que a escola abandonou a família”.
Profª Shirlei
Shirlei Rodrigues é da nova geração de professores. Tem apenas 22
anos e formação em Pedagogia e História, com especialização em História da
Arte. Ao pedido de que falasse um pouquinho de si, anuncia: “vou ficar vermelha”. E, imediatamente, enrubesce. É mais econômica nas palavras. Conta
que nasceu no Rio Santo Antônio, mas já mora “mais na praça do que lá”, Faz
questão de dizer que tem muito orgulho de ser daquela comunidade e que
nunca quer deixar de morar lá. Shirlei tem bem claro o que quer fazer como
coordenadora de convivência do ProEMI no Aldo Câmara. “Muita gente vem
me dizer ‘por que não desistes? Tu só vais te incomodar!’. Mas estou muito
otimista e realizada com o trabalho que estamos desenvolvendo junto com a
comunidade escolar. Agora eu não largo mais!” Referindo a colega de ProEMI,
ela afirma: “A Mari me ajuda muito e passou a ser um exemplo para mim. Se
não fosse ela, metendo a cara a tapa, eu não teria coragem de fazer metade do que eu faço. Eu sei que tem
alguém que está à frente, me dando o apoio que eu preciso. Por isso, vou continuar fazendo. Se em tão
pouco tempo já estamos colhendo alguns bons resultados, imagina com a continuidade”.
O Programa Ensino Médio Inovador
O ProEMI é uma das ações do Plano
de Desenvolvimento da Educação – PDE,
uma estratégia do Governo Dilma para
melhorar a qualidade do ensino. A ideia
é apoiar e fortalecer propostas curriculares inovadoras, que permitam atender
às expectativas dos estudantes e às demandas da sociedade atual. Além disso,
há a ampliação da jornada escolar, buscando a formação integral, aumentando o tempo dos estudantes na escola e
inserindo atividades mais dinâmicas no
currículo.
As escolas que aderem ao ProEMI recebem apoio técnico e financeiro, através do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE, também do Governo Dilma.
Perfis
Profª Mari
A adesão do Aldo Câmara
Eliete May da Rosa, diretora da escola
conta que “a adesão a esse programa do
Governo Federal veio como uma surpresa”: “A Gerência de Educação de Braço
do Norte, a qual pertencemos, nos chamou para uma reunião para apresentar
a oportunidade de adesão ao ProEMI e
nos deram o prazo de uma semana para
decidir. Reuni-me com os professores e
apresentei as orientações. Como não tinha nenhuma escola com esse programa na Gered a qual pertencemos, com o
consentimento de todos, acordamos em
fazer a adesão de uma turma. Para ver
como iria funcionar”. São 25 alunos no
primeiro ano do Ensino Médio.
Com o horário na mão, Eliete mostra
que a ampliação do atendimento para
as tardes de terças e quintas aumentou
a carga horária dessa turma de 25 para
35 aulas semanais. Como consequência,
“todas as disciplinas obrigatórias tiveram
acréscimos de carga horária”. “Além disso, foram implantadas no currículo aulas
de artesanato, informática, educação física e natação. E temos ainda a participação na rádio comunitária.”
A Diretora diz que as mudanças são
bem perceptíveis e que os benefícios vindos com o ProEMI se estenderam para
toda a comunidade escolar. “Está sendo
bom para a escola, para os alunos, para
os pais e para os professores”. Eliete
acredita que, no futuro, os alunos terão
um desempenho muito melhor em avaliações como o Enem e os vestibulares. E
julga que já são visíveis as mudanças no
comportamento e nas relações de convivência. “Esta onda de mudanças tem con-
tagiado toda a comunidade escolar. Os
professores estão com tempo para planejamento. Os pais têm nos telefonado.
Têm nos mandado recados. Sempre nos
estimulando para que continuemos nos
mantendo firmes”.
Para o coordenador do programa,
Volnei Luiz Heidemann o ProEMI trouxe
realmente uma inovação na escola, pois
não é apenas a turma do Inovador que
é beneficiada. “Toda escola evoluiu no dinamismo e o espírito coletivo. Os primeiros depoimentos dos pais e alunos já demonstram os efeitos no comportamento
da aprendizagem, mas podemos avançar
muito mais.”
Neste quadro, a ideia é que o ProEMI
seja mantido na escola. Mais do que isso,
que seja ampliado progressivamente, até
que todo o ensino médio se transforme
em inovador.
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INFRAESTRUTURA
É pelo Rio do Sul!
Definido traçado para projeto da
SC 108 entre SRL e Anitápolis.
Estrada turística será alternativa a BR 101.
A estrada que liga Santa Rosa de Lima à Anitápolis permaneceu por décadas no esquecimento. Antigamente, teve importante papel como primeira e precária ligação rodoviária litorânea entre o Rio Grande do Sul e o restante do país. Conta a história que na Revolução de 1930 as tropas de
Getúlio Vargas passaram por ela (leia box 1 ). Mas logo vieram a “Estrada da Mata” (BR 2, depois 116) e a BR 101. O trecho da então denominada
SC 407 (leia box 2 ) passou a ser digno de lembranças apenas nos curtos períodos eleitorais. A pavimentação ou simples melhorias desses pouco
mais de vinte quilômetros foram promessas de muitas campanhas políticas.
Em 26 de novembro de 2012, o governo estadual anunciou a liberação de recursos para a elaboração de estudos para um projeto de traçado e
pavimentação desse trecho. Tal estudo deve ser concluído em breve. Alto dirigente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) esclareceu
ao Canal SRL que tal projeto não garante que haverá a pavimentação. Segundo essa fonte, trata-se apenas de um primeiro passo e que o asfaltamento “vai depender, exclusivamente, de vontade política”. A licitação para a elaboração desse estudo foi vencida pela empresa Engevix. No dia
8 de março de 2013, foi assinada a ordem de serviço para início dos trabalhos. O valor empenhado foi de R$ 1.332.467,71 e o prazo de 360 dias.
Transcorrido esse período nossa reportagem buscou fazer um balanço da situação.
rio. E, ali, era impossível. Avaliamos que,
com toda a certeza, não conseguiríamos
o licenciamento ambiental junto à Fatma
[Fundação do Meio Ambiente de Santa
Catarina] e aos órgãos ambientais. O que
mais pesou foram os problemas ambientais”.
Traçado inicial foi julgado inviável
Segundo o gerente de estudo e projetos do Deinfra, Engenheiro Carlos Alberto
Simone Ferrari, percebeu-se “a inviabilidade deste corredor” em maio de 2013, depois de concluída a pré-análise do traçado
inicialmente proposto.
O tráfego não vai puxar a viabilidade
econômica
Ferrari dá mais detalhes: “A ideia inicial
do projeto era levar o traçado sempre pela
margem esquerda do rio [Varginha]. Para
avaliar a viabilidade de um projeto, nós
usamos um programa que chamamos de
HDM. Nele, inserimos os dados de tráfego
e os dados econômicos dos municípios.
Fazendo isso com os dados deste trajeto,
chegamos a um número muito assustador
e o programa acusou a inviabilidade da rodovia”.
Segundo os levantamentos do Deinfra, circulam por esta “seção de rodovia”,
uma média diária de 213 carros, sendo
132 carros pequenos, 78 caminhões e 3
ônibus. “Nós já esperávamos que este
volume de tráfego fosse pequeno. Então,
fizemos uma simulação, com uma projeção caso a rodovia fosse pavimentada. A
gente pergunta ao programa: quantos
carros poderiam migrar para ela? Vindos
da BR 282? Vindos de Tubarão? De outras
rodovias? O sistema lê possíveis rotas alternativas. Mas também chegou a números muito baixos. O tráfego não vai puxar
a viabilidade econômica”.
O que mais pesou foram os problemas ambientais
Além desses dados econômicos, impactos ambientais foram considerados:
“Nós vimos que havia muitas dificuldades,
principalmente por causa da topografia
da região. Tinha muita coisa perto do rio.
A legislação diz que temos que trabalhar
com trinta metros afastados do leito do
Temos que fazer alguma coisa
Com essa constatação, a Secretaria
Estadual de Infraestrutura emitiu uma ordem de paralização do contrato, segundo
Ferrari, “para que a empresa não perdesse tempo, dentro do prazo contratual, até
que os engenheiros definissem um novo
corredor”.
O gerente de estudo e projetos do
Deinfra afirma que tem uma leitura técnica das obras e que analisa principalmente
a rota dos veículos e o fluxo turístico que
uma ligação asfáltica pode gerar. “O turista, ao invés de ir para a [BR]101, vai passear em uma estrada mais agradável, mais
tranquila, vendo a natureza. Então esse
fluxo turístico se torna atrativo. O engenheiro abre um mapa e mostra, com vigor,
a importância da rodovia: “A SC 108 é uma
continuidade que vem desde o Norte do
estado. É um corredor alternativo, paralelo a BR 101. Nós o consideramos, num
todo, um segmento de rodovia muito importante. Nós sentimos que é um ponto
de ligação”. E com o dedo indicador correndo o mapa, vai apontando: “Liga com
[a Serra do] Corvo Branco, que está sendo
feita agora. Com São Bonifácio. Com Tubarão. Todo este tráfego pode migrar por
aqui”, pousando o dedo sobre o trecho
entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis. E
Ferrari finaliza: “Olhando a malha rodoviária catarinense como um todo, vemos que
aqui nesta região tem um vazio. Temos
que fazer alguma coisa.
Uma estradinha do outro lado do rio
O Deinfra passou a buscar um novo
traçado. E a solução não veio de imagens
de satélite ou de programas de computador. Um funcionário do Deinfra de Tubarão é que deu a “pista”: “Ele nos disse, ‘tem
uma estradinha lá pelo outro lado do rio,
que sai de Santa Rosa, lá por cima’. Então
fomos lá [no Rio do Sul] dar uma olhada.
E, para nossa surpresa, nos agradou. Pelo
menos não existem rios próximos. Então,
vimos ali o traçado que iríamos estudar”.
Uma estrada mais modesta
A empresa Engevix, mesmo sem o
contrato, fez alguns estudos preliminares
para este novo traçado. A primeira análise
apontou que, de novo, “a topografia era
muito ruim”: “As rampas seriam muito altas e seria preciso fazer faixas adicionais
[terceira pista]. Isso inviabilizaria economicamente o projeto. Aí, nós avaliamos...
Vamos fazer uma estrada com uma sessão mais modesta em largura de pista. Era
a única solução para tentar fazer alguma
coisa”.
Só terá viabilidade passando pelo Rio
do Sul. Então, será pelo Rio do Sul!
A equipe de engenharia decidiu: o traçado passará pela comunidade de Rio do
Sul. No dia 25 de março último, a Secretaria Estadual de Infraestrutura emitiu a
ordem para o reinício do contrato com a
Gerente de estudos de projetos do DEINFRA explica os motivos do novo trajeto.
Engevix. Ferrari descreve: “Para estimar a
viabilidade econômica, o programa HDM
já está sendo alimentado. Agora, com esta
nova sessão transversal [largura de pista]
e com este novo segmento [traçado pelo
Rio do Sul]. E conclui enfático: “Eu acredito
que vai dar. Pela experiência que a gente
tem e pelos dados que já lançamos de tráfego, de investimento em terraplanagem,
que vai ser o grande volume da obra... Eu
acredito que vai dar”.
O engenheiro disse que soube que
essa opção enfrenta resistência de uma
das duas prefeituras: “Não sei se é do prefeito de Anitápolis, ou se é do de Santa
Rosa de Lima. Mas ou é por ali, ou não vai
sair. O que o estudo apontou foi o outro
lado do rio. E estamos trabalhando com
isso”.
Sem contornos viários
O estudo inicial previa a análise de
vinte e seis quilômetros de rodovia, três a
mais que a distância entre um município
e outro. Segundo Ferrari esta diferença
existia porque se pretendia fazer contornos viários na entrada das duas cidades.
Esta opção foi, contudo, descartada: “Existe a possibilidade de algum contorno viário na saída de Anitápolis, mas em Santa
Rosa não vai dar. Já descartamos porque
é inviável. Encareceria muito o custo da
obra. É preferível trabalhar o projeto sem
isso. Quando a gente fechar [o projeto],
deve diminuir esta distância”.
A conclusão do estudo
A empresa Engevix terá, a partir do dia
25 de março, nove meses para concluir
a elaboração do projeto. Ferrari acredita
que este prazo pode ser encurtado em
três ou quatro meses: “Como a empresa
não parou com os estudos, com a reativação do contrato eles devem nos entregar documentos, estudos e dados. E nisso
ganhamos tempo. Se não houver, é claro,
mais algum entrave, principalmente ambiental. E pode ser que tenha... É uma estrada que passa por meio de mata virgem,
por nascentes, por comunidades. Ao encaminharmos o nosso pedido de licença
para a Fatma, pode ser que ela nos exija
um levantamento ambiental mais elaborado. Talvez, até, um estudo de impacto
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
ambiental. Mas é cedo para dizer. Só que para
outras rodovias semelhantes, isso aconteceu”.
É papel! Depende de vontade política
Depois que aprovar o projeto, o departamento que o Engenheiro Carlos Alberto Simone Ferrari gerencia no Deinfra comunicará ao
Governo estadual que “o trecho estará disponível para ser licitado”. “Nesta fase não dependerá mais da gente. Aí, depende de vontade
política. É provável que ele seja incluído nas
verbas do Pacto por Santa Catarina. Parece
haver um interesse em viabilizar esta obra.
Pediram que a gente acelerasse o projeto, pra
ver o que aconteceria. Está sendo feito por
isso. O projeto está em andamento. E nossa
intenção é concluí-lo ainda este ano”.
Não tem como criar uma expectativa
A reportagem questionou se essa perspectiva não levaria a certo otimismo e perguntou quando a população poderá contar com
esta obra. Após se afirmar “realista e técnico”,
o engenheiro pondera que “não tem como
ser preciso”: “Se eu dissesse que seria daqui
a dois anos ou três anos, eu estaria mentindo.
Isso vai depender muito de vontade política.
Não tem como criar uma expectativa junto à
população”.
A gente sabe que vai ter pressão, mas
não existe dúvida sobre o novo trajeto
Sobre a possibilidade, levantada pela reportagem, do projeto ser barrado por não
contentar forças políticas da região, Ferrari é
direto: “Eu sou funcionário de carreira. Eu defendo a avaliação técnica. Esse é um dos grandes problemas que enfrentamos... Às vezes,
vêm pessoas que são cargos comissionados,
que vêm fazer política. Mas aí, ele vai ter que
bater na porta de meu diretor... Lá em cima,
na do presidente do Deinfra. Mas, conhecendo nosso presidente [Paulo Meller], posso dizer que ele dá muito ouvido à parte técnica. E
se a gente recomenda que é isso, é isso o que
vai ser. Porque, nesse caso, se for pelo outro
lado do rio, não sai. Se o prefeito chegar e disser ‘tem que ser por aqui’, nós vamos dizer:
‘então não vai ter obra’. Porque a hora que o
projeto chegar na Fatma, não vai sair. A gente
sabe que pode ter pressão de prefeito. É um
direito dele, defender seus eleitores. Mas, se a
gente analisar tecnicamente, não existe dúvida nenhuma sobre o novo trajeto”.
Agora, é unir esforços
Tendo apurado com outras fontes que
a resistência mencionada pelo gerente de
estudo e projetos do Deinfra vinha de Anitápolis, a reportagem do Canal SRL procurou ouvir o Prefeito Marco Antônio Medeiros Junior. Ele afirmou que, de fato,
se opôs ao traçado pelo Rio do Sul, mas
que já aceita a avaliação técnica feita pelo
Deinfra.
“Eu não queria aquele traçado [do Rio
do Sul]. Assim como eu, também tem muitas pessoas que estão chateadas com essa
mudança. Mas, como os estudos apontaram que seria impossível a viabilidade da
obra pela margem esquerda [Varginha],
nós agora temos que aceitar. Estou convencido que pelo traçado original seria inviável e a obra não sairia. Vamos respeitar
a avaliação técnica. Não é o ideal. Não é
o que queríamos. Mas, agora, não podemos bater de frente. Ou é por ali ou não
sai. Então, é melhor que saia pelo Rio do
Sul mesmo. Eu vou unir esforços para que
a rodovia seja pavimentada, mesmo não
sendo o ideal que queríamos”.
Um pouquinho
de história
Zé Nei: a obra mais
importante na região
No depoimento do gerente de estudo e projetos do Deinfra, a vontade
política do governo estadual apareceu como determinante na viabilização
do asfaltamento do trecho da SC 108 entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis. Essa decisão deverá acontecer somente em 2015, depois, portanto, das eleições para o Executivo e o Legislativo estaduais, que ocorrem
este ano. A reportagem do Canal SRL foi à Assembleia Legislativa para
ouvir o deputado José Nei Ascari, um dos representantes da região e
grande defensor da obra.
A bola da vez
Inicialmente, ele fez questão de precisar: “Vencidas as prioridades que eram
concluir Pinheiral, Pedras Grandes/Orleans e o Corvo Branco, passamos a focar
nossa ação nesta pavimentação. Ela passou a ser, na minha concepção, a obra
mais importante. Então, tendem a se concentrar nela todos os esforços do nosso
gabinete e de outros representantes da
região. Há um reconhecimento regional.
E tem também um grupo importante de
lideranças do ‘outro lado’. Falo de Anitápolis, aqui da Grande Florianópolis... Que
também entendem a importância desta
obra. Então nós vamos juntar os esforços
destas duas regiões para tentar, na medida em que o projeto fique pronto, sensibilizar o governo estadual para incluí-lo em
um destes pacotes que surgem para obras
de infraestrutura”.
Sem oba-oba eleitoral
Para Ascari, cumprir esta primeira etapa de elaboração do projeto é um grande
passo. “Sem ter um projeto com viabilidade ambiental e econômica, não adianta
fazer ‘oba-oba’ eleitoral.. Isso tem que ser
feito com muita responsabilidade. Não dá
mais para tratar a coisa pública desse jeito.
Repito, com o projeto em mãos, aí sim poderemos fazer a ação política para tentar
alavancar os recursos”.
Sobre a viabilidade econômica, o parlamentar considera que ela “não conta para
a decisão final do governo”: “O governa-
dor Colombo decidiu pavimentar todos os
acessos aos municípios. Esta é a decisão
política dele”.
Seria muita irresponsabilidade falar
em prazos
Em relação aos prazos, o Deputado “Zé
Nei” afirmou que não tem como ser afirmativo. “Falar em prazos para uma obra
que nem tem o projeto concluído seria
muita irresponsabilidade. Será irresponsabilidade de quem fizer isso. O Paulo [Meller] me deu a garantia de que [o projeto]
termina em julho. Mas não podemos falar
em prazos. O que nós estamos fazendo é
sensibilizar o pessoal [do governo de estado] da importância da obra. E perseguindo
a agilização da conclusão do projeto. Com
o projeto em mãos, nós vamos fazer uma
ação. Com a unidade dos deputados. Estamos muito conscientes da importância de
estarmos juntos”.
Motta apoia cem por cento
A reportagem conseguiu ouvir também, ainda que rapidamente em um dos
corredores da Assembléia, o Deputado
Manoel Motta. Perguntado sobre os esforços que faz para a realização da obra, ele
afirmou: “Nós vamos marcar uma reunião
com o governador. É uma obra importante
que tem que estar, ali, mastigadinha. Ela
tem cem por cento do meu apoio. Eu vou
trabalhar para que nós possamos sentar
com o governo estadual e apoiar esta decisão fundamental”.
Novidades na manutenção
Enquanto a pavimentação não
chega, os motoristas e os veículos
que trafegam entre Santa Rosa de
Lima e Anitápolis estarão submetidos às consequências das muitas e
frequentes chuvas combinadas com
as poucas e infrequentes verbas
para a conservação da estrada. Em
regra geral, buraco é o que não falta.
Ação inédita
A Secretaria de Desenvolvimento
Regional de Braço do Norte (SDR-BN) é
hoje a responsável pela conservação do
trecho da estrada estadual que fica na
área de Santa Rosa de Lima.
O Secretário Roberto Kuerten Marcelino informou que, neste mês de
abril, “em uma ação inédita, o governo
estadual, através da SDR-BN deverá
repassar recursos diretamente para as
prefeituras, para que elas façam a manutenção das rodovias estaduais não
pavimentadas em seus limites. Receberão recursos para isso os municípios
de Santa Rosa de Lima, Grão Pará, São
Martinho e Rio Fortuna”. A prefeitura de
7
1
A chamada Revolução de
1930 é interpretada como o
movimento que pôs fim ao domínio das oligarquias no cenário político brasileiro. Entre os
objetivos da insatisfação dos
revoltosos estavam o rompimento da chamada política do
café com leite, que culminou
com a eleição de Júlio Prestes
e o assassinato de João Pessoa.
Como parte desse movimento,
a “Coluna do Litoral” saiu do
Rio Grande do Sul em direção
a Florianópolis. Em Tubarão,
como não havia estrada seguindo pela costa, a tropa revolucionária se afastou da borda
do mar e seguiu por Gravatal,
Braço do Norte, Rio Fortuna e
Santa Rosa de Lima, até chegar em Anitápolis. Ali, ocorreu
o “Combate da Serra da Garganta”. Ele é considerado por
diversos historiadores um dos
episódios mais sangrentos da
Revolução de 1930.
2
Apenas um
caminho de terra
A estrada que liga Santa
Rosa de Lima e Anitápolis era
considerada
anteriormente
parte da SC 407. O traçado
dessa rodovia era São José, São
Pedro de Alcântara, Angelina,
Anitápolis, Santa Rosa de Lima,
Rio Fortuna e São Martinho.
Mais tarde, passou a ser considerada parte da SC 108, rodovia estadual com uma extensão
de 361 quilômetros, que liga o
Sul [Criciúma] ao Norte [Joinville] do estado. Ao olhar o mapa
rodoviário de Santa Catarina,
constata-se que de todo esse
traçado, apenas 45Km não
apresentam qualquer tipo de
pavimentação. São os trechos
entre Angelina e Major Gercino
(22Km) e entre Santa Rosa de
Lima a Anitápolis (23Km).
Interessante que os GPS
(geoposicionamento por satélite) instalados em automóveis e
caminhões indicam esse trecho
como pavimentado. Por isso,
muitos motoristas, estando em
Braço do Norte e querendo se
dirigir a Florianópolis, escolhem
passar por aqui. As carretas,
acabam ficando “engalhadas”.
SRL deverá receber sessenta mil reais e
o Secretário de Desenvolvimento Regional esclarece os critérios para a dotação
de verbas: “Adotamos uma forma de
repasse pela quilometragem a ser mantida. Santa Rosa de Lima deve receber
mais, pois faz um tempo que o município nos informou que vem mantendo
esta rodovia”. “Beto Marcelino” esclareceu, ainda, que tais recursos serão destinados exclusivamente à aquisição de
óleo diesel e que o contrato vigorará da
data de sua assinatura, ainda não marcada, até dezembro de 2014.
8
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
COMUNIDADE
RIO DOS ÍNDIOS
Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra | Milena Dutra
O consenso é geral: acabou o nosso sossego!
No inicio do mês de março, foram reiniciadas as operações para
a extração de argila na comunidade vizinha de Santa Bárbara. Lá, há
o grande impacto ambiental e visual naquela linda paisagem serrana.
Aqui na nossa comunidade, nós sofremos com os caminhões da Fontanela. Estar na rota dessa atividade extrativista é também sentir os impactos negativos dela.
São dezenas de caminhões caçamba circulando diariamente por
nossa estrada. E em altas velocidades. Quando dizemos altas velocidades, queremos dizer altas mesmo. Totalmente impróprias para este tipo
de trajeto. Colocando em risco a vida de quem trafega, anda ou trabalha
por este caminho. Além desse risco enorme, há outro problema grave:
o incômodo com as nuvens de poeira. Os moradores não suportam
mais. Quem mais sofre são os idosos que vivem por aqui. Eles sempre
tiveram o interior como o seu “cantinho de paz”. Com a chegada da
Fontanella, tudo mudou. Às vezes, nem são seis horas da manhã e as
caçambas já estão a pleno vapor, fazendo muito barulho, muita lama ou
muita poeira.
Um leito cada vez mais inseguro
A topografia da estrada faz com que se formem pontos críticos em
relação à segurança. Nesse aspecto, avaliamos que se continuar assim,
algo mais grave pode acontecer. E quando não é poeira, é lama. Se nada
for feito, é provável que em breve alguns lugares devam ficar intransitáveis. O peso elevado dos caminhões danifica muito o leito da estrada e,
em alguns pontos, basta chover um pouco para que exista muita lama.
Respeito é bom e nós gostamos
A grande queixa da maioria dos habitantes de nossa comunidade é
a falta de educação de alguns motoristas. Sem respeito nenhum, eles
passam em frente às nossas casas em alta velocidade. E quando encontram um carro ou uma moto praticam direção agressiva e a lei do maior
e mais forte. Gentileza com quem vive e trabalha por aqui, nem pensar.
Que tal ir um pouco para o lado para ceder espaço também para que o
outro veículo possa passar? Por aqui, pelo menos, nós aprendemos que
temos que ser educados também no trânsito.
Os prejuízos do pó
Nossa comunidade tem empresas perto da estrada. Nas serrarias,
todos reclamam da poeira. No laticínio, já não se consegue a mesma higiene por causa do pó. Também há pessoas sofrendo com alergia e precisando de cuidados médicos e de remédios. Essa conta ninguém faz?
Apelo às autoridades
Fica o nosso chamamento às autoridades competentes: façam alguma coisa para, pelo menos, amenizar estes graves problemas. Sabemos
que não se pode tirar o direito de ir e vir de ninguém, mas vamos conversar com o poder público para ver até aonde vão os nossos direitos.
Pensamos que vivemos em um lugar civilizado e podemos conviver
nos respeitando. Até o ônibus escolar está saindo um pouco mais cedo.
Caso contrário, chega atrasado à escola, pois é ele quem tem que dar
marcha ré e fazer todas as manobras para dar passagem livre às caçambas da Fontanella.
O que gostaríamos de saber
E os motoristas desta empresa? De onde eles vieram? Lá as pessoas
costumam se respeitar? Por que eles se fazem donos da estrada? Dar
ré ou passagem para algum veículo não faz parte da formação que a
empresa dá a eles?
Em relação ao pó, por que a Fontanella nunca cogita molhar a estrada? Não seria conveniente que o fizessem?
O que queremos é o nosso sossego de volta
Vamos tentar resolver amigavelmente. Se não adiantar, faremos manifestações e veremos até aonde teremos que ir. Tudo para ter a nossa
qualidade de vida de volta!
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
9
SAÚDE
Programa Mais Médicos
também em Santa Rosa de Lima
A partir do mês de março, a população do nosso município passou a se beneficiar de mais essa política pública do Governo Federal. Nos últimos seis meses, o Mais Médicos distribuiu quase dez mil profissionais pelo
interior do Brasil e pelas periferias das capitais. Lançado em julho de 2013 pela presidente Dilma Rousseff, o
programa prevê a vinda emergencial, por três anos, de profissionais do exterior.
Nesse período de funcionamento do Mais Médicos, o Datafolha constatou que 14 milhões de brasileiros, ou
10% de toda a população com mais de dezesseis anos, foram atendidos por algum médico estrangeiro. Organizações cartoriais ligadas à profissão no Brasil, como o Conselho Federal de Medicina, questionam tal opção.
Dizem que o aumento, que julgam sem critérios, da oferta de médicos não é capaz de resolver os problemas
do SUS. O Ministério da Saúde, por outro lado, afirma que 80% dos problemas de saúde no país podem ser
resolvidos com atenção básica.
Satisfação por ter médicos estrangeiros
Juntamente com o Minha Casa, Minha Vida e o
Pronatec, o Mais Médicos
é um programa estratégico
do Governo Federal que
atende aos municípios brasileiros de forma republicana. Ou seja, não importa o
partido que esteja à frente
da prefeitura, os interesses
e as necessidades da população são postos em primeiro lugar.
O Ministério da Saúde
considera essa ação fundamental porque dos mais de
370 mil médicos que atuam
no país hoje, apenas 34 mil
atuam como médico de família e servem nos postos
de saúde. A meta do Governo Federal é ter 50 mil
médicos nessa área, para
ter pelo menos um médico
de família para cada três mil
habitantes a fim de suprir a
demanda dos pacientes do
SUS, que está em torno de
150 milhões de pessoas.
Segundo pesquisa de
opinião realizada pelo instituto de pesquisa da Folha
de São Paulo, 67% dos brasileiros se declaram favoráveis à presença de médicos
estrangeiros no país. Agora,
há uma forte possibilidade
de que os pouco mais de
dois mil habitantes de Santa Rosa de Lima passem a
ter a mesma posição, com o
trabalho da médica cubana
Marilin Mayeta Govea.
Exclusivas
Para tratar da chegada
do programa e da médica
ao município e para ajudar
nossos leitores a se posicionarem neste debate cheio
de controvérsias, o Canal
SRL solicitou uma coluna
exclusiva ao Dr. Murilo Leandro Marques. E para falar
da medicina em Cuba, conseguiu entrevistar com exclusividade, por internet, o
jovem brasileiro Otávio Dutra, que finaliza seu curso
na Escola Latino Americana
de Medicina, em Havana,
capital daquele país.
segue
10
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
segue
Promoção da SAÚDE - ESPECIAL
Murilo Leandro Marcos
Bem vinda Marilin!
Santa Rosa de Lima tem gente nova na saúde. No dia 14 de março, a nova médica foi apresentada ao município. A cubana Marilin Mayeta Govea foi contratada pelo programa Mais Médicos, do governo federal. Junto
dos mais de vinte anos de experiência na profissão, Marilin deverá apresentar aos santarosalimenses a visão
humanista e de grande qualidade técnica da medicina cubana. É importante destacar que os cubanos compreendem a saúde exatamente como está escrito na Constituição Brasileira de 1988: como um direito universal.
Nas condições de profissional da medicina que já atuou em Santa Rosa de Lima e de colunista do Canal
SRL, desejo um ótimo trabalho para a colega Marilin. Creio que pode ser mais um passo para que a Capital
da Agroecologia “cultive” também, com atenção e cuidado, saúde e qualidade de vida! Seja muito bem vinda
Doutora Marilin! E conte com meu respeito e com meu apoio!
Para celebrar essa chegada especial e para esclarecer o santarosalimense sobre o Programa Mais Médicos
e sobre a medicina cubana é que, atendendo à solicitação da Editora O ronco do Bugio, escrevi esta coluna
também especial.
Mais médicos... E tome cubano!
“Os cubanos já atendem uns 35 milhões de brasileiros em uns 6 meses de
programa. Que sirva de lição à Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) que, em 100 anos, não fez muito
mais do que ignorar o médico generalista
e a Atenção Primária à Saúde e ensinar os
médicos formados a nutrir um desprezo
por essas duas áreas. [...] Na ânsia de copiar a “alta tecnologia americana”, [os professores de medicina da USP] esqueceram
de estudar o alfabeto que começa sempre
com a letra A de Atenção Primária à Saúde
e de acesso. E tome cubano! Eles merecem
todo respeito. Não tem culpa de nada. Nós
somos responsáveis pelas nossas mazelas.”
É assim que Gustavo Gusso, professor
de medicina da USP (Universidade de São
Paulo) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, compreende a importância da vinda de
médicos estrangeiros para trabalhar nas
periferias e no interior do país, pelo programa Mais Médicos.
O Mais Médicos surgiu como uma das
respostas do governo federal às manifestações ocorridas em junho do ano passado.
As multidões de brasileiros que foram às
ruas em muitas cidades, exigindo saúde e
serviços públicos de qualidade, expressam
a necessidade e a possibilidade de novos
pactos sociais, que privilegiem o interesse
público e não os interesses econômicos.
O Programa do governo federal
Lançado em 8 de julho de 2013, o programa faz parte de um amplo pacto de
melhoria do atendimento aos usuários do
SUS, com o objetivo de ampliar o número
de médicos nas regiões carentes do país e
acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde. Os
profissionais do programa recebem bolsa de R$ 10 mil por mês e ajuda de custo
pagos pelo Ministério da Saúde. Os municípios ficam responsáveis por garantir alimentação e moradia aos selecionados.
Médicos brasileiros e estrangeiros
Como definido desde o lançamento
do programa, os médicos brasileiros têm
prioridade no preenchimento dos postos
apontados e as vagas remanescentes são
oferecidas aos estrangeiros.
O Brasil tem perto de 400 mil médicos
e forma aproximadamente mais 15.000 a
cada ano. Em média, possui 18 médicos
para cada 10.000 habitantes. Esse índice é
menor do que em outros países, como a
Argentina (32), ou Portugal (40) e Espanha
(40). A título de ilustração, Cuba tem mais
de 60 médicos para cada 10.000 habitantes.
Além disso, o país sofre com uma distribuição desigual de médicos nas regiões:
22 estados estão abaixo da média nacional. “Existem brasileiros que nunca tiveram
acesso a um médico. E quando tem, só pagando”, relata Augusto César, médico brasileiro formado em Cuba.
Santa Catarina, por exemplo, tem 15
médicos por 10.000 habitantes, ao passo
que no norte do país há entre 6 e 9 médicos para cada dez mil pessoas.
Praticamente todos os médicos brasileiros possuem um ou mais empregos.
Trabalham em média 42 horas por semana e ganham, aproximadamente, R$
8.500,00 por mês, o que os coloca no topo
de rendimentos entre as profissões de nível superior.
Público X Privado
O dado mais marcante, no entanto, é
que 67% dos médicos trabalham no setor
privado. Tal constatação apresenta talvez
o problema elementar da saúde no Brasil:
a subordinação do setor saúde à lógica de
mercado.
Sabemos que a assistência à saúde é
dependente de todos os trabalhadores da
saúde (e não somente de médicos) e de
sua capacidade de produzir um cuidado
de qualidade. Contudo, é consenso entre
os gestores que, entre todas as categorias
profissionais da saúde, os médicos são os
profissionais mais difíceis de prover nos
serviços públicos. A população também reconhece esse problema quando responde
a pesquisas que o principal problema do
SUS é a falta de médicos.
Deficiências da estrutura pública
As más condições de estrutura e trabalho no setor público de saúde explicam em
parte o fato dos médicos optarem por trabalhar no privado. Soma-se a falta de um
plano de carreira para o trabalhador do
SUS. Assim a média brasileira de médicos
por habitante (18/10.000) esconde uma
distorção: médico até tem, mas, como é
preciso pagar, “só pra quem pode”.
O Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Atenção Básica, tem buscado sanar parte dessas deficiências estruturais. São mais de 3 mil novas Unidades
de Saúde e mais de 20 mil reformadas,
ampliadas e informatizadas. Houve a inclusão das Equipes de Atenção Básica para a
população de rua. Ampliou-se o número
de municípios que podem ter os Núcleos
de Apoio à Saúde da Família (NASF). Serão
implantados mais de 4 mil pólos da Academia da Saúde. Está ocorrendo a universalização do Programa Saúde na Escola (PSE).
São, assim, muitas as medidas estruturantes. A mais polêmica delas tem sido, sem
dúvidas, o Programa Mais Médicos.
Os primeiros resultados são positivos
Mesmo com toda controvérsia nesses
seis primeiros meses de programa, os
números mostram resultados iniciais positivos: 14 milhões de brasileiros já foram
atendidos pelos médicos do programa,
sendo que 69% das pessoas atendidas por
médicos estrangeiros considerou o atendimento como ótimo ou bom.
Treze mil médicos espalhados pelo
Brasil. Cento e noventa e oito, por
Santa Catarina
Em março deste ano, após a quarta
etapa do Mais Médicos, o programa contabilizou mais de 13.000 médicos. Atualmente, Santa Catarina conta com 198 profissionais (176 estrangeiros), distribuídos por
mais de 50 municípios.
Doutores cubanos e medicina cubana
Os médicos formados em Cuba são
11.400 (ou 82% do total de treze mil). E,
mesmo sendo o grupo mais numeroso,
os cubanos ainda sofrem muitas críticas.
Grande parte delas surge de preconceitos
e de desconhecimento sobre a medicina
daquele pequeno país (leia Depoimento
Especial).
Coragem e desprendimento
Entendo que a vinda dos médicos estrangeiros é uma medida pontual e imediatista. Ela deve ser acompanhada de
outras iniciativas complementares. No
entanto, emergencialmente é a melhor
maneira para resolver a falta de médicos,
principalmente no interior e nas periferias
das grandes cidades. Como é sabido, poucos médicos abrem mão das condições de
vida dos centros urbanos e/ou da alta remuneração que neles podem obter para ir
para pequenos município rurais.
Os médicos contratados pelo programa do governo federal têm tido coragem
e desprendimento pouco exercitados pelos médicos brasileiros há muito tempo.
Por trás desse fato, há uma questão que
é pouco comentada: uma das grandes motivações dos médicos brasileiros é ganhar
dinheiro.
Saúde é direito de todos; o que fazer?
É preciso entender a urgência de ter
médicos em todas as regiões carentes do
Brasil. Também é preciso pensar no futuro
do SUS. Porque esses são pontos essenciais para a efetivação da saúde enquanto
um bem universal, o que quer dizer como
direito que não se pode negar a ninguém,
ou como um bem a que todos devem ter
acesso.
Por isso, é fundamental aumentar o
gasto federal na saúde. Hoje, ele representa 3,8% do Produto Interno Bruto e se
defende que ele chegue a 10%. Ao mesmo tempo, é indispensável retirar os incentivos e as renúncias fiscais aos planos e
seguros privados de saúde. O desembolso
das famílias com planos privados, remédios e outros serviços equivale a 4,8% da
renda nacional.
Além disso, há a necessidade de ampliar as vagas nos cursos da saúde e formar mais profissionais com perfil ético e
humano, dentro da lógica do SUS, integrados às Redes de Atenção à Saúde, de
forma a garantir a integralidade e universalidade da assistência.
Por fim, da mesma forma como várias
profissões carecem, há necessidade urgente da criação de um Plano Nacional de
Cargos, Carreiras e Salários para os trabalhadores do SUS.
Do que a saúde precisa?
Que os médicos brasileiros, os políticos
e os gestores tenham a mesma coragem
e ousadia que muitos médicos estrangeiros têm demonstrado. A saúde precisa “de
Mais”!
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Depoimento
Especial
COMUNIDADE
RIO SANTO ANTÔNIO
Mariléia Torquato | Carol Rodrigues
Beleza sem igual
Para apreciar lindas paisagens e belezas naturais
não há necessidade de se distanciar de Santa Rosa de
Lima. Pelo contrário, precisa é interiorizar-se mais por
este nosso pequeno, mas magnífico município. Turistas
que já percorreram o mundo afirmam: “nunca estive
num lugar tão lindo”. O destaque mais que especial nesta paisagem toda é, com certeza, nossa imponente Serra Geral. Grande, bela, senhora, emoldura este cenário
suntuoso em que nossas vidas acontecem.
Otávio Dutra é brasileiro e está
terminando seus estudos de medicina em Cuba. Direto de lá, por
internet, ele fez um retrato da medicina cubana para o Canal SRL.
Transformações
Em Cuba, desde o triunfo popular de 1º de janeiro
de 1959, conhecido como Revolução Cubana, o panorama da saúde no país modificou-se completamente.
Ao mesmo tempo em que se edificava uma nova forma
de organização social – com coletivização dos meios de
produção, do trabalho, das riquezas e do poder – se
transformava profundamente o padrão de saúde e doença do povo cubano.
Resultados
Passados cinquenta e quatro anos, hoje Cuba é indiscutivelmente uma potência nas áreas da medicina e
da biotecnologia. Sobre a primeira, basta dizer que tem
os melhores indicadores de saúde de nosso continente. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde,
a mortalidade infantil é de 4,6 por cada mil nascidos
vivos (no Brasil está em 15,7 para mil nascidos) e a expectativa média de vida ao nascer é de 78,9 anos (no
Brasil, é de 73,4 anos). Cuba hoje é considerada, por
um estudo da organização britânica Save the Children
[Salvem as crianças], como um dos melhores países
para a maternidade do mundo (o melhor da América
Latina), pelo seu exemplar programa materno-infantil e
pelos direitos garantidos à mãe e à criança.
Na área da biotecnologia, mesmo sendo um país
de apenas 11 milhões de habitantes (para lembrar, o
Brasil tem mais de 200 milhões), pobre em recursos
naturais e bloqueado economicamente pelo maior e
mais sanguinário império já existente na humanidade,
produz mais de 80% dos medicamentos que consome, exporta medicamentos e vacinas para mais de 50
países, desenvolve pesquisas de ponta nas áreas de
câncer, células tronco, úlcera diabetes, catarata, vitiligo
e HIV/AIDS; para resumir alguns dos avanços técnicocientíficos na área da saúde.
Modelo de saúde padrão exportação
E como se não bastasse, Cuba exporta esse modelo de saúde para o mundo. Isso é feito através de
missões médicas em territórios devastados por desastres e epidemias na Ásia, África e América Latina.
Destaque-se que essas ações de solidariedade interna-
11
cional tiveram início nos primeiros anos que seguiram
a Revolução Cubana e nunca foram interrompidas. A
exportação do modelo de saúde também é feito pela
formação de profissionais de saúde em todos os continentes, principalmente pela Escola Latino Americana
de Medicina – ELAM. Hoje são mais de 30 mil médicos
cubanos colaborando em missões internacionalistas e
um contingente de mais de 20 mil estudantes de 116
países estudando em Cuba. A grande maioria deles nas
áreas da saúde.
Formação em medicina em Cuba
O ensino de medicina em Cuba busca uma formação integral dos profissionais da área, fundamentada
na saúde como direito universal e não negociável, na
atenção integral e na solidariedade entre os povos.
Para isso, ela equilibra um alto nível de preparação técnica e científica, em todos os níveis de atenção em saúde, com a formação de valores humanos e princípios.
Atuação dos médicos cubanos
Ainda que existam quase trinta mil médicos cubanos fora do país, não existe sequer um consultório de
saúde de família (unidade básica de saúde cubana) em
que o médico atenda mais de 300 famílias. No Brasil,
não seria fato incomum encontrar um só médico atendendo três ou quatro mil famílias em uma Unidade Básica de Saúde.
Para se ter uma ideia das diferenças entre o sistema de saúde brasileiro e o cubano, basta analisarmos
que em Cuba há um médico para cada 148 habitantes,
enquanto que a média do Brasil é de um médico para
555 habitantes. Com a diferença que aí no Brasil eles
estão distribuídos caoticamente. No Rio de Janeiro, é
de um médico para 295 habitantes; e no Maranhão
é de um médico para 1.638 habitantes. Vale ressaltar
que no Brasil, diferentemente de Cuba, a assistência à
saúde não é igual para todos. Isso faz com que essa relação entre médico e número de habitantes fique ainda
pior se considerarmos que a maioria da população não
pode pagar por serviços privados de saúde, onde estão
mais de dois terços dos médicos, e dependem exclusivamente do SUS.
Cultivando amizades
No último final de semana de março, um grupo de
amigos do Santo Antônio e do município de Anitápolis,
resolveu “fazer” uma trilha pelo pé da Serra. Montados
em seus cavalos, o grupo resolveu visitá-la e vê-la de baixo e de perto.
A realização de encontros deste tipo sempre foi o sonho dos irmãos Jeferson, Tiago e Jean Steffens e, a cada
dia, mais se consolida. Os objetivos são cultivar as tradições e valorizar o campo e a simplicidade. A palavra
de ordem neste grupo de cavaleiros é amizade e companheirismo, valores que não podem se perder com o
tempo. Durante a trilha pequenos gestos e atitudes dos
cavaleiros, independente da idade, mostraram esse caráter.
Cavalgada pelas Encostas da Serra Geral.
Impressões
Quem participou do passeio voltou mais que satisfeito. A avaliação é de que foi um momento de profundo
lazer e de convívio respeitosos entre homens, cavalos e
o meio ambiente. A sensação de praticar uma relação de
verdadeira amizade, coisa tão rara atualmente, também
foi mencionada. Segundo os cavaleiros: “A paisagem do
lugar é tão linda que se soubessem, muitos dariam tudo
pra vê-la de perto”. E se redimem: “Nós a temos aqui tão
perto e não a valorizamos”.
São Marcos junto a Santo Antônio
Com aproximação da festa em honra a São Marcos,
que acontece no seu dia, 25 de abril, o santo padroeiro de nossa paróquia visitou todas as comunidades de
Santa Rosa de Lima. No dia 23 de março, a imagem veio
para nossa comunidade, acompanhada pelos moradores de Nova Esperança. Após a celebração da santa missa, todos se confraternizaram no salão comunitário em
torno de um delicioso jantar, com risoto, sopa e saladas.
São Marcos permaneceu em nossa igreja até o dia
vinte e cinco. Foi a nossa vez de levá-lo, agora para a comunidade de Santa Bárbara. Lá participamos da missa e
depois fomos agraciados com um saboroso café oferecido pelos moradores daquela comunidade.
Estas visitas foram muito divertidas e interessantes,
pois promoveram o encontro das pessoas pela fé.
Gostaríamos de apresentar nosso mais sincero agradecimento à comunidade de Nova Esperança, que veio
nos visitar, e à comunidade de Santa Bárbara, que nos
acolheu tão bem. Muito obrigado! Que São Marcos e
Santo Antônio os protejam.
12
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE
Os antigos diziam, esse é o Solo alemão.
Mas é só mais uns que sabem.
Na entrevista para produzir esta sessão da edição anterior, Seu Renato Vandresen mencionou um grupo
de quatro idosos que jogava Solo, nas tardes das quintas feiras, “na parte de baixo do salão velho”. Pareceu
interessante ao Canal SRL que houvesse, ainda, “resistentes” que davam prosseguimento a esse jogo de
cartas que foi tão importante no lazer dos homens nos primeiros tempos da Santa Rosa.
Primeiro, localizamos o “encarregado” do grupo, Bertino Wiemes, que nos explicou que suas funções se
resumem a ter uma cópia da chave da sala onde jogam e assegurar o baralho. Procuramos saber a composição do grupo e as idades de seus membros: “Somos eu, que tenho 73; meu irmão Huberto, com 80;
o Aluísio Heidemann, 78; e o Gabriel Roecker, 89”. Fomos informados, ainda, que Huberto vem do Rio dos
Índios, onde mora, com o transporte escolar e passa a manhã na casa de Bertino. Normalmente, jogando
uma caixeta, os dois aguardam o almoço. Que é servido cedo, para que eles possam estar no salão velho
às 12h30min, momento em que chegam os outros dois.
Propusemos, então, uma conversa com o “encarregado” e seu irmão na quinta seguinte e que, depois
disso, fossemos ao local do jogo para acompanhá-lo. A proposta foi aceita e é o resultado desse convívio
que procuramos apresentar a seguir.
A preparação
Nove e trinta da manhã, horário combinado para a chegada à casa do mais jovem
do quarteto. Nunca tinha notado, logo no
comecinho da subida para a prefeitura,
aquela construção recuada e simpática,
feita de madeira de lei como eram todas
as de antigamente. Bertino e Huberto já
estavam “garrados numa caixeta”. O acolhimento é caloroso. Além dos dois, Dona
Alvina – esposa de Bertino – está presente
com sua energia, suas falas, o bolo tradicional aprendido com a mota tcheca, os
biscoitos, o chazinho e até o bitter de receita própria.
Eles têm pressa em discorrer sobre o
jogo. O meu pedido é para que, primeiro,
falem um pouco deles próprios.
Seu Huberto é nascido na “praça”.
Morava com os pais e trabalhava na roça:
“era lavoura, engenho de farinha, engenho
de cana...” Depois, quando se casou com
Leopoldina, comprou uma terrinha no Rio
dos Índios e foi morar lá. A propriedade
ficava perto da de um irmão dele, casado
com uma irmã da esposa. Ele tinha “achado” Leopoldina Henck na comunidade de
Anta Gorda, município de Anitápolis, numa
festa de comunidade. Bertino esclarece:
“O primeiro baile no salão de lá, fomos
nós que tocamos”. Como assim? Pergunto. “Nós tínhamos um conjunto”. Huberto
tocava cavaquinho. Bertino era bamba no
pandeiro. Alvina afirma que “ninguém faz
um tamborilado no pandeiro como ele
faz”. O Fredolino era o gaiteiro. Mas, quan-
A caixeta matinal entre os três irmãos Wiemes é só para esperar o Solo da tarde.
do precisava, Huberto também “puxava
a gaita”. Na aproximação com a pretendida, além da festa, ainda tem a história
do cunhado que empreitou construção de
uma atafona na casa dela e o jovem Huberto deu um jeito de entrar na equipe.
“E ela gostou do serviço e de quem fez o
serviço”, diz ele rindo.
Seu Bertino teve um início de vida parecido. Mas, foi solteiro para o Rio dos Índios: “porque o falecido pai comprou terra, ele também, pra nós, lá em cima, no Rio
dos Índios. Aí, fui, indo... Depois, busquei
a Alvina, na comunidade de Santa Maria,
vizinha à Anta Gorda”. Alvina diz, rindo,
que “os ‘Wima’ eram contratados pra tocar os bailes por lá, e aí... Foi numa festa
de padroeira de agosto... Depois da festa,
ele veio atrás de mim, veio pro meu lado e
‘fez o carete’.” Perguntada sobre o que era
isso, ela explica: “O rapaz vinha atrás da
moça... Acompanhava a moça, conversando... E ia até uma altura do caminho com
ela. Era quase a largura da estrada, um de
cada lado, cada um numa beirinha” [risos].
Assim, era o primeiro namoro”. Seu Huberto completa, também rindo: “Aí a moça
convidava o rapaz para passear na casa
dela. Aí, tinha um uma caixa ou um baú na
sala e os dois sentavam ali, pra namorar,
com a família circulando...”
O gosto pelo Solo
O jogo, eles aprenderam com o pai
e os irmãos mais velhos. Um com dez
anos, outro com doze. “O Solo se jogava
em casa. Domingo à tarde não tinha outro divertimento. O pai chamava e o ‘pau
pegava’...” “Fora, jogava na casa dos outros. Uns iam visitar os outros para jogar
Solo. Domingo de meio dia, todo mundo
almoçava e ia em casa de um vizinho ou
de outro, passear. Se era um lugar mais
longe já ia sábado de tarde ou domingo
de madrugada. As famílias se visitavam na-
Seu Huberto Wiemes.
quele tempo.” “E aí jogavam... Tudo junto,
velhos e jovens. Os mais velhos ensinavam
os mais jovens. Por isso, muita gente jogava Solo”.
Lembram que quando foram morar
no Rio dos Índios, “só quando vinha algum
parente, dava um Solo. Ou vinha visitar
os parentes da praça, só para jogar” Os
colegas do tempo de praça também se
visitavam lá no interior. Porque lá não tinha parceiro para o Solo. Lá a maior parte
era de ‘brasileiro’ e não sabia jogar o Solo.
Eles jogavam pife. Dos que moravam lá,
só o falecido Pedro Picker, que trabalhava nas terras dos Westphal, jogava Cabeça de carneiro e Solo. Depois, ele faltou e
acabou... Quando, lá no interior, não teve
mais gente pra Solo, aí a gente começou a
jogar canastra”.
Os irmãos Wiemes afirmam que, apesar disso, “o gosto pelo Solo ficou, porque
é o melhor jogo”. Perguntamos por que.
Huberto responde rapidamente: “Porque
é um divertimento tão bom!”. E Bertino
completa: “O divertimento mais alegre
que tem é o do Solo. Porque tu jogas em
quatro e toda vida não é o mesmo parceiro. Depende do jogo, muda o parceiro.” E,
de novo, Huberto esclarece: “Se eu tenho
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Roecker diz com uma ironia no canto
dos lábios: “Ih, pra aprender, só jogando”.
Acompanho o jogo e as contínuas batidas
que eles dão com os nós dos dedos na
mesa quando largam uma carta “mais forte” e puxam para si a “Stich” (vaza).
O parceiros de cada quinta, mantendo uma tradição.
uma pergunta, eu tenho que chamar um
Ás. Só que, dos outros três, eu não sei
quem tem esse Ás. Só depois de jogado...
Aí sabe quem é o parceiro”. A pergunta,
pelo que entendi, é anunciar o naipe que
é trunfo e o naipe do Ás que definirá o
parceiro.
Os quatro resistentes: “Solo” no subsolo
No salão velho, a reunião de cada quinta dos idosos. Nesta vez, parece que não
tem conjunto e baile. Mas o movimento é
grande. Na passagem que leva ao subsolo,
o ruído característico de crianças no pátio
do Núcleo. Uma porta entreaberta. Vozes
de homens que falam o tempo todo e um
barulho frequente de nó de dedo batendo
em madeira.
Entro, procurando não atrapalhar.
É um espaço grande. Ao longo das duas
paredes que não têm janelas, velhas carteiras escolares, umas de pernas para o
alto apoiadas sobre outras em posição
normal. Aquelas casinhas usadas para a
loteria do coelho nas festas de igreja repousam, também amontoadas, ao fundo.
No canto, tambores com faixas verdes e
amarelas. Provavelmente da fanfarra, para
o sete de setembro. Ao lado, um velho armário. Nada na parede com muitas janelas, por onde a luz tênue de uma tarde nublada invade o ambiente. Bem no centro
dessa ampla sala que tem um piso frio de
cerâmica, em torno de uma mesa redonda sob duas lâmpadas fluorescentes que
lembram um rabo de porco, cinco homens
sentados. Quatro têm um leque de cartas
às mãos e sorrisos matreiros nos rostos.
Um deles pita um palheiro. Eles me dizem
que estão se divertindo. E transmitem
esse sentimento. À frente de cada um,
muitas moedas de dez centavos e uma ou
outra de um real. Eles explicam: “é para
o caso raro de um tudo anunciado”, que
paga R$ 1,60. Na maioria do tempo o que
se vê são dez ou vinte centavos passando
daqui para lá e de lá para cá, conforme se
ganha ou se perde. Dizem que o dinheiro
também é só para se divertir e lembram
que quando jogavam nas famílias, nas
tardes dos domingos, as “moedas” eram
grãos de feijão.
Todos se orgulham de terem vivido da
roça. E alguns de ainda trabalhar a terra.
Explico que vim para ver o Solo. Gabriel
Tentando entender o jogo
O Solo é jogado com “as folhas de sete
para cima”. Jogando em quatro, cada um
recebe oito cartas. A Kreuz Dame (dama
de paus) é a “Velha”, a carta mais forte. Depois, vem o sete do trunfo anunciado na
pergunta. A terceira é a “Bastiona”, que é a
dama de espadas. No restante, o valor das
cartas vai caindo do Ás até o oito.
O nome parece vir das situações em
que um dos jogadores joga sozinho (Solo)
contra os outros três. Para ganhar, tem
que fazer cinco vazas.
Tento seguir os lances, mas me perco constantemente. Comento que o jogo
tem muitas variações. Eles me explicam
que a formação dos parceiros depende
da “pergunta”, que é feita pelo “mão” ou
por outro, se este passa, podendo chegar
até ao “pé”. Da mesma forma a força das
cartas que cada um recebeu, vai depender da pergunta anunciada. Por exemplo:
“Paus é trunfo e Ás de Copas”. E tem ainda o einmol (uma vez), o sweinmol (duas
vezes), o “bater cego”... E o “solo branco”,
anunciado no começo do jogo, quando
não há nenhuma figura entre as oito cartas recebidas.
Aluísio Heidemann, sem perder sua
concentração no jogo que tem às mãos,
comenta: “Como se diz, é um jogo cheio
de frescura. E aí é que está... O cara pode
estar meio estressado, mas passou a jogar
o baralho que já sai tudo”. A fala é seguida quase de um coro dos outros três: “É
divertido!” Bertino, em seguida, considera:
“É um jogo cheio de mistério”.
Idioma
Comento que havia pensado que eles
falassem mais alemão durante o jogo. Sorriem e me dizem que, na verdade, quando
estão sozinhos é o que fazem. “Falavam
As histórias ouvidas ao longo
da conversa fazem pensar
Refletir sobre as recordações que
eles têm do período em que eram solteiros e jogavam Solo na igreja velha.
“Depois que a igreja mudou, a antiga virou um salão. Ali, era bastante jogador.
A juventude... os casados...”
Da mesma forma, a forma a que
se referem aos “antigos que eram medonhos para jogar Solo: o Henrique
Siebert, o Antônio Schmidt, o Henrique Heidemann, o Adolfo Vandresen,
o Gregório Heidemann...” Lembram
que o Henrique Siebert era reinador:
“quando começava a perder, reinava”.
O Antônio Schmidt também era reinento... O falecido Becker, também... E que
o falecido Henrique Heidemann gozava
deles todos dizendo: “Vocês é que não
sabem aproveitar as cartas. Ganham o
mesmo tanto de cartas e não sabem
aproveitar... O Henrique Heidemann
era medonho...” [risos] Os falecidos
Adolfo Vandresen e Gregório Heidemann são lembrados porque gostavam
de blefar. “Não tinham o Ás da pergunta e jogavam o trunfo”. Faziam isso para
enganar os outros três e fazer o Solo,
ou seja ganhar sozinho.
E confirmam: “A história que o Renato contou no jornal era assim mesmo. A turma passava a noite jogando
a luz de querosene e amanhecia com
as caras pretas. Nós, uma vez, lá no Rio
dos Índios, jogamos um dia e uma noite. Chegaram uns parentes lá, sábado
ao meio dia. Nós fomos lá e começamos a jogar. E fomos até o domingo, às
quatro horas da tarde. Só dava umas
paradas para comer e continuava pra
frente. Passamos a noite toda. A querosene também. Botava duas lâmpadas de querosene, uma em cada ponta
da mesa, encima duma coisa mais alta,
uma latinha... e o pau pegava. Tomava
uma caipirinha. Naquela época, cerveja
não... As mulheres, era o papo delas... E
os homens era o Solo. Era o maior divertimento”.
segue
13
português” por minha causa. Para que
eu entendesse. Agradeci, constrangido, e
pedi que então fizessem algumas rodadas
em alemão. Pareceu-me que, com a mudança de “língua”, o ritmo do jogo passou
a ser outro. E até que o prazer deles em
jogar era muito maior.
São quatro!
Permaneço ali, com o gravador ligado,
acompanhando. A bateria da filmadora
já tinha acabado. Fico pensando... São
quatro os jogadores de um jogo que se
joga em quatro ou em seis. Hoje, excepcionalmente, há um quinto jogador e solidariamente houve um arranjo. De forma
rotativa, quem dá as cartas não participa
da rodada. Assim, todos jogam. O quinto,
Rodolfo, mais um dos irmãos Wiemes, não
é um parceiro frequente. Na maioria das
vezes prefere dançar no salão de cima.
Por isso, está meio enferrujado no jogo. O
quarteto demonstra que é compreensivo
e acolhedor.
Ouso perguntar aos quatro: e quando
um de vocês faltar? Quase em coro vem a
resposta: aí vai acabar! Explicam que os filhos e os mais novos não quiseram aprender. Que já tentaram formar novos jogadores, mas não tiveram sucesso. Fazem a
ressalva de que “no Rio Bravo Alto, muita
gente ainda joga. No Rio Bravo Baixo, também. E no Rio Areia tem jogador”. Lembram também que na praça tem uns que
jogam, “mas preferem dançar no grupo
dos idosos. Porque, quem joga não dança...”. E Bertino diz em tom quase religioso: “Porque o Solo no meio daquela turma
toda, com aquele barulho, não dá! O Solo
é uma coisa calma...” Comento o que Dona
Alvina havia me dito pela manhã: “Barulha,
né? Bate na mesa, quase quebra a mesa...
Quando faz um tudo, quase quebra a
mesa...” E Huberto recorda: “Hoje não faz
mais tanto. Antigamente, os velhos ficavam com os dedos inchados de tanto bater na mesa [risos].Hoje não é mais tanto,
mas naquele tempo era um soco que quase quebrava mesmo a mesa”.
Esse conjunto dá uma forte
ideia de que algo está se perdendo. São tempos e conhecimentos que se vão.
Nossos jogadores acham
“uma pena”, afinal “é um jogo
que veio da Alemanha com
nossos antigos”. Huberto lembra do tempo que sua comunidade tinha sessenta e poucas
famílias. “Hoje, tem seis. Não
dá nem vinte pessoas. Foram
saindo... saindo”.
Tudo isso deveria nos fazer
pensar. E quem sabe resistir.
Como esse quarteto, que lamenta o desinteresse dos jovens.
14
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
segue
PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE
Gabriel Roecker
Aluísio Heidemann
Enquanto puder...
Seu Gabriel me diz, com uma voz cheia
de energia e de orgulho: “Sou o homem mais
idoso do município”. Lembro a ele que o entrevistado da edição anterior do Canal SRL
logo vai fazer noventa. Ele rebate de pronto:
“O Renato? Um mês e dezoito dias depois de
mim. Sou o mais velho”.
Pergunto sobre o jogo: “Os antigos diziam,
esse é o Solo alemão. Mas é só mais uns que
sabem. Tem alguns que sabem, mas aqui é
só mais nós quatro. Eu nem me lembro mais
quando aprendi. Mas faz tempo... [risos] Eu já
era adulto e aprendi com a turma que jogava.
Eu tenho dois rapazes mais novos, mas aqueles não querem aprender. O meu irmão jogava, com nós aqui... Mas ele já faleceu. Eu vou
jogar enquanto puder. Não sei quando vou
morrer, mas não tenho nenhuma pressa”.
Aprendizagem
Eu aprendi com o meu pai,
Henrique Heidemann. Esses que
o Renato falou no jornal, os antigos, jogavam muito na casa do
meu pai. Porque o sogro do Renato morava lá perto no Rio dos
Índios... Mata Verde. Aí jogavam
o Henrique Heidemann, o Alberto Becker, o Henrique Siebert e o
Antônio Schmidt. Eram os quatro
vizinhos. E um dia faltou um e foi
quando eu aprendi a jogar com
eles. Botaram na mesa e aprendi
na marra. Eu ia observando. Eles
iam dizendo... E eu logo aprendi.
Eu tinha uma base de dezessete,
dezoito anos. E desde aquela época eu sei jogar.
Naquele tempo
Alvina Zezulka Wiemes
Na Santa Maria, onde nós nos criamos e eles foram buscar nós – eu e minha irmã, que somos esposas desses
dois irmãos – lá era só começar o baile e não demora já tinha alguém com um revólver e pow e pow e pow... E outros já pulavam a cavalo e paravam o cavalo em pé. A gente era solteiro tudo no mesmo tempo. Eles e o outro meu
cunhado Evaldo, irmão do falecido André Wiggers, iam lá e os rapazes de lá ficavam sapateando atrás deles. Ficavam
brabos. A gente perguntava pra eles por que eles provocavam. E eles diziam: Ah, porque os rapazes de fora não tem
nada que vir tirar as gurias daqui.
Naquele tempo um casal de namorados não podia dançar duas marcas a fio juntos. A comissão das festas não
aceitava. Ela podia dançar uma marca com o namorado e a seguinte tinha que dançar com outro rapaz. Se dançasse duas seguidas, quem era da comissão da festa já vinha e botava ela pra rua. Se ela negasse uma marca pra
outro – podia ser velho, feio, barbudo, como fosse – se chegasse, tirasse a moça pra dançar e ela não fosse, ela era
botada pra rua. E em todo lugar era assim. E o rapaz podia reclamar. Podia dar queixa pra comissão, que eram os
fabriqueiros da festa.
No dia 10 de maio, completamos 1 ano.
Valorizando nossa terra, nossa cultura
e nossa gente.
Canal SRL e Gemüse Fest,
tudo a ver!
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
ANO 1 - Nº 10 • Edição Mensal - Abril/2014 • Jornal da Criança de Santa Rosa de Lima - A Capital da Agroecologia
15
• Distribuição gratuita. Venda Proibida.
CARTILHAS NOSSO AMBIENTE
NESTA EDIÇÃO, CONTINUAMOS A PUBLICAR AS CARTILHAS QUE TÊM FEITO TANTO
SUCESSO ENTRE OS NOSSOS LEITORES.
NÃO CUSTA LEMBRAR QUE ELAS SÃO ESCRITAS E DESENHADAS PELO TALENTOSO
ALEXANDRE BECK E SÃO PUBLICADAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL E PELA FATMA.
NESSE MÊS, NOSSAS PÁGINAS CENTRAIS TRAZEM DUAS DELAS.
“UMA PISTA PARA A NATUREZA”
INVASORAS
A PRIMEIRA SOBRE É SOBRE CORREDORES ECOLÓGICOS.
TEMOS CERTEZA QUE VOCÊ SABE QUE SANTA ROSA DE
LIMA É UM IMPORTANTE CORREDOR ECOLÓGICO. AS
ÁREAS NATURAIS DO NOSSO MUNICÍPIO SERVEM PARA
CONECTAR AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DO PARQUE
NACIONAL DE SÃO JOAQUIM E DO PARQUE ESTADUAL DA
SERRA DO TABULEIRO.
ASSIM, PRECISAMOS TRATAR BEM A NATUREZA POR AQUI
PARA EVITAR QUE PLANTAS E BICHOS
DA MATA ATLÂNTICA DESAPAREÇAM.
OU SEJA, QUE ESPÉCIES SEJAM
EXTINTAS PORQUE NÃO ESTAMOS
FAZENDO A NOSSA PARTE
EM CUIDAR DA NATUREZA.
A SEGUNDA CARTILHA É SOBRE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS.
EM NOSSO MUNICÍPIO, PRECISAMOS PENSAR ESPECIALMENTE NA
FLORA, OU SEJA, NA DIVERSIDADE DE PLANTAS. UMA PLANTA QUE
NÃO É NATIVA DO BIOMA (VER BOX) PODE SE TORNAR INVASORA E
CAUSAR GRANDES DANOS ÀS ESPÉCIES NATURAIS DO LOCAL.
EM SANTA ROSA DE LIMA, PRECISAMOS PENSAR SOBRE O PLANTIO
CRESCENTE DE PINUS E EUCALIPTO, QUE SÃO ESPÉCIES EXÓTICAS.
O PINUS É UMA PLANTA ORIGINÁRIA DA AMÉRICA DO NORTE
(CANADÁ E ESTADOS UNIDOS) E O EUCALIPTO É DA AUSTRÁLIA.
VOCÊ JÁ DEVE TER OBSERVADO COMO NAS ÁREAS DE PLANTIO
DESSAS ESPÉCIES EXÓTICAS HÁ UMA GRANDE PERDA DE
BIODIVERSIDADE. QUASE NÃO HÁ OUTRAS PLANTAS
E OS ANIMAIS E PASSAROS PRATICAMENTE
DESAPARECEM.
VAMOS PENSAR SOBRE ISSO?
BIOMA: É UMA UNIDADE BIOLÓGICA OU UM LUGAR (ESPAÇO GEOGRÁFICO) CARACTERIZADO
DE ACORDO COM O CLIMA, OS ASPECTOS DA VEGETAÇÃO, O SOLO E A ALTITUDE.
ÁGUA: UM BEM QUE DEVE SER
USADO DE FORMA RACIONAL
NO DIA 22 DE MARÇO, FOI COMEMORADO MAIS UM
DIA INTERNACIONAL DA ÁGUA.
ISSO ACONTECE DESDE 1993, DEPOIS DE UM
ENCONTRO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE
REALIZADO NO RIO DE JANEIRO, EM 1992 – A ECO92.
A ÁGUA É UM RECURSO NATURAL ESCASSO, FINITO E
CADA VEZ MAIS IMPORTANTE PARA OS HABITANTES DO
NOSSO PLANETA.
POR ISSO, NOSSO MUNICÍPIO É “RICO”. AFINAL, DIZEM
QUE AQUI TEM MAIS NESCENTES QUE HABITANTES.
É PRECISO, ENTRETANTO, CUIDAR DESSAS NASCENTES.
É NECESSÁRIO PRESERVÁ-LAS.
SENÃO, LOGO, LOGO, PERDEREMOS ESSE TESOURO.
PORQUE AS NASCENTES PODEM DESAPARECER.
ÁGUA E ENERGIA
NESSE ANO, A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) DEFINIU
QUE AS CELEBRAÇÕES DO DIA INTERNACIONAL DA ÁGUA DEVERIAM
GIRAR EM TORNO DO TEMA “ÁGUA E ENERGIA”.
EM SANTA ROSA DE LIMA, ISSO NOS FAZ PENSAR SOBRE AS MUITAS
PEQUENAS CENTRAIS HIDRELETRICAS (PCH) CONSTRÚIDAS AQUI. E
SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS QUE ELAS ESTÃO TRAZENDO
SOBRE A VIDA DO NOSSO RIO BRAÇO DO NORTE E SOBRE AS VIDAS
DAS NOSSAS COMUNIDADES E DAS NOSSAS FAMÍLIAS.
DISCUTA ISSO NA ESCOLA. CONVERSE COM OS COLEGAS E COM OS
PROFESSORES.
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Meine Meinung Minha Opinião
Wilson Feijão Schmidt
Desde a última edição, esta humilde coluna de opinião teve
a demonstração clara que também é lida pela atual mesa da
Câmara de Vereadores. E agradece a preferência.
Afinal, depois de ter juntado as palavras impressas neste
espaço, dois dos seus ocupantes fizeram, durante os trabalhos daquela casa, menções ao que conseguiram entender.
Uma nem merece ser comentada. Por tão ridícula!
Para a outra, é bom fazer esclarecimentos. Infelizmente,
como essa Câmara é “meia boca” e não se consegue sequer
a gravação de uma reunião que deveria ser pública, vamos ter
que reconstituir a fala do nobre edil pela memória de alguns
bons ouvintes. Que me afirmaram, inclusive, que a manifestação foi baseada em anotações feitas em uma folha de caderno, não se sabe escritas por quem.
A fala do presidente
“Já que temos aqui o editor do ‘O Ronco’, eu gostaria de fazer um pedido. Não
é uma crítica. É um pedido. Porque tem
um colunista que no ano passado debateu muito sobre esta casa. [...] E agora ele
voltou a chamar as nossas lideranças de
bode, de hiena, de peixe e até de pinguim
manco. [...] Convido ele para vir nessa casa
para dar esclarecimentos sobre isso”.
Leitura ou raciocínio mancos
Cortei dois trechos. O primeiro porque
não tinha nada de relevante. O segundo,
para não repetir a associação, completamente infeliz e simplória, que o membro
da mesa da Câmara fez entre pinguim
manco e uma determinada pessoa. O
bullying é dele! Já que se ele tivesse lido
bem a coluna veria que, primeiro, não me
referi especificamente a nenhum lugar.
Eu escrevi: “A leitura desta obra literária
(A Festa do Bode) torna impossível não se
lembrar de certos ‘Chefes’ de municípios
espalhados pelo Brasil”. Se vestiram a carapuça, o problema não é meu. Segundo,
porque eu descrevi as características de
um Chefe. Ele manda, intimida ou constrange tanto que extirpa dos homens o
livre-arbítrio. Ora se pinguim manco era
apelido para Chefes, como estaria eu fazendo referência a alguém que não manda nada e que, ao contrário, foi bastante
marginalizado até há pouco?
Os bichos e os possíveis apelidos
Pinguim manco: a ideia inicial era
usar pato manco. Como se sabe, esse termo é usado para um chefe de executivo
que fica em posição politicamente enfraquecida devido ao término iminente de
seu mandato. Desta forma, pato manco
não seria associado àqueles Chefes de
municípios espalhados pelo país que, por
exemplo, não puderam se candidatar por
serem fichas suja. E que precisam, hoje,
ocupar uma boquinha em uma ou outra
secretariazinha. Além disso, em geral é
difícil achar um Chefe de municípios espalhados pelo país que pareça muito com
patos. Com pinguins, nem tanto! (ver imagem).
Peixe: Por que não? Tem Chefe de
municípios espalhados pelo país que poderia ter a alcunha de Bagre, porque é
liso; de Robalo, porque se você vacilar ele
vai fazê-lo; ou de Traíra, porque é traíra.
Hiena: Só acha que não há Chefes de
municípios espalhados pelo país que poderiam ser apelidados de hienas aqueles
que não conhecem as hienas. São bichos
que comem merda, mas vivem rindo. São
predadoras de extrema habilidade e crueldade. Relegadas ao segundo plano na hierarquia da caça, esses animais também se
fazem de vítima. As hienas só se unem na
hora de caçar, mas brigam quando vão repartir a carniça. Vivem em bando, mas é
só aparência. No final das contas, a hiena
bem-sucedida é aquela que tem o monte
de merda só para ela. As hienas são egoístas e vivem o seu dia como se fosse o
último. Elas têm uma disposição incrível
para aproveitar os momentos de fraquezas dos outros. São capazes de matar e
comer vivo a própria líder. Talvez seja o
único mamífero que se alimenta de sua
própria espécie.
Ao pé da letra
É de se estranhar que a coluna tenha
sido interpretada como foi. É como se eu
tivesse escrito que o Chefe “come com os
olhos” e o nobre edil solicitasse que eu
fosse à Câmara explicar porque eu disse
que fulano ou sicrano tem uma deficiência
na boca. Bastaria pensar um pouco para
se dar conta de que se trata de uma expressão popular que significa comer uma
quantidade superior àquela necessária
para passar a fome. Mas, é preciso ser capaz de pensar...
Quanto ao convite para ir àquela
casa
Grato pela solicitação para que eu
vá à Câmara. Irei sim. Apresento apenas
algumas condições, simples e normais
em uma democracia. Irei quando puder
gravar e fotografar ou filmar as sessões.
Irei quando todos os vereadores tiverem
atendidas solicitações de acesso aos registros de som e às atas das sessões, de
modo a poder exercer plenamente os
mandatos que receberam de seus eleitores. Irei quando não se anunciar mais o
chamamento de claques, para aplaudir ou
vaiar no plenário. Em suma, irei quando a
Câmara deixar de ser, “bonitinha, mas ordinária”, para usar o nome de uma peça
de teatro de Nelson Rodrigues.
Não é uma crítica. É um pedido.
Senhor Presidente, eu escrevi neste
mesmo espaço que o senhor é um homem de sorte. “Afinal, sua gestão será
comparada com a anterior, que foi marcada por um cumprimento muito pobre das
importantes tarefas do poder legislativo
municipal (legislar e fiscalizar), pela falta de
transparência, pela postura antidemocrática e, de forma geral, pela mediocridade”.
O meu pedido é para que o Senhor
não faça o que parecia impossível: ser ainda pior!
Mais livros e animais
Neste mês, li outro livro. Ele também
me fez pensar em certos lugares do Brasil.
O autor agora é brasileiro: Antônio Olavo
Pereira. E o título da obra é Marcoré.
Publicado pela primeira vez em 1957,
o livro retrata, pelo olhar do dono do cartório local, o dia a dia de uma pequena cidade do interior de São Paulo.
Na edição da Arqueiro, de 2013, na página 174, pode-se ler:
“Uma Câmara presidida por um jumento dessa ordem, que não sabe ligar
duas frases! Lugar infeliz! É por isso que
não vamos para diante”.
Fique bem claro que o personagem
fala de uma pequena cidade do interior
de São Paulo, em 1957. E não seria só por
isso que não se vai para diante...
Frase do mês
“Quando alguém diz
‘sobre mim, só podem
falar o que eu quero’,
temos um problema sério. Essa ideia é incompatível com a sociedade
democrática”.
Maria Celina D’Araújo, Cientista política,
Professora da PUC-RJ
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Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Anote aí
!
Espaço d’Acolhida
Cleuza e Remir Boeing
Pousada Boeing
14ª Gemüse Fest
Estão abertas as inscrições para o Concurso
de Rainha e Princesas da 14ª Gemüse Fest.
A ficha de inscrição, o termo de concordância e responsabilidade, assim como a autorização dos pais e responsáveis – para candidatas com menos de 18 anos – e cópia
do regulamento do concurso, podem ser baixados diretamente no site da prefeitura (www.santarosadelima.sc.gov.
br).
O concurso será realizado no dia 11 de Maio [domingo].
A casa onde hoje funciona nossa pousada foi construída há mais de trinta anos pelos pais de Remir, Seu Silvestre e Dona Vitória. Recentemente nós a restauramos
com recursos do Projeto SC Rural e começamos a receber turistas. Queremos que nossos visitantes desfrutem
da nossa vida no campo, da nossa cozinha colonial e das
belezas naturais que estão a nossa volta. Nossa pousada
tem quatro quartos, sala, cozinha, dois banheiros e uma
varanda, estando localizada na cabeceira do Rio do Meio,
mais precisamente no conhecido Morro dos Roecker, no
caminho que leva a Anitápolis.
Ao gosto do turista
Nossa pousada é especial para
quem está em busca de privacidade.
Ela é alugada com exclusividade para
pequenos grupos. Deixamos nossos
hóspedes bem à vontade. Quem quiser participar das atividades diárias
com nossa família poderá nos acompanhar. Mas quem preferir ficar longe
desses afazeres, pode curtir o descanso na casa, pescar no lago ou tomar
banho na cachoeira.
também, mais a frente, à Pousada Vitória e, seguindo um pouco mais, até
a agroindústria onde é beneficiado o
mel, principal produto de nossa família.
Trilha e atrações
A pousada possui uma bela cachoeira que propicia banhos deliciosos.
A trilha que leva à queda d’água leva
Leve para casa
Novos visitantes podem adquirir
no local, para levar para casa, muitas
dessas especialidades da roça.
Produção agrícola
Além do mel, há uma produção
bastante diversificada. Criamos galinhas, ovelhas, vacas de leite, porcos,
peixes orgânicos. E cultivamos aipim,
batata, milho e verduras.
Contato
Acolhida na Colônia
Central de Reservas e Informações
Fones: (48) 3654.0186 / 9627.9380
Email:[email protected]
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
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Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Rede AGRECO
COMUNIDADE
NOVA FÁTIMA
Alexandre Oenning Bittencourt | Valesca Weber
Peregrinação de São Marcos
Nesta edição, trataremos exclusivamente de um
evento religioso inovador e que gerou grande mobilização. A ideia partiu dos Padres Pedrinho e Marcelo
e foi vista como uma forma de promover a interação
entre as famílias de toda a nossa Paróquia. Eles propuseram que a imagem de São Marcos, padroeiro da
Paróquia de Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima, peregrinasse por todas as igrejas católicas existentes nas
comunidades dos dois municípios.
Encontros de fé
A peregrinação começou no dia 9 de março, quando a imagem do santo foi levada de sua igreja Matriz
até a gruta Nossa Senhora de Lurdes, em Rio Fortuna.
Lá foi realizada a missa marcando o início da romaria.
Na noite desse mesmo dia, o santo veio para Santa
Rosa de Lima, trazido pelos moradores de Rio Fortuna.
Aqui, foi recepcionado calorosamente pelas famílias
de nossa comunidade na igreja de Nossa Senhora de
Fátima. São Marcos permaneceu ao lado de nossa padroeira durante uma semana e, no dia 15 de março,
fizemos o traslado da imagem até a vizinha Rio Bravo
Baixo.
Registramos e agradecemos aqui àquela comunidade pela maravilhosa recepção que tivemos.
De volta a Santa Rosa de Lima, naquele mesmo dia
15, a imagem passou a percorrer as demais igrejas do
município. Em cada comunidade, a chegada de São
Marcos era marcada com a celebração de uma missa. Os visitantes que acompanhavam a imagem eram
convidados pela comunidade anfitriã, para um jantar
ou um almoço de confraternização. Destacamos aqui
o clima de fé, alegria e comunhão entre as famílias e as
comunidades.
O bom filho a casa torna
Santa Rosa de Lima já se despediu da imagem de
São Marcos. Neste mês de abril, ele continua sua peregrinação. Agora, pelas comunidades de Rio Fortuna.
No dia 25, dia de São Marcos, um grande encontro está
marcado para a volta da imagem a sua igreja matriz.
Ela sairá da comunidade de São Maurício, às nove
e meia da manhã. Quando chegar a Matriz, será recepcionada pelas imagens de todos os santos e santas
padroeiros das igrejas por onde passou.
Convite
Todos estão convidados para esta grande celebração em honra ao padroeiro São Marcos. A missa solene será celebrada pelo bispo da diocese de Tubarão,
Dom João Francisco Salm.
Volnei Luiz Heidemann | Adilson Maia Lunardi
Assembleia Geral
No dia 26 de março, a Agreco e a CooperAgreco realizaram sua Assembleia Geral Ordinária.
Os trabalhos se iniciaram com uma apresentação das atividades realizadas em 2013. Em seguida, foram debatidos e aprovados os encaminhamentos sobre a reorganização da estrutura
administrativa. Finalmente, um momento de congraçamento e reconhecimento: a entrega a cada
associado dos diplomas de produtores orgânicos da Rede Agreco.
Nosso desempenho e nossos desafios
O faturamento da Cooperagreco tem
evoluído ao longo dos anos. A comercialização em supermercados tem sustentado
um crescimento acima de 10% ao ano.
Os sinais do mercado são de que, para
continuar ampliando suas vendas e a presença nas prateleiras dos diferentes circuitos de comercialização, os associados da
CooperAgreco precisam realizar investimentos nas suas agroindústrias.
Por isso, a partir deste ano, um projeto
de ampliação será implementado para aumentar a capacidade de processamento e
a variedade das linhas de produtos.
Histórico de vendas dos últimos
quatro anos:
2010
R$ 1.881.009,00
2011
R$ 2.736.615,00
2012
R$ 3.853.570,00
2013
R$ 4.222.736,00
Nossos números: Mantendo os princípios de transparência e de bom relacionamento com os associados
e com a sociedade em geral, apresentamos publicamente nossas contas e resultados.
Prestação de contas 2013 – CooperAgreco
Item
Faturamento bruto total
Pagamentos aos associados
Taxa Administração*
Devoluções
Contratos Clientes
Custo de Transporte
Repositores
Impostos
Representantes Comerciais
Salários + Encargos
Despesas Administrativas
Saldo Dezembro 2013
Celebração com a presença da imagem de São
Marcos na Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Valor (em Reais)
4.229.736,15
2.747.969,39
42.297,36
89.780,16
120.503,14
318.835,43
40.119,34
280.123,54
90.738,80
290.862,50
207.496,56
1.009,94
(%)
100
65
1
2,1
2,85
7,5
1
6,6
2,1
6,9
4,9
* Do total das vendas da CooperAgreco, 1% é repassado para a
Agreco para a manutenção da marca Agreco.
Prestação de contas 2013 – Agreco
ITEM
SALDO INICIAL
CRÉDITOS
DÉBITOS
SALDO FINAL
VALOR (em Reais)
6.883,00
41.521,58
46.158,67
2.245,91
Detalhamento dos Débitos:
ITEM
VALOR (em Reais)
Honorários da Contabilidade
2.421,11
Ressarcimento despesas e diárias da Coord.
6.096,64
Energia/água
495,45
Placa Identificação Escritório
1.380,00
Encargos Sociais
1.267,76
Salário / faxina
8.534,79
Outros
365,00
Cartório
468,00
Assinatura de jornal
600,00
Impostos da Cooperativa Aliar
8.434,67
Custos do Centro de Formação
589,40
Pagamento de prestação de serviços
14.000,00
Despesas com assessórios para caminhão
1.050,00
Alimentação Assembleia 2013
455,85
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
19
Família SRL
Adolfo Wiemes
COMUNIDADE
RIO BRAVO
Soube que apesar do Canal SRL sair nos primeiros dias do mês, esta
coluna tem sido lida ao longo de todo o período que antecede a chegada
da nova edição. Por isso, agora em abril, optei por chamar atenção para o
mês seguinte, que eu considero especial. Afinal, no segundo domingo de
maio é comemorado o dia das mães. É também o mês de Maria, Nossa
Senhora, Mãe das mães, Rainha e Modelo de todos os cristãos. É, por
isso, o período das Orações Marianas.
É um momento especial para lembrarmos o extraordinário amor de Maria, a mãe de Jesus e mãe nossa, que jamais abandona seus filhos em
suas necessidades.
Peço, assim, que meus queridos leitores se preparem para maio.
Amor e instinto de mãe
O Caro leitor e a cara leitora conhecem a história
de uma festa de Bodas em Caná da Galiléia (Jo 2,111). Jesus, sua mãe e os discípulos foram convidados. Maria, sempre atenta às necessidades de seus
filhos, percebe que o vinho havia terminado e que a
festa certamente perderia a alegria. Então, diligente
como toda a mãe que ama a seu filho, aproxima-se
de Jesus e simplesmente diz: “Filho, eles não tem
mais vinho”. E, apesar da resposta lacônica de Jesus
– “Minha hora ainda não chegou”, Maria se dirige ao
mestre de cerimônia e lhe diz: “Façam tudo o que
ele mandar”. É que Maria sabia como toda boa mãe
sabe que o amor de filho jamais deixará de atender a
nenhum apelo de mãe, por mais velado que ele seja.
O instinto de mãe, jamais se engana, assim como o
recíproco amor do filho, jamais deixa sem resposta
a expectativa de uma mãe, quaisquer que sejam as
circunstâncias do momento.
Não se recorre em vão
Maria é chamada “onipotência suplicante”. Isto
significa que ela obtém de Deus tudo o que pede
para seus filhos pelos méritos de Jesus. Um santo
disse que jamais ouviu dizer que alguém tenha recorrido a Maria em vão. De fato, quem a invoca não
fica sem ser, em tempo, socorrido por ela. Sem dúvida, é daí que nasceu este novo modo de o cristão
dizer: “Peça à Mãe que o Filho atende!”
Corpo de gente ao verbo
Os cristãos tem um amor muito grande a Maria e
por justas razões. Nenhum cristão vê em Maria uma
deusa nem a põe em pé de igualdade com Deus.
Quem pensa o contrário dos cristãos se engana. Ela
é criatura como todos nós. Os cristãos a veneram
com um amor especial por ser ela a Mãe de Cristo.
Ela foi escolhida por Deus para dar um corpo de gente ao verbo que se encarnou em seu seio por obra
do Espírito Santo. Eis o que, em resumo, significa o
mistério da Encarnação: o verbo se encarnou para
que Deus pudesse ter um lugar na terra e para que
o céu pudesse caber no coração do homem!
Razão maior
Nas bodas de Caná, Maria apenas comunicou ao
Filho: “Eles não tem mais vinho”. Aos serventes. Porém ela mandou: “Fazei tudo o que ele vos disser!”.
Quem fez o milagre foi Jesus. Certo! Mas o milagre
teria acontecido se Maria não tivesse dito nada a seu
Filho?
Sem dúvida, há uma razão mais forte para amarmos Maria: ela nos deu Jesus e, solidária conosco,
deixou que ele fosse sacrificado na cruz. Depois de
tanto e de tamanho amor, não pode haver nenhum
outro bem que ela não queira obter para nós.
Então, veja, fica bem que eu lhe diga: Ame a Maria!
Devoção verdadeira
Mas invocar Maria sob todos os títulos, multiplicar promessas, fazer-lhes romarias e recitar mil orações e ladainhas etc., tudo isto não é o que basta
para alguém ser verdadeiro devoto de Maria. O verdadeiro devoto de Maria faz o que ela disse aos serventes nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos
disser!”. Isso implica fé, obras, testemunho e serviços. Numa palavra, isso significa vida em Cristo para
a glória do Pai.
Karla Folster | Júnior Alberton | Ana Paula Vanderlinde
Transporte escolar
A partir de 1998, com a nucleação das escolas isoladas,
que nossos alunos passaram a enfrentar o transporte escolar e duras viagens a cada dia. Muitos, para chegar à escola, precisam percorrer longos trajetos até o centro de Santa
Rosa de Lima. É o caso, em especial das crianças e adolescentes que vivem no Campo do Rio Bravo.
Gratuito e de qualidade
A lei assegura o direito de todos os estudantes dos ensinos infantil fundamental a terem acesso ao transporte escolar gratuito e de qualidade. Quer seja de ônibus, van, metrô,
barco, trem ou, até, bicicleta, todo estudante da Educação
Básica que mora em área rural ou distante de sua escola tem
esse direito. Repetimos: transporte gratuito e de boa qualidade. Analisamos que aqui na comunidade do Campo do
Rio Bravo parece que esse direito passou a ser esquecido no
que se refere à qualidade.
Era assim... Ficou assim...
Até o final do ano letivo de 2012, o transporte escolar do
Campo do Rio Bravo era realizado por uma empresa particular contratada pela prefeitura. O veículo, uma van, cumpria
as normas do INMETRO e atendia a todos os requisitos para
transporte de alunos. Depois do início das atividades escolares de 2013, esse transporte passou a ser realizado por
uma Kombi da prefeitura. O motorista particular é contratado pelo poder executivo municipal. Tal mudança foi marcada
por interesses políticos e pelo pagamento de promessas de
campanha e geraram – e geram – descontentamento. O fator
principal é a preocupação dos pais e familiares dos estudantes, pois a segurança das crianças ficou bastante comprometida.
As condições da Kombi
O veículo que faz o transporte dos alunos da linha do
Campo do Rio Bravo não possui cintos de segurança para os
alunos. A porta por onde embarcam e desembarcam os alunos tem um equipamento de “segurança” especial: uma corda. Amarrada no interior do veículo, é ela que impede a porta de se abrir. Alguns bancos não possuem encostos. Várias
vezes, alunos se machucaram com algum parafuso exposto
dentro do veículo. As roupas ficam manchadas de graxa e
poeira, que ficam acumuladas dentro da Kombi.
Como se não fosse o suficiente, nota-se que, diversas
vezes, alunos estão com partes do corpo – mãos, braços e
cabeças – para fora da janela. Isso só aumenta ainda mais o
risco de algum acidente. Conta-se, inclusive, que o motorista
já deixou que alunos trocassem a marcha do veículo. E que,
entre uma parada e outra, muitas vezes, a porta da Kombi já
permaneceu aberta.
Uma solução, urgente!
Primeiro, houve a chegada de três ônibus novos, através
do programa “Caminhos da escola”, do Governo Federal. Depois, mais recentemente, foi anunciada a chegada de mais
um veículo pelo secretário municipal de educação, Rudinei
Pacheco. Então, nós por aqui gostaríamos de saber: por que
o transporte escolar na comunidade do Campo continua
passando por este descaso? Onde está o transporte de qualidade discursado pelo secretário? Até quando continuará
esse desprezo?
Toda a comunidade espera, há mais de um ano, que a
situação seja resolvida ou que haja algum posicionamento
claro. Frente a esse quadro, só podemos dizer que continuamos na mesma: sem respostas e sem melhorias. Os pais e as
crianças já não aguentam mais essa situação.
Granizo... de novo!
Na edição de fevereiro, noticiamos os estragos causados
pelo granizo em algumas propriedades rurais, no fatídico 15
de janeiro. Menos de dois meses depois, na tarde do dia 8
de março, uma nova e mais forte tempestade destruiu as lavouras no Rio Bravo. Boa parte das plantas mal haviam se
recuperado e foram outra vez destruídas pelas pedras de
gelo. A tempestade durou apenas cerca de quinze minutos e
foi acompanhada de ventos fortes e que mudavam bruscamente de direção. Foi destruidor! É preciso ser persistente!
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Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
SRL: Eu conheço e Valorizo!
Alvaro Carrasco Lera
Gerente da Associação País Românico – Espanha
Sorte de conhecer
Cada um de nós carrega na imaginação a imagem do
paraíso. Do nosso paraíso! Ao longo da vida levamos
na mente a imagem idílica de onde gostaríamos de viver para sempre. Para mim, desde pequeno, este lugar
sempre foi vinculado às montanhas. Uma imagem construída, seguramente, pelas leituras da infância. Por isso,
e por outras casualidades, vivo na Montanha Palentina,
aqui na Espanha.
Nosso paraíso imaginário vai mudando em função
dos valores que vamos adotando em cada momento da
vida, em função dos próprios conhecimentos que a vida
vai nos trazendo. Provavelmente, por isso, acabamos
tendo vários paraísos.
Há mais de vinte anos, conheci Fátima Cruz. Ela foi a pessoa que me apresentou (e fixou em mim) as primeiras
imagens do Brasil, de Santa Catarina,
de Florianópolis e do seu entorno, e
de Santa Rosa de Lima. Esta relação
pessoal me levou pela primeira vez a
estas terras, no ano de 1998. Depois,
por motivos profissionais, voltei outras
tantas vezes, como parte de atividades
do Projeto de Desenvolvimento Rural
País Românico.
Foi assim que tive a sorte de conhecer com detalhes os projetos desenvolvidos neste território das Encostas da
Serra Geral. E o prazer de encontrar
as pessoas que os tornaram possíveis.
Lamentavelmente não consigo lembrar de todas. Algumas delas, contudo, deixaram uma marca profunda em
mim e guardam meu carinho e minha
admiração. Entre elas, Wilson Schmidt,
Marcos Ferreira, Silvia Zanol, Mariza
Vandresen, Celso Heidemann e a Dida.
Tempo e mundo distantes
A primeira vez em que eu pisei
por aquelas terras, vivi uma experiência que me mostrou um pouco da
realidade social do território. Nosso
carro “quebrou” na estrada e fomos
socorridos por um desconhecido: o Sr.
Weiss. Muito bondoso, esse homem
nos levou, no carro dele, para Rancho
Queimado. Ainda sou grato a ele. Tenho a lembrança da Festa do Morango, porque foi uma enorme surpresa.
Impressionaram-me as apresentações
culturais, as roupas típicas, o ambiente,
as pessoas, a comida... Tudo evocava
outro tempo e outro mundo distantes:
a Europa do século XIX. Prosseguindo
a viagem para o interior, conheci Santa Rosa de Lima. Lembro as imagens
das comunidades distantes uma das
outras, da água em abundância, da impressionante Mata Atlântica, da diversidade dos cultivos agrícolas. Era muito
mais do que eu havia imaginado.
Cooperação entre Montanhas
Anos depois, como resultado do
projeto de cooperação Eco Solidarie-
dade entre Montanhas, tive nova oportunidade de conhecer, então com mais
detalhes, as Encostas da Serra Geral e
sua gente. Neste projeto participavam
dois grupos espanhóis: um da Zona
Central de Navarra e o nosso, do País
Românico. A parceria era com as várias
entidades que constroem o desenvolvimento sustentável nas Encostas da
Serra Geral, especialmente a Agreco.
Impressionaram-me, no decorrer
das visitas que realizamos, as diferentes experiências, as propriedades
rurais, os empreendimentos, as diversas entidades, o apoio das prefeituras. Olhando a paisagem, eu pensava:
como foi enorme o esforço dos colonizadores frente às asperezas do território. Na prefeitura de Santa Rosa de
Lima, vimos um painel com fotografias
do início da colonização. Elas são muito
eloquentes. Não é difícil imaginar as gigantescas dificuldades superadas pelas gerações que iniciaram a aventura
de viver neste território. E, conhecendo a história europeia, meditei sobre o
curto espaço de tempo – em torno de
cem anos – em que se desenvolveram.
Uma identidade
Eu e meus colegas espanhóis pudemos ver em Santa Rosa de Lima a
adaptação das propriedades ao meio
ambiente. Pudemos conversar com
agricultores que manejam sistemas de
produção agrícola que funcionam de
forma sustentável e integram elementos naturais. Para nós, foi um exemplo
verdadeiro de boas práticas e de formação de identidade em um território.
Destaco a harmonia com a paisagem,
a integração dos cultivos, a diversidade
de produção e, sobretudo, o alto nível
de autoestima dos jovens locais. Neste
aspecto, gostaria de destacar o trabalho do Cedejor e a impressão positiva
que tivemos ouvindo os jovens e monitores daquele Centro.
Para nós, compartilhar experiências diretamente com quem faz o projeto de desenvolvimento foi sumamente enriquecedor. A soma das iniciativas
compondo uma ação articulada de
desenvolvimento territorial no meio
rural tem, sob o nosso olhar espanhol,
alto valor demonstrativo. A Agreco e
outras organizações integram experiências muito interessantes, como
a Associação Acolhida na Colônia e a
Cooperativa de profissionais de desenvolvimento sustentável. Impressionounos o importante número de pessoas
envolvidas no projeto. Mais do que
isso, a dedicação dessas pessoas, que
vai muito além das obrigações institucionais.
Refletindo sobre o nosso futuro
As experiências de Santa Rosa de
Lima nos exigem uma reflexão sobre
conceitos que já trabalhamos, mas que
devemos incorporar mais fortemente,
nos próximos anos, em nossos territórios espanhóis. Isso, se quisermos
avançar em nossa capacidade de criar
e empreender de forma sustentável e
solidária dentro do programa europeu
de desenvolvimento rural.
As visitas que fizemos a Santa Rosa
de Lima foram, para nós, “um balão de
oxigênio”. Tivemos ensinamentos que
nos fizeram refletir sobre o futuro de
nosso território aqui na Espanha: a
sustentabilidade, a produção e o consumo responsáveis, as inovações e,
sobretudo, a participação real das organizações sociais nos processos de
desenvolvimento, somada a um papel
protagonista assumido pelos jovens.
Muchas gracias! (Muito obrigado)
Por último, quero fazer um agradecimento especial às pessoas que tão
generosamente nos ajudaram a conhecer com profundidade o território
e sua gente. Sem a bondade e a paciência delas, nada disso teria sido possível. Foi uma experiência inesquecível.
As imagens deste pequeno rincão no
mundo ficaram para sempre guardadas. Com a certeza de que ele tem todos os ingredientes para ser o paraíso
imaginário de muita gente.
Muchas gracias às pessoas que cuidam dele e que contribuem para que
seja conhecido por todos.
21
COMUNIDADE
NOVA ESPERANÇA
Jaqueline Tonn
Visita santíssima
No dia 21 de março, recepcionamos em nossa comunidade a peregrinação da imagem de São
Marcos, o santo padroeiro de nossa paróquia. Nossa comunidade vizinha, a do Rio do Meio, foi quem
trouxe o santo até a Nova Esperança. A devoção
de nosso povo foi proclamada com um missa celebrada pelo Padre Pedrinho. Depois das reverências a São Marcos, os presentes saborearam uma
deliciosa janta preparada pelos moradores daqui.
Peregrinação
No dia seguinte (22 de março), nos despedimos
da imagem de São Marcos e fizemos o traslado do
padroeiro até a vizinha Santo Antônio. A peregrinação de São Marcos deve passar por todas as comunidades e o retorno para sua igreja matriz em
Rio Fortuna está previsto para o dia 25 de Abril.
Páscoa. Para celebrar a vida
Passou o Carnaval. Acabaram o verão e o
seu horário. Nesse tempo de calor, unidos como
sempre, fizemos muitas festas. No carnaval, todo
mundo caiu na folia. Agora, as aulas voltaram. É
hora de sossegar, de voltar à rotina. Estamos na
Quaresma, que é tempo de penitências, de reflexão, de conversão espiritual. É momento para rezarmos mais e irmos à igreja. A Páscoa logo vem
aí. Ela não pode se resumir a lembrar da morte e
do sacrifício de Cristo na Sexta-feira Santa. Deve,
também, ser uma celebração de alegria e vitória
pela ressurreição de Jesus. E, como em cada dia do
ano, devemos agradecer a Deus pela vida e pedir a
Ele que nos dê muita saúde, paz e felicidade. Que
nossa fé seja revigorada pela certeza de que Cristo
ressuscitou e está entre nós!
Para pensar
Valorizamos muito os acontecimentos dos últimos meses. Eles nos fazem refletir sobre as coisas
que pensamos ou que fizemos. Precisamos sempre crer em Deus e torcer para que tudo saia como
planejamos. A vida é feita de escolhas, mas sempre
podemos mudá-las, para que tudo se torne mais
fácil. Os obstáculos servem para nos testar. Nada é
de graça. Precisamos batalhar por nossos sonhos.
Assim, caro leitor, lute a cada dia para aperfeiçoar suas qualidades, pois são elas que te levarão
às conquistas. Há situações que resumem a passagem de nossas vidas. Há variações de sentimentos, de emoções. Há alegrias e tristezas. O fundamental é que em nosso mundo podemos sonhar,
brincar e realizar.
Como será o amanhã? Ora, prever o futuro é
difícil. O que podemos é pensar e refletir sobre
nossa vida. Precisamos criar hoje o que desejamos
ter no futuro. Para isso, é preciso parar alguns minutos, em cada dia, para pensar se o que estamos
fazendo tem importância e para descobrir o caminho certo a seguir.
Estação e paisagem
Bem se vê que chegou o Outono. Ele chega
como quem não quer nada, de mansinho. Mas já
trouxe consigo um ar mais fresco, fazendo a transição do calor de verão para o frio do inverno. As
quaresmeiras em flor, nesta época do ano, são
espetáculos à parte. Todos os caminhos por onde
passamos parecem enfeitados para nós, alegrando nossos dias.
22
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Educação
COMUNIDADE
SANTA BÁRBARA
Rodinei Beckhauser
Rumo ao Tetra
A equipe de Santa Bárbara vem com tudo para buscar o título de tetracampeão no Campeonato Rural de
Futsal. Jogando bem nas primeiras rodadas, nossos atletas têm conseguido resultados que aumentam a expectativa da torcida. Lutaremos para a conquista de mais
uma taça. Fica o convite para todos os torcedores que
prestigiem o campeonato e incentivem equipe da comunidade. As rodadas acontecem sempre domingo à noite
no Ginásio Municipal Edson Bez Oliveira Filho, na praça.
Festas, era tão simples...
Talvez os mais moços nem saibam. Talvez alguns não
se lembrem. Antigamente, as festas nas comunidades
rurais eram mais ou menos assim: uma “churrasqueira”
era feita no meio de um pasto e o almoço era servido
em compridas mesas coletivas, montadas embaixo de
barracões armados com lona. Tempos simples e bons
aqueles. As festas eram bem mais divertidas.
...e está tão complicado
Hoje em dia, enfrentamos grandes obstáculos para
a realização de festas em nossa comunidade. E o problema não atinge só Santa Bárbara, mas cem por cento
das comunidades rurais de Santa Rosa de Lima. Realizar
uma festa está cada vez mais difícil. São alvarás, licenças
e outras tantas exigências que acabam por impedir que
as comunidades realizem seus eventos.
Renda e vida
Para uma comunidade ou uma igreja, as festas são
as únicas fontes de renda. Assim, são as festas que permitem investimentos em benfeitorias e melhorias nas
áreas de lazer dos habitantes do interior.
Então, eu me pergunto: com as exigências cada vez
maiores e com o rigor crescente, como vamos manter a
vida nas nossas comunidades?
Entre as exigências está a licença do Corpo de Bombeiros. Temos verificado que por um ou dois centímetros, a mais ou a menos, em uma porta, ela não é concedida. Há também o alvará sanitário, que exige tantas
coisas e, na prática, impede que sejam preparadas nossas tradicionais refeições. Se exige, ainda, a contratação
de equipes de segurança, o que aumenta os custos. Enfim, há uma infinidade de requisitos. Muitos dos quais
que as comunidades não têm condições de atender.
Sensatez
Entendemos que normas de segurança são necessárias. Que temos que ter muito cuidado, sim! Mas
olhemos a história das festas aqui na Santa Bárbara. As
comidas preparadas e servidas por nossas motas, mães
ou vizinhas nesses eventos nunca fizeram mal a alguém.
Se teve gente que passou mal, foi porque não resistiu à
delícia dos pratos e comeu demais. Da mesma forma,
somos uma comunidade tranquila e nunca tivemos problemas graves de brigas ou com outros incidentes que
colocassem em risco a vida das pessoas.
Saudades
Hoje, os mais velhos sentem saudades do tempo
dos almoços em barracões de lona, dos bailes em salõezinhos apertados e a luz de lampião de querosene, ao
som de uma boa e velha gaita. Penso que, logo, seremos
nós a sentir saudades deste tempo de agora, em que
ainda “tínhamos” festas na comunidade.
O “passeio” de São Marcos
Nos últimos dias, São Marcos, o padroeiro de nossa
paróquia, tem visitado todas as comunidades do município. A imagem foi trazida para Santa Bárbara pela comunidade de Santo Antônio e foi recebida pelas famílias
daqui ao entardecer do dia 25 de março. Esta peregrinação foi uma grande ideia, que tem agradado à todos.
Por onde passa, a comitiva que acompanha São Marcos traz um convite para que, no dia 25 de abril, todos os
santos padroeiros das comunidades estejam presentes
na grande festa na igreja matriz de Rio Fortuna. Santo
Antônio, padroeiro de nossa comunidade, já confirmou
presença e estará na “casa” de São Marcos.
Mais do que o lançamento de um livro,
o reconhecimento de uma trajetória
Os convidados, o local e a data do lançamento do livro “Municipalização: Democratização?” foram escolhidos com cuidado pelo seu autor: familiares, amigos e “companheiros de estrada”; a igreja da Santa Catarina; o dia internacional
da Mulher. O professor santarosalimense Wilson Schmidt queria promover uma
comunhão entre as pessoas que ama, estar no meio rural de que tanto gosta e
homenagear as suas “inspiradoras”. Cerca de duzentas pessoas estiveram presentes e, mais do que o lançamento de uma obra editada pelo Núcleo de Publicações do Centro de Educação da UFSC, viveram, juntos, um grande encontro,
com homenagens e muita emoção.
Momento de homenagens
No ato, pouco se falou do livro.
Um estudo sobre o processo de
municipalização da educação nos
municípios de Santa Rosa de Lima
e Anitápolis, que segundo Wilson
Schmidt “refletiam, à época da pesquisa, as características da maioria
dos municípios catarinenses”.
Inicialmente, o professor preferiu homenagear pessoas importantes no caminhar dele, sempre com
a entrega de uma orquídea “que
logo dará flores”.
Começou por suas professoras no “primário”, Dona Nelza e Tia
Rosa, que estavam presentes e encheram a nave da igreja com seus
ares de plena felicidade.
Em seguida, as “professoras
normalista regional”, Dona Valda e
Dona Zita Schmidt, receberam uma
demonstração da veneração que
Wilson guarda pelos educadores.
Da mesma forma, o professor
manifestou seu reconhecimento às “colegas e companheiras de
jornada” do Centro de Educação
da UFSC, Olinda Evangelista e Vera
Bazzo.
Depois, destacou o trabalho de
restauração da Igreja Santa Catarina, relembrou Odair Baumann e
homenageou a família dele, representada por três gerações de mulheres: Dida, Paula e Maria Vitória.
Lembrou também do papel que
tiveram os “parceiros urbanos”, fazendo uma menção especial à Cida,
que estava num cantinho, ao fundo
da igreja que tanto ajudou a restaurar.
As homenagens que seguiram
foram para Sonia, em agradecimento ao colega de militâncias Miguel
Ximenes, e a “Dona” Inês, esposa
de seu grande amigo Egídio Lochs.
Afirmou que estes dois casais são
os grandes responsáveis pela realização da primeira Gemüsefest.
Para um tributo às mulheres
que inspiram e são encantos no sul,
entregou uma orquídea para a presidente da “Encantos do Sul”, Marta
Régis Fogaça.
Ao final, tomou uma bela orquídea florida em suas mãos e
chamou sua mãe. Agradeceu a ela
pela luta, pelo carinho e pelo apoio
constantes. Estendeu seu reconhecimento a toda a família, com uma
palavra especial à irmã mais velha,
que não pode estudar, para trabalhar a terra e garantir que todos os
irmãos menores fossem à escola.
Por último, relembrou “Seu” Tino, o
pai já falecido, e uma história que
julga especial: “No tempo em que
éramos crianças, o pai comprou
três bicicletas para que tivéssemos
mais comodidade para ir e voltar
à escola. E os vizinhos diziam: Fazendo essas extravagâncias, o Tino
Schmidt vai é falir!”
Celebração à vida
O momento seguinte era para
apresentar o livro que estava sendo lançado. A convidada para realizar essa tarefa foi a Professora
Olinda Evangelista, também da
UFSC. Uma vez mais, contudo, a
publicação não ganhou o primeiro
plano. Olinda pediu licença aos presentes, desculpou-se com o autor,
mas disse que não apresentaria a
obra, porque julgava que aquele
momento deveria servir “para celebrar a vida”. Ela passou, então, à
leitura de um texto bem humorado,
que detalhava a “trajetória de lutas
do amigo”. Um dos trechos da fala
ilustra a emoção que ela provocou:
(...) Wilson, meu querido amigo
e, às vezes, impossível arranjador de
serviços para os outros, creio que o
que estamos celebrando é a vida. Essa
que você viveu e que não admitiu, em
nenhum momento, que lhe fosse tira-
da. O encontro entre tantas pessoas
que o amam, o afeto e as conquistas
que partilhamos alegremente com
você, a presença dos que lhe deram
não apenas sangue e sobrenome,
mas visão de mundo e capacidade
de luta – como Seu Tino e Dona Ida,
como seus irmãos, como seus amigos
– é, para mim, de fato o que estamos
celebrando. É a sua vida, mas também as nossas. São os seus acertos
e desacertos, mas também os nossos.
E se estamos comemorando a vida,
desconfio, quase com certeza, que o
encontraremos perto das vacas das
Encostas perguntando a elas se seria
possível levarem à escola pública da
cidade um leite sem lactose! (...).
Encontro especial
Ao final, procurado pela reportagem do Canal SRL, Wilson Schmidt afirmou que “o mais marcante
foi o encontro em si”. “Foi um dia
muito especial. Primeiro, por reunir os familiares, amigos e parceiros do Projeto de desenvolvimento
sustentável das Encostas da Serra
Geral, aqui na comunidade de Santa Catarina. Segundo, por ser o dia
internacional da mulher e serem
elas que nos inspiram”. E com uma
piscada de olho, fez questão de
citar que as orquídeas entregues
a elas, nas homenagens que fez,
tinham sido “cultivadas e bem cuidadas pela Norma”, que havia sido
tema da coluna Patrimônio em uma
edição anterior do Canal SRL.
Esse é o nosso Wilson...
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
ESTUDANTINA
Rodrigo Eller cursa Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina. Concluirá sua formação
em dezembro de 2014 e define, agora, os primeiros desafios da vida profissional. Com muito humor, ele nos faz pensar a partir de sua trajetória estudantil.
pouco antes de querer fazer esse
curso. Depois de concluir o ensino médio, influenciado talvez pelos radicalismos e teimosias da
juventude, decidi que queria passar na “Federal”. Olhando retrospectivamente, acredito que foi um
ato de autoafirmação, uma necessidade intrínseca de se provar útil
pra alguma coisa.
Bullying e esquecimento
Lembro-me muito pouco da
minha infância. Por isso, não raro,
acredito ter problemas de memorização. É sério... Vivi grande parte
dos meus primeiros anos de vida
como uma criança qualquer, sem
desvios de comportamento ou
outras diferenças. Brincava com
amigos, ia à escola, pedia frequentemente doçuras pros meus pais,
falava palavreados. Simples assim,
deixava a vida me levar. Pensando
bem, talvez eu fosse um pouco diferente. Afinal, eu sofria “bullying”.
O tempo todo! Não que isso me
incomodasse demais. Mas, não
tenho dúvidas de que, inconscientemente, isso repercutia na minha
autoestima.
Autoafirmação e desafios
Ao longo do ensino fundamental, fui um aluno “meia boca”.
Percebia que eu ficava amarrado
em alguns exercícios. Volta e meia
me via olhando a resolução de tarefas de alguns colegas. Obrigavame a perguntar pros colegas suas
notas e confesso que ficava mal
quando tiravam melhores. Era
um comportamento que eu não
conseguia evitar. Se eu não perguntasse, ficaria com aquela ideia
martelando o dia todo.
Nunca tive pretensões ambiciosas. Na realidade, queria viver
a minha vida de maneira pacata
e tranquila, sem muitas preocupações ou inconveniências. Nem
cogitava Medicina. Só fui fazê-lo
Incerteza, escolhas e prováveis pesos e azedumes
Estive por três anos “de galho
em galho”. E sempre estudando
muito. Naquele período, desisti
de dois cursos. E, sem exageros,
cogitei cursar no mínimo umas
quinze coisas diferentes: cinema,
odonto, farmácia, engenharias,
direito, contábeis, administração,
economia, meteorologia... E a lista
seguia. Sobrava incerteza, o que é
comum pra um jovem à beira dos
vinte anos. Creio que se não fosse
essa obrigação que a gente tem
de escolher a profissão “pro resto
da vida”, numa faixa etária em que
se é tão inexperiente, o trabalho
não seria encarado com tanto
pesadume. As pessoas, mais maduras, fariam escolhas mais sensatas e assim teriam mais prazer
com suas atividades profissionais.
Os piores – e os melhores –
anos
Quando você passa no vestibular pra medicina, você mal sabe
a enrascada em que se meteu.
Tudo é festa e descontração até
que chega o desprazer da primeira noite em claro com a cara nos
livros. Depois, a segunda, a terceira, a octogésima nona... Você faria qualquer coisa por uma hora
a mais de cama, mas não adianta,
a rotina árdua te chama. O engraçado é que todos os seus colegas
sofrem junto com você, e isso de
certa forma é um fator de alívio,
pois você não está sozinho. É um
Sintonize na sua
rádio do coração
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“estar na merda” coletivo. Mas,
felizmente, no final todos sobrevivem às maratonas do terror, com
sete provas em cinco dias. Entrou
na universidade, tem que aguentar. Estudantes de medicina não
podem reclamar, tem que “engolir
o sapo inteiro” e depois agradecer.
Seis anos em um
Parece que tudo começou ontem. Mas como diz o velho ditado,
as aparências enganam. Nossa,
quantos clichês! Isso não pegaria
bem na redação do vestibular,
mas ele já passou faz tempo... Então, continuemos: ao fim da graduação, você ganhou no mínimo
quatro rugas, cinquenta fios de
cabelo brancos e dezesseis anos
de vida a menos. Sim, os seis de
faculdade e mais dez de brinde.
Afinal, velhas pesquisas dizem
que a expectativa de vida do médico é dez anos menor do que a
da população em geral. Mais desagradável ainda é você ter que
ouvir aqueles comentários de que
a vida de médico é boa. Boa só se
for pra chutar o balde mais cedo.
Pena que descobri isso só depois
de entrar no curso... Brincadeiras
à parte, o importante é gostar do
que se faz. E, hoje, não me vejo
trabalhando em outra coisa. Se
não se gosta do que se faz, o ônus
cai sobre a gente, não tem jeito.
Agora é seguir em frente
E assim a vida segue. O importante é encarar cada momento de
dificuldade com um aprendizado
novo pra amadurecer. Tem horas
em que reflito se a medicina realmente vale a pena. Nestes momentos, me obrigo a pensar que
o que é meu deve estar guardado
em algum lugar. Afinal de contas,
acreditar em algo é preciso. Viver
sem rumo não dá!
23
COMUNIDADE
MATA VERDE
Kátia Vandresen | Ronaldo Michels
Reivindicação produtiva
Na edição de março do Canal SRL, relatamos a situação caótica das pontes de madeira aqui na Mata Verde.
Ao fazermos isso, tínhamos a plena certeza de que estávamos desempenhando plenamente nosso papel de
cidadãos e de correspondentes de nossa comunidade
neste veículo de comunicação. Naquela mesma ocasião,
também reivindicamos, às autoridades competentes,
que tomassem devidas providências.
Para nossa grata satisfação, nossa reivindicação foi
atendida pela Secretaria de Obras do Município. Antes
que um mal maior viesse a acontecer, nossas pontes começaram a receber as necessárias melhorias.
Entendemos que o espaço que ocupamos neste jornal deve ser usado para contemplar os anseios e necessidades do nosso povo. Alguns, é claro, pensam diferente.
Pilotos “da terra”
Santa Rosa de Lima é reconhecida em todo o estado
e no Brasil. E não só pela agroecologia. Também por ter
excelentes pilotos de motocross. Tal imagem é fruto do
trabalho e desempenho de Germano Vandresen (Botinha) e Eduardo Rosing (Dudu). Estes dois esportistas já
conquistaram muitos títulos dentro desta modalidade
que é pura adrenalina.
Todos os santarosalimenses sabem que Botinha e
Dudu são dois grandes pilotos e que poderiam ir bem
mais longe, não fosse a falta de apoio local. Em função
dos custos, eles não conseguem participar de muitas
provas e competições. Trata-se de um esporte caro, que
exige a aquisição e a manutenção das motocicletas, de
inúmeros equipamentos de segurança; que implica em
longas viagens, além da disponibilidade de tempo para
os treinos.
Mesmo assim, Botinha e Dudu já subiram centenas
de vezes ao pódio. Inclusive em provas do Campeonato
Brasileiro. E têm uma torcida afinada!
Excelente iniciativa
Acreditando no potencial dos pilotos já consagrados
e também na formação de futuros campeões, o casal
Solange e Robson, da Pousada EcoSol/ Estância Frio da
Serra, resolveu inovar a sua já diversificada propriedade.
Construíram, aqui na comunidade da Mata Verde, uma
pista de Motocross/Velo Cross. “É para que os amantes
desse esporte possam ter um espaço para competições,
treinos, ou simplesmente pra se divertir. Além de ser
uma solicitação de alguns pilotos e amigos, pensamos
em mais esta atividade para incrementar os atrativos de
nossa propriedade. Para isso, contamos com o apoio de
alguns colaboradores”, diz o jovem casal. Que acrescenta pretender, no futuro, promover alguns eventos ou
competições.
Cem por cento
Nossa comunidade está representada no Campeonato de Futsal do Meio Rural pela nossa equipe de
atletas e pelos nossos torcedores. Estamos indo muito
bem! Até agora, com três jogos disputados, é 100% de
aproveitamento.
Vamos lá craques da Mata Verde, em busca de mais
um título. Vamos lá torcida, vestir nossa camisa e apoiar
o nosso time do coração.
Sempre pensando, contudo, que o esporte não é só
competição e resultados. É um meio de integração, de
se fazer amigos e de mostrar espírito de grupo e união
de uma comunidade.
24
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Maratcha
Edésio Willemann
M&M
Mentira
Edson Baumann
Parabéns a Madalena que completou
mais um ano de vida. Os votos são de
toda sua família e dos amigos. Com um
abraço especial de sua neta Franciny.
Os casais Aloísio e Bernadete e Gregório e Elma comemoram, juntos, suas bodas
de ouro, no dia 5 de abril de 2014. Felicidades e muita saúde é o que desejam seus
filhos, genros, noras, netos e amigos.
Parabéns para nossa amiga Luciana
Petry Siebert que, no dia 27 de março,
esteve de aniversário. Toda a “galera
do agito”, especialmente seu marido
Robison (Xaveta) e suas filhas, desejam,
para você, muitos anos de uma vida
repleta de conquistas e alegrias!
Alvina Wiemes Eller festeja mais um
ano de vida no dia 14 de abril. As homenagens são de seu esposo, Paulo, e de
seus filhos, Flávio e Fabiano. Desejamos
felicidades e muitos anos de vida!
Luiza Stüepp Heidemann fez aniversário no dia 23 de março. Os amigos e
familiares desejam a você muitas felicidades. E sucesso, sempre!
No dia 7 de março Dona Lucia completou mais um ano de vida. A homenagem
é de toda a família, especialmente dos
netos Milena e Carlos Eduardo que mandam um recado, “Vó, parabéns pelo seu
aniversário, continue sendo essa pessoa
maravilhosa que você é, te amamos muito!”
E nosso colega de jornal, o colunista Ronaldo Michels, tem que fazer o emplacamento 2014. No dia 11 de abril, esse
paizão, bom companheiro e profissional
dedicado completa mais um ano de vida.
Parabéns, Sola! Seus colegas, amigos e
familiares desejam muito sucesso e muita saúde para você!
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Felicitações para Diana Feldhaus. No dia 10 de abril
nossa querida amiga completa mais um ano em uma vida
feita de muitas lutas e de várias conquistas. Mantenha-se
firme. Sempre com esse astral maravilhoso.
No dia primeiro de abril, a gatinha Eduarda
Rodrigues (direita) completou doze anos.
De seus pais, Jaime e Eliane, e todos os familiares: “Esperamos que você continue sendo
esta menina educada, dedicada e que valoriza tanto sua família”.
Uma grande saudação para nosso amigo Ivo Schmidt,
que, em 23 de abril vai soprar muitas velinhas. Seus filhos Pedro e João Lucas e sua esposa Edna pediram para
escrever aqui que você é muito especial. E uma penca de
pessoas que te querem bem manda abraços.
Orlandi Israel, nosso radialista campeão de audiência, comemorou mais
uma ano de vida, no dia 28 de março.
Alles Gute zum Geburtstag! (Feliz Aniversário!)
Thiago Fortcamp completará mais
um aninho de vida. Que tenha muitas
alegrias! Este é o desejo de todos os
familiares. Tia Silvana e tio Matheus
mandam dizer que gostam muito de
você e querem te ver sempre com
muita saúde e feliz.
Felicidades e muitos anos de vida
Isalde Nack. A homenagem especial
vem de sua filha Pérola. Nós, os
amigos, “compartilhamos”. Felicidades
e muitos anos de vida!
25
Luciana Pickler Philippi trocou de idade no dia primeiro
de abril. Parabéns! Seu esposo e sua filha desejam muitas alegrias, saúde e paz!
A melhor coisa do mundo é ter família unida e amigos por perto.
Melhor ainda quando todos conspiram para uma festa surpresa.
Felicidades à Nivaldo Roecker, que no dia 29 de março comemorou mais um ano de vida no dia. A festa foi animada com viola,
gaita e muita cantoria. Sua família presta uma homenagem mais
que especial.
Erone Roecker comemorou duplamente no dia 8 de março o seu aniversário e
o dia internacional da mulher. A homenagem é da filha Solange e do neto Djonathan. Felicidades!
Ronaldo Carvalho completou dez aninhos no dia 23 de março. Sua mãe Zenita
Schlickmann, envia um recado mais que
especial: “Filho, você é o maior amor da minha vida. Por você existir, sou uma pessoa
muito mais feliz. Te amo!”
26
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
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COMUNIDADE
RIO DO MEIO
Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel
Lançamento do livro
Nossa comunidade se sentiu muito honrada por ter
sido a escolhida para sediar o lançamento do livro do professor Wilson Schmidt (leia matéria nesta edição). Como
mulheres, também gostamos da homenagem que ele nos
fez, ao escolher para este evento o dia oito de março: Dia
Internacional da Mulher. O professor nos contou que suas
escolhas foram estratégicas. Primeiro, para valorizar as comunidades rurais e, depois, para homenagear as mulheres;
para ele: “as grandes inspiradoras do Universo”.
Nossa comunidade agradece. E reafirmamos que estaremos sempre de portas abertas para ser palco de lindos
encontros como este, que celebrem a vida, os amigos e o
jeito simples do interior.
Cerca de duzentas pessoas estavam presentes no evento e puderam, além de tudo, saborear um almoço delicioso
feito por mulheres guerreiras. Um cardápio de comidas típicas, com: gemüse, arroz, aipim, saladas, frutas e sopa. Um
destaque todo especial foi a galinha desossada e recheada,
assada no forno à lenha.
Professor Wilson, nossa comunidade está muito grata
por sua consideração.
Recepcionando São Marcos
Recebemos por aqui a visita da imagem São Marcos,
que está peregrinando por todas as comunidades do interior. Trazido pela comunidade da praça [Santa Rosa de
Lima], a imagem chegou aqui no dia 16 de março, um Domingo, às vinte horas. Nossas famílias recepcionaram o
santo padroeiro de nossa paróquia com fogos, balões e a
celebração da missa na igreja de Rio do Meio. Após as homenagens ao santo, foi servido um risotão, acompanhado
de uma deliciosa sopa de galinha caipira.
São Marcos permaneceu ao lado de nossa padroeira
Nossa Senhora Aparecida até o dia 21 [março], quando
acompanhamos a imagem até a comunidade de Nova Esperança.
Dia, mês, ano... das mulheres
Estas colunistas da comunidade de Rio do Meio e Santa
Catarina parabenizam todas as mulheres pela passagem do
dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher.
Reforçamos que se este dia, simbolicamente, nos homenageia, precisamos lembrar e saber que “todo dia é dia
da mulher”!.
Parabéns às mulheres guerreiras. Principalmente para
as da nossa comunidade.
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
27
Esporte Total
Ana Maria Vandresen
Veteranos
No mês de março a nossa equipe de Veteranos fez três jogos. Foram dois jogos
fora, com dois bons empates: 2 X 2 com o Bragantino, em Rio Fortuna; e 3 X 3 com
o Rio Bonito, em Braço do Norte. Na partida em Santa Rosa, os nossos “guris” não
fizeram o dever de casa e tomaram 3 X 1 do Atlas.
Espera-se que esses jogos tenham servido para desenferrujar as articulações e
que os jogos de abril tragam bons resultados.
EQUIPE
RESULTADOS
EQUIPE
LOCAL
TABELA
PROXIMAS RODADAS
DOS CAMPEONATOS MEIO RURAL E INDÚSTRIA
E COMERCIO (PRAÇA)
5ª RODADA 06-04-14 (DOMINGO)
Horário
Equipes
X
Equipes
17:00
INFOCENTER
X
CONSTRULIMA
Bragantino
02
X
02
Santa Rosa
Rio Fortuna
Santa Rosa
01
X
03
Atlas
Santa Rosa
18:00
RIO DOS ÍNDIOS
X
RIO DO MEIO
Rio Bonito
03
X
03
Santa Rosa
Braço do Norte
19:00
NOVA FÁTIMA
X
MATA VERDE
20:00
RIO BRAVO ALTO
X
SANTA BÁRBARA
21:00
MERCADO HEIDEMANN
X
OPÇAO MODAS
FOLGA
AGUÁS MORNAS
Santa Rosa na ADESC
A Liga Esportiva ADESC dará início às competições das categorias de base no
final de abril. Santa Rosa estará representada apenas no naipe masculino e tem
jogo no dia 26.
Todos os atletas dessas categorias estão sendo convidados para treinar. Os
que já estavam participando das equipes e os que, neste ano, querem fazer parte
do escrete e da CME.
Os treinos acontecem às segundas feiras para a categoria sub 11; às terças
feiras, para o sub 13 e o sub 15; e às quintas feiras para o sub 09.
As meninas que tiveram interesse também podem treinar. Para elas as
atividades acontecem às quartas-feiras para o sub15; e às sextas-feiras para o
sub12. Sempre das 17:20 às 19:00hs.
Campeonato do Meio Rural
No último domingo o Ginásio Edson Bez de Oliveira Filho lotou. Muita gente foi
prestigiar o Campeonato do Meio Rural. E foi premiada com jogos muito disputados.
No primeiro confronto da noite, a equipe das Águas Mornas atropelou o time
do Rio dos Índios. Antecipando a Páscoa, deu um chocolate de 6 x 1. O segundo
jogo era dos “desesperados” e a “molecada” do Rio do Meio fez bonito e ganhou do
Rio Bravo Alto pelo placar de 7 x 4. O último jogo da noite envolvia a Nova Fátima,
que estava na briga pela liderança, e a Santa Bárbara. Não deu pra ninguém e o
jogo acabou com um empate cheio de gols: 4 x 4. Na rodada, folgou a Mata Verde.
A pontuação do Campeonato do Meio Rural ficou assim:
Pontos
9
7
5
4
0
Campeonato Indústria e Comércio (Praça)
O Campeonato “Indústria e Comércio” está sendo disputado por cinco equipes:
Construlima, Opção Modas, AH Pinturas, Mercado Heidemann e Infocenter. Os
jogos são disputados junto com aqueles do Meio Rural (Veja a tabela).
Na última rodada, em um jogo apertadíssimo e em que a rede balançou muito a
AH Pinturas ganhou da Opção Modas por 5 x 4. O jogo seguinte foi um verdadeiro
confronto, com duas expulsões, mas de novo a rede não teve descanso. Foram
oito gols: 4 para a Construlima e 4 para o Mercado Heidemann, sacramentando o
empate. A equipe da Infocenter ficou na arquibancada, sacando os segredos dos
adversários para buscar a recuperação nas próximas rodadas.
Com estes resultados, a pontuação do Campeonato Indústria e Comércio
(Praça) é a seguinte:
Equipes
Mercado Heidemann e AH Pinturas
Construlima
Infocenter e Opção Modas
X
XX
AH PINTURAS
6ª RODADA 13-04-14 (DOMINGO)
Convocação
Equipes
Mata Verde e Águas Mornas
Nova Fatima
Santa Barbara
Rio do Meio
Rio dos Índios e Rio Bravo Alto
XX
Pontos
4
2
0
Horário
Equipes
X
Equipes
17:00
AH PINTURAS
X
MERCADO HEIDEMANN
18:00
RIO DO MEIO
X
AGUÁS MORNAS
19:00
RIO DOS ÍNDIOS
X
MATA VERDE
20:00
RIO BRAVO ALTO
X
NOVA FÁTIMA
21:00
OPÇAO MODAS
X
INFOCENTER
FOLGA
SANTA BÁRBARA
XX
X
XX
CONSTRULIMA
7ª RODADA 20-04-14 (DOMINGO)
Horário
Equipes
X
Equipes
17:00
CONSTRULIMA
X
OPÇAO MODAS
18:00
MATA VERDE
X
SANTA BÁRBARA
19:00
RIO DOS ÍNDIOS
X
RIO BRAVO ALTO
20:00
AGUÁS MORNAS
X
NOVA FÁTIMA
21:00
INFOCENTER
X
AH PINTURAS
FOLGA
RIO DO MEIO
XX
X
XX
MERCADO HEIDEMANN
SEMI-FINAL 26-04-14 (SÁBADO)
Horário
Equipes
18:00
1º COLOCADO (PRAÇA)
4º COLOCADO (PRAÇA)
19:00
1º COLOCADO (RURAL)
4º COLOCADO (RURAL)
20:00
2º COLOCADO (RURAL)
3º COLOCADO (RURAL)
21:00
2º COLOCADO (PRAÇA)
3º COLOCADO (PRAÇA)
FINAL 03-05-14 (SÁBADO)
Horário
Equipes
18:00
3º COLOCADO (PRAÇA)
4º COLOCADO (PRAÇA)
19:00
3º COLOCADO (RURAL)
4º COLOCADO (RURAL)
20:00
1º COLOCADO (PRAÇA)
2º COLOCADO (PRAÇA)
21:00
1º COLOCADO (RURAL)
2º COLOCADO (RURAL)
28
Santa Rosa de Lima, Abril/2014, Canal SRL
Informações negadas
Na sessão de onze de março, o vereador Salésio Wiemes solicitou, através de
requerimento regimental, uma cópia do
áudio da sessão anterior. A solicitação foi
rejeitada por 5 votos contra 4. Na sessão
seguinte, do dia dezoito, o mesmo vereador apresentou novo requerimento, desta
vez solicitando cópia da ata da sessão precedente. Mais uma vez o mesmo placar:
rejeição por 5 votos contra 4. Ao que se
sabe, esta é a única Câmara em toda a região em que informações indispensáveis
para a ação dos próprios vereadores são
negadas. Na maioria das casas legislativas,
a solicitação é feita diretamente à Mesa.
Ou até, à secretaria. Só por aqui vai à votação do plenário. Por que será?
Até quando isso vai continuar?
Este Macau não é estudado e não é
assessor jurídico. Pensa, contudo, que até
um porco banha pode ver que é um absurdo o que acontece na Câmara. Isso é
sonegação de informações. Isso é impedir
um representante do povo de atuar.
O acesso à informação é um direito
de todo cidadão e um dever dos órgãos
públicos. A Lei 12.527, de 2011, garante
este direito. E não só aos vereadores, mas
a todos os cidadãos. Difícil é entender porque aqui o “regimento interno” garante o
“sigilo” das informações. Será que ele vale
mais que a lei federal?
Dois desafios
Como a bancada de oposição é sempre “esmagada” pela de situação quando
se trata de acesso às informações, este
Macau quer oferecer duas modestas contribuições e ajudar no debate. Primeira:
senhores vereadores de oposição, não
estaria na hora de mudar de estratégia?
Ficar “batendo em ferro frio” parece não
resolver. Então, por que não acionar o judiciário? Segunda: senhores cidadãos, não
seria essa a hora para participar mais das
sessões? E de começar, também, a solicitar informações. Este Macau soube que a
editora O Ronco do Bugio, que teve sua
publicação – Canal SRL – citada recentemente em sessões, vai começar a fazê-lo.
Cada um no seu quadrado
Recentemente, cena cômica na Câmara: um vereador usa a palavra para “querer” definir a pauta do Canal SRL. Disse o
vereador: “por que colocar isso no jornal?
e não aquilo...” Queria ele determinar o
que o Jornal de Santa Rosa de Lima deve
tratar, enquanto, ele próprio, normalmente se esquece das funções elementares e
constitucionais que tem como vereador:
legislar e fiscalizar. Como reagiria esse nobre edil se os editores do Canal SRL usassem a tribuna para apresentar projetos,
votar e emitir opiniões sobre os assuntos
tratados nas sessões da Câmara? Tem
gente confundindo Jesus com Genésio...
Aos amigos, tudo. Aos outros o rigor
da lei...
As intervenções da assessoria jurídica
nas sessões da Câmara tem causado certo espanto. Toda vez que é solicitada, ela
“produz”, muito rapidamente, um parecer.
Algumas vezes, bem “estranhos”. Apenas
um exemplo: É de praxe em todos os projetos apresentados em regime de urgência urgentíssima, que ocorra a apreciação
prévia pelo plenário do regime. Ou seja,
primeiro se vota a urgência, para, somente depois, votar o projeto. Recentemente,
o presidente colocou em votação um projeto e se esqueceu do regime de urgência.
Depois de apurados os votos, um vereador da oposição questionou. O presidente
chamou o assessor jurídico. De pronto, o
consistente parecer foi parido: “Não precisa!”.
Surpresa?
Na sessão de 25 de março, deu entrada na Câmara um projeto de lei vindo
do Executivo visando à suplementação de
recursos para a Gemüsefest. Como quase sempre, o projeto veio com regime de
urgência. Desta vez, “precisou” a votação
prévia do regime de urgência. A novidade
foi ele não ter sido aprovado. Nesta legislatura, é a primeira vez que isso acontece. Será o inicio de um novo período?
Será que a Câmara começaria a mostrar
autonomia? Ou é apenas “indignação” momentânea de um membro da bancada de
situação? É aguardar e conferir.
Como diz o Zé Simão...
O que esse humorista diz para o Congresso Nacional pode estar valendo para
algumas casas legislativas municipais espalhadas pelo país: “Base aliada só funciona naquela ba$e”.
Mais um Riscomóvel
Em um convênio com a prefeitura, a Cidasc coloca um veículo à disposição para o
trabalho dos médicos veterinários. O carro (um Fiat Uno) é usado no atendimento
clínico e na inspeção sanitária no município. Cabe à administração municipal assegurar as despesas de manutenção daquele veículo. O problema é que isto não
viria sendo cumprido. Pelo menos, informações dão conta de que, em função dos
altos riscos, os médicos veterinários se recusam, atualmente, a usar o veículo. Mais
um sinal de que este ano a prioridade é da
agricultura...
Não era bem assim...
Na sessão de 25 de fevereiro, anunciou-se na Câmara de Vereadores que “em
poucos dias” sairia um laudo técnico que
“condenaria” a obra inacabada do Centro
de Atendimento ao Turista – CAT. De fato,
dias depois, chegou àquela casa o tal relatório. Só que ele não continha qualquer
condenação. O laudo apontou que praticamente toda a obra está em conformidade com o projeto. Indicou, ainda, que
a estrutura está adequada e não oferece
qualquer risco. Apenas uma viga está fora
das especificações exigidas. Quem perdeu
apoio e sustentação foi a “ideia fixa” que
alguns têm de demolir aquela obra. Agora
é esperar que se dê continuidade à obra,
que as adequações seja feitas e que ela
seja concluída para atender aos turistas.
Agora vai!
Na última sessão da Câmara, assuntos
da mais alta relevância foram finalmente
debatidos. Parece que se instaurou um clima produtivo e de harmonia momentânea
no legislativo municipal. O primeiro tema:
a regularização dos terrenos urbanos que
não possuem escritura pública. Como é
sabido pelos santarosalimenses, a falta
da documentação dos terrenos tem prejudicado muitos moradores que perdem
a possibilidade de acessar projetos de habitação. O segundo, acreditem, a elaboração do plano diretor. Deste, muito se fala
há muito tempo, mas nada é feito. Este
Macau tá pra ver se dessa vez as coisas
avançam
Armadilha
Louvável a preocupação levantada
pelo vereador Luiz Schmidt em relação ao
trânsito de carretas e caminhões de grande porte no trajeto entre Santa Rosa de
Lima e Anitápolis. Em Anitápolis também
há esta preocupação. Muitos caminhoneiros têm usado este trajeto por orientação
dos GPS. Depois de entrar no “trecho”, não
há jeito... Nem pra frente, nem pra trás. De
quando em vez, fica uma carreta “pendurada”. É urgente que sejam tomadas providências para uma sinalização de alerta.

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